MUSEU DAS ESCOLAS DE SAMBA DE SÃO PAULO
Wilkerson Thomás de Oliveira Souza
MUSEU DAS ESCOLAS DE SAMBA DE SÃO PAULO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Senac como requisito à obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Me Ralf J. Castanheira Flôres
São Paulo 2019
Tom Maior / 2017
O carnaval é obra de artistas populares, verdadeiros mestres na arte de criação-recriação de um mundo onde o sonho se mistura à realidade, onde a ilusão, o imaginário fantástico se confunde como a racionalização da pesquisa e do perfeccionismo da experimentação técnica. (URBANO, 2005, p. 23)
RESUMO
ABSTRACT
O Samba paulista tem as suas raízes ligadas às festas religiosas realizadas no interior de São Paulo e a cultura dos negros dos tempos da escravidão. A cidade rapidamente vai se transformando e com ela as manifestações carnavalescas também. Os batuques ganham espaço nas escolas de samba e elas tornam-se um grande espetáculo cultural de dimensões internacionais. Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento do Museu das Escola de Samba de São Paulo que preserver e mantenha a memoria e o processo histórico do samba na capital e apresente os elementros que compõe os desfiles das comunidades.
The Samba of São Paulo has its roots linked to the religious festivals held in the interior of São Paulo and the culture of the blacks of times of slavery. The city is quickly changing and with it the carnival manifestations as well. The batuques gain space in the samba schools, and they become a great cultural spectacle of international dimensions. This study has been developed by Samba School Museum of São Paulo that preserves and maintains the history of samba in the capital and presents the elements that make up the parades of the communities.
Palavras-chaves: carnaval, patrimônio imaterial, projeto arquitetônico, preservação da memória.
Palavras-chaves: carnaval, patrimônio imaterial, projeto arquitetônico, preservação da memória.
SUMÁRIO INTRODUÇÃO
AGRADECIMENTOS 9
1. O MUSEU DO SÉCULO XXI 1.1. DEFINIÇÃO 1. 2. A EVOLUÇÃO DAS FORMAS DE SE PENSAR OS MUSEUS
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2. O SAMBA E SUAS ORIGENS 2.1. O NASCIMENTO DO SAMBA 2.2. OS BATUQUES DE PIRAPORA 2.3. O SAMBA PAULISTANO 20
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3. DAS RUAS À PASSARELA DO SAMBA 3.1. AS MANIFESTAÇÕES CARNAVALESCAS NA CIDADE 3.2. OS DESFILES DO GRUPO ESPECIAL 3.3. UM SONHO EM CONSTRUÇÃO: A FÁBRICA
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4. REFERÊNCIAS PROJETUAIS 4.1 SAP Global Service Center 4.2. EDIFÍCIO ROUXINOL 4.3. Residências em Alcácer do Sal
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5. O PROJETO DO MUSEU 5.1. PARTIDO 5.2. IMPLANTAÇÃO 5.3. PROGRAMA 5.4. PROJETO 5.5. ESTRUTURA PRINCIPAL 5.6. ESTRUTURA EXTERNA 5.7. COMPOSIÇÃO DA FACHADA 5.8. ÁREAS EXPOSITIVAS: OCUPAÇÃO 5.9. VENTILAÇÃO
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MAQUETE ELETRÔNICA
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REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
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Em primeiro lugar, ao meu marido William Silva que me incentivou a iniciar esta faculdade e esteve sempre ao meu lado durante todos esses anos. Aos meus pais: Maria das Graças e Irineu Brandalise e a minha irmã: Carolina de Olivei ra que foram a base para os meus estudos. Aos amigos que fizeram parte do meu processo de aprendizagem: Erik Bostelman, Klauss Schramm, Henrique Araújo, Thais Salomão e Lucas Agnello. Ao meu orientador Ralf Florês pelas críticas construtivas que me fizeram crescer durante o desenvolvimento do projeto. A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram acompanharam a minha formação.
impĂŠrio de Casa Verde / 2016
Império dos Mistérios Vem meu samba desvendar Meu corpo arrepiar Sou caçador de emoções Trago no peito um sentimento sem mistério Bate forte coração Minha paixão, te amo Império Delirante, além da imaginação O mundo é mesmo inexplicável, que fascinação! Terra sagrada, abençoada Ensina decifrar o seu valor Ouro de rara beleza, Eldorado encantador A fé na minha vida é esperança Força pro meu caminhar Sigo a lança do destino Cada um com sua crença Crendo na cura da alma e no poder divino Diga onde andará nosso jardim Paraíso a encontrar, riqueza sem fim No Egito a perfeição e sutileza O mar de ilusões, Atlântida Mistérios dessas civilizações Sinais em pedra, o dom de curar Caminho traçado a outro lugar Povo iluminado o tempo dirá E o amanhã o que será? Quando a saudade me abraça, eu olho pro céu Vejo a luz que me acalma na imensidão sinto a vida em outra dimensão Chegou do espaço sideral Uma nação guerreira A grande estrela desse Carnaval
INTRODUÇÃO
impĂŠrio de Casa Verde / 2016
Definimos o patrimônio imaterial como toda e qualquer vivência, memória e experiência que tenha um significado maior, assim reconhecida e legitimada pelo grupo diretamente ligado a elas. E ainda, que diga respeito a uma herança, a algo que atinja a vida de uma coletividade, e que na maioria dos casos, traz em seu bojo valores e necessidades da vida humana. São práticas que reúnem experiências humanas naquilo que é comum e inalienável a todos os seres humanos. (TEIXEIRA, 2014, p. 39)
O carnaval é uma das mais tradicionais manifestações populares do mundo e um dos maiores exemplos de patrimônio imaterial. Sua origem é bem incerta, acredita-se que tenha surgido há muitos séculos a.C. nos ritos de fertilidade às terras realizados por diversos povos, e posteriormente nas festas dadas pelas civilizações greco-romanos em honra aos seus deuses (URBANO, 2005, p. 21).
a esses eventos, há um gigantesco trabalho durante o ano com profissionais de diferentes áreas para que o carnaval aconteça. Um dado do Censo Samba Paulistano de 2012 (2012), realizado pelo Observatório do Turismo da cidade de São Paulo, destaca que para que os enredos das escolas de sambas do grupo especial do São Paulo fossem apresentados de acordo com o esperado foram gerados mais de mil novos empregos, entre aderecista, marceneiro, aramista, escultor, pintor, decorador e etc; com uma média de 186 profissionais por agremiação. Na medida que fui conhecendo mais sobre os processos criativos e organizacionais que estavam por trás das produções e também o papel social das agremiações, minha paixão e admiração cresceram.
Mudam-se os costumes, os mitos, os deuses, mas o período carnavalesco continua firme e intocável, transmitindo, sempre através de sua história, alegria e diversão a todos os povos, sem distinção de raça ou cor, mesmo àqueles com os costumes bem diferentes. (URBANO, 2005, p.26)
Diante disso, desperta um enorme desejo de unir esses sentimentos ao meu projeto de conclusão de curso. Iniciei os estudos e posteriormente surge a seguinte inquietação: pelo fato de estar mais próximo das escolas e também de pessoas ligadas ao mundo do samba fez com eu tivesse acesso aos bastidores das apresentações; entretanto, de uma maneira geral, o público que quiser conhecer e se aprofundar mais sobre o assunto, não encontrará um espaço dedicado a expor os trabalhos e processos artísticos e criativos desenvolvidos antes, durante e após os desfiles. A partir dessa percepção comecei a pesquisar sobre o que poderia ser esse local: um centro cultural, um espaço expositivo fixo ou itinerante, ou até mesmo um museu; e onde seria implantado.
Durante os primeiros séculos, as manifestações no Brasil tiveram fortes influências dos carnavais europeus, em especial o de Veneza. No primeiro império, nobres e senhores já se divertiam nos bailes de máscaras e fantasias. Até o século XIX, o entrudo era brincado por grande parte da população. No século seguinte, surgem os primeiros cordões que mais tarde se transformariam nas tradicionais escolas de samba paulistanas.
Após novas investigações, descubro que está previsto na Fábrica do Samba a criação de um museu destinado às escolas. Ao entrar em contato com a LIGA, responsável pelo complexo, é informado que o projeto do mesmo não havia sido definido. Assim, atendendo a demanda pré existente, proponho como produto final o desenvolvimento do Museu das Escolas de Samba de São Paulo.
Na idade média, a Igreja Católica estabelece o carnaval como marco inicial da Quaresma, quarenta dias antes do domingo de Páscoa, definido a partir do calendário litúrgico criado pelo Papa Gregório XVIII. O caráter democrático e contagiante sempre esteve presente nas comemorações:
Hoje os desfiles dos grêmios tornaram-se verdadeiros espetáculos culturais que além de contagiar o público durante o período do Carnaval é responsável por movimentar a economia da cidade o ano inteiro. Por que o interesse pelos desfiles das escolas de samba? Para melhor justificar a minha vontade de desenvolver um projeto a partir deste tema é preciso entender a minha relação com o carnaval, em especial com as escolas de samba. O meu interesse começou em 2015 após presenciar os encantos e magias das agremiações no Sambódromo do Anhembi. Foi um momento único e intenso que me despertou uma imensa curiosidade. Como os desfiles eram pensados? Como as fantasias e alegorias eram produzidas? O que representava cada um daqueles elementos e como eles se articulavam? Para responder algumas dessas questões, passei a frequentar as quadras das comunidades e acompanhar mais de perto os trabalhos que eram feitos. Participei das principais atividades que antecedem os desfiles: lançamento do enredo, escolha do samba, apresentação das fantasias, ensaios técnicos, entre outros. Cabe destacar que em paralelo
I N T R O D U Ç Ã O
Este museu tem como objetivo além de apresentar todo o processo que compõe os desfiles, será também responsável em manter e preservar a memória das antigas manisfestações que aconteciam antes da formação das escolas de samba. O trabalho será dividido em cinco capítulos. O primeiro trará um breve conceito de museu e a evolução nas formas de pensar os museus do século XXI. O segundo capítulo introduzirá as origens do samba e como era vivido na capital paulista. Já o terceiro falará como os desfiles de rua se transformaram até chegar ao Anhembi. O quarto capítulo mostrará referências projetuais e por fim, o quinto capítulo apresentará todo processo de desenvolvimento do Museu das Escolas de Samba.
As fotografias presentes neste trabalho são autorais e fazem parte de diferentes momentos vividos no Anhembi. Aproveite os sambas e tenha um ótimo desfile!
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Tricolor Independente / 2018
Luz, Câmera e Terror! Uma Produção Independente Em cartaz, uma produção arrepiante Meu filme traz cenas de pavor a cada instante É tempo de feitiçaria, a magia está no ar Na santa chama, deixa a bruxa queimar A carruagem revela o gênio macabro nacional Faz o cinema vibrar no cenário do carnaval Zumbis tomam conta da selva de pedra A luta do bem contra o mal, começou Nas ruas o caos é assustador Tem vampiros entrando em ação A lua brilha na escuridão Segue o baile no meio do povo O lobisomem ataca de novo Estranhas visões, assombrações Ressurgem causando espanto Será ilusão na embarcação? Fantasmas em todos os cantos Famosos vilões da história Marcaram a nossa memória Na noite dos horrores O final que que sempre quis Fazendo a festa Sem medo de ser feliz Hoje o bicho vai pegar, vem ver A plateia delirar, enlouquecer Saiu da tela, entrou na mente É o terror independente
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O MUSEU DO SÉCULO XXI
impĂŠrio de Casa Verde / 2016
1.1. DEFINIÇÃO
Centro Pompidou (1977) maior museu de arte moderna da Europa.
A palavra museu nasce da palavra latina Museum, derivada do termo grego Mouseion, templo ateniense dedicado às musas gregas, filhas de Mnémosis, divindade da memória (SUANO, 1998). Segundo a mitologia, eram as musas que, por meio de danças e músicas, ajudavam os homens a esquecer seus problemas. Eles, em agradecimento, depositavam no templo escudos, vasos, jóias e esculturas, como oferendas. Mas, embora as obras estivessem ali expostas mais para as divindades, do que para serem observadas pelos humanos, a reunião de peças faz surgir a primeira coleção de arte. Assim, o museu se origina do ato, inerente ao homem, de colecionar. (NEIVA; PERRONE, 2013, p. 85)
M U S E U
1. 2. A EVOLUÇÃO DAS FORMAS DE SE PENSAR OS MUSEUS
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O colecionismo sempre esteve presente nas sociedades. Por muitos anos monumentos, artefatos e fragmentos serviram de extrema importância para criação da identidade e entendimento das antigas civilizações (CHOAY, 2006). Essas coleções eram dispostas em palácios, casas de campo ou castelos. Não existia uma arquitetura específica, nem uma definição para a edificação museal. (NEIVA; PERRONE, 2013, p. 85) Foram através dos ideais iluministas de democratização do saber, que progressivamente, as coleções tornaram-se públicas e começaram a surgir os primeiros projetos de museus, no século XVIII. É importante destacar que até então os acervos eram restritos a pequenos grupos sociais e somente a partir da Revolução Francesa que o patrimônio adquire seu caráter coletivo. A convicção de que as riquezas não eram propriedade exclusiva de poucos se espalham. Assim, com a passagem da noção de coleção à de patrimônio, surgem os museus no sentido mais popular – a instituição que expõe objetos. (NEIVA; PERRONE, 2013, p. 89)
Durante a Revolução Industrial grandes transformações econômicas, políticas e sociais aconteciam por toda a Europa. É nesse momento que “a França passa a ser o centro das novas teorias arquitetônicas, ditando modelos para a arquitetura das fábricas, pavilhões de exposições, habitação e também dos museus.” (NEIVA; PERRONE, 2013, p. 90)
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Foto: ArchDaily I Autor: 139904 [Pixabay]
É a partir desse olhar que este projeto se desenvolve. De um olhar de que o museu do séculos XXI deverá não somente preservar e manter o seu acervo, mas proporcionar discussões e reflexões acerca do passado e futuro e promover espaços que contemplem diferentes usos no local onde se foi inserido.
S É C U L O X X I
Entre os séculos XX e XXI, os museus adquirem grande importância no desenvolvimento econômico das cidades e se fortalecem como poderosas instituições (CHOAY, 2006). É também neste período que eles sofrem modificações radicais, a fim de atenderem à atual sociedade de consumo (NEIVA; PERRONE, 2013). Sua arquitetura assume novas formas e diferentes usos: lojas, cafés, espaços de estar, bibliotecas, auditórios e etc; são incorporados ao programa. O que era antes considerado como mero local de depósito, passa a atuar como um agente cultural e social, capaz de estruturar políticas inovadoras e estimulantes que fortaleça o local no qual será inserido e interaja diretamente com os seus usuários. (FILHO, 2012, apud GROSSMANN). O Centro Pompidou, localizado em Paris, foi um dos primeiros museus a adotar essa nova tipologia. O projeto dos arquitetos Renzo Piano e Richard Rogers incluí uma grande biblioteca pública, salas de cinema e shows, um instituto de pesquisa musical, áreas de atividades educativas, livrarias, um restaurante e um café. (GRESPAN, 2012)
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Vai Vai / 2019
Quilombo do Futuro É que eu sou da pele preta Quilombo do povo, eu sou Vai-Vai Um privilégio que não é pra qualquer um Protegido e abençoado por Ogum Axé, eu sou a negra alma do Bixiga Herança que marcou a minha vida Tem que respeitar minha raiz O Orum vai desvendar toda a verdade Pra resgatar a nossa identidade Das linhas que a história apagou África, a negra mãe da humanidade Nas marcas de um passado tão presente A luta que Mandela ensinou É a força de lutar por nossa gente Clamando a justiça de Xangô Ô, Inaê, rainha do mar Alodê, Iabá, Odoyá Cuida de mim, mamãe, leva meu pranto Em seus braços, o meu acalanto Ecoa o grito forte na senzala Nos olhos, brilha um novo amanhecer Aruanda, ê, Aruanda Trago a força de Palmares Pra vencer demanda A liberdade é minha por direito Não vamos tolerar o preconceito Somos todos irmãos E a luz da razão vai nos guiar Sorrir, sim, nós podemos sonhar Pois temos um futuro pela frente Punhos cerrados A Saracura está presente
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O SAMBA E SUAS ORIGENS
Vai Vai / 2019
2.1. O NASCIMENTO DO SAMBA Com a chegada dos escravos advindos de diversas regiões da África, o Brasil foi contaminado saudavelmente com as diferentes manifestações da cultura africana (CUÍCA, 2009, p. 24). Além da mão de obra valiosa, os negros trouxeram seus costumes, crenças, e danças dos seus lugares de origens; espalhando-as por diferentes regiões do território brasileiro. Eram em senzalas e terreiros que os batuques - dança marcada pelo ritmo de tambores - aconteciam. Urbano (2005) relata que antes da entrada dos africanos no Brasil, o som da batida do tambor já era executada por índios que aqui se encontravam: A união dos ritmos musicais, tanto vindo de Portugal, quanto os da batida mais lenta dos indígenas e a mais forte e cadenciada dos africanos foi aos poucos tomando forma e se diversificando, tornando-se música popular com o nome de Samba que vem da palavra Semba que, em “quimbundo” (língua africana), significa umbigo. Como a tradicional umbigada foi uma dança criada pelos negros descendentes de africanos, há obviamente uma grande relação entre umbigada e samba. (URBANO, 2005, p. 95)
Aos poucos o samba perde o seu aspecto primitivo para se tornar um termo genérico de dança popular brasileira (URBANO, 2005, p. 95). Manifesta-se de diferentes formas, conforme a região que se desenvolve. Segundo Simson (2008): [...] o samba era dançado ao som de grandes bumbos (tambores), cavados com fogo nos troncos de árvores enormes. Essas concavidades cilíndricas eram depois recobertas com couro de animais e produziam uma batida grave e profunda que se tornou a marca do samba paulista. (SIMSON, 2008, p.3)
Com a decadência da economia açucareira, a mão de obra escrava foi incorporada as plantações de café que floresceram na Província de São Paulo durante o século XIX. Para comemorar as boas colheitas, eram dados aos escravos festas em que o batuque, umbigada e outras manifestações estavam presentes. O samba, assim, se fortalece nas grandes fazendas paulistas (SIMSON, 2008, p. 3) e tem o seu caráter ruralista marcado.
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2.2. OS BATUQUES DE PIRAPORA Eu era menino Mamãe disse: vamos embora Você vai ser batizado No samba de Pirapora Mamãe fez uma promessa Para me vestir de anjo Me vestiu de azul-celeste Na cabeça um arranjo Ouviu-se a voz do festeiro No meio da multidão Menino preto não sai Aqui nessa procissão Mamãe, mulher decidida Ao santo pediu pediu perdão Jogou minha asa fora Me levou pro barracão Lá no barraco Tudo era alegria Nego batia na zabumba E o boi gemia Iniciado o neguinho Num batuque de terreiro Samba de Piracicaba
Os bambas da Paulicéia Não consigo esquecer Fredericão na zabumba Fazia a terra tremer Cresci na roda de bamba No meio da alegria Eunice puxava o ponto Dona Olímpia respondia Sinhá caía na roda Gastando a sua sandália E a poeira levantava Com o vento das sete saias Lá no terreiro Tudo era alegria Nego batia na zabumba E o boi gemia Lá no terreiro Tudo era alegria Nego batia na zabumba E o boi gemia. Música: Batuque de Pirapora – Geraldo Filme
Tietê e campineiro
As homenagens ao Bom Jesus tornaram-se também um importantíssimo evento musical (CUÍCA, 2009, p. 24). Palco de muitas peregrinações e festejos religiosos, a cidade de Pirapora de Bom Jesus teve um papel fundamental no fortalecimento do Samba Paulista. Geraldo Filme, um dos mais importante sambista de São Paulo, registrou suas memórias em belas canções como a “Batuque de Pirapora”. A composição traz uma visão social e crítica ao falar sobre o preconceito sofrido por ser negro e de como as comemorações eram realizadas na cidade interiorana.
S A M B A E S U A S O R I G E N S
Com a crescente romaria à Pirapora, advindos de diferentes regiões do estado de São Paulo, até mesmo do sul de Minas Gerais Mato Grosso e norte do Paraná; surge a necessidade de se ter uma “casa dos romeiros”. A pedido do Dom Lino Doedato de Carvalho, então Bispo de São Paulo, é construído em 1880 o primeiro barracão. O edifício possuia 30 metros de frente por 60 de comprimento e tinha dois andares. (URBANO, 2005, p. 108). Em 1921 é construído outro barracão com os mesmos moldes do primeiro.
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O S A M B A E S U A S O R I G E N S
Terminadas as obrigações religiosas, negros, mulatos e brancos reuniam-se nos barracões e realizavam rodas de samba, onde imperavam os desafios de improvisos entre os batuqueiros e seus cordões. Acontecia ali uma intensa troca de culturas, em especial das africanas, que deram origem ao Samba Paulista. A festa de Bom Jesus de Pirapora tem um aspecto religioso e outro profano. A noite a igreja não chega para conter as pessoas, todavia há muita luz e muito barulho, são os negros a sambarem ou os fusos puxados a sanfona que começam animar-se. É a festa profana que deve durar até alta madrugada - (MELLO, 2007, apud CUNHA, Mário Wagner da, 1937)
A grande mobilização em torno do samba em Pirapora passou a concorrer com os interesses religiosos. (CUÍCA, 2009, p. 30) Em 1936 os dois barracões foram desativados e na década de 50 são demolidos. As restrições impostas ao samba, fizeram, gradativamente, que o peso cultural da festa de Bom Jesus fosse diminuindo, não sendo a mesma de outrora. (CUÍCA, 2009, p. 31) Hoje a cidade possui o Espaço Samba Paulista Vivo, inaugurado em 2003, que é responsável por divulgar o Samba de Roda de Pirapora e em suas mais diversas manifestações.
2.3. O SAMBA PAULISTANO Com o declínio da economia cafeeira e com as crescentes transformações na cidade de São Paulo, desde metade do século XIX, um enorme contingente de famílias negras que trabalhavam na cultura cafeeira são atraídas pelo promissor mercado de trabalho na capital. Dozena (2009) relata que é: Neste contexto e momento é que o samba se consolida na cidade, tendo como matrizes as características rurais trazidas pelos que chegavam do interior [...]. Em um espaço urbano em expansão, os diferentes hábitos culturais se entrecruzavam na configuração do samba paulistano [...]. (DOZENA, 2009, p.)
Inicialmente, as famílias de negros concentraram-se no Bexiga, Baixada do Glicério, e Barra Funda, territórios considerados periféricos na época. Na medida que o desenvolvimento urbano chegava, essa população era deslocada das áreas mais centrais para área mais adjacentes da cidade (DOZENA, 2009). Há uma higienização do território, fazendo com as camadas menos favorecidas fossem excluídas. Em entrevista, Fernando Penteado, diretor da escola de samba do Vai Vai, conta a Dozena (2009) que: Conforme foi chegando o progresso, a cidade foi “embranquecendo” [...] Ali onde hoje está a Câmara Municipal era tudo sobrado de cortiços onde moravam os negros [...] Então a cidade foi crescendo e “embranquecendo” [...] Este é o termo certo, pois os negros foram jogados para a Bela Vista e a Barra Funda, em um segundo momento para a Casa Verde, Limão e Freguesia do Ó e em um terceiro momento para o Grajaú, Cidade Tiradentes e Tatuapé [...] Estou te explicando isto porque o samba ia junto, entendeu? [...] Aqueles sambistas que moravam por aqui foram para outras áreas da cidade e levaram o samba junto com eles. (DOZENA, 2009, p., apud Penteado)
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Adoniran Barbosa, maior sambista paulista, em seu samba Despejo da Favela, eterniza o momento em que famílias são obrigadas a desapropriar suas moradias: Quando o oficial de justiça chegou
— Pra mim não tem ‘probrema’
Lá na favela
Em qualquer canto eu me arrumo
E, contra seu desejo
De qualquer jeito eu me ajeito
Entregou pra seu narciso
Depois, o que eu tenho é tão pouco
Um aviso, uma ordem de despejo
Minha mudança é tão pequena Que cabe no bolso de trás
— Assinada, seu doutor Assim dizia a ‘pedição’
...Mas essa gente aí, hein?
“Dentro de dez dias
Como é que faz?
Quero a favela vazia
Mas essa gente aí, hein?
E os barracos todos no chão”
Com’é que faz? Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
— É uma ordem superior
Essa gente aí
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Como é que faz?
É uma ordem superior
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Ô, ô, ô, ô, ô!, meu senhor!
Essa gente aí, hein?!
É uma ordem superior
Como é que faz?
— Não tem nada não, seu doutor
Música: Despejo da Favela – Adoniran Barbosa
Não tem nada não Amanhã mesmo vou deixar meu barracão Não tem nada não, seu doutor Vou sair daqui Pra não ouvir o ronco do trator
Não somente os cortiços foram engolidos pela metropolização, os espaços de encontro da comunidade negra também foram se perdendo. O Largo das Bananas, situado atrás da estação ferroviária Barra Funda, recebia carregamentos de bananas e outros produtos vindos da ferrovia Santos-Jundiaí. Eventualmente as cargas eram transferidas para os trens que iam para o interior do estado. Lá se formaram as mais famosas rodas de Samba de São Paulo como retrata Cuica (2009): Ninguém “civilizado” se metia ali. Contudo, justamente por isso, aquele era um lugar muito próprio para o florescimento do nascente samba paulistano, pois a marginalidade social implicava também no distanciamento do olhar regulador da sociedade da época. Assim, tal como acontecia com os sambistas confinados nos barracões de Pirapora, o desprezo e a rejeição da sociedade era, paradoxalmente, o que lhes proporciona maior liberdade de expressão aos que tocavam a vida no largo das Bananas. (CUÍCA, 2009, p. 84)
As memórias e saudades desse marcante local para a comunidade de sambistas é imortalizada na letra do compositor Geraldo Fim, O último sambista. [...] Veio o progresso Fez do bairro uma cidade Levou a nossa alegria também a simplicidade Levo saudade Lá do Largo da Banana Onde nóis fazia samba Todas noites da semana Deixo esse samba Levo no peito a saudade nas mãos o meu cavaquinho Adeus Barra Funda [...] Música: O último sambista - Geraldo Filme
O intenso contato com Santos, em virtude do movimento portuário, influenciou bastante a formação do reduto de samba na Barra Funda. Esse vai e vem representava “uma das principais portas de entrada do samba carioca (de ascendência baiana) no estado de São Paulo”. (CUÍCA, 2009, p. 86) Aliás, cabe ressaltar que o transporte ferroviário, símbolo da modernidade no início do século XX, teve uma significativa relação com o samba. Milhares de paulistanos iam e vinham dos subúrbios. O samba viajava com os trilhos, criando um encontro entre os sambistas de todos os cantos. Nos trens, o vagão preferido destes era o último carrro. “Lá que ficavam todos os personagens que povoavam o cotidiano das batucadas.” (CUÍCA, 2009, p. 97)
uma figura muito importante na história. Entre um e outro serviço, eles se reuniam e faziam rodas de samba com os seus próprios “instrumentos” de trabalho. A originalidade desses personagens é apresentada por Cuíca (2009) de forma bem detalhada: [...] Ao experimentar com criatividade as caixas de madeira, por exemplo, perceberam que, batendo na lateral inferior com os calcanhares, conseguiam uma frequência sonora mais grave, semelhante à dos surdo. Batucando com as palmas das mãos na parte superior da lateral, faziam um som médio, de caixa. Da mesma lateral, ainda, depois de usada para para lembrar a graxa das mãos, era possível tirar um gemido grave de cuíca, através de um hábil movimento de fricção dos dedos. As escovas também tinham grande utilidade: as grandes, percutidas uma nas outras, davam um som vigoroso de palmas, enquanto as pequenas eram usadas como baquetas do principal “instrumento” daquelas batucadas: as tampas das latinhas de graxa. Essas tampas, feitas de ferro [...], tiniam como ágeis frigideiras [...]. (CUÍCA, 2009, p. 93)
Não apenas as informais rodas “de rua” que faziam parte do cotidiano dos sambistas, as gafieiras também se consagraram também como importantes espaços para a comunidade (CUÍCA, 2009, p. 99). Frequentada por negros e mulatos, as gafieiras paulistanas eram bastantes modestas. “O que se ouvia era o samba, desde o romântico-canção até os festivos sambas de carnaval, passando também pelo saboroso samba-sincopado”. (CUÍCA, 2009, p. 102)
O S A M B A E S U A S O R I G E N S
Marginalizado pela sociedade, os terreiros da capital tiveram suma importância na formação do samba paulista. Sobre os terreiros, Cuica (2009) descreve que era lá: [...] onde afrodescendentes professavam a sua fé nos orixás e tinham a liberdade para fazer uma música que espelhasse sua memória ancestral, longe da repressão e do preconceito que manifestações desse tipo sofriam em lugares públicos, sob o olhar da elite majoritariamente branca. (CUÍCA, 2009, p. 90)
Apesar de estar espalhado por todas as regiões de São Paulo como aponta Cuíca (2009, p. 91), apenas o centro era onde se podia encontrar batucada durante o ano todo de forma segura e sem repressão. Na segunda metade do século XX, os engraxantes tornam-se
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Tatuapé / 2017
Mãe África conta a sua história: Do berço sagrado da humanidade à abençoada terra do grande Zimbabwe Raiou no horizonte meu destino A vida nesse solo vi brotar Sou eu a negra mãe da humanidade Em meu ventre a verdade humildade e amor A força de um filho guerreiro Herança de luta e dor Abraça a liberdade a igualdade em comunhão A realeza estampada na pele Coroada num só coração Bate o tambor deixa girar Pra exaltar meus orixás Um canto livre de amor Na fé, na religião Somos todos irmãos Vejo meus filhos trilhando caminhos Com a proteção de obatalá Em poesia brilha a cultura no olhar Na ginga o batuque espalha magia Meu samba hoje vai exaltar Taí o menino da terra do ouro um vencedor Levo a mensagem lição para o mundo Tolerância paz e amor É de arerê ilê, ijexá Essa kizomba de um povo feliz Eu sou a África derramo meu axé Canta Tatuapé
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DAS RUAS À PASSARELA DO SAMBA
Tatuapé / 2017
3.1. AS MANIFESTAÇÕES CARNAVALESCAS NA CIDADE
chamado Cai Cai. E foi aí que tudo começou…
Até meados do século XIX, São Paulo assim como restante do Brasil era dominado pelo entrudo, uma brincadeira trazida pelos portugueses durante a colonização que consistia, inicialmente, em jogar baldes de águas naqueles que estivessem distraídos. Cuíca (2009) relata que:
[...] O Cai Cai patrocinava bailes mensais. Um grupo de rapazes do bairro tentava participar dele, porém, por eles não fazerem parte do time, eram barrados na porta e ouviam constantemente “vae, vae embora”... Resolveram então criar o seu próprio grupo, saindo às ruas pela primeira vez num desfile carnavalesco. Partiram da Bela Vista e foram até Pinheiros, e, para marcar jocosamente a rivalidade com outro grupo, denominaram-se Vae Vae. (URBANO, 2005, p. 104.)
[...] Embora de mau gosto, o entrudo era um divertimento até democrático, pois todos, inclusive os escravos, tomavam parte, sujando-se entre si e aos brancos. A diferença social só se percebia nas “armas” usadas pelos foliões: enquanto os mais nobres preferiam os limões-de-cheiro [...], a “ralé” usava o que tivesse à mão (ovos bons ou pobres, farinha, goma, frutas estragadas, vísceras de animais...). (CUÍCA, 2009, p. 36)
No decorrer do mesmo século, o entrudo passou a ser cada vez mais reprimido pela elite brasileira. Nesse mesmo período, um carnaval “civilizado” ganha força e em 1840 iniciase a era dos bailes elegantes, inspirados nos bailes de máscaras italianos (CUÍCA, 2009, p. 36). Em 1848 o Carnaval de São Paulo foi para as ruas conseguindo o status de festa social. A atração principal continuava sendo o centro, onde aconteciam os desfiles do Corso, das Sociedades, dos Blocos e das pessoas fantasiadas. Os blocos eram formados por pessoas da classe média que se organizavam entre vizinhos e bairros, para comemorar em família. Em 1989, um grupo de estudantes mulheres proclamou a liberdade feminina com o bloco “Sociedade Paulicéia Vagabunda”. Cabe ressaltar que, no início, participavam apenas homens brancos e prostitutas, sendo excluídos mulheres e negros. Um dos personagens mais marcantes desse período são as “tias quituteiras”, que reuniam compositores, cantores e todos os amantes de música popular. Os encontros eram animadas por grupos de choro, e com farta mesa de comidas. Entre 1857 e 1869 se tem notícia do primeiro cordão da cidade. Chamado de Zuavos, era formado por comerciantes, funcionários públicos, políticos e elementos da sociedade paulistana. No reduto negro da Barra Funda, em 12 de março de 1914, surge o primeiro cordão carnavalesco do século XX, o Grupo Carnavalesco da Barra Funda, fundado por Dionísio Barbosa, compositor paulista. Faziam parte do cordão balizas, porta-estandarte, damas antigas, rei, rainha, príncipe, princesas, além das pastoras. O batuque reunia “os instrumentistas ou batuqueiros, com cerca de dez tambores surdos, doze caixas claras, oito de Camisa Verde e Branco. Após a criação do primeiro cordão, outros importantes grupos nasceram.Também na Barra Funda, o cordão Campos Elíseos enquanto existiu foi considerado insuperável, sendo mais importante da época. No final da década de 20, no Bixiga surge o Cordão Carnavalesco Esportivo Vai-Vai. Urbano (2005) conta como originou o nome do grupo da escola de samba que mais possui títulos no carnaval paulistano: Na Rua Almirante Marques Leão, na Bela Vista, havia um clube de futebol amador
Para que os cordões pudessem sair pelas ruas da cidade, era necessário ter registro junto a prefeitura de São Paulo. Após definidas as cores que seriam utilizadas nas apresentações e as taxas terem sidos pagas, o grupo tinha autorização para desfilar. Os cordões caíram no gosto popular e muitos outros surgiram em diferentes bairros da cidade. Alguns ainda são atuantes até hoje, outros tornarem-se escolas de samba a partir dos anos 50. Deles também nasceram grandes sambistas. O primeiro desfile carnavalesco de São Paulo, aconteceu em 1934, na gestão do prefeito Fábio da Silva Prado. Nessa época que também nasce a primeira escola de samba que denominou-se: Escola de Samba Primeira de São Paulo. A partir de 1936, os desfiles passaram a ser na Avenida São João. No carnaval de 1941 criou-se a “Cidade da Folia”, no Parque da Água Branca onde acontecia a “Feira Nacional das Indústrias”. A Cidade tinha uma área 150 mil metros quadrados. Era nesse palco que desfilavam os blocos, cordões e escolas de samba da cidade de São Paulo. Em 1937, outra importante escola de samba surge: Dona Eunice, uma das fundadoras do bloco Baianas Teimosas, após voltar dos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro, cria a Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva Escola de Samba Lavapés, nos moldes cariocas. E assim, a Lavapés torna-se a escola mais tradicional de São Paulo. (URBANO, 2005, p. 117) Durante o período de 1944 a 1945 os carnavais de rua foram praticamente suspensos na cidade por causa da II Guerra Mundial. Após a guerra, os desfiles voltaram a ser na Avenida São João e também no Vale do Anhangabaú. No ano de 1967, os sambistas decidiram formar uma comissão com importantes figuras públicas para solicitar ao até então prefeito Faria Lima uma colaboração dos poderes públicos a fim de centralizar os desfiles de carnaval em um único local. Faria Lima aceita a ideia, entretanto, exige que fundassem uma federação ou confederação, com responsabilidades jurídicas, a fim de poder receber subsídios por meio da Secretaria de Turismo e Fomento da Prefeitura. (URBANO, 2005, p. 118) Um dado curioso é que Evaristo de Carvalho, radialista e um dos mais importantes defensores dos sambistas nas rádios, é encarregado de ir ao Rio de Janeiro conhecer o regulamento das escolas cariocas. Assim, a partir deste que cria-se o regulamento para as escolas paulistanas. “Desta forma, explica-se o porquê até hoje as escolas de São Paulo estão estruturadas de acordo com o modelo carioca”. (URBANO, 2005, p. 119)
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Com a oficialização do carnaval pelo prefeito no mesmo ano e com a regulamentação
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das escolas de samba, blocos, e cordões; aconteceu primeiro desfile oficial na “Passarela do Anhangabaú”. (URBANO, 2005, p. 119). De 1967 até 1972, interessantes individuais geraram conflitos e muitas federações que representavam as escolas e cordões foram extintas. Entre 1973 a 1986, o carnaval paulista esteve sob a responsabilidade da UESP (União das Escolas de Samba Paulistanas). Em 1966, novamente há uma nova desunião entre as escolas e UESP é dividida. Cria-se a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo no mesmo ano, “ficando o Grupo Especial e Grupo de Acesso subordinados à LIGA e os demais grupos e blocos, à UESP.” (URBANO, 2005, p. 120) O incentivo dado a prefeitura permitiu que as escolas de samba crescessem a cada ano. Assim, os desfiles passaram a ser produzidos na Avenida Tiradentes. Em 1990, a prefeita Luiza Erundina, oficializa os desfiles e eventos carnavalescos na cidade. Também neste ano estava sendo planejado a construção do Pólo de Arte e Cultura da Cidade de São Paulo. O projeto de Oscar Niemeyer foi criado para abrigar com maior comodidade e infraestrutura os desfiles das escolas de samba que não paravam de crescer. Em homenagem ao grande sambista Grande Otelo, o complexo passou a ser chamado de Pólo Cultural e Esportivo Grande Otelo. O complexo do Anhembi, como passou a ser chamado porpulamente, possui mais de 400 mil m² de área total, divididos em três grandes áreas: Pavilhão de Exposições, Palácio das Convenções e Sambódromo. Este é um dos maiores do países, possui capacidade para 35 mil pessoas e sua passarela tem 530 metros de extensão por 14 metros de largura. Sua inauguração foi realizada em 1996 e partir desta data que os desfiles das escolas de samba do grupo especial, grupo de acesso 1 e 2 são realizados lá. É importante lembrar que em diferentes regiões da cidade os outros grupos realizam os seus desfiles nas ruas, mantendo a tradição de anos.
3.2. OS DESFILES DO GRUPO ESPECIAL O grupo especial é composto por 14 agremiações que investem em média R$ 2,5 milhões por desfile. Juntas, as escolas produzem um espetáculo que consome mais de 35 milhões de reais e é encenado por mais de 50 mil integrantes durante os dois dias de festa, sexta-feira e sábado de carnaval. (CENSO (100 ANOS) DO SAMBA PAULISTANO, 2014) Durante as apresentações as escolas são avaliadas em nove quesitos. Cada um deles desenvolve um importantíssimo papel na composição do desfile. Os quesitos submetidos ao julgamento dos jurados são: BATERIA: A bateria dá o ritmo dos desfiles. É o coração das escolas de samba. No quesito, os jurados levam em conta a manutenção e a sustentação da cadência do samba-enredo, a perfeita conjugação dos sons de todos os instrumentos, a criatividade e a versatilidade do grupo. HARMONIA: O entrosamento entre o ritmo da bateria, o canto (melodia) e a dança (evolução) dos componentes são fundamentais no quesito harmonia. A escola deve manter a mesma cadência durante o desfile, cantar com igual vigor e evoluir com a mesma garra durante tempo que estiver na avenida
EVOLUÇÃO: A progressão da dança dos componentes de acordo com o ritmo do samba executado pela bateria é avaliada na evolução. Por isso, a movimentação dos integrantes na avenida e o andamento da dança e das coreografias são fundamentais para garantir uma boa nota, evitando a abertura de “clarões” (buracos) entre as alas. Empolgação, vibração, agilidade, vigor e espontaneidade são fatores que balizam a análise da evolução das escolas na avenida. SAMBA ENREDO: A letra do samba-enredo parte sempre da sinopse do enredo apresentada por cada escola. Neste quesito, os jurados avaliam a letra e a melodia da canção e levam em conta a riqueza poética, a criatividade e a capacidade da harmonia musical em facilitar o canto e a dança dos componentes. MESTRE-SALA E PORTA BANDEIRA: O pavilhão (bandeira) é o símbolo máximo de cada escola. Ele representa a história, todo o trabalho envolvido e as próprias comunidades de cada agremiação. Os responsáveis por resguardar e carregar o pavilhão de cada escola, os casais de mestre-sala e porta-bandeira. O casal de mestre-sala e porta-bandeira nunca samba, eles bailam na avenida. COMISSÃO DE FRENTE: A comissão é responsável por dar as boas-vindas ao público e aos jurados. A proposta e a capacidade de causar impacto são fundamentais para a concepção das comissões de frente, que abrem os desfiles. Além da dança apresentada pela comissão, os jurados também avaliam nesse quesito a indumentária e o que a comissão de frente representa na história proposta. ALEGORIA: Criatividade, adequação ao tema e acabamento são alguns dos principais itens julgados neste quesito, que engloba desde os elementos cenográficos sobre rodas, como os carros alegóricos, até aqueles sem rodas, como os tripés. ENREDO: O enredo é a história que a escola levará para a avenida. O enredo é a base de tudo e é a partir dele que saem a letra do samba-enredo, as fantasias, os carros alegóricos e todos os elementos cênicos dos desfiles. Neste quesito, o jurado analisa a capacidade de compreensão do tema proposto em todas as partes do desfile. FANTASIA: As fantasias devem estar de acordo com o enredo proposto de cada ala e os detalhes devem ser iguais em todos os componentes. As roupas precisam permitir a espontânea movimentação dos componentes, e estar bem acabadas. (ALVES, 2017)
No final, as duas escolas que possuírem as menores notas são rebaixadas para o grupo de acesso 1 e as duas escolas com as maiores notas do grupo de acesso 1, sobem para o grupo especial.
3.3. UM SONHO EM CONSTRUÇÃO: A FÁBRICA Com poucos recursos financeiros muitas escolas de samba são obrigadas a criar seus carnavais em galpões improvisados embaixo de pontes ou viadutos, porém, esses locais não oferecem estruturas e condições adequadas para desenvolvimento das atividades com segurança, tornando-os suscetíveis a grandes tragédias. No ano de 2012, um incêndio no barracão da Mocidade Alegre, umas das maiores escolas de samba de São Paulo, interditou o Viaduto Pompeia. A escola perdeu algumas esculturas, mas não teve o seu desfile afetado. Já em Janeiro de 2018, um mês antes do carnaval, um galpão da Acadêmicos do Tucuruvi, escola da zona norte, entrou em chamas e 90% das fantasias foram queimadas. Naquele ano a Tucuruvi não chegou a ser julgada, mantendo-se no grupo especial de São Paulo. Com o crescimento do carnaval na cidade e a carência de espaços mais seguros de para as agremiações e fez com a prefeitura anunciasse, em 2008, a construção da Fábrica do Samba.
Com uma área de mais de 77 mil m², a Fábrica está localizada no bairro do Bom Retiro e apenas mil e cem metros de distância do Sambódromo do Anhembi. O complexo abrigará os 14 barracões das escolas de samba do grupo especial de São Paulo, cada barracão tem 4.200 m² de área construída e 18 metros livres para a construção das alegorias. Além dos barrações o projeto prevê a construção de um museu e uma praça para shows e eventos numa área central de aproximandamente 6.600 m². Desde 2012, a Fábrica está em obras sem previsão para ser finalizada. Atualmente, sete escolas já possuem seus barracões lá. Em entrevista com o Membro do Departamento Cultural, numa visita realizada à LIGA SP, José Carlos Lisboa, informou que a entidade tem cobrado os poderes públicos e também tem buscado soluções que ocorra a finalização do projeto. Durante a visita, também foi possível conversar sobre o espaço que deverá ser implantado o museu do samba. Segundo Lisboa: “existe o espaço e as ideias do que queremos lá, mas não há o projeto.”
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Vista superior da futura praça e museu. Foto: Prefeitura de São Paulo
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Fábrica do Samba
À esquerda galpões em obras e à direita galpão em funcionamento. Foto: Prefeitura de São Paulo
Sambódromo do Anhembi
Terminal Barra Funda
Marginal Tiête
Av. Dr. Abrahão Ribeiro
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Diagrama do entorno imediado da Fábrica do do Samba. Foto: Google Maps
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Peruche / 2018
Peruche Celebra Martinho / 80 Anos do Dikamba da Vila Vai ter kizomba e axé Peruche é samba no pé, é tradição Celeiro de bambas Oitenta fevereiros a cantar Deixa a tristeza pra lá O som dos tambores ecoa no ar É força, é magia, Mãe África! Dois povos, uma só nação Num elo de amor e união E nos cafezais do interior Desperta o talento de um menino E foram tantas influências musicais No cantarolar da procissão A luz da fé guiava o seu coração É da Vila, da Vila Partideiro menestrel do povo Lá do berço de Noel Renasce das cinzas meu laiaraiá Feitiço que encanta o Boulevard E assim, cruzou os mares Fez da poesia a missão Redescobrindo sua identidade Na semelhança com nossos irmãos Toca viola e pandeiro, vem recordar Dikamba nos versos e nas melodias Celebrando em boemia Sonhos vão além da quarta-feira A liberdade é raiz verdadeira Martinho dá o tom na filial, é pra lá de bom
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS
4.1 SAP Global Service Center
R E F E R Ê N C I A S P R O J E T U A I S
Desenvolvido pelos arquitetos Eduardo de Almeida e Shundi Iwamizu em 2009, o edifício administrativo SAP Global Service Center possui uma volumetria simples e de fácil leitura. Todo o conjunto é determinando um sistema construtivo flexível e coordenado que possibilita espaços confortáveis, eficientes e estimulantes. (FERNANDES, 2011)
Fachada externa. Autor: Nelson Kon
Fachada externa. Autor: Nelson Kon
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Ambiente interno. Autor: Nelson Kon
R E F E R Ê N C I A S Fachada externa. Foto: São Paulo Arquitetura
Fachada externa. Autor: Fernando Guerra
4.2. EDIFÍCIO ROUXINOL
4.3. Residências em Alcácer do Sal
Desenvolvido pelo arquiteto Yuri Vital, a fachada do edifício corporativo Rouxinol é composta por diversas sacadas que ajudam na climatização do conjunto, geram sombras que contribuem para diminuir a incidência solar, gerando economia de energia. Essa disposição também garante uma iluminação difusa sem a entrada do feixe de sol.
Projetado pelo arquiteto Aires Mateus em 2010, as Residências em Alcácer do Sal em localizadas em Portugal, também possuem um jogo de cheios e vazios que compõe a fachada, gerando formas e perceptivas interessantes aos seus moradores.
Jogo de volumes criados pela fachada externa. Foto: São Paulo Arquitetura
Fachada externa. Autor: Fernando Guerra
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DragĂľes da Real / 2017
Dragões Canta Asa Branca De tanto “oiá” o sol “queimá” a terra Feito fogueira de São João Puxei o fole, embalado me inspirei O aperreado coração aliviei De joelhos para o pai, pedi Com os olhos marejados, senti Tanta tristeza brotar desse chão rachado Perdi meu gado, “farta” água pra danar “Eita” seca que castiga meu lugar Vou me embora seguir meu destino Sou nordestino arretado, sim senhô E na bagagem trago o sonho de vencer Oh Rosinha, sem “ocê” não sei viver Ê, saudade que invade o meu coração Das cantigas, folclore, cultura Dos temperos que lembram meu chão Espero no céu, o relampejar A chuva cair, o pranto secar Seus olhos hão de refletir O renascer da plantação Não chore não, viu Que eu “vortarei”, viu Pro meu sertão Vem forrozear Que o sanfoneiro vai tocar Meu samba em forma de oração Eu sou Dragões É Asa Branca embalando gerações
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O MUSEU DAS ESCOLAS DE SAMBA
C O N C E P Ç Ã O
5.1. PARTIDO O Museu das Escolas de Samba se desenvolve a partir de um olhar voltado para as alegorias do carnaval. Elas são responsáveis por gerar grande impacto visual ao público pela sua forma e grandiosidade. Outro princípio que norteou a composição do edifício foi a maneira de como os componentes que estão desfilando veem e são vistos. Há sempre uma troca de quem está na arquibancada e com quem está no carro alegórico e vice-versa. Desta forma, o museu foi projetado para que possa existir a aproximação daquele que está dentro (Museu) e com aquele que está fora (Fábrica). Assim, cria-se um jogo de cheios e vazios que se repetem não somente na fachada, mas também internamente, articulando e contribuindo para a formação de interassantes espaços.
5.2. IMPLANTAÇÃO Para implantação foi levado em consideração dois importantes fluxos: o principal realizado pela Av. Abrahão Ribeiro e o secundário através da alça da Marginal Tietê. Este último, no geral, é utilizado apenas nos eventos que acontecem na Fábrica.
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O edifício é posicionado na face norte do terreno que possui o maior comprimento e
consequentemente cria-se uma grande praça em frente ao museu. A ideia é que ao entrar no complexo o visitante seja recepcionado por esta praça e que ao fundo seja possível enxergar o volume da instituição, conforme ilustrado na imagem a acima. É importante destacar que este trabalho tem como objetivo desenvolver apenas o projeto arquitetônico do museu, o paisagismo da praça fará parte de um segundo momento. Entretanto, destaco algumas considerações que devem ser incorporadas ao projeto: - O paisagismo deverá contribuir para que a arquitetura do museu seja revelada; - A sua área contemplará uma “passarela“ para os desfiles que acontecem na Fábrica. -Deverá ser projetado espaços que seja possível realizar rodas de sambas e outras atividades das escolas, como ensaios da bateria, passisistas e etc.
5.3. PROGRAMA Internamente, o programa é resolvido a partir de um átrio que articula tanto as circulações entre os pavimentos como também os diversos usos do museu. Nas extremidades localizam-se as escadas de emergência e ao leste um elevador de carga que atende o auditório e a reserva técnica e pode ser utilizado pelos funcionários como um acesso independente. Outro ponto a ser destacado é que no térreo e subsolo estão situadas as atividades que independem do circuito de visitação do museu, como oficinas, apresentações no auditório e etc. Para proporcionar maior conforto acústico dos usuários em relação aos ruídos no térreo, a biblioteca foi projetada no último pavimento. Seus mais de 11 mil m² de área construída incluem: - Uma loja de 60 m²;
C O N C E P Ç Ã O
- Quatro áreas expositivas de até 650 m² - Uma biblioteca de 350 m²; - Um auditório para 320 pessoas; - Um galeria dedicada às esculturas do carnaval com 760 m²; 0
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- Três salas para oficinas, sendo duas delas com 100 m² e a terceira com 60 m²;
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- Uma reserva técnica com 820 m²; - Uma área administrativa com 360 m².
Relação da implantação do museu com os diferentes fluxos da Fábrica. Em vermelho o principal acesso, em azul o acesso secundário.
Laje técnica ÁTRIO
Exposição
BIBLIOTECA
ADMINISTRAÇÃO
Exposição
RESERVA TÉCNICA
Exposição
Exposição
GALERIA DAS ESCULTURAS
CAFÉ
Bilheteria
loja
OFICINAS
AUDITÓRIO
Diagrama de ocupação e circulação
Circulação de Emergência
Circulação de Principal
Circulação de Serviços
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Avenida Pres. Castelo Branco / Marginal Tietê
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IMPLANTAÇÃO 0
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TÉRREO
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1. Entrada 2. Bilheteria 3. Café 4. Loja 5. Oficinas 6. Sanitários 7. Apoio
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SUBSOLO
1. Galeria das Esculturas 2. Foyer 3. Auditรณrio 4. Camarim 5. Sanitรกrios 6. Apoio
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PRIMEIRO PAVIMENTO
1. ร rea Expositiva 2. Sanitรกrios 3. Apoio
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SEGUNDO PAVIMENTO
1. Área Expositiva 2. Reserva Técnica 3. Sanitários 4. Apoio
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TERCEIRO PAVIMENTO
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1. Área Expositiva 2. Biblioteca 3. Administração 4. Salas dos Presidentes das Escolas 5. Refeitório 6. Sanitários 7. Apoio
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C O N C E P Ç Ã O
5.5. ESTRUTURA PRINCIPAL
5.6. ESTRUTURA EXTERNA
A estrutura principal do museu é composta por lajes nervuradas e vigas protendidas. Buscouse aproveitar o máximo de cada uma dessas estruturas para que os espaços fossem bem flexíveis uma vez que a estrutura é resolvida com poucos pilares.
Os volumes externos que compõe a fachada possuem um importante papel na identidade e qualidade espacial do museu. Além de compor a volumetria da fachada, eles também oferecem uma versatilidade na sua utilização. Dependendo do tipo de intervenção que estiver acontecendo no museu, eles poderão ser transformar em vitrines, áreas de permanência, áreas de estudo e etc. Sua estrutura foi pensada em ser independente para não sobrecarregar a estrutura principal do prédio. Ela é composta por vigas e pilares metálicas, revestidas com painéis de alumínio ACM que proporcionam um bom desempenho térmico e acústico e está disponível em diferentes cores.
Esquemas da estrutura que compõe os volumes externos da fachadada.
Render da estrutura da estrutura principal do museu.
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5.7. COMPOSIÇÃO DA FACHADA Para chegar ao resultado das tonalidades da fachada, foi feito um levantamento das cores que compõe as escolas de samba do grupo especial, sendo elas vermelho, azul, verde, amarelo e rosa; sem contar o preto e branco. Não satisfeito, aumentei a quantidade de tons e comecei a aplicá-los de forma linear. Logo na sequência utilizei as cores de modo mais aleatório, o resultado foi até agradável, porém não fazia um sentido. Após mais um estudo, passei a aplicar as cores na diagonal e percebi que as mesmas não estava mais estáticas, a
sua sequência gerava movimento. Para que a quantidade de tons aumentasse na mesma linha, dividi as cores em dois blocos onde o primeiro continha os tons mais escuros em cima e o segundo os tons mais escuras em baixo. Desta forma cheguei a lógica que foi aplicada na fachado do museu. A ideia é que mesmo sendo estático, as cores possam chamar a atenção e gerar um movimento na arquitetura do prédio.
Estudo 1: Levantamento das Cores das Escolas Estudo 2: Cores aplicadas de forma linear.
Estudo 4: Cores aplicadas na diagonal gerando uma sequência de movimento
Estudo 3: Cores aplicadas de forma aleatório.
Estudo 5: Cores aplicadas na diagonal tons escuros em cima e em baixo aumentando as tonalidades.
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5.8. ÁREAS EXPOSITIVAS: OCUPAÇÃO As áreas expositivas do museu poderão ser ocupadas de diferentes modos, mas gostaria de destacar duas formas que podem ser mais comuns. A primeira delas é utilizando toda a área disponível de forma mais orgânica em que o público poderá circular livremente entre as obras que estão expostas. A segunda proposta, seria através de um circuíto mais linear em que o público é direcionado. Ambos os casos funcionam perfeitamente, mas
Esquema de ocupação de um exposição mais linear
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cada um oferecem uma particularidade que caberá ao curador escolher o formato que os trabalhos serão apresentados. É importante destacar que em ambos os casos, as circulações periféricas deverão ser mantidas, uma vez que as escadas de emergência e banheiros encontra-se nas mesmas.
Esquema de uma exposição livre
5.9. VENTILAÇÃO Pelo fato das aberturas das fachadas estarem em lados opostos, contribui para que o edifício tenha uma ventilação cruzada que automaticamente diminui os de energia e aumentam a qualidade do ar. A depender tipo de ocupação que será realizada nos espaços será necessário a utilização de ventilação mecânica. Portanto, foi previsto a utilização do ar condicionado como sistema chiller localizado na cobertura do edifício.
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Esquema de ventilação natural e mecânica presentes no museu.
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X-9 Paulistana / 2018
A Voz do Samba É a Voz de Deus. Depois da Tempestade, Vem a Bonança! Quem canta, os males espanta Nessa festa quem não dança segura a criança Chegou x-9, o chão tremeu A voz do samba é a voz de Deus Pode acreditar é a voz de Deus O dom da comunicação A luz da criação nos concedeu O verbo do pai, é divinal Na boca do povo eu “tô” Do arco da velha é meu carnaval Atire pedra quem quiser Na China olho grande não vai entrar Quem planta bonança vai colher Quando a tempestade passar É de arrepiar! Quem não pode com mandinga não carrega patuá Ora pois, vem pra cá E não vais recusar Maria vai com as outras É hora de sambar! A rainha mandou liberar Se eu conto um conto aumento um ponto Pode apostar Sou xisnoveano apaixonado O bicho vai pegar Tiro da cartola o que no bolso não tem Nem sempre o que brilha é prata meu bem Uma andorinha só não faz verão Hoje a zona norte é união Quem tem boca vai a Roma A esperança não morrerá Sente a pulsação do meu ziriguidum Um por todos e todos por um
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
R E F E R E N C I A L B I B L I O G R Á F I C O
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DragĂľes da Real / 2017