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A educação para o aço

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O dragão de aço

O dragão de aço

O I lafa – I nst I tutO l at I n O amer I can O de f err O e a ç O – é uma I nst I tu I çã O nã O g O vernamental sem f I ns lucrat I v O s sed I ada n O c h I le que , entre d I versas O utras ações , e de fO rma s I m I lar a O c B ca , ampl I a seu ap OIO à cade I a d O aç O . a I nst I tu I çã O real I za anualmente um c O ncurs O de arqu I tetura entre as un I vers I dades lat I n O amer I canas

A primeirA edição do ConCurso ilAfA de Desenho em Aço para Estudantes de Arquitetura, ocorrida em 2008, teve como tema pavilhões de exposições e convenções, na qual a equipe do Peru sagrou-se campeã. Em 2009, sob o tema aeroportos, conferiu o primeiro lugar ao projeto da equipe da Universidad Mayor de Santiago e reafirmou o objetivo de incentivar o desenvolvimento do ensino e a ampliação do conhecimento do uso do aço entre os estudantes de arquitetura e engenharia da América Latina. Além do projeto chileno, que ficou com o primeiro lugar, foram classificadas propostas de universidades do Brasil, Argentina, Peru, Venezuela, México e Equador. A premiação deste ano propõe os centros públicos como objeto do projeto.

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Como parte deste esforço de aproximar o Brasil de uma construção mais industrializada, e menos artesanal, o CBCA promoveu, em 2008 e 2009, um concurso nacional em que os vencedores foram os representantes brasileiros no concurso do Ilafa. Nesta edição, apresentamos seis dos sete projetos finalistas da edição 2009 do concurso do Ilafa, escolhidos por um júri composto por representantes dos países participantes. (A.W. e f.A.)

Nas duas páginas, a proposta dos alunos da Universidad Mayor de Santiago, do Chile, que levou em consideração a configuração atual do aeroporto de Punta Arenas, e propõe a incorporação das três pistas existentes ao projeto vencedor do concurso de 2009 divulgação

Imagens

1º lugar: aeroporto sem Vento país: Chile/universidad mayor de santiago autores: luis Haro, markos Huincahue, José ripeti e luciano Valdivia profs. orientadores: Cristian Winckler e pablo sari

A escolha de Punta Arenas, com as baixas temperaturas e os ventos intensos da região, levaram os estudantes a projetar um aeroporto sob o lema “sem vento”.

A proposta dos vencedores do concurso do Ilafa consiste em escavar 2,5 m do solo, criando-se um abrigo do vento. Devido ao rigor do clima local, o projeto prevê o controle da entrada de ar e de luz. Uma cobertura é proposta sobre a área escavada. Essa estrutura metálica projeta-se a partir do nível original do terreno e ganha altura, num plano inclinado até o final do edifício e os hangares dos aviões.

Estendendo-se para fora da cobertura e atravessando-a terminal adentro estão dois tipos de claraboias. A primeira tem as extremidades abertas, o que permite a entrada do ar externo no aeroporto. A segunda cria ambientes dentro do terminal. Sobre a cobertura foi proposto um green roof, ou teto verde, composto de vegetação baixa,e que ajuda na absorção da chuva e na climatização do aeroporto.

2º lugar: Coluna de aço país: argentina/Faculdade de arquitetura, urbanismo e desenho da universidad nacional de Córdoba autores: ramiro Veiga e Federico urfer profs. orientadores: Celina Caporossi, maría del Carmen e Fernández saiz

O projeto argentino para o aeroporto de Córdoba aproveita o terreno e as pistas da Escola de Aviação Militar da cidade e traça uma seção transversal, em aço, semelhante a uma coluna.

Ela funciona como um eixo do qual saem as “costelas” – vigas de diferentes formas e tamanhos que sustentam a cobertura. Cada um destes conjuntos constitui um módulo independente, que é ligado ao outro pelas pontas das vigas. Uma malha de aço é colocada sobre as vigas, sustentando a cobertura do aeroporto.

O eixo central orienta espacialmente os usuários, que podem atravessar diretamente as duas pontas do terminal, reduzindo a aglomeração de pessoas. Aliado ao aço, este sistema modular torna possível uma expansão mais simples do aeroporto: basta criar novos módulos e acomodá-los ao lado dos anteriores.

O desenho do aeroporto de Córdoba baseia-se na fuselagem dos aviões, e o vidro na cobertura e paredes destaca o aço das vigas transversais

Acima, visão transversal dos três níveis da proposta para o aeroporto de Ribeirão Preto, com seus pórticos de aço distantes 12,5 m entre si. Ao lado, a área de desembarque, o espelho d’água – que reduz a temperatura interna do edifício – e a esplanada de acesso ao terminal aeroporto de ribeirão preto país: brasil/universidade são Judas tadeu autores: anderson Carneiro noris, elis mariam duarte david de souza, Fernanda Ferreira da silva, gislaine moura do nascimento, rafael gustavo rodrigues e Wellington tohoru nagano Consultor de cálculo estrutural: eng. arquimedes Costa prof. orientador: leonardo shieh graVidade Zero país: peru/universidad ricardo palma autores: luis enrique Cueva Collantes, paolo díaz santisteban e Willinson maita mesías profs. orientadores: Félix mayorca e Walter león

Os alunos da Universidade São Judas Tadeu, em São Paulo, criaram um projeto que ultrapassa a proposta do concurso. Além do terminal de passageiros para o Aeroporto Estadual Dr. Leite Lopes, em Ribeirão Preto, eles sugerem também hangares e um terminal de cargas. O terminal brasileiro é construído em estruturas modulares em perfis de aço, que podem ser reproduzidas e adicionadas à construção. Um espelho d'água ao seu redor esfria o ar que chega às paredes de vidro duplo – que, por sua vez, criam um “colchão”, fazendo o ar mais quente subir e se dissipar no alto do edifício. Estas medidas ajudam a reduzir a necessidade de climatização no terminal.

Os pórticos em aço vencem vãos de 42 m Eles saem da área de desembarque, no térreo do aeroporto, cobrem o terraço atirantado do terceiro pavimento e se debruçam sobre o espaço de embarque, no segundo andar.

Abaixo, planta do terminal peruano, desenho inspirado nas asas do condor. A torre de controle, como todo o aeroporto, é suspensa por um sistema eletromagnético aeroporto de paCHuCa país: méxico/escola superior de engenharia e arquitetura ipn autores: eduardo benitez Chavira, rodolfo Franco Zamudio, Xavier ivan garcia allende, luis nemorio gress luna e alfonso edén gutiérrez Vásquez prof. orientador: mario martinez Valadez

Construída sobre uma área de intensa atividade tectônica, a cidade de Arequipa foi escolhida pelos alunos peruanos para receber este ambicioso projeto. Eles se valeram de princípios de eletromagnetismo para tensionar o terminal de passageiros e fazê-lo, literalmente, flutuar.

Um conjunto de anéis de aço imantados, de polaridades opostas, é o elemento central da proposta. Cabos fixados ao chão são estendidos até as vigas curvas, que formam a estrutura do terminal. Na ponta de cada um dos cabos há um anel de carga elétrica inversa à de seu respectivo anel na viga. Polaridades diferentes atraem-se continuamente e tensionam-se mutuamente: os cabos, assim, tracionam as vigas sem que haja nenhum contato entre as estruturas.

O mesmo princípio físico é aplicado à sustentação das vigas. Duas âncoras cravadas ao chão são magnetizadas e, atraindo as pontas das vigas para direções opostas, mantêm a estrutura “presa” à terra. Como o terminal não toca o solo, o aeroporto seria menos impactado em caso de terremotos.

Pachuca, devido aos fortes ventos que sopram na cidade, é conhecida como “Bella Airosa”. Lá, os estudantes mexicanos decidiram instalar o segundo aeroporto para atender a região da Cidade do México.

Para amenizar os ventos foi pensado o desenho em elipse: o formato aerodinâmico do edifício ajuda a reduzir o impacto do vento sobre a construção. Pequenas perfurações na cobertura e nas paredes do aeroporto, auxiliado por uma película de vidro, ajudam a absorver o ruído dos aviões, diminuindo o desconforto sonoro dos usuários e a vibração no prédio.

Colunas de aço sustentam a estrutura tubular da cobertura. Os tubos estão unidos de modo a permitir uma ligeira movimentação da estrutura, de acordo com os ventos e com a dilatação do aço. Dobradiças instaladas nestas junções fazem com que a cobertura e as paredes se movimentem juntas, sem comprometer a integridade da estrutura ou a dos usuários, já que o piso permanece imóvel.

Acima, os módulos triangulares do projeto para o aeroporto mexicano, cuja estrutura tubular de aço, em forma de elipse, abriga seus três pavimentos aerosombras país: Venezuela/universidad Central de Venezuela autores: Karla montauti e Yamandú meléndez prof. orientador: Juan Castillo y edwing otero

Os ventos de Porto Cabello, cidade localizada à beira do mar do Caribe, também foram determinantes para o projeto dos alunos venezuelanos. O sol intenso da região foi igualmente importante para definir a disposição do aeroporto.

Para evitar a incidência direta do sol sobre as estruturas, a cobertura do terminal tem uma superfície “dobrada”. A maleabilidade do aço permite que se crie uma estrutura que, não sendo atingida perpendicularmente pelos raios, absorve menos o calor externo, amenizando a temperatura dentro do edifício.

A localização do terminal em relação ao oceano também foi considerada para reduzir o desconforto térmico dos usuários. Os ventos do mar e do continente entram no aeroporto pelo piso térreo, onde estão as áreas de acesso e check-in, e pelo primeiro pavimento, que abriga o embarque e desembarque. O ar mais frio retira calor do ambiente e sobe, dispersando-se acima da cobertura. Segundo os alunos, a ventilação cruzada e o aproveitamento da luz natural são inspirados nos preceitos do arquiteto venezuelano Carlos Raúl Villanueva, que projetou a Universidade Central da Venezuela, frequentada por eles.

Corte transversal

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