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Semeando o futuro

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Projeto

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Iniciativas de Educação Ambiental na Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas formam crianças, jovens, adultos e idosos como defensores do futuro do planeta

Texto: Leonardo Ramos

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Dentre as ações em prol do meio ambiente, há aquelas que agem diretamente nos recursos naturais, como também as que atuam no espírito humano com vistas a garantir que a difusão do conhecimento científico e humano também leve à preservação de bens materiais, como as nascentes dos rios. Entender como funciona a dinâmica das águas, a importância da vegetação para o rio ou como diferentes elementos químicos podem garantir ou suprimir a vida nos cursos d’água, leva, naturalmente, a uma maior consciência ambiental e, consequentemente, a um espírito de cuidado e proteção do ecossistema do qual fazemos parte e dependemos para sobreviver. Esse é o papel da Educação Ambiental.

No primeiro artigo da Lei nº 9.795 de 1999, que instituiu a Educação Ambiental como política pública nacional, ela é definida assim: “Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.” Ou seja, trata-se de despertar uma consciência individual e coletiva sobre o fato de que toda ação humana afeta – para o bem ou para o mal – o meio ambiente.

Cientes disso, diversos atores da sociedade se dedicam, ao longo da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, a cumprir este importante papel: o de educar o espírito de pessoas de todas as idades para o cuidado com o meio ambiente. Usando a criatividade e os afetos positivos, esses atores trabalham semeando o futuro de um planeta cheio de vida e de uma sociedade humana sustentável.

Conheça algumas dessas iniciativas.

Educação Ambiental é lei em Itabirito

A Prefeitura de Itabirito trabalha a Educação Ambiental em diferentes frentes, mas uma coisa é comum entre elas: na cidade, a Educação Ambiental é obrigatória por lei, o que significa que é uma ação permanente, qualquer que seja o governo municipal. Numa delas, mais abrangente, a Assessora Técnica da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Alessandra Paranhos, desenvolve um programa de Educação Ambiental permanente no Centro de Educação Ambiental (CEA), que fica dentro do Parque Ecológico de Itabirito. No local, quatro professoras e uma técnica educam um público amplo, que vai de crianças a idosos. Segundo Alessandra, a inserção dos idosos nas atividades se deve à identificação de que esse é um público que muitas vezes não é incluído nesse tipo de ação, mas que tem muito a contribuir. “A gente percebeu esse nicho de oportunidade. Os idosos possuem muito conhecimento sobre o uso de plantas medicinais para os mais diversos males. Antigamente era muito comum que as pessoas usassem unguentos no tratamento de certas enfermidades. Então, além de ajudar na produção de mudas e no seu plantio na horta medicinal, eles podem transmitir sua experiência. Ano que vem pretendemos unir crianças e idosos numa ação que funcione como uma contação de histórias”, relata.

Em outra frente, Flávia Mendanha, professora do Centro Educacional Municipal de Itabirito (CEMI), trabalha com os alunos numa Casa de Projetos anexa à escola. O nome da casa, assim mesmo, no plural, já indica que, ali, as atividades são inúmeras. Horta orgânica, horta medicinal, criação de abelhas, jardim rupestre, galinheiro, piscicultura com hidroponia são apenas alguns exemplos de práticas realizadas no local. Com 18 anos de experiência em Educação Ambiental, Flávia acredita que iniciativas que pretendem garantir o futuro precisam ser permanentes. “Nossos objetivos são trabalhar de forma prática com os alunos, ser uma escola sustentável, estimular o protagonismo dos alunos e gerar alunos empreendedores”, conta. “Tudo o que é produzido aqui é vendido e os valores arrecadados retornam para a casa em forma de investimento. Em breve seremos uma casa totalmente autossustentável. A Educação Ambiental só funciona efetivamente se houver sensibilização e conscientização através de ações práticas e duradouras. Dessa maneira é que se forma senso crítico e cidadãos que vão defender e lutar pelo meio ambiente”. A estratégia tem dado certo: Flávia recebeu diversos prêmios por seus projetos, inclusive do Projeto Manuelzão, além de conseguir angariar fundos de empresas como Coca-Cola, Vale e Gerdau.

Conscientização pela Serra de Santa Helena

A Serra de Santa Helena, importante ponto turístico da cidade de Sete Lagoas, tem sido palco de ações de recuperação e de Educação Ambiental. Segundo Dilma Nunes, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Desenvolvimento e Turismo (Semadetur), o local contará com atividades permanentes de conscientização e educação ambiental para turistas e alunos das escolas do município. “Assinamos um termo de cooperação técnica com o Centro Universitário de Sete Lagoas (Unifemm) com o objetivo geral de promover a Educação Ambiental num local tão importante para a cidade. Foi feito um trabalho de pesquisa pelos alunos do curso de Ciências Biológicas para a identificação das espécies arbóreas, localizadas no entorno da Capela da Serra de Santa Helena, além de informações gerais sobre as espécies estudadas. Também foi desenvolvida uma trilha ambiental guiada”.

Ela conta que, na trilha, foram instaladas 11 placas de madeira contendo todas as informações das espécies em QR Code. “Entregamos o resultado do projeto à comunidade no dia 21 de setembro com as visitas da Escola Municipal Professor Galvão e da Escola Estadual Dr. Alonso Marques Ferreira. A Semadetur e a Unifemm realizaram oficinas envolvendo os alunos, que participaram com excelente aproveitamento”, celebra.

É na mesma Serra de Santa Helena que Nivaldo dos Santos, conselheiro do Subcomitê Ribeirão Jequitibá e presidente do Instituto Águas da Serra, realiza atividades de Educação Ambiental – ou, como prefere chamar, de ecoalfabetização –com crianças e adolescentes da região. Para Nivaldo, investir na ecoalfabetização desse público é a chave para garantir um futuro sustentável. “Terminamos de fazer o plantio de 200 mudas de espécies nativas com os alunos, e agora estamos limpando o topo do morro onde queremos fazer um mirante para eles. Eu vejo a Educação Ambiental como um dos pilares mais importantes na defesa do meio ambiente. É difícil mudar a atitude de adultos e pessoas de mais idade, mas o grande futuro para nós são adolescentes e crianças, desde que a gente mostre para eles, na prática, a importância do meio ambiente”, afirma.

Centro de Educação Ambiental do Programa

Gincana Ambiental em Curvelo

O Centro de Educação Ambiental (CEAM) de Curvelo é onde acontecem as visitas de alunos promovidas pelo Chuá Socioambiental, programa de Educação Ambiental da Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) que tem como público preferencial os alunos do 6o ano do Ensino Fundamental. De forma lúdica, os alunos participam de uma gincana que inclui recolhimento de óleo de cozinha, recolhimento de lacres de alumínio de latinhas, Feira Verde, Feira do Desapego e Oficina de Notícias. Ao final, a escola recebe o Selo Chuá de ‘Escola Amiga do Meio Ambiente’ como reconhecimento pelo trabalho de preservação ambiental realizado.

“As nossas ações de Educação Ambiental são marcadas por transmitir o conhecimento de forma não convencional”, relata Solange Ferreira, funcionária da Copasa e integrante da equipe de Educação Ambiental da empresa. Segundo ela, as oficinas realizadas no CEAM de Curvelo capturam a atenção dos alunos com atividades práticas. “No início da visita, ensinamos alguns conceitos e logo partimos para a prática. Os alunos andam pela trilha às margens do Ribeirão Santo Antônio verificando as diferenças entre a mata preservada e o solo degradado. As escolas fazem fila para visitar o CEAM”, conta.

Solange também explica que, durante as oficinas, os alunos são despertados não só para o ambiente exterior, como também para o cuidado com o próprio corpo. “Num ecossistema, o que afeta um afeta todos. Uso com eles os exemplos de como a pandemia, que se iniciou na China, chegou até nós e como o lixo que jogamos no rio chega ao mar. Procuramos gerar essa corresponsabilidade, explicando que, quando não estamos bem de saúde, podemos causar danos a outras pessoas. Trabalhamos não só meio ambiente, como também higiene bucal, higiene do corpo. Queremos criar esse coletivo que vai se importar consigo mesmo e com um mundo melhor para as futuras gerações”, finaliza.

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