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Bacias de Detenção de Belo Horizonte

Legenda

Cursos d’Água

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Bacia de Detenção existente

Bacia de Detenção em construção

Bacia de Detenção a readequar vertedores

Bacia de Detenção a ampliar capacidade

Bacia de Detenção a construir

Empreendimento por Situação

Obra Concluída

Obra em Execução

Projeto Concluído com Recursos Assegurados para Obra

Projeto Concluído sem Recursos Assegurados para Obra

Projeto em Desenvolvimento com Recursos Assegurados para Obra

Projeto em Desenvolvimento sem Recursos Assegurados para Obra

Empreendimento Previsto

Soluções baseadas na Natureza

A engenheira Ambiental Andreiva Lauren Vital do Carmo, mestre em Engenharia Civil na área de Concentração Sanitária e Ambiental, aponta que um dos caminhos que podem ser adotados é reduzir o volume das águas que chegam até o curso d’água. “Existem as SbN [Soluções baseadas na Natureza], como, por exemplo, as trincheiras de infiltração. São caixas escavadas em áreas livres, a exemplo dos trechos do passeio público, com camadas de areia e brita para receber parte da água das chuvas do local. Já temos também tecnologia de revestimento que permite a infiltração de água como paralelepípedo ou bloquetes, que podem ser usados em áreas de estacionamento, por exemplo”, detalha a engenheira.

Andreiva destaca como um modelo de bacia de detenção subterrânea a obra construída na cidade de São Paulo. “No Estádio do Pacaembu, a bacia foi feita no subsolo. As galerias da região direcionam as águas excedentes para essa área, evitando alagamentos no entorno”, explica.

A busca por uma convivência mais harmônica com as bacias dos rios nasceu da necessidade de melhorar a saúde da população. Chamada de abordagem higienista no princípio, ganhou versão contemporânea mais abrangente, englobando o meio ambiente e a biodiversidade do território. Márcia Marques, coordenadora do Subcomitê Ribeirão Arrudas, cita o exemplo do Ribeirão Cercadinho. “É uma região mais ‘encaixada’, com poucas áreas suscetíveis a enchentes. O Cercadinho é um dos poucos ribeirões que não foram canalizados. A população pede por uma urbanização que dialogue mais com os espaços naturais”.

O temor é que ocorra, por exemplo, como se deu com a bacia de detenção do Córrego Jatobá, na região do Barreiro. “É muito interessante porque dá para ver que o lugar, antes, era muito melhor do que é hoje em termos de cobertura vegetal, em termos de característica natural. Desmatou bastante. Então, o que questionamos é a eficiência dessas obras, se são construídas no melhor ponto e se é necessária a retirada da vegetação nativa”, indaga Márcia.

O analista ambiental da Copasa, Cristiano Abdanur, também membro do Subcomitê Ribeirão Arrudas, sublinha que o papel da companhia nesses casos é basicamente o de redesenhar o sistema de esgotamento sanitário local. “São áreas onde geralmente já existe uma rede coletora, o que facilita a nossa ação”, afirma. Ele lembra, contudo, do exemplo da bacia de contenção do Córrego Camarões, também no Barreiro – uma obra que, segundo ele, solucionou os problemas de inundação na região. “Era uma área verde que foi desmatada e a comunidade tem uma percepção muito positiva da obra. Para eles, ficou mais bem urbanizado do que com a área verde que tinha antes”. Por outro lado, Cristiano também questiona esse tipo de intervenção de macrodrenagem. “É algo para repensarmos porque pode virar um ‘saco sem fundo’, onde se faz uma obra atrás da outra, ao invés de pensar algo maior, com resultado para longo prazo”.

Complementaridade

A adoção dos recursos da engenharia para contornar e solucionar os problemas naturais causados pela espécie humana é polêmica antiga, com discussões que seguem pelo mundo atual. A diretoria de Gestão das Águas Urbanas da PBH trabalha com novas referências no manejo das águas urbanas, a partir do Plano Diretor de Drenagem Urbana e da Instrução Técnica para Elaboração de Estudos e Projetos de Drenagem. Este último, em particular, aponta que a Região Metropolitana de BH tem 17 bacias construídas, quatro em construção e 14 devem ser construídas nos próximos anos.

Com mais de 30 anos no serviço público, o engenheiro Ricardo Aroeira, diretor de gestão de águas urbanas da PBH, integra uma equipe que fez a revisão do conceito de saneamento da visão higienista, “enterrada em BH”, para uma abordagem de reabilitação ambiental na gestão das águas. “Hoje em dia é proibido canalizar rios em Belo Horizonte”, lembra.

Ele pondera, contudo, o argumento de quem desacredita as bacias de detenção como soluções na gestão das águas urbanas. “É um equívoco achar que as medidas compensatórias podem substituir as grandes obras estruturantes; em hipótese alguma isso é verdade. Elas são soluções que se somam, cada uma com a capacidade de resposta que consegue dar. Medidas compensatórias como telhados verdes, jardins de chuva, reservatórios individuais de detenção e retenção, caixas de infiltração ou valas de infiltração, a gente incentiva o uso, a Prefeitura exige o uso, mas elas conseguem responder a eventos de chuvas menos intensos”, argumenta.

Para além das obras de macrodrenagem, Ricardo destaca também a criação do Plano Diretor de Drenagem Urbana e do Programa Drenurbs, como estratégias complementares para se mitigar e minimizar as inundações na cidade e seus efeitos. São instrumentos que apontam os principais eixos de ação para a gestão do risco de inundações, como planejamento, gestão, implantação de obras, manutenção e comunicação com sistemas de aviso e alerta para a população. “A gente tem placas espalhadas pela cidade chamando a atenção para aquela área está sujeita à inundação, orientando para que você se desvie daquela rota”, conclui.

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