Especial: GESTÃO DE PESSOAS

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O MOLDE N122 | 07.2019

DESTAQUE HIGHLIGHT

EMPRESAS PENSAM MEDIDAS PARA RETER E ATRAIR COLABORADORES Helena Silva*

*Revista “O Molde”

As máquinas e as tecnologias compram-se. Mas de pouco servem se não tiverem pessoas de excelência para as operar e retirar delas os benefícios suficientes para incrementar a produção. As pessoas são, por isso, o bem mais precioso das empresas. Esta opinião é partilhada por quatro organizações - Erosomolde, MD Moldes, Simoldes e Tecnijusta - que nos deram conta das ações que estão a desenvolver no sentido de atrair e reter colaboradores, num momento em que o sector se debate com dificuldades para encontrar recursos humanos qualificados. “Ter boas equipas que consigam replicar toda a estratégia e objetivos da empresa” é, no entender, de António Xará, diretor de recursos humanos da divisão de moldes do grupo Simoldes, um dos passos prioritários para alcançar a qualidade do produto final. No caso deste grupo, a gestão das pessoas é uma questão prioritária, na qual a definição de uma estratégia constituiu um passo determinante. É que o grupo Simoldes, e apenas no total das empresas da divisão de moldes, tem cerca de 1.300 pessoas. Mil destas estão integradas nas seis empresas sedeadas em Portugal; as restantes estão nas unidades localizadas no estrangeiro, como Brasil, Alemanha ou Argentina. António Xará explica ainda que a gestão de recursos humanos “vai até ao chão de fábrica”, envolvendo, por isso, muitas pessoas dentro das equipas. E como chega a estratégia a todo o lado, quando há esta imensa dispersão geográfica? “Há orientações estratégicas que são comuns, independentemente de quando passamos a fronteira e de existirem culturas e valores distintos”, explica, sublinhando que “naturalmente, temos de adequar e formatar algumas dessas orientações à medida dessas diferenças”. Ou seja, “não podemos ter uma postura retilínea. Temos de fazer o desenho e definir em função dos objetivos que pretendemos atingir”. Neste percurso, há questões que são, então, diferentes de fábrica para fábrica, mas há, sobretudo “pilares mestres que tentamos que sejam construídos em conformidade com os valores e cultura do grupo Simoldes”. E o principal valor é uma premissa: na Simoldes as pessoas são olhadas, não como números, mas como Pessoas. “Temos uma vontade explícita de ter um foco permanente no cliente, mas sem deixar de perder a nossa identidade. E o que somos? Somos pessoas”, frisa, contando que esta forma de pensar está nos genes da própria empresa, desde a sua fundação,

e que António da Silva Rodrigues, presidente do Conselho de Administração e ‘pai’ do grupo Simoldes é disso um exemplo. “É o seu modelo: de simplicidade, de humildade, abnegação, trabalho, de compromisso. Todos sentimos essa transversalidade de valores enorme. E, ainda hoje, ele vai ao chão de fábrica, falar e ouvir os colaboradores”, conta. Por essa sua postura, “toda a gente percebeu até hoje que a força do grupo Simoldes é a proximidade. Fazemos por nos conhecermos todos uns aos outros e por trabalharmos para pontos comuns”, explica, sublinhando que “temos um elemento forte que é o orgulho de ser quem somos e pertencer a esta estrutura”. Na divisão de moldes, por exemplo, assegura que praticamente toda a gente se conhece e se trata pelo nome. Um dos fatores que contribui para que assim seja, diz, é que em todas as unidades do grupo, “99% dos nossos quadros superiores e intermédios nasceu no grupo Simoldes. Tiveram aqui o seu primeiro emprego, cresceram e foram evoluindo no grupo”. CATIVAR JOVENS A entrada dos jovens na empresa é um aspeto que é cuidado e valorizado. “A nossa estratégia, de há muitos anos, é investir no acolhimento aos jovens. Não queremos ter uma postura desestabilizadora em relação a colegas da indústria por isso não vamos captar elementos a outras empresas. Pelo contrário, temos planos de integração, através dos quais introduzimos os nossos valores e a nossa cultura”, conta. Para António Xará, este é o modelo correto, considerando que, por isso, “as empresas têm de ter um compromisso mais forte, têm de trabalhar na atratividade e na diferenciação”. Por isso, defende “nós, empresas, é que temos de ser atrativos para que os talentos venham ter connosco”. Para além de uma cada vez maior proximidade com as instituições de ensino - de forma a fazer corresponder as necessidades das empresas com a formação ministrada -, considera que os jovens que hoje chegam ao mercado de trabalho têm perspetivas e prioridades diferentes da anterior geração. A particularidade da indústria de moldes ser constituída, essencialmente, por pequenas e médias empresas, faz com que as estruturas nem sempre consigam ser capazes de transmitir a estratégia e os objetivos. No entanto, lembra, “essa menor dimensão tem uma mais valia tremenda que é a proximidade” e esta é, para si, “um dos quocientes de sucesso numa gestão de recursos humanos”. Essa proximidade permite conhecer melhor as expectativas dos jovens. “Hoje, o recém-licenciado ou o jovem acabado de formar, comparativamente com o que era há duas décadas, tem responsabilidades pessoais e perspetivas em termos de carreira muito distintas do que eram. Hoje, é preciso gerar atratividade para o jovem se fidelizar porque não tem essa necessidade de se fixar”,


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