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PRODUTIVIDADE: ORGANIZAÇÃO, EFICIÊNCIA E PESSOAS

JOSÉ MORAIS, DA LEXUS-CONSULTORES

“Modelo de gestão possibilita que a empresa consiga trabalhar de maneira diferente”

Em Portugal, em geral, as empresas estão pouco informadas sobre modelos de gestão, mas esta é uma questão que é determinante. Ao longo dos anos, tem-se dito que as PME, de uma maneira geral, têm insuficiência de gestão: e o problema começa precisamente aí, por exemplo na orçamentação. E se não tenho um sistema de gestão – e não é da qualidade, nem do ambiente porque isso está burocratizado -, é preciso reformular essa questão, é necessário recolher e tratar dados e transformá-los em informação.

Muitas vezes, estamos a gerir as empresas com base em dados e informação que não é fiável. O modelo, ao construir o sistema de gestão de desempenho e o de governação, vai colmatar as deficiências, incluindo a questão da eficiência e a produtividade.

Para começar, a empresa tem de se repensar e olhar para o seu propósito. Conseguir distinguir aquilo em que a empresa se diferencia da concorrência, de forma a conseguir valorizar o seu produto e não concorrer apenas pelo preço. Um modelo de gestão tem este processo de autoavaliação com ferramentas estruturadas, umas mais complexas que outras, mas permite à empresa fazer uma introspeção, envolver as pessoas e possibilita que se consiga trabalhar de maneira diferente.

PATRÍCIA VILLAS-BOAS (SCHMIDT LIGHT METAL GROUP)

“Só somos bons no que fazemos quando colocamos as pessoas em primeiro”

Os donos das empresas de moldes têm de ter a consciencialização de que o sucesso passado não nos assegura sucesso futuro. As empresas têm, por isso, de fazer um exercício consciente e corajoso de que se calhar não estão onde deviam estar. ‘Coragem’ devia ser a palavra de ordem e devia estar no léxico das empresas todas, porque vai ser preciso tomar decisões difíceis para manter os negócios vivos.

Se as pessoas não estiverem motivadas, se não trabalharmos para as pessoas, não vamos ter sucesso. Temos de ter coragem e humildade porque só somos bons no que fazemos quando colocamos as pessoas em primeiro. Hoje, servir apenas os clientes já não chega. É preciso servir as nossas pessoas também.

Lidamos com escassez de pessoas. Mas também sabemos que há funções que, num curto espaço de tempo, vão deixar de ser necessárias. Temos de trabalhar para fixar as pessoas nas nossas empresas e para que o talento não saia de Portugal. Para além disso, as empresas têm de ter noção de que falamos cada vez menos de longo prazo. Falar de estratégias de longo prazo faz pouco sentido porque o mundo muda muito rápido. Por isso, é preciso saber bem o que definir para vingar num mundo competitivo que é o mundo global, tendo sempre presente que temos de o saber comunicar às pessoas.

É preciso mudar. Mas as empresas têm de querer fazer essa mudança.

TERESA BERNARDINO (CENFIM)

“É frustrante ter centros de formação cada vez mais bem equipados e não ter formandos para completar as turmas”

As novas competências são um tema prioritário na nossa ação. Principalmente nos cursos de aprendizagem - que são os cursos de jovens com dupla certificação: 12.º ano mais a qualificação profissional -, temos todos os períodos, horas de formação a que chamamos atividades complementares, dedicadas a vários tipos de projetos. Temos parcerias com a GNR ou com a Cruz Vermelha, com entidades que nos vêm falar sobre álcool, prevenção rodoviária ou violência no namoro, temos empresas de recrutamento que vêm ensinar os nossos formandos a apresentar-se numa entrevista ou como devem fazer as suas páginas nas redes sociais mais profissionais. Há toda uma série de temáticas que vamos trabalhando durante o curso.

Antes de irem para as empresas, reunimos com os jovens e preparamo-los para o mundo de trabalho e para o que vão encontrar. Há todo um conjunto de temáticas extra ‘área técnica’ que é trabalhado para inserir os jovens, da melhor forma, na sociedade. A maior parte das empresas acolhe bem os formandos.

O nosso grande desafio é a falta de formandos. É muito frustrante para nós ter centros de formação cada vez mais bem equipados e depois não ter formandos para completar as turmas. E, ao mesmo tempo, receber chamadas diárias das empresas a pedir mão de obra qualificada. Estamos todos a trabalhar – desde o ensino, às associações e empresas – porque é um problema que começa a ser transversal, para o qual temos de encontrar uma solução.

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