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APOSTA NA INOVAÇÃO PARA ALCANÇAR QUALIDADE SUSTENTÁVEL

Eficiência foi a palavra-chave do último dia do Congresso, marcado pelo tema da ‘Sustentabilidade’ no seu significado mais amplo: financeira, ambiental e social. A proteção ambiental é a prioridade de todas as agendas e, para lá chegar, as empresas precisam de se munir de ferramentas – sejam tecnologias, sejam processos e metodologias – que as tornem mais robustas e sustentáveis. E conseguindo aqui chegar, o molde pode ser classificado – como foi sugerido no decorrer do evento – com um selo que ateste, sem reservas, a sua sustentabilidade.

“Conseguir melhorar a nossa eficiência é um trabalho que nunca estará terminado, que exige uma dedicação constante, quer em termos de melhoria contínua, quer no que diz respeito a análise e identificação dos pontos onde podemos fazer mais com menos”. Elsa Henriques (IST/FLAD) resumiu, desta forma, o mote da reflexão do último dia do Congresso.

O fabrico aditivo deu tema ao primeiro painel: ‘Eficiência produtiva: gestão de recursos e tecnologias - A integração do fabrico aditivo no processo produtivo’. A intervenção esteve a cargo de Pedro Lourenço (Erofio). A empresa, contou, analisou e testou demoradamente o processo aditivo, que entrou na fábrica em 2011, até o dominar o suficiente para o integrar, com êxito, no processo de fabrico.

Hoje, adiantou, tem até uma unidade dedicada, exclusivamente, a esta tecnologia. O fundamental, defendeu, é encontrar formas de diferenciar e criar valor. E é isso que a empresa tem feito.

Advertiu que ao adotarem esta tecnologia, as empresas têm de ter em conta um conjunto de mudanças, a montante e a jusante. Desde logo o desenho do molde que deve contemplar as partes fabricadas pelo processo aditivo. “É preciso pessoal técnico com elevadas competências, não basta comprar a máquina”, salientou.

Além disso, destacou também a necessidade de, para além da máquina, pensar nos custos operacionais, na aquisição de acessórios e manutenção dos equipamentos. Ou seja, é preciso ponderação antes de avançar com a aquisição da tecnologia. Esta deve ser motor da eficiência, enfatizou.

An Lise

Jorge Oliveira, da Moliporex, desenvolveu o tema ‘Tecnologia vs eficiência produtiva: criar valor nas empresas’. Tudo começa, a seu ver, pela forma como se encara a produção do molde. Esta, defende, “é muito mais do que desenhar, fabricar e montar”.

É preciso um controlo de todas as etapas, de forma a perceber quanto custa cada passo. Desde logo, salientou, perceber o preço de um novo cliente, comparado com o custo da manutenção de um cliente habitual. São questões que as empresas nem sempre analisam, mas que são fundamentais quando se procura eficiência.

Para a generalidade das contas que é necessário fazer, a tecnologia ajuda. Há toda uma panóplia de softwares, contou, que apoiam na tomada de decisões, seja em relação à escolha do cliente e do mercado, seja no fabrico do molde e até nos ensaios finais.

No seu entendimento, é fundamental um acompanhamento de todo o processo, até a jusante, já na casa do cliente. “A sensorização do molde, para saber o que está a acontecer, é fulcral”, considerou. Por isso, de forma a maximizar a eficiência, defende que é necessário conhecer as ferramentas e as melhores práticas, envolver as pessoas, customizar tecnologias e alcançar a excelência, sendo esta representada por zero defeitos, zero desperdício e zero acidentes.

Seguiu-se um debate moderado por Rui Tocha (CENTIMFE) e tendo como oradores Jorge Ferreira (Intermolde) e Jorge Cardoso (SF Moldes).

Jorge Ferreira, cuja empresa se dedica à produção de moldes para vidro, explicou que, no seu caso, a concorrência já não se faz pelo preço: este é, genericamente, baixo. “Tivemos de melhorar a produtividade, com registo de tempos de produção e alinhar objetivos transversais a toda a empresa”, explicou. O sistema de fabrico é integrado e a empresa consegue aferir, com rapidez, o estado da produção do molde e o seu custo. Para além das tecnologias, salientou, é preciso ter em conta o rigor e o tempo. E o resultado de todo este conjunto garante a diferenciação em relação aos seus concorrentes.

Já Jorge Cardoso defendeu que o desafio está na integração. “Estamos munidos de tecnologias e estas estão disseminadas pela indústria, mas é fundamental a integração entre elas”, advertiu.

Para além disso, acrescentou, é crucial ter a empresa dotada de ferramentas que permitam saber, com rigor, os custos e os ganhos, de forma que se consiga saber quanto se pode baixar no preço do molde ao cliente. Algo que, considera, é fulcral, num tempo em que preço é a principal exigência dos clientes. “Temos de saber quanto custa o que fabricamos para conseguir saber, com rigor, por quanto podemos vender”, afirmou.

Diferencia O

O painel seguinte prosseguiu a reflexão. Tiago Sacchetti (Bosch Industry Consulting) deu o seu contributo para que as empresas possam ‘Diferenciar e aumentar o valor acrescentado’.

No seu entender, há um aspeto que é preciso definir como estratégico e prioritário: a diversidade de mercados. Deu como exemplo o caso da Bosch que, salientou, se foi adaptando às mudanças da sociedade, de tal forma que hoje está, até, no mercado das ‘E-Bike’.

Para Tiago Sacchetti, a diferenciação é o caminho para ganhar competitividade. “Se não nos diferenciamos, olhamos para a competitividade apenas no que diz respeito ao preço”, defendeu, considerando fundamental a aposta na inovação.

Além de assegurar o negócio e a sua expansão em novos mercados, uma empresa reconhecida como inovadora conquista clientes, disse. Adiantou ainda que é importante que as empresas estejam atentas às oportunidades num mundo que está em constante mudança. E, lembrou, a pegada das empresas nesse mundo é hoje uma questão prioritária.

Esta ideia lançou o mote para o painel seguinte: ‘Sustentabilidade: que estratégia para capitalizar tendências de descarbonização’.

Coube a Gonçalo Tomé (CIE Plasfil) fazer um enquadramento do tema, começando por referir o papel do Homem na destruição do Planeta, o que, enfatizou, “nos trouxe onde estamos hoje”. Em relação à sustentabilidade, que considerou o caminho inevitável, lembrou as incongruências entre o discurso e a prática. Algo que, defendeu, tem de terminar e ser substituído por ações concretas e que alcancem resultados reais.

As empresas têm um papel importante, mas a sustentabilidade, quando aplicada a elas, não se limita às questões ambientais, mas a todo um conjunto de fatores e indicadores do próprio negócio. “Conseguiremos um mundo melhor quando os homens mais velhos plantarem árvores à sombra das quais sabem que nunca se irão sentar”, afirmou.

No painel que se seguiu, moderado por Paulo Ferreira Pinto (Mold World), Jaime Sá (Simoldes) contou ter tido clientes que exigiram requisitos de sustentabilidade. “É uma questão que está a influenciar a vida de todos nós; as empresas não podem ficar indiferentes a ela”, defendeu, adiantando que se os fabricantes de moldes ainda não têm esses requisitos definidos, têm, rapidamente, de começar a trabalhar neles e preparar as suas estruturas para a descarbonização. Esses indicadores de sustentabilidade, reforçou, têm de ser definidos numa fase muito precoce do processo de fabrico, aconselhando as empresas a entrarem cada vez mais cedo na cadeia de valor e trabalharem em conjunto com os seus clientes.

Luís Febra (Socem), por seu turno, explicou que o grupo que gere tem definido todo um conjunto de ações e procedimentos, nos quais trabalha diariamente no sentido de reduzir a pegada ambiental. “Já estamos a mudar”, assegurou, mostrando-se convicto de, nessa mudança, estar a fazer o que é, até agora, possível.

Em relação à descarbonização, acrescentou acreditar que a proximidade física dos fornecedores com os seus clientes terá algum impacto, no sentido em que reduz os transportes de mercadorias.

Defendeu que, também nesta questão, é muito importante que as empresas consigam colaborar, no sentido de oferecer um serviço mais global e completo aos seus clientes.

Elsa Henriques (IST/FLAD), na sua síntese final, destacou a importância da garantia dos moldes produzidos em Portugal. E essa garantia, sublinhou, deverá estar assente num processo transversal – de montante a jusante do fabrico – de melhoria contínua. Mas também a importância de afirmar os moldes portugueses como exemplo de sustentabilidade. E nesse sentido deixou a sugestão de “vir a ser criado um selo de sustentabilidade e que o próprio cluster e as organizações do sector possam, de alguma forma, definir um processo simples, mas inquestionável, para a sua concretização”.

“Se conseguirmos ter um selo ambiental, possível de rastrear e de auditar, que não seja só uma imagem de marketing, acredito que será uma vantagem competitiva para a nossa indústria”, defendeu.

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