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DRT: Racionalidade nas decisões é fulcral para ganhar competitividade
A mudança é veloz, pautada pela batuta das tecnologias. Mas são estas que permitem às empresas um controlo em tempo real dos processos produtivos. E esta informação permite algo fulcral para o sucesso das organizações: a racionalidade nas decisões. Valdemar Duarte, da DRT, considera que o ‘feeling’ que, no passado, orientava os responsáveis das empresas a definir o seu rumo deve ser, e muito rapidamente, substituído por tomadas de decisão baseadas em factos e dados reais. A digitalização é, na sua perspetiva, o grande aliado dos empresários e, por isso, é preciso avançar para ela sem receios, de forma a alcançar competitividade. “É preciso que os empresários estejam atentos: à mudança, por um lado, e ao que os pode ajudar, por outro”, afirma.
Para ilustrar a velocidade da mudança, recorda o tempo que mediou entre as revoluções industriais. “Da primeira à segunda (1760-1850) passou um século e o mesmo tempo levou a passagem da segunda para a terceira (1850-1945). No entanto, da terceira para a quarta (1950-2010) passaram cerca de 50 anos. E agora, estamos na quarta, mas já se começa a falar da quinta e nem duas décadas passaram”, enfatiza, acrescentando que “todos estes processos estão encadeados e não é preciso negar ou resistir: a mudança vai acontecer porque já está a acontecer”. No seu entender, é importante que as empresas percebam que o poder sobre os processos está, cada vez mais, nas ‘mãos’ dos meios digitais. “Com a indústria 4.0, vamos perdendo mais poder sobre os processos que são controlados pelos computadores e em tempo real. Passamos a ser os assistentes: o software dá-nos informações e só temos de interpretar e tomar decisões com base em dados”, sublinha, considerando que, por isto, é fundamental que “a mentalidade dos empresários mude”.
“O ‘feeling’ até pode estar lá, mas há uma maior confiança na decisão porque os dados são reais e fidedignos”, afirma, salientando que “esta visão real sobre o negócio faz toda a diferença numa empresa”. Como exemplo, refere que em épocas menos boas ou momentos de crise, há uma tendência para tomar decisões menos ponderadas porque afetadas pelo receio. “Mas é sobretudo nestes momentos que é preciso ter racionalidade nas decisões. E ter a noção da realidade, em tempo real, permite-nos perceber de imediato o que estamos a perder, o que vamos perder e o que vamos ganhar”.
Para Valdemar Duarte, um outro aspeto que as empresas precisam de alterar é a forma como olham para o seu negócio. “É preciso termos a noção de que criamos um produto único, num curto espaço de tempo e com uma qualidade ímpar. Somos fornecedores de excelência e é assim que temos de nos conseguir afirmar”, sustenta, enfatizando que, por exemplo, “num molde grande, com cerca de 3.500 peças, cerca de 15%, ou seja, 525 peças são feitas por nós, produzidas de raiz no bloco de aço e com prazos de 16 semanas ou menos”. Por isso, defende, “temos de valorizar mais o nosso produto”.
Num tempo de grandes incertezas, marcado pela pandemia de Covid-19 e pela guerra na Ucrânia, Valdemar Duarte não tem dúvidas de que o fosso entre a velocidade de evolução das empresas vai crescer. “Há muitas empresas descapitalizadas devido à crise, o que torna difícil acompanhar o ritmo de inovação tecnológica”, considera, defendendo que o caminho poderá ser “encontrar um sistema simples, adaptado à indústria, com softwares comprovados e avançar com segurança”. Por vezes, diz, a solução que parece mais fácil acaba, de facto, por ser a melhor. “Temos de estar digitalizados para dar o próximo passo, para a próxima revolução, sob pena de perder capacidade produtiva”, adverte. E esta preparação é fundamental também para acolher as novas gerações que estão a entrar nas empresas. “São pessoas mais adaptadas aos meios tecnológicos e as empresas têm de saber adaptar-se para isso pois são elas o futuro da indústria”, salienta.