7. A história dos materiais Os materiais sofreram, ao longo dos séculos, uma gigantesca evolução. O homem não poderia ter provocado tantas mudanças no mundo sem que os materiais à sua disposição houvessem também se modificado dramaticamente. O que se faz com os novos materiais não seria possível com os que havia antes. Exceto pela madeira maciça, dos materiais que vemos à nossa frente, nenhum existia há 5 mil anos e poucos existiam antes do Império Romano. Em casa ou no escritório, ao olhar em redor, pouquíssimos dos materiais que nos cercam existiam antes do nascimento de pessoas que ainda estão vivas. Um material novo e melhor para certos usos, no entanto, não necessariamente relega os outros ao desuso. Quando chegam novos materiais, alguns são abandonados, como o bakelite, mas outros permanecem. Além das propriedades definidas pelos engenheiros e exigida para algumas tarefas, a estética e a nobreza não deixam de contar na escolha dos materiais. Uma tábua de jacarandá não perde o seu encanto. Os mármores e os granitos continuam sendo usados, assim como o fascínio pelo ouro. Na busca pela performance (que significa propriedades superiores, para responder a cada situação), aumenta duplamente o grau de complexidade envolvido. Aumenta a complexidade do processo produtivo e a proporção de objetos construídos com mais de um material, para atender aos usos desejados.
Cortar uma árvore na floresta é mais simples do que produzir aço, que, por sua vez, é mais simples do que produzir os novos materiais cerâmicos mais duros do que o próprio aço. Mesmo um objeto que mal tem um século, como o automóvel, hoje embarca uma variedade muito maior de materiais. Ao pensar em materiais, há que considerar as suas origens e a forma de produzi-los. Para a madeira, basta cortar a árvore e deixar secar o tronco. Os metais são o resultado de uma redução em forjas ou fornos. Os plásticos (polímeros) não existem na natureza e são criados a partir de matérias-primas inesperadas, como o petróleo. Os materiais cerâmicos são cada vez mais importantes e surpreendentes. Quem diria, uma faca de cerâmica, o mesmo material do vaso de porcelana que se despedaça, com um mero esbarrão! Respondendo às necessidades do uso, a escolha depende das propriedades fundamentais dos diferentes materiais: compressão, flexão, cisalhamento, tração, densidade, dureza e condutividade elétrica. Mas há que se considerar também o custo (do material e da usinagem) e sua estabilidade (resistência à degradação, por exemplo, pela ferrugem). Igualmente, hoje pensamos no seu impacto negativo sobre o meio ambiente. Qualquer que seja o material, impõe custos para o meio ambiente, na sua extração, produção, uso e descarte. Trata-se do gasto de energia (renovável ou não) requerido para sua extração e produção, e mais o
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