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Sarcopenia: envelhecimento e

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O Cuidador, EU

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Sarcopenia Envelhecimento e exercícios físicos para uma longevidade mais saudável

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Docente na Universidade Brasil Ivan de Oliveira

Oprocesso de envelhecimento tornou-se um fenómeno mundial, sendo que nos próximos 40 anos o crescimento da população com mais de 60 anos será três vezes maior do que o atual, representando assim um quarto da população mundial projetada (OMS/2018).

Assim sendo, o envelhecimento da população é uma realidade vivenciada em âmbito mundial, sendo um processo natural, irreversível e dinâmico, submergindo alterações físicas, comportamentais e psicológicas (XAVIER et al., 2011) que trazem alusões do ponto de vista social, médico e de políticas públicas, por exigirem uma preparação para o atendimento destes indivíduos acima de 60 anos (Paixão Junior; Rechenheim, 2005; Barros et al., 2010). Diante deste acontecimento, é de extrema importância o desenvolvimento de políticas públicas e privadas em todos os âmbitos que acolhem a população idosa, proporcionando assim, nesta fase tão importante da vida, um envelhecimento acolhedor e saudável, respeitando as suas caraterísticas psicofisiológicas.

A associação das doenças crónicas e a diminuição das suas condições físicas neste período da vida, resulta numa redução e declínio das capacidades funcionais e independência do idoso (Nunciato; Pereira; Borghi-Silva, 2012). A capacidade funcional pode ser definida como habilidade para a realização de atividades que viabilizam o cuidado próprio e a vida independente, “(...) nos próximos 40 anos o crescimento da população com mais de 60 anos será três vezes maior do que a atual (...)”

© Rene Asmussen

por isso a perda da capacidade funcional está fortemente ligada à fragilidade e vulnerabilidade do envelhecer, uma vez que funções como cognição, mobilidade e comunicação são progressivamente comprometidas (Lisboa; Chianca, 2012).

O envelhecimento e a diminuição da capacidade funcional estão ligados ao grupo de alterações do desenvolvimento que acontecem nos últimos anos de vida e está associado a alterações profundas na composição corporal. Com a idade, há um aumento na massa de gordura corporal, especialmente com o acumular de depósitos de gordura na cavidade abdominal, e uma diminuição da massa corporal magra. Essa diminuição ocorre basicamente como resultado das perdas da massa muscular esquelética. Essa perda, relacionada com a idade, foi denominada como “sarcopenia”. A sarcopenia estabelece os seus sintomas principalmente em indivíduos fisicamente inativos, mas também é vista em sujeitos que permanecem fisicamente ativos ao longo da sua vida. Com isso corroboram fatores pertinentes à saúde pública. Diversos autores verificaram que o exercício físico de força pode minimizar ou retardar o processo de sarcopenia por obter significantes respostas neuromusculares (hipertrofia muscular e força muscular), por meio do aumento da capacidade contrátil dos músculos esqueléticos (Hurley BF, Roth SM, 2010).

O exercício físico de força mantém a autonomia e independência do idoso, diminuindo o risco de quedas, auferindo maior segurança para realizar as atividades da vida diária e auxiliando na manutenção de uma vida mais ativa do idoso na sociedade (Soccol; Pinto, 2009). Mulheres idosas e obesas foram divididas em quatro grupos: o primeiro participaria numa intervenção com treino de força (TF), o segundo com restrição calórica (RC), o terceiro com ambos (TF+RC) e o quarto foi eleito como grupo controlo (C). Os resultados indicaram que os TF tiveram maiores efeitos sobre as capacidades físicas, do que os demais grupos, quando comparados com o grupo controlo. Pode-se pressupor que o TF, sem restrição calórica, pode ser uma abordagem simples e benéfica para ajudar a prevenir quedas e auxilia na autonomia e independência de mulheres idosas e obesas (Bouchard et al., 2009). Além disso, a sarcopenia pode estar diretamente associada a maiores níveis de pressão arterial, aumentando assim o risco de doenças cardiovasculares. Num estudo desenvolvido no nosso centro de exercícios físicos para idosos, administrado pela prefeitura municipal de Poá, situado no estado de São Paulo, Brasil, verificamos que mulheres idosas sarcopénicas apresentaram maiores níveis de pressão de pulso (PP) e menor função muscular em comparação com indivíduos não-cardiopénicos. Além disso, mulheres idosas sarcopénicas apresentaram um risco 3,1 vezes maior de ter níveis mais elevados de PP em comparação com mulheres não sarcopénicas. Assim concluímos que mulheres idosas sarcopénicas apresentaram uma menor função muscular e maior risco cardiovascular devido ao aumento dos níveis de PP em comparação com indivíduos não sarcopénicos (Coelho Junior, et al, 2015). Sendo assim podemos perceber que o exercício físico pode ser uma grande ferramenta de cuidado com a população idosa, interferindo positivamente nas variáveis de capacidade funcional, força e fatores cardiovasculares, nesta população que requer muitos cuidados, mas principalmente de acolhimento.

Idosas, submetidas a 10 semanas de treino, com 75% da resistência máxima, três vezes por semana, não apresentaram um ganho de força muscular significativo. No entanto, após o programa de treino, houve uma melhoria da potência muscular e do desempenho funcional (Lustosa et al., 2011). Outro estudo constatou que o treino de força, durante 6 meses, promoveu o aumento de força muscular em idosas. Foram utilizados dois métodos de avaliação de força. Ambos os métodos verificam ganho de força, no entanto a magnitude desses ganhos varia significativamente em função do método de avaliação utilizado (Lima, 2012).

É comprovado por pesquisas científicas que os exercícios físicos têm um papel fundamental no tratamento da Síndrome da Fragilidade. Essa síndrome é caraterizada pelo surgimento da sarcopenia, disfunção neuroendócrina e imunológica em idosos (Câmara, 2012).

Diante destas descobertas científicas, recomendamos a prática de programas de exercícios físicos para idosos de intensidade moderada, que trabalhem equilíbrio, resistência e exercícios de força, realizados em horário regular, no mínimo de duas a três vezes por semana. É de extrema importância que os profissionais de saúdes envolvidos na prescrição de exercícios para idosos conheçam a fundo esta população e as suas mudanças e anseios, desde os seus comportamentos fisiológicos às suas ações psicossociais, proporcionando assim, durante o programa, um ambiente acolhedor, agradável e seguro para esta população.

“O exercício físico de força mantém a autonomia e independência do idoso, diminuindo o risco de quedas, auferindo maior segurança (...)”

Treinos de força em idosos

Alfredo Villardi VII Fórum da Câmara Técnica de Medicina Desportiva – CREMERJ (Brasil)

Efeitos 1. O condicionamento de força resulta

num incremento do tamanho muscular que reflete o aumento do conteúdo de proteína contrátil. 2. Estímulo adequado de treino proporciona ganhos reais de força nas pessoas idosas. 3. A força pode aumentar de duas ou três vezes num período de tempo relativamente curto (3 a 4 meses). 4. Intenso efeito anabólico nos idosos. 5. Melhora a retenção de nitrogénio – retenção dos stocks de proteína corporal. 6. Aumenta a massa e a força muscular, o equilíbrio dinâmico e o stock ósseo. 7. As terapias tradicionais para osteoporose têm a capacidade de manter ou reduzir a perda óssea, mas não melhoram o equilíbrio, força e massa muscular.

Maiores benefícios » Melhoria da capacidade funcional; » Recuperação da autonomia; » Redução do risco de quedas; » Redução do risco de fraturas; » Reintegração ao meio; » Melhor qualidade de vida; » Maior longevidade.

Duração das atividades » Média: 30 a 90 minutos; » Inversamente proporcional a intensidade » Idosos frágeis; » Sessões de curta duração: 5 a 10 minutos; » Forma fracionada – 2 períodos.

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