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Importância dos jogos cognitivos aplicados aos Idosos

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Atividades

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JOGYS C LGNITIVES Importância dos aplicados aos idosos

Anderson Amaral 1 , Adriana Limeira 2 e Juliana Ohy 3 1,2 Jogos ECM, 3 Synapse

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Oprocesso de envelhecimento é um processo inerente aos seres humanos que pode variar de indivíduo para indivíduo e ser caraterizado como um processo dinâmico, progressivo e irreversível. Para além do nascimento e da morte, uma das certezas da vida é que todas as pessoas envelhecem (Mota et al., 2004). No entanto, a manifestação do fenómeno de envelhecimento ao longo da vida é variável entre os indivíduos da mesma espécie e entre indivíduos de espécies diferentes. Essas variações são dependentes de fatores como estilo de vida, condições socioeconómicas e doenças crónicas. As variáveis biológicas, psicológicas e sociais relacionadas com o processo de envelhecimento são objeto de estudo de diversas áreas da gerontologia.

Segundo a ONU em 2020 teremos pela primeira vez na história o número de pessoas com mais de 60 anos maior que o de crianças até cinco anos de idade. O envelhecimento como maior representação é uma realidade há alguns anos nos países desenvolvidos, e veem-se tornando uma realidade atual nos países em desenvolvimento. Por isso são necessárias estratégias para melhorar a prevenção e a gestão de condições crónicas, disponibilizando cuidados de excelência acessíveis a todos os idosos, levando em consideração o ambiente físico e social.

O envelhecimento, apesar de ser um processo natural, submete o organismo a diversas alterações anatómicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, com repercussões sobre as condições de saúde física e mental dos idosos. O processo normal de envelhecimento, assim como a presença de processos mórbidos diversos pode levar o organismo à incapacidade de responder adequadamente às demandas da vida diária. Além disso, pode ocorrer o declínio das capacidades, tanto físicas como cognitivas, de acordo com fatores genéticos, estilo de vida e características de vida dos idosos (Ferreira et. al., 2011; Paixão Junior, 2018). A capacidade funcional pode ser definida como a manutenção da capacidade em realizar Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD) e Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD). A perda da capacidade funcional apresenta um impacto na qualidade de vida, autonomia e independência dos idosos. Manter a autonomia e independência durante o processo de envelhecimento é uma meta fundamental para indivíduos e governantes. Mas o que é autonomia e independência na velhice?

Para entendermos melhor, será importante diferenciar os conceitos de autonomia e indepen-

© Markus Spiske temporausch.com

dência. A primeira é a capacidade de gerir a própria vida, de tomar decisões e escolhas no dia a dia. A segunda refere-se à capacidade de realizar atividades quotidianas sem auxílio, de viver independentemente na comunidade com alguma ou nenhuma ajuda dos outros, necessitando, para tanto, de condições motoras e cognitivas suficientes para o desempenho dessas tarefas. O comprometimento da capacidade funcional tem implicações não só para os idosos, mas também para a família, a sociedade, para o sistema de saúde público e privado, pois esta ocasiona maior vulnerabilidade e dependência na velhice, contribuindo para maiores gastos nos sistemas de saúde (Amaral; Ohy, 2018).

Com o processo de envelhecimento, sentimos a necessidade de aprimorar os recursos para que este seja um processo ativo e saudável. Em primeiro lugar, devemos escapar das armadilhas de pensamento que a maioria promove todos os dias: “Envelhecer é mau”, “Envelhecer é perder”, “A palavra velho é agressiva”, “A velhice é o fim da vida e por isso não há nada a fazer”, “Ele já é idoso, coitadinho”. Essas frases, atualmente, soam piegas e estão no senso comum de uma sociedade. É preciso acompanhar o avanço da medicina e da sociedade: idosos devem permanecer ativos, com autonomia e independência, e participativos na nossa sociedade, mudando a ideia de que o “local do velho é em casa” ou “idoso precisa de pijama”.

O convívio social é fundamental em qualquer época da vida, mas para os idosos é ainda mais importante, pois muitos já vivem na solidão e são mais suscetíveis à depressão e demais doenças associadas. Os sentimentos de solidão podem surgir em qualquer grupo etário, mas assumem particular relevância não só pela sua prevalência, mas também pelas suas consequências nos idosos (Azeredo; Alonso, 2016).

Na perspetiva da melhoria das condições físicas e cognitivas, assim como a melhoria da capacidade funcional e socialização dos idosos, os jogos cognitivos podem manter, reabilitar, desenvolver novas habilidades cerebrais e promover a socialização dos idosos. Por isso, este artigo traz as ferramentas principais para que sejam cada vez mais implementadas técnicas de estimulação e reabilitação cognitiva e motora.

Função cognitiva e motora A evolução do ser humano é singular quando falamos em termos de motricidade e funções cognitivas, ou seja, cada indivíduo vai desenvolver as suas habilidades de acordo com as suas experiências e forma de estar no mundo. Entramos em contacto com o mundo e com os objetos, expressamos as nossas emoções e os nossos estados de espírito através das nossas funções motoras e cognitivas. Além disso, é nelas que se fundamentam as comunicações verbal e não verbal (Amaral; Ohy, 2018, 72).

Ser ativo é fundamental em todas as fases da vida, sendo assim devemos estimular as nossas funções cognitivas e motoras, pois a relação corpo e mente é determinante na realização das nossas atividades diárias. O nosso cérebro, segundo Amaral e Ohy (2018, p. 32), adora a relação da interação cognitiva e motora. Assim como adora criar, estimular, desenvolver, sonhar e fantasiar. É através das experiências e vivências que aprendemos e praticamos a neuroplasticidade. A Neuroplasticidade pode ser definida como a capacidade que o sistema nervoso tem de alterar a sua estrutura e a sua função através das exigências ambientais e experiências que podem dar-se através do processo de aprendizagem ou reabilitação. Traduzindo: é moldar o cérebro através das experiências.

As funções cognitivas são responsáveis pelo funcionamento cerebral e pelo bom desempenho nas nossas atividades quotidianas como pensar, perceber, comunicar, julgar, entre outras tantas ações do dia a dia. O processo de aprendizagem ao longo da vida passa por essas funções. Qualquer aprendizagem humana segundo emerge, consequentemente, de múltiplas funções, capacidades, faculdades ou habilidades cognitivas interligadas, quer de receção (componente sensorial - input), quer de integração (componentes percetiva, conativa, mnésica e representacional), quer de planificação (componentes antecipatórios e decisórios), quer finalmente, de execução ou de expressão de informação (componente motora - output) (Fonseca, 2014). As principais funções cognitivas são: memória, atenção, linguagem, perceção, habilidades visuo

construtivas e funções executivas. O envelhecimento traz diversas consequências para a cognição, que podem ser observadas frequentemente por meio de déficits da memória (esquecer de tomar a medicação, contar mais de uma vez uma mesma história) de atenção (perder o foco enquanto faz outra atividade) e de habilidades visuo-espaciais (desorientar-se em algum local). Apesar da ocorrência de alterações cognitivas com o avanço da idade, estudos sugerem que a plasticidade cerebral, ou seja, a capacidade de manter ou restaurar habilidades cognitivas pode permanecer e mesmo melhorar no envelhecimento (Sato et al., 2014). Vários são os fatores que podem influenciar na capacidade cognitiva de um idoso, o que certamente vai ter impacto no processo de envelhecimento cognitivo. As queixas de perda e preocupações com memória estão presentes na população idosa. A prevalência das queixas tende a aumentar com o avançar da idade, tornando-se recorrentes os relatos de perdas de memória com o passar dos anos, e podem estar atreladas a declínios não só na memória, como em outros inúmeros domínios cognitivos: atenção, orientação, perceção, linguagem e/ou função executiva (Diniz, 2018).

Como principais fatores influentes no rebaixamento cognitivo, podemos citar: avanço da idade, deficiência vitamínica, stress, depressão, maus hábitos da saúde, entre outros, que não devam estar necessariamente relacionados com somente com o envelhecimento, mas sim uma rotina sem os cuidados necessários para uma qualidade de vida satisfatória. A proposta de trazer para a vida do idoso uma rotina de estímulos mais ativa, baseia-se na prevenção e no tratamento da saúde do idoso através dos jogos cognitivos. Cada jogo tem como principal objetivo trabalhar uma função cognitiva específica, sempre em combinação com o estímulo motor. Assim, o idoso poderá ter benefícios integrais, incluindo a socialização e o amparo © Flickr by OakleyOriginals

emocional, o que as atividades em grupo costumam proporcionar. Estudos científicos mostram que é possível a diminuição da taxa de degradação dos aspetos cognitivos por meio de programas de estimulação, uma vez que mesmo com o envelhecimento ainda existe plasticidade cerebral suficiente (Lima Neto et al., 2017). A proposta de estimulação cognitiva de forma lúdica, na qual podem ser incluídos vários tipos de dinâmicas, jogos cognitivos, gincanas, recursos da arte e musicalização, enfim, uma multiplicidade de recursos interativos que melhoram a autoestima, socialização e restauram a função cognitiva dos idosos.

Referências bibliográficas 1. Amaral, A.; OHY, J. Jogos Cognitivos e o cérebro do idoso. Revista Psique. Edição 151, 2018: 75-79. 2. Amaral, A.; OHY, J. Jogos Cognitivos: um olhar Multidisciplinar. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2018: 72. 3. Amaral, A.; OHY, J. Aprendizagem sob olhar da Psicomotricidade. Revista Escola Particular. Ano 22, No 241, 2018: 32. 4. Azeredo, Z.A.S; Afonso, M.A.N. Solidão na perspectiva do idoso. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 2016; 19(2):313-324. 5. Diniz, B.S.O. Envelhecimento Cognitivo. P.15 In; Santos, F.S; Silva, T.B.L.; Almeida, E.B.; Oliveira, E.M. Estimulação Cognitiva para idosos: Ênfase em Memória. Rio de Janeiro: Atheneu, 2018. 6. Ferreira, P.C.S.; Tavares, D.M.S.; Rodrigues, R.A.P. Características sociodemográficas, capacidade funcional e morbidades entre idosos com e sem declínio cognitivo. Acta Paul Enferm 2011;24(1):29-35. 7. Fonseca, V. Papel das funções cognitivas, conativas e executivas na aprendizagem: uma abordagem neuropsicopedagógica. Rev. psicopedag. vol.31 no.96 São Paulo 2014. 8. Lima Neto, A.V.; Nunes, V.M.A.; Oliveira, K.S.A.; Azevedo, L.M.; Mesquita, G.X.B. Estimulação em idosos institucionalizados: efeitos da prática de atividades cognitivas. J. res.: fundam. care. online 2017. jul./set. 9(3): 753-759. 9. Mota, M.P.; Figueiredo, P.A.; Duarte, J.A. Teorias biológicas do envelhecimento. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2004, vol. 4, n.º 1 [81–110] 8. 10. Organização das Nações Unidas. https:// nacoesunidas.org/mundo-tera-2-bilhoesde-idosos-em-2050-oms-diz-que-envelhecer-bem-deve-ser-prioridade-global/. Acesso em 11 de Fevereiro de 2019. 11. Paixão Junior, C.M. Série de Rotinas Hospitalares. Hospital Universitário Pedro Ernesto. Volume VI, 2018: 22. 12. Sato, A.T.; Batista, M.P.P.; Almeida, M.H.M. Programas de estimulação da memória e funções cognitivas relacionadas. opiniões e comportamentos dos idosos participantes*. Rev Ter Ocup Univ São Paulo. 2014;25(1):51-9.

15,30 ¼

Autores: Sofia Leal, Adriana Taveira Editora: Medicabook Ano de edição: 2019 ISBN: 9789898927347 Número de páginas: 160 Idioma: Português

SNS, o tempo de um renascimento

O presente livro testemunha o desenvolvimento de um trabalho de equipa e de pensamento empreendedor na gestão de serviços de Saúde, assente nas dimensões de acesso aos cuidados de saúde, na ativação de processos de literacia e na requalificação de respostas assistenciais, constituindo-se como o resultado vivo de que muito se pode e deve fazer em prol da excelência e sustentabilidade do SNS. Para a sua concretização, parte-se do projeto piloto entre o Agrupamento de Centros de Saúde do Cávado III Barcelos/Esposende e o Hospital Santa Maria Maior E.P.E. de Barcelos delineando-se intervenções para a criação de “mais valor em saúde”. Na perspetiva da Teoria dos Recursos (Modelo VRIO), é abordada a análise do potencial de competitividade das instituições envolvidas e a necessidade de criação de alianças/parcerias que superem a setorização de cuidados de saúde. Um novo desafio impõe-se: o da mudança de paradigma sobre modelos de gestão de integração de Cuidados de Saúde Primários e Cuidados Hospitalares.

Índice: Ensaio. Planeamento – Projeto SNS + Proximidade. Implementação estratégica. Indicadores. A replicabilidade: instrumentos de apoio aos processos-chave. Reflexão final.

15,50 ¼

Autores: Maria José da Silveira Núncio, Carla Rocha Editora: Porto Editora Ano de edição: 2019 ISBN: 9789897400551 Número de páginas: 160 Idioma: Português

Os meus pais estão a envelhecer

Cuidar dos pais não é um fator determinante na equação que a maioria das pessoas cria para o seu futuro. No entanto, e com a naturalidade que parece ser esquecida, o envelhecimento acontece. Por vezes, aparenta surgir de um dia para o outro, com uma doença que se revela grave ou crónica. Porém, na maioria dos casos, os sinais surgem lentamente: as dificuldades de locomoção, as fragilidades na memória, a confusão com as questões burocráticas ou até as misteriosas amolgadelas no carro. Em ambos os casos, acompanhar o envelhecimento é exigente, desde as novas logísticas que devem ser asseguradas, até às decisões complexas que é preciso tomar em relação ao futuro. Tudo isto, sem ignorar as próprias necessidades.

Num país em que o envelhecimento da sociedade se acentua drasticamente, Os meus pais estão a envelhecer é um guia essencial para todos quantos se preocupam ou passam por esta situação, incluindo os milhares de Cuidadores Informais – cujo trabalho o Presidente da República coloca em destaque na mensagem que escreveu para esta obra.

Índice: Início de tudo. E agora, o que fazer?. A comunicação é de ouro. Uma família em mudança. Envolver a família. Velhos são os trapos. Mudar a casa ou mudar de casa. E eu como fico?

25,00 ¼

Coordenadora da obra: Cláudia Moura Editora: Seda Publicações Ano de edição: 2019 Idioma: Português

O perfil no mosaico da intervenção gerontólica

É pretendido com este livro não falar apenas dos deveres éticos, quando se escolhe pensar e compreender o envelhecimento, mas entender que para intervir na prestação de cuidados à pessoa idosa é essencial ter perfil.

Os conhecimentos e as ações no campo da ética são fundamentais, no entanto dada a fragilidade e dependência que por vezes a pessoa idosa se encontra é essencial uma triagem nas equipas intervenientes que permita selecionar o perfil para a intervenção. Selecionar um perfil adequado é a mudança para um paradigma não de excelência, mas mais sério garantidamente no campo dos cuidados. Os elementos que prestam cuidados à pessoa idosa precisam de ter perfil para prestar cuidados. O novo paradigma a que chamo «perfil» é pautado por técnicos com tolerância, bom senso, análise, tempo para dedicar ao outro, observação para os detalhes que são transitados no dia-a-dia na prestação de cuidados.

Criar um perfil para a intervenção é analisar e formar “pessoas certas” para as boas práticas gerontológicas. Lançamento 30 MAIO

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