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HISTÓRIAS "MAREBULANTES" II
Jogo inaugural: Canadá – Portugal, as bancadas estavam com não mais de 10% de espetadores, nada de portugueses, nada de canadianos, isto até chegar a comitiva dos Tugas vindos da nau Portuguesa (na altura ainda se usava a bandeira de todos nós) atracada no porto da cidade Perguntam os meus amigos: então se não havia canadianos nem portugueses a assistir a este jogo de abertura, quem eram os tais cerca de 1 000 assistentes na bancada? Boa questão, à boa maneira japonesa, os maiores em organização / planeamento, no outro extremo estão os portugueses (infelizmente), a organização deste torneio planeou organizar algum apoio a estas duas seleções vindas do outro lado do mundo e que, como seria expetável, não arrastariam multidões, por várias razões, entre elas, não serão alheias: o fato de não serem as seleções principais dos países em causa; no Canadá este futebol ser, principalmente nessa época, um desporto marginal; para além de tudo isto o povo japonês, na época, não dar qualquer importância a este desporto com efeitos opiáceos noutros povos, tais como o nosso
As claques (chamemos-lhe assim) eram compostas por crianças do ensino básico, não mais de 10-11 anos, metade com uma bandeirinha portuguesa para o lado direito, outra metade para o lado esquerdo com as respetivas bandeiras canadianas, cada um dos grupos tinha um chefe de claque, um rapazinho um pouco mais alto, luvas brancas e tambor Quando uma das claques soava: “PUM, PUM, PUM, PORTAGALÔ!”, a outra com as cores adversárias, metia a viola (tambor) no saco Repetidas umas 5 vezes esta cantilena, invertia-se a situação, tambor no saco português:
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“PUM, PUM, PUM, CANADA” do lado contrário Isto tudo muito certinho até chegarem os barbudos dos Tugas que, armados de “foghorn” de bordo, manual, acabaram por anarquizar tudo aquilo, não foi dada a mínima abébia aos assustados dos muito jovens pretendentes a juven’s ou no-names qualquer coisa, a bancada portuguesa cobriu-se rapidamente de lençóis desviados de bordo, pintados com slogans de apoio à Portuguesa, cada elemento da claque marinheira vestia as suas peças de roupa o mais aproximadas às cores nacionais, alguns, mais imaginativos, descobriram nos fardos do trapo que sempre existiam a bordo, alguns pedaços mais esverdeados e também cor de sangue que por ali se comprimiam, um sucesso em termos de apoios de todo inesperados pelos selecionados portugueses e respetivos dirigentes e técnicos Falta dizer que a equipa das quinas não correspondeu, de todo, a este enorme apoio, talvez desconcentrados com a claque extremamente barulhenta que tinha assentado arraiais na bancada, sofreram 3 golos de uma seleção mais que amadora, conseguindo apenas introduzir uma bola na baliza adversária – UMA VERGONHA!
No final do desafio toda a equipa veio agradecer o nosso apoio, que de nada serviu, excesso de confiança diziam os experts comentadores do jornal A BOLA que no dia seguinte ao encontro publicavam em Lisboa, na primeira página, uma grande foto da claque marinheira mais que inesperada. Ainda fizemos ao princípio da noite uma visita de cortesia ao grupo instalado num dos hotéis da cidade, trocámos algumas palavras com o selecionador, o Peres Bandeira e desejámos melhor sorte para os jogos que se avizinhavam
O dia já vai longo e um dia destes vou tentar reproduzir o que se seguiu Sejam felizes!