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Epidemiologia e Profilaxia da Peste Suína Clássica (PSC)

Profa. Dra. Masaio Mizuno Ishizuka

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Professora Titular Emérita de Epidemiologia das Doenças Infecciosas da FMVZ/USP mizuno@usp.br

Dr. Ênio Antonio Marques

Ex-secretário Nacional de Defesa Sanitária do MAPA/Brasil enio.marques@uol.com.br

RESUMO

Neste texto buscou-se reunir os conhecimentos necessários e suficientes para entender a história natural da Peste Suína Clássica (PSC), ou seja, a epidemiologia e as respectivas medidas de profilaxia. Fontes de infecção (animais vertebrados que albergam o vírus em seu organismo e que o eliminam para o meio exterior) são: i) portadores são/sadios, em incubação e convalescentes, destacando-se as reprodutoras (“síndrome da porca portadora”); leitões nascidos de porcas portadoras (imunotolerantes) e leitões infectados após o nascimento pelas estirpes de baixa patogenicidade e virulência; ii) doentes típicos, atípicos e em fase prodrômica; iii) reservatórios representados por javalis e outros suídeos silvestres. Profilaxia: medidas preventivas relativas a fronteiras internacionais e interestaduais de reprodutores, sêmen e produtos cárneos in natura ou industrializados de países ou áreas endêmicas. Vias de eliminação são as secreções oronasais, sangue, urina, fezes, secreções nasal e lacrimal e sêmen. Vias de transmissão podem ser pelo contágio direto (transmissão transplacentária e coito), contágio indireto (objetos, equipamentos, vestimenta, calçados e veículos contaminados), água e alimentos contaminados pelo vírus e resíduos de alimentos (lavagem). Profilaxia: proibir alimentação de suínos de criações de subsistência e de fundo de quintal com restos de cozinha; limpeza e desinfecção de objetos inanimados, incluindo veículos; e disposição adequada de excretas, resíduos, cadáveres e lixo. Portas de entrada representada pela mucosa oronasal, cordão umbilical e mucosa do útero. Suscetíveis e suscetibilidade: somente suídeos são suscetíveis; animais de todas as idades são suscetíveis às cepas de altas patogenicidade e virulência e animais jovens são suscetíveis a cepas de moderadas e baixas patogenicidade e virulência. ao redor das propriedades para prevenir entrada de suídeos estranhos ou outros animais; criação de animais separados por grupo etário; seleção cuidadosa da origem dos animais a serem adquiridos; alimentação adequada; medidas de biosseguridade e sistema de registro de produtividade e de saúde; ii) medidas específicas: vacinação quando permitida ou recomendada, Dentre as medidas gerais destacam-se: educação sanitária dos produtores, criadores e funcionários com foco em tópicos essenciais como medidas básicas de profilaxia e comunicação de suspeita ao Serviço Veterinário Oficial (SVO). Finalmente, para os estados livres de PSC, destacou-se o perigo de escape do vírus a partir daqueles estados de risco desconhecido e que não praticam a vacinação e enfrentaram ou ainda enfrentam focos da doença. Conclusão: a transmissão é, principalmente, por i) vias oral e oronasal e contágios próximo, indireto e transplacentário; ii) contato com secreções, excreções, sêmen e sangue; iii) disseminação por meio de visitantes, médicos-veterinários e comerciantes; iv) contágio indireto com instalações, implementos, veículos, roupas e instrumentos como agulhas; v) resíduos de alimentos de cozinha e aeronaves e navios insuficientemente submetidos ao calor destinado a suínos; vi) transmissão transplacentária; vii) suídeos selvagens.

CONCEITUAÇÃO

Doença infecciosa e altamente transmissível dos suídeos causada por um vírus RNA. As formas clínicas mais frequentemente observadas atualmente são a subaguda e a crônica. A forma aguda é de ocorrência mais rara. O quadro clínico e a evolução dependem da cepa de vírus e das características do hospedeiro. O agente etiológico é um vírus membro do gênero Pestivírus, da família Flaviviridae, e intimamente relacionado com os vírus da diarreia viral bovina (BVD) e da doença de Border (DB). Existe apenas um sorotipo do vírus (vPSC). A doença pode ser de natureza aguda, subaguda ou crônica; de manifestação clínica tardia

ou inaparente, dependendo das várias estirpes virais quanto à patogenicidade e virulência; de fatores ligados ao hospedeiro (idade); e do momento em que ocorre a infecção (pré ou pós-natal). Em adultos, a doença é usualmente menos severa do que em jovens e apresenta melhores condições de sobrevivência. Em fêmeas prenhes, o vírus é capaz de atravessar a barreira placentária e atingir o feto. A infecção intrauterina pelo vírus de moderada ou baixa patogenicidade e virulência é capaz de causar a condição denominada síndrome da “porca portadora”, seguida de morte pré-natal ou pós-natal precoce (natimortalidade) e nascimento de leitões doentes ou aparentemente sadios, porém persistentemente infectados. Surtos de PSC apresentam sérias consequências para o comércio de suínos e produtos de origem suína. A grande variabilidade de sinais clínicos impede ou dificulta sobremaneira o diagnóstico com base nos sinais clínicos e patológicos, e o diagnóstico laboratorial é o principal árbitro. Os métodos de escolha são a detecção de ácido nucléico viral a partir de amostras de sangue total e avaliação de presença de anticorpos no soro sanguíneo. A partir de suínos mortos, são mais apropriados procedimentos para detecção do vírus, de ácidos nucléicos virias ou antígenos a partir de fragmentos de órgãos. A Peste Suína Clássica é classificada como doença de notificação obrigatória (anteriormente incluída na lista A) pela Organização Mundial de Sanidade Animal/OIE, e sua ocorrência acarreta graves consequências ao bem-estar animal, à produção suinícola, às exportações de animais e seus produtos e ao meio ambiente. Esta enfermidade é altamente transmissível, apresenta grande poder de difusão e especial gravidade, que pode estender-se além das fronteiras nacionais, trazendo prejuízos socioeconômicos e sanitários graves e dificultando ou impossibilitando o comércio internacional de animais e produtos de origem animal.

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

O seu conhecimento é de fundamental importância para orientar o comércio de suínos, suídeos, produtos e subprodutos de origem suína. A PSC já foi erradicada em muitos países enquanto que em outros permanece endêmica a despeito dos esforços para a sua erradicação pela vacinação sistemática de susceptíveis. Um dos fatores que pode estar retardando o rápido progresso da erradicação é a limitada execução de ações de profilaxia de natureza inespecífica aplicável no âmbito da propriedade e que tem como base, principalmente, a atuação educativa dos veterinários e a orientação quanto a instalações e alimentação. O conhecimento da distribuição geográfica deve ser constantemente atualizado, pois focos surgem periodicamente em diferentes partes do globo. Ocorre em muitos países da Ásia, América Central, América do Sul e parte da Europa e África. Muitos países são livres da PSC. Para mais detalhes consultar Database (WAHID)/interface. Assim, segundo OIE (até maio de 2019): 2005: África Sul, Nicarágua e Rússia. 2006: Bolívia, Brasil, Equador, Guatemala, Nicarágua, África do Sul, Alemanha, Bulgária e Croácia. 2007: Bolívia, Brasil (Ceará e Paraíba), Guatemala, Nicarágua, Bulgária, Croácia, Hungria e Rússia. 2008: Brasil (Ceará, Maranhão e Paraíba), El Salvador, Bulgária, Hungria, Croácia, Eslováquia e Rússia. 2009: Brasil (Maranhão), México, Bulgária, Croácia, Hungria, Israel, Lituânia e Rússia. 2010: Guatemala, Hungria, Sérvia e Rússia. 2011: Hungria, Sérvia e Rússia. 2018: Brasil (Ceará) 2019: Brasil (Piauí)

DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA ESPACIAL DE 2012-2019

2012

2015

2016

2017

2018

2019

Situação do Brasil: são considerados pelo MAPA, em 2009, livres de PSC, sem vacinação, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Rondônia. Esta situação é mantida graças às medidas de vigilância epidemiológica e à ausência de atividade viral comprovada por ações de monitoramento sorológico periódico. Atualmente, os estados do norte do Brasil são considerados de risco desconhecido e sem vacinação.

ETIOLOGIA

a. Classificação do vírus da PSC (VPSC): vírus RNA, família Flaviviridade, gênero Pestivirus, existe apenas um sorotipo dividido em três grandes genótipos e dez subtipos. Ao gênero Pestivirus pertencem também os vírus da diarreia viral bovina (BVD) e doença de Border (DB), que são intimamente relacionados (OIE, 2019).

b. Características do vírus do gênero Pestivírus:

permanecem no organismo dos animais infectados na condição de “portador“, apresentam imunidade cruzada e alteram a capacidade enzimática das células infectadas. c. Características comuns do BVD, DB e PSC: comprometem o SNC, causando hipoplasia cerebelar e desmielinização, que estão associadas ao tremor congênito do recém-nascido, e comprometem os tecidos esqueléticos e o cutâneo.

d. Cepas ou estirpes do vírus da PSC: existem 3 estirpes distintas d1. Estirpe de altas patogenicidade e virulência: causa doença de natureza aguda (forma clássica), alta mortalidade (± 100%) e evolução para a morte em 2 a 3 semanas, independentemente da idade. d2. Estirpe de moderadas patogenicidade e virulência: responsável pelos casos subclínicos e crônicos, e a mortalidade é variável. d3. Estirpe de baixas patogenicidade e virulência: aparecimento tardio em casos de infecção pós-natal e doença grave quando transmitida por via transplacentária.

e. Resistência e sensibilidade do vírus e1. Frente aos agentes físicos:

Temperatura: facilmente inativado pelo cozimento, por exemplo, facilmente destruídos pelo aquecimento a 65,5°C por 30 minutos ou 71,0°C por um minuto. Sobrevive por meses e anos à temperatura de congelamento. Existem estirpes parcialmente resistentes ao aquecimento moderado (56°C). pH: estável entre pH 5-10 e rapidamente inativado ao pH <3,0 ou pH >11,0. Resistência quando contidos em produtos de origem suína, secreções e excreções: sobrevive na carne salgada e defumada de 17 dias até 180 dias, dependendo do processo utilizado. Resiste de 3 a 4 dias em órgãos em decomposição e por 15 dias em sangue em decomposição e na medula óssea. Tabela. Resistência do vírus da PSC segundo os diferentes processos de industrialização PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO Defumação Frio

Maturação da carne Salga Em presunto Em órgãos refrigerados Em carne congelada Em carne resfriada Cozimento e escalda Em sangue aderido às embalagens de carne Em raspado cutâneo e pele Órgãos em decomposição RESISTÊNCIA Variável (7-180 dias) Conserva bem Não interfere na infectividade Resiste entre 7 - 180 dias Resiste por ± 180 dias Resiste por 3 - 6 meses Resiste por ± 95 dias Resiste por ± 35 dias Destruído a 78oC em 1 hora Resiste por ± 20 dias Resiste por 8 - 9 dias 3 - 4 dias

Sangue e ossos em decomposição Secreção, excreção e matéria orgânica dessecada Em fezes Em urina Roupas, tecido, fômites, etc. Putrefação

15 dias Longo tempo Resiste por ± 7 dias Resiste por ± 5 dias Destruído a 78oC em 1 hora Destrói em poucas horas e2. Frente aos agentes químicos/desinfetantes: sensível ao éter, clorofórmio e ß-propiolactone (0.4%).

Inativado por desinfetantes à base de cloro, cresol (5%), hidróxido de sódio (2%), formalina (1%), carbonato de sódio (4% anidro ou 10% cristalino com 0,1% de detergente), detergentes iônicos e não iônicos e iodóforos fortes (1%) em ácido fosfórico (OIE). Abaixo, algumas recomendações:

DESINFETANTE Carbonato de cálcio Hidróxido de sódio Hipoclorito cálcio (pó) Cloro Formol Formol Fenol Ortofenilfenol Iodofor CONCENTRAÇÃO 4 % 2 % 2 Kg/ m2 3 % 0,25 % 10 % 3 % 1 % 10 % TEMPO DE AÇÃO 24 horas

48 horas

30 minutos 1 hora 10 minutos CONDIÇÃO 1 litro/m2 de superfície

Terra e piso

Temperatura ambiente Calçados e pneus Temperatura ambiente Temperatura ambiente Temperatura ambiente

e3. Resistência no ambiente: moderadamente frágil, não resistindo no ambiente. Sensível à dessecação e à radiação UV. No inverno, sobrevive nas baias por mais de 4 semanas.

Sobrevive a 50°C por 3 dias e a 37°C por 7 a 15 dias.

HOSPEDEIROS

São hospedeiros naturais os suínos domésticos e os suídeos silvestres, incluindo javalis.

FATORES PREDISPONENTES

1. Que favorecem a disseminação: existência de criação não tecnificada; alta densidade animal na granja; granjas muito próximas; falta de manejo sanitário de reprodutoras, desmamados e de leitões de engorda; falta de controle ou disciplina no sistema de comercialização, aglomerações (feiras, leiloes, exposições); mistura de animais de diferentes idades ou procedências; alimentação com resíduos de cozinha, hotéis ou lixo; carência de ações de vigilância ativa que favoreçam a presença de matrizes permanentemente infectadas ou de leitões imunotolerantes (portador são); falta de biosseguridade, entre outras. 2. Que dificultam a propagação: distância entre granjas; grandes criações com fornecedores definidos de matrizes e/ou desmamados; integrações fechadas de alta qualidade; existência de programas de educação sanitária dos criadores e intermediários; monitoramento das propriedades pelos indicadores de saúde e de produtividade; monitoramento sorológico pela vigilância ativa e sistema de notificação rápida de casos de suspeita/vigilância passiva.

REQUISITOS PARA O ENTENDIMENTO DA EPIDEMIOLOGIA

1. Patogenia da PSC

Porta de entrada do vírus: cordão umbilical na forma congênita e mucosa oronasal na forma adquirida (pós-natal). A porta de entrada mais frequente do vírus é a mucosa oronasal, a 1ª replicação viral ocorre nas células epiteliais das tonsilas para, em seguida, disseminar-se para os linfonodos regionais. Por meio da corrente sanguínea, atinge a medula óssea, linfonodos viscerais e as estruturas linfoides associadas com o intestino delgado a baço. A disseminação do vírus para as demais partes do organismo do suíno completa-se em menos de 6 dias. No organismo do suíno, o vírus se replica nos monócitos-macrófagos e células endoteliais dos vasos. Como o VPSC é imunossupressor, anticorpos (Ac) aparecem somente por volta de 2 a 3 semanas do início da infecção. Leucopenia, principalmente linfopenia, é um clássico evento que impacta surpreendentemente com linfócitos B e células T helper; e, assim, as células T citotóxicas são as mais afetadas. Depleção de subpopulação de linfócitos ocorre de 1 a 4 dias antes que o vírus possa ser detectado no soro pela reação de transcriptase reversa-cadeia de polimerase (TR-PCR). A severidade das alterações da medula óssea e dos leucócitos circulantes sugere que o efeito citopático de células não infectadas seja induzido indiretamente, por exemplo, às custas de um fator solúvel ou pelo contato célula-célula, por não ocorrer efeito direto do vírus ou da proteína viral. Experimentos neste sentido sugerem uma interação entre o vPSC e o sistema monócito- macrófago, resultando na liberação de moléculas mediadoras que promovem a evolução da doença. Admite-se que alterações no equilíbrio hemostático sejam causadas por fatores pró- inflamatórios e antivirais que mediam a trombocitopenia e a hemorragia característica da PSC. A produção de citoxinas inflamatórias pelas células endoteliais infectadas pode desempenhar papel importante na imunossupressão e facilitar a disseminação do vírus, atraindo monócitos. Atualmente sabe-se que o vírus se replica em células dendríticas, e a mobilidade dessas células facilitaria esta disseminação, principalmente para as células linfoides, auxiliada pela interação que ocorre no interior dos folículos linfoides. O entendimento da interação hospedeiro-VPSC induz à evasão da resposta imune inata, retarda o aparecimento da resposta imune adquirida e resulta na patogênese da PSC.

2. Diagnóstico clínico

De acordo com as circunstâncias relacionadas com a idade dos animais afetados, a estirpe viral envolvida e as condições de manejo, a doença se manifesta de forma subaguda ou crônica, que pode perdurar por 2 a 4 semanas ou alguns meses. Os sinais clínicos são inespecíficos, tais como emagrecimento na ausência de febre.

a.

Forma aguda: observada em suínos acometidos pela estirpe de elevadas patogenicidade e virulência e em leitões infectados por qualquer estirpe; portanto, a PSC aguda pode ser de natureza adquirida (pós-natal) ou congênita, e o período de incubação varia de 2 a 14 dias, sendo dependente da estirpe viral, susceptibilidade dos suínos e ocorrência de infecções intercorrentes.

Os sinais são febre alta (41oC), anorexia; letargia; severa leucopenia; hiperemia multifocal e/ lesões hemorrágicas cutâneas; conjuntivite; linfonodos hiperplasiados e edemaciados; cianose cutânea, principalmente das extremidades (orelhas, lábios, cauda e focinho); constipação transitória seguida de diarreia; vômito ocasional; dispneia e tosse; ataxia, paresia e convulsão. Os leitões se aglomeram, e a morte ocorre depois de 5 a 25 dias do início dos sinais. A mortalidade em leitões jovens atinge cerca de 100%. b. Forma crônica: causada pelas estirpes de menor patogenicidade e virulência e em rebanhos parcialmente imunes.

Os sinais são apatia, apetite caprichoso, febre intermitente, diarreia prolongada (por mais de 1 mês), pelos arrepiados, crescimento retardado, aparente recuperação com eventual recrudescimento e morte em mais ou menos 3 meses. As formas crônicas e as infecções persistentes são sempre de desfecho fatal. A taxa de mortalidade pode ser ligeiramente superior ao esperado.

A PSC afeta o sistema imune, que se reflete na leucopenia generalizada usualmente detectada antes do aparecimento da febre. A imunossupressão favorece a instalação de infecções intercorrentes. Infecção congênita persistente pode passar despercebida durante meses, podendo afetar poucos ou muitos animais de um mesmo rebanho. c. Forma congênita: o desfecho depende da estirpe envolvida e fase da gestação.

c1. Nos fetos e leitões:

Quando da infecção materna no início da

gestação: morte fetal, reabsorção fetal, nascimento de leitões com má formação fetal ou mortalidade neonatal.

Quando da infecção materna entre o 2º e

3º meses de gestação: mumificação fetal ou natimortalidade.

Quando da infecção materna no momento

da formação do SNC dos embriões: defeito do cérebro, hipoplasia cerebelar, desmielinização, tremores, defeitos dos membros anteriores, hemorragias severas de diferentes órgãos e necrose hepática.

Quando da infecção materna no final da

gestação: não ocorre morte pré-natal, mas nascimento de leitões aparentemente normais e com sinais de aparecimento precoce (hemorragia, tremor congênito e morte) ou tardio (alguns meses após o nascimento, viremia alta na fase pré-colostral, que diminui após a ingestão de colostro, e retorno após 2 semanas). Quando da morte tardia, observam-se atrofia do timo e dos órgãos linfoides periféricos, proliferação de tecido retículo endotelial, degeneração hidrópica do endotélio vascular, hiperplasia da adrenal rara e imunossupressão. Figura 1. Hemorragia cutânea em leitões apáticos e amontoados. Fonte: Barcelos & Sobestiansky, 2003

Figura 2. Hemorragia cutânea em leitões com apatia. Fonte: Too e Seneque, 2010

Figura 3. Hemorragia na região do prepúcio. Fonte: Barcellos e Sobestiansky, 2003

Figura 7. Hemorragia de membros. Fonte: Nietfeld, j. Figura 8. Hemorragia cutânea. Fonte: Nietfeld, j.

FOTOS DE PSC OCORRIDO NO CEARÁ – 2018/2019

c2. Nas reprodutoras adultas: sinais ausentes (síndrome da porca portadora); anticorpos presentes em cerca de 80% das porcas infectadas; isolamento viral possível em apenas 30% das porcas infectadas disseminadoras do vírus; abortamento; retenção de placenta; fetos mumificados; leitões natimortos e nascimento de leitões fracos, com tremor congênito ou com lesões cutâneas.

Explicação para a persistência do vírus no

organismo do portador: células infectadas podem apresentar alteração cromossômica; capacidade de o vírus ser transmitido da mãe para o leitão na presença de anticorpos maternos; vírus continuaria se replicando na membrana intracitoplasmática e replicação ausente ou em baixo título na membrana extracitoplasmática, que conferiria à célula infectada resistência à lise celular (imunidade celular); escassez de vírus na membrana extracelular seria responsável pela baixa imunogenicidade do vírus (baixa resposta imune), principalmente em se tratando de cepa de moderada patogenicidade e virulência; capacidade de infectar células linfoides e macrófagos; o vírus permanentemente presente poderia não interferir na resposta imune, podendo induzir à imunotolerância; quanto mais jovem o animal infectado, mais facilmente a persistência se instala e tem relação direta com a maturidade e a competência do sistema imune.

3. Diagnóstico anatomopatológico

Lesões macroscópicas:

A frequência de casos clínicos e a severidade da manifestação estão diretamente relacionadas com a patogenicidade e virulência das estirpes do VPSC envolvido. As lesões variam em severidade e distribuição no organismo do animal afetado na dependência do curso da doença. Na PSC adquirida, as lesões são as seguintes:

a. Forma superaguda: lesões macroscópicas são

raramente observadas ou muito brandas. b. Forma aguda: o quadro patológico é sempre hemorrágico de diferentes intensidades (petéquias e equimoses) na maioria dos órgãos e tecidos e notadamente nas estruturas que constituem o sistema histiocitário, que são:

Pele: surgem petéquias, equimoses e cianose incluindo extremidades.

Linfonodos: podem apresentar ligeira tumefação e até hemorragias extensas, que usualmente são de localização periférica.

Baço: esplenomegalia acompanhada de infartos na superfície e nas bordas e raramente atinge todo o órgão. Nem sempre este órgão é afetado.

Sistema nervoso: congestão de vasos das meninges e/ou hemorragias cerebrais de diferentes intensidades.

Aparelho cardiorrespiratório: congestão ou petéquias e sufusões na epiglote, na mucosa da laringe, pleura, epicárdio e endocárdio e eventual hidro pericárdio. Nos pulmões pode-se observar pneumonia lobular, sendo frequente observar lóbulos hepatizados e de coloração vermelho escuro. Nos casos crônicos, pode-se observar infecção secundária que causam aderências e presença de exsudato mucopurulento nos brônquios e bronquíolos.

Amígdalas: no suíno normal, a cor das amígdalas é quase a mesma do tecido circundante, mas na PSC aguda são frequentemente de coloração mais escura e tendendo ao vermelho escuro, ocasionalmente são visíveis manchas hemorrágicas. Em vários casos, pode haver a presença de amigdalite hemorrágica e necrótica devido à infecção bacteriana secundária que tende a ser supurativa.

Aparelho urinário: petéquias de diferentes intensidades na cápsula e parênquima renal, podendo afetar a mucosa vesical. c. Forma subaguda e crônica: frequentemente causada pela estirpe de moderadas e baixas patogenicidade e virulência e também observada em suínos parcialmente imunes. As lesões são semelhantes aos da forma aguda, mas de intensidades menores na maioria dos casos e geralmente acompanhadas de infecção secundária.

Aparelho digestório: presença de amigdalite necrótica purulenta quando seguida de infecção secundária. Estômago observado sem conteúdo alimentar, mas apenas catarro inflamatório, e a mucosa com hemorragia e congestão de diversas intensidades e mais frequentes na região fúndica. No intestino (ceco e intestino grosso) podem ser observadas úlceras em forma de botão e depleção generalizada do tecido linfoide.

A despeito da degeneração epitelial, hemorragias e lesões inflamatórias ocorrem muito raramente.

Rins: glomerulonefrite por deposição de complexos Ag-Ac nos glomérulos renais.

Junção da cartilagem costocondral: estrias transversais e crescimento irregular e observado em suínos em crescimento. d. PSC congênita: pode resultar em abortamento, mumificação fetal, natimortalidade e má formação fetal caracterizada por dismielogênese central, hipoplasia cerebelar, microencefalia e hipoplasia pulmonar. Estudos de FLOEGEL-NIESMANN et al (2003) indicam sinais clínicos e lesões causadas por 4 estirpes de campo isolados durante a epidemia de 1990 na Europa, que acometeu suínos domésticos e selvagens comparativamente à estirpe de referência

Alfort 187. Ao compararem lesões de pele, tecido subcutâneo, serosas, tonsilas, baço, rins, linfonodos, intestino (íleo e reto), cérebro e aparelho respiratório verificaram que os linfonodos foram os tecidos mais severamente afetados pelas 4 estirpes, seguidos pelas lesões necróticas no íleo e hiperemia dos vasos do cérebro e considerados o tecido e órgão mais confiáveis para fins de diagnóstico patológico. Infarto de baço e lesões necróticas de tonsilas, embora frequentemente descritas no passado, foram pouco frequentes. Semelhantemente, lesões de pulmões estavam ausentes ou bastante suaves.

Figuras 9 e 10. Hemorragia e hiperplasia e linfonodos abdominais e inguinais. Fonte: Barcellos e Sobestianky, 2003

Figura 11. Hemorragia e hiperplasia e linfonodos da cabeça. Fonte: Too e Seneque, 2010 Figura 12. Hemorragia na parede do cólon. Fonte: Nietfeld, j

Figura 13: linfonodo hemorrágico. Fonte: info@cld.org

Figuras 14 e 15. Petéquias nas bordas do baço. Fonte: Barcellos e Sobestiansky, 2003 e Nietfeld, j (Univ. Kansas)

Figuras 18, 19 e 20. Hemorragia nos pulmões. Fonte: Barcellos e Sobestiansky, 2003

Figuras 21, 22 e 23. Hemorragia nas tonsilas. Fonte: Barcellos e Sobestiansky, 2003 e info@cld.org

Figuras 24 e 25. Amígdala hemorrágica (esquerda) e necrótica (direita) Fonte: Too e Seneque, 2010

Figuras 26 e 27. Hemorragia difusa e petequial na bexiga. Fonte: Barcellos e Sobestianky, 2003

Figuras 28 e 29. Petéquias de diferentes intensidades na cápsula, córtex e medula. Fonte: Barcellos e Sobestiansky, 2003 e Nietfeld, j. (Univ. Kansas)

Figura 30. Hemorragia difusa da mucosa da bexiga. Fonte: info@cld.org Figura 31. Úlceras em forma de botão na mucosa do cólon. Fonte: Nietfeld, j.

Lesões histopatológicas: não são patognomônicas, sendo observada degeneração do parênquima do tecido linfoide, proliferação celular do tecido intersticial vascular e meningoencefalomielite não supurativa.

4. Diagnóstico diferencial

Peste suína africana: indistinguível clínica e patologicamente requerendo distinção por procedimentos laboratoriais. Septicemias: erisipelose, eperitrozoonose, salmonelose, estreptococose, pasteurelose, actinibacilose e doença pelo Haemophilus parasuis. Doenças hemorrágicas: síndrome de dermatite e nefropatia, doença hemolítica do recém- nascido, intoxicação por cumarina e púrpura trombocitopênica. Doenças debilitantes: síndrome da refugagem multisistêmica de pós-desmame, enterotoxicose, disenteria suína e campilobacteriose. Abortamentos: doença de Aujezsky (pseudoraiva), encefalomiocardite viral, PRRS (síndrome respiratória reprodutiva suína) e parvovirose.

Infecções congênitas por pestivírus de ruminan-

tes: diarreia viral bovina e doença de Border.

5. Diagnóstico laboratorial

A grande diversidade dos sinais clínicos e das lesões pós-morten não permite realizar diagnóstico inequívoco da PSC. Muitas outras doenças (mencionadas no item diagnóstico diferencial) podem confundir o diagnóstico ou subestimar a suspeita, principalmente em casos de infecção intercorrente bacteriana, síndrome de dermatite e nefropatia. Toda suspeita baseada em sinais clínicos e observações de lesões macroscópicas devem ser confirmadas laboratorialmente. Sendo a febre um dos primeiros sinais a ser observado, e acompanhada de viremia, a detecção do vírus ou de ácidos nucléicos pode ser realizada a partir de amostras de sangue total colhido com heparina ou EDTA, ou em tecidos ou pela detecção de antígeno viral ou de anticorpos. Para uma correta interpretação dos resultados, o veterinário oficial deve prestar atenção na ocorrência simultânea de dois ou mais sinais clínicos em animais do rebanho. Para a amostragem, não se recomenda o método casual (random), e em face da facilidade de se realizar a reação de transcriptase reversa em cadeia de polimerase (RT-PCR), é recomendável a colheita de amostras de grande número de suínos com sinais clínicos. Anticorpos são detectáveis a partir da 3ª semana da infecção e persistem, nos sobreviventes, por toda a vida. Amostras devem ser colhidas sem anticoagulantes de animais convalescentes e comunicantes (contatos). a. Direto: isolamento viral em cultivo celular e observação viral pela prova de imunofluorescência direta (IFD) ou imunoperoxidase inoculação em suíno suscetível. Avaliação de presença de ácidos nucleicos pela prova de RT-PCR ou detecção de antígeno viral por histopatologia ou imunofluorescência direta em cortes congelados (criostato). Para detecção de genoma viral utiliza-se a prova de PCR. Isolamento é conduzido por inoculação em células da linhagem PK15 originário de rim de suíno, embora existam outras linhagens celulares. O crescimento viral nessas células é acompanhado por prova de coloração pela IFD ou imunoperoxidase; isolados positivos são posteriormente caracterizados pelo emprego de AcMo ou por sequenciamento genético parcial. A prova de PCR (Polymerase Chain Reaction) para fins de identificação do ácido nucleico do vPSC está sendo utilizada em muitos laboratórios tanto para a detecção do agente como para diferenciar de outros pestivírus de ruminantes ou RT-PCR. Prova de ELISA para captura de antígeno (ELISAs) tem se revelado útil para triagem de rebanhos, mas é de interpretação individual.

Materiais a serem enviados para labora-

tório: de animais na fase aguda da doença enviar amostras de sangue (animais vivos) com anticoagulante (heparina ou EDTA) e fragmentos de órgãos e tecidos de vários animais na fase febril; de recém-mortos enviar fragmentos de tonsilas, linfonodos (faringeanos e mesentéricos), baço, rins e porção distal do íleo. Envio das amostras para laboratório: todas as amostras devem ser refrigeradas e enviadas ao laboratório o mais rapidamente possível. b. Indireto: as mais utilizadas são a imunofluorescência indireta (IFI), vírus neutralização (VN) e

ELISA de bloqueio. As provas indiretas devem apresentar especificidade que permitam distinguir anticorpos específicos contra o vírus da

PSC e contra outros pestivírus (BVD e DB). Os reagentes preparados a partir de anticorpos monoclonais apresentam maiores sensibilidade e especificidade. Os resultados positivos obtidos pela prova de ELISA, mesmo preparada com

AcMo, devem ser confirmados por provas como vírus neutralização e soroneutralização em placa (NPLA). Detecção de anticorpos é particularmente útil para aplicação em rebanhos suspeitos desde que tenham sido infectados pelo menos há 21 dias. Provas sorológicas são também úteis para monitoramento e estudos de estimativa de incidência, que são informações essenciais quando um país deseja ser internacionalmente reconhecido como livre de PSC sem vacinação. Reações cruzadas com outros pestivírus são ocasionalmente observadas em suínos reprodutores, e as provas de triagem devem ser sucedidas

por provas confirmatórias de maior especificidade. Determinadas provas de ELISAs são relativamente específicas para o VPSC, mas a prova padrão para diferenciação é a prova comparativa de neutralização, que compara os níveis de anticorpos contra diferentes pestivírus.

Material a ser enviado ao laboratório:

amostras de soro sanguíneo. c. Escolha do teste laboratorial: depende de vários fatores, como objetivo do teste, características do teste de importância epidemiológica, disponibilidade e custo. Objetivo do teste: os objetivos mais frequentes são diagnóstico da doença, vigilância ativa de um programa de erradicação para identificação de rebanhos infectados, monitoramento da resposta sorológica de rebanhos vacinados, correlação entre os níveis de anticorpos e proteção, auxílio na definição do momento estratégico para se introduzir a vacinação e pesquisa, principalmente.

Características do teste de importância epi-

demiológica: a validação do método de diagnóstico deve ser conhecida a priori, pois a interpretação dos resultados obtidos baseia- se no conhecimento de sua sensibilidade, especificidade, concordância, praticidade, reprodutibilidade, valor preditivo de um resultado positivo e valor preditivo de um resultado negativo. Usualmente, procedimentos de maior sensibilidade detectam maior número de resultados falso positivos, mas em face de sua facilidade, praticidade e baixo custo, podem ser utilizados como provas de triagem, e os positivos serem enviados para provas mais específicas que usualmente são mais demoradas e mais dispendiosas, lembrando que dentre os falsos positivos podem estar incluídos animais infectados com vírus da diarreia viral bovina (VBVD) ou vírus da doença de Border (VDB), que apresentam reações cruzadas em provas que utilizam anticorpos policlonais. São úteis para estudos de prevalência, permitindo examinar maior número de amostras no mesmo espaço de tempo e, consequentemente, aumentando a precisão da estimativa por intervalo. Vantagens de certa prova podem ser compensadas pelas desvantagens de outra. Por exemplo, a prova de imunofluorescência direta (IFD) em cortes congelados para visualização do agente etiológico é menos específica que o isolamento do vírus. Pode-se valer da vantagem como a praticidade e a facilidade de execução associando aos cuidados na amostragem, isto é, obtendo amostras de vários animais em diferentes estágios de evolução da doença, incluindo amostras de animais aparentemente sadios e lembrando sempre que o diagnóstico não é individual, mas com finalidade epidemiológica (rebanho). É preciso ter em mente que, em caso de suspeita em zonas ou regiões livres de PSC, o rápido diagnóstico e pronto atendimento profilático são procedimentos que conferem credibilidade ao país no cenário do comércio internacional. Praticidade e reprodutibilidade: refere-se à facilidade de desempenho e rapidez com que os resultados podem ser obtidos. Podem ser fatores importantes que influenciam a seleção do teste. Um teste que não pode ser facilmente realizado possui utilidade limitada. O isolamento do vírus, por exemplo, é um teste mais sensível do que a IFD em cortes congelados. Porém, é mais difícil de realizar, e alguns laboratórios têm dificuldade em isolar o vírus. A confiabilidade refere-se à consistência com a qual os resultados obtidos são os mesmos (ou quase os mesmos) do valor real da variável que está sendo medida. A rapidez com que os resultados podem ser obtidos é evidentemente útil. Entretanto, a necessidade de um diagnóstico precoce é muito mais urgente em países livres de CFS do que em países que são endêmicos para CFS. Disponibilidade: pode ser uma limitação, principalmente em se tratando de testes que dependem de laboratórios capacitados e acessíveis, pois há a necessidade de equipamentos apropriados e pessoal devidamente treinado e habilitado. Custo: O custo de um teste pode ser uma limitação importante, principalmente quando se processa elevado número de amostras.

6. Epidemiologia

a. Diagnóstico epidemiológico em caso de sus-

peita: importante para a fundamentação de suspeita que avalia as circunstâncias que envolvem o problema, os fatores causais que favorecem a disseminação da doença (investigação epidemiológica) e para investigação da origem do foco; em se tratando de cepas de moderadas e baixas patogenicidade e virulência, há os indicadores de saúde (coeficientes ou taxas de natalidade, abortamento, morbidade, ataque primário e secundário, mortalidade, letalidade); informações pregressas do rebanho (incorporação de animais, região ou país de origem, trânsito, quarentena, etc.); informações da região (existência de criações de fundo de quintal, suídeos silvestres, comercialização); natureza da exploração de suínos (granjas comerciais, informal, fundo de quintal) e tipo de alimentação (ração, restos de alimentos de restaurantes, hotéis etc.). b. Transmissão da PSC: a doença é facilmente transmitida por contato com água, alimentos e objetos contaminados com corrimento nasal, saliva, urina e fezes em elevada quantidade, mesmo antes do aparecimento de sinais clínicos (portadores). Os suínos doentes podem liberar vírus até o momento da morte, e os convalescentes permanecem eliminando vírus por longo tempo, quiçá por toda vida. Em rebanhos endêmicos, alguns suínos podem tornar-se portadores e liberar vírus intermitentemente,

favorecendo a persistência da doença na granja.

Suínos infectados com estirpes de vírus de baixa patogenicidade e virulência eliminam o vírus continuamente durante meses na ausência de sinais clínicos. Resumidamente (OIE, 2019), a transmissão da PSC é a seguinte: y A transmissão é, principalmente, por vias oral e oronasal e contágio próximo, indireto e transplacentário; y Contato com secreções, excreções, sêmen e sangue; y Disseminação por meio de visitantes, médicos-veterinários e comerciantes; y Contágio indireto com instalações, implementos, veículos, roupas e instrumentos como agulhas; y Restos de alimentos de cozinha e aeronaves e navios insuficientemente submetidos ao calor destinado a suínos; y Transmissão transplacentária; y Suídeos selvagens. c. Situações epidemiológicas da PSC no Brasil: o sistema de defesa sanitária animal baseia sua atuação de acordo com o nível de risco sanitário existente, caracterizando as suas ações em cada situação existindo. Atualmente, há três situações de risco:

Risco I: ausência de focos de PSC nos últimos 12 meses; atendimento a todas as condições mínimas; situação em que se encontram os estados que formam a zona livre de PSC.

Risco II: ausência de focos de PSC nos últimos 12 meses; atendimento a todas as condições mínimas; caracterizado pela identificação de riscos sanitários internos e/ou externos que podem levar ao ressurgimento da PSC. Nessa situação, dependendo de análise de risco, o serviço veterinário oficial poderá declarar “estado de emergência sanitária animal” e deverão ser mantidas todas as ações quando da situação de risco mínimo, devendo-se intensificar aquelas relacionadas com vigilância epidemiológica, investigação sorológica, controle e fiscalização de locais de aglomeração de animais, controle e fiscalização do trânsito intraestadual por meio das equipes volantes, controle e fiscalização do ingresso de animais, materiais de multiplicação animal, produtos, subprodutos de origem suídea, pessoas e equipamentos nos portos, aeroportos e postos de fronteira, controle e fiscalização da entrada de aeronaves, barcos e veículos terrestres originários do exterior e intercâmbio de informações sanitárias entre países.

Risco III: caracterizado pelo aparecimento de focos de PSC e declaração de situação de emergência sanitária.

d. Cadeia epidemiológica:

i. Fontes de infecção: são animais vertebrados que albergam o vírus em seu organismo e que eliminam para o meio exterior. Podem ser de três modalidades: y Portadores são/sadios, em incubação e convalescentes que não manifestam sinais porque já se recuperam ou estão incubando e representados pela porca com síndrome da porca portadora; leitões nascidos de porcas portadoras (imunotolerantes) e leitões infectados após o nascimento pelas estirpes de baixa patogenicidade e virulência; y Doentes típicos, atípicos e em fase prodrômica: os doentes típicos são aqueles infectados pela estirpe de altas patogenicidade, e os atípicos são os infectados por estirpes de moderadas e baixas patogenicidade e virulência a manifestam as formas subclínica e crônica; y Reservatórios: são animais de outra espécie que não os suínos. No Brasil, são os suídeos silvestres, como o javali, e na Europa, são os suínos selvagens. ii. Vias de eliminação: são os meios ou veí- culos que o vírus utiliza para ter acesso ao meio exterior. São representados pelas secreções oronasais, sangue, urina, fezes, secreções nasal e lacrimal e sêmen. iii. Vias de transmissão: são os meios ou veículos que o vírus utiliza para acessar um novo hospedeiro. São representados pelo contágio direto (transmissão transplacentária e coito); contágio indireto (objetos, equipamentos, vestimenta, calçados e veículos contaminados); água e alimentos contaminados na origem ou pelas secreções e excreções (vias de eliminação) e resíduos de alimentos (lavagem). iv. Portas de entrada: é o acesso do vírus ao organismo de um novo hospedeiro. são representadas pela mucosa oronasal, cordão umbilical e mucosa do útero v. Suscetíveis e suscetibilidade: novo hospedeiro passível de ser infectado. A suscetibilidade independe de idade quando de cepas de altas patogenicidade e virulência e é maior entre jovens em se tratando de cepas de moderadas e baixas patogenicidade e virulência. Comunicantes: é o animal que esteve exposto ao risco de infecção e, portanto, desconhece- se se foi ou não infectado. Superado o período de incubação previsto e não adoecendo, retorna à condição de susceptível, e se adoecer, passa a ser fonte de infecção. Portanto, não pertence à cadeia epidemiológica.

e. Medidas de profilaxia (controle e prevenção): i. Medidas de profilaxia aplicadas às fontes

de infecção: identificação de rebanhos infectados para, em seguida, adotar sacrifício, vacinação de

emergência na dependência da condição epidemiológica; evitar proximidade de suídeos silvestres.

ii. Medidas de profilaxia aplicadas às vias

de transmissão: cuidados com alimentação dos suínos, proibindo utilização de restos de cozinha; limpeza e desinfecção de objetos inanimados, incluindo veículos; disposição adequada de excretas, resíduos, cadáveres e lixo.

iii. Medidas de profilaxia aplicadas aos suscetíveis:

y Inespecíficas: cercas ao redor das propriedades para prevenir entrada de suídeos estranhos ou outros animais; criação de animais separados por grupo etário; seleção cuidadosa da origem dos animais a serem adquiridos; alimentação adequada; instalações de fácil limpeza e à prova de roedores, insetos e animais estranhos; sistema de registro de produtividade e de saúde. y Específicas: imunização ativa (vacinação).

Tipos de vacinas contra PSC

Uso de vírus de campo: As primeiras tentativas de proteção específica da PSC foram realizadas com a utilização de vírus virulento pela aplicação de sangue de animais doentes com ou sem aplicação simultânea de soro hiperimune. Os resultados eram totalmente irregulares e foram responsáveis pela disseminação do vírus, causando grandes epidemias de PSC. Atualmente é um método proibido. Vacinas inativadas: a esse método inadequado segue-se o desenvolvimento dentre as quais a vacina de cristal violeta (CVV) foi provavelmente a mais comumente usada. Eram vacinas preparadas de forma bastante rudimentar, inativando com cristal violeta misturas de sangue, baço e outros tecidos reticuloendoteliais de suínos infectados. As variações de potência entre lotes e teste de inocuidade eram muito variadas e também foram responsáveis pela disseminação do vPSC. Vacinas vivas atenuadas: podem geralmente ser lapinisadas e de cultura tecidual. Vacinas lapinisadas: estirpes vacinais são atenuadas em coelho para obtenção de sangue, baço e outros tecidos reticuloendoteliais. Vacinas de cultura tecidual: produzidas in vitro pelo cultivo de estirpes vacinais em cultivo de células de diferentes linhagens, podendo ser utilizadas células primárias ou linhagens celulares contínuas. As primeiras vacinas vivas atenuadas depararam-se com problemas de inocuidade por não terem sido suficientemente atenuadas. Em outras circunstâncias foram utilizadas estirpes geneticamente instáveis que reverteram a patogenicidade e que tendem a provocar reações anafiláticas em leitões oriundos de mães vacinadas com a mesma vacina. Vacinas atenuadas modernas não têm apresentado problemas, pois existem padrões de qualidade atualmente estabelecidos para vacinas atenuadas de CSF que devem ser obedecidos para receber registro no país de destino.

Vacinas de subunidades projetadas gene-

ticamente com “marcador”: produzidas a partir da glicoproteína estrutural E2 do genoma do vírus de CSF, são geneticamente projetadas para que a proteína E2 seja cultivada em culturas celulares de insetos depois de inseridas em um vetor (baculovírus de asa inseto). Como a vacina contém somente a proteína E2, os suínos vacinados não produziriam anticorpos para outras proteínas, como a E1 do genoma do vírus. Anticorpos elicitados por esta vacina são diferentes dos anticorpos produzidos em uma infecção natural, valendo-se de teste de ELISA apropriado. Vacinação contra PSC no Brasil: somente em situação excepcional, configurado o risco de disseminação da doença, após estudo da situação epidemiológica e a critério do serviço veterinário oficial, poderá ser autorizado o uso emergencial da vacina mediante um plano específico aprovado pelo DDA/MAPA, que inclui a extensão e a delimitação da área geográfica em que será efetuada a vacinação; as categorias e a quantidade estimada de suínos a vacinar; a duração da vacinação; as medidas aplicáveis ao transporte dos suínos e respectivos produtos; identificação dos suínos vacinados, no caso de vacinação em estabelecimentos de criação localizados em zona livre, para posterior sacrifício sanitário; e supervisão e acompanhamento da vacinação pelo serviço veterinário oficial. No caso do uso emergencial de vacina contra PSC em zona livre ou em parte do território de uma zona livre, esta perderá a condição de livre, que só poderá ser alcançada novamente quando forem atendidas às condições definidas no Código Zoossanitário Internacional da OIE. Somente poderão ser utilizadas vacinas contra a PSC registradas no MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), produzidas sob o controle do serviço veterinário oficial.

iv. Medidas de profilaxia aplicadas aos co-

municantes: quarentena, vacinação em situação de emergência ou revacinação, de acordo com a situação de cada caso e orientação do serviço oficial, controle de trânsito de animais suscetíveis, controle de aglomeração de animais e diagnóstico sorológico pareado, se necessário.

7. Medidas básicas recomendadas pela OIE

a) Eficaz comunicação entre as autoridades veterinárias, médicos-veterinários e produtores de suínos;

b) Sistema eficaz de comunicação; c) Severos cuidados na importação de suínos vivos, sêmen de suínos e produtos cárneos de suínos frescos ou curados; d) Quarentena prévia à incorporação de suínos ao rebanho nacional; e) Proibição na utilização de resíduos de alimentos antes de destinar aos animais; f) Controle rigoroso das plantas de graxaria; g) Vigilância ativa (sorologia) estruturada direcionada a reprodutores; h) Sistema eficaz de identificação e de registro; i) Medidas eficazes de biosseguridade para proteção dos suínos domésticos do contato com suídeos silvestres.

8. As atividades de combate à peste suína clássica no Brasil

Foram iniciadas em zonas selecionadas prioritariamente segundo a importância econômica da região produtora de suídeos e a existência de condições epidemiológicas favoráveis para a obtenção de zonas livres, com o propósito final de erradicação da doença no território nacional. O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Peste Suína Clássica foi implantado em 1992, inicialmente em municípios contíguos pertencentes aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. De forma progressiva, o Programa foi estendido aos outros municípios desses três estados e, posteriormente, aos demais estados brasileiros. Em 4 de janeiro de 2001, por meio da Instrução Normativa nº 1, o Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) declarou a região formada pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Distrito Federal como Zona Livre de Peste Suína Clássica. Por mais rigorosas que sejam as medidas sanitárias de proteção adotadas por um país, região ou zona livre de uma doença, não se tem a garantia absoluta da não introdução ou reintrodução do agente infeccioso. Na atualidade, em decorrência dos avanços tecnológicos, intensificou-se o trânsito internacional de pessoas, animais, materiais de multiplicação animal, produtos e subprodutos de origem animal, aumentando o risco da disseminação de doenças entre os países (medidas de vigilância epidemiológica, que incluem as atividades do VIGIAGRO). Quando uma doença é introduzida em um país ou zona até então livres, as ações a serem adotadas objetivando a sua erradicação deverão ocorrer de forma enérgica, rápida e eficaz. Para isto, torna-se necessário manter uma organização adequada, pessoal treinado, respaldo legal, equipamentos e materiais adequados e fundos financeiros suficientes. O Brasil, por meio do MAPA, orienta as ações e procedimentos para a precoce e imediata notificação e confirmação de suspeitas de Peste Suína Clássica no território nacional, adotando as medidas de defesa sanitária para visar à sua erradicação no menor espaço de tempo e à retomada da condição sanitária livre da PSC. Para se alcançar este objetivo, já se dispõe de um plano de contingência, que estabelece, passo a passo, todas as medidas sanitárias necessárias em caso de emergência sanitária.

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