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INFRAESTRUTURA
COMO SE COMPORTOU A internet em 2020
A pandemia da Covid-19 mudou tudo no comportamento de uso da internet, e muito terá de ser feito em 2021 para garantir a resiliência e a estabilidade do tráfego web, conforme mostrou o IX Fórum 14, realizado pelo NIC.br.
DEVIDO À PANDEMIA DA COVID-19, a internet brasilei- para manter a resiliência e a estabilidade alcançada em ra atingiu, em 2020, o pico de 14,4 Tb/s de tráfego, um meio à explosão de uso. Essas foram as constatações apreaumento de 74% sobre o ano anterior – São Paulo teve sentadas pelos especialistas participantes do IX Fórum 14, um recorde de 10,62 Tb/s –, realizado, em dezembro, pelo registrou um incremento no nú- A internet brasileira atingiu, Núcleo de Informação e Coormero de sistemas autônomos e em 2020, o pico de 14,4 Tb/s denação do Ponto BR (NIC.br). deixou claro que, ao longo de 2021, a infraestrutura vai passar de tráfego, um aumento de A infraestrutura da internet passou por um redesenho, por uma atualização constante 74% sobre o ano anterior apontou Julio Sirota, gerente
IPv.6
AINDA ESTÁ LONGE DE SER EFETIVO NO BRASIL
Os números assustam. No segmento financeiro, o que mais gasta com tecnologia e um dos maiores usuários da internet, de 20 instituições testadas para o IPv.6, apenas quatro estavam adequadas.
O ANO DE 2020 foi marcado pelo esgotamento – de vez – dos endereços IPv.4 para a região da América Latina e Caribe, mais exatamente em 19 de agosto. Nessa data, explicou Ricardo Patara, gerente de Recursos de Numeração do NIC.br, o pool central não era mais suficiente para atender aos pedidos aprovados.
O que é possível, a partir de agora, é fazer alocações a partir do uso de uma espécie de ‘volume morto’, composto por endereços recuperados ou devolvidos após uma quarentena de seis meses. Mas não há prazo para a liberação desse ‘volume morto’. Apenas no Brasil, estima-se que há 360 mil endereços IPv.4 à espera de liberação. No
de Infraestrutura do Brasil O número de sistemas de empresas como Akamai, Internet Exchange (IX.br) do Azion, Globo, Google e NetNIC.br. O especialista con- autônomos alocados no Brasil flix. Houve um aumento de tou que o número de sistemas chegou à marca de 8.800, ou 500% no volume de dados autônomos (ASNs) alocados no Brasil também aumentou, 1.375 a mais que em 2019 fornecido e de 500% na banda necessária para alimentar chegando à marca de 8.800 os caches. em 2020, 1.375 a mais que em 2019. Com 2.111, São Durante a pandemia, foi ofertada uma gratuidaPaulo registrou a maior quantidade de ASNs, seguido de por seis meses, período no qual o NIC.br assumiu do Rio de Janeiro (425), Fortaleza (327), Porto Alegre 100% das despesas operacionais. “Com a entrada de (246) e Curitiba (146). As conexões no ponto de troca novos participantes, de novas CDNs e de renegociade tráfego IX.br somaram 4.392, um aumento de 479 ção de valores, conseguimos chegar a um valor de em relação ao ano anterior. R$ 1,50/Mbps e estamos muito próximos de alcançar
De acordo com Sirota, ao longo de 2021, será preciso 100% de recuperação dos custos operacionais da iniavaliar o avanço do 400G (nova velocidade de Ethernet) ciativa”, destacou Moreiras. no core e no acesso. O desafio, explicou, está na defi- Já o OpenCDN de Manaus – o segundo da estratégia nição de tecnologia e na estratégia de migração de uma para minimizar a latência na oferta de conteúdo – está rede do tamanho do IX.br de SP. Atualmente, a capacida- com caches do Google e Globo instalados e em fase de instalada pelos participantes do IX.br de São Paulo é final de configuração. “Tivemos problemas com a conde 39 Tb/s e do Rio de Janeiro, de 9,26 Tb/s. tratação do link, mas eles já foram equacionados e o link está operacional”, relatou Moreiras. O especialista OPENCDN AVANÇA do NIC.br adiantou que foi firmado um acordo com um
Segundo mostrou Antonio M. Moreiras, gerente de AS local para o fornecimento de um datacenter, sem Projeto e Desenvolvimento do Centro de Estudos e Pes- custo para a iniciativa. A intenção é iniciar o quanto quisas de Tecnologias de Rede e Operações (Ceptro) do antes a operação da unidade em Manaus. O valor do NIC.br, o OpenCDN de Salvador, criado em junho de compartilhamento de custos não está fechado, mas a 2018 para reduzir a distância entre os conteúdos locais projeção é que fique em torno de R$ 4,00/Mbps, com visando melhor acesso e qualidade, ganhou a adesão “portas virtuais” a partir de 100 Mbps.
total, 5,6 milhões de endereços IPv.4 foram alocados na região, sendo mais de 4 milhões apenas no País.
O IPv.6, sucessor do IPv.4, já responde no Brasil por cerca de 35% do tráfego da internet, mas precisa crescer muito mais, principalmente no mercado corporativo. O NIC.br revelou que, de 20 instituições financeiras testadas, apenas Bradesco, Banrisul, BTG Pactual e Banco Votorantim tinham IPv.6 ativos. No comércio eletrônico, dos 25 testados, três – Dafiti, Nespresso e a Livraria Leitura – tinham a nova versão. Nos cursos de ensino a distância, de 25 plataformas apenas sete estavam prontas para IPv.6 (Netacad, Codecademy, Google Digital Garage, NSRC, edX, Prime Cursos e LEO network). Nas páginas relacionadas a governo, o NIC.br apurou que nenhum Detran utiliza IPv.6, assim como os tribunais regionais eleitorais, os tribunais regionais do trabalho, as defensorias públicas ou ministérios públicos, as procuradorias gerais e os tribunais superiores. Com relação aos tribunais de justiça, apenas dois estados – Goiás e Distrito Federal – têm IPv.6. Nos sites institucionais, apenas um governo de estado utiliza a nova versão: Santa Catarina.