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OPINIÃO
Daniel Arraes
Diretor de Desenvolvimento de Negócios da FICO para a América Latina
Novos mercados vão surgir, como o de agregação de dados, com companhias dedicadas a intermediarem a obtenção e o compartilhamento de dados. Se o cronograma do Banco Central se confirmar, o Open Banking fica operacional a partir de fevereiro.
O OPEN BANKING representa o passo definitivo para a digitalização dos serviços financeiros e bancários. Com sua primeira fase prevista para o começo do ano, ele irá proporcionar uma melhor experiência aos consumidores e diversas mudanças para o mercado financeiro. Será criado um ambiente com intenso compartilhamento de dados, em que bancos tradicionais, bancos digitais e fintechs devem estar atentos para aproveitar as oportunidades de crescimento.
Os bancos tradicionais já possuem uma grande base de clientes e uma vasta quantidade de informações, o que possibilita o desenvolvimento de processos sobre o perfil de consumo fortemente baseados em analíticos. A combinação desse alto volume de dados internos com os dados externos fornecidos por outras empresas, que serão compartilhados graças ao open banking, irá potencializar o uso de analíticos para moldar ofertas ainda mais atrativas e vantajosas para atuais e novos consumidores.
Por sua vez, os bancos digitais têm clientes mais propensos a buscar ofertas no mundo online, que já esperam receber produtos e serviços adequados ao seu perfil. Além disso, essas empresas já operam com plataformas abertas. E como os grandes bancos serão obrigados a participar do open banking, a padronização de APIs para compartilhamento de dados nivela o campo de batalha entre todos os competidores, o que pode funcionar como um acelerador para o crescimento dos bancos digitais.
No caso de fintechs e outros provedores de serviços financeiros digitais, o open banking irá contribuir para a criação de novas empresas e de novos nichos de mercado. Por exemplo, os agregadores de dados, companhias que vão se dedicar a intermediar a obtenção e o compartilhamento de dados.
Além disso, irão surgir os serviços de iniciação de pagamento, instituições não financeiras que podem iniciar um pagamento ou recebimento em nome do cliente. Existe uma série de serviços que podem ser agregados, como por exemplo a gestão financeira para pessoas físicas e empresas, em que a fintech pode gerir todo o fluxo de caixa em função de obrigações e recebimentos futuros. Estes serviços permitiriam ao consumidor comum e a pequenas empresas terem acesso a um gerenciamento financeiro sofisticado.
Na esteira do open banking, outros tipos de fintechs também devem surgir, como marketplaces de crédito e aplicações; empresas que vão comercializar produtos bancários white label; serviços bancários por assinatura; além de diversas outras possibilidades que ainda serão desenvolvidas.
Se o cronograma do Banco Central se confirmar, o Open Banking fica operacional, em primeira fase, em fevereiro. Essa etapa será um pontapé inicial e consistirá basicamente em compartilhamento de informações. Todas as instituições financeiras que entrarem nessa primeira fase – o Banco Central estima que 80% do mercado vai aderir imediatamente – terão de informar detalhadamente os custos de todos os produtos e serviços que oferecem.