SEXTA-FEIRA 22 DE ABRIL DE 2022 CORREIO DA VENEZUELA /# 889
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Nathalie de Oliveira: uma lusodescendente no Parlamento português CORREIO / LUSA
Cafôfo quer plano estratégico para as comunidades lusas CORREIO / LUSA O Secretário da Estado das Comunidades Portuguesas (SECP) anunciou, em entrevista à RDP internacional, a criação de um Plano estratégico de políticas para os Portugueses residentes no estrangeiro. “Os meus antecessores fizeram um trabalho extraordinário com projetos de alto significado para a melhoria da qualidade de vida dos Portugueses residentes no estrangeiro, mas falta, na minha opinião, um Plano estratégico de políticas para a nossa diáspora” referiu Paulo Cafôfo. “Naquilo que fazemos no dia a dia e em todas as legislaturas, em todos os programas de Governo, há ações concretas, mas falta um
plano estratégico. Tenho essa intenção de fazer um plano estratégico de políticas para as Comunidades, para podermos ter um rumo, um chapéu que nos permita saber o que é que queremos das Comunidades, o que é que queremos da nossa diáspora e depois de sabermos o que queremos, saber como concretizar” explicou o governante. Paulo Cafôfo disse que este Plano estratégico lhe parece “essencial” e promete “auscultar as entidades que diretamente têm responsabilidades e representam as Comunidades”. Considera que é uma “forma inovadora” de estabelecer uma “orientação política, independentemente de quem exerce o cargo ou independentemente da cor do Governo que está a exer-
cer funções, mas de haver uma estratégia bem definida daquilo que se quer para as nossas Comunidades e como fazê-lo”. Sem avançar ainda iniciativas concretas, Paulo Cafôfo adiantou já uma metodologia. “Em termos de metodologia pretendo criar uma proposta com eixos que considero importantes para as Comunidades, mas depois, quero ter contributos através da organização de debates de reflexão e de receção de opiniões” disse à RDP internacional. “É uma caixa recetora de contributos e desses contributos construirmos um plano estratégico que não é um plano meu, nem do Governo, é um Plano de estratégico do país – nem é das Comunidades – é do país para as Comunidades”.
Cascais reforça parceria com a Diáspora CORREIO / LUSA Foi assinado um Memorando de Entendimento entre o Município de Cascais e o Conselho da Diáspora Portuguesa, reforçando, assim, uma parceria consolidada ao longo de muitos anos. “Esta relação de Cascais com o Conselho da Diáspora Portuguesa tem alguns objetivos que consideramos muito importantes”, referiu Carlos Carreiras, presidente da Câmara Municipal de Cascais, na assinatura do Memorando com António Ca-
lçada de Sá, presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa. O presidente da Câmara Municipal de Cascais apontou como exemplos: “a captação de talentos e rede de influências na Diáspora Portuguesa espalhada por todo o mundo, assim como, a captação de investimento, não só para Cascais, mas, para todo o país”. “Cascais aqui serve como âncora para o desenvolvimento deste relacionamento com a Diáspora Portuguesa”, salientou, ainda,o autarca.
A organização em Cascais do “EurAfrican Forum” - a Reunião Anual do Conselho da Diáspora, também está assegurada com a assinatura deste protocolo, sendo que a realização de eventos desta natureza dinamiza e dá projeção ao concelho de Cascais, nacional e internacionalmente. “ A assinatura deste Memorando pretende manter e reforçar as atividades que o Conselho da Diáspora de Portugal no mundo tem vindo a fazer ao longo dos anos”, disse António Calçada.
Nathalie de Oliveira, de 44 anos, foi a segunda deputada eleita pelo PS no círculo da Europa e é a segunda lusodescendente a chegar à Assembleia da República (o primeiro foi Paulo Porto Fernandes, na anterior legislatura). Uma eleição com “um peso” e uma “alegria” que “dá uma dimensão ao país que ultrapassa a palavra ‘emigrantes”. A lusodescendente e ex-autarca em Metz, França, foi eleita deputada pelo círculo da Europa, na repetição do ato eleitoral que deu a vitória ao PS, que com 32,98 % dos votos e a conquista dos dois lugares elegíveis por este círculo eleitoral roubou assim o deputado ao PSD. “Sinto a esperança e a alegria das comunidades neste caminho que se abriu agora. Sei que não estou sozinha, estou muito bem acompanhada por todos os portugueses que vivem na Europa”, referiu a deputada no rescaldo das eleições. Ligada às estruturas socialistas portuguesa e francesa, a deputada que foi adjunta do autarca de Metz entre 2008 e 2020, está inevitavelmente ligada à emigração, desde logo pelo contexto familiar e pelas ligações ao movimento associativo. Este enquadramento, somado à sua experiência política, levou Nathalie de Oliveira a avançar para uma candidatura que pretende abarcar todos os portugueses que vivem na Europa, para o que contribui a própria circunstância de viver numa região fronteiriça. Oriunda da região do Grande Este, Nathalie de Oliveira está envolvida no mundo associativo português e mantém uma atividade profissional ligada à consultoria junto de asso-
ciações de defesa dos Direitos Humanos em França. Eleita no dia em que o tempo de democracia em Portugal ultrapassou a duração da ditadura, a deputada lembra o passado do seu pai, saído de Portugal “a salto” aos 15 anos por “não querer viver no silêncio” imposto por Salazar, nem querer ir para a guerra em África “numa terra que não conhecia e que nem achava que lhe pertencia”. “Tinha de acontecer neste dia, o dia de mais democracia do que de ditadura. Entro eu, filha do ‘salto’, para representar todas as pessoas que tiveram de abandonar o seu país com desgosto por causa da ditadura, mas com sonhos de liberdade”, declarou. Durante o primeiro ano de mandato, Nathalie de Oliveira tem um objetivo: a lei da reforma eleitoral. Para esta francoportuguesa, as empresas de correios dos dois países já não são o que eram e ficaram patentes as limitações dos votos por correspondência, sendo importante diversificar os meios de voto. “A reforma tem, desde logo, de melhorar as modalidades de participação cívica e política e dar mais acesso ao voto. Devemos melhorar o que existe e acrescentar outras formas. O voto por correspondência, já sabemos, vou insistir no facto de se desistir da cópia do cartão do cidadão, de conseguir alargar as mesas de voto presenciais e o que está a ser estudado para o voto eletrónico”, assegurou. Nascida em Metz, em 1977, Nathalie formou-se em Direito das Organizações Internacionais, passando pela Universidade de Sorbonne, em Paris, e trabalhou em diversas instituições como a Comissão Europeia.