OI 156

# 156 ano XXXVIII SETEMBRO/OUTUBRO 2011

COMUNIDADES Cenários de transformação e de celebração da vida informa

I

II

informa

informa

1

Odebrecht Informa em mídias digitais

Você pode ler a revista Odebrecht Informa também em suas versões digitais: > na internet, acessando o site www.odebrechtonline.com.br > pelo iPad, através do aplicativo Revista Odebrecht, que pode ser baixado gratuitamente na App Store > em seu smartphone , acessando www.odebrechtinforma.com.br

veja em www.odebrechtonline.com.br Edição 156

Acervo online

Novidades

> Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF

Videorreportagem

Blog

> A transformação social do Complexo do Alemão, um conjunto de 12 comunidades no Rio de Janeiro > Na região da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, festejos tradicionais celebram a cultura e a vida > Genésio Couto, Responsável por Pessoas, Sustentabilidade e Relações Institucionais na ETH, é o entrevistado do Projeto Saberes

> Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa desde a nº 1 e faça o download do PDF completo da revista > Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002 > Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev

> Novas plataformas digitais aliam informação e interatividade na leitura de Odebrecht Informa > Em Salvador, construção da Arena Fonte Nova dá oportunidade de trabalho a ex-moradores de rua

Águas Limpas Um projeto para transformar Vitória na capital mais saneada do país

> Veja todas as fotos selecionadas para o concurso Fotografe sua Comunidade no hotsite publicado na Odebrecht Informa Online > Siga Odebrecht Informa pelo twitter e saiba das novidades imediatamente @odbinforma

> Prêmio Odebrecht Angola incentiva o desenvolvimento sustentável entre estudantes angolanos > Veja todas as fotos selecionadas pelo concurso Fotografe sua Comunidade

> Comente os textos do blog e participe enviando sugestões para a redação

> Leia no blog de Odebrecht Informa os posts escritos pelos repórteres e pelos editores da revista. Textos de Cláudio Lovato Filho, Fabiana Cabral, José Enrique Barreiro, Karolina Gutiez, Renata Meyer, Rodrigo Vilar, Thereza Martins, Zaccaria Júnior e colaboradores.

#156

Carlos Júnior

COMUNIDADES

Capa: foto vencedora do concurso Fotografe sua Comunidade, feita por Ana Roque de Oliveira, em Moçambique

&

notícias pessoas

Capa Ilustração de Rico Lins

6

O Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, dá a seus moradores novos motivos de orgulho

10

Em Rondônia, festejos tradicionais são instrumentos para o cultivo de valores e da identidade

14

Miami: a metrópole que simboliza como poucas o melting pot dos Estados Unidos

18

No traçado de um etenoduto e de uma dutovia no Nordeste brasileiro, o Brasil mostra uma de suas faces mais verdadeiras

24

Delcy Machado: a missão de um apaixonado pelas iniciativas de responsabilidade socioempresariais

28 32

As inspiradoras histórias de superação que vêm das ruas de Curundú, na Cidade do Panamá

36

Em San Agustín, a música tradicional venezuelana e a alegria abrem portas para a inclusão social

40

Veja o que ocorre quando unidades industriais e jovens municípios firmam parceira pela construção do futuro

44 48

Arequipa, no Peru: uma cidade cercada de vulcões que tem lugar especial no coração dos integrantes da Odebrecht

54

O samba de roda é uma das muitas manifestações que fazem da região de Maragojipe, na Bahia, um lugar de fascínio

58

Em Salvador, obras da Arena Fonte Nova ambientam um amplo programa de comunicação com a comunidade

60

No Baixo Sul da Bahia, transformação socioeconômica e preservação da cultura caminham juntas

63

As experiências de Lilian Campana, Francisco Sawaguthi e Clarisse Rodrigues no Brasil, em Angola e na Coreia do Sul

64

Concurso Fotografe sua Comunidade tem a participação de 245 integrantes de 17 países

72

ÓLEO & GÁS

74 76 78

As manifestações culturais que celebram a tradição e a vida na rota da Estrada de Ferro Carajás

O cotidiano em Chicala, em Mártires do Kifangondo e no Zango, comunidades de Luanda

TEO – TECNOLOGIA EMPRESARIAL ODEBRECHT ARGUMENTO SABERES informa

3

4

informa

EDITORIAL

Notícias

da vida

P

“Nossos repórteres e fotógrafos viram a arte produzida nas comunidades, conversaram com as pessoas, entraram em suas casas, provaram sua comida, andaram pelas ruas de sua vizinhança, subiram morros e montanhas, enfrentaram engarrafamentos em metrópoles que não podem parar, mergulharam em imensidões rurais onde a vida parece que passa mais devagar”

ara produzirem as reportagens que estão nesta edição de Odebrecht Informa, nossas equipes ficaram pouco tempo nos canteiros e nas unidades industriais da Organização espalhados pelo Brasil e o mundo. Desta vez, os repórteres e os fotógrafos concentraram-se em buscar boas histórias no coração das comunidades em que as obras, as fábricas e os escritórios estão inseridos. Encontraram excelentes histórias protagonizadas por grandes personagens. Com isso, tornaram possível a elaboração de um expressivo painel que descreve realidades vivenciadas pelas equipes da Odebrecht em seu dia a dia de trabalho nos diversos ambientes em que se encontram.

Nossos repórteres e fotógrafos viram a arte produzida nessas comunidades e testemunharam iniciativas voltadas para o cultivo de tradições culturais e religiosas.

Conversaram com as pessoas, entraram em suas casas, provaram sua comida, andaram pelas ruas de sua vizinhança, subiram morros e montanhas, locomoveram-se usando trens e teleféricos, enfrentaram engarrafamentos em metrópoles que não podem parar, mergulharam em imensidões rurais onde a presença humana por vezes é rara e a vida parece que passa mais devagar.

De Maragojipe, na Bahia, a San Agustín, em Caracas, de Arequipa, no Peru, a Miami, nos Estados Unidos, de Curundú, na Cidade do Panamá, ao Mártires do Kifangondo, em Luanda, passando pelo Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e várias outras comunidades, os repórteres e os fotógrafos de Odebrecht Informa nos trazem informações e impressões da vida que pulsa em lugares que possuem, como principal ponto em comum, a esperança e a capacidade realizadora e transformadora de sua gente.

Os integrantes da Odebrecht entendem que chegar a uma cidade ou a um país é apenas o primeiro passo de uma relação de longo prazo. Eles têm sempre em mente o princípio da permanência, ou seja, chegam para ficar. Essa permanência, porém, nos termos que a Odebrecht se propõe a vivê-la, com base no espírito de servir e no desejo de proporcionar contribuição qualificada, só é possível quando se conhece a história, as expectativas e a identidade dessas comunidades, em um esforço constante, que exige tempo e energia, mas que também é prazeroso e realizador.

Uma demonstração desse envolvimento das equipes da Odebrecht nos lugares onde vivem e desenvolvem suas atividades profissionais é o volume de fotos produzidas e enviadas pelos integrantes das empresas para o concurso Fotografe sua Comunidade, promovido pela revista. Os trabalhos vencedores estão publicados nesta edição.

Desfrute dessas belas imagens e das histórias que estão nas páginas a seguir.

Elas falam de lugares e pessoas especiais, como são os lugares e as pessoas que, de uma forma ou de outra, trazem mais felicidade a este mundo.

Boa leitura. informa

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6

Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, vive novos tempos, em que a paz e o desenvolvimento fortalecem a identidade e a cidadania de toda a comunidade texto Fabiana Cabral

fotos Carlos Júnior

Renato, Renê e Gabriela: representantes da nova geração do Alemão, criaram um jornal

morro sou do

“V

ai barracão, pendurado no morro e pedindo socorro à cidade a teus pés...”. O samba Barracão, de Luiz Antônio e Oldemar Magalhães, foi lançado em 1953, um ano antes da chegada de José Augusto Fran-

cisco, 75 anos, ao Complexo do Alemão. “Quando cheguei só havia 70 moradores. Não tinha água e luz, e a vida era muito sofrida”, relembra ele, olhando para o céu azul de uma manhã de quinta-feira de agosto.

Aos 16 anos, José Augusto deixou a cidade de Sapé, na

José Francisco: “Sinto orgulho da minha comunidade”

Paraíba, para trabalhar na capital do samba. “Comprei um terreno por 450 ‘merréis’ e construí minha casa. Tudo foi feito com material carregado pelos moradores”, relata, batendo em um dos braços para mostrar a força de quem batalhou no passado. Foi no alto do Morro do Alemão que ele e sua esposa criaram os cinco filhos.

Um dos habitantes mais antigos, José Augusto é Presidente da Associação dos Moradores do Alemão desde 1963. “Sinto orgulho da minha comunidade, pois trabalhamos e lutamos muito. Temos ruas asfaltadas, casas, escolas, comércio, mas ainda há muito o que fazer.”

Localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, próximo aos bairros da Penha, Olaria, Ramos, Inhaúma e Bonsu-

ausência de políticas públicas e a chegada das drogas trouxeram violência. “As drogas começaram a chegar no fim dos anos 1980. De 2005 a 2008, vivemos a pior guerra do tráfico. Passei por tiroteios e vi gente morrer”, relata, com lágrimas nos olhos, ao lembrar os períodos mais difíceis.

As tristes lembranças dão lugar à alegria quando a educadora fala da comunidade. “Aqui tem respeito, solidariedade e potencial de crescimento”, afirma. Atualmente, ela lidera a ONG Educape. “Os jovens estão buscando educação, cultura, lazer e estão trabalhando nas obras que recebemos.”

cesso, o Alemão, formado por 12 comunidades espalhadas

O início da transformação

sobre a Serra da Misericórdia, era considerado um dos

Em 2008, o PAC Favelas, iniciativa dos governos Federal

pontos mais violentos da cidade. Entre os cinco morros

e Estadual, chegou ao Complexo do Alemão. O Consórcio

(Adeus, Baiana, Alemão, Itararé e Fazendinha) e vales, os

Rio Melhor (formado por Odebrecht Infraestrutura, OAS e

mais de 120 mil moradores (segundo o Censo de 2010) es-

Delta Construções) construiu unidades habitacionais, es-

tão distribuídos em uma área de 3 km .

cola, unidade de pronto atendimento e um teleférico para

2

O polonês “alemão”

8

desenvolvimento estimulou a educação e o trabalho, mas a

facilitar o transporte dos moradores. “Endereço, experiência profissional e registro na carteira de trabalho são

Na década de 1920, o imigrante polonês Leonard Kacz-

os maiores legados deixados à população, assim como a

markiewicz adquiriu terras na região rural da Zona da Leo-

crença de querer e poder mais”, afirma Adilson Moura, Ge-

poldina. Na época, ele ficou conhecido como “Alemão”, e a

rente Administrativo e Financeiro da Odebrecht.

área passou a ser chamada de Morro do Alemão, o núcleo

Eduardo Poley, Responsável por Engenharia, assegura

do complexo. O local começou a ser ocupado na década de

que o ambiente influenciou alguns jovens a retomarem

1950, após a abertura da Avenida Brasil, em 1946, e quando

os estudos. Mário Sérgio Fonseca de Souza, 28 anos, é

Leonard dividiu seus lotes para vendê-los.

um deles. Ele parou de estudar quando concluiu o Ensino

Famílias de operários de diversos estados brasileiros

Médio e, após passar a integrar a área Social do consórcio,

instalaram-se ali, e o território foi se tornando, aos poucos,

voltou às salas de aula. “Estou fazendo cursos técnicos”,

um dos principais polos industriais do Rio. Em contraparti-

explica. Morador da Grota, um dos locais mais violentos do

da, a ocupação desordenada deu origem às favelas.

complexo, Mário comenta que a comunidade está vivendo

“As empresas começaram a deixar o Alemão por conta

uma nova realidade. “Nas entrevistas de emprego, éramos

da violência”, conta a professora Lúcia Cabral, 46 anos. Pa-

reprovados quando informávamos nosso endereço. Agora,

raibana, Lúcia chegou ao Morro do Adeus – de onde é pos-

a comunidade tornou-se ponto turístico”, diz, com orgulho.

sível observar quase toda a cidade – com apenas 6 meses

O novo ponto turístico é o teleférico do Alemão, inaugu-

e criou os três filhos na casa onde cresceu. Ela diz que o

rado em julho de 2011. As seis estações recebem, por dia,

informa

divulgamos notícias no site e no Twitter”, conta Renê, que ficou conhecido ao postar mensagens, em tempo real, pelo microblog, sobre a operação das polícias Militar e Federal e das Forças Armadas para a retomada do complexo, no fim de novembro de 2010.

Segundo Renê, as transformações começaram com as obras do PAC e continuam com a presença das forças militares no local. “Os jovens não estavam integrados à comunidade e isso mudou. Estamos fazendo acontecer, prepaAnita: tenda de doces e salgados na Estação Palmeiras

rando um futuro melhor para todos, com mais segurança”, assegura o futuro jornalista.

20 mil pessoas. “O meio de transporte integra a comunidade com a cidade, aumenta a autoestima dos moradores

Futebol, funk e amigos

e estimula o turismo”, observa Luiz de Souza, Diretor do

No fim da tarde de sexta-feira, o ritmo no Complexo do

Teleférico na SuperVia, um ativo da Odebrecht Transport e

Alemão é frenético. Pessoas e mototáxis misturam-se e

empresa responsável pela operação.

circulam apressados. Nas ruas, é possível ouvir as batidas

Na Estação Palmeiras, a última do percurso, morado-

do funk e o gingado do samba em carros e casas, e o som

res e turistas podem apreciar a bonita vista do alto do Morro

das bolas chutadas e dos gritos de gol nos campinhos de

da Fazendinha. Foi ali que Anita Maria da Silva e Fabiano

futebol. Os jovens começam a se preparar para sair. “Va-

Farias da Silva instalaram uma tenda de doces e salgados.

mos a aniversários de amigos ou ficamos nas praças con-

O casal, recém-chegado de João Pessoa, também esco-

versando, jogando bola e brincando”, conta Renê.

lheu o local para criar os três filhos. “Fomos bem recebidos

Mário Sérgio e o amigo Leandro Pereira Ribeiro, 27

pelos nossos vizinhos e, com o teleférico, temos trabalho e

anos, estão ansiosos. “Hoje é dia de conhecer uma garota,

renda”, diz Anita, enquanto atende um grupo da Zona Sul

de dançar e de rever os amigos. É a nossa diversão”, diz

carioca.

Mário, seguindo o compasso de um funk carioca. Quando

“Nossa esperança está nos jovens, que nos veem como

perguntados sobre suas preferências musicais, os dois

espelho. Por isso, precisamos refletir coisas boas”, ponde-

amigos são categóricos: “O funk faz parte da nossa cultura,

ra Mário Sérgio, ao falar sobre o futuro do Alemão. Gabriela

está no nosso sangue”.

Santos, 14 anos, Renato Moura, 15, e Renê Silva, 17, são exemplos da nova geração. Juntos, criaram o Jornal Voz das Comunidades, que aborda os principais problemas dos moradores. “Chegamos à tiragem de 5 mil exemplares,

O teleférico do Alemão: símbolo de novos tempos na comunidade

informa

9

Na foto maior, barcos típicos da região. Nas fotos menores, a partir do alto, ribeirinhos usam a voadeira, o meio de transporte mais comum em seu cotidiano; as meninas Ingrydh (à esquerda) e Nicoly, candidatas à Rainha da Festa; Antônio Moisés, administrador da igreja de Santo Antônio; e a farinheira Neuraci: tradições preservadas

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as faces e as

10

informa

texto João Marcondes fotos Ricardo de Sagebin

Na região da Usina Santo Antônio, em Rondônia, as águas do Rio Madeira carregam expectativas de desenvolvimento e as lembranças de tradições que se eternizam

cores de uma

história texto João Marcondes

fotos Ricardo de Sagebin

Repartir um sonho com outras pessoas pode ser a melhor maneira de realizá-lo.

Em Sauípe, na Bahia, isso está acontecendo

informa

11

A igreja de Santo Antônio e, na página ao lado, uma casa típica da região: imagens de um Brasil real e encantador

R

ondônia antes de ser Rondônia. Década

O garoto Moisés é hoje Antônio Moisés Cavalcanti, 50

de 1970. Uma família de seringueiros foge

anos. Carpinteiro de ofício, há anos ele cuida da igreja

da falta de perspectivas no Acre. Vai parar

de Santo Antônio. A construção da usina, que ocupou al-

em terras também brutas: mata fechada,

guns sítios da memória afetiva dos rondonienses (como

escorpiões, malária. As crianças caem do-

o presídio), foi acompanhada de um delicado esforço de

entes. Recuperados, fazem o primeiro “passeio”. Pegam

preservação. Monumentos históricos ganharam posição

o trem na estação Madeira-Mamoré, em Porto Velho, e

de destaque ao lado da obra. A procissão de São Pedro,

desembarcam perto da igrejinha de Santo Antônio, no vi-

realizada pela colônia de pescadores desde os anos 1930,

larejo ao lado, de mesmo nome. Para Moisés, uma das

conta com apoio logístico da Santo Antônio. O “porto”

crianças, a vista é de um rio corpulento, verdadeiro mar

onde a imagem do santo desembarcava foi tomado pela

de água doce. “Vi aquilo e fiquei emocionado. Para mim

usina, mas outro caminho será construído.

era a visão do infinito!”

“Algumas coisas mudam de lugar, mas não podemos

Aos poucos, o menino Moisés domava o infinito Rio

ignorar os benefícios econômicos de uma usina de ener-

Madeira. Brincava por aquelas bandas. Havia um navio

gia limpa”, comenta Moisés. Ele próprio foi valorizado:

naufragado. Ele mergulhava nas águas escuras do rio,

com a obra, ganhou oficialmente o posto de administra-

à caça de tesouros no barco: louças inglesas, mobiliário

dor da igrejinha e recebe salário para isso.

antigo, coisas esquecidas por todos. Não por ele, sempre à cata de troféus imaginários.

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Novo ciclo de desenvolvimento

Ao atravessar o rio a nado, chegava ao presídio desa-

A construção da hidrelétrica representa um segun-

tivado da ilha. Antiga casa de horrores, torturas e fantas-

do ciclo de desenvolvimento econômico para a região. O

mas: prato cheio para um menino curioso. Gostava de ler

primeiro aconteceu há 100 anos, com o erguimento da

as frases nas paredes, escritas quando os presos esta-

estrada de ferro Madeira-Mamoré por uma companhia

vam ali: “Este é o lugar onde o filho chora e a mãe não

inglesa. O objetivo: escoar a produção nacional de borra-

vê”. “O homem que aqui entra, desaparece para sempre

cha. Verdadeiro marco histórico e cultural, não apenas de

da civilização”. Sabedoria de presos.

Rondônia (território transformado em estado em 1982),

Todas essas recordações hoje viraram nostalgia pura:

mas também do Brasil, a antiga estação de trem estava

a ilha onde outrora existiu o presídio atualmente é ocu-

em ruínas até a chegada da Santo Antônio Energia, que se

pada por uma parte da Usina Hidrelétrica Santo Antônio,

responsabilizou pela reforma.

em construção pela Santo Antônio Energia, empresa for-

Mas, ao contrário da época da construção da

mada por Odebrecht, Furnas, Andrade Gutierrez, Banif,

“Mad Maria”(como era conhecida a estrada de fer-

Cemig e FI-FGTS. A usina terá capacidade para produzir

ro), hoje a obra segue os mais altos padrões de sus-

3.150 megawatts, suficientes para abastecer 40 milhões

tentabilidade. Porto Velho e região vivem uma esca-

de pessoas. O início de sua operação está previsto para

lada de prosperidade. Entre 2003 e 2007, a cidade

dezembro de 2011.

ganhou apenas 1.800 novas vagas de emprego. De-

informa informa

pois do início da construção da usina, o número sal-

conseguiu se formar em Relações Internacionais. Sua

tou para 20 mil vagas.

lida começou muito cedo. Aos 7 anos, o primeiro empre-

Aproveitar as oportunidades sem perder a cultura. É o

go: carregador de marmitas. Depois disso, os mais varia-

caso da mais famosa farinheira da região, Neuraci Montei-

dos trabalhos: limpador de máquinas de costura, anota-

ro do Nascimento, 52 anos, Dona Neura. Ela morava à bei-

dor de aposta do jogo do bicho (com 10 anos de idade),

ra do rio, com os seis filhos. Com a chegada da hidrelétrica,

organizador de biblioteca, caixa de banco, vendedor de

mudou-se para um dos reassentamentos construídos pela

madeira, professor de História e Geografia, entre vários

Odebrecht, o Riacho Azul. Sua vida melhorou, com uma

outros ofícios.

casa nova ao lado de uma estação de tratamento de água.

Flávio é abraçado e beijado onde quer que vá em Por-

“Minha alegria é estar perto da família e exercer minha

to Velho e redondezas. Ouve e entende os problemas da

profissão, que é fazer farinha.” Ela é a produtora mais fa-

comunidade. É uma espécie de ombudsman, um ouvidor.

mosa da região. O pai, já falecido, é José de Oliveira, conhe-

Ele já ganhou dezenas de “causas” para a comunidade.

cido por muitos como o maior farinheiro de Rondônia. Ela

É essa a missão que recebeu na Santo Antônio Energia,

se diverte e dá o segredo (pede para não espalhar) de sua

além de organizar cursos de capacitação, como o de pi-

farinha: a mandioca é processada no mesmo dia da colhei-

loto de voadeira, as pequenas embarcações que levam as

ta, e a secagem é um procedimento longo (e paciente).

pessoas de uma margem à outra do Madeira.

A tradição vai continuar, mas a nova geração terá o que

“Alguns colegas têm até ciúme pelo carinho e respeito

escolher, ao contrário de Neuraci. Os olhos do sobrinho

que tenho das pessoas aqui”, diz ele. Foi Flávio, por exem-

Raildo Oliveira, 17 anos, brilham com a movimentação

plo, que conseguiu que o precário posto de saúde da co-

em torno da usina. Ali perto de onde mora, não param

munidade ribeirinha de Cujubin Grande, a 50 km de Porto

de passar os carros de resgate de fauna de uma área que

José Eduardo: Velho, fosse inteiramente reformado. É convidado de hon-

será inundada. “Meu sonho é ser veterinário, quem sabe

ra do Festejo da Padroeira Imaculada Conceição dese Maria, precisam

ganhar um dinheiro a mais.”

Em uma obra desse porte, onde trabalham cerca de 18 mil profissionais e que influencia diretamente a vida de

aprendizados

em agosto. Misto de festa cristã e pagã,converter traz um em rol de eventos capaz de atingir todos os gostos: novenas, bingo, forró, leilão de frango assado, dança do ventre.

mais de 4 mil famílias, certas pessoas têm papel especial

A grande expectativa gira em torno da escolha da Rai-

por sua atuação na comunidade. Uma delas é Flávio Luiz

nha da Festa. As duas candidatas já têm nomes de prince-

Gonçalves dos Santos, 62 anos, e uma vida e tanto para

sas: Ingrydh Nunes Nascimento, 11 anos, e Nicoly Yolanda

contar. “Se fosse escrever um livro, se chamaria Meu Currí-

Almeida, 17. A primeira quer ser pedagoga, pois “ama es-

culo”, brinca o maranhense, dono de uma risada cativante.

tudar”, e a segunda deseja se tornar engenheira florestal,

Flávio é um dos analistas socioambientais da Santo

pois “ama o Rio Madeira”. Amigas, bem amigas, negócios à

Antônio Energia. Trabalhando diretamente com as comu-

parte. “Estou com a fúria para vencer, pois perdi por pouco

nidades, ele é o elo entre a obra e o ser humano. Filho de

no ano passado”, diz Nicoly, olhando com graça para In-

um açougueiro e de uma dona de casa “semianalfabeta”,

grydh, que encerra o papo com um sorriso maroto.

informa

13

o coraçã 14 texto Thaís Reis

fotos Lia Lubango

I

nternacional, diversificada, dinâmica e inovadora. Essas são algumas características atribuídas a Miami pelos integrantes da Odebrecht Estados Unidos, empresa sediada nessa cidade que exala aromas e cores de países do mundo

todo. Os sinais da sua diversidade cultural estão em toda parte, desde placas e outdoors no idioma patois, nas ruas do bairro Little Haiti, até os escritórios de empresas multinacionais no distrito financeiro na área da Brickell Avenue.

Miami é a porta de entrada aos Estados Unidos para quem vem do Caribe e das Américas do Sul e

14

Ampla diversidade cultural entre seus moradores dá a Miami características que a tornam uma das cidades mais cosmopolitas do planeta

Central. Situada no sul do Estado da Flórida, uma

-se, dentro de casa, usando um idioma que não o

região de clima quente e de belas praias, Miami

inglês. “Minha esposa nasceu em Miami, mas seus

tornou-se famosa e procurada por pessoas dos mais

pais são colombianos, assim como eu. Ela gosta de

diversos pontos do planeta. Há uma certa liberalida-

ensinar aos nossos filhos a nossa língua, de trans-

de no ar, costumes diferentes daqueles que predo-

mitir seus conhecimentos sobre a nossa culinária

minam no resto do país, ritmos variados nas rádios e

e de lembrá-los todos os dias de onde eles vêm”,

diversas línguas onde quer que se vá.

diz Jorge Mendoza, 35 anos, Diretor de Contrato

Cerca de metade dos quase 2,5 milhões de habi-

responsável pelo projeto de extensão do sistema de

tantes da área metropolitana de Miami nasceu fora

transporte metroviário da cidade, o Metrorail Air-

dos Estados Unidos, e 70% da população comunica-

portLink.

informa

ção

Quando Jorge se mudou de Cartagena, na Colômbia, para Miami, em 2000, para cursar mestrado, logo se identificou com o clima, as praias e as pessoas que encontrou. Para ele, são muitas as vantagens do convívio em um ambiente tão diversificado. Durante seu primeiro projeto na Odebrecht, a construção do Adrienne Arsht Center for the Performing Arts, ele

da metrópole

dividiu o espaço de trabalho com o indiano Kanwar Lobana, hoje na Libéria, e Gaybei Zreibi, um sírio-antiguano casado com uma venezuelana, atualmente trabalhando em Portugal. Juntos, aprenderam sobre suas respectivas culturas, músicas e religiões e, acima de tudo, a respeitar as diferenças.

O desejo de superar distinções étnicas, com o intuito de lutar por um objetivo único e construir algo juntos, também é salientado por Juan Zheng, 33 anos, como um elemento marcante em sua vivência em Miami. Nascida na Província de Hunan, na China, Acervo Odebrecht

Juan é engenheira de custos no projeto MIA Mover.

Obras na estação de bombeamento e, acima, o Coronel Jeff Bedey: “Ainda não chegamos ao fim do percurso, mas estamos perto”

Ao se mudar para Miami, em 2004, para cursar mestrado, ela gostou imediatamente da mescla cultural da cidade, sobretudo da afetividade e da receptividade da população.

O centro de Miami e Jorge Mendoza: cerca de metade dos 2,5 milhões de habitantes de área metropolitana da cidade nasceu fora dos Estados Unidos

informa

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Alf Neumann, com a camisa da seleção alemã de futebol, e Umut Artuk: mescla de culturas faz com que se sintam em casa

Juan identifica-se com os valores familiares em sua comunidade e com a honestidade e integridade

especiais, para permanecer conectada com suas origens.

das pessoas com as quais convive. Ela diz ainda que

Manter-se ligado às raízes é uma atitude que tam-

o Espírito de Servir também é encontrado além da

bém pode ser facilmente percebida em Umut Artuk,

Odebrecht em Miami, algo especial por se tratar de

32 anos, Responsável por Planejamento no projeto

um conceito profundamente enraizado na sua cultu-

de expansão do Terminal Norte do Aeroporto Inter-

ra. “Na China, acreditamos no princípio de servir ao

nacional de Miami. Umut mudou-se para Miami, da

próximo. Assim como na TEO, devemos ser sempre

sua cidade natal, Ancara, na Turquia, em 2004, para

humildes” diz ela, que faz questão de manter tradi-

finalizar seu doutorado, e, em alguns meses, já havia

ções chinesas, inclusive a comemoração de datas

se adaptado. “Acredito que dois fatores principais me ajudaram: afinidades entre as culturas latina e turca e similaridades entre o estilo de vida americano e o meu estilo de vida em Ancara.” Ele enfatiza que Miami tem boas opções de restaurantes das cozinhas mediterrânea e do Oriente Médio, parecidas com a culinária turca – incluindo os tradicionais chá preto e café turco.

A mescla de culturas em Miami fez Alf Neumann, 40 anos, Responsável por Administração Contratual do projeto MIA Mover, sentir-se em casa e jamais como um estrangeiro ou alguém que não fosse bem-vindo. Alemão da ilha de Ruegen, Alf mudou-se para Miami em 1998, com duas malas na mão e uma carta-convite para estagiar na Odebrecht por seis meses. “Eu estava buscando um desafio. Queria ganhar experiência internacional e provar a mim mesmo que poderia sobreviver e crescer fora da minha zona de conforto.”

Alf, que não deixa de vestir com orgulho a camisa da seleção alemã durante a Copa do Mundo, realça o impacto positivo e gratificante que a vivência em Miami causa em sua vida e na de sua esposa, Ran-

16

informa

di. “A comunidade na qual vivemos é extremamente rica, sempre à procura de novos desafios e se reinventando. É um lugar animado, aberto e convidativo.”

Essa fusão vibrante que Miami oferece aos seus residentes e visitantes é um espelho do chamado

melting pot americano, um termo utilizado para descrever o multiculturalismo do país. “Os Estados Unidos são, às vezes, chamados de ‘Terra das Oportunidades’ e, para mim, isso engloba qualquer objetivo que se tenha em mente”, diz Marjorie Mckenzie, 34 anos, Administradora de Contratos do projeto de expansão do Terminal Norte do Aeroporto Internacional de Miami. “Temos a facilidade de alcançá-los por causa da variedade de instituições acadêmicas, indústrias, empresas e demais organizações aqui presentes. Sempre me admiro com as diversas opções disponíveis para nos destacarmos em qualquer área.”

Marjorie é filha de imigrantes haitianos que se mudaram para os Estados Unidos na década de

Juan Zheng e Marjorie Mckenzie: símbolos do melting pot americano

1970. Nasceu em Waukegan, no Estado de Illinois, e, aos 10 anos, foi para Miami com a família, que

trabalhando juntas no dia a dia –, é fácil encontrar si-

buscava um clima tropical para viver. Ela diz que,

milaridades no meio de tantas diferenças. É surpre-

para contribuir de maneira positiva, tenta aprender

endente descobrir como culturas de distintas partes

palavras nas línguas nativas dos seus colegas de

do mundo podem ter tanto em comum. Alf Neumann

trabalho e amigos, causando sorrisos de espanto.

afirma: “Como seres humanos, todos compartilha-

“Sorrisos são contagiantes! As pessoas se sentem

mos os mesmos sonhos e desejos, independente-

envoltas por uma energia afável e motivadas a cau-

mente da nossa origem”. Mais surpreendente ainda,

sar um impacto similar em suas comunidades.”

e gratificante, é comprovar no cotidiano que grande

Apesar do multiculturalismo dos integrantes da Odebrecht EUA – são pessoas de 28 nacionalidades

parte dessas semelhanças é sintetizada e praticada na Tecnologia Empresarial Odebrecht.

informa

17

brasile texto Eliana Simonetti

18 18

informa

fotos Holanda Cavalcanti

eiros Maria Bernardete Moreira, em Pitanga (BA): “Eu me sinto responsável”

de luta e de fé

C

hegar à comunidade de Abobreira, no município de Teotônio Vilela (AL), é uma aventura. São apenas 12 km a partir da cidade, mas os caminhos tortuosos cortam imensas plantações de

cana-de-açúcar, e o trajeto muda a cada colheita.

No passado, Abobreira ficava em meio à floresta: foi um quilombo resguardado dos colonizadores. No entanto, muitos quilombolas venderam suas terras a fazendeiros. Hoje a paisagem é outra. O acesso,

Em Alagoas, na Bahia e em Sergipe, comunidades vizinhas do etenoduto e da dutovia da Braskem formam um fascinante mosaico de religiosiade, cultura e atividades econômicas

entretanto, continua difícil – para os visitantes e também para os moradores, 37 famílias praticamente isoladas.

Como vivem? Primeiramente, da agricultura de subsistência. Alguns criam galinhas e cabras. Na época da colheita da cana, os adultos buscam oportunidades como trabalhadores temporários. Fora da safra, ficam em suas terras. E se encontram para conversar debaixo de uma mangueira na praça da comunidade. As casas de Abobreira têm televisão, rádio, geladeira, telefone celular; em algumas há motocicletas, em outras, carroças.

Velhos, moços, crianças, não pensam em sair dali. A não ser para buscar assistência médica, vender e comprar produtos, ou ir a uma festa. Sim, porque em Abobreira não há festas. Praticamente não se notam resquícios da cultura do tempo dos quilombos.

Nessa comunidade está em andamento uma experiência. O Instituto Lagoa Viva, apoiado pela Braskem, levou três colmeias de abelhas uruçu, que não picam seus tratadores, para que sejam multiplicadas e tornem-se mais uma fonte de alimento e renda. Ademar Ribeiro, 49 anos, natural de Abobreira, motorista de caminhão e casado com Gislene, ficou com uma dessas colmeias. Hoje possui três. Dividiu a primeira colmeia e comprou uma terceira. Cria codornas, perus, galinhas e tem um moinho de farinha. Até preserva um tantinho de mata natural em seu terreno. “A gente tem de saber viver”, ensina.

informa

19

Em Alagoas, em toda a faixa do etenoduto, ini-

A Braskem aproxima-se das comunidades, for-

ciativas como essas são realizadas com o apoio da

ma parcerias e desenvolve atividades para ampliar

Braskem. Elas incluem ainda ações de reciclagem

o nível de informação das populações que vivem

e a introdução do Programa Quintal Produtivo, que

próximas aos seus dutos de transporte para evitar

incentiva a população a plantar várias espécies, in-

riscos e manter a faixa de servidão dos tubos pre-

clusive aquelas necessárias à produção de mel.

servada, além de apoiar projetos sustentáveis para

Abobreira fica perto de uma das pontas do ete-

o desenvolvimento local.

noduto que leva produtos químicos da Bahia a Alagoas, passando por Sergipe, e atende a unidades da

20

Tradições quilombolas

Braskem. A empresa desenvolve projetos sociais

O povoado de Pitanga de Palmares fica às mar-

em 15 das 56 comunidades vizinhas ao etenoduto

gens da rodovia BA-093, em Simões Filho (BA), na

e nas seis comunidades do entorno da dutovia que

área da dutovia. É também um remanescente de

também transporta seus produtos. Nessa faixa de

quilombo. Ali, onde vivem entre 700 e 800 famílias,

cerca de 475 km de extensão, as populações são

a Braskem trabalha em parceria com o Instituto de

bastante diversas.

Pesquisa e Tecnologia Gerencial Aplicada (IPGA)

Totalmente subterrâneo, o etenoduto transpor-

para desenvolver o projeto Caminhos para a Autos-

ta parte do eteno produzido pela Braskem na Unib

sustentabilidade. As crianças participam de grupos

(Unidade de Petroquímicos Básicos), em Camaçari,

de percussão. Mulheres tomam aulas de artesana-

até as unidades de cloro-soda e PVC em Alagoas. A

to com piaçava. E tradições como a dança de São

dutovia tem aproximadamente 35 km de extensão

Gonçalo e o samba de viola são preservadas com

e leva nafta da Refinaria Landulfo Alves de Matari-

cuidado.

pe (BA) para a Unib, além de transportar parte dos

A líder da associação comunitária, Maria Berna-

produtos da Unib para o Porto de Aratu, também

dete Pacífico Moreira, sempre de túnica e turbante

na Bahia.

de tecido africano, chama crianças nas ruas para

informa

Praça da Mangueira, em Abobreira (AL): ninguém quer deixar a comunidade

ouvir os cantadores e apara arestas no relacio-

Agricultura com toque nipônico

namento das artesãs para que, em conjunto, elas

Ainda na Bahia, 120 famílias vivem na Vila Ita-

apresentem seus produtos nas feiras. “Se a gen-

pecirica, município de Mata de São João, a 56 km

te não luta, perde tudo o que tem, e eu me sinto

de Salvador. São pequenos agricultores familiares.

responsável por preservar nossa história e nossas

Plantam frutas e, no projeto desenvolvido com o

tradições”, diz Bernadete.

apoio da Braskem, estão montando uma fábrica de

Em Pitanga, as aulas de artesanato mudaram a

polpas congeladas. “Vamos agregar 80% de valor ao

vida de uma família em especial. Claudinea Con-

nosso produto. Será um bom investimento”, garan-

ceição dos Santos e Francisco Celestino Purifica-

te Joílton Nunes da Silva, 50 anos.

ção trabalham com piaçava e coco. Deixaram o em-

Em Itapecirica, estabeleceu-se, em 1959, uma

prego para se dedicar exclusivamente à atividade.

colônia de japoneses, a Colônia JK (referência ao

“Ganhamos mais e vivemos melhor, sempre em

Presidente brasileiro Juscelino Kubitschek) resul-

família”, explica Francisco. Quando descobre uma

tante de um acordo feito entre os governos brasi-

técnica nova, o casal logo dá a dica aos outros arte-

leiro e japonês após a Segunda Guerra Mundial.

sãos. “O produto de Pitanga tem de ter boa qualida-

Os japoneses formaram Itapecirica. Quando os

de”, salienta Claudinea.

brasileiros chegaram, receberam forte influência

Há muita história e muitas histórias em Pitanga.

da cultura nipônica. Assim, as hortas dali não são

Dona Maria Linda da Purificação Chaves, 75 anos,

plantadas em canteiros retos, como é comum no

conta seus casos. Vivia em uma casa de pau a pique

Brasil: seguem a curva do terreno e, dessa forma,

com 11 filhos, andava em jangada de pau de ba-

aproveitam melhor a água. Os jardins das casas

naneira. Pescava com rede de arrasto. No quintal,

são bem cuidados e floridos. Descendentes de ja-

criava galinhas e porcos e plantava aipim, batata

poneses ou de brasileiros da gema, todos os jo-

e feijão. O que mudou? Principalmente a moradia,

vens da comunidade estudam, muitos estão em

hoje de alvenaria, com TV e geladeira.

universidades.

informa

21

Da Bahia para Sergipe, onde dois assentamentos são atendidos pelo Instituto de Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar (Idaf), com o Projeto Terra Viva, de assistência técnica rural continuada: o Paulo Freire e o Rosa Luxemburgo. Em comum, ambos têm a característica de que as famílias de moradores vieram do Movimento dos Trabalhadores sem Terra. São comunidades em que predomina a agricultura de subsistência, e cada uma delas tem 24 casas. A distância entre eles é de apenas 3 km. Entretanto, os dois têm também diferenças marcantes.

No Rosa Luxemburgo, as casas foram cons-truídas em torno de uma praça. As pessoas encontram-se o tempo todo. O presidente da associação dos moradores é José Souza Ribeiro, seu Quiquias, ex-tocador de sanfona, ex-pedreiro, que hoje vive da terra. Não tem criança que passe por ele sem pular no seu colo. “Tudo nasce da força de vontade para resolver problemas”, diz.

Família de Jorge Luiz Andrade no Assentamento Paulo Freire (SE): agricultura de subsistência

22

informa

Aula de preparo de tapioca no Assentamento Rosa Luxemburgo (SE): fábrica fornece a padarias, restaurantes e hotéis de Estância, polo turístico do estado

Há uma área agrícola comunitária para o plantio de hortícolas. Os moradores também construíram, em conjunto, uma fábrica artesanal de farinha e um forno de cerâmica. Com o apoio do Terra Viva, as mulheres recebem aulas de culinária: aprendem a fazer beiju, bolos, pé de moleque e outras iguarias e a embalar tudo direitinho, para atrair clientela.

O professor Adelson dos Santos, conhecido por Maduro, vive na cidade de Estância, um polo turístico de Sergipe próximo às duas comunidades. Ele conta que um dia acordou com uma ideia: fazer doces de tapioca. Teimou na cozinha até criar uma nova maneira de fazer o “mal casado”, com tapioca e coco.

Recebeu tantas encomendas que precisou contratar um ajudante, depois outro e mais outro. Hoje tem uma fábrica com 10 empregados e fornece um leque de produtos a padarias, restaurantes e hotéis da cidade.

Procurado pela equipe do Terra Viva, logo aceitou o convite para ensinar no assentamento Rosa Luxemburgo. “Só tenho a ganhar compartilhando o que sei.

E, nas épocas de grande procura, posso vir buscar doces na comunidade para fornecer aos clientes.”

No assentamento Paulo Freire, onde as casas foram construídas em linha reta, em uma única rua, os moradores aprenderam, com a chegada do Terra Viva, a plantar, a colher no tempo certo e a cuidar da irrigação. Como há um açude próximo, todos têm a pesca como alternativa para alimentação.

Exemplo de sucesso é a família de Jorge Luiz e Mariene de Andrade, que trabalham a terra com os dois filhos mais velhos, George e Lucas. Antes de chegar ali, Jorge e Marilene ganhavam a vida enchendo e carregando caixas de laranja. Chegavam em casa tão cansados que sequer conversavam.

Hoje a família é mais unida e conversa enquanto planta verduras e mandioca, sob o olhar atento da jandaia Jubileu. Ninguém pensa em deixar aquele pedaço de chão. “Aqui é só chamar por Deus e ir à luta”, garante Jorge.

O presidente da associação, no Paulo Freire, é José Aguinaldo da Silva, 39 anos. Ele insiste em unir a turma em torno de um projeto: uma horta comunitária irrigada. Pretendia conseguir a adesão de 20 chefes de família, mas, por enquanto, trabalha com cinco. “Não tenho pressa. Quando os resultados começarem a surgir, outros vão se aproximar, e forma-

Maria Linda Chaves, em Pitanga: experimentando uma vida mais confortável dentro de casa

remos uma rede com laços firmes”, diz.

informa

23

entrevista

Delcy: inclus茫o social conjugada com crescimento econ么mico

24

24

informa

andina missão

texto Sonia Donayre foto Sérgio Urbay

T

rabalhar na Odebrecht era uma possibilidade que o paranaense Delcy Machado sequer aventava, pois não tinha nenhuma relação com a empresa.

Mas isso acabou por acontecer em 1995, quando ele ingressou na CBPO. Começou nas obras da

Hidrelétrica de Itá, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, onde encontrou líderes como Sergio Zorzi e Antonio Cardilli. “Foi uma escola incomparável”, diz Delcy. Administrador por formação, ele tinha o sonho de crescer e, quem sabe, um dia morar fora do Brasil. Depois de algumas obras e de um período fora da empresa, desembarcou no Peru no início de 2005. Escalado para integrar a equipe de Daniel Villar, que tentaria conquistar as rodovias Interoceânicas Norte e Sul, ele ficou impressionado com a diversidade cultural do país, com as possibilidades que se mostravam e com a velocidade que os processos ganhavam. Trouxe rapidamente a família e se instalou neste país que lhe reservava oportunidades que ele não imaginava. Os anos de 2005 e 2006 passaram rapidamente e foram marcados pela mobilização e o início da construção da Interoceânica Sul. No fim de 2006, seu líder na época, Sergio Panicali, deu-lhe a notícia de que a empresa queria montar uma estratégia de contribuição social mais estruturada no país e, daquele momento em diante, o assunto “comunidades” nunca mais deixou de ser agenda prioritária para Delcy. O momento, ele considera, é único e motivador no Peru. “Aqui, percebe-se, cada vez mais, a necessidade de que o crescimento da inclusão social ocorra no mesmo ritmo do crescimento econômico”, afirma.

informa

25

Odebrecht Informa – Quando você começou a

Programas Sociais na Área de Sustentabilidade da

atuar com foco no tema sustentabilidade na

Odebrecht [hoje Responsável por Investimentos na

Odebrecht?

Implantação do Polo Agroindustrial de Capanda, em

Delcy Machado – Acredito que todos estão envol-

Angola], e começamos a pensar em como avançar

vidos no assunto de alguma maneira. Assim como

nessa agenda. Com base na Tecnologia Empresa-

toda a Organização já internalizou as práticas de

rial Odebrecht (TEO) e com a inspiração nos pro-

segurança e saúde, a agenda de sustentabilidade

jetos da Fundação Odebrecht no Baixo Sul, cons-

vem para ficar e envolve a todos. Falando da minha

truímos a Iniciativa iSur (www.isur.org.pe), que veio

experiência, vim para o Peru em 2005 trabalhar na

completar o trabalho feito na Interoceanica, dando

proposta e, depois, na construção da Rodovia Intero-

uma visão de desenvolvimento sustentável às co-

ceânica Sul, como Gerente Administrativo. O assunto

munidades locais. A isso, na época, chamamos de

de relações comunitárias se apresentou como uma

Área de Responsabilidade Social. Em 2008, criamos

das grandes concentrações desse projeto. Lidera-

a Associação Odebrecht Peru, para executar proje-

do por Daniel Villar, tive a missão de, juntamente

tos sociais e ser agente recebedor de cooperação

com Richard Díaz, fa-

técnica internacional,

zer a primeira viagem

como as do BID (Ban-

depois de assinado o contrato da concessão e, parando em cada um dos povoados ao longo da via, contar a todos como faríamos

as

coisas

nessa megaobra.

A

Interoceânica foi uma grande oportunidade, pois ali se juntaram dois fatores importantíssimos para a ação:

“Nas regiões andinas, está nas mãos da comunidade a decisão de permitir a permanência ou não, entre eles, de um determinado ator externo”

o desafio de construir

co

Interamericano

de

Desenvolvimento)

e da CAF (Banco de Desenvolvimento

da

América Latina). Em 2011, fomos uma das 13 empresas no país a receber o distintivo de Empresa

Socialmen-

te Responsável, atribuído pela Associação Peru2021 de Responsabilidade Social, que avalia o desempenho

700 km de rodovia em

não apenas com as

quatro anos e a decisão de fazer isso com os atores

comunidades, mas com todos os seus atores de in-

locais. De lá para cá, estamos aprendendo cada vez

teresse.

mais e tratando de ampliar a aplicação dos conceitos de maximização de benefícios dos projetos.

OI – Quais os princípios do relacionamento construtivo com as comunidades peruanas?

26

OI – O Peru foi um dos primeiros países da Or-

Delcy – No Peru, as comunidades da área de influ-

ganização a estruturar uma área específica de

ência de um projeto poderão, ou não, ser um aliado

Responsabilidade Social, em 2007. Como foi

poderoso. Nas regiões andinas, está nas mãos da

isso?

comunidade a decisão de permitir a permanência

Delcy – No final de 2006, o Diretor-Superinten-

ou não, entre eles, de um determinado ator externo.

dente Jorge Barata convocou-me para trabalhar

Isso é muito forte e os casos de projetos parados por

no desenvolvimento de um projeto que possibili-

falta de um “acordo social” são muitos, sobretudo

tasse dar uma contribuição mais estruturada às

projetos mineiros. Desde a etapa de planejamento,

comunidades dos projetos da Odebrecht no Peru.

engenharia e orçamento, a equipe do projeto deve

Convocamos o Felipe Cruz, então Responsável por

pensar em como fazer esse acordo e isso, invaria-

informa informa

velmente, passa por disciplina, respeito e confiança.

to ocorra de maneira adequada. A correlação entre

Mais do que nunca, é necessário estabelecer uma

boa gestão pública e populações com bons índices

relação, por meio do cumprimento estrito dos com-

de desenvolvimento humano é alta. Quanto melhor

promissos assumidos e de uma comunicação trans-

a gestão pública, maior a possibilidade de que os

parente e honesta. Assim conduzimos vários proje-

atores locais se desenvolvam. No Peru, vem sendo

tos e evitamos qualquer tipo de conflito em nosso

fundamental envolver o Estado, sobretudo no nível

trabalho no país.

estadual e municipal, nos processos que envolvem as comunidades, pois é dele a obrigação de fornecer serviços básicos dignos. Na Interoceânica

OI – E quais são as linhas de execução dos pro-

Norte, estamos fazendo um trabalho voltado para

jetos sociais da Odebrecht no Peru??

a educação com a Associação Empresários pela

Delcy – A presença de um grande projeto em uma

Educação e estamos tendo muita interação com os

determinada região causa enorme expectativa. O

governos locais para garantir a sustentabilidade

Peru ainda é um país com muitas demandas so-

das ações no futuro.

ciais insatisfeitas e com grande potencial de recursos humanos e naturais. Nesse contexto, o empresário-parceiro deve diagnosticar seu âmbito de atuação, mapear os atores e definir qual o alcance da contribuição que seu projeto poderá dar à população. As boas práticas que motivamos no Peru vão desde a contrata-

OI – O que você des-

“A correlação entre

taca da sua experiência direta com co-

boa gestão pública

munidades?

e populações com

versidade cultural é tão

bons índices de

perde entre costumes

Delcy – No Peru, a digrande que a gente se

desenvolvimento

e tradições e tem que

humano é alta”

isso e estar atento, pois

aprender a respeitar as oportunidades no

ção e o treinamento de

país são muitas para

pessoas locais para o

a nossa empresa, mas

trabalho, utilizando a

devem ser oportunida-

versão castelhana do

des inclusivas. Na Inte-

Programa Acreditar (o Creer), até o desenvolvimento

roceânica Sul, aprendi que as comunidades andinas

de cadeias produtivas locais, com assistência técni-

têm seus líderes definidos e, ainda assim, tomam as

ca para a formação de associações de produtores e

decisões importantes em assembleias gerais, que

empresas. Existem também os empresários que se

envolvem a todos. Uma vez, fiz um acordo com o pre-

inclinam a trabalhar com assuntos relacionados à

sidente de uma comunidade para usar determina-

saúde e educação e, nesses casos, buscamos que

do espaço para um desvio de serviço necessário ao

as ações sejam perpetuadas através do Estado, que

andamento da obra. Mesmo fazendo tudo conforme

deve estar envolvido sempre.

mandava a cartilha da época, aprendi que esse tipo de decisão tem que ser tomada em conjunto. Tive que renegociar, dessa vez na presença de mais de

OI – Qual é, exatamente, o papel do Estado nes-

40 comuneros, e explicar tudo com um tradutor de

sa relação?

quéchua ao lado. Foi muito gratificante, porque era

Delcy – O Estado, nos seus diferentes níveis, é

apenas o começo da minha missão andina e, por-

o ente regulador das atividades no território. Ele

tanto, a hora certa de aprender como funcionam as

deve criar as condições para que o desenvolvimen-

coisas na prática.

informa

27

Integrante da etnia Kuna Yala: presença marcante em Curundú

fut texto Alberto Gualde fotos Jeff Maia

28 28

informa

uturo tecendo o

N

Com seus artesãos, artistas, desportistas e trabalhadores da construção, a comunidade de Curundú transforma esperança e trabalho em uma vida melhor

ão se conhece exatamente a origem

Nesse contexto, um dos trabalhos mais impor-

da palavra Curundú, mas o que fica

tantes realizados em Curundú é o que visa a rein-

evidente é que suas três sílabas, do-

tegrar delinquentes à sociedade, liderado por pas-

nas de grande sonoridade musical,

tores evangélicos no próprio bairro e dentro das

remetem à violência e à pobreza que

prisões – um trabalho com o qual eles ganharam a

afligem esse bairro popular da capital panamenha.

confiança e o respeito da comunidade. As conversas

Curundú é uma das favelas mais problemáticas da

constantes, os retiros espirituais e as orientações

Cidade do Panamá. Padece de condições de vida

em grupo contribuíram para manter a coesão social

muito precárias, mas, ao mesmo tempo, é um dos

e a esperança de ver dias melhores no bairro. Essa

espaços mais festivos da cidade. Em qualquer canto

tarefa também tem sido realizada pelas equipes

desse comovente lugar, composto de um apertado

da Odebrecht no projeto que executam para o Mi-

labirinto de vielas e de precárias casas de madeira,

nistério da Habitação e do Ordenamento Territorial

pode aflorar uma festa no momento menos espera-

(Miviot) e que tem a participação de moradores de

do. Em Curundú a vida é celebrada, não importa o

Curundú que passaram ou passam por esse pro-

quão frágil ela possa ser.

cesso de reintegração social.

Um exemplo disso foram as comemorações organizadas, há poucos meses, pela própria comuni-

Uma história de zinco e madeira

dade, para celebrar o dia da etnia emberá-wouna-

A origem da favela remonta a 1920. Ela nasceu

an, com um festival musical e esportivo, mostras de

da necessidade de moradia para os operários an-

comidas típicas e de danças indígenas, bem como

tilhanos que tinham trabalhado na construção do

as festividades desenvolvidas pelos congos – a Tem-

Canal. A partir de 1945 começou a multiplicação

porada Congo –, que duram um mês e terminam na

das frágeis habitações e, então, Curundú adquiriu

quarta-feira de cinzas.

sua identidade. Um remoto censo, feito em 1958,

Embora a violência esteja presente no dia a dia da comunidade, seus habitantes também sabem

indicou que Curundú tinha 615 moradias e 2.472 habitantes.

se organizar contra ela. Grupos civis e religiosos

Entre 1960 e 1970, o número de habitantes tri-

realizam esforços constantes e perseverantes para

plicou, atingindo uma das mais altas densidades

combatê-la. Recentemente foi organizada uma

populacionais no Panamá. Em 17 de novembro de

marcha de jovens contra a violência, que ao desfilar

1971, foi criado o Acordo Municipal que deu origem

por todo o bairro, foi somando adeptos a cada pas-

à Corregedoria, atualmente habitada por cerca de 20

so. Foi uma marcha atípica para Curundú, pois não

mil pessoas de etnias mais variadas e que compõem

tinha música nem gente dançando nem ambiente

uma particular mistura de culturas.

festivo. Apoiada por muitas presenças silenciosas,

chegam a Curundú de todos os cantos. Elas vieram e

a marcha foi uma maneira de protestar diante da

vêm de províncias tão diferentes como Coclé, Colón,

instabilidade nascida com o bairro e, ao mesmo

Los Santos, Darién e da Comarca Kuna Yala.

tempo, de reforçar o poderoso espírito comunitário que dá alento a Curundú.

As pessoas

Um grupo que se destaca pela sua força cultural são os congos, originários da costa atlântica pana-

informa

29

virar curundenho. Além disso, no beisebol, os representantes de Curundú são habituais campeões em torneios metropolitanos nas suas diferentes categorias.

A inclusão da comunidade O projeto de renovação urbana, realizado pela Odebrecht para o Miviot, abre um amplo leque de esperanças para muitos moradores de Curundú.

Julio Lopes Ramos, Diretor de Contrato da Odebrecht, descreve: “O Projeto de Renovação Urbana Curundú é muito mais que uma obra de edificação; é um projeto de vida, no qual a intervenção social valoriza o talento e a capacidade empreendedora dos curundenhos”. Para eles, é o primeiro passo no caminho de uma transformação profunda do bairro.

Os novos prédios substituirão os barracos construídos em palafitas sobre terras continuamente inundadas pelo Rio Curundú e beneficiarão mais de mil famílias, que pagarão apenas uma parcela mínima para tornarem-se proprietárias.

Moradora de Curundú em uma das festas tradicionais do bairro e, na página ao lado, integrante da comunidade contratada para as obras do Projeto de Renovação Urbana: conquista da cidadania

A chave desse projeto, entretanto, são os ajustes realizados para incluir socialmente o curundenho no processo de desenvolvimento do país e atender às necessidades da comunidade. Uma das estraté-

menha. Há anos que em Curundú opera uma ativa e

gias aplicadas pela Odebrecht tem sido a contrata-

vivaz comunidade de congos urbanos que transmi-

ção de trabalhadores locais, que, hoje, representam

te seus ritos ancestrais, suas danças e canções de

80% do efetivo total. Ao se perceber que a maioria

modo regular, no local que eles chamam de palen-

não tinha experiência na construção civil, foi neces-

que (quilombo), um território habitado por negros

sária a implantação de programas de capacitação e

coloniais libertos da escravidão.

a implantação de uma metodologia executiva para

No bairro, predomina o comércio informal. Nos

30

se adequar a essa realidade.

intermináveis labirintos de ruelas vendem-se la-

Por isso, foi implementado o uso de fôrmas de

ranjas, broas de milho, peixe frito e os tradicionais

alumínio para a construção de paredes e lousas de

bollos de Curundú (pamonhas salgadas), conhe-

concreto armado, em vez dos habituais blocos de

cidos e apreciados em toda a cidade. Existe um

cimento, pilares e vigas. Esse processo facilitou a

número crescente de pessoas formadas nas uni-

participação dos curundenhos nas tarefas de cons-

versidades que pertencem à nova geração e que re-

trução de suas próprias casas. A ideia central, por

presentam em torno de 10% da população do bair-

trás dessa estratégia, foi dar oportunidades de tra-

ro. Alguns foram contratados pela Odebrecht para

balho aos habitantes de Curundú, sem exigência do

colocar seus conhecimentos a serviço da própria

atestado de antecedentes criminais aos aspirantes,

comunidade.

como forma de romper o círculo vicioso de exclu-

O esporte é outro símbolo da cultura de Curun-

são dos curundenhos no mercado de trabalho pa-

dú. O ginásio de boxe leva o nome de Pedro “O Ro-

namenho. Cada pessoa passará a ter um registro

queiro” Alcázar, um ex-campeão mundial de boxe

de trabalho na construção civil que lhe possibilitará

falecido em plena juventude que, como muitos

acesso a oportunidades em outros projetos futuros

moradores do bairro, nasceu em Darién, para logo

e continuar inserido no mercado profissional. Da

informa

mesma forma, a Odebrecht coordenou, com outras empresas, a criação de um Banco de Empregos com dados dos trabalhadores curundenhos, de modo que eles possam aspirar a novas oportunidades de trabalho, não apenas na área da construção, mas também na de serviços.

A madre Mariela Calderón Macias, Diretora da Escola Marie Poussepin, em Curundú, afirma: “Estou muito confiante e tenho grandes expectativas em relação a esse projeto, pelas mudanças que ele está possibilitando. Existe agora a esperança de algo novo e de que tenhamos um Curundú melhor.

Estamos a caminho de uma nova cultura cidadã.

Mas tem de ser um trabalho de todos”.

“O Projeto de Renovação Urbana Curundú é muito mais que uma obra de edificação; é um projeto de vida” Julio Lopes Ramos

informa

31

A grande festa da

tradição

32 32

informa

ClĂĄudia Santos no centro cultural: mantendo vivo o sonho do pai

No caminho da Ferrovia Carajás, uma visita a comunidades em que as manifestações culturais sobrevivem e encantam texto Luiz Carlos Ramos fotos Guilherme Afonso

A

Estrada de Ferro Carajás, pela qual trafega o maior trem do mundo – de três locomotivas, 330 vagões para transporte de minério de ferro e 3 km de comprimento –, iniciou novo ciclo:

José Ribamar Coelho, o Saci: cantor, bailarino, ator e orgulhoso morador da capital maranhense

o da expansão. Unindo o sudeste do Pará ao litoral do Maranhão em sua extensão total de 892 km, a linha férrea de Carajás exerce papel expressivo na economia brasileira desde sua inauguração, há 26 anos.

Odebrecht Informa esteve nas áreas onde ocor-

Além da carga extraída da Serra dos Carajás, em

rem as obras. Viu muito trabalho sendo executado

parte exportada, passa por ali um trem menor, de 20

em um ambiente no qual as manifestações artísticas

vagões, para passageiros, três dias por semana, em

e culturais da população são uma marca registrada

cada sentido.

e admirável.

O cenário transforma-se a cada hora no percurso,

O roteiro começou onde chega o minério de Ca-

o que permite o vislumbre de palmeiras, florestas,

rajás: a região metropolitana de São Luís, de 1,4

rios, vilas, cidades e gente. Sim: gente. O trem valo-

milhão de habitantes. A cada duas ou três horas,

riza a natureza, a história e a vida. A Odebrecht Infra-

um novo trem leva a carga para processamento in-

estrutura está lá, em aliança com a Vale, operadora

dustrial na usina de pelotização da Vale, próximo

da ferrovia e das minas, com a missão de executar as

aos portos de Itaqui e Ponta da Madeira, onde na-

obras de expansão, que em três anos duplicarão al-

vios esperam a vez.

guns trechos, ampliando a capacidade de transporte

São Luís, a única cidade do Brasil fundada por

para responder ao aumento da produção de minério

franceses, nasceu em 1612. Os portugueses tenta-

e ao crescimento da demanda mundial de ferro.

vam consolidar o domínio de todo o Nordeste, mas,

Lojas no Centro Histórico de São Luís: a única cidade brasileira fundada por franceses

informa

33

Antonio Carlos Ribeiro, o Pelé: “Esta cidade já melhorou e vai melhorar mais”

ali, foram surpreendidos pela invasão francesa co-

ção de milhares de pessoas fantasiadas. No bair-

mandada por Daniel de La Touche, Senhor de La Ra-

ro da Liberdade, de 30 mil habitantes – a maioria,

vardière, que, em nome do rei Luís XIII, estabeleceu a

descendente de escravos –, Cláudia Regina Avelar

vila de São Luís. Os franceses foram expulsos pelos

Santos mantém vivo o sonho de seu pai, Mestre

portugueses em 1615.

Leonardo, falecido em 2004: um centro cultural de

José de Ribamar Coelho, o Saci, cantor e bailari-

Boi de Zabumba e de Tambor de Crioula, de raízes

no, artista do Teatro de Bonecos, em um casarão do

maranhenses. “Desde 1956, produzimos e guarda-

Beco dos Catraieiros, proclama: “São Luís é única”.

mos as fantasias, fitas coloridas e miçangas usadas

E explica: “Conheci muitas cidades. Temos ações

nas festas”, conta Cláudia Regina.

culturais, como bumba-meu-boi e teatros”.

São Luís é também reduto do ritmo jamaicano

O coordenador do Teatro de Bonecos, o músico e

reggae e de blocos de Carnaval, como o Libertos

escritor José Maria Medeiros, no projeto há 21 anos,

da Noite, de Álvaro José, o Neto de Nanã, e da atriz

conta: “Às quintas-feiras, temos aqui diante do ca-

Elizandra Rocha. Até crianças aderem ao ritmo, to-

sarão os espetáculos de música e teatro típicos do

cando tambor. “Temos arte e força espiritual”, diz

Maranhão. As pessoas vão chegando”.

Elizandra.

Carlos Henrique Lopes Lobo, maranhense, 36

O trem da Vale segue de São Luís rumo ao sul.

anos, técnico de segurança do trabalho da Odebre-

Uma das paradas é em Bom Jesus das Selvas, de

cht em São Luís, passeia pelo centro velho, conhe-

25 mil habitantes, área de um dos canteiros da Ode-

cido como Praia Grande, e destaca os mais de mil

brecht para expandir a ferrovia. Alexandre Andrade,

edifícios centenários, muitos com azulejos. “Esta é

Gerente Administrativo, descreve o desafio de pro-

a Ilha do Amor, Patrimônio Cultural da Humanida-

mover a integração entre os trabalhadores vindos de

de.” Um deles é o Palácio dos Leões, de mais de 300

várias regiões para a obra recém-iniciada. “Implan-

anos, sede do Governo do Maranhão. A Prefeitura

tamos aqui o Programa Acreditar [Programa de Qua-

funciona no Palácio de La Ravardière.

lificação Profissional Continuada – Acreditar]. Nossa maior satisfação é o sorriso de quem se forma.”

“Temos arte e força espiritual”

34

Um dos donos desses sorrisos é Eudes Dutra

O bumba-meu-boi avança pelas ruas nas festas

da Silva, 19 anos, de Bom Jesus. Ele fez o curso de

de São João, em junho e julho. Essa manifestação

armador de ferragem no Acreditar e já está traba-

popular de origem afro-indígena tem a participa-

lhando. “Essa obra chegou para melhorar a região”,

informa

comenta Eudes, também titular do time de futebol

mil habitantes, é empolgante – com a ponte rodofer-

do canteiro.

roviária sobre o Rio Tocantins, um dos maiores do Brasil. O vocábulo indígena Marabá, de um poema de

Chegando à Amazônia

Gonçalves Dias, indica as raízes da região. Avenidas

O líder comunitário Antonio Carlos Ribeiro, o

e modernos prédios convivem com migrantes de vá-

Pelé, maranhense de Caxias, mantém, com seus

rios estados e com índios. Nos restaurantes, índios

cinco filhos, um pequeno armazém. “Esta cidade já

batem papo em sua língua, comem peixada e pagam

melhorou e vai melhorar mais”, garante. Maria Alice

a conta com cartão de crédito.

Araújo concorda e diz que cresceu o movimento de

De madrugada, os pescadores Edson Cardoso e

sua sorveteria, ao lado de uma escola pública: “Além

Lúcio Machado saem da canoa Diamante Negro ale-

das crianças, estão vindo adultos, e isso é resultado

gres com a produção do dia. “Não vejo nada melhor

da obra.”

do que Marabá e o Tocantins”, diz Edson.

A secretária municipal de Assistência Social de

Parauapebas é a estação final do trem de passa-

Bom Jesus, Irene de Oliveira Almeida, afirma: “As

geiros. Já o de carga prolonga a viagem até Carajás,

obras proporcionam oportunidades de trabalho e

área das enormes jazidas de ferro. Em 2014, ano da

garantem à cidade mais qualidade de vida.”

Copa do Mundo, o longo trem terá ampliado ainda

Depois de passar por Açailândia, o trem entra na Amazônia, no Pará. E a chegada a Marabá, de 240

mais o seu poder, em um dos rincões brasileiros campeões em arte e cultura.

Edson Cardoso mostra o resultado de seu trabalho: “Não vejo nada melhor que Marabá e o Rio Tocantins” informa

35

O SOM DA San Agustín, em Caracas, comunidade que recebeu o Metrocable, tem na música um instrumento de inclusão social texto Cláudio Lovato Filho fotos Andrés Manner

Luis Bolívar e seus alunos: levando adiante a cultura musicial de San Agustín

36

36

informa

cidadania

informa

37

A

í vem a pequena Joselín Mendoza, só sorrisos e braços abertos e pés como se flutuassem sobre o asfalto. Ela tem 6 anos. Corre eufórica em frente à sua casa no barrio de San Agustín. Ela se

aproxima de nossa equipe e apresenta seu irmão, Jeyson, de 1 ano. Jury, a mãe, apenas observa, da porta de casa. A rua estreita onde fica a casa de Joselín, de Jeyson, de Jury e de seu marido, José, e todas as outras ruelas do lugar têm grafites por todo o canto – nas paredes, nos muros, no chão, nas fachadas dos pequenos bares e armazéns. Os grafites falam da arte, sobretudo

A pequena Joselín com amigos e familiares: alegria e esperança nas ruas estreitas de San Agustín

a música, que é produzida em San Agustín, uma comu-

38

nidade (em espanhol, na descrição fatalista e frequen-

Agustín. Mais um pouco e junta-se a nós o professor Luis

temente orgulhosa de seus moradores, um barrio; uma

Bolívar, percussionista que transmite seu conhecimen-

favela, em bom português) situada na paróquia de San

to às crianças do barrio em oficinas que fazem parte do

Agustín del Sur, no município Libertador, um dos que

programa Juntos Construímos Valores, um dos que são

formam Caracas. San Agustín já deu ao país muitos mú-

apoiados pela Odebrecht. O professor Bolívar conta que

sicos que ficaram famosos e se tornaram heróis da co-

está formando um conjunto com integrantes da empre-

munidade, do barrio, da favela. Pergunte a Joselín sobre

sa. Ele ensina música folclórica tradicional venezuelana,

as famílias Quintero, Palacios, Bolívar, Rengifo, Paredes,

afrolatina e salsa.

Blanco, e ela, talvez com uma pequena ajuda da mãe,

Nascido ali, membro de uma família de cantores e

vai lhe dizer quais são seus integrantes mais famosos e

instrumentistas, deficiente visual, Luis Bolívar tenta aju-

seus maiores sucessos.

dar a levar adiante a cultura musical de San Agustín, ini-

“San Agustín tem uma identidade cultural muito for-

ciada com os trabalhadores que, no início do século 20,

te”, diz o psicólogo social Fernando Giuliani, há três anos

chegaram à região vindos da costa caribenha, na parte

trabalhando no barrio. Ele apoia a atuação da Odebrecht

oriental do país – detentora de uma rica tradição mu-

em San Agustín. A empresa foi responsável pela implan-

sical – para participar de seu processo de urbanização.

tação do Metrocable, um sistema de teleférico com 2 km

Bolívar quer formar músicos, torná-los conhecidos na

de extensão, conectado ao Sistema de Metrô de Caracas

cidade e no país. “Além da percussão, também vamos

e composto de cinco estações e 54 cabinas (cada uma

ensinando um pouco de canto e de instrumentos de cor-

com capacidade para oito pessoas). Esse meio de trans-

das... Nas oficinas, as crianças aprendem a tocar e tam-

porte não convencional, inaugurado em 2010, beneficia

bém recebem material didático de educação musical.” A

todos os setores da comunidade, onde vivem 46 mil pes-

construção do Metrocable tem possibilitado a chegada

soas. “Na história de San Agustín, além da produção de

de investimentos para a realização das oficinas. “A cul-

arte, destacam-se as lutas políticas movidas pelos ideais

tura não quer subir escadas”, ele diz, usando a metáfo-

esquerdistas, sobretudo nos anos 1960. As pessoas aqui

ra para enfatizar a histórica escassez de investimentos

têm forte sentimento de pertencimento. O Metrocable

para o desenvolvimento da arte e dos artistas do barrio.

pode gerar orgulho entre os moradores e elevar sua

Maria Eugenia Ramirez entra na conversa para falar

autoestima ao afirmar-se como símbolo de acesso e de

de um dos principais projetos na esteira da implantação

integração, como um fator de articulação social”, argu-

do Metrocable, o qual contribuirá para que a música e os

menta Fernando.

músicos da comunidade fiquem mais conhecidos: a Rota

Estamos caminhando pelas ruas de San Agustín,

Turística Metrocable San Agustín, cujo desenvolvimento

acompanhados por Fernando, e encontramos Daniel

está a cargo do Grupo de Apoio Comunitário (GAC), em

Sosa e Maria Eugenia Ramirez, líderes na comunidade.

conjunto com a Cooperativa Sembrando Huellas, inicia-

Sentamo-nos todos para conversar em frente à casa de

tivas de responsabilidade social que têm participação

Ricarda Liendo, cuja avó, Francisca, ajudou a fundar San

da Odebrecht. O GAC é encarregado da Agenda de Sus-

informa

Metrocable: elemento de integração de San Agustín à cidade

tentabilidade do Metrocable. Com a instalação da Rota Turística, pessoas de fora da comunidade poderão fazer visitas, comprar artesanato de couro, degustar pratos da culinária criolla e desfrutar da música feita ali. “Temos que nos unificar”, diz Maria Eugenia, olhos no horizonte, na direção dos arranha-céus do centro de Caracas. “Somos uma só cidade.”

“Gente que nunca vinha aqui, agora vem” Um dos maiores ícones culturais de San Agustín é o Grupo Madera, nascido em 1977. Sua música, no estilo tradicional venezuelano, era, sobretudo, de protesto: suas letras faziam denúncia social e pregavam a resistência cultural. O Grupo Madera fez música e fez história. Em 15 de agosto de 1980, 11 de seus 18 integrantes morerram em um acidente durante um passeio de barco no Rio Orinoco. Em San Agustín, todos os conhecem e idolatram. Eram heróis nascidos em um tipo de lugar onde nascem os heróis da vida real.

Cipriano Rodríguez lembra-se deles e de outros. Ele mora em San Agustín del Sur desde os 8 anos, em uma das várias “passagens arquitetônicas” transversais à Avenida Leonardo Ruiz Pinera, a principal da região, na divisa entre o barrio e a parte sul da paróquia. Chegou ali no fim dos anos 50. “Passagens arquitetônicas” são o que os moradores do Rio de Janeiro, por exemplo, chamam de “vilas” – várias casas iguais, de ambos os lados da via, formando um corredor. Profundo conhecedor da história do lugar, Cipriano trabalha na Biblioteca Pública Leonardo Ruiz Pineda. “Hoje as pessoas se comunicam menos”, ele diz. O Metrocable, em sua opinião, pode trazer novos e melhores tempos. “As pessoas de fora têm curiosidade em relação a ele. É um bom meio de transporte para os moradores e melhora a integração com a cidade”, ele diz. É fim de tarde. Lá no alto do morro, no coração do

barrio, um tanto distante da biblioteca onde conversamos, a pequena Joselín, seu irmão Jeyson e sua mãe Jury, Dona Ricarda Liendo, o professor Luis Bolívar e seus alunos de música, a líder comunitária Maria Eugenia e todos os outros seguem fazendo sua parte para levar adiante a história e preparar o futuro de San Agustín. É possível que tenham cada vez mais companhia. “Gente que nunca vinha aqui, agora vem”, diz o líder Daniel Sosa. As palavras de Maria Eugenia, ditas pela manhã, ainda estão muito vivas para todos os que as ouviram: “uma só cidade”.

informa

39

Nova Alvorada do Sul: vencendo limites estruturais

Estamos

jun

Chegada da ETH traz novas perspectivas para jovens municípios do interior do Brasil. É uma relação de parceria pelo desenvolvimento

40

40

informa

“A

ndar pela ETH é como andar em Alto Taquari: todo mundo se conhece.”

Quem faz a comparação é o Prefeito do pequeno município matogrossense, Maurício Joel de Sá. Ele explica:

Alto Taquari tem 8 mil habitantes, dos quais 1.600 são integrantes da unidade produtora de etanol e energia elétrica da ETH Bioenergia ali instalada. Distante quase 500 km de Cuiabá, Alto Taquari é uma cidade jovem.

Formada em sua maioria por migrantes mineiros, paranaenses e gaúchos, conquistou sua emancipação em 1986. Em poucos anos, a vocação agrícola tornou-a grande produtora de grãos, e Alto Taquari conquistou a primeira base para sustentar seu crescimento: a chegada de um terminal ferroviário. A segunda, conta o prefeito, foi o início das operações da Unidade Alto Taquari da ETH, em 2010.

Alto Taquari é uma das 10 comunidades que interagem diretamente com as nove unidades da ETH, sete em operação e duas em implantação, nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Em

untos!

julho, mês em que a empresa completou quatro anos de atividades, somava 15 mil integrantes. Nesse contexto, a ETH passa a ser um ator importante no desenvolvimento dos municípios.

texto Guilherme Oliveira fotos Geraldo Pestalozzi

Maurício Joel de Sá conta que, no início da implan-

tação da unidade, a população temia um crescimento desenfreado e que uma migração em massa abalasse a cidade. “A missão da Prefeitura é gerar emprego e renda, e sabíamos que a produção de etanol ajudaria bastante nesse aspecto. O grande benefício e alívio foi a forma de trabalhar que a ETH trouxe, com um diálogo aberto, contratando trabalhadores locais e respeitando as características do município.” informa

41

Localização privilegiada

senvolvimento constantes que não existia antes. Da

Nova Alvorada do Sul (MS), assim como Alto Ta-

noite para o dia, grande parte da população está de

quari, é uma cidade jovem. Antes distrito do vizi-

volta aos estudos, buscando uma oportunidade na

nho Rio Brilhante, conquistou o status de município

unidade da ETH ou se qualificando para conquistar

apenas em 1991. O centro da cidade nasceu em tor-

um cargo mais alto. Isso transforma uma cidade.”

no da BR-163 e encontrou seu limite no trevo que dá acesso ao Estado de São Paulo e ao município

42

Respeito às pessoas e ao meio ambiente

de Dourados, um dos mais importantes do Mato

Na opinião do Prefeito Maurício, a principal con-

Grosso do Sul. Assim, Nova Alvorada sempre con-

tribuição para Alto Taquari foi a forma de tratar

tou com o trunfo da posição geográfica privilegiada,

questões trabalhistas e ambientais. “O trabalho re-

mas ainda encontrava limites estruturais que frea-

alizado pela ETH rapidamente se transformou em

vam seu crescimento.

exemplo para as outras empresas da região, que se

Segundo Carmen Marques, Supervisora Pedagó-

espelham e aprendem a valorizar uma atuação se-

gica do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

gura, com respeito às pessoas e ao meio ambiente.”

(Senai) de Nova Alvorada do Sul, o cenário começou

Cada um dos cinco polos produtivos da ETH atua

a mudar a partir de 2008, com a implantação da Uni-

de forma descentralizada e cabe às equipes de cada

dade Santa Luzia da ETH. “Em cidades pequenas, um

um deles interagirem com as comunidades. Essa

empreendimento desse porte faz muito mais que pro-

forma de gestão, somada ao envolvimento da popu-

duzir. Além da geração de oportunidades de trabalho

lação local, é a fórmula para que a relação com os

e do fomento do desenvolvimento econômico, as uni-

municípios seja única e personalizada.

dades passam a colaborar em outros aspectos, como

“É assim que a ETH e as comunidades crescem

saúde e educação. Percebe-se que a rotina desses

junto”, conta Aniele Salomão Alves. Aos 23 anos, a

ambientes é rapidamente alterada.”

integrante da área de Pessoas & Organização da

Carmen observa que o grande diferencial foi o

Unidade Santa Luzia tem propriedade para falar do

volume de cursos de capacitação oferecido pela

município onde passou sua infância e adolescência.

empresa aos integrantes e abertos à comunidade.

“Sempre foi um lugar muito simples e tranquilo,

“A intensa demanda por trabalhadores qualificados

com poucas ruas asfaltadas, praticamente uma

ajudou a trazer uma unidade do Senai, e o calendá-

vila. E, hoje, vemos que a cidade mudou muito, está

rio de cursos criou um clima de aprendizado e de-

em pleno crescimento”, ela afirma.

informa

Cultivo mecanizado da cana-de-açúcar e, na foto abaixo, Aniele Alves: ETH e comunidades crescendo junto

Aniele orgulha-se de trabalhar no município onde cresceu e, com os olhos de cidadã e integrante, enxerga uma parceria de sucesso entre a empresa e a comunidade. “Você consegue imaginar uma empresa que chega a um lugar e começa a anunciar cursos gratuitos? A ETH virou a cidade de ponta-cabeça, e hoje todos têm outra visão sobre Nova Alvorada do Sul. O único problema com o crescimento é que não dá mais para conhecer todo mundo”, brinca.

O Prefeito Maurício comemora a parceria, com o pensamento no futuro. “Deixamos de ser produtores agrícolas e passamos a ser um polo industrial. É um grande marco. Nosso gargalo para receber novas indústrias era garantir o fornecimento de energia elétrica, e hoje temos a ETH com suas caldeiras para apoiar esse desenvolvimento. O grande número de profissionais qualificados em diversas áreas que vieram para a cidade também faz elevar o nível profissional, e isso terá reflexo muito positivo nos próximos anos.”

Os jovens municípios crescem e percebem as transformações. A abertura de novas lojas, hotéis e restaurantes sinaliza que as comunidades passaram a ter acesso a bens que antes não estavam disponíveis. Por onde se passa, notam-se pessoas vestidas com o uniforme azul das unidades da ETH. “A empresa já tem seu papel na história de nossa cidade, e esperamos que ele só aumente. O que sempre digo à população é que a ETH é nossa”, conclui Maurício Joel de Sá.

informa

43

memória

arequ Para você,

44 “C

onstruir uma Central Hidrelétrica no

(...)A Odebrecht está recrutando a quase totalida-

Peru, com 95% de suas obras subter-

de da mão-de-obra no Peru. Uma pequena equipe de

râneas, em uma região da Cordilheira

cerca de duas dezenas de brasileiros é responsável

dos Andes sujeita a abalos sísmicos

pela gerência técnica e administrativa, participando

que chegam a repetir-se 50 vezes

diretamente da execução da obra e da implantação da

num único dia....

44

política organizacional da empresa.”

Ter de perfurar mais de 13 quilômetros de túneis e

Foi assim que a edição de janeiro de 1980 de

galerias nas encostas do vulcão Misti (...) trabalhando

Odebrecht Informa relatou os movimentos iniciais da-

em meio a temperaturas elevadíssimas e emanações

quela que foi a primeira obra conquistada pela Orga-

de gases venenosos e água quente....

nização no exterior.

Encontrar, antes, soluções para os problemas lo-

Entre os peruanos contratados, estava Augusto

gísticos, uma vez que os trabalhos são desenvolvidos

Sanches Guillén. Professor de Ciências Sociais e

entre 3.000 e 4.000 metros de altitude, numa área aci-

especialista em administração de pessoal, Augusto

dentada, constantemente varrida por fortes ventos e

começou a trabalhar na Odebrecht em fevereiro de

cortada por grandes desfiladeiros e canyons ....

1980.

Esses são alguns dos novos desafios que a Odebre-

Inicialmente apoiou o programa de recrutamento

cht aceitou enfrentar ao assinar com a Electroperu,

e seleção. Depois, e até o fim da obra, em 1988, dava

em abril de 1979, contrato de execução de todas as

apoio logístico aos brasileiros que chegavam e cuida-

obras civis da Central de Charcani V, um projeto in-

va do relacionamento institucional do contrato com a

comum.

comunidade.

informa

quipa

Nesta edição dedicada às comunidades, Odebrecht Informa homenageia uma cidade que tem lugar especial na história da Organização

texto Márcio Polidoro fotos Bruna Romaro

Hoje, trabalhando na Prefeitura de Arequipa, Augusto

lhadores que foi recrutada nas regiões de fronteira e nos

Sanches conta com orgulho que depois de ler a primeira

altos da Cordilheira dos Andes.

edição do livro Sobreviver, Crescer e Perpetuar, lançado

Ele recorda que as famílias dos expatriados da

em 1981, ajudava a difundir a Tecnologia Empresarial

Odebrecht eram, na média, ao longo das obras, “vin-

Odebrecht (TEO) entre os integrantes peruanos. Muitos

te e poucas” e que a integração sempre ocorreu de

deles não falavam espanhol. E Augusto servia de intér-

forma rápida: “O futebol era um importante aglutina-

prete porque fala “um poquito” de quéchua e aimará,

dor”. Havia um clube onde os brasileiros gostavam de

línguas nativas da maioria dos traba-

jogar com os arequipenhos e as amizades se faziam rapidamente.

A edição de Odebrecht Informa de janeiro de 1980

Uma cidade cercada por três vulcões Arequipa está localizada no Sul do país, a 2.300 m de altitude, em um vale fértil, nas montanhas desérticas da Cordilheira dos Andes. É cercada por três vulcões: Chacani, Pichupichu e Acervo Odebrecht

Misti, o mais imponente deles, com 5.882 m de altitude.

Fundada em 1540, pelo explorador espanhol Francisco Pizzarro, tem cerca de 900 mil habitantes.

Um momento inesquecível para a população da cidade foi a visita do Papa João Paulo II, em 1985. “A Ode-

informa

45

brecht preparou toda a infraestrutura necessária para as celebrações”, conta Francisco Begaço Rodrigues.

Ele participou da construção de Charcani V de 1980 a 1989, como motorista. Hoje trabalha na Empresa de Generación Eléctrica de Arequipa S.A., que opera a hidrelétrica.

Enquanto exibe orgulhoso a medalha comemorativa à inauguração da usina, não esconde as boas lembranças: “Foi a empresa que pôs fim aos apagões, deu oportunidades de trabalho a muita gente local, mudou a forma de tratar os operários, oferecia benefícios – inclusive alimentação gratuita, coisa que não havia no Peru – e soube ajudar quem precisava. Trabalhar na Odebrecht foi grandioso”.

Na Avenida Goyenecho, 225, próximo ao centro da cidade, voluntários cuidam de doentes mentais há mais de um século. Na década de 1980, a instituição precisou de ajuda para melhorar as condições de vida dos internos e procurou a Odebrecht. A resposta foi “sim”. E disso Arequipa também não se esquece.

“Quando, na manhã de 3 de dezembro do ano passado, as bandeiras do Peru e do Brasil tremularam a 3 mil metros de altitude, tendo como cenário a encosta ocidental da Cordilheira dos Andes” – relatou

Odebrecht Informa em sua edição de fevereiro de 1989 – “simbolizavam mais do que o término das obras e a inauguração do complexo hidrelétrico de Charcani V.

46

informa

Acervo Odebrecht

Capa do livro Arequipa e o fac símile publicado em Odebrecht Informa do documento histórico O Contrato de Valdívia

A Plaza de Armas, no Centro Histórico de Arequipa, e o Prefeito Alfredo Zegarra Tejada: “Antes de 1988, vivíamos no escuro”

dro de Valdívia, Alonso de Montenegro, Cristobal De La Peña e Francisco Martínez, na qual era feita a outorga a Micer Francisco, para que, em nome dos reis da Espanha, agisse visando à ocupação da América do Sul. O documento, que havia sido furtado do acervo peruano, fora resgatado pela Odebrecht em um leilão em Londres, em 1988, depois de quase três anos de negociações diplomáticas e políticas.

Outro marco da contribuição cultural da Odebrecht é o livro Arequipa, com textos de Patrício Ricketts e Representavam, de fato, o passo definitivo para a in-

fotos de Billy Hare, uma edição de arte que ajudou a

ternacionalização da Construtora Norberto Odebrecht

divulgar a riqueza histórica e natural de uma cidade

– CNO, sua maturidade para disputar contratos no ex-

reconhecida pela ONU como Patrimônio Cultural da

terior, instalar-se em outro país, vencer desafios tec-

Humanidade.

nológicos, compor parcerias e promover a satisfação

Vinte e três anos depois do fim da obra, a Odebrecht

do País-cliente, participando, enfim, da integração de

continua viva na memória da cidade. “Antes de 1988,

nações e da geração de benefícios sociais”.

vivíamos no escuro. Cinquenta por cento da população

Naquele dia, outro fato importante serviu para sim-

não tinha luz elétrica”, diz o atual Prefeito Alfredo Ze-

bolizar os compromissos que a Odebrecht assumiu

garra Tejada. “O investimento foi da Electroperú, mas

com a comunidade de Arequipa: em nome da Orga-

a Odebrecht fez muito bem sua parte, e, agora, que

nização, o então Ministro das Relações Exteriores do

temos energia própria e até nos damos ao luxo de ex-

Brasil, Chanceler Abreu Sodré, devolveu ao povo pe-

portar excedentes para o Chile, estamos promovendo

ruano um importante documento histórico conhecido

o desenvolvimento paulatino de uma cidade que não

como O Contrato de Valdívia.

foi planejada para o século 21, mas na qual preten-

Trata-se de uma Carta-Procuração datada de 1539, assinada em Arequipa pelos capitães espanhóis Pe-

demos ter transporte sustentável, segurança cidadã, melhor saúde e educação para todos.”

informa

47

Aí vêm os Comunidades de Mártires do Kifangondo, Chicala e Zango começam a ser transformadas pelas novas gerações de angolanos

Crianças no bairro do Zango, em Luanda: comunidade em processo de formação

48

48

informa

liber

ertadores

Foto: Jacinto Figueiredo

texto Renata Meyer

informa

49

A

diversidade é uma das marcas mais

Poder de mobilização

evidentes das comunidades ango-

Na época colonial, o bairro Mártires de Kifangon-

lanas nas quais a Odebrecht está

do, então denominado Salazar, era habitado princi-

presente, seja na língua, na culiná-

palmente por militares e tradicionais famílias portu-

ria, nos costumes, nas crenças ou

guesas. Próximo ao centro de Luanda, ganhou este

nas tradições. Em comum, elas possuem a histó-

nome em tributo àqueles que participaram da luta

ria. Colônia portuguesa até 1975, Angola foi pal-

de libertação nacional, travada na localidade de Ki-

co de guerras durante longo período. Os conflitos

fangondo, a 30 km da capital.

provocaram a migração massiva de populações de

A guerra pela independência deflagrou a emigra-

diversas províncias para a capital, Luanda, que sal-

ção das famílias portuguesas. Desde então, o Már-

tou de 600 mil habitantes para aproximadamente 6

tires de Kifangondo recebeu angolanos de diversas

milhões em cerca de 30 anos. Os bairros existentes

províncias e estrangeiros originários de países como

foram, aos poucos, invadidos, e cresceram de forma

Mali, Congo, Somália e Senegal.

desordenada, o que levou à degradação da infraestrutura disponível.

Foi o que ocorreu no bairro da Chicala, na Ilha

fluências estão presentes em diversos aspectos da

do Cabo, próximo ao local onde a Odebrecht exe-

comunidade. Na religião, embora a maior parte da

cutou obras do Projeto Vias de Luanda. O Mártires

população local seja católica, o bairro abriga a mes-

de Kifangondo também sentiu os efeitos do rápido

quita central de Angola, fundada pelos imigrantes

crescimento. Nesse bairro, a empresa realiza obras

muçulmanos. O templo atrai milhares de pessoas

de requalificação integral das redes de iluminação

vindas de diversas partes do país. Na culinária, o tra-

pública, drenagem, coleta e esgotamento sanitário,

dicional Cabrité, um churrasco de carne de cabrito,

além da pavimentação e sinalização das vias.

de origem muçulmana, feito na rua, foi incorporado

Para além dos danos à infraestrutura básica, os

aos hábitos alimentares dos angolanos.

tempos de guerra deixaram como herança os desa-

É na economia, porém, que essa influência torna-

fios da convivência entre povos de origens bastante

-se mais evidente. A presença dos estrangeiros e a

distintas. Povos que trouxeram na bagagem o seu

proximidade com o aeroporto ajudaram a alavancar

DNA cultural e que passaram a se influenciar reciprocamente, forjando uma nova identidade.

Com um tipo de formação diferente daquela que caracterizou as comunidades da Chicala e do Mártires do Kifangondo, o planejado bairro do Zango, no município de Viana, é um pequeno extrato de Luanda, no quesito diversidade. Na tentativa de garantir melhor qualidade de vida para a população, o Governo da Província de Luanda, deu início, em 2002, ao Programa de Realojamento das Populações. Desde então, passou a transferir para esse local famílias que viviam em áreas de risco, em diversos bairros da capital angolana.

Em meio a tantos desafios, as equipes da Odebrecht estão presentes nessas comunidades, mobilizando forças e ajudando a potencializar iniciativas de estímulo a práticas sustentáveis, contribuindo também para a preservação de seu patrimônio histórico, social e cultural.

50

Hoje, dos 18 mil habitantes do Mártires de Kifangondo, cerca de 3 mil são estrangeiros. Suas in-

informa

o comércio no bairro, hoje marcado pela grande di-

assessoria social, ao levantar os problemas da co-

versificação. Apesar das influências externas, a co-

munidade e discutir com os moradores as possíveis

munidade do Mártires de Kifangondo é reconhecida

alternativas para a resolução dos mesmos, sempre

por seu poder de mobilização social em torno de

com foco na sustentabilidade”, afirma.

causas relevantes para seus habitantes.

“Para termos força representativa nas instâncias de governo e nas instituições, precisamos estar uni-

No município de Viana, próximo à Luanda, o bair-

dos e organizados. É nessa base de entendimen-

ro do Zango vive uma realidade diferente. Resulta-

to que criamos os nossos grupos”, afirma Antônio

do do Programa de Realojamento das Populações,

Cunha, Presidente da comissão de moradores. Exis-

a comunidade encontra-se em processo de forma-

tem hoje no bairro diversas organizações associati-

ção. São pessoas provenientes de diversos bairros

vas com atuação em saúde, meio ambiente, espor-

de Luanda, que, em comum, possuem o desafio do

tes, teatro e artesanato, entre outras áreas.

recomeço.

Responsável pela criação do Movimento Coletivo

Elder de Jesus Correia, integrante da Odebrecht

de Artes Pedro Bélgio, o jovem Abel Noé Miguel Pe-

Angola, foi um dos beneficiados pelo programa. Mora

dro já contribuiu para a conscientização de crianças e

com a esposa e seis filhas na casa de três quartos

adolescentes da comunidade em relação a questões

que recebeu em 2004. Assim como os outros habi-

ambientais e à coleta de lixo, por meio de apresenta-

tantes do Zango, Elder vivia em condições de risco.

ções do grupo de teatro que ajudou a fundar. “Nem

Apesar das ameaças terem ficado para trás, ele lem-

sempre temos abertura para realizar tudo aquilo que

bra dos tempos em que mal conseguia dormir com

desejamos. Quando temos a oportunidade de expor

medo dos desabamentos provocados pelas chuvas

o nosso grito, nós expomos. Se a oportunidade não

no bairro da Boa Vista, onde morava. “Quando cho-

aparecer, a gente cria”, diz.

via, eu não ficava sossegado. Tinha medo de a minha

Segundo Anaie Leite, assistente social da Odebrecht no projeto de Revitalização do Mártires de Kifan-

Fotos: Marco Rodrigo Rohrbacher

A arte do recomeço

casa desabar”, afirma o ferreiro de 43 anos. “Hoje me sinto mais tranquilo. Não há mais o que temer.”

gondo, a empresa busca potencializar sua atuação

Além da segurança, a infraestrutura das mora-

entre os diversos grupos. “Fazemos um trabalho de

dias, que inclui água encanada e luz elétrica, é consi-

Na foto maior, ritual reverencia a Kianda, padroeira do mar, e, na foto menor, moradora com os peixes na praia: tradição da pesca artesanal se mantém viva na bairro da Chicala, na Ilha do Cabo

informa

51

derada pela população local um dos principais atra-

O Programa de Realojamento das Popula-

tivos do Zango. A maioria dos moradores, até então,

ções já transferiu para o Zango cerca de 160 mil

vivia em casas sem esses benefícios.

pessoas, na maioria famílias de baixa renda com

Para Marcolina Antônia Cassinda, há muitos mo-

ganhos mensais de até US$ 300 por mês. A Ode-

tivos para gostar do Zango. O único inconveniente é

brecht Angola participa desse projeto desde o início,

a escassez das oportunidades de geração de renda,

como responsável pela construção de casas e da in-

um desafio que ela enfrenta com criatividade. Des-

fraestrutura básica do bairro. A empresa prepara-

de que se mudou, há cinco anos, passou a revender

-se para iniciar na comunidade o Projeto de Qua-

bebidas em sua própria casa, lucrando cerca de 320

lificação Profissional Continuada – Acreditar, uma

kuanzas por grade comercializada. O comércio in-

contribuição para que se ampliem as oportunidades

formal é comum entre os moradores do Zango, que

de trabalho no Zango.

encontram nessa atividade um meio alternativo de sobrevivência.

Tradição

“De início, qualquer mudança causa transtornos,

No bairro da Chicala, na Ilha do Cabo, o pesca-

mas, com o tempo, as pessoas se adaptam à nova

dor Manoel Francisco João, morador do local des-

realidade e percebem o benefício de sair das zonas

de a década de 1940, lembra com saudosismo dos

de risco”, afirma o líder comunitário André João Ca-

tempos em que a pesca artesanal tinha um espaço

mungua. Morador do bairro há nove anos, ele está

intocável na comunidade. Naquela época, a ativida-

investindo na reforma da casa onde vive com a espo-

de, transmitida de pai para filho, mobilizava toda a

sa Emanuele e os cinco filhos do casal.

família.

A crença na Kianda, a padroeira do mar, deu ori-

mudança de moradia foi apenas o primeiro passo de

gem a rituais que evocam a prosperidade comunitá-

uma nova vida, mais tranquila e sem sobressaltos.

ria e fazem reverência a essa misteriosa divindade.

“Quando se vive em uma situação de risco, o foco das

Protagonizadas por um grupo de anciões e mu-

preocupações é a sobrevivência. No Zango, felizmen-

lheres vestidas à bessangana – panos vermelhos

te, nós podemos pensar no futuro”, diz André.

e adereços feitos com miçangas – as cerimônias, Fotos: Sassy (Alexandre do Amaral Martins)

Para pessoas como Elder, Marcolina e André, a

Moradores do Mártires do Kifangondo: diversidade cultural e intensa atividade comercial estão entre as principais características do bairro

52

informa

realizadas à beira-mar, envolvem a oferenda de

Campeões do Carnaval

bebidas, alimentos, flores e dinheiro à Kianda que,

A riqueza cultural dessa comunidade vai além da

uma vez embriagada, dormiria profundamente,

sua essência pesqueira. O culto à Kianda é apenas uma

permitindo a calmaria das águas e a aproximação

entre as diversas cerimônias de raiz tradicional, prati-

dos peixes.

cadas pelos moradores da Chicala. Outras manifesta-

Chicala (“Chegamos”, no dialeto local Kimbun-

ções, como os rituais do Xinguilamento – comunicação

du), era uma comunidade tranquila, com uma po-

com espíritos de ancestrais – e do óbito, são realizados

pulação que não passava de 30 famílias. Foi batiza-

principalmente pelos habitantes mais antigos.

da com esse nome pelos primeiros moradores, que,

Entre os festejos populares, o Carnaval é uma das

afugentados pela maré alta em regiões vizinhas

principais celebrações. Por 12 anos consecutivos, a

como o Mussulo e o Cafalete, ali se instalaram para

União Mundo da Ilha, agremiação carnavalesca que

viver da comercialização dos pescados.

congrega os moradores da Ilha do Cabo, é a vencedo-

Com as guerras pela independência e a chegada

ra do carnaval de Luanda. O grupo, conhecido como

de novos moradores, a atividade pesqueira sofreu

“O grande papão”, chega a desfilar anualmente com

impactos. Aos poucos, foram surgindo novas ativi-

2,5 mil integrantes.

dades econômicas, como o comércio e a prestação

Com foco na valorização e na apropriação das in-

de serviços. O avanço da pesca industrial passou a

tervenções realizadas no bairro por seus moradores,

concorrer com os métodos artesanais.

a Odebrecht realizou na comunidade um conjunto de

Apesar do novo contexto socieconômico, a tra-

ações sociais e de cidadania. Foram feitas campanhas

dição da pesca artesanal e o culto à Kianda man-

socioeducativas sobre temas como meio ambiente,

têm-se vivos na comunidade da Chicala por meio

educação no trânsito e história local, além de ações

de pessoas que, como Manoel, fazem questão de

de incentivo à preservação e valorização do patrimônio

preservar as suas origens culturais. Seja na culi-

artístico e cultural, como o Projeto Pintando Talentos.

nária, seja no comércio ou nos ritos tradicionais, a

A empresa também foi responsável pela construção de

pesca está presente, influenciando a vida de todos

um parque infantil, ampliando as opções de lazer no

os moradores.

bairro.

informa

53

Em Maragojipe, na Bahia, onde estรก o canteiro de obras de Sรฃo Roque do Paraguaรงu, festas tradicionais cultuam a histรณria e celebram a vida

na roda

do sam

54

informa

54

A

gosto é mês de festa no Recôncavo Baiano. Festa para os santos padroeiros de São Roque do Paraguaçu e Maragojipe, festa para Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira, festas nas igrejas e nas ruas das cidades. Procissões e cânticos de

fiéis católicos mesclam-se ao samba de roda, sobre o qual há referências desde o século 17, relacionadas ao universo dos negros trazidos da África como escravos.

O samba de roda é poesia, ritmo, canto, dança e percussão, marcado pela batida seca das palmas e pelo som do pandeiro, do atabaque, do timbau e da viola. “É uma alegria contagiante”, define Nalva Santos, técnica do núcleo baiano do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em 2004, o Iphan registrou o samba de roda do Recôncavo como “bem imaterial e patrimônio cultural do Brasil”. No ano seguinte, foi reconhecido pela Unesco como obra-prima do patrimônio oral e imaterial da humanidade.

Estimulados pela valorização conquistada, grupos de sambadores estruturaram-se em diversos municípios da região. Em 2007, foi inaugurada a primeira Casa do Samba de Roda do Recôncavo Baiano (Associação dos Sambadores), em Santo Amaro da Purificação, como sede de um movimento de preservação cultural que se multiplicou.

Outras 15 associações já foram criadas em municípios vizinhos, com o apoio de prefeituras locais, do Governo da Bahia e do Iphan.

São centros culturais que organizam oficinas de música, palestras e encontros festivos, com o objetivo de manter vivas as tradições da cultura afro-brasileira.

“As instituições que nos apoiam doam instrumentos musicais e fornecem infraestrutura para o funcionamento das unidades”,

viva

amba Samba de roda em Maragojipe: “Obra-prima do patrimônio oral e imaterial da humanidade”

texto Thereza Martins fotos Arthur Ikishma

informa Marli de Santana Santos, sambadeira de 23 anos e articuladora cultural da Casa do Samba de Maragojipe, um dos importantes centros urbanos do Recôncavo.

Em Maragojipe, outra tradição é o desfile de foliões mascarados durante o carnaval. “O dia mal começa e os blocos já estão nas ruas”, descreve Luiz Antonio Santos e Silva, ex-integrante da Braskem no Polo Petroquímico de Camaçari (BA), aposentado desde 2005 e que hoje vive em um sítio em Maragojipe. Ele diz que as máscaras preferidas são as de animais com chifres e caricaturas de políticos. Há registros sobre o carnaval de Maragojipe desde 1897. Às margens do Paraguaçu Ó meu Paraguaçu, Ó meu gigante rio, Teu nome é parte Da história do Brasil (da letra de Rio Paraguaçu, samba de roda de autoria do compositor Mário dos Santos) O Rio Paraguaçu foi um importante elo entre povoados e vilas

informa

55

Antônio Nazaré: maior parte da produção é vendida a comerciantes do Rio de Janeiro

vas oportunidades de trabalho foram criadas no município de Maragojipe, a partir do distrito de São Roque do Paraguaçu, onde a Odebrecht Engenharia Industrial, participando do Consórcio Rio Paraguaçu, constrói plataformas de petróleo para a Petrobras.

Laços que se estreitam A algumas dezenas de quilômetros do canteiro de obras da Petrobras está localizada a vila de Maragojipinho. Em ruas estreitas de terra batida, à beira do mangue, enfileiram-se pequenas olarias. Ali, ceramistas transformam o barro em peças utilitárias e objetos decorativos.

56

dispersos ao longo da Baía de Todos os Santos. A unidade

Na olaria de Antônio Nazaré são produzidos, semanal-

regional não é resultado apenas das características geográ-

mente, dezenas de cofres de barro no tradicional formato

ficas. Ela baseia-se em aspectos históricos, econômicos e

de porcos coloridos. “Quase toda a produção é vendida para

culturais.

comerciantes do Rio de Janeiro”, informa. Com 72 anos,

“Os engenhos de cana-de-açúcar, até o século 19, e a

Antônio passa o dia entre o torno manual e o forno onde as

indústria do tabaco, já no século 20, movimentaram a econo-

peças são queimadas. A madeira utilizada para alimentar o

mia do Recôncavo e tiveram seu período de declínio”, explica

fogo é doada pelo Consórcio Rio Paraguaçu à Associação de

Alan Prazeres, historiador e diretor do Centro Estadual de

Ceramistas de Maragojipinho, que reúne 480 artesãos.

Educação Profissional do Vale do Paraguaçu. Em meados da

A madeira doada é proveniente, entre outras fontes, do

década de 1950, a extração de petróleo, recém-descoberto

material utilizado na montagem de andaimes e na constru-

na região, plantou esperanças de um renascer.

ção de dormentes no canteiro de obras do consórcio. Além

Hoje, diferentes realidades convivem no Recôncavo.

de alimentar os fornos das olarias, a madeira é utilizada para

A base da sobrevivência ainda é a agricultura familiar, a

a construção de barcos para os pescadores de Maragojipi-

pesca nos rios e a mariscagem nos mangues. Mas no-

nho, o que estreita os laços do consórcio com a comunidade,

informa

Dona Cadu, sua cerâmica e o Rio Paraguaçu: “Comecei menina”

em uma ação que tem também motivação ambiental.

O poeta Salatiel Caldas e a esposa, Janice, em São Roqe do Paraguaçu: 2.500 versos e trovas escritos

A cerâmica de Dona Cadu, que depende do sol e do vento

Entre os reconhecidos pela originalidade das peças pro-

para secar e é queimada à maneira indígena, em fornos rús-

duzidas está o santeiro Rosalvo Santana, que só trabalha sob

ticos, é conhecida fora da Bahia. Ela já expôs e participou de

encomenda e tem santos expostos em museu de Salvador.

oficinas artísticas em São Paulo e no Paraná.

“Sou formado em contabilidade, mas há 28 anos vivo da produção de santos e presépios. Descobri minha vocação muito

O poeta de São Roque

cedo e vivo dela”, afirma.

Em São Roque do Paraguaçu vive o poeta Salatiel

Além de Maragojipinho, uma outra comunidade está ins-

Caldas. Em 5 de agosto, ele completou 100 anos e

crita no roteiro da cerâmica do Recôncavo Baiano. É Coquei-

foi homenageado na sede da Cobepa – Comunidade

ros, terra de Dona Cadu, Ricardina Pereira da Silva, 91 anos,

Beneficente de São Roque do Paraguaçu, instituição

que vive e trabalha à beira do Rio Paraguaçu. “Comecei ainda

que ajudou a criar, há mais de 30 anos, voltada para a

menina e já fiz muita coisa na vida: ajudei meus pais na roça,

educação de crianças e jovens.

quebrei brita para construção de casas e fui marisqueira”, conta a artesã, com sorriso aberto.

Hoje cego por causa da catarata, Salatiel demonstra a vivacidade na voz e na memória, cantando e recitando trovas de sua autoria. “Tenho 2.500 versos e trovas escritos”, conta.

“São todos líricos e românticos. É o meu estilo.”

Formado até o antigo curso primário, o poeta tem texto claro e rico na escolha das palavras. Ele começou a escrever aos 12 anos e guarda boa parte de seus trabalhos em cadernos bem conservados. Uma mostra do que produziu está reunida no livro A poesia romântica de Salatiel Caldas (Edições Kouraça, 2007).

A Irmandade da Boa Morte Em meio a tantas tradições e manifestações culturais, a religiosidade ocupa espaço de destaque no Recôncavo Baiano. Entre as festas religiosas, a da Irmandade da Boa Morte fez história e atrai milhares de turistas para a cidade histórica de Cachoeira.

Nascida nas senzalas dos engenhos de cana-de-açúcar, há 150 anos, a Irmandade é formada por mulheres negras, a mais velha delas com 107 anos, devotas de Nossa Senhora e também dos orixás. Sua festa máxima, em agosto, começa na igreja e segue pelas ruas da cidade, com feijoada, caruru e cozido, além, é claro, do samba de roda.

informa

57

Comunicação Sônia Maisk: “Os impactos são mínimos”

58

uma só

torcida texto Emanuella Sombra fotos Ricardo Fernandes

Trabalho de comunicação do Consórcio Arena Salvador 2014 prioriza o diálogo constante com a população 58

informa

D

a varanda de sua casa, no oitavo andar de

um edifício da Avenida Joana Angélica, em Salvador, Sônia Maisk via o antigo estádio da Fonte Nova. “Daqui não se via o campo inteiro, mas uma trave, parte da torcida e

o placar. Quando o Vitória fazia gol, meu filho morria de raiva”, ri a economista, enquanto observa as escavadeiras no local em que antes assistia aos clássicos Bahia x Vitória.

Sônia, o marido e dois filhos, hoje, acompanham a construção da Arena Fonte Nova, que terá capacidade para 50 mil pessoas e substituirá o antigo estádio, im-

plodido em 2010. São vizinhos da obra. Os gritos das tor-

foram registradas apenas 21 reclamações, entre agosto

cidas tricolor e rubro-negra foram substituídos pelo som

de 2010 e julho deste ano. O número para contato conti-

do bate-estaca. “Os impactos são mínimos”, ela avalia.

nua disponível, e reuniões com a comunidade são feitas

“Além disso, temos contato direto com as pessoas do

sempre que necessário.

projeto, que sempre nos ouvem e buscam minimizar os

O canal com a imprensa se mostrou essencial desde

transtornos.” Sônia, síndica do prédio, refere-se ao tra-

o início. O consórcio percebeu que a demanda por infor-

balho de comunicação que o Consórcio Arena Salvador

mações seria enorme, sobretudo por se tratar de uma

(formado por Odebrecht e OAS) vem realizando durante

arena que abrigará a Copa das Confederações (2013), a

a execução das obras, previstas para terminar no início

Copa do Mundo (2014) e partidas de futebol dos Jogos

de 2013. Duas frentes vêm sendo priorizadas nesse âm-

Olímpicos (2016) . “Desenvolvemos ferramentas que

bito: a comunicação com a população e com a imprensa.

facilitaram o diálogo com o público externo”, diz Ale-

Essa atuação começou antes mesmo da implosão,

xandre Chiavegatto, Diretor de Contrato do consórcio

quando os moradores de 962 imóveis do entorno rece-

construtor. Além de entrevistas coletivas, foi criado um

beram correspondências convocado-os a reuniões nas

hotsite com informações atualizadas em tempo real no

quais foi detalhado o plano de evacuação, procedimento

dia da implosão, com textos, fotos e vídeos, o que con-

adotado por medida de segurança. Carros de som, fai-

feriu rapidez e transparência ao processo. Infografias e

xas afixadas nas ruas do entorno e cartilhas informativas

animações, simulando a implosão e a evolução da obra,

distribuídas aos moradores foram algumas ferramentas

foram disponibilizadas pelo consórcio e transmitidas

de comunicação utilizadas pelo consórcio, para que tudo

maciçamente pela imprensa, suprindo a necessidade da

corresse bem no dia da implosão. “O objetivo era deixar

mídia com informações seguras e reduzindo o assédio

a população informada e contar com a colaboração da

dos jornalistas aos engenheiros, que puderam se con-

imprensa”, afirma Carine Aprile Iervese, Responsável

centrar em seu trabalho. “Nós, engenheiros, costuma-

por Comunicação no consórcio. O Case de Comunicação

mos fazer declarações técnicas nem sempre didáticas”,

da Implosão da Fonte Nova é finalista do Prêmio Aberje,

comenta Alexandre Chiavegatto. “A equipe de comuni-

da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial,

cação simplifica o nosso trabalho”. E a população agra-

na categoria Comunicação e Relacionamento com a Im-

dece.

prensa, no Norte e Nordeste.

“Sabemos que toda obra interfere no dia a dia das pessoas, mas nosso trabalho é mostrar à população que esse projeto deixará um importante legado para a cidade.” Carine explica que o trabalho de comunicação foi ainda mais intenso no dia da implosão, quando 2.467 moradores tiveram que sair de suas residências por, no mínimo, cinco horas. Para isso, um centro de convivência foi disponibilizado aos que não podiam ficar na casa de parentes ou amigos.

“Aqueles que, por motivos de saúde, necessitavam de mais cuidados, foram acomodados em um hotel”, acrescenta Luiza Lordelo, assistente social do consórcio. Foi o caso de Maria das Graças Pereira, que tem problemas respiratórios e dificuldades de locomoção. “Até hoje, quando preciso, ligo para um dos assistentes sociais”, diz a dona de casa, moradora da Ladeira do Pepino.

Canal direto com a comunidade A prova de que a parceria vem dando certo é o reduzido número de queixas: dos 2.081 imóveis vistoriados,

Carine: ênfase no legado que o projeto deixará para a cidade

Dona Celina com familiares na comunidade quilombola de Boitaraca, em Nilo Peçanha: “Meus antepassados construíram este lugar”

60

achegue-se U texto Carlene Fontoura fotos Beg Figueiredo

m lugar calmo, com atmosfera familiar. Crianças que, no olhar, carregam

liberdade e sonhos. Casas de arquitetura simples, mas encantadora. Esse

é o cenário na comunidade quilombola

de Boitaraca, localizada no município de Nilo Peçanha (BA). Os moradores dessa terra livre têm muitos motivos para não deixá-la. “Meus antepassados

construíram este lugar. Nunca quis ir embora”, diz a

era uma aldeia mal-arrumada. No período chuvoso,

matriarca Celina Neves Assunção, 74 anos, que se

acumulava lama nas ruas. Hoje, a situação está bem

enche de felicidade quando recorda sua infância na

melhor”, relata Altamirando Santos, 92 anos, que

comunidade.

ostenta com orgulho a honra de ter sido o segundo

A cerca de 80 km dali, encontra-se uma cidadezi-

60

Baixo Sul da Bahia, região onde vivem 285 mil pessoas, reúne paisagens exuberantes e um grande potencial econômico, turístico e cultural

prefeito do município.

nha tranquila e rodeada de belas árvores. Em Ibira-

Dona Celina e seu Altamirando são moradores

pitanga (BA) – palavra que significa “Pau-Brasil” em

antigos de suas comunidades e têm muitas histórias

tupi-guarani –, os moradores orgulham-se de ver o

para contar sobre Nilo Peçanha e Ibirapitanga. Am-

progresso nas ruas, ladeiras e praças. “Nossa cidade

bas fazem parte de uma mesma Área de Proteção

informa

Ambiental (APA) – a do Pratigi – e com outras nove

Cachoeira localizada em Ituberá: cenários deslumbrantes são comuns no Baixo Sul

cidades (Valença, Camamu, Ituberá, Presidente Tancredo Neves, Maraú, Taperoá, Cairu, Igrapiúna e Piraí do Norte) compõem o Baixo Sul da Bahia. Situada no leste da Bahia, a região abriga cerca de 285 mil pessoas, segundo o Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Com solo rico e fértil, em que se cultivam mandioca, cacau, cravo, dendê, borracha, palmito, piaçava, guaraná e pimenta-do-reino, o Baixo Sul encanta por sua paisagem e por seu grande potencial econômico, turístico e cultural. A região também é composta de um mosaico de APAs que, além de Pratigi, abrange a do Guaibim, Caminhos Ecológicos da Boa Esperança, Tinharé-Boipeba e a Baía de Camamu.

Uma das primeiras terras a serem povoadas no Brasil, o Baixo Sul tem singular valor na história do safio de abastecer a recém-fundada Salvador com gêneros alimentícios. Durante o processo de independência do estado, a Fortaleza do Morro de São Paulo teve papel fundamental como um dos pontos

Acervo Odebrecht

país. No período colonial, a região assumiu o de-

estratégicos para a defesa da Bahia. “Por causa de

tentável do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental

sua arquitetura, por muitos anos a Fortaleza conse-

do Baixo Sul da Bahia (PDIS), a instituição passou a

guiu evitar ataques estrangeiros contra a capital. É

incentivar ações educacionais aliadas à geração de

um dos maiores fortes do Brasil”, salienta Francisco

trabalho e renda. Apoiando organizações da socieda-

Santana, arquiteto do Instituto do Patrimônio Histó-

de civil de interesse público (oscips) e cooperativas,

rico e Artístico Nacional (Iphan).

o PDIS vem se consolidando como um agregador de ações de cunho social, econômico, humano e am-

Tempos de recuperação

biental.

No século 20, após a Segunda Guerra Mundial, a

“A atuação, por mais nobre que seja, só se tor-

desorganização agrícola, industrial e a estagnação

na possível se realizada de forma sinérgica”, afirma

tomaram conta da região. A recuperação só foi pos-

Mauricio Medeiros, Presidente Executivo da Funda-

sível a partir de 1980, com o crescimento do turismo.

ção Odebrecht. Por isso, o PDIS conta com parceiros

Alguns pontos tornaram-se conhecidos em âmbito

de instâncias governamentais – federal, estadual e

nacional e internacional, como as ilhas de Tinharé e

municipais – e da iniciativa privada. “O desafio é dar

Boipeba, em Cairu, a cachoeira da Pancada Grande,

oportunidades às pessoas, força propulsora e criati-

em Ituberá, e Barra Grande, na Península de Maraú.

va da região”, reforça Medeiros.

Em 1999, a região passou a ser palco de diversas iniciativas fomentadas pela Fundação Odebre-

Memória e tradição

cht, decidida a atuar em locais com baixos Índices de

Pessoas como dona Celina também são benefi-

Desenvolvimento Humano (IDH). A princípio, o traba-

ciadas pelos projetos apoiados pela Fundação Ode-

lho da Fundação era voltado à formação de jovens,

brecht. “No fim do ano, temos a Dança dos Velhi-

mas logo veio a constatação de que isso não pode-

nhos. Rapazes e moças se vestem como seus avôs

ria acontecer de forma isolada, sendo necessária a

e avós e saem como um cordão na rua, cantando

integração com as famílias. Dessa forma, por meio

e bailando”, ela explica. Essa dança, além de um

do Programa de Desenvolvimento Integrado e Sus-

divertimento, reflete as vivências cotidianas, em

informa

61

Agroecoturismo É crescente o número de pessoas que, ao escolher um lugar para conhecer, busquem não apenas apreciar as belezas naturais, mas também vivenciar costumes e o modo de vida da população local. A Fundação Odebrecht, por meio do PDIS, vem estimulando no Baixo Sul o agroecoturismo, um modelo de turismo agrícola, ecológico e sustentável. “Estamos contribuindo para a geração de trabalho, renda e inclusão social, e para a valorização da cultura local”, diz Liliana Leite, Diretora-Executiva do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da Bahia (Ides), oscip que promove o turismo sustentável na região.

Conhecer o artesanato feito com fibra da piaçava é uma das atividades que estão no roteiro agroecoturístico do Baixo Sul, que contempla, principalmente, Altamirando: “Hoje, a situação está bem melhor”

as comunidades quilombolas. “Ah, as mulheres fazem peças lindas!”, exclama dona Celina. Ela conta

que os participantes recontam a vida das antigas senhoras da comunidade, com seu famoso samba de roda. Emocionada, dona Celina relembra e canta

que busca na união com outros moradores o fortalecimento da economia local. “Queremos autonomia no nosso trabalho”, afirma.

a canção: “No tempo da minha vó / mulé gostava de um só / usava trança e cocó / e não havia xodó”.

Hoje, quem participa da dança são os mais jovens.

Entre eles, Camila Neves Assunção, 22 anos, neta de dona Celina. “Nossa obrigação é valorizar a herança de nossos antepassados”, argumenta a ex-aluna da Casa Familiar Agroflorestal, uma das oscips apoiadas pela Fundação Odebrecht.

Além da Dança dos Velhinhos, outras manifestações destacam-se, como bumba-meu-boi, zambiapunga, os congos, as barquinhas e a chegança de mouros, assim como o festejo religioso de Terno de Reis. Antonia Francelina de Jesus Filha, 70 anos, dona Nininha, conhece bem a cultura local. Moradora de Cairu, ela tem o título de Mestra do Saber, por ter resgatado muitas tradições da região. Há anos, costura fantasias, e criou o primeiro grupo mirim da cidade, Os Conguinhos.

“Chamei as crianças para participar dos eventos porque elas ficavam soltas pelas ruas, muitas vezes com poucas roupas e até mesmo descalças.

Estimulei uma campanha para doações de retalhos, material que usei para fazer as alegorias. Fizemos nossa primeira aparição em 2008, no Dia da Independência da Bahia, em 2 de julho. Foi um sucesso!”, conta, com alegria.

62

informa

Dona Nininha: título de Mestra do Saber por ter resgatado tradições da região

GENTE

Um sansei em Angola

De Macaé para a Coreia

Um caso de rápida e completa integração

Clarisse e seus aprendizados no Oriente

F

rancisco Sawaguthi é incansável. Gosta de conhecer pessoas, lugares e culturas, de interagir e de

aprender. Já foi corretor de imóveis, dono de agência de turismo e de um restaurante. É engenheiro civil e de segurança do trabalho, administrador de empresas e tem MBAs em gestão ambiental e sustentabilidade.

Está na Odebrecht há 11 anos e já morou no Equador, no Peru, na República Dominicana e no Japão. Desde Bruno Veiga

janeiro, é Diretor de Sustentabilidade e Qualidade em Angola. Integrou-se rapidamente ao país. Tornou-se

foto:

até subssíndico do condomínio onde mora. As horas de lazer, Sawaguthi, 54 anos, descendente de japoneses, aproveita a passadas largas. “Gosto de correr”, ele con-

E

ngenheira civil e de petróleo, com mestrado

ta. “Na praia, na rua, onde for.”

em Engenharia de Petróleo, a mineira Clarisse

Rodrigues ingressou na Odebrecht há quatro anos, como Jovem Parceira. Trabalhou em Macaé (RJ), na Bahia, e depois foi para a Coreia do Sul participar da construção do navio-sonda Norbe IX. “Os coreanos são amáveis, disciplinados e comprometidos. Passaram por uma guerra, reergueram-se e construíram uma das economias mais eficientes do mundo. O país 2011, como assistente de gerente da Odebrecht Óleo e Gás (OOG), Clarisse está feliz. “Já não sei mais viver

foto:

longe do mar”, confessa.

Edson Silva

é uma escola”, diz. De volta a Macaé em agosto de

A jornalista que virou barrageira Lilian trocou a vida na TV pelo estilo “cigano”

N

ascida em Santo André (SP), Lilian Campana é jornalista. Trabalhou por 15 anos em rádio e TV em Minas Gerais e Goiás. Há

seis meses na Odebrecht, atua na área de comunicação social na Usina Santo Antônio, em Rondônia. Diz que virou barrageira. Essa é sua décima obra. Vive em Porto Velho com o marido, Dario Campana de Moraes, também da Odebrecht, e um de seus três filhos.

Ricardo Sagebin

rapidamente”, explica. Ela não sente falta das facilidades das me-

foto:

“Tenho espírito de cigana, não gosto de rotina e aqui tudo acontece

ela e Dario saem para dançar.

trópoles. “A estrutura de Porto Velho atende às nossas necessidades”, diz. Sua principal diversão é a música. Sempre que podem,

informa

63

fotografem! texto Edilson Lima

64 64

informa

Concurso Fotografe sua Comunidade, realizado por Odebrecht Informa, teve a participação de 245 integrantes de 17 países, que enviaram 653 fotos.

Veja as imagens vencedoras.

1

º

máquina

“Em Moçambique, as mulheres percorrem, a pé, grandes distâncias, com pesos sobre a cabeça. Mas nunca negam um sorriso bondoso” > Ana Roque de Oliveira Moçambique

informa

65

2

º

máquina

“Mãe e filho indo trabalhar de manhã cedo. Eles passam a maior parte do dia nesta ‘ligação’ especial, uma vez que não existem babás na cidade.” > Cassio Costa Nogueira - Guiné

66

informa

3

º

máquina “Em São Luis do Maranhão é assim; o vai e vem da vida se confunde com o da maré.” > Luiz Antonio Trevizoli - Brasil

E

le é Diretor de Contrato nas obras do Ter-

Eles compartilharam, por meio de suas fotos, aspec-

minal de Carvão, no Cais 8, no porto da

tos variados das cidades em que trabalham. Entre as

cidade da Beira. Tem 31 anos e nasceu no

imagens, o registro do vai vem da maré, que se confunde

Porto, em Portugal. Ela é Coordenadora da

com o da vida dos moradores de São Luís do Maranhão;

Equipe de Meio Ambiente da Odebrecht no

no sertão pernambucano, destaque para um vaqueiro,

Projeto Carvão Moatize. Tem 44 anos e também é natural

figura nobre por bravura e profissão, com seu cavalo

de Portugal. Nuno Ricardo Almeida Teixeira e Ana Roque

companheiro, levando o gado ao barreiro; em Cuba, uma

de Oliveira foram os primeiros colocados nas categorias

das fotos mostra o belo pôr do sol de Havana.

celular e máquina fotográfica, respectivamente, do con-

As inscrições foram feitas online, entre 4 e 22 de agos-

curso Fotografe sua Comunidade, realizado por Odebre-

to. Cada integrante pôde concorrer em duas categorias:

cht Informa. Suas fotos retratam a diversidade cultural de

máquina fotográfica e celular. Os melhores colocados e

Moçambique, país onde trabalham.

alguns finalistas nas categorias máquina fotográfica e ce-

O concurso vencido por Nuno e Ana foi o segundo

lular têm suas fotos publicadas nesta edição de Odebre-

promovido por Odebrecht Informa para os integran-

cht Informa. E todas as fotos finalistas serão mostradas

tes da Organização Odebrecht. Em 2010, foi realizado

no site da revista (www.odebrechtonline.com.br).

o Conte sua História na Odebrecht, que teve cerca

As imagens foram avaliadas por uma comissão jul-

de 200 participantes. Para o concurso de 2011, cujo

gadora formada por Márcio Polidoro, Responsável por

tema foi A Comunidade em que Você Trabalha, a re-

Comunicação na Odebrecht; Luciano Alfredo Bonaccini,

vista recebeu a inscrição de 653 fotos, das quais 530

Responsável por Programas Sociais na Odebrecht; Pe-

produzidas com máquinas fotográficas e 123 com ce-

dro Martinelli, fotógrafo; e Holanda Cavalcanti, editora

lulares. Concorreram 245 integrantes de 17 países.

de fotografia de Odebrecht Informa.

informa

67

1

º

celular

“Ele era tão puro e ingênuo, que ficou com medo do celular, algo tão comum para nós. Depois que tirei a foto, mostrei para ele. Aí ele sorriu. ” > Nuno Ricardo AlMeida Teixeira - Moçambique

68

informa

2

º

celular

“Pequenos estudantes que vivem em uma comunidade próxima do Tramo 4 da Rodovia IIRSA Norte.” > Cristian Alvarez - Peru

O resultado foi anunciado no dia 2 de setembro.

mora a vitória: “Se fui escolhido, é porque a foto de

Os três primeiros colocados na categoria máquina

alguma forma tocou e sensibilizou alguém. Como

fotográfica foram: Ana Roque de Oliveira, da Ode-

tenho paixão por fotografia, a sensação da vitória é

brecht Internacional (Moçambique); Cassio Costa

muito boa”.

Nogueira, da Odebrecht Internacional (Guiné); e Luiz

Enquanto passeava na comunidade de Nhamba-

Antonio Trevizoli, da Odebrecht Infraestrutura (Mara-

lualu, na Província de Tete, em um domingo, Ana

nhão). Na categoria celular, a comissão premiou dois

Roque viu uma mulher carregando um grande fardo

integrantes: Nuno Ricardo Almeida Teixeira, da Ode-

na cabeça. Imediatamente, sacou sua máquina e a

brecht Internacional (Moçambique), e Cristian Alva-

fotografou. “Em Moçambique, as mulheres percor-

rez, da Odebrecht América Latina e Angola (Peru).

rem, a pé, grandes distâncias, com pesos sobre a

A foto que deu o primeiro lugar a Nuno Ricardo

cabeça. Mas nunca negam um sorriso bondoso”,

mostra um menino de uma das comunidades da Ci-

diz. Ela dedica sua vitória ao povo moçambicano:

dade da Beira cobrindo o rosto com as duas mãos

“São muito hospitaleiros, humildes e de grande

quando Nuno aproximou-se dele para fazer uma

dignidade”.

foto com o celular: “Ele era tão puro e ingênuo, que

Segundo Pedro Martinelli, membro da Comis-

ficou com medo do celular, algo tão comum para

são Julgadora, foi surpreendente notar no concur-

nós. Depois que tirei a foto, mostrei para ele. Aí ele

so o enfoque dado pelos integrantes às pessoas na

sorriu. Diariamente, muitas crianças caminham so-

hora de fotografar: “É revelador o olhar sociológico

bre os trilhos da ferrovia que passa pela cidade, re-

e ambiental dos participantes, seu interesse em do-

tirando pedras, para vender como brita ou usar na

cumentar o cotidiano e a cultura dos lugares onde

casa de seus pais”, conta Nuno Ricardo, que come-

trabalham”.

informa

69

70

informa informa

&

notícias pessoas Veja a seguir reportagens sobre realizações recentes das equipes da Organização Odebrecht no Brasil e no mundo e seções sobre o dia a dia de integrantes das empresas

72

FPSO Cidade de Itajaí, em construção em Cingapura, reforçará a produção brasileira com 80 mil barris de petróleo por dia

74

Eder Menezes, um mineiro de Joanésia que leva a TEO aonde vai – sempre com muito bom humor

76

Luís Felli, da ETH, escreve sobre as novas perspectivas que o setor bioenergético está trazendo para vidas e carreiras no Brasil

78

Genésio Couto, um formador de pessoas forjado no trabalho atrás do balcão, na roda de capoeira e nos canteiros de obra

Acervo Odebrecht

O FPSO Cidade de Itajaí, que está sendo construído em Cingapura

informa

71

óleo & Gás

A solução em 4 letras Em construção em Cingapura, o FPSO Cidade de Itajaí terá capacidade de produzir 80 mil barris/dia e estocar 650 mil barris de petróleo texto Edilson Lima

A

FPSO Cidade de Itajaí terá capaci-

em 2012, do FPSO Cidade

dade de estocagem de 650 mil bar-

ços no futuro. Os FPSOs são ideais

de Itajaí, uma unidade flutuante que

ris, poderá atuar em lâmina d’água

para campos de petróleo que não

aumentará em 80 mil barris por dia

de até mil metros, e contará com

possuem estrutura de escoamento

a produção nacional. A unidade

flexibilidade para processar vários

por meio de oleodutos e gasodutos.

está em construção no estaleiro

tipos de óleo. Com acomodações

Assim, o petróleo é processado e

Jurong, em Cingapura, contratado

para 70 pessoas, o FPSO Cidade de

armazenado na própria unidade e,

pela Odebrecht Óleo e Gás (OOG)

Itajaí é considerado pela Petrobras

depois, transferido para os navios

produção de petróleo no

Além dos 80 mil barris diários, o

um “navio de oportunidade”, que

Brasil ganhará o reforço,

pode ser realocado para outros po-

em parceria com a norueguesa Teekay Petrojarl. Esse projeto, que faz parte da estratégia de crescimento da OOG, marcará a entrada da empresa na operação de FPSOs (Floating Production Storage and Offloading) no Brasil, consequência da experiência acumulada na operação do FPSO North Sea Producer, no Mar do Norte, desde 1997.

O FPSO Cidade de Itajaí será resultado do completamento e

upgrade do FPSO Petropod I, adquirido pela joint venture formada pela OOG e a Teekay. A previsão é de que chegue ao Brasil no segundo semestre de 2012. Em agosto do mesmo ano, a unidade deverá começar sua operação nos campos de Tiro e Sídon, no sul da Bacia de Santos, no litoral catarinense. O contrato com a Petrobras é por um período de nove anos, com a possibilidade de renovação por mais seis.

72

informa

O FPSO Cidade de Itajaí no estaleiro em Cingapura: capacidade de estocagem de 650 mil barris de petróleo

“aliviadores”, nos quais é feito o

dessem conforto em relação às

North Sea Producer. Eles também

transporte do óleo até a costa.

nossas expectativas de resultado

perceberam o valor de ter um par-

A Teekay Petrojarl é detentora

e exposição ao risco. No fim, todos

ceiro brasileiro como a OOG, que

de grande experiência na operação

chegamos à conclusão de que a

conhece bem o cliente, a legisla-

de FPSOs e foi a vencedora dessa

parceria seria importante e agre-

ção nacional e as particularidades

licitação promovida pela Petrobras

garia valor para as duas empresas

do mercado”.

em meados de 2010. “Após o con-

e, sobretudo, para o cliente”, diz

vite da Teekay para entrarmos no

Rodrigo Lemos, da OOG, Diretor de

negócio, tivemos um trabalho ex-

Operação de FPSOs no Brasil. Em

Visualizando novos mares

tenso de influenciá-

maio de 2011, foi criada uma joint

Para Jorge Mitidieri, Diretor-Su-

-los [os integrantes

venture para conduzir os trabalhos

perintendente da Unidade de Servi-

da

no

de construção, afretamento e ope-

ços Integrados da OOG, a participa-

sentido de criar as

ração do FPSO Cidade de

ção nesse projeto será fundamental

condições que nos

Itajaí. Segundo Rodrigo, a

para que a empresa conquiste no-

decisão de buscar a parce-

vos contratos de afretamento e ope-

ria com a Teekay Petrojarl

ração de FPSOs no Brasil, sejam da

faz parte da estratégia de longo

Petrobras ou de outros clientes.

prazo da OOG: “Ter uma parceria

“Visualizamos um mercado cres-

com uma empresa do porte da Te-

cente e com grande potencial. As

ekay é muito importante para nós,

empresas estão investindo e nós

pois fortalece nossa experiência

queremos iniciar e expandir nossa

de 14 anos na operação do FPSO

atuação.”

De acordo com o Plano de Investimentos da Petrobras para 20112015, do total de US$ 224,7 bilhões previstos para serem investidos, cerca de US$ 127,5 bilhões irão para exploração e produção de petróleo. A meta para 2011 é de uma produção diária de 2,8 milhões de barris de óleo equivalente (boe) por dia. Até 2015, a estatal pretende chegar à marca de 4 milhões de boe/dia.

O objetivo da OOG com o FPSO Cidade de Itajaí é superar as expectativas iniciais de produção da Pe-

Acervo Odebrecht

empresa]

trobras. Para os campos de Tiro e Sídon, estão previstos 150 milhões de barris de petróleo. No caso do FPSO North Sea Producer, o primeiro FPSO operado pela OOG, foram produzidos 110 milhões de barris de petróleo ao longo de 14 anos, número bem acima dos 26 milhões previstos no início do contrato.

informa

73

TEO – tecnologia empresarial odebrecht

Bom humor, por favor!

Para Eder Menezes, proporcionar um ambiente alegre e positivo é uma das formas de ação de um líder texto Zaccaria Junior fotos Élvio Luiz

E

stou tenso... É a primeira

ano em que recebeu sua medalha

No mote de que “cada obra é

vez que eu dou uma en-

de 15 anos de Organização, Eder

uma surpresa diferente”, Eder co-

trevista”, confessa o mi-

teve a oportunidade de aprofun-

menta que o melhor momento de

neiro Eder Hemetrio de Menezes,

dar a prática da TEO. “O interes-

seu trabalho é o que está por vir.

natural de Joanésia, Distrito de

sante, motivador e desafiador é

É no que ele acredita. “Sempre há

Ipatinga, cidade da região metro-

que você é o dono do seu negócio.

um momento melhor. Para mim, a

politana do Vale do Aço, ao ini-

Portanto, você tem de executar a

chave da realização profissional é

ciar a conversa com a equipe de

obra dentro dos padrões de custo,

identificar-se com o trabalho, com

Odebrecht Informa.

prazo e qualidade, gerando resul-

a empresa e estar satisfeito com

tados e deixando o cliente satis-

suas atividades. Enfrentei diversas

feito”, diz Eder.

crises em toda minha trajetória.

Contabilista de formação e pessoa de fala tranquila e amigável, Eder ingressou na Organização em 1980, na Tenenge, onde permaneceu até 1995. No ano seguinte, foi transferido para a CNO. Há mais de três décadas ligado à Odebrecht, participou de obras em vários estados brasileiros e, hoje, é Responsável pelo Programa de Planejamento na construção de uma Planta de PVC/MVC/OSBL da Braskem, em Maceió.

Eder conta que a principal motivação para fazer parte da Odebrecht, lá no começo da década de 1980, foi, como ele mesmo define, a “paixão à primeira vista” pela Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO). “Quando comecei a trabalhar, planejava e até sonhava ter um nível de autonomia para promover mudanças e buscar novas formas de trabalho. É como sempre imaginei.”

Em 1992, como chefe de Planejamento, Medição e Custos nas obras da Hidrelétrica Nova Ponte, em Minas Gerais, mesmo

74

informa

Ficou o aprendizado de que não há

seja, intuitivamente, a forma de

do que se faz”. Ele argumenta:

crescimento pessoal e profissional

ação de um líder”, analisa.

“Além de desempenhar com ex-

Atualmente liderando 15 pes-

celência o nosso próprio traba-

Eder lembra algumas passa-

soas – entre elas, profissionais

lho, também nos encarregamos

gens nas quais já sentiu vontade

de Planejamento e engenheiros

de levar bom humor, simpatia e

de parar por causa da pressão

Químicos e de Produção – e no

positividade para o ambiente de

demasiada, já pensou em mon-

processo de identificação de mais

trabalho. E, garanto, são com es-

tar um negócio próprio, mas, à

duas, Eder conta que em sua tra-

ses pequenos gestos que o traba-

medida que amadureceu, foi con-

jetória percebeu que qualidades

lho torna-se cada vez mais emo-

seguindo evitar grande parte dos

como determinação, foco, conhe-

cionante. Hoje, agradeço a Deus,

percalços criadores e dissemina-

cimento e criatividade são ingre-

que foi meu orientador e protetor

dores de crises. “Minha vida se

dientes presentes na maioria das

nessa caminhada, agradeço à mi-

solidificou e simplificou com mui-

receitas de carreiras de líderes

nha família, que me acolheu nas

to trabalho, planejamento e boa

de sucesso.

horas difíceis, e agradeço tam-

sem esforço.”

dose de dedicação. Nunca ima-

Na carona de suas analogias

bém por ter trabalhado e estar

ginei chegar onde cheguei. Talvez

sobre os temperos e as quali-

trabalhando com líderes e lidera-

tentar fazer sempre o melhor,

dades de um líder, Eder diz que

dos que sempre me incentivaram

trabalhar muito e proporcionar

existe, sim, um ingrediente mági-

e motivaram a sair da mesmice e

um ambiente alegre e positivo

co na receita de sucesso: “Gostar

fazer algo diferente”.

Eder e sua equipe em uma situação frequente: todos sorrindo

informa

75

ARGUMENTO

Boas energias

76 76

informa

Vivendo momento de efervescência, setor bioenergético brasileiro transforma perpectivas de vida e carreira

N

os últimos anos, o advento do carro

Nesse cenário, a ETH criou um programa de for-

flex e a busca por fontes limpas de

mação e qualificação que permeia toda a sua estru-

energia elevaram a importância e a

tura e abrange 15 mil Integrantes das nove unida-

competitividade do setor de bioenergia

des agroindustriais nos estados de São Paulo, Mato

brasileiro, que ganhou relevância no

Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Denominado Ex-

cenário nacional e atraiu olhares de países determi-

celência ETH, o programa aproxima os integrantes

nados a reduzir suas emissões de gases causadores

das áreas Agrícola e Industrial da capacitação para

de efeito estufa.

a gestão de desempenho, a partir do conceito do ser

Hoje, é um setor que oferece oportunidade de tra-

“Dono do seu Negócio”, fundamentado na Tecnologia

balho a 1 milhão de pessoas. A produção brasileira

Empresarial Odebrecht (TEO). Mais do que fornecer

de etanol já alcançou 25 bilhões de litros na última

conteúdo para exercer uma única função, esse pro-

safra, e deve chegar aos 60 bilhões até o fim desta

grama leva os integrantes de volta às salas de aula,

década. Para dobrar a produção em ritmo acelerado,

de onde sairão, após meses de qualificação, com

o setor tem recebido altos investimentos em moder-

uma ampla visão do processo produtivo e vislum-

nas plantas agroindustriais, que expandem, a cada

brando seus próximos passos dentro do setor bio-

dia, a produtividade na geração de energia limpa e

energético. Conceitos de Saúde, Segurança e Meio

renovável.

Ambiente também somam novas e diferenciadas ca-

As inovações na cadeia produtiva – na área agríco-

pacitações a esses profissionais.

la e industrial – reafirmam também o compromisso

Hoje, o setor bioenergético transforma municí-

com a sustentabilidade. A mecanização da colheita

pios, vidas e carreiras. O momento efervescente no

de cana dispensa as queimadas nos canaviais. Essa

qual ele se encontra motiva a população a buscar

evolução, que alcança hoje 63% dos canaviais do Es-

novos rumos profissionais.

tado de São Paulo, o maior centro produtor do país,

As novas oportunidades fornecidas nesses am-

elevou a produtividade e mudou definitivamente o

bientes, em poucos meses, alteram profundamente

perfil dos trabalhadores da bioenergia, sobretudo

o perfil das comunidades, com a elevação da renda e

daqueles que atuam nas lavouras. Dessa forma, para

o aquecimento da economia local. O crescimento da

continuar crescendo, o maior desafio dos produtores

qualificação da população reflete-se quase de forma

é recrutar força de trabalho qualificada e apta a ope-

imediata na melhoria da qualidade de vida.

rar as novas tecnologias com segurança e respeito ao meio ambiente.

O setor de Bioenergia encontra-se em um momento ímpar nos cenários nacional e internacional,

As empresas que ingressaram recentemente no

e a ETH trabalha para que seus integrantes estejam

setor, como a ETH, notaram que reunir profissionais

aptos a superar seus desafios pessoais e profissio-

capacitados significa formar suas próprias equipes.

nais, de modo a acompanharem o crescimento da

Por isso, grandes empresas de todo o Brasil estão

empresa e da Organização Odebrecht.

implantando programas de qualificação. Em parceria com instituições públicas e privadas, como Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o Centro Paula Souza, buscam capacitar os trabalhadores e adaptá-los à nova realidade. O constante desenvolvimento garante oportunidades diferenciadas e confere a esses profissionais um verdadeiro plano de carreira.

Luís Felli

é Responsável por Operações Agroindustriais na ETH Bioenergia

informa

77

saberes

No balcão, na roda e no canteiro de obras

Genésio Lemos Couto carrega na lembrança e no coração as circunstâncias e, sobretudo, os mestres que lhe proporcionaram os maiores aprendizados de sua vida Depoimento de Genésio Couto a Valber Carvalho Edição de texto para Odebrecht Informa: Alice Galeffi

O

pai, um de seus três

na formação de pessoas em toda

fui reencontrar na Odebrecht.

grandes mestres, des-

a América Latina, apoiou a equi-

Esse conhecimento do pequeno

de cedo o colocou para

pe que trabalha na aculturação

empresariamento,

trabalhar no negócio da família.

de integrantes cubanos à Tec-

e atendendo a todos no balcão,

Nas rodas de capoeira de Pasti-

nologia Empresarial Odebrecht e

definitivamente me ajudou muito

nha, seu segundo grande mes-

hoje é Responsável por Pessoas,

na Odebrecht e na minha vida.”

tre, aprendeu a lidar com o jogo

Sustentabilidade e Relações Ins-

e os perigos da vida. Na Odebre-

titucionais na ETH.

Escritório ambulante

cht, onde ingressou em 1989,

Genésio é o segundo inte-

“O Transvase de Santa Elena

aos 36 anos, conheceu a filoso-

grante da Organização a dar seu

foi a primeira obra da Odebrecht

fia empresarial que iria consoli-

depoimento para o Projeto Sabe-

no Equador. O país já tinha tido

dar sua educação. “Dr. Norber-

res – Gente que aprendeu no tra-

experiências com outras em-

to Odebrecht foi o meu terceiro

balho e na vida. Veja a íntegra do

presas internacionais e viveu o

grande mestre. Meus líderes,

depoimento (de 20 minutos) no

problema da greve nessas em-

que tiveram contato direto com

site de Odebrecht Informa (www.

presas. No meu Programa de

ele, repassaram-me seus ensi-

odebrechtonline.com.br) Leia, a

Ação, estava a relação sindical.

namentos por meio da Educação

seguir, trechos do depoimento.

Aprendi logo que tinha que ser

pelo Trabalho.”

Na Organização, Genésio Le-

78

negociando

Aprendizado no balcão

humilde para entender e aceitar a cultura dos outros e tolerante

mos Couto vem superando os

“Quando vim para a Odebre-

com as dificuldades que iria pas-

desafios da vida e do trabalho

cht, já conhecia várias pessoas

sar. Nossa obra no Equador tinha

com sucesso, apoiando a capaci-

da Organização. Naquela épo-

perímetro de 90 km. Quando per-

tação de pessoas e implantando

ca, em Salvador, a faculdade de

cebi que os sindicalistas eram

projetos mundo afora. Em 1990,

Administração era na Avenida

quase todos motoristas e circu-

foi responsável pela primeira

Joana Angélica, onde meu pai ti-

lavam como pombos-correios,

implantação do Programa Jovem

nha uma casa comercial, o Bar

peguei uma kombi e fiz dela um

Parceiro no exterior, no Equador.

e Loteria Santa Cruz. Eu e meus

escritório. Levava nossa mensa-

Em 2003, como Responsável por

irmãos trabalhamos no balcão

gem, nossos princípios, nossos

Administração e Finanças em

até nos formarmos. Alguns da-

valores. Circulavam comigo um

Angola, coordenou um forte pla-

queles estudantes de Adminis-

integrante da área de Pessoas,

no de qualificação e capacitação

tração que frequentavam o Santa

um médico e uma assistente

de integrantes angolanos. Atuou

Cruz e que me viram pequeno

pessoal. Na kombi, estava escri-

informa

to “Oficina Ambulante”. Foi um sucesso.”

Viemos para ficar “Quando cheguei ao Equador, uma pessoa local me alertou: ‘Vocês vivem em gueto, precisam se integrar’. Compramos a ideia e passamos a investir fortemente na capacitação de engenheiros locais. Descobrimos que havia muitos engenheiros desempregados no país. Nós os resgatamos para o trabalho.

Fomos também para dentro da universidade e implantamos, em 1993, o Programa Jovem Parceiro, o primeiro fora do Brasil.

Mostramos a eles que tínhamos ido para ficar. Muitos desses jovens são hoje líderes da Organização.”

Crise na selva “No Equador, em 1997, vivi uma história marcante. Tivemos quatro pessoas sequestradas: dois engenheiros, um chefe de pessoal e um encarregado. Sob a liderança de Luiz Mameri, montamos um comitê de crise.

Na ocasião, fiz grande amizade com Leopoldo Galindo, que tinha trabalhado comigo. Ele leu a notícia no jornal e me procurou: ‘Dr. Genésio, sou colombiano, em que posso ajudar?’ Foi ele quem fez toda a negociação com os sequestradores. Quando nossos colegas, depois de 63 dias, foram libertados, senti um engrandecimento humano

foto:

Genésio: “É muito gratificante fazer parte de uma Organização que transforma vidas”

Livia Aquino

impressionante.

Percebi

que

possuía consolidadas em mim duas características do Parceiro Odebrecht: maturidade e confiabilidade.”

informa

79

Livia Aquino foto:

Sou angoleiro

se reconstruir. Precisava reali-

que conseguiu tirar a capoeira

“Aos 8 anos eu comecei a jo-

zar obras, qualificar pessoas e

da marginalidade e levá-la para

gar capoeira, joguei quase to-

construir a rede social de as-

onde ela está hoje: no mundo in-

dos os dias, dos 8 aos 18 anos,

sistência. Fizemos um trabalho

teiro. E, por último, Dr. Norberto

e com os melhores mestres. Ti-

maravilhoso no campo da saú-

Odebrecht, com quem aprendi

nha aulas com Mestre Pastinha

de, da educação, da cultura e,

muito por meio dos ensinamen-

às quintas e aos domingos. Com

obviamente, da engenharia e

tos transmitidos por aqueles

73 anos, ele passava os ensina-

construção. E continuamos a

que foram seus liderados; seus

mentos da mandinga, da malí-

fazer.”

ensinamentos me transforma-

cia de rua. Era a Capoeira de

gola era uma coisa lúdica dentro de mim. E aí aconteceu: em

“Há três pessoas importantes

nós deixamos. Isso é o que faz a

2003, fui trabalhar em Angola.

e de presença forte na minha

diferença, o legado que a gente

Mas chegando lá, logo ‘quebrei

educação e na minha formação

deixa. É muito gratificante fazer

a cara’. Eles gostam do brasi-

profissional. Em casa, meu pai,

parte de uma Organização que

leiro, nos admiram, mas meu

Tomé

pernambucano,

transforma vidas, uma Organi-

sonho lúdico não existia. Ango-

que me passou todos os seus

zação que nos honra e deixa his-

la tinha pressa, havia saído de

valores. Depois teve o Mestre

tórias para a gente contar para

uma guerra de 30 anos e queria

Pastinha, um pintor de paredes

os netos amanhã.”

Angola, como é conhecida. Na roda de capoeira, eu dizia “sou angoleiro”. Por isso, ir para An-

80

ram e me ajudaram a crescer.

Pessoas sábias são simples porque aprenderam com a vida

informa

Couto,

Hoje eu trabalho nas comunidades e também ajudo a mudar a vida das pessoas, seja com a educação ou com as obras que

Próxima edição:

Energia

RESPONSáVEL POR COMuNICAçãO EMPRESARIAL NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Márcio Polidoro

Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização de origem brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 140 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.

RESPONSáVEL POR PROGRAMAS EDITORIAIS NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Karolina Gutiez COORDENADORES NAS áREAS DE NEGóCIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa COORDENAçãO EDITORIAL Versal Editores Editor José Enrique Barreiro Editor Executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes Projeto Gráfico e Ilustrações Rico Lins Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti Tiragem 7.800 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom Redação: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023 São Paulo (55) 11 3641-4743 email: versal@versal.com.br

Carlos Júnior foto:

“O desenvolvimento do ser humano é o ponto de partida e o ponto de chegada de nosso dever de servir” TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]

82

informa