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sustentabilidade

gestos que constroem o futuro

Portugal A História que os achados arqueológicos contam

meio ambiente A fauna à vontade nos canaviais


Compromisso com o desenvolvimento sustentável “Cabe às empresas integrar componentes sociais e ambientais à matriz dos negócios. Estou falando de uma percepção da sustentabilidade que priorize a melhoria das condições de vida das pessoas, sobretudo dos pobres, e a garantia de justiça social para excluídos. Nesse sentido, os Empresários de hoje e do futuro têm um imperativo: o processo de geração de riquezas precisa traduzir para a sociedade um compromisso moral com problemas que afetam nosso planeta e penalizam a humanidade.” Trecho do livro Confiar e Servir, de Emílio Odebrecht, Presidente do Conselho de Administração da Odebrecht S.A.



E D I T O R I A L

O significado da mudança E

ducação, saúde, qualificação profissional, conservação ambiental, geração de trabalho e renda. São palavras e conceitos que já podemos considerar velhos conhecidos nossos. Mas o que seu significado realmente encerra? Um pai que passa a ter condições de levar seu filho ao médico sempre que necessário, sem jamais ter experimentado, até então, condições de fazer isso, sabe. Jovens que não tinham expectativas profissionais e que, provavelmente, precisariam deixar para trás suas famílias e sua terra natal para tentar a sorte em grandes centros urbanos e, de repente, têm a chance de transformarem-se em empreendedores em suas comunidades também sabem. São exemplos do que você encontrará nesta edição de Odebreht Informa totalmente dedicada à Sustentabilidade. Nas reportagens que você está na iminência de começar a ler, há um tom inequívoco de

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otimismo. É um sentimento que provém da certeza que fica após a leitura de que, sim, é possível fazer da rua, do bairro e da cidade em que se mora um lugar melhor. Porque não há – nunca houve e nunca haverá – poder transformador maior que o trabalho comprometido com o bem comum; o trabalho de cada um como elo da grande corrente da coletividade. Somos muitos. Estamos juntos. Queremos fazer a diferença. Expressões que também são velhas conhecidas nossas. E nós sabemos o significado que elas encerram. É o significado da luta por um mundo mais digno de ambientar a grande aventura humana e da convicção de que essa luta pode ser vitoriosa. Odebrecht Informa deseja a você, leitor, um 2014 repleto de conquistas e alegrias. E que, ao fim dele, assim como ocorre hoje, você tenha a certeza de que, sim, ajudou a mudar o mundo. ]


π Jovens participantes do programa Via Escola, realizado com a participação da concessionária Rota dos Coqueiros, em Pernambuco

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d e s t a q u e s

capa

portugal

Moradora de Los Martínez, na República Dominicana, em uma das estufas comunitárias mantidas com o apoio da Odebrecht. Foto de Lia Lubambo/Lusco.

20 06

Sustentabilidade

O trabalho de preservação do patrimônio cultural na região das obras do Aproveitamento Hidrelétrico do Baixo Sabor

Iniciativas como as que beneficiam pequenos produtores rurais no Baixo Sul da Bahia (foto) estão transformando sonhos e esperanças em perspectivas e realizações

Moçambique

09 Geração de trabalho e renda para pequenos agricultores é destaque no entorno das obras realizadas no país

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República Dominicana A pequena comunidade de Los Martínez dá um exemplo de comprometimento e união de esforços para o bem da coletividade

Braskem Com ações permanentes e de impacto, empresa fortalece sua imagem de referência na contribuição para o desenvolvimento sustentável


gente

entrevista

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Integrantes da Odebrecht, como Bruno Dourado (foto), falam de sua vida no trabalho e fora dele

Sergio Leão e o desafio de fortalecer o alinhamento dos Negócios da Odebrecht em relação ao tema Sustentabilidade

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Fundação Odebrecht No Baixo Sul da Bahia, famílias de agricultores reescrevem sua história a partir da experiência da mobilização em cooperativas

argumento Concessionárias Caia na Rede, Via Escola e Rede Recicla Rio: programas emblemáticos desenvolvidos pelas equipes da Odebrecht TransPort

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Realizações Imobiliárias Parque da Cidade: em São Paulo, um empreendimento que simboliza o compromisso com o desenvolvimento urbanístico ordenado

Gabriel Azevedo escreve sobre a relação das empresas da Organização com o mais essencial dos recursos naturais

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C A P A

S u s t e n t a b i l i d a d e

Conquistas que vêm para ficar Conheça iniciativas concebidas e executadas para transformar sonhos e esperanças em realidade produtiva e sustentável

π Família de piscicultores no Baixo Sul da Bahia: relações fortalecidas e preparação dos produtores de amanhã

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Odebrecht informa

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Andrés Manner

S u s t e n t a b i l i d a d e

π Atividade do Programa Acreditar na Venezuela: capacitação profissional como instrumento para a conquista da cidadania

Existem agricultores nas regiões de Tete e Nacala, em Moçambique, e também no Baixo Sul da Bahia, no Brasil, que estão vivendo dias de grandes expectativas. Mais que isso: de grandes perspectivas. E de otimismo alicerçado na mais pura tangibilidade dos resultados do seu próprio trabalho. Existem crianças em Lima e em Recife que talvez ainda não tenham completa noção disso, mas estão hoje um pouco mais (ou muito mais) perto de um futuro de conscientização e produtividade e de se tornarem adultos realizados e realizadores. Existem mulheres que conseguiram chegar a cargos e funções que elas próprias, há pouco tempo, achavam que só podiam ser desempenhados por homens. São personagens assim que você encontrará nesta grande reportagem especial sobre Sustentabilidade. Personagens? Não. Pessoas – prontas para se transformar e transformar suas comunidades e, por isso, de certa forma, o mundo. Gente que, na maioria dos casos aqui relatados, só estava à espera de uma oportunidade, um apoio, um incentivo para mostrar do que é capaz. São histórias que inspiram, emocionam e servem de exemplo. Para todos nós. Você comprovará isso a partir da página ao lado. Boa leitura. 8


Leilo Albano

π Filipa Bandeira: crescimento pessoal que beneficia toda a família

a mudança vem de dentro Texto Lilian Bilinski

As mãos estão ressecadas pelo efeito do sol e acumulam calos que contam a história de anos no campo. Os cabelos, cuidadosamente trançados e envoltos à cabeça com um lenço colorido, declaram que é importante manter a vaidade. Mas é o sorriso, aberto e espontâneo, que mostra: a mudança vem de dentro. Filipa Bandeira faz parte do grupo de 100 agricultores capacitados pelo projeto social agrícola de geração de renda e trabalho, da Odebrecht Infraestrutura em Moçambique. “Tenho orgulho

em poder dividir as contas da casa com meu marido”, relata a agricultora, que, graças à formação, aprendeu a contabilizar e vender os produtos de suas colheitas. A Associação Agrícola da qual Filipa faz parte fica na comunidade rural de M’Páduè, no norte do país, no entorno do Projeto Moatize Expansão – PME. Lá, cerca de 90 camponeses cultivam suas machambas – como são chamados os pequenos terrenos agrícolas para produção familiar. A formação da primeira turma de

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Guilherme Afonso

S u s t e n t a b i l i d a d e

π Adriano Mazulo e Miraldo Vacheque: a força da parceria

agricultores começou com uma receita de sucesso: o Programa de Qualificação Profissional Continuada Acreditar. Todos passam pelo módulo básico, que abarca os temas de saúde, meio ambiente, qualidade, segurança e psicologia do trabalho. “Antes, íamos à machamba apenas com a enxada debaixo do braço”, conta Filipa, que hoje utiliza botas, chapéu, luvas e máscara para evitar o contato com fertilizantes e outros produtos químicos. “Um dos desafios foi adaptar

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o método do Programa Acreditar à oralidade, pois a maioria não sabe ler nem escrever”, explica Pryscilla Gomide, pedagoga e integrante da equipe de Responsabilidade Social do PME. “Valorizamos a troca de experiências e, para dar o exemplo, trouxemos os líderes da associação para participar.” Após a formação no Acreditar, os agricultores passam pelo curso de Gestão de Pequenos Negócios e Empreendedorismo, ministrado pelo Instituto Nacional de Emprego e Formação


Profissional, órgão do Ministério do Trabalho em Moçambique e parceiro da Odebrecht. Albertino Fungulane, um dos fundadores da Associação de Agricultores de M’Páduè, lembra-se de que outras organizações já os apoiaram no passado: “Elas nos doaram vários equipamentos, que ficaram parados, pois não sabíamos operá-los. A Odebrecht nos trouxe o conhecimento, que é o mais importante”. Mudança de hábito A mudança de hábito vem brotando entre os agricultores. Antes, o plantio ocorria apenas entre os meses de abril e setembro. Nos demais períodos, de chuvas ou de seca, eles acreditavam que não era possível produzir. Além disso, dedicavam-se com exclusividade ao plantio do milho branco para a produção da chima – massa que constitui a base da alimentação da população. “Hoje, os agricultores estão sendo preparados para produzir durante todo o ano e já ampliaram o cultivo para mais de oito tipos de hortaliças”, destaca Flávio João, integrante da equipe de Responsabilidade Social do PME, que, além de ser morador de M’Páduè, auxilia no projeto agrícola como tradutor do dialeto local. A baixa produção inicial, incapaz de atender às demandas da região, resultava na importação de diversos produtos agrícolas das cidades e províncias vizinhas, o que mantinha os preços elevados e inviáveis para a maioria da população. Os altos gastos com água foram herdados do antigo sistema de irrigação por alagamento da terra, que não chegava a todas as hortaliças. A inovação trouxe o sistema de rega “gota a gota”, responsável pela economia de cerca de 80% da água. A produção total passou de 190 mil kg, em 2012, para 350 mil kg, um ano depois. Ao todo, 95% da produção mensal já é comercializada no mercado local. Com o dinheiro que conquistou das vendas, Filipa comprou um celular e abriu sua primeira conta no banco. Albertino cultiva seus planos para o futuro: “Quero ser um empresário para poder dar emprego a mais pessoas como eu”. Empresariar seu destino A quase mil quilômetros de M’Páduè, pelo litoral norte de Moçambique, encontramos a comunidade rural de Nacucha, no distrito de Nacala. Lá, Adriano Mazula, coordenador de Responsabilidade Social na obra do Aeroporto Internacional de Nacala, mostra que a

sustentabilidade está no poder multiplicador dos jovens. Além de acumular a função de Presidente da Assembleia Geral do Conselho da Juventude, dedica todas as manhãs aos jovens beneficiados pelo projeto agrícola da Odebrecht Infraestrutura em Moçambique, iniciado em maio de 2013. Nacala entrou no mapa dos maiores investimentos do país pelo grande potencial logístico e agrícola da cidade, por suas terras férteis e disponibilidade de água. Com o aumento do número de trabalhadores e empresas que se estabelecem a cada dia na região, a demanda por produtos locais cresceu no mesmo ritmo. Em busca de uma solução que integrasse conhecimento local e potencial de produção, a Odebrecht encontrou o Instituto Politécnico de Nacucha, que forma os jovens da comunidade em agricultura, laboratório e pecuária. Mesmo assim, muitos desses estudantes acabavam desempregados. “Selecionamos um grupo de 11 jovens e os incentivamos a formar uma associação agrícola para a inserção produtiva na comunidade”, explica Mazula. Após diversas sessões sobre Associativismo e Cooperativismo, realizadas pela equipe de Responsabilidade Social da obra, os jovens criaram a Associação de Desenvolvimento Sustentável de Nacala – ADSN. Como um complemento valioso ao aprendizado, concluíram o módulo básico do Programa Acreditar. A área de plantio da ADSN, de 2 hectares, está dentro do próprio Instituto Politécnico de Nacucha, onde os mais de 600 estudantes têm a chance de acompanhar de perto as novas técnicas de plantio e serem, futuramente, agricultores da Associação. Miraldo Vacheque, 23 anos, é o líder da ADSN e considera o trabalho uma evolução. “Culturalmente, estamos acostumados a ter um ‘patrão’. A associação nos ensina a trabalhar juntos em prol do benefício comum.” Principal cliente da associação, o projeto do Aeroporto Internacional de Nacala já comprou mais de 8 mil kg de hortícolas para o refeitório da obra, o que corresponde a 60% da produção total – ainda em fase piloto. O diferencial competitivo pode ser percebido: a ADSN produz hortícolas anteriormente difíceis de encontrar, que estavam fora dos hábitos da comunidade. Aos poucos, tornam-se conhecidos por isso. ”Recebemos visitas de diretores provinciais e de diversas empresas, moçambicanas e estrangeiras, que querem nos conhecer e falar de negócios”, ressalta Miraldo. ]

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π Fágner Ribeiro da Silva: conforto e qualidade de vida em plena floresta amazônica

um canteiro com cara (e espírito) de cidade Texto Ricardo Sangiovanni | Foto Rogério Reis

Quando aceitou o convite para deixar o Rio Grande do Norte e ir trabalhar na construção da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, o soldador Fágner Ribeiro da Silva, 26 anos, preparou o espírito para uma temporada de desafios. Ele mal podia imaginar que iria encontrar, em um canteiro de obras em plena floresta

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amazônica, infraestrutura, serviços e até comodidades às quais não estava acostumado. "Aqui parece mais uma cidade. A pessoa tem tudo do que precisa." O canteiro de obras da Usina Santo Antônio impressiona. Atualmente, cerca de 13 mil pessoas trabalham na obra – que já teve picos de 18 mil integrantes – , distribuídas por uma área de


844 hectares, onde há escritórios, alojamentos, cozinha industrial, sistema de tratamento de água e resíduos, atendimento hospitalar básico e equipamentos de lazer e prática de esportes. Tudo isso erguido e gerido pelo Consórcio Santo Antônio Civil (formado por Odebrecht Infraestrutura e Andrade Gutierrez) no encalço desta meta: construir uma das maiores estruturas de geração de energia elétrica do Brasil dentro de elevados padrões de sustentabilidade, causando o mínimo possível de impactos ambientais. A obra nasceu com essa mentalidade, desde a escolha do local do canteiro – que privilegiou a ocupação de áreas onde já havia intervenção anterior, reduzindo a necessidade de desmatamento em 30% – até a montagem da estrutura do canteiro, que reutilizou a madeira de desmatamento em grande parte da estrutura física, segundo o Responsável por Meio Ambiente, Tarciso Camilo Souza. O objetivo, diz ele, é de que, quando a usina estiver finalizada – o que deve ocorrer no final de 2016 – e o canteiro for desmobilizado, toda a área recuperada volte a ser parte da floresta. E como a ideia é de que isso aconteça o quanto antes, a maior parte do reflorestamento previsto está sendo executada em paralelo à obra: até o momento, pouco mais de 50% da área desmatada já foi recuperada e reintegrada à paisagem verde, por meio do plantio de 190 mil mudas nativas, como ipê, jatobá, pau-brasil e açaí, entre outras espécies nativas. O adubo que auxilia no desenvolvimento das mudas também é produzido no canteiro, por meio da compostagem. As sobras de madeira da obra são transformadas em serragem e misturadas ao resíduo orgânico, e esse composto, seco, vira um eficaz fertilizante natural. Mensalmente, são 1.400 t de resíduos reciclados. Ao todo, mais de 643 t de resíduos – 90% do total gerado pela obra – já foram reaproveitadas. Os 10% não recicláveis são incinerados no próprio canteiro de obra, por meio do uso de um moderno incinerador (modelo RGL 100A LUFTECH), e o resíduo comum é depositado na célula do aterro sanitário impermeabilizada, coberta periodicamente com camadas de solo, conforme procedimento operacional. Reciclar 90% dos resíduos gerados, porém, não seria possível sem a colaboração de todos que, no canteiro, separam tudo o que é descartado na obra. "Antes de ser contratado, tive um curso de uma semana sobre conservação do meio ambiente. Aqui, todo mundo sabe que cada material tem seu cesto próprio", conta Fágner. Além do curso – oferecido aos futuros contratados pelo programa

de capacitação Acreditar –, os integrantes das frentes de trabalho têm, diariamente, 45 minutos de palestras sobre reciclagem e conservação ambiental, segurança do trabalho, saúde e higiene, entre outros temas. Saúde do ambiente, do corpo e da mente Fágner é um dos 1.040 integrantes que atualmente vivem no alojamento do canteiro – que, ao todo, oferece cerca de 2 mil vagas. São quatro "condomínios", cada um com oito blocos de 16 quartos cada, mais área de lazer com sinuca, pingue-pongue, salas de televisão e cinema e até academia de ginástica. A maior parte da estrutura física dos alojamentos é feita com madeira reaproveitada das áreas desmatadas para a instalação do canteiro. "É uma maravilha. Pela primeira vez na vida, tenho ar condicionado no quarto", conta o espirituoso Fágner. Por trás dessa estrutura, há uma política que visa garantir a qualidade de vida no canteiro. Para cuidar da saúde física dos integrantes da obra, o canteiro conta com duas ambulâncias, dois ambulatórios e um mini-hospital com 15 leitos, mais uma equipe de 25 profissionais, entre médicos, enfermeiras e técnicos de enfermagem capacitados a dar o atendimento necessário aos integrantes tanto na área ocupacional como na de medicina assistencial, passando pelos atendimentos de emergência, quando necessários. "Temos bastante autonomia para fazer atendimentos básicos sem necessidade de deslocamento para hospitais de Porto Velho", explica o médico Otávio Rocha Filho, chefe da equipe. Fágner atesta a qualidade do serviço: graças às sessões de fisioterapia que fez no canteiro, recuperou o movimento de um dos dedos das mãos, atrofiado após um acidente de moto que sofrera ainda em sua cidade de origem. "Também passei a ir mais ao dentista. Não ia antes com frequência porque não tinha condições", conta o soldador, que já foi a cinco consultas e tratou uma restauração no consultório de Talessa Baptista. Uma pesquisa de opinião feita por ela com alguns dos beneficiados pelos mais de 27 mil atendimentos que realizou de 2010 até hoje, mostrou que 89% dos atendidos estão satisfeitos com o serviço e 92% nunca haviam trabalhado em uma empresa que oferecesse tratamento odontológico no canteiro. Manter a saúde dos integrantes também depende de uma boa alimentação. Essa é a arte da nutricionista Silvia Amaral, líder da equipe de cerca de 200 pessoas que fazem funcionar a imensa cozinha da obra. Em cinco anos, mais de 30

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ฯ Tarciso Camilo Souza e Edmilson Pratte, integrante de sua equipe, no viveiro de mudas de pau-brasil: toda a รกrea desmatada serรก reflorestada

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π Roque Mascarenhas de Oliveira e Edmilson Vieira Guedes (com o violão) apresentam-se no Espaço Cultural: arte e descontração no canteiro

milhões de refeições já foram servidas. “Alimentos preparados por meio da técnica de fritura não são servidos aos integrantes neste projeto. Alimentos fritos aumentam o índice de obesidade e, consequentemente, os riscos de doenças cardiovasculares e outras, além dos riscos de acidentes como queimaduras e quedas, por causa da oleosidade provocada no ambiente e a geração de resíduo, nesse caso óleo”, ela explica. Nos quatro refeitórios do canteiro, o dia mais aguardado da semana é a sexta-feira. O cardápio: feijoada. Depois do almoço, também às sextas-feiras, os talentos artísticos do canteiro costumam se apresentar no Espaço Cultural, tenda e palco anexos ao refeitório principal, onde os cantores e poetas da obra apresentam-se aos colegas. É preciso cuidar também da saúde da mente. O psicólogo Anderson Marcelo é um dos membros

da equipe de Lazer e Qualidade de Vida do canteiro, que organiza eventos musicais, como o disputado festival anual de música, que deu aos campeões a chance de gravar um CD em um estúdio de Porto Velho, e também eventos esportivos, como corridas rústicas, passeios ciclísticos, campeonatos de futebol e outras modalidades. Fágner, como atleta, não passou de um vicecampeonato de futsal. Ele destaca-se mesmo é como artista: é conhecido como "o cordelista" da obra. A fama veio depois que ganhou um concurso cujo tema era Segurança do Trabalho, com um cordel sobre a importância de se usar equipamentos de proteção das mãos: "Peço desculpa a todos/ agora vou terminar/ só vou deixar um recado/ para todos que aqui estão/ peço que tenham atenção/ e lembrem-se, saúde das mãos/ sempre em primeiro lugar". ]

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E N T R E V I S T A

reflexos de uma evolução sergio leão, responsável por sustentabilidade na Odebrecht S.A. Texto Thereza Martins | Foto Paulo Fridman

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O interesse de Sergio Leão por tudo o que se refere à sustentabilidade remonta aos tempos da faculdade. Já naquela época, quando predominava o enfoque ambiental, ele entendia que esse seria um tema que estaria na agenda das empresas e das nações. Formado em Engenharia Civil, com especialização em Engenharia Sanitária pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Sergio Leão cursou mestrado e doutorado na Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, também em Engenharia Sanitária e Ambiental. De volta ao Brasil, em 1982, ele foi contratado pela UFMG como professor concursado e ajudou a consolidar a pós-graduação nas áreas de sua especialidade. Ainda em Belo Horizonte, foi Presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente. Ingressou na Odebrecht em 1992. Responsável por Sustentabilidade na Odebrecht S.A. desde maio de 2013, depois de 20 anos focado na área de Engenharia e Construção, Sergio Leão fala, nesta entrevista, sobre sua atual missão e a contribuição da Odebrecht para o desenvolvimento sustentável.

ππComo Responsável pelo Programa de Sustentabilidade na Odebrecht S.A., quais são as suas principais atribuições? Atuo em duas frentes: no âmbito interno da Organização, coordeno a interação entre as equipes de Sustentabilidade dos Negócios, tendo em vista a sinergia, o direcionamento em relação à nossa Política, a troca de experiências e a ampliação do conhecimento. No âmbito externo, meu papel é o de apoio aos Negócios e de representação e posicionamento da Organização perante instituições nacionais e internacionais, associações empresariais, clientes, órgãos de financiamento, organizações não governamentais e comunidades. Em 2012, criamos o Comitê de Sustentabilidade, integrado pelas equipes dos Negócios. As reuniões são mensais, com temas do acompanhamento dos PAs [Programas de Ação] e das agendas comuns da sustentabilidade entre Negócios. Tratamos ainda de conhecimento e aprendizagem e de nossos resultados. ππQuais são as possibilidades de sinergia entre as equipes de Sustentabilidade, considerando a natureza tão diversa dos Negócios da Organização? A partir de nossa Política de Sustentabilidade, os Negócios da Odebrecht têm seus procedimentos e programas específicos, em áreas como segurança do trabalho, saúde ocupacional, meio ambiente e atuação nas comunidades em que estamos presentes. Sobre essa diversidade de programas, temos um conjunto de indicadores de acompanhamento no âmbito da Organização e o desafio continuado de aprendizagem e melhoria entre Negócios. Um bom exemplo é o dos inventários das emissões de gases de efeito estufa [GEE]. Temos, por princípio, o compromisso de reduzir a intensidade dessas emissões, através, por exemplo, de operações e processos mais eficientes. As experiências, porém,

são distintas. Enquanto a Braskem realiza o seu inventário há sete anos, a Engenharia e Construção está em seu terceiro inventário e a Odebrecht Agroindustrial e a Odebrecht Realizações Imobiliárias concluíram o primeiro recentemente. A interação entre equipes nesse assunto tem facilitado entender onde podemos ser mais eficientes e onde estão as complementaridades entre diferentes Negócios.

“Nossas experiências são um reflexo da evolução do perfil dos Negócios e de onde atuamos”

ππQual o balanço da atuação da Odebrecht nos cinco âmbitos do desenvolvimento sustentável (econômico, social, ambiental, político e cultural)? Nossas experiências são reflexo da evolução do perfil dos Negócios e de onde atuamos. Os Negócios desenvolvidos na África, por exemplo, são fonte de aprendizagem na dimensão social. Nos Estados Unidos, predomina o aspecto ambiental. Nos países da América Latina, há equilíbrio entre as dimensões, e, na região Amazônica, os componentes cultural, ambiental e social são fortes. Nosso balanço é positivo e rico, pois somos uma Organização de conhecimento prático e resultados em todos os ambientes em que atuamos.

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ππVocê pode citar algum exemplo de participação da Odebrecht em fóruns externos para compartilhamento de experiências? Existem vários. Integrantes da Engenharia e Construção participam, em São Paulo, de um grupo chamado Fórum Clima, ligado ao Instituto Ethos. Sob nossa liderança, desenvolvemos, com outras construtoras, um manual para a elaboração de inventários de emissões de GEE específico para a construção. Já adotamos as recomendações do manual que é hoje referência do setor no Brasil. Na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, realizada em 2012, as empresas brasileiras lideraram os posicionamentos em favor da definição de indicadores e metas. Nesse cenário, foram destaques a participação da Braskem, da Odebrecht Ambiental e da Fundação Odebrecht.

“O balanço é positivo, quando vemos a evolução da maturidade e do conhecimento das pessoas em nossas obras”

ππVocê foi Responsável por Sustentabilidade na Engenharia e Construção por 20 anos. Qual a avaliação dessa experiência? O que alcançamos é resultado das contribuições e da dedicação das equipes nos nossos contratos. O balanço é positivo, quando vemos a evolução da maturidade e do conhecimento das pessoas em nossas obras. Temos programas consolidados de controle ambiental nos canteiros. De forma pioneira, criamos e aperfeiçoamos um conjunto de indicadores de desempenho socioambiental. Estabelecemos as diretrizes de sustentabilidade. O inventário de 41 também foi desafiador, por englobar, inicialmente, todas as obras em diferentes países. Mas há o que evoluir e melhorar. Necessitamos ampliar a preparação para tratar de assuntos como biodiversidade e das interações de nossas obras com as comunidades. Precisamos de nova concentração no assunto da segurança do trabalho. A redução da frequência de acidentes, ano a ano, foi expressiva, mas ainda insuficiente para garantir que temos a excelência consolidada em todos os canteiros. Temos o desafio de mudar de patamar nesses resultados e eliminar

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os acidentes, especialmente os graves. Necessitamos qualificar melhor as relações entre qualidade de vida, saúde e produtividade. Em resumo, evoluímos, mas é preciso fazer mais, em linha com nossa Política e com os compromissos da Visão 2020. ]

π Sistema de Transposição de Peixes da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia: ações realizadas no presente pensando na segurança do futuro

Política de Sustentabilidade A Política de Sustentabilidade da Odebrecht define que os resultados dos negócios devem ser obtidos de forma sinérgica, em cinco dimensões: • EconômicA: geração de resultados para os clientes, acionistas, fornecedores e comunidades. • Social: criação de oportunidades de trabalho para integrantes, fornecedores e prestadores de serviços e, indiretamente, para as comunidades onde a Organização atua. • Ambiental: uso racional de recursos naturais, utilização de tecnologias limpas e de recursos renováveis, controle eficiente de emissões de GEE. • PolíticA: contribuição com os governos e representantes da sociedade na formulação de políticas públicas e outras iniciativas que visem promover o desenvolvimento sustentável de países e regiões. • Cultural: contribuição para a disseminação de expressões artísticas e para a preservação da memória e da história que distinguem nações e comunidades.


10 anos

O Prêmio Odebrecht de Pequisa Histórica – Clarival do Prado Valladares lança, em 2013, o livro

de

O livro vem a público no ano em que o Prêmio completa 10 anos. Nesse período, cerca de 1.500 projetos de pesquisa foram apresentados por graduados, mestres, doutores e pós-doutores de todas as regiões brasileiras. Ao apoiar o trabalho de pesquisadores que se dedicam a temas relevantes e inéditos da História do Brasil, a Organização Odebrecht valoriza o patrimônio cultural brasileiro e ajuda a preservar a nossa memória para as gerações futuras.


S u s t e n t a b i l i d a d e

patrimônio emocional Texto Luciana Lanna

A construção do Aproveitamento Hidrelétrico do Baixo Sabor é o maior projeto hídrico em execução em Portugal e representa uma grande transformação do nordeste trasmontano, região que, por muito tempo, ficou esquecida. Com clima árido e muito seco, Trás-os-Montes sofreu acentuado esvaziamento populacional, sobretudo após os anos 1960, em razão do abandono generalizado do setor primário em todo o território português, da emigração em massa, das dificuldades de acesso e da geografia inóspita. Jovens migraram para conquistar melhores condições de vida e não retornaram, nem mesmo para visitar familiares. A natureza está em grande parte intocada na região, e, com ela, ficam guardados verdadeiros tesouros arqueológicos, que agora começam a ser descobertos e preservados. Um exemplo é o Parque Arqueológico do Vale do Coa – afluente do Rio Douro –, que guarda o maior complexo ao ar livre de arte rupestre do período paleolítico, tendo sido classificado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco. A maioria dos sítios no Coa só foi descoberta na década de 1990. Quando chegou ao vale do Rio Sabor – também um afluente do Douro, próximo ao Coa –, para construir o Aproveitamento Hidrelétrico do Baixo Sabor, a Odebrecht Infraestrutura – África, Emirados Árabes e Portugal já tinha, então, preocupação com a preservação arqueológica. “Fizemos uma série de pesquisas para subsidiar o Relatório de Impacto Ambiental da obra e destacamos a importância de proteger os bens culturais tanto quanto os naturais. Tudo é patrimônio”, diz Augusta Fernandes, Coordenadora do Sistema de Gestão Integrada da Qualidade, Ambiente e Segurança no Baixo Sabor. Os primeiros estudos apontaram a existência de cerca de 240 sítios de valor patrimonial. Mas, à medida que foram se embrenhando no território, os arqueólogos descobriram muito mais. Hoje, 2.386 sítios são pesquisados, com 120 pontos de escavação. Foram escavados manualmente 25 mil m2, e 520 mil achados (peças) estão sendo catalogados. Já foram encontradas e devidamente catalogadas cerca de 400 placas gravadas que datam da Idade do Ferro (1000 a 0 a.C.). “Era um período extremamente criativo. As pinturas rupestres da época valorizam a imagem do homem, que aparece com animais,

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montado a cavalo, por exemplo, ou armado, em cenas de caça, com javalis, cervídeos e cães”, explica Paulo Dordio, Coordenador do Plano de Salvaguarda do Patrimônio do Baixo Sabor. Dordio conta que, a partir do material encontrado, é possível investigar o modo de vida das populações e as transformações pelas quais a região passou ao longo do tempo. Os estudos são feitos na própria área da obra, à exceção de uns mais específicos, que dependem de análises laboratoriais ou datações radiométricas. Nesses casos, há parceria com unidades de investigação de universidades portuguesas e estrangeiras. Em galpão do canteiro do Baixo Sabor, estão também 1.500 placas pré-históricas, com gravuras que exploram a tridimensionalidade das superfícies rochosas e mostram imagens naturalistas, quase sempre de animais (características da Pré-história Antiga) ou motivos geométricos, lineares e abstratos (peças que datam da Pré-história Recente). “Na Pré-história foi quando se inaugurou a atividade artística da humanidade”, comenta Dordio. Estão sendo catalogados ainda moedas romanas, cintos, fivelas, alfinetes, pontas de lança e outros objetos. A maior parte foi coletada em um dos principais sítios arqueológicos do Baixo Sabor – o de Cilhades, na freguesia de Felgar. Lá foi identificada a existência de um povoado da Idade do Ferro, com um ponto alto fortificado, que funcionava como zona de armazenamento de cereais. Mas há também habitações de épocas mais recentes, como a Idade Média. O Instituto de Gestão do Patrimônio Arquitetônico e Arqueológico de Portugal pretende definir um plano estratégico para valorização dos achados. A ideia é de envolver municípios vizinhos, criando ampla rede de sítios, que poderá se tornar polo de atração de visitantes interessados no conteúdo arqueológico. Igrejas transladadas Além da preservação do material arqueológico, uma equipe do Plano de Salvaguarda do Patrimônio no Baixo Sabor está trabalhando na trasladação de construções históricas instaladas nos 3 mil hectares que ficarão submersos. São apenas duas, mas verdadeiras pérolas da arquitetura e das artes setecentistas: uma é a Capela de São Lourenço, em Felgar,


Ď€ Restauradora trabalha em peça de arte sacra: surpresas

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S u s t e n t a b i l i d a d e

π Aldeia de Adeganha, em Trás-os-Montes: valorização do patrimônio intangível também faz parte das ações desenvolvidas na região do Aproveitamento Hidrelétrico do Baixo Sabor

Torre do Moncorvo, e outra é o Santuário de Santo Antão da Barca, no concelho de Alfândega da Fé. “A primeira foi bastante simples. No entanto, Santo Antão nos trouxe enormes surpresas”, conta Susana Lainho, restauradora responsável pela trasladação das igrejas. À primeira vista, a Igreja de Santo Antão da Barca não pareceu um grande desafio: tinha paredes nuas e poucos detalhes. Mas, com suas espátulas, os restauradores descobriram, por baixo da tinta branca que revestia a capela-mor, alguns desenhos florais, característicos do século 19. Pesquisaram mais atentamente e, qual não foi a emoção ao perceberem que aquela ainda não seria a pintura original: ela escondia um belíssimo painel do século anterior. Inaugurada em 1743, a Igreja de Santo Antão da Barca, segundo historiadores, foi construída

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com recursos de uma família de muito poder em Portugal, que teria contratado um renomado pintor da época para fazer o painel, todo em tinta a óleo. Há ainda, na Igreja, outras pinturas originais feitas com ouro de lei – vindo do Brasil. Santo Antão era o protetor dos que atravessavam na barca de uma margem à outra do Rio Sabor. A barca não mais existe, mas os devotos se multiplicam. Em setembro, a Festa de Santo Antão reúne cerca de 4 mil religiosos, depois de uma procissão de 10 km até Alfândega da Fé. “No início, eles ficaram receosos, quando falamos em deslocar a Igreja para um terreno mais alto. Depois, perceberam a seriedade do nosso trabalho, o cuidado que temos na preservação do patrimônio e a recuperação de uma parte da história que estamos promovendo. Agora, todos se dizem satisfeitos”, relata Susana. ]


A R G U M E N T O

Celeiro de boas práticas gabr i el

Inovação e boa engenharia podem ajudar no uso sustentável do principal recurso natural: a água As empresas da Organização Odebrecht têm uma relação forte e diversificada com a água. Somos provedores de serviços e soluções de abastecimento e saneamento por meio da Odebrecht Ambiental. A Odebrecht Agroindustrial é uma grande usuária de água em seus canaviais e em suas usinas, onde já alcançou eficiência 40% superior à média do setor no Brasil. A Braskem é um importante consumidor, com crescentes níveis de eficiência, perdas muito baixas e taxas de reúso cada vez maiores. Somos também investidores em hidrelétricas que utilizam a água para a produção de energia limpa e renovável. Como construtores, estamos entre os líderes mundiais na implantação de projetos de infraestrutura hídrica, como canais, adutoras, barragens e estações de tratamento. Na engenharia e construção, avançamos em processos para redução do consumo, o que evita desperdícios. Nossos sistemas de ciclo fechado nas oficinas mecânicas, nos pontos de lavagem de betoneiras e em estações de

a z eve d o

tratamento reduzem a pressão sobre os mananciais locais e impedem a contaminação de cursos de água. Temos exemplos de inovação em tratamento orgânico de água na Usina Hidrelétrica Santo Antônio e em vazões ecológicas e ictiofauna endêmica no Peru. É importante destacar que menores perdas e maior eficiência se traduzem em resultados tangíveis, além de importantes ganhos de imagem e capacidade de influenciar. Por tudo isso, é natural que a Odebrecht seja admirada e tenha forte participação em instituições como a Associação Brasileira de Recursos Hídricos e o Conselho Mundial da Água. Somos vistos por clientes, comunidades, bancos e instituições financeiras e importantes ONGs como celeiro de boas práticas e líderes no tratamento de questões da agenda azul. Isso aumenta muito nossa responsabilidade e nos desafia a avançar mais. Apesar das boas práticas, porém, ainda temos muito a fazer. Entre os maiores desafios está promover mais homogeneidade no desempenho entre dezenas de contratos em países e setores com características e culturas distintas. Isso requer a consolidação de uma cultura de valorização da sustentabilidade como um instrumento para construção de soluções “ganha-ganha”, em que a inovação e a boa engenharia podem reduzir custos e contribuir para a conservação e uso sustentável do principal recurso natural. ]

Gabriel Azevedo é Responsável por Sustentabilidade na Odebrecht Infraestrutura – Brasil

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S u s t e n t a b i l i d a d e

arenas sustentáveis Texto Boécio Vidal Lannes | Foto Cícero Rodrigues (RJ) e Arthur Ikishima (BA)

O torcedor que assiste a partidas de futebol no Maracanã, no Rio de Janeiro, na Itaipava Arena Fonte Nova, em Salvador, ou na Itaipava Arena Pernambuco talvez não saiba, mas está pisando em estádios que reúnem equipamentos e soluções entre as mais sustentáveis do mundo. Essas três arenas – mais a do Corinthians, que está em contrução –, operadas com a participação da Odebrecht Properties, fazem parte do projeto Copa Verde, cuja finalidade é construir espaços ecologicamente corretos para a Copa do Mundo, que será realizada no

Brasil em 2014. Graças a essa iniciativa, o país será o primeiro a receber o evento com os 12 estádios que sediarão os jogos sustentáveis. Esse conceito não se restringe apenas às arenas. Para receber a legião de turistas que virá ao Brasil, as cidades, os governos e as empresas estão investindo em diversas soluções sustentáveis. Brasília, no Distrito Federal, testa um ônibus 100% elétrico; Porto Alegre já tem o seu aeromóvel, trem suspenso movido pela força do vento; em São Paulo, rodovias utilizam pneus reciclados para recapear as suas pistas; e no Rio de Janeiro, o Governo do Estado

π Maracanã: nova cobertura permite a captação de água da chuva para utilização em banheiros e para irrigação do gramado

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assinou um acordo com a rede hoteleira e lançou um plano para aumentar a produção e o consumo de produtos orgânicos. Templo do futebol, o Maracanã seguiu, em cada etapa de sua reconstrução, preceitos de alto desempenho energético e ambiental. Agora que está pronto e aberto ao público, busca, até meados de 2014, a certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) – que significa liderança em energia e design ambiental, preceitos do Green Building Council Brasil (GBC Brasil), ONG que fomenta esse tipo de construção. Construído pela Odebrecht e administrado pela Concessionária Maracanã, formada pela Odebrecht Properties, IMX e AEG, o estádio possui dispositivos que produzem energia e economizam água. O sistema de captação pluvial, por exemplo, ajuda a irrigar o gramado. A água da chuva é armazenada

em um reservatório ao lado do campo. A chuva captada pela nova cobertura também é utilizada nos vasos sanitários dos banheiros coletivos, cujas torneiras inteligentes têm fechamento automático. Nas descargas ecológicas, está programado um jato a cada 15 minutos quando a bola está rolando e, nos intervalos, um jato a cada cinco minutos. O objetivo é reduzir o consumo de água em 30%, meta exigida pelo LEED. Excesso de energia só no campo e na torcida O Maracanã também ostenta um moderno sistema de iluminação com lâmpadas de LED em 23.500 luminárias de baixa manutenção e longa vida útil. Completam a lista escadas e elevadores inteligentes e equipamentos econômicos de ar condicionado. Ainda em teste, uma sala com monitores permite que operadores controlem os refletores do estádio e

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S u s t e n t a b i l i d a d e

π Os painéis fotovoltaicos que transformam energia solar em energia elétrica: geração de 400 quilowatts/pico, o equivalente a 25% da demanda do Maracanã

liguem e desliguem as lâmpadas e o ar condicionado dos camarotes e de outras áreas da arena. “A certificação LEED exige alto investimento”, explica o arquiteto Bernard Malafaia, formado pela UFRJ e com Mestrado na Columbia University, dos Estados Unidos, onde conheceu o processo de certificação. Com 31 anos de idade e quatro de Odebrecht, ele é o responsável pelo projeto. O BNDES, que financiou parte da obra, também exige o LEED. Outro avanço é a utilização de energia solar, fruto de uma parceria entre a Light, a Electricité de France (EDF) e o Governo do Rio de Janeiro. Os painéis fotovoltaicos instalados na cobertura do estádio transformam energia solar em energia elétrica e geram 400 quilowatts/pico, equivalente ao consumo de 200 residências. O sistema também é capaz de suprir até 25% da energia necessária para o funcionamento do Maracanã. Responsável pela área de Sustentabilidade do estádio carioca, Julia Monteiro Martins, de 33 anos, está diante de vários desafios. Com três anos de Odebrecht, essa Engenheira de Produção informa que nos dias de jogos os 210 profissionais da SunPlus, empresa responsável pela limpeza do estádio, recolhem até 35 toneladas de resíduos (latas, garrafas PET e copos plásticos). Esse material é doado para cooperativas de catadores. Segundo ela, alguns cuidados são importantes para preservar o meio ambiente, como o uso de papel higiênico e papel de parede biodegradáveis. “O processo de certificação LEED começa no

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projeto e segue em todas as etapas da construção e operação”, ensina Paulo Rossi, Gerente de Engenharia da Itaipava Arena Fonte Nova, administrado por uma concessionária formada pela Odebrecht e pela OAS. Ele espera obter o certificado LEED até fevereiro de 2014. Reciclagem do material implodido No caso do estádio de Salvador, que precisou ser implodido e depois reconstruído, a economia começou pelo canteiro de obras. Todo o concreto resultante da implosão, cerca de 80 mil toneladas, foi reaproveitado no próprio canteiro de obras, na pavimentação e em acessos, além de outras obras realizadas na cidade. Durante os trabalhos também foi realizado um programa de reutilização de papel, canos de PVC e reciclagem de óleo de cozinha, e os uniformes descartados serviram de matéria-prima para a confecção de sacolas ecológicas, aventais e roupas no Projeto Axé. A exemplo do Maracanã, a cobertura da Itaipava Arena Fonte Nova, também importada da Alemanha, permite a coleta de água da chuva para reaproveitamento nos banheiros e no gramado. Com 47 anos de idade e dois anos e meio de Organização, Paulo Rossi ressalta que a captação anual de 37 mil m3 de água pluvial vai representar uma economia de 72% em épocas de chuva e 24% em períodos de estiagem. “A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) exige investimento em tecnologia. As 20 mil lâmpadas e


os 372 refletores do campo são econômicos”, comenta o engenheiro. Em 2014, a arena receberá os painéis fotovoltaicos com capacidade de gerar energia suficiente para abastecer 3 mil residências. A usina solar, que vai custar R$ 5,5 milhões, reduzirá o consumo de energia da arena em 10%. Integração aos biomas e à comunidade Com capacidade para 46 mil pessoas, a Itaipava Arena Pernambuco também apresenta soluções sustentáveis e tecnologias inovadoras. Localizada em São Lourenço da Mata, a 19 km do Recife, a arena foi construída por uma Parceria PúblicoPrivada entre o Governo de Pernambuco e a Odebrecht Properties, que irá operar a arena nos próximos 30 anos. O projeto prevê a captação de energia solar, aproveitamento da água da chuva, ventilação natural e uma estação de tratamento de esgoto própria. Em funcionamento desde junho de 2013, a usina de energia solar do estádio irá gerar 1 MW de capacidade instalada, equivalente ao consumo médio de até 6 mil brasileiros. Com isso, a arena objetiva alcançar a certificação LEED. Responsável por Sustentabilidade na Itaipava Arena Pernambuco, Izabelle Arcanjo explica o processo: “Desde o início do projeto, na implantação e, agora, na fase de operação, atuamos fortemente na criação de novas ações e metas, permitindo soluções diferenciadas para consolidar um modelo

de arena moderna, eficiente e ambientalmente sustentável, integrada aos biomas e as comunidades do seu entorno”. A nova arena é o ponto de partida para o lançamento de um novo bairro, chamado provisoriamente de Cidade da Copa, que nasce com a missão de impulsionar o desenvolvimento na Zona Oeste da região metropolitana do Recife. No novo bairro, as pessoas poderão viver, trabalhar, estudar e se divertir em um mesmo lugar. Economia de água e energia Palco da abertura da Copa do Mundo de 2014, marcada para 12 de junho, a Arena Corinthians, construída pela Odebrecht Infraestrutura, segue, em todas as etapas de sua construção, rígidos padrões de qualidade e de respeito ao meio ambiente, a fim de poupar energia e água. Localizado em Itaquera, bairro da Zona Leste da cidade de São Paulo, o projeto teve que se adequar ao terreno, que além de estreito apresenta um desnível de 40 metros. Tem poucas escadarias. Todo o setor inferior da arquibancada é acessado sem escadas, o que faz do estádio um exemplo de acessibilidade. O projeto prevê o reúso da água da chuva e autogeração de energia. A ventilação é natural, beneficiando-se da arquitetura. Um bom exemplo são os 15 elevadores. Quando descem, armazenam energia que alimenta os próprios elevadores na subida. ]

π Itaipava Arena Fonte Nova: uso da água da chuva e reutilização do material implodido do antigo estádio dão a dimensão sustentável da nova arena esportiva

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i d e i as

Texto Emanuella Sombra

A Matriz de Risco de Imagem Em sua trajetória como Responsável por Comunicação na Odebrecht, Márcio Polidoro percebeu que, nas cuidadosas análises de riscos que são feitas nos diferentes negócios da Organização, antes de cada investimento, empreendimento ou início de um contrato de prestação de serviços, não estava contemplado o risco de imagem. “De certo modo, isso se justifica”, explica Márcio, “porque o risco de imagem, estrito senso, é sempre decorrente de algum outro risco. Mas precisávamos fazer alguma coisa”. Assim surgiu a ideia da criação de uma Matriz de Risco de Imagem, cujo objetivo é possibilitar a identificação antecipada de potenciais geradores de crises – tentando tornar previsível o que aparentemente é imprevisível – e agir sobre eles. Para chegar à Matriz, foram utilizadas duas referências: o modelo de gestão de risco já adotado pela Odebrecht e o Iquem (Índice de Qualidade de Exposição na Mídia), por meio do qual a Organização monitora a exposição da marca Odebrecht em mídia impressa e digital.

Há três anos, ela vem sendo utilizada pelas empresas. Em cada novo projeto, é aplicado um sistema matemático de pesos com perguntas sobre 150 fatores de risco, subdivididos em oito ambientes, como político, ambiental e social. Por fim, é gerado um escore que dirá se o projeto é de baixo, médio ou alto risco de imagem – e que, por sua vez, se transforma em indicador para o planejamento das futuras ações de comunicação, inclusive quanto aos investimentos e a eventuais provisionamentos de recursos. “A Matriz é um mero instrumento, não é a solução. Ela dá ao empresário um conjunto de informações que o ajudam a formular seu programa de comunicação com os grupos envolvidos: integrantes, comunidades do entorno dos Negócios, clientes e usuários clientes, autoridades e meios de comunicação”, diz Márcio. O grande diferencial da metodologia é sua capacidade de proporcionar um diagnóstico que serve para evitar ou mitigar uma ocorrência negativa e para a definição da melhor estratégia de comunicação a ser adotada em cada situação. ]

π A matriz proporciona aos empresários da Organização elementos para evitar ocorrências negativas e para ajudá-lo em sua estratégia de comunicação

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use com consciência Texto Alice Galeffi | Foto André Valetim

π Maciço da Pedra Branca: trabalhadores preparam a rocha para as detonações

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“Usufruir conscientemente dos recursos disponíveis no meio ambiente para que as próximas gerações também possam se utilizar deles.” Essa é a definição de sustentabilidade para Renata de Oliveira, Responsável por Meio Ambiente nas obras da TransOlímpica, via expressa na cidade do Rio de Janeiro que interligará dois dos espaços de competições dos Jogos Olímpicos de 2016: o Complexo Esportivo de Deodoro à Vila dos Atletas, no complexo Riocentro. A TransOlímpica terá 23 km de extensão e será dotada de um BRT (Bus Rapid Transit, corredor exclusivo para ônibus). A via expressa cortará os bairros da Barra da Tijuca, Recreio dos Bandeirantes, Camorim, Curicica, Taquara, Jardim Sulacap, Magalhães Bastos, Vila Militar e Deodoro, transformando-se em uma altenativa à Linha Amarela para quem vive na Baixada Fluminense e nas regiões próximas à Avenida Brasil. A TransOlímpica fará ligação com outros dois BRTs: a TransCarioca, na Taquara, e a TransOeste, no Recreio dos Bandeirantes, além de conectar-se com os trens da SuperVia, em Deodoro. O projeto prevê que 400 mil pessoas serão beneficiadas diariamente pela TransOlímpica, que reduzirá o tempo de viagem da Barra a Deodoro de 1h50 para 40 minutos. Ações sustentáveis O trabalho de Renata de Oliveira e sua equipe é fundamental nesse projeto. No trecho em que atuam – 13 km que ligam a Estrada dos Bandeirantes, em Curicica, à Avenida Brasil, em Deodoro, e que estão sob responsabilidade do Consórcio Construtor Transrio, composto da OAS (líder), Odebrecht Infraestrutra, Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa –, os desafios de sustentabilidade são grandes. Serão necessárias, por exemplo, a perfuração do Maciço da Pedra Branca, na Zona Oeste, e a supressão vegetal de 26 hectares, que exigirão medidas e ações sustentáveis. “Em uma obra desse porte, quando se fala em medidas de sustentabilidade, o primeiro passo é fazer um levantamento sobre os possíveis impactos ambientais e sociais causados durante sua implementação e sobre as medidas que deverão ser tomadas para minimizar o que for negativo e potencializar o que for positivo, por meio de ações e controles durante todo o período de atividades. Por isso é fundamental a implementação da Gestão Ambiental”, explica Renata. Essa gestão, segundo Renata, inclui treinamento dos integrantes, campanhas de conscientização, gerenciamento de resíduos (do qual faz parte a coleta seletiva), monitoramento

da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE), consumo consciente e reaproveitamento de recursos naturais, principalmente da água, e utilização de fontes alternativas de energia, como a captação de luz solar por meio das placas fotovoltaicas, algumas já instaladas. Geraldo Caracini Filho, Gerente de Produção do Consórcio Transrio, lembra que é preciso estender esse trabalho a todos os que participam da obra: “Não basta o consórcio tomar medidas de sustentabilidade. É preciso que os fornecedores também estejam devidamente regularizados perante as licenças ambientais”. No dia 8 de novembro de 2013, mil dias antes do início dos Jogos Olímpicos, foi realizada a primeira detonação do Maciço da Pedra Branca. Um estudo da rocha implodida será feito para saber como ela poderá ser reutilizada. Ao reaproveitar esse material (400 mil m³ de rocha), o consórcio deixa de extrair essa quantidade de pedra de uma jazida e de a dispor em aterros, além de diminuir a emissão de gás carbônico na atmosfera, ao evitar o transporte desse material, equivalente a 23 mil caminhões com capacidade de 15 m3 cada. A água utilizada na perfuração da rocha, para a colocação da dinamite que será utilizada nas detonações do túnel, passará por um sistema de tratamento no qual ainda será possível utilizá-la, com margem de até 80% de reaproveitamento. Zoopassagens Em seu trajeto, a TransOlímpica cruzará uma área de vegetação densa, o que poderia criar um problema para a fauna local, que antes circulava livremente de um lado ao outro buscando alimentos e abrigo. A solução encontrada pelo consórcio foi a criação de zoopassagens, vias alternativas construídas de forma complementar à via expressa, para permitir que os animais possam circular pelas áreas onde já viviam, sem correr risco de vida ou captura. A equipe do consórcio ainda não sabe se serão aéreas ou subterrâneas, mas o conceito básico das zoopassagens já está definido: a via expressa deverá interferir o mínimo possível no dia a dia da fauna local, composta de bichos-preguiça, pacas, tatus, micos, capivaras, aves, jacarés e outras espécies. Francisco Lima, Gerente Administrativo-Financeiro do consórcio, informa que a conscientização das equipes está em andamento: “Já temos uma plaquinha lá na obra que diz: ‘Capivarapassagem não é brincadeira!’”. Outra medida sustentável, por conta da supressão vegetal decorrente das obras, é o resgate de

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S u s t e n t a b i l i d a d e

CORREDOR NA ZONA OESTE

TRANSOLÍMPICA

TRANSOLÍMPICA CORTARÁ VÁRIOS BAIRROS E SERÁ ALTERNATIVA À LINHA AMARELA Complexo Esportivo de Deodoro Magalhães Bastos

Bangu

Maciço da Pedra Branca

Guadalupe

Irajá

23 km

Aeroporto do Galeão Penha

de extensão no total

Deodoro

SuperVia

(13 km sob responsabilidade do Consórcio Construtor Transrio) Bonsucesso

Vila Militar Madureira Jardim Sulacap

São Cristóvão Méier

Taquara

Vila Isabel

Maracanã

400 mil pessoas serão beneficiadas diariamente

TransCarioca Jacarepaguá

Curicica

RIO DE JANEIRO

30 hectares

Camorim

Vila dos Atletas Recreio dos Bandeirantes

Barra da Tijuca

Ipanema Leblon

400 mil m³

de rocha reaproveitada

Zoopassagens

TransOeste Trecho da Via Expressa TransOlímpica em execução pelo CCT

espécies nativas e em extinção da flora regional. As espécies são enviadas à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), para o Jardim Botânico, que recebe a maioria das orquídeas encontradas, e para o próprio Parque da Pedra Branca, onde há uma área de pesquisa e cultivo botânico. Quando a obra terminar, será relizado um trabalho de compensação vegetal: muitas espécies retornarão a seu habitat e serão replantadas. Haverá a supressão vegetal de 26 hectares na obra, o que será compensado pelo plantio de 30 hectares. A licença para a execução das obras da TransOlímpica também prevê o investimento de R$ 10 milhões em

serão replantados

Vias alternativas construídas para permitir que animais selvagens possam acessar fragmentos de vegetação

uma unidade de conservação e a participação do consórcio em programas de apoio ao Instituto da Pedra Branca. “Essas ações são fundamentais para obtermos um desenvolvimento sustentável, atendendo às necessidades de agora, mas impactando o mínimo possível o meio ambiente e, consequentemente, a qualidade de vida das futuras gerações”, reitera Renata de Oliveira. Ela faz coro com Jeffrey D. Sachs, economista americano e diretor do The Earth Institute, na Columbia University, de Nova York, que conclamou: “Precisamos defender os interesses daqueles que não conhecemos e dos que nunca conheceremos”. ]

π No dia 8 de novembro, foi realizada a primeira detonação do Maciço da Pedra Branca: evento contou com a presença do Governador do Rio, Sérgio Cabral (segundo a partir da esquerda), do Prefeito do Rio, Eduardo Paes (terceiro), do Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman (quarto) e outras autoridades

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saberes

experiência acumulada na diversidade no início foi a arquitetura. depois veio a programação de computadores e então surgiu em sua vida a sustentabilidade Texto Alice Galeffi | Foto Ricardo Artner

f el i pe

Mineiro radicado em Salvador, Felipe Cruz descobriu cedo o valor do trabalho. Em casa, seus pais criaram um ambiente de incentivo à formação dos filhos. Graduado em Arquitetura, iniciou a carreira trabalhando na construção do prédio mais moderno de Salvador na segunda metade da década de 1960: o edifício Fundação Politécnica, na Avenida Sete de Setembro. Felipe, porém, sentia que a Arquitetura não era sua vocação e foi trabalhar com programação de computadores na IBM, em 1968, muito antes de o primeiro microcomputador ser lançado, em 1981. Ele ingressou na Organização Odebrecht em outubro de 1976, como analista de sistemas, e logo se encantou com o planejamento de obras e com o cotidiano nos canteiros. “É ali que a filosofia da Odebrecht se concretiza”, ele costuma dizer.

c ru z

Uma característica notável da carreira de Felipe na Organização é a multiplicidade de negócios, papéis e culturas em que esteve envolvido. Participou da primeira obra internacional da Organização, a Hidrelétrica Charcani V, no Peru, iniciada em 1979, atuou em Angola e na Inglaterra. Começou na Odebrecht na área de Tecnologia da Informação (TI), tornou-se Responsável por Planejamento e Desenvolvimento na Tenenge (empresa incorporada à Organização em 1986), interessou-se pelo tema Desenvolvimento Sustentável e hoje, com a experiência acumulada, é Responsável por Sustentabilidade na Odebrecht Infraestrutura – África, Emirados Árabes Unidos e Portugal. Em entrevista para a série Saberes (www.odebrecht online.com.br), ele conta como foi a sua trajetória até aqui e o que de mais importante aprendeu no trabalho e na vida.]

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S u s t e n t a b i l i d a d e

a alegria que acompanha a esperança Texto Luiz Carlos Ramos | Foto Kamene Traça

A Odebrecht desenvolve hoje 32 programas sociais para as comunidades do entorno de suas obras em Angola. São iniciativas voltadas, sobretudo, à geração de trabalho e renda e ao apoio à saúde e à educação. Nesta reportagem, Odebrecht Informa apresenta três exemplos, com foco na Responsabilidade Social, capazes de ajudar a compreender o alcance do trabalho realizado no país, com base nos preceitos da sustentabilidade. “Em nossas obras, além de cumprirmos nossas obrigações contratuais, buscamos contribuir para que as pessoas que vivem nas áreas de influência de cada um dos projetos desenvolvam seu potencial, atinjam seus objetivos e cresçam”, salienta o Diretor de Responsabilidade Social e Meio Ambiente da Odebrecht Infraestrutura em Angola, Paulo Campos. Contra a mortalidade infantil Jorge Preto, brasileiro do Pará, biólogo, desde 1989 na Odebrecht Infraestrutura em Angola, Responsável por programas de saúde, informa: “Além do combate à malária e ao vírus do HIV/Aids, desenvolvemos o programa Parto Seguro, em apoio a grupos de parteiros tradicionais que vivem perto dos canteiros da Odebrecht. Buscamos reduzir a mortalidade materno-infantil. Angola apresenta uma das taxas mais altas da África. Agregamos aos parteiros práticas da biossegurança, estimulan-do-os a se associarem em cooperativas”. A equipe da Odebrecht identifica os grupos, promove palestras e ministra o módulo Parto Seguro, com 20 horas/aula sobre o parto em si e sobre doenças transmitidas sexualmente. Já foram realizados treinamentos para quase 3 mil parteiros em sete províncias. Técnico de enfermagem, Adriano Cussama Augusto, angolano de Huambo, 45 anos, foi militar e já trabalhou na Odebrecht. Apoiado por Jorge Preto, Adriano montou no bairro Ana Paula, em Viana, município da região metropolitana de

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π Crianças brincam em um dos parques construídos no âmbito do Programa Aldeias Seguras: lançada em


Luanda, um centro médico para tratar de mulheres grávidas e usar as lições recebidas na empresa. “Amo o trabalho de curar, ajudar as pacientes”, diz Cussama. Aldeias e escolas seguras Já o Programa Aldeias Seguras, lançado em 2013, abrange 27 comunas do Projeto Catata-Lóvua, estrada de 101 km em construção pela Odebrecht na província de Lunda Norte. Virgínia Machado da Silva, responsável pela ação, explica: “Nossos educadores transmitem lições sobre saúde, educação infantil, educação ambiental. Buscamos dar sustentabilidade aos programas no entorno da obra”. A meta básica é a segurança das cerca de 6 mil crianças das comunas ao longo da estrada, evitando atropelamentos. O projeto criou parquinhos para as crianças. Um professor de Educação Física vai diariamente às aldeias e conduz brincadeiras que são, sobretudo, lições. Ele usa uma máscara do antílope palanca negra, de longos chifres, animal símbolo de Angola. Todos se divertem – e aprendem. Foram colocadas cercas junto às obras. A Escolinha Itinerante, Xicola Ya Kututululuca, integra a ação e garante o fortalecimento do ensino primário e da profissionalização de adultos voltada ao contexto da estrada (com cursos de mecânica, borracharia e lubrificação). Após a realização da obra, serão deixadas minioficinas para os aldeões que participaram da iniciativa, como contribuição para a geração de renda. “Vamos prosseguir o programa mesmo após a conclusão da obra”, diz Virgínia. O soba (líder comunitário) Samissuiai Kaluena, 101 anos, 28 filhos, líder em Shamissuia, comenta: “O parquinho trouxe alívio às crianças”. Em Bumbatempo, o soba Txilaguia Mualucano, 57 anos, três esposas, 25 filhos, vê evolução. Em língua tchokwe, diz: “Com a Odebrecht aqui, nossas crianças desenvolvem educação. Antes, elas andavam no capim”. Elisa Veronica, agricultora, soba em Nanjinga, sete filhos, complementa, satisfeita: “É um bom trabalho, porque as crianças têm o parquinho e brincam longe da estrada”.

2013, a iniciativa já é realizada em 27 comunas do entorno do Projeto Catata-Lóvua

Desenvolvimento Comunitário na Hanha do Norte Na região de Benguela e Lobito, a Odebrecht já executou várias obras. Agora, constrói a infraestrutura de apoio para a futura Refinaria de Lobito, da Sonaref, subsidiária da Sociedade

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Edu Simões

S u s t e n t a b i l i d a d e

π Ação do Programa Desenvolvimento Comunitário, na Hanha do Norte: estímulo à mobilização coletiva

Nacional de Petróleo de Angola (Sonangol). Ali perto, na comunidade de Hanha do Norte, com 4.100 habitantes, a 20 km de de Lobito, Henrique Pequenino, 25 anos, casado e pai de duas meninas, tem voz ativa no Programa Desenvolvimento Comunitário, lançado em agosto de 2013 pela Odebrecht, com o intuito de formar jovens para que se tornem empreendedores. O Rio Cubal abastece a comuna por meio de um canal de irrigação construído na década de 1960, ainda durante a época colonial. Para tentar ampliar as opções de acesso à água, Poti Malaquias, coordenador das atividades sociais da Odebrecht, motivou jovens – por intermédio da formação em empreendedorismo baseada na economia solidária – a perceberem as dificuldades da realidade local e suas possíveis soluções. Os participantes do programa propuseram-se a realizar a limpeza desse canal, que abastece toda a comunidade, a estação de tratamento de águas e as lavras de subsistência. Henrique e os jovens, juntamente com a comunidade mobilizada, desobstruíram o canal, e a água voltou a percorrê-lo. A comunidade da Hanha ficou entusiasmada com a proatividade dos jovens: está salvo o cultivo de banana, batata-doce, feijão, milho, mandioca e tomate, com aumento significativo da área produtiva. O programa já formou a primeira turma, com 52 jovens. Paralelamente, prossegue o curso de associativismo e de alfabetização de adultos, com

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310 alunos, dos quais 80% são iletrados. Joaquim Jolomba, 51 anos, líder local, prevê: “Com a formação socioprofissional, os jovens poderão trabalhar em obras e na futura refinaria”. Luiza Palanca, 24 anos, quatro filhos, tem aulas de alfabetização e agora vai sempre à praça para receber peixes em troca das batatas que produz. “Meus filhos comem melhor”, diz. Essa ação faz parte do mercado de troca que foi estabelecido na comunidade, o que permite acesso a outros cultivos. Atualmente, a comunidade se mobiliza para a construção da casa de moagem, mais uma importante conquista para a geração de renda. Além das ações de formação, um programa de saúde tem papel de destaque na comunidade. Foram capacitados quatro enfermeiros do posto de saúde de Hanha do Norte para a coleta, a raspagem e o tratamento adequado de pacientes com sintomas de malária. “A ação não proporciona simplesmente uma análise laboratorial, mas sim um diagnóstico preciso e detalhado dos casos de malária na comunidade, permitindo assim um tratamento eficaz”, ressalta Marcelo Martins, Médico do Trabalho. Altivos e silenciosos, Domingos Kaluvala, Chipunda Unambo e Kangombe Mbongo são sobas – líderes de comunidades, de acordo com as tradições angolanas. A ação social em Hanha do Norte tem sido aprovada por eles. “Os agricultores agora produzem mais”, diz Kaluvala. ]


ideias reconhecidas Texto Ana Cecília Americano

Colômbia, Equador, Estados Unidos, Panamá, Peru, República Dominicana e Venezuela, informa Sergio Leão, Responsável por Sustentabilidade da Organização Odebrecht e um dos criadores do concurso. “O objetivo original foi motivar os estudantes a pensarem como a engenharia pode contribuir para a sustentabilidade”, diz Sergio. No Panamá, seu sucesso é tão expressivo que, em 2013, o concurso contou com a participação de todos os centros de ensino superior panamenhos nos quais são lecionadas as disciplinas contempladas pelo prêmio, incluindo as províncias mais distantes do país. A equipe da Universidade Tecnológica do Panamá, com os estudantes Alex Sánchez e Anny Salazar, foi a vencedora da edição de 2013, com um projeto que propõe a geração de biogás a partir de resíduos sólidos orgânicos e o aproveitamento do subproduto dessa geração na produção de fertilizantes. O apelo da iniciativa, contudo, vai muito além da Acervo Odebrecht

O Twitter no Panamá registrou algo inédito na noite de 27 de outubro. O Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável ocupou o posto de segundo lugar em menções nessa rede social, entrando na lista dos chamados trending topics. O cantor Justin Bieber, que visitava o Panamá na mesma época, foi o único capaz de gerar mais comentários que o Prêmio. Afinal, naquele domingo, cerca de 900 mil pessoas acompanharam, pelo canal aberto Telemetro, a transmissão ao vivo da cerimônia de entrega do reconhecimento aos três projetos ganhadores, eleitos entre as 10 equipes finalistas. Há três anos, a iniciativa homenageia naquele país estudantes, seus orientadores e universidades nas áreas de Engenharia, Arquitetura e Agronomia que desenvolvam projetos inovadores de sustentabilidade. Na prática, o Prêmio Odebrecht de Desenvolvimento Sustentável chega a ser uma febre em alguns países. Lançado no Brasil em 2008, já tem presença internacional, em Angola, Argentina,

π Momento da cerimônia de premiação na Cidade do Panamá: participação massiva das instituições de ensino superior

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remuneração econômica aos vencedores, que pode chegar a cerca de US$ 30 mil por projeto, conforme o país. No Panamá, por exemplo, não existe outro concurso universitário local com as mesmas características, tornando o prêmio uma referência nacional. Arturo Graell, Responsável por Relações Institucionais e Sustentabilidade da Odebrecht no Panamá, acredita que o prêmio possa ser uma ferramenta para a mudança de paradigmas. “É preciso vincular o crescimento econômico ao desenvolvimento sustentável”, defende Arturo. O prêmio no mundo Ao redor do mundo, a homenagem aos estudantes inovadores assume papéis diferentes. “Queremos, com o prêmio, ser uma empresa reconhecida no meio universitário”, explica Luis Batista Filho, Responsável por Planejamento, Pessoas e Organização da Odebrecht na Colômbia, às voltas com a primeira edição do prêmio local. Responsável por visitar o meio acadêmico em todo o país, para preparar o lançamento do concurso, Luis Batista percorreu 27 universidades. Resultado: já na estreia, obteve a inscrição de 65 estudantes com 29 trabalhos, abrangendo 17 universidades de todo o país. Seu colega do Equador, Honório Luiz de Caldas Brito, Responsável por Sustentabilidade e Qualidade e coordenador dos esforços da primeira edição no país este ano, acrescenta: “É uma grande oportunidade para identificar mentes brilhantes, ao mesmo tempo em que incentivamos nossos jovens a pensar na engenharia a partir da ótica da sustentabilidade”. Honório Brito visitou 28 universidades no Equador. Esse empenho resultou na inscrição de 165 grupos de jovens com 53 projetos concorrendo. “Foi o recorde de projetos para uma primeira edição em um país”, ele ressalta. Na noite de 28 de novembro, foi realizado o evento de premiação, com a participação de autoridades e universitários. Apresentando um talk show, o ex-vice-Presidente do Equador, Dr. Lenin Moreno, abordou o tema “Sustentabilidade – Única Opção”. José Santos, Diretor-Superintendente da Odebrecht Equador, entregou o prêmio ao grupo de jovens vencedores. O projeto ganhador foi “Elaboração sustentável de barras alimentícias nutritivas à base de resíduos excedentes agrícolas de banana, arroz, milho, cacau e soja das comunidades da Província de Guayas”. O evento teve cobertura de vários canais de TV, jornais e redes sociais. Diego Pugliesso, Responsável por Planejamento, Pessoas e Organização da Odebrecht na Argentina, faz coro à importância da identificação de talentos

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π Evento em Quito: primeira edição do prêmio no Equador, realizada em 2013, recebeu a inscrição de

locais pela Odebrecht. “Os jovens começaram a ver o prêmio como uma opção de oportunidade profissional atraente, pois também permite aos vencedores participarem do programa local de seleção dos Jovens Parceiros”, frisa. Em seu país, a adesão em 2013 – o segundo ano em que o projeto é realizado – foi de 21 universidades, com 37 grupos de alunos inscritos, totalizando 92 jovens promissores. Marcus Felipe de Aragão Fernandes, Responsável por Pessoas e Organização da Odebrecht em Angola, explica que a homenagem fortalece na sociedade a percepção da Odebrecht como uma Organização com uma cultura empresarial diferenciada, comprometida com o país. Sua opinião é corroborada pelo professor Amândio Teixeira Pinto, da Universidade Metodista de Angola e do Instituto Superior Politécnico da Tundavala, orientador de alunos vencedores de duas edições. “É um incentivo à incipiente iniciação científica entre os jovens e dedica-se a um tema da atualidade, que é a sustentabilidade”, resume. Mesmo nos Estados Unidos, onde os prêmios corporativos são uma tradição, o professor Andrés Tremante, da Florida International University (FIU), ressalta a sua importância local. “Ainda que o tema sustentabilidade tenha sido alvo de iniciativas


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165 grupos de universitários

semelhantes por governos e universidades, é a primeira vez que uma organização multinacional oferece no país um incentivo ao desenvolvimento de engenharia sustentável a alunos da graduação.” Soluções inovadoras e econômicas Os jovens que participam do prêmio afirmam que suas vidas são fortemente impactadas por ele, que é uma oportunidade real de o aluno colocar em prática o que sabe, segundo os argentinos Maximiliano Muchiutti e María Paula Godoy, estudantes de Engenharia Química da Universidade Tecnológica Nacional de Resistencia, na Província de Chaco, de 22 e 21 anos, respectivamente. Os dois, vencedores da edição argentina deste ano, foram autores de um projeto que permite uma solução econômica para a descontaminação do arsênico, encontrado com frequência na região rural do país. Humberto da Silva Santos, 22 anos, vencedor da edição brasileira de 2012 pela Universidade de Pernambuco, salienta que o reconhecimento da Odebrecht a seu projeto para o aproveitamento dos resíduos de biomassa da construção civil na geração de combustíveis sólidos e gasosos foi decisivo para a sua indicação ao Programa Ciência sem Fronteiras, do Governo Federal. “A análise dos candidatos a essa

bolsa leva em conta os prêmios recebidos”, observa. O fato é que o aluno obteve uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, na Universidade Estadual de Nova York, em Buffalo. Outro bolsista, este do Programa Universidade para Todos (Prouni), também do Governo brasileiro, Gabriel Estevam Domingos conta que estava cursando o último semestre de Engenharia Ambiental do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), em Santos, no litoral paulista, no Brasil. Ter sido um dos finalistas em 2012 facilitou a realização de seu sonho de se tornar um “empreendedor da sustentabilidade”. Com parte dos recursos obtidos, ele está custeando o processo de obtenção de patente à tecnologia que desenvolveu: uma tinta ecológica feita a partir do processamento do lodo encontrado nas estações de tratamento de água. José Claudio Daltro, Responsável por Administração, Finanças e Planejamento na Odebrecht Infraestrutura na Venezuela, chama a atenção para os próximos passos. Ele tem como meta, em dois anos, universalizar o prêmio a todas as universidades do país e alcançar ao menos 100 trabalhos inscritos por ano. “Além disso”, ele enfatiza, “é preciso acompanhar a trajetória desses jovens, estimulando-os a obter a patente de seus projetos”. ]

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a energia do bem-estar Texto Guilherme Bourroul | Foto Ricardo Teles

Nove cidades estão na área de abrangência da atuação da Odebrecht Agroindustrial. Por meio de suas unidades, a empresa insere-se nas comunidades, com o compromisso de integrar as demandas locais e contribuir para o desenvolvimento da qualidade de vida na região. Além das mudanças econômicas e sociais, decorrentes da geração de trabalho e renda, a empresa realiza projetos capazes de proporcionar melhorias efetivas para as comunidades nas quais está presente. Com o Programa Energia Social para Sustentabilidade Local, a Odebrecht Agroindustrial reúne ações e investimentos para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar nas regiões em que atua. Desde 2009, ano da criação do programa, mais de 50 mil pessoas foram diretamente beneficiadas em projetos nas áreas de educação, cultura, atividades produtivas, saúde, segurança e preservação ambiental. Ao todo, foram realizados 45 projetos entre as nove cidades, dos quais 28 concluídos e 17 em execução, com investimento de R$ 12 milhões. Gestão participativa O diferencial do Programa Energia Social é o modelo de gestão participativa, levado à prática por meio dos representantes do poder público local, da sociedade civil e da Odebrecht Agroindustrial. O processo participativo começa nas Comissões Temáticas, que definem, a partir das prioridades de cada município, os principais projetos. Depois dessa etapa, os projetos são avaliados pelo Conselho Comunitário – a instância maior da gestão do programa –, que delibera e define os recursos que serão investidos. O Conselho é formado por lideranças do governo, da empresa e da comunidade. O programa tem como referências os “8 Objetivos do Milênio”, estabelecidos pela ONU, em 2000, a Política de Sustentabilidade da Organização Odebrecht e a Agenda 21, documento resultante da ECO 92 por meio do qual os países se comprometem a buscar soluções para as questões ambientais.

π O médico Rony Kley na UTI do Hospital de Alto Taquari: tecnologia para salvar vidas

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π Foco nas pessoas: investimentos na qualificação e no bem-estar dos integrantes são constantes em toda as cidades em que a Odebrecht Agroindustrial atua

Os projetos devem ter como diretrizes um modelo autossustentável e participativo e estar acompanhados de indicadores. Resultados obtidos No Polo Taquari, que inclui as unidades Alto Taquari (MT) e Costa Rica (MS), a atuação da Odebrecht tem contribuído para o aperfeiçoamento da infraestrutura dos municípios e da assistência à população, especialmente na saúde, área para a qual já foram destinados mais de R$ 1,5 milhão em ambos os municípios. No fim do ano passado, foram doados para o hospital de Alto Taquari mais de R$ 230 mil em equipamentos de alta tecnologia para a instalação de dois leitos de UTI neonatal e dois para adultos. Segundo seu diretor, o médico Rony Kley Ribeiro da Silva, os leitos têm sido fundamentais para que vidas sejam salvas. “Em casos mais graves, que não conseguimos resolver aqui, passamos a transferir bebês prematuros utilizando uma incubadora com temperatura e oxigênio adequados. Antes, era sempre no improviso. Para mantê-los aquecidos, a equipe médica era obrigada a enrolar os recém-nascidos no papel-alumínio”, relata. Outro projeto na área de saúde foi a construção da sede da Associação Pestalozzi, organização filantrópica, sem fins lucrativos, responsável pelo atendimento de pessoas com deficiência. A inauguração

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ocorreu no início de dezembro. A Prefeitura de Alto Taquari doou o prédio, e a Odebrecht entrou com a verba para a reforma completa do imóvel e a compra de todo o material, desde móveis até os equipamentos para o playground. Das 40 pessoas com deficiência mapeadas na cidade, cerca de 60% são crianças, com idade de 2 a 12 anos. O fisioterapeuta Carlos Eduardo de Paulo, Presidente da Associação Pestalozzi na cidade, explica que haverá uma equipe multidisciplinar para cuidar de perto dos pacientes. Serão dois professores, um educador físico, um fisioterapeuta, um nutricionista, um fonoaudiólogo, um psicólogo e dois auxiliares. Qualificação profissional Mais de 2 mil pessoas, moradoras das comunidades onde a empresa atua, receberam certificados de qualificação profissional desenvolvida no âmbito do programa. O investimento em educação foi prioridade em todos os municípios. Em 2010, na cidade de Mineiros (GO), próxima a duas unidades da empresa (Morro Vermelho e Água Emendada), a empresa doou um prédio ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) local e custeou a reforma das instalações. “A cidade tem grande potencial de desenvolvimento. Nosso trabalho é fortalecer o segmento


PROGRAMA ENERGIA SOCIAL

PRESENÇA NA COMUNIDADE ATUAÇÃO DA ODEBRECHT AGROINDUSTRIAL ABRANGE NOVE CIDADES EM QUATRO ESTADOS

MT

Morro Vermelho

Alto Taquari

MS

9 cidades

Polo Araguaia

Alto Taquari

Costa Rica

Nova Alvorada do Sul Rio Brilhante Teodoro Sampaio Eldorado

Santa Luzia

Polo Santa Luzia

DF

Desde

Perolândia Mineiros GO Costa Rica Caçu

Alcídia

2010

Já foram realizados

45 projetos

R$ 12 milhões

MG

de investimento

Rio Claro

Polo Taquari

Polo Eldorado

Mais de 50 mil pessoas foram beneficiadas

Água Emendada

Polo Goiás

Atividades produtivas

Mirante do Paranapanema

SP Conquista do Pontal

Polo São Paulo

Escritório Sede

Campinas

RJ

Educação

Conselho Comunitário

Cultura

São Paulo

PR

industrial, por meio da capacitação de pessoas que nos procuram para conseguir melhoria na qualidade de vida e crescimento profissional”, ressalta Robert Bonuti, Diretor da unidade integrada Sesi/Senai de Mineiros. A Odebrecht Agroindustrial tem uma grade permanente de cursos de curta, média e longa duração, tanto para a capacitação de seus integrantes quanto para a comunidade. “Isso traz muitas melhorias para a vida da população. Os alunos estão enxergando oportunidades de trabalho”, acrescenta Bonuti. Outro exemplo foi o recente investimento na continuação da formação acadêmica de professores das redes estadual e municipal da cidade de Mirante do Paranapanema (SP). Cerca de 80 docentes concluíram o curso de pós-graduação em Psicopedagogia Institucional, que teve duração de 18 meses e buscou especializá-los para colaborar com o desenvolvimento de crianças e jovens com déficit de atenção e dificuldades de aprendizagem. “Entendemos que investir em projetos como esse ajuda a aprimorar a atuação do profissional com o aluno, a família do aluno e a instituição em que trabalha. Com isso, contribui para o desenvolvimento local, uma vez que a comunidade próxima às nossas operações passa a ter ferramentas para crescer pessoal e profissionalmente”, destaca Carla Pires, Responsável por Sustentabilidade na Odebrecht Agroindustrial.

Saúde, Segurança e Preservação Ambiental

O próximo desafio na área da educação é solucionar o problema da falta de vagas nas creches locais. Isso está sendo discutido com as prefeituras e deve ser executado no próximo ano, seja pela ampliação ou reforma das instalações já existentes, seja pela construção de novas escolas. Incentivando a cultura local Outra importante frente de trabalho do Energia Social são os projetos de infraestrutura relacionados à cultura e de incentivo às atividades culturais. Está em construção em Nova Alvorada do Sul (MS) o Ponto de Cultura de Sustentabilidade, que conta com área para exposição, auditório, memorial, salas de literatura, artes plásticas, dança, teatro e música, biblioteca e cozinha experimental. Projetos arquitetônicos semelhantes estão previstos para as cidades de Cachoeira Alta e Caçu (GO) e Mirante do Paranapanema e Teodoro Sampaio (SP). O Energia Social contempla ainda projetos relacionados à preservação do meio ambiente (como a elaboração dos Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos para todos os municípios) e ao fortalecimento da agricultura familiar, com a introdução de hortas comunitárias e a produção orgânica, que envolvem pequenos produtores locais assentados e cooperativas nos municípios de Mineiros, Nova Alvorada do Sul (MA), Cachoeira Alta (GO) e Mirante do Paranapanema (SP). ]

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ambiente em equilíbrio Texto Guilherme Bourroul

Elaborado em parceria com o Instituto Onça Pintada (IOP), o estudo contempla o monitoramento de oito espécies (onça-pintada, onça-parda, loboguará, anta, queixada, tamanduá-bandeira, tatu-canastra e ema) consideradas bioindicadores, ou seja, cuja presença, abundância e condições de vida são indicativos biológicos da situação ambiental. Segundo Leandro Silveira, Presidente do IOP, os dados indicam que a fauna está bem adaptada à cadeia sucroenergética. “Os resultados até o momento superam as expectativas, porque acreditávamos que a fauna demoraria mais tempo para se adaptar à lavoura de cana. A maioria das espécies da região habita ambientes abertos do Cerrado. Perceber que elas transitam pelos canaviais foi uma surpresa”, revela. Filhotes de onça-pintada Um dos principais motivos de entusiasmo deve-se ao fato de terem sido encontrados filhotes de onça-pintada nos canaviais. “Eles não estariam ali se o

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Em 2011, a Odebrecht Agroindustrial iniciou, por meio do Programa Energia Social para Sustentabilidade Local, um trabalho para monitorar a biodiversidade nas proximidades do Rio Araguaia, na área de atuação das unidades Alto Taquari (MT) e Morro Vermelho (GO). Havia, na região, uma preocupação relacionada ao impacto da chegada das lavouras de cana-de-açúcar na fauna do entorno do Parque Nacional das Emas (PNE) – Unidade de Conservação considerada Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco –, acostumada com culturas mais baixas e com o ciclo mais curto, como milho, soja e algodão. Carla Pires, Responsável por Sustentabilidade na Odebrecht Agroindustrial, explica que a decisão de realizar o levantamento teve como premissa mapear os reais impactos da atuação da empresa. “Decidimos fazer o monitoramento para checar a adaptação dos animais à nova paisagem e procurar alternativas para mitigar eventuais riscos ao meio ambiente. Passados dois anos, os resultados são muito animadores.”

π Um dos corredores naturais usados pelos animais: a presença da onça-pintada indica que a fauna dos canaviais está em equilibro

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Acervo Odebrecht

π Mapeando a fauna: acima, implantação de dispositivo de GPS em uma ema; acima, colocação de armadilha fotográfica; e, ao lado, apuração de informações nas trilhas usadas pelos animais

ambiente estivesse deteriorado ou representasse uma ameaça à espécie”, observa Carla Pires. Além disso, a presença da onça-pintada, que está no topo da cadeia alimentar, indica que toda a fauna dos canaviais está em equilíbrio. “É umas das espécies mais exigentes quanto a tamanho e qualidade da área. Um ambiente que consegue sustentar uma onça-pintada tem qualidade e quantidade de habitats diferenciados. A onça-pintada pode ser considerada um ‘selo verde’ de qualidade ambiental”, diz Leandro Silveira. Outro dado relevante é que as mesmas 32 espécies de mamíferos de médio e grande porte encontradas

na lista oficial do PNE estão presentes nas fazendas do entorno. “Isso prova que as propriedades estão mantendo refúgios e alimentos suficientes para todos os grupos animais”, explica Leandro. O acompanhamento vem sendo feito com o uso de 250 armadilhas fotográficas instaladas em áreas do Parque das Emas e nas fazendas fornecedoras de cana-de-açúcar para a Odebrecht Agroindustrial. No momento, estão sendo instalados colares com GPS em animais. Esse novo passo permitirá saber o quanto as espécies utilizam da cana-de-açúcar nas suas atividades de alimentação e abrigo, além de identificar potenciais corredores naturais de vegetação utilizados com frequência. “Os resultados dessa etapa nos possibilitarão ajustar, ao máximo, ações de manejo da paisagem do entorno do PNE para benefício da fauna”, enfatiza Leandro. Carla Pires destaca ainda que o manejo agrícola sustentável da Odebrecht Agroindustrial está amparado no respeito e na conservação dos recursos e ciclos naturais, priorizando a conservação das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs), essenciais à manutenção dos ecossistemas e da biodiversidade, incluindo água, solo e os fatores reguladores do clima. ]

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o exemplo de los martínez Texto Eduardo Souza Lima | Foto Lia Lubambo/Luzco

Falta luz todo santo dia em Santo Domingo. Mais de 80% da energia elétrica consumida na República Dominicana é produzida em usinas térmicas movidas a gás ou a óleo diesel importados. Só escapam do apagão diário prédios e centros comerciais munidos de geradores e comunidades que desenvolvem ações independentes, como é o caso de Los Martínez, um pequeno núcleo populacional agrícola cravado em um vale da província de San Jose de Ocoa. “Minha salvação é que em minha casa tem gerador, pois falta luz todos os dias. Aqui, não, porque eles se uniram para instalar uma pequena central

hidrelétrica em um córrego da região. Também criaram o seu próprio sistema de irrigação e estão reflorestando áreas que foram devastadas para a produção de carvão vegetal”, diz Flávio Campos, Diretor de Contrato da Odebrecht. “E esses são apenas alguns exemplos do que Los Martínez desenvolveu nesta região. Eu estava buscando uma comunidade como esta, em que a base da sustentabilidade existe, e que, por isso, sabemos que nosso aporte não se perderá quando a obra acabar.” Los Martínez fica às margens da Rodovia Piedra Blanca-Cruce de Ocoa, que está sendo reconstruída

π Uma das seis estufas comunitárias de Los Martínez: a comunidade é a maior produtora de vegetais em ambientes controlados da América Central

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π Nurki Rivera: empresariamento para se desenvolver

pela Odebrecht, por encomenda do Governo dominicano. A estrada, que tem 83 km, liga as províncias de Monseñor Nouel (no norte) e Peravia (no sul), cruzando a de San José de Ocoa, e beneficia cerca de 400 mil pessoas. Lá, a empresa vem atuando em quatro programas sociais voltados à sustentabilidade: a ampliação do projeto de apicultura e do projeto de produção agrícola em ambiente controlado (estufas), a modernização do centro de informática comunitário e a instalação de um sistema da coleta de lixo seletiva. Luta pela terra A história de Los Martínez remonta ao início do século passado, quando os primeiros camponeses começaram a se instalar nas encostas de montanhas da Cordilheira Central do país. Aos poucos, eles foram descendo para o vale, em busca de terras mais férteis. Começaram, então, os primeiros conflitos, que se acirraram a partir dos anos 1960. “Foi uma luta que durou 12 anos. Chegaram a ser enviados 300 militares à região”, conta o líder

comunitário Jorge David Ortíz. Foi uma luta mista desde o início: as mulheres agiam como vigias e levavam mantimentos para os homens que se refugiavam nas matas. Em 29 de abril de 1979, foi fundada La Vencedora, associação masculina de agricultores. Pouco depois, nascia a La Nueva Esperanza, sua similar feminina. No dia 31 de agosto daquele ano, a região foi devastada pelo ciclone David, mas nem isso afugentou os bravos dominicanos. “Ele tinha meu nome, mas eu cheguei aqui primeiro!”, brinca Ortiz, que na época tinha apenas 9 anos. No início dos anos 1980, finalmente conseguiram a posse definitiva da terra, em um processo de reforma agrária. Hoje, 50 famílias vivem em Los Martínez. Além da pequena hidrelétrica, a comunidade tem escola, posto de saúde e uma fazenda de piscicultura mantidos pelos moradores. “Criamos um fundo para o qual cada agricultor destina 5% de sua produção. Também cobramos pela energia elétrica, de modo que não falte dinheiro para mantermos esses projetos e desenvolvermos outros”, explica o associado

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π Rodovia Piedra Branca-Cruce de Ocoa: com seus 83 km, a rodovia corta três províncias e beneficia cerca de 400 mil pessoas

Orlando Guerrero. “Também formamos brigadas voluntárias mistas para combater incêndios nas matas, limpar o rio onde funciona a turbina e outras tarefas, como nosso programa de construção de novas casas”, completa seu vizinho Carlos Martinez. “Atualmente estamos trabalhando em um projeto de ecoturismo de montanha”, conclui Guerrero. Com a coleta seletiva implantada pela Odebrecht, os resíduos vegetais de Los Martínez passaram a alimentar um minhocário, de onde sai o húmus que fertiliza as plantações das seis estufas comunitárias. Dessas, uma foi construída e outra, reformada pela empresa. A Odebrecht também financiou a compra de 37 colmeias para o projeto de apicultura de La Nueva Esperanza, além de prestar auxílio técnico para que a associação comercialize o mel lá produzido. “Eu nunca havia entrado em um apiário e hoje sou uma pequena empresária do ramo. A primeira coleta aconteceu em 14 de fevereiro. Foi um dia muito especial!”, conta Nurki Rivera, Secretária de Finanças. Parcerias locais Gabriela Ortíz tem apenas 11 anos, mas é ela quem toma conta do centro de informática comunitário, para o qual a Odebrecht adquiriu computadores

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com roteadores Wi-Fi e impressoras. Além de manter a casa em ordem, ela estuda, brinca e se conecta com o mundo. “Uso a internet para me comunicar com os parentes que estão fora e para pesquisar sobre o México, país que sonho em conhecer.” Em Los Martínez, a Odebrecht juntou-se à Associação para o Desenvolvimento de San Jose de Ocoa (Adesjo), que presta assistência técnica aos programas de apicultura e agricultura em estufas. “Sempre buscamos fazer parceria com uma entidade local, para que os projetos não morram quando a obra terminar e a empresa for embora. Não que aqui isso fosse necessário, pois se trata de uma comunidade ímpar”, explica Claudio Castro, Responsável por Comunicação e Relações com as Comunidades. E a Adesjo está fazendo Los Martínez conectar-se ao mundo de outras maneiras. “Temos participado de congressos na América Central e divulgado a experiência deles. Los Martínez já é o maior produtor de vegetais em ambientes controlados de toda a região, no sistema de produção comunitária, e esse modelo já está sendo replicado em mais de 50 comunidades, não só na República Dominicana, mas também em outros países”, conta o Encarregado de Recursos Naturais da associação, Carlos Bonilla. ]


A TEO agora está na ponta de seus dedos! Publicado o primeiro eBook sobre a Tecnologia Empresarial Odebrecht.

Os livros escritos por Norberto Odebrecht já podem ser lidos em seu computador, tablet ou smartphone. O primeiro título publicado é Sobreviver, Crescer e Perpetuar, em português. Para adquirir e baixar a publicação, acesse: www.fundacaoodebrecht.org.br/Programas/Editorial/ Boa leitura!

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selos de responsabilidade Texto Eliana Simonetti | Foto Rogério Reis

π Usina Hidrelétrica Santo Antônio e outros três projetos da Odebrecht são certificados no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo da ONU: 6 milhões de toneladas de CO2 em crédito de carbono

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A Organização das Nações Unidas (ONU) certificou quatro obras de infraestrutura da Odebrecht no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL): no Brasil, o Parque Eólico Corredor do Senandes, realizado no Rio Grande do Sul, e a Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia; no Peru, a Hidrelétrica de Chaglla; e na República Dominicana, um empreendimento realizado para a estatal Empresa de Generación Hidroeléctrica Dominicana (EGEHID), a Hidrelétrica de Palomino. Com isso, quando esses projetos estiverem em operação, gerarão 6 milhões de toneladas de CO2 equivalente/ano em créditos de carbono. O que isso significa? Para começar a compreender a notícia, é importante saber que as 163 obras que as empresas de Engenharia e Construção da Odebrecht realizaram em 17 países em 2012 contabilizaram a geração de 2,7 milhões de toneladas de CO2 equivalente/ano. Ou seja, a redução resultante das quatro obras certificadas pela ONU equivale ao dobro do que toda a operação de Engenharia e Construção gerou de gases de efeito estufa em 2012. Esse caso está inserido em um contexto muito mais amplo: o esforço para conter o aquecimento global, que teve um importante marco em dezembro de 1997, em Quioto, no Japão. O Protocolo de Quioto, adotado a partir daquele ano, previa que as nações industrializadas reduziriam suas emissões de gases causadores de efeito estufa (GEE), em média, em 5%, entre 2008 e 2012, tendo por base as emissões registradas no ano de 1990. Esse acordo, entretanto, somente entrou em vigor em 2005, depois da adesão da Rússia. Em 2009, 187 países estavam comprometidos com o Protocolo de Quioto. Países em desenvolvimento e as empresas que neles operam ficaram livres para estabelecer os esforços que lhes parecessem possíveis cumprir sem prejuízo do crescimento econômico. Para estimulá-los, foi criado o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Assim, aqueles que implementam projetos sustentáveis podem se candidatar para obter créditos certificados emitidos pelo Conselho do MDL, que são negociáveis no mercado global – em especial no mercado europeu. Os compradores são empresas ou países que não conseguiram atingir as metas pactuadas. Existem regras claras e rígidas para a aprovação de projetos no âmbito do MDL. Eles devem ser baseados em fontes renováveis e energias alternativas, em eficiência e conservação de energia e em reflorestamento, entre outros. Devem utilizar

metodologias verificadas e validadas por entidades designadas e aprovadas e registradas pelo Conselho Executivo do MDL e pela autoridade apontada pelo governo do país. A Odebrecht percorreu todo esse caminho para certificar as quatro plantas geradoras de eletricidade. Os negócios relacionados a créditos de carbono já foram bastante disputados. Desde 2012, entretanto, como reflexo da crise financeira internacional, os países industrializados deixaram de aumentar suas metas de redução de emissão de GEE, diminuindo a demanda por créditos de carbono. Mais que isso. As incertezas associadas à renovação do protocolo, no fim de 2012, geraram uma correria de empresas e países para validar seus projetos antes do fim daquele ano, aumentado, portanto, a oferta de créditos. O protocolo foi renovado até 2020, mas as transações no mercado global ainda não reaqueceram, e os valores permanecem baixos. Os certificados de redução de emissões podem beneficiar a Organização de várias formas. Por exemplo, para atender a restrições regulatórias crescentes em diversos países e viabilizar novos empreendimentos. “O valor tangível dos certificados varia conforme as leis do mercado. Mas eles têm um valor intangível inquestionável e crescente. Ter créditos de carbono é como ter um selo de responsabilidade ambiental”, diz Alexandre Baltar, Gerente da Área Socioambiental da Odebrecht Infraestrutura. ]

Transparência e consistência Além dos esforços relacionados aos projetos MDL, a Odebrecht trabalhou na produção de um guia sobre como contabilizar os inventários de emissões da indústria da construção pesada, em parceria com o Fórum Clima e Instituto Ethos. Alinhado com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o guia foi publicado em agosto e serviu de parâmetro para que outros setores desenvolvessem, também, seus próprios manuais. "Com essa iniciativa voluntária, demonstramos nossa preocupação com a transparência e com a consistência das informações", explica Alexandre Baltar.

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sim, deu química! Texto Emanuella Sombra

cadeia de produção, duas toneladas de CO2 para cada tonelada de plástico produzido e pode ser misturado aos outros plásticos durante a reciclagem. “A Braskem criou o Código de Conduta para os Fornecedores de Etanol. O documento estabelece requisitos socioambientais necessários para que um produtor de etanol se torne fornecedor da Braskem”, acrescenta Elias, que vislumbra, no futuro, uma mesa com o dobro ou o triplo de frascos e embalagens. “O polietileno verde ainda possui o que chamamos de posicionamento de nicho: nossos clientes são empresas que valorizam a sustentabilidade”, pondera, tendo a seu favor números de quem é líder mundial no segmento. Há três anos em operação, a unidade de PE Verde em Triunfo, no Rio Grande do Sul, pôs a Braskem no topo do ranking dos produtores de polietileno oriundo do processamento da cana. São

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Embalagens de arroz dividem espaço com garrafas de suco e frascos de protetor solar na mesa de Alexandre Elias, Responsável por Negócios Químicos Renováveis na Braskem. Em outra mesa do escritório central da empresa, em São Paulo, dezenas de itens com rótulos em inglês, francês e japonês misturam-se a marcas nacionalmente conhecidas. Em comum, o fato de que os produtos foram embalados com polietileno verde, derivado do etanol de cana-de-açúcar. “Se o compararmos com o plástico de petróleo, não há diferença. E, por ser semelhante aos demais, não demanda da indústria um maquinário específico”, explica Elias, que tem como desafio atrair mais clientes. Sua grande arma é uma palavra-chave do mundo atual: sustentabilidade. Além de sua origem ser renovável, o polietileno verde captura, em sua

π Unidade de Polietileno Verde da Braskem em Triunfo: símbolo de um compromisso

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200 mil t/ano – 25% da produção mundial de biopolímeros. Empresa de valores Indicadores de uma marca que tem o desenvolvimento sustentável como premissa do negócio. Prova disso é que a Braskem foi incluída, pelo segundo ano consecutivo, no Dow Jones Sustainability Emerging Markets Index, índice da bolsa de Nova York para países emergentes que reconhece o compromisso da iniciativa privada em contribuir com boas práticas de governança coorporativa e responsabilidades social e ambiental. O índice reúne 81 organizações, das quais 17 são brasileiras. Em 2013, a Braskem obteve nota 76 (contra 70 no ano anterior), em uma escala de 0 a 100. “É um importante reconhecimento da adequação da nossa gestão aos princípios e às melhores práticas de sustentabilidade. Além disso, o índice mostra nossa evolução de um ano para o outro, e como podemos melhorá-la”, avalia Jorge Soto, Responsável por Desenvolvimento Sustentável na Braskem. Em sua opinião, trata-se de um bom guia para investidores que enxergam os impactos positivos a longo prazo de uma postura empresarial sustentável. A empresa da Organização Odebrecht também integra o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e o Índice Carbono Eficiente (ICO2), ambos conferidos pela BM&F Bovespa. O último avalia um aspecto nevrálgico das relações entre produtividade e impactos ambientais: a emissão de gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera. Entre 2008 e 2012, a Braskem conseguiu reduzir a intensidade da sua emissão de GEE em 13%. Hoje ela é considerada a melhor empresa brasileira em gestão de carbono, com excelência em desempenho e transparência de acordo com o Carbon Disclosure Project (CDP), organização não governamental que acompanha as companhias de capital aberto em todo o mundo. Um dos mais respeitados indicadores do mercado de capitais, o CDP incentiva empresas a divulgarem informações sobre seus impactos ambientais. Na análise de André Leal, Responsável por Responsabilidade Social na Braskem, reconhecimentos como esse criam um panorama ainda mais positivo para que o tema seja discutido nos ambientes externos à Braskem – dos parceiros à sociedade civil. De dentro para fora Leal cita a Linha Braskem Maxio®, cujos produtos de EVA (copolímero de etileno e acetato de vinila), atendem às necessidades de clientes do mercado de tênis e sapatos. Lançada em 2012, a linha é composta

de novas resinas que oferecem mais eficiência no processo de cura das solas de calçados. Seus benefícios estão na redução do consumo de energia, já que a cura ocorre em temperaturas mais baixas, na eliminação de etapas de produção e na redução de matéria-prima utilizada. “Mas nossa preocupação não se resume aos processos produtivos. Entendemos, sobretudo, a importância de levar essa discussão à sociedade”, diz Leal. Segundo ele, o diálogo tende a ser ainda mais produtivo quando a parcela da população a quem é direcionado vivencia o tema de maneira lúdica e educativa. A exemplo da Comunidade Ecofashion, evento que discute o consumo responsável por meio da moda. Realizado pela Braskem nas comunidades do entorno do Polo Petroquímico do Grande ABC, em São Paulo, o evento promove anualmente desfiles a partir de figurinos confeccionados com materiais reciclados, de embalagens a filtros de café. “A ideia é fazer os alunos das escolas locais perceberem a utilidade desses produtos no ciclo pós-consumo.” Outras iniciativas vão nessa mesma direção. Com o apoio ao Instituto Fábrica de Florestas, que promove o plantio de mudas de espécies da Mata Atlântica ao longo do Corredor Ecológico Costa dos Coqueiros e do Anel Florestal, no litoral da Bahia, a empresa também cria um ambiente para a conscientização dos estudantes da região que visitam os viveiros. Em 2012, foram produzidas mais de 170 mil mudas, e, graças ao sucesso obtido, o projeto foi replicado em outras regiões. Em junho, foi inaugurado um viveiro no Jardim Botânico de Paulínia (SP), que produziu cerca de 10 mil árvores. Em setembro, com o intuito de evitar a erosão do solo e o desabamento de encostas, foi inaugurado um viveiro na Reserva Ambiental do Parque Municipal da Caixa D’Água, em Duque de Caxias (RJ). Nessa mesma linha, uma parceria com os institutos Akatu e Faça sua Parte chama atenção de crianças e jovens de todo o Brasil para o consumo consciente e para a ecoeficiência nas cadeias produtivas. “O interessante é que são temas diretamente ligados aos nossos processos e às nossas escolhas de produtos. São assuntos do nosso dia a dia”, argumenta Leal. Escolhas inteligentes Esse ponto de intercessão acaba criando um diálogo sinérgico entre os integrantes que se dedicam a iniciativas socioambientais e as equipes de pesquisa tecnológica. “Ao promovermos esse diálogo com a sociedade, também estamos ajudando a formar consumidores cada vez mais atentos a suas escolhas e ao impacto delas no meio ambiente”,

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Alberto Guimarães

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avalia Luiz Gustavo Ortega. Ele é Responsável por Sustentabilidade na Cadeia de Clientes da Braskem e, desde 2012, coordena uma área estratégica da empresa: a que estuda soluções sustentáveis por meio da Avaliação de Ciclo de Vida (ACV), uma metodologia que considera todas as etapas de vida de um produto, desde a extração da matéria-prima, passando pela fabricação e pelo consumo, até o seu descarte. Por meio dessa visão ampliada, é possível chegar a uma análise real dos impactos provocados e desenvolver políticas e práticas mais sustentáveis. “Mapeamos todo o processo produtivo de uma cadeia e identificamos possibilidades de melhoria, seja minimizando um impacto, seja maximizando uma consequência positiva”, explica Ortega. A partir de estudos de ACV do plástico verde, por exemplo, a demanda de clientes interessados em conhecer o produto aumentou. Foi também por meio da ferramenta que a Braskem realizou uma análise inédita sobre embalagens de farinha de trigo e concluiu que a sacaria de ráfia de polipropileno é mais vantajosa se comparada à sacaria tradicional. Isso porque, enquanto a primeira utiliza, aproximadamente, um litro de água em seu ciclo de vida, a tradicional consome oito litros. E embora a primeira emita mais CO2 em seu processo de produção, a segunda libera muito mais gás carbônico, levando-se em conta todo o seu ciclo de vida, da extração dos recursos naturais utilizados até a sua decomposição. “A análise nos permite entender que o ótimo das partes nem sempre é o ótimo do todo.” Partiu da Braskem a criação da Rede Empresarial Brasileira de ACV, fórum que conclama a iniciativa privada a discutir o conceito e aplicá-lo ao ambiente empresarial. Uma preocupação que não se limita à postura política da Braskem e que se reflete em suas práticas diárias.

π Alexandre Elias: requisitos socioambientais

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Indicadores na prática A gestão proativa dos ecoindicadores da Braskem vem fazendo com que os resultados evoluam positivamente. Em 10 anos – de 2002 a 2012 –, a empresa conseguiu diminuir em 11% o consumo de energia, reduzir em 39% a geração de efluentes líquidos e em 69% o descarte de resíduos sólidos. Esses números são resultado de um compromisso de longo prazo com investimentos concretos. Os projetos Aquapolo e Água Viva são bons exemplos. O primeiro, em operação há mais de um ano, fruto de parceria entre a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a Odebrecht Ambiental e a Braskem, fornece água de reúso


Acervo Odebrecht

π Projeto da Braskem Idesa em execução no México: manutenção da flora e reutilização de efluentes

industrial para o Polo Petroquímico de Capuava, na cidade paulista de Mauá, e vem permitindo à Braskem reduzir sua demanda por água potável, o equivalente ao consumo de uma cidade de 300 mil habitantes. “É uma água de qualidade, proveniente de esgoto tratado, que evita a captação da água do rio”, explica Mauro Machado Júnior, Especialista em Meio Ambiente Corporativo. O segundo, o Projeto Água Viva, inaugurado no fim de 2012, opera no Polo Industrial de Camaçari, na Bahia. Ele foi desenvolvido em parceria com a Cetrel, empresa criada para mitigar os impactos ambientais do polo, e reduz a demanda da empresa por recursos hídricos em 4 bilhões de litros ao ano (podendo alcançar em anos mais chuvosos uma economia de 7 bilhões de litros), por meio da reutilização de águas pluviais e de efluentes tratados. “Nossos negócios nascem com uma preocupação ambiental, desde a seleção da tecnologia adotada até a escolha do local”, ressalta Roberto Bischoff, VicePresidente da Braskem na América Latina. É dele a responsabilidade de liderar um complexo petroquímico para a produção de polietileno, em construção pela Odebrecht Engenharia Industrial no estado mexicano de Veracruz e realizado por meio de uma joint venture entre a Braskem e a Idesa.

Previsto para começar a operar em junho de 2015, o complexo da Braskem Idesa contempla uma unidade de cracker de eteno a partir de etano de gás natural, integrada a três unidades industriais para produção de polietileno. Já nasceu sustentável por diversos motivos. No terreno onde está sendo erguido o projeto, foram reservados 30 dos seus 200 hectares para a manutenção da flora local. Paralelamente, mais de 80 mil mudas de árvores nativas foram plantadas em outras regiões, possibilitando salvar espécies em extinção. No aspecto social, dos 3 mil trabalhadores que erguem o complexo, 85% são moradores locais. E, quando estiver em operação, 65% do efluente do sistemas de refrigeração será reutilizado. “A tecnologia do eteno também gera menos impactos ambientais, pois a quebra de moléculas dessa matéria-prima envolve menos aporte energético do que a nafta. Ou seja, menos energia consumida e menos emissão de CO2”, prevê Bischoff, mostrando que ainda há muito o que explorar de um tema tão diverso e indispensável às gerações atuais. E futuras. “É uma planta que melhorará ainda mais os ecoindicadores da Braskem, e, dessa forma, estaremos ampliando nossa contribuição para o desenvolvimento sustentável.” ]

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c omun i d a d e

π Maybeth Batista (à esquerda) e Patrícia de Araújo: aumento de renda e da autoestima por meio da arte

arte transformadora Texto Arthur Bernardes do Amaral | Foto Fernando Soto

“Aprendi que muitas coisas que a gente descarta são úteis para outras pessoas”, diz Delmira Samaniego. Ela mora no bairro de El Chorrillo, na Cidade do Panamá, e, com suas vizinhas, participou das ações de capacitação em arte decorativa organizadas pela Odebrecht Infraestrutura – América Latina no Panamá no projeto Cinta Costera III. Delmira aprendeu a transformar objetos do dia a dia, como vasos, garrafas, máquinas de costurar, panelas e pratos, que ela recolhe ao percorrer o bairro, em peças de arte. Maybeth de Batista, uma das 20 participantes da primeira oficina, realizada em abril de 2013, afirma: “A capacitação ajuda a nos desenvolvermos. Há muitas jovens sem trabalho aqui. Nossas crianças agora dizem: ‘Minha mamãe está trabalhando e aprendendo’”. El Chorrillo é um bairro localizado na região central da capital panamenha e deve seu nome (“jorro de água”, em português) a uma vertente de água que nascia no sopé do Morro Ancón, que, por quase dois séculos, foi a principal fonte de água da antiga cidade. Seus primeiros moradores eram de

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origem antilhana e chegaram ao país atraídos pela construção do Canal de Panamá. Atualmente, o bairro faz parte de uma área da cidade com graves problemas sociais, entre eles a violência. A rivalidade e a disputa pelo território entre bandos criminosos dificultam a convivência entre os cidadãos. O conjunto de programas comunitários desenvolvidos pela Odebrecht, entre eles a oficina de arte, é uma contribuição importante para que homens e mulheres mantenham a esperança de melhorar sua qualidade de vida e sua relação com os vizinhos. "Aprendemos a conviver. A oficina de arte permite que a gente se una um pouquinho mais aqui na comunidade”, diz Anette Guerreiro. Patricia “Tita” Araujo, artista pernambucana que ministrou as oficinas, como parte de um tour pelo Panamá, afirma que compartilhar seus conhecimentos sobre técnicas artísticas é algo que a enriquece, tanto na parte criativa quanto na espiritual. “Quero que elas aprendam e consigam gerar renda e aumentar a autoestima, com determinação e persistência no trabalho”, diz Tita, que tem 17 anos


de experiência em pintura sobre cerâmica e outros materiais. “O découpage permite decorar rapidamente toda classe de objetos e superfícies sem necessidade de saber pintar nem desenhar, apenas colando sobre eles algumas figuras recortadas”, explica Tita, que resgata peças antigas ou que têm valor sentimental, dando a elas nova vida de maneira criativa. Geovana Canova, integrante do Centro de Capacitação e Gênero da Prefeitura de Panamá, organizadora de oficinas e hoje facilitadora de arte decorativa, comenta: “Desconhecia o alcance do que poderia conseguir com minhas próprias mãos”. Iniciativa é levada a outros bairros A oficina de arte decorativa foi implantada inicialmente em El Chorrillo e já foi replicada no bairro vizinho de Calidonia e em bairros mais distantes, no lado leste da cidade, como Juan Díaz e Tocumen, atingindo o número de 180 mulheres capacitadas. Facilitadoras da Prefeitura da Cidade do Panamá, que aprenderam as técnicas da arte, são as responsáveis por levar o projeto a comunidades carentes no país. Para tornar possível a iniciativa, foi firmada uma aliança com o Instituto de Formação Profissional e Capacitação para o Desenvolvimento Humano (INADEH), que emprestou as instalações para que

as participantes aprendessem a trabalhar com materiais como madeira, metal e vidro, entre outros, e ofereceu orientações sobre como combater a contaminação por detritos sólidos. Geovana, que mora no bairro de Bethania, capacitou pessoas da terceira idade, mães, jovens e crianças (algumas delas portadoras de deficiência), incentivando-as a desenvolver a criatividade, ao utilizarem materiais dos mais diversos: casca de ovo, areia, café, papel, tecido e pintura. “É maravilhoso ensinar arte decorativa, e mais ainda quando tratamos com pessoas com necessidades especiais, que se formaram nos escritórios do Projeto Preservação do Patrimônio Histórico da Cidade do Panamá, no Centro Antigo”, relata Geovana. Assim como outras iniciativas de sustentabilidade realizadas pela Odebrecht Infraestrutura – América Latina no Panamá, o curso de arte decorativa oferece uma alternativa de capacitação às pessoas que vivem nas proximidades dos empreendimentos da empresa. “Impulsionando boas práticas como essa, promovemos e fortalecemos o compromisso da Organização com a integração social e o desenvolvimento sustentável das comunidades no entorno de nossos projetos”, ressalta Arturo Graell, Responsável por Relações Institucionais e Sustentabilidade na empresa. ]

π Uma das turmas do curso de arte decorativa: 180 mulheres já foram capacitadas na Cidade do Panamá

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π Conexão segura: Jason Kovarik (na janela menor da videoconferência) conduz, a partir da Base de Apoio em Macaé, reunião sobre segurança com líderes embarcados na ODN I

cartão amigo Texto Edilson Lima | Foto Geraldo Pestalozzi

Macaé, norte do Estado do Rio de Janeiro. Lá está localizada a Base de Apoio para as operações de perfuração offshore da Odebrecht Óleo e Gás na Bacia de Campos. Ali, importantes decisões são tomadas quanto à segurança das operações no mar e aos resultados a serem atingidos. A 120 km da base, no Campo de Caratinga, está localizada a plataforma ODN I, na qual as equipes vivenciam na prática os procedimentos e as normas de segurança da empresa. “Antes de embarcar, o integrante passa por uma capacitação, mas, na plataforma, essa capacitação é continuada por meio do relacionamento com seus líderes, para que ele adquira experiência das diversas situações dos trabalhos no mar”, diz Marco Túlio Barbosa, Responsável por Sustentabilidade nas operações de perfuração.

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Marco Túlio retornou à Odebrecht Óleo e Gás em 2013, após 16 anos atuando em outras empresas. Ele trabalhou de 1994 a 1997 na antiga OPL – Odebrecht Perfurações Ltda., onde conheceu grande parte de seus atuais líderes. “Eles dizem que fui emprestado, e agora estou retornando para casa”, brinca. O principal objetivo explicitado no Plano de Ação (PA) de Marco Túlio é aperfeiçoar o Sistema de Gestão da Unidade de Negócios Perfuração (SiGOP) da empresa e disseminar uma cultura homogênea de prevenção de acidentes entre todas as equipes das sete unidades de perfuração. “O primeiro passo que demos foi nos reunir com todos os gerentes das plataformas e perguntar: quais ferramentas e procedimentos de segurança temos que priorizar?”, ele explica.


O desafio da comunicação O SiGOP é composto de diferentes procedimentos para eliminar ou reduzir riscos, como Planejamento de Tarefa, Análise Preliminar de Riscos e Impactos, Bloqueio de Energias Perigosas, Movimentação de Cargas, Permissão de Trabalho e Observação e Monitoramento de Desvios. Este, em especial, tem chamado a atenção das equipes, pois contempla a utilização do Cartão de Observação para registro de desvios e de boas práticas. “Percebemos que, quanto mais usamos o Cartão de Observação, menor é o número de acidentes ou incidentes nas operações”, conta Jason Kovarik, Gerente da Plataforma da unidade de perfuração ODN I. De janeiro a julho de 2013, foram registradas 24 ocorrências na ODN I, com atendimento emergencial e sem a necessidade de afastamento. A partir de julho, por meio das reuniões da equipe dirigente, foi lançado aos integrantes o desafio do estabelecimento de uma maior comunicação de todas as situações vivenciadas em suas respectivas áreas e que todas elas fossem relatadas, diariamente, nos Cartões de Observação, que ficam disponíveis em vários setores da plataforma. Desde então, não há registro de acidentes. Jason Kovarik, norte-americano casado com uma brasileira, ressalta a importância do uso do cartão para a segurança de todos: “Nosso objetivo é evitar acidentes ou incidentes que causem danos às pessoas, ao meio ambiente e aos equipamentos, aumentar o número de relatórios sobre as situações vividas para melhorar a comunicação, intensificar as habilidades dos integrantes em relação à percepção de riscos e reduzir ou mitigar ao máximo esses riscos presentes nas operações”. Para disseminar esse conhecimento entre os 125 integrantes embarcados, que trabalham 24 horas por dia, revezando-se em turnos de 12 horas, ele conta com o apoio dos demais líderes da unidade, como os coordenadores de manutenção, os encarregados de sonda e os capitães de plataforma. “Diariamente, estimulamos as equipes a relatarem as situações nos cartões, seja uma situação negativa, seja positiva. Nós as avaliamos e, juntos, buscamos soluções. No caso de boas ações, nós elogiamos e reforçamos essas atitudes”, diz Gabriel Caraffini, Coordenador de Manutenção. Essa opinião é compartilhada pelo Encarregado de Sonda Luiz Gonzaga, que ressalta: “A boa comunicação entre líder e liderado é fundamental

π Cartão de Observação: instrumento essencial para a garantia de operações seguras em alto-mar

para o aprendizado e a segurança de todos”. Para o Capitão Alexander Ribeiro, os frutos já estão aparecendo: “Os resultados alcançados mostram o quanto o uso do cartão tem sido um instrumento importante em nossas operações”. Marco Túlio argumenta que o desafio é grande e diário, mas, aos poucos, as equipes estão criando uma cultura da percepção de riscos e incentivando os integrantes a terem atitudes que previnam os acidentes, pois toda situação tem um potencial de risco. “A diferença entre uma ação segura e um acidente pode ser um descuido de uma fração de segundos”, ele diz. ]

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questão de segurança Texto Luiz Carlos Ramos | Foto Holanda Cavalcanti

A maioria das cidades sofre o drama da escassez de água potável. Até num país atravessado pelo Amazonas, Tocantins, São Francisco, Paraná e outros grandes rios? Sim. Apesar de suas extensas bacias hidrográficas, o Brasil necessita de alternativas para abastecer de água os seus centros urbanos. A boa notícia está nos resultados do esforço conjunto de governos e empresas por soluções. A meta é atingir a segurança hídrica – a disponibilidade em quantidade e qualidade aceitável de água para saúde, meios de vida, ecossistemas e produção. A Odebrecht Ambiental investe e opera sistemas de água e esgoto em mais de 160 municípios, em parcerias com o poder público. Essas experiências ajudam a discutir soluções e tecnologias em diversos fóruns, como ocorre no LACC (Latin America Conservation Council), cujo conselho é formado por sete membros brasileiros e por representantes de mais de 10 países. Entre os brasileiros, representando a Odebrecht no tema de segurança hídrica, está Emyr Costa, Diretor de Engenharia da Odebrecht Ambiental, que participa ativamente das discussões. “Nosso compromisso é contribuir para a segurança hídrica, por meio de ações em nossas operações, com projetos de redução de perdas, aumento da utilização de água de reúso e ações de preservação de mananciais e revitalização de bacias”, explica Emyr. Mônica Queiroz, Responsável por Sustentabilidade na Odebrecht Ambiental, observa: “Temos compromisso com a natureza e com a qualidade de vida. Nosso desafio é contribuir para o tema da segurança hídrica a partir da atuação sustentável nos negócios, valorizando a água e reconhecendo a importância da gestão integrada para garantir a disponibilidade hídrica com água de qualidade”. Em Limeira, 100% de atendimento Em Limeira (onde a Odebrecht começou a atuar em 1995, por meio da Concessionária Águas de Limeira, já extinta), cidade de 280 mil habitantes localizada a 155 km de São Paulo, a água encanada chega a 100% dos moradores e das empresas. O contrato com a Prefeitura vai até 2039. O engenheiro químico Diógenes Lyra, Gerente de Operações

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π A partir da esquerda Daniel Makino, Diógenes Lyra e Marco César Sinico na Estação de

em Limeira, explica: “Limeira está no meio da bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Temos água, captamos no Rio Jaguari, mas a cidade possui muitos estabelecimentos comerciais e indústrias. Isso nos leva a nos aprimorar ainda mais”. Ao lado do Coordenador Marco César Sinico e do Supervisor Daniel Makino, Diógenes percorre a Estação de Tratamento de Água e destaca: “A perda média da água de um sistema é de 40%, principalmente por vazamentos e rompimentos. Aqui, reduzimos para 16%”. A Odebrecht Ambiental produz 900 litros por segundo em Limeira e investe para enfrentar o crescimento da demanda. Diógenes prevê: “Uma das saídas para as cidades é adotar o reúso”. A própria Odebrecht Ambiental tem exemplo de reúso de água para fins industriais, na região metropolitana de São Paulo, onde vivem


Tratamento de Água de Limeira: acompanhamento da crescente demanda por água

21 milhões de pessoas: o Projeto Aquapolo, que funciona há um ano, ganhou o prêmio da Agência Nacional de Águas (ANA). O Diretor da Aquapolo Ambiental, Marcos Asseburg, salienta: “O Aquapolo funciona junto com a Estação de Tratamento de Esgoto do ABC. É algo pioneiro, entre a Foz e a Sabesp, a companhia de saneamento do Governo paulista. Uma vez tratado o esgoto por esse sistema, cujas obras foram executadas pela Odebrecht Infraestrutura, a água de reúso é bombeada por um duto de 17 km para ser utilizada por cinco indústrias, incluindo a Braskem, no Polo Petroquímico do ABC”. Essa água não é potável, e sim para uso industrial. Sua produção de 1.000 litros por segundo favorece a economia de água potável das represas para residências, o correspondente a uma cidade

do porte de Limeira. Já no Norte do país, a Odebrecht Ambiental, por meio da Foz Saneatins, atua em parceria com prefeituras e com o Governo de Tocantins, e trabalha visando fornecer água para 100% dos moradores de 47 municípios do Tocantins e cinco do Pará. Fabíola Nunes Prelhs, Líder de Responsabilidade Socioambiental no projeto, menciona os longos períodos de estiagem na região de Palmas e a solução: “Estamos revitalizando a bacia do Ribeirão Taquaruçu, onde vivem pequenos produtores rurais, que assinam contrato de cinco anos com a empresa e recebem compensação financeira para preservar o solo e combater a erosão. A natureza é preservada, e a vazão do manancial aumenta. É sustentabilidade, é valorização. Todos saem ganhando”. ]

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G E N T E

Texto Eliana Simonetti

VIAGEM

Eleuberto Martorelli tem 47 anos de idade e 23 anos de Odebrecht. Engenheiro civil especializado em estruturas, ele, além de atuar em obras no Brasil, esteve dois anos no Equador, sete anos no Peru, e há um ano é Diretor-Superintendente na Colômbia. Admirador da cultura latino-americana, observa detalhes característicos dos povos com os quais trabalha. “Na Colômbia, o povo transpira alegria, assim como o povo brasileiro. Sinto-me em casa”, diz. Lugares a visitar? A lista é longa. Passa por Cartagena, na Colômbia, pelo vulcão Cotopaxi, no Equador, por Machu Picchu, no Peru, e muito mais. “Cada lugar tem suas belezas”, argumenta o pernambucano Martorelli.

Arquivo Pessoal

Em casa na América Latina

π Martorelli com a camisa do Sport Recife: as raízes no coração, onde quer que esteja

FAMÍLIA Élvio Luiz

Tudo na dose certa

π Ana Carolina (primeira à esquerda) em família: satisfação com as mudanças

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Ana Carolina Farias, pernambucana de Recife, é engenheira civil e há 12 anos trabalha na Odebrecht, onde ingressou como estagiária. Ela tornou-se a primeira mulher a assumir o posto de Diretora de Contrato na Odebrecht Infraestrutura, na implantação do Complexo Rodoviário Expressway, em Suape (PE). Hoje ela atua na construção da Cervejaria Petrópolis de Pernambuco. Nessa obra, 50% do efetivo de engenheiros é formado por mulheres. “Nunca me senti desconfortável por ser minoria entre meus colegas, mas fico satisfeita em ver mudanças que propiciam um ambiente mais equilibrado”, diz ela. Ana Carolina vive para o trabalho, mas não descuida da vida pessoal. Tudo na dose certa. Em viagens e momentos de lazer, aproveita a companhia da família e dos amigos.


cultura Kamene Traça

esporte

Náutico na terra e no mar

Lia Lubambo/Lusco

Bruno Dourado diz que nasceu com glóbulos brancos e vermelhos no sangue porque estava predestinado a torcer pelo Clube Náutico Capibaribe, um dos mais tradicionais times de futebol de Pernambuco, que leva em sua bandeira as cores alvirrubras. Em maio de 2014, ele completará 30 anos de Odebrecht. Até recentemente, esteve à frente, como Diretor de Contrato, da construção da Arena Pernambuco. Além do futebol, Bruno pratica a pesca em alto-mar. Uma especialidade que em Pernambuco é denominada “cocear”: pesca com o barco em movimento, com molinete, isca artificial que brilha na lâmina dágua, e linha de 80 m. A briga com as cavalas e as bicudas fisgadas pode levar até 40 minutos. “A emoção da luta com o peixe fisgado acaba com qualquer estresse”, garante Bruno.

π Bruno: emoção e relaxamento em alto-mar

π Nelson: curiosidade

Prazer e dever de ofício Quando ingressou na Odebrecht, 14 anos atrás, Nelson da Costa Alves era técnico em recuperação de áreas degradadas. Inquieto, leu, estudou e aproveitou oportunidades. “Fiz dois MBAs oferecidos pela Organização e cresci na empresa”, revela. Na Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia, ele implantou uma estrutura que se tornou referência. “Demonstramos que, com inovações, podemos viabilizar a exploração econômica sem ferir o meio ambiente.” Em agosto, Nelson foi mobilizado para as obras da Hidrelétrica de Laúca, em Angola. Ele não para de ler. Por prazer e dever de ofício. Relatórios de Impacto Ambiental (Rima) que remetem a estudos científicos são uma praxe, há muito tempo. Agora, Nelson está dedicado à leitura do Plano de Combate à Fome do Governo angolano e da Política de Resíduos do país. “Sou curioso e, longe da minha esposa e de meus quatro filhos, tenho tempo de sobra para aprender sobre este país, que é novo para mim”, diz.

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perspectivas que vêm do mar Texto Elea Almeida | Foto Bruno Moretti

As cinco horas de viagem desde Buenos Aires – duas de voo e mais três de estrada – são compensadas pela paisagem de Camarones: céu azul, desenhado com nuvens, e mar azul-turquesa de praias de pedras, em uma cidade tranquila de menos de 2 mil habitantes. Nesse contexto bucólico, está a Planta Artesanal de Alimentos do Mar, onde estudantes locais aprendem a preparar conservas com produtos marinhos, depois de o apoio dado pela Odebrecht para viabilizar o funcionamento da fábrica. A comunidade patagônica de Camarones, localizada na província argentina de Chubut, é a mais próxima da Planta Compressora de Garayalde, parte do projeto Ampliação de Gasodutos executado pela Odebrecht Engenharia Industrial de norte a sul do país. O gasoduto tem cerca de 2 mil km de extensão e 22 plantas compressoras, passando por 15 diferentes províncias. Por se tratar de uma obra extensa, os canteiros

ficam poucos meses em cada trecho. Somente quando as tarefas em execução incluem trabalhos em uma planta compressora, a equipe de Responsabilidade Social da empresa tem tempo hábil para identificar as necessidades das comunidades próximas e a melhor forma de apoiá-las. Isso deve ser feito em um período de, aproximadamente, 18 meses, tempo que os trabalhos na planta costumam durar, o que torna mais desafiadora a tarefa de prover apoio dentro do conceito da sustentabilidade. Foi com isso em mente que Lucas Ignacio Utrera, líder da equipe de Responsabilidade Social e Sustentabilidade para as operações da Odebrecht na Argentina, chegou a Camarones, com o propósito de identificar oportunidades para a empresa colaborar com a comunidade. Durante sua investigação, ele conheceu o laboratório de aquicultura e criação de mexilhões da Escola 721 Caleta Horno, instituição pública de

π Laboratório de aquicultura e criação de mexilhões da Escola 721 Caleta Horno: cerca de 200 jovens recebem capacitação sobre produção e comercialização de produtos marinhos

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π O professor Agustín Silfeni: “Quando o produto é preparado em conservas, é mais valorizado e tem maior rentabilidade”

ensino e única escola da cidade, onde mais de 200 jovens, com idade entre 12 e 19 anos, recebiam aulas técnicas sobre esses temas. Laboratório com planta de conservas A Planta Artesanal de Alimentos do Mar era uma ideia complementar ao conteúdo ensinado no laboratório, agregando valor aos produtos marinhos ao prepará-los em conservas antes de vendê-los. “Temos a única planta da Argentina que está isenta de impostos sobre os produtos alimentícios porque tem finalidade educativa. Fora isso, é o único laboratório com uma planta de conservas no continente americano”, conta o professor Dario Funes, diretor do colégio 721. Quando Utrera chegou ao local, em 2012, a planta era um espaço quase vazio, que contava apenas com o sistema de refrigeração. Faltavam equipamentos, materiais e vestimentas para o início dos trabalhos. Vendo o potencial do projeto, a Odebrecht decidiu apoiar a ideia. Foram investidos cerca de US$ 50 mil, para prover o que faltava e viabilizar a operação. Utrera calcula que cerca de quatro anos seriam necessários para que o colégio conseguisse os recursos para concluir a planta sozinho. Com o apoio da Odebrecht, tudo foi feito em menos de um ano. Estudo, trabalho e renda Jorge Álvarez, inspetor de pesca e chefe de ensino prático na Escola 721, explica que os estudantes

vão ao laboratório e à planta diariamente, revezando-se em diferentes funções e lugares para o estudo. Além da fábrica artesanal, também há aulas na sala de criação de fitoplâncton, na sala de algas, de peixes, de reprodutores, de larvas e nos tanques com mexilhões do laboratório. A planta possui capacidade para produzir por dia de 800 a mil frascos de conserva de 360 ml. Atualmente, a escola está no processo de obtenção de licenças para comercializar o que produz. Apesar da possibilidade de arrecadar recursos com a venda dos alimentos, Álvarez ressalta que o propósito da planta é o ensino, que contribui para a geração de oportunidades de trabalho e renda para os jovens. “Tem sido uma experiência muito boa e já aprendi muito. Conseguindo as licenças necessárias para a comercialização das conservas, podemos experimentar mais receitas”, empolga-se a estudante Débora Lopez, de 17 anos. Segundo Utrera, Camarones não explora todo o potencial que tem na setor da aquicultura, e a fábrica artesanal é uma forma de mudar essa cultura. “A planta é uma grande conquista porque gera valor agregado ao produto do mar, muitas vezes menosprezado pelos consumidores. Quando o produto é preparado em conservas, é mais valorizado e tem mais rentabilidade. Isso também serve de exemplo a outros produtores”, explica Agustín Silfeni, professor do colégio e um dos primeiros colaboradores no projeto. O laboratório começou a ser construído em 2003, sem a ajuda de arquitetos profissionais. Álvarez afirma que, antes da planta, o projeto possuía um impacto educativo, mas não modificava o processo produtivo de maneira significativa. O intuito agora, segundo ele, é melhorar as condições de vida ao incentivar novos pequenos negócios que explorem o potencial da região. A renda familiar média de Camarones gira em torno de US$ 800, em um ambiente caro para se viver, por causa do inverno rigoroso da Patagônia. O Diretor Dario Funes explica que a iniciativa da escola é pioneira e está fora dos currículos tradicionais, o que tornou o apoio da Odebrecht essencial. “As obras do projeto de Ampliação do Gasoduto encontram-se distantes dos núcleos urbanos, e, por isso, dificilmente somos percebidos pelas comunidades. Com esse tipo de iniciativa, geramos uma percepção positiva e deixamos um legado direto à população”, argumenta o Gerente Administrativo Financeiro da obra, Maurício Barbosa Perez. ]

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lições de vida e otimismo Texto João Paulo Carvalho

a mais à minha vida. Para minha surpresa, em 2012 surgiu esse programa, e eu fui uma das primeiras alunas a me inscrever. Nunca é tarde para adquirir novos conhecimentos, e acho que ainda é tempo de aprender mais um pouco”, afirma dona Mercedes. O Caia na Rede é um dos programas de desenvolvimento socioeconômico implementados pela Organização Odebrecht em seus Negócios espalhados pelo país. Apesar de ser oferecido desde 2004, foi em maio de 2012, na Concessionária Rota das Bandeiras, um dos ativos da Odebrecht TransPort, que ele ganhou nova e maior dimensão. Diferentemente dos demais projetos, que implementam o programa para integrantes e seus familiares, na Rota das Bandeiras o Caia na Rede atende boa parte da comunidade das cidades cortadas pelos 297 Km da Corredor D. Pedro, no interior paulista. Ed Araújo

Professora aposentada, 77 anos, 11 filhos, 24 netos, um bisneto e o segundo a caminho. Essa breve descrição pode levar a imaginar-se uma senhora sentada no sofá, rodeada por crianças, com agulha e linha de crochê nas mãos. Certo? Nada disso. Essa senhora é dona Mercedes dos Santos, aluna do programa de inclusão sociodigital Caia na Rede, cujas aulas ela frequenta no Centro de Convivência da Terceira Idade, em Atibaia (SP). Ao lado de mais sete colegas da mesma faixa etária, ela compõe uma das mais de 360 turmas já iniciadas. Aprender a lidar com computadores é só a ponta do iceberg. O foco mesmo é compreender as novas formas e instrumentos de relacionamento do mundo de hoje. “Pela minha idade, eu imaginava que o computador cerebral já estava lotado, mas, há três anos, ao chegar a Atibaia, a primeira coisa que fiz foi buscar um grupo de terceira idade que pudesse trazer algo

π Mercedes dos Santos, 77 anos, em uma das salas de aula do programa Caia na Rede: “Nunca é tarde para adquirir novos conhecimentos.”

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Até o momento, já foram montados 33 laboratórios de informática, que beneficia mais de 1.160 alunos, com quase 400 computadores de última geração e novo mobiliário doados pela Concessionária, por meio de convênios de cooperação firmados com nove das 17 prefeituras de cidades atendidas pela rodovia. Segundo Mauro Delforno, Secretário Municipal de Ação Social, Trabalho e Renda de Itatiba (SP), a parceria com a Rota das Bandeiras é fundamental para a manutenção de programas sociais na cidade, a exemplo do Caia na Rede. “Com esse apoio, conseguimos atingir bairros mais afastados, inclusive os rurais, que dificilmente alcançaríamos sozinhos. É muito importante dar oportunidade para que esses jovens e adultos acessem a tecnologia. O mundo moderno demanda esse tipo de conhecimento, e aqueles que não o possuírem se afastarão das oportunidades que o mercado de trabalho oferece. O que queremos aqui é dar conhecimento para que as pessoas possam construir seu próprio futuro.” De acordo com Marcela Rezende, integrante da equipe de Responsabilidade Social e Coordenadora do Caia na Rede na Rota das Bandeiras, a meta é, em cinco anos, atingir todos os 17 municípios beneficiados pela rodovia, com a formação de 36 mil alunos em 150 salas de aula e com o apoio de 300 instrutores formados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). O investimento previsto para o período supera os R$ 3,5 milhões. “Queremos que a comunidade se aproprie do projeto e dê continuidade a ele após a saída da Concessionária, daqui a alguns anos. O objetivo é que o conhecimento adquirido por eles possa se traduzir em melhoria de renda e qualidade de vida para toda essa população”, argumenta Marcela. Em bits ou papel, o objetivo é educar Se na Rota das Bandeiras a sustentabilidade perpassa a educação digital, na Rota dos Coqueiros, em Pernambuco, os livros em papel dão o tom do Via Escola, programa que promove o desenvolvimento da educação básica por meio da formação continuada de professores e demais integrantes da rede municipal, com foco na formação de leitores e produtores de textos. O projeto tem o objetivo de reduzir o analfabetismo funcional, e uma de suas metas é a melhoria do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). A iniciativa surgiu a partir da decisão de apoiar a comunidade do entorno com um projeto impactante e de longo prazo, de modo a construir-se uma política pública de educação nos municípios de Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão

dos Guararapes, que circundam a área de atuação da concessionária. O Via Escola é implementado por meio de uma parceria com o Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep), entidade criada em 1992, na Chapada Diamantina, na Bahia. Sua metodologia de trabalho tem como base a atuação direta com os gestores das diretrizes de educação, ou seja, secretários municipais, técnicos de secretarias, diretores escolares, coordenadores pedagógicos e professores. Formar uma rede de educadores-leitores que estimulem seus alunos, com resultados que possam ser replicados futuramente em outros municípios, é o objetivo da ação. O programa beneficia diretamente cerca de 300 profissionais da área do ensino e mais de 3 mil alunos das escolas municipais. Renato Mello, Diretor de Rodovias da Odebrecht TransPort e um dos idealizadores do Via Escola, avalia que o programa tem, em sua essência, a continuidade da formação. “Capacitamos a rede de educação municipal para que ela possa dar prosseguimento ao Via Escola mesmo sem a nossa participação. Queremos atuar como indutores da ação e deixar um legado para que a comunidade avance, replicando o sistema criado pelo Icep em outras cidades.” Em 4 de novembro, em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana do Recife, o Via Escola promoveu uma tarde especial para os mais de 600 alunos da Escola Municipal José Rodovalho. Música, teatro, atividades circenses, pipoca e algodão-doce deram o tom de um ambiente onde a cultura pairava no ar. Foi nesse dia que a escola, uma das 12 pilotos escolhidas para a aplicação do programa, renovou a sua biblioteca com a entrega de cerca de 680 livros didáticos e paradidáticos pela Rota dos Coqueiros, uma parte dos 7.696 doados pela concessionária a escolas da rede de municipal das cidades de Jaboatão e Cabo de Santo Agostinho. Roberta Nunes, Responsável por Sustentabilidade e Comunicação Estratégica na Rota dos Coqueiros, enfatiza: “Os resultados de uma ação como essa só podem ser mensurados de médio a longo prazo, mas já temos avaliações iniciais animadoras, que apontam evolução e funcionam como norteadores dos ajustes que precisam ser feitos e como podemos potencializar o que já é positivo”. Elias Lages, Diretor-Presidente da Rota dos Coqueiros, afirma: “Esse desafio comporta objetivos de longo prazo, o que combina com a forma de atuação da Odebrecht. Parafraseando Paulo Freire, é escrevendo que as crianças se libertam e é lendo que elas conseguem entender o mundo. Se tudo

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Élvio Luiz

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π Evento realizado pelo Via Escola, em Jaboatão dos Guararapes: atividades culturais e doação de 680 livros para os alunos da Escola Municipal José Rodovalho

caminhar bem como estamos planejando nas parcerias, após renovarmos nossos laços com as prefeituras traremos para a comunidade aquilo que é a nossa cultura de desenvolvimento de pessoas, que é o nosso maior capital.” Nos trilhos da sustentabilidade Estradas e linhas férreas são caminhos diferentes, mas não alteram a forma de a Odebrecht TransPort encarar a responsabilidade com o seu entorno. No Rio de Janeiro, a reciclagem é o ponto central de um dos programas sociais implementados nas comunidades situadas no raio de abrangência da atuação da SuperVia. No dia 13 de novembro, na Estação Cascadura, na Zona Norte da cidade, foi oficialmente lançada a Rede Recicla Rio, reunião de cinco cooperativas de catadores de materiais recicláveis que receberam um galpão, treinamento e todo o maquinário necessário para o armazenamento, seleção, compactação e venda do material recolhido. A iniciativa beneficiará cerca de 120 catadores que até então possuíam renda média mensal de R$ 600 reais. Com a criação da rede, a expectativa é de que a remuneração de cada um ultrapasse os R$ 980,00, com a perspectiva de um incremento maior por meio de parcerias que estão sendo consolidadas com a Odebrecht Properties e

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CAMINHOS DA CIDADANIA INICIATIVAS DA ODEBRECHT TRANSPORT NAS ÁREAS DE EDUCAÇÃO, INCLUSÃO DIGITAL E RECICLAGEM SÃO DESTAQUE

Rota das Bandeiras – Programa Caia na Rede MG

SP

RJ

PR

33

laboratórios de informática

Mais de

1.160 alunos

400

computadores de última geração

Rota dos Coqueiros – Programa Via Escola CE

RN PB

Formação de leitores e produtores de textos

PE BA

SE

AL

Mais de

3.000

7.696

alunos

livros doados pela concessionária

120

R$ 980

SuperVia – Rede Recicla Rio MG

SP

ES

RJ

Investimento em galpão, treinamento e maquinário

catadores

renda média mensal (aumento de 61%)


trabalho, dando-lhes oportunidade de se tornar cidadãos que produzem e transformam suas comunidades. Conviveremos juntos por muitos anos e queremos mostrar que essa parceria existe e vai se fortalecer cada vez mais”. Hoje seria improvável pensar que alguns dos cooperados quase desistiram da atividade por conta da atuação dos atravessadores, mas essa foi a realidade encontrada por Cristiane Duarte, Coordenadora de Meio Ambiente da SuperVia, no início do projeto. “É uma realização presenciar este momento que, com certeza, representa um marco para a vida dessas pessoas. Depois das dificuldades enfrentadas, conseguimos estruturar a rede, e agora a meta é replicar o trabalho em mais comunidades do entorno da concessionária”, afirma. Para o Responsável por Sustentabilidade na Odebrecht TransPort, Jued Andari, os ativos sempre tiveram um viés direcionado para ações pontuais, mas que não tinham o foco transformador e de longevidade. “Nossas operações durarão 25, 30, 35 anos ou até mais. Desenvolvemos programas estruturados, que possuem adesão ao nosso negócio, mas, mais que isso, respeitam, contemplam e transformam a realidade das comunidades do nosso entorno.” Uma frase pronunciada por Zilda Barreto da Silva, em seu discurso no evento resume bem este sentimento: “Obrigada pelo anzol”. ] Carlos Júnior

com a Odebrecht Realizações Imobiliárias em seus respectivos ativos, como o Maracanã, o Porto Maravilha e a Ilha Pura, onde os caminhões da Rede Recicla Rio farão coletas semanais. Isso será possível por causa da ampliação da capacidade de armazenamento e consequente venda direta para as indústrias que reutilizam o material coletado. Apenas volumes superiores a 22 t interessam a esses grandes grupos. Antes da formação da rede, os catadores e suas cooperativas trabalhavam isoladamente, facilitando a atuação de atravessadores, que compravam a produção por preços baixos e a revendiam por preços maiores. Zilda Barreto da Silva, catadora da cooperativa CoopCal e Presidente da Recicla Rio, diz que a criação da rede fortalece o trabalho das cooperativas e traz ganhos até então impossíveis de serem imaginados. “A junção das cooperativas em uma rede nos deixará um legado de cidadania. A partir de agora, teremos boas condições de trabalho, com segurança, capacitação e mais respeito. Deixamos de ser meros catadores e passamos a ser donos de um negócio”, avalia. Carlos José Vieira da Cunha, Presidente da SuperVia, é categórico: “O cerne da nossa operação não é mexer com máquinas que andam sobre trilhos. O nosso negócio é trabalhar com pessoas. É para elas que atuamos e por isso realizamos esse

π Zilda Barreto da Silva: melhores condições de trabalho, com capacitação, segurança e respeito

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as descobertas da vida Texto Carlos Pereira | Foto Andrés Manner

Passar os dias percorrendo praias do Caribe parece um sonho. Delmira Lobaton, 36 anos, vivia assim. Mas não era divertido. Precisava vender as arepas, (quitute tradicional venezuelano) que ela própria assava e, com sorte, alguma das peças de artesanato que carregava pela orla. O Estado Anzoátegui, no nordeste da Venezuela, onde Delmira vive, é um lugar bonito, e há turista o ano todo. Mas os imprevistos constantes da informalidade tornavam a atividade uma dura tarefa. “Foram tempos de muita dificuldade”, recorda. Havia fé em dias melhores. E eles chegaram. A mudança começou quando Delmira se inscreveu no Programa de Qualificação Profissional Continuada Acreditar, vinculado ao Projeto Plantas de Conversão Profunda da Refinaria Puerto La Cruz, realizado pela Converpro, uma associação entre a estatal Petróleos da Venezuela (PDVSA) e a Odebrecht Engenharia Industrial. As obras em andamento são de preparação de terreno: terraplenagem, tratamento de taludes e canais de drenagem. O objetivo da ampliação da refinaria é aumentar a capacidade de processamento do petróleo pesado venezuelano, diversificando, por meio de inovações tecnológicas, a cadeia produtiva da PDVSA. Delmira formou-se no Acreditar e foi contratada como armadora. Ela conta que os três filhos, antes sustentados pelo comércio na praia, sentem orgulho da nova profissão da mãe, incomum para mulheres, e que está satisfeita com o salário fixo, que ajuda a planejar melhor a vida. E Delmira quer mais: “Vou entrar na faculdade de engenharia”, promete. Meta ambiciosa Desde 2011, quando o Acreditar foi implantado em Puerto La Cruz, histórias como a de Delmira se repetem. Nesse período, foram profissionalizadas 2.137 pessoas em 29 especialidades – de armadores a operadores de grua. A meta do programa é ambiciosa: formar 15 mil pessoas até 2015. Em 2008, Nilson Choeri era Diretor Regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em Rondônia. Naquele ano, a instituição foi parceira da Odebrecht na criação do Acreditar,

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em Porto Velho. Hoje, integrante da Organização, Choeri é Gerente do Acreditar em Puerto La Cruz, onde coordena a replicação do modelo. Ele conta que o êxito alcançado no Brasil e o conhecimento acumulado com as experiências viabilizaram a exportação do programa. O Acreditar hoje forma cidadãos em nove países na África, na América do Sul e no Caribe. “O segredo é manter a estrutura didática e, ao mesmo tempo, ter flexibilidade, caminhar em harmonia com a cultura, a economia e o regime político local”, explica. Na Venezuela, o fundamento é o mesmo. Ao módulo básico do programa – saúde, segurança, meio ambiente, qualidade e psicologia laboral, acrescentou-se educação sociopolítica, como componente local. Aprovados na fase introdutória, os alunos escolhem a especialidade que desejam. “O encaminhamento das pessoas é realizado por intermédio do Sistema de Democratização do Emprego, órgão do Governo venezuelano”, informa Nilson Choeri. Eduardo Zacarias, 31 anos, era auxiliar de carpintaria e só havia dirigido veículos de passeio. No começo, achou que lhe faltaria habilidade, mas, com professores dedicados e simuladores que reproduzem situações vividas na obra, bastaram cinco meses do Curso de Equipamentos de Movimento de Terra para que ele passasse a manobrar com segurança o intimidador caminhão articulado. Logo após ser diplomado, Zacarias foi convocado para trabalhar. Envergando a camisa do Acreditar, que usa com frequência como símbolo de gratidão e de orgulho –, ele relata que a vida melhorou, a família está segura e ainda sobra algum dinheiro para um “regalito”. “Vendi o carro e comprei um mais novo. Agora posso pagar”, afirma. Programa integrado ao contrato A expertise adquirida pela Odebrecht com o Acreditar é um ativo precioso, ressalta Paulo Sá, Diretor de Contrato da Odebrecht Engenharia Industrial na Venezuela. “O Acreditar se junta ao esforço do Governo venezuelano para melhorar os indicadores sociais do país. Oferecido no escopo da obra, e não como consequência dela, o programa torna nossa empresa mais desejada”, observa Paulo Sá.


π Eduardo Zacarias, formado no Curso de Equipamentos de Movimento de Terra: crescimento profissional e melhores condições de vida para a família

Puerto La Cruz foi o primeiro caso de um contrato específico para o Acreditar. “Em relação a esse programa, fomos comparados à Harvard”, recorda Paulo. “O Acreditar valoriza nossas propostas. A preocupação humanista está no DNA da Odebrecht e nos diferencia. Estamos na vanguarda do setor,” destaca Paulo Sá. Para dimensionar o impacto social do Acreditar na Venezuela, está sendo aplicado um questionário, nas áreas beneficiadas pelo programa, similar ao do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que mede o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A pesquisa registrará o que mudou nas comunidades, ao comparar

o período anterior e o posterior à implantação do programa. Leonardo Liberato, Responsável por Pessoas, Administração e Finanças, reitera o modelo contemporâneo de sustentabilidade do Acreditar, observando que, ao promover a ideia do desenvolvimento pessoal por meio da Educação pelo Trabalho, o Acreditar cria uma ambiência positiva em toda a comunidade. “Um chefe de família estudando, se esforçando para ter uma vida melhor, orgulha todos da casa. O exemplo desafia o vizinho, motiva o filho. Essa força do Acreditar, que atua de forma invisível, também será mensurada.” ]

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π Um dos circuitos viários feitos pela equipe do programa: brincadeiras que preparam as crianças para contribuir para um trânsito mais seguro

rotas convergentes Texto João Marcondes | Foto Fred Chalub

“Quando educamos um homem, educamos um indivíduo. Mas, quando educamos uma mulher, uma mãe, educamos uma família inteira.” A frase é como um mantra. Uma inspiração que motiva o dia a dia das equipes de Responsabilidade Social e Sustentabilidade da concessionária Rutas de Lima, subsidiária da Odebrecht Latinvest que administra três das principais vias (total de 115 km) de acesso à capital peruana. À beira de uma dessas estradas, a Panamericana Norte, fica o assentamento Los Eucaliptos, no distrito Puente Piedra, em Lima. Cinquenta degraus morro acima, vive Glória Maria Tovar, 49 anos.

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Diariamente, ela desce a escadaria, com marmitas penduradas nos braços, que são vendidas a trabalhadores da região. Mãe solteira, mora com três filhos, um genro e dois netos. Além de batalhadora, ela é também uma líder influente em sua comunidade. De sua janela, costumava presenciar, até pouco tempo, acidentes de trânsito na rua movimentada. Glória foi escolhida pela equipe de Rutas de Lima para ser capacitada em um programa de educação viária. Aprendeu sobre sinalizações e melhores práticas no trânsito. Repassou os ensinamentos à comunidade e à família, da qual faz parte a filha Andrea Tovar, 26 anos, que trabalha na Rutas de Lima. “Nem


sempre a culpa por acidentes é dos motoristas, os pedestres também têm de assumir responsabilidades”, comenta. “Antigamente, sentíamos que não existíamos, agora temos voz.” Trabalho com as comunidades Rutas de Lima assumiu a concessão das vias Panamericanas Sul e Norte em fevereiro de 2013 e, com a conclusão das obras, incorporará a Rodovia Ramiro Prialé. A concessionária é responsável pela manutenção e pelos investimentos em obras para melhoria do trânsito, como intercâmbios viários, passarelas para pedestres, pontos de ônibus e vias auxiliares. Tão logo iniciou a concessão, de 30 anos, a empresa começou os trabalhos com as comunidades de mais de 23 distritos na região metropolitana de Lima. “Escolhemos um projeto de alta relevância social, mas que também tivesse relação com o nosso negócio, fechando um ciclo de sustentabilidade”, explica Raul Pereira, Diretor de Investimentos da Odebrecht Latinvest. O trabalho começou com uma ampla pesquisa social. Todas as famílias que vivem a uma distância de até 200 metros das Panamericanas foram ouvidas em um minucioso estudo. Um dos grandes problemas da região de Lima é o trânsito. Vale relembrar os últimos anos da história

peruana para entender a situação. O país enfrentou um período de terrorismo nos anos 1980 e 1990, o que provocou pobreza e fuga do interior para a região da capital, que hoje tem mais de 8,5 milhões de habitantes. Com o processo de paz consolidado, a alta de commodities (o país é rico em minérios) e o crescimento nos setores de construção, comércio e serviços, além da estabilidade e de um índice de crescimento que chegou a 7% em anos recentes, a venda de veículos disparou. Resultado: trânsito pesado e caótico. Nesse cenário, a escolha da equipe da concessionária foi pela educação de toda a cadeia social: motoristas, pais, pedestres, crianças nas escolas, professores. Foi convocado um talentoso grupo de teatro de fantoches, com personagens criados especificamente para o programa Rutas Seguras e que invadiram os colégios: o engenheiro Justo Jara, a senhora Prudência, o senhor Puentes, os meninos Luz e Pepito No Cruces. Eles atraem multidões em apresentações em escolas públicas. “Quando crescer, quero ser atriz também”, almeja Yaneli Sanchez, de 8 anos, de olhos vidrados nas brincadeiras dos bonecos, ao lado dos amigos da mesma idade Ronaldo Mendoza e Luiz Marques, no colégio público Fé e Alegria, no distrito de Ventanilla.

RUTAS DE LIMA

CONCESSIONÁRIA ADMINISTRA TRÊS DAS PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO À CAPITAL PERUANA

115 km PERU

BRASIL

de vias de acesso à capital na região metropolitana OS INVESTIMENTOS DA CONCESSIONÁRIA INCLUEM

BOLÍVIA

Rodovia Ramiro Prialé Panamericana Sul

(entre março de 2013, quando a operação foi iniciada, e novembro)

23 distritos

Panamericana Norte

Lima

Redução no número mensal de acidentes de 126 para 46

Cruzamentos rodoviários (no mesmo nível e em níveis distintos)

Passarelas para pedestres

EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO Um grupo de teatro de fantoches faz apresentações nas escolas públicas

Ampliação de vias secundárias

Pontos de ônibus

Cerca de

10 mil

crianças já foram atendidas nesse programa

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Mickey Mouse, X-Man e Mulher Maravilha ficaram em segundo plano para essas crianças. “É comum que, no recreio, os estudantes continuem as brincadeiras dos personagens de teatro e reproduzam suas mensagens”, comemora o coordenador acadêmico Dayton Montufar, lembrando que muitas vezes os pais desses meninos e meninas são motoristas e não tiveram oportunidade semelhante de educação. “Eles ensinam os pais”, comenta. De geração para geração Cerca de 10 mil crianças já foram atendidas nesse programa, que inclui também os concorridos circuitos viários. No chão de um quadra esportiva, desenha-se uma pista de obstáculos de trânsito, com placas e sinais. A criançada percorre o divertido trajeto com bicicletas e carros infantis. Nas ruas, os bonecos animados conversam com pedestres, fazem fotos (que podem ser vistas no site da empresa) em troca da assinatura de um termo de compromisso de que cumprirão as regras de trânsito. Esse projeto já atingiu mais de 15 mil pessoas e registrou 5.537 assinaturas. “São ações que têm vida própria, pois passam de

geração para geração”, comenta Raul Pereira. “Estamos reduzindo o número de acidentes, o que traz impacto positivo não somente para a vida das pessoas, mas também para a nossa operação”, ele acrescenta. Além das campanhas educacionais, a empresa busca jovens nos bairros onde são realizadas as obras de melhoria de tráfego e onde estão as praças de pedágio. O programa chama-se Jóvenes en la Ruta e, além de oferecer possibilidades de ascensão social, fixa uma voz de Rutas de Lima dentro da comunidade, por meio da qual as pessoas são informadas e recebem explicações sobre o transtorno temporário causado pelas máquinas, destacando o benefício futuro do desafogamento do trânsito e da maior segurança. Jack Reynaldo Marquina, 21 anos, um dos 63 jovens que entraram no programa, trabalha há seis meses na área administrativa da empresa. “Pediramme para desenhar onde estaria em cinco anos. Quero estar em Rutas de Lima”, afirma ele, que atua como canal de comunicação em sua comunidade, perto da obra viária de Alípio Ponce, na Panamericana Sul. “Sabe a diferença que vi aqui nessa empresa? É que ela ouve o que você tem a dizer”, enfatiza Jack. ]

π A líder comunitária Glória Maria Tovar e sua filha Andrea: mobilização dos moradores para a prevenção de acidentes de trânsito

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TEO “O empresário, em vez de contemplar o mundo, deve transformá-lo”


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π Eduardo Frare, Diretor de Construção da OR, em frente a uma das torres do Parque da Cidade: empreendimento nasce como referência de colaboração para a ordenação urbana

ícone em construção Texto Pedro Levindo | Foto Ed Viggiani

Às margens do Rio Pinheiros, começam a surgir os esqueletos de duas torres que farão parte do maior complexo imobiliário já erguido pela Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) em São Paulo. Quando estiver pronto, em 2020, o Parque da Cidade contará com 10 torres – cinco corporativas, uma de salas comerciais, duas residenciais, um hotel e um shopping. O principal atrativo do Parque, no entanto, não é seu tamanho, mas sim o fato de que será um empreendimento totalmente sustentável. Segundo Saulo Nunes, Diretor de Incorporação da OR, quando o terreno de 82 mil m² começou a ser negociado, logo ficou claro que qualquer projeto a ser desenvolvido teria que contar com soluções inovadoras, em razão de seu grande porte e de sua localização em uma região de rápido crescimento. “Decidimos tornar o empreendimento não um marco de grandiosidade ou arquitetura, mas sim um ícone de sustentabilidade”, revela. No quesito mobilidade, o Parque trará soluções como programa de incentivo à carona, vagas especiais

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para carros elétricos e ciclovia interna integrada à rede metropolitana, além de bicicletários e vestiários para os ciclistas. O complexo é servido ainda por linhas de ônibus, além de estar localizado em frente a uma linha de trem e próximo a futuras estações de metrô. A ciclovia interna cortará o parque linear, que é a alma do projeto, com 22 mil m² de área verde, mais de um quarto da área total. O parque será aberto à população. “Esse é um projeto de urbanismo. Desejávamos dar um presente à cidade, que fosse completamente integrado a ela. Um lugar onde as pessoas pudessem circular a qualquer hora”, diz Saulo. Sustentabilidade em todos os detalhes Quando estiver pronto, 65 mil pessoas circularão diariamente pelo Parque da Cidade, entre a população fixa e a flutuante. O empreendimento, por ser de uso misto, ainda ajudará a reduzir o fluxo de veículos. O conceito do uso misto dispensa o uso do carro. Pode-se morar, trabalhar, fazer compras e ter lazer, tudo no mesmo lugar.


O parque linear contará com quiosques e seis restaurantes, que ficarão sobre espelhos d’água. Parte da água dos espelhos e do lago artificial será fornecida pela estação de tratamento de águas cinzas (proveniente de pias e dos condicionadores de ar, por exemplo), além da captação de águas pluviais. A estação também fornecerá a água usada na irrigação da área verde. “Contaremos com um sistema inteligente de irrigação automatizada, em que um software informará que área deve ser irrigada e quando. O sistema será utilizado prioritariamente à noite, quando as tarifas de energia são mais baixas”, explica Eduardo Frare, Diretor de Construção da OR. “Teremos nos sanitários pias com sensores, mictórios secos e esgotamento a vácuo, que gastarão um terço da água do sistema convencional”, acrescenta. Ele salienta que os espelhos d’água e o lago foram projetados para reter as águas de chuvas torrenciais, o que evitará o alagamento do empreendimento e do seu entorno. “Parte da água será reutilizada no complexo. O restante será devolvido à natureza, mas de forma retardada, para evitar alagamentos.” Às soluções hídricas se somam as energéticas. Os prédios do complexo, projetados pelo escritório Aflalo & Gasperini, foram posicionados para aproveitar ao máximo a luz natural. As torres contarão com vidros que impedem a transferência térmica entre dois ambientes. Assim, em dias quentes, os vidros barram o calor, evitando o consumo excessivo de energia. As luminárias a serem utilizadas nas áreas externas serão de LED, de alta eficiência. Todas as ações foram pensadas de forma integrada, desde a fase de planejamento. “Começamos por analisar quais eram os principais problemas da cidade, como trânsito crônico, alto custo da energia e enchentes, entre outros. A partir daí, pensamos em ações para mitigar tais problemas”, revela Cameron Thomson, associado da Arup, consultoria inglesa em sustentabilidade que trabalhou no projeto. Inovação também no tratamento de resíduos Além das soluções de mobilidade, água e energia, um quarto pilar do projeto é o tratamento de resíduos sólidos. O empreendimento irá gerar 9 t de lixo por dia. Metade disso será composta de lixo orgânico e lixo reciclável (e a outra metade, lixo comum não reciclável). Para recolher esse volume de resíduos, a OR implantará em todo o complexo o sistema de coleta de lixo a vácuo desenvolvido pela empresa sueca Envac. Será o primeiro sistema do tipo em um empreendimento imobiliário na América Latina. Haverá pontos de coleta nas torres e espalhados pela área

aberta do empreendimento. O lixo depositado será levado por um sistema de sucção a vácuo, a uma velocidade de 70 km/h, para uma estação central, onde ele será separado por grupos: comum, reciclável e orgânico. As torres corporativas contarão com coleta de lixo comum e reciclável em todos os pavimentos, pois 65% dos resíduos produzidos por elas podem ser reciclados. Será implantado no complexo um avançado sistema para medir a geração de resíduos e o consumo de água e energia, entre outros aspectos. O sistema Information and Communication Technology (ICT) terá papel fundamental no controle de todas as iniciativas de sustentabilidade adotadas. Por meio de totens e telões espalhados pelo empreendimento, além de um aplicativo que poderá ser baixado em smartphones e tablets, qualquer pessoa terá acesso, em tempo real, a números como metas de economia de recursos e seu uso efetivo. “Todas as ações de sustentabilidade foram pensadas e funcionarão em conjunto, multiplicando seu impacto. O ICT é o sistema que amarra tudo isso”, avalia Selma Rabelo, Gerente de Sustentabilidade do Parque da Cidade. Saulo acrescenta que haverá ainda campanhas educacionais. “Sustentabilidade é hábito. Pouco adiantaria implantarmos um sistema de lixo a vácuo ultramoderno se as pessoas continuarem jogando os resíduos em locais errados”, ele argumenta. Certificações e reconhecimentos Esses esforços renderam ao projeto importantes certificações ambientais. As torres corporativas terão o selo LEED CS (Leadership in Energy and Environmental Design – Core and Shell), do US Green Building Council, e as torres residenciais e office contarão com a certificação Aqua (Alta Qualidade Ambiental), da Fundação Vanzolini. O complexo terá ainda o selo LEED-ND (Neighborhood Development), inédito na América do Sul, atribuído a projetos que impactam positivamente seu entorno. “Nossa intenção é que o Parque da Cidade seja um exemplo para futuros empreendimentos no país”, ressalta Selma. A série de ações de sustentabilidade adotadas levou o Parque da Cidade a ser escolhido um dos 18 projetos do mundo que participam do Climate Positive Development Program, do C40 e da Fundação Clinton. O grupo é composto de empreendimentos que ajudarão a solucionar problemas de suas regiões, além de causar impacto positivo no clima, reduzindo e eventualmente eliminando as emissões de gases do efeito estufa. Todas as ações do Parque propiciarão que o empreendimento praticamente zere suas emissões até 2035. ]

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contexto produtivo Texto Gabriela Vasconcellos | Foto Márcio Lima

No final da tarde, na propriedade de Martinho da Palma, o sol vai se escondendo atrás das palmeiras de pupunha. Seu terreno, levemente inclinado, permite a apreciação dos últimos raios de luz, que anunciam o fim daquele dia. O produtor rural de 63 anos retorna para casa, a poucos metros dos seus cultivos. Ele nunca está sozinho. Morador da comunidade Areão, localizada em Nilo Peçanha (BA), Martinho trabalha em parceria com sua família. “O maior orgulho que tive na vida foi criar meus filhos na agricultura. Nunca tive vontade de sair daqui”, afirma. Juntos, eles cuidam do plantio de cravo, cacau e pupunha. Este último, de acordo

com Martinho, é o que está lhe possibilitando reescrever sua história. “Faz nove anos que ajudei a criar a Coopalm [Cooperativa dos Produtores de Palmito do Baixo Sul da Bahia] e que me associei a ela. Antes tocava a vida, mas era difícil. Hoje, tudo melhorou”, comemora o produtor, que completa: “Minha renda aumentou. No mês, consigo tirar até R$ 700,00 somente em um hectare de pupunha. Morava em uma casa que, quando chegava uma visita, tinha vontade de me esconder. Lutamos e construímos uma moradia digna”. Para ele, a união da família e o apoio da Coopalm possibilitaram a conquista desses resultados. “A cooperativa nos ensinou a

π Martinho da Palma e família: conhecimentos compartilhados garantem produtividade e bem-estar no campo

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π Zilma da Conceição e família: inclusão socioprodutiva por meio do cooperativismo

trabalhar. No campo, contamos com os assistentes educadores que fazem a diferença com as técnicas que nos passam.” Martinho defende a importância do conhecimento. Dois de seus filhos e uma neta são formados pela Casa Familiar Rural de Igrapiúna (CFR-I) e aprenderam administração, cooperativismo, manejo de solos e diversas culturas. Sua filha Isabel da Palma, 20 anos, concluiu em 2013 o curso técnico em Agronegócio, que é integrado ao nível médio. “Sempre quis permanecer no campo e continuar perto da família. Para mim, ensinar meus pais é uma oportunidade única”, afirma. De acordo com Martinho, esse é o caminho. “Sempre a ouço e faço a colheita do jeito que ela diz. Por exemplo, antes fazia o corte muito próximo à base e ela me ensinou que isso matava a planta.” Resultado dos projetos educativo-produtivos que desenvolveu durante a passagem pela CFR-I, Isabel implantou mais um hectare de pupunha. Os insumos necessários foram fornecidos para a jovem com o apoio do Tributo ao Futuro, programa que permite o investimento em ações que levam oportunidades de desenvolvimento profissional a talentos do Baixo Sul da Bahia, por meio de destinações de Imposto de Renda dos integrantes da Organização Odebrecht e parceiros. O lucro será reinvestido na ampliação dos cultivos.

Juntos, o agricultor Martinho, sua esposa, filhos e netos buscam o caminho para a sustentabilidade. “Toda a vida nós trabalhamos na agricultura. É uma felicidade viver na zona rural”, ele afirma. Ciclo virtuoso Das palmeiras da propriedade do agricultor Martinho para as águas em que Antônio dos Santos, 27 anos, cria milhares de tilápias em 73 tanques-rede, muda o cenário, mas as boas expectativas são as mesmas. Sua rotina começa cedo. Às 5 horas da manhã, ele está de pé para iniciar o ciclo de alimentação dos peixes. “Tudo de que preciso, aqui tem. Trabalho em harmonia com o campo e tenho a oportunidade de ver meu filho crescendo, aprendendo a atividade produtiva da família”, conta o morador de Igrapiúna (BA). Associado à Cooperativa dos Aquicultores de Águas Continentais (Coopecon) desde a sua fundação, em 2010, Antônio já avalia os resultados. “Tinha uma renda de R$ 500,00. Depois de me associar à Coopecon, consegui triplicar esse valor”, relata. Agora ele também está se dedicando aos estudos. Decidiu, em junho de 2013, participar como ouvinte do Curso de Qualificação em Aquicultura, promovido pela Casa Familiar das Águas (CFA). A formação tem duração de um ano e aborda temas como tecnologia do pescado,

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π Antônio dos Santos e família: laços fortalecidos e transmissão de conhecimentos às novas gerações

cooperativismo e associativismo. “Não sabia como medir os parâmetros químicos da água. Estou aprendendo, e isso faz a diferença na minha produção. Com a teoria, desenvolvo melhor a prática”, ressalta. Em setembro de 2013, Antônio passou a ter mais um motivo para comemorar. A Unidade de Beneficiamento de Pescado (UBP), que agrega valor aos cultivos dos associados da Coopecon, foi certificada pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Josedilson Daltro, Fiscal Federal Agropecuário do Mapa, reforça a importância dessa conquista. “Sem o SIF, o beneficiamento e a comercialização do produto de origem

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animal são proibidos. Essa certificação permite a venda interestadual e internacional. Para uma indústria entrar nesse seleto grupo é preciso atender a diversos pré-requisitos”, explica. Na Bahia, apenas 11 fábricas desse segmento possuem essa chancela do Mapa. “Entregando o peixe a UBP, ganhamos também no subproduto, ou seja, no que é transformado em óleo e farinha de peixe. É uma renda a mais para o cooperado”, destaca Antônio. Desenvolvimento e crescimento integrado Os produtores Antônio e Martinho não se conhecem, mas estão inseridos em uma mesma iniciativa: o Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade do


Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo Sul da Bahia (PDCIS), fomentado pela Fundação Odebrecht em parceria com instituições públicas e privadas nacionais e internacionais. Eles representam as centenas de unidades-família beneficiadas pelo PDCIS, que busca, por meio de cooperativas e organizações civis, incentivar a geração de trabalho e renda, a educação do campo de qualidade e a construção de uma sociedade mais justa e solidária, alinhadas à conservação dos recursos naturais. Coopalm, Coopecon, CFR-I e CFA são exemplos de instituições que o integram. Valdelice de Jesus, 43 anos, também participa da iniciativa. De acordo com a agricultora, já é possível notar a transformação na comunidade em que nasceu. “Antigamente ninguém queria

ficar. Houve uma época em que muitos jovens foram para a capital, mas agora eles estão vendo a vida melhorar”, diz a moradora de Gendiba, localizada em Presidente Tancredo Neves (BA). Ela tornou-se associada da Cooperativa de Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves (Coopatan) por influência da filha, Daniela Guedes, 19 anos, técnica em Agropecuária formada pela Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves, unidade de ensino que, assim como a Coopatan, está ligada ao PDCIS. “Nossa produção era vendida ao atravessador, e não tínhamos nenhum lucro”, relembra Daniela. Sua mãe acrescenta: “Comercializando pela Cooperativa, o destino é certo. O negócio é da nossa família.” ]

π Valdelice de Jesus (de chapéu) e família: união que fortalece e consolida o negócio

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papo

f i nal

ele traz conhecimento do canteiro de obras Arturo Graell, Responsável por Relações Institucionais e sustentabilidade da Odebrecht infraestrutura – américa latina no Panamá Desde setembro de 2013, Arturo Graell lidera o Programa de Sustentabilidade da Odebrecht Infraestrutura – América Latina no Panamá. Arturo, que também é Responsável por Relações Institucionais, foi um dos primeiros integrantes da Organização no país e, atuando em projetos como a Cinta Costera, em execução na Cidade do Panamá, tornou-se uma das principais testemunhas (e um dos protagonistas) das iniciativas que estão ajudando a criar novos paradigmas de sustentabilidade no Panamá. Texto Zoraida Chong / Foto Tito Herrera

ππQual é o seu principal desafio no Programa de Sustentabilidade? Meu maior desafio é colocar em prática, de maneira permanente, ações sustentáveis nas cinco dimensões que a Organização segue, sobretudo naquelas que têm a ver diretamente com o meu negócio: programas sociais e meio ambiente, o que inclui mudanças climáticas. Isso se realiza com o apoio constante aos projetos. ππAntes de assumir como Responsável por Sustentabilidade, você era Gerente Administrativo e Financeiro no Projeto Cinta Costera – Fase 3. Como isso pode facilitar seu desempenho no novo programa? Facilita muito. Conhecer a realidade cotidiana das obras aumenta a capacidade de oferecer apoio mais consistente e eficiente. Nas obras em que trabalhei, tive a oportunidade de liderar programas comunitários e lidar diretamente com as demandas e necessidades das populações do

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entorno dos empreendimentos. Isso me ajuda a entender os responsáveis por esses programas e a me comunicar com eles. ππComo você vê a integração da Odebrecht e de suas práticas empresariais ao país? Não temos uma fórmula rígida de atuação. Nós respeitamos a cultura e as características das comunidades que se desenvolvem na área de abragência dos projetos e nos adequamos. Existem diferenças de contexto sociocultural mesmo entre os projetos que realizamos no país, e isso é o que faz da Odebrecht uma Organização com atuação global, mas com sensibilidade local. ππQue análise você faz do panorama da Sustentabilidade e da Responsabilidade Social no Panamá, e como a Odebrecht pode colaborar com o país nessa área? No Panamá, esse tema vem crescendo muito rapidamente, e temos tido um papel de destaque ao

influenciar outras empresas. É o que ocorreu, por exemplo, com o programa de combate ao HIV/Aids, chamado Cinta Roja Empresarial, por meio do qual temos conseguido fazer com que outras empresas adotem políticas e projetos com o mesmo fim. Outro caso é nossa liderança no programa de Mudanças Climáticas, do qual fazem parte inventários de emissões de gases de efeito estufa, que, nos últimos anos, têm sido aprovados por auditorias da British Standards Institution (BSI), um feito inédito no país. ]


Fazem parte da Organização Odebrecht: Negócios Odebrecht Engenharia Industrial Odebrecht Infraestrutura – Brasil Odebrecht Infraestrutura – África, Emirados Árabes e Portugal Odebrecht Infraestrutura – América Latina Odebrecht Realizações Imobiliárias Odebrecht Ambiental Odebrecht Latinvest Odebrecht Óleo e Gás Odebrecht Properties Odebrecht TransPort Braskem Estaleiro Enseada do Paraguaçu Odebrecht Agroindustrial Odebrecht Defesa e Tecnologia Investimentos Odebrecht Energias Brasil Odebrecht Africa Fund Odebrecht Latin Fund Empresas Auxiliares Odebrecht Comercializadora de Energia Odebrecht Corretora de Seguros Odebrecht Previdência Odebrecht Engenharia de Projetos Olex Serviços de Exportação Ação Social Fundação Odebrecht

RESPONSáVEL POR COMuNICAçãO na ODEBREChT S.A. Márcio Polidoro RESPONSáVEL POR PROGRAMAS EDITORIAIS NA ODEBREChT S.A. Karolina Gutiez

COORDENAçãO EDITORIAL Versal Editores Editor José Enrique Barreiro Editor Executivo Cláudio Lovato Filho Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes Tiragem 5.013 exemplares Pré-impressão e Impressão Pancrom Redação: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023 São Paulo (55) 11 3641-4743 e-mail: versal@versal.com.br


contribuição

Usina Hidrelétrica Santo Antônio, Rondônia. Energia para o Brasil proporcionada pela força das águas do Rio Madeira. Um projeto essencial, executado na Amazônia, por profissionais que encontram no canteiro de obras muitas razões para chamá-lo de cidade. Ou de lar. Da preparação do alimento na cozinha industrial aos eventos que descontraem e integram companheiros de trabalho, um conjunto de ações foi concebido e colocado em prática para que não falte, em Santo Antônio, a principal energia de que o empreendimento precisa para ser bem-sucedido: a motivação, o bem-estar e a alegria das pessoas que o realizam.


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