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# 157 ano XXXIX NOVEMBRO/DEZEMBRO 2011

Clairton Gadonski, integrante da Braskem no Polo Petroquímico de Triunfo (RS), com uma luminária LED, solução adotada pela empresa

ENERGIA Projetos e ideias que movimentam o cotidiano de indivíduos, comunidades e nações informa

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No caminho certo Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, vive transformação social em que a paz e o desenvolvimento começam a andar juntos

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Foto de capa: Ricardo Chaves

&

notícias pessoas

Capa Ilustração de Rico Lins

Carlos Júnior foto:

ENERGIA

#157 6

Braskem investe na diversificação da sua matriz e na eficiência energética

12

Braskem adota a iluminação a LED – mais econômica, mais eficiente, mais ecológica

14

Nova sede da Petrobras em Vitória utiliza recursos energéticos inovadores

16

Com a implantação de uma PCH, Foz torna-se autossuficiente em Cachoeiro de Itapemirim

20

Complexo formado por três fábricas em Suape dá força ao setor têxtil nacional

24

Henrique Valladares fala da atuação da Odebrecht como investidora no setor de energia

28

Teles Pires: as novidades na mobilização de pessoas para uma obra no Brasil profundo

32

Em parques no Sul e no Nordeste, Odebrecht estreia no segmento de geração de energia eólica

38

Os esforços de Angola para levar energia elétrica a uma parcela maior de sua população

44

Da mina ao porto, o longo e essencial caminho do carvão produzido em Moçambique

48

Luz para Todos: as histórias comoventes de quem acende uma lâmpada pela primeira vez

52

Um exemplo de projeto simples, criativo e eficaz vindo de La Candelaria, na Argentina

55

Em La Plata, a estratégica ampliação da capacidade de produção de uma refinaria da YPF

58

José Luiz Alquéres e as perspectivas do setor de energia no Brasil e no mundo

62 67 70 73 74 76 78 81 82

COPA 2014 habitação TRANSPORTES GENTE PERFIL CULTURA DESENVOLVIMENTO sustentável HISTÓRIA SABERES

informa informa

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4

informa


EDITORIAL

A energia dos sonhos e das realizações “Com sua trajetória no setor de energia iniciada na década de 1950, como construtora de barragens no Nordeste brasileiro, a Odebrecht, hoje, além de prestadora de serviços de engenharia e construção, também é produtora e investidora. Por meio de suas equipes espalhadas pelo mundo, faz valer o acúmulo e o compartilhamento de experiência e conhecimento para levar às comunidades o que de melhor pode oferecer.”

L

opes Sebastião e Dilma Marçal. Ele vive na província de Uíge, em Angola; ela, no interior de Minas Gerais. Ambos, recentemente, passaram a contar com energia elétrica em suas casas. As comunidades onde moram foram beneficiadas por

iniciativas governamentais que têm a participação da Odebrecht. Gustavo Checcucci e Fernando Chein. O primeiro trabalha na Braskem e lidera a equipe responsável pela gestão da energia utilizada pela empresa. Fernando atua na Odebrecht Energia e está entre os protagonistas da estreia da empresa no segmento de energia eólica. Além deles, nas páginas desta edição de Odebrecht Informa estão

José Piquitai, de Moçambique, Julio Romano, da Argentina, Pablo Andreão e José Dalvi, do Espírito Santo, e muitas outras pessoas que, de uma forma ou de outra, tiveram suas vidas transformadas pelo trabalho da Odebrecht no setor de energia. Eles são beneficiários ou responsáveis diretos pela concretização dos benefícios, e suas histórias de trabalho e de vida comprovam como o espírito de servir e a esperança são elementos que se complementam, se integram e se tornam vitais um para o outro. Com sua trajetória no setor iniciada na década de 1950, como construtora de barragens no Nordeste brasileiro, a Odebrecht, hoje, além de prestadora de serviços de engenharia e construção, também é produtora e investidora. Por meio de suas equipes espalhadas pelo mundo, a Organização Odebrecht faz valer o acúmulo e o compartilhamento de experiência e conhecimento, para levar às comunidades o que de melhor pode oferecer. Da colocação de uma tomada, um interruptor e uma lâmpada até a implantação de um parque eólico ou a construção de um complexo industrial, porque o que importa, mais que tudo, é a diferença que isso faz na vida das pessoas – estejam onde estiverem, sejam quantas forem, com seus sonhos e sua realidade cotidiana, iluminados pela crença de que a vida existe para ser desfrutada com alegria, persistência e paixão.


máximo mínimo

aproveitamento,

desperdício

6


Usuária de cerca de 2% de toda a energia consumida no Brasil, a Braskem investe na diversificação das fontes e na sua capacidade de autoprodução

Unidade da Braskem no Polo de Camaçari: busca de eficiência energética nos processos produtivos

Acervo Odebrecht

texto Thereza Martins fotos Dario de Freitas


P

ara movimentar os equipamentos de suas fábricas em Alagoas, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, a Braskem utiliza cerca de 2% de toda a energia consumida no Brasil. Na com-

paração com o consumo do parque industrial do país, esse percentual chega a quase 5%. E mais: quando se analisa a indústria química, na qual a Braskem está inserida, a demanda da companhia ultrapassa os 50% do total, evidenciando a relevância da empresa no cenário energético nacional. “A indústria química e a petroquímica são grandes usuárias de insumos energéticos, juntamente com a mineração, a siderurgia e os produtores de vidro”, explica o engenheiro eletricista Gustavo Checcucci, Responsável pela Gestão de Energia Elétrica na Braskem. Com características heterogêneas de tecnologias e processos, as 28 unidades industriais da empresa no

Gustavo Checcucci, à frente, com integrantes de sua equipe (Mauro Koiti Kumahara, Lucas Garcia Nishioka, Fabio Yanaguita e Kelly Sayuri Yamaki): responsáveis pela gestão da energia que a Braskem utiliza. Abaixo, movimentação de carvão em Triunfo: matriz diversificada

Brasil utilizam fontes de energia diversificadas. Gás natural, óleo combustível, carvão mineral, energia elétrica e combustíveis residuais (óleo e gás gerados no processo industrial das fábricas) compõem a matriz energética da Braskem. Para gerir esse mix de insumos há uma diretoria

medida mês a mês pelo fornecedor, e o usuário recebe

específica: a Diretoria de Energia, com três gerências,

a fatura no fim de cada período.

uma dedicada à regulação e comercialização de ener-

Como ocorre em qualquer outro tipo de transa-

gia elétrica; outra, focada em combustíveis e eficiência

ção comercial, os preços no mercado livre oscilam

energética; e uma terceira, que gere o programa volta-

de acordo com a oferta e a demanda. Em épocas de

Desempenho monitorado A gestão do uso de energia elétrica na Braskem é integrada a partir do 25º andar do edifício onde está a sede da empresa, em São Paulo. Ali funciona a Mesa de Operações de Energia, um ambiente interligado às plantas industriais via rede, no qual trabalham três engenheiros liderados por Gustavo Checcucci. Atentos às telas de televisores e computadores, eles acompanham em tempo real o consumo e as necessidades de suprimento de cada uma das fábricas da companhia, para melhor atendê-las. A equipe é responsável, também, pela compra do insumo no mercado livre, uma opção ao chamado “mercado cativo” (Ambiente de Contratação Regulada), ao qual a grande maioria dos consumidores está habituada. Nessa modalidade, a energia utilizada é

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informa

Foto: Mathias Kramer

do à autoprodução de energia.


chuva, por exemplo, quando os reservatórios de água

“Para adquirir energia elétrica a preços mais com-

estão cheios, os preços caem, e sobem na estiagem.

petitivos é preciso conhecer a necessidade futura da

Da mesma forma, o custo é mais elevado em horá-

operação nas fábricas e planejar o seu suprimento

rios de ponta de demanda – por exemplo, das 18h

com antecedência”, afirma Gustavo. Ele acrescenta:

às 21h.

“Nesse sentido, o mercado livre nos favorece com a possibilidade de escolha. Em 2010, as negociações da Mesa de Operações de Energia geraram uma economia de R$ 23,5 milhões para a Braskem”. O custo anual do insumo para a empresa é de aproximadamente R$ 750 milhões. A participação da energia elétrica comprada na matriz energética da Braskem é de 10% e, no segundo semestre de 2011, representou 3,2% do custo do produto vendido. A busca por melhores preços, prazos, contratos, condições de pagamento e parceiros é um exercício diário. Mas ainda há outros campos a serem explorados. O da regulamentação de mercado é um deles. Com esse objetivo, a Braskem participa da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace) e acompanha discussões sobre temas como possibilidades de redução tarifária, um dos fatores que oneram o custo do insumo.

informa

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Apoio ao cliente Se as negociações no mercado livre trazem benefícios para a Braskem, elas também podem agregar valor aos negócios de clientes. Com essa lógica e apoiada em premissas do programa Visio, as áreas de Polímeros (Comercial) e de Energia estão levando sua experiência à Borealis Brasil, companhia da qual a Braskem detém 20% de participação por meio de uma

joint venture. “Assim como a TEO (Tecnologia Empresarial Odebrecht), o programa Visio, específico para a Braskem, tem por princípio construir e manter relações de parceria com o cliente”, afirma Octávio Pimenta, Líder Comercial no segmento de compostos, que participou das negociações com a Borealis. “Na parceria para a aquisição de energia elétrica, estamos colocando em prática o espírito de servir e de inovar para ajudar o cliente a vencer desafios.” Há tempos, a Borealis via na migração para o mercado livre uma alternativa competitiva. “Não tínhamos certeza se a mudança seria viável, por exigir um trabalho adicional de gestão e planejamento para o qual não tínhamos uma equipe especializada”, informa Laudemir Sarzeta da Silva, engenheiro químico, Diretor de Operações da empresa. “Agora podemos contar com

Ludemir Sarzeta da Silva, da Borealis: parceria garante aquisição de energia

a parceria da Braskem e teremos prazo para avaliar a experiência”, acrescenta. Contando com uma comercializadora parceira, a Braskem comprou energia elétrica para a Borealis.

afirma Laudemir.

O acordo é válido por um ano, tempo para a empresa

Hoje, a Borealis gasta até R$ 6 milhões por ano com

decidir se segue em frente com a parceria ou se volta

o insumo e espera fazer uma economia de aproxima-

ao “mercado cativo”. O insumo destina-se à unidade da

damente R$ 400 mil a partir da migração para o mer-

Borealis em Itatiba (SP), com capacidade produtiva de 24

cado livre.

mil t anuais de compostos de polipropileno, matéria-pri-

10

estamos optando pelo caminho da sustentabilidade”,

ma para a indústria automotiva e para a de linha branca

Eficiência energética

(eletrodomésticos). A Borealis mantém outra fábrica no

A energia térmica gerada por gás natural, carvão

Brasil, integrada ao Polo Petroquímico de Triunfo (RS),

mineral, óleo combustível e combustíveis residuais re-

que já se beneficia de uma energia competitiva.

presenta 90% da matriz energética da Braskem. Os in-

Em Itatiba, o consumo de energia da Borealis é da

sumos energéticos são queimados em fornos e caldei-

ordem de 2.320 kW por mês. De acordo com as normas

ras da área de Utilidades das fábricas e transformados

regulatórias desse mercado, empresas com demanda

em vapor, para movimentar os processos produtivos da

de 500 kW a até 3.000 kW podem participar do mercado

petroquímica.

livre, desde que o suprimento provenha de fontes reno-

A contratação de insumos, a gestão desses ener-

váveis de energia, como pequenas usinas hidrelétricas,

géticos e a observância de normas regulatórias estão

usinas de cogeração de energia elétrica a partir de bio-

entre as atribuições da equipe liderada pelo engenheiro

massa e usinas eólicas. “Para nós, esse é um incen-

Marcelo Wasem, responsável pela área de combustí-

tivo a mais. Além de obter energia mais competitiva,

veis e eficiência energética da Diretoria de Energia.

informa


as iniciativas desenvolvidas na Braskem relacionadas à eficiência energética, a fim de buscarmos a melhor maneira de apoiar as equipes que estão à frente dos projetos”, afirma. Em breve, todo projeto – seja de inovação, seja de produtividade ou qualidade – apresentado por integrantes deverá contemplar, também, informações sobre possível impacto em eficiência energética.

Opção sustentável Por uma questão de logística, a Unidade de Insumos Básicos da Braskem (Unib), instalada no Polo de Triunfo, é a única que utiliza carvão mineral como fonte de energia. “Mais de 90% das reservas de carvão do Brasil estão localizadas na região Sul, a maior parte delas, no Rio Grande do Sul”, informa Marcelo Wasem. “E a Braskem utiliza uma parte significativa desse insumo, em função de seu custo competitivo”, enfatiza. O carvão brasileiro, porém, gera grande quantidade de cinzas (35% do volume total). As cinzas leves (secas) são vendidas para a indústria cimenteira. Mas para as pesadas (úmidas), retiradas das caldeiras após o processo de queima, não há ainda uma destinação sustentável que substitua as bacias de decantação. Uma opção viável poderá surgir como resultado do projeto piloto, já em curso, para o aproveitamento desses resíduos na fabricação de blocos de tijolos. O proje“A empresa vem investindo em projetos para au-

to é de autoria do empresário Mauro Pezzi Parode, que

mentar sua capacidade de autoprodução energética

utilizou uma tecnologia desenvolvida há quase 30 anos

e melhorar a eficiência dos insumos que consome”,

pela Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec) do Rio

informa Marcelo. Por eficiência, entenda-se aproveita-

Grande do Sul.

mento máximo e desperdício mínimo, qualidade, cus-

Com o apoio da Prefeitura de Triunfo, que cedeu um

tos, competitividade e redução de impactos ambientais

galpão na zona industrial da cidade, e da Braskem, que

negativos, entre outros atributos.

o orientou em questões legais, ambientais e de segu-

“Estamos trabalhando para desenvolver uma visão

rança do trabalho, Mauro Parode já está produzindo em

sistêmica de eficiência energética, ou seja, mapear

escala piloto. “Equipei a fábrica com recursos próprios,

as unidades produtivas, entender como funciona cada

contratei e treinei pessoas para o trabalho e, hoje,

equipamento e cada rotina, aproveitar o máximo de seu

nossa capacidade de produção é de até 4 mil unida-

potencial, identificar gargalos, oferecer soluções, esta-

des diárias”, afirma. A produção ainda não está à plena

belecer indicadores de monitoramento e compará-los

carga, porque Mauro busca um parceiro interessado

aos de mercado”, diz Marcelo.

em utilizar os blocos de tijolos na construção de casas

Para apoiar essas atividades será contratada uma consultoria até o final de 2011, visando o alcance de

populares. As cinzas, matéria-prima do processo, são fornecidas gratuitamente pela Braskem.

resultados em 2012. Marcelo Wasem explica que hoje,

Os estudos da Cientec mostram que as cinzas pe-

os ganhos obtidos em eficiência energética são decor-

sadas podem ser utilizadas, também, na fabricação de

rentes de projetos pontuais das equipes de Manuten-

dormentes para projetos ferroviários e como base para

ção e Produtividade. “Queremos ter uma visão de todas

a pavimentação de estradas.

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12

idei a luz de uma

Braskem decide instalar iluminação a LED em todas as suas dependências

N

texto Luciana Móglia fotos Ricardo Chaves

este caso, é mais apropriado dizer que,

O grupo formado para sugerir melhorias aproveitou

quando a ideia veio, a lâmpada se apa-

o momento de mudança para buscar uma solução sus-

gou. E, em seu lugar, acendeu-se a ilu-

tentável. “As lâmpadas de descarga, que eram as mais

minação a LED (Light Emitting Diode

utilizadas, têm mercúrio em sua composição e geram

ou Diodo Emissor de Luz). Tecnologica-

mais resíduos por usarem reatores e terem baixa vida

mente avançada, ela possibilita redução no consumo

útil”, afirma Clairton Gadonski, integrante da área de

de energia e mais durabilidade em relação às outras

Manutenção Elétrica e responsável pela formação do

soluções, além de não conter mercúrio. Motivos mais

grupo.

que suficientes para que a Braskem decidisse investir

A primeira etapa do trabalho da equipe multidiscipli-

em uma das suas unidades do Rio Grande do Sul, o que

nar, composta de representantes das áreas de Elétrica,

a levou à condição de empresa pioneira no uso desse

Instrumentação e Suprimentos e da empresa parceira

tipo de iluminação em escala industrial.

em elétrica da Braskem, foi fazer uma pesquisa sobre

Uma ação deflagrada em 2009 para melhorar as

as soluções disponíveis. Entre as avaliadas, estavam as

condições de iluminação da Unidade de Petroquímicos

lâmpadas LED, fluorescentes T5 e vapor de sódio. As

Básicos, no Polo de Triunfo (RS), foi o primeiro passo.

principais características testadas foram temperatura,

Quinze mil lâmpadas tubulares fluorescentes serão

fluxo luminoso, eficiência, grandezas elétricas, aceita-

substituídas por LED até o final de 2012, significando

ção dos usuários, custo-benefício e impacto no meio

a conclusão da primeira fase do projeto. O investimen-

ambiente.

to totalizará R$ 1,8 milhão. O payback (retorno do investimento) projetado é de 12 meses. O projeto deverá ser multiplicado para outras unidades da Braskem em breve.

12

De cinco a 70 vezes mais durável A LED levou vantagem em praticamente todos os pontos. “Sua duração é de cinco a 70 vezes maior, de-

informa informa


eia Clairton Gadonski, integrante da Braskem em Triunfo: LED gera menos resíduos

pendendo da tecnologia comparada, gera economia de

e subestações da Unib. Duas mil lâmpadas fluores-

energia de 20% a 80% e apresenta menor impacto no

centes tubulares já foram substituídas por LED. Apre-

meio ambiente”, afirma Flávio Dieterich, pesquisador

sentaram, nos pilotos realizados, fluxo luminoso 35%

da tecnologia e integrante do grupo. No entanto, havia

maior e redução de 40% no consumo de energia.

um entrave: o preço era muito alto.

A substituição de luminárias LED em postes de ar-

O grupo não desistiu. “À medida que o tempo foi

ruamentos está em fase piloto. Já foram instaladas 20

passando, os valores foram reduzidos e a qualidade

luminárias LED, que passaram a iluminar a área ope-

melhorou, de forma que a tecnologia tornou-se com-

racional e as ruas das unidades. A próxima etapa será

petitiva perante as outras opções”, afirma Thiago Oli-

substituir todas as 500 luminárias de lâmpada a vapor aprendizados

veira, representante da área de Suprimentos. Ele lidera

de mercúrio usadas para esse fim.

José Eduardo: precisam se converter em

a negociação com fornecedores das lâmpadas e lumi-

As áreas operacionais que receberão a iluminação

nárias. “Os fornecedores perceberam que a Braskem

incluem as caldeiras, nas quais está sendo feita a ade-

poderia ser um parceiro de grande porte e uma vitrine

quação para LED. Nos fornos, será aplicada luminária

para o uso dessa alternativa”, diz. A Philips, uma das

específica, utilizando-se a tecnologia LED. Por fim, a

principais fabricantes mundiais, foi a fornecedora es-

substituição nos galpões e oficinas: o investimento rea-

colhida pela Braskem para a primeira negociação de

lizado até agora na Unib foi de R$ 800 mil, com payback

grande porte em iluminação a LED para lâmpadas

projetado para um ano, considerando-se todos os be-

tubulares.

nefícios da troca do sistema.

A troca de lâmpadas começou em janeiro de 2011.

Em paralelo ao projeto de substituição, a Braskem

O projeto da Braskem para a substituição de lâmpadas

já definiu que a planta de butadieno, com entrada em

por LED ocorre em quatro frentes. Uma delas é a troca

operação prevista para 2013, no Rio Grande do Sul,

de lâmpadas da área administrativa, casas de controle

será toda iluminada com LED.

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a criatividade bateu no

teto

Modelo de sustentabilidade, a nova sede da Petrobras em Vitória utiliza recursos de alta ciência energética

O

texto Fabiana Cabral

fotos Lívia Aquino

Espírito Santo é o segundo maior pro-

margo Corrêa e Hochtief, foi o escolhido para tirar

dutor de petróleo do Brasil e deverá

do papel o projeto, um modelo de sustentabilidade

alcançar, até o fim do ano, uma pro-

e eficiência energética.

dução de 400 mil barris por dia. As

O local escolhido foi o alto do morro do bair-

primeiras atividades petrolíferas em

ro conhecido como Barro Vermelho, com entrada

terras capixabas foram realizadas pela Petrobras

principal pela Avenida Nossa Senhora da Penha.

em 1957. De lá para cá, diversos campos foram

Em uma área construída de 95 mil m2, o complexo

descobertos e, em 2001, a empresa estabeleceu

compreende duas torres de escritórios ligadas por

sua sede administrativa em Vitória. Com o cresci-

um edifício central, Centro de Realidade Virtual,

mento da produção, sobretudo na década de 2000,

Centro de Processamento de Dados, restaurante

a Petrobras decidiu construir uma nova sede. O

e prédio de utilidades. Cerca de 600 profissionais

Consórcio

trabalham no local, que deverá ser ocupado por

14 A nova sede da Petrobras em Vitória e, na página ao lado, parte das tubulações usadas para manter a água gelada circulando entre os andares: sistema moderno de climatização

OCCH,

formado

por Odebrecht Infraestrutura, Ca-

2 mil pessoas. O complexo foi projetado para utilizar as riquezas naturais da região, como a energia do sol e a circulação dos ventos, e para receber siste-


mas voltados para a ecoeficiência do local. “A sede

entre os andares e o chiller, responsável pelo res-

é um showroom de processos sustentáveis e de

friamento do líquido. É nessa máquina, localizada

alta tecnologia, entre eles o uso de energia solar e

no prédio de utilidades, que o processo começa.

de vidros de baixa absorção de calor, o tratamento

A Central de Água Gelada da nova sede conta

de 100% do esgoto e reúso da água para irrigação

com quatro chillers, de três tipos: elétrico, onde o

do jardim e utilização nos vasos sanitários, além

calor é lançado para fora (semelhante ao proces-

do sistema de ar condicionado econômico”, explica

so de refrigeração da geladeira); de absorção, que

Sidney dos Passos Ramos, Diretor de Contrato na

utiliza reações químicas para absorver o calor; e

Odebrecht.

de ar, para emergências, com 12 ventiladores. “A

Pensando na eficiência energética do empreen-

água sai a 5ºC e retorna com 15ºC”, comenta Edi-

dimento, a Petrobras e o Consórcio OCCH optaram

mauro Conde Arouca, Coordenador de Projetos da

por um moderno sistema de climatização que uti-

Eleven Systems, parceira do consórcio.

liza a água para resfriar os ambientes. O sistema

Depois de resfriada, a água é bombeada, por

de ar condicionado Teto Radiante foi instalado nos

meio das tubulações, até as serpentinas acopla-

escritórios e no edifício central. “É o primeiro em-

das nas placas metálicas do teto radiante. “As ser-

preendimento no Espírito Santo com esse tipo de

pentinas irradiam o frio para a superfície da pla-

tecnologia”, destaca Sidney.

ca, que o lança no ambiente”, explica Edimauro. O

Segundo Antônio Morais Telesforo, Gerente de Instalações Eletromecânicas e Utilidades no con-

líquido retorna ao schiller, mais quente, para ser resfriado novamente.

sórcio, a água é mais eficiente que o ar na troca de

Para controlar a umidade e o índice de CO2 no

calor e utiliza menor quantidade de energia para

ar, o Teto Radiante também utiliza um sistema de

resfriar o local. “O Teto Radiante reduz em cerca

ar resfriado. “Como não há troca de ar com o am-

de 30% o consumo de energia elétrica e de água,

biente externo, por meio de um equipamento cha-

não gera vento e barulho, homogeneiza a tempe-

mado fan-coil, o ar frio e ‘sujo’ sai e o ar novo e

ratura e controla a umidade, o que proporciona

limpo entra”, conta Antônio Morais. “Os ambientes

mais conforto aos usuários”, esclarece.

foram divididos em zonas de conforto para man-

O sistema é um circuito fechado, composto de

ter a homogeneidade da temperatura e, com isso,

5 km de tubulações isoladas termicamente, que

economizar energia. O usuário não percebe que o

mantêm 200 mil litros de água gelada circulando

local tem ar condicionado”, completa.

informa

15


uma referência chamada

cachoei Construção de uma pequena central hidrelétrica fortalece a condição do município capixaba como modelo na superação de desafios de abastecimento de água e esgotamento sanitário

16 A PCH da Foz no Rio Itapemirim: marco para a empresa e para a cidade

texto Irene Vucovix fotos Bruna Romaro


iro

D

as janelas de seu escritório, Pablo Andreão, Diretor da Foz – Unidade de Cachoeiro de Itapemirim (ES), tem vista privilegiada do Rio Itapemirim e de boa parte de uma obra pioneira. Construí-

da na Ilha da Luz, uma pequena central hidrelétrica (PCH) começou a operar no início de novembro, tornando a concessionária municipal dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário autossuficiente em energia. A PCH é um marco para a Foz e para Cachoeiro de Itapemirim, a “Princesa do Sul” dos capixabas. Para a empresa, porque reforça seu papel de polo de excelência na prestação de um serviço essencial, com o uso cada vez mais eficiente da energia. Para o município, porque resgata a história da Ilha da Luz, que ganhou esse nome em 1903, quando começou a operar a usina de força motriz que tornou Cachoeiro de Itapemirim a primeira cidade do Espírito Santo e a terceira do Brasil a ter um sistema de iluminação pública baseado em eletricidade. Passados 108 anos, os R$ 30 milhões investidos pela Foz na construção da PCH incluíram a recuperação de parte da estrutura criada na época da usina motriz, o que também valoriza uma história cujo resgate orgulha toda a comunidade. Além disso, a Ilha da Luz volta a justificar seu nome, com um empreendimento que gera 500 vezes mais energia que a antiga usina do início do século passado. A potência da PCH é de 3,8 MW, um acréscimo de 36% sobre os 2,8 MW previstos no projeto inicial, e o suficiente para abastecer de energia uma cidade de 40 mil habitantes. “A energia elétrica é o maior custo de uma concessionária de saneamento básico”, explica Pablo Andreão. “A operação comercial da PCH faz da empresa de soluções ambientais da Odebrecht um exemplo de eficiência energética, com sustentabilidade. Isso terá reflexos muito positivos na comunidade local, na parceria com os fornecedores, na geração de valor para os acionistas e no negócio de saneamento em todo o Brasil.” Andreão assumiu em junho a direção da Foz em Cachoeiro de Itapemirim. Há 10 anos na empresa, participou de todo o processo de implantação da PCH, iniciado em 2003 com os primeiros estudos de viabilidade. Mais tarde, em 2005, acompanhou o

informa

17


processo de licenciamento e, a partir de junho de

infraestrutura local fica ainda mais atraente para a

2010, a obra da usina – realizada dentro da cidade,

chegada de novos e expressivos empreendimentos

o que exigiu muito diálogo com a comunidade e um

geradores de mais emprego e renda.

intenso trabalho de educação socioambiental.

“A PCH vai fortalecer a posição de referência que

A grande beneficiada com a operação comer-

Cachoeiro de Itapemirim conquistou com seu siste-

cial da usina será a população da área urbana, que

ma de saneamento básico, que tornou nossa cidade

concentra mais de 90% dos 190 mil habitantes de

uma das primeiras no Brasil a solucionar as ques-

Cachoeiro de Itapemirim. A Foz abastece com água

tões de abastecimento de água e esgotamento sa-

potável 99,5% dos imóveis dessa região, que tam-

nitário, por meio de uma parceria entre a iniciativa

bém tem 92,5% atendidos por sistema de esgota-

privada e o poder público”, salienta Pablo Andreão.

mento sanitário. Andreão afirma: “A PCH dará mais

18

segurança ao conjunto da operação da concessio-

Padrão internacional

nária, cujos serviços demandam funcionamento

“A Foz detém a concessão do serviço de água e

contínuo de instalações e equipamentos posiciona-

esgoto até 2035 e tem a obrigação de operar, man-

dos não apenas ao longo da área urbana da sede de

ter, modernizar e ampliar a rede de saneamento

Cachoeiro, mas também na dos outros nove distri-

básico de Cachoeiro de Itapemirim. A meta é de-

tos que compõem o município”.

senvolver, de maneira contínua, o que já era bom,

A economia de Cachoeiro também será benefi-

potencializar os valores e a filosofia da Organização

ciada intensamente com a operação da PCH, pois

Odebrecht”, diz Mário Amaro da Silveira, ex-Diretor

ela permitirá que a Foz deixe de consumir do sis-

Operacional da Foz em Cachoeiro e atualmente Di-

tema público local o total de energia utilizado pela

retor da Companhia de Saneamento de Tocantins

concessionária, que é uma das 10 maiores compra-

(Saneatins), a mais recente conquista da Foz, que

doras de eletricidade no município. Assim, como

passou, em outubro, a participar do bloco privado

esse insumo é fundamental para as indústrias, a

da empresa (76,52%).

informa


Montagem de uma das turbinas da PCH: energia elétrica representa o maior custo de uma concessionária de saneamento básico

A Foz assumiu em 2008 a operação dos serviços de

permite a prestação de um serviço com mais eficiência,

água e esgoto do município. Entre 2009 e 2012, os in-

o que gera benefício direto à população em relação ao

vestimentos da empresa totalizarão R$ 75 milhões, ante

custo pago nas tarifas de água e esgoto.

os R$ 50 milhões aplicados nos 10 anos anteriores. Os

A construção da usina e o impacto visual das obras,

R$ 75 milhões foram distribuídos em três frentes: na re-

destaca Oliveira, mexeram com a população e atiçaram

dução de perdas de água e na automação; na ampliação

o imaginário popular. “Teve gente achando até que o

da cobertura do sistema de esgotamento sanitário; e na

Rio Itapemirim seria aterrado”, brinca. Todos os boatos

construção da PCH da Ilha da Luz.

foram esclarecidos, e os moradores, tranquilizados. O

“A Foz tem um cliente institucional, a Prefeitura, que é

Itapemirim, orgulho dos cachoeirenses, continua igual-

o poder concedente, mas o cliente de fato é o consumidor

zinho, mas muito mais limpo, depois que a Foz instalou

final, que recebe água potável com padrão de tratamento

o esgotamento sanitário.

internacional de uma concessionária classificada entre as

Que o diga o barbeiro José Dalvi, 71 anos, seis vezes

sete melhores prestadoras de serviços de água e esgoto

presidente da Associação de Moradores do Bairro Teixeira

em todo o Brasil”, reforça Mário Amaro da Silveira, refe-

Leite e com disposição de sobra para muitos outros man-

rindo-se à classificação que a empresa obteve no Prêmio

datos. Ele mora na mesma casa, às margens do Itape-

Nacional de Qualidade em Saneamento de 2010.

mirim, há mais de 40 anos, e já passou muitos sábados e

Luiz Carlos de Oliveira, Diretor-Presidente da Agên-

domingos recolhendo dejetos que boiavam nas águas po-

cia Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Dele-

luídas do rio. As filhas cresceram, nasceu o neto, os cabe-

gados de Cachoeiro (Agersa), afirma satisfeito: a ques-

los ficaram brancos e ele aprendeu a entender, cada vez

tão do saneamento básico no município está ‘redonda’”.

melhor, a alma do Itapemirim. “Antes, o mau cheiro era

Com isso, é possível concentrar esforços na solução de

insuportável, os peixes sumiram, ouvia o rio gemer pela

desafios relacionados a outros serviços da cidade, en-

vida. Agora, com a coleta de esgoto, o mau cheiro sumiu,

quanto a Prefeitura pode investir em áreas como saúde

os peixes voltaram e está cheio de piabinhas pulando na

e educação. Oliveira ressalta que a PCH da Ilha da Luz

água. O rio está vivo outra vez.”

informa

19


Complexo formado por três fábricas, em Suape, será o maior polo integrado de produção de poliéster no Brasil

O Diretor de Contrato José Gilberto Mariano e parte das instalações do complexo: pioneirismo e formação de pessoas

20 20

informa

imp


mpulso para a indústria têxtil

E

texto Renata Meyer fotos Tiago Lubambo struturar o mais importante polo inte-

em suas três fábricas, respectivamente, polímeros e

grado para produção de poliéster da

filamentos de poliéster; resina para embalagem PET e

América Latina, no Complexo Industrial

o insumo básico para sua fabricação, o ácido tereftáli-

e Portuário de Suape, município de Ipo-

co purificado (PTA).

juca (PE). Essa é a meta da Companhia

Quando as três unidades industriais estiverem em

Petroquímica de Pernambuco – PetroquímicaSuape,

plena operação, o que deverá ocorrer até o fim de

que pertence à Petroquisa, braço petroquímico da Pe-

2012, o consumo de energia elétrica do complexo po-

trobras. Serão implantadas três unidades industriais

derá chegar a 4,5% de toda a demanda de Pernam-

integradas, em uma área de 550 mil m , com a expec-

buco, perfazendo um total de 100 MW. Para garantir

tativa de darem novo fôlego à indústria têxtil nacional.

o uso racional do recurso energético no empreendi-

Para colocar o projeto em prática, a Odebrecht En-

mento, várias medidas estão sendo implantadas pelo

genharia Industrial está em campo desde 2007, res-

cliente, com o apoio técnico das equipes da Odebrecht.

2

ponsável por engenharia de detalhamento, suprimento de parte dos materiais e equipamentos, execução da

Central de cogeração

construção civil e da montagem eletromecânica das

Entre elas está a instalação de uma central de co-

unidades. A empresa também responde pelo geren-

geração de energia elétrica, a partir da energia térmi-

ciamento das obras de todo o complexo, que produzirá,

ca gerada no processo produtivo do PTA. O sistema,

informa

21


denominado PAC – do inglês Process Air Compressor (Compressor de Ar de Processo) –, permitirá o reaproveitamento energético na unidade e, com isso, garantirá a economia de aproximadamente 12% no consumo de energia elétrica da planta de PTA. O processo produtivo do PTA tem como principal matéria-prima o paraxileno, derivado de petróleo que, ao ser submetido a altas pressões na presença de ar e calor, sofre oxidação, liberando gases com temperatura que ultrapassa 200ºC. “Em nenhuma hipótese, esses gases poderiam ser lançados na atmosfera, pois os impactos ao meio ambiente seriam muito danosos. O calor extraído no processo de resfriamento é então utilizado na central de cogeração de energia elétrica, em benefício da própria planta”, afirma Mauro Ambrosano, Gerente Geral de Manutenção da PetroquímicaSuape. O PAC é o conjunto utilizado para a compressão do ar que alimenta o reator de oxidação da planta de PTA. O compressor é movido por um motor/reator, que tem, interligados no mesmo eixo, uma turbina e um expansor, acionados, respectivamente, por vapor e por gases quentes gerados no processo de oxidação. “A energia elétrica gerada a partir do calor proveniente do processo é consideravelmente maior que a necessária para mover o conjunto, de modo que o excedente é exportado para a rede e utilizado na unidade de PTA”, explica Ambrosano.

Tecnologia pioneira no país

22

planejado”, destaca o Diretor de Contrato José Gilberto Mariano. “No entanto, a participação em um projeto

A tecnologia, importada pelo cliente, foi desenvolvi-

deste porte, marcado pelo pioneirismo, nos permite

da pela empresa inglesa de tecnologia Invista, em par-

formar pessoas cada vez mais capacitadas a atuar em

ceria com a alemã Siemens, e, pela primeira vez, será

projetos de grande complexidade”, completa.

aplicada na indústria petroquímica brasileira. Com

Além do PAC, o Complexo Petroquímico de Suape

o PAC, a PetroquímicaSuape deixará de demandar

terá outras estratégias para a racionalização do uso

30,6 MW da rede básica de energia, garantindo uma

da energia. Todo o projeto civil e arquitetônico das

economia que pode chegar a R$ 5 milhões por mês.

fábricas leva em consideração o máximo aproveita-

“Nas tecnologias mais antigas, toda essa energia seria

mento de luz solar, o que contribui para a redução do

perdida”, Mauro Ambrosano destaca.

número de luminárias utilizadas. Essa medida, alia-

A Odebrecht Engenharia Industrial é responsável

da à utilização de equipamentos de alto rendimento,

pela montagem do equipamento, em um processo que

encarada como prioritária em todas as operações,

exige alto nível de especialização. Com cerca de 300 t,

permitirá a economia estimada de cerca de 5% no

o PAC é um conjunto rotativo em que cada componen-

consumo de energia.

te tem interferência no funcionamento dos demais. “A

A integração sinérgica entre as unidades industriais,

montagem do PAC é um processo que requer muita

apontada como uma grande vantagem competitiva do

precisão. Nosso maior desafio é garantir o alinhamen-

empreendimento, é também um fator de otimização

to perfeito das peças para que tudo funcione como o

de recursos. Com uma única central de utilidades, é

informa


O interior de uma das fábricas: benefício para toda a cadeia produtiva do setor têxtil

possível abastecer todo o complexo com ar comprimi-

“A mínima oscilação de tensão, imperceptível

do e água de resfriamento, o que possibilitará reduzir o

na maioria das utilizações industriais de energia

custo operacional e o desperdício de energia.

elétrica, pode provocar o rompimento dos fila-

O complexo conta ainda com uma central de água

mentos têxteis e exigir a interrupção das opera-

gelada única para todas as fábricas. O sistema de ar

ções. Uma parada dessa natureza é muito preju-

condicionado de processo, de alto rendimento e contro-

dicial, pois o processo de retomada da produção

le automatizado, realiza a monitoração permanente da

pode levar semanas”, afirma Mauro Ambrosano.

temperatura e da umidade dentro e fora do ambiente e

Para garantir a estabilidade da corrente elétri-

executa um balanço sobre a mistura ideal de ar, a fim

ca, tanto as máquinas quanto a subestação que

de garantir as condições adequadas para as operações

atende ao complexo estão sendo equipadas com

das unidades e, ao mesmo tempo, economizar energia.

sofisticados recursos de controle de qualidade de energia.

Qualidade da energia

Com investimento total de R$ 4,9 bilhões, as

O fornecimento de energia está entre os fatores

plantas que integram o Complexo Petroquímico

que mais impactam nas operações da indústria têx-

de Suape deverão funcionar de maneira ininter-

til, em razão da alta demanda desse recurso nos

rupta todos os dias do ano, exceto nos casos de

processos produtivos e, sobretudo, pela qualidade

eventuais paradas programadas. A expectativa é

exigida na transmissão, crucial para o bom funcio-

que, com o empreendimento, toda a cadeia pro-

namento das máquinas.

dutiva do segmento têxtil seja beneficiada.

informa

23


entrevista

“e aqui estamos, como

investidor texto Zaccaria Junior foto André Valentim

C

riada recentemente para gerir os investimentos e operar os ativos de geração de energia elétrica da Odebrecht, com foco em fontes renováveis, a Odebrecht Energia traz em seu DNA a herança de uma ligação da Organização com o setor de geração de energia elétrica desde 1952, ano do início de construção das hidrelétricas de Ituberá e Candengo, na Bahia, e, como investidora, desde 1994, com a participação na Hidrelétrica de Itá, em Santa Catarina, que marcou a retomada do investimento privado no país. Henrique Valladares, Líder Empresarial da Odebrecht Energia, fala à Odebrecht Informa sobre as realizações e os rumos da Organização nesse setor. “Estamos comprometidos em corresponder a confiança dos acionistas e sermos provedores de soluções de energia para as demais empresas da Organização e nossos Clientes, no Brasil e no exterior”, ele afirma.

24

24

informa


ores�

Henrique Valladares: “Temos uma capacidade instalada para sermos investidores e operadores, dentro e fora do Brasil�

informa

25


Odebrecht Informa – O fato de a Odebrecht ter um

drelétrica de Capanda, um dos principais vetores para

histórico, como construtora, participando isoladamen-

o desenvolvimento da economia angolana. Também

te ou em consórcio, da execução de cerca de metade do

na Argentina e no México iniciamos nossas operações

parque gerador de energia do Brasil, leva a uma deci-

através das usinas de Pichi-Picún-Leufú e de Los Hui-

são natural de fortalecer o braço investidor?

tes, respectivamente. A Odebrecht foi apontada, por oito

Henrique Valladares – A Odebrecht tem presença

vezes, como a maior construtora internacional de hidre-

histórica nessa área. E o fato de termos forte experiência

létricas, segundo a revista ENR – Engineering News-

na construção de ativos de energia elétrica nos posiciona

-Record, publicação que é referência no setor.

de forma diferenciada no segmento de geração. Grande parte das oportunidades de investimentos da Odebrecht

OI – A Odebrecht Energia também se direciona a inves-

nasceu do conhecimento aprofundado de duas variáveis

timentos internacionais?

essenciais: prazo e custo. E isso aprendemos a partir

Valladares – Sim, hoje temos uma capacidade ins-

da nossa origem: a prestação com excelência de servi-

talada para sermos investidores e operadores, dentro e

ços de Engenharia e o atendimento das necessidades

fora do Brasil. Essa capacidade foi aplicada em outros

do cliente. Além disso, a

mercados promissores,

experiência da Organiza-

como é o caso do Peru,

ção na estruturação de

onde

financiamentos,

espe-

cialmente sob a modalidade de project finance, também faz diferença na nossa atuação como investidores em geração de eletricidade, de maneira especial em projetos greenfield. A postura de melhor servir aos nossos clientes levou nossos

empresários-

“A Odebrecht tem uma presença histórica no setor de energia. E o fato de termos forte experiência na construção de ativos nessa área é muito importante”

tivemos

suces-

so na Hidrelétrica de Chaglla,

a

segunda

maior do país, cujas obras de implantação começaram no primeiro semestre deste ano. O projeto representa investimentos de US$ 1,2 bilhão e marca o início da atuação da Odebrecht Energia como investidora e operadora de ativos de geração no exterior.

-parceiros a conhecer a cadeia de valor do negócio geração de energia, possibilitando a ampliação da

OI – E o mercado brasileiro? Como a empresa vem

nossa participação. Então aqui estamos, nos posicionan-

acompanhando a evolução dos investimentos na área

do como investidores, através da criação da Odebrecht

de energia?

Energia S.A., com atuação no Brasil e no exterior. É im-

Valladares – Durante décadas, os investimentos na

portante destacar que a nossa atuação no mercado de

área de energia elétrica eram, predominantemente,

hidrelétricas também foi um elemento importante para

feitos pelo Estado. A continuidade dos nossos investi-

a internacionalização da Organização.

mentos em geração ocorreu na Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia, onde, além

OI – Por quê?

da atuação da Odebrecht na construção, a Odebrecht

Valladares – A construção de hidrelétricas sempre

Energia tem participação relevante no investimento e

foi um vetor importante de crescimento no exterior. O

na gestão da concessionária.

Peru foi o ponto de partida da expansão internacional

26

da Odebrecht. Estamos presentes naquele país desde

OI – Santo Antônio é um marco?

1979, com Charcani V, em Arequipa, dentro do vulcão

Valladares – Certamente! Adotamos uma estratégia

Misti. Outro marco da nossa internacionalização foi

de investir em inventários e em estudos de viabilidade

Angola, ao iniciarmos, em 1984, a construção da Hi-

de empreendimentos de hidroeletricidade, contribuindo

informa informa


para ao desenvolvimento do setor e visando, também,

to de profissionais locais, sendo 10% mulheres, o que

participar como investidores dos leilões promovidos

representa uma quebra de paradigma no mercado de

pelo Governo Federal. E o maior deles, sem dúvida, foi

construção de hidrelétricas na região amazônica.

o Complexo do Rio Madeira. Santo Antonio representou nossa consolidação definitiva como investidores do se-

OI – Existem outras fontes de geração de energia na

tor. Com a conquista da concessão da Usina Santo An-

estratégia da empresa?

tônio, nosso olhar para o mercado de energia passou a

Valladares – Além de já contarmos com os ativos de

ser prioritariamente como investidor, sem prejuízo da

geração dos empreendimentos hidrelétricos de Santo

atuação da Odebrecht como prestadora de serviços de

Antônio e Chaglla, também estamos atentos às opor-

Engenharia e Construção, como ocorre em Belo Monte

tunidades nas diversas fontes alternativas, como eóli-

e Teles Pires.

ca, biomassa, pequenas centrais hidrelétricas e solar. No que se refere à geração de energia eólica, no últi-

OI – Santo Antônio, em plena bacia amazônica, é um

mo leilão, realizado em agosto deste ano, viabilizamos

projeto tido hoje como exemplo de fator de indução de

a implantação de quatro parques eólicos, localizados

desenvolvimento

sus-

no Rio Grande do Sul,

tentável. Isso traz mais

totalizando 116 MW. Te-

segurança para investi-

mos ainda em estoque

mentos, não? Valladares – Não é por acaso que atingimos esse nível de confiança e governança. Todo o empreendimento da Hidrelétrica Santo Antônio baseia-se em seis anos de estudos realizados, em conjunto, por Furnas e Odebrecht, que analisaram com profundidade

“O fato de o maior potencial de geração hídrica do país estar localizado no bioma amazônico impõe a necessidade de uma atuação destacada na gestão socioambiental”

outros 13 parques (290 MW) aptos a participar nos próximos leilões, bem

como

projetos

greenfield visualizados na Bahia e no Ceará. Além disso, estamos iniciando o desenvolvimento de outros projetos nas diversas fontes de energia alternativa. Queremos ter uma participa-

aspectos sociais, econô-

ção bastante relevante

micos e ambientais da

neste segmento.

região. O fato do maior potencial de geração hídrica do país estar localizado no

OI – Que balanço você faz da atuação da Odebrecht

bioma amazônico impõe a necessidade de uma atuação

Energia até o momento?

destacada na gestão socioambiental, que vai desde a

Valladares – Estamos otimistas com as possibili-

concepção do projeto até a implementação de progra-

dades de negócios tanto no Brasil, quanto no exterior.

mas que mitiguem e compensem os impactos ambien-

Temos confiança de que o modelo regulatório brasi-

tais dos empreendimentos e promovam o desenvolvi-

leiro seja cada vez mais atrativo para investimentos

mento das pessoas do entorno do empreendimento. O

privados e que possamos contribuir com a segurança

melhor exemplo disso é o Programa Acreditar, que foi

no fornecimento de energia elétrica, fundamental para

criado em Santo Antônio e hoje é uma realidade em toda

o crescimento do nosso país. Esperamos também

a Odebrecht. O maior legado desse programa é o fato

prover soluções que permitam o crescimento da Ode-

de que mais de 37 mil cidadãos de Porto Velho e região

brecht Energia de maneira orgânica, consolidando um

passaram a ter um ofício, o que trouxe uma nova pers-

parque gerador formado por fontes complementares

pectiva para suas vidas e minimizou o habitual impacto

de energia, no Brasil e no exterior, gerando resultados

negativo que a vinda de profissionais de fora traz para a

para os clientes, acionistas, integrantes e sociedade

região. Hoje, 80% do efetivo de Santo Antônio é compos-

em geral

informa

27


28 Construção da Hidrelétrica Teles Pires, na divisa de Mato Grosso e Pará, tem na logística um grande desafio e inova nas ações de montagem da equipe

Ao encontro do

Brasil texto Rodrigo Vilar fotos Geraldo Pestalozzi

28

informa


E

m Salvador, o dia de trabalho começou de

O deslocamento até o local dos trabalhos é ape-

madrugada para a equipe da Odebrecht

nas um dos muitos desafios para materializar a obra

Informa encarregada da primeira reporta-

incluída no Programa de Aceleração do Crescimen-

gem da revista sobre a construção da Usina

to (PAC), do Governo Federal, projetado para uma

Hidrelétrica Teles Pires, localizada na divisa

potência instalada de 1.820 MW (megawatts) e que

dos estados de Mato Grosso e Pará. A viagem teve início

tem sua primeira unidade de geração prevista para

em direção a Cuiabá, com escala em Brasília. Chegando

funcionar em 2014. Vencedora do leilão de geração

à capital matogrossense, mais uma hora e meia em um

realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica

avião menor até o município de Alta Floresta. Lá, um carro

(Aneel), em dezembro de 2010, a Companhia Hidre-

da equipe da obra aguardava para transpor o trecho final

létrica Teles Pires S/A, Sociedade de Propósito Es-

de 52 km, metade dele em estrada de terra, para chegar a

pecífico constituída pela Neoenergia (50,1%), Eletro-

Paranaíta, cidade de 7 mil habitantes, onde hoje funciona

bras Furnas (24,5%), Eletrobras Eletrosul (24,5%) e

a base administrativa da obra. Já era fim de tarde quando

Odebrecht Energia (0,9%), é responsável por cons-

chegamos ao escritório e, logo na primeira conversa, a

truir e operar a usina. A Odebrecht, contratada na

Responsável por Comunicação no projeto, Ana Paula Sil-

modalidade EPC (engenharia, suprimento, cons-

vestre, avisou: “Amanhã temos mais 95 km, mais ou me-

trução e montagem), é a empresa encarregada das

nos duas horas e meia por estrada de terra, para chegar

obras civis e da montagem do empreendimento, que

ao canteiro de obras”.

gerará 6 mil oportunidades diretas de trabalho. informa

29


A ordem de serviço para instalação do canteiro foi emitida em agosto de 2011, mas o planejamento e a mobilização começaram muito antes. “Em Teles Pires, posso dizer que desde o início da viabilização do projeto até o momento onde estamos hoje, conseguimos cumprir integralmente o que foi planejado”, explica o Diretor do Contrato, Antonio Augusto Santos. Resultado de um esforço integrado das equipes, ainda em outubro, 200 máquinas – de um total de 265 – já estavam à disposição no pátio da construtora em Paranaíta. Os equipamentos, todos novos, vieram de outros estados do Brasil, da Suécia, da Argentina, dos Estados Unidos e

O Rio Teles Pires, onde a usina será erguida. Abaixo, casais que trabalham juntos no projeto e equipamentos pesados que já chegaram ao canteiro de obras: planejamento e criatividade para vencer o isolamento

da Alemanha, representando um investimento direto de R$ 152,5 milhões da Odebrecht.

pessoas certas para o projeto. “Serão 6 mil pessoas no

de infraestrutura, com a Copa e grandes obras no setor

canteiro permanente, todas alojadas. É uma cidade. Va-

de energia, somado à sobrecarga portuária que o país já

mos construir áreas de lazer como praças e calçadas,

enfrentava, dificultou muito todo o processo. No entanto,

espaços verdes, coretos, restaurantes, salão de beleza

tivemos êxito fundamentalmente pela competência das

e outras instalações. Esse é um trabalho de motivação.

equipes que elaboraram e executaram esse planejamen-

Queremos dar os meios para que as pessoas vivam bem,

to”, relata Antonio Augusto.

se realizem e se desenvolvam por meio do trabalho”, de-

Segundo Victor Carvalho Marques, Responsável por

talha Antonio Augusto.

Obras Civis, Engenharia e Equipamentos, a decisão de

Por causa do isolamento da obra, um grande

comprar, em vez de alugar, foi estratégica. “Você está lon-

obstáculo era o de recrutar profissionais de nível

ge e tem dificuldade de acesso, então traz equipamentos

estratégico. Uma das soluções encontradas partiu

antigos, começa a ter problemas graves de manutenção

do próprio Antonio Augusto: “Buscamos identifi-

e reposição. Com equipamentos novos, a chance de ter o

car as competências e experiência profissional dos

desempenho esperado é muito maior, e o próprio volume

cônjuges dos integrantes para aliar esse conheci-

de obras em Teles Pires deve depreciar quase metade da

mento à necessidade do projeto e fazer o convite

vida útil do maquinário”, explica.

aos dois”. Os cônjuges não atuam no mesmo pro-

Uma cidade no canteiro de obras Se, por um lado, um dos principais desafios era o de

30

garantir as ferramentas, por outro, estava o de atrair as

“Além do desafio logístico, o aquecimento do setor

informa

grama, em benefício do processo de avaliação e desenvolvimento. Só de recém-casados, são 12 casais na obra. No dia 12 de outubro, a pedido de Odebre-


e meio embarcado, durante nove viagens em barcos de pesca. Dividia o espaço com chineses e espanhóis, pessoas que eu nunca tinha visto. Agora, vivo com a minha mulher em um quarto de hotel. É maravilhoso”, diz. “Não dá para comparar!”, acrescenta, em tom de brincadeira, abraçando a esposa Juliana, que confirma. “Ele é muito organizado, e isso facilita as coisas para mim. Estarmos juntos é um fator de motivação.” Para a engenheira civil Luciane Daltro, 32 anos, Responsável por Custos, e o marido, Alessandro Peixoto, 30 anos, engenheiro sanitarista e ambiental que atua no programa de Meio Ambiente da obra, a vontade de conciliar a vida profissional e o convívio era antiga. Em 10 anos de

cht Informa, todos se reuniram para um jantar, no

relacionamento e há três casados, Alessandro trabalhou

restaurante predileto do grupo.

em Manaus, Belém, na Argentina e em Belo Horizonte e, como se não bastasse, Luciane estava há dois anos em

Convivência e adaptação

Luanda, trabalhando na Odebrecht Angola.

Juliana Lima, 30 anos, há um ano e quatro meses na

“Agora tomamos café, almoçamos e jantamos juntos.

Organização, é Responsável por Pessoas e Organização

Estamos dando valor a pequenos detalhes que antes não

nas obras da Usina Teles Pires, onde ingressou ainda na

tínhamos oportunidade de vivenciar juntos”, diz Luciane.

fase de estudo de viabilidade do projeto, em novembro de

Ao seu lado, Alessandro relata que alguns colegas ainda

2010. Foi também uma das primeiras a chegar a Parana-

não se adaptaram à vida em uma cidade tão pequena, o

íta, em janeiro de 2011. Para ela, o maior desafio nesses

que para ele é natural. No entanto, enfatiza que o melhor

primeiros meses foi enfrentar a distância da família, prin-

é não perder de vista o lado positivo dessa experiência e

cipalmente do marido, Alberto Fraga, com quem se casa-

da oportunidade. “Essa mesa grande que você está vendo

ra há seis meses. “Foi uma grande alegria quando surgiu

aqui é comum para a gente. No convívio social, po-

a oportunidade de o Alberto vir para cá”, diz, sem conse-

demos até querer nos afastar das dificulda-

guir esconder o brilho no olhar. O engenheiro de pesca

des da obra, mas não das pessoas.

de 30 anos, especializado em Engenheira de Segurança,

Aos poucos, estamos cons-

juntou-se à equipe em abril. Desde então, é Responsável

truindo uma grande

por Segurança do Trabalho da Margem Esquerda.

família.”

Enquanto a vila residencial no canteiro não fica pronta, o casal, diferentemente de outros colegas na mesma situação, que preferiram alugar casas, divide há três meses um quarto de hotel na pacata cidade. O que parece ser um exercício de convivência para muitos é tarefa fácil para Alberto. “Passei um ano

informa

31


ven 32

32 informa


entos amigos

O

texto Cláudio Lovato Filho

Odebrecht faz sua estreia no segmento de energia eólica, fonte priorizada pelo Brasil

Brasil quer aproveitar os ventos que sopram a seu favor. E tem pressa, porque a necessidade e o ritmo de crescimento da economia exigem que assim seja. Os investimentos na gera-

ção de energia eólica, entre outras fontes renováveis, como o etanol e a biomassa, consolidarão a matriz energética brasileira como a mais limpa do mundo e uma das mais diversificadas. Com mais opções, reduz-se o risco da dependência. A antiga e sábia prescrição de que não se deve colocar todos os ovos na mesma cesta aplica-se bem ao caso. O país prepara a implantação de parques eólicos em vários pontos do território, sobretudo nas regiões Sul e Nordeste, onde estão os ventos de características mais apropriadas para o aproveitamento energético. O visual dos aerogeradores enfileirados nos campos será cada vez mais frequente no país. De modo a contribuir nessa investida brasileira para transformar vento em energia, a Organização Odebrecht fez sua estreia no segmento de energia eólica. A atuação ocorre através da Odebrecht Energias Alternativas, empresa criada pela Odebrecht Energia. “O Brasil quer ampliar a geração de energia eólica de 1 gigawatt, registrado em 2010, para 11,5

Acervo Odebrecht

gigawatts, em 2020”, diz Fernando Chein, Diretor responsável pelo segmento de energia eólica, solar e PCHs (pequenas centrais hidrelétricas) na Odebrecht Energia. “O potencial eólico do país é de mais de 150 gigawatts, pelos números de hoje”, acrescenta. O objetivo do Governo Federal, expli-

informa

33


citado no Plano Decenal de Expansão de Energia

50,5 MW (megawatts) médios a uma tarifa de R$

(PDE 2020), é fazer com que as fontes renováveis

99,50 por MWh (megawatt/hora), sendo necessário,

passem a ocupar 46,3% da matriz energética até

para isso, instalar 116,9 MW de capacidade total

2020. Em 2010, esse percentual era de 44,8%, fi-

nos parques eólicos. O contrato firmado com CCEE

cando atrás apenas do petróleo e seus derivados.

(Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) tem duração de 20 anos. O parques começarão a

34

Produção futura

ser implantados em junho de 2012. O início de ge-

Detentora do projeto do Complexo Corredor dos

ração está previsto para até junho de 2014.

Senandes, em Rio Grande (RS), a Odebrecht Ener-

Neste momento, várias frentes de atuação são

gia comercializou a produção futura de energia de

atendidas simultaneamente, sob liderança direta

quatro parques no Leilão de Reserva do Governo

de Walter Tatoni, Responsável por Investimentos

Federal realizado em 18 de agosto de 2011. Esses

em Energia Eólica na Odebrecht Energia: obtenção

parques são o Corredor dos Senandes 2, 3 e 4 e

de autorização do poder concedente para explo-

o Vento Aragano 1. No leilão, a Odebrecht vendeu

ração, consolidação de toda a documentação ne-

informa


Ilustração

cessária à obtenção das licenças exigidas para a implantação dos parques (em especial, as licenças ambientais), formação da equipe de implantação e gerenciamento dos parques, celebração dos contratos de fornecimento de bens e serviços, incluindo o de aerogeradores com a Alstom (responsável

Foto: Eduardo Beleske

Montagem mostra como será um dos parques eólicos da Odebrecht em Rio Grande. Na foto abaixo, o Prefeito Fábio Branco: “Queremos aproveitar ao máximo e o quanto antes a nossa matéria-prima”

pela fabricação, operação e manutenção dos aerogeradores) e busca da aprovação do financiamento a ser feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “A Odebrecht Energia, em sua atuação como empresa investidora, operadora e comercializadora no setor de geração de energia, quer chegar a 2020 com 10 mil MW de geração própria”, destaca Walter. “A energia

informa

35


A nova fábrica da Alstom em Camaçari: investimentos em tecnologia para o desenvolvimento de aerogeradores

eólica será uma grande fonte alavancadora para o

de ser complementares.” Marco Rabello reforça:

alcance desse objetivo.”

“As eólicas precisam competir entre si”. Hoje, os

A capacitação e o conhecimento específicos

leilões incluem todas as fontes, e uma momentâ-

relacionados à energia eólica resultaram de uma

nea vantagem de preço de uma fonte em relação a

imersão de integrantes da empresa nesse novo

outra (ou outras) pode vir a prejudicar uma delas e,

universo, apesar da experiência em outras áreas

consequentemente, sua cadeia produtiva.

do setor de energia. “Tivemos mais de um ano de estudos”, revela Marco Rabello, Responsável por Finanças na Odebrecht Energia. “Há particulari-

Nos quatro parques cuja energia foi comerciali-

dades”, ele diz, referindo-se ao segmento eólico,

zada no leilão de 18 de agosto, serão instalados 70

entre as quais as novas exigências que surgem em

aerogeradores, produzidos pela Alstom em sua fá-

termos de documentos e a medição dos ventos,

brica no Polo Industrial de Camaçari (BA), inaugu-

fundamental para que se conclua se o negócio é

rada neste segundo semestre de 2011. Os equipa-

viável ou não.

mentos terão 95 m de altura, e as hélices, 86 m de

Fernando Chein comemora o estágio atual de

36

Tecnologia para aproveitar os ventos

diâmetro. Sua potência unitária será de 1,67 MW.

estímulo às fontes alternativas, em especial à eóli-

O Complexo Corredor dos Senandes tem, no

ca, mas tem uma ressalva: “Acredito que os leilões

total, sete parques e potencial de geração de 175

possam ser feitos por fontes específicas ou por re-

MW. Além dos quatro parques com energia comer-

giões, de modo que se consiga equilíbrio na matriz

cializada, está prevista a implantação do Corredor

energética. É preciso incentivar os investimentos

dos Senandes 1, Vento Aragano 3 e Capão Grande.

em todas as fontes. A competição entre elas pode

Não para por aí. No Rio Grande do Sul, a Ode-

não ser interessante a longo prazo. As fontes têm

brecht Energia pretende desenvolver ainda o Com-

informa


dos parques até o fornecimento final”, diz Marcos Costa, Vice-Presidente de Energia da Alstom para a América Latina. A fábrica de aerogeradores da Alstom, tradicional parceira da Odebrecht em projetos no setor de energia, está apta a produzir equipamentos capazes de gerar até 300 MW/ano. “O Governo brasileiro priorizou a energia eólica, e a Alstom quer participar dessa caminhada. Por isso, construiu uma fábrica em Camaçari.” Marcos Costa anuncia o desenvolvimento, em curso, de um novo aerogerador para a América Latina e o Brasil: o ECO 122, com 122 m de diâmetro das hélices e potência de 2,7 MW. “O ECO 122 é 100% adequado para ventos brasileiros”, ele afirma.

“Queremos aproveitar nosso potencial” São esses equipamentos em constante evolução que começarão, em breve, a ocupar áreas rurais do município de Rio Grande, no sul do Rio Grande do Sul. Com um processo de desenvolvimento historicamente vinculado ao porto – que voltou a receber vultosos investimentos para o aumento de sua capacidade de movimentação de carga e para sediar grandes obras navais –, a cidade passa agoplexo Eólico Povo Novo, formado pelos parques de

ra a contar com a contribuição significativa dos

Porto Novo (7,5 MW), Fazenda Veracruz (22,5 MW)

parques eólicos.

e Curupira (25 MW), localizados a cerca de 40 km

O Prefeito Fábio Branco enfatiza que a intenção

do Complexo Corredor dos Senandes. Os inves-

é diversificar as atividades econômicas respeitan-

timentos não se restringem ao Sul. No Ceará, a

do as vocações da cidade. “Queremos aproveitar

empresa adquiriu, em agosto de 2011, o projeto do

nosso potencial”, ele ressalta. “Para Rio Grande, a

Complexo Eólico Aracati Mutamba, composto de 10

implantação dos parques eólicos é um divisor de

parques com capacidade para 240 MW. Além disso,

águas, significará a quebra de paradigmas. Toda a

há planos de investimento em projetos greenfield

nossa cadeia produtiva receberá impacto positivo”,

(a serem desenvolvidos desde os primeiros passos

ele antevê, em razão da chegada das empresas en-

embrionários) na Bahia.

volvidas nos projetos, nas oportunidades diretas e

“O Brasil tem ventos excelentes”, diz Ferna-

indiretas de trabalho, no aumento do nível da renda e

do Chein. “No Nordeste, são muito intensos, mas

no acréscimo de possibilidades para as instituições

apresentam mais variações. No Sul, os ventos são

acadêmicas. “Nós, do poder público, queremos ser

menos intensos, porém mais constantes.” O de-

facilitadores do processo de instalação dos parques.

senvolvimento de tecnologias específicas pelos

Mantemos ótima relação com a iniciativa privada,

fabricantes é o que garantirá o melhor aproveita-

neste caso representada pela Odebrecht, uma em-

mento possível dos diferentes tipos de vento.

presa que tem compromisso com as populações

“Muito nos honra ser o primeiro fornecedor da

locais.” Fábio Branco não esconde a expectativa.

Odebrecht Energia no segmento de energia eólica.

“Precisamos aproveitar ao máximo e o quanto antes

Temos a ambição de ser parceiros da empresa em

a nossa matéria-prima. O vento que passou aqui hoje

todas as fases dos projetos, desde a localização

não passará mais.”

informa

37


sala de Angola investe pesado para levar energia elétrica à sua população em vários pontos do país

38

informa

38


Da usina para a

de estar texto João Marcondes fotos Guilherme Afonso

Lopes Sebastião (ao fundo, à esquerda) e sua família: tempos de mais conforto

informa informa

39


A

vida de Lopes Sebastião teve vários “renascimentos”. Lavrador nos anos 1940, trabalhava cavando a terra com as próprias mãos na província de Uíge, no norte de Angola, região ainda hoje

pouco urbanizada, próxima à fronteira com o Congo. Depois de 10, 12 horas de trabalho, carregava um pouco de lenha para casa. Lenha era sinônimo de energia àquela época. Os tempos foram passando, e seu Lopes aderiu, nas décadas seguintes, ao uso do candeeiro – aquelas lamparinas movidas a petróleo. Apenas uma luz pálida para atenuar os barulhos ameaçadores da noite. O mundo à sua volta também mudava. Em meados dos anos 1970, Angola ficava independente, mas a energia ainda era escassa. Fim do século passado: surge para seu Lopes uma energia mais palpável, movida à máquina. O gerador – dispendioso, barulhento, que enegrecia sua casa de adobe e lançava muita fumaça nos olhos de esposa, filhos e netos. Há oito anos não há mais conflitos armados em Angola, e 2012 será especial, com a eleição direta para

“Estão sendo planejados pelo Governo programas

presidente. Para votar, seu Lopes poderá tomar um

específicos para extensão, em larga escala, da eletri-

banho quente e vestir seu melhor paletó. O que real-

ficação nas regiões urbanas, periurbanas e rurais do

mente revolucionou a vida desse habitante da pequena

país. Uma iniciativa que estamos novamente apoiando

vila em Negage foi um clique. Um interruptor. Ener-

de forma plena”, informa Wagner Santana, Diretor de

gia pura, elétrica, límpida. Agora ele tem uma arca

Contrato das Linhas de Transmissão.

(freezer), seus alimentos duram, e sua família, a começar pela esposa, Luiza Lando, tem mais conforto.

Energia é prioridade no país. Apenas 30% dos angolanos têm hoje acesso à energia elétrica. A população estimada de Angola é de 20 milhões de pessoas.

40

Dínamo

Hoje o país produz 1.300 MW de energia (50% em ter-

Para a energia chegar à casa de seu Lopes e de

melétricas e 50% em hidrelétricas). A demanda é de

outras milhares de pessoas, a Odebrecht construiu

4 mil MW (apenas para consumidores, sem contar a

o Sistema de Transporte de Energia de 220 kV (qui-

indústria). “Angola poderá, inclusive, exportar energia

lovolts), interligando a Usina de Capanda à província

elétrica para outros países da África Austral”, comenta

de Uíge, em uma extensão de 270 km. A Hidrelétrica

Carlos Mathias, Diretor da Odebrecht Angola. “Que-

de Capanda foi a primeira obra da Odebrecht no país,

remos também atuar como investidores, por meio de

nos anos 1980, mas a empresa não parou nas usinas.

parcerias público-privadas.”

Tão importante quanto fazer turbinas girarem é esten-

A Ministra de Energia e Águas de Angola, Emanuela

der o fio até o consumidor. Já são 800 km de linhas de

Vieira Lopes, afirmou recentemente na publicação an-

transmissão. Além de Capanda-Uíge, que beneficiou

golana Estratégia: “Pretendemos fazer crescer o setor

seu Lopes, outra obra recém-concluída é a linha de

energético, de tal forma, que a população esteja bem

transmissão (400 kV) com extensão de 300 km que in-

e haja crescimento econômico. Em 2017, Angola po-

terliga Capanda à região de Luanda. Além das linhas

derá ter capacidade instalada para produzir energia,

e subestações, a empresa executou a eletrificação

abastecer-se internamente e começar a exportar para

(distribuição da energia) em seis cidades no eixo Ca-

outros países”. A Odebrecht está entre os protagonis-

panda-Uíge, beneficiando mais de 5 mil famílias. Uma

tas desta história. Além das linhas de transmissão e

pequena amostra do que precisa ser feito.

de ter construído a emblemática Capanda, participa da

informa


Fernando Neves em Cambambe: testemunha do crescimento de Angola

construção e reabilitação de duas estruturas essen-

sua expansão (já prevista pelos portugueses) nunca

ciais para formar essa capacidade instalada a que se

foi concluída. Com a precariedade da manutenção nos

refere a Ministra Emanuela: as usinas hidrelétricas de

tempos de guerra, a produção de energia da usina foi

Gove e Cambambe.

afetada, e seu potencial, reduzido a somente 90 MW. Isso até a Odebrecht retomar a obra, em 2005.

Eldorado

Quando finalizada, a nova Cambambe será capaz de

“Eldorado” ou “O Dorado”. Lugar mítico de mui-

gerar 960 MW de energia. A obra é complexa: envol-

tas riquezas (ouro e prata) buscado incessantemente

ve recuperação da Central 1, que passará a ter po-

pelos espanhóis colonizadores da América no século

tência de 260 MW, e a construção de uma Central 2,

16. Pois a África também teve seu Eldorado, persegui-

com capacidade de 700 MW. Além disso, compreende

do pelos portugueses nos anos 1500. E ele ficava em

a elevação da altura da barragem, que ganhará mais

Angola, mais precisamente nas Serras de Cambam-

30 m, e um vertedouro lateral que garantirá a segu-

be. Imaginava-se riquezas minerais na região, desde

rança da barragem nos períodos de chuva. “Produzi-

que o monarca português Dom Manuel I recebeu uma

remos energia renovável para cerca de 8 milhões de

manilha de prata como presente do Rei do Congo. O

pessoas, em um aproveitamento hidrelétrico que foi

soberano português obtivera também a informação de

essencial para o passado de Angola e é indispensável

que a joia provinha de Cambambe, região a 200 km de

para o seu futuro”, enfatiza Gustavo Belitardo, Diretor

onde hoje está localizada Luanda.

de Contrato de Cambambe.

Expedições em busca da prata foram enviadas,

Cambambe será um dos maiores aproveitamentos

a primeira delas capitaneada por Manuel Pacheco e

hidrelétricos de Angola. Suas obras devem ser total-

Baltazar de Castro, em 1520. A prata nunca foi encon-

mente finalizadas em 2015. Mas um homem está lá

trada, mas o Rio Kwanza, o maior do país, foi dominado

desde seu início, nos distantes anos 1950. É Fernan-

até próximo de uma garganta que o estrangulava. Um

do Pedro Santos Neves, de 60 anos. Por seu caminho,

belo lugar para instalar uma barragem. E os próprios

passaram portugueses, franceses, suíços. Viu compa-

portugueses fizeram isso nos anos 1950. A Hidrelétri-

nheiros enfrentarem doenças como malária, cólera,

ca de Cambambe, de 180 MW, tornou-se importante

febre amarela (seu pai, a propósito, trabalhara na obra

fonte de abastecimento de energia para o país, mas

como enfermeiro). Testemunhou conflitos no país.

informa

41


A obra iniciou, parou, foi retomada. Fernando Ne-

volver”, comenta Marcus Azeredo, Diretor de Contrato.

ves garante que, em nenhum momento, pensou que o

Com as condições criadas, nasceu o projeto Apren-

projeto inicial, que já incluía as duas centrais, não seria

di no Gove, por meio do qual foram formados traba-

um dia terminado. Trabalhou como eletricista, em es-

lhadores especializados, desenvolvidos programas de

tação de tratamento de água, no setor administrativo.

Combate à Aids, Parto Seguro e, principalmente, de

Nos anos 1980, viu Capanda ser erguida e vislumbrou

incentivo à permanência de crianças na escola. Em

um futuro para Cambambe. Hoje aposentado, mas dono de uma firma que ainda presta serviços para a obra, Fernando considera o ciclo completo. “O sentimento que tenho depois de todos esses anos é o de ver meu país crescer.” O país crescerá, assim como a exploração do potencial hídrico do Rio Kwanza, que tem 960 km de extensão. Em suas águas, duas obras de grande porte estão à espera de licitação: as portentosas barragens de Laúca (2.067 MW) e Caculo-Cabaça (2.053 MW).

Gove Enquanto em Cambambe muito trabalho ainda há de ser feito, outra obra angolana está quase no fim: a reabilitação da Barragem e a construção da Central Hidrelétrica do Gove, com potência de 60 MW, na comuna do Cuíma, província de Huambo. A fase é de conclusão das obras civis e da montagem eletromecânica. A previsão é de que o projeto esteja concluído no primeiro semestre de 2012, e a geração de energia da primeira unidade ocorrerá no fim do primeiro trimestre. A energia produzida em Gove alimentará as províncias do Huambo (a 120 km de Gove) e do Bié (a 230 km) e atenderá aproximadamente 3 milhões de pessoas. O Gove é uma obra com uma história especial. Iniciada na década de 1960, foi a primeira barragem do Cunene e responsável pela regularização desse rio para os demais aproveitamentos hidrelétricos e agrícolas a jusante. Na década de 1990, a barragem foi sabotada, o que quase comprometeu sua estrutura. Em 2008, a Odebrecht iniciou a obra de recuperação da barragem, que estava em parte destruída, e a construção da casa de força e da subestação. Em decorrência dos anos de conflitos armados, a região se desenvolveu pouco, mas, com a chegada e o desenvolvimento desse empreendimento, o cenário está mudando. “Quando chegamos, aproveitamos muito pouco da força de trabalho local, pois a população ainda estava assustada e sem preparação para atuar nesse tipo de obra. Gente humilde, pescadores, pequenos agricultores, mas com muita vontade de aprender e se desen-

42

informa


2008, havia 80 trabalhadores da comuna atuando no

pela Odebrecht, em conjunto com o cliente – o Gabi-

projeto e, hoje, são 500, o que corresponde a 62% do

nete para a Administração da Bacia Hidrelétrica do

efetivo atual. Hoje, com a força humana da obra, a vila

Cunene (Gabhic) do Ministério da Energia e Águas (Mi-

do Gove se prepara para se transformar em uma pe-

nea) – mostraram como uma obra pode ter uma alta

quena cidade, uma comuna. Mais que simplesmente

voltagem social.

energia elétrica, as ações implementadas no Gove

Seu Lopes, citado no início desta reportagem, foi diretamente beneficiado pelo trabalho da Odebrecht. Seu vizinho no Negage, o funcionário público Daniel Neto, lembra-se do dia (15 de dezembro de 2010) em que a luz elétrica surgiu pela primeira vez nos postes da rua de terra batida. “Foi uma emoção muito grande. Sabe o que é mais incrível? Muitas pessoas ali nunca tinham visto uma luz daquela, clara, potente. Outros só tinham presenciado aquilo em Luanda”, descreve. “As crianças não paravam de gritar e comemorar.” Uma das grandes diversões da humanidade, banal para muitos, passou a fazer parte da vida daqueles

Montagem de turbina da Central Hidrelétrica do Gove: energia para 3 milhões de pessoas

moradores: assistir à televisão. Fátima, 12 anos, filha de Daniel, não perde um capítulo da novela brasileira

Caminho das Índias. Seu pai se diverte, embora ache que telenovela é coisa de criança. Fátima curte a tevê, mas é rápida ao concluir o porquê da importância de se ter energia. “Agora posso estudar à noite, ter um porvir. Um futuro melhor para mim e para Angola. Com luz.”

Formação e capacitação de pessoas Como sempre acontece nas obras da Odebrecht, a construção não é apenas física, mas também humana. São mais de 1.500 oportunidades diretas de trabalho e capacitação, por meio do Programa de Qualificação Profissional Continuada – Acreditar. Em todo o país, as obras da Odebrecht contam com cerca de 17 mil integrantes, dos quais 93% angolanos. Em recente visita ao país, onde acompanhou o discurso da Presidenta Dilma Rousseff na Assembleia Nacional, Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da Odebrecht S.A., destacou: “A empresa brasileira, quando vem para cá, contrata trabalhadores locais e desenvolve a cadeia produtiva. Em nossos projetos, trazemos brasileiros para implantar a cultura empresarial, mas, à medida que esse processo evolui, passamos a contar apenas com angolanos”. Nas obras de linhas de transmissão, por exemplo, uma parte importante foi o treinamento de trabalhadores angolanos da Empresa Nacional de Eletricidade (ENE) para operar as subestações.

informa

43


44 carv達o O caminho do

texto Jo達o Marcondes fotos Guilherme Afonso

44

informa



E

m agosto de 2011, comboios de trens car-

Mudança de local dos lares

regados de carvão cumpriram o trajeto da

A concessão da mina de Moatize, no distrito de Mo-

linha ferroviária Sena-Beira, em Moçam-

atize, província de Tete, ocupa uma área de 24 mil hec-

bique. O percurso foi realizado por trens

tares. Um dos maiores desafios foi a mudança de local

da mineradora brasileira Vale, carregados

dos lares de mil famílias. Foram construídos dois reas-

de 35 mil t do produto cada. Depois de desembarcar no

sentamentos, com quase mil casas, escolas, feiras, pra-

porto da cidade de Beira, o carvão foi transportado para

ças, áreas de fazenda e pastagens. Os moçambicanos

navio e exportado para Dubai, nos Emirados Árabes.

tiveram acesso aos mais diversificados projetos sociais

À primeira vista, parece um roteiro simples. No en-

desenvolvidos pela Odebrecht International e a Vale:

tanto, fazer valer essa logística exigiu um trabalho so-

campanhas de combate à Aids, prevenção da malária,

fisticado do ponto de vista da engenharia. “O que faze-

capacitação profissional, educação ambiental, progra-

mos por aqui pode ser considerado estado da arte em

mas de saúde e inclusão digital.

tecnologia”, comenta Paulo Horta, Diretor de Produção da Vale.

Um dos mais significativos é o programa Ler +, liderado por Claudia Andrade, Responsável por Programas

Tete é uma cidade no interior de Moçambique. A Vale

Sociais, e pelo Analista de Projetos Sociais José Piquitai,

obteve o direito de explorar uma das maiores minas

moçambicano contratado pela Odebrecht International

de carvão da África por 35 anos (a partir de 2007). Não

com larga experiência em organizações não governa-

se trata de carvão comum, mas o carvão siderúrgico

mentais em seu país. O programa, desenvolvido pela

(coking coal), usado na indústria do aço. É mais valio-

Odebrecht e a Vale, trouxe uma nova e poderosa ferra-

so e raro que o carvão térmico. A capacidade atual da

menta para mais de mil crianças na faixa entre 8 e 12

mina é de 11 milhões de toneladas de carvão (sendo 75%

anos de idade: a leitura (e, consequentemente, a escrita).

coking, 25% térmico) por ano. Mas há expectativa de dobrar essa produção.

“Estamos em uma comunidade onde a tradição oral é muito forte, mas não há o hábito do registro escrito.

Para a construção da mina de carvão, bem como do

E falamos de um país que viveu muitos fatos históricos

porto pelo qual o material será exportado, a principal

no passado recente”, diz Piquitai. Moçambique conse-

empresa contratada para as obras civis é a Odebrecht

guiu sua independência de Portugal apenas em 1975 e

International. Na mina de Moatize, ela faz parte de uma

depois passou por uma guerra civil que durou até 1992.

aliança na qual detém 75% da participação na obra (e a

“Há muitas histórias não escritas aqui, mas isso vai mu-

Camargo Corrêa tem participação de 25%). No terminal

dar. Pretendemos fazer de Moatize um polo cultural.

temporário do Cais 8 no Porto de Beira, a obra é da Ode-

E uma das primeiras narrativas a serem contadas é a

brecht International.

trajetória do carvão. Essa será registrada”, ele garante,

Os números da construção, iniciada em 2008, im-

com orgulho.

pressionam: 130 mil m3 de concreto; 535 mil horas de máquinas trabalhando; 140 km de tubulações (apenas para a mina). O Diretor de Contrato da Odebrecht International, Paulo Brito, destaca a sinergia entre as empresas envolvidas. “Nos tornamos um modelo de aliança para a Vale, o que propicia ambiente positivo para novos negócios e novas parcerias”, observa ele, que também enfatiza o salto para o país: “Há grande geração de trabalho associada a uma significativa elevação do consumo”. Osvaldo Adachi, Gerente Geral de Construção da Vale, acrescenta: “Segundo autoridades locais, houve um aumento de 90% no consumo de energia elétrica em Tete. Na cidade, antes quase deserta, vários mercados foram construídos, hotéis erguidos e a frota de automóveis cresceu a olhos vistos.

46

informa

O terminal do Cais 8 terá capacidade de exportação de 6 milhões de t/ano


mar, pois o porto de Beira é de águas rasas”, explica Francisco Bender, Gerente de Construção da Vale. O cliente da obra é a estatal Caminhos de Ferro de Moçambique – CFM. A Vale terá direito de uso do José Piquitai: tradição de oralidade

porto, com condições específicas. A CFM exigiu que toda a estrutura antiga do terminal fosse desmontada e armazenada para reciclagem ou reutilização em outras obras. Trabalho imenso que durou de outubro, quando a obra foi iniciada, até o fim de novembro de 2010. Só de vagões antigos e danificados pelo

Cais 8

tempo, foram 60 unidades desmontadas. “Foi um

Depois de embarcado, o carvão cumpre um trajeto

esforço minucioso”, relata Mário Pelicano, Gerente

de 600 km entre Moatize e Beira, uma das maiores

de Produção. “Nossa atuação envolveu o relaciona-

cidades do país, com cerca de 200 mil habitantes. A

mento com muitos fornecedores locais”.

obra do Cais 8 é complexa por ser ferroviária e portu-

Os dias eram corridos em Beira, com sua vis-

ária. E tem que ser executada em tempo recorde, para

ta monumental para o Oceano Índico (daí a grande

estar pronta no fim de 2011. Apesar disso, já possibili-

capacidade de exportação para Ásia, mercado alta-

tou o carregamento do primeiro navio para exportação

mente aquecido). A Odebrecht International enviou à

de carvão, e o segundo deverá ocorrer em novembro

cidade sua equipe de qualidade de vida e projetos so-

2011. “Nosso tempo é curto, menos de um ano para

ciais, liderada por Cíntia Santana. Ela esteve atenta,

realizar a obra, pois o carvão já está sendo extraído

entre outras iniciativas, ao Programa Jovem Parcei-

em Tete”, diz o Diretor de Contrato da Odebrecht In-

ro, do qual participaram novos profissionais, como

ternational, o português Nuno Teixeira.

Paulo Jonatan Guesela Mata, 22 anos, formado em

O terminal do Cais 8 terá capacidade de exportação

Gestão Pública em junho deste ano.

de 6 milhões de t/ano. A obra envolve a construção de

“Quem vê de fora, não consegue acreditar que o tra-

pátios ferroviários para trens de 42 vagões e 600 m de

balho de tantas pessoas diferentes pode resultar em

comprimento; sistemas de armazenamento e de trans-

uma coisa única”, diz Paulo Jonatan, sobre o emara-

porte interno do carvão (com uma capacidade de arma-

nhado de nacionalidades que ocupa a obra. Há filipinos,

zenamento de até 300 mil t); e o cais propriamente dito,

colombianos, sul-africanos, equatorianos, além, é claro,

através do qual o carvão será embarcado e exportado.

de brasileiros, portugueses e moçambicanos. “Duvidava

“Depois disso, fazemos uma operação de transhipment (mudança da carga de um barco para outro), já em alto

que uma obra com tantas nacionalidades diferentes pudesse funcionar de forma tão harmoniosa”.

informa

47


esperad a chegada de um dia hĂĄ muito

texto Emanuela Sombra fotos Carlos JĂşnior

Dilma Marçal: em setembro, a felicidade de apertar o interruptor e ver a luz se acender

48

48

informa


ado Partes antes inĂşteis do gado abatido sĂŁo aproveitadas por um biodigestor instalado em um matadouro no

Programa Luz para Todos leva energia a quem antes sĂł podia contar com velas, lamparinas texto R ou geradores movidos a diesel

enata

Meyer

informa

49


Z

ona rural de Jequitaí, município a 400 km

nas ou geradores movidos a diesel. Em Minas Gerais,

de Belo Horizonte: cercada por fazendas de

o programa do Governo Federal tem parceria com o

eucaliptos, Dilma Marçal vive em uma pe-

Governo do Estado e percorrerá um total de 85,5 mil

quena propriedade onde cria vacas e pro-

km de rede. Em volume de cabos aplicados, a distân-

duz queijos para vender. As árvores plan-

cia é suficiente para dar cerca de duas voltas e meia

tadas simetricamente transformam sua casa em um

em torno da Terra.

ponto distante no meio de um imenso labirinto, onde a

Convertida em número de famílias beneficiadas, a

energia elétrica chegou faz pouco tempo. Não há comér-

imponência da quilometragem ganha contornos so-

cio, asfalto ou barulho de trânsito. Não há vizinhos.

ciais: após a conclusão da terceira etapa do programa,

Há 33 anos, a agricultora vive em uma residência

em fevereiro de 2012, mais de 285 mil novas ligações

simples de três cômodos e conta com o básico para

elétricas terão sido feitas em Minas Gerais. Na tercei-

sobreviver: um fogão a lenha, uma cama, bancos de

ra etapa, o Consórcio Luz para Minas – liderado pela

madeira, um moedor a manivela e livros na prateleira.

Odebrecht Infraestrutura - é um dos responsáveis pelo

Em setembro, teve a felicidade de apertar o interruptor

desafio de acabar com essa exclusão elétrica e levar

da cozinha e ver a luz se acender onde antes pendurava

mais qualidade de vida aos mineiros.

um candeeiro a gás. Aos 55 anos, cogita, pela primei-

Desde a primeira etapa do programa, em 2005, a

ra vez, comprar televisão, chuveiro elétrico, geladeira e

Odebrecht participa desse sonho. “Em vez de um único

aparelho de som. “Tudo usado, claro.”

canteiro de obras, temos equipes espalhadas por um

Com a chegada da energia elétrica, a maior felicidade da agricultora não é poder ver a novela ou conservar

estado inteiro”, salienta José Eduardo de Sousa Quintella, Diretor de Contrato do Luz para Minas.

os alimentos no freezer. Nada disso. “Meu maior pra-

O desafio das equipes começa com a identificação

zer é carregar o celular. Não aguentava mais ter que ir

dos futuros beneficiados: residências, igrejas, escolas,

até a cidade para fazer isso”, relata, sorrindo e apon-

comércios ou centros comunitários localizados na zona

tando para o interruptor da sala. O sinal de telefonia

rural. Após o cadastramento, um estudo logístico é feito

chegou antes da luz elétrica na casa da agricultora.

nas localidades atendidas. Se o relevo é de montanhas e despenhadeiros, o transporte do material é feito por

Luz para Minas

carro de boi e não de automóvel ou caminhão. Nessas

Realidades como essa vêm sendo transformadas

situações, postes de madeira costumam substituir os de

nos rincões da zona rural mineira, pelo trabalho das

concreto, por causa das condições topográficas a região.

equipes do programa Luz para Todos, que levam ener-

Em todas essas situações, os desafios são encara-

gia a quem antes só podia contar com velas, lampari-

dos com entusiasmo. “Nosso trabalho não é colocar um poste de energia próximo da pessoa. É colocar o poste, entrar na casa dela, instalar lâmpada, pontos de tomada”, enumera Quintella, que se emociona ao testemunhar o primeiro contato das famílias com um simples liquidificador ou um aparelho de som.

Raimundo Costa: “Adoro ouvir o noticiário”

O prazer da companhia do rádio Raimundo da Costa é uma dessas pessoas. O aposentado de 71 anos lembra-se que o rádio foi o primeiro aparelho que ligou na tomada, há quatro meses, quando uma das equipes do consórcio chegou à sua pequena propriedade rural, em Montes Claros. “Adoro ouvir o noticiário, programas de humor e música”, diz, enquanto põe um CD de moda caipira para tocar. Pesquisa elaborada pelo Ministério de Minas e Energia mostra que o aparelho de som é o terceiro item

50

informa


Trabalhadores que atuam no programa Luz para Todos em Minas Gerais: implantação de 85,5 mil km de rede

eletrônico mais adquirido por moradores da zona rural

versidade Federal do Vale do Jequitinhonha, a família

que passam a ter energia elétrica em casa – 45,4% das

mudou-se da Grande Belo Horizonte para a zona rural

famílias compram o item logo que são beneficiadas. O

de Diamantina. “Foi difícil no início. Sabíamos que serí-

equipamento perde apenas para dois outros bens de

amos atendidos pelo programa, mas passamos alguns

consumo eletrônicos muito comuns na casa do brasi-

meses no escuro até a instalação. Eu sou asmática, e,

leiro: a televisão (79,3%) e a geladeira (73,3%).

para usar o nebulizador, tinha que ir até a cidade”.

Superintendente de Planejamento, Estudos e Proje-

Há três meses com energia elétrica em casa, Sara

ção da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig),

comemora. Os aparelhos eletrônicos trazidos da capi-

Ricardo Charbel vem acompanhando de perto as insta-

tal mineira – máquina de lavar, computador, chuveiro

lações e se comove ao ver a transformação na vida das

elétrico e micro-ondas, tão comuns nas residências da

pessoas. Lembra do aposentado que passou a receber

classe média – já podem ser utilizados. “Para nós, que

a visita dos netos após comprar uma televisão, da dona

tínhamos um bom padrão de vida, passar um tempo

de casa que passou a estudar à noite, das mulheres

sem luz foi perceber que há prazer nas mínimas coisas.

que criaram uma cooperativa de costura... “Um senhor

Depois do Luz para Todos, acessar a internet ou ver um

me relatou a dificuldade de fazer uma compra, pois não

filme ganhou outro significado.”

tinha o endereço de entrega. Com a conta de luz, ele pode apresentar o comprovante residencial”, lembra.

Em Minas, o nome do programa é levado à risca. Embora, de acordo com estatística nacional, 90% das

De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a

famílias atendidas tenham renda inferior a três salá-

chegada da energia elétrica facilita a integração de pro-

rios mínimos, o Luz para Todos não discrimina cidades

gramas sociais e permite o acesso a saneamento bási-

ricas ou pobres. Somente na terceira etapa, 544 muni-

co, serviços de saúde e educação. Outro efeito positivo

cípios mineiros vêm sendo atendidos simultaneamen-

do programa é a contenção do êxodo urbano: desde a

te. “A Odebrecht teve participação muito importante

implementação do programa, 4,8% das famílias brasi-

na execução do Programa Luz Para Todos. Em tempo

leiras vieram residir em locais da zona rural atendidos

recorde, conseguimos realizar o maior programa de

pelo Luz para Todos.

eletrificação rural de toda a história da nossa empre-

Foi o que ocorreu com a dona de casa Sara da Fonseca. Após o filho mais velho passar no vestibular da Uni-

sa”, acredita Djalma Bastos de Morais, Presidente da Cemig.

informa

51


pecuรกr

a energia da texto Luiz Carlos Ramos

52 O Prefeito Julio Romano e trabalhadores do matadouro: biodigestor fortalece a economia de La Candelaria

52

informa

fotos Holanda Cavalcanti


ária

A

Argentina, um dos maiores produtores e exportadores de carne do mundo, vive a experiência de transformar em energia uma parcela antes inútil de componentes

do boi. A economia de La Candelaria, povoado da província de Salta, junto à Cordilheira dos Andes e perto do Chile e da Bolívia, gira em torno da pecuária. Os rebanhos de pequenos fazendeiros garantem carne e leite. E mais: de cada animal abatido, são usados os ossos, para adubo; os chifres, para artesanato; e o couro, para sapatos, bolsas, roupas e tapetes. Nesse tranquilo rincão de 2 mil habitantes, a recente novidade é que até o sangue e os órgãos do boi são aproveitados, em vez de descartados: sugados para um biodigestor, transformam-se em gás, gerando energia para uma caldeira aquecer a água do matadouro e economizar eletricidade, sem danos ao meio ambiente. Passa por La Candelaria um dos gasodutos implantados pela Odebrecht, parte da rede que corta o país de norte a sul, de oeste a leste. Uma unidade compressora do setor norte havia sido instalada a alguns quilômetros da cidade. Com o objetivo de apoiar a comunidade, a Odebrecht formou um grupo de trabalho para instalar um biodigestor de 30 m 3 – uma miniusina de biogás. Aprovada a ideia, só faltava definir o local. Optou-se pelo matadouro municipal, cujas condições, então precárias, constituíam um desafio a mais. “Antes, o matadouro era limitado quanto à higiene e às condições de trabalho”, relembra o recém-reeleito Prefeito de La Candelaria, Julio Romano, 40 anos, no cargo há quatro anos. Ele

Partes antes inúteis do gado abatido são aproveitadas por um biodigestor instalado em um matadouro no povoado argentino de La Candelária

conta: “Com a reforma das instalações e com a implantação do biodigestor, tudo ficou mais limpo, mais prático, mais seguro”. Em junho deste ano, a nova fase do matadouro foi inaugurada com a presença do Governador de Salta, Juan Manuel Urtuvey.

Inspeção de veterinário O matadouro funciona em dois dias da semana e abate em média 15 bois por dia. Esse total aumentará, pois cresce a produção de gado na região para abastecer parte dos açougues do sul

informa

53


de Salta e do norte da província vizinha, Tucu-

órgãos teriam grande utilidade. Então, negocia-

mán. “Pelo trabalho completo, é cobrada uma

mos com o prefeito e com empresas parceiras”.

taxa de 40 pesos (R$ 20,00) do dono de cada animal abatido”, explica o Gerente Alejandro

Jovens engenheiros ambientais

Melián: “Esse preço inclui a limpeza da carcaça,

Uma das parceiras é a IBS Córdoba, que esca-

que fica 24 horas em uma câmara frigorífica an-

lou três jovens argentinos especialistas em enge-

tes de seguir para o consumo. Logo será possível

nharia ambiental – Tomás Portela e Lucas Caris-

abater também cabritos, cordeiros e leitões da

simi, ambos de 27 anos, e Luz María Tebaldi, de

região.”

29 – para coordenar os trabalhos de instalação e

Damián Leal, Ruben Dario Aguilera e Luis

do biodigestor em La Candelaria. “O matadouro

Jurado, funcionários do matadouro, estão de

precisava mesmo de uma reforma”, argumen-

acordo quanto aos benefícios da reforma. “Com

ta Tomás. “Em seis meses de trabalho, no início

o biodigestor, é aquecida a água para a limpeza

deste ano, tudo ficou pronto”, diz Lucas. A enge-

das instalações e para nosso banho após o tra-

nheira comenta que foi preparado um Manual de

balho”, ressalta Damián. “Antes, a água era fria”,

Operação do Biodigestor, entregue ao prefeito e

relembra Ruben Dario. “Acabou o mau cheiro do

aos funcionários do matadouro. A IBS já festeja a

tempo em que os restos do boi eram queimados

notícia do interesse de empresas do Panamá e da

por aqui”, conta Luis. O veterinário Martin Syan

Costa Rica em aplicar esse sistema na América

vai de San Miguel de Tucumán a La Candelaria

Central.

para inspecionar os animais em dias de abate.

O processo de La Candelaria teve respaldo de

Ele relata: “O local já melhorou muito, está mais

um órgão governamental argentino, o Instituto Na-

higiênico com o novo piso e com biodigestor. Os

cional de Tecnologia Agropecuária (Inta), do qual

animais passaram a ser abatidos com a ajuda de

Alejandro Saavedra, especialista em tecnologias

uma descarga elétrica na cabeça, evitando o so-

alternativas, é integrante. “Acompanhamos todas

frimento do antigo sistema de facas”.

as ações e concluímos que esse projeto traz be-

Maurício Barbosa Peres, Gerente de Admi-

nefícios para a produção pecuária, além de gerar

nistração e Finanças da Odebrecht no projeto

energia limpa e propiciar também o uso de produ-

de ampliação de gasodutos, recorda o trabalho

tos do gado como modalidade de biofertilizante.”

mantido pela empresa nos últimos anos para

Marina Gonzalez Ugarte, que coordena os pro-

instalar dutos, construir compressores ao longo

gramas sociais e de sustentabilidade na Odebrecht

das linhas e apoiar comunidades: “Em 2008, ti-

Argentina, fez várias viagens de Buenos Aires a La

vemos a ideia de implantar um biodigestor em

Candelaria ao participar do projeto do biodigestor.

alguma cidade. Depois de estudos, decidiu-se

Em outubro, ela foi a um almoço oferecido a visi-

pelo matadouro de La Candelaria”. A quantidade

tantes pelo Prefeito Julio Romano e sua esposa,

atual de gás do biodigestor é mínima em relação

Maxima, e verificou o entusiasmo do município

à imensidão da rede que abastece o país, mas

com as mudanças ocorridas nos últimos meses.

serve de exemplo para outros matadouros da

“A comunidade está animada, pode investir mais e

América do Sul: “É um modo de gerar energia e

melhorar sua qualidade de vida”, salienta Marina.

preservar o meio ambiente”.

54

O prefeito, pequeno produtor rural, leva em

Guillermo Flanigan, argentino de Buenos Ai-

conta as conquistas trazidas pelo biodigestor e já

res, Responsável por Administração da Ode-

idealiza outros meios de La Candelaria gerar em-

brecht no projeto de ampliação dos gasodutos,

pregos. “Temos bom clima, lindas paisagens, óti-

explica: “Em La Candelaria, pensamos inicial-

mo vinho e uma rica culinária. Dá para atrair mais

mente em usar a escola municipal para instalar

visitantes argentinos e estrangeiros. Empresários

o biodigestor, mas os técnicos concluíram que o

italianos já investem por aqui, como fizeram ali na

matadouro seria o local ideal, por dispor de pro-

Estancia El Milagro, que, aprimorada, tem hospe-

dutos para transformação em gás. O sangue e os

dado europeus.”

informa


alto o olhar lá no

Ensenada: trabalhos são realizados com a refinaria da YPF em completo funcionamento

texto Luiz Carlos Ramos fotos Holanda Cavalcanti

Ampliação da capacidade produtiva de petroquímica da YPF em La Plata é um apoio de peso na atual fase de crescimento da economia da Argentina informa

55


O

atual ciclo de desenvolvimento econômico da Argentina ganhará, a partir de agosto de 2012, expressivo apoio: a ampliação da produção de uma das principais petroquímicas do país, que terá sua

capacidade de processamento de gasolina aumentada em até 60%, passará a produzir compostos aromáticos (BTX) e potencializará a produção de gasolina de alta qualidade. O projeto, executado pela Odebrecht para a ex-estatal argentina YPF (Yacimientos Petroliferos Fiscales) no município de Ensenada, na região metropolitana de La Plata, está na etapa final. Trata-se do primeiro projeto de unidade de reforma de catalítico contínuo (CCR) na Argentina, uma nova e moderna estrutura montada dentro das instalações originais da YPF.

Odebrecht Informa visitou Ensenada e presenciou o pulsar de uma obra que avança sem prejudicar a atual produção do complexo petroquímico. Centenas de operários argentinos, brasileiros e de outros países sul-americanos transformam setores, constroem torres e instalam gigantescas linhas de dutos, em uma revolução simbolizada pela nova tocha de 115 m de altura que funcionará a 1.300 metros da antiga (que será desativada). O fogo da tocha tem a função de eliminar os gases sem valor comercial. Carlos Alberto Coutinho, Diretor de Contrato, confirma o ritmo acelerado e explica: “Para poder preparar a conexão entre o setor antigo e o novo, fizemos uma parada técnica em quatro unidades, por 30 dias, de meados de maio até meados de junho, e tudo correu bem. Essa obra faz parte de um esforço para aumentar a produção de combustível e, com isso, atender à cres-

Atmosfera multinacional: trabalhadores argentinos, brasileiros e de outros países sul-americanos participam do projeto

cente demanda de um país que vive grande evolução econômica”. A YPF é uma empresa do grupo espanhol Repsol,

56

O coração da unidade

que detém 57,43% das ações, mas que, desde 2008,

O engenheiro civil argentino Pablo Brottier, da

está sendo conduzida pelo grupo argentino Petersen,

Odebrecht, Responsável por Novos Negócios na

da família Eskenazi, que possui 25,46% das suas ações,

estrutura do Diretor-Superintendente da Odebre-

além da sua gestão, com os 17% restantes na Bolsa de

cht na Argentina, Flávio Faria, e até agosto de 2011

Valores. O projeto realizado para a YPF em Ensenada

Diretor do projeto executado em Ensenada, conta

está baseado em três etapas: inicialmente, por meio do

que o CCR, com as novas instalações em fase de

CCR, será possível aumentar a produção de gasolina;

construção, pode ser definido como o “coração” da

a segunda etapa consiste em ajustar as instalações

unidade de processo de naftas virgens – que produz

atuais; e a terceira representa a interligação das novas

compostos aromáticos.

instalações com as antigas. “O resultado será uma pe-

“Na atualidade, a petroquímica precisa de uma

troquímica com equipamentos de última geração”, diz

parada técnica por ano para recondicionar o catali-

Coutinho.

sador”, diz Brottier. “Já a nova unidade, por contar

informa


com a regeneração contínua do catalisador, permi-

obra seria levada adiante em reduzido espaço físico

tirá ampliar o ciclo operacional para quatro anos.

e com a petroquímica em funcionamento. “Conse-

Dessa forma, o equipamento não perde rendimen-

guimos completar etapas importantes, por meio

to. O aumento da produção em 60% é explicado com

de soluções criativas e seguras”, recorda Trouet,

base nesse benefício e na modernização de todo o

participante do Programa de Desenvolvimento de

complexo de Ensenada.” Ele ressalta que a para-

Empresários (PDE) da Organização Odebrecht em

da técnica de adaptação envolveu quatro enormes

2009. Os novos equipamentos da refinaria, fabrica-

guindastes, 26 máquinas novas, seis torres de pro-

dos na Argentina, no Brasil, na Itália, na Coreia do

cessamento, 76 t de tubos, 700 válvulas, 38 t de no-

Sul, no Japão, na China e nos Estados Unidos, farão

vas estruturas e mais de 13 mil m de cabos”.

de 2012 um marco histórico no processo centenário

Esteban Trouet, nascido em Córdoba, Gerente

da luta pela energia petrolífera na nação argentina.

de Construção do projeto, explica que um dos de-

Ensenada entra nessa história como sinônimo de

safios para esse trabalho foi a evidência de que a

evolução.

informa

57


ARGUMENTO

Energia: novos paradigmas Mais importante que os recursos energĂŠticos que o Brasil possui, sĂŁo o conhecimento e as tecnologias que venham a ser desenvolvidos

58

58 informa


I

maginar cenários futuros para a economia e

Continuará a existir a necessidade da geração de

a sociedade sempre foi algo fascinante. Já

grandes blocos de energia para usos concentrados

foi o tempo em que isso era matéria apenas

(especialmente nos processos industriais que hoje

para escritores de ficção científica ou de ro-

absorvem 25% do total da energia) e, nesse campo,

mances juvenis. Hoje, com o apoio de muitas

formas mais limpas – das energias da biomassa,

ferramentas de tecnologia, especialistas das mais

mas, principalmente, das usinas nucleares, que

variadas áreas a ele se dedicam, porque seu conhe-

continuarão a ser necessárias. As perspectivas das

cimento é vital para a análise de uma série de in-

tecnologias de captura econômica das emissões de

vestimentos, especialmente em infraestrutura.

CO2 ainda não aparentam ser competitivas, o que é

Entre os campos da infraestrutura, depois dos

preocupante perante o enorme consumo da China e

recentes e constantes avanços na tecnologia de

da Índia, que se urbanizam e se industrializam ace-

informação e nas comunicações, o setor de ener-

leradamente e têm no carvão seu principal energé-

gia será o que mais novidades trará. Elas decor-

tico. Mesmo com todo o esforço para economizar os

rerão, principalmente, da necessidade de redução

combustíveis fósseis, eles continuarão a desempe-

do impacto ambiental na produção e no consumo.

nhar um grande papel.

O mundo hoje tem 7 bilhões de habitantes e, nos

No segmento de transporte, responsável por

próximos 25 anos, esse número aumentará para 9

25% do consumo total de energia, as questões de

bilhões – que serão, na maioria, moradores das ci-

mobilidade urbana deverão implicar crescentes

dades, e estarão acessando o mercado de energia

restrições ao uso de automóveis nas cidades, au-

diretamente. Mantendo a tendência atual, a tempe-

mento do número de carros elétricos e do trans-

ratura média da Terra aumentará de quatro graus

porte de massa eletrificado nos grandes centros.

centígrados no período em decorrência dos gases

A utilização de meganavios e uso mais intenso das

emitidos.

malhas ferroviárias, conjugados a ganhos crescen-

As consequências seriam tão nefastas, sobretu-

tes na logística, serão imprescindíveis.

do para as economias em desenvolvimento e do he-

Tudo isso aponta para o crescente aumento no

misfério sul, que algo terá de ser feito para manter

preço da energia, impondo a viabilização de tec-

esse aumento de temperatura inferior a dois graus

nologias mais racionais e eficientes pelo lado do

centígrados (o que já seria muito). Apesar dos avan-

consumo (lâmpadas, geladeiras, aquecedores, apa-

ços modestos das conferências mundiais sobre o

relhos de condicionamento do ar) e pelo lado da

clima, acredita-se que os fatos imporão um novo

produção. As exigências ambientais estabelecerão

comportamento aos agentes econômicos e gover-

custos crescentes de produção – seja no Brasil,

namentais.

onde abundam recursos renováveis, seja no exte-

No plano das medidas objetivas, seria essencial, entre outras coisas, haver enorme racionalização do

rior. Os gastos em pesquisa no campo de energia solar e outras formas sustentáveis se ampliarão.

consumo, aumento do peso das energias renováveis

Um novo futuro está a caminho, e temos que

na produção, maior uso de gás natural de origem

encarar as mudanças como oportunidades. Os re-

geológica diversa da atual (shale oil), produção mais

cursos energéticos que o Brasil possui são impor-

descentralizada de energia (geração eólica, painéis

tantes, mas, mais importante ainda, será o peso do

fotovoltaicos) e toda uma nova concepção das redes

conhecimento e das tecnologias que venham a se

de distribuição de eletricidade e gás, associando-se

desenvolver.

a isso um intenso uso de eletrônica para monitoramento das instalações de consumo (smart-grids). Hoje, cerca de 50% do total da energia consumida é destinada às edificações residenciais, comerciais e industriais. Portanto, esse segmento deve ser a primeira prioridade (melhor iluminação, mais conforto térmico, mais isolantes em relação ao exterior etc.).

José Luiz Alquéres é engenheiro civil e consultor

informa

59


60

informa informa


&

foto:

Bruno Veiga

notícias pessoas

Crianças jogam bola na quadra poliesportiva do condomínio Cidadão Japuíba, em Angra os Reis (RJ)

Veja a seguir reportagens sobre realizações recentes das equipes da Organização Odebrecht no Brasil e no mundo e seções sobre o dia a dia de integrantes das empresas

62

A nação corintiana se prepara para ganhar seu estádio, palco da abertura da Copa do Mundo

67

Em Angra dos Reis, a emoção que toma conta das famílias que voltam a ter um lar

70

MIA Mover: um projeto que simboliza a convicção na intermodalidade como solução

73

As ações e as reflexões de James Eldridge, Maria José Araque e Monica Evangelista

74

Fabiano Zillo e a experiência na adaptação a novas situações de trabalho e de vida

76

Inaugurada a Biblioteca Hertha Odebrecht, espaço para integrantes da Organização e para eventos públicos

78

No assentamento Margarida Alves, em Ituberá, uma prova de que a união é o caminho da transformação

81

A trajetória de 2.500 anos do dinheiro contada em uma exposição realizada em Salvador

82

Augusto Roque e o conhecimento adquirido em experiências desafiadoras vividas mundo afora


copa 2014

A casa da

Fiel texto Julio Cesar Soares e Karolina Gutiez

62

informa

Após 101 anos de espera, estádio do Corinthians sai do papel e é o escolhido para abrir a Copa do Mundo


Ilustração mostra o estádio quando pronto. No canto inferior esquerdo, uma montagem insere entre os torcedores o ex-Presidente Lula, corintiano de coração, e o Presidente do clube, Andrés Sanchez, que revela, nesta reportagem, seu desejo de ir para a arquibancada com a Fiel

A

lenda diz que, de maio a se-

ais, nacionais e o Mundial de Clubes da

Enquanto o estádio não saía do papel,

tembro de 1910, uma série de

FIFA, em 2000. Conquistas comemora-

o clube alugava (e alugará até o fim da

reuniões entre cinco operários

das por milhões de “loucos”, como se

Copa do Mundo de 2014) o Estádio Mu-

na esquina das ruas Conêgo Martins

autodefinem seus seguidores, entre

nicipal do Pacaembu, de propriedade

e dos Imigrantes, no bairro paulistano

eles alguns dos personagens desta

da Prefeitura de São Paulo.

do Bom Retiro, sob a luz de lampiões,

reportagem e a equipe de Odebrecht

O arquiteto Aníbal Coutinho, do es-

fez nascer o Sport Club Corinthians

Informa que a produziu. Mas nunca em

critório Coutinho, Diegues e Cordeiro

Paulista. No dia 1º de setembro da-

território próprio.

Arquitetos, tinha um projeto de retrofit

quele mesmo ano, o nascimento foi

A nação alvinegra acalenta há um

para o Pacaembu, ou seja, a sua reno-

oficializado com a ata de fundação do

século o sonho de possuir seu próprio

vação completa, para que se tornasse

clube – “do Brasil, o mais brasileiro”,

estádio. Hoje sede do clube, o Parque

a casa definitiva do Timão. A Odebre-

como entoam seus torcedores, cha-

São Jorge acolheu partidas importan-

cht tinha intenções semelhantes, com

mados de fiéis, ao cantarem o hino. Daí

tes até a década de 1960. Desde então,

um projeto sofisticado para o Paulo

em diante, são 101 anos de “tradições

alguns projetos audaciosos de arenas

Machado de Carvalho (nome oficial do

e glórias mil”: mais de 40 títulos entre

foram encabeçados por diversos diri-

estádio), mas o clube não obteve a con-

campeonatos estaduais, interestadu-

gentes do Corinthians, sem sucesso.

cessão necessária por parte da Prefei-

informa

63


já tinha se estabelecido. Fomos atrás das melhores condições para concretizar esse desejo”, conta Luis Paulo

Yan Vanndaru

Odebrecht e o escritório de arquitetura

fotos:

tura. “Aí a relação entre Corinthians,

Rosenberg, Diretor de Marketing do clube há quatro anos, torcedor do Corinthians desde que nasceu.

Bairro está na história do clube

As arquibancadas e o local onde estará o gramado: imagens do nascimento de um estádio. Abaixo, Aníbal Coutinho e a projeção da obra quando pronta: arquiteto visitou os maiores estádios dos Estados Unidos e da Europa

As melhores condições estavam em Itaquera, na Zona Leste da capi-

Parte do efetivo de trabalhadores,

de instituições de ensino e empresas e

tal paulista, onde se decidiu construir

que contará com 2 mil integrantes no

a consequente geração de oportunida-

um novo estádio. O bairro faz parte da

pico dos trabalhos, será do entorno do

des de trabalho”, argumenta Benedicto

história do time: o ex-presidente co-

projeto. “Já iniciamos uma versão do

Junior, Líder Empresarial da Odebre-

rintiano Vicente Matheus conquistou a

Programa Acreditar e capacitamos 300

cht Infraestrutura. “Esse movimento já

cessão da área em 1979, na gestão do

pessoas entre ajudantes, carpinteiros,

pode ser verificado com a valorização

então Prefeito Olavo Setúbal. Até pou-

pedreiros e armadores”, informa Fre-

imobiliária da Zona Leste”, completa

co tempo, abrigava o centro de trei-

derico.

Benedicto, “torcedor apaixonado”.

namento dos juvenis do Corinthians,

64

Para Antonio Roberto Gavioli,

além de ter sido um local cogitado nos

Copa do Mundo de 2014

Diretor de Contrato, o estádio con-

estudos de alguns dos projetos ante-

Durante as negociações para a re-

tribuirá para fortalecer a imagem

riores. “Tentamos um acordo com a

alização do projeto, o estádio passou a

da Organização. “A exposição é

Prefeitura para unir os dois escopos

ser aventado para sediar a abertura da

enorme. Temos mais de 30 milhões

do Pacaembu, mas vimos que Itaque-

Copa do Mundo de 2014. A confirmação

ra era a melhor opção”, relata Luiz

pela Fifa foi dada em outubro de 2011,

Paulo Rosenberg.

o que exigirá algumas obras, como a

O estádio será construído em uma

elevação do número de assentos para

área de 198 mil m². De formato retan-

65 mil, a adaptação da sala de impren-

gular, terá cobertura de 7 mil t sem,

sa para receber 5 mil profissionais e a

contudo, parecer pesado. “A arena terá

segurança do estádio, que será visitado

leveza, como se estivesse pairando,

durante o evento por mais de 30 dele-

sustentada pelo ar. Terá monumentali-

gações de chefes de estado. A obra es-

dade”, salienta Rosenberg. A estrutura

tará concluída em dezembro de 2013.

é vazada de norte a sul; a oeste será

Segundo estudo realizado pela con-

construído um prédio que abrigará ca-

sultoria Accenture, a abertura da Copa

marotes, estacionamento e áreas de

do Mundo 2014, em São Paulo, terá o

serviço, entre outras instalações. A les-

impacto econômico de R$ 30 bilhões

de clientes”, brinca ele, referindo-

te, na mesma altura que o prédio oeste,

ao longo de 10 anos, em especial na

-se ao número de corintianos no

ficará uma das arquibancadas. As ou-

Zona Leste, a mais populosa da cidade

país. “Além disso, vamos construir

tras, com altura menor, ficarão atrás

e carente de infraestrutura e investi-

o estádio de abertura da Copa do

dos gols. “São mais de 48 mil assentos

mentos. “A Arena será um dos indu-

Mundo de 2014.” Gavioli destaca o

ao todo, divididos entre arquibancadas,

tores de um processo que irá elevar a

orgulho da equipe em participar de

camarotes e áreas vip”, explica Frede-

qualidade de vida da população da re-

uma obra tão importante para a ci-

rico Barbosa, Gerente de Operações do

gião, pois vai estimular investimentos

dade, para o estado e para o país.

contrato.

em obras de mobilidade, a instalação

“É a oportunidade de a Odebrecht

informa


atingir camadas da sociedade que

“A ideia surgiu durante um encontro

antes de tudo, uma prova de amor ao

próximo ao Pacaembu, que realizamos

clube por parte dos torcedores. A infra-

A assinatura do contrato aconteceu

há dois anos”, conta Silvio Oliveira,

estrutura deficiente, o difícil acesso e

no último dia 3 de setembro, durante

também organizador do evento. “Para

as poucas opções de lazer antes e de-

as comemorações dos 101 anos do

vir, basta ser corintiano”, diz. E com-

pois dos jogos costumam afastar parte

clube. Uma festa com a presença do

pleta: “Não estamos aqui para apenas

da torcida. Para Andrés, o estádio do

ex-presidente da República e atual

acompanhar o andamento da obra,

Corinthians é um divisor de águas no

Presidente da República Popular do

mas para celebrar, para estar perto e

esporte brasileiro. “Será algo impres-

Corinthians, Luiz Inácio Lula da Silva,

fazer parte dessa história”. Tanto Sid-

sionante no futebol do país, acima do

marcou o evento, que teve ainda 30 mil

nei quanto Silvio imaginam-se no fu-

nível europeu”, assegura o presiden-

torcedores na entrada do canteiro, nú-

turo estádio, torcendo pelo Corinthians.

te. O ideal do projeto é tornar a ida ao

mero digno de um dia de clássico.

Assim como Andrés Sanchez Navar-

estádio algo prazeroso na vitória ou na

antes pouco nos conheciam.”

Da torcida ao presidente do clube,

ro, Presidente do clube e sócio desde

derrota. “Queremos ir além do ‘local

todos aguardam com ansiedade o novo

1969. “Eu quero estar lá com os torce-

para ver um jogo’. Dar conforto aos

estádio. “Quero minha casa, quero que

dores, na arquibancada”, vislumbra. E

espectadores, acesso fácil e rápido às

esse sonho se torne realidade”, diz

como Benedicto: “Com certeza estarei

cadeiras e às dependências do estádio,

Sidnei Beires, de 28 anos. Morador do

no estádio no primeiro jogo do Timão e,

oferecer outros serviços. Proporcionar

bairro de Cangaíba, a cerca de 10 km

como outros milhares de loucos, vou

ao torcedor uma experiência comple-

da futura arena, Sidnei é um dos orga-

olhar com orgulho a grande casa cons-

ta”, destaca Aníbal Coutinho.

nizadores do encontro mensal realiza-

truída em Itaquera”.

Serão telões de alta definição e telas espalhados por todo o estádio, nas

do na porta da obra: o churrasco em que a entrada é gratuita e cada um leva

Um divisor de águas

lanchonetes, nos sanitários (todas as

o que for consumir.

Ir a qualquer estádio brasileiro é,

áreas internas terão ar condicionado)

informa

65


66

Yan Vanndaru fotos:

Em pé, da esquerda para a direita, Francisco das Chagas Lopes (Mestre Pará), Ricardo Corregio, Frederico Barbosa, Antonio Gavioli e Domingos Sávio de Araújo; agachados, Joel Santos, Jason Oliveira, Almir Fontenele de Araújo, Felipe Pacífico Ferreira e Gilson Guardia: integrantes do time da Odebrecht no projeto

Andrés Sanchez: “Eu quero estar lá com os torcedores, na arquibancada”

e demais instalações, para garantir

A SPE também será a cotista sênior

construção, a empresa comprará

que, mesmo longe de sua cadeira, o

de um Fundo de Investimento Imobiliá-

cotas do FII, para aportar o investi-

espectador assista à disputa. “Dife-

rio (FII), titular do estádio, que também

mento faltante. O clube também é

rentemente de um jogo de basquete

tem o direito de receber os Certificados

cotista do fundo.

ou beisebol, com longa duração, o fu-

de Incentivo ao Desenvolvimento (CID),

A criação de um FII é comum no

tebol tem partidas curtas. Por isso, o

incentivos baseados em um mecanis-

mercado imobiliário, mas inédita no

torcedor não costuma sair do assento,

mo criado em 2004 pela Prefeitura de

financiamento de arenas. “Buscamos

para não perder nenhum lance. Com

São Paulo para estimular investimen-

essa solução, pois no Brasil existe a

o sistema wireless cobrindo todo o

tos na Zona Leste. Os certificados têm

dificuldade de os bancos realizarem

estádio, será possível pedir lanches

valor equivalente a 60% do investimen-

empréstimos diretamente a clubes”,

de sua cadeira, pagar com cartão de

to total. O investidor que tiver esses

explica Felipe Jens, Diretor-Presidente

crédito e recebê-los ali mesmo, sem

certificados poderá utilizá-los como

da Odebrecht Investimentos e Partici-

levantar”, antecipa Aníbal. O arquiteto

forma de pagamento de ISS (Impos-

pações.

tem visitado há 20 anos os maiores

to sobre Serviços) e/ou IPTU (Imposto

“Há 67 anos a Odebrecht desen-

estádios dos Estados Unidos e da Eu-

Predial Territorial Urbano) no municí-

volve, além de grandes projetos de

ropa para conhecer suas operações, o

pio de São Paulo. No caso do estádio

engenharia, soluções de engenharia

funcionamento nos dias de evento e os

do Corinthians, o valor dos CIDs foi li-

financeira. E não é sempre que o clien-

tipos de gramado.

mitado a R$ 420 milhões, independen-

te de um grande projeto de infraestru-

Toda essa estrutura e essas faci-

temente do montante final da constru-

tura tem os recursos necessários à

lidades vão custar ao clube R$ 820

ção. Os certificados terão validade de

sua execução disponível no momento

milhões. Desse valor, R$ 400 milhões

até 10 anos. “Outros empreendimentos

da contratação. Embaixo de um braço

serão financiados pelo Banco Nacio-

receberão apoio por meio dos CIDs e,

carregamos a solução de engenharia

nal de Desenvolvimento Econômico

com o estádio, trarão desenvolvimento

e, do outro, a da engenharia financeira.

e Social (BNDES), que por decisão do

para a Zona Leste”, explica o Prefeito

Uma não caminha sem a outra”, afirma

Governo Federal disponibiliza emprés-

de São Paulo, Gilberto Kassab, após

Felipe, que completa: “Apostamos que

timos de até esse montante para cada

assinar a lei por meio da qual são con-

o mercado futebolístico vai se desen-

cidade que sediar jogos da Copa do

cedidos os incentivos fiscais ao projeto,

volver no Brasil. Começam a circular

Mundo, para uma Sociedade de Propó-

em ato realizado em julho no canteiro

no mercado financeiro as discussões

sito Específica (SPE) constituída para

de obras. As receitas antecipadas do

sobre a eventual abertura de capital

desenvolver o projeto. A SPE utilizará

estádio, incluindo aquelas associadas a

dos clubes, e isso envolverá grandes

o empréstimo do BNDES para custear

patrocínios, poderão ser utilizadas para

quantias, uma vez que os investidores

parte dos investimentos necessários à

custear parte dos investimentos, caso

são também grandes torcedores”.

construção do estádio e esse valor será

as outras fontes não sejam suficientes.

Nesse novo cenário, o sonho de

integralmente pago ao banco com as

A Odebrecht deu as garantias

101 anos de uma nação com mais

receitas futuras geradas pela explora-

necessárias para viabilizar o negó-

de 30 milhões de pessoas está cami-

ção do estádio.

cio: se faltarem recursos durante a

nhando para se tornar realidade.

informa


habitação

Meninos andam de bicicleta no condomínio Cidadão Japuíba: o sentimento das famílias é de recomeço

É muito bom estar aqui Moradores de Angra dos Reis que tiveram suas casas destruídas pelos deslisamentos em 2009 recebem suas novas moradias texto Edilson Lima fotos Bruno Veiga

“V

amos entrando, mas não re-

Souza, 75 anos, haviam se mudado

Morro do Perez, próximo ao centro

parem a desordem, porque

para o novo lar em 9 de setembro,

da cidade. Sua casa não chegou a

ainda estamos arrumando a

poucos dias antes da nossa visita.

cair, mas estava em uma área de

casa!” Foi assim que Juraci Fátima

“Recebemos a chave no dia 15 de

risco. “Construímos aquela casa

de Souza, 53 anos, recebeu nossa

agosto”, conta Juraci, com alegria.

com muito esforço, mas tivemos

equipe de reportagem em seu novo

A família de Juraci foi uma das

de sair. Nossa vida é muito mais

apartamento no Condomínio Cida-

que sofreram com as chuvas e os

importante. Graças a Deus não ti-

dão Japuíba, em Angra dos Reis

deslizamentos de terra ocorridos

vemos perdas humanas”, diz. Hoje,

(RJ). Ela, o marido Alcenyr Oliveira

em 31 de dezembro de 2009 em

em um novo ambiente, o senti-

Lage, 69 anos, e o pai Glicério de

Angra dos Reis. Ela morava no

mento é de recomeço: “Não via a

informa

67


hora de receber meu apartamento.

Rosineide teve a casa interdita-

caram a morte de 53 pessoas; mil

da pela Prefeitura e passou, desde

pessoas ficaram desabrigadas e

Problemas de saúde surgidos

então, a morar com a família em

outras 4.500 foram desalojadas de

há cinco anos fizeram com que seu

uma unidade disponibilizada pelo

suas residências por estarem em

Glicério passasse a usar cadeira

Programa Recomeçar, também

áreas de risco. Por isso, foi emer-

de rodas. Ao falar da nova mora-

conhecido como “aluguel social”.

gencial a ação das autoridades pú-

dia, ele é enfático: “Tudo aqui está

Esse benefício foi criado pela Pre-

blicas para acolher as pessoas que

ótimo. Estou gostando muito, prin-

feitura de Angra para ajudar as

precisavam de apoio. O primeiro

cipalmente de passear”. Alcenyr

famílias que perderam a mora-

passo foi acomodá-las nos cha-

completa: “No morro, até para fa-

dia nos deslizamentos. O valor do

mados aluguéis sociais. O segundo

zer as compras do mês dava traba-

auxílio é de um salário mínimo

procedimento foi construir 800 uni-

lho, pois tínhamos de subir muitas

(R$ 545), concedido um por uni-

dades habitacionais o mais rápido

escadas. Aqui é plano, bem organi-

dade durante até 180 dias. Em 17

possível. Para isso, foi necessária a

zado, tem outra estrutura”.

de setembro de 2011, Rosineide se

integração da Prefeitura de Angra

História semelhante é a de Ro-

mudou para a nova casa, no quarto

dos Reis, da Secretaria de Estado

sineide Maria da Silva, 28 anos. Na-

andar do bloco 1, no mesmo con-

de Obras (Seobras) e do Ministério

tural de Recife, ela chegou a Angra

domínio de Juraci. “Olha, isso aqui

da Integração Nacional em parce-

dos Reis há cinco anos. Morava no

é muito bom, viu? Ainda nem acre-

ria com a iniciativa privada.

Morro da Cruz com seu marido

dito que esse apartamento é meu.

Angra dos Reis tem 365 ilhas

Antônio Gomes de Oliveira e três

Estou vivendo um sonho”, diz ela,

em seu litoral, das quais a maior

filhos. No dia dos deslizamentos,

olhando para os dois filhos mais

e mais famosa é a Ilha Grande. Tu-

estavam todos dormindo quando o

novos, Vitória, de 1 ano e seis me-

ristas do Brasil e do mundo visitam

filho mais velho (hoje com 6 anos)

ses, e Vitor, de 3 anos.

a cidade para conhecê-las. O terri-

Vamos continuar nossas vidas”.

foi até o quarto dos pais avisar que

tório da cidade, porém, é constitu-

de relembra: “Corri e vi que a cozi-

A eficiência do método construtivo

nha estava cheia de lama, o fogão

Segundo a Subsecretaria de

oferece áreas propícias o suficiente

e a geladeira estavam destruídos.

Desenvolvimento Urbano de Angra

para a habitação”, diz Cassio Velo-

Foi desesperador”.

dos Reis, os deslizamentos provo-

so de Abreu, Subsecretário de De-

a cozinha estava “caindo”. Rosinei-

ído predominantemente por morros. “Nossa morfologia não nos

senvolvimento Urbano da cidade. “Cerca de 70% das moradias são irregulares. Com os deslizamentos de 2009, aumentou ainda mais a nossa responsabilidade. Essas 800 unidades habitacionais ainda não são o bastante. Representam apenas o começo de um longo trabalho.” Para construir as 800 moradias, a Seobras contratou o Consórcio Angra Melhor, formado por Odebrecht Infraestrutura e Bairro Novo, marca da Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) voltada ao segmento econômico. “A emergência da situação levou os integrantes Juraci, o marido, Alcenyr, e o pai, Glicério: “Não via a hora de receber meu apartamento”

68

informa

das duas empresas a dialogarem e


Prédios foram construídos com a utilização de método que reduz tempo de execução e preserva a qualidade: solução desenvolvida pela Bairro Novo para as necessidades de Angra dos Reis

a apresentarem uma proposta que

de madeira, como nas obras tradi-

do em 18 de fevereiro de 2011, com

em pouco tempo pudesse ser colo-

cionais. Isso demonstra o caráter

sete blocos e 140 apartamentos; o

cada em prática”, diz Flávio Donda,

sustentável de todo o processo”,

Cidadão Japuíba, inaugurado em

Gerente Operacional do projeto.

diz Marcella Negreiros Guimarães,

15 de agosto, com 21 blocos e 420

Gerente de Engenharia e Comer-

apartamentos; e o Cidadão Glória,

cial do consórcio.

a ser inaugurado, com 12 blocos

A Bairro Novo utiliza fôrmas de alumínio, um método que reduz o prazo da execução, otimiza a pro-

Foi necessária a mobilização

e 240 unidades. Cada bloco tem

dução em larga escala e garante

de pessoas experientes de outras

cinco pavimentos com quatro uni-

um resultado final de qualidade.

regiões para treinar os integran-

dades por andar. Os apartamentos

O passo a passo é o seguinte: pri-

tes locais. “A cidade não tem uma

têm 45,5 m2 e possuem com sala,

meiramente, são feitos a fundação,

força de trabalho voltada para a

cozinha, banheiro e dois quartos.

o piso inicial e a armação de uma

construção civil. Tivemos que trei-

“O desafio foi enorme, mas as

malha de aço, que contém as tu-

nar os integrantes locais enquanto

equipes conseguiram satisfazer o

bulações hidráulicas, elétricas e

as obras andavam. Foi uma prática

cliente, por meio do exercício da

telefônicas. Depois, são montadas

intensa de educação pelo traba-

transversalidade entre as duas

as fôrmas de alumínio, obedecen-

lho”, comenta Manoel Cavalcante

empresas da Organização”, ava-

do às definições do projeto. Em se-

de Almeida Filho, Gerente Admi-

lia André Viana Portela, Diretor

guida, vem a concretagem das pa-

nistrativo-Financeiro.

de Contrato da Bairro Novo nos

redes e da laje superior. Dezesseis

Raul Cerqueira Rezende, enge-

Estados do Rio de Janeiro e da

horas depois, as fôrmas são reti-

nheiro da Empresa de Obras Pú-

Bahia. “A Odebrecht Infraestrutu-

radas. Esse trabalho é repetido em

blicas do Estado do Rio de Janeiro

ra se destacou pela capacidade de

cada pavimento. Por fim, são feitos

(Emop), responsável pela fiscali-

mobilização e de desenvolvimento

os trabalhos de alisamento das pa-

zação das obras, afirma: “Foi um

de projetos, e a Bairro Novo por

redes, a pintura e os acabamentos

excelente trabalho realizado pelo

oferecer uma solução de enge-

necessários.

consórcio, que teve a escassez de

nharia capaz de produzir unidades

tempo como grande desafio”.

habitacionais dentro do prazo e do

“Além de ser um método prático, as fôrmas são reutilizáveis e

Foram construídos três condo-

recicláveis, o que evita a utilização

mínios: o Cidadão Areal, inaugura-

custo desejados pelo cliente”, salienta.

informa

69


transportes

Tudo interligado MIA Mover conecta aeroporto à Estação Central de Miami, que interliga os sistemas de metrô, trem, ônibus e táxi e o serviço centralizado de aluguel de carros texto Thaís Reiss

A

fotos Steven Brooke

contínua expansão de Mia-

das condições de acesso a ele.

passageiros por hora em cada

mi desde a década de 1980

Nesse contexto, tem destaque o

sentido, a uma velocidade média

tem levado o Departa-

MIA Mover, sistema automatizado

de 64 km/h. O sistema conecta o

mento de Aviação do Condado de

de transporte de pessoas (Auto-

terminal do aeroporto à Estação

Miami-Dade (MDAD), em parceria

mated People Mover – APM), inau-

Central de Miami, que, por sua

com o Departamento de Transpor-

gurado no início de setembro.

vez, interliga os sistemas de me-

te do Estado da Flórida (FDOT), a

Com 2 km de extensão, per-

trô, trem, ônibus e táxi e o serviço

colocar em prática uma estratégia

corridos (nos dois sentidos) por

centralizado de aluguel de carros.

para a ampliação da capacida-

oito veículos que usam pneus de

de do Aeroporto Internacional de

borracha, o MIA Mover é capaz de

cial para fornecer um sistema de

Miami e para o aprimoramento

transportar gratuitamente 3 mil

transporte eficaz, sobretudo quan-

70

informa

“Intermodalidade

é

essen-


porto. O trem chegou em menos

espaço limitado para que haja a

de dois minutos, fiquei surpreso.”

implementação de melhorias ro-

O casal português Natacha e Sal-

doviárias tradicionais”, diz San-

vador Villas Boas, acostumado

jeev Shah, principal executivo da

com esse tipo de transporte nos

consultora Lea+Elliott. “É também

aeroportos europeus, resume: “É

um fator positivo para a experiên-

rápido, prático e bem sinalizado”.

cia vivenciada pelos passageiros,

Pedro Hernandez, da Divisão

pois possibilita a transferência de

de Desenvolvimento e Gestão do

um modo de transporte ao outro

MDAD, afirma: “O MIA Mover con-

com base em preferências indivi-

tribui para consolidar Miami como

duais.”

um polo de negócios”. Segundo ele,

O brasileiro Fabio Martins, em

a intermodalidade criará grandes

sua terceira viagem a Miami, con-

oportunidades para o desenvolvi-

corda. “Eu estava preocupado em

mento econômico local. Sobre esse

chegar atrasado, pois das últimas

aspecto, Luiz Simon, Diretor de

vezes em que estive aqui, além de

Contrato da Odebrecht responsá-

devolver o carro, tive ainda que

vel pelo projeto, acrescenta que a

pegar um ônibus para ir ao aero-

construção do MIA Mover, iniciada

Foto: Thaís Reiss

do há muito congestionamento e

O MIA Mover e o casal Natacha e Salvador: “É rápido, prático e bem sinalizado”

informa

71


Estação do MIA Mover: prêmio pelo desempenho em segurança no trabalho

em setembro de 2008, gerou mais

porto, será o primeiro projeto de

capazes de completá-lo no prazo

de mil oportunidades diretas de tra-

transporte de massa no Condado

e dentro do orçamento”, diz Darin

balho, contou com a participação de

de Miami-Dade a receber a certi-

Friedmann, Vice-Presidente da

aproximadamente 50 subempreitei-

ficação LEED Gold do U.S. Green

Divisão de Sistemas de Transpor-

ros e gerou mais de US$ 35 milhões

Building Council. Mais de 80% dos

te da Mitsubishi Heavy Industries

em contratos para pequenas em-

detritos gerados durante a cons-

America, Inc., subcontratada res-

presas locais.

trução foram reciclados, e a esta-

ponsável pelo sistema operacio-

ção foi desenhada para reduzir o

nal do MIA Mover.

Segurança premiada

consumo de água em 30% e dimi-

Luiz Simon afirma que os resul-

Concluído dentro do cronogra-

nuir o custo de energia em 15%.

tados obtidos só foram possíveis

ma estipulado e do orçamento

Além disso, 1.400 viagens entre

por causa da excelente relação da

proposto, o MIA Mover se desta-

ônibus e micro-ônibus do aero-

Odebrecht com o cliente e com os

cou ao conquistar o prêmio para

porto à Estação Central de Miami

subempreiteiros. “Apesar das di-

segurança no trabalho VPP Star

foram eliminadas com o início da

versas dificuldades encontradas

Status, da OSHA, instituição cer-

operação do MIA Mover, o que re-

durante a obra, a parceria formada

tificadora de segurança do tra-

presenta a diminuição do tráfego

com o cliente e com os subemprei-

balho. Foi o primeiro projeto de

dentro do aeroporto em 30% e a

teiros foi fundamental para a con-

transporte da Flórida e o segundo

consequente redução significativa

clusão da obra dentro do cronogra-

dentro da Região IV da OSHA, que

das emissões de gás carbônico.

ma e do orçamento estipulado.”

pela

Segundo Gino Antoniello, Vice-

ricanos, a receber o prêmio. Car-

obra enfrentou um grande desa-

-Presidente da Divisão de Equipa-

los Bonzon, Vice-Presidente da

fio relacionado ao seu tempo de

mentos e Sistemas de Transporte

Bermello Ajamil & Partners, Inc.,

execução. Atrasos relacionados

da Sumitomo Corporation of Ame-

consultora do cliente para a parte

a consequências dos atentados

rica, empresa parceira da Mitsu-

das obras civis, salienta: “O nível

terroristas de 11 de setembro de

bishi, destaca que o MIA Mover é

de segurança durante a constru-

2001 fizeram com que o cronogra-

fruto de uma visão estratégica que

ção foi excepcional”.

abrange oito estados norte-ame-

72

A

equipe

responsável

ma inicial fosse reduzido em um

posiciona o Condado de Miami-

Se a segurança mereceu re-

ano e meio. “O prazo do projeto

-Dade na liderança do movimento

conhecimento, as ações de pre-

(três anos) foi muito agressivo. No

intermodal, “como uma comuni-

servação ambiental também não

entanto, por meio de uma comu-

dade com visão futurística que va-

ficaram para trás. A estação do

nicação aberta e de um forte sen-

loriza novas tecnologias a fim de

MIA Mover, localizada no aero-

so de trabalho em equipe, fomos

se modernizar”.

informa


gente

Um novo estilo de vida Maria José vive em uma região isolada, mas não se sente só

A

engenheira civil Maria José Araque é Responsável por Custos na Gerência Comercial nas obras da Ter-

Lia Lubambo

ceira Ponte sobre o Rio Orinoco, no povoado de Caicara, na Venezuela. Ingressou na Odebrecht em 2005, na construção da Segunda Ponte sobre o Orinoco e, ao fim da obra,

foto:

aceitou a proposta de mudar-se para Caicara. Deixou a casa dos pais, a convivência com os amigos e partiu sozi-

Gosto pelo incomum

nha para uma comunidade isolada e com muitas carências. ”Hoje sou uma pessoa mais sensível e, ao mesmo tempo,

James e o despertar do desejo de viver o mundo

mais forte e segura”, afirma. Segundo ela, isolamento não é problema; o pessoal da Odebrecht foi uma família, e há

J

ames Eldridge nasceu no Tennessee, nos Estados Unidos,

tempo para cultivar prazeres como a observação das bele-

em uma pequena cidade chamada Palmer, cuja economia

zas naturais. “No mais, é trabalhar e ajudar meu país a se

gira em torno da mineração de carvão. Formado em Construc-

desenvolver. Isso é bastante compensador”, diz.

tion Management (Gerenciamento de Construção), ingressou na Odebrecht, em Miami, seis anos atrás. Casado, com quatro filhos e três netos, é um homem caseiro. Gosta de restaurar casas históricas e passear com a esposa, Susan Gail, em busca de antiguidades. Hoje trabalha em Nova Orleans, mas durante quatro meses, entre 2010 e 2011, esteve na Líbia, nas obras do Aeroporto Internacional de Trípoli. Como nunca havia morado

exterior com os ensinamentos da Tecnologia Empresarial Ode-

A Hndrés olandaMCanner avalcanti

brecht (TEO). “Gostaria de continuar ampliando minha visão do

foto:

ou trabalhado fora de seu país, a estadia em Trípoli foi especialmente desafiadora. De volta aos Estados Unidos, escreveu My Libya Experience, um texto no qual relaciona sua vivência no

foto:

Dario de Freitas

mundo e da vida, de poder conhecer mais culturas”, diz.

A química das diferenças

Monica coleciona curiosidades culturais

G

erente de Desenvolvimento de Mercado da Braskem na área de Polipropileno, Monica Evangelista visita clientes por todo o Brasil. Observa

características assim: reuniões em empresas do interior de São Paulo começam com conversas sobre a família, sobre o tempo, até chegar à pauta, e podem tomar um dia inteiro; outras, no sul do país, são objetivas e não levam

foto:

Holanda Cavalcanti

mais de meia hora. “Gosto do que faço, da vida sem rotina, de conhecer lugares e pessoas diferentes”, diz. Há 19 anos na Braskem, Monica é Química Industrial com mestrado em Polímeros e participou da construção do Centro de Tecnologia e Inovação da Braskem em Triunfo (RS). Em setembro, havia acabado de voltar da China – viagem que compôs o curso de MBA que encerra em 2011. Escolada como é, ainda assim mostrava-se impressionada: “Não existe nada igual! Sempre temos algo novo a descobrir”, garante.

informa

73


PERFIL: Fabiano Zillo

À vontade em seu tempo e lugar U texto Eliana Simonetti foto Ricardd Teles

Líder do Polo Araguaia da ETH, Zillo vive um momento especialmente motivador em sua trajetória

m sorriso marca o sem-

1.250 km por terra e ar, desde

Isso até 2007, ano que mar-

blante de Fabiano José

Lençóis Paulista (SP), onde vive

cou uma virada no mundo do

Zillo quando ele chega ao

com a família. Descendente de

empresário, então com 43 anos.

local de trabalho. O olhar percorre

italianos

desembarcaram

O grupo familiar, Zilor Energia e

a paisagem com satisfação. Ele é

no Brasil no fim dos anos 1800

Alimentos, entrou em processo

Superintendente do Polo Araguaia

para investir no agronegócio, ele

de profissionalização e governan-

da ETH Bioenergia, formado por

se formou em Agronomia e tem

ça corporativa – e ele optou por

duas unidades localizadas em

mestrado em Solo e Nutrição de

retirar-se da diretoria, passando

Goiás: Água Emendada e Morro

Plantas, com ênfase na cana-de-

a atuar como consultor indepen-

Vermelho, a base administrativa

-açúcar, pela Escola Superior

dente. Enfrentou um divórcio e um

do polo. O município de Mineiros,

de Agricultura Luiz de Queiroz

problema grave de saúde. Hoje,

onde está Morro Vermelho, fica

da Universidade de São Paulo

ele se lembra dessa fase como

em um dos pontos mais altos do

(Esalq-USP), de Piracicaba. Ca-

quem está habituado a vencer de-

Brasil, a Serra dos Caiapós, com

sou-se e teve três filhas. Traba-

safios. “Quando era adolescente,

cerca de 5 mil nascentes, entre

lhou em várias áreas nos negó-

fui discriminado por ser obeso.

elas a do Rio Araguaia, e reservas

cios da família e por oito anos

Cuidei do corpo, tornei-me atleta

de cerrado como o Parque Nacio-

foi diretor-executivo de suas três

e, como jogador de vôlei, participei

nal das Emas.

unidades de produção de açúcar

de equipes campeãs”, conta.

que

Zillo

e etanol. Embora tenha recebido

Em maio de 2009, Zillo ingres-

sente-se em casa, mesmo que,

convites de outras empresas, não

sou na Diretoria Agrícola da ETH.

para chegar lá, viaje mais de

queria mudanças em sua vida.

Um mês depois foi chamado para

Em

Morro

Vermelho,

participar da junção de ativos com a Brenco e liderou parte dos pro-

“Descobri que tenho um gosto por novidades e uma adaptabilidade que desconhecia. ‘Ressetei’ minha vida e minha visão de mundo”

cedimentos de valuation (processo qualitativo de avaliação de empresas). A partir de setembro, liderou o projeto de padronização dos processos agroindustriais, implantado em abril de 2010. Naquele mesmo mês, assumiu a Superintendência do futuro Polo Araguaia, liderando a fusão de equipes, processos e todos os projetos de produção de cana-de-açúcar.

7474

informa


Como Superintendente do Polo

as condições de vida e de traba-

com os princípios e valores da Tec-

Araguaia, relaciona-se direta e in-

lho das pessoas”, ele salienta.

nologia

tensamente com integrantes, par-

“A agricultura e a agroindústria,

(TEO). Depois, pela oportunidade

ceiros, fornecedores, sindicatos e

agora mecanizadas, são impor-

de participar de uma megaopera-

comunidade. Renegocia contratos.

tantes geradoras de oportunida-

ção que contribui para o desenvol-

Reúne-se com proprietários de

des profissionais e de renda. Só o

vimento do país. “A economia de

terras da região – que tradicional-

Polo Araguaia da ETH tem mais de

Mineiros cresceu 30% nos últimos

mente atuam com outras culturas

3 mil integrantes, além dos postos

cinco anos”, informa. E também

e criam gado – e os aconselha a

indiretos de trabalho

pela possibilidade de comprovar

dedicar parte de suas fazendas

que propicia.”

ao plantio de cana, para maior

Sobre

os

Empresarial

Odebrecht

sua própria competência. “Na ETH, tudo acontece em velo-

diversificação e estabilidade nos

porquês de ter

cidade acelerada e, fora do

rendimentos. Liderou a criação de

se integrado

nicho familiar, descobri que

um centro de capacitação profis-

à ETH, Zillo

tenho um gosto por novida-

sional para técnicos, em Mineiros,

não titubeia:

des e uma adaptabilidade

uma parceria da ETH com o Senai

foi,

que desconhecia. ‘Ressetei’

(Serviço Nacional de Apredizagem

de tudo, pela

Industrial). “Queremos melhorar

i d e n t i f i ca ç ã o

acima

minha vida e minha visão de mundo”, afirma.

informa

75


cultura

Acervo de princípios Biblioteca Hertha Odebrecht é inaugurada no Edifício-Sede da Organização, em Salvador texto Rodrigo Vilar

E

fotos Beg Figueiredo

m cerimônia realizada em

Administração da Odebrecht S.A. e

por integrantes e, também, publi-

18 de agosto, foi inaugura-

a Norberto, Emílio e Marcelo Ode-

cações da Organização, ambienta

da, no Edifício-sede da Or-

brecht, que se sucederam na lide-

a realização de eventos sociocul-

rança da Organização.

turais. Desde a inauguração até

ganização, em Salvador, a Biblioteca Hertha Odebrecht. Durante o

A biblioteca faz parte do Núcleo

meados de outubro, foram reali-

evento, Hebe Meyer, Assessora da

da Cultura Odebrecht, localiza-

zados 11 eventos, entre palestras

Presidência do Conselho de Cura-

do no andar térreo do Edifício-

de educadores, como a professora

dores da Fundação Odebrecht,

-sede da Organização, e, além de

Mabel Velloso e o historiador Ubi-

apresentou o novo espaço de cul-

reunir o acervo literário pessoal

ratan Castro, sessões de cinema

tura aos membros do Conselho de

doado por Norberto Odebrecht e

com a exibição de longas, como

informa


A Pedagogia da Presença, do di-

vo, religioso e de confiança. Desde

Odebrecht. Hertha Odebrecht teve

retor Jorge Alfredo, e atividades

cedo, com disciplina e organização,

presença marcante na formação

para o público infantil, a exemplo

minhas irmãs e eu fomos prepara-

do fundador da Organização e dedi-

de uma leitura adaptada sobre a

dos para a vida e para o trabalho.

cou-se a uma educação dos filhos

vida de Castro Alves feita pelo ator

Os ensinamentos sempre visavam

baseada em princípios e valores

Jackson Costa, em comemora-

à busca da Verdade e do que era o

que contribuíram decisivamente

ção ao Dia das Crianças. Todos os

certo e melhor para todos”.

para o estabelecimento do que vi-

eventos lotaram a casa. Outra característica do projeto

O nome da biblioteca é uma homenagem à mãe de Norberto

riam a ser as bases da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO).

é a existência de um espaço para exposições temáticas temporárias. O primeiro tema escolhido é a trajetória de Hertha Odebrecht e os lugares onde viveu. Em uma das citações expostas, Norberto fala de seus valores familiares: “Em casa, sob a liderança de minha mãe, Hertha Odebrecht, vivíamos em um ambiente familiar educati-

Marcelo, Norberto e Emílio Odebrecht com a foto de Hertha Odebrecht: gerações marcadas e unidas por princípios e valores cultivados desde cedo, em casa. Na foto menor, jovens estudantes de Salvador folheiam livro na biblioteca: espaço aberto à comunidade

informa

77


DESENVOLVIMENTO sustentável

Cada um em seu papel essencial texto Gabriela Vasconcellos

fotos Márcio Lima

No assentamento Margarida Alves, em Ituberá, no Baixo Sul da Bahia, famílias de pequenos agricultores se unem e se capacitam para o desenvolvimento da comunidade

78

informa

A

margarida é uma flor curiosa. Ao apreciá-la de perto, percebe-se que, na verdade, ela é

formada por dois tipos de flores. Não é por acaso que as pétalas brancas envolvem o miolo amarelo. Com funções distintas, essas partes integram um todo preparado para desempenhar diferentes tarefas essenciais à sua sobrevivência. É assim também na comunidade que leva seu nome. O assentamento Margarida Alves, loca-


Antonio Nascimento, a esposa e o filho caçula: “Passamos a ter apoio técnico e nossa produtividade cresceu”

lizado no município de Ituberá (a 280

conseguimos. Naquela época, minha

Com a plantação de palmito de

km de Salvador), surgiu da ocupação

maior vontade era ter um pedaço de

pupunha, Antonio é só esperança. Em

do Movimento dos Trabalhadores

terra”, relembra. Com a chegada da

até dois anos, colherá, mensalmente,

Sem Terra, em 1998. Desde então, as

Cooperativa dos Produtores de Palmi-

cerca de 750 hastes, o que lhe renderá

famílias se organizaram, dividiram as

to do Baixo Sul da Bahia (Coopalm) ao

R$ 1.100 por mês, somente com essa

propriedades e se uniram pelo desen-

assentamento, em 2009, o agricultor

cultura. “Quero produzir ainda mais,

volvimento da comunidade.

encontrou uma oportunidade de cres-

ampliar minha propriedade”, diz o

Antonio Nascimento Santos, 64

cimento. “Em todos esses anos, o que

agricultor, que às 5 horas da manhã

anos, chegou à região em 1996, ao

mais nos marcou foi a vinda da Coo-

já está pronto para ir ao campo tra-

lado de sua esposa e dos filhos, em

palm. Somos parceiros. Passamos a

balhar. “Isso tudo é para garantir o

busca de trabalho. “Não tinha onde

ter apoio técnico, e a nossa produtivi-

dinheirinho do fim do mês. É assim

fazer meus cultivos, aqui foi onde

dade cresceu”, ele relata.

que cuido da minha família e da casi-

informa

79


Ananias de Sena: “Nossa comunidade se desenvolveu”

nha em que moro. Agora planejamos

de migrar para os grandes centros

gulamentação documental e contá-

comprar um carro”, revela.

em busca de um sonho que não exis-

bil, e a Cooperativa dos Aquicultores

Antonio não trabalha sozinho. Com

te”, assegura o novo empresário rural,

de Águas Continentais (Coopecon)

o filho caçula, Antonio Nascimen-

que em 2011 associou-se à Coopalm.

já iniciou contato com a comunidade

to Santos Filho, o único dos três que

“Do futuro, só tenho a certeza de que

para implantar o cultivo de peixes na

permaneceu no assentamento, não

estarei envolvido com agricultura”, ga-

região, o que gerará mais uma opor-

divide apenas o nome: compartilha

rante. Seu pai aposta nesse caminho:

tunidade de trabalho e renda.

também o amor pela terra. “Agricul-

“Fico muito feliz em ter meu filho tra-

Para os moradores do assenta-

tura é a minha vida. É o meu negó-

balhando na terra. É do campo que a

mento, isso é apenas o começo. “Já

cio”, afirma Antonio Filho, 24 anos,

gente consegue tudo”.

sentimos a diferença. Nossa comunidade se desenvolveu, temos mais

educando da Casa Familiar Rural de

Em 2011, mais de 10 mil hastes colhidas

conforto e orientação”, diz Ananias de

do Programa de Desenvolvimento In-

Atualmente, 18 das 25 famílias que

habitantes de Margarida Alves e tam-

tegrado e Sustentável do Mosaico de

moram em Margarida Alves são as-

bém associado à Coopalm. “Nossa

Áreas de Proteção Ambiental do Baixo

sociadas à cooperativa. Somente em

renda só tem a aumentar.”

Sul da Bahia (PDIS), apoiado pela Fun-

2011, mais de 10 mil hastes de palmito

A mesma determinação de Ana-

dação Odebrecht.

foram colhidas, o que tem gerado ren-

nias está presente em cada família

Igrapiúna (CFR-I) – unidade de ensino que, assim como a Coopalm, faz parte

80

Sena, 73 anos, um dos mais antigos

Antonio Filho está concluindo a

da média superior a R$ 750 aos agri-

que se inspira na força e na coragem

formação de três anos. Durante esse

cultores. “Apostamos na cooperativa

daquela que batizou a comunidade.

período, teve acesso à capacitação em

porque vimos que era um projeto que

Margarida Maria Alves, falecida em

muitas áreas, como administração ru-

dava certo”, garante Antonio Filho.

1983, foi uma lutadora da terra, pio-

ral, solos, culturas perenes e benefi-

Além da Coopalm e da CFR-I, ou-

neira na defesa dos direitos dos traba-

ciamento de produtos de origens ani-

tras instituições ligadas ao PDIS es-

lhadores rurais no Brasil. “Ela não era

mal e vegetal, além de noções sobre

tão interagindo com o assentamen-

daqui, mas sua batalha nós conhece-

cooperativismo, educação ambiental e

to. A Organização de Conservação

mos”, diz Ananias. Pelas histórias que

protagonismo juvenil. As novas técni-

de Terras (OCT), por exemplo, tem

ele conta, Margarida não tinha relação

cas aprendidas, aliadas à assistência

apoiado a comunidade a conquistar

com a fragilidade e a delicadeza da

da Coopalm, têm contribuído para

a regularização ambiental fornecida

flor. Sua bravura e dedicação ao grupo

ampliar a produtividade da família.

pelo Governo estadual. A Associação

que defendia lembravam à do mio-

“É possível viver bem na zona rural

Guardiã da Área de Proteção Am-

lo amarelo, que sustenta as pétalas

e se desenvolver sem a necessidade

biental do Pratigi (Agir) facilita a re-

brancas.

informa


história

Cara e coroa do tempo Exposição em Salvador conta 2500 anos de história das moedas texto Emanuela Sombra

U

ma moeda cunhada há

Associação Comercial da

do pai. Tanto

2.500 anos, na Grécia An-

Bahia (ACB), em Salvador.

que uma pe-

tiga. Outra, da Macedônia

“A Bahia teve a primeira

quena

de Alexandre, o Grande. E outras da

Casa da Moeda do Brasil. É

das cédulas e

época do Tratado de Tordesilhas, da

simbólico ter uma exposição

Roma Antiga, do Brasil Colônia, do

como essa, de forte caráter di-

Egito de Cleópatra, da Inglaterra de

dático, em Salvador”, afirma o jorna-

como vivi muito tempo

Henrique VIII... Raridades que po-

lista, que disponibilizou as 460 peças

no exterior, sempre ia aos antiquá-

dem ser vistas na exposição Dinhei-

(aproximadamente metade da sua

rios, pegava uma moeda aqui, outra

coleção) que ficarão expos-

li. Comecei a fazer isso em uma épo-

tas ao público até 30 de

ca em que o número de pessoas que

ro, Deuses & Poder – 2.500 anos de história política das moedas, organi-

parte

moedas foi herdada dele. “Mas

se interessava pelo assunto não era

novembro.

grande”, diz o colecionador.

zada pelo jornalista

Ex-correspon-

e escritor baiano

dente internacional

Marcos Meirelles Fonseca, Presi-

Noenio Spinola.

em alguns países,

dente da ACB, afirma: “Esta é uma

como Rússia, In-

das mais relevantes exposições que

Infraes-

trutura, a exposição foi inaugurada em setembro na

Estados

a Bahia já recebeu e nos faz repensar

Unidos, Spinola tornou-

a história do surgimento do empre-

-se um colecionador por causa

endedorismo no estado e em seus

glaterra

e

desdobramentos ao longo dos séculos”. Com recursos tecnológicos e efeitos multimídia, Dinheiro, Deuses

& Poder revela, a partir da relação das pessoas com o dinheiro, o apogeu e o declínio de civilizações antigas e modernas. A mostra também homenageia a Bahia, relembrando as reivindicações dos primeiros colonos e administradores da província para modernizar os portos, ajustar o câmbio e aumentar a competitividade dos produtos coloniais de exportação. “Para a Organização Odebrecht, Acervo Odebrecht

Patrocinada pela Odebrecht

apoiar ações como esta é preservar o patrimônio histórico e imaterial do nosso país”, salienta André Vital, Diretor-Superintendente da Odebrecht Infraestrutura.

informa

81


saberes

O alicerce inabalável da vocação Depoimento de Augusto Roque a Valber Carvalho Fotos: Geraldo Pestalozzi

E

le ingressou na Organização

Argentina; foi diretor de contrato na

em 1985, oito anos depois de

Hidrelétrica de Xingó, na divisa entre

formado. Hoje, após ter par-

Sergipe e Alagoas; e diretor de con-

ticipado da construção de oito bar-

trato na primeira obra da Odebrecht

ragens e hidrelétricas no Brasil e no

no México, a Hidrelétrica de Los Hui-

exterior, e vivido 25 anos em cantei-

tes, até assumir o posto de diretor-

ros de obra, Augusto Roque, Diretor

-superintendente daquele país.

de Engenharia da Odebrecht Ener-

No fim de 1996, foi convidado

gia, continua em busca de desafios.

para trabalhar na ilha de Bornéu,

“Nasci para ser engenheiro”, afirma.

na Malásia, onde certo dia recebeu

Tudo indica que foi aos 11 anos

um recado intrigante: o chefe indí-

que aflorou sua vocação para barra-

gena local, comandante de 10 mil

geiro, ao acompanhar o pai, profes-

aborígenes, queria lhe encontrar,

sor de Balística da Escola Superior

sozinho.

de Guerra, em uma visita às cin-

Augusto Roque é o terceiro inte-

quentenárias usinas hidrelétricas

grante a dar seu depoimento para o

de Paulo Afonso, no norte da Bahia.

projeto Saberes – Gente que apren-

“Aquilo me impressionou demais”.

deu no trabalho e na vida. Sua en-

Augusto Roque sempre acredi-

trevista poderá ser vista no site de

tou que assumir grandes desafios é

Odebrecht Informa (www.odebre-

a forma mais eficaz de conquistar o

chtonline.com.br) A seguir, alguns

crescimento profissional e pessoal.

trechos de seu depoimento.

Com apenas três meses na Odebreprimeira prova de fogo: ser gerente

O despertar do barrageiro

de produção da obra da Barragem

Meu pai era militar da Marinha.

de Flores, em área isolada no sul

Eu tinha 11, 12 anos, e fiz uma

do Maranhão. Para isso, fez apenas

viagem com ele para conhecer o

uma exigência: levar sua esposa e o

Complexo Paulo Afonso, na déca-

filho de pouco mais de um ano.

da de 60. Nós fomos num avião da

cht, não pestanejou em aceitar sua

82

Depois de dois anos no Mara-

Aeronáutica e aí eu conheci minha

nhão, Augusto Roque trabalhou na

primeira hidrelétrica, Paulo Afon-

informa

Augusto Roque é protagonista de uma trajetória desafiadora e emblemática, que incluiu experiências no Brasil, na Argentina, no México e na Malásia


informa

83


aquilo é um almoço de prazer dele. Ele não quer ir para um refeitório comer arroz com feijão com batata e com não sei o quê. Então esse tipo de respeito você tem que ter.

O chefe indígena malaio manda um recado Roque: “Nasci para ser engenheiro”

O local da futura Hidrelétrica da Bakun, na ilha de Bornéu, na Malásia, era cercado de tribos indígenas. Passados alguns meses que eu havia chegado, recebi o recado que o chefe da tribo indígena queria me conhecer. Parecia um filme em que eu era o chefe dos brancos e ele, o chefe dos índios. Tinha que ir sozinho, e minha preocupação era como ia me comunicar com o chefe da tribo. Acabamos nos comunicando por gestos. E eu tive que comer um negócio que eu tinha a certeza absoluta de que era alguma coisa de macaco. Até hoje não sei o que foi que eu comi; aquilo me deu um enjoo danado, mas fazia parte do

so 1 e Paulo Afonso 2, descendo

Diferenças culturais Na Malásia, existe uma fruta que,

sionou demais. Eu sempre fiquei

se alguém entrasse num ambiente

com aquilo na cabeça.

com ela, você tinha que sair. Para

O recorde de lançamento de concreto

você ter uma ideia, na entrada dos

A construção da Hidrelétrica de

Uma única exigência

hotéis internacionais tem placas di-

Los Huites, no México, era uma obra

E nesse projeto eu fiz uma exigên-

zendo: “Proibido entrar com a fruta

tão grande que nós batemos o recor-

cia: que a minha família ficasse co-

dúrian. Ela tem um cheiro de amô-

de mundial de lançamento mensal

migo. O pessoal na época estranhou

nia misturado com jaca. Se você está

de concreto nesse projeto. E fomos

muito e falou: “Poxa, Roque, você

num recinto e alguém entra com

capa da revista ENR-Engineering

vai levar sua mulher para lá?” “Vou.

essa fruta você não consegue ficar.

News-Record. Foi um projeto de

Minha mulher é uruguaia, eu tenho

Mas, para o malaio, aquilo é uma

muita visibilidade para a Odebrecht,

apenas quatro anos de casado e vou

iguaria. Um negócio espetacular, um

em consórcio com empresas mexi-

morar com ela na obra.” “Mas nós

manjar. É a cultura deles.

canas. Mas o que me chamou muito

não temos como!” “Não se preocu-

a atenção foi uma frase pintada no muro do cemitério, onde estava es-

era a única mulher na obra, nós éra-

O refeitório do peão uruguaio

mos 3 mil homens. Morávamos em

O trabalhador uruguaio quer re-

o passar dos dias é que os trabalha-

uma casa de alvenaria sem reboco,

ceber um pedaço de carne crua, pão,

dores mexicanos entenderam a nos-

que foi feita meio improvisada. Meu

alface, tomate e cebola e quer fazer o

sa filosofia, e depois de uns quatro

primeiro filho tinha pouco mais de

seu fogo no campo. Ele destaca uma

meses vimos que o muro do cemité-

um ano.

pessoa para assar aquela carne e

rio havia sido pintado de branco.

pem, eu dou um jeito”. Minha mulher

84

jogo.

em cavernas e aquilo me impres-

informa

crito: “Fuera los brasileños”. Só com


Próxima edição:

Sustentabilidade RESPONSáVEL POR COMuNICAçãO EMPRESARIAL NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Márcio Polidoro

Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 150 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.

RESPONSáVEL POR PROGRAMAS EDITORIAIS NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Karolina Gutiez COORDENADORES NAS áREAS DE NEGóCIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa COORDENAçãO EDITORIAL Versal Editores Editor José Enrique Barreiro Editor Executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes Projeto Gráfico e Ilustrações Rico Lins Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti Tiragem 7.800 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom Redação: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023 São Paulo (55) 11 3641-4743 email: versal@versal.com.br


Carlos Júnior foto:

“A eficácia do trabalho conjunto pressupõe a comunicação livre, qualificada e profunda entre os seres humanos, a fim de que possam compartilhar a concretização das mesmas prioridades e comprometer-se com elas” TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]

86

informa


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