# 159 ano XXXIX MARÇO/ABRIL 2012
ASSIM SE FAZ O CAMINHO Os projetos de transportes e logística que tornam possível levar e trazer tudo aquilo que a imaginação concebe e que o desenvolvimento exige
Balsa no Porto de Belém carregada com equipamentos destinados ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte
II
informa
informa
1
foto:
Lia Lubambo
Odebrecht Informa em mídias digitais Site : www.odebrechtonline.com.br Leia também a revista no seu iPad e no seu smartphone
Edição online
Acervo online
iPad e smartphone
> Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF
Videorreportagem
Blog
> Na quarta entrevista do projeto Saberes, Gilberto Neves, Diretor-Superintendente da Odebrecht nos Estados Unidos, fala de momentos marcantes de sua trajetória nos países onde atuou > Hidrelétrica de Belo Monte, em construção no Rio Xingu, no Pará, utiliza a alternativa fluvial para transportar materiais e equipamentos > Construção de linhas de metrô em Caracas e Los Teques é destaque nos investimentos da Venezuela em mobilidade urbana
> Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa, desde a nº 1 e faça o download do PDF completo da revista > Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002 > Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev)
> Logística “verde” da Braskem permite a utilização de empilhadeiras elétricas cuja tecnologia é 100% sustentável e contribui para a redução de gases poluentes > Nos Estados Unidos, 95% da produção da Braskem chega aos clientes por trem, otimizando os custos e o tempo gasto nas operações > Em funcionamento desde 1985, Estrada de Ferro Carajás passa por obras para duplicação de alguns trechos e a expansão de 114,7km
informa
A vitória é de quem acredita Projeto Acreditar qualifica trabalhadores e contribui para o desenvolvimento de comunidades próximas à Hidrelétrica Teles Pires
> Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos nas versões para iPad e smartphone
> Acessando a app Store através do seu iPad, você pode baixar, gratuitamente, as edições da revista
> Aos 31 anos, Thiago Nehrer fala sobre os desafios de fazer parte de uma grande empresa
> Você pode ler Odebrecht Informa no seu smartphone. Acesse, do dispositivo, o endereço www.odebrechtinforma. com.br
> Maior da América Latina, o Porto de Santos celebra 120 anos em 2012
> Envie comentários e sugestões para versal@ versal.com.br
Leia no blog de Odebrecht Informa os posts escritos por repórteres e editores da revista.
> Conheça a história de um alfaiate angolano que transforma em arte os tecidos típicos de seu país > Quando a pesquisa científica dá as mãos à prática, reflorestar ganha um novo significado
Edu Simões foto:
#159
transportes e logística 6
Construção de anel rodoviário em Lisboa e ampliação do Metrô do Porto simbolizam um novo ciclo de avanço da infraestrutura de transportes de Portugal
12
Rota do Sol e Trem Elétrico, soluções emblemáticas para a melhoria da mobilidade na Colômbia e no Peru
16
Programas de comunicação são destaque na atuação das concessionárias com participação da Odebrecht TransPort
18 22
Ferrovia Transnordestina: nos trilhos do desenvolvimento, a ligação entre o interior e os portos
26
Concessões: em quatro estados brasileiros, a busca de uma prestação de serviço de qualidade a usuários de trens, metrôs e rodovias
30
Paulo Cesena e os desafios da Odebrecht TransPort, uma empresa cada vez mais focada na relação direta com o público
33 36
Sistemas construtivo e de logística permitem a execução do projeto habitacional Jardins Mangueiral, em Brasília, em ritmo acelerado
40
Em Caracas e Los Teques, um retrato dos investimentos da Venezuela para o aprimoramento da mobilidade urbana
46 52
Os desafios e as histórias da Olex, uma empresa que está presente em cada movimento das equipes da Organização
54
Belo Monte: execução da hidrelétrica, no Pará, tem entre seus destaques a estratégia de logística baseada na integração de modais
58
Importações de equipamentos e materiais para o Projeto PTA POY PET, em Pernambuco, envolvem até 17 países e 30 cidades
60
Autoestradas, vias expressas, avenidas: nas grandes cidades e no interior, Angola abre caminhos para crescer
64
Gente: saiba o que faz Juliana Lima, Paulo Brito e Juliana Calsa sentirem-se permanentemente motivados a fazer sempre mais e melhor
66
Combatendo os gargalos: a contribuição do Terminal Embraport, no Porto de Santos, e da dutovia desenvolvida pela Logum
70
OOG é a primeira empresa brasileira a construir e operar navios PLSVs, por meio dos quais são instalados dutos flexíveis em águas ultraprofundas
foto de capa: guilherme afonso
72
&
Gustavo Prisco escreve sobre a necessidade (e a urgência) de o Brasil resolver seus gargalos de infraestrutura de transportes e logística
76 80 84 87
notícias pessoas
Capa Ilustração de Rico Lins
As soluções de acessibilidade que irão beneficiar regiões populosas em Pernambuco e no Rio de Janeiro
Saiba de que forma os petroquímicos básicos chegam aos clientes: rodovias, ferrovias, hidrovias e dutovias fazem o caminho da Braskem
O engenheiro argentino Diego Casarin: família, trabalho e as lembranças de muitos momentos mágicos proporcionados pelo basquete
ORGANIZAÇÃO ALEMANHA DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS SABERES
informa
3
4
informa
EDITORIAL
O que não está no dicionário
N
o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, “gargalo” é definido assim:
“parte superior de garrafa ou doutra vasilha, com entrada estreita”. Na vida de um país, o outro significado desse substantivo masculino pode explicitar um dos maiores riscos para o seu desenvolvimento.
A urgência em aprimorar as infraestruturas de transportes e logística é um de-
safio que confronta o Brasil e outros países com seu potencial de avanço e crescimento no mercado interno e externo. Não basta ter bons produtos. É preciso fazer
“Ao buscar soluções para atender seus clientes, as empresas da Organização Odebrecht participam dos esforços do Brasil e dos outros países para ampliar e modernizar suas infraestruturas de transporte e logística”
com que cheguem aos clientes, com qualidade e no prazo estabelecido. Para isso, é imprescindível que uma complexa engrenagem funcione corretamente. Dos centros produtores às estradas e ferrovias e, delas, aos portos – dessa forma, constroem-se os caminhos que poderão conferir a um país o atendimento das necessidades de seus habitantes e o aumento de sua competividade internacional. Ao buscar soluções para atender seus clientes, as empresas da Organização Odebrecht participam dos esforços do Brasil e dos outros países para ampliar e modernizar suas infraestruturas de transporte e logística. Nesta edição de Odebrecht Informa, em que o destaque são os projetos da Organização no setor de Transportes e Logística, você encontrará histórias que emblematizam o esforço de cidades, estados e nações para solucionar seus gargalos, que podem se referir ao escoamento da produção para o mercado doméstico, à exportação e à importação, mas que também podem dizer respeito a questões como a boa prestação de um serviço público por concessionárias de rodovias ou a melhoria da qualidade do transporte público de massa, com a ampliação de redes metroviárias e a construção de sistemas viários urbanos. Da importação de um equipamento de grande porte necessário à construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, à ampliação do Metrô de Caracas, passando pela movimentação de petroquímicos básicos produzidos pela Braskem e a execução de vias expressas em Angola, as equipes da Odebrecht, com seu conhecimento e espírito de servir, lançam-se cotidianamente à tarefa de ajudar as comunidades nas quais atuam a resolverem seus gargalos e a evitarem que seus sonhos e objetivos fiquem presos dentro da garrafa dos sonhos não realizados. Porque abrir mão de objetivos e da esperança de tempos melhores decididamente não faz parte do dicionário dos integrantes da Organização Odebrecht. Boa leitura.
Hist贸r os caminhos da
texto Luiz Carlos Ramos fotos Edu Sim玫es
6
informa
6
ória
No Porto e em Lisboa, projetos metroviários e rodoviários são executados em sintonia com a preservação do patrimônio cultural e arquitetônico
Cidade do Porto: ampliação do metrô permite ligação do centro histórico ao Rio Douro e à vizinha Vila Nova de Gaia
informa
7
O
grande avanço de Portugal no aprimora-
Desafios de uma obra urbana
mento de sua infraestrutura nos últimos
A Circular Regional Interior de Lisboa – Cril tem 21 km
25 anos, consequência da entrada do país
e atravessa todo o norte da cidade, tornando ágil a ligação
na União Europeia, em 1986, fez com que
entre o Aeroporto Internacional, a Estação Ferroviária do
o território nacional seja, hoje, cortado de
Oriente e a Ponte Vasco da Gama, além de se interligar
norte a sul por modernas autoestradas e por trens rápi-
a outras vias rápidas. Trata-se de um autêntico rodoanel,
dos, em contraste com as limitações que existiam até o
que ficou praticamente completo em abril de 2011, com
início dos anos 1980. Pontes, viadutos e túneis reduzem
a conclusão do trecho de 3,7 km entre Buraca e Ponti-
distâncias e ampliam a presença de turistas de outras re-
nha, passando por Lisboa, Amadora e Odivelas e por nove
giões da Europa, atraídos pelo clima quente e por lindas
bairros, entre os quais Benfica, onde se situa o estádio do
praias, montanhas, planícies, castelos, uma culinária apai-
popular clube de futebol que leva o nome do bairro.
xonante e vinhos que estão entre os melhores do mundo.
A BPC, contratada pela empresa Estradas de Portugal
Nesses anos de novo ciclo de evolução, as duas maio-
S.A. para essa etapa do complexo, cumpriu a missão em
res cidades do país, Lisboa e Porto, ganharam linhas de
pouco mais de três anos. A realização das obras exigiu a
metrô e extensas autopistas, que convivem com as ruas
demolição de casas e a remoção de 1.600 famílias mora-
estreitas de bairros românticos e históricos. A partici-
doras da área, reurbanização, a abertura de túneis, trevos
pação da Odebrecht International na construção desse
e acessos e a preservação de dois históricos aquedutos:
cenário ocorre por meio da Bento Pedroso Construções (BPC), responsável por diversas obras no país. Três das mais recentes acabam de ser concluídas: duas na região de Lisboa e uma na área do Porto. O complexo de autopistas da capital portuguesa ficou ainda mais extenso e dinâmico em 2011, com a inauguração de um novo trecho da Circular Regional Interior de Lisboa – Cril, que significou a conclusão do rodoanel que interliga as duas travessias rodoviárias do Rio Tejo: as pontes Vasco da Gama e 25 de Abril. Já a partir do subúrbio de Almada, do outro lado do Rio Tejo, a Ponte 25 de Abril une-se à autoestrada do Baixo Tejo, cujo trecho mais novo também foi construído pela BPC, facilitando o acesso a praias frequentadas pela população lisboeta e por turistas. Por sua vez, o metrô da cidade do Porto, no norte do país, composto de seis linhas, ganhou outra extensão em uma de suas linhas mais movimentadas, a que liga o centro histórico ao Rio Douro e à vizinha Vila Nova de Gaia, cidade de expressiva atividade industrial. As obras portuguesas de transporte e infraestrutura vão prosseguir nos próximos meses. A Odebrecht International, por meio da BPC, está entre as seis empresas do Consórcio Elos, Ligações de Alta Velocidade S.A., responsável pela construção de trechos da futura linha de trem rápido que conectará Lisboa a Madri em apenas três horas. O projeto original vem passando por alterações e deverá ser liberado pelos governos de Portugal e da Espanha, interessados em facilitar o acesso de turistas à Península Ibérica.
8
informa
Cril: anel viário que atravessa todo o norte de Lisboa
o das Águas Livres e o das Francesas. O Aqueduto das
reurbanização sobre a necessidade da autopista para a
Águas Livres, com seus arcos, tem quase 300 anos, re-
cidade.” José Joaquim Martins relata: “Um dia antes da
sistiu ao terremoto de 1755, continua sendo utilizado e é
inauguração, o trecho foi aberto para que apenas as pes-
atração turística.
soas o percorressem a pé”.
José Joaquim Ferreira Martins, Diretor de Contrato,
Nos túneis, a iluminação é moderna, há sinais
explica: “Foi uma ação muito desafiadora, por causa da
de trânsito luminosos e alto-falantes para alertar
situação urbanística, que exigiu grande movimento de
os motoristas sobre risco de acidentes e congestio-
terra. Nesse trecho de quase 4 km, tivemos de fazer dois
namentos. Os muros de concreto laterais são deco-
túneis, o Benfica, de 1.446 m, que passa junto a um aque-
rados com desenhos de grafiteiros. “Nosso cliente,
duto, e o de Venda Nova, de 300 m.” A obra contou com a
Estradas de Portugal, organizou um concurso para
participação de 3.181 trabalhadores, dos quais 85% eram
premiar os melhores grafiteiros. Com a ocupação
portugueses e 15% de outras nacionalidades.
dos espaços por esses desenhos, evitou-se o risco
Antonio Martins, técnico responsável pelo relaciona-
da pichação predadora”, relembra José Joaquim
mento com a comunidade, recorda: “Era preciso expli-
Martins, que se prepara para integrar a equipe diri-
car aos motoristas o porquê dos congestionamentos de
gente das obras de construção do trecho português
trânsito ocorridos durante a obra. Também foi necessário
da Ferrovia Lisboa-Madri, pela qual trens ultravelo-
argumentar com os moradores removidos por causa da
zes unirão as duas capitais.
informa
9
e a obra foi inaugurada em 18 de novembro de 2011, com traçado moderno, quase sem curvas”. Gonçalo Matos, Responsável por Engenharia, salienta que não apenas o turismo sai beneficiado: muitas pessoas moram naquela região e trabalham na área central de Lisboa. “Houve necessidade de demolição de casas e construção de viadutos”, diz. “Quem reclamava dos congestionamentos na época da obra agora percebe o quanto ficou mais rápido o caminho pelo Baixo Tejo.”
O Metrô do Porto cresce Até 2002, a cidade do Porto não tinha metrô. Havia apenas antigos bondes elétricos, ruas estreitas e obras de autopistas. Em apenas 10 anos, a rede metropolitana ganhou seis linhas, entre as quais uma que leva ao aeroporto. O sistema, integrado por 81 estações, das quais 14 são subterrâneas, é basicamente de superfície, mas com 7 km de túneis. Os trens amarelos, de tecnologia francesa, silenciosos e modernos, servem a sete municípios – Estação do Oriente: com a Cril, conexão mais ágil com o Aeroporto Internacional e com a Ponte Vasco da Gama
Novo acesso às praias
Porto, Póvoa do Varzim, Vila do Conde, Maia, Matosinhos, Gondomar e Vila Nova de Gaia – e contribuíram para a retirada de milhares de automóveis das ruas. A BPC, que já vinha ao longo dos anos participando da
Apesar de as praias portuguesas mais visitadas por
ampliação do Metrô de Lisboa, executou, em dois anos,
turistas estrangeiros serem as da região de Algarve, no
em parceria com a empresa Lena, as obras de prolonga-
extremo sul do país, onde o sol brilha em todas as esta-
mento da linha D, que une o Centro Histórico à Estação
ções do ano, entusiasmando principalmente visitantes do
Ferroviária de São Bento, ao Hospital Central do Porto e
norte europeu, a região de Lisboa também é privilegiada com belos balneários, na área de Estoril e Cascais e na do outro lado do Rio Tejo, o chamado Baixo Tejo. A Ponte 25 de Abril, inaugurada em 1966 e que recebeu esse nome em 1974, em homenagem à Revolução dos Cravos, que democratizou o país, é o acesso mais direto a Almada e às praias daquela margem, junto ao rio e ao mar. A Autoestrada do Baixo Tejo integra um conjunto de 70 km de infraestruturas, uma extensão sul do anel viário da região de Lisboa, caminho direto para as praias. O lote norte dessa obra coube à BPC, juntamente com a Lena e a MSF, tendo como cliente a empresa Estradas de Portugal. O Diretor de Contrato Bruno Medeiros fala sobre a recente construção de 4 km de duas pistas desse complexo, próximo aos balneários de Caparica: “No trajeto, havia enormes postes de linhas de alta-tensão, que teriam de ser deslocados, com permissão da empresa de eletricidade, o que retardou os trabalhos em um ano. Mas, com paciência e segurança, conseguimos superar o desafio,
10
informa
Composição do Metrô do Porto: em apenas 10 anos, a rede ganhou seis linhas
Autoestrada do Baixo Tejo: benefício para turistas e moradores, ao facilitar o acesso ao litoral
ao Polo Universitário. Em 15 de outubro de 2011, em Vila
Esse túnel foi aberto ao trânsito em 30 de janeiro de
Nova de Gaia, foram entregues uma nova estação, a Santo
2012. “O grande desafio da obra foi a necessidade de
Ovídio, a remodelada estação D. João II e o trecho de linha
executá-la sem a interrupção do fluxo diário de milha-
que liga essas duas estações, na movimentada Avenida
res de pedestres e veículos na área”, relata Temido.
da República.
A equipe direta de Luís Temido era formada pratica-
Luís Temido, com a experiência de ter participado
mente só por portugueses. Do time, fazia parte também
de várias obras viárias em seus 19 anos de Odebrecht,
uma jovem engenheira brasileira, Mariza Maria de Souza
foi o Diretor de Contrato das obras do Metrô do Porto.
Ferreira, nascida na Bahia e radicada em Portugal desde
Ele relembra: “A nova estação é subterrânea, sob uma
criança. Há três anos na Odebrecht, Mariza explica que o
praça onde se cruzam duas ruas e a principal avenida
moderno metrô tornou mais atraente a cidade do Porto,
da cidade. Com isso, tivemos da fazer um túnel para
sem violentar as características históricas. “A linha recen-
o tráfego dos automóveis, por debaixo da passagem
temente ampliada é aquela que percorre a velha ponte
destinada aos vagões do metrô e em paralelo a ela”.
de ferro, construída por Gustave Eiffel, o mesmo da Torre Eiffel, de Paris. Essa ponte sobre o Rio Douro une o Porto a Vila Nova de Gaia e faz parte do mais belo cartão-postal da região”. Em Gaia, junto ao cais do rio, estão as várias adegas do famoso vinho do porto, cuja produção chega do alto Douro em tonéis de carvalho. Há um projeto para ampliar ainda mais a linha de metrô, que agora termina em Santo Ovídio, que deverá beneficiar bairros de casas populares onde vivem mais de 17 mil pessoas. Luís Temido afirma acreditar em novos ciclos de obras na região do Porto e nas demais áreas de Portugal. “Navegar é preciso; viver não é preciso”, escreveu, há quase 100 anos, o poeta português Fernando Pessoa, ressaltando o lema dos antigos navegadores. Os versos de Pessoa continuam representando inspiração para a gente portuguesa de hoje: “Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contibuir para a evolução da humanidade. É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa raça”.
informa
11
12 planeta Terra realiza dois tipos de movimento: a
Em Alcântara, está sendo construída uma das bases
translação, elíptico em volta do sol, e a rotação, em
de lançamento mais avançadas do mundo. Com ela, o
torno de seu próprio eixo. A lição é muito conhecida,
Brasil entrará para um seleto grupo de oito países com
ensinada no colégio, nos primeiros anos da educação
esse tipo de tecnologia. A Odebrecht Infraestrutura
formal brasileira. Pois é justamente o movimento de
está realizando as obras civis, participando do Consór-
rotação que faz com que Alcântara, pequena cidade à
cio Cyclone 4, ao lado da Camargo Corrêa. O cliente da
beira da Baía de São Marcos, no Maranhão, seja um
obra é binacional, a Alcântara Cyclone Space, uma par-
dos principais pontos do mundo para o lançamento de
ceria entre os governos do Brasil e da Ucrânia.
foguetes e satélites.
O nome Cyclone vem do foguete que será utilizado
movim
O município está localizado muito próximo à Linha
nos lançamentos, o Cyclone 4. Considerado um dos
do Equador. Isso permite ao veículo lançador utilizar de
mais seguros e eficazes do mundo (atinge três tipos
forma mais eficiente o movimento de rotação da Terra
de órbita), ele tem o impressionante recorde de ape-
para executar seu trabalho. Simplificando, pode-se di-
nas quatro falhas em 226 lançamentos até hoje. Ape-
zer que ele “aproveita” esse movimento, em razão da
nas outras sete nações detêm tecnologia de propulsão
localização provilegiada da base. Isso possibilita uma
similar: Estados Unidos, Rússia, Índia, China, França,
economia de até 30% do caríssimo combustível utiliza-
Japão e Cazaquistão.
a vida em
12
do. Por esse motivo, os equipamentos são capazes de
Para a construção da base, iniciada em 2011, é ne-
suportar cargas mais pesadas que o normal. “É uma
cessária a supressão de uma área de vegetação de cer-
grande vantagem que pode colocar o Brasil em desta-
ca de 100 hectares. Nesse espaço, estarão localizadas
que no aquecido mercado mundial de lançamento de
áreas de estoque de combustíveis e de montagem e
satélites”, comenta Clóvis Costa, Gerente de Produção
acoplagem de foguetes e satélites. Um trilho de ferro
da Odebrecht.
de aproximadamente 800 m que levará o foguete para
informa informa
Passageiros no Trem Elétrico de Lima: contribuição decisiva para a melhoria do sistema de transporte público de massa na capital peruana
a área de lançamento propriamente dita.
Rota do Sol e Trem Elétrico emblematizam os investimentos da Colômbia e do Peru em projetos de mobilidade há uma praia muito bonita”, diz. “O mais interessante é que respeitamos a identidade visual da região. O talude
Babaçu e sustentabilidade
de babaçu é confortável para os olhos, pois não des-
A vegetação predominante na área é o babaçu, uma
toa da paisagem”, acrescenta Coriolano Bahia, Gerente
espécie de palmeira, da qual são retirados o óleo e a
Administrativo da Odebrecht.
palha. Será realizado um replantio ostensivo da mata
Da forma como foi colocado o talude, até mesmo ve-
em outra região. Mas o que fazer com a madeira reti-
ículos maiores, como microônibus, podem passar por
rada (que não é de alto valor comercial) e que normal-
ali. Quem também se beneficiou com a solução foi Lin-
mente seria descartada?
coln Salles, 33 anos, dono da Pousada dos Guarás, uma
A partir de uma ideia criativa do Gerente de Produ-
pequena pérola próxima ao mar e ao mangue, onde o
ção Clóvis Costa e sua equipe, o Cyclone 4 conseguiu
hóspede desfruta do melhor suco de bacuri da região.
criar um ciclo sustentável para o babaçu, que foi reinte-
A pousada simplesmente ficaria isolada do mundo. A
grado à paisagem natural, tornando possível a preser-
passagem estreita já não possibilitava sequer o trânsito
vação da identidade visual maranhense em um muni-
dos fornecedores de alimentos. Mas a situação mudou.
cípio de importância histórica como Alcântara, ocupado
“Foi uma solução ambiental, que respeita a vegetação
pela primeira vez no século XVII, pelos franceses.
daqui. Um exemplo que poderia ser seguido pelas au-
Uma das mais belas praias da região é a dos Guarás. Por causa do avanço da maré, a única passagem
toridades”, destaca Lincoln.
mente fechando qualquer travessia terrestre. A estra-
José Eduardo: aprendizados Ponte de babaçu precisam se Comunidade e turistas de Alcântaraconverter não foram em os
da ficava cada vez mais estreita. O Consórcio Cyclone
únicos a saírem ganhando com as soluções susten-
4 construiu um talude (plano inclinado que limita um
táveis do babaçu. Clóvis Costa usou a mesma técnica
imento para esse santuário ecológico começou a ruir, pratica-
texto Zaccaria Junior aterro) utilizando o babaçu e alargou a estrada. Além fotos Bruna Romaro
dentro da própria obra. Ele criou uma ponte (uma pas-
da palmeira, foi usada também uma manta porosa ge-
sagem rente ao chão) em cima de um Igarapé com a
otêxtil. A tecnologia faz com que a água do mar bata e
palmeira local. A ponte liga os lados leste e oeste da
volte sem danificar a encosta.
obra. Antes da ponte, os caminhões e veículos eram
A obra foi essencial para a sustentabilidade da co-
munidade local. O pescador Luiz Santana Cantanhêde,
obrigados a percorrer uma distância de 12 km para chegar de um lado a outro do projeto.
51 anos, corria o risco de ter sua atividade encerrada
A passagem de babaçu é uma solução inédita e eco-
devido ao fim iminente da passagem. “Agora posso
lógica. Ela não atrapalha o fluxo da água, que atravessa
continuar minha pesca, além de outras atividades,
a madeira e mantém as características daquele ecos-
como levar turistas para o outro lado margem, onde
sistema. E mais: com a diminuição do percurso, reduz informa
13
U
ma rodovia que liga Bogotá a portos no
reflete diretamente na redução dos custos do comércio
Atlântico (Costa do Caribe). Um sistema de
exterior”, completa.
metrô em Lima que reduz o percurso, an-
As estimativas do Governo colombiano são de que
tes feito por carro em duas horas e meia,
as melhorias na Rota do Sol venham a contribuir para
para 30 minutos. Projetos muito diferentes
a redução de 5% do custo de operação veicular, que re-
em seus formatos, mas totalmente sinérgicos quando
presenta 4% da economia nos custos de mobilização de
levada em questão uma das principais preocupações da
bens nesse corredor. Isso representaria ganhos adicio-
vida moderna: a mobilidade. Reconhecido mundialmente
nais para a nação de até US$ 1,5 bilhão/ano.
como expert no assunto, o geógrafo Tim Cresswell, em
“A Odebrecht também está se posicionando no país
seu livro On the move: mobility in the modern western
como uma empresa de investimentos em infraestrutura.
world, editado pela Routledge, em 2006, já alertava para
A Colômbia é um país bastante interessante, com muitas
o fato de o fenômeno da mobilidade envolver uma diver-
possibilidades e muito para se fazer”, avalia o Presidente
sidade de fatores e processos que estão presentes, ao mesmo tempo, na estruturação básica do sistema produtivo e no cotidiano das pessoas, passando pelo sistema de transportes e pela gestão pública desses espaços.
Ligando extremos A Rota do Sol é a mais importante rodovia da Colômbia. São 1.071 km que concentram 70% do Produto Interno Bruto (PIB) do país ao seu redor e conectam seus dois centros urbanos mais importantes, Bogotá e Medelín, com a Costa do Caribe. Destino de investimentos da ordem de US$ 2,5 bilhões, a concessão da rodovia está dividida em três setores. O Setor Dois, o mais importante e extenso (528 km), está sob responsabilidade da Concessionária Rota do Sol S.A.S., liderado pela Odebrecht (62,1%) e composto ainda das colombianas Corficolombiana (33%) e Solarte (4,99%), representando investi-
da Odebrecht Colômbia, Luiz Antonio Bueno Junior. “O
mento de, aproximadamente, US$ 1,5 bilhão. Além de
tempo de viagem entre Bogotá e a costa do Caribe dimi-
a Odebrecht atuar como investidora no projeto (o que
nuirá de 16 horas para 10 horas”, ele ressalta.
contempla a operação e a manutenção da rodovia por 25
O Ministro do Transporte da Colômbia, Germán Car-
anos), a empresa está presente também no braço cons-
dona Gutiérrez, salienta que a Rota do Sol é um projeto
trutor. A obra, iniciada em maio de 2011, com previsão
estratégico para seu governo. “Estamos iniciando uma
para ser concluída em cinco anos, está sob responsabi-
nova era de concessões na Colômbia, e esse é o primeiro
lidade do Consorcio Constructor Ruta del Sol (Consol),
exemplo da nova fase de concessões. Precisamos deter-
formado pela Odebrecht e pelas colombianas Corfico-
minar a pauta da ordem, do cumprimento e da eficiência
lombiana e CSS Constructores S.A.
para que os colombianos possam ter uma visão muito
Segundo Eder Ferracuti, Presidente da Concessioná-
clara de que esses projetos de infraestrutura viária vão
ria Rota do Sol S.A.S., as melhorias que estão sendo fei-
realmente impactar a economia colombiana e o nosso
tas na rodovia facilitarão o pleno exercício de sua vocação.
desenvolvimento”, enfatiza Germán Cardona.
“É uma rodovia de transporte de carga. O trânsito médio diário no Setor Dois é de 20 mil veículos, e 70% dessa
14
Nos trilhos da mobilidade
frota é representada por veículos pesados. A necessida-
Com população superior a 8 milhões de pessoas,
de de melhoria da infraestrutura é fundamental para a
Lima tem uma estrutura de transporte de massa ainda a
elevação da competitividade colombiana”, ele comenta.
ser desenvolvida. A informalidade nos sistemas de ônibus
“A melhoria na infraestrutura rodoviária tem um impacto
e táxi na capital peruana acaba comprometendo a quali-
direto na redução do custo de operação veicular, que se
dade do tráfego e leva as pessoas a recorrerem a veículos
informa
Rota do Sol e (na página ao lado) Germán Cardona: “Estamos iniciando uma nova era de concessões na Colômbia”
próprios. Esse efeito dominó resulta em grandes conges-
que era possível terminar essa obra e confirmar que o
tionamentos em qualquer horário do dia. Paralelamente
metrô é efetivamente uma solução importante para o
à problemática, corria um projeto antigo de sistema de
problema do transporte metropolitano em Lima”, diz En-
metrô – conhecido no país como Trem Elétrico -, iniciado
rique Cornejo.
durante o primeiro mandato do Presidente Alan García,
A aceitação é muito grande. Oswaldo Plasencia, Dire-
na segunda metade da década de 1980, e interrompido
tor-Executivo da Autoridade Autônoma do Trem Elétrico,
antes de sua conclusão. O projeto foi retomado pelo pró-
frisa que atualizações de estudos preliminares que in-
prio Alan García no fim de 2009, quando foram somadas
dicavam que o sistema de metrô de Lima teria 300 mil
nove estações às sete já existentes e adicionados 13 km
passageiros por dia já apontam para a marca de 600 mil
de linha aos 9 km já construídos. Foram necessárias, po-
passageiros. “Houve êxito na construção, realizada em
rém, adaptações e atualizações estruturais. Para se ter
tempo recorde, com qualidade e praticamente sem pro-
ideia dos resultados obtidos com a implantação do Trem
blemas para a população. Em pouco mais de duas sema-
Elétrico, o trajeto da primeira à última estação do Metrô
nas de funcionamento, cerca de 2 milhões de usuários
de Lima leva 30 minutos. O mesmo percurso feito de car-
já haviam sido atendidos pelo Trem Elétrico”, comemora
ro não leva menos de duas horas e meia.
Plasencia. Segundo ele, agora é esperar para que o sis-
Carlos Nostre, Diretor do Contrato do Trem Elétrico,
tema caia ainda mais no gosto da população e comecem
comenta: “Não existe dúvida em relação à necessidade
a haver pedidos para que a rede seja ampliada, com mais
desse sistema de transporte para a realidade daqui. Con-
estações e linhas.
quistamos um empreendimento muito difícil, com o prazo desafiador de 18 meses para desenvolver o projeto, tocar a obra e colocar os trens em operação”, relata. Entre os desafios, Nostre destaca o fato de o Metrô de Lima ser de linha aérea e não
Oswaldo Plasencia: número de usuários do Trem Elétrico superou às expectativas
subterrânea, o que causa mais interferência no cotidiano da população. Envolvido diretamente na retomada do projeto do Trem Elétrico, Enrique Cornejo, ex-Ministro de Transportes e Comunicações do Peru, argumenta que o metrô é necessário a toda cidade no mundo com mais de 4 milhões de habitantes. “Foi importante ter demonstrado aos cidadãos
informa
15
comunicação
Diálogo aberto texto Renata Meyer foto Artur Ikishima
A
concepção
de
amplos
programas de comunicação com a comunida-
de e com a imprensa tem sido importante aliada das concessões lideradas pela Odebrecht TransPort no cumprimento de uma das premissas básicas da empresa: a contínua qualificação do serviço prestado. “Como operadoras de serviços públicos, temos o compromisso de nos comunicarmos de forma eficiente com os usuários, antecipando-nos aos acontecimentos e evi-
16
informa
Concessões lideradas pela Odebrecht TransPort têm o apoio de instrumentos de comunicação para estar mais próximas da comunidade e da imprensa
tando ao máximo surpreendê-lo”, afirma Marco Benatti, Responsável por Comunicação na Rota das Bandeiras, que administra o Corredor Dom Pedro I, na região de Campinas (SP). Há seis meses, a concessionária lançou o boletim De Olho na
Rota, com informações sobre as condições de trânsito no sistema viário, interdições de pista e obras. Com sete edições diárias, o boletim é distribuído para emissoras de rádio e sites de notícias, sobretudo nos horários de pico.
Publicações da Bahia Norte: prestação de contas
agilidade aos usuários tem o su-
prestação de contas à comuni-
porte da tecnologia. A empresa
dade. Periodicamente, a conces-
investiu R$ 2,9 milhões em um
sionária investe em campanhas
sistema integrado de comunica-
de divulgação relacionadas a
ção com os clientes no interior
assuntos como cronograma de
dos trens, gerenciado no Centro
conclusão das obras e altera-
de Controle Operacional (CCO). O
ções no trânsito.
novo sistema amplia a seguran-
A Bahia Norte tem presença
ça nas operações e agiliza o con-
ativa em redes sociais. Para in-
tato do CCO com o maquinista.
formar o público sobre as condi-
A concessionária também está
ções de tráfego, a empresa criou
investindo na implantação de um
uma página no Twitter, atualiza-
sistema de televisores nos trens
da várias vezes por dia. Os usu-
e nas estações, para a veiculação
ários também podem obter essa
de programas institucionais que
informação por meio do site da
abordem os bastidores das opera-
concessionária.
ções e ajudem a esclarecer dúvi-
No município de Cabo de San-
das dos passageiros, entre outros
to Agostinho (PE), onde a Rota
conteúdos.
dos Coqueiros administra 6,5 km
A Concessionária Bahia Nor-
de rodovia, um trabalho corpo a
te, responsável pela administra-
corpo de comunicação tem feito a
ção do sistema BA-093, Na re-
diferença na vida da comunidade.
gião metropolitana de Salvador,
A concessionária investe em cam-
também vem colocando em prá-
panhas de educação no trânsito,
tica um amplo programa de co-
segurança viária e conscientiza-
A empresa também se prepara
municação. Entre dezembro de
ção ambiental, por intermédio
para lançar seu novo site, que
2010 e junho de 2011, a empresa
de seminários, treinamentos e
mostrará, em tempo real, ima-
realizou uma pesquisa de opi-
atividades recreativas com a po-
gens capturadas por câmeras
nião com os usuários, morado-
pulação local, e também criou um
instaladas nas rodovias.
res e empreendedores das adja-
informativo bimestral, para se co-
No relacionamento com a im-
cências que auxiliou na definição
municar com usuários da rodovia.
prensa, a Rota das Bandeiras
das estratégias de comunicação.
Com tiragem de 10 mil exempla-
adotou uma postura transpa-
“Queremos mostrar à popu-
res, o informativo é distribuído na
rente e proativa. “Nada fica sem
lação que nossa atuação não se
praça de pedágio, principal ponto
resposta”, diz Benatti. Segundo
restringe à cobrança de pedágio,
de comunicação da concessioná-
ele, a agilidade e precisão no
que estamos aqui para prestar
ria com o público. “Com o infor-
atendimento aos veículos de co-
um serviço de qualidade e pro-
mativo, mostramos aos usuários
municação foram os diferenciais
mover melhorias essenciais na
as ações que realizamos com a
na conquista da confiança dos
infraestrutura
transporte
comunidade. Assim, eles partici-
profissionais da imprensa.
local”, afirma Cledson Castro,
pam de nossos projetos e perce-
Responsável por Comunicação
bem que nossa atuação vai além
na concessionária.
da manutenção e operação da
Na
SuperVia,
concessioná-
ria que administra o sistema de
de
trens urbanos da região metro-
Nessa perspectiva, a Bahia
via”, afirma Elias Lages, Dire-
politana do Rio de Janeiro, o de-
Norte tem realizado um trabalho
tor-Presidente da Rota dos Co-
safio de levar a informação com
de comunicação voltado para a
queiros.
informa
17
Q
uem visita as 25 frentes de serviço da Nova Ferrovia Transnordestina, nos estados de Pernambuco, Piauí e Ceará, e vê o trabalho acelerado de cerca de 9 mil pessoas e milhares de
máquinas não imagina o tempo de espera dos nordestinos para que esse projeto saísse do papel. O sonho remonta ao período de D. Pedro II, que, durante uma viagem pelo interior do Nordeste, prometeu a construção de uma linha férrea para interligar a região a cidades litorâ-
sert é pelos trilhos, meu
neas. Passados mais de 100 anos, o novo traçado da ferrovia, que se interligará aos trechos já existentes da malha antiga, é uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com um investimento de R$ 7,5 bilhões. Com seus 1.728 km, a Nova Transnordestina ligará Eliseu Martins, no sul do Piauí, aos portos de Pecém (CE) e Suape (PE). A Odebrecht Infraestrutura é responsável pela construção do trecho Eliseu Martins-Suape e de parte do trecho Salgueiro-Pecém. A execução das obras foi dividida em duas fases. A primeira delas é a de infraestrutura, que engloba terraplenagem, construção de pontes e viadutos – ou seja, a preparação do terreno para os trilhos. “Essa é a fase mais desafiadora, porque envolve a obtenção de licenças ambientais, desapropriação de terras, relação com comunidades quilombolas e tribos indígenas e a administração do próprio impacto nos meios urbanos”, relata Tufi Daher Filho, Presidente da Transnordestina Logística S.A., empresa do Grupo CSN e responsável pela operação da malha ferroviária de carga do Nordeste desde 1998.
Trecho da Transnordestina em Salgueiro (PE): cidade é o marco zero da ferrovia. Na página ao lado, a Presidente Dilma Rousseff durante sua visita ao canteiro de obras: aproveitamento do potencial da região
A segunda fase é a da supraestrutura, isto é, a colocação dos dormentes, dos trilhos e da brita – a ferrovia em si. Essa fase foi iniciada no segundo semestre de 2011. Cerca de 200 km de ferrovia já foram construídos. Trens já circulam por ela, mas, por enquanto, transportam apenas o necessário para as obras: trilhos, dormentes e brita. “Podemos construir até 2,5 km por dia. Vamos chegar ao fim de 2012 com 600 km prontos e, em 2013, com o trecho Eliseu Martins-Suape concluído”, informa Tufi.
18
informa
18
tão
A Transnordestina é uma ferrovia dotada das características mais modernas. Uma delas é o tipo de bitola (distância entre os trilhos) usado. Foi adotada a bitola larga (1,6 m) para trens modernos e, em alguns trechos, a bitola mista, que permite, também, a circulação de trens antigos (bitola de 1 m). Além disso, os dormentes são de concreto, em vez de madeira. Os trechos de trilhos comprados da China, Itália e Polônia medem 24 m. A cada unidade são emendadas mais nove, formando o Trilho Longo Soldado (TLS) de 240 m. Em cada km, o desnível da linha só pode atingir 1,5%, e o raio de curva é de 400 m. Com essas características, um trem com 104 vagões poderá viajar a 80 km/h com segurança.
Ferrovia Transnordestina, que já tem 200 km construídos, está mudando a realidade de uma extensa região do Brasil
Um corredor de oportunidades Quando os 1.728 km de ferrovia estiverem prontos em 2014, as oportunidades de negócio serão enormes. Por ano, 30 milhões de t de produtos passarão pela ferrovia. Além dos que a Transnordestina Logística já carrega em seus vagões, como cimento, matérias-primas siderúrgicas e combustíveis (álcool, diesel e gasolina), a empresa quer entrar de vez nos transportes de grãos e minérios. Dois alvos bem definidos já estão à vista: a região do Mapito (que abrange Maranhão, Piauí e Tocantins), grande produtora de grãos, e o Polo Gesseiro de Araripina (PE), que contém uma das maiores jazidas de gipsita do
texto Edilson Lima fotos Marcelo Pizzato
informa
19
20
Brasil. Outros projetos para extração de minério de
Posição estratégica
ferro e cobre, em Pernambuco e em Alagoas, estão
Por sua posição estratégica, a cerca de 600
em andamento. Pode somar-se a isso o escoamento
km de várias capitais do Nordeste, a cidade de
da produção de frutas de Petrolina (PE) e do norte
Salgueiro foi escolhida para ser o marco zero da
da Bahia, e o retorno de produtos essenciais, como
Nova Ferrovia Transnordestina. Desde o início das
fertilizantes.
obras, no fim de 2009, trabalhadores do Nordeste
Ainda em 2012, a Transnordestina Logística re-
e das outras regiões do Brasil passaram a chegar
cuperará um trecho de 500 km da malha antiga,
à cidade. De lá para cá, o município cresceu 25%,
entre Cabo de Santo Agostinho (PE) e Porto Real
chegando a 60 mil habitantes.
do Colégio (AL), deteriorado por chuvas e inun-
“O aquecimento da economia vai do aumento
dações há dois anos. Com essas obras, a malha
do consumo de alimentos e combustível à alta
nordestina será reinterligada à Ferrovia Centro–
ocupação de hotéis e pousadas”, diz o Prefeito
Atlântico, que corta parte do Centro-Oeste e o
Marcones Libório de Sá. Bancos, redes de ele-
Sudeste.
trodomésticos e de calçados instalaram-se na
“A Nova Transnordestina ampliará as opções
cidade. Com a maior arrecadação de impostos,
para os empresários. Eles vão escolher o melhor
a Prefeitura pode investir em pavimentação de
caminho para escoar seus produtos, seja para o
ruas, redes de esgoto, construção de um aterro
próprio Brasil ou para outros países. Nossa meta
sanitário, ampliação do estádio Salgueirão, bem
é passar dos atuais 15% para 40% do transporte
como em educação e saúde. Por seus esforços
de carga na região”, comenta Tufi Daher Filho.
em prol da educação básica, Marcones recebeu,
informa
em 2011, o Prêmio Idepe, do Governo de Pernambuco. “É um reconhecimento aos nossos esforços para melhorar a educação no município”, observa. O prefeito também comemora a boa fase de oportunidades de trabalho geradas pela obra. Antes, a cidade convivia com um índice de desemprego de 30%. Hoje, o percentual é de 6%. “Só não é menor porque a economia exige mais qualificação da população”, diz ele. Para alcançar esse êxito, a Prefeitura contou com a parceria da Odebrecht Infraestrutura. “Um dos grandes desafios nesta obra era encontrar pessoas qualificadas. Tivemos que capacitar cerca de 4 mil pessoas por meio do Programa de Qualificação Profissional Continuada – Acreditar”, informa Pedro Leão, Diretor de Contrato da Odebrecht. “Por Trabalhadores colocam trilhos e dormentes. Abaixo, o Prefeito Marcones Libório de Sá: esforços reconhecidos
onde andamos, ouvimos autoridades locais e pessoas da comunidade falarem dos benefícios da obra nas suas cidades”. Ieunice Elenira Primo, 23 anos, e Lucian Alves da Silva, 22 anos, nasceram e cresceram em Salgueiro. Quando ouviram falar dos cursos oferecidos pelo Acreditar não perderam tempo e se inscreveram. Em meados de 2010, os dois estavam contratados para as obras. “Quando fui chamada, nossa, foi só alegria! Comecei como ajudante de produção e hoje estou em treinamento para ser operadora de máquina na fábrica de dormentes. Enquanto houver oportunidade, vou crescendo”, ela diz. Com o mesmo entusiasmo de Ieunice, Lucian, que trabalha como armador, afirma: “O projeto é um orgulho para todos nós. Sei que estou fazendo parte da história do Nordeste e do Brasil. Quero me dedicar cada vez mais e, quem sabe, chegar a ser um encarregado”. Em
fevereiro,
a
Presidente
Dilma
Rousseff visitou o canteiro de obras em Salgueiro. Na ocasião, afirmou: “A interligação do interior do Brasil aos portos significa maior capacidade de comercializar os produtos e explorar o potencial da região”.
informa
21
abram Complexo viário em Pernambuco e via expressa no Rio de Janeiro colocam a inovação tecnológica e empresarial a serviço da acessibilidade 22
informa
A
22
pesar da distância de quase 2.400 km, Rio de Janeiro e Pernambuco vivem realidades bastante próximas quando o assunto é a realização de grandes obras. Nos últimos anos, os dois estados regis-
traram crescimento econômico acima da média nacional, apostando em projetos estruturantes, sendo alguns dos mais emblemáticos aqueles relacionados ao setor de mobilidade. Seja na região Sudeste ou Nordeste, a Organização Odebrecht, por meio de suas empresas, é parceira nesse processo de desenvolvimento como in-
alas
Obras da TransOeste, na Barra da Tijuca: melhoria da acessibilidade na Zona Oeste do Rio de Janeiro
texto Heloísa Eterna e Rodrigo Vilar fotos André Valentim
vestidora e executora de projetos que estão ampliando a
e outras 35 em fase de implantação, totalizando investi-
capacidade logística desses estados.
mentos da ordem de US$ 17 bilhões. Em 2011, sua ope-
Localizado na região metropolitana do Recife, o
ração portuária registrou um crescimento de 25% em
Complexo Industrial e Portuário de Suape, controlado
movimentação de toneladas e 33% em movimentação
e administrado pelo Governo de Pernambuco, vem se
de contêineres.
consolidando como um dos maiores polos de investi-
Esse sucesso motivou os administradores de Su-
mentos do Brasil. O complexo recebe diariamente 60
ape e o Governo de Pernambuco a implementarem
mil trabalhadores e possui uma extensão territorial de
um projeto de ampliação e requalificação das vias de
13.500 hectares – uma área territorialmente maior que
acesso ao complexo. “Estamos executando um plane-
o município de Olinda e equivalente a toda a área urba-
jamento para atender a esse crescimento a médio e
nizada do Recife. São mais de 100 empresas instaladas
a longo prazos. Uma das iniciativas é a concessão ro-
informa
23
Foto: Elvio Luiz
doviária, conquistada pela Odebrecht TransPort e pela
e a implantação de sistema de sinalização, instalação de
Invepar no fim de 2011”, destaca Frederico Amâncio,
parte da iluminação pública e implantação de defensas
Vice-Presidente de Suape.
metálicas e barreiras nos locais de maior risco. Serão
Com um contrato de 35 anos e investimentos de
construídos também um Centro de Controle Operacio-
R$ 450 milhões, a Concessionária Rota do Atlântico
nal (CCO), uma Base Operacional com Serviço de Aten-
S.A. – CRA (50% Odebrecht TransPort e 50% Invepar)
dimento ao Usuário (SAU), postos de pesagem móvel,
administrará 44 km do Complexo Viário e Logístico
dois pátios logísticos, cinco praças de pedágio e um novo
Suape/Expressway. A concessão começa na BR-101
posto da Polícia Militar Rodoviária.
Sul, na altura do Hospital D. Helder Câmara, e segue até o distrito de Nossa Senhora do Ó, no município de Ipojuca, dando acesso à praia de Porto de Galinhas, no litoral sul do estado.
Na CRA, trabalham juntas a Odebrecht TransPort (como investidora e operadora) e a Odebrecht Infraes-
Além da implantação e da requalificação de acessos
trutura (responsável pelas obras civis). “Buscamos de-
viários, o plano de negócios prevê ainda a modernização
senvolver um projeto que atenda com qualidade os usu-
Trabalhadores da TransOeste: o Rio de Janeiro aprimora sua infraestrutura
24
Transversalidade
informa
do Recreio dos Bandeirantes, que está com todas as pistas em operação”, salienta Pedro Moreira, Diretor de Contrato. Um dos destaques do projeto da TransOeste é a construção do túnel da Grota Funda, que ligará Barra de Guaratiba ao Recreio dos Bandeirantes. Concluída, a intervenção irá promover a redução de 50% no tempo de deslocamento, eliminar o congestionamento na Serra da Grota Funda e beneficiar, por dia, mais de 200 mil pessoas.
ários da concessão [que tem prazo de 35 anos], sempre observando o valor global e os prazos pactuados com o poder concedente”, resume Ana Carolina Farias, Dire-
Ao longo dos seus 23,8 km, a TransOeste terá 25 estações de BRT. Suas plataformas estarão niveladas à altura das portas dos ônibus e terão sistema de abertura de portas que responde a sensores de presença e possibilitará acessibilidade a portadores de necessida-
Foto: Elvio Luiz
Montagem de estrutura na Expresway, em Pernambuco: obra estratégica para o Complexo Industrial e Portuário de Suape. Abaixo, Júlio Perdigão e Ana Carolina Farias: planejamento e execução a quatro mãos
tora de Contrato da Odebrecht Infraestrutura. Segundo Júlio Perdigão, Diretor de Investimento da Odebrecht TransPort e Diretor-Presidente da CRA, esse é um trabalho de planejamento e execução realizados “a quatro mãos”, buscando o máximo de eficiência. “Projetos estruturados como esse estimulam o exercício pleno da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), influenciando e sendo influenciado a todo o momento em busca do que é certo. É uma relação de disciplina, respeito e confiança entre colegas parceiros.”
Sonho em construção No Rio de Janeiro, as obras preparatórias para a
des especiais, além de possuírem um projeto arquitetô-
Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016 deixarão
nico que contará com um ambiente iluminado e arejado.
um legado que beneficiará a economia, os moradores e
“A necessidade da população, o sonho da Prefeitura e
turistas que visitam a capital fluminense. Um dos proje-
a capacidade de realização da Odebrecht Infraestrutura
tos em execução é a Via Expressa TransOeste, que tem
fazem dessa obra uma realidade”, ressalta Moreira, que
como objetivo melhorar a acessibilidade entre a Barra
aponta o mês de abril deste ano como data de conclusão
da Tijuca e Santa Cruz, bairros da Zona Oeste da cida-
e inauguração da obra.
de, contemplando um corredor expresso para BRT (Bus Rapid Transit).
Os lotes sob responsabilidade da Odebrecht Infraestrutura estão localizados entre as avenidas Ayrton Sen-
Responsável pela construção de dois dos qua-
na e Benvindo de Novaes, com 9,9 km, e em um trecho
tro lotes da TransOeste, a Odebrecht Infraestrutura
entre a Av. Benvindo de Novaes e a Estrada da Matriz,
já está com 90% do projeto concluído. “Essa obra é
com 13,9 km. A obra inclui segregação de faixa para
um antigo anseio da população, principalmente dos
BRT, implantação de pistas laterais, recuperação da pis-
moradores dessa região da cidade. Mesmo antes do
ta existente, implantação de segunda pista, construção
término, eles já podem usufruir do trecho do bairro
de túneis, construção de duas pontes e seis viadutos.
informa
25
Movimento na Linha 4 do Metrô de São Paulo e (na foto menor) o bancário Leandro Rocha: mais qualidade de vida
Busca constante de aprimoramento tecnológico, operacional e gerencial marca as concessões com a participação da Odebrecht TransPort em quatro estados brasileiros 26
informa
pú 26
público A serviço de seu
S
texto Renata Meyer fotos Dario de Freitas
ão Paulo, terça-feira, final de tarde. O
de um programa de investimentos, em parceria com o
bancário Leandro Rocha está voltando
Governo do Estado, de R$ 2,4 bilhões, que inclui a reno-
para casa depois de um dia de trabalho.
vação da frota, a reforma das estações e a revitalização
O percurso do centro da cidade até a sua
da infraestrutura da malha.
residência, no bairro Santo Amaro, que de
Em São Paulo, a Odebrecht TransPort é uma das
ônibus durava até duas horas, com a Linha 4 do Metrô
acionistas da Via Quatro, concessionária que admi-
passou a ser percorrido em menos de uma. Um benefí-
nistra a Linha 4 do Metrô. O empreendimento que,
cio que ele descreve em poucas palavras: “Agora tenho
em 2011, teve a sua primeira fase concluída, somará
mais qualidade de vida”.
12,8 km de extensão e será composto de 11 estações,
No município de Cabo de Santo Agostinho (PE), o
ligando a zona oeste de São Paulo ao centro da cidade.
corretor Thiago Lein atravessa os 6,2 km da Rota dos
“Quem circula por essa linha diariamente percebe
Coqueiros, que dá acesso ao litoral sul do estado e às
o salto de qualidade que ela representa para o nosso
indústrias do Complexo de Suape. “Faço esse percurso
sistema de transporte. Minha expectativa como usuário
várias vezes por semana. Aqui é possível economizar
é que, futuramente, essa infraestrutura seja levada às
tempo e trafegar com mais segurança”, ele afirma.
outras linhas de trens e metrôs”, diz Leandro Rocha.
Leandro e Thiago estão entre os milhares de bra-
Rota de ligação com as demais linhas do Metrô e
sileiros beneficiados pelas operações da Odebrecht
com o sistema de trens metropolitanos, a Linha 4 cha-
TransPort nas áreas de mobilidade urbana e transpor-
ma a atenção por sua modernidade. É o primeiro ramal
te rodoviário, hoje distribuídas em quatro estados: São
na América Latina com divisórias de vidro separando a
Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia. Apenas no setor de mobilidade urbana, que inclui a operação de sistemas de trens e metrôs, a empresa transporta diariamente 1,3 milhão de passageiros nas duas maiores capitais do país e espera investir R$ 6,5 bilhões por meio dos seus ativos.
Trilhos urbanos Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a Odebrecht TransPort está à frente da SuperVia desde novembro de 2010, atendendo a mais de 500 mil passageiros por dia. A concessionária é responsável pela administração, até 2048, de um dos principais sistemas de transporte locais, formado por 270 km de malha ferroviária, com 98 estações distribuídas por 12 municípios. Entre os seus desafios está promover o aprimoramento e a modernização do setor ferroviário, por meio
informa
27
usuários com serviços de qualidade, com segurança e pontualidade”, destaca Paulo Cesena, Diretor-Executivo da Odebrecht TransPort.
Transporte rodoviário Nessa mesma perspectiva, as concessionárias da Odebrecht TransPort do setor de transporte rodoviário vêm atuando na requalificação de alguns dos mais importantes sistemas viários do país. É o caso do Corredor Dom Pedro I, que a empresa administra desde Fotos: Lia Lubambo
Thiago Lein, usuário da Rota dos Coqueiros em Pernambuco: economia de tempo e aumento da segurança
2009, por meio da Rota das Bandeiras, em São Paulo. O sistema, com 297 km, interliga 17 cidades entre a região metropolitana de Campinas e o Vale do Paraíba, com cerca de 2,5 milhões de habitantes. A concessão terá duração de 30 anos e prevê investimentos de R$
plataforma dos trilhos, recurso que oferece mais segu-
3,5 bilhões, em obras de manutenção, recuperação e
rança aos passageiros. Dispõe também de tecnologia
modernização da malha viária.
driverless, que permite a operação sem condutor.
28
Na Bahia, a Odebrecht TransPort controla, ao lado
“Nossas experiências no Rio de Janeiro e em São
da Invepar, a Concessionária Bahia Norte, responsável
Paulo, por seus enormes desafios em termos tecno-
pela administração dos 121 km do sistema BA-093, que
lógicos, operacionais e gerenciais, nos credenciam a
engloba nove municípios da região metropolitana de
atuar em projetos de mobilidade urbana em outras ca-
Salvador, atendendo mais de 3 milhões de habitantes.
pitais do país”, afirma Irineu Meireles, Diretor Regional
Composto de seis rodovias, o sistema é uma impor-
da Odebrecht TransPort.
tante rota de escoamento da produção industrial local,
A preocupação com a qualidade do serviço prestado
servindo aos polos industriais de Aratu e Camaçari, que
é um ponto em comum nas operações da Odebrecht
reúnem 298 empresas e concentram cerca de 60% do
TransPort. “Ao atuarmos como operadores de serviços
PIB baiano.
de utilidade pública, devemos estar concentrados em
A Odebrecht TransPort também é sócia da Invepar
satisfazer as necessidades da população. Isso envolve
na Concessionária Litoral Norte – CLN, que administra
grandes desafios, como atender prontamente nossos
os 217 km da Estrada do Coco e da Linha Verde, situa-
informa
regiões. “Nosso objetivo é colaborar em novos eixos de desenvolvimento do país e também em meios alternativos de transporte público para minimizar gargalos do trânsito nas cidades”, afirma. Por meio da Concessionária Rota do Atlântico, a empresa investe no Complexo Viário e Logístico Expressway (veja reportagem que começa na página 22), localizado em um importante polo de expansão econômica do Nordeste, em Pernambuco. A rodovia, com 44 km, além de ser uma alternativa de ligação de Recife com as praias do litoral sul, terá a função de desafogar os acessos ao Complexo Industrial de Suape, onde hoje estão instaladas mais de 100 empresas. Em Pernambuco, a Odebrecht TransPort também administra o sistema viário composto da Via Parque e da Ponte Arquiteto Wilson Campos, localizado na Reserva do Paiva. A concessão, gerida pela Rota dos das na BA-099. A rodovia faz a ligação entre a cidade de
Coqueiros, foi a primeira Parceria Público-Privada
Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador,
rodoviária firmada no Brasil, e sua operação terá du-
e a divisa dos estados da Bahia e Sergipe, e tem papel
ração de 30 anos. Além de facilitar o acesso a praias
relevante para o turismo da região.
do sul do estado, a rodovia reduz em 30 km a distân-
De acordo com Renato Mello, Diretor Regional da
cia até Recife. No último ano, mais de 61 milhões de veículos tra-
de no setor de transportes rodoviários a atuação em
fegaram pelos 686 km de rodovias operadas pela Ode-
projetos que estejam situados em traçados urbanos
brecht TransPort. Por intermédio de suas concessio-
e que tenham grande importância estratégica para o
nárias, a empresa pretende investir R$ 7,6 bilhões no
desenvolvimento econômico, industrial e turístico das
setor.
Foto: Carlos Junior
Odebrecht TransPort, a empresa tem como priorida-
SuperVia, no Rio de Janeiro: 500 mil passageiros por dia
informa
29
entrevista
Paulo Cesena: formação de equipes é uma das principais concentrações da Odebrecht TransPort
30
30
informa
servir O espírito de
C
texto Álvaro Oppermann e Renata Meyer
foto Paulo Fridman
riada em 2010, a Odebrecht TransPort
presa nova. Surgiu dentro da Odebrecht Infraestrutu-
cresce e se consolida como uma das
ra, onde permanece. Como funciona a relação entre as
empresas protagonistas dos setores
duas?
de transportes e logística no Brasil.
Paulo Cesena – Existe uma relação de parceria sinérgi-
Com receita líquida de R$ 1,618 bilhão
ca entre as duas empresas, sob a liderança comum do
em 2011, a empresa reúne ativos como
Líder Empresarial Benedicto Junior. Enquanto a Ode-
a SuperVia (sistema de trens da região metropolitana
brecht Infraestrutura aporta competitividade em enge-
do Rio de Janeiro), Rota das Bandeiras e Rota dos Co-
nharia e construção, a Odebrecht TransPort encarrega-
queiros (sistemas de rodovias), e Embraport, o maior
-se do investimento, do financiamento e da operação.
terminal portuário privado multiuso do país, em Santos
Essa parceria significa estarmos sempre juntos, em
(SP). Nesta entrevista, o Diretor-Executivo Paulo Cese-
uma relação única com os nossos clientes, durante a
na, 39 anos de idade e há 14 na Organização, destaca
fase de estruturação e construção.
que a Odebrecht TransPort, ao atuar como investidora e operadora de ativos de infraestrutura, inaugura
OI – Qual a principal vantagem dessa sinergia?
nova fase do empresariamento na Organização, agora
Cesena - É a capilaridade nacional e a proatividade.
coparticipante na prestação de serviços públicos de
Essa relação nos dá grande capacidade de entender
grande impacto social. Cesena recebeu a equipe de
nossos clientes em todo o Brasil e de nos antecipar-
Odebrecht Informa em seu escritório em São Paulo
mos com projetos pertinentes. Isso só acontece com
para uma conversa na qual revelou estratégias e opor-
empresários-parceiros alinhados em torno do objetivo
tunidades de uma empresa com muitos desafios à sua
de servir e criar valor.
frente. E defendeu a necessidade de um empresariamento voltado também para a satisfação contínua dos usuários. ”Temos que nos ver como prestadores
OI – Aquisições fazem parte da estratégia de crescimento da Odebrecht TransPort?
de serviços públicos, preparados para aten-
Cesena – Não exatamente. Nosso diferencial está no
der, com prontidão e excelência, às ex-
desenvolvimento de novos projetos, chamados green-
pectativas dos nossos clientes e dos
field. Por vezes, podemos fazer aquisições que nos per-
usuários das nossas operações de
mitam entrar em novas linhas de negócio. Compramos
trens, metrôs, rodovias, portos e, fu-
a Embraport, o que nos permite agora nos enxergarmos
turamente, aeroportos.”
como um participante de todo o mercado de contêineres brasileiro. Recentemente, adquirimos também uma
Odebrecht Informa – A Ode-
empresa de terminais de tancagem de líquidos, porque
brecht TransPort é uma em-
queremos nos qualificar para clientes como Braskem,
informa
31
ETH Bioenergia, Odebrecht Óleo e Gás (OOG) e outros,
e aeroportuária. O Brasil ficou muito tempo sem inves-
como um parceiro experimentado nessas operações.
tir em infraestrutura, e isso criou um vácuo geracional. Estamos fazendo parcerias para cursos de formação,
OI – Você disse, no início de nossa conversa [quando
com profissionais experientes em manutenção e ope-
Paulo Cesena recepcionou a equipe de reportagem
ração de sistemas específicos e que possuem a cabeça
em sua sala], que sua equipe está enfrentando um
voltada ao usuário. Também estamos promovendo in-
novo desafio no empresariamento. Como assim?
tercâmbios com operadoras de outros estados e países
Cesena – Estamos acostumados a operar no business
para capturar know how. E, para colaborar na formação
to business. A partir do momento em que trazemos
de jovens empresários, estamos atraindo profissionais
usuários à nossa operação – nos metrôs, nos trens, nas
maduros, do mercado. A formação de equipes, acul-
rodovias – precisamos também mudar nossa atitude.
turadas na Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), é
Saber lidar com redes sociais, por exemplo. Explora-
uma das nossas principais concentrações.
mos oportunidades de implementar negócios do tipo
business to consumers no entorno de nossas opera-
OI – A Odebrecht TransPort busca parcerias estraté-
ções. Fui notando isso a partir do ano passado. À medi-
gicas, correto?
da que vamos deixando de ser somente um construtor
Cesena - Sim, por um grande motivo. A transferência
e nos tornando operador e investidor em ativos de in-
de tecnologia de operação é uma prioridade para nós.
fraestrutura, muda o perfil do empresariamento, que
Temos muito conhecimento em engenharia, mas ainda
passa a incorporar a prestação de serviços públicos aos
precisamos acumular experiência em operação. Em re-
cidadãos.
lação a aeroportos, fizemos uma parceria com a Changi, a operadora do Aeroporto de Cingapura, um dos mais
OI – Onde está hoje a maior oportunidade de cresci-
premiados do mundo pela qualidade de sua operação.
mento? Cesena – No segmento de mobilidade urbana. Talvez
OI – Quais são as perspectivas de mercado para a Ode-
seja uma oportunidade análoga àquela que tivemos há
brecht TransPort?
15 ou 20 anos com as rodovias pedagiadas. Oito capitais
Cesena – Estamos trabalhando atualmente em pelo
brasileiras estão entre os 100 maiores conglomerados
menos 15 projetos no Brasil. Parece bastante, mas
urbanos do mundo. A Odebrecht TransPort qualifica-
é compatível com a nossa descentralização e com a
-se, diante dessa oportunidade, com dois ativos com-
quantidade e qualidade de empresários-parceiros e
plementares: trens urbanos, no Rio de Janeiro, e me-
equipes de apoio que temos. Cada projeto significa um
trô, em São Paulo. A mobilidade urbana é o assunto
salto na capacitação das equipes. Temos o grande de-
mais complexo da Odebrecht TransPort.
safio de assegurar a disseminação do conhecimento, e, para isso, estamos estruturando as comunidades de
OI – No setor rodoviário, qual é o foco da atuação da
conhecimento. Além do Brasil, têm surgido oportuni-
Odebrecht TransPort?
dades específicas no exterior, em países em que a Ode-
Cesena – Em nossas concessões rodoviárias, estamos
brecht já atua, e avaliamos se devemos entrar ou não,
muito focados em criar mais valor para nossos usuários.
uma vez alinhados com nossos acionistas.
Um exemplo é o pedágio eletrônico, que já tem 60% de adesão na Rota das Bandeiras. Lá, estamos planejando,
OI – Ser um dos líderes de um processo empresarial
com o Governo de São Paulo, o sistema Multilane Free
como o que a Odebrecht TransPort protagoniza hoje
Flow, em que a cobrança é feita por meio de pórticos,
exige energia, confiança, otimismo. Como você faz
dispensando até as praças de pedágio. Nossos usuários
para que esses elementos estejam sempre presentes
querem um nível cada vez maior de conforto e fluidez,
no seu cotidiano?
além de poderem pagar por quilômetro rodado.
Cesena – Não existe forma de alcançar esse êxito que almejamos se não conseguirmos equilibrar
32
OI – Como tem sido tratada a necessidade de formar
nossa vida pessoal e profissional. Trabalhamos mui-
equipes para o crescimento?
to, mas também sabemos a hora da pausa, do con-
Cesena – Temos necessidade de capacitar nossa equi-
vívio familiar e da celebração de nossas conquistas.
pe, sobretudo em operações metroferroviária, portuária
Precisa ser assim.
informa
um jeito seguro de
acelerar
33
texto Domitila Carbonari
Sistema construtivo industrializado garante agilidade na execução do projeto
O
foto Ricardo de Sagebin desafio foi lançado quando a Bairro Novo, marca da Odebrecht Realizações Imobiliárias voltada para o segmento econômico, firmou, em 2009, uma parceria com o Governo do Distrito Federal para a construção de 8
mil unidades residenciais de interesse social no prazo de 52 meses. O Jardins Mangueiral, nome esco-
Jardins Mangueiral,
lhido para o empreendimento, é a primeira e única
em Brasília
sil e criará um bairro com toda a infraestrutura ne-
Parceira Público-Privada (PPP) habitacional do Bracessária para receber as 8 mil famílias.
informa
33
Em um terreno de 2 milhões de m2, localizado em São Sebastião, cidade satélite de Brasília, estão sendo construídas 15 quadras residenciais, cinco das quais já foram concluídas, e 10 encontram-se em execução. A obra, que inclui equipamentos comunitários e áreas comerciais e que deverá estar concluída em dezembro de 2013, foi planejada, desde sua concepção, para ser realizada rapidamente. O sistema construtivo industrializado, adotado por toda a Bairro Novo, possibilita ao Jardins Mangueiral a agilidade necessária para sua realização. São utilizadas formas de alumínio para a moldagem
Jardins Mangueiral: 8 mil unidades residenciais em 52 meses
in loco dos elementos estruturais das paredes de concreto, o que garante velocidade, produtividade elevada, redução de etapas e baixa geração de resíduos. Por se tratar de uma obra com alta velocidade de execução, a equipe de Silvio Romero, Diretor de Construção responsável pelo Jardins Mangueiral, percebeu, com a obra já em andamento, a necessidade de adotar um sistema de logística que proporcionasse rapidez no atendimento à demanda de produção, maior controle e mais segurança na
lor, eliminando o desperdício na cadeia da cons-
gestão de suprimentos, além de eficácia no acom-
trução. A primeira decisão da equipe foi criar kits
panhamento de custos.
para cada serviço, em cada etapa da obra. Além
“Da maneira como estávamos organizados, a en-
disso, foram eliminados os almoxarifados existen-
trega dos materiais em campo, por exemplo, não
tes nas proximidades de cada quadra e criou-se
conseguia acompanhar o ritmo das equipes de pro-
um centro de distribuição de materiais muito mais
dução, e não havia prévia programação e controle de
organizado.
quantidades, o que aumentava muito nossos custos, além de atrasar a obra”, explica Silvio Romero.
“Com adoção desse sistema, a área de suprimentos ficou de fato responsável por todo o ciclo de materiais, que vai da compra e armazenamento dos insu-
34
Sem desperdício
mos, até a confecção e distribuição dos kits”, comenta
A solução encontrada foi implantar o Lean
Irineu Marinho, responsável pela área de suprimen-
Construction, ou Construção Enxuta, filosofia de
tos. “Hoje, quando os operários iniciam a jornada de
gestão baseada no Sistema Toyota de Produção,
trabalho, eles já encontram o material necessário
que busca reduzir atividades que não agregam va-
para a execução de sua atividade”, completa.
informa
semana e os intervalos de horas para o transporte dos kits. Por volta das 16 horas, os kanbans são retirados do Heijunka-Box pela equipe de suprimentos, e é feita a programação para as entregas, já providenciando-se o carregamento da frota para distribuição do dia seguinte em todas as quadras da obra. Com o apoio desse painel, que é um método fácil e visual, a equipe de suprimentos consegue identificar os dias e horários em que os materiais devem ser entregues em campo e dimensionar a confecção dos kits. “O kanban foi uma forma simples e inteligente que encontramos para manter a comunicação entre as áreas. Hoje, temos o domínio efetivo do avanço físico de cada atividade, podemos analisar previamente se há desvios nas datas de início planejadas e controlar melhor os nossos custos”, explica Felisberto Garrido, Responsável por Planejamento. Um ano depois da implantação do Lean Construc-
tion, o Jardins Mangueiral já teve diversos benefícios: a comunicação entre as áreas ficou mais fáO protagonista na gestão desse processo é o
cil, o controle do estoque melhorou, os pedidos de
kanban, que nada mais é que um cartão colorido
compra tornaram-se mais precisos, houve diminui-
que identifica cada kit. Essa ferramenta, além de
ção de perdas de material – e, com isso, a produti-
substituir a requisição manual de retirada de ma-
vidade cresceu.
teriais, estabelece a quantidade exata de itens que
“Esse sistema foi fundamental para conseguir-
serão entregues em cada frente de serviço, evitan-
mos manter o ritmo acelerado de produção. Temos
do a saída de materiais em excesso e auxiliando no
na obra um programa de produtividade com metas
controle do estoque.
diárias e mensais, que só conseguimos implantar
Os kanbans referentes às atividades da se-
porque demos às equipes de campo as condições
mana posterior são entregues à produção toda
necessárias para que executassem as atividades
quinta-feira pela equipe de planejamento. A pro-
com muito mais agilidade e qualidade”, comemora
dução, por sua vez, organiza esses cartões, de
Silvio Romero. Os números comprovam: em 2010
acordo com o seu plano de ataque, em um painel
foram entregues 790 unidades habitacionais e, em
chamado Heijunka-Box, um quadro composto de
2011, ano em que foram implantados os cartões co-
seis colunas e oito linhas, que contém os dias da
loridos, 2.600.
informa
35
cheg
para fazer
Navio carregado com produtos da Braskem no Porto de Santos: empresa tem contratos para uso exclusivo de 10 embarcaçþes
36 36
informa
gar lá texto Carlos Pereira
P
fotos Ricardo Teles
ara cumprir os prazos acordados com clientes e garantir a segurança do transporte de seus produtos, a Braskem coloca em prática uma ampla e complexa estratégia de logística que envolve, além
do transporte, também a armazenagem e o fluxo de informações sobre suas matérias-primas: resinas (polipropileno, polietileno e PVC) e petroquímicos básicos (eteno, propeno, butadieno, cloro e soda, entre outros). Em 2011, a empresa utilizou os modais rodoviário, ferroviário, hidroviário e dutoviário para dar conta da movimentação de 18 milhões de toneladas de petroquímicos básicos, entre operações de recebimento de matéria-prima nacional e importada e de fornecimento a clientes no Brasil e no exterior. Para a Unidade de Petroquímicos Básicos, que tem plantas no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia, a Braskem movimentou cargas pelos cinco continentes. No total, foram percorridos 14,9 milhões de km, o que corresponde a 20 viagens de ida e volta à Lua. O programa de logística da empresa tem a participação de 47 pessoas, com formações diversas e comple-
Em 2011, a Braskem movimentou 18 milhões de toneladas de petroquímicos básicos, utilizando diferentes modais de transporte
mentares – fator crucial para tornar possível o sucesso das operações. “Com o crescimento da economia brasileira, a logística é uma das especialidades que mais tem demandas”, segundo o Diretor de Supply Chain (Cadeia de Suprimentos) da Braskem, Hardi Schuck. “Cursos para formação específica na área estão sendo criados para atender às atuais exigências”, acrescenta. A busca pela máxima redução de riscos é prioridade. Victor Amaral, Gerente de Logística da Unib, explica que o zelo da Braskem em relação aos procedimentos de SSMA (Segurança, Saúde e Meio Ambiente) é extremo em todo o ciclo de vida dos empreendimentos – desde sua concepção até a eventual desativação, passando
informa
37
por projeto, construção, operação e melhoria con-
Um acidente marítimo pode trazer consequências
tínua. ”Antes de produzirmos, manusearmos, usar-
muito graves ao meio ambiente, e a Braskem não
mos, vendermos, transportarmos ou descartarmos
aceita correr esse risco”, salienta Hardi Schuck.
um produto, estudamos e reestudamos todas as
Por meio de navios são realizadas cerca de 900
formas de fazê-lo com absoluta segurança e com
operações de carga de petroquímicos anualmente.
mínimo impacto ao meio ambiente”.
Somado a isso, ocorre também o descarregamen-
Para a importação e exportação de cargas, a
to, de aproximadamente, 200 embarcações com
Braskem tem contratos com armadores que lhe
nafta importada de vários países, como Argélia,
permitem usar com exclusividade sete navios de
Arábia Saudita, Líbia, Argentina, Venezuela e Mé-
líquidos (para aromáticos, solventes e gasolina) e
xico, nos terminais de Aratu, Temadre, Tedut e São
três navios de gases (eteno, propeno e butadieno).
Sebastião.
As embarcações operam de acordo com rígidos
Os protocolos de segurança – usados no trans-
protocolos de Saúde, Segurança do Trabalho, Meio
porte hidroviário – também são bastante rígidos
Ambiente e Sustentabilidade estabelecidos pela
para as movimentações de matérias-primas e pro-
Braskem. Outros navios, antes de serem contra-
dutos realizadas por meio de rodovias. Envolvem
tados pela empresa, também são submetidos à in-
uma série de programas que visam monitorar as-
vestigação, em que sua performance em operações
pectos comportamentais dos motoristas e verificar
anteriores é analisada.
a qualidade dos equipamentos utilizados. Perio-
O estado de conservação dos equipamentos do
dicamente são feitas simulações de acidentes de
navio e o grau de experiência de sua tripulação são
caminhões e vazamentos em terminais marítimos,
periodicamente certificados por empresas especia-
para treinamento, aperfeiçoamento e avaliação do
lizadas. Só em 2011, a Braskem analisou 386 na-
desempenho das equipes, em condições reais.
vios; 44 deles não foram aprovados. “Um navio novo,
A empresa participa também dos programas da
mas com tripulação inexperiente, não é aceito em
Associação Brasileira da Indústria Química (Abi-
nosso procedimento de vetting (exame e avaliação).
quim), como o Olho Vivo na Estrada, voltado para
Produtos da Braskem são preparados para o embarque: armazenagem é um dos pontos fundamentais na estratégia de logística da empresa
38
informa
Pela estrada afora: modal rodoviário é bastante utilizado para o transporte de petroquímicos básicos da Braskem
aspectos comportamentais de motoristas, e cum-
Schuck cita o exemplo do Porto de Aratu (BA),
pre os rígidos protocolos do Sassmaq (Sistema de
extremamente congestionado, o que faz com que
Avaliação de Segurança, Saúde, Meio Ambiente e
o tempo de espera de navios para operar seja
Qualidade), operado pela associação.
excessivo. “Isso aumenta os custos e também o risco de atraso na entrega dos produtos aos
Gargalos brasileiros
clientes. Nesse contexto, o desafio da equipe de
Existem muitos gargalos de infraestrutura de
logística aumenta consideravelmente”, ele ob-
transportes no Brasil, em todos os modais. São de-
serva.
safios que o país vem tentando superar com base
Em relação ao transporte ferroviário, o Brasil
em investimentos públicos e privados. A Braskem
tem aproximadamente 30 mil km de ferrovias,
busca, com a diversificação e integração de mo-
e menos de 20% são de bitola larga. Na Bahia,
dais, obter o máximo de eficácia em sua operação
existem 1.500 km de ferrovias de bitola estrei-
de logística.
ta, o que permite o transporte em velocidades
O transporte por duto, que hoje é o mais seguro
médias de apenas 30 km/h. A existência de uma
e de menor custo, já corresponde a 56% das entre-
malha ferroviária mais eficiente reduziria os
gas da Unib. Porém, é um modal limitado ao atendi-
custos de transporte e as emissões de CO 2 rela-
mento de distâncias relativamente curtas.
cionadas a operações logísticas.
A empresa realiza aproximadamente 61 mil ope-
Para Hardi Schuck, a remoção de gargalos lo-
rações de carga e descarga de caminhões com hidro-
gísticos do Brasil é fundamental para dar à eco-
carbonetos e etanol por ano. Se todos os caminhões
nomia brasileira competitividade internacional.
operados pela Unib, em um ano, fossem colocados
Ele ressalta que a Braskem está trabalhando em
em uma fila, ela teria, aproximadamente, 1.300 km –
várias frentes para reduzir o impacto dos garga-
a distância entre Salvador e Belo Horizonte. Porém,
los logísticos que a afetam. “A Organização Ode-
no momento, poucas estradas brasileiras apresen-
brecht tem contribuído, por meio do trabalho de
tam boas condições de segurança, principalmente
várias de suas empresas, para melhorar as con-
para o transporte de cargas perigosas.
dições de infraestrutura do Brasil, com destaque
O setor portuário do Brasil também apresenta problemas de alto custo e ineficiência. Hardi
para a Odebrecht TransPort, que está concentrada em melhorar a logística no país.”
informa
39 39
metro a
qualidade
40
40
informa
Obras da Linha 2 do Metrô de Los Teques: projeto oferece solução integral
de vida conquistada Obras metroviárias em Los Teques e Caracas possibilitam a integração de populosas regiões da Venezuela e a transferência de tecnologia
metro texto Fabiana Cabral fotos Andrés Manner
N
a Venezuela do século 16, os índios
Primeira parada: Altos Mirandinos
Teques, sob a liderança do cacique
O projeto do Metro Los Teques nasceu em 2002,
Guaicaipuro, enfrentaram a ocupa-
quando a Odebrecht venceu a concorrência inter-
ção dos colonizadores espanhóis,
nacional e iniciou as obras da primeira linha, de 10
após a descoberta de ouro na área.
km de extensão e duas estações. A inauguração da
Guaicaipuro foi considerado um dos
Linha 1, que se conecta à Linha 2 do Metrô de Cara-
mais importantes revolucionários na história do
cas, ocorreu em 2006. “Com a satisfação do cliente,
país, e seus restos mortais estão no Panteón Na-
em 2007 conquistamos a Linha 2, de 12 km de ex-
cional, ao lado dos de Simón Bolívar.
tensão e seis estações”, relata Marcelo Colavolpe,
Na Venezuela do século 21, Los Teques é a ca-
Diretor de Contrato.
pital do Estado Miranda e faz parte da região dos
A construção da nova linha foi dividida em três
Altos Mirandinos, que tem 1,5 milhão de habitan-
etapas, com duas estações e, aproximadamente, 4
tes. Em 2012, os moradores ganharão uma nova
km cada. Dois TBMs (Tunnel Boring Machine) – os
estação de metrô, a Guaicaipuro – em homenagem
tatuzões – avançam 14 metros por dia. De acordo
ao grande líder índio –, que integra o Metro Los
com Danilo Abdanur, Gerente de Produção, mais de
Teques, desenvolvido pela Odebrecht.
50% dos túneis já foram escavados: “A cada duas
Há 20 anos no país, a empresa já construiu 23,5
estações, abrimos um fosso de ventilação e manu-
km de linhas metroviárias. Além do Metrô de Los
tenção, que também serve para o reinício das esca-
Teques, a empresa é responsável pelos projetos da
vações com os TBMs”.
Linha 5 do Metrô de Caracas, do Metrocable Ma-
A metodologia adotada foi a EPB (Earth Pressure
riche, do Sistema de Transporte Caracas-Guare-
Balance), preparada para operar em condições ge-
nas-Guatire e do Cabletren Bolivariano. São 71,3
ológicas diversas e mitigar os impactos na superfí-
km de linhas em execução. É essa “viagem” que a
cie. “Temos áreas rochosas, argilosas e grafitosas,
Odebrecht Informa faz a partir de agora.
sob lençol freático de até 20 m, e trabalhamos com
informa
41 41
a inclinação máxima de uma obra metroviária, de 3,5%”, explica Danilo. A operação dos TBMs é monitorada e registrada, com acompanhamento dos perfis geotécnicos percorridos.
Se não fossem as gruas que se misturam à paisagem montanhosa de Caracas, seria difícil acre-
Além das obras civis, a Odebrecht será respon-
ditar que a malha metroviária da cidade está sendo
sável pelo Sistema Integral da Linha 2, que inclui a
ampliada. As sete frentes de trabalho da Linha 5
instalação de 24 km de vias permanentes e 22 trens
do Metrô de Caracas confundem-se com as edifi-
com seis vagões, sinalização e controle de opera-
cações da zona central. “São seis estações em 7,5
ção, eletrificação, bilhetagem eletrônica, comuni-
km, que deverão ser concluídas até o fim de 2015”,
cação e sistemas auxiliares. Em agosto de 2011, o
informa Antônio Tavares, Diretor de Contrato.
projeto mudou de conceito e passou a ser chamado de Sistema de Transporte Massivo dos Altos Mirandinos. “O cliente passou a nos enxergar como uma empresa que desenvolve soluções integrais”, comenta Marcelo Colavolpe. O engenheiro português Ricardo Magalhães, que atuou no Sistema Integral do Metrô do Porto, em Portugal, será o responsável pela implantação das novas soluções. “Entregaremos o sistema pronto para o cliente operar. É o início de uma modalidade de contratação de projeto que pode se estender a outras obras”, ele ressalta. A primeira estação, Guaicaipuro, será inaugurada em novembro deste ano, seguida pela Independência, que deverá ser concluída em 2013. Em 2015, a Odebrecht entregará as estações Los Cerritos e Carrizal e, em 2016, Las Minas e San Antonio. Obras complementares, como a construção de viadutos, elevados, passarelas, escolas e apartamentos de um programa de habitação popular e a revitalização de parques, também estão sendo realizadas. Marcelo Colavolpe revela que está em estudo a Linha 3, com 18 km de extensão, quatro estações e um pátio para oficina mecânica e estacionamento de trens. “Faremos a conexão do sistema com o Metro Caracas em duas pontas: pela Estação Las Adjuntas, da Linha 2, e pela Estação La Rinconada, na Linha 3 da capital. As três linhas podem somar mais de 40 km.” Atualmente, as únicas ligações dos Altos Mirandinos a Caracas são a Linha 1 do metrô e a Rodovia Panamericana, que está em colapso. “O sistema vai proporcionar mais qualidade de vida aos habitantes da região ao lhes fornecer um meio de transporte rápido e seguro”, conclui o Diretor de Contrato.
42
De Los Teques a Caracas, Guarenas e Guatire
informa
A Estação Zona Rental, já existente, será a
ligação com as linhas 3 e 4 – também construídas
íram do fosso Unefa (instalado no centro da linha)
pela Odebrecht –, e a Estação Miranda II conectará
e escavaram no sentido oeste até a Estação Zona
os usuários à Linha 1 e ao futuro Sistema Cara-
Rental, e, na segunda, etapa escavarão na direção
cas-Guarenas-Guatire, na Região Metropolitana.
leste até a Estação Miranda II.
“Trabalhamos com escavações subterrâneas, sem
Inácio Fernandes, Gerente de Produção, expli-
intervenções nas principais avenidas da cidade.
ca que os TBMs foram fabricados para atuar em
Assim, a rotina da população não é afetada”, ob-
solos heterogêneos e possuem mais potência e
serva Antônio.
maior rotação: “Os equipamentos trabalham de 25
Com mais de 40% das escavações concluídas, a
a 34 m de profundidade, por causa dos acidentes
Linha 5 utiliza dois TBMs para as atividades, dividi-
geológicos da região, e temos um nível freático a
das em duas etapas. Na primeira, os tatuzões sa-
cerca de 7 m da superfície”. Ele salienta que, em
Canteiro da Linha 5 do Metrô de Caracas: sem intervenções nas principais avenidas da cidade
informa
43
dois momentos, os tatuzões passam abaixo do Rio
estação subterrânea, em um trecho de 1 km), e 15
Guaire e de afluentes. “Usamos nossa experiência
km de viadutos e vias superficiais. “Nosso principal
nas linhas 3 e 4 e inovamos os processos, princi-
desafio é o de engenharia, pois os tatuzões passa-
palmente na fabricação dos TBMs”, ressalta.
rão por cima dos viadutos, e o projeto atravessará
No fim da Linha 5, a Estação Miranda II será o
40 comunidades”, revela Danilo.
início do Sistema de Transporte Caracas-Guare-
Na Estação Warairarepano, onde começará o
nas-Guatire, que ligará a capital venezuelana às
Trecho Suburbano, os usuários também poderão
cidades de Guarenas e Guatire, de 200 mil habi-
acessar o Cabletren Bolivariano até a Estação Pe-
tantes cada. “Os moradores levarão apenas 30
tare 2, que faz conexão com a Linha 1 do Metrô de
minutos para ir a Caracas ou para regressar da
Caracas.
cidade, diferente das duas horas que gastam hoje,
O Cabletren, trem elevado movimentado por cabos,
de carro ou de ônibus, pela Rodovia Gran Maris-
passará por dentro da comunidade de Petare, uma
cal de Ayacucho”, diz Danilo Hoffmann, Gerente de
das maiores de Caracas, de 400 mil habitantes. Com
Produção.
extensão de 2,5 km e cinco estações, terá capacidade
Os 40 km de extensão são divididos em dois
para transportar 4 mil passageiros por hora. A primei-
trechos, Urbano e Suburbano. O Trecho Urbano,
ra fase, com 1 km e três estações, será entregue em
subterrâneo, com 7 km, terá quatro estações. Já
setembro deste ano para o início dos testes, e o proje-
o Trecho Suburbano é um sistema de trem “de su-
to deverá ser concluído em dezembro de 2013.
búrbio”, de maior velocidade, com outras quatro
De acordo com Danilo Abdanur, o novo sistema melhorará a qualidade de vida das duas cidades e
estações. Com mais de 30% das obras concluídas, a etapa
da comunidade, que passarão a receber mais inves-
suburbana contempla 15,5 km de túneis, que serão
timentos: “Guarenas, Guatire e Petare terão oportu-
escavados dentro da montanha por dois TBMs e por
nidades de desenvolvimento e facilidade de acesso”,
NATM (New Austrian Tunnelling Method, em uma
ele enfatiza.
M on te Bo cris leí to ta El M arq W ué ara s ira re pa no
A Odebrecht nos metrôs de Caracas e Los Teques SISTEMA CARACAS Pl az aV en ez ue la
Be llo La Mo s M nt er e ce Ta des m an ac o Be Chu llo ao Ca m po
5 de juño 19 de abril
P Pa eta re l Pa o V er lo d Ve rd e eI I
Miranda
Capuchinos
Ciudad Universitaria Hornos de Cal Los Símbolos La Bandera La Celba El Valle El Manguito Los Jardines Coche San Agustín Mercado Zoológico La Rinconada
44
Ali Primera
La Mariposa
Rosalito
Gu a In icaip de pe uro nd e Lo ncia sc er rit os Ca rri La zal sM in Sa n A as nt on io
SISTEMA LOS TEQUES
Las Adjuntas
informa
Mariche
Cabletren Bolivariano Metrocable Mariche (sistema local)
Metrocable Mariche (sistema expresso)
Metrocable San Agustín
Linha 3 Linha 4 Linha 5 (em construção) Transferência com outros sistemas (em operação)
Sistema Ferroviário Central Ezequiel Zamora
Linha 1 (em operação) Linha 2 (em construção) Linha 3 (projeto)
Sistema Caracas Guarenas Guatire
Pa lo Ve rd eI Gu II aic La Blo oc D o La qu o lor Do es ita lor de ita
El Ca Sile n pi to cio lio Te at ro Nu s ev oC irc Pa o rq ue Ce nt ral Zo na Re nt al
Pr op at ria
24 de julio
Caracas Los Teques VE NE Z UE L A
COLÔM BIA BRA S IL
Trabalhador no TBM: experiência acumulada nas obras das linhas 3 e 4 tem sido valiosa
Um novo teleférico caraquenho
Inácio Fernandes lembra que o primeiro desafio
Vizinha à Petare, a favela de Mariche será a
das equipes foi entrar na comunidade: “O acesso
segunda de Caracas a receber o Metrocable, te-
era difícil, por isso, em muitos locais, carregamos
leférico que fará ligação com a Linha 1 do Metrô
materiais nas costas e fizemos as fundações ma-
de Caracas, na Estação Palo Verde. A primeira
nualmente”. Ele destaca a transformação na vida
comunidade beneficiada foi a de San Agustín, na
da comunidade que o projeto tornará possível, so-
zona norte da capital, cujo projeto, executado pela
bretudo com a promoção da mobilidade com se-
Odebrecht, foi inaugurado em dezembro de 2010 e
gurança. “Como no Metrocable San Agustín, con-
atende mais de 15 mil passageiros por dia.
seguimos envolver os moradores na manutenção
O Metrocable Mariche, que movimentará 6 mil
e operação do teleférico. Os passageiros sairão de
pessoas por hora, é composto de dois circuitos, o
um ponto seguro e chegarão a outro ponto segu-
Expresso e o Local. O primeiro, com 4,79 km de
ro”, reforça Inácio.
extensão e tempo de viagem de 17 minutos, terá
Atualmente, a malha metroviária da Grande
duas estações – Palo Verde II e Mariche – que li-
Caracas possui mais de 65 km de linhas. Desde a
gam os dois extremos do sistema. O circuito local,
inauguração da Linha 1, em 1983, as cidades e a
de 4,82 km e percurso de 25 minutos, terá qua-
população cresceram em ritmo vertiginoso, assim
tro estações passando por outros pontos dentro
como a frota de veículos e a extensão do trânsito
da comunidade. “Em agosto deste ano, daremos
diário. Segundo Marcelo Colavolpe, a Odebrecht
início aos testes do trecho Expresso, para que a
tem papel importante na transferência da tecnolo-
operação comece ainda em 2012”, informa Antô-
gia de transporte sobre trilhos para o país. “Nosso
nio Tavares.
compromisso é trabalhar para os venezuelanos e
As obras foram iniciadas em agosto de 2009.
com os venezuelanos”, salienta.
informa
45
46
Conhecimento e criatividade para encontrar soluções de logística são a matéria-prima do trabalho da equipe da Olex
quanto mais difÍcil,
melho texto João Marcondes fotos Rogério Reis
hor
Arquivo Olex
Draga no Porto de Roterdã e, depois, no Rio Madeira, em Rondônia: operação complexa, resultado de um trabalho integrado e meticulosamente planejado
U O
Mauro Rehm: “O grande ensinamento veio e continua vindo por meio das equipes dos projetos, e, principalmente, pela operação em Angola”
inverno na cidade holandesa de Roter-
Importação para o Brasil e Transporte Internacional
dã é um dos mais rigorosos do mundo.
da Olex.
O termômetro pode chegar a 14 graus
À primeira vista, parece complicado fazer o
negativos. Em um dos portos maríti-
transporte de uma draga de 65 m de comprimento e
mos mais movimentados da Europa,
que pesa 500 t. De fato é – e, em um segundo olhar,
produtos dos mais diversos tipos são embarcados
48
as dificuldades crescem.
sob uma fina camada de gelo. A neve cai de for-
No Rio Madeira, durante o transporte da dra-
ma inclemente e torna o trabalho dos estivadores
ga por rebocadores, surgem imprevistos. Os pés
ainda mais árduo. Entre os numerosos contêineres
gigantes (de até 18 m) que fazem parte da draga
padronizados que estão ali, destaca-se uma draga
só poderiam ser transportados se o rio estivesse
gigante, com 65 m de comprimento, que é embar-
cheio, senão ficariam presos no leito. Mesmo res-
cada em um navio, com o uso de guindastes, sob
peitando a época certa da viagem, o transporte foi
um frio mitológico.
interrompido, pois os pés acabaram ficando retidos
Porém, os cristais de gelo que envolvem a draga
na vegetação do Madeira, o que exigiu ações não
holandesa logo irão derreter e evaporar. Seu desti-
convencionais de logística. A necessidade de im-
no são as entranhas tropicais da Amazônia brasilei-
provisação e de criatividade desafiam a Olex a cada
ra, onde encontrará um calor de quase 40 graus à
realidade encontrada.
sombra. Depois de 12 dias cruzando o Atlântico, sua
Além da draga propriamente dita, uma roda ex-
primeira parada é no movimentado Porto de Belém.
tra de perfuração foi embarcada da Holanda direta-
Dali, segue por transporte fluvial para Porto Velho.
mente para o Rio de Janeiro. O transporte do Rio até
O motivo da operação é contribuir para a execução
Porto Velho teve que ser feito via terrestre, por causa
daquilo que foi planejado pela equipe da obra, ou
dos trâmites burocráticos e da altura da roda (5 m).
seja, a antecipação da geração de energia da Usina
Uma operação especial foi montada com a equipe da
Santo Antônio.
Olex, da Santo Antônio Energia e do Departamento
“Esse caso [ocorrido em 2010] exigiu soluções
Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).
especiais para conseguirmos realizar tudo a seu
Foi traçada uma rota rodoviária sem viadutos baixos.
tempo e alcançarmos o objetivo final, que era aten-
Essas são apenas amostras das dificuldades de
der às necessidades da obra”, explica Christina
transporte de uma estrutura desse tipo. As com-
Neuffer, Responsável pela área de Global Sourcing,
plexidades de logística, cuja solução fica a cargo
informa
O “impossível” e o “milagre” Mauro Rehm, Responsável pela Olex, costuma começar algumas de suas apresentações sobre Christina Neuffer: atendimento das necessidades da obra
a empresa com uma comparação com o famoso quadro do programa de TV “Domingão Faustão”, o “Se vira nos trinta”, no qual o participante tem 30 segundos para completar a tarefa a que se propõe. É uma comparação justa. As demandas acompanham o planejamento dos projetos, mas muitas delas são urgentes e complexas. “O impossível a gente faz na hora. O milagre precisa de um tempo”, diz Mauro, com humor. “Já nos anos 70, na faculdade, meu sonho era monitorar no computador todos os processos e sistemas de produção de uma fábrica”, acrescenta ele, formado em Engenharia Química e em Administração de Empresas. Hoje, ele está à frente de um sistema e de processos de alta complexidade, desenvolvidos para
da Olex, vão muito além. Envolvem desde a busca
monitorar e unificar, sob um mesmo conceito,
do material e a compra no exterior, cotações de
“Transporte, Logística e Suprimento”. Esse é o ob-
melhor preço e a contratação do frete até o “de-
jetivo da Olex Importação e Exportação, que nasceu
sembaraço”, quando o destino é o Brasil, ou seja,
com o singelo apelido de “Base Brasil”, para apoiar
o atendimento de todas as etapas de exigências da
os projetos no exterior, quando se iniciou a interna-
legislação alfandegária brasileira.
cionalização da Organização.
Quem coordena a superação de desafios dessa
Em 1979, no Peru, a Odebrecht fez sua estreia
natureza são pessoas como Christina Neuffer. Nas-
internacional. Nos anos 1980, ocorreram a expan-
cida em Recife, filha de pais alemães, ela morou em
são e os investimentos na África. A marca Olex só
diversos países, entre eles Áustria, Alemanha, França,
foi criada no ano de 2005. O apelido “base” foi aos
Espanha, Inglaterra e Colômbia. Christina é Respon-
poucos sendo deixado para trás. Em 2009, foi aberto
sável por Global Sourcing, Importação para o Brasil e
o escritório de Xangai, o primeiro da Odebrecht na
Transporte Internacional em operações que envolvem
China. “Agora, podemos afirmar com certeza: é a
26 países. Ela e sua equipe fazem as negociações
Olex 24 horas”, diz Rehm.
para importação de equipamentos e materiais, como
A Olex age de acordo com o planejamento e com
a draga holandesa, caso que guarda semelhanças com
as numerosas solicitações de apoio das obras, das
o processo de logística e importação do teleférico do
outras empresas e dos diferentes negócios da Or-
Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, trazido da França.
ganização. “O objetivo da Olex é contribuir para a
“Foi o primeiro a ser instalado no Brasil para
eficiência e a eficácia no canteiro de obras e das
transporte de massa”, comenta Adílson Moura,
várias empresas da Odebrecht”, salienta Mau-
Responsável Administrativo e Financeiro na obra,
ro Rehm, cujo computador monitorou, apenas em
realizada pela Odebrecht Infraestrutura. “A Olex
2011, mais de 50 mil itens solicitados para compra.
ajudou a equipe do contrato com informações cla-
Toda essa experiência em transportes e logísti-
ras sobre o processo de importação, apoio logísti-
ca é fruto de um vasto conhecimento acumulado ao
co, contratação de transporte marítimo e terrestre
longo desses anos. “O grande ensinamento veio e
e desembaraço aduaneiro, sempre com espírito
continua vindo por meio das equipes dos projetos,
de servir, alinhando as metas da obra, otimizando
principalmente, pela operação em Angola”, destaca
custos e prazos. A Olex foi a extensão da equipe do
Mauro. Um bom exemplo disso ocorreu em 2008.
contrato”, enfatiza Moura.
Por sugestão da equipe dirigente da Odebrecht no
informa
49
Wilmon Torres e os “atletas” da Olex: espírito de equipe
país, a Olex buscou a alternativa de afretamento de
apenas 20 anos. “Era uma espécie de office-boy.
um navio para apoiar a operação do Supermercado
Sabe o que é isso?”, brinca ele. Fez de tudo. Do café
Nosso Super, uma vez que o Porto de Luanda (como
à entrega de documentos (já eram minioperações
vários no mundo) encontrava-se congestionado. O
de transporte e logística). Foi se desenvolvendo e
tempo médio de espera era de 40 dias. O abaste-
fazendo valer um dos princípios filosóficos da Ode-
cimento das lojas começava a ficar crítico, sendo
brecht, a Educação pelo Trabalho. Simultaneamen-
realizado por navios de carreira.
te, concluiu o curso de Direito. Em 1991, assumiu
“Foi uma experiência rica para todos, uma vez
a logística da “Base Peru”. Na sequência, foi para
que o navio deveria possuir dimensões reduzidas,
Angola, onde passou nove anos e trabalhou no pro-
de maneira a não ter de esperar, fazendo viagens
jeto Luanda Sul e em obras de saneamento.
de ida e volta Rio-Luanda-Rio no menor tempo pos-
Desde 2005 de volta à Olex, Wilmon usa a criativi-
sível e sendo capaz de atracar no porto em peque-
dade para obter soluções com ganho produtivo. Um
nos espaços, sem necessidade de aguardar muito
case de sucesso foi o do transporte de mais de mil
tempo ao largo”, relembra Mauro. Ele acrescenta:
estacas (de até 12 m de comprimento) usadas em
“Além disso, teríamos de montar a operação com
obras de saneamento em Paraná de las Palmas, na
fretes mais competitivos que os de mercado. Du-
Argentina, em 2010. Uma logística difícil, que exigiu
rante o período do afretamento, o navio foi utilizado
a utilização de mais de 200 caminhões atravessan-
não apenas com cargas para o Nosso Super, mas
do os dois países em estradas nem sempre bem
também para os demais projetos da Odebrecht em
conservadas. Vários desafios à vista, como tráfego
Angola, e, após dois anos de operação, confirma-
intenso, risco de acidentes, burocracia alfandegária
ram-se as premissas do planejamento: viagens rá-
e atraso da obra.
pidas, fretes mais baixos e operação lucrativa”.
A solução encontrada por Wilmon foi usar um navio (o Thor Spirit, inicialmente afretado para Ango-
Artilheiro
la) para levar as estacas. “Quando o transporte era
Se Christina Neuffer é a craque de origem ale-
feito por caminhões, não conseguíamos formar um
mã do meio-campo do time da Olex, pode-se dizer
estoque. A obra parava. A solução marítima resolveu
que o centroavante é Wilmon Torres, Responsável
também esse problema”, comenta Márcio Ribeiro,
por Suprimentos, Subcontratos e Relacionamento.
Gerente Administrativo e Financeiro da obra.
É um dos artilheiros da equipe de Mauro Rehm. Wilmon ingressou na Organização em 1981, com
50
informa
“A logística da Olex deve estar sempre alinhada com o resultado”, explica Wilmon, que nos finais
garantir a segurança dos integrantes, mas também por cuidar de toda a documentação legal. Formada em Administração de Empresas e com um MBA em Gestão de Pessoas, Mônica Torbey trabalhou na área de Suprimentos por 15 anos. Há seis anos, ela assumiu o programa de Logística de Pessoas (expatriação/repatriação) na Olex. Um desafio do tamanho de sua exigência. “Utilizei meus conhecimentos de logística de bens, adequando-os à realidade da
Mônica Torbey: logística de pessoas
logística de pessoas. Chegamos a apoiar a expatriação de 3.500 integrantes em um momento de forte demanda.” Em 2011, ocorreram 829 expatriações e 995 repatriações. Os processos são complexos. Na obra da mina de carvão de Moatize, em Moçambique, a equipe dirigente viu-se em uma situação inesperada. Boa parte dos trabalhadores moçambicanos pertenciam a uma etnia nômade. Na temporada de
de semana junta a equipe da Olex para partidas de
cheia do Rio Zambeze, de uma hora para a outra,
futebol em alguns cantos do Rio de Janeiro. Até
vários deles abandonavam o trabalho. A atuação
mesmo no hoje pacificado Complexo do Alemão,
direta da equipe da Olex foi solicitada em regime
onde os integrantes/jogadores desfrutam da vista
de urgência. Precisavam de 20 trabalhadores (so-
do teleférico. “Fomos nós que trouxemos”, costu-
bretudo, operadores de equipamentos) em 20 dias.
mam dizer os atletas da Olex, com orgulho, aos
Como fazer? Mônica mobilizou sua equipe, que rastreou pos-
adversários. A operação logística de bens da Olex inclui uma
sibilidades de norte a sul no Brasil, atuou na emis-
área coberta de 10 mil m no Rio de Janeiro e outra,
são de passaportes, providenciou exames médicos
de 12 mil m2, em Santos (SP). “Mas o que define a
e fez imersão na cultura africana.
2
logística é a carga. Temos atuação efetiva em pra-
A logística de pessoas é tão intensa que somente
ticamente todos os portos, aeroportos e fronteiras,
a explicitação de alguns números pode dar a noção
tanto na exportação quanto na importação”, enfati-
exata do que ocorre: somente em 2011, foram emi-
za Wilmon Torres. A Olex já chegou a exportar 1.200
tidas 32 mil passagens aéreas no valor total de US$
contêineres e 140 t de carga aérea por mês em um
22 milhões.
de seus momentos de forte demanda. “Nesse tra-
Líder de uma equipe com motivação inesgotável
balho, estão conosco várias empresas brasileiras.
para o trabalho e para conquistas, Mauro Rehm
Em 2011, foram mais de 2.400 pequenas, médias e
afirma: “Hoje buscamos pôr em prática o concei-
grandes empresas. Quando vamos para o exterior,
to de transversalidade [alavancagem da sinergia
não vamos sós; levamos muitas empresas conos-
entre as empresas da Odebrecht]. Isso ocorre, por
co”, observa Mauro Rehm.
exemplo, com empresas como a Foz do Brasil, a ETH Bioenergia, a Braskem e a Odebrecht Reali-
Expatriações e repatriações
zações Imobiliárias (OR). Isso é possível porque a
Desde 1979, quando iniciou seu processo de in-
Olex consolida o conhecimento da Odebrecht em
ternacionalização, a Odebrecht já alcançou a marca
Suprimentos, Logística, Transporte e Expatriação
de mais de US$ 9,6 bilhões em geração de divisas
e Repatriação de brasileiros e o disponibiliza a
na exportação de bens e serviços brasileiros. Con-
toda a Organização. Com o aumento dessa siner-
sequentemente, transferiu pessoas da Organização
gia, quem ganha não é somente a empresa, mas
para diversos ambientes no exterior. O apoio da
especialmente o cliente e, consequentemente, a
Olex nesse processo é importante não apenas por
sociedade”.
informa
51
PERFIL: Diego Casarin
O prazer de estar em equipe
Para o engenheiro argentino Diego Casarin, trabalho e esporte têm muitos pontos em comum. Precisam ter.
texto Edilson Lima foto Mathias Cramer
O
engenheiro Diego Casarin,
de um intercâmbio cultural. Ficou
“Quando comecei a ter reuniões
38 anos, recebeu a equipe
11 meses no país. “Foi uma experi-
com as equipes brasileiras, tentei
de Odebrecht Informa em
ência maravilhosa, principalmente
usar um ‘portunhol’ inexistente,
sua casa, no bairro de Greenlands,
para o aprimoramento do inglês”,
ninguém me entendia. A solução
em Buenos Aires, onde vive com a
ele relembra. Ao retornar a Córdo-
foi falar em inglês com os enge-
esposa, Mônica, e seus dois filhos,
ba, em meados de 1993, conheceu
nheiros brasileiros. Meses depois
Santiago, 7 anos, e Chiara, 5 anos.
Mônica, com quem se casou em
aprendi algumas palavras em por-
Com o português ainda afiado, por
2000, um ano depois de se formar
tuguês”, conta Diego.
ter vivido quatro anos no Brasil, ele
em Engenharia Química.
Depois de um ano e meio em
falou sobre suas três paixões: a fa-
Começou sua carreira em uma
Canoas, foi para São Paulo, tra-
mília, o trabalho e o basquete, es-
construtora argentina, em Buenos
balhar no escritório da mesma
porte no qual chegou a atuar como
Aires. Um ano depois, trabalhou na
construtora, como coordenador
jogador semiprofissional. “Hoje só
construção de uma termelétrica,
operacional, acompanhando o an-
por diversão”, diz ele.
na Província de Tucumán. Seu bom
damento dos contratos da empre-
Diego nasceu e cresceu na ci-
desempenho chamou a atenção
sa no Brasil. “Em São Paulo, já foi
dade de Córdoba. Por influência do
dos líderes. De 2002 a 2003, fez um
mais tranquilo; me comunicava
pai, aos 18 anos iniciou seus estu-
MBA e, em janeiro de 2004, rece-
bem, saía com a família e amigos
dos em Ciências Econômicas. Logo
beu o desafio de ir para o Brasil,
para jantar, íamos para as praias
percebeu que não era o que dese-
para atuar em uma obra na Refi-
de Santos e Guarujá.”
java. Abandonou o curso e foi para
naria Alberto Pasqualini, em Cano-
os Estados Unidos, para participar
as (RS).
Em 2008, Diego recebeu uma proposta de trabalho da Odebrecht Argentina e retornou a Buenos Aires. “Mônica e as crianças já ti-
“O esporte, assim como o trabalho, requer muito espírito de equipe, responsabilidade, comunicação, entrosamento. Tudo isso me encanta”
nham voltado há seis meses, e eu sentia saudade da família.” Atualmente, Diego é o responsável pelas obras da Planta Compressora de Gás Rio Colorado, na região do povoado de Médanos, onde passa a semana. Ele retorna para casa às sextas-feiras. Diego frequentemente lembra-se de sua carreira no basquete, esporte que começou a praticar ainda crian-
52
informa
ça, no time do General Paz Junior’s,
Em São Paulo, Diego jogou dois
tre outros países. “O esporte, assim
equipe de Córdoba. Aos 17 anos,
anos (2006 e 2007) pela equipe da
como o trabalho, requer muito es-
tornou-se capitão da equipe. “Na-
ADC Mercedes-Benz, na categoria
pírito de equipe, responsabilidade,
quela época, ganhávamos de times
de veteranos. Foi vice-campeão e
comunicação, entrosamento. Tudo
grandes, como o famoso Atenas de
campeão do Campeonato Paulis-
isso me encanta”, diz Diego.
Córdoba”, orgulha-se. No período
ta. Hoje, quando o trabalho per-
do intercâmbio nos Estados Unidos,
mite, ele se junta à equipe dos
Diego teve a oportunidade de jogar
Amigos de Córdoba, para
pela equipe da escola secundária
disputar torneios inter-
Massena Central High School, em
nacionais. Em junho de
Massena, no estado de Nova York.
2011, a equipe jogou
Foi campeão do torneio local.
em Natal (RN), con-
Ao retornar à Argentina, ele
tra times de Brasil,
iniciou o período de jogador semi-
Estônia, Rússia, en-
profissional. Passou a receber salário. Além do Junior’s, também jogou pelas equipes do Instituto, Macabi e Unión Electrica. Em 1999, encerrou a carreira. “Tinha decidido dar prioridade ao meu primeiro trabalho.”
informa
53
para o 54 da estrada
texto Clรกudio Lovato Filho Fotos Guilherme Afonso
54
informa
Integração de modais é o destaque na estratégia de logística para a construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará
rio
Balsa no Rio Xingu: equipamentos embarcados no Porto de Belém chegam à região da obra. Nas fotos menores, a partir da esquerda, José Fernandes, Mário Almeida, Jonas Pinto e José Gomes: protagonistas de uma sequência de tarefas essenciais para a construção da terceira maior usina hidrelétrica do mundo
informa
55
J
osé Fernandes Melo Brito está há 30 anos na estrada. É motorista de carreta autônomo. Tem um Scania 124/420. “Já rodei o Brasil inteiro. Sei de cabeça a distância entre todas as capitais do país.” Contratado pela empresa Transglobal, ele trans-
porta equipamentos e materiais do Sudeste e do Sul – fabricados nessas próprias regiões ou importados por intermédio do Porto de Vitória – até o canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Belo Monte, na região de Altamira, no Pará. Isso quando as condições da Rodovia Transamazônica permitem, porque, no período mais chuvoso, entre janeiro e junho, Fernandes leva a carga até as instalações da empresa de comércio e navegação Reicon no porto de Belém. Ali é feito o transbordo das mercadorias para um caminhão-baú, que, por sua vez, é embarcado em uma balsa que navegará pelo Rio Amazonas e depois pelo Rio Xingu até o atracadouro da
tio Belo Monte, onde estará a casa de força principal,
Reicon em Vitória do Xingu. De lá, os produtos seguem
fica a 102 km de Vitória do Xingu, pela Transamazônica.
para as frentes de serviço.
O Sítio Pimental, ponto de construção da barragem e
Da estrada para o rio, o comando passa dos cami-
do vertedouro principais e da casa de força comple-
nhoneiros para os pilotos fluviais. O comandante Mário
mentar, está a 100 km de Vitória do Xingu, mas em di-
do Santos Almeida, 74 anos, é um deles. Desde 1984 na
reção oposta a do Sítio Belo Monte.
Reicon, ele começou a navegar nos rios da Amazônia
Tudo isso fez com que a logística no perímetro da
aos 18 anos. Mário é o responsável, há três anos, pelo
obra também fosse objeto de exaustivos estudos. Está
rebocador Rebelo XXXIV e sua tripulação de oito pes-
em andamento o desenvolvimento de um projeto para a
soas. No trajeto de Belém a Vitória do Xingu, que leva
construção de um porto nas proximidades do Sítio Belo
cerca de quatro dias, os desafios não são poucos. “Tem
Monte, no Rio Xingu, o que representaria um significa-
muito temporal”, ele diz. “A carga precisa estar bem
tivo ganho de tempo, pois abreviaria a viagem por rio
amarrada.” Na época da “seca”, o nível do Rio Xingu
desde Belém e evitaria os riscos envolvidos nos deslo-
baixa bastante, e os bancos de areia representam um
camentos por estrada de Vitória do Xingu até a frente
risco que, se não evitado, pode resultar na quebra da
de serviço, um percurso de 102 km.
balsa. O Rebelo XXXIV conduz comboios formados por
Do tipo “fio d’água” (ou seja, caracterizada por um
três ou duas balsas gigantescas, capazes de acomodar
reservatório de dimensões reduzidas, considerando-se
mais de 30 equipamentos pesados, como caminhões-
o porte da obra – 503 km2, dos quais 228 km2 são da
-basculantes, retroescavadeiras e perfuratrizes.
própria calha do Rio Xingu), a Hidrelétrica Belo Monte
O paraense José Fernandes e o maranhense Mário
terá potência instalada de 11.233 MW. Serão 18 turbi-
Almeida são heróis brasileiros. A eles cabe um papel
nas Francis, no Sítio Belo Monte, e seis do tipo Bulbo,
fundamental na complexa estratégia de logística con-
no Sítio Pimental. Um efetivo de 25 mil trabalhadores
cebida para a execução da terceira maior usina hidre-
será mobilizado no pico dos trabalhos, em 2013. Até o
létrica do mundo.
fim da obra serão utilizados 4 milhões de m3 de concreto. Já operam no canteiro 800 equipamentos pesados.
56
Uma obra, três canteiros
Serão 2.258 no total. O impacto disso sobre a logística
Iniciada em 2011 e com previsão de entrada comple-
está rompendo paradigmas no Brasil.
ta em operação para 2019, Belo Monte é uma obra tão
“Este é um projeto diferente”, afirma José Gomes
grande que está divida em três canteiros, chamados de
da Silva, há 34 anos na Organização e representante da
“sítios”: Belo Monte, Pimental e Canais e Diques. O Sí-
Odebrecht Energia no Consórcio Construtor Belo Monte
informa
Equipamentos no canteiro de obras de Belo Monte: imagem da conclusão do ciclo de logística
(CCBM). O consórcio, formado por 10 empresas, foi con-
a obra, da acomodação de tudo isso nas balsas ao en-
tratado pela empresa Norte Energia S.A. para executar o
vio de informações para a seguradora, passando pelo
projeto. José é Diretor Comercial do CCBM e trabalha na
apoio aos caminhoneiros que chegam a Belém. Ivan
sua sede, em Altamira. Ali está a principal base de apoio
(cuja classificação como maestro fica ainda mais próxi-
do projeto, situada no centro da cidade de 100 mil habi-
ma da realidade, pois ele também é músico) recebe as
tantes; é o “quartel-general” do projeto, o ponto de con-
balsas no atracadouro de Vitória do Xingu, com olhos
vergência a partir do qual a sinergia entre as empresas
de um detalhista por natureza e o coração de um apai-
consorciadas se materializa e é irradiada para os can-
xonado por seu trabalho.
teiros. Da sede em Altamira, José apoia Óscar Gonzá-
“A logística agrega valor”, ele afirma. “Nossa missão
lez, Gerente de Logística do consórcio (baseado em São
é traçar o caminho seguro.” Ao participar da recepção
Paulo), em tudo o que se refere aos grandes equipamen-
dos equipamentos e materiais, ele se preocupa com
tos. “É a maior obra civil em execução no mundo e está
tudo: da colocação da rampa sobre a qual os cami-
fazendo surgir um novo referencial de logística e cons-
nhões e as escavadeiras passarão para sair da balsa e
trução no país. Estamos vendo nascer aqui uma nova
atingir terra firme à formação da fila dos veículos que
forma de criar infraestrutura para esse tipo de projeto.”
rumarão para o depósito de equipamento e, depois, para os sítios. Até os carros de escolta e as erosões
Maestros da logística
nas estradas por onde passarão os equipamentos são
Se existem os heróis que estão na ponta de lança do
alvos da atenção do paulista Ivan. “Quem não gosta de
processo logístico, como José Fernandes e Mário Al-
detalhes não pode trabalhar com logística.”
meida, há também aqueles que fazem o fundamental
Ivan e Jonas trabalham em estreita sintonia. O
trabalho de meio de campo – ou talvez fosse mais apro-
contato é constante. Vários telefonemas por dia, to-
priado dizer, de maestros. Em Belém, nas instalações
dos os dias. Eram 33 os equipamentos pesados em-
da Reicon, e em Altamira, atuam, respectivamente, os
barcados no dia em que a equipe da revista estava
coordenadores de Logística Jonas Pereira Pinto e Ivan
na Reicon. Mais de R$ 20 milhões na balsa. Jonas
Josias da Silva. No fim de janeiro, a equipe de Odebre-
acompanhava tudo pessoalmente no pátio. “Há mui-
cht Informa acompanhou um embarque de equipa-
tas variáveis possíveis, quando se fala em logística;
mentos em Belém e um desembarque em Vitória do
muitos imprevistos que podem surgir. No nosso caso
Xingu, município localizado a 45 km de Altamira.
aqui, com a integração de modais, temos de estar
Jonas participa de todos os procedimentos que envolvem o despacho dos equipamentos e materiais para
preparados para tudo. Experiência conta muito em logística”, ele argumenta.
informa
57
Área de implantação do projeto PTA POY PET: importação de equipamentos e materiais envolvendo a relação com até 17 países
tu
Reator, contêineres, caldeiras, silos. Projeto em Pernambuco torna-se referência em importação e transporte de equipamentos
58 58
informa
udo E
aquilo de que se precisa
texto Flávia Tavares foto Lia Lubambo
ram 5 horas da manhã do dia 31 de maio de
à Petroquisa, braço petroquímico da Petrobras), de uma
2009, quando uma das etapas mais desafia-
empresa na Índia, que, por sua vez, tem fornecedores
doras da implantação do projeto PTA POY
em diversos outros países, como Alemanha e Suécia.
PET – polo integrado para produção de áci-
“Tivemos ainda casos como o do turbocompressor da
do tereftálico purificado (PTA), filamentos de
Siemens, que precisou ser transportado em um navio
poliéster e resina para embalagem PET – chegava ao seu
exclusivamente fretado para isso”, acrescenta.
auge. O navio havia atracado no porto de Suape (PE) uma
Tantas variáveis podem causar situações insólitas,
semana antes e, naquela aurora, a tarefa era levar o re-
que serão contornadas pela equipe responsável por su-
ator de oxidação catalítica do paraxileno, matéria-prima
prir a obra para que não haja atrasos. Foi o caso dos
do ácido tereftálico, do cais à planta do PTA. Era hora de
contêineres nos quais estavam acondicionadas partes
fazer o “implante” do coração do projeto.
de sete silos de armazenamento do PTA, importados
A operação, porém, não foi trabalho para uma manhã
de uma empresa holandesa. A fabricante exigia que
apenas. Foram meses de empenho para permitir que a
eles fossem montados com suas ferramentas e, assim,
gigantesca carreta tivesse condições de percorrer os 5
embarcou esse material também, o que surpreendeu
km do porto até o terreno do projeto PTA. O reator pesava
Pollyanna e sua equipe.
nada menos que 300 t e, sobre a carreta, atingia 11 m de altura. Vinte e dois postes de luz do trajeto tiveram de ser
Repercussões em toda a obra
removidos e substituídos por similares mais altos. Linhas
Ao todo, R$ 9 milhões foram gastos com fretes marí-
telefônicas foram desligadas e erguidas. A ponte recebeu
timos internacionais de cerca de 9 mil t de equipamen-
um reforço metálico para suportar o peso da carreta,
tos somente do projeto PTA, que tem previsão de ser en-
equipada com cerca de 250 pneus e (em um ponto mais
tregue em abril deste ano. No projeto POY PET, a parte
íngreme) com três cavalos mecânicos para puxar a carga.
mais “pesada” da logística já foi realizada, com cerca de
Em uma hora e meia, o reator chegava ao seu destino fi-
60% dos equipamentos entregues, incluindo 775 contêi-
nal, escoltado pela Guarda Portuária, que garantiu o iso-
neres com as máquinas de texturização e fiação.
lamento da pista. O coração alcançava seu lugar, pronto para alimentar os outros órgãos vitais do projeto.
Em dois anos, as plantas POY e PET envolveram mais de 210 embarques, somando 4,8 mil t de maquinário.
“A logística é complexa em qualquer operação. Quan-
Agora, faltam as fontes radioativas dos instrumentos
do envolve importações de até 17 países e 30 cidades,
usados para medição da quantidade dos produtos (POY
como é o caso da PTA POY PET, fica ainda mais delicada,
e PET) dentro dos silos de armazenamento. “Elas são
porque cada operação tem suas peculiaridades”, expli-
menores, mas nem por isso menos trabalhosas, já que
ca Pollyanna Peres, Responsável por Logística no pro-
há restrição quanto ao horário de circulação e devem ser
jeto. A Odebrecht Engenharia Industrial responde pela
transportadas por carretas especiais”, diz Pollyanna.
engenharia de detalhamento, pelo suprimento de parte
A entrega das unidades POY e PET está prevista para
dos materiais e equipamentos, pela execução das obras
2013. “A logística é parte fundamental da engrenagem
civis e da montagem eletromecânica das três unidades
de uma obra dessas proporções, em que boa parte do
e pelo gerenciamento das obras de todo o complexo.
material é importada”, diz José Gilberto Mariano, Dire-
Pollyanna cita como exemplo dos desafios na logísti-
tor de Contrato. “Se um equipamento não chega, isso
ca da operação a importação das caldeiras do PTA, com-
pode ter repercussões em toda a obra. Nesse sentido, o
pradas pelo cliente, a PetroquímicaSuape (que pertence
trabalho feito aqui tem sido exemplar.”
informa
59
um pa Obras para melhoria da infraestrutura de transportes beneficiam as grandes cidades e o interior de Angola
60
informa
60
aís E
ao encontro de sua gente texto Eliana Simonetti fotos Holanda Cavalcanti rnesto Adriano Cassacula tem 24 anos e uma filha de 3 meses, vive na Caala, município da Província de Huambo, em Angola, e, na Odebrecht, conseguiu seu primeiro emprego, no fim de 2010. Está satisfeito com o trabalho e também com as rodovias que a Odebrecht está restaurando e reconfigurando – que ligam Caala e Ganda e Caala e Ekunha. “O
transporte ficou muito mais fácil. Hoje podemos visitar nossas famílias, e há uma variedade de produtos disponíveis no comércio para nosso consumo”, diz. Caala é uma cidade importante, pois funciona como um entroncamento. Passam por ali os produtos agropecuários e industriais da Província de Huambo, rumo ao porto de Lobito, na Província de Benguela. Na outra mão, passam produtos vindos do porto e também da África do Sul e da Namíbia. Antonio Zeferino Neto é dono da AZN Transporte, empresa de ônibus que transporta passageiros entre as províncias. A AZN foi criada há quatro anos. Antes disso, ninguém viajava de ônibus entre Benguela e Huambo. Agora há concorrência e, mesmo assim, o número de ônibus da AZN dobrou. A empresa tem 70 integrantes. “A população está se deslocando cada vez mais, para fazer negócios, para desfrutar as férias e para participar de festas”, revela Zeferino Neto.
Benguela e Huambo A segunda maior e mais próspera província de Angola tem em seu território o segundo mais importante porto do país: Lobito. As estradas que passam por Benguela facilitam a distribuição e o embarque de mercadorias, também promovem a conexão do país com a Namíbia e a África do Sul, por via terrestre, e propiciam o desenvolvimento do Namibe, província desértica de vocação turística. Em Benguela, a Odebrecht construiu as rodovias Benguela-Catengue e Benguela-Dombe Grande e está trabalhando, em 2012, na reconfiguração da Rodovia Benguela-Baía Farta (que fará a ligação das duas anteriores, já entregues, e possibilitará fácil acesso à área pesqueira e turística de Baía Farta). Ao realizar a obra de reconfiguração da rodovia que liga Benguela a Dombe Grande, a Odebrecht também pavimentou e sinalizou as ruas da pequena cidade de Dombe Grande. São três vias principais, utilizadas rotineiramente por cerca de 85 mil pessoas que vivem no centro ou em uma das 52 aldeias e povoações daquela área. Nos tempos coloniais, Dombe Grande era um importante polo produtor de açúcar. Atualmente a usina do local está abandonada. Restam algumas construções. As pessoas vivem principalmente da agricultura – que foi estimulada com a melhoria Ernesto Adriano Cassacula: família mais próxima e maior disponibilidade de produtos
do acesso à cidade. Com o melhoramento da estrada, também aumentou o número de visitantes. Mas o que as pessoas vão fazer em Dombe Grande? Além de negociar legumes e verduras, a cidade é o maior centro místico de Angola. Ali, toda a família tem ao menos um curandeiro. “Os visitantes vem em busca de alívio para suas dores.
informa
61
Eu aproveito o movimento e vendo sorvetes”, diz Ana Dungula, 20 anos, contente porque os negócios melhoraram desde que a poeira baixou. Em Huambo, as estradas ali executadas pela Odebrecht (Caala-Cuíma, Caala-Ganda, Ekunha-Caala e Cuíma-Gove) ligam a província, de economia agroindustrial, a mercados consumidores em Angola (as províncias de Kwanza Sul, Namibe e Benguela) e no exterior, via porto de Lobito e via terrestre, a partir da ligação com a Namíbia e a África do Sul). A capital da província, Huambo, denominada Nova Lisboa nos tempos coloniais, é estância turística.
Os desafios de Luanda No interior, as rodovias conectam pessoas e economias e propiciam o desenvolvimento, assim como ocorre na capital, Luanda. A cidade concentra cerca da metade da população do país. Por causa dos conflitos armados
Via Expressa Luanda-Viana; Estrada Lar do Patriota; Es-
verificados em Angola, os quais hoje fazem parte do pas-
trada da Samba; Estrada do Golfe e Estrada 21 de Janeiro.
sado, Luanda transformou-se, em pouco tempo, em um
Essa última, uma avenida que liga o aeroporto ao cen-
grande centro urbano, com desafios típicos dessa condi-
tro de Luanda, costumava ser uma via congestionada.
ção. Está em andamento, contudo, um plano para resol-
Em época de chuva, inundava e ficava intransitável. Quem
ver os problemas da cidade, e a Odebrecht participa de
vivia ali não tinha calçadas seguras para caminhar nem
sua implementação.
passarelas para a travessia. A Odebrecht remodelou a via,
Um dos projetos é o das Vias Estruturantes de Luan-
que foi alargada com pavimentação, área de acostamen-
da, formado por avenidas e vias expressas que reduzem o
to, drenagem, iluminação, calçadas ampliadas e trata-
volume de tráfego no centro da cidade, facilitam àqueles
mento paisagístico.
que vivem na periferia o acesso ao centro e agilizam a co-
Na farmácia Maranata, inaugurada em janeiro no bair-
municação entre o porto e o interior do país, fomentando
ro de Cacuaco, trabalham Maria Eugenia Antonio Mateus
a troca de mercadorias. São elas: Autoestrada Periférica
e Mariana Agostinho da Cruz. “Estou certa de que vamos
Luanda-Viana-Cacuaco (Centro); Via Expressa Luanda-
prosperar, pois o movimento já vem melhorando”, afirma
-Kifangondo (Norte); Ligação Cabolombo-Futungo (Sul);
Maria Eugenia, que é enfermeira. “Esta via favorece os es-
A Estrada Luanda – Kifangondo: redução do volume de tráfego em Luanda
62
informa
e facilitará o transporte de quem vive nas populosas cidades-satélites de Viana e Kiaxi. O segundo é a Marginal Sudoeste, entre o Largo da Corimba e a Praia do Bispo (via paralela à já reformada e muitíssimo utilizada avenida da Samba). Para esse projeto, a Odebrecht já ergueu sete pontes. O terceiro novo projeto é um eixo viário que ligará a 21 de Janeiro à Estrada do Golfe, melhorando o fluxo de tráfego para os que viajam entre o sul e o centro da cidade de Luanda. Essas obras estão sendo iniciadas em 2012. Há um conjunto de vias que a Odebrecht entregou a Angola ou entregará ainda em 2012, em Luanda e nas pro-
tabelecimentos mais organizados”, salienta. Ela diz que está feliz por uma razão adicional: antes que a avenida estivesse pronta, em novembro de 2011, ela levava mais de uma hora para chegar em casa. Agora são menos de 30 minutos. Integrantes da Odebrecht também beneficiam-se da obra. Jorge Manuel, 24 anos, está há quatro na empresa. Ingressou como carpinteiro e hoje é encarregado. Ele conta que, no princípio, a viagem para o trabalho era bastante desgastante, embora sua casa fique a 15 km
A engenheira Djamira Nazaré Paixão e a Rodovia Benguela-Baía Farta: nova geração de angolanos participando ativamente da construção do futuro do país
de distância da obra. A viagem que três anos atrás levava uma hora, hoje é feita em 10 minutos. “Tenho mais tempo para estar com minha família e até já iniciei um curso técnico de física biológica para crescer profissionalmente”, revela.
Novos projetos
víncias de Benguela, Huambo e Malange. Todas elas têm importância fundamental para o desenvolvimen-
As obras da Odebrecht na área de infraestrutura
to econômico e para a integração do país. Na capital,
de transportes em Angola trazem benefícios imedia-
especificamente, as obras permitem a expansão com
tos e notáveis para a população. E há uma série de
menor adensamento populacional e, portanto, melhor
projetos novos que melhorarão ainda mais o cená-
organização, planejamento e implantação de equipa-
rio. O cliente é o Ministério de Urbanismo e Cons-
mentos de infraestrutura urbana – o que se reflete,
trução de Angola. Os projetos já foram incluídos no
também, na saúde e no bem estar das pessoas.
Programa de Investimento Público (PIP) do Governo
Esses são movimentos que ocorrem em Angola,
de Angola para 2012. Compõem um pacote de cer-
um país com território semelhante ao de dois esta-
ca de US$ 600 milhões em obras a serem realizadas
dos da Bahia, no Brasil, com a maior parte da popu-
em um horizonte de três a quatro anos. Para isso,
lação concentrada na capital; cuja economia cresceu
a Odebrecht capacitará e mobilizará cerca de 2 mil
a uma taxa média anual de 10,8% nos últimos seis
trabalhadores angolanos – e, se tudo correr como o
anos. Ao implantar obras de infraestrutura de trans-
planejado, ao menos 20% deles serão mulheres.
portes, a Odebrecht tem atuado para que o desenvol-
Um dos novos projetos é o chamado R 17: uma via que ligará o bairro de Camama à Marginal Sudoeste
vimento favoreça a todos os angolanos – nas cidades e no interior do país.
informa
63 63
gente
Um empresário do mundo Paulo Brito e os aprendizados da vida sem fronteiras
J
á se vão 23 anos desde que o engenheiro mecânico carioca Paulo Moreira Brito ingressou na
Odebrecht. Em dezembro de 1993, foi para os EsTico Ribeiro
tados Unidos. Depois esteve no Iraque, voltou aos EUA, foi para a Libéria, regressou aos EUA e agora
foto:
trabalha em Moçambique. Ele afirma: “A experiência internacional me expôs a condições que eu não
Laços de família
teria experimentado se não tivesse saído da minha
Juliana Lima e o marido vivem e trabalham em Teles Pires
ças ao apoio de minha esposa, Adriana, que cuidou
A
área de conforto, o que foi possível, sobretudo, grade nossos filhos enquanto estive longe. Além disso, as difíceis situações com as quais me deparei con-
baiana Juliana Lima teve seu primeiro contato
taram com o entusiasmo e a criatividade de equi-
com a Odebrecht em 2007, no Instituto de Desen-
pes que, devidamente motivadas, vencem qualquer
volvimento Sustentável (Ides) do Baixo Sul da Bahia.
barreira”.
Ingressou na empresa em 2010 e, hoje, é Responsável por Pessoas e Organização na Hidrelétrica Teles Pires, obra na divisa do Mato Grosso com o Pará que tem a Odebrecht Energia como investidora (e que é executada pela Odebrecht). Em 2011, Juliana chegou a Paranaíta (MT), cidade pequena que serve de apoio ao canteiro de obras, localizado em área isolada. Foi essa
sou em Teles Pires em abril de 2011. “A convivência
E Simões Hdu olanda Cavalcanti
intensiva é desafiadora e fortalece nossos laços”, diz
foto foto:
uma das razões que levaram a Odebrecht a permitir a integração de cônjuges no canteiro. Alberto Fraga, engenheiro de segurança e marido de Juliana, ingres-
Juliana.
Trabalho por uma realidade melhor Orgulho por trabalhar pela qualidade de vida
J
uliana Calsa, nascida em Limeira (SP), não esconde que sempre foi idealista. Jornalista, ingressou na Foz do Brasil há seis anos
em sua cidade natal, para trabalhar em Comunicação e Responsabilidade Social na primeira concessão de saneamento do país com participação da iniciativa privada. No trabalho de cuidar da imagem da concessionária, ajudou a implantar um projeto de educação am-
Holanda Cavalcanti
biental relacionado à reciclagem de óleo de cozinha, que tem sido replicado nas unidades da empresa no país. Hoje, em São Paulo, Juliana compõe a equipe de Comunicação Corporativa da Foz. Orgulha-se de contribuir para levar qualidade de vida a milhões de pessoas
foto:
e para a preservação do meio ambiente. “Tenho certeza: é possível
64
fazer deste um mundo melhor”, diz.
informa
PREPARE O SEU CONHECIMENTO PARA SER COMPARTILHADO
AS INSCRIÇÕES ESTARÃO ABERTAS
A PARTIR DO DIA 15.03.2012
ht tps://w w w.premiodestaque.com Para mais informações sobre o Prêmio Destaque, entre em contato com o Ciaden (premiodestaque@odebrecht.com) informa
65
essenci De olhos abertos para o
texto Christina Queiroz fotos Júlio Bittencourt
66
66
informa
Construção de terminal de cargas no Porto de Santos e de dutovia para transporte de etanol: símbolo do esforço do Brasil para superar seus gargalos
cial
Terminal da Embraport no Porto de Santos: com ele, o Brasil aumentar谩 significativamente sua capacidade de fazer neg贸cios internacionais
informa
67
S
ão dois projetos de infraestrutura de transportes e logística que podem ser classificados – sem risco de incorrer em exagero – como cruciais. Eles carregam, em sua origem e em seus objetivos, a marca de um
país que está crescendo e precisa solucionar seus gargalos. Com a expectativa de aumentar em até 40% a atual capacidade instalada do Porto de Santos, já em sua primeira fase de operação, o Terminal da Embraport (Empresa Brasileira de Terminais Portuários) receberá investimentos totais de R$ 2,3 bilhões, ampliando as condições do Brasil para fazer negócios internacionais. Também em fase de construção, a dutovia desenvolvida pela Logum criará uma nova e moderna alternativa para o transporte de etanol, que contribuirá para o crescimento e a competitividade da indústria desse setor. A Embraport e a Logum fazem parte do portfólio da Odebrecht TransPort, empresa da Organização Odebrecht voltada para operações e investimentos em sistemas integrados de logística, rodovias, mobilidade urbana e aeroportos.
Segundo Wilson Lozano, Gerente de Engenharia da Embraport, o terminal terá infraestrutura e equipamentos suficientes para permitir a atracação de navios com
De Santos para o mundo
até 12 mil TEU, “já pensando-se em um futuro aumento
Com crescimento médio anual previsto de 3,5% ao
da capacidade de carga dos navios utilizados no comércio
ano, o Brasil deverá ver seu fluxo de negócios internacionais aumentar de forma acelerada e consistente. Pedro
A primeira fase do projeto absorverá investimen-
Brito, Diretor da Antaq (Agência Nacional de Transportes
tos de R$ 1,6 bilhão e incluirá a construção de dois
Aquaviários), observa: “Em 2003, o volume de exportação
berços para a operação de contêineres e carga geral,
e importação no país atingia US$ 100 bilhões, e, em 2012,
além de um píer para a operação de granéis líquidos.
o valor deve subir para US$ 500 bilhões”. Ele assinala que
“No fim de 2012, a obra correspondente à primeira
cerca de 90% dessa corrente de comércio passará pelos
etapa da Fase 1, um berço de atracação com 350 m
portos, o que comprova a essencialidade dos investimen-
de comprimento, já estará pronta”, informa Giorgio
tos em logística portuária.
Bullaty, Gerente de Produção da Odebrecht Infraes-
Maior da América Latina, o Porto de Santos tem ca-
trutura. Essa entrega permitirá o início da operação
pacidade instalada total de R$ 3,2 milhões de TEU (uni-
antes do término da Fase 1, previsto para outubro de
dade equivalente a um contêiner de 20 pés), e a previsão
2013, quando a estrutura contará com um cais de 650
de Pedro Brito é que ela chegue a 10 milhões de TEU em
m de comprimento e capacidade de movimentação de
2025. “O Terminal da Embraport vai colaborar com esse
1,2 milhão de TEU e 2 bilhões de litros de líquidos. Já
avanço.”
a Fase 2, fruto de investimentos de R$ 700 milhões,
Desenvolvido à margem esquerda do Porto de Santos, o terminal, cujo acionista majoritário é a Odebrecht Trans-
68
internacional”, ele salienta.
aumentará o cais para 1.100 m de comprimento e ampliará a capacidade para 2 milhões de TEU.
Port (os outros são a DP World e a Coimex), operará em
Um dos destaques da obra é a aplicação da tecnologia
uma área de 848.500 m², terá um cais de 1.100 m, dois
de Geotube, que permitiu dragar e condensar, em sacos
píeres, um pátio ferroviário e um estacionamento para
de grande porte especialmente projetados e fabricados
carretas. “A capacidade instalada do terminal será de 2
para esse fim, 580 mil m3 de material contaminado. “Se
milhões de TEU e 2 bilhões de litros de granéis líquidos”,
não tivéssemos essa tecnologia, seria necessário destinar
informa Juliana Baiardi, Diretora de Logística da Odebre-
esse material a aterros sanitários, o que demandaria 73
cht TransPort.
mil viagens de caminhão”, relata Giorgio Bullaty.
informa
Regina Tonelli, Gerente da Qualidade, Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente da Embraport, enfatiza a realização de investimentos de R$ 10 milhões no desenvolvimento de programas ambientais, os quais envolvem mais de 30 condicionantes de atendimento ao licenciamento ambiental. As ações são voltadas à conservação de recursos naturais, a questões socioambientais e de arqueologia, à qualidade ambiental e a programas ligados diretamente ao trabalho de construção do terminal, além de iniciativas de responsabilidade social realizadas nas comunidades do entorno do terminal portuário. Trabalhadores nas obras do Terminal da Embraport: Programa Acreditar tem papel de destaque na integração e qualificação de profissionais para a obra
Etanol nos dutos Apesar da sua maturidade e da perspectiva de se tornar o carro-chefe das exportações brasileiras, a indústria de etanol ainda conta com um sistema de logística no qual o transporte do produto é feito, predominantemente, com caminhões. Por isso, empresários decidiram investir em um projeto para modernizar a estratégia, que consumirá investimentos de, aproximadamente, R$ 7 bilhões. A Logum, companhia criada em março de 2011, é resultado dos esforços de seis acionistas (Odebrecht TransPort, Petrobras, Cosan, Copersucar, Camargo Corrêa e Uniduto) e da fusão de três projetos. Alberto Guimarães, Presidente da Logum, lembra que, há 30 anos, a indústria de etanol investe em técnicas de produtividade; porém, pouco tem feito para melhorar suas estratégias de logística. E, em sua opinião, essa demanda é cada vez mais urgente, na medida em que a agricultura da cana-de-açúcar se expande para o interior e se distancia dos grandes centros de consumo. O projeto da Logum prevê o transporte de 22 milhões de m3 de etanol por ano, produzidos em São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, por meio de 1,3 mil km de dutos em construção e que serão interligados a uma rede de 600 km de dutos já existentes, da Petrobras. O etanol será capturado no interior, levado até um hub (ponto de distribuição) em Paulínia (SP) e, a partir daí, enviado às regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de
Pedro Brito (à esquerda), durante visita às obras do terminal. Com ele, a partir da esquerda, Rodrigo Leite, Diretor Financeiro da Embraport, Alexandrino Alencar, Responsável por Desenvolvimento de Negócios e Apoio Institucional na Odebrecht Infraestrutura, e o Diretor de Contrato Henrique Marchesi, também da Odebrecht Infrestrutura: investimentos em logística portuária são essenciais
Janeiro. O primeiro trecho da iniciativa ficará pronto em fevereiro de 2013, enquanto o último (voltado ao mercado de exportação) deverá ser concluído em 2016. Moacir Megiolaro, Diretor de Projetos da Logum, explica que a expectativa é conquistar produtores e distribuidores para a utilização do sistema de transporte de etanol. “Uma das principais usuárias do sistema será a ETH Bioenergia”, revela.
informa
69
mares que precisam ser navegados texto Júlio César Soares
70
Na ilustração, um navio PLSV: equipamento faz parte do plano estratégico da Petrobras para a exploração do pré-sal
A
presença da Odebrecht Óleo e Gás
brasileira a executar esse tipo de obra, a OOG buscou a
(OOG) no mercado de engenharia sub-
expertise da francesa Technip, que desde 1977 atua no
sea e, em especial, a história de um
mercado brasileiro de subsea.
dos integrantes de sua equipe nessa
Juntas, as empresas formaram uma joint venture,
área de atuação refletem com fidedig-
para concorrer à licitação promovida pela Petrobras
nidade o atual momento do setor petrolífero no Brasil.
em outubro de 2010, referente à construção e operação
A OOG iniciou suas atividades em subsea (que com-
de até nove embarcações. No fim, seis embarcações
preende projeto, construção, instalação e manutenção
foram contratadas, e a OOG e a Technip conquistaram
de dutos e equipamentos submarinos que interligam
duas. “Conseguimos atingir nossa meta, que era cons-
poços no fundo do mar a plataformas de produção, na
truir e operar as duas maiores embarcações da licita-
superfície) com um contrato para projeto e lançamento
ção, as que suportam 550 t de dutos flexíveis”, relata
do Gasoduto Sul-Norte Capixaba. À época, o atual Dire-
Marcelo Marques Nunes, Responsável pelo Contrato
tor de Contrato de Subsea da OOG, Renato Bastos (o in-
dos PLSVs.
tegrante mencionado no primeiro parágrafo), trabalhava em uma importante empresa estrangeira do setor.
70
As duas embarcações, para afretamento, fazem parte do plano estratégico da Petrobras para o pré-
Um ano e meio depois, Renato está presente na con-
-sal, descoberto pela estatal em 2006, e são capazes
solidação da Odebrecht nesse mercado: a construção e
de instalar dutos flexíveis em águas ultraprofundas
operação de dois navios conhecidos como Pipe Laying
de até 2.500 m de lâmina d’água. O equipamento que
Support Vessels (PLSVs). Para ser a primeira empresa
sustenta esses dutos na embarcação, chamado de
informa
Movimento natural A busca da Odebrecht por um parceiro experiente no mercado subsea para esse projeto foi um capítulo especial nessa história que está apenas começando. A escolhida foi a Technip, com mais de 30 anos de atuação nesse segmento específico. “Precisávamos de um parceiro com experiência no produto e na operação de PLSVs, e a Technip não apenas opera as embarcações, mas também fabrica os dutos flexíveis que são lançados por elas”, explica Marcelo Nunes. Bernard Gilot, Gerente de Projetos PLSV da Technip, observa que a joint venture entre a empresa francesa e a Odebrecht foi resultado de um movimento natural. “A Technip é uma das líderes do mercado de subsea, e a Odebrecht é uma empresa de tradição, que vem trabalhando com solidez no mercado de perfuração em águas profundas. Acredito que, juntos, possamos atender às expectativas nessa nova fase da Petrobras”, diz Bernard. “Um dos destaques dessa parceria é que poderemos utilizar as unidades da Technip em operação para treinar nossas equipes. A possibilidade de embarcar um integrante nosso em uma unidade parecida com a que construímos é uma grande vantagem”, Ilustração OOG
OOG participa da construção de dois PLSVs, embarcações para instalação de equipamentos submarinos
enfatiza Marcelo Nunes. “A parceria com a Technip nos fortalece como empresa de destaque nesse novo negócio e nos abre um leque de novas oportunidades no mercado”, explica Jorge Luiz Mitidieri, Diretor-Superintendente da Unidade de Negócios Serviços
tensionador, assemelha-se ao sistema de lagartas de
Integrados da OOG.
tanques de guerra, e 550 t correspondem ao peso má-
As duas empresas serão parceiras na operação
ximo de duto que o tensionador consegue suportar. O
dos PSLVs por um período de cinco anos, que pode
papel dos PLSVs é transportar e instalar os dutos no
ser prolongado por mais cinco. “Trabalharemos não
mar, interligando os poços de petróleo, localizados no
apenas na supervisão da construção das embarca-
leito marinho, a plataformas de produção na superfície.
ções na Coreia, mas também com afretamento, ge-
Para construir as duas embarcações, a Odebrecht
renciamento de operações e prestação de serviços
e a Technip recorreram a uma parceira de longa data:
especializados de engenharia de instalação”, explica
o estaleiro da Daewoo Shipbuilding & Marine Enginee-
Renato Bastos.
ring Co., Ltd. (DSME), na Coreia do Sul. “Temos ótima
Essa nova operação dentro da longa e produtiva re-
relação com a DSME, iniciada em 2008. É um estaleiro
lação entre a Odebrecht e a Petrobras tem prazo para
reconhecido pela entrega no prazo e pela qualidade de
começar. Será no segundo semestre de 2014. De acor-
suas embarcações, e isso é importante na hora de re-
do com Renato Bastos, que tem 15 anos de experiência
duzir qualquer tipo de risco no projeto”, afirma Renato
no mercado de subsea, a Odebrecht finca sua bandeira
Bastos.
em uma importante fatia do mercado, dominado por
Após a construção dos PLSVs, as embarcações virão
empresas estrangeiras. “A conquista desse projeto nos
ao Brasil e passarão pelos testes de aceitação final da
coloca em definitivo como a única empresa brasileira
Petrobras, para, em seguida, iniciarem suas operações
com efetiva participação no mercado de subsea”, res-
nas bacias de Santos e Campos.
salta Jorge Mitidieri.
informa
71
ARGUMENTO
Os desafios da logística
“O maior de todos os desafios relacionados à logística no Brasil é, sem dúvida, a infraestrutura. Ainda há um longo caminho a ser percorrido para que se tenha maior disponibilidade e eficiência na circulação de mercadorias por meio dos modais rodoviário, ferroviário, dutoviário, fluvial e marítimo”
72
informa
72
A
qualidade e o custo de um produ-
Estados Unidos, para efeito de comparação, a
to são características decisivas
malha ferroviária ultrapassa 200 mil/km, e o
para as escolhas de compra dos
transporte ferroviário é o mais utilizado.
clientes. Mas a equação não para
Resultado das limitações de infraestrutura
por aí: inovação, sustentabilida-
no Brasil, ainda é grande a dependência do
de, relação de parceria e, claro, a logística são
modal rodoviário, que representa mais da me-
fatores que têm cada vez mais influência nas
tade (65%) das operações logísticas, ao passo
relações comerciais.
que, nos Estados Unidos, por exemplo, esse
Sem logística adequada não se garante que
modal representa apenas 25% das operações.
os produtos cheguem aos clientes com qua-
Quando falamos em hidrovias, o cenário
lidade e no tempo certo. Na Braskem, temos
também é complexo. O principal gargalo é a
buscado oportunidades de agregação de valor
falta de investimento em infraestrutura portu-
aos nossos clientes, por meio da otimização de
ária nos rios, a exemplo do polo da Zona Fran-
processos logísticos, com diversas iniciativas,
ca de Manaus. Já os portos para exportação e
como a logística reversa e a constante revisão
cabotagem, como Santos (SP), Rio de Janeiro,
da malha logística. Mas, assim como as opor-
Rio Grande (RS) e Aratu (BA), têm como limita-
tunidades, os desafios são grandes, pois, no
ção a infraestrutura de acesso, áreas retropor-
nosso dia a dia, precisamos garantir a entrega
tuárias e capacidade dos terminais portuários.
de 5 milhões de t/ano de carga seca (resinas)
Nesse cenário, diversas medidas são neces-
para cerca de 1.600 clientes no Brasil e cerca
sárias para o fortalecimento da cadeia logís-
de 250 no exterior distribuídos em 60 países,
tica como um todo. Temos que assumir uma
além de 9 milhões de t/ano de carga líquida e
postura proativa. O Brasil precisa investir em
gasosa (petroquímicos básicos) para clientes
infraestrutura em todos os modais. A equa-
no Brasil e no exterior, em cinco continentes.
ção dos portos, a acessibilidade intermodal (os
Para continuar a cumprir a missão de ser-
produtos chegam aos portos por meio de rodo-
vir cada vez melhor aos nossos clientes, temos
vias e/ou ferrovias), a ampliação e moderniza-
que contornar diariamente os nossos desafios.
ção das ferrovias, a qualidade e as condições
O maior de todos os relacionados à logística
das estradas são pontos fundamentais.
no Brasil é, sem dúvida, a infraestrutura. Ain-
As perspectivas para o cenário logístico bra-
da há um longo caminho a ser percorrido para
sileiro são positivas a médio e longo prazos.
que se tenha maior disponibilidade e eficiên-
Mas a postura do setor empresarial deve ser,
cia na circulação de mercadorias por meio dos
sobretudo, proativa e, por que não, criativa.
modais rodoviário, ferroviário, dutoviário, flu-
Temos que participar de discussões, influen-
vial e marítimo.
ciar na direção correta e contribuir para abrir
As ferrovias, a cabotagem e as hidrovias fluviais são importantes no sistema logístico de
cada vez mais caminhos que favoreçam o desenvolvimento.
um país de proporções continentais como o Brasil, e, por isso, esses modais precisam ser rapidamente desenvolvidos, mediante a ampliação e melhoria de rotas e canais expressos. Nossa malha ferroviária, por exemplo, atende, hoje, apenas cerca de 30 mil km e está concentrada em poucos estados (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul). Nos
Gustavo Prisco Paraíso é Diretor de Logística da Unidade de Polímeros da Braskem
informa
73
foto:
Bruna Romaro
58
74
informa
&
notícias pessoas Veja a seguir reportagens sobre realizações recentes das equipes da Organização Odebrecht no Brasil e no mundo 76
Organização: os eventos, os relatos e as reflexões que
80
Braskem dá início às suas operações industriais na
84
Baixo Sul: Cooperativa da Construção Civil reúne aprendizes
marcaram a Reunião Anual 2011 da Odebrecht
Alemanha, com unidades nas regiões de Colônia e Leipzig
e jovens que passaram pelo Centro de Formação Profissional Construir Melhor
87
Saberes: Gilberto Neves fala sobre decisões acertadas, exemplos de vida e a importância do aprendizado
foto:
Edu Simões
com os líderes
informa
75
organização
Os líderes e su Reunião Anual 2011 destaca a integração de pessoas à Cultura da Organização e a busca permanente de maior produtividade texto José Enrique Barreiro
“É
76
fotos Beg Figueiredo
tarefa indelegável do líder
de livros escritos por Norberto Ode-
Em sua apresentação, Marcelo fez
devotar tempo, presença,
brecht, foram transmitidas por Mar-
um balanço do conjunto dos negó-
experiência e exemplo a
celo Odebrecht, Diretor-Presidente
cios, destacando, entre outros aspec-
seus liderados.” A frase de Nor-
da Odebrecht S.A., aos 210 líderes
tos, a importância da integração de
berto Odebrecht, fundador da Orga-
da Organização reunidos no dia 19
pessoas à Cultura da Organização, a
nização, sintetiza a ideia da Peda-
de dezembro, em Salvador, na Reu-
necessidade da busca permanente de
gogia da Presença, decisiva para a
nião Anual 2011 da Odebrecht S.A.,
maior produtividade, o papel das si-
transmissão da cultura organizacio-
quando foram mostrados os princi-
nergias e da imagem e o foco no cres-
nal e o desenvolvimento de pessoas.
pais resultados de 2011 e o que está
cimento qualificado. “Nos últimos
Essa e outras mensagens, retiradas
previsto para o triênio 2012/2014.
anos, consolidamos a confiança de
informa
uas reflexões clientes e acionistas; nos próximos,
sa cultura”, cujos fundamentos estão
da OOG (Odebrecht Óleo e Gás); Paul
continuaremos a sonhar ainda mais
apoiados na prática da confiança e da
Altit, da OR (Odebrecht Realizações
alto o sonho de nossos clientes, sem-
lealdade. Piero Marianetti falou em
Imobiliárias); Euzenando Azevedo,
pre tendo como referência a Tecno-
nome dos conselheiros consultivos,
da Odebrecht Venezuela; Luiz Rocha,
logia Empresarial Odebrecht, a base
e cada um dos membros do Conse-
da Odebrecht International; Luiz Ma-
que não muda nunca”, disse Marcelo.
lho de Administração da Odebrecht
meri, da Odebrecht América Latina
Houve também a apresentação
S.A. comentou as apresentações do
e Angola; Benedicto Junior, da Ode-
das mensagens de Norberto Ode-
dia, realizadas pelos seguintes líde-
brecht Infraestrutura; Márcio Faria,
brecht, que ressaltou, entre outros
res da Organização: Maurício Medei-
da Odebrecht Engenharia Industrial;
pontos, a importância da Governança
ros, da Fundação Odebrecht; Carlos
e Henrique Valladares, da Odebrecht
Participativa, e de Emílio Odebrecht,
Fadigas, da Braskem; José Carlos
Energia.
Presidente do Conselho de Adminis-
Grubisich (então Líder Empresarial
Também participaram da reunião
tração da Odebrecht S.A., que convo-
da ETH Bioenergia); Fernando Reis,
outros acionistas e membros de vá-
cou todos os líderes a “zelar pela nos-
da Foz do Brasil; Roberto Ramos,
rias gerações da família Odebrecht.
Participantes da Reunião Anual da Organização: na primeira fila, a partir da esquerda, Emílio Odebrecht, Norberto Odebrecht e os conselheiros consultivos Roberto Campos, Piero Marianetti, Geraldo Dannemann e Alípio Lima
informa
77
1
4
“Nos últimos anos, consolidamos a confiança de clientes e acionistas; nos próximos, continuaremos a sonhar ainda mais alto o sonho de nossos clientes, sempre tendo como referência a Tecnologia Empresarial Odebrecht, a base que não muda nunca” Marcelo Odebrecht
5
8
78
informa
6
2 3
7 O QUE DISSERAM OS LÍDERES EMPRESARIAIS 1- Benedicto Junior, da Odebrecht Infraestrutura: “Pretendemos, cada vez mais, fortalecer em nossos integrantes o senso de pertencer.”
9
2- Fernando Reis, da Foz do Brasil:
6- Luiz Rocha, da Odebrecht International:
“Mais que a nossa expansão, 2011 foi um ano de cres-
“Ao realizar a evacuação de 3.500 expatriados em
cimento como empresa e equipe.”
situação de guerra, na Líbia, mostramos o compromisso real da Odebrecht com as pessoas.”
3 - Paul Altit, da Odebrecht Realizações Imobiliárias:
7- Márcio Faria, da Odebrecht
“Em 2011, a Bairro Novo entregou 2.300 residências a
Engenharia Industrial:
famílias participantes do programa Minha Casa Minha
“Nossa empresa vai receber 13 mil novos
Vida e do segmento econômico.”
integrantes no próximo triênio.”
4- Euzenando Azevedo, da Odebrecht Venezuela:
8- Henrique Valladares, da Odebrecht Energia:
“Demos apoio à Braskem, à Odebrecht Engenharia In-
“Antecipamos a construção da Hidrelétrica Santo
dustrial e à OOG, obtendo sinergias no país.”
Antônio em um ano em relação à obrigação contratual.”
5- Luiz Mameri, da Odebrecht América Latina
9- Maurício Medeiros, Presidente
e Angola:
Executivo da Fundação Odebrecht:
“Temos hoje 34 mil integrantes, com
“Sim, é possível. No Baixo Sul da Bahia, pessoas que
1.400 expatriados, sendo 370 não brasileiros.”
estavam na exclusão hoje fazem a diferença.”
informa
79
alemanha
Sabina Alexandra Filimon e Reinhard Thimm na unidade industrial de Wesseling, na região de Colônia: novo ânimo com a chegada da Braskem
Willkommen! texto Luiz Carlos Ramos foto Edu Simões
Braskem agora produz polipropileno na Alemanha, em unidades industriais nas regiões de Colônia e Leipzig 80
informa
A
marca Braskem já apare-
ano de polipropileno.
torno do novo ciclo dessas unida-
ce nos sacos brancos com
Os escritórios da Braskem Eu-
des, compradas à Dow Chemical
25 kg de polipropileno aco-
ropa em Frankfurt, na Alemanha,
em julho de 2011, juntamente com
modados em enormes caminhões
e em Roterdã, na Holanda, rece-
duas unidades da Dow nos Esta-
que partem das duas unidades da
bem novas encomendas. Tanto na
dos Unidos (em Freeport e Sea-
Braskem Europa, nas regiões de
planta de Wesseling, a 25 km de
drift), no Texas.
Colônia e Leipzig, na Alemanha,
Colônia, quanto na de Schkopau,
rumo a outras regiões do país e
a 30 km de Leipzig, o trabalho é
Braskem na Europa envolve curio-
a indústrias transformadoras de
ininterrupto: 24 horas por dia, 365
sidades, a começar pelo fato de
plástico da Itália, França, Polô-
dias ao ano. Não há domingos ou
significar, para a Organização, o
nia, Holanda, Bélgica e República
feriados. As nevascas do inverno
“retorno” à terra dos ancestrais
Checa. Somadas as duas unida-
europeu de 2011/2012 não abala-
do fundador Norberto Odebrecht.
des, a produção chega a 545 mil t/
ram a produção e os ânimos em
Em 1856, aos 21 anos, o bisavô de
O
surgimento
da
marca
informa
81
Norberto, Emil Odebrecht, nascido
la, Holanda, Romênia, China, Turquia,
em 2012. A entrada da Odebre-
no Reino da Prússia (que passaria
Brasil e outros países.
cht no setor da petroquímica,
a integrar o Império Alemão), emi-
Como está sendo feita a tran-
porém, ocorreu em Camaçari há
grou para o Brasil e foi viver em
sição? Mark Nikolich explica que
quase 33 anos, em 1979, ano em
Santa Catarina. Nos anos 1990, foi
decidiu conservar uma expressiva
que nasceu um dos assessores
constituída a empresa Odebrecht
parcela dos profissionais que tra-
de Mark Nikolich na Braskem
Bau AG, que teve atuação tempo-
balhavam na Dow e que revelaram
Europa, Christopher Gee. Enge-
rária na construção de moradias
vontade de enfrentar o desafio pro-
nheiro, natural de Nova Jersey,
na já reunificada Alemanha. Agora,
posto pela Braskem. “Encontra-
Gee gosta de tocar guitarra, jo-
por meio da Braskem, a Alemanha
mos ótimos profissionais em todos
gar basquete e enfrentar novos
volta a integrar a lista de países em
os níveis. Fizemos mudanças e
desafios
que a Odebrecht está presente.
ainda faremos outras, em busca de
adorando essa nova fase aqui
unidade, em todos os sentidos.”
na Alemanha”, diz ele. “Ao visi-
Transição
no
trabalho.
“Estou
A Braskem Europa tem cerca de
tar a Braskem no Brasil, percebi
A Braskem Europa GmbH come-
80 empresas compradoras de poli-
melhor o peso da Organização,
çou a existir oficialmente em 1º de
propileno, sobretudo de países vizi-
que tem tudo para fazer sucesso
outubro de 2011, dia em que o nor-
nhos da Alemanha, relata Mark: “Os
também na Alemanha.”
te-americano Mark Nikolich e seus
clientes já conhecem o alto conceito
O outro jovem parceiro de Mark,
principais assessores passaram a
da Braskem, a maior produtora de
Alfredo Prince, economista de 36
trabalhar na transformação das unidades Dow alemãs em plantas Braskem, sem parar a produção. Mark, 45 anos, administrador pós-graduado, é de Nashville, no Tennessee, e morou em vários países antes de chegar à Sunoco, nos Estados Unidos, empresa incorporada pela Braskem em 2010. Com a aquisição das quatro unidades da Dow, ele foi indicado para ser o Líder da Braskem Europa. Seu escritório fica atrás da Ópera de Frankfurt, em um prédio da Rua Am der Welle, que tem o alegre significado de Sobre a Onda. Mark já havia morado na Alemanha. E, ao voltar ao país, teve a
Mark Nikolich entre Alfredo Prince (à esquerda) e Christopher Gee, em Frankfurt: “Buscamos unidade”
companhia de dois jovens integrantes que trabalhavam com ele na
resinas termoplásticas das Améri-
anos, nascido em Caracas e com
Braskem nos Estados Unidos: o nor-
cas, e demonstram interesse pelas
estudos completados nos Estados
te-americano Christopher Gee e o ve-
duas unidades na Alemanha e pelo
Unidos, lidera a área financeira da
nezuelano Alfredo Prince. As caracte-
plástico ‘verde’ brasileiro”.
Braskem Europa. Ele passou pelos
rísticas de uma atuação empresarial
fia e agora está em Frankfurt. “Até
na Alemanha, tem integrantes de
Motivação, integração e otimismo
Alemanha, Estados Unidos, Venezue-
A Braskem completa 10 anos
de nosso programa completa”, ex-
global não param por aí: a empresa,
82
escritórios da Braskem na Filadél-
informa
o fim de 2012, já teremos a equipe
Unidade industrial de Schkopau, perto de Leipzig: capacidade de produção de 320 mil t de polipropileno por ano
plica Alfredo, que torce pelo Man-
com a Dow e é ótimo adotar o estilo
chester United, da Inglaterra, e co-
Braskem.” A unidade de Schkopau
nhece o Rio de Janeiro e São Paulo.
produz 320 mil t/ano.
Braskem”, analisa. Sander van Veen, holandês, 49 anos, engenheiro, Diretor
Alfredo vem contando com a
Por coincidência, a exemplo
Comercial e de Suprimentos
colaboração de um brasileiro na
de Buchmann, o líder de pro-
da Braskem Europa desde 1º
tesouraria de Frankfurt, o gaúcho
dução da unidade de Wesseling
de outubro, explica: “O merca-
Eduardo Schwarzbach, 30 anos,
também nasceu na cidade da
do de polipropileno está cres-
que trabalha na Braskem na Bahia
unidade em que trabalha. Wes-
cendo, apesar da atual turbu-
e foi chamado para atuar por al-
seling, junto ao Rio Reno, perto
lência econômica em parte da
guns meses na Braskem Europa.
de Colônia, integra uma região
Europa”.
“Aqui, já peguei frio de até 14 graus
industrial. Reinhard Thimm, 54
Manfred Lingscheid, 48 anos,
abaixo de zero, em contraste com o
anos, mostra, com orgulho, a
orgulha-se de ter nascido em
calor de Salvador, mas vale a pena
planta em que lidera uma equi-
Colônia. “É a melhor cidade
ver surgir esta Braskem.”
pe de dezenas de pessoas de vá-
alemã!”, diz.
Hans-Jürgen Buchmann, 54 anos,
rias nacionalidades. “Aqui, não
Yao Li, 29 anos, chinesa, da
é Diretor Industrial da Braskem Eu-
paramos nunca”, diz. “A produ-
equipe de operação de Wesse-
ropa e líder de produção na unidade
ção anual nesta unidade chega
ling, termina mais um dia de
de Schkopau, sua cidade natal, perto
a 225 mil t. Estou feliz por par-
trabalho em fevereiro, fecha o
de Leipzig. Ele nasceu na época em
ticipar deste novo momento da
agasalho, põe o gorro e as lu-
que Leipzig fazia parte da Alema-
Braskem.” A engenheira rome-
vas, pega a bicicleta e enfrenta
nha Oriental, socialista, que deixou
na Sabina Alexandra Filimon,
o caminho gelado até sua casa,
de existir com a reunificação alemã,
30 anos, faz parte da equipe de
a 30 minutos de pedaladas. “O
em 1990. “Trabalho nesta unida-
Thimm, trabalhando na inspe-
sol está se pondo. Foi um ótimo
de de polipropileno há mais de 10
ção de qualidade da produção.
dia. Amanhã vai ser ainda me-
anos, participei de sua modernização
“Ganhamos novo ânimo com a
lhor”, diz.
informa
83
Desenvolvimento sustentável
Mãos na argamassa Projeto Construir Melhor forma jovens profissionais para atuarem na construção civil texto Gabriela Vasconcellos
D
fotos Beg Figueiredo
epois de algum tempo
uso de maquiagem e os cuida-
Construir Melhor. O recurso para
procurando
trabalho,
dos com os cabelos. “Uso touca
a obra foi fruto do Acordo de Co-
Camila Silva, 22 anos,
para proteger os cabelos, se não
operação Técnica e Financeira
encontrou sua oportunidade na
cai argamassa e depois dá muito
assinado em 2009 pelo Banco Na-
construção civil. Determinada, a
trabalho para tirar.”
cional de Desenvolvimento Econô-
jovem ingressou na segunda tur-
Camila e seus colegas partici-
mico e Social (BNDES) e a Fun-
ma do Centro de Formação Pro-
param da construção da sede do
dação Odebrecht, que fomenta o
fissional Construir Melhor. Está se tornando pedreira. “A cada dia me apaixono mais. Sinto orgulho por saber que o que faço é importante. Não vejo obstáculos”, assegura Camila, moradora de Valença (BA). Mensalmente,
Camila
pas-
sa uma semana na sala de aula aprendendo conceitos teóricos. Nas outras três semanas, no canteiro de obras, ela tem acesso a conhecimentos práticos, com acompanhamento de monitores, encarregados e engenheiros. É assim que garante a renda que lhe possibilita ajudar a mãe e financiará sua graduação em Engenharia Civil. Associada à Cooperativa da Construção Civil (Coonstruir) – instituição que reúne os aprendizes e os formados pelo projeto – Camila recebe, por produtividade, cerca de R$ 500,00 por mês. Única mulher do grupo, ela defende que esse não é um trabalho só para homens. “Aprendi de tudo no curso. Estou me aperfeiçoando todos os dias”, conta. É uma jovem vaidosa e não dispensa o
84
informa
Programa de Desenvolvimento In-
ajuda, não poderíamos ter cons-
recursos para a reforma e am-
tegrado e Sustentável do Mosaico
truído esse sonho. Uma pessoa
pliação de suas sedes, o que per-
de Áreas de Proteção Ambiental
sozinha não transforma o mundo.
mitirá um aumento no número
do Baixo Sul da Bahia (PDIS), do
Aqui levantei paredes, assentei
de jovens beneficiados por ano.
qual o Centro Profissionalizante e
cerâmica, pintei portas e portões.
O aporte para a Cooperativa dos
a Coonstruir fazem parte.
Aprendi a ter foco, objetividade,
Produtores Rurais de Presidente
O acordo com o BNDES prevê
disciplina e paciência na hora
Tancredo Neves está tornando
investimentos, ao longo de seis
de realizar o trabalho. O projeto
possível a construção de uma
anos, no valor de R$ 60 milhões,
transformou a minha vida”, afirma
Unidade de Pré-Beneficiamento
em ações sociais, produtivas, am-
Camila.
de Frutas, que atenderá os 208
bientais e de capacitação para as
Outras instituições ligadas ao
associados. A Cooperativa dos
comunidades do Baixo Sul. Para o
PDIS e contempladas pela par-
Produtores de Palmito do Baixo
Construir Melhor, o banco aportou
ceria com o BNDES também co-
Sul da Bahia conseguiu adquirir
R$ 2,3 milhões na implantação de
memoram. As casas familiares
máquinas e implementos agríco-
sua sede em Valença, em terreno
Rural de Igrapiúna e Agroflores-
las, caminhões, carros e motos, o
doado pela Prefeitura. “Sem essa
tal de Nilo Peçanha receberam
que possibilitou melhorar as condições de atendimento do setor
Camila com colegas do projeto Construir Melhor: plano de se tornar engenheira
primário e, com isso, aumentar a produção e a mecanização das lavouras, além de ampliar a capacidade de locomoção dos técnicos agrícolas.
Visão de Futuro Na busca pela colocação em prática, no Baixo Sul, dos Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – propugnados pela Organização das Nações Unidas (ONU) e subscritos por 192 países –, o PDIS conquistou diversos atores sociais. A jovem protagonista Camila é apenas uma em meio a centenas de pessoas que contam com os parceiros do programa, fomentado pela Fundação Odebrecht na região, para transformar a realidade local. Além do BNDES, no último ano outras instituições selaram convênios com o PDIS. A Mitsubishi Corporation, por exemplo, ampliou seu apoio com a previsão de Camila recebe orientação no canteiro de obras: plano de se tornar engenheira
aporte, nos próximos três anos, de US$ 1,8 milhão nas três casas familiares em atividade na região, para custeio da formação de no-
informa
85
Educandas na Casa Familiar Rural de PresidenteNovo Tancredo impulso: Neves: local de Cooperativa dos implantação da primeira Produtores de unidadePalmito do País do no Baixo Baixo Sul Sul da Bahia também foi beneficiada pela parceria com o BNDES
86
vos empresários rurais. Anterior-
pequenos
Recen-
é o sistema inovador de gover-
mente, a empresa já realizava um
temente, implantou no Baixo Sul
nança participativa, no qual o pri-
projeto educacional em Igrapiúna
uma de suas tecnologias sociais,
meiro, o segundo e o terceiro se-
(BA). Na área ambiental, a Com-
o Pais – Produção Agroecológica
tores atuam de forma integrada.
panhia de Desenvolvimento e Ação
Integrada e Sustentável, aportan-
“Assim, buscamos atingir o oitavo
Regional (CAR), vinculada ao Go-
do cerca de R$ 1 milhão.
objetivo do milênio: Todos Traba-
agricultores.
lhando pelo Desenvolvimento”,
verno da Bahia, e o Fundo Brasi-
“O objetivo de manter os atu-
leiro para Biodiversidade (Funbio),
ais parceiros e atrair novos de-
em conjunto com a Organização
monstra de que forma a Funda-
“A conquista dessas parce-
de Conservação de Terras (OCT) –
ção Odebrecht está no caminho
rias nos confere um momento de
instituição também ligada ao PDIS
para alcançar sua visão de futu-
grande responsabilidade, temos
–, estão estimulando a utilização
ro, em que busca se tornar uma
essa consciência”, garante Edu-
dos recursos naturais de forma
administradora de recursos para
ardo Queiroz, Vice-Presidente de
equilibrada. Somados, os valores
sustentabilidade socioambiental
Sustentabilidade
chegam a aproximadamente R$ 3
e implantar, na Área de Proteção
que destaca ainda a sinergia esta-
milhões.
Ambiental do Pratigi, um modelo
belecida com a Organização Ode-
diz Medeiros.
na
Fundação,
Já a Fundação Banco do Brasil,
de turismo agrícola, ecológico e
brecht. “Somos o braço social da
investidora social do PDIS desde
sustentável – o Agroecoturismo”,
Odebrecht e buscamos construir
2008, apoiou a melhoria da infra-
salienta Mauricio Medeiros, Pre-
um modelo de desenvolvimento
estrutura, a aquisição de máqui-
sidente Executivo da Fundação
passível de reaplicação em outras
nas e capacitação tecnológica,
Odebrecht. Segundo ele, o dife-
regiões, referência para as ações
empresarial e cooperativista de
rencial do programa no Baixo Sul
sociais da Organização.”
informa
SABERES
Olhar fixo no futuro Gilberto Neves e os fatos que a razão e a emoção transformam em ensinamentos inestimáveis
Depoimento a Valber Carvalho/ Edição de texto: Alice Galeffi
A
o falar dos países por onde passou, das pessoas com quem conviveu e das construções que ergueu, os
olhos de Gilberto Neves brilham. Muitas águas rolaram desde que entrou na Organização, aos 23 anos, como Assistente de Planejamento em uma obra para a Petromisa, em Aracaju. Nos primeiros anos, atuou em vários projetos na região Nordeste. Depois foi para o Peru e hoje é o Diretor-Superintendente da Odebrecht International nos Estados Unidos. Sempre lutando para superar os desafios que a vida lhe impõe e buscando fazer melhor, o guerreiro Gilberto Neves tem na persistência a sua maior arma. “Eu nunca olho para trás, olho sempre para frente, para o próximo desafio”, diz o protagonista desta edição do Projeto Saberes. Sua entrevista completa pode ser lida em www.odebrechtonline.com.br. A seguir, alguns trechos da conversa.
“A melhor decisão” Quando houve o convite para eu ir para o Peru, também tinha recebido uma proposta para ficar em Minas Gerais. Ir para o Peru foi a melhor decisão da minha vida. O país foi marcante para mim. Lá, cresci muito profissionalmente, e lá nasceu meu terceiro filho. Logo depois que ele nasceu, eu achava que era super-homem e trabalhava 20 horas por dia. Tinha enxaqueca constantemente e me automedicava. Tomava um remédio forte, sem saber que era vaso constritor. Acabei tendo uma embolia cerebral. Colapsei no
Gilberto: Odebrecht tem atuação consolidada e clientes fiéis nos Estados Unidos
informa
87
banheiro. Só me acharam no dia seguinte. Fiquei sem saber se poderia voltar a andar. Foi muito difícil: imagine você com 30 anos e sem andar, paralisado do pescoço para baixo. Mas devagarzinho consegui me recuperar, e, em 20 e poucos dias, eu estava andando novamente. Foi um milagre, eu poderia ter
Gilberto com Brian Perantoni: relação fraternal que transcendia o trabalho
ficado com uma sequela muito forte. Perguntei então à minha mulher:
“O segredo do sucesso é a persistência”
Em um dos primeiros dias de
buscar nossas coisas do Peru?” Ela
nossa presença nos Estados Uni-
Um de meus mentores foi minha
disse: “O que é que você quer fazer?”
dos, fui apresentado a um rapaz que
avó, que perdeu o esposo com três
Eu falei: “Não me pergunte o que eu
passou pelo escritório para pegar
anos de casada, grávida da terceira fi-
quero fazer, eu quero voltar”.
carona com um amigo. Um gerente
lha, e assumiu o compromisso de criar
Pegamos os três meninos e volta-
nosso falou: “Olha, eu vi o Brian Pe-
as filhas sozinha, trabalhando. Minha
mos para o Peru. Quando desembar-
rantoni lá fora na recepção, eu acho
avó administrava uma pedreira, uma
quei, todas as 42 famílias dos expatria-
que você deveria conversar com
fazenda e um sanatório de pacientes
dos estavam me esperando com uma
ele”. Eu ainda não tinha obra, mas o
de tuberculose. Ela sempre disse:
faixa enorme que dizia: “Bem-vindo de
chamei para conversar, e nós bate-
“Não pare, nunca se acomode, o ócio
volta, amamos você”. Foi sensacional.
mos um papo muito longo.
cria teia de aranha”.
Aquilo foi peça-chave para a gente se recuperar do que aconteceu.
Integração de jovens norte-americanos
88
Brian Perantoni
“Monica, você quer que eu mande
Brian tinha grande reputação no
Meu outro mentor foi meu pai; ele
mercado e não estava procurando
me ajudou a traçar minha carreira a
emprego. Não dei benefício ne-
vida inteira, vibrando com o que a gen-
nhum, e ele nunca soube por que
te fazia e com o que ainda tínhamos
aceitou. Sentiu que tinha alguma
pela frente.
A ida para os Estados Unidos, em
coisa de diferente em nossa empre-
Depois disso, na própria empresa,
1990, partiu de uma decisão de Re-
sa. Brian passou a ser meu braço
logicamente, Dr. Norberto, por essa
nato Baiardi e Emílio Odebrecht. Era
direito, me ajudou a estruturar a
cultura fantástica que ele criou, e essa
uma oportunidade de mostrar para
empresa e me ensinou como é que
forma desprendida de delegar e de
a Organização que teríamos com-
se fazia obra nos Estados Unidos.
confiar nas pessoas.
petência para trabalhar no mercado
Foi um cara fantástico.
Baiardi e Marco Cruz foram grandes
mais competitivo do mundo. Hoje,
Como é que eu consegui con-
líderes; aprendi com eles a liderar com
com mais de 20 anos de presença no
quistá-lo para trabalhar na empre-
confiança. Devo reconhecer também
país, temos a atuação consolidada
sa? Acho que foi a forma sincera
meu líder atual, Luiz Rocha, a quem
e clientes fiéis. E já conquistamos a
de dizer a alguém que você está
agradeço pela relação de confiança ple-
adesão dos jovens. Estamos atraindo
interessado nele. Criei uma relação
na e absoluta, pois assim posso liderar
jovens das universidades locais, pes-
muito forte com ele e com sua famí-
nossas equipes nos Estados Unidos.
soas que já estão com um compro-
lia, que transcendia o trabalho. Mas
metimento incrível com a Odebrecht.
Brian teve um infarto fulminante aos
Se você perguntar a qualquer um
48 anos. Deixou cinco filhos e um
Se você perguntasse se eu faria
deles quando vai sair da empresa, vai
legado incrível. O enterro dele tinha
tudo de novo, eu responderia que faria
dizer: “Nunca”. É muito interessan-
milhares de pessoas na rua, e nós
10 vezes de novo, mudaria para todos
te ver um americano falar isso; ele
tivemos que parar uma avenida. No
os lugares, faria tudo o que eu fiz, mas
quer construir a carreira dele, junto
caixão, sua mulher colocou o cha-
tentaria fazer melhor. Definitivamente
com a família, na nossa empresa.
péu dele e a camisa da Odebrecht.
vale a pena.
informa
O segredo do sucesso, eu sempre falo, é a persistência.
Próxima edição:
Gestão do Conhecimento
RESPONSáVEL POR COMuNICAçãO EMPRESARIAL NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Márcio Polidoro
Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 150 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.
RESPONSáVEL POR PROGRAMAS EDITORIAIS NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Karolina Gutiez COORDENADORES NAS áREAS DE NEGóCIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa COORDENAçãO EDITORIAL Versal Editores Editor José Enrique Barreiro Editor Executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes Projeto Gráfico e Ilustrações Rico Lins Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti Tiragem 6.680 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom Redação: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023 / São Paulo (55) 11 3641-4743 email: versal@versal.com.br
informa
Edu Simões foto:
“O simples é difícil de fazer. Ser simples exige o domínio e a internalização de uma cultura eficaz” TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]
90
informa