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# 160 ano XXXIX MAIO/JUNHO 2012

CONHECIMENTO

A geração, o registro e o compartilhamento da mais essencial das matérias-primas


II

informa


informa

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www.odebrechtonline.co Edição online

Acervo online

> Bibliotecas físicas da Braskem têm sistemas integrados que possibilitam o empréstimo de materiais de consulta a parceiros e integrantes de qualquer localidade

> Prêmio Odebrecht para o Desenvolvimento Sustentável incentiva jovens universitários a desenvolver projetos inovadores

> Na reforma do Maracanã, parte dos resíduos do antigo estádio é reaproveitada na fabricação de tijolos e no reflorestamento de áreas urbanas

> Construção de uma usina solar permitirá que a Arena Pernambuco consuma energia renovável e ecologicamente correta

> Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF

> Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa, desde a número 1, e faça o download do PDF completo da revista

> Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002

> Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev


m.br

> Leia Odebrecht Informa no seu tablet e no seu smartphone . > Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos.

Videorreportagem

> Núcleo da Cultura Odebrecht (NCO), um instrumento para a preservação e a divulgação de experiências vividas por equipes da Odebrecht no Brasil e no mundo

> Julio Lopes Ramos, Responsável pelo Projeto Curundú, no Panamá, é o quinto entrevistado do Projeto Saberes

> Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE) permite aos integrantes aperfeiçoarem seus conhecimentos e compreenderem os valores da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO)

Blog

> Odebrecht Realizações Imobiliárias patrocina a criação do Museu Pelé, em Santos (SP)

> Conheça a Ilha do Mussulo, um dos destinos turísticos mais belos de Luanda

> Concurso fotográfico promovido por Odebrecht Informa tem o esporte como tema

> Siga Odebrecht Informa pelo twitter @odbinforma e saiba das novidades imediatamente

> Comente os textos do blog e participe enviando sugestões para a redação

> Logística da eficiência Da lavoura à unidade industrial: veja como a ETH Bioenergia garante a entrega da cana-de-açúcar com rapidez e segurança


#160

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6

A motivadora e produtiva interação entre representantes de diferentes gerações de empresários proporcionada pelo PDE

12

O professor Moises Swirski aborda (e celebra) os 10 anos do Programa de Desenvolvimento de Empresários

14

Prêmio Destaque: um instrumento a serviço da valorização da inteligência coletiva

18

Nas comunidades de conhecimento, um espaço para compartilhar experiências e encontrar apoio

30

Olindina Dominguez fala dos desafios de crescimento da Organização e a importância da rede de conhecimento para sua superação

34

Uma viagem através do passado, do presente e do futuro da Organização no Núcleo da Cultura Odebrecht

39

Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci) terá sua capacidade de atendimento ampliada

40

As soluções inovadoras encontradas pela Braskem para integrar, centralizar e hospedar informações

46

Na Odebrecht Engenharia Industrial, projetos de avançada tecnologia comprovam a vocação de inovar

50

Apaixonado por transmitir seus conhecimentos no dia a dia dos canteiros de obra, Zé Bodinho completa 50 anos de trabalho na Odebrecht informa


conhecimento

CAPA: Participantes do primeiro módulo da edição de 2012 do Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE), reunidos em Atibaia (SP). Foto de Bruna Romaro

52

Em Angola, uma iniciativa marcada pela combinação entre transferência de tecnologia e aprimoramento da cidadania

56

Uma incessante troca de informações e experiências que envolve todos os integrantes da ETH Bioenergia

60

Trabalhadores do Panamá fortalecem capacitação em saúde e segurança com apoio das equipes da Odebrecht no país

64

Yuri Tomina: conheça a história de um jovem que personifica o dinamismo e a confiança da Braskem

66

OOG: as lições que inspiram zelo e apreço pelo conhecimento e pela prevenção

70

Sistema de comunicação desenvolvido pela OR estimula disciplina, reflexão e transversalidade

74

Programa de Desenvolvimento de Jovens Empresários leva ao Baixo Sul da Bahia um novo motivo para acreditar no amanhã

78

Saberes: Julio Lopes Ramos ajuda a recuperar cidadãos na Cidade do Panamá

No mapa, estão indicados em branco os países e estados brasileiros onde são realizados os projetos e programas retratados nesta edição de Odebrecht Informa. De grande abrangência, essas iniciativas relacionam-se a todos os países em que as empresas da Organização atuam. informa

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6

informa


EDITORIAL

Realização intangível

O

conhecimento é sempre resultado de um processo coletivo. Mesmo quando, aparentemente, ele frutifica do esforço de um ser humano solitário, na verdade o que ocorreu foi que essa pessoa, em determinado momento, conseguiu chegar

a uma descoberta, à confirmação ou à ampliação de uma conquista ao utilizar um acervo de informações que começou a ser gerado muito an-

“Tão importante quanto estimular a essencial geração do conhecimento é criar condições para o não menos crucial compartilhamento do saber acumulado”

tes de ela ter vindo ao mundo – ou seus pais, ou seus avós. O conhecimento é uma obra magnífica para a qual todos nós, e os que vieram antes de nós, contribuímos a cada dia de nossa existência. Hoje – e isto é cada vez mais evidente no universo empresarial, mas não apenas nele –, tão importante quanto estimular a essencial geração de conhecimento é criar condições para o não menos crucial compartilhamento do saber acumulado. De que vale, afinal, o conhecimento se ele não puder ser aproveitado por todos em benefício do bem comum? Seria como escrever e publicar livros maravilhosos que não seriam lidos por ninguém ou construir lindas casas, que ficassem desocupadas. Nesta edição de Odebrecht Informa, você lerá reportagens que contam histórias de amor ao conhecimento – e ao seu compartilhamento. Verá de que forma iniciativas, como o Prêmio Destaque, o Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE), as comunidades de conhecimento e o Núcleo da Cultura Odebrecht, contribuíram e continuam contribuindo para a formação de uma rede de conhecimento que torna possível que as equipes da Odebrecht potencializem seu espírito de servir e ajudem seus clientes a transformar seus sonhos em realidade. Você confirmará, com a ajuda das reportagens que agora chegam às suas mãos, que, a cada edição do Prêmio Destaque, a cada reunião das comunidades de conhecimento, a cada módulo do PDE, a cada informação acrescentada aos portais das empresas da Organização na internet, a cada visita ao Núcleo, a cada Café Temático, um novo acorde é agregado a essa transcendente sinfonia chamada conhecimento – a qual, para nossa felicidade, realização e permanente reafirmação de fé no ser humano, jamais terá fim.


AS COISAS DA texto Edilson Lima fotos Bruna Romaro

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6 informa

vid


da

Programa de Desenvolvimento de Empresários permite o contato informal entre pessoas de diferentes gerações, em uma rica e produtiva troca de experiências

Moises Swirski e Renato Baiardi (de casaco escuro) conversam com os participantes do PDE: lições compartilhadas

informa

9


D

eterminados a sonhar juntos o futuro da

dia com um balanço do bom momento do setor imobi-

Organização, 88 integrantes reuniram-

liário no Brasil. Destacou o desafio da OR de participar

-se com líderes da Odebrecht, em Atibaia

da preparação do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de

(SP), durante cinco dias. O evento repre-

2016, com a construção de vilas residenciais para os

sentou o primeiro módulo da 10ª edição

atletas.

do Programa de Desenvolvimento de Empresários

Em seguida, foi apresentado aos participantes o

(PDE). Pela primeira vez, a etapa inicial do programa

case da Aquapolo Ambiental, uma planta de trata-

contou com a participação de integrantes da Braskem

mento de esgoto e produção de água de reúso na

e das empresas de Engenharia e Construção em con-

região metropolitana de São Paulo. O projeto envolve

junto. Odebrecht Informa esteve presente e conferiu de

três empresas da Odebrecht: a Foz do Brasil, a Ode-

perto cada momento.

brecht Infraestrutura e a Braskem. A apresentação,

Na abertura, na tarde de 15 de abril, os participantes

liderada por Pedro Novis, membro do Conselho de

receberam as boas-vindas e assistiram à apresentação

Administração da Odebrecht S.A., teve como objetivo

do programa do primeiro módulo do PDE. No fim do dia,

incentivar a reflexão sobre a aplicação do conceito de

houve uma apresentação de música erudita e, depois,

transversalidade na Organização.

o jantar. O dia seguinte começou com palestra de Felipe Jens,

No fim da tarde, divididos em grupos, os jovens tive-

um balanço geral do patrimônio consolidado das em-

ram a oportunidade de interagir com participantes de

presas da Organização e seus investimentos. Em se-

edições anteriores do PDE. Marcus Vinícius Dias esteve

guida, Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da Ode-

na primeira edição, em 2003. Hoje é Diretor de Contrato

brecht S.A., fez uma exposição sobre a Visão 2020 da

na Odebrecht Óleo e Gás (OOG). “Éramos menos de 30

Organização, destacando o desafio dos líderes de trans-

alunos. Ouvimos os relatos dos líderes, de seus erros

mitir os princípios da Tecnologia Empresarial Odebre-

e acertos, e aquilo nos marcou.” Antonio Augusto San-

cht (TEO) aos novos integrantes.

tos fez parte da turma de 2004. Atualmente é Diretor de

Em sua apresentação, Renato Baiardi, membro do

Contrato das obras da Hidrelétrica Teles Pires, no Mato

Conselho de Administração da Odebrecht S.A. e um dos

Grosso. “Aprendi que o futuro da Odebrecht depende de

mentores do PDE, salientou a importância da relação

nós”, afirma.

líder-liderado para a boa condução dos negócios e do

Juliana Monteiro e Ana Carolina Farias participaram

crescimento das pessoas. Após o encontro com Baiardi,

das edições 2008 e 2009, respectivamente. Em 2010,

os participantes foram divididos em grupos, para discu-

Juliana tornou-se a primeira Diretora de Contrato da

tir e refletir sobre o que foi apresentado.

OR. “Para mim é um orgulho.” Ana Carolina passou a

No terceiro dia, os líderes empresariais Luiz Mameri,

ser, em 2011, a primeira Diretora de Contrato da Ode-

da Odebrecht América Latina e Angola, e Fernando Reis,

brecht Infraestrutura: “Aprendi no PDE a manter o foco

da Foz do Brasil, falaram de seus negócios. Mameri

no crescimento das pessoas. Hoje busco passar boas

enfatizou o desafio de atuar em países com diferentes

inspirações a meus liderados”.

conjunturas políticas na América Latina. Fernando Reis

O quinto e último dia começou com a palestra do Lí-

apontou o bom desempenho da Foz do Brasil em uma

der Empresarial da Braskem, Carlos Fadigas, que des-

área historicamente dominada por empresas públicas.

tacou as aquisições de ativos da Quattor e da Sunoco

À tarde, foi realizado o painel da sustentabilidade,

10

Erros e acertos

Responsável por Finanças na Odebrecht S.A., que fez

Chemicals, em 2010, e da Dow Chemical, em 2011.

com a participação de Sérgio Leão, Carla Pires e Jorge

Respeito a diferenças culturais foi um dos pontos

Soto, responsáveis pelo assunto na Odebrecht, na ETH

destacados por Emílio Odebrecht, Presidente do Con-

Bioenergia e na Braskem. A mediação ficou a cargo de

selho de Administração da Odebrecht S.A., para quem a

Sergio Foguel, membro do Conselho de Administração

TEO tem de ser levada a todos os integrantes, mas com

da Odebrecht S.A.

respeito a costumes e hábitos locais.

Paul Altit, Líder Empresarial da Odebrecht Realiza-

Depois do almoço, Márcio Polidoro, Responsável por

ções Imobiliárias (OR), deu início às atividades do quarto

Comunicação Empresarial na Odebrecht, e o Conse-

informa


Marcelo Odebrecht: transmissão dos princípios da TEO aos novos integrantes

lheiro Luiz Villar conduziram a palestra “Representativi-

Springer, integrante da Braskem nos Estados Unidos. “A

dade e construção da imagem”. Após a apresentação de

Odebrecht tem a cultura de servir sempre melhor.”

casos, os participantes foram instigados a refletir sobre a construção da imagem no âmbito de seus negócios.

Segundo o coordenador acadêmico do PDE, Moises Swirski (leia artigo de sua autoria nesta edição), o

No fim da tarde, houve uma confraternização de des-

programa, em suas 10 edições, mantém-se firme em

pedida e a apresentação de um “videossíntese” sobre os

seu propósito: “Ser um espaço de reflexão sobre a TEO

cinco dias do encontro. Ao longo do ano, os dois grupos

entre as gerações de Norberto Odebrecht, Emílio Ode-

(integrantes da Braskem e das empresas de Engenha-

brecht e os jovens de hoje, liderados por Marcelo Ode-

ria e Construção) serão divididos e participarão de mais

brecht”. Renato Baiardi acrescenta: “Ao longo desses 10

três módulos do programa.

anos, muitos se revelaram excelentes empresários. Isso significa que o PDE está no caminho certo. A prática da

Abertos de coração e alma

TEO deve ser intensificada em cada pequena empresa”.

Alguns participantes relataram suas impressões a

Segundo Antonio Rezende, Responsável por Pesso-

Odebrecht Informa.“O PDE nos proporciona uma visão

as e Desenvolvimento na Equipe do Vice-Presidente de

abrangente dos negócios da Organização”, disse Mar-

Operações de Engenharia e Construção, o grande lega-

celo Nunes, da OOG. “O PDE nos dá a oportunidade de

do do PDE é estimular nos participantes o sentimento

estar frente a frente com pessoas que viveram e vivem

de pertencer à Odebrecht. “Eles saem motivados a pre-

a história da Odebrecht”, destacou Alaíde Barbosa, da

servar a cultura e transmiti-la a seus liderados.”

Foz. Fernando Cervera, da Odebrecht Peru, afirmou:

Um dos pontos altos de cada edição é a participação

“Saio daqui com um desejo enorme de ser uma pessoa

de Norberto Odebrecht, que ocorre desde o início do

melhor”. O tema sustentabilidade chamou muito a aten-

programa. “Norberto Odebrecht sempre nos surpreen-

ção do angolano Manuel Kai: “Cheguei aqui com poucas

de com suas histórias. Os jovens têm a oportunidade de

ideias sobre isso, mas agora é como se surgissem mui-

interagir diretamente com ele”, comenta Moises Swir-

tas luzes em minha cabeça”. Tornar-se um líder edu-

ski. Pode-se dizer: têm a oportunidade de sonhar juntos

cador é um dos objetivos do norte-americano Warren

o futuro da Organização.

informa

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ARGUMENTO

12

12

informa


O PDE completa 10 anos

O

PDE completa 10 anos em sua missão de

Como Coordenador Acadêmico do PDE, tenho três

acelerar a formação de empresários ali-

insistências com os participantes. A primeira delas é

nhados com a Cultura Odebrecht, contri-

que cada um traga a sua verdade, pois em negócios não

buindo de forma sinérgica para a Educa-

existem respostas únicas. Além disso, são as nossas di-

ção pelo Trabalho.

ferenças que nos fortalecem e vão permitir rever a nos-

O PDE está a serviço dos líderes da Organização

na busca da superação do desafio de aprimorar novas

sa forma de perceber. Onde todos pensam da mesma forma, provavelmente ninguém está pensando.

gerações de líderes na arte de conduzir a Tarefa Em-

A segunda insistência é que cada um esteja no pro-

presarial, em compasso com o ritmo de crescimento

grama por inteiro. Traga para a plenária a si mesmo e

dos seus negócios.

tudo aquilo que representa. E, por último, que cada um

No fim de 2012, serão 10 turmas do PDE Engenharia, que inclui a Foz do Brasil, Odebrecht Realizações

seja responsável por construir um ambiente de confiança para os seus pares.

Imobiliárias, Odebrecht Óleo e Gás e OCS, e seis tur-

Sou ph.D em Finanças pela Stern School of Busi-

mas do PDE Braskem, em um total de mais de 700

ness da New York University e sócio de uma empre-

participantes.

sa dedicada a Valuation e M&A. Mas sempre estive

O programa é uma pausa no dia a dia dos inte-

envolvido com Educação. Ajudei a fundar a Coppead/

grantes para reflexão da própria experiência e para

UFRJ (Instituto de Pós-graduação em Administração

autoavaliação. Aprendemos com a prática da TEO e as

da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e, depois, o

lições de líderes das três gerações que construíram a

PDG, um projeto pioneiro no Brasil para a formação de

Organização.

executivos seniores.

A reflexão inspira as possibilidades de cada um e

Meu gosto por pessoas e por ajudá-las a se realiza-

amplifica o ímpeto para realização. O diálogo fortalece

rem me engajou na jornada do PDE. E, há 10 anos, apren-

o senso de missão e o sentimento de liberdade para

do com a arte de formar empresários, com os participan-

buscar a realização pessoal na Organização. O PDE

tes, com os líderes da Organização que compartilham

não cria empresários; o talento de ser empresário já

sua arte e sua vida, com os coordenadores empresariais

está em cada um.

(Antonio Rezende, Olindina Dominguez, Carlos Hupsel e

O projeto educacional está voltado para ampliar o olhar e, com isso, aprimorar as capacidades de con-

Ciro Barbosa), com os professores Roberto Ricardino e Nilton Vargas e com meus pares da MSW.

ceituar, focalizar, planejar e avaliar a execução do Programa de Ação. Não desenvolvemos os conhecimentos para executar tarefas específicas. O PDE prioriza o desenvolvimento da sensibilidade de ser empresário. São das atitudes que emergem os nossos valores, que fazem a nossa diferença. Como nos diz Rubem Alves: “Os conhecimentos nos dão meios para viver. Mas são as sensibilidades que nos dão as razões”.

Moises Swirski é coordenador acadêmico do Programa de Desenvolvimento de Empresários (PDE) da Organização Odebrecht moises@msw.com.br

informa

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14

acer

autores de um texto Emanuella Sombra fotos Fred Chalub

14

informa informa


PrĂŞmio Destaque Braskem se fortalece como instrumento de apoio para o crescimento da empresa

Camila Dantas (ao centro) com Felipe Yukio Matsumoto e Carolina Mirabeli: aumento da produtividade por meio do incentivo Ă criatividade

ervo

essencial informa

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T

udo começou como normalmente sur-

Organização, o prêmio faz com que os integran-

gem as boas ideias em um ambiente

tes compartilhem o aprendizado adquirido dentro

de trabalho: um entrave prático susci-

da empresa, contribuindo para o aprimoramento

tava um planejamento estratégico que

do trabalho em seus ambientes de atuação”, diz

pudesse resultar em ganhos a curto e

Camila Dantas, Responsável por Educação e Car-

longo prazos para o cliente. “Precisávamos apoiá-lo,

reira na Braskem. “O Prêmio Destaque Braskem

e isso significava diminuir os custos dele e garantir a

reconhece o profissional por meio da valorização

nossa competitividade no cenário atual da indústria

do seu conhecimento. Com isso, colabora com o

petroquímica”, lembra Gustavo Checcucci, Gerente

aumento da produtividade ao incentivar a criativi-

de Energia da Braskem. “Em outras palavras, forta-

dade”, acrescenta.

lecer toda uma cadeia”, resume.

Na unidade da Braskem em São Paulo, Camila e

Os personagens dessa história eram integran-

os outros organizadores do prêmio acompanham as

tes da Braskem, que é produtora de polipropileno, e

inscrições para a próxima edição, que se encerram

de sua cliente Borealis, empresa que transforma o

em julho. Nessa fase, a rotina vai, aos poucos, ge-

polímero em autopeças a partir da adição de outros

rando um clima em que predominam a criatividade

componentes químicos. A partir da observação de

e a troca de ideias – em muitos casos, ideias que já

como o consumo de energia da Borealis impactava

foram testadas e bem-sucedidas na Organização.

na sua competitividade de mercado, Gustavo e os co-

“As pessoas começam a formar grupos, isso acaba

legas Octavio Pimenta Neto, Lucas Nishioka e Fabio

agregando competências. A cada ano que passa, ob-

Yanaguita pensaram uma alternativa para diminuir

servamos o prêmio contribuir mais nesse sentido”,

os custos de insumos na geração do plástico – no

afirma.

caso, as autopeças. Assim nasceu o projeto vencedor da edição 2011

De acordo com Camila, a previsão é de que o número de trabalhos inscritos em 2012 supere as

do Prêmio Destaque Braskem na categoria Agregação de Valor ao Cliente. A proposta consistia em intermediar a energia comprada no Mercado Livre de Energia e gerenciá-la, de forma que a Borealis pudesse economizar 17% do seu consumo anual. “Negociar energia mais barata demandava um expertise que empresas de médio porte, como a Borealis, não possuem. Sem contar que, como a Braskem já está nesse mercado há muito tempo, a negociação de compra seria mais fácil”, explica Checcucci. Depois da fase embrionária do projeto, em que diversas variáveis econômicas e jurídicas foram estudadas, a ideia começou a ser aplicada na prática. Os laços de confiança entre as duas empresas se estreitaram, e o cliente vem alcançando uma economia de R$ 600 mil anuais. Para o legado empresarial da Braskem, ficou mais um exemplo de como conhecimento e experiências compartilhadas resultam em um acervo de soluções que podem ser aplicadas e replicadas ao longo dos anos.

Incentivo à criatividade “Além de incentivar o surgimento de ideias inovadoras que podem ser aplicadas na própria

16

informa

Gustavo Checucci, Fabio Yanaguita e Octavio Pimenta: redução de custos dos insumos na geração do plástico


Nicolai Natal: promoção da indústria petrolífera nacional

marcas dos anos anteriores. E essa expectativa tem

influenciou diretamente a minha carreira, pois de

razão de ser. Em 2011, o concurso totalizou 194 tra-

liderado eu passei a líder”, diz Alessandro Lima, Ge-

balhos, 20% de inscrições a mais que 2007, primeiro

rente de Desenvolvimento de Produtos na Braskem.

ano da premiação. Nesse intervalo, foram incorpora-

Alessandro foi um dos vencedores da edição 2010 do

das adaptações alinhadas à Visão 2020 da Braskem,

Prêmio Destaque Braskem na Categoria Agregação

como o número de participantes por grupo e a inclu-

de Valor ao Cliente.

são de novas categorias. Outras, por motivos estra-

Ao lado dos colegas Nicolai Duboc Natal, Fernan-

tégicos, deixaram de existir. Na sua sexta edição, o

do Cruz e João Caiado, Alessandro desenvolveu uma

Prêmio Destaque Braskem possui quatro: Soluções

nova alternativa à logística da indústria offshore bra-

Inovadoras, SSMA (Saúde, Segurança e Meio Am-

sileira: produzir e fornecer um tipo de resina, apli-

biente), Agregação de Valor ao Cliente e Melhoria

cada no revestimento de dutos de petróleo, que até

Contínua.

então era importada pela Petrobras. “Nosso cliente

Idealizado como instrumento de registro e com-

direto não era a Petrobras, mas as empresas forne-

partilhamento de conhecimento, o Prêmio Destaque

cedoras desse polímero. E, para elas, contar com

Braskem é promovido anualmente. Todos os inte-

um produto e uma assistência técnica nacionais era

grantes da empresa podem participar, desde que os

muito mais vantajoso.”

grupos tenham, no mínimo, dois integrantes cada

Usado como isolante térmico, o polipropileno pre-

um. Os trabalhos devem ser inéditos e implementa-

serva a temperatura em que o petróleo é extraído

dos no mesmo ano ou no ano anterior a cada edição.

da terra. Além disso, o material fornece aos dutos

Critérios como sustentabilidade, originalidade e im-

de aço uma proteção anticorrosiva à água do mar.

pacto no desenvolvimento da empresa são levados

Para se credenciar como fornecedora dessa maté-

em conta na premiação dos melhores trabalhos.

ria-prima para a Petrobras, a Braskem passou por um longo processo de homologação. “Faz parte da

De liderado a líder

política da Petrobras promover a indústria petrolí-

O sentimento compartilhado pelos integrantes

fera nacional, e nós conseguimos contribuir para

que têm um projeto vencedor é de reconhecimento

isso”, comemora Nicolai Duboc Natal, Coordenador

e incentivo a participarem de outras edições. A tro-

de Marketing de Polipropileno. “O mais interessan-

ca de experiências e de aprendizados, entretanto,

te é que podemos utilizar essa bagagem técnica em

acabam impactando positivamente em suas trajetó-

outras aplicações, já que a Braskem agora possui o

rias profissionais. “Eu posso dizer que esse prêmio

know-how”, acrescenta.

informa

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boas id O caminho das

texto Renata Meyer

18

Iniciativa criada para valorizar a inteligência coletiva e estimular a busca e a reutilização de soluções criativas, o Prêmio Destaque do negócio Engenharia e Construção completa 20 anos


deias

E

m 1992, a Rede de Conhecimento da Odebrecht ganhou um importante instrumento para o registro e divulgação de ideias inovadoras, desenvolvidas nos campos técnico e social, nos ambientes

de atuação das empresas. O Prêmio Destaque, como ficou conhecido, vem contribuindo para reconhecer pessoas de conhecimento, capturar sinergias e valorizar a inteligência coletiva, representando um estímulo para a busca, disseminação e reutilização de

Rodovia IIRSA Sul, no Peru: equipe da obra aproveitou uma solução inovadora nascida no canteiro de outra rodovia no país, a Tingo Maria-Agaytia

soluções criativas. Qualquer integrante da Odebrecht, no Brasil ou no exterior, pode concorrer ao prêmio, individualmente ou em grupo. Não há limite de quantidade de projetos por autor ou do número de participantes por grupo. Todos os projetos encaminhados passam a integrar o acervo da Organização e ficam disponíveis integralmente para consulta, na página do Prêmio Destaque e no Portal Corporativo do Negócio Engenharia e Construção. Ao longo de 20 anos, mais de 4 mil integrantes compartilharam o conhecimento obtido no dia a dia de suas atividades, formando um rico acervo de mais de 2 mil inovações. Trabalhos que reduzem custos e prazos, minimizam impactos socioambientais e me-

Arquivo Odebrecht

lhoram a produtividade, entre muitos outros benefícios. Nesse período, o prêmio evoluiu, adequando-se às novas necessidades do mercado e ao crescimento da Organização, agregando novas categorias, formas de envio, consulta e disponibilização. “No início, ligávamos para os integrantes para motivá-los a inscrever trabalhos. Hoje essa participação é espontânea. A cada ano mais pessoas percebem a importância de compartilhar o conhecimento”, afirma Olindina Perez Dominguez, Responsável pelo Ciaden

informa

19


(Conhecimento e Informação para Apoiar o Desenvol-

desmobilização durante o período de chuvas, que im-

vimento de Negócios), a quem cabe a organização do

possibilitava a realização de alguns procedimentos, a

Prêmio Destaque. Ao longo dos anos, a adesão dos

equipe criou uma carpa de pavimentação, estrutura

integrantes só tem aumentado: saltou de 227 traba-

metálica móvel em forma de arco coberta por uma

lhos inscritos na edição de 2010 para 367 em 2011.

lona plástica, com altura suficiente para permitir que

Promovido anualmente, o prêmio é oferecido a integrantes que tiverem seus trabalhos selecionados

as frentes de trabalho operassem normalmente em seu interior.

em cada uma das seis categorias avaliadas: Inova-

A ideia foi inscrita no Prêmio Destaque 2005 e

ção, Jovem Parceiro, Reutilização do Conhecimento,

tornou-se referência para outros projetos da Organi-

Meio Ambiente, Relações com Comunidades e Saúde

zação em situações similares. Foi o caso do Projeto

e Segurança do Trabalho.

IIRSA Sul, no qual as condições adversas de tempe-

A escolha dos projetos vencedores é feita em duas

ratura limitavam os trabalhos de colocação da mes-

etapas. Na primeira, os trabalhos são avaliados por

cla asfáltica a um total de cinco horas por dia. Com

uma comissão julgadora interna, formada por equi-

a implantação da carpa, foi possível assegurar um

pes técnicas e multidisciplinares da Organização

ambiente controlado de temperatura e aumentar a

Odebrecht. Também são submetidos ao voto dos in-

produtividade, durante as obras da rede viária que

tegrantes por meio do Portal Corporativo. Os 10 tra-

liga o Brasil ao Peru.

balhos com maior pontuação são pré-selecionados e

A equipe da Odebrecht Angola também se inspirou

passam por uma nova etapa de avaliações, realiza-

em uma iniciativa já existente para fomentar a qua-

das por uma comissão julgadora externa – no caso

lificação profissional de trabalhadores angolanos.

das categorias Meio Ambiente e Relações com Co-

Implantado inicialmente na Usina Hidrelétrica Santo

munidades – e por uma segunda comissão interna,

Antônio, no Brasil, o Programa Acreditar foi reeditado

no caso das demais categorias. Ao final, é eleito um

em Angola, e, desde 2010, já formou mais de 2 mil

projeto vencedor por categoria.

trabalhadores em diversos ofícios da construção civil e áreas afins, em três províncias do país.

Reutilização do conhecimento

O programa foi vencedor do Prêmio Destaque

Criatividade, dedicação e persistência foram as

2011 na categoria Reutilização do Conhecimento,

ferramentas utilizadas pela equipe das obras de

que, nesse ano, obteve recorde de 70 inscrições. “Ter

reabilitação da Rodovia Tingo Maria – Aguaytia, no

conquistado o Prêmio nos dá a certeza de que fize-

Peru, para superar os desafios impostos pelas con-

mos as escolhas certas quando optamos por criar

dições climáticas e garantir a produtividade durante

um programa a partir da realidade local, com uma

a execução dos trabalhos. Com o objetivo de evitar a

tecnologia pedagógica alinhada com a TEO e com as tendências mais atuais da educação”, afirma Adriana Bezerra, autora do trabalho ao lado de Diana Ortiz e Paloma Alencar.

Formação de novos empresários A cerimônia de premiação da última edição, que marcou os 20 anos do Prêmio Destaque, aconteceu em dezembro passado, durante a Reunião Anual, na Costa do Sauípe, na Bahia. A ocasião também Arquivo Odebrecht

foi marcada por uma homenagem a Mauro Martins,

20

Responsável por Engenharia nas obras da Central Hidrelétrica Manuel Piar (Tocoma), na Venezuela. Mauro é o integrante da Organização que inscreveu Mauro Martins: recordista

informa

mais trabalhos ao longo da história do prêmio: 38 projetos.


Guilherme Afonso

Aida Yolanda José da Silva (em primeiro plano) e outros alunos do Programa Acreditar em Angola: qualificação profissional

Mauro é reconhecido internamente como um dos

tunidade de aprendizado. “Ao relatar uma inovação,

grandes incentivadores do Prêmio Destaque. “Por

desenvolvida com sua equipe de trabalho, ou ao re-

meio do Prêmio Destaque, temos conseguido con-

gistrar o conhecimento de experientes encarregados,

tagiar e influenciar companheiros de diferentes ge-

o jovem se desenvolve, pois precisa buscar informa-

rações, para uma participação solidária, em torno

ções técnicas para respaldar a ideia apresentada”,

de assuntos relevantes relacionados aos diferentes

afirma.

desafios que se apresentam nos nossos ambientes,

Seja um Jovem Parceiro ou um profissional

promovendo uma busca contínua do conhecimento

maduro, em todo o integrante há o potencial

técnico e científico e exercendo a valorização cons-

transformador de inovar, renovar e aprimorar

tante do espírito inovador”, ressalta Mauro.

cada vez mais. Essa é a essência do Prêmio Des-

Sob sua liderança, Robinson Areaza foi vencedor,

taque, cuja conquista simboliza o reconhecimen-

em 2011, na categoria Jovem Parceiro, com o Pro-

to de toda Organização ao espírito de servir da-

jeto Quebrando Paradigmas para el Camino al Exito.

queles que compartilham seu conhecimento a

Utilizacion del Sistema de Postcooling para Ejecutar

serviço do futuro.

Vaciados Massivos de Grandes Alturas. Criada em 1997, essa categoria reconhece a atitude de jovens integrantes que veem em suas tarefas diárias oportu-

Prêmio Destaque 2012

nidades para inovar. “Estou convencido de que todos

Inscrições e envio de trabalhos até 28/09.

nós somos capazes de buscar soluções para seguir, cada vez mais, sendo eficientes e eficazes na execução de qualquer trabalho que estivermos realizando”, afirma Robinson. Segundo Olindina Dominguez, a participação dos

Não deixe de participar! www.premiodestaque.com Para mais informações escreva para premiodestaque@odebrecht.com

jovens no Prêmio Destaque é, sobretudo, uma opor-

informa

21


Comunidades de conhecimento da Engenharia e Construção: fontes de apoio para qualquer situação, em qualquer lugar. É só chamar texto João Marcondes

22

22 informa

Danilo Abdanur (à direita) e o engenheiro venezuelano José Gonçalves: reforço na Educação pelo Trabalho


Andres Manner

turma O prazer de procurar a sua

informa

23


E

m 2009, o engenheiro Manuel Ximenes

em centenas de canteiros ao redor do mundo? O que

chegava à Colômbia. Seu desafio beirava o

nasceu de modo tímido, com uma rede intranet em

impossível: montar a proposta para a lici-

1996, meio pelo qual as pessoas trocavam informa-

tação da Rodovia Rota do Sol em apenas

ções, logo foi adquirindo a forma de um “arquipélago

quatro meses. O escopo: construir 500 km

de excelência interligando ilhas de competência” (con-

de estrada em uma região de alto índice pluviométrico,

ceito do geólogo José Carlos Leal Bezerra, que já inte-

no exíguo prazo de cinco anos. Um mês já havia se pas-

grou a Organização).

sado desde a abertura do edital da licitação. A confian-

Em 2001, ocorreu o primeiro encontro de uma co-

ça na vitória não era plena. Havia lacunas técnicas. Foi

munidade, na Usina Hidrelétrica Itapebi, na Bahia. Ro-

quando seu líder, o Diretor-Superintendente da Ode-

que, hoje Diretor de Engenharia da Odebrecht Energia,

brecht Colômbia, Luiz Bueno, durante uma conversa,

tornou-se o líder. Rapidamente, as comunidades mul-

sugeriu-lhe participar do encontro da Comunidade de

tiplicaram-se. Hoje, no negócio Engenharia e Constru-

Rodovias, que aconteceria no Panamá. “Não participa-

ção da Odebrecht, são 12 comunidades, com mais de

va da Comunidade nem tinha atentado direito para o

4 mil membros, e há previsão de novas comunidades

que era. Tinha dúvidas se valeria a pena perder uma

entrarem em operação ainda este ano. Uma das pessoas que tiveram papel fundamen-

semana de trabalho na proposta para fazer a viagem”,

tal nessa história foi Olindina Perez Dominguez (veja

confessa. Ximenes foi. Não perdeu uma semana. Em vez dis-

entrevista nesta edição). Responsável pelo Ciaden

so, ganhou a obra. “Relatei minhas dificuldades, e to-

(Conhecimento e Informação para Apoiar o Desen-

dos se dispuseram a ajudar”, descreve, ressaltando a

volvimento de Negócios), ela observa: “Em uma

vontade de colaborar da comunidade. “Era como um

empresa em que a Educação pelo Trabalho é par-

livro, com quase todas as respostas de que se precisa-

te da filosofia, tivemos que pensar como estruturar

va.” Nunca o espírito de servir parecera tão cristalino

processos e métodos para potencializar ainda mais

a Ximenes, que, de imediato, se tornou um dos mais

a transferência de conhecimento. Um dos desafios

atuantes membros da comunidade. Chamou colegas

foi descobrir como motivar as pessoas a estruturar e

de obras similares no Peru, Brasil e Panamá para

disponibilizar esse saber”.

ajudá-lo na missão. Um miniencontro aconteceu em

Para conseguir isso, ela contou com ajuda de

Bogotá, de onde foi gerada a proposta vencedora em

Nilton Vargas, da empresa Neolabor, parceiro da

tempo recorde. Manuel Ximenes diz que o apoio de

Odebrecht há duas décadas. “Primeiramente, redi-

“Maurão” foi crucial. “Maurão” é Mauro Hueb, Líder da

recionamos o foco da rede (intranet), que era em

Comunidade de Rodovias e Diretor de Contrato da Ode-

processos e tecnologia. O novo alvo passou a ser as

brecht América Latina e Angola.

pessoas, mais em sintonia com a Tecnologia Em-

O início Augusto Roque Dias Fernandes foi um dos fundadores da primeira Comunidade de Conhecimento da Odebrecht, a de Usinas e Barragens, em 2001. “Quando há uma questão, uma pessoa surge com uma ideia. Em seguida, outro integrante traz uma segunda ideia sobre o mesmo problema. Quando elas se juntam, surge uma deve prevalecer”, argumenta. O conceito de Comunidades de Conhecimento começou a ganhar forma nos anos 1990 na Odebrecht. Em uma organização na qual a descentralização é parte da essência cultural e filosófica, como administrar, concentrar e qualificar novos conhecimentos gerados

24

informa

Arquivo Odebrecht

terceira ideia; esta sim, costuma ser a melhor, a que

Manuel Ximenes: “Relatei minhas dificuldades, e todos se dispuseram a ajudar”


Arquivo Odebrecht

Augusto Roque: pioneirismo

presarial Odebrecht (TEO)”, explica. “Depois, esta-

Entusiastas do conhecimento

belecemos três estratégias: alinhar profissionais

Danilo Abdanur, Responsável por Produção nas

com os mesmos interesses; gravar vídeos de de-

obras da Linha 2 do Metrô de Los Teques, na Venezue-

poimentos, em vez de apenas textos escritos e da-

la, e Líder da Comunidade de Transporte sobre Trilhos,

dos, pois queríamos os atores em ação, com rosto e

afirma: “Participar de uma comunidade é o melhor

alma; e, não menos importante, que tudo ocorresse

caminho para se conhecer a filosofia da Organização”.

de baixo para cima, ou seja, que a formação das co-

Entusiasta do conhecimento em todas as suas formas,

munidades e seus líderes fosse algo além da estru-

o mineiro Danilo inovou ao criar o primeiro curso teó-

tura e priorizasse o desejo de participar.”

rico dentro de uma comunidade – o Programa de Ca-

O ambiente das comunidades funciona em uma

pacitação de Tuneleiros, para aprofundar a formação

espécie de “rede social” (“anterior às famosas redes

de engenheiros da empresa em túneis NATM (New

sociais de hoje em dia”, diz Vargas). Ali, os membros

Austrian Tunneling Method) e TBM (Tunnel Boring Ma-

podem lançar perguntas técnicas, como fez Pedro Pai-

chine), que reuniu 37 pessoas, contou com professores

va, que tinha uma dúvida sobre como elaborar o pla-

variados, desde consultores a acadêmicos renomados,

nejamento de Manejo de Resíduos Sólidos em uma

e teve duas fases presenciais: uma em Caracas e ou-

obra na Venezuela e foi prontamente apoiado por meio

tra na Alemanha, onde fica a sede da Herrenknecht,

do Fórum da Comunidade de Sustentabilidade. Nesse

empresa-líder na fabricação de TBMs.

ambiente, também são divulgados artigos de revistas,

O jovem engenheiro venezuelano José Goncalves, 20

relatos sobre o andamento de obras, vídeos com de-

anos, afirma: “A participação no Programa de Capaci-

poimentos e outras informações. Os encontros presen-

tação de Tuneleiros elevou muito o meu nível, que era

ciais são outro instrumento importante, pois estimulam

basicamente o de um engenheiro mecânico. Apren-

a interação e oportunizam a troca de conhecimento en-

di sobre geologia, a parte civil da obra e, além disso,

tre os membros da comunidade. Atuando também no

conheci gente de todo o mundo”, relata. Danilo ficou

formato de Missões Técnicas, as comunidades visitam

satisfeito. O aprofundamento teórico, para ele, é o ca-

obras ou institutos de referência. Ao fim de cada encon-

samento perfeito com a Educação pelo Trabalho.

tro, são geradas recomendações sobre os principais

Augusto Roque salienta que a potencialização do

temas discutidos no evento, que ficam disponíveis no

saber é tão importante quanto as obras de energia

Portal Corporativo para consulta dos demais integran-

atualmente em curso (que gerarão 22 mil megawatts

tes da Organização.

mundo afora nos próximos anos). “O que estamos bus-

Outro produto resultante do trabalho das comunidades são os fichários de Melhores Práticas, os quais tra-

cando é subir de patamar e subir de forma constante”, afirma.

tam de temas críticos que merecem ser aprofundados. Eles são elaborados por pessoas de conhecimento que

A relação completa de comunidades de conhecimento

comparam práticas utilizadas em vários ambientes da

do negócio Engenharia e Construção da Odebrecht e

empresa e redigem as melhores práticas, com contri-

seus respectivos líderes está disponível na edição online

buições dos demais membros.

de Odebrecht Informa (www.odebrechtonline.com.br).

informa

25


26 Trabalhador em uma unidade da Braskem: comunidades de conhecimento contribuem para a melhoria da qualidade, da produtividade e da sustentabilidade

saber

A ESCALADA DO

26

informa


er

Na Braskem, as comunidades formam um mosaico de conhecimento e funcionam como fóruns virtuais de discussão

Arquivo Odebrecht

texto Thereza Martins fotos Marcos Sá

A

s comunidades de conhecimento da Braskem foram desenvolvidas em alinhamento com o modelo já existente na Organização Odebrecht. Elas são um espaço para compartilhar informação, experiência e saber. Um saber construído a muitas mãos, incorporado à memória e ao patrimônio da empresa. Por definição, as comunidades são grupos de integrantes com saberes

sobre determinado tema, projeto, serviço ou produto, que se correlacionam para formar um conjunto diversificado de conhecimentos, o qual, por sua vez, permite a disseminação de informações e experiências. Com essa orientação, as comunidades propiciam a aplicação do princípio de educação pelo e para o trabalho expresso na Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO). Além dos encontros presenciais, as comunidades contam com um ambiente virtual, cujo funcionamento pode ser comparado aos grupos de interesse ou de discussão da internet, com possibilidade de postar arquivos, comentários e de revisitar históricos.

informa

27


Edileni Leão e Backer da Rosa: espírito de colaboração

O objetivo é reunir em um mesmo ambiente, chama-

A Comunidade de Conhecimento Braskem+ é a que

específico gerado na empresa, facilitando o seu compar-

reúne o maior número de participantes, cerca de 60,

tilhamento e, ao mesmo tempo, protegendo a memória

por causa da abrangência do tema, que diz respeito a

resultante desse processo.

todas as unidades de negócio e de apoio da empresa. O

“A motivação para criar uma comunidade e partici-

Braskem+ é um programa corporativo criado para dar

par dela está intimamente ligada à própria cultura da

suporte a essas unidades em seus esforços de melhoria

Organização, pois envolve o espírito de servir à atual e

da qualidade, da produtividade operacional e da susten-

às futuras gerações de integrantes, a humildade para

tabilidade dos resultados.

ensinar e aprender, a vontade de descobrir o novo e pre-

“Neste momento, as equipes de produção estão tra-

servar o conhecimento construído no trabalho”, informa

balhando na construção de padrões para o sistema de

Edileni Leão, analista da área de Recursos da Informa-

produção da empresa, processo que se tornou mais ágil

ção e Conhecimento (RIC).

com a troca de informações, ideias e experiências pos-

A análise de propostas e a anuência para abertura de

sibilitada pela Comunidade Braskem+”, afirma Vladimir

novos grupos, assim como a condução das comunida-

Araújo Ornelas, especialista da área de Qualidade e Pro-

des, são de responsabilidade da RIC. Cada comunidade

dutividade Corporativa (Q&P) e um dos moderadores da

tem um ou mais moderadores, encarregados dos convi-

comunidade.

tes, do incentivo à participação e da coordenação interna das colaborações.

Vladimir também destaca, como benefício da ferramenta, a possibilidade de registro de todas as contri-

O marco na evolução das comunidades na Braskem

buições apresentadas, que ficam arquivadas. “Assim

data de 2009, quando o conceito começou a ser discutido

podemos identificar os autores das contribuições, o mo-

pela RIC. No ano seguinte, foi desenvolvido um projeto

mento em que elas foram feitas e o que trouxeram de

piloto, concentrado em inovação e tecnologia. Em 2011,

novo”, salienta. Dessa forma, no futuro, quando um dos

já havia cinco comunidades abertas, em diferentes es-

integrantes quiser consultar o processo de construção e

tágios de participação e maturação. Até abril de 2012,

de definição dos padrões, não terá dificuldade.

mais três grupos estavam em atividade, e a meta é chegar a cinco até o fim do ano.

28

Braskem+

do plataforma de colaboração digital, o conhecimento

A relevância do debate e de melhorias em qualidade, produtividade e sustentabilidade para a empresa reflete-

Entre os temas focados estão o Programa Braskem+,

-se na variedade de temas em pauta: confiabilidade da

Engenharia de Processos PP (polipropileno), Tecnologia

produção e de equipamentos, melhoria focalizada, orga-

de Eteno Verde, Pessoas & Organização e Sustentabili-

nização física e sistematização de processo. Para cada

dade. Somadas, as oito comunidades da empresa reú-

um deles, abre-se um leque de subtemas ainda mais

nem mais de 300 pessoas.

específicos.

informa


“Essa discussão poderia ser feita pelas formas tra-

conhecimento considerado estratégico para a empresa.

dicionais, como workshops, circulação de arquivos em

Roberto é um dos moderadores da comunidade, ex-

rede corporativa ou videoconferências, mas percebemos

periência que ele trouxe de outra empresa onde atuou e

que, por meio da comunidade, está sendo mais pro-

que qualifica como motivadora e gratificante. “Um dos

dutivo”, comenta Rubem Ede, engenheiro especialista

desafios do moderador é incentivar a participação das

em Q&P, que trabalha no Polo Industrial de Camaçari

pessoas, mostrando a elas os benefícios disso para o

(BA). “Precisamos de representatividade para concluir

seu próprio trabalho e para a empresa”, afirma.

o debate sobre a padronização do sistema de produção Braskem+ e estamos conseguindo isso por meio das

Plataforma de colaboração

comunidades, nas quais cada participante representa

Os pilares da plataforma de colaboração digital, am-

a sua área de atuação e a sua equipe, enriquecendo o

biente que dá suporte às comunidades de conhecimento

processo”, acrescenta.

e às interações dos usuários, são a integração, a centralização e o histórico da informação, o fluxo de trabalho

Tecnologia em Eteno Verde

compartilhado para colaboração, as redes de conheci-

A inovação está no DNA da Comunidade Tecnologia

mento, a segurança da informação e sua confidenciali-

de Eteno Verde, totalmente alinhada à Visão 2020 da

dade e as permissões de acesso por perfil do participan-

Braskem, de ser a líder mundial da química sustentá-

te. A definição é de Backer Luis Vieira da Rosa, analista

vel. Para isso, a empresa precisa continuar evoluindo

de sistemas que trabalhou na construção da plataforma.

em pesquisas de alternativas tecnológicas de matérias-

Baseada na tecnologia Microsoft SharePoint, a platafor-

-primas renováveis. O passo inicial e decisivo foi o de-

ma oferece aos usuários funcionalidades às quais eles

senvolvimento da tecnologia de produção de eteno verde

estão habituados.

e, na sequência, de polietileno verde, fabricados a partir

“O sistema de acesso às funções disponíveis é se-

do etanol de cana-de-açúcar no Polo Petroquímico de

melhante ao do Office, com barra de ferramentas. Tam-

Triunfo (RS).

bém a navegação remete às práticas de redes sociais da

“Nossa comunidade tem 17 participantes e ainda

internet, com painéis para comentários e espaço para

está em fase piloto de implementação”, relata Roberto

postagem de arquivos a serem compartilhados em uma

Werneck do Carmo, Responsável por Processos Reno-

espécie de biblioteca virtual”, descreve Backer. “Além

váveis, que se dedica ao trabalho de pesquisa em um la-

disso, o participante pode customizar sistemas de alerta,

boratório parceiro da Braskem, em Campinas (SP). Nes-

que recebe em seu e-mail, sempre que um arquivo ou

sa etapa inicial, os convidados a integrar a comunidade

comentário novo estiver disponível para consulta, man-

são profissionais de pesquisa e desenvolvimento de tec-

tendo, assim, o usuário atualizado sobre as atividades

nologia, que atuam no projeto Eteno Verde e detêm um

recentes das comunidades.”

Roberto Werneck do Carmo: incentivo à participação das pessoas

informa

29


entrevista

uma obra coletiva chamada

conhecimen texto Karolina Gutiez

T

30

foto Holanda Cavalcanti

rinta e três anos passaram-se desde

pelos colegas, testemunhou muitas conquistas de

que Olindina Perez Dominguez ingres-

projetos nesse segmento e acompanhou quando

sou na Odebrecht. As quatro medalhas

o departamento foi integrado ao ambiente corpo-

de reconhecimento pelos 10, 15, 20 e

rativo para apoiar a elaboração de propostas para

25 anos de trabalho na Organização

toda a então Construtora Norberto Odebrecht. Ela

emolduradas e dispostas no móvel atrás de sua

passou a capacitar as equipes envolvidas em estu-

mesa, em meio a pilhas de documentos, eviden-

dos para o alcance de novos contratos. “Conseguir

ciam o apreço pela trajetória que começou em Sal-

conquistar uma concorrência não tem preço! E per-

vador, sua cidade natal, na equipe de desenhos da

der te abate muito.” Nesse processo, sempre que a

área de barragens. Com formação técnica mescla-

Construtora precisava atestar sua capacidade téc-

da à Escola de Belas Artes, Dina, como é conhecida

nica e comercial para participar de uma licitação,

30 informa

os profissionais recorriam ao conhecimento gerado anteriormente. “É por isso que costumamos afirmar que a Odebrecht já tinha uma rede de conhecimento desde a sua fundação. É algo inerente ao negócio.” Foi assim que o Ciaden (Conhecimento e Informação para Apoiar o Desenvolvimento dos Negócios), liderado por Olindina, teve origem: como uma área de licitações. Nesta entrevista, concedida no escritório da Odebrecht em São Paulo, Olindina


ento Olindina Dominguez: “Ao registrar, melhoramos nossa própria ideia, conceituamos a prática”

informa

31


fala sobre os desafios do Ciaden para acompanhar

Então partimos para a disseminação de todo esse

o crescimento da Organização, que tem na rede de

conhecimento gerado nos diversos ambientes em

conhecimento um dos seus principais aliados.

que estamos presentes, pois nosso rico acervo de nada vale se não for compartilhado. Nosso desafio é criar ferramentas e meios para compartilhar o

Odebrecht Informa – Quais as concentrações

conhecimento e disponibilizá-lo para utilização em

do Ciaden hoje?

nossos negócios.

Olindina Dominguez – Temos três focos de atuação, integrados e dependentes: habilitação,

OI – E como uma Organização descentralizada

segurança empresarial e rede de conhecimento.

como a Odebrecht disponibiliza o conhecimento a

O primeiro refere-se ao nosso apoio às equipes

todos os seus integrantes?

para a participação em concorrências. Tudo

Olindina – O Prêmio Destaque foi o primeiro passo,

o que é gerado no canteiro e serve como

dado em 1992, para incentivar os integrantes

informação para qualificação das empresas

a exercitar cada vez mais a produtividade, a

e dos integrantes, a exemplo de um Atestado

criatividade e a reutilização dos conhecimentos

de Obra, deve, em contrapartida, alimentar

gerados em suas experiências de trabalho, além

a nossa base de informações corporativa,

de reforçar a cultura do registro e disseminar o

para que possamos apoiar novas conquistas.

conhecimento. Ao registrar, melhoramos nossa

Para atender a essa demanda, criamos um

própria ideia, conceituamos a prática. Nesses

instrumento chamado check list, uma relação

20 anos de existência, o prêmio acumulou um

com a documentação mínima necessária para a

acervo de 2.900 projetos inscritos. Hoje, são seis

sobrevivência da Organização no mercado, com

categorias. Em 2011, 15 países e 10 empresas

a instrução de que todas as obras têm o dever

da Organização participaram, mas o prêmio está

de fornecer as informações ali solicitadas. É

aberto às demais. O portal corporativo (intranet) foi

assim que preservamos nossa memória técnica

o passo seguinte. Nasceu em 1996, com o intuito

e garantimos nossa segurança empresarial.

de transferir para uma ferramenta a memória de nossa equipe. No site, disponibilizamos todas as informações necessárias para desenvolvimento,

“Nosso desafio é criar ferramentas e meios para

conquista, execução e desmobilização de contratos. Com o tempo percebemos que, apesar do grande volume de conteúdo, os integrantes não acessavam o portal, pois havíamos desenvolvido soluções muito focadas em tecnologia, e não em pessoas. A intranet sofreu alterações, como a adoção da taxonomia, que é o sistema de buscas

compartilhar o

do Google, mas, em 2001, caminhamos também

conhecimento e

de conhecimento. Colocamos em contato pessoas

disponibilizá-lo

compartilhar conhecimento e aprendizados. A

para utilização

hidrelétricas. Hoje, já são 12, todas com grande

em nossos negócios”

para outra iniciativa: a criação das comunidades com interesses em comum e disponibilidade para primeira comunidade foi a de barragens e usinas número de adesão.

OI – Você falou sobre compartilhar não só conhecimento, mas também aprendizados... Olindina – Quem teve prejuízo tomou caminhos


“O caminho

lo explícito, porque as pessoas de conhecimento

a seguir é a

mesmas questões. No entanto, os desafios e as

reutilização do

a seguir é a reutilização do conhecimento. O

conhecimento.

trilhar esse caminho.

O espírito de servir,

OI – Qual o exemplo bem-sucedido de reutilização

pilar da nossa Cultura, ajuda a trilhar esse caminho”

estavam ali. Investimos recursos várias vezes nas oportunidades são semelhantes. Então, o caminho espírito de servir, pilar de nossa Cultura, ajuda a

do conhecimento é emblemático na Organização? Olindina – O Caia na Rede. Realizado pela primeira vez no contrato da Plataforma de Rebombeio Autônoma (PRA-1), em São Roque do Paraguaçu, no Recôncavo baiano, ele foi inscrito e venceu uma das categorias do Prêmio Destaque, em 2005. Hoje, o programa de inclusão digital para trabalhadores e comunidades do entorno dos projetos é uma realidade presente em inúmeros canteiros de obra da Organização, em diversos países. O Programa de Qualificação Profissional Continuada Acreditar venceu uma das edições do prêmio, gerou filhotes e foi inscrito em 2011 na categoria Reutilização do Conhecimento. Venceu

que não deram certo. As comunidades não

novamente.

compartilham apenas sucessos; pelo contrário, percebemos que o maior aprendizado vem com

OI – Depois de três décadas de trabalho na

os casos de insucesso. Nessas situações é que

Organização, qual aprendizado você gostaria de

se aprende mais. E, nesses ambientes, seja

compartilhar com todos nós?

presencialmente ou a distância, virtualmente,

Olindina – Ser descentralizado não significa estar

há um clima favorável para as pessoas se

isolado. Buscar a integração e a cooperação entre

abrirem, sem vaidade, sem receio de exposição,

pessoas, empresas e ambientes é uma atividade

e exercitarem a consultoria interna. O registro

constante, porém com resultados gratificantes.

desses relatos de Educação pelo Trabalho

A transversalidade, que já vem acontecendo nas

contribui para os programas internos, moldados

comunidades de conhecimento, por exemplo, com

para a Educação para o Trabalho; por exemplo,

a participação de diferentes negócios, é motivo de

o Programa de Desenvolvimento de Empresários

celebração. Usar um conhecimento gerado em novos

(PDE).

contextos é produtivo e sábio. Não podemos mais partir do zero. Isso nos possibilitará evoluir cada

OI – A vontade de compartilhar, por parte dos

vez mais. Se temos mais de 320 túneis, mais de 280

integrantes, sempre esteve presente?

rodovias em nosso portfólio, temos amplo saber a

Olindina – José Carlos Leal Bezerra, geólogo

respeito disso e precisamos compartilhar.

que já integrou a Organização, certa vez nos fez a seguinte provocação: “Precisamos transformar ilhas de competência em arquipélago de excelência”. As pessoas tinham uma tendência a preservar seu conhecimento. Quando vencemos essa barreira, ficou fácil tirá-lo do tácito e torná-


cultura Representação simbólica de uma

Visitantes no Núcleo, em Salvador: oportunidade para conhecer as personalidades e os fatos que fizeram e fazem a Odebrecht

34

34

informa


U

m dia depois de ter lido uma reportagem sobre o Núcleo da Cultura Odebrecht, publicada no jornal baiano A Tarde, Aloísio

Procópio Nascimento dirigiu-se

Núcleo, em Salvador, proporciona aos integrantes e parceiros da Odebrecht uma visão histórica dos resultados alcançados e os inspira a fazer cada vez mais e melhor

à sede da Organização, na Avenida Paralela, em Salvador, para visitá-lo. “Trabalhei a vida inteira na Odebrecht e quero conhecer o lugar que conta a história da minha empresa.” Assim ele se apresentou à Fátima Berbert, Responsável pelo Núcleo, que o levou para conhecer o espaço expositivo, no qual visitantes têm contato com a história da Organização, desde suas origens, com a imigração alemã para o Brasil no século 19, até os dias atuais. Em uma das vitrines, onde estão as carteiras profissionais de mestres de obras que trabalharam com o fundador Norberto Odebre-

texto José Enrique Barreiro fotos Fernando Vivas

cht entre as décadas de 1940 e 1970, Aloísio sentiu falta de sua carteira e protestou: “Por que as de Bonifácio e Zé Vital estão aqui e a minha não?” Sem precisar de resposta, decidiu: “Vou em casa buscá-la agora mesmo”. E assim o fez. Sua carteira foi levada a Norberto Odebrecht, que reconheceu Aloísio como um dos mestres com quem trabalhara e autorizou a colocação do seu documento ao lado dos de Bonifácio Manuel dos Santos, José Vital da Silva e outros mestres. Episódios como esse não são raros na história do Núcleo da Cultura Odebrecht, que costuma receber documentos e objetos que carregam um pedaço dos 68 anos de história da Organização. “Este tapete peruano”, mostra José Raimundo Lima, Responsável por Comunicação Empresarial em Salvador, “que retrata a cidade de Machu Picchu, foi oferecido à Odebrecht por Pedro Huilca, Presidente da Confederação dos Trabalhadores da Construção Civil, no Peru, em 1989”. Apontando em outra direção, explica: “Este é o prêmio que a Odebrecht recebeu do IMD [Institute for Management Development], da Suíça, em 2010, por ter sido eleita a melhor empresa familiar do mundo naquele ano”. E acrescenta: “A Odebrecht foi a segunda organização latino-americana a receber o prêmio”.

informa

35


Responsável por Comunicação na Odebrecht, explica: “O Núcleo é uma representação simbólica de nossa Cultura, ou seja, de uma filosofia empresarial baseada em princípios, valores, conceitos e crenças, que proporciona a nossos integrantes e parceiros uma visão histórica dos resultados alcançados, de modo a inspirá-los a buscar resultados cada vez maiores e melhores”.

Novas atribuições Em agosto de 1991, o Núcleo ganhou novas atribuições com a criação do CDR (Centro de Documentação e Referência), uma espécie de banco de dados da Organização, onde estão mais de 80 mil documentos, entre fotos, textos, vídeos, publicações internas e externas sobre a Odebrecht – o que saiu em jornais

36

José Raimundo mostra também objetos que ante-

e revistas no Brasil e nos países onde atua. Todo esse

cedem a história da Organização, como um telescó-

material está à disposição dos integrantes na intra-

pio que, em 1862, pertenceu a Emil Odebrecht, bisavô

net das empresas da Organização.

do fundador Norberto Odebrecht, e que foi doado ao

De sua criação até fevereiro de 2012, o CDR foi di-

Núcleo da Cultura, em março de 2010, por Curt Otto

rigido por Ulla Von Czekus, que agora atua na equi-

Baumgart, primo de Norberto, e vários documentos,

pe de Pessoas e Organização da Odebrecht S.A. Sua

entre os quais uma carta da religiosa baiana Irmã

substituta, Liana Garrido Fontenelle, revela que a

Dulce, de 29 de janeiro de 1983, em que agradece a

procura por materiais do CDR é grande. Ela aten-

Norberto Odebrecht a construção de novos pavilhões

de, em média, 200 consultas por mês (foram 239 em

do Hospital Santo Antônio, que ela administrava e que

março de 2012, cerca de 90% das quais via e-mail)

ainda hoje presta gratuitamente atendimento de saú-

e contabiliza mil acessos mensais ao CDR pela in-

de em Salvador. Enquanto circulam com a equipe de

tranet (1.080 em março de 2012). “A demanda maior

Odebrecht Informa pelo espaço expositivo do Núcleo,

é por fotos e textos sobre a Tecnologia Empresarial

José Raimundo e Fátima Berbert vão indicando ou-

Odebrecht (TEO)”, destaca. “Quando saem a revista

tros objetos e documentos e contando um pouco a

Odebrecht Informa e o Relatório Anual, a procura por

história de cada um.

fotos aumenta muito.” Nos últimos anos, o Núcleo da Cultura passou a

Jovens visitantes

receber uma quantidade crescente de jovens visitan-

Há 35 anos na Organização, José Raimundo acom-

tes – integrantes da Organização e de instituições

panha o Núcleo da Cultura desde sua fundação, em

educacionais e sociais. É um de seus objetivos prin-

1984, com o nome de Núcleo da Memória Odebrecht.

cipais: ser instrumento educacional para as novas

Conta que a iniciativa partiu de Renato Martins, As-

gerações. Das 11.062 pessoas que passaram pelo

sessor Especial do Diretor-Presidente da Odebrecht

Núcleo em Salvador em 2011, 2.492 eram visitantes

S.A.: “Ele queria reunir, em um só espaço, o acervo e

convidados por empresários-parceiros da Organiza-

a memória da Odebrecht e permitir que integrantes

ção ou participantes de reuniões internas, entre os

e visitantes conhecessem melhor a nossa história”.

quais muitos jovens que faziam parte do PDE (Pro-

De lá para cá, o Núcleo passou por várias trans-

grama de Desenvolvimento de Empresários). As ou-

formações, expandiu-se e ganhou novas atribuições.

tras 8.570 pessoas eram visitantes de escolas, uni-

Uma das mudanças foi em seu nome. Com o objetivo

versidades e instituições sociais.

de expressar sua natureza essencial, a palavra “me-

Para contribuir na missão de proporcionar a in-

mória” foi substituída por “cultura”. Márcio Polidoro,

tegrantes e parceiros uma visão histórica dos resul-

informa


sua terceira visita ao Núcleo da Cultura. “Assisti a vídeos e pesquisei no CDR informações de que precisava para preencher algumas passagens sobre a história da Organização para o curso.” Ela diz que visitar o Núcleo é fazer uma imersão na Cultura Odebrecht e uma oportunidade para conhecer detalhes especiais: “Ontem, ao assistir ao vídeo ‘Conversa ao pé do Núcleo’, fiquei sabendo que Dr. Norberto, quando jovem, sonhava ser médico, coisa que eu desconhecia”. As informações que foi buscar no Núcleo da Cultura, Rafaella levará para Açailândia, no Maranhão, onde trabalha, e poderá transmitir às equipes da Odebrecht Infraestrutura de lá. Mas já sabe que frustará a curiosidade de muitos colegas. Como das outras vezes em que esteve no Edifício-sede, ao retornar para o canteiro de obras, ouviu a mesma pergunta: “Você viu Dr. Norberto Odebrecht por lá?” Na segunda vez, quando assistiu a uma palestra do fundador da Organização, ela pôde satisfazer a curiosidade dos companheiros de trabalho. Mas, dessa vez, Rafaella não teve sorte. Dr. Norberto Odebrecht estava viajando. tados alcançados, foi publicado em abril o novo site do Núcleo da Cultura na internet, no qual o usuário pode encontrar um amplo conjunto de informações. Entre outros conteúdos, encontram-se no site uma reprodução da área de exposições físicas do Núcleo (na qual o visitante passeia como se estivesse na sede), depoimentos de líderes e o acervo completo de objetos guardados em Salvador, com fotos e descrições de cada um deles. Integrantes da Organização e interessados em geral podem conhecer esse espaço virtual em www.culturaodebrecht.com.br

Espaços expositivos no exterior Fora do Brasil, em alguns dos países nos quais suas equipes estão presentes, a Odebrecht mantém espaços expositivos inspirados no Núcleo da Cultura. Em Angola, o local criado há dois anos fica na sede da Odebrecht Angola, no bairro de Talatona, em Luanda, e costuma receber a visita de integrantes da Odebrecht em atividade em Angola que buscam conhecer melhor a história e as realizações da Organização em que trabalham. O espaço também é visitado por estudantes, jornalistas, artistas, empresários,

Em busca de material Durante a visita, a equipe de Odebrecht Informa encontrou, em uma das salas do Núcleo, Rafaella Lana Figueiredo, da Odebrecht Infraestrutura. Há três anos na Organização, ela hoje trabalha nas obras de expansão da Estrada de Ferro Carajás, no Maranhão, para a Vale. “Vim buscar material para desenvolver, em nosso contrato, um curso para pessoas estratégicas de produção: encarregados gerais, jovens parceiros e responsáveis por programas”, informou Rafaella, que atua no programa de Aculturação, da área de Pessoas e Organização (P&O) do contrato, e fazia

informa

37


Foto histórica do Teatro Castro Alves, em Salvador: um dos destaques do acervo do CDR

Como está organizado o Núcleo da Cultura Odebrecht Espaço Expositivo em Salvador – exposição permanente que mostra a história da Organização Odebrecht, desde suas origens até os dias atuais. CDR – Centro de Documentação e Referência – acervo de fotos, textos, documentos, publicações

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internas e notícias sobre a Organização Odebrecht. Consultas pela intranet. Biblioteca Hertha Odebrecht – Acervo de livros e publicações diponível na sede da Odebrecht, em Salvador, que pode ser consultado por integrantes e visitantes.

representantes de órgãos governamentais e mem-

dadeira universidade, tão vasta e competente é sua

bros de comunidades de Luanda e de outras cidades

atuação.” Zilpa Figueira, com cinco anos de atuação

angolanas, que passam a compreender melhor a ori-

no Programa de Pessoas na Odebrecht Angola, ficou

gem e a evolução do trabalho da Odebrecht no Brasil,

impressionada com um detalhe observado. “Eu já sa-

em Angola e no mundo.

bia da maioria dessas importantes obras, mas não

“Este espaço contribui para mostrar que a Ode-

imaginava esse alcance tão grande da atuação social

brecht vem sendo uma parceira constante de Ango-

da Odebrecht em Angola. Hoje, ampliei meu conheci-

la nestes 27 anos, na luta pelo desenvolvimento do

mento e estou orgulhosa disso.”

país e a consequente melhoria da qualidade de vida

Na Venezuela, um espaço também inspirado no

de seus cidadãos”, afirma Justino Amaro, Gerente

modelo do Núcleo da Cultura Odebrecht foi inau-

de Relações Institucionais da Odebrecht em Angola.

gurado no segundo semestre de 2011, no escritório

Jorge Benge, Responsável pelo Núcleo Odebrecht

da empresa, em Caracas. Nele é contada a história

Angola, recebe cada grupo de visitantes com especial

de 20 anos de presença da Organização no país. Em

atenção. “Aqui, neste recinto, aparece o padrão filo-

uma grande mesa central com recursos multimídia

sófico e cultural da Odebrecht. Quem o visita, logo se

e interativos, o visitante pode acessar textos descriti-

impressiona com a abrangência das obras que exe-

vos e fotos das obras realizadas e em execução pela

cutamos, dos investimentos realizados e dos nossos

empresa na Venezuela, como a Ponte Orinoquia e as

trabalhos de responsabilidade social.”

linhas de Metrô em Caracas e Los Teques. Em torno

Adilson Job, que trabalha há quatro anos como

da mesa, ficam painéis, mapas, objetos e documen-

Técnico de Construção na empresa, admite que, em

tos que ajudam a relatar a trajetória da Odebrecht

sua primeira visita ao espaço, ganhou uma nova visão

Venezuela. No Panamá e no Peru também existem

a respeito da Organização. “A Odebrecht é uma ver-

espaços semelhantes.

informa


comunidade

Instalações do Itaci: atendimento especial

Rede de solidariedade Inaugurado há 10 anos, o Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci), em São Paulo, passa por obras que ampliarão sua capacidade de atendimento

H

texto Fabiana Cabral foto Holanda Cavalcanti

á 10 anos, a cidade de São Paulo ganha-

cas de São Paulo pela Fundação Oncocentro à Fundação

va um reforço no tratamento do câncer

Criança. As obras foram realizadas com materiais e ser-

em pequenos pacientes. Extensão do

viços doados por empresas. O engenheiro Pedro Boscov,

Instituto da Criança (ICr) do Hospital das

integrante da Odebrecht, supervisionou o projeto.

Clínicas da Faculdade de Medicina da

“Buscamos o amparo social da população e recur-

Universidade de São Paulo (HCFMUSP), o Instituto de

sos de instituições privadas”, destaca Aluizio Araujo.

Tratamento do Câncer Infantil (Itaci) foi inaugurado pelo

Ele ressalta a importância da PPP: “A parceria entre

Governador Geraldo Alckmin em setembro de 2002.

governo, empresas e sociedade foi fundamental para

“O Itaci nasceu de uma feliz parceria concebida pela Fundação Criança, que agregou a população e a so-

a implantação do hospital, que hoje é um modelo de sucesso”.

ciedade empresarial privada, de quem recebeu apoio

Atualmente, o Itaci recebe 3.200 pacientes porta-

integral”, explica Aluizio Rebello de Araujo, membro do

dores de doenças onco-hematológicas. Por mês são

Conselho de Administração da Odebrecht S.A. e Presi-

1.100 consultas, 550 quimioterapias e mil atendimen-

dente do Conselho Curador da Fundação Criança, enti-

tos da equipe formada por psicólogos, assistentes so-

dade instituída em 1994 para apoiar o ICr.

ciais, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, nutri-

A implantação do hospital é resultado da Parceria Público-Privada (PPP) entre ICr, Fundação Criança,

cionistas, farmacêuticos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem.

empresas privadas e sociedade civil. “O ICr tratava de

Em junho deste ano, serão concluídas as obras que

todas as doenças infantis, mas percebemos a neces-

ampliarão a capacidade de atendimento do instituto,

sidade de um atendimento especial às crianças com

que passará a contar com novo Centro de Transplan-

câncer”, conta Aluizio Araujo.

te de Células-Tronco Hematopoiéticas, 19 novos leitos,

A construção do instituto foi iniciada após a doação de um terreno situado nas proximidades do Hospital de Clíni-

sete leitos de Unidade de Terapia Intensiva e seis unidades semi-intensivas.

informa

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40

olhando Participantes de um Café Temático da Braskem, em São Paulo: misto de palestras, discussões técnicas e conversas informais

para o lugar certo texto Eliana Simonetti fotos Fred Chalub

40

informa


Base Braskem de Conhecimento, Programa de Desenvolvimento de Competências e Cafés Temáticos apoiam as equipes em sua busca por informação

T

haís Beteta é uma bibliotecária paulistana que, três anos atrás, foi convidada a trabalhar na Braskem. Naquele tempo, suas atividades na empresa não eram muito diferentes daquelas às quais estava habi-

tuada: havia bibliotecas em diversas unidades, em todo Brasil, cada uma com o controle próprio das publicações. Para atender aos pedidos dos pesquisadores, ela precisava refazer a busca completa para cada um deles, multiplicando seu trabalho. Em 2011, a vida de Thaís mudou. Ela e a equipe da RIC (Recursos de Informação e Conhecimento) enfrentaram o desafio de projetar uma base de dados que reunisse todos os acervos, inclusive os documentos digitais. Criaram, assim, a Base de Conhecimento Braskem (BBC), sistema de busca especializado, acessí-

informa

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Danielle Espósito e Fabio Carneiro: mudanças na maneira de ver o mundo

vel aos 7.500 integrantes da empresa.

no de 1.500 resultados (em português, inglês

busca disponíveis na internet, porém restrita

e espanhol), pois há uma seleção prévia já na

às publicações dos acervos já existentes. Thaís

aquisição dos documentos.

salienta: “Nosso desafio é otimizar o trabalho

O material está disponível desde janeiro e

dos pesquisadores e os resultados da Braskem.

é atualizado permanentemente pela equipe da

Por isso, logo após o início de operação da BBC

RIC. Em abril, já registrava 80 consultas por

foram acrescentadas melhorias, como a pos-

dia, e a demanda é crescente. Considerando

sibilidade de realização de buscas em sites de

que a Braskem conta com mais de 300 pesqui-

fontes de informação e de revistas especializa-

sadores, que buscam inovações em produtos,

das assinadas pela Braskem”.

processos de produção, mercado e comercia-

Thaís explica que, quando alguém busca a palavra “polímero” no Google, por exemplo,

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guês. No acervo da BBC, o alcance fica em tor-

A BBC começou como outros mecanismos de

lização, esse interesse pode traduzir-se como um resultado extremamente positivo.

terá à sua frente mais de 2 milhões de resulta-

Os integrantes podem compartilhar os do-

dos. “A seleção e a leitura de todo esse mate-

cumentos recuperados em suas pesquisas com

rial disponibilizado pelos mecanismos de busca

colegas do Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia,

genéricos levam tempo, nem sempre surtem

Rio de Janeiro, Alagoas e Estados Unidos (Pit-

os resultados esperados e, portanto, elevam os

tsburgh). Assim como se ficam sabendo de um

custos das pesquisas realizadas”, argumenta.

evento, podem divulgá-lo; se participarem dele,

Mesmo se a pesquisa for restringida ao Goo-

podem disponibilizar o material recebido. O

gle Acadêmico, que coleciona pesquisas e te-

mesmo vale para os que produzem um trabalho

ses mais especializadas, o usuário encontrará

acadêmico. Basta enviar o material e pronto –

26 mil alternativas, e isso apenas em portu-

ele estará acessível aos seus colegas.

informa


Desenvolvimento de competências

“Tenho questionado meus princípios, meus

Da BBC para o PDC – mudam-se letras,

valores, o que sou e como posso contribuir, de

atividades e enfoque, mas permanece o mes-

forma realista, para um futuro viável”, explica

mo espírito de compartilhamento de saberes

Danielle. Seu TCC (Trabalho de Conclusão de

e experiências. A jornalista Danielle Espósito,

Curso), que deverá ser entregue e avaliado no

28 anos, que integrava a equipe de Comuni-

fim do ano, será sobre princípios da comuni-

cação Empresarial da Braskem e, no fim de

cação educativa da sustentabilidade. E, é claro,

abril, assumiu novo desafio na Odebrecht S.A.,

será postado na BBC.

holding da Organização Odebrecht, diz, emo-

Outro participante do PDC, Fabio Magalhães

cionada: “Sou formada em Comunicação. Agora

Carneiro, formado em Administração de Em-

entendo um pouco sobre risco industrial, finan-

presas com intercâmbio em Economia em Vie-

ças e toxicologia. Minha maneira de ver o mun-

na (Áustria), passou de Líder de Performance

do mudou”, diz. Ela está bastante motivada pela

em Polietileno a Líder Comercial de Químicos

oportunidade de participar, entre 31 escolhidos,

Renováveis. “Adquiri informações e habilidades

do Programa de Desenvolvimento de Compe-

que não me eram requeridas anteriormente.

tências (PDC) em Desenvolvimento Sustentável,

Agora posso conversar com nossos clientes glo-

oferecido pela Braskem na FIA-USP (Fundação

bais, sejam eles dos Estados Unidos, da Europa

Instituto de Administração, ligada à Faculdade

ou do Japão, além de apresentar as possibilida-

de Economia e Administração da Universidade

des do uso do plástico renovável em eventos e

de São Paulo).

congressos.” Jorge Soto, Diretor de Desenvolvimento Sustentável da Braskem, orgulha-se de Tela com material informativo disponível na BBC: otimização do trabalho dos pesquisadores

dizer que o curso apoiou fortemente a capacitação de Fabio para seu novo desafio. O PDC oferecido em 2011 trata de Gestão Estratégica para a Sustentabilidade. “A demanda dos nossos clientes, dos clientes dos nossos clientes e dos diversos agentes da sociedade é crescente, muitas transformações estão ocorrendo no mundo e precisamos fortalecer continuamente nossa capacitação em sustentabilidade”, diz Soto. E vai além: “É necessário criar oportunidades para o florescimento de novos líderes nessa área”. Soto não fala apenas de integrantes da Braskem. Participante do PDC, Ana Maria Wilheim, Diretora-Executiva do Instituto Akatu, dedicado a disseminar informações e práticas de consumo consciente, afirma: “Entrei na indústria química, sistematizei informações e sem dúvida sairei daqui mais consciente. Este é um curso para formar lideranças”, diz ela, socióloga e militante dos direitos humanos há cerca de 35 anos. Das aulas do PDC também participam representantes da WWF, organização não governamental dedicada à defesa do meio ambiente, do Banco do Brasil, da Oxiteno, das Indústrias Ti-

informa

43


Jorge Soto (à frente, de paletó) e participantes do PDC: iniciativa inclui ações fortemente associadas aos princípios do desenvolvimento sustentável

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gre e da Construtora Norberto Odebrecht, além

“Às vezes, os debates ficam acalorados, o que é

de pessoas de várias áreas da Braskem. A ideia

bom, e os professores são ótimos, alinhados peda-

de convidar pessoas de fora para participar de

gogicamente e conhecedores da Braskem, e sabem

cursos oferecidos pelas empresas da Organiza-

como trabalhar as diferenças de forma construtiva”,

ção Odebrecht é inovadora. “É totalmente as-

explica o coordenador geral do curso, professor Izak

sociada aos princípios do desenvolvimento sus-

Kruglianskas. “Construímos um curso com duração

tentável que buscam a consideração de todas

de 460 horas voltadas diretamente aos interesses e

as partes interessadas na estratégia dos negó-

ao negócio da Braskem”, diz Annelise Vendramini, da

cios”, enfatiza Soto.

equipe de coordenadores do PDC.

informa


O colega ao lado

apoia várias plantas da Braskem. “Tenho de sa-

O acúmulo de conhecimento ocorre em ritmo

ber tudo o que acontece, o que há para explorar.

cada vez mais acelerado na Braskem. Hoje, um

Como os Cafés reúnem pessoas de diferentes

pesquisador da Braskem tem acesso a informa-

áreas, tenho acesso a diversos olhares sobre

ções geradas e/ou registradas em outros esta-

as questões de meu interesse”, diz ela. Seu de-

dos e nas mais diversas áreas da empresa, mas

safio? Chegar a novos processos e tecnologias

é fundamental que ele também esteja atento ao

que garantam segurança, aumento de produ-

que diz e pensa o colega que está a seu lado.

ção, redução de custos e agregação de valor

É preciso que as pessoas que compartilham o

aos produtos existentes ou novos.

mesmo ambiente de trabalho troquem ideias,

Adriane

Simanke,

Engenheira

Química,

porque, quando pesquisadores conversam en-

mestre em Química e doutora em Ciência dos

tre si, um bate-papo de corredor pode se trans-

Materiais, é pesquisadora da equipe de Ciência

formar em uma iniciativa de sucesso.

de Polímeros na Braskem em Triunfo e esta-

Aline Renz, da RIC de Triunfo, reuniu as pes-

va no Café sobre as LCB, assunto cuja com-

soas ligadas à área para conversar, em um

preensão requer conhecimentos específicos

misto de palestras, discussões técnicas e con-

e técnicos que demandam tempo de estudo.

versas informais, com o objetivo de possibilitar

“Nos Cafés Temáticos, nos reunimos e discu-

o compartilhamento de conhecimento. Assim

timos os temas propostos por meio de debates

nasceram, em julho de 2011, os Cafés Temá-

e questionamentos em um ambiente informal”,

ticos, eventos bastante informais (e sempre

ressalta.

produtivos) que geram registros de Memória Tecnológica, disponibilizados na base de dados para que outros pesquisadores da Braskem possam ter acesso a eles. O primeiro Café Temático ocorreu na área de Catálise e tratou do livro Simetrias de molécu-

las e cristais: fundamentos da espectroscopia vibracional , cuja compreensão acabou sendo facilitada com a colaboração dos participantes. É um livro extenso, com grande volume de informações. Os pesquisadores decidiram buscar uma forma de chegar aos temas de seu interesse mais específico. A discussão sobre como fazer isso acabou resultando no surgimento dos Cafés Temáticos. No dia 23 de março, em Triunfo, com a participação de 50 integrantes, foi realizado o Café Temático sobre LCB – Long Chain Branching (cadeias longas de moléculas ou ramificações longas de cadeia) replicado em 17 de abril, em São Paulo. Em Triunfo e em São Paulo, os eventos tiveram apresentações feitas por dois pesquisadores da área de Ciência de Polímeros: Ana Moreira e Francisco Paulo dos Santos. Fã dos Cafés Temáticos, Suzana Aita Isaia não perde um evento. Ela é especialista em Engenharia de Processos em Polipropileno e

informa

45


46

a arte de pensar diferente

46

informa


Equipe finaliza os preparativos para o lançamento da plataforma P-59, no canteiro de São Roque do Paraguaçu, na Bahia: ideia inovadora virou marco na história da engenharia offshore

Investimentos da Odebrecht Engenharia Industrial em inovação tecnológica tornam projetos da empresa referências no Brasil e no exterior texto Luciana Lana


J

acques Raigorodsky assistiu satisfeito e emocionado à plataforma P-59 deslizar lentamente da balsa BLG-2 para as águas do Rio Paraguaçu, em julho do ano passado. Era o resultado de mais de três anos de

pesquisa e desenvolvimento de uma solução para o desafio de deslocar mar adentro uma estrutura gigantesca, construída no canteiro da Petrobras em São Roque do Paraguaçu, na Bahia. Foi dele – à época Gerente de Engenharia Corporativo da Odebrecht Engenharia Industrial – a ideia inovadora de usar uma balsa de lançamento de jaquetas. Deu certo e virou um marco na história da engenharia offshore. Engana-se, porém, quem pensa que, naquele momento, encerrava-se todo o trabalho relacionado à pesquisa para a operação. Assim seria, se tudo o que

Área de Processos Construtivos (Pesquisa, Desenvol-

foi estudado não tivesse sido documentado, para servir

vimento e Inovação – P,D&I).

de base a outras descobertas, e se a inovação não tives-

Ele está envolvido em um volume significativo de de-

se sido devidamente reconhecida, de modo a incentivar

mandas de inovação da Odebrecht e chega a ser cha-

novos estudos. Mas, além desses, o investimento em

mado carinhosamente de Professor Pardal, em uma

pesquisa teve ainda outro desdobramento relevante:

referência ao personagem de Walt Disney, o grande

enquadrado na lei 11.196/2005 do Ministério da Ciência

inventor de Patópolis. Jacques explica que a metodolo-

e Tecnologia – conhecida como Lei do Bem –, propor-

gia construtiva tem impacto muito grande no custo e na

cionou benefícios fiscais para a Odebrecht. Hoje, o que

eficiência dos projetos e, por isso, o programa de P&DI,

se constata, em toda a empresa, é que o efeito de uma

que ele lidera, recebe solicitações da equipe do Líder

inovação vai muito além de sua aplicação prática. Essa

Empresarial (LE) da Odebrecht Engenharia Industrial e

é a linha mestra perseguida pelo Programa Odebrecht

também de outros LEs, como ocorre com a Odebrecht

de Inovação Tecnológica (Poit).

Infraestrutura.

Criado em 2008, o programa teve evolução significa-

No computador, Jacques mostra fotografias de uma

tiva nos últimos anos. Os números mostram isso: em

longa estaca que, presa por cabos em quatro pontos, foi

2009, foram registrados no Poit cinco projetos de Pes-

içada por um só guindaste e colocada na posição ver-

quisa e Desenvolvimento Tecnológico, provenientes de

tical. Em seguida, exibe o protótipo feito para o estudo

três obras. Em 2010, foram 40 projetos, de nove obras.

daquela operação. “Nunca tínhamos içado uma estaca

E, no ano passado, 161, de 40 empreendimentos. As

tão grande nem dessa forma. Então, foi uma inovação.

inovações de 2009 renderam à Organização incentivos

Podem parecer simples, mas essas inovações repre-

fiscais da ordem de R$ 490 mil. No ano seguinte, esse

sentam estudos sofisticados de engenharia. Nós tra-

número subiu para R$ 2,6 milhões. O retorno para os

balhamos no estado da arte”, declara.

investimentos feitos em 2011 foi de R$ 4,6 milhões.

48

Para inscrever as inovações na Lei do Bem, o comitê

Muito além dos números, contudo, o Poit tem evo-

do Poit faz uma análise criteriosa. “Não é preciso que

luído por ajudar a consolidar a cultura da inovação. “A

seja uma solução inexistente no mundo nem no Brasil,

Odebrecht tem um DNA inovador. A própria estrutura

apenas que represente algo novo para a empresa”, ex-

descentralizada da empresa é demonstração disso.

plica Tatiana Tourinho, Responsável pelo Planejamento

Tudo é sempre novo, porque as condições que se apre-

Tributário na Construtora Norberto Odebrecht. Ela res-

sentam para o nosso trabalho são sempre diferentes.

salta que, no entanto, só os investimentos em pesquisa

Mas é preciso que a inovação seja registrada, divulga-

e desenvolvimento tecnológico podem ser considera-

da, reconhecida, e nisso reside a maior importância do

dos. “A partir do momento em que a inovação é posta

Poit”, explica Jacques Raigorodsky, hoje Gerente da

em prática, em uma atividade produtiva, os dispêndios

informa


de suas inovações: “Muitas vezes, as pessoas não se dão conta do valor do seu próprio trabalho e de tudo o que a empresa faz de inovador. O Poit tem mostrado que ideias aparentemente corriqueiras podem ser extremamente transformadoras e valiosas”, diz. Em 2011, além da solução para o lançamento das plataformas P-59 e P-60, uma série de outras inovações foi concebida durante os estudos para a construção do Estaleiro Enseada do Paraguaçu, que será resultado da joint venture entre a Odebrecht Engenharia Industrial, a OAS Investimentos, a UTC PartiIlustração mostra como ficará o Estádio do Maracanã depois de reformado para a Copa do Mundo: execução da cobertura tem exigido pesquisa e inovação. Abaixo, Jacques Raigorodski: “Trabalhamos no estado da arte”

cipações e a Kawasaki Heavy Industries, reunidas na empresa Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP). O estaleiro formará, com o canteiro de obras existente, um complexo em São Roque do Paraguaçu.

relacionados a ela já não são passíveis de benefício fiscal”, explica Tatiana.

“As plataformas foram as vedetes, mas estudamos o terreno, a logística e outros aspectos”, diz Jacques.

Identificar a inovação e documentá-la nos moldes

O estaleiro Paraguaçu, segundo ele, continua trazen-

da lei é um trabalho complexo, que exige a participação

do, neste ano, a maior demanda de pesquisas. “Nunca

dos líderes empresariais em sinergia com o comitê do

construímos estaleiro, nunca fabricamos navios, nunca

Poit e com a consultoria Pieracciani, contratada para

fizemos sondas flutuantes – tudo isso é novidade. Daí

dar apoio ao programa. “Aos poucos, todos estão fican-

as nossas viagens ao Japão, à China e à Coreia do Sul.

do mais entrosados com o Poit. Isso justifica o aumento

Buscamos tecnologias do mundo inteiro.”

no número de projetos inscritos. Pensar a inovação e a

Na área de infraestrutura, a execução de coberturas

forma de registrá-la vai se tornando uma rotina”, diz

dos estádios para a Copa do Mundo também tem re-

Alfonso Abrami, Sócio-Diretor da Pieracciani.

querido muita pesquisa e inovação. ”Nossa experiência no trabalho offshore acaba sendo aproveitada em ou-

Ideias transformadoras

tras áreas”, diz Jacques, contando que o departamen-

Segundo Dante Venturini, Diretor de Engenharia

to foi convocado para a conclusão do Estádio Olímpico

da Odebrecht Infraestrutura, a grande contribuição do

João Havelange (Engenhão), no Rio de Janeiro, onde

Poit é fazer com que as equipes percebam o alcance

era necessário instalar quatro arcos – estruturas metálicas de 170 m de comprimento por 2 m de diâmetro – a uma altura de 74 m. Atualmente, o apoio é prestado nos projetos dos estádios do Maracanã, no Rio de Janeiro; do Corinthians, em São Paulo; da Fonte Nova, em Salvador; e da Arena Pernambuco, em Recife. “Cada um desses projetos nos exige estudos diferentes e novas tecnologias”, salienta Jacques. Para Cinthia Blassioli, que atua como facilitadora do Poit, apoiando o contato entre os setores que demandam soluções e as áreas de pesquisa, a interação das equipes tem sido outro aspecto muito favorável do programa: “Hoje, o benefício fiscal é uma consequência, pois o Poit ganhou nova dimensão. Sua importância está em reconhecer e incentivar a inovação e criar um acervo de conhecimentos que poderão ser revertidos em muitas novas soluções”.

informa

49


PERFIL: José Osinair Rodrigues da Silva

Ao mestre com carinho Ele está completando 50 anos de trabalho na Odebrecht. Parabéns, Zé Bodinho texto Flávia Tavares foto Ricardo De Sagebin

O

jeito de falar é simples e

obras. Terceiro de uma família de 13

trabalhar. Primeiramente como con-

direto, e, durante seus rela-

irmãos, nascido em Conceição (PB),

tínuo do escritório da obra e depois

tos, nunca falta um sorriso

Zé Bodinho passou a infância acom-

como mecânico. “Mas fui aconselha-

amigável. José Osinair Rodrigues da

panhando o pai, Manoel Alexandre

do pelo meu pai a ir para o campo,

Silva, o Zé Bodinho, recebeu a equipe

da Silva, operador de motoniveladora

trabalhar na terraplenagem, como

de reportagem de Odebrecht Infor-

do Departamento Nacional de Obras

ele, área em que teria mais futuro.

ma em uma manhã ensolarada de

contra as Secas (Dnocs). “Moráva-

Ele estava certo.” Foi nessa época

abril, em Conselheiro Lafaiete (MG),

mos em um vagão de trem, que meu

que o apelido de Zé Bodinho pegou.

cidade onde sua família mora e onde

pai engatava na motoniveladora e ar-

Magrinho que só ele, quando quis

ele passa menos tempo que gosta-

rastava Nordeste afora”, conta.

paquerar uma jovem que trabalhava

ria. Encarregado geral da Odebrecht

Ainda menino, começou a vender

na cantina da obra ouviu dos colegas

Energia nas obras da Usina Hidrelé-

os doces que a mãe, dona Nina, ca-

que parecia “um cabritinho, um bo-

trica Teles Pires, na divisa de Mato

prichosamente preparava. Quando

dinho” cercando a moça.

Grosso com o Pará, falou de sua

seu pai foi contratado pela pavimen-

Foi na função do pai que Zé Bo-

trajetória de 50 anos na Odebrecht,

tadora Star, à época (início da década

dinho se tornou um dos mais requi-

iniciada quando ele tinha 16 anos.

de 1960) uma empresa da Odebre-

sitados mestres da empresa, passou

Se há tempos ele é um dos res-

cht, para trabalhar na construção da

a encarregado geral, construiu sua

ponsáveis por formar novos talentos

estrada que ligaria Itajuípe a Coaraci,

casa, criou os cinco filhos – todos

nos canteiros da Odebrecht, isso

no sul da Bahia, tinha 16 anos. Na-

com nível superior – e agora mima

ocorre porque sua própria formação

quele canteiro, Zé Bodinho com-

os três netos. “A Odebrecht nos dá

começou por ali, no cotidiano das

pletou o ensino médio e começou a

muita oportunidade e foi por isso que nunca pensei em trabalhar em outro lugar. Agora fico feliz por passar

“Agora fico feliz por passar meus aprendizados adiante”

meu conhecimento adiante”, diz, enquanto mostra fotos em que aparece recebendo homenagens do fundador Norberto Odebrecht e de Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da Odebrecht S.A. Ao longo da carreira, Zé Bodinho ajudou a assentar o solo sobre o qual seriam erguidas, entre tantas outras obras, o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro; a Avenida Paralela,

50

informa


em Salvador; a Auto-estrada Leiria-

na prática do que na teoria. Zé é hu-

gar da Odebrecht. Pensa em, daqui

-Pombal, em Portugal; a Adutora do

mano, paciente e detalhista. Mas, se

a um tempo, comprar máquinas e

Rio Kikuchi, em Angola; e a Hidre-

o cara não veste a camisa, não tem

alugar para a empresa, como fazia

létrica de Irapé, em Minas Gerais.

chance com ele”, diz o amigo e ex-

um de seus irmãos, Eliomar, já fale-

“Gosto do desafio das obras. As hi-

-aluno, que trabalha com Zé Bodi-

cido. Outro irmão, Raimundo, é en-

drelétricas geralmente têm topogra-

nho desde o fim da década de 1970.

carregado geral na Odebrecht. Um

Aposentado desde 2000, Zé co-

dos filhos de Zé Bodinho, Manoel

Ele não se lembra de quantas

meça a pensar em parar. Quer cur-

Alexandre Neto, também é inte-

pessoas já ajudou a formar. “Só na

tir mais a família. Sua mulher, Edi-

grante da Odebrecht Energia e tra-

Hidrelétrica de Simplício [no Estado

nalva, tem os olhos cheios d’água

balha na construção da Hidrelétrica

do Rio de Janeiro] foram 22”, relem-

quando fala da saudade que sente

Santo Antônio, em Rondônia. E o

bra. Seja por meio do Programa Jo-

do marido. Engana-se, porém,

caçula, Vitor, almeja ser engenhei-

vem Parceiro ou orientando os me-

quem imagina que ele

nos experientes que são designados

queira se desli-

fias complicadas, acessos difíceis.”

ro. Quer usar o crachá que faz parte da história de

para sua equipe direta, Zé Bodinho

vida do pai, do tio

aprova apenas um tipo de profissio-

e do irmão.

nal: “Aquele que tem responsabilidade e comprometimento. É antigo dizer isso, mas, se não vestir a camisa, não tem como ensinar”. Quem atesta esse critério é Francisco Mendonça, antigo pupilo de Zé Bodinho e, hoje, seu equivalente nas obras da Hidrelétrica Teles Pires – Zé cuida da margem esquerda; Chico, da direita. “O método dele é mais

Zé Bodinho: “Nunca pensei em trabalhar em outro lugar”

informa

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obra de cidadania

E

texto Luiz Carlos Ramos fotos Guilherme Afonso

m uma terça-feira de abril, a cabeleireira Filomena Rafael Gomes, 32 anos, chega a um edifício multicolorido no bairro de Talatona, em Luanda, espera alguns minutos para ser atendida e já sai com seu novo Bi-

lhete de Identidade (BI) – que, em Angola, corresponde à Carteira de Identidade do Brasil. Filomena lembra-se da complicada aventura de alguns anos atrás para se tirar um documento. Com o Serviço Integrado de Atendimento ao Cidadão (Siac), tudo ficou mais prático. “Desta vez, retirei uma senha, fui logo atendida e recebi meu BI apenas 30 minutos depois”, conta aliviada, antes de voltar para o trabalho em Kilamba Kiaxi, na região metropolitana de Luanda. A unidade de Talatona é a maior e mais moderna dos já existentes Siacs, que logo serão 12. O Siac é

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uma autarquia do Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social. Nele, os cidadãos podem obter também registro de nascimento, certidão de casamento, carteira de motorista, registro de automóvel e de imóvel, aposentadoria, realizar serviços de cartório e procurar oportunidades profissionais. Em um posto bancário, no mesmo prédio, é recolhido o pagamento pelos serviços. Além disso, é possível pagar impostos e contas, contratar seguros e contatar empresas de água, energia elétrica, telefonia e passagens aéreas. Essa agilidade tem tudo a ver com o atual ciclo de evolução de Angola e com a decisão do Governo de reduzir a burocracia em todos os seus setores. A Odebrecht teve participação importante nesse processo: não apenas construiu o Siac de Talatona, em funcionamento desde 2007, como também foi responsável pela Operação Assistida e Transferência de Tecnologia, a partir da capacitação dos integrantes do Governo. A eficiente transferência de conhecimento é elogiada pela Diretora-Geral dos Siacs, a advogada Rosa Micolo,

52

informa

Filomena Gomes: o Bilhete de Identidade em 30 minutos


Projeto dos Siacs permite aprimoramento de serviços públicos e transferência de tecnologia em Angola


que, a partir de seu gabinete na unidade de Talatona, coordena os oito centros. “A experiência internacional da Odebrecht foi fundamental para que atingíssemos o atual padrão de serviços”, diz Rosa. “O edifício deste Siac, que chamamos de ‘Siac-Mãe’, tem arquitetura agradável, todos trabalham mais felizes. E o principal é que o público também fica feliz, porque o BI, que agora sai no dia, antes demorava até dois meses.” O Siac de Talatona, além de ter sido o primeiro a ser construído entre os oito atuais, serviu de modelo de implantação de um revolucionário e inédito conceito de prestação de serviços aos cidadãos no país. O sucesso do centro pioneiro levou o Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social a implantar outras sete unidades, que não são autônomas, mas sim subordinadas à central de Talatona e à coordenação de Rosa Micolo. Duas ficam na Província de Luanda (Cazenga e Zango) e as demais nas províncias de Malange, Uíge, Bengo, Benguela e Huambo. Para este ano, estão programadas inaugurações em Cabinda, Cunene e Lunda Sul e o início das obras da quarta unidade de Luanda, a de Kilamba Kiaxi. As equipes capacitadas pela Odebrecht em Talatona conseguiram ampliar os serviços para outras áreas.

Rosa Micolo e o casal Dorival e Antonieta Kileba: novo padrão de serviços

Fábio Januário, Diretor da Odebrecht Angola, explica: “No Siac, não estivemos focados somente na construção do equipamento, mas, principalmente, no conteúdo do programa por meio da transferência de tecnologia com base na experiência brasileira. É um bem-sucedido desafio de sustentabilidade, em um país onde temos uma relação histórica e um compromisso contínuo de ampliar as oportunidades e a expressão do conteúdo nacional em nossas realizações”.

Capacitação de trabalhadores A agilidade e a concentração dos serviços no Siac foram inspiradas inicialmente em duas iniciativas brasileiras: no Poupatempo, de São Paulo, e no SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão), da Bahia. Adriana Bezerra, administradora de empresas, chegou a Luanda há cinco anos para implantar o Siac. “A própria Odebrecht capacitou cerca de 250 angolanos e executou uma operação assistida no Siac de Talatona a partir de 2007”, relata Adriana. “Um ano depois, o órgão ganhou autonomia, e os integrantes passaram a fazer parte dos quadros do Governo.”

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informa


Da papelada ao portal Se a implantação dos Siacs é um case da aplicação e do compartilhamento do conhecimento em benefício dos cidadãos, a criação de um portal dos GAFs da Odebrecht surge como exemplo disso no âmbito interno da empresa. O contador Marcus Vinicius Vianna, Gerente Administrativo e Financeiro no PRP (Programa de Realojamento das Populações), já tinha 14 anos de Odebrecht quando trocou o Peru por Angola, em 2009. Em Luanda, adaptou-se rapidamente ao ambiente, mas deparou-se com um detalhe: “De repente, fiquei com um monte de papéis em mãos. Eram documentos internos e numerosas leis e normas de governos quanto ao setor trabalhista, diretrizes administrativas e outros assuntos”, ele relembra. “Durante uma reunião de GAFs, em março de 2010, em conversa com Fernando Carneiro, GAF no Projeto de Saneamento Básico, e Fernando Koch, GAF nas obras da Hidrelétrica do Gove, propus a criação de um espaço virtual, o qual pudéssemos alimentar com informações e consultar constantemente. Ambos aprovaram a ideia, e, com a equipe administrativa e financeira da Odebrecht Angola, o projeto foi desenvolvido.” Antonieta Kileba, advogada moradora do Zango, mu-

O setor de Relações Institucionais da Odebrecht An-

nicípio da região metropolitana de Luanda, foi ao Siac

gola, que cuida dos portais da empresa no país, apoiou a

de Talatona com o marido, o funcionário público Dorival

criação do Portal dos GAFs, área na internet para acesso

Kileba, que precisava renovar o BI. Foram embora sa-

exclusivo dos integrantes da área administrativa e finan-

tisfeitos. “Esperamos pouco tempo”, diz Dorival. O casal

ceira. “Deu muito certo”, diz Marcus Vinicius ao conversar

terá de voltar ao Siac dentro de alguns meses, com uma

com usuários do sistema diante de uma pilha de papéis

alegre missão: Antonieta está grávida e deverá ir a Tala-

no canteiro do Zango. “Isso agora é passado. Graças à

tona para registrar o primeiro filho do casal. O nome? “Já

tecnologia e a pessoas com espírito de servir, juntamos,

sei que será um menino... Será Dorival Júnior”, revela.

em uma ferramenta, todo um histórico de leis, diretrizes e normas.”

Marcus Vinicius: troca de informações e experiências entre colegas da área Administrativa e Financeira

Além de tudo, o Portal dos GAFs é uma fonte segura e atualizada, com informações fidedignas. Um exemplo: os integrantes podem encontrar todos os detalhes de acordos sindicais e de legislação trabalhista de Angola e do Brasil, dados que são constantemente atualizados. Também são encontradas nessa área as explicações sobre a concessão de visto para brasileiros em Angola, assim como informações para os familiares. Se um integrante expatriado ou seu cônjuge precisar levar o filho para viajar, o portal disponibiliza as explicações sobre as normas burocráticas e os documentos necessários. A tecnologia, porém, não impede que os gerentes recorram ao mais tradicional contato para análise de problemas e soluções – as reuniões. “Fazemos encontros a cada três ou quatro meses”, diz Marcus Vinicius.

informa

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56 A partir da esquerda, Marcelo Faria, Lídia Toledo e Américo Ferraz: contribuição para o livre e produtivo trânsito de informações na ETH

escola o campo faz

56

informa


Diversidade de capacitações e intensa troca de conhecimentos são trunfos da ETH em sua trajetória de crescimento texto Cláudio Lovato Filho fotos Edu Simões

A

mérico Ferraz precisa ter respostas. Assim é seu dia a dia no trabalho: avaliar situações e sugerir soluções. Para isso, conta com os aportes de informação dos integrantes de sua

equipe direta, como Maria Thomazini e Douglas Rocha. Eles circulam constantemente por nove unidades agroindustriais, em quatro estados brasileiros e levam seu apoio qualificado de especialistas a pessoas como Marcelo Faria, que está em uma dessas unidades, no lugar onde sempre quis estar desde criança, e que, por sua vez, mantém-se atento às percepções de parceiros como Lídia Toledo, que lidera uma frente de trabalho da empresa. Esse caminho de comunicação que vai de Américo a Lídia, passando por Maria, Douglas e Marcelo, e que retorna de Lídia a Américo, pois é uma via de mão dupla, explica de que maneira o conhecimento nasce e é compartilhado na ETH Bioenergia. Responsável por Tecnologia Agrícola na empresa, Américo Ferraz graduou-se em Engenharia Agrícola pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 1997. Na mesma universidade, fez mestrado em Máquinas Agrícolas. Mais adiante, tornou-se doutor em Máquinas para a Lavoura de Cana-de-açúcar. Américo está na ETH desde 2008 e lidera a formulação e a implantação de Melhores Práticas Agrícolas em todos os polos produtivos da empresa. informa

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Maria Thomazini: valorização das pessoas

As Melhores Práticas são o conjunto de ações que

bastante envolvida no desenvolvimento do SIG (Sistema

contribuem para a redução de custos, a melhoria da qua-

de Informação Geográfica), ferramenta de agricultura de

lidade dos processos, o atendimento dos prazos e, princi-

precisão para assessoramento remoto voltada a tornar

palmente, a disseminação do conhecimento de maneira

mais exata a estimativa de safra. “Disso sai o orçamento

rápida e eficiente. “Nossa empresa é formada por nove

da empresa!”, salienta Maria.

unidades agroindustriais, que atuam como Pequenas

Em suas visitas às unidades, Maria gosta de ir às

Empresas. Têm sua vida própria, mas precisamos estar

frentes de trabalho, nos canaviais, conversar com quem

alinhados para conseguir resultados cada vez melhores.”

coloca a mão na massa. “Costumo mostrar ao pessoal o

Américo acrescenta: “Tudo o que possa melhorar nosso

mapa de biomassa, feito por satélite. Os integrantes se

desempenho nos interessa, do manejo correto das varie-

sentem valorizados e passam a realmente entender o

dades de cana à identificação das peças mais adequadas

processo do qual estão participando.” Maria leva informa-

às nossas máquinas, passando pelos herbicidas mais efi-

ção aos que estão nos canaviais, mas existe uma troca.

cazes”.

“De lá também trazemos conhecimento. O pessoal das

Baseados na sede da ETH, em São Paulo, Améri-

58

frentes conhece a terra como ninguém”.

co e sua equipe têm presença constante nas unidades.

Lídia Cabrera Toledo é uma prova disso. Ela nas-

Maria Thomazini, Responsável por Tecnologia Agrícola

ceu em Sidrolândia (MS), tem 26 anos e há três anos

– Georreferenciamento, circula o tempo todo. Mora em

e meio chegou à Unidade Santa Luzia da ETH, que

São José dos Campos (SP), mas, na prática, só está em

produz etanol e energia elétrica e está localizada em

casa nos fins de semana. Ela concedeu sua entrevista à

Nova Alvorada do Sul, a 100 km de Campo Grande. A

Odebrecht Informa em São Paulo – com a mala e a mo-

Santa Luzia forma, com a Unidade Eldorado, o Polo

chila a seu lado. Imediatamente após o término da con-

Produtivo Mato Grosso do Sul da ETH, um dos cinco

versa com a equipe de reportagem, ela partiu para o Ae-

polos da empresa. Sem nenhuma experiência anterior

roporto de Congonhas, onde pegaria, às 10 da noite, um

em lavouras de cana, Lídia passou por programas de

voo para Goiás. Tinha dois dias de trabalho pela frente na

capacitação e começou a trabalhar no plantio meca-

Unidade Morro Vermelho.

nizado, operando seu primeiro equipamento. Depois

Maria formou-se em Engenharia Cartográfica pela

de um ano, tornou-se tratorista; na sequência, assu-

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho

miu a operação de uma colhedora e então chegou ao

(Unesp) em 1996, fez MBA pela Fundação Getulio Vargas

posto de líder de frente, pelo qual responde hoje.

(FGV) e um curso de Especialização em Tópicos de Cana.

Líder de 30 pessoas, homens e mulheres com idade

“O conhecimento está sendo cada vez mais compartilha-

entre 19 e 43 anos, Lídia afirma: “A gente precisa fazer

do na empresa, e isso é resultado da crescente integra-

bem feito para crescer”. Os conhecimentos que desenvol-

ção entre as equipes, os programas e as unidades.” Ela

veu sobre o cultivo da cana lhe permitem hoje calcular o

trabalha há cinco anos no setor de Bioenergia. Hoje, está

rendimento por hectare. Na safra iniciada em 23 de abril

informa


e que se estenderá até meados de novembro, a Frente 36,

Marcelo vive hoje uma expectativa especial. A partir de

liderada por Lídia, trabalhará na Fazenda 3 M, em uma

2012, a Unidade Santa Luzia operará com sua máxima ca-

área de 10 mil hectares, utilizando cinco máquinas colhe-

pacidade produtiva, 6 milhões de toneladas de cana. “A di-

doras, nove tratores, um caminhão-pipa, um caminhão-

nâmica da unidade vai se alterar. Temos mais de 200 equi-

-comboio (para abastecimento) e um caminhão-oficina.

pamentos na área agrícola, 1.700 integrantes, um raio de

Lídia e sua equipe serão responsáveis pela colheita esti-

atuação que chega a 200 km. Há frentes de trabalho que

mada de 800 mil t de cana.

estão distantes 100 km umas das outras. Cada vez mais, o desempenho dos operadores, lá no campo, será decisi-

Diversidade de conhecimentos

vo. Precisamos formar pessoas para enfrentar os novos

“Dos operadores que estão nas frentes de serviço até

desafios da empresa.”

o superintendente do polo, passando pela gerência agrí-

Douglas Rocha, Responsável por CCT (Corte, Carre-

cola, pelos coordenadores, os supervisores e os líderes

gamento e Transporte de cana), integrante da ETH desde

de frente, existe um fluxo constante de informação e de

fevereiro de 2011, é outro que procura passar o máximo

troca de experiências”, diz Marcelo Lopes Faria, 30 anos,

de tempo possível no canavial. Pioneiro como instrutor

Gerente Agrícola da Unidade Santa Luzia. “Tem que ser

do Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), no

assim. Precisamos aproveitar essa grande diversidade de

início dos anos 1980, é um especialista em equipamentos

conhecimento das pessoas da ETH”, acrescenta.

para o cultivo da cana-de-açúcar e um apaixonado pela

Natural de Guaimbê, na região de Lins e Marília, no in-

capacitação de pessoas. Percorre as unidades da ETH

terior de São Paulo, Marcelo ingressou na Escola Agrícola

ministrando aulas e desenvolvendo programas de qualifi-

aos 14 anos e conquistou sua primeira oportunidade de

cação relacionados à mecanização. Douglas dialoga com

trabalho em uma usina de cana aos 18 anos, como ana-

todos – dos superintendentes dos polos aos integrantes

lista de qualidade. Em pouco tempo, tornou-se líder de

que atuam no plantio mecanizado. “Em nosso trabalho,

operação agrícola, coordenando a atuação de 90 pessoas.

somos agentes de ligação, somos elos”, ele diz, referindo-

Assumiu novos desafios, cresceu e chegou a supervisor.

-se ao trabalho da equipe da qual faz parte.

Ainda na primeira empresa em que trabalhou, passou a

Aos 51 anos, Douglas lembra-se bem dos tempos de

ser gerente de plantio, aos 24 anos. Mais adiante, chegou

criança, quando já sonhava trabalhar na terra, mexer com

a gerente de tecnologia e planejamento agrícola e, nes-

as máquinas e ter contato com os integrantes da área

sa mesma época, cursou a faculdade de Administração.

agrícola. “Gosto de estar próximo das pessoas, de fazer

Em agosto de 2011, ingressou na ETH. “Descobri que o

o acompanhamento nas frentes de trabalho, de mostrar

PA (Programa de Ação) era aquilo com o que eu sempre

como se faz e de fazer junto. Quando a gente ensina, tam-

sonhei! Planejar e entregar!”

bém aprende. O campo é uma escola.”

Douglas Rocha: “Em nosso trabalho, somos elos”

informa

59


Trabalhadores e máquinas no Centro Histórico da Cidade do Panamá: ações conjuntas da iniciativa privada e do setor público para preservar a integridade física e o bem-estar dos profissionais da construção

60

60

informa

patr


trimônio maior a ser preservado texto Eriksa Gómez fotos Holanda Cavalcanti

N

os últimos anos, o setor da construção vem contribuindo significativamente para o crescimento econômico do Panamá. Em 2011, o segmento cresceu de 18,5% em relação ao ano anterior e represen-

ta 6% do produto interno bruto do país, segundo os dados da Controladoria Geral da República. O denominado “boom” do mercado da construção trouxe um desafio: a preservação da integridade física dos trabalhadores do setor. Empresas, sindicatos, instituições educacionais e órgãos do Governo passaram

Ritmo de crescimento do setor da construção no Panamá vem exigindo esforços especiais em saúde e segurança

a buscar mecanismos que permitam prevenir acidentes e doenças ocupacionais. “Programas de capacitação e campanhas de conscientização vêm sendo desenvolvidos em vários ambientes da empresa”, informa José Vilar Junior, Responsável por Saúde, Segurança do Trabalho e Meio Ambiente (SSTMA) na Odebrecht Panamá. “Além disso, foi criado no país um centro educacional fortemente focado na segurança e na saúde”, ele acrescenta. A Odebrecht assumiu, desde o início de sua operação no país, em 2006, o compromisso de contribuir para a criação de uma cultura de prevenção de acidentes e de doenças ocupacionais. A chave para essa contribuição está na transmissão de conhecimentos e de experiências, tanto internamente, por meio da Educação pelo e para o Trabalho, quanto externamente, por meio da transferência de tecnologia para

informa

61


parceiros, fornecedores, terceirizados, sindicatos e órgãos do Estado.

Parceria pela educação Com mais de 25 anos de experiência em segurança ocupacional no Panamá, Maribel Coco, Diretora da Escola de Saúde da Universidade Especializada das Américas (Udelas) é testemunha da evolução na área educativa. Fundada há 14 anos, a instituição de ensino tornou-se líder na capacitação em saúde e segurança ocupacional, e oferece licenciatura e mestrado na área, além de cursos ministrados em diferentes graus

Maribel Coco, Arquímedes Sosa e (na página ao lado) Raimunda Valencia: personagens de destaque nos esforços para o aprimoramento das condições de segurança e saúde dos trabalhadores panamenhos

de especialização. A afinidade filosófica e a convergência de objetivos levaram a Udelas e a Odebrecht a trabalhar em conjunto na formação de jovens profissionais para que atuem nas áreas de saúde e segurança ocupacional. “Organizamos, anualmente, três eventos com o apoio, com ênfase em treinamentos. A empresa facilita a inserção do profissional no mercado de trabalho, um fator muito importante e de grande ajuda para os nossos alunos”, salienta Maribel Coco. Palestras para estudantes, cooperação em projetos de pesquisa e visitas técnicas a canteiros de obra da Odebrecht são ações que fazem parte da relação cotidiana entre a empresa e a Udelas. Além disso, um fator considerado fundamental por Maribel é a oportunidade que os estudantes têm de aplicar seus conhecimentos nos empreendimentos, por meio de estágios.

Difundindo uma filosofia Os integrantes de SSTMA da Odebrecht, no entanto, decidiram ampliar sua atuação. No início de 2010, enquanto era planejada a Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho (Sipat), surgiu a ideia de realizar um evento que tratasse do tema além do contexto da Organização. Assim nasceu o congresso que reuniu especialistas locais e internacionais da Odebrecht e de outras empresas e organizações. Neste ano, foram dedicados três dias ao treinamento dos integrantes e dois dias às palestras. Participaram estudantes, integrantes da área de saúde e segurança ocupacional de empresas terceirizadas, de instituições públicas e clientes.

62

informa

A Sipat cresceu em 2011, passando de dois dias de conferências para cinco, nos quais os convidados se inscreveram por dia de atividade. O evento chegou a ter 500 participantes. Arquímedes Sosa, Responsável por Meio Ambiente nas obras da Autopista Panamá-Colón e integrante desde 2007, fez parte dessas experiências, como organizador e pa-


lestrante. “Estamos compartilhando uma visão que integra saúde e segurança do trabalho com meio ambiente. Sinto-me muito satisfeito em poder transmitir a minha experiência”, explica. O objetivo de promover uma cultura de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais é compartilhado por outras empresas, especialmente as agrupadas na Câmara Panamenha da Construção (Capac), que desenvolveu programas de formação para profissionais. “A Capac está comprometida com o apoio a suas empresas afiliadas. Realiza visitas de inspeção às obras em construção, palestras, programas de treinamento para trabalhadores, além de assessoria permanente”, explica o engenheiro civil Julio Aizprúa, da Diretoria da Capac. “Por ser uma atividade que envolve riscos, é preciso que as empresas exerçam um papel vigilante no cumprimento de um sistema de gestão que garanta os melhores indicadores em matéria de prevenção”, ele observa. As previsões da economia panamenha apontam para o contínuo crescimento do setor da construção nos próximos anos, impulsionado por investimentos públicos e privados. O país ainda tem desafios pela frente. Foram conquistados importantes avanços na prevenção de acidentes, mas ainda existe um caminho a ser percorrido.

Ensinando a viver Passo a passo, com conscientização e apoio, esse percurso vem sendo realizado, e os resultados vão se tornando cada vez mais consistentes. “Doutora, está na hora de fazer a audiometria.” Esse tipo de declaração deixa realizada Raimunda Valencia Jiménez, médica responsável pelo Programa de Saúde do projeto Autopista Panamá-Colón (segunda fase de uma obra que liga as duas cidades com maior atividade portuária no país). “É preciso que os integrantes mudem sua cultura e aprendam a proteger sua vida e sua saúde, com o suporte de métodos administrativos e de engenharia. Antes eles perguntavam para que tantos exames médicos; agora eles vêm e avisam a gente quando devem repeti-los.” Raimunda Valencia foi responsável, com a equipe de SSTMA do projeto, pela recente obtenção da certificação OHSAS 18.001:2007, em saúde e segurança ocupacional, a segunda conquistada pela Odebrecht Panamá. A primeira foi em 2010, nas obras da Hidrelétrica Dos Mares. Entretanto, o mais importante na opinião da médica, que ingressou na Odebrecht há dois anos, é que os resultados da certificação não terminarão quando a obra for entregue. “As pessoas passaram a compreender que têm uma grande responsabilidade pela segurança, a sua e a dos outros integrantes, e que são responsáveis também pela segurança coletiva”, diz Raimunda Valencia.

informa

63


64 Yuri Tomina participa ativamente de um momento especial na história da Braskem: a internacionalização da empresa 64

informa


filosofia nas asas de uma

Y

texto Mayara Thomazini foto Geraldine Di Lucca

uri Tomina tem 29 anos, é integrante da

da Organização, mais aberto à criatividade, ao empre-

Braskem America e, há dois anos, mer-

sariamento e focado nas necessidades e nos sonhos

gulhou no que ele considera ser uma

dos clientes”, ele acrescenta.

das grandes oportunidades de sua vida.

Logo no começo da Braskem America, alguns con-

“Mudei-me com minha esposa para os

ceitos da TEO chamaram, de forma especial, a atenção

Estados Unidos à procura de aprendizados intensos,

dos integrantes norte-americanos e os conquistaram,

novos desafios e superação.”

“sobretudo o modelo de empresariamento, com des-

Yuri ingressou na Braskem em 2004, como esta-

centralização e delegação planejada, que proporciona

giário, no Programa de Marketing Corporativo, e, no

ambiente favorável para o desenvolvimento da criativi-

início de 2010, recebeu o convite de Ricardo Lyra, que à

dade”, relata Yuri.

época assumia a liderança de Pessoas & Organização

A possibilidade de viver diferentes experiências e

e Comunicação da Braskem America, para trabalhar

de absorver o que há de melhor em cada cultura tem

nos Estados Unidos. Com o estímulo de seus líderes,

sido fundamental para o crescimento de Yuri como

aceitou o desafio de apoiar a construção da marca e

empresário, e a TEO, ele enfatiza, é essencial nesse

imagem da Braskem naquele novo ambiente de atua-

processo. “Nossa cultura empresarial é bem-aceita

ção e a disseminação da Tecnologia Empresarial Ode-

em qualquer lugar do mundo pelos seus princípios

brecht (TEO) para os novos integrantes. Hoje, liderado

ligados à geração de riqueza a partir da disciplina e

por Kelly Elizardo, ele é Responsável por Comunicação

do trabalho.”

Corporativa na Braskem America. Sua base é a Filadélfia, no Estado da Pensilvânia.

Com o segundo movimento de aquisições no exterior, anunciado em outubro de 2011, a Braskem

Em fevereiro de 2010, a Braskem anunciou a aqui-

incorporou quatro plantas da Dow Chemical, duas

sição dos ativos de polipropileno da Sunoco Chemi-

nos Estados Unidos e duas na Alemanha. “Os gru-

cals nos Estados Unidos e, em abril do mesmo ano,

pos que estavam se integrando foram recepciona-

assumiu o controle de três plantas industriais e de

dos pela equipe da aquisição anterior, que já se

um centro de tecnologia e inovação, nos estados da

sentia porta-voz da TEO”, rememora Yuri, em tom

Pensilvânia, do Texas e da Virgínia Ocidental. Era o

de comemoração.

início da primeira operação industrial da Braskem fora do Brasil.

Nessa segunda aquisição, a Braskem assumiu a liderança na produção de polipropileno nos Esta-

“Quando chegamos aos Estados Unidos”, relembra

dos Unidos e iniciou o fortalecimento da empresa na

Yuri, “já havia três plantas operando e uma lista de

Europa. “Os integrantes dos Estados Unidos abraça-

clientes que tinham que continuar recebendo os pro-

ram mais esse projeto de crescimento da Braskem.

dutos sem serem impactados por causa da mudança

Todos estavam dispostos a apoiar a construção da

na direção da empresa. Foi um grande desafio.”

Braskem Europa.”

As perguntas eram muitas. O idioma, o mercado, a

Hoje, dois anos após a mudança de país, Yuri come-

cultura local – tudo era novidade. “Logo percebemos

mora seu crescimento profissional e pessoal: “Todas

que a disseminação dos princípios da TEO seria o pon-

essas novidades que vivemos aqui agregaram mais

to-chave para uma bem-sucedida integração de equi-

conhecimento e maturidade à minha bagagem. Além

pes e processos”, diz Yuri. “Aos poucos, conseguimos

da alegria proporcionada pelo nascimento da minha

criar um ambiente bem próprio da cultura empresarial

primeira filha, Sophie, que está com 3 meses”.

informa

65


tempo de aprimorar lições

Sistematização de informações é instrumento da OOG para a superação de seus novos desafios texto Edilson Lima foto Geraldo Pestalozzi

66 66

informa


Sala de Gestรฃo de Crises: tecnologia a serviรงo da seguranรงa

informa

67


A

Odebrecht Óleo e Gás (OOG) tem dedi-

de de Negócio Engenharia e Tecnologia.

cado esforços para melhorar, a cada

Esse sistema terá como ponto de partida as experiên-

dia, a qualidade de seus serviços, oti-

cias de perfuração. Depois se estenderá a outras áreas,

mizar seus processos e, assim, garan-

como a de engenharia submarina (subsea) e de platafor-

tir a segurança de seus integrantes, do

mas de produção. “É um projeto piloto. Primeiramente,

patrimônio material e das comunidades onde atua. Para

vamos estruturar essa área e, depois, partiremos para as

isso, um instrumento tem sido fundamental: o uso do

demais”, informa Herculano.

conhecimento resultante das lições aprendidas por suas equipes.

Com base nas experiências já praticadas na Organização Odebrecht, como as comunidades de conhecimento,

Empresa nova, criada em 2006, a OOG herdou uma

as equipes da OOG criarão seu próprio sistema de aplica-

história de pioneirismo na indústria offshore que come-

ção e compartilhamento de conhecimento. Experiências

çou com a OPL (Odebrecht Perfurações Ltda.), fundada

de outras empresas também estão sendo consultadas.

em 1979. A OPL iniciou suas atividades com a aquisição

Por exemplo, integrantes da OOG visitaram recentemen-

da Plataforma Norbe I. Nos anos 1980, dando sequência

te a fábrica da Embraer (Empresa Brasileira de Aero-

aos investimentos, adquiriu as plataformas Norbe II, III, IV

náutica), em São José dos Campos (SP), para conhecer

e V e Asterie. Foi a primeira empresa privada brasileira a

o funcionamento da rede de conhecimento da empresa.

perfurar a mais de 1.000 m de lâmina d’água. Em 2000, a OPL deixou de atuar no segmento de perfurações e, posteriormente, retornou ao setor com a nova

O passo a passo para a criação do sistema seguirá

marca, a OOG. De 2006 para cá, já foram construídas cin-

este caminho: primeiramente, serão realizados semi-

co sondas de perfuração, e outras duas estão em fase

nários nos quais os participantes de cada projeto irão

final de construção. Até o fim de 2012, as sete estruturas

relatar suas experiências, incluindo erros e acertos.

estarão operando em águas brasileiras.

As experiências, registradas e documentadas, fica-

“Apesar de todas essas experiências, havia a neces-

rão disponíveis para a consulta dos interessados. Em

sidade de sistematizar o conhecimento e aprender mais

um segundo momento, serão criadas as comunidades

sobre construção e operação de plataformas a serem

de conhecimento, formadas por pessoas experientes

utilizadas no trabalho em águas ultraprofundas. Foi daí

em áreas específicas de projetos de sondas de per-

que surgiu a ideia de criar um sistema de uso, registro

furação, como sistema elétrico, instalações e equipa-

e compartilhamento de conhecimento para fazer disso

mentos de poços, entre outros. As comunidades esta-

uma tecnologia própria da OOG, acessível a todos”, diz

rão acessíveis no Portal OOG (que utiliza a tecnologia

Herculano Barbosa, Diretor-Superintendente da Unida-

Share Point), por meio do qual os integrantes poderão

Base Macaé da OOG, no litoral fluminense: empresa quer que o conhecimento acumulado por suas equipes se torne fonte de pesquisa para todos os integrantes

68

Interação e compartilhamento

informa


Prontos para entrar em ação Enquanto parte das equipes da OOG se esforça para sistematizar os conhecimentos acumulados, outra importante medida foi realizada pela empresa: a criação da Sala de Gestão de Crises e Respostas a Emergências (SGCE). Caracterizada pelo emprego de eficientes recursos de comunicação, a sala, localizada no primeiro andar Marco Aurélio Fonseca: “Em uma emergência, não podemos ter dúvidas”

do edifício 370 da Praia de Botafogo, no Rio de Janeiro, permite a comunicação com até quatro lugares simultaneamente (instalações em terra e unidades marítimas), por meio de tele e videoconferências. Conta também com dois quadros de apoio para anotação e registro de infor-

interagir e compartilhar experiências. Se necessário, se-

mações da crise ou emergência, cronologia do evento,

rão convocados para reuniões presenciais.

plantas das plataformas, relógios com os fusos horários

As comunidades terão a supervisão e o incentivo dos

de Brasil, Venezuela, Coreia do Sul e Emirados Árabes

líderes, por intermédio de comitês – o terceiro passo. “O

Unidos, países onde a empresa tem atividades. Em caso

objetivo das comunidades de conhecimento é possibili-

de emergência, a sala será acionada pelos integrantes

tar a interação entre os membros. Vamos observá-los e

do Comitê de Gestão de Crise e Respostas Emergenciais

estimulá-los. Temos que incentivar a cultura de compar-

(CGCE), presidido pelo Líder Empresarial da OOG, Rober-

tilhamento de conhecimento”, argumenta Elizeu Leonar-

to Ramos.

do da Silva, Responsável por Pessoas e Organização da Unidade de Negócio Engenharia e Tecnologia.

“Na sala também temos a lista de contatos das autoridades, clientes, empresas parceiras e de nossas equipes

Segundo Herculano, o grande desafio é criar intera-

em todas as localidades onde atuamos. Em uma situa-

ção entre as gerações, já que a tecnologia de hoje está

ção de crise, não podemos ter dúvidas. Temos que saber

muito avançada, quando comparada com a de algumas

como agir com eficiência, estar capacitados a responder

décadas atrás: “Os jovens parceiros de hoje nasceram em

e prover suporte técnico e gerencial, buscando sempre

um mundo em que quase tudo é automatizado, diferen-

o controle e a solução da crise ou emergência”, explica

temente de há 20 ou 30 anos. Faremos um esforço para

Marco Aurélio Fonseca, Responsável por Sustentabilida-

que haja essa troca de conhecimento”, ressalta ele, que,

de na OOG e um dos idealizadores da SGCE.

como ex-integrante da OPL, tem um motivo a mais para

Marco Aurélio, assim como Herculano, atuou na

celebrar o momento: “Faço parte da pré-história da OOG”.

OPL, nos anos 1990. Em 2000, retornou a sua cidade

Entre as várias experiências na construção das son-

natal, Belo Horizonte. Em janeiro de 2011, voltou à

das, o caso da Plataforma Norbe VI merece destaque.

OOG para liderar a criação do Programa de Susten-

Nela, ao lado da torre principal (as torres são usadas para

tabilidade, que engloba Saúde, Segurança do Traba-

descida e subida de equipamentos para a perfuração dos

lho e Meio Ambiente e Responsabilidade Social. Sua

poços de petróleo), foi construída uma torre paralela, de

equipe é responsável pela definição das políticas e

menor dimensão. Enquanto a principal fura o poço, a pa-

diretrizes do tema Sustentabilidade, em alinhamento

ralela auxilia na descida e subida de equipamentos. “Isso

com as da Organização Odebrecht, orientando a atu-

reduz o tempo de perfuração do poço e, claro, economiza

ação da OOG em níveis estratégico, tático e operacio-

dinheiro”, explica Herculano, que foi um dos mentores da

nal. Ele participa da Comunidade de Conhecimento

iniciativa. “Apesar de já ser praticada no mercado inter-

Sustentabilidade da Odebrecht, liderada por Sérgio

nacional, a inclusão da torre paralela foi feita ao nosso

Leão. “Nossa atividade envolve risco constante. Te-

modo, otimizando os custos para a Petrobras. Essa expe-

mos que estar atentos a qualquer emergência, atu-

riência, por exemplo, não pode ficar isolada. Ela tem que

ando preventivamente para evitar danos às pessoas,

ser registrada e compartilhada com os demais integran-

ao patrimônio, ao meio ambiente e à imagem da em-

tes da OOG”, enfatiza.

presa”, salienta Marco Aurélio.

informa

69


identid A contínua construção da

Sistema de comunicação desenvolvido pela OR permite a disseminação do conhecimento, com a preservação da singularidade de cada projeto texto Perla Lima fotos André Valentim O empreendimento Rio Corporate, em execução na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro: OR está presente em 15 cidades de oito estados brasileiros

70

informa

70


dade

informa

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André Basto (à esquerda) e Djean Cruz: o produto adequado para cada cliente

S

ão números que evidenciam um cres-

sua tarefa empresarial – da identificação e conquista de

cimento relevante nos últimos anos.

negócios à mobilização de equipes, execução dos empre-

Presente em 15 cidades de oito estados

endimentos e satisfação dos clientes. Esses instrumentos

brasileiros, a Odebrecht Realizações Imo-

consistem nas seguintes etapas, definidas pelas equipes

biliárias (OR) quase triplicará sua receita

para cada um de seus projetos: Comitê de Investimento,

líquida entre 2010 e 2012, passando de R$ 1,2 bilhão

Fórum de Produto, Pré-Módulo de Engenharia, Módulo de

para R$ 3 bilhões; elevará o valor dos lançamentos para

Engenharia e Módulo Pós-Entrega.

R$ 6,5 bilhões, em 2012 (em 2010 foram R$ 2,4 bilhões);

Paul Altit, Líder Empresarial (LE) da OR, explica: “Essa

e estima-se que integrará, ao longo deste ano, cerca de

forma de atuar estimula os líderes e as equipes a discu-

5.500 pessoas, entre os quais 400 estagiários e jovens

tirem as principais variáveis do empreendimento, contri-

parceiros, o que corresponde a aproximadamente 430

buindo para maior transversalidade do conhecimento e

profissionais contratados a cada mês.

envolvendo integrantes da OR de vários estados e, muitas

Para conseguir um crescimento sustentável e orgâni-

vezes, de outras empresas da Organização”. E enfatiza:

co, a OR disponibiliza a seus empresários, um sistema de

“Assim, disseminamos o conhecimento, estimulamos a

comunicação que a diferencia no mercado e visa contribuir

disciplina, a transversalidade e, sobretudo, a singularidade

para a disseminação de conhecimento em cada passo de

de cada projeto”.

Cada etapa, um passo decisivo O Comitê de Investimento, a primeira etapa do ciclo,

“Temos um desafio enorme, porque somos uma empresa nova” Paul Altit

avalia as interferências na comunidade, a estratégia organizacional, os parâmetros de rentabilidade, a estrutura de capital, o comportamento da concorrência na região, as primeiras análises de engenharia, os riscos legais e aspectos relacionados a vendas e à imagem. “Aprovada a aquisição do terreno, o líder se organiza com sua equipe para enfrentar o novo desafio proposto, até chegar à segunda e última etapa da aprovação: o lançamento. É nessa fase, de pré-lançamento, que o líder recebe diversas contribuições nos módulos de Engenharia e no Fórum de Produto”, explica Paul. A Bairro Novo, empresa da OR que atua no segmento econômico, teve, recentemente, cinco terrenos aprovados para compra no último Comitê de Investimento. Daniel

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informa


Villar, Líder da Bairro Novo, revela que três deles estão em

to do empreendimento e consiste no aperfeiçoamento do

São Paulo e foram aprovados graças à transversalidade

Pré-Módulo de Engenharia. Segundo André Basto, “é o

com a equipe de Paulo Melo, Líder da Regional Centro-Sul

Plano de Ação da obra, que, depois de ajustes finos, torna

da OR, responsável por prospecção e inteligência de mer-

as surpresas de execução exíguas e facilmente resolvidas”.

cado. “A equipe liderou a busca e a escolha dos terrenos, o que fez toda a diferença”, relata Daniel.

O Módulo Pós-entrega, que fecha o ciclo, foi incorporado recentemente e consiste na análise da Tarefa Empresarial

Já o Boulevard Side, em Salvador, há três anos obteve

por completo. O objetivo principal é compartilhar os erros e

o aval para tornar o sonho realidade. Passou por todas as

acertos do projeto e da construção, desde sua concepção

etapas que antecedem à entrega, marcada para maio de

até o momento da assistência técnica aos clientes, incenti-

2012. Djean Cruz, Líder da Regional Norte e Nordeste, con-

vando assim a curva de aprendizagem das equipes.

ta que, no Fórum de Produto, já se conhece o empreen-

João Carlos Moog Rodrigues, Diretor de Engenharia e

dimento. “Com o domínio da localização, do projeto de ar-

Construção no Rio de Janeiro, salienta os efeitos positivos

quitetura, das plantas, da estratégia de venda e marketing,

do ciclo de gestão do negócio. Responsável pelo empreen-

conquistamos os clientes adequados para aquele produto.”

dimento Dimension, que será entregue em dezembro des-

João Rodrigues: circulação do conhecimento

Segundo André Basto, Diretor de Construção Norte

te ano, ele comenta: “Desenvolver e debater os módulos

e Nordeste, o Pré-Módulo de Engenharia e o Módulo de

faz com que o conhecimento circule na Pequena Empresa.

Engenharia, etapas seguintes ao Fórum de Produto, são

Além disso, ter a engenharia à montante, participando da

como o bastão da corrida de revezamento: “Quanto melhor

gestação do produto, provoca uma sinergia muito grande

a passagem, melhor será a performance na execução”.

entre as equipes, inclusive com os sócios”. E acrescenta:

No Pré-Módulo de Engenharia são feitos os estudos orçamentários e traçadas as soluções arquitetônicas e de

“Ficamos todos no mesmo prumo e, na hora de construir, aperfeiçoamos o que já estava alinhado”.

engenharia. Essa etapa culmina com uma apresentação,

Paul Altit ressalta: “Temos um desafio enorme, porque

na qual são debatidos todos os pontos do projeto e a qual

somos uma empresa nova, ainda buscando o melhor ca-

conta com a presença das equipes de engenharia da OR

minho para a maturidade, formada por pessoas jovens e

e de convidados da Organização. “Lançamos o produto

maduras com muito talento, porém com pouco tempo de

com a expectativa de que será bem-sucedido em vendas

casa. Os desafios de integração e crescimento são diários.

e também na execução da construção, com preço, prazo e

Por isso, acredito que esses instrumentos de comunicação

qualidade desejados e planejados,” salienta André.

são indispensáveis para a nossa sobrevivência e o nosso

O Módulo de Engenharia ocorre depois do lançamen-

crescimento”.

informa

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74 André Carlos dos Santos durante atividade do PDJE: “Aprendi a administrar meu tempo”

Aqui, agora, em nossas

74

mãos

informa


No Baixo Sul da Bahia, iniciativa da Fundação Odebrecht contribui para a formação profissional de jovens empresários rurais texto Gabriela Vasconcellos fotos Almir Bindilatti informa

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O

dia ainda não amanheceu, e André Carlos dos Santos, 25 anos, já está a postos na estação rodoviária de Ituberá (BA). São 5 horas da manhã de sexta-feira, e o cansaço parece

não existir. Durante a semana, ele se divide entre a faculdade de Administração de Empresas, o trabalho na área financeira do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul da Bahia (Ides), a presidência da Associação Comunitária de Lagoa Santa, local onde nasceu, e a realização de oficinas sobre turismo, esporte e leitura na região. Uma vez por mês, André ainda marca presença nas oficinas de capacitação do Programa de Desenvolvimento de Jovens Empresários André, Jeane e Ana Paula (no sentido horário): multiplicação do aprendizado

(PDJE). Por isso, aguardava o ônibus tão cedo. Conciliar todas as atividades não é tarefa fácil. Quem o conhece, brinca que seu dia possui mais de 24 horas. Para dar conta de tudo, André precisou se planejar. “Consegui criar uma rotina. Aprendi a administrar meu tempo em um dos módulos trabalhados no PDJE. Esse foi o tema que mais chamou minha atenção”, diz ele, também responsável pela logística de transporte dos demais participantes.

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Formação continuada Nessa segunda edição do PDJE, 11 módulos já foram realizados, e outros sete ocorrerão

O PDJE é uma iniciativa da Fundação Ode-

até o fim de 2012. São abordados temas como

brecht. Em alinhamento com a Tecnologia Em-

liderança, expressão pessoal, plano de vida e

presarial Odebrecht, contribui para a formação

carreira, globalização, sustentabilidade, cida-

profissional de 21 jovens empresários rurais

dania, elaboração de projetos, comunicação

que atualmente trabalham em instituições ou

e segurança empresarial. Para Gilcia Beckel,

projetos que fazem parte do Programa de De-

coordenadora da segunda turma do PDJE, a

senvolvimento Integrado e Sustentável do Mo-

essência do programa é o desenvolvimento da

saico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo

capacidade empresarial dos jovens. “É visível o

Sul da Bahia (PDIS). O grupo, em sua maioria, é

entusiasmo e interesse de todos. Essa forma-

composto de ex-alunos das unidades de ensino

ção continuada está contribuindo para a evolu-

ligadas ao PDIS. André é um deles. Ingressou

ção de cada um. Havia grande expectativa em

na Casa Familiar Agroflorestal em 2006 e viu

relação ao que seria esse trabalho. Hoje eles

sua vida se transformar.

participam ativamente das discussões. Os pa-

“Sempre paro para refletir e analisar como

lestrantes são só elogios”, relata Gilcia, que

era o passado. Hoje não acredito onde cheguei”,

integrou a Organização Odebrecht por 28 anos

comenta André, que cresceu em uma comuni-

e atualmente é consultora em desenvolvimento

dade quilombola. Ele salienta que até a relação

humano da Fundação Odebrecht.

com a família mudou. “Meus pais sentem or-

Além de receberem o acompanhamento de

gulho em me ver replicando os conhecimentos

Gilcia, os participantes interagem, a cada mó-

para a comunidade. Minha mãe diz que sou um

dulo, com facilitadores, que são integrantes da

jovem exemplo.”

Fundação Odebrecht, do PDIS ou especialistas.

informa


Maria Celeste Pereira, Diretora Executiva do Instituto Direito e Cidadania, instituição ligada ao PDIS, foi uma dessas pessoas. “A multiplicação do aprendizado é resultado do compromisso com a socialização do saber adquirido. Nosso entendimento é que o conhecimento contribui para a formação de uma sociedade mais justa e democrática”, afirma Maria Celeste, que esteve entre os 18 jovens inseridos na primeira edição do PDJE e agora compartilha suas experiências. Ana Paula Conceição, participante da segunda turma, reforça essa necessidade. “Não faz sentido ficarmos com esse conhecimento somente para nós mesmos. Precisamos replicá-lo, torná-lo disponível à comunidade”, defende a ex-aluna do Colégio Estadual Casa Jovem, atualmente multiplicadora do projeto Círculos de Leitura, que estimula a leitura e a compreensão de textos, contribuindo para o desenvolvimento de novos líderes. Valéria Nakamura, consultora da Tríade do Tempo, facilitou a discussão com o tema “Ser

Empresário – O Pensamento Estratégico”. “Encontrei um grupo articulado nas perguntas e colocações. Fiquei bastante satisfeita com o andamento das atividades. O importante é o conhecimento que eles levam daqui.” De acordo com Jeane Oliveira, agricultora e integrante da Associação Guardiã da Área de Proteção Ambiental do Pratigi, esse foi o tema mais marcante. “Aqui temos a oportunidade de aperfeiçoar o que vemos no trabalho e na vida pessoal, tudo está ligado. Estamos profissionalizando a informação”, assegura Jeane, que também é ex-aluna da Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves. Aproveitar essa troca é o que motiva André a não faltar a nenhum módulo. “O que mais levo dos palestrantes é o exemplo, a experiência. São pessoas que têm vivência, e nós aproveitamos isso.” Para ele, todas as atividades são prioridade. “Busco seguir meu plano de vida e carreira. Já consegui realizar muitas coisas. Minha família morava em uma casa de barro, e, agora, temos uma moradia melhor. No fim do ano, concluirei a faculdade. As coisas estão acontecendo. Estou cumprindo meus prazos.”

informa

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SABERES

Julio Lopes Ramos: reurbanização de uma favela com mais de 1.200 barracos

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