# 163 ano XL NOVEMBRO/DEZEMBRO 2012
Datas Marcantes em 2012 Símbolos de convicção, parceria e espírito de servir
Ponte dos Carvalhos, o primeiro projeto do Escrit贸rio de Recife, que em 2012 completa 50 anos
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www.odebrechtonline.co Edição online
Acervo online
> Foco na sustentabilidade de produtos, projetos e práticas são características que ajudam a tornar a Braskem uma empresa diferenciada.
> Há 50 anos falecia Emílio Odebrecht, engenheiro pioneiro, pai de Norberto Odebrecht e seu iniciador no ramo da construção civil. > Você pode acessar o conteúdo completo desta edição em HTML ou em PDF.
> Acesse as edições anteriores de Odebrecht Informa, desde a número 1, e faça o download do PDF completo da revista.
> Relatórios Anuais da Odebrecht desde 2002.
> Publicações especiais (Edição Especial sobre Ações Sociais, 60 anos da Organização Odebrecht, 40 anos da Fundação Odebrecht e 10 anos da Odeprev).
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m.br
> Edição de Odebrecht Informa na internet. > Reportagens, artigos, vídeos, fotos, animações e infográficos.
Videorreportagem
> Diversificação de negócios, atuação em todos os quadrantes do território nacional e formação de líderes marcam a fase atual da Odebrecht Argentina, que completa 25 anos em 2012. > Integrantes relembram a trajetória da Braskem, empresa criada há 10 anos e cuja origem está ligada aos fatos mais importantes da história da petroquímica no Brasil. > Mais importante casa de espetáculos de Salvador, o Teatro Castro Alves completa 45 anos como palco de momentos históricos do teatro e da música no Brasil.
Blog
> Uma conversa com Piero Marianetti, que se realizou no trabalho de engenheiro e, por meio dele, conquistou o sonho de se tornar fazendeiro.
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> Circuito Purificador Projeto Aquapolo combate escassez de água através do tratamento de esgotos e do reuso em indústrias.
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Capa: integrantes da Braskem no Polo de Camaçari (BA). Foto de Edu Simões
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Mensagem: Marcelo Odebrecht, que completa 20 anos de trabalho na Organização, fala sobre o patrimônio maior de uma empresa – as pessoas
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Braskem, 10 anos: as ideias e as ações que levaram à construção da petroquímica líder nas Américas
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Entrevista: Carlos Fadigas, Líder Empresarial da Braskem, fala da necessidade de fortalecer a cadeia produtiva petroquímica
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#163
República Dominicana, 10 anos: equipes presentes onde quer que o desenvolvimento exija
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TEO: oito integrantes angolanos que completam 25 anos de empresa; oito histórias exemplares de superação e crescimento
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Escritório de Recife, 50 anos: peça-chave na expansão nacional da Odebrecht, consagrou-se como polo formador de líderes da Organização
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Venezuela, 20 anos: uma história emblemática de parceria entre uma empresa e um país
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ETH, 5 anos: uma empresa destinada a transformar a realidade do setor sucroalcooleiro no Brasil
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Argentina, 25 anos: uma caminhada conjunta que começou em uma usina hidrelétrica na Patagônia
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Gente: José Manuel, André e Elizabeth e seu cotidiano em Angola, em Moçambique e nos Estados Unidos
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Odebrecht Energia, 1 ano: os desafios e os protagonistas de uma jovem pioneira
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México, 20 anos: de Los Huites ao Etileno XXI, de Sinaloa a Veracruz, a transversalidade da Organização
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CFRs: Casas Familiares Rurais de Presidente Tancredo Neves e Igrapiúna completam 10 e 5 anos de atividades
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Perfil: Tiago Britto, integrante da Odebrecht há 40 anos, e o prazer e transmitir seu conhecimento aos jovens
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datas marcantes 60
Equador, 25 anos, e Colômbia, 20 anos: histórias diferentes, mas a mesma qualidade de contribuição em projetos essenciais
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FDOT: os 20 anos do produtivo relacionamento com o Departamento de Transportes da Flórida
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Teatro Castro Alves, 45 anos: a grande casa da cultura baiana está de portas cada vez mais abertas
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Saberes: Hélcio Colodete e as lições da infância que são levadas pela vida afora
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Projeto PRP, 10 anos: na região metropolitana de Luanda, uma iniciativa que tem o ser humano como princípio e fim
No mapa, estão indicados em bege os países e os estados brasileiros onde são realizados os projetos e programas retratados nesta edição de Odebrecht Informa e onde vivem e trabalham as pessoas que protagonizam as reportagens
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EDITORIAL
Números que dizem verdades
“Neste ano, a Odebrecht celebra diversos ‘aniversários’ de significado muito especial, que simbolizam, sobretudo, o acerto na concepção e execução de estratégias empresariais e o propósito de permanecer nos negócios e nos países em que se opta por ingressar e atuar”
E
sta edição de Odebrecht Informa é dedicada a datas marcantes registradas nas empresas da Organização em 2012. Neste ano, a Odebrecht celebra diversos “aniversários” de significado muito especial. São números que simbolizam, sobretudo, o acerto na concepção e execução de estratégias empresariais e o propósito de permanecer nos negócios e nos países em que se opta por ingressar e atuar. Essas efemérides de 2012 refletem premissas fundamentais de uma trajetória empresarial em que descompromisso e superficialidade são palavras que não estão no dicionário. Chegar para ficar. Essa é a ideia. Assim como também é o objetivo proporcionar contribuição qualificada e crescente, com base no Espírito de Servir. Seja na Venezuela, onde as equipes da Odebrecht atuam há 20 anos, seja no negócio de Etanol e Açúcar, do qual a Organização participa há exatos cinco anos, por meio da ETH Bioenergia, seja na Argentina, país em que se comemora um quarto de século de presença, ou na Braskem, que está completando 10 anos de criação – essas datas são vistas como motivo de celebração, certamente, mas, em especial, representam oportunidades de reflexão. “Os números não mentem”, diz o ditado popular. Poderíamos afirmar, nesse caso, que os números falam grandes e definitivas verdades – as verdades do trabalho, da contribuição diferenciada, da confiança nas pessoas e da emoção de estar ao lado delas enquanto descortinam seu futuro. Nesta edição, Odebrecht Informa – que, aliás, completará 40 anos de existência no próximo ano – parabeniza a todos os que, de uma forma ou de outra, ajudaram a construir as trajetórias relatadas nas páginas a seguir. E isso, claro, inclui você, leitor. Boa leitura.
Em artigo especial para esta edição, Marcelo Odebrecht, Diretor-Presidente da Odebrecht S.A., destaca o papel da Cultura na história e no futuro da Organização
Bruna Romaro
a cultura é a chave N
ossa Organização cresceu muito nos últimos anos, em todos os âmbitos. Um deles chama particularmente a atenção: em três anos, incorporamos quase 100 mil novos integrantes. Em 2009, éramos 87
mil. No segundo semestre de 2012, somos quase 180 mil (de 60 nacionalidades, atuando e exportando produtos e serviços para 60 países de cinco continentes). A nova realidade impõe desafios de igual proporção. O maior deles é preservarmos nossa Cultura, renovando-a sobre uma base de princípios e concepções filosóficas que não muda nunca. Para isso, a história da Organização tem o seu papel – e não é pequeno. Ao conhecermos os atos, os fa-
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informa
tos e as realizações das pessoas que constituem nos-
Quando dizemos Líder, estamos falando de
sa trajetória empresarial, acessamos experiências
Líder-Educador, aquele que aderiu por convicção aos
úteis para nossas vidas e nosso trabalho, estabele-
nossos princípios, assumiu nossas crenças e valores e
cemos conexão com gerações que nos antecederam,
os leva à prática, estimula o autodesenvolvimento das
aprendemos com os exemplos e com as conquistas
pessoas de sua equipe e , pelo exemplo, fomenta o Es-
daqueles que percorreram os caminhos do passado –
pírito de Servir em todos os que com ele convivem.
para nos impulsionar ao futuro.
O nosso expressivo crescimento nos últimos anos,
Por isso, quero aproveitar esta edição de Odebrecht
que gerou um notável incremento no ingresso de novos
Informa, dedicada a datas marcantes de nossa história
integrantes, ensinou-nos que nossa Cultura e seus valo-
em 2012, para destacar alguns pontos que considero fun-
res humanísticos podem ser internalizados e praticados
damentais e compartilhá-los com vocês.
mais fácil e rapidamente do que imaginávamos. Depende apenas de caráter e disposição do liderado, por um lado,
O papel de nossa Cultura
e, por outro, da prática da Pedagogia da Presença pelo
O primeiro ponto é o papel decisivo de nossa Cultura
Líder-Educador.
na construção de nossa caminhada até aqui. Nossa Cultura é nosso modo de ser, de pensar, de
Pertencer, permanecer
agir, de produzir e de nos relacionarmos com nossos
Por último, esta edição, ao trazer depoimentos de pes-
Clientes, com parceiros e com as comunidades em que
soas que estão há muitos anos na Odebrecht, realça nos-
estamos inseridos.
sa capacidade de atrair e integrar gente de alta qualidade
Nossa Cultura está no espírito que move nossos líderes, suas equipes e cada um de nós que carregamos
e de oferecer-lhes, continuamente, novas oportunidades de crescimento e reinvenção de suas carreiras.
e transmitimos os princípios e valores da TEO em nos-
Este é um de nossos diferenciais: a baixa rotatividade
sas práticas cotidianas, o que nos permite estabelecer
de nossas equipes. Grande parte das pessoas que in-
vínculos de confiança com nossos Clientes e Acionistas,
gressam na Odebrecht permanece nela durante muitos
trabalhando de forma descentralizada, com delegação
anos. Por essa razão, inclusive, o nosso programa anual
planejada, como parceiros que partilham os resultados
de concessão de medalhas por tempo de permanência
alcançados.
na Organização está sendo inovado, com a ampliação dos
Daí a importância de mantê-la viva e atualizada.
marcos de homenagem, de modo a incluir integrantes que completam ou tenham completado 30, 40 e 50 anos
O espírito de equipe e o papel do Líder
de trabalho.
É importante também reconhecer que as trajetó-
Essas longas jornadas, em constante autodesenvolvi-
rias e os resultados obtidos pela Organização Ode-
mento, estão ligadas diretamente à nossa Cultura, à So-
brecht são fruto do espírito de equipe, com vistas a
ciedade de Confiança em que trabalhamos, à liberdade
melhor servir ao Cliente.
para criar e produzir, à simplicidade e à acessibilidade de
Os 25 anos da Odebrecht na Argentina e no Equador, os 20 anos no México, na Colômbia e na Venezuela, os 10
nossos Líderes, entre tantos outros aspectos que promovem o autêntico sentido de pertencer.
anos da Braskem e de nossa presença na República Do-
A Cultura é a chave, a preservação e o aprimora-
minicana, os cinco anos da ETH e outras efemérides mar-
mento desse ativo. O desafio maior que se impõe a
cantes constituem esforço coletivo em diversos âmbitos,
cada um de nós.
na Linha e no Apoio, com base na comunicação qualificada e profunda entre pessoas de diversas gerações.
Para isso, a nossa história – como disse no início – tem papel importante. Em analogia com a prática do arco e
Equipes, porém, não se formam e operam sem a pre-
flecha, sabemos que quanto mais esticarmos para trás o
sença de um Líder que conheça as forças de seus lidera-
arco, mais longe, mais forte e mais precisa viajará a fle-
dos, articule o conjunto das ações e promova as condições
cha. Ou seja: ao ampliarmos o conhecimento sobre o nos-
para o êxito do programa sob sua responsabilidade.
so passado, fortalecemos as bases para alcançar mais e
Na Odebrecht, esses são atributos necessários, mas
melhores resultados no futuro.
não suficientes. Na nossa Organização, o Líder, além de sua missão de Realizador, tem ainda o decisivo papel de
Marcelo Bahia Odebrecht é Diretor-Presidente da
Educador.
Odebrecht S.A. Há 20 anos na Organização
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anos
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Braskem
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As
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informa
Braskem investe em qualificação de líderes e avança em sua internacionalização texto Thereza Martins
Integrante da Braskem em uma das unidades da empresa no Brasil: visão global e alinhamento cultural
pessoas e suas
Edu Simões
conquistas informa
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A
lagoas, Bahia, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Pensilvânia, Texas, Virgínia Ocidental, Schkopau, Wesseling e Veracruz. Brasil, Estados Unidos, Alemanha e México. Essa é a
geografia da Braskem de hoje, o mapa no qual estão distribuídas suas 35 unidades industriais, 10 anos depois da criação da empresa. Em 2002, a marca Braskem chegava ao mercado com anúncios publicados em jornais e revistas, traduzindo o espírito da empresa que acabara de nascer: “O futuro da petroquímica do Brasil já tem nome”. Duzentas opções foram avaliadas até a decisão final. Braskem foi o nome escolhido por reunir os prefixos “Brás”, conhecido no mercado externo como indicador de empresa brasileira, e “kem”, de química, de raiz grega. Dez anos depois, confirmando o enunciado de lançamento, a Braskem é líder das Américas, com produção anual de 16 milhões de t de resinas termoplásticas e outros produtos petroquímicos. É, também, a maior produtora mundial de biopolímeros, posto alcançado em 2010 a partir da produção em escala industrial do plástico “verde”, derivado do etanol de cana-de-açúcar. Com apenas uma década de atuação, a Braskem tem muitas histórias para contar.
A origem na Odebrecht
A estratégia de negócios da Odebrecht no setor petroquímico estava orientada, nos primeiros anos de atuação, à participação acionária em empresas da
A história da Braskem remonta à virada da década
área. Na década de 1990, foram feitas aquisições no
de 1970 para a de 1980, quando a Odebrecht foi convi-
âmbito do Programa Nacional de Desestatização do
dada pelo Governo brasileiro a investir no setor petro-
Governo Federal, que favoreceu um novo ambiente de
químico. A Organização, então concentrada na cons-
negócios, no qual a competitividade era a regra núme-
trução civil, queria diversificar seus negócios e aceitou
ro um para a sobrevivência das empresas.
o convite. Adquiriu 33% de participação acionária na
Para a petroquímica, um dos fatores de competiti-
Companhia Petroquímica Camaçari (CPC), produtora
vidade derivava – como deriva até hoje - de ganhos de
de PVC na Bahia.
escala e sinergias. Foi o caminho trilhado pela Odebre-
Carlos Fadigas, Líder Empresarial da Braskem
cht por meio de participações e aquisições ao longo de
desde 2010, relembra fatos dessa história nesta re-
duas décadas. Em 2001, em parceria com o Grupo Ma-
portagem e também (a partir da página 18) na seção
riani, a Organização adquiriu o controle da Companhia
Entrevista de Odebrecht Informa. “Não foram poucos
Petroquímica do Nordeste (Copene), em Camaçari, in-
os desafios encontrados no início. Eles envolviam des-
tegrando centrais de matérias-primas e empresas pro-
de a disponibilidade de matéria-prima e insumos até
dutoras de polímeros, processo inédito no Brasil, que
a formação de equipes especializadas. Além disso, as
resultou na criação da Braskem, um ano mais tarde.
empresas que viriam a formar a Braskem tinham baixa escala, fabricavam um ou alguns poucos produtos e
Crescimento acelerado
não eram integradas verticalmente, não se beneficia-
Por suas origens, a Braskem é uma empresa que
vam de sinergias.”
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já nasceu com portfólio diversificado, unidades indus-
está sendo desenvolvido no Estado de Veracruz, no Mé-
Unidade da Braskem nos Estados Unidos: chegada ao país ocorreu em 2010
xico, em associação com a petroquímica local Idesa. “O complexo petroquímico terá capacidade produtiva de mais de 1 milhão de toneladas anuais de polietileno em condições competitivas, ampliando a participação do gás na nossa matriz de matérias-primas”, afirma Marcelo Lyra, Vice-presidente de Relações Institucionais. A nova planta deverá operar a partir de 2015. Outros projetos estão em estudos no Peru e na Venezuela, ambos baseados na utilização do gás extraído de reservas naturais, mais competitivo que a nafta.
Pessoas e cultura Para apoiar o processo de internacionalização, a Braskem investe na qualificação de líderes com visão global e alinhamento cultural. Outro desafio tem sido formar e integrar pessoas, considerando as características de crescimento da empresa por meio de se-
Acervo Odebrecht
guidas aquisições no Brasil e no exterior. Na missão de levar a cultura empresarial aos novos colegas, as equipes de Pessoas e Organização (P&O) têm se concentrado em disseminar os princípios da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), com ênfase na Educação pelo Trabalho, na confiança entre as pessoas, na descentralização e na comunicação clara e transpatriais e escritórios no Brasil, além de bases comerciais
rente.
no exterior. Sucessivas aquisições marcaram o cresci-
“Os integrantes têm demonstrado interesse e ad-
mento acelerado da companhia até hoje, inicialmente
miração pela cultura Braskem”, afirma Eduardo Bul-
no Brasil, consolidando o setor petroquímico, e em se-
garelli, Responsável por P&O na América Latina, em
guida buscando oportunidades fora do país. Odebrecht
entrevista à edição de agosto da Geração Braskem,
e Petrobras, os dois principais acionistas da Braskem,
publicação interna da empresa. “As adaptações de lin-
conduziram as aquisições do Grupo Ipiranga (2007) e
guagem em cada local e a aplicação prática são gran-
da Quattor (2010), levando a empresa à condição de lí-
des desafios”, avalia Irlam Aragão, Responsável por
der das Américas na produção de termoplásticos.
P&O nos Estados Unidos e na Europa.
A internacionalização das operações industriais faz
Nesse contexto, a construção de relações duradou-
parte da estratégia de negócios da Braskem, e o pri-
ras com os clientes, atendendo às suas necessidades
meiro movimento nesse sentido data de 2010, com a
com espírito de servir, é um dos elementos-chave.
aquisição e incorporação dos ativos de polipropileno
O exercício desse compromisso aliado à criatividade
(PP) da norte-americana Sunoco Chemicals. Em 2011,
resulta em ganhos para toda a cadeia produtiva do
a Braskem comprou ativos de PP da também norte-
plástico no país. Um exemplo recente foi a atuação
-americana Dow Chemical: duas fábricas nos Esta-
da Braskem para influenciar as medidas do Governo
dos Unidos e duas na Alemanha, tornando-se líder na
brasileiro em favor da indústria nacional. “Obtivemos
produção de PP nos Estados Unidos, o maior mercado
sucesso ao incluir a transformação plástica entre os
mundial de resinas termoplásticas.
setores beneficiados com a desoneração da folha de
Ainda na rota da internacionalização, a Braskem
pagamentos”, comenta Carlos Fadigas. Ele menciona
investe em novas plantas na América Latina. No mo-
também a atuação ao lado da Abiquim (Associação
mento, o projeto mais avançado é o Etileno XXI, que
Brasileira da Indústria Química) na inclusão de produ-
informa
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tos do setor entre os 100 que tiveram, este ano, eleva-
versificada em termos de experiência, perfil, formação
ção temporária do imposto de importação.
e conhecimento”, afirma. Além dos laboratórios próprios, a Braskem atua
Inovar para crescer
em parceria com institutos e centros de pesquisa.
Desde sua formação, a Braskem prioriza novas
Um exemplo é o LNBio – Laboratório Nacional de
ideias e tecnologias para melhor servir aos clientes,
Biociências, em Campinas (SP), vinculado ao Ministé-
fornecer produtos que trarão proveitos ao consumidor
rio da Ciência e Tecnologia. Lá, a empresa dispõe de
e à sociedade e aperfeiçoar processos industriais. Um
uma estrutura com 250 m², entre salas e laboratórios,
marco significativo foi a criação do Programa de Inova-
onde pesquisadores trabalham com manipulação
ção Braskem, em 2004, impulsionando o setor.
genética de micro-organismos com foco em canarenováveis.
elaborados e com melhor desempenho, utilizar cata-
“Cerca de 50 centros de pesquisa no mundo mani-
lisadores mais competitivos nas plantas de polímeros
pulam tecnologias, como nós, em busca de soluções
e avançar nas pesquisas com renováveis”, afirma Luis
de ruptura no campo dos renováveis”, informa Roberto
Cassinelli, Responsável por Inovação Corporativa, área
Werneck do Carmo, Gerente de Processos Renováveis.
que trabalha com projetos de longo prazo. A Braskem
Ao lado dele, Avram Slovic, Gerente de Biotecnologia,
possui três centros de pesquisa, dois deles no Brasil
destaca: “Com tradição em processos petroquímicos,
e um nos Estados Unidos, além de 19 laboratórios de
a Braskem saiu da zona de conforto ao buscar novas
qualidade.
fontes de conhecimento e investir na linha dos reno-
Patrick Teyssonneyre, Responsável por Inovação e
váveis”.
Tecnologia da Unidade de Poliolefinas, ressalta que as
As pesquisas que abriram as portas para esse novo
empresas adquiridas pela Braskem mantinham suas
universo foram realizadas, inicialmente, no Centro de
próprias estruturas de inovação e que a integração
Tecnologia e Inovação do Polo Petroquímico de Triunfo
dessas áreas só trouxe benefícios. “A integração fez
(RS) e deram origem ao projeto Polietileno (PE) “Ver-
com que hoje tenhamos uma equipe diferenciada e di-
de”. Em 2010, a Braskem inaugurou a fábrica de ete-
Planta localizada na Alemanha: fixação de raízes na Europa. Na página ao lado, uma das unidades do Centro de Tecnologia e Inovação da empresa, em Triunfo (RS): novas frentes de conhecimento
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-de-açúcar e buscam novas rotas para a produção de
informa
Acervo Odebrecht
“Os avanços alcançados com investimentos e trabalho nos permitem, hoje, desenvolver produtos mais
Acervo Odebrecht
no “verde” no mesmo polo, com produção baseada no
do efeito estufa, quando comparado com o de 2008;
etanol de cana-de-açúcar. A unidade tem capacidade
índice de 18% de reutilização de água consumida; e
produtiva anual de 200 mil t.
consumo de energia em 2011, 4% inferior ao de 2010.
Marcelo Nunes, Responsável por Negócios Quí-
“Nesses 10 anos, a Braskem projetou-se inter-
micos Renováveis, explica que existe uma tendência
nacionalmente. Hoje, participamos, com a Abiquim,
global de busca por produtos de fontes renováveis e a
de negociações globais relacionadas a temas como
demanda de mercado para o PE “Verde” está amadu-
mudanças climáticas e segurança química”, afir-
recendo. “Há, também, expectativa em relação ao PP
ma Soto. “Tivemos papel relevante nos debates da
“Verde”, projeto em desenvolvimento pela Braskem,
Rio+20, realizados em junho, e é com prazer que vejo
ainda sem data para lançamento”, afirma.
a Braskem avançar, juntamente com a indústria petroquímica nacional e com o Brasil, na busca por ca-
Química sustentável
minhos mais sustentáveis para o nosso planeta.”
A Braskem completa 10 anos com experiência e realizações acumuladas em linha com sua visão de longo prazo, a Visão 2020, de ser líder mundial da química sustentável. Isso significa ter uma atuação sustentável na gestão dos impactos ambientais, sociais e econômicos gerados pelas atividades da empresa. “Nossas ações são neste sentido: buscar fontes, operações e um portfólio de produtos cada vez mais sustentáveis e apresentar soluções para uma vida mais sustentável”, afirma Jorge Soto, Responsável por Sustentabilidade. Alguns exemplos: redução de 43% da taxa de acidentes de trabalho com e sem afastamento em 2011, em relação ao ano anterior; redução de 11% no indi-
BRASKEM Alguns destaques • Unidades industriais: 35 (28 no Brasil, cinco nos Estados Unidos e duas na Alemanha)
• Integrantes: 7.600 • Clientes: baseados em mais de 60 países de todos os continentes
cador de intensidade de emissão de gases causadores
informa
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A palavra dos
protagoni
Fernando Silveira “Vivemos uma sensação de crescimento constante e de aprendizado diário”, afirma Fernando Silveira, 43 anos, cuja trajetória na área de Química
Ricardo Chaves
texto Thereza Martins
e Petroquímica da Organização teve origem há 25 anos. Depois de 20 anos como operador, Fernando tornou-se pesquisador de catálise, foi coordenador do laboratório dessa mesma área e atualmente é gerente de plantas piloto. “A promoção de operador para pesquisador foi o meu momento mais marcante na empresa. Mudei de função, de horário de trabalho e fiz novos amigos”, diz. “A empresa nos dá a possibilidade de participar de todas as suas conquistas a partir de nossas iniciativas.”
Roberto Matte Aos 51 anos, Roberto Matte é gerente industrial das plantas de polipropileno PP1 e PP2 no Rio Grande do Sul. Ele começou a trabalhar no Polo Petroquímico de Triunfo como operador em 1981 e desde então se dedica a atividades industriais li-
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gadas a plantas de polipropileno. Segundo ele, um dos grandes marcos da Braskem foi a partida da planta de polipropileno de Paulínia (SP), a primei-
Ricardo Chaves
ra efetivamente construída pela empresa. “A planta
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informa
foi montada por pessoas da Braskem, fato de significado para a empresa e revelador de que são as
pessoas que fazem a diferença”, afirma. Esse reconhecimento tem um efeito em cadeia. “No decor-
Integrantes da Braskem falam sobre a experiência de participar da construção de uma líder global
Edu Simões
stas rer destes 10 anos, presenciamos colegas tendo a oportunidade de trabalhar em projetos no Brasil e no mundo, adquirindo conhecimento e vivenciando novas situações na vida pessoal. Esses movimentos proporcionam oportunidades para outros companheiros, na medida em que abrem espaços para novas oportunidades.”
Edison Kolton O engenheiro mecânico Edison Kolton, 49 anos, fez aniversário de 10 anos na Braskem. Está na empresa desde sua fundação. Após atuar na Copesul (Companhia Petroquímica do Sul), na equipe de inspeção de equipamentos, foi convidado para trabalhar na Braskem, no Polo de Camaçari (BA), como integrante da equipe de engenharia de confiabilidade, com a missão de ajudar a estruturar a área. “Essa mudança do Rio Grande do Sul para a Bahia foi marcante na minha vida. Uma vez vencida a tendência do apego ao local onde nasci, percebi o quanto novas culturas podem nos acrescentar como seres humanos”, diz. Dois anos depois, Kolton foi trabalhar na gestão integrada de ativos, concebida para a busca de sinergia entre as plantas de polímeros da Braskem ríodo aumentaram muito o número de plantas e foi preciso intensificar a padronização dos processos e a busca das melhores práticas”, ele relembra.
Edu Simões
em todo o Brasil. “As aquisições realizadas no pe-
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Gustavo Laranja, 37 anos, já não é mais conhecido na Braskem somente como engenheiro de processo no Rio Grande do Sul, mas como “ope-
Artur ikishima
Gustavo Laranja
rador de bateria”, uma das estrelas da campanha publicitária que marcou os 10 anos da empresa. “Foi muito legal participar. No período da veiculação, pessoas com quem eu não falava havia tempo vieram conversar, e nos reencontramos. Também achei muito bacana ligar meu nome com a imagem da Braskem”, afirma. Gustavo considera como marco de sua trajetória na empresa sua participação no processo de integração dos ativos da Ipiranga. “Fiz parte da equipe de sinergias, que começou a conversar e trocar informações sobre procedimentos e práticas. Essa troca de conhecimento não existia antes. Foi um período de ganho
Ricardo Chaves
expressivo de conhecimento”, diz.
Mauro Oliveira Ele trabalhava na Trikem quando a empresa foi adquirida pela Braskem. Mauro Oliveira, 30 anos, enfatiza: “Posso dizer que acompanhei estes 10 anos de perto e que trabalhar aqui é uma sensação única que não tem como ser descrita. Afinal, trabalho em uma companhia preocupada com o nosso planeta, com seus integrantes e que tem uma cultura muito forte. Admiro muito a Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), que, mais do que uma cultura empresarial, é uma filosofia de vida”, argumenta. Segundo Mauro, a inauguração da planta de Polietileno “Verde” e a internacionalização da empresa foram as principais conquistas nesta década. “A Braskem é uma grande escola, onde aprendi e continuo aprendendo muito”, ressalta ele, que é operador da planta PE3, no Polo de Camaçari.
Edison Terra “Trabalhar na Braskem é viver o constante desafio de participar do crescimento de uma das maiores empresas industriais do Brasil. Estamos no início de uma cadeia e existem muitos setores da economia do Brasil dependendo de nossa capacidade”, afirma Edison Terra, 41 anos, há 10 anos na empresa. Diretor de Polietileno, Edison afirma que, entre tantas outras conquistas, a consolidação
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informa
reira na Polibrasil, como estagiário no laboratório de desenvolvimento de produto e considera que de lá pra cá adquiriu conhecimentos e a maturidade que lhe dão mais segurança para seguir assumindo os desafios que lhe são propostos. Martin ingressou na Braskem com a aquisição da Quattor e se orgulha de trabalhar em uma empresa preocupada em crescer e perpetuar-se e que sabe que isso se faz através das pessoas. “Durante a aquisição da Quattor, pude perceber, desde o primeiro dia, o profissionalismo da liderança da Braskem, que soube tranquilizar e conscientizar os integrantes da Quattor em relação às oportunidades que teríamos pela frente, uma vez que a empresa sempre necessitará Júlio Bitencourt
de pessoas capazes e motivadas para continuar sua trajetória vencedora”, relembra.
Mônica Mazzucatto Integrante da Braskem há nove anos, Mônica
da petroquímica nacional, com a aquisição da Quat-
Mazzucatto, 36 anos, passou pelas áreas de Plane-
tor, e a compra dos ativos da Sunoco, nos Estados
jamento de Produção, Logística, Ensaque e, há qua-
Unidos, os primeiros ativos industriais da Braskem
tro anos, realizou seu sonho: “Eu queria trabalhar
fora do Brasil, são destaques na caminhada da em-
na área de Qualidade e Produtividade da planta PP3
presa. Ambas as realizações tiveram a participação
PLN, em Paulínia (SP)”, ela descreve, com exatidão.
direta de Edison.
E foi graças à Braskem que Mônica conheceu seu marido, Luiz Henrique (Responsável por Operações
Martin Clemesha
Industriais na planta PP3 PLN), e construiu sua fa-
Martin Clemesha, 35 anos, trabalha na equipe de
mília. A filha deles, Maria Eduarda, nasceu há dois anos.
Júlio Bitencourt
Mathias Cramer
Desenvolvimento de Mercado. Ele iniciou sua car-
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entrevista
20 Carlos Fadigas: estratégia de atuação voltada para a sustentabilidade
Uma corrente de elos
fortes
texto José Enrique Barreiro foto Júlio Bitencourt
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informa
A
os 43 anos de idade, Carlos Fadigas
de empresas baseado em um sócio do setor público
de Souza é um dos mais jovens
(a própria Petrobras), um sócio internacional,
Líderes Empresariais da Organização
que seria o detentor de tecnologia, e um grupo
Odebrecht.
Salvador,
privado nacional com capacidade para investir no
casado e pai de dois filhos, Fadigas é
setor. A Odebrecht foi convidada a ser um desses
formado em Administração de Empresas, com MBA
investidores nacionais e aceitou participar. Além
do Institute for Management Development (IMD),
de seu compromisso com o desenvolvimento do
da Suíça. Começou a vida profissional no Citibank,
Brasil e da Bahia, estado escolhido para abrigar o
ainda estudante. Em 1992, ingressou na Organização
segundo polo petroquímico do país, a participação
Odebrecht, e atuou em diversos programas na
na petroquímica se encaixava na decisão da
OPP Petroquímica e na Trikem, empresas do setor
Organização de diversificar seus negócios, até
químico e petroquímico que foram incorporadas
então focados em construção.
Baiano
de
à Braskem. Após um período (2004 a 2006) como Responsável pela área financeira da Construtora
OI – Pelo que se sabe, o modelo teve dificuldades
Norberto Odebrecht, voltou à petroquímica como
para engrenar.
Vice-presidente de Finanças da Braskem, tornou-
Fadigas – Havia grandes desafios. Os principais
se CEO da Braskem America em 2010 e, em 7
deles envolviam desde a disponibilidade de matéria-
de dezembro daquele ano, foi indicado Líder
prima até a formação de equipes especializadas,
Empresarial. Nesta entrevista a Odebrecht Informa,
típicos de uma indústria nascente. Além disso, o
ele fala da história da Organização na petroquímica,
Brasil era totalmente dependente da importação
da criação da Braskem, dos principais desafios
de quase todas as matérias-primas petroquímicas,
da empresa e do que projeta para o futuro da
da nafta aos catalisadores. E as empresas tinham
companhia. Para ele, a Braskem não cresce sozinha,
baixa escala, fabricavam um ou alguns poucos
e sim junto com seus clientes e demais agentes da
produtos e não eram integradas verticalmente,
cadeia produtiva da petroquímica: “Precisamos
não se beneficiando de sinergias. Sem contar que
ter a visão clara de que uma cadeia produtiva só é
o modelo societário fragmentado gerou conflitos de
forte se todos os seus elos forem fortes”. E revela
interesse que inibiam os investimentos necessários
o caminho do crescimento contínuo: “Temos que
para atender ao crescimento do país.
ajudar cada vez mais os nossos clientes a também se desenvolverem, tornando-se mais competitivos,
OI – O mercado respondeu bem à criação da
mais inovadores e capazes de conquistar novos
indústria petroquímica brasileira?
mercados com produtos de maior valor agregado”.
Fadigas – Respondeu bem, pois o país crescia e se industrializava. Mas era um mercado fechado à
Odebrecht Informa – Quando e por que a Odebrecht
concorrência internacional e com preços controlados
começou a investir em petroquímica?
pelo governo, como o resto de toda a economia
Carlos Fadigas – Foi a partir do fim da década
brasileira. Com isso, a petroquímica, que era um
de 1970, com a aquisição de um terço do capital
setor ainda mais fechado e dependente do Estado,
da CPC – Companhia Petroquímica Camaçari,
foi perdendo sua capacidade de investir, e viveu um
produtora de PVC, na Bahia. No início dos anos
período de certa estagnação, que se manteve mesmo
70, o Governo brasileiro, preocupado em promover
após o início da desestatização promovida durante o
um processo de substituição das importações e a
governo Collor, no início dos anos 90.
industrialização do país, escolheu a petroquímica como um dos setores prioritários para receber
OI – Mas a Odebrecht continuou a investir no setor,
investimentos do Estado, dada a participação desse
apesar disso.
setor em praticamente todas as cadeias produtivas.
Fadigas – Sim, a Odebrecht tinha uma visão de longo
O Governo concebeu um modelo societário tripartite
prazo. Enquanto grupos internacionais que atuavam
informa
21
no setor preferiram vender suas participações, a
“petroquímica brasileira de classe mundial”. Além
Odebrecht, que já vinha diversificando seus negócios
disso, com base em nossos princípios e valores de
desde a década anterior, optou por crescer na
atuação, assumimos um Compromisso Público com
petroquímica. Realizamos algumas aquisições ao
nossos Clientes, Integrantes, Acionistas e com a
longo da década de 80 e investimos fortemente na
sociedade em geral, que seguimos até hoje. Nosso
compra de participações acionárias oferecidas em
modelo de governança corporativa está alinhado
leilões pelo Estado brasileiro no início dos anos 90.
com as melhores práticas internacionais e fundado na criação de valor para todos os stakeholders.
OI – Ao longo da década de 90, após as aquisições
O crescimento da Braskem nos últimos 10 anos,
realizadas, a Odebrecht começa a consolidar seus
seguindo a lógica de fortalecimento de toda a cadeia
ativos petroquímicos até criar a Braskem, em
produtiva da petroquímica e dos plásticos no Brasil,
2002. Como foi esse processo?
demonstra que esse modelo é vencedor.
Fadigas – Com a abertura da economia brasileira nos anos 90, a competitividade tornou-se uma questão
OI – Nesses 10 anos, quais os principais desafios
de sobrevivência, e a petroquímica não fugiu à regra.
encontrados e como foram superados?
Uma das formas de melhorar a competividade do
Fadigas – Eu destacaria o desafio de formar e
setor seria por meio de ganhos de escala e sinergia.
integrar pessoas, já que o crescimento da empresa
A Odebrecht seguiu por esse caminho após adquirir
tem se dado também por meio de seguidas
vários negócios e participações naquela década e
aquisições. Essa diversidade cultural e riqueza de
consolidá-las em duas empresas: a OPP, focada
experiências que os nossos Integrantes trazem na
em poliolefinas, e a Trikem, em vinílicos. Mas ainda
bagagem são grandes ativos intangíveis da nossa
nos faltava a integração vertical com as centrais
empresa. Ao mesmo tempo, nos coloca a questão
petroquímicas.
permanente de formar novas pessoas na cultura da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO) em
OI – Quando essa integração teve início?
todos os países onde passamos a atuar, superando
Fadigas – A oportunidade surgiu no final do ano
eventuais diferenças culturais. Temos também
2000, quando os ativos da massa falida do grupo
investido na qualificação de líderes com visão
Econômico foram colocados em leilão pelo Banco
global e alinhamento cultural para sustentar nosso
Central. Houve duas tentativas de venda dos ativos,
processo de internacionalização.
sem que aparecessem compradores. Na terceira tentativa, a Odebrecht participou e adquiriu o
OI – Como a Braskem tem exercido sua liderança
controle da Copene, a central de Camaçari, em
para qualificar a cadeia produtiva da petroquímica
julho de 2001, e abriu o caminho para a formação
nacional e posicionar melhor o Brasil diante do
da Braskem no ano seguinte, em parceria com o
atual cenário internacional?
grupo Mariani.
Fadigas – Temos colocado o nosso espírito de servir não só em favor de nossos clientes, mas
OI – É possível afirmar que esse foi o marco
também em prol de nosso compromisso com a
transformador da petroquímica brasileira?
competitividade de toda a cadeia produtiva da
Fadigas –
22
a
petroquímica e dos plásticos no Brasil. Esse papel
petroquímica brasileira ganhava a sua grande
de agente setorial é muito importante em todos
empresa, capaz de competir internacionalmente
os momentos, mas especialmente agora diante
com os gigantes mundiais do setor. Estavam dadas
dos cenários desafiadores como o que estamos
as condições para o surgimento de uma companhia
vivendo na petroquímica internacional por conta da
integrada, com escala mais adequada, integração
crise econômica e da perda de competitividade da
vertical, preocupação em investir em pesquisa e
indústria nacional, o que acaba afetando os nossos
desenvolvimento, enfim, aquilo que denominamos
clientes. Temos trabalhado bastante, em conjunto
informa
Com
a
criação
da
Braskem
com o setor e suas entidades representativas,
OI – Como tem sido a experiência da Braskem nos
para influenciar medidas do Governo Federal em
Estados Unidos e no México?
favor da indústria nacional e conseguido vitórias
Fadigas – A conquista da liderança do mercado
expressivas. No momento, estamos empenhados
norte-americano de polipropileno, logo no segundo
na aprovação do Regime Especial da Indústria
ano da nossa presença nos Estados Unidos, é motivo
Química – Reiq, que propõe dinamizar o setor
de orgulho para a Braskem. Temos tido um grande
por meio de desoneração das matérias-primas
aprendizado com as operações norte-americanas,
e dos investimentos e estímulos à inovação,
especialmente em relação ao suprimento de
especialmente na área da química "verde".
matérias-primas, já que lá, ao contrário do Brasil, não há integração vertical e é preciso desenvolver
OI – Qual tem sido o papel da Petrobras no
continuamente nossas relações com fornecedores
crescimento da Braskem?
de propeno. Nesse aspecto, detectamos também
Fadigas – Há uma convergência de visões entre
muitas oportunidades de parcerias, a exemplo da
nossos dois principais acionistas, Odebrecht e
que fizemos com a Enterprise, que vai ampliar seu
Petrobras. Essa convergência foi construída ao
fornecimento à Braskem de forma a compartilharmos
longo de anos em torno dos benefícios gerados
os benefícios do boom do gás de xisto vivido hoje pelos
pela consolidação do setor, o que deu um grande
Estados Unidos, que levou a petroquímica americana
impulso não apenas ao crescimento da Braskem,
a retomar sua alta competitividade. No México, com
mas também ao fortalecimento de toda a nossa
o objetivo de ampliar a participação do gás em nossa
cadeia produtiva. As aquisições da Ipiranga e da
matriz de matérias-primas, prosseguimos com o
Quattor, conduzidas em conjunto com a Petrobras
projeto Etileno XXI, em associação com a mexicana
e a Odebrecht, foram marcos desse processo, que
Idesa, para produção integrada de mais de 1 milhão
impulsionou a internacionalização das nossas
de toneladas/ano de eteno e polietileno.
operações e permitiu nos tornarmos líderes na produção de resinas das Américas e uma das cinco
OI – Quais as expectativas do LE da Braskem para
principais petroquímicas do mundo.
2020? Fadigas – A Visão 2020 da Braskem é tornar-se
OI – Que tipo de relação de parceria a Braskem
a líder mundial da química sustentável, inovando
estabelece com seus clientes?
para melhor servir às pessoas. Nossa estratégia de
Fadigas – A concorrência no setor petroquímico
atuação está voltada para a sustentabilidade, que está
é global. Por isso, para ser competitivo, é preciso
assentada sobre três pilares: contar com processos
ser grande e forte, ter escala global, autonomia
cada vez mais sustentáveis, o que tem a ver com
tecnológica e capacidade de investimento, uma vez
ecoeficiência; ter produtos cada vez mais eficientes
que a petroquímica é intensiva em capital. Nesse
– valendo destacar aqui nossos investimentos em
contexto, precisamos ter a visão clara de que uma
pesquisa e desenvolvimento de novos produtos
cadeia produtiva só é forte se todos os seus elos
da química "verde"; e oferecer aos Clientes e à
forem fortes. Ou seja, para continuarmos crescendo
sociedade soluções cada vez mais sustentáveis. A
temos que ajudar cada vez mais os nossos clientes
sustentabilidade está no coração da TEO e sempre
a se desenvolverem também, tornando-se mais
foi uma prioridade na Braskem. Muito antes de
competitivos, mais inovadores e capazes de
nos tornarmos líderes globais em biopolímeros
conquistar novos mercados com produtos de maior
com a produção do Polietileno "Verde", nossos
valor agregado. Temos que aprimorar nosso espírito
indicadores de desempenho em Saúde, Segurança
de servir e reforçar sempre mais a parceria com os
e Meio Ambiente já eram comparáveis às melhores
nossos clientes, inclusive apoiando e impulsionando
referências internacionais e o compromisso com as
aqueles que queiram e possam nos acompanhar em
questões sociais sempre foi uma marca do nosso
nosso processo de internacionalização.
empresariamento.
informa
23
10
anos
a presença República Dominicana
onde faz diferença
24 24
informa
Projetos fundamentais para o crescimento do país, em diferentes setores, têm a participação de equipes da Odebrecht
O
apartamento de três quartos no arborizado bairro Bella Vista, em Santo Domingo, com pouco mais de 100 m2, serve de moradia e escritório para quatro integrantes da Odebrecht, en-
tre eles o engenheiro Luis José Bartolomeu. Eles trazem nas malas poucos pertences pessoais, quatro computadores e uma impressora. O ano é 2001. Viajante experimentado, Bartolomeu trabalhou no Chile, Argentina, Peru, Colômbia e em outros países. O desafio agora é conquistar a primeira
texto João Marcondes
obra para a Odebrecht na República Dominicana: um aqueduto no Vale do Cibao, noroeste do País. Ele tem a companhia de Guilherme Di Cavalcanti, Marcelo Jardim e Jorge Montoya. O trabalho é árduo, exige adaptação e obstinação. A recompensa vem no dia 7 de março de 2002, com a assinatura do contrato da obra. No ano seguinte, em um domingo quente de maio, 40ºC à sombra, enquanto amigos e a esposa confraternizam em um churrasco feito por brasileiros na capital, Bartolomeu “enterra”, em suas palavras, o primeiro tubo do Aqueduto Línea Noroeste, nas proximidades da pequena cidade de Mao. Passados 10 anos, Bartolomeu analisa a presença da Odebrecht na República Dominicana como uma via de mão-dupla de virtudes. “Contribuímos para que o país se desenvolva. E o país faz o mesmo
Hidrelétrica de Palomino: primeiro projeto público do país classificado como Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
pela empresa e seus integrantes”, ressalta. O aqueduto, a primeira de 11 obras da Odebrecht no país, assegurou o abastecimento de água eficiente a mais de 1 milhão de pessoas. Segundo Bartolomeu, 48 anos, hoje Diretor de Contrato de uma nova obra, o Aqueduto Hermanas Mirabal, a República Dominicana garantiu-lhe oportunidade de crescimento profissional e pessoal, com a possibilidade de acesso a uma nova cultura para ele e sua família (esposa e três filhos). “Aqui me sinto em casa”, resume. O desenvolvimento de países e empresas reflete-se no crescimento dos indivíduos que os comPedr Schettino
põem. A dominicana Wanda Dorville Garcia, 44 anos, contadora pública com especialidade em gestão de pessoas, trabalhava na indústria têxtil local antes de entrar na Odebrecht, há 10 anos. “Fui em busca da vivência que uma empresa grande e internacional, poderia me proporcionar”, explica. Depois de uma década, a experiência a modificou em di-
informa
25
Arquivo Pessoal
Luis José Bartolomeu: “Aqui me sinto em casa”
versos sentidos. “Graças à Odebrecht, pude verdadeiramente conhecer meu país”, diz, com emoção. Natural de Santo Domingo, de onde praticamente nunca havia saído, ela percorreu a ilha de norte a sul nas várias obras da empresa em cidades como Mao, Samaná, San Francisco, Dajabon e Santiago Rodríguez. “O mais incrível foi ter contato com meu
de forma produtiva, independentemente de nos-
povo em todos esses lugares que desconhecia.”
sa presença nas cidades após o término de uma
Wanda é hoje Responsável por Pessoas na Ode-
obra”, assinala.
brecht República Dominicana. Ela participa dire-
A Hidrelétrica de Palomino, por exemplo, é o
tamente do recrutamento para todas as obras da
primeiro projeto público da República Dominicana
empresa no país. Um sonho Wanda ainda alimen-
classificado como MDL (Mecanismo de Desenvolvi-
ta, guardado no íntimo: “Quero conhecer o Brasil”,
mento Limpo), que concederá créditos de carbono
suspira. “Salvador, Rio, Minas Gerais...”
ao país, os quais serão revertidos para projetos so-
Grandes obras e sustentabilidade
ciais. Além dos acampamentos “verdes”, com energia solar (cujas placas energéticas serão doadas às
Nos 10 anos de presença no país, as equipes
comunidades após o término da respectiva obra),
da Odebrecht ergueram 1.031 km de redes de
a Odebrecht prioriza o reúso de água, como está
distribuição de água, três plantas de tratamento
sendo feito na construção da Rodovia de Miches.
de água e duas hidrelétricas (que, juntas, geram
Segundo Marco Cruz, essas iniciativas compõem
312 mil MWh/ano, evitando que o país tenha de im-
um padrão a ser implantado em todas as obras da
portar anualmente 715 mil barris de petróleo e re-
empresa no país.
duzindo emissões equivalentes a 215 mil t/ano de
26
CO2). Além disso, 150 km de estradas foram cons-
“Aplatanado”
truídos ou reabilitados, e outros 207 km estão em
Com participação de 22% no Produto Interno
execução. Cerca de 8 mil pessoas trabalharam para
Bruto (PIB) do país, o turismo é a principal ativi-
a empresa no período.
dade econômica da ilha de belas praias de águas
“Damos extrema importância à sustentabili-
cristalinas e está recebendo grande incremento
dade em nossa atuação, seja no plano ambien-
com as centenas de quilômetros construídos (e em
tal, seja no social”, assinala Marco Cruz, Diretor-
construção) por meio de projetos como os das rodo-
-Superintendente no país. “Não apenas apoiamos
vias e autopistas Casabito, Coral e Miches. “Sempre
as comunidades, mas desenvolvemos o trabalho
quisemos diminuir a distância entre Punta Cana e a
informa
capital cultural Santo Domingo. Isso só foi possível
lidoso, como o baiano”, brinca Cláudio, ele pró-
graças à Autopista del Coral, que, ao longo de seus
prio da Bahia. “E se desenvolve muito bem dentro
70 km, é uma obra-prima da engenharia”, enaltece
da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), na
o Ministro do Turismo, Francisco Javier Garcia.
Educação pelo Trabalho e pelo espírito de servir”,
Cláudio Medeiros, Responsável Administrati-
elogia. Nestes 10 anos, mais de 200 pessoas pas-
vo-Financeiro da Odebrecht na República Dominica-
saram pelo Programa Jovem Parceiro. Hoje, há
na, diz sentir-se “aplatanado” no país. O termo quer
dominicanos formados no programa trabalhando
dizer “enraizado” e faz referência a uma das prin-
para a Odebrecht em outros países, como Equa-
cipais culturas agrícolas locais, o plátano, espécie
dor, Estados Unidos, Angola e Panamá.
de banana-da-terra. Ele também está há 10 anos na
Em uma década, a Odebrecht realizou obras
República Dominicana, onde casou-se e teve os dois
essenciais, na capital – como o Corredor Duarte,
filhos, Mateus, 9 anos, e Manuela, 7 anos.
um conjunto de elevados e vias subterrâneas que
“O dominicano é muito afetivo, alegre e habi-
Acervo Odebrecht
Autopista del Coral:
contribuirá para circulação de 800 mil carros na cidade, que sofre com o trânsito pesado – e no in-
´ REPUBLICA DOMINICANA
terior – como as hidrelétricas de Pinalito e Palomino, que aumentaram a energia limpa do país e diminuíram sua dependência de produtos fósseis e derivados de petróleo, que hoje ainda é de 85%. E
Alguns destaques
o que está por vir? “Aqui há muitas oportunidades,
• 2 hidrelétricas construídas (as quais, juntas, geram
de portos e tratamento de água e esgoto. Fizemos
312 mil MWh/ano)
pois o país não para de crescer. Há necessidade uma excelente parceria, tornamos a República Dominicana um país-cliente, nos apaixonamos pelo
• 1.031 km de redes de distribuição de água
povo e esperamos que esse sentimento seja recíproco. Acreditamos em um futuro auspicioso”, diz
• 150 km de estradas construídos ou reabilitados
Cláudio Medeiros.
informa
27
Tecnologia Empresarial Odebrecht
Uma turma que encontrou seu caminho Ao completarem 25 anos de atuação na Odebrecht, oito integrantes angolanos falam de seus aprendizados e expectativas texto Edilson Lima foto Kamene Traça
Q
28
uando soube que seria en-
para o Programa de Qualidade e
trevistada por Odebrecht
em seguida para o de Apoio Admi-
Informa, a angolana Filo-
nistrativo. No início dos anos 1990,
mena Belo, 54 anos, fez questão
surgiram os conflitos armados, as
de percorrer cerca de 200 km, do
obras foram paralisadas e ele foi
projeto Cambambe, onde trabalha,
transferido para o projeto Luan-
na Província de Kwanza Norte, até o
da Sul, onde ficou até 2004. Hoje
canteiro da Odebrecht, em Luanda.
atua como técnico administrativo.
Sorridente, ela diz: “Eu não espero
“O interesse pelo ser humano é o
ser servida, aprendi a servir primei-
que mais me atrai na Odebrecht”,
ro”. Esse seu aprendizado não veio
destaca.
por acaso. Em 2012, ela e outros
Assim como Carlos, João Cardo-
sete integrantes da Odebrecht An-
so não perdeu tempo. Começou sua
gola completam 25 anos de serviço
carreira como ajudante nas frentes
à empresa e ao seu país. Todos eles
de produção, mas logo tornou-se
começaram nas obras da Hidrelé-
apontador e depois encarregado de
trica de Capanda, na Província de
equipe. Atualmente integra a área
Malanje, o primeiro contrato firma-
de Pessoas. “Meu maior aprendiza-
do pela Odebrecht em Angola, em
do é fazer as coisas certas. Ensino
1984. “Tenho orgulho de dizer que
isso todos os dias a meus filhos”,
construí Capanda”, afirma Filome-
diz. Já o eletricista e encarregado
na, que atuou na obra até 2008.
de equipe Alcino Teixeira esteve li-
Carlos Paciência, 46 anos, João
gado às obras de Capanda até 2002,
Cardoso, 50 anos, e Alcino Teixei-
quando foi transferido para Luanda.
ra, 56 anos, atuam hoje, simulta-
“Nestes 25 anos, aprendi que os
neamente, nos projetos Águas de
estudos, o trabalho e o respeito são
Luanda e Zona Econômica Espe-
a base da vida”, analisa.
cial. Carlos ingressou na empresa
Antônia da Costa, 47 anos, e
como aprendiz de pintor. De olho
Rosinho Eduardo, 54 anos, estão
nas oportunidades, aproveitou as
hoje no projeto Vias Estruturantes.
iniciativas de Educação para o Tra-
Ela ingressou como técnica em co-
balho e cresceu. Da pintura passou
municação, no canteiro de Capan-
informa informa
A partir da esquerda, Carlos Paciência, Alcino Teixeira, Maria Bernardo, Rosinho Eduardo, Antonia da Costa, Antonio Carvalho, Filomena Belo e João Cardoso: trajetórias marcadas pela motivação para servir e crescer
da. Com a primeira paralisação,
curso feito na empresa, que lhe
vila que Maria Bernardo iniciou
foi transferida para o apoio admi-
permitiu chegar ao cargo que de-
sua trajetória na Odebrecht. Ela
nistrativo na Vila do Gamek, em
sempenha hoje: “A Odebrecht é
era responsável pela manutenção
Luanda, onde viviam os expatria-
uma escola. Aqui, só não cresce
das casas, enquanto os integran-
dos e suas famílias. Depois, passou
quem não quer”.
tes trabalhavam em Capanda.
pelos projetos Luanda Sul, Vias de
Para Antônio Carvalho, 54 anos,
“Deixava tudo arrumado para eles
Luanda até chegar ao atual. “Meu
e Maria Bernardo, 55 anos, a Vila
curtirem nos fins de semana”, ela
maior orgulho, em todos estes
do Gamek é um lugar especial.
relembra. Sua dedicação a levou
anos, tem sido a relação com meus
Antônio é motorista e ingressou
à função que tem hoje: cuidar da
líderes. Aprendi e aprendo muito
na empresa em 1987. Uma de
casa de trânsito da empresa, em
com eles”, relata. Rosinho Eduar-
suas primeiras missões foi trans-
Luanda, onde os diretores rece-
do, orientador de motorista (“pa-
portar a mobília da vila. “Montei
bem visitas especiais. “A respon-
drinho”, como ele chama), mostra,
cada peça dos móveis”, ele re-
sabilidade aumentou, mas faço
durante a entrevista, o diploma do
corda, com alegria. Foi na mesma
tudo com carinho.”
Carlos José: “Toda obra tem começo, meio e fim, mas esta aqui é permanente”
informa
29
anos anos
20 4545
Escritório Escritório de Recife de Recife México
escola
Escritório e
R
enato Martins era um jovem engenheiro recém-formado quando, em
1961, passou a integrar a equipe que, no ano seguinte, fundaria o escritório de Recife da Construtora Norberto Odebrecht (CNO), a primeira base da empresa fora da Bahia. Não era uma tarefa simples, e ter sucesso era essencial - afinal, era o ensaio da expansão que a Odebrecht planejava
para as décadas seguintes. Fundada em 1944, a empresa contava então 18 anos. Renato, só um pouco mais: 26. Mas, quatro anos após ter sido admitido como estagiário e já experimentado em diversas funções, ele reunia os requisitos necessários para os desafios apresentados. Renato possuía ainda o atributo maior dos profissionais daquela missão: domínio e alinhamento em relação à filosofia e à cultura da empresa. Mais que conquistar novos negócios no Nordeste, a Odebrecht queria chegar para ficar, fixar raízes em Recife. “A equipe enviada de Salvador era pequena, formada apenas por pessoas estratégicas, preparadas para recrutar e formar novos quadros, mantendo o perfil de empresa integradora e educadora, com respeito ao contexto local”, conta Renato Martins, hoje com 76 anos.
Lia Lubambo
A Arena Pernambuco, em construção, e a Ponte dos Carvalhos, o primeiro projeto: Escritório de Recife teve papel decisivo na expansão nacional da Odebrecht
30
28 informa
30 Viveiro de mudas no canteiro de Santo Antonio: 124 espécies nativas
Filial de Recife celebrizou-se como polo formador de líderes da Organização
Acervo Odebrecht
texto Ricardo Sangiovanni
Em Recife, a empresa reencontrava antigas raízes: a
era Brasília. A opção da empresa, porém, foi outra. O
capital pernambucana era a cidade onde Norberto Ode-
efervescente Nordeste, mais próximo e conhecido, era
brecht nascera e vivera até os 9 anos, antes da família
melhor alternativa.
ir para Salvador. Cidade onde seu pai, Emílio Odebrecht,
De Recife, a CNO atenderia a toda a região, exceto
empreendera nos anos 20, deixando ali boas relações e
Sergipe e Bahia. O primeiro diretor foi o arquiteto suíço
obras importantes, como a ponte Buarque de Macedo e
Heinz Spilgberg, e a primeira obra, a Ponte dos Carva-
o Quartel do Derby, cartões-postais da cidade.
lhos, na BR-101, logo em 1962. Daí em diante, vieram novas pontes, intervenções
Canteiro de obras
rodoviárias e uma série de plantas industriais. “Willys
Recife era foco para novos negócios. A cidade vivia
Overland, Tintas Coral, Rhodia Nordeste, Alba Nordeste,
um boom urbano: em 20 anos, a população dobrara,
Formiplac, Coperbo, Alcoa... Foram muitas, em vários
atingindo 800 mil habitantes em 1960. O crescimento
estados”, relembra Renato Martins, líder de boa parte
tendia a continuar com a criação da Sudene (Superin-
daqueles contratos.
tendência do Desenvolvimento do Nordeste, sediada em
Por conhecer melhor a geografia, o clima e a polí-
Recife) pelo Governo Juscelino Kubitscheck, em 1959,
tica da região, a Odebrecht oferecia melhores soluções
para acelerar a industrialização da região. Por isso, era
construtivas e concluía mais rapidamente as obras. A
enorme a demanda por infraestrutura rodoviária, portu-
demanda das indústrias era tão grande que foi criado
ária e urbana.
um departamento de projetos exclusivo. “Corríamos o
Para a CNO, então consolidada na Bahia, era impera-
risco de quebrar um vaso de cristal: uma eventual inefi-
tivo crescer. O maior mercado do país naquele momento
ciência em uma obra macularia nossa eficácia nas ou-
informa
31
Lia lubambo
Murillo Martins: “Pude beber direto da fonte”
tras. A meta era que o cliente sempre saísse satisfeito”,
falecido), Murillo assumiria suas primeiras obras: a
diz Renato.
sede da Prefeitura, a Reitoria da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o Centro de Convenções e o
De Martins para Martins
Edifício-sede da Sudene. “Havia muita concorrência.
Em 1963, Renato admitiu como estagiário outro
Vencíamos na técnica, com as melhores soluções”, re-
Martins: Murillo, um jovem engenheiro pernambuca-
corda o engenheiro, que em 1976 passou à direção do
no. Não eram parentes, mas, assim como Renato, ele
escritório, onde ficaria até 1999, quando se desligou da
também faria história na empresa. Com pouco tempo
empresa.
de casa, Murillo foi convidado por Norberto Odebrecht, em 1964, para trabalhar em Salvador. “Pude beber direto da fonte. Doutor Norberto sabia apontar ineficiências de forma muito sutil e humana”, lembra Murillo, 72 anos. Logo ele seria enviado ao canteiro da Barragem de Pedras, em Rio de Contas (a 565 km de Salvador), uma das maiores obras da época. Além do aprendizado profissional intenso, o ano vivido no interior baiano foi um verdadeiro curso de sobrevivência. “Era um lugar muito agreste, tudo ali era difícil. Morei em uma casinha de madeira. Era comum ficar um, dois dias sem tomar banho, porque a água do rio era usada para lavar animais, recebia esgoto... As coisas não eram como hoje.” Em 1967, Renato retornaria de Pernambuco para a Bahia pronto para usar o know-how acumulado em Recife na expansão da CNO para outros estados e países. No mesmo ano, um amadurecido Murillo faria o caminho inverso. De volta a Recife, agora sob a supervisão do engenheiro Adelmar Xavier (diretor naquela época e já
32
informa
Engenheiro de pessoas, líder-educador Sob a liderança de Murillo, a CNO entraria com força nos anos 80, que trariam grandes desafios, como o Metrô de Recife e o Porto de Suape. Foi quando o engenheiro mostrou-se um exímio educador, especialista em formar profissionais. “Ligava para a universidade e pedia indicações. Criava testes simples, poucas questões sobre técnica e procedimento. Ali já sentia a personalidade do cara, sabe?” Com essa simplicidade, Murillo garimpou uma geração de talentos que se tornariam líderes na Odebrecht. Alguns exemplos são Henrique Valladares (atual Líder Renato Martins, um dos pioneiros em Recife: líder de diversos contratos da Odebrecht
do (Líder Empresarial da Odebrecht Venezuela) e Luiz Augusto Teive (Diretor-Executivo da Odebrecht Defesa e Tecnologia – ODT). A lista vai muito além. “Murillo Martins me marcou pela seriedade, confian-
Acervo Odebrecht
Empresarial da Odebrecht Energia), Euzenando Azeve-
ça e dedicação à formação de pessoas”, resume o hoje Vice-Presidente de Operações da Odebrecht, Paulo La-
2000 é Diretor-Superintendente em Recife e hoje atende
cerda, “pupilo” que liderou a obra do Metrô de Recife –
às regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Sob a condução de Pacífico, a Odebrecht participou
entregue em três anos, um recorde até hoje. Um dos estagiários de Murillo, em 1977, foi João Pa-
da realização de grandes projetos, como a Ferrovia
cífico – seu futuro sucessor. “Logo que entrei, meu lí-
Transnordestina, que ligará o Porto de Pecém, no Ceará,
der direto ficou doente e fui trabalhar diretamente com
ao Porto de Suape, em Pernambuco, o Aeroporto de Re-
Murillo, na obra do Centro de Convenções. Entrei com
cife, as novas etapas de Suape, no município de Ipojuca,
a bola rolando, sem treino”, conta Pacífico, que desde
e, mais recentemente, a Arena Pernambuco, na região metropoliatana de Recife, e o Complexo Residencial Reserva do Paiva, em Cabo de Santo Agostinho. “Em Reci-
O Quartel do Derby, em Recife, foi restaurado em 1924 pela Emílio Odebrecht & Cia., empresa que deu origem à Construtora Norberto Odebrecht
fe estamos no céu, na terra e no mar”, afirma Pacífico, com humor. As obras de Suape e da Transnordetina, por exemplo, apesar de realizadas no inteior do estado, são coordenadas a partir do Escritório de Recife. O escritório mantém parcerias com as universidades e segue sendo um fornecedor de quadros para a Organização. Um recente destaque é a engenheira Ana Carolina Farias, 35 anos. Ela – que foi estagiária antes de atuar em grandes obras, como Aeroporto e Transnordestina – tornou-se a primeira mulher a assumir o cargo de Diretora de Contrato na Odebrecht: liderará a construção da fábrica da cervejaria Itaipava. “Faço o que gosto, e é ótimo ter sucesso por fazer bem feito. Dedico minha vida a isso”, afirma Ana Carolina. Sinal de que a missão de 1962 foi bem cumprida. NoLia lubambo
vos capítulos dessa história ficarão por conta dos estagiários de Ana Carolina. E dos estagiários deles. E, então, dos estagiários de seus estagiários... Um exemplo de continuidade.
informa
33
anos
20
pilares Venezuela
do crescimento
texto Luiz Carlos Ramos fotos Andrés Manner
Integrantes locais, que compõem a quase totalidade da Odebrecht na Venezuela, contribuem para a integração e o desenvolvimento do país
34 34
informa
S
ão mais de 20 mil venezuelanos formando a força de trabalho da empresa, dos quais quase 8 mil, integrantes diretos. Mais que participar de grandes projetos que contribuem para a integração e o crescimento do país, eles dão sua
colaboração decisiva para que muitos compatriotas desfrutem de condições de vida melhores. Ao completar 20 anos de atuação, a Odebrecht Venezuela tem o reconhecimento da sociedade, e suas equipes fazem disso, sobretudo, um incentivo para produzir mais e melhor. “Temos orgulho de nossa contribuição para o progresso do país proporcionada ao longo destes 20 anos”, diz Euzenando Azevedo, Líder Empresarial da Odebrecht Venezuela, condutor da atuação da empresa desde 1994. “Isso vem sendo possível por meio das obras que realizamos e também da execução de programas de sustentabilidade nas comunidades em que atuamos, da permanente integração de venezuelanos às nossas equipes e da transferência de tecnologia”, acrescenta. Integrante da Odebrecht Venezuela desde 2000, José Cláudio Daltro, Responsável por Administração, Finanças e Pessoas, argumenta: “Nestas duas décadas, nos tornamos parte da família venezuelana. Desde o início, nos propusemos a participar da vida das comunidades, abrir oportunidades aos jovens profissionais venezuelanos, buscar o diálogo com o meio empresarial e acadêmico. Mergulhamos na realidade do país para conhecê-lo e fazer dele nosso lugar de trabalho e nosso lar”.
Do shopping center às pontes sobre o Orinoco De 1992 a 2012, a Venezuela saltou de 20 milhões de habitantes para quase 30 milhões. A busca de soluções para a infraestrutura no setor de transportes e o fornecimento de energia elétrica está entre os imperativos atuais do país. A Odebrecht cumpre expressiva participação nessas áreas. O início da empresa no país, entretanto, esteve distante desse front. Em 1992 foi assinado o contrato para a primeira obra: a construção do shopping center Centro Lago Mall, em Maracaibo, a segunda maior cidade venezuelana. Os Obras da Terceira Travessia sobre o Rio Orinoco: nova realização que contribuirá para a integração nacional
seis anos que se seguiram a essa primeira conquista exigiram paciência e persistência, até a estreia em Caracas, em 1998, com o contrato da Linha 4 do Metrô. Dois anos depois começariam as obras de um projeto emblemático (para a Odebrecht e para a Venezuela): a segunda travessia sobre o Rio Orinoco, a Ponte Orinoquia, inaugurada em 2006, com 3.156 m. Era a consolidação da presença nacional da Odebrecht.
informa
35
Hoje, a empresa constroi outra ponte, a terceira travessia sobre o mesmo rio; executa a Hidrelétrica de Tocoma, no Rio Caroní; e dá prosseguimento à sua intensa atuação nos sistemas de metrô
Renato Gerab: responsabilidade pelo sistema integral
de Caracas e Los Teques, com um total 65 km de linhas em construção. As perspectivas atuais abrangem a participação em projetos nos setores de infraestrutura, industrial, de petróleo e gás, petroquímico, de segurança alimentar e imobiliário. A Odebrecht Venezuela busca novas formas de contribuição e se renova por meio dos jovens. A engenheira venezuelana Kaira Visaez é um exemplo da nova geração de integrantes. Ela tinha 8 anos quando a Odebrecht chegou ao país. “Cresci ouvindo falar na Odebrecht. Cursei a universidade e, em 2007, ingressei na empresa”. Aos 28 anos, ela trabalha nas obras de Tocoma. Kaira é filha do engenheiro Johnny Gamboa, Responsável pela Sala Técnica de Engenharia de Tocoma, e da engenheira Dorje Longart, que também trabalhou na empresa. “Aprendi desde cedo, em minha casa, a admirar esse estilo de trabalho e de vida.” Tocoma, com capacidade para gerar 2.280 MW, é a quarta e última das
sobre o Rio Orinoco, entre as cidades de Cabruta, no
usinas do Rio Caroní. Juntas, somarão 17.700 MW.
Estado Guarico, e Caicara, no Estado Bolívar. A obra
A pouco mais de 500 km de Tocoma, a Odebrecht
deverá estar concluída em 2017. Trata-se de um sis-
desenvolve, há seis anos, as obras da terceira ponte
tema viário de 30 km, que concentrará acessos às cidades e ligações a rodovias. A ponte terá extensão de 11.125 m, ocupando o segundo lugar entre as maiores da América Latina, atrás apenas da Rio-Niterói (13.290 m). O engenheiro Christian Saghy, o primeiro venezuelano a ocupar o cargo de Gerente de Produção em obras da Odebrecht no país, explica: “A ligação pela ponte possibilitará a exploração de recursos minerais e facilitará o povoamento da região sul do país”.
Metrôs de Caracas e Los Teques A região metropolitana de Caracas, com cerca de 7 milhões de habitantes, está entre as 10 mais populosas da América Latina. Seus moradores enfrentam enormes engarrafamentos, e o metrô Kaira Visaez: a TEO em casa
surge como salvação. Caracas tem duas redes, agora unidas: a da própria Capital Federal e a de uma cidade que fica a quase 40 km – Los Teques, capital do Estado Miranda. Desde 1998 até os próximos anos, serão 119 km de metrô a cargo a Odebrecht Venezuela.
36
informa
cuidou da Linha 1 de Los Teques, que garantiu a conexão com Caracas em 2006. A Odebrecht está concluindo a Linha 2 de Los Teques e em breve dará início à Linha 3. O engenheiro Ricardo Gomez, que está na Odebrecht há nove anos, é Responsável por Equipes na Linha 5 de Caracas, cuja construção usa máquinas shield (tatuzão) para abrir túneis. “Atravessamos uma área de muito movimento da capital e, mesmo assim, os moradores e o trânsito não são afetados”, assinala. Em Los Teques, com a Linha 2, a situação é semelhante, de acordo com o engenheiro mecânico José Avelino Goncalves de Oliveira, venezuelano filho de portugueses. Ele trabalha na Odebrecht há seis anos. Ingressou na empresa por meio do Programa Jovem Parceiro, em 2006. “Esta linha de 12 km passa pelo centro da cidade, com seis estações e trechos subterrâneos. Tem sido emocionante participar da obra”. O Gerente Comercial Renato Gerab, de São Paulo, com sete anos de atuação na Odebrecht, relata: Em Caracas, a empresa é responsável pela Linha
“Além das obras civis, somos responsáveis pelo
5, tendo executado também as Linhas 3 e 4. Fez os
Sistema Integral, que inclui instalação de vias
Metrocables Mariche e San Agustín e o Cabletren,
permanentes, controle de operação, eletrifica-
prepara o Sistema Caracas-Guarenas-Guatire e
ção e bilhetagem”.
Ricardo Gomez: experiência desafiadora
informa
37
Christian Saghy: jovem líder da Odebrecht Venezuela
Produção de alimentos
rios. A ampliação do projeto levou à construção
A Odebrecht Venezuela também desenvol-
de moradias e de modernas instalações para o
ve para o Governo projetos agrários voltados à
desenvolvimento da agriculura e da pecuária. Já
produção de alimentos. O primeiro, cujas suces-
o Projeto Agrário Integral Socialista José Inácio
sivas etapas começaram a ser concluídas em
de Abreu Lima, em execução no Estado Anzoá-
2006, foi na região de Maracaibo: o Projeto de
tegui, consiste em um complexo agroindustrial
Irrigação El Diluvio-Palmar. No início, era ape-
para produzir derivados da soja. São cinco mó-
nas para garantir a irrigação de uma área, mas
dulos: planta de secagem com armazenamen-
o programa foi ampliado e converteu-se em um
to, planta de carne e leite de soja, agronegócio,
plano integral orientado para o desenvolvimento
central de mecanização e centro de formação.
do interior, a segurança alimentar e a ocupação
Por meio de um acordo de cooperação entre os
ordenada da fronteira com a Colômbia. Passou
dois países, técnicos brasileiros vêm trocando
a se chamar Projeto Agrário Integral Socialista
informações com profissionais venezuelanos
Planície de Maracaibo. Sua infraestrutura ba-
para que o programa tenha sempre o apoio de
seia-se em uma rede formada por um duto prin-
assistência técnica e, com isso, amplie a produ-
cipal, de 48 km, e canais secundários e terciá-
ção a cada ano. Os 20 anos de realizações da Odebrecht no país têm recebido, ao longo desse tempo, im-
VENEZUELA
portantes reconhecimentos da comunidade, do poder público, do meio acadêmico e de entidades de classe. São exemplos disso os prêmios
Alguns destaques • Integrantes: 7,5 mil (dos quais apenas 163 não são venezuelanos) • 5 linhas de metrô executadas e em execução: 3 três em Caracas e 2 em Los Teques)
• 2 pontes: Ponte Orinoquia, a Segunda Travessia sobre o Rio Orinoco, concluída em 2006, e a Terceira Travessia sobre o mesmo rio, em construção
• 1 usina hidrelétrica em execução: Tocoma, com capacidade instalada de 2.280 MW
de Construtora do Ano do Estado Zulia, pela atuação da empresa nas obras do shopping
center Centro Lago Mall (1998) e o da Câmara Venezuelana da Construção, pela Ponte Orinoquia (2007), honraria repetida em 2011 pelas obras do Metrocable San Agustín. “Para nós, esses prêmios simbolizam a aceitação e a confirmação da Odebrecht como uma empresa venezuelana, feita por venezuelanos para venezuelanos”, diz Euzenando Azevedo.
38
informa
anos
5
ETH
novos e melhores
dias “A
texto Elea Almeida fotos Guilherme Afonso
Com seus investimentos em pessoas e tecnologia, ETH contribui estrategicamente para o aprimoramento do setor sucroalcooleiro no Brasil
grama da frente do escritório principal eu ajudei a plantar. Esse prédio nem existia quando a ETH chegou”, conta Sérgio Ostete, supervisor agrícola de irrigação da Unidade Alcídia, da ETH Bioenergia, uma das que compõem o Polo São
Paulo da empresa. Integrante desde a compra da unidade, em 2007, a primeira adquirida pela empresa, o paranaense foi uma das pessoas que acompanharam de perto o crescimento da ETH e se desenvolveu com ela, de tratorista a líder. Em julho de 2007, a Organização Odebrecht deu início à sua atuação no setor de etanol, energia elétrica a partir da biomassa e açúcar, com a liderança da ETH, confiante no potencial de crescimento do negócio e das vantagens competitivas do Brasil.
39
“A ETH é um belíssimo exemplo da capacidade de empresariamento e ousadia da Organização Odebrecht. Ingressamos em um novo setor, no qual não tínhamos tradição nem expertise, e empresariamos um grande projeto”, afirma o Líder Empresarial Luiz de Mendonça.
Frente de serviço da ETH: modernização do trabalho nos canaviais
informa
39
Sérgio Ostete: na ETH desde 2007
Apenas cinco anos se passaram, e hoje a empre-
danças tecnológicas trazidas pela ETH. Milda é inte-
sa opera nove unidades, distribuídas em cinco polos,
grante da Unidade que faz parte do Polo Taquari, que
localizados em São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Mato
contempla também a Unidade Alto Taquari.
Grosso do Sul. Neste último, foi comprada em 2008 a segunda unidade, Eldorado, onde, desde então, tra-
O desafio da formação de pessoas
balha Leandro Mota, líder de utilidades. Segundo ele,
O número de integrantes da ETH subiu dos mil ini-
a chegada da ETH trouxe mudanças, a começar pelas
ciais para mais de 15 mil atualmente. O compromisso
regras de segurança, priorizando a vida dos integran-
da empresa com o desenvolvimento de pessoas im-
tes, e oportunidades de desenvolvimento. “Aprendi a
pulsionou, em 2009, a consolidação de uma parceria
ouvir e me colocar no lugar da outra pessoa. Lideran-
com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
ça não é fácil: é preciso saber dialogar, capacitar e
(Senai) nas cidades onde a ETH tem operação. Givanil-
engajar.”Em 2009, mais três unidades foram inaugu-
do Rufiro, supervisor do plantio mecanizado na Unida-
radas: Rio Claro (Polo Goiás), Santa Luzia (Polo Mato
de Rio Claro, no Polo Goiás, de início surpreendeu-se
Grosso do Sul) e Conquista do Pontal (Polo São Paulo).
com a valorização das pessoas. “Estava acostumado a
No Polo Araguaia, nas unidades de Morro Vermelho
trabalhar em usinas que só pensavam em produção e
e de Água Emendada, inauguradas em 2010 e 2011,
não nas pessoas”, diz ele, que chegou à ETH quando a
respectivamente, a líder de frente Ana Paula Bernar-
Unidade Rio Claro ainda estava no papel.
des concentra-se em contribuir para a capacitação
Para Luiz de Mendonça, o maior desafio é a forma-
dos integrantes. Quando ingressou na empresa, ela
ção de pessoas e o aculturamento. “Todos os nossos
conhecia pouco a área de produção agrícola, mas hoje
integrantes são donos do seu próprio negócio, são
usa a própria história para motivar outros integrantes,
empresários e agentes do seu próprio crescimento e
especialmente mulheres. “Às vezes é mais difícil para
desenvolvimento”, salienta.
elas verem que podem se desenvolver. Elas querem crescimento, mas não sabem lidar com isso”, diz.
40
Em 2010, a ETH acelerou seu plano de crescimento e hoje busca se consolidar como a maior produ-
Na Unidade Costa Rica, inaugurada em 2011, Milda
tora mundial de etanol e energia elétrica a partir do
Nunes, operadora de máquinas agrícolas, é uma das
bagaço da cana-de-açúcar. Com a inauguração, no
poucas mulheres da área e não se intimida. Desde os
mesmo ano, das unidades Morro Vermelho e Alto Ta-
10 anos, quando perdeu a mãe e abandonou a escola
quari, cerca de 944 milhões de litros de etanol foram
para cuidar dos irmãos, não consegue ficar sem tra-
produzidos na safra 2011 -2012, com 12 milhões de
balhar. Apesar do pouco estudo, acompanha as mu-
toneladas moídas. A projeção para a próxima safra,
informa
que se encerra em 2013, é de 1.434 milhões de litros de etanol.
“A ETH continuará a crescer no ritmo que o Brasil precisa crescer na produção de energia limpa e
“Em 2015, nossa empresa já será capaz de moer
renovável. Iniciamos também, em 2012, o estudo de
40 milhões de toneladas de cana, produzir 3 bilhões
projetos de expansão das Unidades existentes e pro-
de litros de etanol e cogerar 2.700 gigawatts/hora de
gramas para internacionalização da produção de eta-
energia elétrica, volume que garantirá o abasteci-
nol, açúcar e energia elétrica em países da África e da
mento de 4,5 milhões de pessoas com energia limpa e
América Latina.
renovável”, projeta Luiz de Mendonça.
“Os resultados que colhemos hoje e a velocidade
Nas relações com a comunidade, os avanços es-
com que nos tornamos uma das maiores empresas
palham-se por meio de iniciativas como o Programa
de bioenergia do país são reflexos do empresaria-
Energia Social para Sustentabilidade Local. Implan-
mento de cada um dos integrantes da ETH, que estão
tado em 2010 em um único município, hoje o pro-
cada dia mais engajados e comprometidos”, ressalta
grama atende a nove cidades, aplicando 20 projetos
o Líder Empresarial.
diferentes.
Leandro Mota: “É preciso saber dialogar, capacitar e motivar”
informa
41
anos
25
42
Argentina
líderes em construção 42
informa
Esteban Trouet, o segundo a partir da esquerda, com integrantes de sua equipe direta (Adrian Eckert, Javier Maurizzi e Sergio Sapienza, a partir da esquerda): a nova face da Odebrecht Argentina
Nova geração de integrantes consolida posição de vanguarda da Odebrecht na Argentina texto Cláudio Lovato Filho fotos Bruna Romaro
informa
43
N
aquela época, Esteban Trouet era um
Esteban Trouet, no canteiro de obras do Projeto CCR,
menino de 12 anos em sua Córdoba
no Complexo Industrial da YPF em Ensenada, na re-
natal. Foi em 1987, ano da formali-
gião metropolitana de La Plata, são 60 km. A impo-
zação do Mercosul, quando alguns
nência da obra que Esteban lidera é inversamente
pioneiros da Odebrecht instalaram o
proporcional ao espaço que ele e sua equipe dispõem
escritório da empresa em Buenos Aires. Havia a ex-
para executá-la.
pectativa de levá-la a participar da construção de uma
A unidade de tratamento de naftas petroquímicas,
grande usina hidrelétrica na Patagônia, cujo nome
que permitirá incrementar a produção argentina de
complicado fazia muita gente trocar letras e optar
combustíveis Super e Premium (que têm mais qua-
pelo uso das iniciais: Pichi Picún Leufú, PPL. A obra
lidade e são menos nocivos ao meio ambiente), está
foi conquistada, e os primeiros movimentos no can-
sendo implantada em uma área bastante reduzida,
teiro ocorreram em 1989. Esteban Trouet formou-se
com todo o complexo da YPF em pleno funcionamen-
engenheiro civil e deixou Córdoba. Hoje, aos 37 anos, é
to. Não há espaço livre aos lados, à frente ou atrás.
o Diretor de Contrato do Projeto CCR, que a Odebrecht
Guindastes são movimentados com extremo cuidado.
Argentina executa na cidade de La Plata.
Antigas estruturas, a maioria com mais de 30 anos
O que significam 25 anos? Para a Odebrecht Ar-
de funcionamento, cercam a nova unidade, que come-
gentina, muito. Tudo. E, ao mesmo tempo, é apenas o
çou a ser construída em 2009 e deverá ser entregue
início de uma história que chega aos dias atuais com
ao cliente em fevereiro de 2013. Além dela, o projeto
a marca da produtividade. Há três anos consecutivos,
inclui um novo flare (queimador de gases) de 118 m
ela é a empresa do setor de engenharia e construção
de altura e o upgrade (reforma e modernização) de
com o maior faturamento na Argentina. Em 2012, foi
instalações existentes. Mais de 1.300 pessoas atuam
eleita a construtora com melhor imagem e reputação
na obra, que está em seu pico.
no país, segundo o ranking Merco (Monitor Empresa-
“Este é o maior projeto petroquímico na Argentina
rial de Reputação Corporativa), publicado pelo jornal
nos últimos 10 anos”, enfatiza Esteban. Ele chegou à
El Clarín, e uma das 40 melhores empresas para tra-
obra em setembro de 2010, vindo do projeto dos ga-
balhar, de acordo com a revista Apertura, publicação
sodutos, no qual respondia pela Gerência de Plantas
especializada em economia e negócios. Atualmente a
Compressoras. No Projeto CCR, foi Gerente de Produ-
empresa executa seis grandes contratos, entre eles
ção e apoiava a Administração Contratual, entre ou-
o projeto de Ampliação da Capacidade de Transporte
tras tarefas, até receber o desafio, em agosto de 2012,
Firme de Gás, que abrange 15 províncias, a constru-
de tornar-se o segundo Diretor de Contrato argentino
ção da Planta de Reformado Catalítico Contínuo, em
da Odebrecht. O primeiro foi Pablo Brottier, que hoje
La Plata, e a implantação do Sistema de Potabilização
atua na equipe direta de Flávio Faria.
da Área Norte, no norte da região metropolitana de Buenos Aires.
Esteban estava em Macaé (RJ), trabalhando para outra organização empresarial, quando conheceu
“Há muitas oportunidades na Argentina”, afirma
Flávio Faria, em dezembro de 2006. No mês seguinte
Flávio Faria, Diretor-Superintendente da Odebrecht
já estava com a família em seu país natal. “Eu que-
no país desde fevereiro de 2008. Ele chegou em 2004,
ria trabalhar na Odebrecht. Era o meu alvo”, relata
para ser Diretor de Contrato do projeto de Ampliação
Esteban. “Na Odebrecht, encontrei um ambiente de
dos Gasodutos Libertador General San Martín e Neu-
confiança, que dá força e tranquilidade para trabalhar.
ba II. “Tanto na área de infraestrutura quanto na de
Meus líderes souberam me apresentar a Tecnologia
projetos industriais, há muitas demandas que o país
Empresarial Odebrecht (TEO), cada um à sua manei-
quer e precisa atender. E existe a consciência de que
ra. Eu queria mudança e procurava manter minha ca-
Brasil e Argentina não irão longe um sem o outro.”
beça aberta para que isso acontecesse.” No dia a dia do Projeto CCR, cada nova manhã
44
“A Odebrecht era o meu alvo”
traz a sua própria carga de desafios. “Nossa equipe
Do centro de Buenos Aires, onde, na sede da Ode-
é composta, em sua grande maioria, de jovens, e, por
brecht, fica o escritório de Flávio Faria, até a sala de
isso, buscamos agregar integrantes experientes”, ex-
informa
Integrante da Odebrecht nas obras do Projeto CCR: o maior investimento do país no setor petroquímico nos últimos 10 anos
eletromecânica. Natural de Blumenau (SC), ele trabalhou no Chile, na Venezuela e em vários projetos no Brasil. Está na Argentina desde janeiro de 2012. É um conselheiro no dia a dia do canteiro. “Faço sugestões e dou orientações. Tem sido uma experiência muito boa. Eu me sinto bem-vindo.”
Ambiente de confiança Allan Abrantes também se sentiu bem recebido quando chegou à Argentina em 2011, vindo do Peru. Ele é Diretor de Contrato da construção do Sistema de Potabilização da Área Norte, realizada na região de Tigre, cidade da região metropolitana de Buenos Aires. Iniciativa da empresa Águas e Saneamentos Argentinos (AySA), a obra foi concebida para assegurar o fornecimento de água potável a mais de 2,5 milhões de pessoas que vivem no norte da Grande Buenos Aires. A água, coletada no Rio Paraná de las Palmas, será conduzida através de um túnel de 14 km até um complexo de potabilização que ocupa 16 hectares. Uma rede de 40 km de aquedutos levará a água até as comunidades beneficiadas. Iniciada em 2008, a primeira das três etapas do projeto deverá estar concluída em dezembro de 2012. Liderada pela Odebrecht, a execução da obra tem a participação da Benito Roggio e Hijos, Supermercado SAIC e José Cartellone Construcciones Civiles e é resultado de um dos maiores investimentos em infraestrutura realizados na Argentina nos últimos 50 anos. “O relacionamento com as comunidades é um dos pontos mais complexos do nosso trabalho”, diz o paraibano Allan. “As pessoas veem as obras chegando plica Esteban, o primeiro integrante argentino a parti-
perto de suas casas, mas a água, ainda não, pois o sis-
cipar do Programa de Desenvolvimento de Empresá-
tema não está concluído. Precisamos saber lidar com a
rios (PDE). A forte participação de jovens na equipe de
expectativa, oferecendo atenção e informação.”
Esteban é uma constante nos contratos da Odebrecht
Allan tem oito Jovens Parceiros em sua equipe.
Argentina. “Hoje, 91% de nossos 2.366 integrantes di-
“Isto aqui é uma escola, e a integração de jovens
retos têm menos de dois anos de empresa”, assinala
locais é essencial para a legitimação da empresa
Diego Pugliesso, Responsável por Pessoas, Organiza-
no país”, ele argumenta. Integrante da Organiza-
ção, Administração e Finanças na Odebrecht Argen-
ção há 23 anos, Allan desfruta de um momento que
tina e um dos integrantes mais antigos da empresa
considera especialmente positivo em sua carreira.
no país.
“Trabalhamos em um ambiente de troca e de con-
A presença de Tácito Antônio Soares no canteiro de obras do Projeto CCR é uma prova da colocação
fiança que facilita o fortalecimento da imagem da Odebrecht no país.”
em prática da mescla de juventude com experiência.
Imagem que começou a ser cultivada com zelo e
Às vésperas de completar 30 anos de trabalho na Or-
competência há 25 anos, a partir da chegada dos pio-
ganização, Tácito é encarregado geral de montagem
neiros da Odebrecht a Buenos Aires. Pioneiros como
informa
Allan Abrantes (o terceiro a partir da esquerda) com Jovens Parceiros no canteiro de obras: legitimação da empresa no país
Construções (BPC) e que há três anos faz parte da equipe de Propostas da Odebrecht Argentina. Ele teve o apoio imediato de Roberto Rodriguez, Diretor de Contrato encarregado do Desenvolvimento de Negócios e um dos mais antigos integrantes da Odebrecht Argentina. Roberto começou na empresa em 1993 e conviveu com Francisco. Os mais jovens, ao conhecerem a história de Francisco e a importância de sua liderança, não tiveram dúvida sobre em que nome votar. A biblioteca fica sob responsabilidade de Ofelia Mesa, 66 anos, integrante da empresa desde agosto de 2002. Ela se sente orgulhosa de cuidar de um local que, apesar de tão novo, carrega, de certa forma, uma história tão longa.
ARGENTINA Ofelia Mesa, Roberto Rodríguez e João Sérgio Torres na biblioteca: homenagem a um líder histórico
Alguns destaques
Francisco Valladares. Falecido em 2004, responsável
• Contratos em execução: 6 • Integrantes: 2.366 (diretos) • O projeto de Ampliação do Transporte Firme de Gás envolve a atuação da
pela empresa quando a denominação do cargo era DPA (Diretor de País), ele foi homenageado recentemente pelos integrantes da Odebrecht Argentina, que deram seu nome à biblioteca instalada este ano na sede da empresa. Foi uma sugestão de João Sérgio Torres, ex-integrante da CBPO e da Bento Pedroso
46
informa
empresa em 15 das 23 províncias do país
• Há três anos consecutivos é a empresa do setor de engenharia e construção com maior faturamento na Argentina
gente Laços que se fortalecem André, Tanja e a vida em um canteiro de obras em Moçambique
R
esponsável por Produção no Projeto Carvão Moatize Expansão, em Tete, Moçambique, o engenheiro
paulista André Canoas está há cinco anos na Odebrecht. Denise Cruz
Diz que sua experiência mais marcante ali relaciona-se Elizabeth com o marido, Michael, e filhos: mãe e profissional
ao convívio com a fauna bravia. É preciso, por exemplo, adaptar a rotina de trabalho aos hábitos dos hipopótamos. André vive no canteiro de obras com a esposa, Tan-
Dupla (e realizadora) jornada
ja Guimarães, advogada no Programa de Administração Contratual. Seu casamento foi incomum. Ele estava em
Elizabeth é hoje a única mulher Gerente de Produção nos Estados Unidos
Salvador, em um curso do PDE, pediu a mão de Tanja por computador e casou-se por procuração. “Morar em um
F
ormada em Construction Management (Gerencia-
canteiro de obras intensifica a relação. Minha mulher
mento de Construção), Elizabeth Lamborghini, natu-
e eu temos vários ‘filhos, irmãos e pais’ aqui em Tete.
ral de Nova York, ingressou na Odebrecht há seis anos,
Somos como uma célula da família Odebrecht, crescen-
como engenheira assistente nas obras do Terminal Sul
do para superar as metas desafiadoras da Visão 2020”,
do Aeroporto Internacional de Miami. Em 2011 foi pro-
afirma.
movida a assistente da Gerência de Produção do projeto Metrorail AirportLink. Nesse meio tempo, teve dois filhos: Michael, hoje com 3 anos, e Joseph, de 1. Quando Elizabeth não pode estar perto, seu marido fica com eles. Ela é Gerente de Produção no Programa de Recupera-
presários (PDE), o que demanda dedicação. Nas poucas horas de lazer, sai com a família para nadar e passear de barco. O próximo passo é um curso de liderança, na universidade. “Nasci para ser mãe e profissional”, afirma. José Manuel, com o a esposa e o filho: família é seu suporte
André e Tanja: casamento incomum
Projeto Moatize
disso, participa do Programa de Desenvolvimento de Em-
foto:
chobee, no centro da Flórida, distante de sua casa. Além
Holanda Cavalcanti
ção Estrutural do Dique Herbert Hoover, no Lago Okee-
Apoios essenciais Em casa e na empresa, José Manuel colhe as dádivas da vida
J
osé Manuel Bravo foi militar e, na tropa, aprendeu a dirigir automóveis. Em 2004, soube da existência de vagas de trabalho na Odebrecht em Benguela,
província onde vive, e ingressou como motorista no Projeto Águas de Benguela. Ao participar de iniciativas de Educação pelo Trabalho oferecidas pela empresa, foi se capacitando. Hoje, na função de técnico especializado III, é responsável administrativo pela frente de serviço do PIB (Projetos de Infraestruturas de Benguela) e Segurança patrimonial de todo o empreendimento. Casado e pai de cinco fiKamene Traça
lhos, ele diz que a família é seu suporte. Frequentemente, caminha com a mulher e os filhos e joga futebol na praia ou em praças, para manter a saúde de todos em dia. “Estou muito contente com meu crescimento”, diz. “Eu sou a prova de que a Odebrecht não é apenas construção de obras: também forma pessoas.”
informa
47
ano
1
Acervo Odebrecht
Odebrecht Energia
Equipe nas obras da Hidrelétrica Santo Antônio, em Rondônia: um dos cinco empreendimentos administrados pela Odebrecht Energia
transição MOVIMENTO de
Odebrecht Energia é a empresa líder da Organização em seu novo desafio como investidora e operadora de ativos de geração
S 48
texto João Paulo Carvalho ão 7 horas da manhã quando os integran-
na Arena Pernambuco, na região metropolitana de Reci-
tes chegam ao canteiro de obras da Hi-
fe, completam o portfólio de ativos geridos pela empre-
drelétrica Santo Antônio, em Porto Velho,
sa, que já negociou a energia a ser produzida por esses
para dar prosseguimento à jornada rumo
empreendimentos. Com sua participação nesses ativos,
à conclusão daquele que em pouco tem-
a empresa será responsável pela produção de mais de
po será um dos maiores empreendimentos de geração
1.400 MW, com um investimento total de R$ 8,3 bilhões,
de energia elétrica do Brasil. Em 2016, quando estiver
dos quais R$ 4,5 bilhões já estão aplicados.
em plena operação e interligada ao Sistema Nacional, a
A experiência da Organização Odebrecht como inves-
hidrelétrica disponibilizará 3.150 MW, o suficiente para
tidora no segmento de geração de energia começou a
atender o consumo de 40 milhões de habitantes.
ser acumulada na década de 1990, com a Hidrelétrica de
Santo Antônio é um dos cinco empreendimentos da
Itá, em Santa Catarina, projeto em que também atuou
Odebrecht Energia, empresa da Organização criada há
como construtora. Na época, dividia a sociedade majo-
um ano para se dedicar exclusivamente a investir e ope-
ritária com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
rar negócios de geração, distribuição e comercialização
De acordo com Gabriel Ybarra, Responsável por Desen-
de energia elétrica. Além de Santo Antônio, as hidrelétri-
volvimento de Negócios na Odebrecht Energia, com a
cas de Chaglla, no Peru, Teles Pires, na divisa de Pará e
participação como investidora do projeto, a Odebrecht
Mato Grosso, o Complexo Eólico Corredor do Senandes,
plantou sua semente no segmento. Quase duas décadas
no Rio Grande do Sul, e a usina solar que será instalada
depois, em julho de 2011, o Conselho de Administração
informa
48
da Odebrecht S.A. homologaria a criação da Odebrecht
por meio da execução de 72 usinas hidrelétricas, 12 ter-
Energia, iniciando um novo ciclo de aprendizado e apro-
melétricas e duas nucleares”.
fundamento de conhecimentos. “A Odebrecht Energia surge pela necessidade de in-
Legado na prática
tegrar os elos da cadeia de valor do segmento”, explica
A experiência acumulada ao longo dos anos tem trazi-
o Líder Empresarial Henrique Valladares. “Atuamos há
do muitos benefícios práticos para a Odebrecht Energia.
muitas décadas como construtores e agora entramos
Um dos grandes trunfos da empresa foi a antecipação
nesse negócio como investidores. Queremos aproveitar
do início da geração em Santo Antônio para março deste
toda a experiência acumulada pela Organização, asso-
ano, nove meses antes do previsto. Seis das 44 turbinas já
ciada a um forte poder de gerenciamento de projetos, e
estão em operação, fornecendo energia para os estados
focar no investimento e operação de ativos de geração
de Rondônia e Amazonas, enquanto a linha de transmis-
de energia elétrica.”
são Porto Velho/Araraquara – que ligará a produção ao
Marco Rabello, Responsável por Finanças e Inves-
Sistema Nacional – não entra em operação. Quando essa
timentos na Odebrecht Energia, destaca um fator que
linha estiver operando, Santo Antônio também fornecerá
tem sido especialmente relevante na caminhada da
energia para o Sudeste. Em nove meses também foi an-
empresa rumo ao crescimento: “Foi muito importante
tecipado o desvio do Rio Huallaga, importante marco da
iniciarmos as atividades contando com uma estrutura
implantação da Central Hidrelétrica de Chaglla. A usina
de governança empresarial sólida, tal qual já existe em
deverá ficar pronta em 2016 e gerará 406 MW, incremen-
outros negócios da Organização, e uma estrutura corpo-
tando em 6,3% a geração de energia limpa no país.
rativa formada por profissionais com grande experiência
Investir em projetos de geração de energia alter-
no setor”. Ele acrescenta: “Um dos principais desafios,
nativa também está no foco da Odebrecht Energia. Na
além de todos os que o mercado nos impõe, foi a cons-
última semana de outubro, o Complexo Eólico Corredor
trução de uma imagem de empresa que investe e opera
do Senandes recebeu a Licença de Instalação concedida
ativos de geração de energia e que, apesar de desvin-
pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio
culada da Construtora, captura uma grande vantagem
Grande do Sul e já deverá ter suas obras iniciadas em
competitiva: a sinergia, considerando-se o conheci-
novembro. O projeto receberá investimentos da ordem
mento e a capacidade da Organização na construção de
de R$ 400 milhões. Além desse complexo, a Odebrecht
usinas hidrelétricas”. Marco Rabello conclui: “Imagem
Energia tem ainda outros 16 parques eólicos, totalizando
essa estabelecida em razão dos mais de 60 anos desde
365 MW.
a construção da nossa primeira usina e que nos cre-
Fernando Chein, Diretor de Geração Eólica, Solar e
denciou internacionalmente como a maior construtora
PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) na Odebrecht
de hidrelétricas do mundo, fora de seu país de origem
Energia, destaca o aspecto estratégico dessa atuação
(segundo a revista Engineering News Record – ENR),
para o país: “O investimento na geração deste tipo de
com participação em mais de 58.500 MW implantados
energia funciona principalmente como reserva para o
Carlos Junior
mercado brasileiro”. Nessa primeira etapa de Senandes serão instalados 40 aerogeradores produzidos pela Alstom, em sua fábrica na Bahia. Cada equipamento tem 95 m de altura e potência de 2,7 MW. Outra aposta da empresa é a geração de energia por meio de biomassa. Atualmente, a Odebrecht Energia realiza a gestão comercial e regulatória para a ETH Bionergia, que gera energia produzida a partir do bagaço da cana-de-açúcar e tem capacidade instalada de 737 MW, distribuídos em nove usinas. “Em paralelo a isso, estamos estudando novos projetos em Goiás, na A partir da esquerda, Gabriel Ybarra, Marco Rabello e Fernando Chein: novo ciclo de aprendizados e aprofundamento de conhecimentos para a Organização
Bahia e em países onde já existe atuação da Odebrecht”, explica Ailton Reis, Diretor de Geração para o Mercado de Biomassa. O meio ambiente agradece.
informa
49
anos
20
México
talento ancestral
para ser moderno texto Fabiana Cabral fotos Holanda Cavalcanti
Pirâmide da Lua no Sítio Arqueológico de Teotihuacán, um dos símbolos do México: no país, a busca de desenvolvimento caminha lado a lado com o passado
50 50
informa
Da usina hidrelĂŠtrica a projetos petroquĂmicos, equipes da Odebrecht participam de obras que ajudam a construir o futuro que os mexicanos desejam
informa
51
“É
ramos uma das primeiras empresas brasileiras a chegar. Não havia internet nem telefone celular.” O relato de Carlos Armando Paschoal remete ao ano de 1991, quando mudou-se para a Cidade do México. Con-
vidado por Pedro Novis, atual Membro do Conselho de Administração da Odebrecht S.A., ele recebera a missão, como Diretor de País, de abrir a CBPO México. “O país tinha muito potencial para projetos como metrôs, hidrelétricas e barragens. Nossa estratégia foi buscar parceiros locais”, explica Carlos Armando. O primeiro sócio foi o Grupo Mexicano de Desarrollo (GMD). Em janeiro de 1992, a Comissión Nacional de Água lançou o edital de Los Huítes – denominada Barragem Luis Donaldo Colosio Murrieta em sua inauguração -, para controlar as enchentes do Rio Fuerte, propiciar irrigação de terras no Estado de Sinaloa, à noroeste do país, e gerar energia elétrica. Em seguida, Augusto Roque chegava à capital para a licitação, como Gerente de Contrato. “Ven-
Jorge Gavino em Michoacán: oportunidades de trabalho e geração de renda
cemos por US$ 10 milhões de diferença. Foi uma emoção muito grande”, ele recorda. “Entregamos a melhor proposta técnica e financeira e formamos o Consórcio Me-
concreto, com 250 mil m3 por mês”, relembra Augusto
xicano Construtor de Huítes, com Odebrecht, GMD, ICA
Roque. “Introduzimos as práticas do Programa de Ação
[Ingenieros Civiles Asociados] e La Nacional Compañía
e da Educação pelo Trabalho e trabalhamos com muito
Constructora”, complementa Carlos Armando.
planejamento”, ele resume. “Conquistamos a confiança
Los Huítes foi um projeto de desafios de tecnologia e prazo, e alta produtividade. “Tínhamos três anos para
e o reconhecimento dos clientes e dos sócios”, salienta Carlos Armando.
concluir nosso ‘cartão de visita’ no México e consegui-
Entre 1995 e 1998, a Odebrecht participou do progra-
mos. Registramos recorde mundial de lançamento de
ma de construção e ampliação de subestações e linhas de transmissão de energia em cinco estados, para a Comisión Federal de Electricidad, e construiu e modernizou plataformas habitacionais do Projeto Cantarell, da estatal Pemex (Petróleos Mexicanos). “Os mexicanos são muito criativos e solidários, têm grande entusiasmo e capacidade de produção”, afirma Carlos Armando, atual Presidente da Ilha Pura – empresa composta por Odebrecht Realizações Imobiliárias e Carvalho Hosken para a construção da Vila Olímpica dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Do México, o atual Diretor da Odebrecht Energia, Augusto Roque, guarda uma lição: “Sou muito preocupado, apesar de otimista. Com os mexicanos, aprendi a ver as coisas com mais tranquilidade”, diz sorrindo. Para Luis Weyll, Responsável pela Odebrecht no Méxi-
Carlos Armando Paschoal: “Nossa estratégia inicial foi buscar parcerias locais”
52
informa
co, desde 2009 no país, existe uma identificação imediata entre brasileiros e mexicanos: “Não existe a figura do estrangeiro. Somos cidadãos falando ‘portunhol’”. Segundo
Guillermo Iturbide, Subdiretor de Projetos da Pemex, lembra que as empresas enfrentaram com êxito a alta do petróleo e dos preços de equipamentos, em 2005: “Construímos equipes com os mesmos objetivos e, com comunicação eficiente e confiança, obtivemos sucesso”. A refinaria foi reinaugurada em julho de 2011, com capacidade de produção ampliada para 250 mil barris por ano. “Nos consideramos uma empresa mexicana, jovem e com potencial de crescimento”, avalia Vito Facciolla.
Água para ‘tierras calientes’ Em 2007, no Estado de Michoacán, equipes da Odebrecht chegavam à cidade de Nueva Itália para executarem o Projeto Hidroagrícola de Michoacán. Na região denominada Tierras Calientes, com solo fértil e bom clima para a agricultura, o projeto nasceu para solucionar a escassez de oferta de água por meio da reserva e distribuição controlada dos recursos hídricos. Composto de uma barragem com capacidade para armazenar 100 milhões de m3 de água e de um sistema de condução por gravidade, o projeto foi concluído em 2011. Fornece água para ele, a Organização identifica oportunidades no país rela-
12.500 hectares de terra e produz 4,5 MW de energia. Com
cionadas à água, energia e etanol, além de engenharia e
o início da irrigação, as áreas produtivas da região – que
petroquímica. “Nossa transversalidade é uma força dife-
possui o maior ejido (cooperativa) do México, com 1.038
renciada”, comenta. A Odebrecht conquistou, pelo quin-
associados – subiram de 10 mil para 18 mil hectares. “No
to ano consecutivo, o distintivo de Empresa Socialmente
período de seca, ficávamos mais de 40 dias sem água.
Responsável, concedido pelo Centro Mexicano para a Fi-
Hoje, voltamos a plantar arroz e cana-de-açúcar”, infor-
lantropia, e foi considerada, pelo quarto ano consecutivo,
ma Roberto Doddoli Calderon, um dos associados.
uma das 100 melhores empresas para trabalhar no país, de acordo com o Instituto Great Place to Work.
Uma jovem empresa mexicana Em 2012, ano em que a Organização celebra duas
“Deixamos para a região oportunidades de trabalho e geração de renda. Em parceria com universidades locais, 17 Jovens Parceiros foram formados e alguns são Responsáveis por Programas atualmente”, informa Jorge Gavino, Diretor de Contrato.
décadas de atuação no México, Vito Facciolla completa 10 anos no país. Ele chegou, em 2002, para apoiar no
Trabalho sinérgico
desenvolvimento das operações, após a crise econômica
De volta à Veracruz, na região industrial de Coatzacal-
mexicana da década de 1990. “Víamos um mercado mais
cos, a joint venture formada por Braskem e Idesa realiza a
aquecido. O PIB do México era um dos mais altos e a Pe-
implantação de um complexo petroquímico com capacida-
mex anunciara uma série de investimentos”, conta o atual
de para produzir mais de 1 milhão de toneladas de polieti-
Diretor de Contrato na Odebrecht Engenharia Industrial.
leno por ano. Atualmente, 70% do produto é importado dos
Um novo projeto foi conquistado no fim de 2004. Em
Estados Unidos. “O Etileno XXI é um dos maiores exemplos
parceria com a espanhola Técnicas Reunidas e o mexica-
de transversalidade na Organização, com atuação da Ode-
no Grupo Río San Juan, a Odebrecht iniciava as atividades
brecht América Latina, Odebrecht Engenharia Industrial,
de modernização da Refinaria General Lázaro Cárdenas,
Foz do Brasil e Braskem no mesmo projeto”, explica Ro-
no Estado de Veracruz, em fevereiro do ano seguinte. O
berto Bischoff, Líder da Braskem Idesa. José Luis Uriegas,
complexo, implantado em 1906, é o mais antigo da Améri-
Diretor Geral da Idesa, afirma que é o maior investimento
ca Latina e recebeu investimentos de US$ 4 bilhões.
em petroquímica no México (e do Brasil no país).
informa
53
Etileno XXI: Odebrecht América Latina, Odebrecht Engenharia Industrial, Foz do Brasil e Braskem no mesmo projeto
A associação das petroquímicas brasileira e mexicana
cerca de 60% dos novos integrantes passarão por cursos
foi firmada em 2010, após vencerem o leilão de forneci-
de qualificação profissional”, diz Francisco Penteado, Di-
mento de gás etano da Pemex, com contrato de 20 anos.
retor-Superintendente da Odebrecht.
“Buscamos o equilíbrio da matriz de matéria-prima da
Gelácio Alvarez Dominguez, 33 anos, era professor na
Braskem, entre o nafta e o gás, sendo o último mais com-
cidade de Nanchital e trocou a sala de aula por um lugar
petitivo”, esclarece Stefan Lepecki, Diretor do Projeto. “É
no Projeto Etileno XXI. “Percebi que aqui existe preocupa-
o primeiro projeto internacional greenfield da Braskem”,
ção com o ser humano”. Gilberto Gonzales, 25 anos, co-
reforça Cleantho Leite, Diretor Comercial e de Desenvol-
meçou como ajudante, há um ano, e foi promovido para
vimento de Negócios.
encarregado de produção. “Quero fazer faculdade de en-
A primeira fase, de terraplenagem, foi finalizada em
genharia”, revela.
outubro deste ano, com dois meses de antecedência. De
Atualmente, 2 mil pessoas atuam em centros ope-
acordo com Luiz Gordilho, Diretor de Contrato na Ode-
racionais contratados na Itália, França, Holanda, Índia,
brecht América Latina, o transporte de 7,5 milhões de
Colômbia, Estados Unidos e México. “Em 2015, com a
m de terra ocorreu durante apenas seis meses. “Com o
partida do complexo, queremos ser reconhecidos como
comprometimento das equipes, incentivo à produtividade
grandes fornecedores de polietileno no México”, informa
a partir do segundo mês de obras, bom relacionamento
Roberto Bischoff. “Vamos fazer parte da nova realidade de
com as comunidades do entorno e programas de Saúde,
investimentos no país”, conclui.
3
Segurança e Meio Ambiente, conseguimos antecipar o prazo e reduzir os custos do projeto para a Braskem Idesa”, pontua Luiz Gordilho. Para a segunda etapa, de construção do complexo – que compreende uma planta de cracker, duas plantas de
MÉXICO
polietileno de alta densidade, uma de polietileno de baixa densidade e sistemas de fornecimento de utilidades -, foi
Alguns destaques
contratada a joint venture formada pela Odebrecht Engenharia Industrial (líder), pela italiana Tecnip e pelo grupo mexico-americano Ica Fluor. “As empresas se complementam e vamos garantir performance de processos e produção, respeitando as condições de sustentabilidade ambiental”, assegura Eduardo Rozendo, Diretor de Contrato. “Serão geradas 8 mil oportunidades de trabalho e
informa
• Estreia da Odebrecht no país ocorreu com o projeto Los Huítes, cujo contrato foi conquistado em 1992. Na obra, foi registrado o recorde mundial de lançamento de concreto.
• Transversalidade: no projeto Etileno XXI, em execução, atuam quatro empresas da Organização – Odebrecht América Latina, Odebrecht Engenhaira Industrial, Foz do Brasil e Braskem.
anos anos
5 10
anos
5
Casas Familiares Igrapiúna Rurais
BraskemNeves Casas Rurais Pres.Familiares Tancredo
Deian de Andrade na plantação de abacaxis de seu pai: família feliz com o aprendizado e os resultados obtidos por ele em sua horta
Casas familiares rurais de Presidente Tancredo Neves e Igrapiúna formam jovens empresários que lideram suas comunidades
no ar
Um cheiro de futuro
Q
texto Carlene Fontoura
fotos Almir Bindilatti
uem chega é logo envolvido pelo aro-
Educando da Casa Familiar Rural de Presidente
ma agradável e o frescor natural.
Tancredo Neves (CFR-PTN), o jovem de 18 anos de-
São diferentes cheiros – de hortelã,
senvolve seus cultivos utilizando técnicas aprendidas
coentro, salsinha – que causam uma
na unidade de ensino. Criada em 2002, a CFR-PTN
curiosa confusão de sentidos. O olfato
celebra 10 anos de contribuição para a formação de
é convocado a perceber os odores, o paladar se agu-
novas gerações de empresários rurais. Um deles é
ça. Verdinha e bem cuidada, a horta é motivo de orgu-
Deian, que vende as hortaliças para dois estabeleci-
lho para a família. “Estou feliz com o resultado. Com
mentos da comunidade, lucrando R$ 500 por mês so-
o trabalho do meu filho, aumentamos nossa renda e
mente com esse negócio.
55
mantemos a despensa cheia”, comemora Iraci Perei-
“Aqui em minha terra tenho condições de me man-
ra, mãe de Deian de Andrade. Morador da comunidade
ter com dignidade e sou autor do meu destino”, afirma
de Moenda (município de Presidente Tancredo Neves,
Deian. Quionei Araújo, Diretor de Ensino, salienta que
Baixo Sul da Bahia), Deian é responsável pelo plantio
o principal motivo para comemorar uma década de
na propriedade.
CFR-PTN é “contabilizar 250 jovens, entre formados
informa
55
Aula na CFR de Presidente Tancredo Neves: matriz curricular voltada para a realidade do campo
e concluintes, beneficiados com o ensino ofereci-
e Crescimento Integrado com Sustentabilidade do
do pela instituição”. Em 2009, a Casa foi autorizada
Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo
pelo Conselho Estadual de Educação da Bahia a mi-
Sul da Bahia (PDCIS) desde 2008. Fomentado pela
nistrar o Curso Técnico em Agropecuária integrado
Fundação Odebrecht e parceiros, o PDCIS se propõe
ao Ensino Médio, tornando-se a primeira nas regi-
a concretizar um objetivo comum, superior e nobre:
ões Norte e Nordeste com essa aprovação.
construir uma classe média rural estruturada em
Oferecendo um curso com duração de três anos, a Casa Familiar mantém a matriz curricular voltada
unidades-família, protagonista do próprio desenvolvimento e crescimento sustentável.
para a realidade do campo e aplica uma metodologia chamada Pedagogia da Alternância. Os estu-
Sinergia que gera resultados
dantes passam uma semana em período integral na
A CFR-PTN está integrada à Cooperativa dos
CFR-PTN e duas semanas em suas propriedades,
Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves
praticando os novos aprendizados. “Não utilizáva-
(Coopatan) para formar a Aliança Cooperativa Es-
mos as técnicas corretas de plantio. Quando nosso
tratégica da Mandioca e Fruticultura. Nesse mo-
filho explicou passo a passo, os resultados surgi-
delo, os jovens recebem formação voltada para o
ram”, revela Iraci Pereira.
campo e os agricultores, além de orientação téc-
A horta de Deian de Andrade faz parte do Pais –Produção Agroecológica Integrada e Sustentável,
56
nica, garantem o escoamento dos produtos e justa remuneração.
tecnologia social fomentada pela Fundação Banco
Em pouco tempo na CFR-PTN, Deian influenciou
do Brasil (FBB). Implantada na sede da CFR-PTN
seu pai a se associar à Coopatan. Denilson de An-
em 2011, a iniciativa está sendo reproduzida com
drade reestruturou a plantação de abacaxi e hoje
as famílias dos educandos e busca promover uma
entrega os frutos para a cooperativa, que reúne
agricultura que não agrida o meio ambiente. A FBB
outros 214 associados. Jailton Ribeiro também vive
apoia as ações do Programa de Desenvolvimento
essa realidade. Com 22 anos, o jovem se formou na
informa
CFR-PTN em 2008 e, com seu pai e irmão, cuida
CFR-I, aprendi a valorizar o lugar onde nasci”, afir-
de diversas plantações em 40 hectares. “O apoio da
ma. Moradora da comunidade de Limoeiro, em Ca-
Coopatan é fundamental para que os alimentos se-
mamu (BA), Liana começou a cultivar cacau, serin-
jam comercializados em redes de supermercados”,
ga e banana em sua propriedade.
conta Jailton. “Com o conhecimento que adquiri na Casa, alio qualidade e menor custo”, completa.
Em 2012, a CFR-I também celebra a conquista de parcerias com a Mitsubishi Corporation do Brasil, que está investindo na formação dos jovens, e com
Mudar a vida das pessoas
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Assim como para a CFR-PTN, 2012 também é um
Social (BNDES), que liberou recursos para reforma
ano especial para a Casa Familiar Rural de Igrapiú-
da sede.
na (CFR-I). Comemorando cinco anos de atuação, a
Ao permitir que o estudante assimile os conhe-
CFR-I mantém sua missão de transformar a vida de
cimentos praticando-os em seu cotidiano, as casas
pessoas. Um exemplo é Edilton Clemente, 27 anos,
familiares trazem em sua essência um dos pontos
que vem cultivando palmito de pupunha. Para ele,
norteadores da Tecnologia Empresarial Odebrecht:
que é morador do assentamento Mata do Sossego,
a Educação pelo Trabalho. “Dessa forma, o empre-
em Igrapiúna (BA), a passagem pela Casa foi deter-
sário do amanhã se capacita para conduzir seus ne-
minante para suas escolhas. “Sem essa oportuni-
gócios com responsabilidade e exercer seu papel de
dade, teria procurado trabalho fora”, assegura.
líder de sua história e transformador da realidade
Formada em 2011, Liana Souza, 20 anos, reforça as experiências vividas. “Ao ingressar na
local”, salienta Joana Almeida, Assessora Educacional da Fundação Odebrecht.
Edilton Clemente: “Sem essa oportunidade, eu teria procurado trabalho fora”
informa
57
PERFIL: Tiago Britto
Sempre em família Em casa ou nos canteiros de obra da Odebrecht, onde trabalha há 40 anos, Tiago tem um sentimento semelhante: lar texto Edilson Lima foto Kamene Traça
F
oi em 1972, em fevereiro,
quando se casaram. De 1980 a 89,
em plena efervescência do
Tiago passou por diversas obras
carnaval baiano, com mui-
em Goiás, Sergipe, Alagoas, Bahia
to sol nas belas praias de Salva-
e Pernambuco. Desse período, um
dor, que Tiago Britto ingressou na
dos projetos mais especiais para
Odebrecht para estagiar. “Para um
ele foi a restauração da BR-101,
jovem baiano, o desafio foi grande,
na Bahia, no trecho entre Rio do
viu?”, ele brinca. Tiago sabia que
Braço e Rio Preto. “Foi a primeira
naquele estágio estava a oportu-
obra conquistada por mim e onde
nidade de construir o futuro com o
me tornei Diretor de Contrato”, ele
qual sonhava. Em 2012, ele com-
recorda com emoção.
pletou 61 anos de idade e 40 anos
Em 1989, morando no Recife,
de empresa. “Foi o meu primeiro e
já com as filhas Priscila e Flávia,
único local de trabalho”, diz, com
então com 7 e 5 anos, respec-
orgulho.
tivamente, Tiago recebeu uma
Após dois anos de estágio,
proposta para conduzir obras em
Tiago formou-se em engenharia
Portugal. Lá, esteve à frente de
civil pela Universidade Federal
projetos rodoviários e ferroviá-
da Bahia (UFBA) e transferiu-se
rios e de construção de pontes,
para Pombal (PB), para atuar na
entre outros. Em 1996, tornou-se
construção de uma rodovia. “Pela
Responsável por Meio Ambiente,
primeira vez experimentei a força
programa criado para concentrar
da confiança. Eu era o único enge-
os projetos desenvolvidos no país
nheiro e responsável por tudo. Meu
ligados ao tratamento e abasteci-
líder, Vitor Pinheiro, com quem eu
mento de água e ao tratamento de
aprendi muito no início da carreira,
resíduos sólidos.
ficava em João Pessoa, a 400 km”, ele relembra.
58
Em Portugal, Tiago acumulou importantes lições. Uma delas,
Depois da Paraíba, o jovem
sobre administração contratual.
engenheiro foi para Sergipe, no
“Houve ocasiões em que passa-
fim de 1976, onde conheceu Tere-
mos noites e noites lendo e relen-
za, com quem namorou até 1980,
do os contratos e as leis portugue-
informa
Tiago com uma das filhas, Flávia, e a esposa, Tereza, em Luanda: participando do desenvolvimento de Angola
sas, para saber como proceder de forma correta com o cliente”, ele relata. Durante os 13 anos por lá, ele conheceu vários países: “Viajei pela Europa quase toda. Foi um período de muito aprendizado”. Quando retornou ao Brasil, em 2002, a família ficou em Salvador, mas ele não parava em casa. Tornou-se responsável por obras em vários estados do Nordeste até que, em 2007, foi convidado para liderar o projeto Vias de Luanda. Não perdeu tempo e partiu para Angola. Assim que chegou, passou a liderar uma série de projetos de infraestrutura realizados na cidade. No momento, Tiago é Diretor de Contrato do projeto Vias Estruturantes, um conjunto de obras viárias executadas na região metropolitana, concebido para melhorar os acessos da capital angolana. “Tenho satisfação em poder contribuir para o desenvolvimento do país”, comenta. Tiago vive com Tereza e Flávia, a filha mais nova, em um condomínio. Priscila vive em Salvador, com o filho de 3 anos, que tem o mesmo nome do avô. Aos sábados, Tiago costuma jogar tênis e às terças-feiras não falta ao futebol com os amigos. Sobre o significado desses 40 anos de trabalho na Organização, ele afirma: “Na Odebrecht, me desenvolvi e cresci. E, para isso, algumas pessoas, como Renato Baiardi [Membro do Conselho de Administração da Odebrecht S.A.] e Silvio Brown [ex-Diretor), foram fundamentais. Tenho uma relação de confiança e lealdade com a empresa e busco retribuir tudo o que aprendi, servindo e ensinando, principalmente aos jovens”.
informa
59
20
anos
anos
20 25
Equador Argentina
Colômbia
Formação de pessoas e contribuição para o desenvolvimento sustentável das comunidades: marcas da atuação no Equador e na Colômbia
Projeto Santa Elena: obra de estreia no Equador
60 curvas Acervo Odebrecht
de crescimento
60
texto Júlio César Soares e Renata Meyer fotos Yann Vadaru informa
P
resente na Colômbia há 20 anos e no Equador há 25, a Odebrecht dá prosseguimento à sua atuação nos dois países vivendo um momento de excelentes perspectivas, em especial
pelo crescimento econômico da América Latina e o consequente aumento das oportunidades de investimentos, sobretudo no setor de infraestrutura. “A tendência é de fortalecimento das nossas operações, considerando o aquecimento econômico e a estabilidade institucional dos dois países”, diz Luiz Antonio Mameri, Líder Empresarial da Odebrecht América Latina. “A qualidade dos nossos profissionais é o principal aliado da Odebrecht no crescimento e na perpetuidade da empresa”, completa.
Equador: exportador de profissionais
Jesus Rodríguez: retribuição
No escritório do projeto de irrigação de Daule Vinces, em Guayaquil, o quadro com a fotografia da obra de Trasvase Santa Elena sofre os efeitos
ação da Odebrecht no país. “Identificamos, no
do tempo e ganha coloração avermelhada. Há 25
começo da nossa presença, a necessidade de in-
anos, a Odebrecht iniciava a obra emoldurada na
tegrar profissionais equatorianos, como forma
parede, a primeira no Equador. E duas décadas e
de entendermos a cultura e a melhor maneira de
meia depois, segue contando a mesma história.
atuar”, recorda Genésio Lemos Couto, ex-Respon-
“O país está em uma crescente, em especial
sável por Administração e Finanças no país, hoje
nos setores hidrelétrico e de infraestrutura”, diz
na ETH Bioenergia. “Havia pessoas com boa for-
o Diretor-Superintendente José Santos. Dos cin-
mação técnica, mas sem a experiência prática na
co projetos em execução, dois tratam do setor de
obra. Criamos o programa Supervisor Empresá-
energia: a Hidrelétrica de Manduriacu, com ca-
rio para acelerar o conhecimento da rotina de um
pacidade de 60 MW, e a construção de um novo
contrato e da cultura da Odebrecht”.
túnel de condução de 900 m na Hidrelétrica de
Em 1993, a Odebrecht Equador realizou a pri-
Pucará. “Nossa maior conquista é formar quadros
meira edição do Programa Jovem Parceiro fora do
para atuar tanto aqui quanto no exterior”, comple-
Brasil. “Formar pessoas é primordial e algo que
ta. Dos 1.168 integrantes que atuam no Equador,
caracteriza a Odebrecht, a filosofia de ter o ser
1.098 são locais.
humano como base”, diz Katherine Calle, Gerente
Jesus Leonardo Rodríguez, Responsável por
Administrativa da Odebrecht Equador e integrante
Materiais no projeto de irrigação Daule Vince, é um
da primeira turma no país. Katherine recorda com
dos equatorianos que saíram do país para apren-
carinho dos tempos de Jovem Parceira. “É incrível.
der e ensinar. Com 22 anos de trabalho na Odebre-
Você tem toda a dimensão de um contrato. Isso é
cht, começou como engenheiro nas obras de Santa
essencial para o estudante, como forma de desco-
Elena. Passou por Honduras, Cuba, Panamá e Bo-
brir onde se encaixar dentro de uma obra”, explica.
lívia antes de retornar ao Equador. “Ter a oportuni-
O movimento de formação no Equador é contí-
dade de sair e ajudar a formar novos profissionais
nuo. Exemplo disso é o projeto Ruta Viva, uma es-
em outros mercados me dá a sensação de retribuir
trada de 5,5 km que ligará Quito ao novo aeroporto
minha história na Odebrecht”, diz.
de Mariscal Sucre. “Temos oito jovens parceiros
A formação de pessoas está na gênese da atu-
selecionados nas universidades de Quito. Eles vi-
informa
61
rão ao contrato para conhecer o dia a dia de uma obra”, conta o equatoriano Gonzalo Diaz, Diretor de Contrato. Na recém-iniciada obra da Refinaria do Pacífico, a primeira edição equatoriana do Programa Creer já conta com mais de mil inscritos antes mesmo de começar. “Contribuímos ativamente como parceiros do país para o seu desenvolvimento, um trabalho conjunto que realizamos com todos os equatorianos da Odebrecht”, diz José Santos. Flor Gonzalez Chong, que atua na Tesouraria do Projeto Daule Vinces e tem 24 anos de empresa, não hesita ao afirmar: “Sem dúvida, a Odebrecht é hoje mais equatoriana que brasileira”.
Colômbia: 99% de integrantes locais Na Colômbia, onde a Odebrecht está presente há 20 anos, as operações contam com um dos menores índices de expatriados na Organização:
Programa Creer, cerca de 7.500 pessoas foram
99% dos integrantes são colombianos. “Ainda que
qualificadas. Desde o seu lançamento em 2010,
a qualidade dos profissionais colombianos seja
foram registradas 16 mil inscrições e os inves-
muito boa, temos feito um trabalho intensivo de
timentos chegam a US$ 1,4 milhão. Para apoiar
aculturamento. Queremos mostrar que não es-
as populações afetadas pelo projeto Rota do Rol,
tamos aqui apenas para oferecer trabalho, e sim
atualmente em execução, foi criado o Plano Social
uma oportunidade de construção de carreira”, diz
Básico, que reúne programas como o Reabitar e o
Luís Batista, Responsável por Pessoas e Organi-
Enrutados com la Seguridad Vial, voltados para a
zação.
melhoria da qualidade de vida e a mitigação dos
O trabalho com a comunidade local também é destaque na Odebrecht Colômbia. Por meio do
impactos causados pelas operações da rodovia. A Odebrecht começou a atuar na Colômbia em 1992. Participou de obras como a construção das Estações de Bombeamento de Petróleo da British
COLÔMBIA E EQUADOR Alguns destaques Colômbia • Integrantes: 4.986 • Mais de 7.500 trabalhadores qualificados por meio do Programa Creer • Rota do Sol, em execução, é uma das obras de infraestrutura rodoviária mais importantes da América Latina
Equador • Integrantes: 1.168 (dos quais 1.098 são equatorianos) • Projetos em execução nos setores de energia, rodoviário e de refino de petróleo
• Em 1993, a Odebrecht Equador realizou a primeira edição do Programa Jovem Parceiro fora do Brasil.
Petroleum e da Ecopetrol, do Porto Carbonífero Drummond, da Ferrovia La Loma – Santa Marta e da Usina Termelétrica Termocali I. Também foi responsável pela Hidrelétrica de Miel I, que permitiu o aumento em mais de 5% da geração de energia elétrica nacional. “Todos esses projetos deixaram um legado significativo para o desenvolvimento do país”, afirma Jorge Barragán, integrante colombiano que ingressou na empresa em 1996, como encarregado de produção, e hoje é Diretor de Contrato. Em 2003, com a finalização das obras de Miel I, a Organização permaneceu no país em busca de novas oportunidades. No final de 2009, a conquista de dois contratos que marcou o início de uma nova fase na Colômbia: a construção do Interceptor
62
informa
Rota do Sol: mais competitividade para a Colômbia. Abaixo, Jorge Barragán: legado
Tunjuelo-Canoas, túnel de 11 km que transportará
três setores. A Concessionária Rota do Sol S.A.S.,
parte do esgoto de Bogotá até a futura Estação de
constituída pela Odebrecht e pelas colombianas
Tratamento de Canoas, e a concessão e constru-
Corficolombiana e Solarte, é responsável pela
ção da Rodovia Rota do Sol, uma das mais impor-
atual construção, operação e manutenção dos
tantes obras de infraestrutura rodoviária ora em
528 km que correspondem ao Setor 2. O trecho,
construção na América Latina.
que representa um investimento de US$ 1 bilhão,
Com 1.071 km de extensão, a Rota do Sol fortalecerá a competitividade da Colômbia no mercado
liga Bogotá à costa do Caribe e é considerado o mais importante da Rota do Sol.
internacional e melhorará a conexão das vias de
“A rodovia cruza uma região que concentra
acesso do interior do país até os portos de Car-
cerca de 70% do PIB nacional e por onde circulam
tagena, Santa Marta e Barranquilla. Serão inves-
20 mil veículos diariamente, sendo 70% transpor-
tidos nesse projeto US$ 2,5 bilhões, divididos em
te pesado, o que indica que a Rota do Sol é um dos principais corredores viários da Colômbia”, destaca Eder Paolo Ferracuti, Presidente da Concessionária Ruta del Sol S.A.S. Em 2011, a Odebrecht conquistou mais um contrato no país: a construção da Rodovia Dos y Medio – Otanche no estado de Boyaca, importante produtor de carvão mineral. De acordo com Luiz Bueno, Diretor-Superintendente da Odebrecht Colômbia, as perspectivas são animadoras: “O Governo colombiano anunciou um pacote de mais de US$ 20 bilhões em concessões rodoviárias para 2013. Trata-se de um país sofisticado onde os projetos emblemáticos demandarão a participação da iniciativa privada e este será o caminho para garantir o crescimento qualificado de nossa operação ao longo dos próximos anos”, afirma Luiz Bueno.
informa
63
anos
20
parceria FDOT - Flórida, EUA EUA
com trÂnsito livre
A
texto Thaís Reiss o chegarem aos Estados Unidos, no
maneira com a qual conquistamos a confiança dos
início da década de 1990, os pioneiros
nossos clientes e novos integrantes, ao mesmo tem-
da Odebrecht no país instalaram-se
po em que agregamos valor aos nossos parceiros e
em um pequeno escritório próximo
comunidades.”
ao Aeroporto Internacional de Mia-
Entre os relacionamentos de longo prazo desen-
mi. Gilberto Neves, hoje Diretor-Superintendente
volvidos nessa época, destaca-se a parceria de 20
(DS) das operações norte-americanas da empresa,
anos com o Florida Department of Transportation
lembra-se, com bom humor, dos móveis improvisa-
(FDOT), o Departamento de Transporte da Flórida.
dos no espaço modesto e se diverte ao contar que tampo para mesa de reuniões. Foi nesse ambiente
Os muitos frutos de uma parceria produtiva
simples e descontraído, mas com muito profissiona-
Em 27 de março de 1992, a Odebrecht conquistou
lismo e espírito de servir, que a equipe começou a
a primeira obra empreendida pelo FDOT: a constru-
conquistar obras de grande importância em um dos
ção de um conjunto de viadutos, pontes e acessos
mercados mais competitivos do mundo.
rodoviários batizado de Golden Glades Interchange
uma das portas do escritório também servia como
“Os princípios da Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO) foram fundamentais nesse processo”, diz Gilberto. “Nosso grande diferencial sempre foi a
Ponte Merrill Barber, em Vero Beach, e complexo Golden Glades, em Miami, foram alguns dos frutos da caminhada conjunta entre a Odebrecht e o FDOT, na Flórida
64
informa
64
Acervo Odebrecht
Overpass. Com aproximadamente 4 km de extensão e 29 m de altura, Golden Glades é o ponto central de encontro de cinco das principais estradas que atendem aos fluxos de tráfego leste e sul do estado da Flórida. Um dos grandes desafios do projeto foi o gerenciamento, de maneira eficaz e segura, do trânsito de mais de 350 mil veículos que passavam pela área diariamente. Jose Abreu, atual Diretor do Departamento de Aviação do Condado de Miami-Dade, era Secretário Local do FDOT na época. Ele relembra: “Houve divergências, como em qualquer projeto de grande porte, mas nossas equipes interagiram muito bem, buscando sempre a melhor maneira de executar nosso trabalho de forma amigável e profissional”. Esse foi o primeiro dos muitos projetos nos quais Jose Abreu trabalharia lado a lado com a Odebrecht, entre os quais se destacam a obra de expansão do Terminal Norte do Aeroporto Internacional de Miami e a doação de belos murais do artista Carybé, que
Golden Glades
foram completamente restaurados e se encontram expostos no Terminal Sul do mesmo aeroporto, também construído pela Odebrecht. A segunda obra para o FDOT, conquistada em 1993, foi a Ponte Merrill Barber, localizada em Vero Beach, cidade da costa centro-leste da Flórida. Luiz Simon,
Ponte Merril Barber
Responsável por Planejamento e Custos no projeto, salienta: “Com essa experiência, surgiu um modelo pioneiro e de sucesso para a equipe atuar em outras regiões dos Estados Unidos, já que essa foi a nossa primeira obra fora de Miami”. O modelo foi, de fato, replicado em outras áreas, inclusive quando a equipe dirigente da Ponte Merril Barber mudou-se, em 1996, para o extremo noroeste da Flórida para construir uma ponte para o FDOT em Santa Rosa. De 1992 até agora, a Odebrecht completou 10 obras em parceria com o FDOT, incluindo estradas e rodovias. Segundo Mauricio Gonzalez, atual Diretor de Contrato responsável pelo cliente, ainda há muito por se fazer. “Nosso próximo projeto será o alargamento da Rodovia I-395, localizada entre a American Airlines
Acervo Odebrecht
Arena e o Adrienne Arsht Center for Performing Arts, dois marcos da arquitetura e da engenharia de Miami construídos por nossas equipes. Estamos animados com as oportunidades que ainda estão por vir.”
informa
65
anos
45
espetáculo Teatro Castro Alves
do tempo
A
texto André Frutuôso inda não são 9 horas da manhã e o ator e artista plástico Caio Muniz está na fila, aguardando para assistir ao espetáculo Moças Aéreas, no Teatro Castro Alves (TCA), o maior complexo cultural da
Bahia, que completou, em 2012, 45 anos de atividades. “Todo artista quer se apresentar aqui e todo cidadão quer vir pra cá. O Teatro Castro Alves é uma referência na cena cultural baiana”, ressaltou Muniz, antes de participar de mais uma edição do projeto Domingo no TCA, promovido uma vez por mês, nas manhãs de domingo, com espetáculos de diversas linguagens artísticas ao preço popular de R$ 1,00. Criado para ser um dos palcos mais importante do Brasil, edificado pela Odebrecht, o TCA teve suas obras concluídas em 2 de julho de 1958, mas, por causa de um incêndio ocorrido antes da inauguração oficial, teve as portas abertas nove anos depois, no dia 4 de março de 1967. O engenheiro Piero Marianetti, hoje Conselheiro Consultivo da Odebrecht S.A., começou a trabalhar na empresa em 1951 e foi “aluno” de Nelson Peixoto, mestre de obras responsável pela edificação do TCA. Apesar de não ter participado diretamente da construção e “reconstrução”
À frente da direção do teatro desde 2007, Moacyr
do teatro, pós-incêndio, Marianetti acompanhou de perto
Gramacho também participou das comemorações pe-
o empreendimento. “O Teatro Castro Alves foi a primeira
los 50 e 60 anos da Odebrecht, realizando toda a ceno-
grande obra de caráter cultural feita pela Odebrecht”.
grafia dos eventos. Ele ressalta que a história do teatro
Doutor em Artes Cênicas e professor da Escola de
coincide com a história da música e da dramaturgia bra-
Teatro da Universidade Federal da Bahia, Luiz Marfuz
sileira e destaca outro aspecto fundamental: “O TCA é
dirigiu as comemorações dos 50 e 60 anos da Odebre-
hoje um complexo cultural que se aproxima dos artistas
cht, celebrados no TCA. Marfuz ressalta que o maior te-
e da população e dialoga com eles, deixando de ser ape-
atro da Bahia tem um perfil arquitetônico democrático,
nas um local que abriga espetáculos”.
diferente das outras casas de espetáculos convencionais construídas nos moldes italianos divididas em ca-
66
66 Espetáculos memoráveis
marotes, frisas e balcões, que separam o público com o
Vários espetáculos memoráveis passaram pelo TCA:
perfil aquisitivo: “Desde sua criação, o TCA vai em uma
Clementina de Jesus e Paulinho da Viola no show “Rosa
direção diferente, no topo da linha da modernidade,
de Ouro”, um dos espetáculos de inauguração do teatro,
pois abole a questão das divisões de classes e cria uma
a peça o “Burguês Fidalgo”, com Paulo Autran, em 1968,
grande plateia, sem distinção”.
e o show de Elis Regina, em 1969, entre tantos outros.
informa
Com uma história por vezes espantosa, mas sempre emocionante, Teatro Castro Alves consolidou-se como
Acervo Odebrecht
principal endereço da arte e da cultura da Bahia
Hoje, o TCA é formado pela Sala Principal, a Sala do
Considerado o coração da insituição, o Centro
Coro e a Concha Acústica, recebe, em média, 250 even-
Técnico, em processo de transformação para um
tos e atrai cerca de 290 mil pessoas por ano. Com o apoio
Centro de Referência em Engenharia do Espetácu-
do Governo do Estado, nele são mantidos os seguintes
lo, congrega todo o trabalho de desenvolvimento das
corpos artísticos: o Balé do TCA, a Orquestra Sinfônica
atividades de cenografia, maquiagem, caracteriza-
da Bahia, além dos projetos TCA.Núcleo, que seleciona,
ção, iluminação e concepção, execução e acervo de
via edital, um espetáculo a ser montado durante o ano;
figurinos. O objetivo desse setor é difundir os conhe-
o Conversas Plugadas, que promove bate-papos entre
cimentos relacionados aos bastidores das artes cê-
público, artistas e produtores culturais envolvidos nos
nicas e dar apoio não apenas às montagens do TCA,
espetáculos que ficam em cartaz no teatro; a Série TCA,
mas também aos grupos de outras instituições que
que possibilita à casa receber nomes consagrados e
o procuram.
revelações do cenário mundial da música, do teatro, da
“O TCA não se restringe em alugar pautas para
dança e do circo. Além disso, o teatro abriga os Núcleos
as apresentações. Esta casa é um centro de difusão
Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia –
e promoção da cultura, pois promove ações de re-
Neojiba, com suas orquestras formadas por crianças e
flexão, formação e interlocução entre os artistas e
jovens.
os cidadãos”, sintetiza a coreógrafa Lia Robatto.
informa
67
saberes
Ação e reação “Quer colher coisas boas? Plante coisas boas” depoimento a Válber Carvalho edição de texto Alice Galeffi
Q
uando criança, ao ver sua
ça, e isso foi criando dentro de mim
giu a oportunidade de ir para a CPC
mãe produzir sabão casei-
o conceito da responsabilidade, do
[Companhia Petroquímica Cama-
ro, Helcio Colodete já sabia
fazer, do ajudar e do contribuir. Ain-
çari] Alagoas. Nessa época, a Ode-
que queria ser químico. A reação
da criança, via minha mãe fazendo
brecht tinha 33% da CPC. Fizemos
dos ingredientes naquele processo
sabão caseiro à base de vísceras de
o projeto da unidade industrial, ini-
o fascinava. Ao longo do tempo, ele
animais e outros produtos e me lem-
ciamos a operação e passamos por
percebeu que a química vai além do
bro até hoje. Ela deixava os produtos
todo aquele período de melhoria de
laboratório. Ela também regula e go-
no tacho fervendo e pouco tempo
performance, enfim, aqueles tipos
verna as relações entre as pessoas.
depois estava feito o sabão. Era um
de dificuldade que sempre existem
Diretor-Superintendente de Serviços
sabão caseiro, evidentemente sem
em um empreendimento que inicia
Especializados a Poços nos merca-
grandes acabamentos, mas que fun-
sua operação. Foi quando meu líder,
dos de Venezuela, México e Brasil da
cionava muito bem, e aquilo sempre
Paulo Maranhão, me convidou para
Odebrecht Óleo e Gás (OOG), Colo-
me intrigou muito. Quando eu come-
assumir a liderança industrial. A
dete não recusa desafios, que – ele
cei a estudar ciências, fui me dando
partir daí, eu percebi que a química
acredita – engrandecem a natureza
conta de que aquilo era uma reação
também governa e regula as rela-
humana. A seguir, uma síntese de
química e, naquele momento, eu
ções humanas. Aprendi como é pra-
sua entrevista para o Projeto Sabe-
disse: ‘É isso que eu quero fazer na
zeroso trabalhar com gente e fazer
res. A íntegra, em vídeo, está no site
minha vida’”.
com que as pessoas estejam sempre
da Odebrecht Informa (www.odebrechtonline.com.br)
motivadas, envolvidas e com um bri-
Primeira visão
lho nos olhos por aquilo que fazem.”
“Fiz engenharia química e, por
68
Conhecendo a química
coincidência, conheci a pessoa com
Bom exemplo
“Nasci no interior do Espírito
quem me casei, e tivemos um ca-
“Em 1996, a Odebrecht adquiriu
Santo, em uma família de agricul-
sal de filhos maravilhosos. Eu tinha
as participações majoritárias da Pe-
tores com visão e atuação micro-
o sonho de entrar em uma organi-
troquisa e da Norquisa e constituiu a
empreendedoras. Fui educado para
zação que estivesse iniciando sua
Trikem, que passou a ser a compa-
fazer minha cama, lavar minha lou-
trajetória empresarial, até que sur-
nhia produtora de cloro-soda e PVC.
informa
os processos de gestão da Braskem. Um dos grandes desafios, além da Hélcio Colodete: prazer em trabalhar com pessoas e motivá-las
qualidade da entrega, era o prazo. Começamos o projeto em outubro de 2005 e tínhamos que entregar o projeto Fórmula no dia 30 de setembro de 2006. Grande desafio. E o desafio é o que engrandece a natureza humana. Entramos em operação, o chamado go live, no dia 1º de outubro. Praticamente 80% dos processos de gestão da empresa começaram a rodar em um novo ambiente. Para a minha surpresa, em
Tive a feliz oportunidade de ser esco-
OPP Trikem deixou de existir e teve
janeiro de 2007 recebi um convite
lhido para a posição de liderança in-
início uma grande empresa, hoje a
de Luiz Felli para assumir a Direção
dustrial de Alagoas; foi um momento
maior petroquímica brasileira e a
Industrial da Unidade de Vinílicos.
mágico na minha vida. Passamos a
maior da América: a Braskem.
Via a minha mãe fazendo o tal sabão
ter uma unidade industrial dentro da
Eu liderava um conjunto de uni-
caseiro, utilizando aquelas escamas,
cidade de Maceió, com residências e
dades industriais na Bahia, quando
e só depois eu fui saber que aquilo
pessoas vivendo a 500 metros dali.
veio esse processo de integração. Fui
era a soda cáustica. Após 15 anos de
Essa relação entre meio am-
para a Braskem e fiquei com a área
formado, passei a liderar a Unidade
biente, comunidade e as pessoas do
de geração de vapor, energia e dutos.
de Cloro-soda, a maior produtora de
entorno da atividade produtiva tem
A área era conhecida como “utilida-
soda cáustica da América Latina.”
que estar sempre em harmonia. Foi
des”, ou seja, não era a parte “nobre”
nesse processo que aprendi a im-
da empresa. Eles mesmos, os inte-
Lição de humildade
portância da comunicação. Trazer a
grantes da área, disseram que esse
“Não tive oportunidade de con-
comunidade para um convívio mais
nome não era adequado, pois po-
viver com o Dr. Norberto, mas faço
próximo de nós, focado na trans-
deria ser confundido com utilidades
questão de, sempre que possível,
parência e no diálogo. Quer colher
domésticas. Foi então que pensamos
estar ao seu lado e ouvir seus ensi-
coisas boas? Plante coisas boas. Se
em mudar o nome para ressaltar
namentos. Certa vez, vim ao Brasil
você semeia o bem, sua colheita lá
a grandiosidade do que queríamos
com um grupo da Venezuela para
na frente será o bem. Criamos um
construir. O nome passou a ser “in-
fazer uma vista às nossas empre-
programa estruturado de educação
dustrial energia e serviços essen-
sas, e fomos visitar a Fundação. Dr.
ambiental que atinge as escolas mu-
ciais”. Quando mudamos o nome,
Norberto nos recebeu gentilmente,
nicipais e estaduais, e hoje o progra-
mudamos o enfoque. Eu me lembro
mas antes disso ele se preparou,
ma chega a mais de 40 municípios
que tinha uma sala de controle que
me chamou e perguntou: ‘Quem é
dentro do estado. Portanto, eu de-
atendia somente aos líderes da épo-
o seu cliente? Eu quero focar no seu
fendo arduamente, dentro dos nos-
ca. Nós tiramos tudo aquilo. O obje-
cliente.’ E quando chegamos à sala
sos princípios e concepções, a per-
tivo não é ter estrutura hierárquica,
para começar a reunião, me indicou
manente harmonia com o conceito
segregação. O maior objetivo são as
a cadeira dele para eu me sentar. Eu
do desenvolvimento sustentável.”
pessoas e a relação entre elas.”
disse que não podia sentar no lugar dele, mas ele me respondeu: ‘Aqui
Enfoque
Desafio
você é o líder, portanto você senta
“Os anos 2000 chegaram, e eu
“Veio o convite para eu liderar um
ali e pode conduzir a reunião.’ Que
me transferi para a Bahia. Foi um
grupo de 120 pessoas espalhadas
negócio fantástico! Aquilo foi uma
período marcado pela transição. A
pelo Brasil. O programa era renovar
grande lição de humildade.”
informa
69
anos
10
PRPAngola - Angola
A doce segurança do
lar
Programa de Realojamento das Populações garante moradias dignas para angolanos texto Edilson Lima fotos Kamene Traça
O 70
sol ainda não raiou no bairro do Zango,
Aos 52 anos, dona Antónia vivencia com a família uma
em Viana, na região metropolitana de Lu-
nova fase de sua vida. Em sua residência, moram cinco
anda, e Antónia Elizabete Trajano, a dona
filhos e uma sobrinha. Com o aumento do número de
Antónia, já está acordada para preparar o
clientes, ela contratou três pessoas para a ajudá-la no
café da manhã que irá servir aos clientes
restaurante, que, além de café da manhã (“pequeno al-
de seu pequeno restaurante. Moradora do Zango há seis
moço”, em Angola), serve almoço, jantar e bebidas. “Os
anos, ela instalou seu negócio em um dos cômodos da
clientes têm aparecido cada vez mais, principalmente
casa que recebeu do Governo angolano. Com um sorriso
quando tem jogo de futebol”, ela conta, apontando para
no rosto, diz que a vida agora é outra, quando compara-
a TV no alto da parede, uma atração a mais em seu esta-
da às precárias condições do local onde vivia, um prédio
belecimento. A sopa de feijão é um dos pratos preferidos
semiacabado, no município do Rangel: “Aqui temos luz,
dos frequentadores. “Eles adoram.”
70
água, uma casa boa. Lá não tínhamos nada disso. Usá-
Assim como a família de dona Antónia, milhares de
vamos luz de candeeiro e pedíamos aos vizinhos para
outras famílias estão vivendo dias melhores. Isso por-
pegar água em suas torneiras”.
que, desde 2002, o Governo vem implementando o Pro-
informa
para realocar boa parte dessa demanda. Com foco na construção das casas, nem todas as instalações sociais nem parte da pavimentação foram implantadas. Hoje, temos como meta continuar a construção das moradias, ampliando ainda mais a infraestrutura nas áreas já existentes. Vamos aumentar o potencial energético e de abastecimento de água, além de investir mais no saneaMónica Celeste e Rui Fernando Genito com a filha Fernanda, em casa: “É aqui que quero ver meus filhos crescerem”
mento básico e outras instalações”.
Até 2013, 20 mil casas Nestes 10 anos, o programa passou por algumas etapas: Zango I, Zango II, Zango III e Zango IV. Ao todo, foram cerca de 15 mil casas construídas, 10.300 delas pela Odebrecht, presente no programa desde seu início. Em março de 2011, a empresa iniciou um novo contrato, que prevê a expansão do Zango IV, com infraestrutura para mais 20 mil moradias e construção de 6 mil casas até 2013. “A Odebrecht tem compromisso com o desenvolvimento do país. Reconhecemos o quanto esse programa habitacional é importante para a população angolana e para o Governo”, comenta Maurizio Bastianelli, Diretor de Contrato. Para agilizar a expansão e possibilitar ganhos de eficiência, em 2012 a equipe da Odebrecht mudou o método construtivo, de modo a poder erguer mais casas em menos tempo, sem perder de vista a qualidade do produto final. Até então feitas de alvenaria, agora as moradias são executadas com paredes de concreto pré-moldadas. “Reduzimos o tempo da construção de uma casa praticamente pela metade, por meio da Reutilização do Conhecimento. Assim, atendemos de forma mais rápida às necessidades do Governo e das famílias beneficiadas”, enfatiza Maurizio. “Temos 2.200 trabalhadores nas obras, dos quais 95% são angolanos. As equipes contam ainda com pessoas capacitadas pelo
grama de Realojamento das Populações (PRP), para melhorar as condições de vida dos angolanos, que passam a dispor de moradias dignas, com água e energia elétrica, ponto de partida para o resgate da cidadania. Além disso, ficam liberadas áreas estratégicas da capital que precisam de requalificação, sobretudo as artérias principais. Este ano, a iniciativa passou por uma reestruturação e ganhou um novo nome: Programa Provincial de Habitação Social (PPHS). Luís Anastácio Manuel, arquiteto e coordenador do PPHS, explica a mudança: “Com o fim dos conflitos no país, em 2002, muitas famílias passaram a morar em beira de estradas e em áreas de risco. Portanto, inicialmente, a prioridade do Governo era construir habitações
Antónia Elizabete Trajano: “Os clientes têm aparecido cada vez mais”
informa
71
A família Augusto (a partir da esquerda, Rita, Williane, Margarida e Eliseu): no Zango, novas perspectivas de vida
Programa de Qualificação Profissional Continuada
reno ao lado do cemitério de Luanda. “Não tínhamos ne-
Acreditar”, informa Marcus Vinícius Vianna, Gerente
nhuma infraestrutura. Quando chovia, nos molhávamos
Administrativo-Financeiro.
todos”, relembra.
Além do abastecimento de água e fornecimento de
Ao lado de sua esposa, Mónica Celeste, Rui Fernando
energia, os moradores contam com serviço de recolhi-
recebeu Odebrecht Informa em sua casa. Com orgulho,
mento de lixo, com escolas, posto de saúde, delegacias
mostrou à equipe os três quartos, a sala, a cozinha e o
e transporte. Na expansão do Zango IV, está contem-
banheiro que compõem a residência de 68 m2, onde vi-
plada a construção de quatro Centros Sociais de Servi-
vem há sete meses. “É aqui que quero ver meus filhos
ços e Convivência (CSSCs), que incluem novas escolas,
crescerem. Ganhar a casa própria é um sonho, não te-
instalações para o setor de saúde, áreas destinadas ao
nho palavras para descrever isso”, ele diz, com emoção
comércio e centro de formação profissional, além de
estampada no rosto.
quadras poliesportivas. “A partir da percepção das ne-
História semelhante à de Rui Fernando tem Margarida
cessidades da comunidade do Zango, idealizamos os
Augusto, 39 anos. Ela também morava em um barraco de
CSSCs. Apresentamos ao Governo o projeto, que já foi
chapas de zinco, só que no bairro do Iraque, em Luanda.
aprovado e será implementado a partir do próximo ano”,
Pela necessidade das grandes obras de infraestrutura rea-
complementa Maurizio Bastianelli. Estabelecimentos
lizadas pelo Governo, sua família e as demais que ali viviam
privados, como o restaurante de dona Antónia, têm sur-
foram transferidas para o Zango. Há três anos morando
gido a cada dia no local. Mas há também lojas de mate-
no local, hoje ela é uma das integrantes da Comissão de
rial de construção, supermercados, bancos e pequenas
Moradores do Zango III, que tem, entre outras funções, a
empresas prestadoras de serviços.
de auxiliar as famílias recém-chegadas. “É uma grande conquista. Nem se compara com as condições anteriores”,
“Não tenho palavras para descrever isso” É nesse contexto de transformações e mudanças que Rui Fernando Genito sente-se seguro para criar a
72
ela diz. Rita Augusto, 18 anos, filha mais velha de Margarida, relembra: “Passávamos por becos, esgotos, valas. Não tínhamos escola. Aqui é diferente”. Além de Rita, Margarida tem Williane, 14 anos, e Eliseu, 4 anos.
filha Fernanda, nascida em setembro, e os outros três
Ao analisar o programa do qual é coordenador, Luís
filhos, Angélica, 4 anos, Ruicela, 3 anos, e Genito, 2 anos.
Anastácio Manuel é enfático: “Sabemos que a demanda
“Tenho 37 anos e preciso dizer que passamos por mui-
habitacional é grande, não só em Luanda e sua região
tas dificuldades onde vivíamos”, ele pondera.
metropolitana, mas também nas outras 17 províncias.
Natural da Província de Moxico, no leste do país, Rui
Estamos estudando outras áreas que serão preparadas
Fernando chegou a Luanda há 20 anos, como refugiado.
para a construção de moradias populares. Essas ações
Viveu por muito tempo em um centro de acolhimento do
fazem parte de um conjunto de projetos estruturantes
Governo e, nos últimos três anos, estava morando com
que o Governo tem realizado em todo o país, para me-
a família em um barraco de chapas de zinco em um ter-
lhorar a cada dia a vida dos angolanos”.
informa
Próxima edição: Ações Sociais
RESPONSáVEL POR COMuNICAçãO EMPRESARIAL NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Márcio Polidoro
Fundada em 1944, a Odebrecht é uma organização brasileira composta de negócios diversificados, com atuação e padrão de qualidade globais. Seus 180 mil integrantes estão presentes nas três Américas, na África, na Ásia e na Europa.
RESPONSáVEL POR PROGRAMAS EDITORIAIS NA CONSTRuTORA NORBERTO ODEBREChT S.A. Karolina Gutiez COORDENADORES NAS áREAS DE NEGóCIOS Nelson Letaif Química e Petroquímica| Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto óleo e Gás | Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias | Antonio Carlos de Faria Infraestrutura e Transporte | Josiane Costa Energia | Letícia Natívio Engenharia Industrial e Defesa e Tecnologia | Herman Nass Construção Naval Coordenadora na Fundação Odebrecht Vivian Barbosa COORDENAçãO EDITORIAL Versal Editores Editor José Enrique Barreiro Editor Executivo Cláudio Lovato Filho Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes Ilustrações Adilson Secco Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti Tiragem 5.400 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom Redação: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023 / São Paulo (55) 11 3641-4743 email: versal@versal.com.br
Amir Bindilatti foto:
“Uma ideia criativa só é uma ideia empresarial quando pode converter-se em oportunidade de melhor servir” TEO [Tecnologia Empresarial Odebrecht]
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