Em torno, este Sertão, Cavalo-macho! Que segredo me acena, do Riacho? Que as águas levam Sangue para o Mar? ”O Reino da Acauhan”
Ausência Ariano Suassuna contava nos dedos de uma mão as memórias visuais que havia guardado do pai: exatamente cinco, quase todas vividas na Fazenda Acauhan, alto Sertão paraibano, na época pertencente ao município de Souza (e hoje ao de Aparecida). A família se estabeleceu no local quando João Suassuna finalizou o seu mandato no comando do governo da Paraíba, em outubro de 1928.
Entre as cinco lembranças, a mais significativa foi vivida no Sertão da Acauhan. À beira de um riacho, enquanto o sol estava se pondo, pai e filho caminhavam pela fazenda que recebera o nome de um pássaro de cor clara, marca negra em volta dos olhos, como uma máscara, e fama de ser agoureiro. “Ali, num crepúsculo cheio de prenúncios, eu vira o único pôr-do-sol a que tive direito de ver ao lado de meu Pai, num dia em que, passeando com ele à beira desse rio, nós dois encontramos, na areia da margem de um riacho seu afluente, uma piranha morta, ainda reluzindo ao sol poente”, descreveu.
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