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Resumo da bancada
Memórias da bancada
Portugal no Euro 2020
À conversa com Encré dans la tribune
Era uma vez a Super Ultra
História do movimento organizado de adeptos em França
Que futuro nos espera?
Editorial
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Colecionismo: O cachecol
Cultura de adepto
A história do primeiro Hincha
Entre adeptos: Associação Vitória Sempre
Fan’s Embassy
Um jogo que mudou o futebol
Os pombos correio e o futebol
Entre o céu e o inferno - Espinho
EDITORIAL Director J. Lobo Redacção L. Cruz G. Mata J. Sousa Design J. Leite S. Frias Revisão A. Pereira Convidados Nuno Manaia Encré Dans la Tribune J. Rocha Diogo F. Jorge Moreira Pedro Marques C. Peixoto Ricardo Novo Eupremio Scarpa Francisco Furtado Paulo Roberto P. Alves M. Bondoso Bruno Sampaio Raúl Rodrigues
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A fanzine ainda não fez um ano mas, há um ano atrás, mais concretamente em Julho, estavamos a lançar as bases para a organização deste projecto e, em Outubro de 2020, finalmente lançavamos o primeiro número, que tanto orgulho nos deu. Este 6º número encerra o primeiro ciclo desta fanzine e sentimos que conseguimos trazer algo novo para a comunidade portuguesa de adeptos. O nosso objectivo sempre foi informar e reforçar as bases para a afirmação da Cultura de Bancada. Trouxemos história, discutimos o presente, trouxemos informações internacionais, abrimos espaço a uma participação plural dos adeptos portugueses e mesmo de outros países... Nunca escrevemos o nosso editorial numa prespectiva singular mas, desta vez, será aberta uma curta exceção. Esta exceção servirá o especial propósito de prestar reconhecimento a quem dá um bocado do seu tempo para que a intenção, de uma fonte de comunicação própria, se transforme em realidade. De minha parte, como director da Cultura de Bancada, devo prestar o meu reconhecimento a toda a equipa da Cultura de Bancada, desde a redacção, passando pelo design terminando na revisão de textos. Da mesma forma, quero elevar, ao patamar da nossa equipa, todos os convidados, nacionais e internacionais, pois sem eles não conseguiriamos ter os mesmos conteúdos, nem a mesma expressão. Não sabemos se alguma vez iremos alcançar os propósitos traçados desde a nossa génese mas, a cada número lançado, temos uma certeza: estamos a aprender e a envolver mais gente no fortalecimento da nossa condição de adepto. “Só” por isso, este imenso trabalho, já valeu a pena. Um obrigado é pouco para todos os que, de forma direta ou indereta, ajudaram este projecto, mas é verdadeiro! Não sabemos o dia de amanhã mas, enquanto nos for possível, iremos fazer de tudo para continuar o nosso trajecto, lado a lado, com aqueles que sonham um futuro melhor para todos os adeptos! Levantem-se pelos adeptos! Até breve!
Que futuro nos espera? Não há futuro sem presente. O futuro é uma consequência do presente! Por aqui sabemos que os passos que escolhemos dar hoje são essenciais para a construção do amanhã. A Associação Portuguesa de Defesa do Adepto, dando sequência à luta que vem desde Novembro de 2018, criou agora, a 21 de Julho, uma petição pública para levar à discussão em Assembleia da República o tema do cartão do adepto. Em menos de 24horas, esta petição, contava já com 2580 assinaturas, um número que representa mais do triplo dos número de cartões emitidos (779) até à mesma hora. Este facto só foi possível pela vontade de muitos grupos de adeptos e também de muitos adeptos anónimos que se disponibilizaram, não só a assinar, como a partilhar, incentivando outros a unirem-se a esta causa. É muito importante este tipo de atitude por parte dos adeptos. Sendo certo que é com base nesta determinação que podemos construir uma “bancada” melhor e com espaço para todos nós.
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Também recentemente, no dia 14 de Julho, a F.P.F. anunciou no seu site oficial o lançamento do $POR Fan Token, “uma forma inovadora de estreitar (ainda mais) os laços entre a Equipa das Quinas e os seus adeptos”. Este é um assunto que, infelizmente, passou ao lado da maioria dos adeptos mas, na minha opinião, deve ser alvo de uma reflexão. Não interessa, à condição de adepto, tocar no tema das criptomoedas no seu aspecto técnico, nem a sua aceitação nos mercados financeiros internacionais, mas sim a sua recente relação com os clubes de futebol. Actualmente vários clubes já se associaram a este mercado, como é caso da Juventus, do Barcelona e do PSG, mas este fenómeno não é exclusivo ao futebol. A parceria criada com a Chiliz, principal fornecedora global de criptomoedas para a indústria do desporto e entretenimento, tem como objectivo que os adeptos da nossa Seleção comprem activos digitais na Chiliz para depois os transformar em $POR Fan Token. Por sua vez, estes $POR Fan Token, vão ter vantagens que ainda não foram apresentadas, mas segundo algumas fontes os Fan Tokens poderão proporcionar aos seus proprietários acesso várias vantagens como o acesso a votações, promoções exclusivas, prémios VIP, funcionalidades ativadas pela realidade aumentada, fóruns de chat e jogos e competi-
ções na plataforma Socios.com. Segundo Alexandre Dreyfus, CEO da Chiliz e Socios.com, “a missão da Socios.com é ajudar os adeptos a terem o mesmo sentido de comunidade e ligação com as suas equipas, não só durante os grandes jogos, mas a toda a hora.” e também refere “Com os nossos Tokens, os adeptos vão entrar no clube.”. Depois do “adepto da televisão”, agora temos o “adepto da criptomoeda”. Para quem defende uma cultura clubística em torno do associativismo, este precedente merece uma profunda reflexão. Receio a mudança, não pelo comodismo mas, pela perversidade dos muitos abutres que cobiçam esta paixão que é o futebol. Parece-me que este passo vai servir para, no futuro, os adeptos associados aos clubes terem ainda menos voz junto dos centros de decisão dos seus clubes, em troca de umas votações acessórias. Sem esquecer que esta nova figura ganha privilégios que ao associado, não participante neste sistema, são vedados. Será que a união que pretendem, entre o futebol e os adeptos, é apenas comercial? A 21 de Julho o Inter também apresentou o seu Fan Token, juntamente com algumas vantagens a ele associadas. Agora é possível, os proprietários dos Fan Tokens decidirem o design oficial do autocarro da equipa, a música destinada a celebração dos golos, escolherem uma
mensagem para estar inscrita na braçadeira do capitão ou até nos locais emblemáticos como o balneário da equipa ou ainda escolher o 11 do Inter para uma partida amigável. Por curiosidade, em 2019 dois portugueses lançaram uma criptomoeda exclusivamente ligada ao futebol, a KickSoccerCoin, associada uma plataforma virtual onde afirmam que qualquer pessoa poderá participar ativamente nas transações de jogadores de futebol, usando como método de pagamento a KickSoccerCoin. A realidade dos novos tempos é esta e enquanto vemos a FPF a apostar na criptomoeda e nas fanzones “privadas”, tivemos a APDA em Sevilha a tentar lançar as bases, dentro das suas condições, para ajudar os adeptos que acompanham a Seleção Portuguesa. Ambos pelos adeptos, mas com objectivos diferentes. Algo que não podia deixar de mencionar. Este último mês foi rico em notícias e de Itália chega-nos a informação que a SERIE A proibiu os equipamentos verdes a partir de 2022. Esta medida, um verdadeiro atentado contra a identidade dos clubes surge, aparentemente, devido a várias queixas de telespectadores e dos canais detentores das transmissões televisivas de que a cor verde das camisolas se confunde com o próprio relvado. Este caso puxa a minha memória para algo que acontece em Espanha onde, os clubes são multados caso não preencham alguns dos sectores, selecionados em função do destaque que têm nas transmissões televisivas, com um determinado número de adeptos. Já não bastava os jogos em dias de semana e em horários impróprios?! Não sei se há algum futuro reservado para os adeptos, mas sei que, se não fizermos nada não adianta ter esperança. Os sinais são desanimadores. Por J. Lobo
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História do movimento organizado de adeptos em França “Viajaremos” agora pela história do movimento organizado de apoio em França. Um movimento que floresceu com fortes influências externas que foram absorvidas e que, em consonância com características do povo francês, resultaram num panorama (que considero) com substância em matéria de princípios e valores, coeso no sentido de defender e incutir a cultura Ultra, em defender os grupos da repressão e os clubes do Futebol negócio. É também atraente, em termos criativos e no número de membros, no que ao apoio diz respeito. Antes de abordarmos as consequências das influências britânicas e italianas, falemos da base. Não conseguimos precisar qual o primeiro grupo de adeptos organizados, mas sabemos que uma das primeiras associações de adeptos
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surgiu em 1926, criada por cerca de uma dezena de “lensois”, denominada “Supporters Club”. Este grupo foi crescendo exponencialmente, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial e nos anos em que o R.C Lens foi evoluindo na hierarquia do Futebol francês. Em 1976, contavam com 15 000 membros, distribuídos por diversos núcleos, espalhados por várias regiões. Os apaixonados de “sang-et-or” não só apoiavam o clube no seu estádio, como também organizavam deslocações, convívios e jogos entre membros, reuniões com dirigentes e jogadores, além de promoverem iniciativas que sustentassem a actividade da associação e permitissem apoiar financeiramente o clube. A “Supporters Club” tinha licença para vender material com o símbolo e as cores do Lens, o que contribuiu para que a oferta de centenas de equipamentos às equipas e de materiais que permitiram a construção da academia do clube se tornassem realidade. Isto até, pelo menos, os anos 80. Outros donativos, alguns até de maior dimensão, também foram realizados. Até hoje, a associação já mudou várias vezes de nome, sendo denominada, actualmente, “12 Lensois”. Conta com cerca de 7 000
membros, divididos por 80 núcleos, 2 deles alocados no território belga. Outro exemplo relevante chega-nos de Paris. Em 1978, é inaugurada a Kop Boulogne, um topo no estádio Parc des Princes, no qual se juntavam muitos jovens. Tal acontecia devido a iniciativas da direcção do clube, como a entrada gratuita a estudantes das escolas secundárias e a venda de um bilhete para 10 jogos ao custo de 10 Francos. Em alguns estádios, começou a fazer-se sentir uma maior vontade de apoiar mais do que era normal até então. Apesar de serem poucos e muito básicos, iam surgindo cânticos, acompanhados de tambores e pirotecnia. Os megafones também iam surgindo em algumas bancadas embora não fossem usados, da mesma forma que hoje, para organizar o apoio. O improviso era o que “partia o gelo” e as muitas bandeiras eram o que mais vida dava às bancadas. Importa referir que, apesar do movimento Ultra ter atravessado os Alpes nos anos 80, a origem da palavra “Ultra” advém de França. Como explicamos no segundo número da Cultura de Bancada, no artigo sobre a história do movi-
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mento organizado de adeptos italiano, <<o termo Ultra, ou Ultrà, deriva do francês Ultra-royaliste, o qual remonta à história da Revolução Francesa, quando identificou a facção mais extremista do revolucionários. Após a Segunda Guerra Mundial, nos anos 50, ganhou significado de “nacionalista intransigente, extremista”. Portanto, pode não ser uma simples coincidência que os “Ultras” tenham nascido em meio a uma nova revolução, o que é chamado “Maio de 68”.>>. O primeiro grupo francês que se conecta ao movimento Ultra, começa a agrupar-se espontaneamente um ano antes da fundação. Eram colegas de escola que viam a bola na “virage nord” do estádio Vélodrome, casa do Olympique de Marseille. No início de Agosto de 1984, durante um jogo em casa contra o Sochaux , conheceram um italiano, adepto da Juventus, que lhes deu a conhecer mais sobre o que se passava nas “curvas”. Umas semanas depois, a 31 de Agosto, fundam o Commando Ultra. Até no nome a influência italiana estava presente. A primeira faixa com o nome do grupo apareceu muito mais tarde. Já em 1986, mudaram-se para a “virage Sud”, uma vez que queriam impulsionar o apoio de “todo”
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o estádio e sentiam que o topo norte já tinha “vida” naturalmente, ao passo que o topo sul era mais “adormecido” no apoio ao O. Marseille. O fenómeno foi ganhando admiradores e, seguidores e, no ano seguinte, surgiram grupos míticos como Boulogne Boys (P.S.G.) e Brigade Sud (Nice). O Loire Side (Nantes) e Kop of Metz (Metz) são os demais grupos, também fundados em 1985. Nesse mesmo ano, os Ultras da Juventus voltam a ser uma forte inspiração para adeptos franceses, desta vez para os apaixonados pelo Bordeaux. Numa eliminatória europeia, o jogo em Turim deu oportunidade aos “bordelais” de assistirem ao vivo ao espectáculo Ultra, onde as grandes bandeiras, as cachecoladas e os cânticos organizados são destaque. Isto fez com que desse o “clique” aos forasteiros e, em Agosto de 1986, num jogo do Bordeaux contra o Metz, surge pela primeira vez a faixa “Ultramarines”, na “latérale Sud”. Apesar disto, somente em 1987 é que se dá a fundação oficial do grupo, o qual chegaria a contar com 300 membros pouco tempo depois. No seu primeiro ano de existência, elaboram material e começam a viajar para diversos jogos do seu Bordeaux. Contudo, algum tempo
depois, o presidente do clube decide proibir a entrada de faixas e cachecóis Ultras no próprio estádio, muito devido aos efeitos da tragédia de Heysel Park. Até agora, é possível notar no nosso texto a influência que o movimento Ultra teve nas bancadas francesas, mas, na realidade, o movimento Hooligan também teve grande peso no que viria a desenrolar-se desde os anos 80 até aos dias de hoje. A proximidade entre França e Grã-Bretanha, aliada aos duelos entre clubes de ambos os países nas competições europeias, contribuiu para que o Hooliganismo atraísse seguidores em França. Muitos grupos que surgiram nos anos 80 e 90, misturavam a cultura italiana com a cultura britânica e outros tantos dedicavam-se a seguir a cultura britânica. O Loire Side é um exemplo da mistura que havia entre culturas no panorama francês. Foi um dos grupos pioneiros tanto na criação, como no término da sua actividade (5 anos depois), devido aos violentos distúrbios que causou. A onda foi ganhando força e até 1990 tinham sido fundados cerca de 35 grupos. Em
1997, já se tinha ultrapassado a criação de 100 grupos organizados de apoio. Os grupos Ultra ou Hooligan naturais de França nunca tiveram relacções fáceis com as autoridades, a comunicação social e até com os demais adeptos, em alguns casos. São históricas as investidas sobre a polícia, nos casos de K.O.B. e Bad Gones (por exemplo), que chegaram a expulsar agentes dos seus sectores, nos anos 90. É em consequência do episódio entre elementos da Kop of Boulogne e a polícia, que a ministra da Juventude e Desporto decide elaborar a lei relativa aos eventos desportivos. Nessa lei surge, num dos artigos, a possibilidade de interdição administrativa de estádios (I.A.S.). A repressão intensificou-se, sobretudo, depois do dobrar do milénio. Ao passo que os grupos evoluíam a olhos vistos em determinados aspectos, como a elaboração de coreografias, tiveram uma luta constante contra entidades como o governo e a Liga de Futebol Profissional. Em Janeiro de 2006, as interdições a recintos desportivos foram incluídas numa lei “anti-terrorismo”. Em Novembro de 2007, Julien Quemener (membro do Boulogne Boys) foi alvejado a
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tiro por um polícia, tendo morrido instantaneamente. Alegadamente, a morte advém de um momento de confronto, entre adeptos do P.S.G. e um polícia, que se encontrava descaracterizado. Esse polícia à paisana estaria a defender um adepto do Hapoel Tel Aviv, que estava a ser perseguido pelas ruas de Paris. O polícia acabou por ser ilibado da acusação de homicídio. Deste triste episódio surgiram várias acções conjuntas entre grupos Ultra, inclusive uma manifestação. Os Boulogne Boys criaram a Coordination Nationale des Supporters, uma associação que pretendia unir adeptos e grupos Ultra de vários clubes. A primeira iniciativa levada a cabo pela C.N.S. foi a apresentação de uma faixa com os dizeres: “ser adepto não é crime”. No entanto, pouco tempo depois esta associação “desapareceu”, uma vez que poucos grupos aderiram à mesma. Mais tarde, cerca de 24 grupos fundaram a Coordination Nationale des Ultras. Meses depois, em Abril de 2008, a ministra do Interior (a mesma que criou as I.A.S.), anunciou a dissolução oficial do Faction Metz e do Boulogne Boys. O episódio que desencadeia esta operação passou-se durante a final da Cou-
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pe de France, entre P.S.G. e Lens. A medida governamental surge após a exibição de uma faixa provocatória, na qual ligavam um caso de abuso sexual infantil e um filme estreado nesse ano, ambas as situações passadas e gravadas na região à qual Lens pertence. “Pedófilos, desempregados e consanguíneos: Bem-vindos a Ch’tis”, foi o mote que os políticos, a comunicação social e algumas autoridades ansiavam para aumentarem a repressão aos Ultras o que, mais tarde, levaria ao triste processo de afastamento dos Ultras dos P.S.G. dos estádios. Quanto ao caso de dissolução do grupo Faction Metz (fundado em 2003), este grupo Hooligan foi afastado dos estádios após vários confrontos com adeptos adversários e por proclamarem a ideologia Nazi, através de saudações e cânticos. O Stade de France recebeu o primeiro Congresso Nacional de Associações de Adeptos em Janeiro de 2010. Nesse congresso estiveram à mesa grupos Ultra e demais adeptos, a Liga de Futebol Profissional, o governo, a polícia e a comunicação social. Um mês depois, nas imediações do Parc des Princes, dá-se um violento confronto entre
elementos da Kop of Boulogne e da Virage Auteuil, todos eles afectos ao P.S.G., após um jogo contra o Marseille. Duas semanas depois, semanas essas passadas em coma, morre Yann Lorence (membro do K.O.B.). A fatalidade e todo o confronto entre Ultras e Hooligans do mesmo clube levaram ao início do “plano Leproux”. Robin Leproux era o presidente do clube parisiense à altura e levou a cabo um plano de afastamento dos grupos pertencentes à Kop of Boulogne e à Virage Auteuil. Deixou de ser possível comprar bilhetes anuais para aquelas bancadas de forma “organizada”, sendo a venda de bilhetes anuais aleatória, de modo a que as curvas parisienses pudessem ser ocupadas por qualquer adepto. Os membros de ambos os lados não deixaram de mostrar o seu desagrado, antes, durante e depois da partida jogada na sua casa contra o Montpellier, a qual interromperam aos 75 minutos com uma grande tochada, isto já no mês de Maio de 2010. Antes, em Abril, o governo já tinha dissolvido 5 outros grupos franceses: Brigade Sud Nice, Cosa Nostra Lyon, Supras Auteuil, Authentiks, Paris 1970 La Grinta, Commando Loubard e
Milice Paris. Em Fevereiro de 2011, foi a vez da Butte Paillade (Montpellier) ser suspensa por 4 meses. Em Outubro de 2012, cerca de 1 000 Ultras de diversos grupos franceses, italianos e suíços reuniram-se numa manifestação em Montpellier. Os objectivos eram apoiar e pedir justiça para Casti, Ultra do Montpellier que ficou cego após ter sido alvejado com uma bala de borracha disparada pela polícia, como também protestar contra a lei LOPPSI2 (lei que contempla a dissolução de grupos) e oporem-se a uma possível aplicação do “plano Leproux” em outros clubes. Entre os anos 2019 e 2020, os deputados Marie-George Buffet e Sacha Houlié lideraram uma comissão parlamentar que investigou a lei de interdição de estádios e as medidas de segurança exigidas nos mesmos. À posteriori, apresentaram no parlamento um relatório no qual defendiam uma menor repressão aos Ultras, com mudanças na lei de interdição e nas medidas de segurança, entre as quais a reversão da proibição do uso de pirotecnia em recintos desportivos.
Por L. Cruz
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Era uma vez a
Super Ultra
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Decorria a metade dos anos 90 e o mundo ultra vivia, provavelmente, o momento de maior fulgor em Portugal. Nesses tempos quase todos os clubes tinham um grupo organizado. A existência de uma revista que tivesse uma edição com periodicidade regular tornava-se imperiosa. Já tinham existido vários projetos, mas duravam quase sempre pouco tempo. E eis que, em agosto de 1995, três amigos com paixões clubísticas distintas decidiram embarcar numa aventura que ninguém sabia até onde podia chegar. Um era do Benfica (membro dos No Name Boys), outro do Porto (membro dos Super Dragões) e, por fim, outro do Sporting (membro da Juve Leo ) . Nasceu assim a Fanzine Ultrá. Este nome durou até ao 6º número e, a partir do 7º número, passou definitivamente para a famosa Super Ultra: a revista que mais tempo esteve editada no nosso País. O projecto acabou por ficar rapidamente reduzido a apenas 2 elementos. Também é importante referir que os primeiros quatro números saíram sob forma de fanzine e a partir do número 5 como revista. No total, de agosto de 1995 a outubro de 1999, foram editados 33 números, quase sempre com uma periodicidade mensal e, durante grande parte desse período, a ser vendida nos quiosques e papelarias por todo o nosso país. Foram tempos difíceis mas que deram um prazer danado! Ultra
Por Nuno Manaia, ex director da Super
À conversa com
Encré dans la tribune Como nasceu o projeto Encré dans la tribune e como se desenvolveu? Antes de chegar ao Encré dans la tribune (EDLT), tem de se começar por explicar “Zines de France”. “Zines de France” é um projeto iniciado por duas pessoas. Dois apaixonados de fanzines que tiveram a ideia louca de fazer uma lista de todas as fanzines de grupos e generalistas de França. Começamos a trabalhar no nosso canto, listando o conjunto de fanzines que conhecíamos. Depois para cada referência de fanzine, fizemos a lista dos números que existiram com a capa e a data de edição. Seguidamente, lançamos um site para publicar o resultado deste trabalho: www.zinesdefrance.com. A ideia era que todos pudessem usufruir do que tínhamos feito (para servir de base de dados para todos os ultras franceses) e também para que o projeto fosse colaborativo, que os outros adeptos nos ajudassem a enriquecer com as fanzines ou as capas em falta. O site foi posto online em 2019, e hoje, ele conta com 27 referências de zines generalistas para um total de 226 números, dos quais 212 capas visíveis, e por grupos, 284 referências para um total de 2719 números e 2329 capas visíveis. Ainda temos muito trabalho para recolher a informação, mas já foi uma grande tarefa e um orgulho ter atingido estes números. Depois do lançamento do site, pensamos que era contraditório querer valorizar o formato papel através de um site. Por isso, um dia, tivemos a ideia de nos basear neste trabalho para publicar uma fanzine que abordaria apenas o tema das fanzines. Uma fanzine para os apaixonados deste tipo de tema, com muitos textos, entrevistas e capas recenseadas no site. De uma certa forma, permitiu-nos imortalizar no papel o trabalho que tínhamos realizado.
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Quantos elementos compõem a vossa equipa? Como se organizam? Para o #1 (julho 2020) éramos 3, com algumas colaborações pontuais. Desde do #2 (dezembro 2020), juntaram-se mais dois ultras para formar uma equipa de 5 que se mantém atualmente. Para além desta equipa, temos de juntar colaboradores que se tornaram regulares, podemos falar de uma dezena de pessoas que escrevem no EDLT. Nesta equipa, há uma pessoa que trata mais do grafismo. Ao nível da organização, todos vêm de um clube/claque diferente, consequentemente estamos espalhados por todo o país. Tudo é gerido à distância. Antes de iniciar um número, trocamos ideias em conjunto para estabelecer um sumário, decidir o tema global. Depois, categoria por categoria, fazemos a lista das pessoas/grupos que vamos entrevistar. De seguida, repartimos as tarefas e começamos a trabalhar! Cada entrevista é controlada/corrigida pelos 5 antes de ser enviada às pessoas em causa. Quando recebemos as respostas, fazemos a revisão para corrigir os erros, rever o formato e a entrevista e é feito o layout. Ao longo de todo o processo trocamos ideias, modificamos, acrescentamos coisas, para garantir uma coerência entre os assuntos. Estamos numa fanzine que sai de 6 em 6 meses por isso temos muito tempo para aperfeiçoar, ajustar para pareça uniforme e seja a voz de uma só equipa embora sejamos todos de grupos diferentes. De seguida, trabalhamos sobre tudo que acompanha a fanzine. Temos o hábito de acrescentar goodies a cada número consoante os temas abordados, ou acrescentamos um segundo livrete suplementar. Enviamos tudo isto à gráfica, recepcionamos, e tratamos de todas as encomendas. Quais são os principais objetivos da vossa fanzine? Conhecem projetos parecidos com o vosso? Quando lançamos a fanzine, há vários objetivos. O primeiro é salvaguardar em papel todo o trabalho de recenseamento que fizemos no site, para conservar um registo que não desapareça. O nosso site está online com as informações, mas quem sabe onde estará dentro de 10 ou 20 anos.
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Pelo menos, em formato papel, este trabalho torna-se imortal. Depois, há a vontade de promover a cultura fanzine no seio das nossas tribunas (bancadas), de dar vontade às pessoas de as ler e de dar aos grupos a vontade de voltar a escrever porque ainda é a melhor forma de conservar um registo da história do apoio das claques francesas. Assim, a nossa fanzine articula-se à volta de 4 eixos: - A atualidade, onde nos interessamos pelo conjunto das últimas edições vindas das tribunas francesas. Cada grupo vem apresentar-nos o seu último número. Depois, damos uma volta pela Europa, nas últimas publicações em papel (livre ou fanzine) com algumas entrevistas bastante curtas. Por fim, damos a palavra à ANS (equivalente à APDA) que resume as últimas ações levadas a cabo. - Os generalistas, que dividimos em duas partes. A primeira onde apresentamos uma antiga fanzine generalista francesa com entrevista ao autor e o conjunto das capas recenseadas. De seguida,
apresentamos uma fanzine generalista estrangeira, também com entrevista aos autores. É para esta rúbrica que criamos Cultura de Bancada no nosso #3. - As fanzines de grupos com 3 subpartes: “atualidade” onde nos interessamos por uma publicação recente com entrevista aos autores (Clermont no #1, Toulouse no #2 e Nice no #3), “histórico” onde tratamos o conjunto dos números de uma determinada fanzine e a história do grupo (Auxerre no #1, Strasbourg no #2 e Boulogne no #3), por fim a mesma coisa para “estrangeiro” (Espanha no #1, Suíça com a secção Oeste de Lausanne no #2 e Alemanha com uma fanzine de Ulm no #3). - Na última parte interessamo-nos peos outros formatos (“lido”, “visto”, “ouvido”, “estudado”) e entrevistamos um ator do movimento ultra francês. Com esta divisão, tentamos cobrir o passado e o presente, também a França e o estrangeiro e, por fim, dar uma visão global sobre a cultura fanzine. Não temos conhecimento de outros projetos que tenham ido tão longe ao nível do recenseamento
ou mesmo até à publicação em formato papel. Há Yuri na Europa do Leste que faz um grande trabalho de acompanhamento do conjunto de publicações, mas apenas online, não têm formato papel. Depois, temos feedback de apaixonados estrangeiros que são híper fãs deste projeto. O que significa uma fanzine para vocês qual a sua importância? É um meio de comunicação (expressão) sem limite que permite a difusão de uma subcultura. É um meio primordial. Podemos fazer tudo numa fanzine, há muito poucas restrições. Podemos abordar assuntos sérios, engraçados, polémicos… Há uma liberdade total ao nível do grafismo. É uma formidável ferramenta de comunicação. No seio de um grupo, define uma linguagem comum de todas as bancadas e permite conservar lembranças que temos tendência a esquecer. É como um bom vinho, quanto mais envelhece, mais temos prazer em voltar lá. As fanzines generalistas permitem tirar uma foto de toda uma geração que frequenta os estádios. Dizemos muitas vezes que para avançar temos
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de saber de onde viemos. As fanzines realizam esse papel. Pensam que as fanzines podem ter importância na formação ou reforçar a cultura do adepto? Completamente! É uma fonte de informação inesgotável. Para cada época, encontras elementos que te explicam como se vivia o apoio nesse momento: a repressão, as relações entre grupos, as coreografias, as deslocações… Chegas a sentir a atmosfera da época e permite-te comparar com o que acontece agora. Sem as fanzines, como poderíamos imaginar o que eram os adeptos dos anos 90? A fanzine é um formidável vetor de transmissão da cultura do adepto. Muitas vezes é mais simples aceder ao conhecimento escrito do que oralmente. Pode ser complicado abordar pessoas de um movimento para aprender mais. A fanzine permite-te alcançar alguns conhecimentos que podem ajudar-te a integrar um grupo ou um movimento. Não há nada que tenha atravessado tão bem os anos, como as fanzines. Os sites e os fóruns desapareceram, mais ou menos, as memórias apagam-se pouco a pouco da cabeça das pessoas e acontecerá o mesmo com as redes sociais. O único meio de perpetuar a história das bancadas é colocá-la por escrito, nos livros ou nas fanzines. O que nos podem contar sobre o histórico das fanzines em França? Nas generalistas, a primeira a ser editada é Ultramag’ em 1990. Tiveram 10 números. 1990. A mais marcante é incontestavelmente Sup Mag (36 números de 1992 a 1995). Era vendida em livrarias e tinha uma tiragem de 10.000 exemplares. Contribuiu verdadeiramente para o desenvolvimento do movimento de adeptos em França e marcou toda uma geração. A seguir, houve várias tentativas antes de chegar a encontrar outra fanzine tão qualitativa. Para a minha geração, o equivalente do Sup Mag surge em 2002 com le 12ème homme (13 números de 2002 a 2004), depois Génération Ultra (13 números de 2005 a 2009). Estas duas fanzines eram realmente muito bem estruturadas e difundiram-se bem.
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Em 2006, o Monde des tribunes terá sido a segunda fanzine a tentar ser vendida em livraria (6 números de 2006 a 2008), mas penso que os vários custos eram muito difíceis de assumir. Atualmente, há a Gazzetta Ultra que voltou a publicar uma fanzine em 2019 e nós. Segue a lista das principais (que tiveram vários números): · Ultramag’ (10 números) d’avril 1990 à mai 1992 · Sup Mag (34 números et 2 Hors-série) de juillet 1992 à novembre 1995) · The Firm (14 números) de março 1994 a 1996 · Tribune Dessinée (8 números de 1996 a 1997, e 7 novos números em 2003) · Planète Supporters (10 números) de fevereiro 1996 a dezembro 1996 · Authentik Ultra (12 números) de setembro 1996 a junho 1997 · Ultras News (24 números e 1 fora-de-série) de setembro 1998 a abril 2001 · Tribunes Annonces (9 números) de janeiro 2001 a dezembro 2001 · Infos Ultra (6 números) de janeiro 2002 a agosto 2002
· Le Douzième Homme (12 números et 1 fora-de-série) de março 2002 a março 2004 · Génération Ultra (13 números) de fevereiro 2005 a janeiro 2009 · Le Monde des Tribunes (6 números) de março 2006 a janeiro 2008 · Bulldog French Fans (9 números) de junho 2007 a outubro 2008 · Arrogance & Elégance (10 números) de outubro 2012 a abril 2014 · Gazzetta Ultra (6 números) de junho 2019 até... · Encré dans la tribune (3 números) de julho 2020 até... Ao nível dos grupos, contamos 199 grupos tendo lançado pelo menos uma fanzine, divididos em 50 clubes. As primeiras são obra da tribune Boulogne de Paris em 1984. Atualmente, há uma quinzena de fanzines ainda ativas. Devido ao nosso trabalho de recenseamento, pudemos fazer um gráfico dos lançamentos por época, quando conseguimos identificar a data de edição de um número. Podemos ver que o período mais prolífero para as fanzines corresponde ao período da fanzine generalista Sup’Mag. Verificamos que contribuiu largamente para a difusão desta cultura no seio dos grupos. Depois, a produção é bastante constante no início dos anos 2000, e há uma queda brutal perto de 2005, provavelmente com o desenvolvimento da internet e dos fóruns de discussão. Agora verificamos que desde 2018 está melhor. Um novo impulso desencadeou-se (ligeiramente abrandado pelo COVID) mas podemos acreditar que vai prosseguir com o regresso aos estádios e que as fanzines vão desenvolver-se de novo. Como descrevem o feedback que tiveram desde do lançamento do primeiro número? Honestamente foi para além das nossas espectativas. Sabíamos que a nossa ideia era diferente e pensámos que ela interessaria unicamente as pessoas já apaixonadas por fanzines. E, nesse momento, era difícil saber quantos eram. A nossa fanzine não tem páginas e páginas de fotos de tifos, nem relatórios de jogos. São muitos textos, muitas entrevistas, análise sobre as produções provenientes das bancadas francesas. Não pen-
sávamos que poderia interessar muita gente. Começamos por produzir 200 exemplares. Mas quando saiu vendeu-se muito rapidamente. Os grupos encomendaram-nos grandes quantidades e difundiu-se pouco a pouco. Acabamos por imprimir e vender 800 números, o que é um magnífico valor para uma fanzine sobre fanzines em 2020. Têm por hábito ter convidados que escrevem para a fanzine? Porquê? “Zines de France” é, desde do início, um projeto colaborativo. Quando lançamos o site, queríamos que fosse útil para todos e que todos nos ajudassem a completá-lo: pelos fãs e para os fãs. Era normal guardar este princípio com o formato papel. Contactámos algumas pessoas que conhecíamos para escrever no primeiro número, de seguida criamos uma tribuna livre para que qualquer um pudesse enviar as suas contribuições sobre o assunto que lhe interessasse. Pouco a pouco, o número de colaboradores aumentou. No seguimento, houve muitas entrevistas e, forçosamente, mesmo preparando as perguntas, deixamos a palavra aos intervenientes. São eles que nos têm de contar a sua história, não nos cabe a nós contá-la no seu lugar. Depois fazemos o mesmo trabalho com todos os grupos. Cada um tem a liberdade de nos transmitir a apresentação da sua fanzine ou as fotos para uma das nossas rubricas. Nenhum grupo é posto de lado, e mais uma vez agradecemos aceitarem as nossas regras. No último número, cerca de 30 claques aceitaram enviar-nos fotos para a nossa rúbrica StreetArt. Como explicamos anteriormente, temos uma tribuna para a ANS pois parece-nos capital que o conjunto dos adeptos tenha conhecimento das suas ações. Podem contar-nos uma história que vos tenha marcado desde do início do vosso projeto? O que nos marcou mais foi o entusiasmo, seja das antigas ou novas gerações. Todos foram indulgentes com este projeto, mesmo os que não conheciam as fanzines. Este projeto e outras coisas voltaram a dar força às fanzines em França. Novos são criados, antigos relançados, é genial. Era também esse o objetivo escondido deste
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projeto. Tivemos alguns contratempos como em todos os projetos deste género: atrasos nas respostas das entrevistas, problemas de impressão, de envio, mas globalmente o resultado é muito positivo. Nas histórias engraçadas, a Biblioteca Nacional de França (BNF), que nos contactou para ter um exemplar. Tinham visto um artigo que mencionava a fanzine num jornal. Enviaram-nos um mail para terem um exemplar pois eles tratam de referenciar e guardar o conjunto das publicações impressas francesas. Daqui para frente, há fanzines ultras imortalizadas na BNF, podendo ser consultadas no futuro para estudos, pesquisas etc… Foi surpreendente, e uma honra aceitar o pedido. Como descreveriam o movimento dos adeptos franceses no geral? E o movimento das claques? Não sei se há uma grande cultura futebolística em França. Não falo dos Ultras, mas dentro dos adeptos de futebol, penso que as pessoas vibram menos que noutros países. Houve um efeito pós mundial 98 que permitiu maiores afluências aos estádios mas o adepto de futebol continua a ter uma má imagem na sociedade. Também o vemos com a seleção que agrega menos gente do que países como a Inglaterra ou a Alemanha, por exemplo. Ao nível dos grupos, é bastante diferente. O apoio ativo existe sob todas as formas possíveis. Penso que se explica pelo tamanho do país ou pelo número de países vizinhos com culturas diferentes: uma pessoa de Lille será mais influenciada pela Inglaterra ou a Bélgica enquanto alguém de Nice será mais influenciado pela Itália. Assim, encontras de tudo: do espírito casual/hooligan inglês, aos siders belgas, aos ultras italianos, o espírito de organização vindo da Suíça e da Alemanha, e mesmo agora, sentes a influência da Europa do Leste com os que se encontram na floresta. Se nos adeptos clássicos a França não é um grande exemplo, penso que os grupos ultras não estão muito mal. Há bancadas muito interessantes e de muito bom nível. Há tendências políticas em alguns grupos mas não é nada ao lado da clivagem e do lugar que isso ocupa em Espanha por exemplo. Atualmente, a avaliação é contrastada. De um
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lado, é cada vez mais difícil fazer deslocações pela sua equipa pois as autoridades proíbem-nas facilmente. Do outro, temos a ANS que participa nas instâncias sobre o apoio com os ministérios para melhorar muitas coisas. Nunca tivemos um nível de trocas e de diálogo no passado, por isso podemos esperar melhores dias mesmo que ainda seja frágil. O balanço dos últimos anos ainda é positivo. Os grupos estão cada vez mais estruturados e organizados para responder à legislação cada vez mais constrangedora. A recente crise sanitária também demonstrou a importância social dos grupos, pelas diferentes ações levadas a cabo durante a crise. Em casa, penso que com o episódio COVID todos sentiram a importância de ter público e ambiente. Esperamos aproveitar a onda deste regresso aos estádios. Todos têm uma enorme frustração para libertar, o ambiente desta temporada pode ser verdadeiramente fenomenal. Quais são as revistas/fanzines que preferem? Em França, houve Sup Mag que influenciou toda uma geração e participou na divulgação do apoio nas bancadas. Mesmo que na equipa, não a tenhamos conhecido muito, é inegável a sua importância e influência. Se estamos hoje a discutir estes assuntos, é também por culpa do Sup Mag. Para os generalistas, penso que podemos citar o Douzième homme e Génération ultra. Nos grupos, houve muito boas referências. Se temos de destacar alguns, diria Rugir dos Red Tigers de Lens, Le Goujon Frétillant dos Ultra Boys de Estrasburgo, Œil de Lynx dos Ultras Auxerre e Cervoise dos Lutèce Falco de Paris. É sempre subjetivo, todas as fanzines são interessantes. No estrangeiro há, claro, os alemães que estão muito à frente. Os Saisonrückblick de Blickfang Ultras onde fazem um apanhado de cada um dos grupos no início da época, fazem sonhar alguns membros da equipa que gostariam de trazer o modelo para França. Talvez um dia… O que pensa do movimento de adeptos em Portugal? Honestamente, não temos grande conhecimento. A família da minha mulher é portuguesa, vi alguns jogos aí e senti a paixão que se liberta,
as rivalidades entre os grandes clubes. Todos na família dela apoiam um clube (e não é obrigatoriamente o mesmo). É aqui que penso que a paixão pelo futebol é provavelmente maior que em França, porque envolve todas as gerações. E também sentimos com toda a diáspora pelo mundo, a paixão já não precisa de ser provada. Porém, conhecia menos a cultura Ultra portuguesa antes de pesquisar para a entrevista e através da vossa fanzine. De França, temos tendência a assimilá-la à cultura espanhola, mas afinal há muitas diferenças. Não me parece que seja simples para os grupos ultras desenvolverem-se, mas espero que evolua no bom sentido. Qual é a vossa opinião sobre a nossa fanzine? Muito boa. Um grande trabalho com uma regularidade de publicação impressionante. Penso que foi uma boa aposta começar no numérico, para lançar as bases do projeto. Estive a traduzir alguns artigos e eram muito completos. Gosto muito da mistura do passado com a atualidade, atinge o princípio fundamental de uma zine: explicar o passado, conservar uma marca do presente e influenciar o futuro propagando-o. Por isso, continuem assim! No entanto, somos apaixonados pelo papel, por isso, esperamos ver o que ainda vem. Querem deixar uma última palavra aos leitores? Apoiem este belo projeto que é Cultura de Bancada. Pede muito tempo, trabalho, esforço e energia, por isso, mostrem o vosso interesse. É importante existirem projetos deste género em toda a subcultura para contribuir para a sua divulgação, a sua manutenção e a sua evolução. Infelizmente, muitas vezes damo-nos conta quando desaparecem, e que não aproveitamos enquanto existem. E lembrem-se que não é preciso muito para fazer uma fanzine: uma folha, uma caneta, um computador, uma impressora, tiram-se fotocópias e, temos uma fanzine, não tenham medo de começar. Boa continuação a todos os fãs das tribunas portuguesas! Agradecemos Encré dans la tribune ter aceitado o nosso convite.
Encré dans la tribune #1
Julho 2020 180 páginas 800 exemplares (esgotados) Acompanhados de um CD de cânticos de uma cassete áudio d’Atalanta-Milan AC (1989/90) 5€
Encré dans la tribune #2
Dezembro 2020 348 páginas 800 Exemplares (esgotados) Acompanhado de uma série de 5 fotos + Um livrete sobre as interdições de estádio (28 páginas) 7,50€
Encré dans la tribune #3
Julho 2021 360 Páginas Ainda à venda Acompanhado de uma série de 6 postais, um marcador de páginas e 2 stickers + Um livrete sobre o tema do Street-Art (32 páginas) 7,50€
Venda www.zinesdefrance.com
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PORTUGAL NO EURO 2020 vs HUNGRIA O primeiro jogo de Portugal, contra a Hungria, despertava especial interesse a nível de bancada visto os húngaros serem bastante conhecidos pelo apoio à sua selecção nacional. O dia começou bem cedo com a ida à fanzone para ir buscar as pulseiras. Depois de feita a troca foi altura de dedicar tempo ao ambiente de bola depois de um longo período sem ter o prazer de entrar num estádio e de desfrutar de toda a envolvente. Uma vez que o ambiente da fanzone era um bocado “comercial” para quem está habituado a viver o futebol de outra maneira, a opção foi ir para a avenida contígua ao parque de Varósliget para assistir ao cortejo dos húngaros. À frente, uma única faixa: Magyarorszag. Por trás, uma multidão de húngaros que encheu de fumo, cachecóis e bandeiras aquela avenida, com um cortejo de apoio que nunca tinha visto em contexto de selecções nacionais. A linha da frente era composta por pessoal da Carpathian Brigade, o grupo de apoio à selecção, e também
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dos Green Monsters, que não se juntaram oficialmente ao movimento de apoio à selecção, mas que decidiram marcar presença representando o grupo. A composição dos elementos era bastante diferente daquilo que é habitual ver nos jogos da selecção portuguesa e de muitas selecções por essa Europa fora sendo que, aquela linha da frente cheia de t-shirts pretas dá um efeito visual muito poderoso. Já dentro do estádio, o sector português contava com aproximadamente 5/6 mil portugueses, que deram um apoio fraquinho, mas que também estava condicionado por jogarem na casa do adversário e com húngaros no meio do próprio sector, o que dificultava um bocado as coisas. Do lado húngaro, a Carpathian Brigade marcou presença com a sua faixa no centro do sector adversário, com os Green Monsters do Ferencvaros do lado direito e a malta do Ujpest do lado esquerdo. No início houve um tifo de cartolinas e o apoio durante o jogo teve bons
vs ALEMANHA momentos, principalmente quando conseguiam arrastar o resto do estádio para os seus cânticos. No entanto, sofrem daquele que é um problema comum no apoio a selecções, que são os cânticos repetitivos e com pouca originalidade, que se esgotam rapidamente. Houve ainda oportunidade de lançarem uns fumos no momento do golo anulado da Hungria, mas a nível pirotécnico, dentro do estádio, não houve mais momentos a registar. No final do jogo foi altura de regressar com uma vitória e com o sentimento de saudade um bocado atenuado, apesar de não ter sido nem de perto nem de longe, o suficiente para as conseguir matar por completo. Aguardam-se agora tempos melhores para os adeptos e para o mundo em geral, e esperemos que o regresso aos estádios na totalidade esteja para breve, pois é sinal que as coisas estão bem melhores!
Por J. Rocha
Duas semanas, quatro jogos, três países diferentes, um Euro com um formato diferente que, na minha opinião, além da pandemia, não teve aquele tradicional brilho de quando é realizado apenas num só país. Começo por aí, em Munique nem parecia haver Europeu, tirando umas bandeiras hasteadas nas ruas principais e outdoors publicitários, ambiente de jogo só mesmo umas horas antes do jogo na praça da conhecida cervejaria Hofbrauhaus. Três dias em terras bávaras foram o suficiente para conhecer os pontos principais da cidade. Ao contrário da Hungria, este oferecia os testes covid, sendo obrigatório para quase tudo, inclusive para entrar no estádio. Destaco a boa vibe presente nos locais, qualquer espaço serve para estar com os amigos a beber uns copos e a confraternizar, até mesmo nas atrações turísticas estão como se estivessem num bar a conviver. Deu para conhecer ainda o estádio Olímpico dos jogos de 1972 e ainda o estádio e o centro de treinos do TSV 1860 Munchen. O estádio é a
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moda antiga, talvez seja municipal, pois não tinha nada relacionado ao clube, muito cinzento, o mesmo já foi usado pelo grande rival Bayern durante anos. Na mesma avenida fica o complexo de treinos, esse já tinha mais sentimento de pertença ao clube, com fanshop, bar, instalações e marcas dos ultras locais. Já ia sem grande expetativas para o jogo em si e, assim se comprovo. O estádio fica afastado do centro da cidade, fizemos o trajeto de metro como grande parte dos adeptos, não houve concentração organizada pela FPF, cada um por si, tudo tranquilo. A Arena apenas teve 14.500 adeptos, 20% da capacidade, num ambiente de jogo amigável. Do lado português éramos cerca de 2.500, pareceu-me que a grande maioria dos adeptos era imigrante. À minha volta pouco ouvia falar Português, ultras eram pouquíssimos, o que torna complicado ter um bom poder vocal. Na 1ª parte ainda fizemos o que podíamos no apoio, mas
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com o resultado negativo em 4-1 logo no início da 2ª parte o apoio esmoreceu e ficou fraco até ao fim do jogo. Do lado Alemão apenas os ouvi nos últimos 10 minutos de jogo, o ambiente no exterior do estádio era calmo, um ambiente familiar. No fim do jogo era hora de começar a fazer contas para Portugal seguir em frente. Saímos no dia a seguir em direção a Viena para conhcer a cidade, para no fim terminar em Budapeste a aventura da fase de grupos. Por Diogo F.
vs FRANÇA Num dia soalheiro, com temperatura superior a 35ºc, foi junto à Basílica de Santo Estevão - o maior edifício religioso da Hungria, que os adeptos lusos se concentraram. Com os Bares e cafés apinhados de adeptos, trajados a rigor (camisola das quinas), eram audíveis múltiplos cânticos de apoio à seleção. Não obstante as centenas de adeptos presentes na área envolvente da Basílica, não existiu um verdadeiro movimento organizado de adeptos, apesar da tentativa do Fernando Madureira em contactar e concentrar os adeptos, conseguindo reunir cerca de 100 elementos, os quais entoaram e ensaiaram cânticos de apoio. Já no interior do Puskas Arena, os “portugueses” e a legião de fãs de Cristiano Ronaldo lotaram um dos topos do estádio. Madureira liderou o grupo de apoio espontaneo de Portugal, contando com a presença de alguns “ultras” de diferentes clubes nacionais. O apoio foi regular ao longo do jogo, sen-
do apenas “abafado” momentaneamente pelos adeptos húngaros, presentes em grande número, os quais exultaram com os golos da seleção magiar contra a Alemanha. No topo oposto, os franceses apenas a espaços se fizeram ouvir com o célebre “allez les blues”. Após o golo do empate obtido por Portugal, que colocava a seleção em lugar de apuramento para os oitavos de final do Euro 2020, o apoio foi mais efetivo, devido ao contributo e impulso dos ultras presentes. No que respeita ao apoio à seleção, o mesmo é fortemente condicionado pela presença de muitos emigrantes, alguns dos quais, não têm a língua de Camões como língua materna e ao número incrível de fãs de Cristiano Ronaldo, que trajam a camisola das quinas e apoiam, insconcientemente ou não, Portugal. Esta realidade inibe e, muito, o apoio à seleção, pois para além de não terem cultura de
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bancada, não falam português. Paralelamente, existem “ultras” presentes nos jogos que não se associam ao movimento “espontãneo” de apoio, devido à clubite. A verdade é que são os elementos pertencentes a grupos de apoio que marcam pela diferença e têm o condão de criar uma onda de apoio, “arrastando”e estimulando os adeptos “normais”, porém é preciso mudar mentalidades e não confundir a clubite e os grupos com a seleção. Este tema é pertinente, pelo que, defendo a realização de uma reunião com os responsáveis dos diferentes grupos de apoio nacionais, eventualmente mediados pela APDA e/ou FPF, para definir um acordo/pacto de não agressão durante os jogos da seleção, com o objetivo de ser criado um movimento organizado, aceite e respeitado. Por fim, e o mais importante, Portugal com o empate a 2 contra a França, garantiu o 3º
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lugar do grupo e o consequente apuramento para os oitavos de final do Euro 2020. Por Jorge Moreira
vs BÉLGICA A saída para Sevilha era para ter sido sábado de manhã, numa autocaravana com um grupo de amigos de longa data, mas o raio do Covid fez das suas e dois dos meus cinco amigos descobriram que estavam infectados no dia anterior. Missão Caravana abortada. Assim, só saí no domingo de manhã com outros três companheiros, de carro. Foram quatro horitas para chegar ao destino e, pelo caminho, deu para perceber que Sevilha iria estar pintada de verde e vermelho. Muitos carros de matrícula portuguesa na estrada...mesmo muitos. Chegados à tórrida cidade Andaluz por volta da hora de almoço e logo fomos refrescar (mais) as gargantas e procurar um tasco para almoçar tranquilos. Encontrei malta conhecida de Faro (South Side) e abanquei logo ali para trincar umas especialidades da terra. Bandeira estendida à “Inglesa” e toca de pedir canhas e ensaiar os primeiros cânticos. Entretanto juntou-se ao gru-
po a rapaziada da APDA, o que deu ainda mais consistência à grupeta. Depois da barriga forrada, fomos ter com o grosso dos tugas presentes em Sevilha à praça onde estava marcada a concentração. O que previa...uma autêntica invasão de portugueses, emigras, betos de Lisboa, adeptos normais, os habituais de Chaves, adeptos tipicos da Seleção, muita malta do norte, carradas de elementos de vários grupos ultras tugas...enfim... uma diversidade que poucas vezes se vê em jogos da Seleção que, quanto a mim, é de salutar. Cerca de 2 horas antes do início da partida a malta começou a juntar-se para fazer o percurso a pé até o estádio. Eu, como é habitual, prefiro continuar a beber copos com os meus até à ultima e aproveitar ao máximo o dia de bola. Felizmente há mais malta (muitos sem bilhete) que pensa como eu e foi a melhor altura do dia, com canhas e mais canhas nos bares junto ao rio, tochas, fumos, pés em cima das mesas, cerve-
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ja pelo ar...um arraial dos mais capazes. A saída para o estádio foi de táxi, uns 40 minutos antes do jogo. Já no Olimpico de La Cartuja, o ambiente esperado. Sector luso bem composto apesar das restrições pandémicas, e muita gente nova cheia de vontade de apoiar, o que facilita o trabalho dos capos canoros. Sempre bem colorido durante o jogo devido às bandeirinhas pequenas que a organização FPF distribuiu pelas cadeiras e 2 tambores sempre bem coordenados, proporcionando sempre bons ritmos nos, já muito mais diversificado, cânticos de apoio à seleção Nacional. Posso dizer, sem qualquer dúvida, que o apoio superou o jogo e o resultado... infelizmente. Do lado Belga, um boa mancha no sector oposto mas muito fracos vocalmente . Espero sinceramente que, pelo nas fases finais dos Euros e Mundiais, a malta se desloque
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cada vez mais para podermos, não só dar um bom apoio à equipa como também fazer boa figura no mundo boleiro...ah...e levem/estendam bandeiras lusas no estádio e nos bares... sem vergonhas !! Regresso a casa logo depois do jogo, sem grandes histórias para contar....cansado mas missão cumprida.
Por Pedro Marques (Tantum)
vs BÉLGICA
(Sem bilhete)
A fome do futebol, a adrenalina das deslocações, a saudade do ambiente da bancada e, claro, o gosto pela seleção levou-nos, desde o fim do jogo com a França, a organizar a ida a Sevilha. Desde cedo vimos que não seria fácil conseguir bilhetes e, se com bilhete estávamos muitos para nos fazer à estrada, sem bilhete ficamos apenas quatro! Poucos mas bons, como se costuma dizer, e lá fomos nós. Chegamos a Sevilha no sábado, ainda deu para conhecer um pouco da cidade e fugir um bocado da vida de ultra (percorrer as cidades todas do país e apenas conhecer o estádio dessa mesma cidade, e às vezes nem o estádio). Um sábado com pouco ambiente nas ruas, muitos belgas, alguns portugueses, mas pouco ambiente, para o que esperávamos. No domingo de manhã estacionamos o carro perto do estádio para depois regressar ao centro e fazer o cortejo até ao estádio. Por essa
altura, nos arredores do estádio, já encontramos a confusão do futebol, com muitos portugueses presentes e muita polícia. Seguimos caminho e regressamos ao centro, onde foi possível sentir o ambiente a aquecer! Os primeiros grupos de adeptos começavam a aparecer na Plaza de Jerez, ouviam-se então os primeiros cânticos. A cerveja não faltou e ajudou a combater o calor que se fazia sentir. Já com o aproximar da hora do jogo, os vários grupos ultras presentes, começaram a juntar-se perto uns dos outros e, rivalidades à parte, conseguiu-se um grande ambiente com muito convívio. Apesar de ser permitida a pyro nas ruas, o seu uso foi curto. A nossa vontade para ir ao jogo era grande e, apesar de pouca esperança, ouvia-se falar em bilhetes, mas a preços absurdos. Tentamos então a forma menos legal, primeiro ter a pulseira verde (com teste negativo e bilhete de outros). Ter a pulseira foi fácil, depois também se veio a saber que o teste negativo não era necessário
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para entrar no estádio. O pessoal juntou-se para fazer o cortejo e saiu em direção ao estádio. Nós um grupo mais pequeno, saímos por outro lado e mais tarde viemos a descobrir que iriamos passar pelo local de concentração dos belgas. Mas lá fomos e, passamos pelo meio deles, sem qualquer problema. Depois de uns bons kms até ao local do jogo, demos uma volta completa ao estádio na esperança de encontrar forma de entrar. Na porta dos portugueses, ainda tentamos entrar com bilhete de outro adepto, mas fomos barrados pelos seguranças. Desistimos, não era fácil ultrapassar as vedações que o estádio tinha, era quase impossível, porque o que mais havia era polícia, a pé, a cavalo, drones, tanques, helicópteros, um bocado de tudo! Depois da longa caminhada, paramos nas roulottes perto do estádio para comer alguma coisa antes de pegarmos no carro para voltar
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ao centro para ver o jogo. Já no centro, encontramos muitos portugueses e uma cervejaria para ver o jogo, comer e beber e desilusão. Quando estávamos a voltar para o carro, para regressar a Portugal, reparamos em muitos polícias a correr para a zona do McDonald’s e, quando lá chegamos, tinham sido detidos alguns membros dos grupos que viram o jogo naquele local. Tirando esse episódio e o já conhecido entre adeptos do Benfica e do Sporting, foi uma deslocação pacífica, sem mais nada a registar, para repetir e mais tarde recordar!
Por C. Peixoto
MEMÓRIAS Da BANCADA
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Resumo da bancada Dois meses de resumo de bancada que ficam marcados pelo período futebolístico mais calmo a nível nacional. Coincidiu também com o ultrapassar de uma fase de restrições mais duras em Portugal, em que felizmente já se foram ouvindo notícias acerca da possibilidade dos recintos desportivos terem público. O encerrar da temporada distrital predomina no tema deste sexto número! Diabos Vermelhos homenageiam Valter Neves | 10-06-2021 O hoquista de 37 anos anunciou o fim da carreira e vai assumir o cargo de “team manager” do Benfica naquela modalidade. Os Diabos Vermelhos, claque dos encarnados, são conhecidos pela sua forte ligação de apoio ao hóquei em patins do clube e não quiseram deixar de prestar o seu tributo a Valter Neves, atleta que jogou de águia ao peito durante 17 épocas. Feriado activo para os varzinistas | 10-06-2021 Foi um Dia de Portugal que vários adeptos do Varzim SC decidiram dedicar, em forma de apoio, a duas das suas equipas: De manhã, o futebol de praia e, à tarde, o futebol feminino. No novo campo da Praia da Aguçadoura, que acaba por também servir como a mais recente casa para os encontros do emblema poveiro, o grupo Os De 1915 e restantes simpatizantes acabam por ser brindados com uma vitória por 6-3 contra o Chaves. Relativamente à equipa feminina de futebol, teve um importante jogo nas eliminatórias de acesso à subida à primeira divisão e contou com o apoio de cerca de uma dezena de varzinistas, que se encontravam no exterior do reduto. A verdade é que acabaram por perder e os adeptos acabaram por ser detidos pela GNR local, depois de momentos de maior tensão.
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Subida do Belenenses: CF “Os Belenenses” x GDRC Ponterrolense | 10-06-2021 O clube do Restelo conquistou uma nova subida e respectiva confirmação da passagem das distritais lisboetas para o Campeonato de Portugal. Em mais um tradicional apoio no exterior do reduto, os adeptos belenenses quiseram, obviamente, fortalecer as comemorações de uma vitória que teve um sabor mais especial. Fúria Azul e Grupo da Grade tiveram vários momentos de pirotecnia e fumo aberto durante e após a partida, festejaram com os jogadores no acesso que dá a entrada ao estádio e a própria equipa ainda abriu uma tarja feita pela Fúria com a seguinte mensagem: “Do inferno ao céu seguimos juntos”. Nota ainda para a continuação dos festejos da Fúria Azul no interior do Restelo com mais pirotecnia, destacando-se um momento de abertura de fogo de artifício no relvado. Falecimento de Neno | 10-06-2021 O antigo guarda-redes faleceu aos 59 anos, vítima de doença súbita. Passou por vários clubes históricos do futebol português, mas foi no Vitória SC que se tornou um verdadeiro ícone, acabando também por representar o emblema vimaranense como dirigente. Por isso, foi naturalmente em Guimarães que teve direito às várias homenagens dos adeptos. A notícia deste acontecimento saiu no final daquele feriado de 5ª feira e, logo no fim-de-semana seguinte, surgiram as várias demonstrações de afecto por parte dos vitorianos, fosse de forma individual ou através dos seus vários grupos. Destaque para o funeral, que ocorreu no Domingo, no qual muitas pessoas marcaram presença no centro da cidade, com pirotecnia aberta e uma mensagem: “Para sempre um de nós”. Adeptos do Lamas em Oliveira de Azeméis: CF União de Lamas x Canedo FC | 20-06-2021 Foi com uma bancada central praticamente repleta que a equipa do União de Lamas garantiu a passagem à final do Apuramento de Campeão da Distrital de Aveiro, muito empurrada pelo apoio de quem lá estava, sobretudo pelo grupo Papa Tintos.
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Final da Divisão de Honra da Distrital do Porto: AC Alfenense x CD Águias de Eiriz | 24-06-2021 Uma final que contou com público no Parque Desportivo de Ramalde. Devido às restrições de lotação, e perante uma boa moldura humana na bancada central daquele reduto portuense, alguns adeptos do Águias de Eiriz ficaram no exterior, improvisando daí uma claque que foi incansável no apoio à equipa. Pese embora a derrota, esses mesmos apoiantes continuaram os festejos da subida de escalão à Elite, que se tinha confirmado uns dias antes, na vitória da formação da freguesia de Paços de Ferreira nas meias-finais dessa mesma competição. Houve pirotecnia e muitos cânticos, num momento bonito de harmonia entre jogadores e adeptos em pleno futebol distrital. Título e subida para o Forjães: Forjães SC x GD Joane | 27-06-2021 O Forjães confirmou a vitória da Pró-Nacional da AF Braga, e respectiva subida ao Campeonato de Portugal, depois de empatar em casa na segunda mão da final (tinha vencido em Joane, na primeira mão). Naturalmente que a festa, comandada pelos Ultras Forjães 01, com os jogadores foi enorme e proporcionou imagens incríveis, num autêntico espectáculo de um povo que se destacou pelo seu bairrismo, através de uma mobilização que culminou numa histórica subida. Nota também para uma boa deslocação da claque do Forjães, uma semana antes, ao terreno do Joane, pese embora as restrições a nível de bilhetes. Final no Estádio Municipal de Aveiro: CF União de Lamas x GDSC Alvarenga | 27-06-2021 À imagem da meia-final que mencionámos, também este encontro não ficou aquém das expectativas em termos de ambiente, e teve uma boa moldura humana na central do maior estádio do distrito de Aveiro, com a bancada central bem composta, pese embora as restrições de bilhetes. As cores predominantes eram o rubro-negro, não fossem estas, as que se encontram presentes nos equipamentos de ambas as equipas, com natural destaque para um maior número de simpatizantes do União de Lamas, destacando-se
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novamente os Papa Tintos no apoio. No final, a vitória sorriu ao Alvarenga, que assim garantiu a subida ao Campeonato de Portugal, para tristeza dos muitos unionistas presentes. Final da 2ª Divisão Distrital do Porto: CD Aves 1930 x Airães FC | 27-06-2021 Foi contra um clube a cumprir a sua primeira época de existência que o Aves realizou a final do apuramento de campeão do seu escalão distrital e venceu, confirmando o título à primeira nesta sua refundação. Os avenses foram proporcionando bonitos espetáculos, tanto dentro como fora dos campos neutros onde iam realizando cada eliminatória. Destacamos, por isso, o derradeiro encontro, que foi jogado no Castêlo da Maia. Com as regras sanitárias a permitirem a presença de público (com restrições de lotação) nas bancadas, os adeptos não faltaram à chamada e a Força Avense deu um belo apoio à sua formação ao longo de todo o encontro. Importa salientar que o encontro decorreu num Domingo, ao final da tarde, coincidindo com a realização de um encontro da selecção portuguesa no Europeu. Na chegada da equipa à sua vila, houve uma grande festa, com muita pirotecnia por parte da claque. Festejos do 115º aniversário do Sporting | 0107-2021 Os adeptos sportinguistas não perderam a oportunidade de comemorar mais um aniversário do seu clube, com destaque para os vários espectáculos pirotécnicos feitos por diferentes grupos em vários locais. Muita acção no dérbi: Varzim SC x Rio Ave FC | 25-07-2021 Curiosamente, um dos últimos registos do resumo do número anterior foi acerca da descida do Rio Ave, dos acontecimentos que se seguiram e da rivalidade com o Varzim, que prometia “aquecer” o segundo escalão. Pois bem, agora fechamos este resumo de bancada com o início da nova temporada e com este encontro, uma vez que o sorteio da Taça da Liga ditou que ambos os conjuntos se defrontassem logo na primeira eliminatória!
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Os adeptos de ambos os emblemas mobilizaram-se para este primeiro duelo, ao fim de 13 anos, entre eles. Os varzinistas deixaram várias mensagens insultuosas aos rivais, chegaram a “enforcar” um boneco vestido com uma camisola do Rio Ave num viaduto sobre a auto estrada que passa por aquela região, os De 1915 compareceram no último treino da sua equipa antes do dérbi para incentivar a mesma, e houve uma recepção bastante numerosa, dos da casa, ao autocarro na chegada do estádio. Quanto aos apoiantes do Rio Ave, fizeram mesmo questão de se deslocar até à cidade rival para também dar uma última força ao autocarro em que seguia a sua formação. Destaque para um grande aparato policial que, no entanto, não evitou algumas cenas de violência entre adeptos rivais, perto da zona do casino. No final, a vitória sorriu ao Rio Ave nas grandes penalidades. Uma rivalidade que está cada vez mais viva e que gera grandes momentos de entusiasmo, orgulho e ódio.
RESUMO EURO 2020 Um Euro 2020 atípico, ao nível do que tem sido o futebol em período de pandemia. Basta dizer que foi jogado em 2021 e cheio de restrições para o público. Os critérios eram diferentes de nação para nação: Viajar de um lado para outro não era igual, fosse através da obrigatoriedade de quarentena, vacinação e/ou testes negativos. A percentagem limitada de bilhetes disponibilizados aos apoiantes das seleções que participaram em cada encontro também não ajudou, antes pelo contrário. Passemos então a descrever aquilo que se passou em cada um dos grupos e eliminatórias, nesta competição que foi realizada em 11 cidades de… 11 países diferentes!
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FASE DE GRUPOS
Os jogos ocorreram em Roma e Baku, contando ambos os estádios com aproximadamente 70 mil lugares. Itália x Turquia | Roma | Assistência oficial: 12.916 Estima-se que cerca de 10 mil turcos estiveram presentes na capital romana, mas apenas foram reservados 3 mil bilhetes para eles. Ainda assim, fizeram-se notar no interior do recinto, pese embora a fraca exibição da sua equipa. País de Gales x Suíça | Baku | Assistência oficial: 8.782 À volta de 500 galeses e 250 suíços presentes em pleno Azerbaijão, um local obviamente prejudicial para os amantes destas duas selecções. O encontro não teve grande afluência, uma vez que a formação mais aguardada ali era a Turquia [ que lá jogaria nas duas jornadas seguintes], pela proximidade geográfica e evidente boa relação entre habitantes. Turquia x País de Gales | Baku | Assistência oficial: 19.762 Novamente, contou-se cerca de meio milhar de galeses presente no Estádio Olímpico de Baku. Viajaram aproximadamente 8 mil turcos que apoiaram, juntamente com os locais, a sua seleção.
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Itália x Suíça | Roma | Assistência oficial: 12.445 Estima-se que 2.500 suíços tenham marcado presença no estádio da capital italiana. Turquia x Suíça | Baku | Assistência oficial: 17.138 As duas derrotas iniciais e as pobres prestações da equipa turca baixaram um pouco as expectativas para este derradeiro jogo. Ainda assim, marcaram presença cerca de 7 mil turcos e 10 mil locais para apoiar aquela selecção. Do lado forasteiro, contabilizavam-se aproximadamente 150 helvéticos. Itália x País de Gales | Roma | Assistência oficial: 11.541 Apenas 150 galeses estiveram presentes, devido às restrições existentes entre Itália e Reino Unido.
Os jogos ocorreram em Copenhaga e São Petersburgo, mais concretamente no Estádio Parken (cerca de 38 mil lugares no total) e no Estádio Krestovsky (capacidade máxima de aproximadamente 68 mil lugares). Dinamarca x Finlândia | Copenhaga | Assistência oficial: 13.790 Encontro entre duas equipas nórdicas para estrear este grupo no qual estiveram quase 2500 finlandeses. Foi marcado pelo grande susto com Christian Eriksen, que provocou uma grande sintonia entre ambos os lados de adeptos, com o
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nome do jogador dinamarquês a ser entoado em uníssono! Esta partida inicial em Copenhaga teve mais restrições a nível de lotação do que os que os jogos seguintes. 8- Rússia x Bélgica | São Petersburgo | Assistência oficial: 26.264 Aproximadamente três centenas de belgas estiveram no estádio. 9- Rússia x Finlândia | São Petersburgo | Assistência oficial: 24.540 Cerca de 3 mil finlandeses marcaram presença no recinto, aproveitando a curta deslocação até à cidade russa. 10- Dinamarca x Bélgica | Copenhaga | Assistência oficial: 23.395 Jogo com mais liberdade a nível de entrada, a registar imediatamente uma boa plateia. Do lado belga, estavam presentes cerca de três milhares de adeptos. 11- Dinamarca x Rússia | Copenhaga | Assistência oficial: 23.644 Um grande ambiente proporcionado pelos da casa, a culminar com uma goleada e o respectivo apuramento. Apenas 100 russos estiveram presentes, contudo estima-se que cerca de 2.500 conseguiram bilhete, mas tiveram problemas por causa das restrições, não conseguindo chegar ao destino... 12- Finlândia x Bélgica | São Petersburgo | Assistência oficial: 18.545 Mais uma boa curta deslocação dos finlandeses até à cidade russa, com aproximadamente 2.500 presentes no estádio. Quanto aos belgas, que até já tinham garantido a passagem à fase seguinte, contavam com cerca de 400 adeptos nas bancadas.
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Os jogos ocorreram em Bucareste e Amesterdão, contando ambos os estádios com cerca de 55 mil lugares. Destaque para protestos de vários grupos romenos contra a UEFA,aproveitando a visita do Europeu ao seu país. Os ultras do CSA Steaua Bucuresti foram dos mais ativos, reforçando a sua luta pública pela distância do seu clube ao FCSB (muitas vezes confundido com o histórico Steaua) e contra os movimentos Black Lives Matter e LGBT. 13- Áustria x Macedónia do Norte | Bucareste | Assistência oficial: 9.082 Os apoiantes da Macedónia do Norte aproveitaram a estreia num Europeu, por parte da sua selecção, com aproximadamente 2.500 adeptos presentes na Arena Nacional de Bucareste. Do lado austríaco, eram pouco mais de 500 adeptos no recinto. 14- Países Baixos x Ucrânia | Amesterdão | Assistência oficial: 15.837 À volta de 150 ucranianos presentes. Quanto aos da casa, fica a nota por terem sido dos primeiros a localizar-se da forma menos aglomerada possível nas bancadas, tentando criar alguma “distância de segurança”. 15- Ucrânia x Macedónia do Norte | Bucareste | Assistência oficial: 10.001 Bom ambiente de parte a parte, com presença de ultras de ambos os lados. Estima-se que estavam
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cerca de 2 mil ucranianos e uns 2.300 apoiantes da Macedónia do Norte. 16- Países Baixos x Áustria | Amesterdão | Assistência oficial: 15.24 Cerca de 1.500 austríacos presentes. 17- Países Baixos x Macedónia do Norte | Amesterdão | Assistência oficial: 15.227 Naturalmente verificou-se um menor número de adeptos da Macedónia do Norte aqui, em relação aos encontros na Roménia. Ainda assim, 1.500 marcaram presença na sua despedida da competição. 18- Ucrânia x Áustria | Bucareste | Assistência oficial: 10.472 Muito boa deslocação ucraniana à Arena Nacional de Bucareste, contando com 4 mil apoiantes. Do lado austríaco, eram cerca de 1.500.
Os jogos ocorreram em Londres e Glasgow, mais concretamente nos históricos Wembley (que leva cerca de 90 mil lugares) e Hampden Park (com capacidade para cerca de 52 mil pessoas sentadas). 19- Inglaterra x Croácia | Londres | Assistência oficial: 18.497 Quase 400 croatas presentes em Wembley. Relativamente aos da casa, o êxtase do costume, mesmo com a lotação limitada. Grandes imagens dos festejos do seu golo da vitória, chegando
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mesmo a provocar um ferido que caiu pela bancada. 20- Escócia x República Checa | Glasgow | Assistência oficial: 9.847 Apenas cerca de 150 checos presentes em Hampden Park, o que se explica facilmente pelas medidas restritivas para se viajar até ao Reino Unido. 21- Croácia x República Checa | Glasgow | Assistência oficial: 5.607 Pior “casa” de todo o Europeu. Convém dizer que o público era praticamente todo escocês, com excepção de cerca de 150 croatas e 250 checos que se encontravam no interior do estádio... 22- Inglaterra x Escócia | Londres | Assistência oficial: 20.306 Um dos jogos mais aguardados fora das quatro linhas, dada a eterna rivalidade existente entre os dois países. Apesar de “só” terem estado pouco mais de 3 mil escoceses no interior do Wembley, foram cerca de 20 mil os que iam circulando nas ruas de Londres ao longo de todo o dia e que começaram a fazer a festa já na véspera do encontro. Cenas surreais, ao bom estilo britânico, com a conjugação de festa, cerveja e multidão. Chegou-se ao ponto de ver um escocês, por exemplo, a lançar-se contra uma mota que circulava na rua. Para os ingleses, os papéis inverteram-se. Neste caso, foram eles quem sofreu uma invasão a uma cidade sua, organizando-se nas ruas com algumas turmas para tentar alguma ação, sendo que, na realidade, ainda houve alguns focos de incidentes entre adeptos rivais e até bandeiras roubadas (ou seja, este tipo de cenário acontece normalmente ao contrário para os ingleses...). Dentro de campo, um empate sem golos. Na verdade, neste grupo, foi mesmo a única partida que a Inglaterra não ganhou e que a Escócia não perdeu. Porém, só isto serviu para levar à loucura os escoceses por terem evitado uma derrota, contra todas as expectativas, frente ao seu grande ódio de estimação. 23- Escócia x Croácia | Glasgow | Assistência oficial: 9.896
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Cerca de 200 croatas presentes. 24- Inglaterra x República Checa | Londres | Assistência oficial: 19.104 Um encontro muito semelhante para os ingleses em relação ao da primeira jornada. Tanto a nível de público, como de resultado. Do lado checo, estiveram presentes aproximadamente 300 elementos em Wembley.
Os jogos ocorreram em São Petersburgo e Sevilha. O Estádio Krestovsky, como já referimos, tem uma lotação de cerca de 68 mil lugares, enquanto que o Estádio Olímpico La Cartuja leva cerca de 57.500 no total. Nota para o facto deste último recinto substituir San Mamés, quase à última da hora, devido às medidas sanitárias mais apertadas impostas pelo Governo Basco em relação às que vigoravam na Andaluzia. Algo que certamente até levou ao contentamento dos de Bilbau, que já tinham feito manifestações contra a recepção da competição na sua região, e que não nutrem simpatia pela selecção espanhola. A UEFA decidiu também indemnizar as instituições do País Basco numa verba a rondar 1,3 milhões de euros (pelo investimento que já tinham feito à priori) e com a promessa de duas finais europeias no futuro para o Estádio San Mamés (uma da Liga Europa e outra da Liga dos Campeões Feminina). Já o facto de a cidade russa de São Petersburgo também ter contado com três jogos neste grupo
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deveu-se à desistência de Dublin à última hora. 25- Polónia x Eslováquia | São Petersburgo | Assistência oficial: 12.862 Grandes expectativas para a vista polaca, nem que fosse pela rivalidade existente com os russos. Não defraudaram as expectativas e deslocaram-se com cerca de 5 mil adeptos a São Petersburgo, contando tanto com turmas mais organizadas, como com simpatizantes menos radicais. Do lado eslovaco, registou-se aproximadamente meio milhar de apoiantes no estádio. 26- Espanha x Suécia | Sevilha | Assistência oficial: 10.559 Uma mancha amarela de mil suecos esteve presente no Estádio de La Cartuja. 27- Suécia x Eslováquia | São Petersburgo | Assistência oficial: 11.525 No palco russo, estima-se que tenham estado cerca de 900 suecos e 600 eslovacos. 28- Espanha x Polónia | Sevilha | Assistência oficial: 11.742 Um jogo bastante interessante para quem gosta do movimento ultra, hooligan e até político nas bancadas. A rivalidade entre Biris Norte (Sevilla) com os adeptos mais radicais do Slask Wroclaw é das mais famosas da última década, pelo roubo de material que aconteceu numa ida dos polacos ao território andaluz em 2013, em que o ódio aos ultras do Sevilla se estendeu naturalmente aos restantes polacos, até pela ideologia esquerdista dos ‘sevillistas’. A verdade é que foram cerca de 1.600 polacos que se deslocaram até ao estádio, entre eles um grupo do próprio Slask ( acompanhado por outro grupo do Motor Lublin). Do lado espanhol, o que se fez notar mais até foi a formação de uma turma nacionalista, composta por elementos dos Supporters Gol Sur (Betis), Ultras Badajoz (CD Badajoz), Frente Bokerón (Málaga), Frente Orellut (Castellón) e Suburbios Firm (Atlético de Madrid). O alvo e verdadeiro inimigo desta coligação até seriam os próprios ultras do Sevilla, dada a rivalidade política lá existente. Relativamente ainda a ultras ‘sevillistas’, a Gate
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22, mais de esquerda radical do que o próprio grupo Biris Norte, fez questão de declarar que está contra a própria Espanha, numa demarcação clara a qualquer apoio à selecção do seu país. 29- Espanha x Eslováquia | Sevilha | Assistência oficial: 11.204 Aproximadamente 400 eslovacos estiveram presentes. 30- Suécia x Polónia | São Petersburgo | Assistência oficial: 14.252 Mais um jogo que contou com um bom ambiente nas bancadas, compostas por cerca de mil suecos e 4 mil polacos (no caso destes últimos, foi uma deslocação com contornos semelhantes ao que descrevemos na primeira jornada).
Os encontros ocorreram em Budapeste e Munique, mais concretamente no Puskás Arena (com lotação de aproximadamente 67 mil lugares) e na Allianz Arena (que leva cerca de 75 mil visitantes). Destaque para os húngaros, que causaram imagens impressionantes, conjugando o seu fanatismo com as menores restrições impostas em Budapeste, e para os ultras do Bayern que aproveitaram o facto da cidade de Munique ser uma das anfitriãs da competição para realizar diversas iniciativas com mensagens contra a UEFA.
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31- Hungria x Portugal | Budapeste | Assistência oficial: 55.662 Depois do nosso país passar mais de um ano em que, praticamente, apenas se assistiu a partidas sem público, o ambiente vivido de apoio ao adversário da seleção portuguesa foi quase como se tivesse assistido a uma realidade paradoxal . Os húngaros já são conhecidos pelo forte incentivo que dão ao seu conjunto e, a motivação de realizarem um Europeu com um jogo de estreia no seu próprio país fez com que o seu entusiasmo se elevasse ainda mais. Começaram com um magnífico cortejo que proporcionou imagens impressionantes, seguiu-se uma coreografia em forma de mosaico na bancada onde se concentravam os seus ultras, com a mensagem: “Brilha de novo numa luz gloriosa, Hungria!”. O ambiente em si foi fantástico, aumentando gradualmente à medida que o tempo ia passando, mas que esmoreceu quando Portugal acabou por marcar três golos na parte final do encontro. Relativamente aos portugueses, estavam presentes cerca de 800. 32- Alemanha x França | Munique | Assistência oficial: 13.000 Estima-se que estivessem presentes 1.500 franceses. 33- Hungria x França | Budapeste | Assistência oficial: 55.998 Grande parte do descrito em relação ao jogo dos húngaros contra Portugal pode ser mantido aqui. Com a diferença que, desta vez, conseguiram um histórico empate contra os actuais campeões do mundo e marcaram o primeiro golo deste Europeu, o que provocou uma enorme festa no Puskás Arena. Os ultras húngaros aproveitaram também o seu cortejo para homenagear a sua amizade com os polacos, através do lema “Brotherhood”. Nota para um número considerável de gauleses presentes no sector que lhes foi destinado. Contabilizavam-se cerca de 4 mil naquele terreno hostil para qualquer adversário da Hungria... 34- Alemanha x Portugal | Munique | Assistên-
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cia oficial: 12.926 Aproximadamente 900 portugueses marcaram presença no Allianz Arena. 35- Portugal x França | Budapeste | Assistência oficial: 54.886 Cerca de 3 mil portugueses e 5 mil franceses estiveram no interior do recinto da capital húngara. Uma boa deslocação de ambas as partes, um ambiente de elevado nível, para o qual os locais, que estavam naturalmente em grande maioria, também contribuíram, fazendo-se ouvir, por exemplo, a festejar os golos que a selecção húngara ia marcando na Alemanha. 36- Alemanha x Hungria | Munique | Assistência oficial: 12.413 Um jogo que logo na antevisão se tornou polémico por causa das visões de cada país. De um lado, o conservadorismo húngaro, em que o seu Governo e os seus adeptos mais radicais se opõem a movimentos LGBT. Do outro, os alemães que tinham intenções de usar esse mesmo tema para mostrar as suas visões mais liberais, querendo colocar as cores do arco-íris para ilustrar o exterior da Allianz Arena (algo que foi negado pela UEFA). A tensão foi permanente tanto no controlo da polícia aos cerca de 1.500 húngaros que se deslocaram a Munique, como também no interior do estádio, onde de um lado se viam muitas bandeiras do arco-íris (um alemão chegou mesmo a invadir o relvado com uma dessas bandeiras, no momento em que soava o hino húngaro) e do outro panos contra a homossexualidade. A bancada onde se encontravam os visitantes esteve bastante activa, com cânticos ao longo da partida, muita festa nos dois golos (que por pouco não valeram um histórico apuramento) e ainda alguns incidentes com a polícia e os stewards, que tentaram apreender algumas bandeiras supostamente mais ofensivas, que levaram mesmo ao registo de sete detenções. Nos dias seguintes, os adeptos húngaros voltaram a ser destaque no seu país, com uma manifestação de agradecimento à sua seleção que contou com milhares de pessoas na sua capital. Nota também para o protesto de alguns ultras do
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Ferencváros em frente à embaixada alemã, em solidariedade com um dos detidos de Munique. De salientar que este embate valeu três jogos futuros à porta fechada para a Hungria devido ao comportamento dos seus apoiantes. A Carpathian Brigade ‘09, maior grupo exclusivo de apoio à seleção, fez questão de responder com a tarja: “Podem-nos banir dos estádios, mas não conseguem banir a nossa paixão!”. OITVADOS-DE-FINAL
37- País de Gales x Dinamarca | Amesterdão | Assistência oficial: 14.645 Um jogo em que, certamente, a seleção dinamarquesa se sentiu confortável a nível de apoio, uma vez que os seus simpatizantes puderam viajar sem grandes restrições, contando com mais de 4 mil no recinto. Pelo contrário, os galeses foram vítimas das restrições existentes com o Reino Unido... 38- Itália x Áustria | Londres | Assistência oficial: 18.910 Os adeptos italianos e austríacos foram outros que sentiram os efeitos das restrições nas viagens ao Reino Unido. Wembley teve a presença quase total de ingleses a assistir a este encontro. 39- Países Baixos x República Checa | Budapeste | Assistência oficial: 52.834 Mais um duelo no Puskás Arena com grande ambiente, revelando-se uma das melhores escolhas de estádio para este Europeu. Mais de 7 mil neerlandeses e de 6 mil checos apoiaram as suas respectivas selecções. Quanto aos primei-
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ros, criaram um cortejo impressionante antes da partida e estavam com o seu tradicional estilo em que se destacavam pela sua cor de laranja. Relativamente aos checos, proporcionaram um apoio muito bom no interior do estádio, galvanizado também pelos golos e vitória, num estilo mais “ultra” que ia comandando a sua bancada. 40- Bélgica x Portugal | Sevilha | Assistência oficial: 11.504 Um jogo que provocou bastante interesse em muitos portugueses pelo facto de ter sido jogado em Sevilha, no estádio mais próximo do nosso país. Infelizmente, os bilhetes distribuídos pela UEFA a cada uma das federações ficaram bastante aquém da procura, com apenas mil a cada uma. Para muitos, visitar a cidade andaluz sem ir ao estádio foi uma realidade. Outros tiveram que desembolsar valores surreais no “mercado negro”, para conseguirem assistir ao encontro ao vivo. Muita animação do lado português na pré-partida, ainda assim. Fica também a nota para uns incidentes que se tornaram virais na Internet entre um grupo dos No Name Boys (Benfica) com um de sportinguistas. 41- Croácia x Espanha | Copenhaga | Assistência oficial: 22.771 Fora das quatro linhas os croatas estiveram em grande maioria, com mais de 4 mil apoiantes presentes no estádio, aproveitando também o facto de finalmente jogarem fora do Reino Unido e terem, por isso, maior liberdade de viajar. A festa começou nas ruas da capital dinamarquesa, com muita cor, cânticos e pirotecnia. 42- França x Suíça | Bucareste | Assistência oficial: 22.642 Cerca de 1.500 franceses estiveram presentes na partida, enquanto que os suíços eram aproximadamente um milhar. Estes últimos acabaram por sorrir após uma histórica passagem após grandes penalidades. De salientar também que a transmissão televisiva acabou por tornar viral a imagem de um adepto helvético que passou da agonia à loucura em menos de um minuto, depois de um golo da sua selecção, numa demonstração dos sentimentos repentinos e antagónicos que o
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futebol consegue proporcionar! 43- Inglaterra x Alemanha | Londres | Assistência oficial: 41.973 Mais um jogo em Wembley no qual os ingleses representavam a quase totalidade da lotação, com a excepção de alguns alemães que residiam na Grã-Bretanha. Um encontro que levou à loucura os da casa por eliminarem um dos seus históricos rivais das grandes competições, criando também boas perspectivas para o resto do torneio. 44- Suécia x Ucrânia | Glasgow | Assistência oficial: 9.221 Não era tanto o amarelo visível nas bancadas quanto os adeptos de ambas as seleções certamente pretendiam, dadas as restrições existentes nas viagens até ao Reino Unido. De qualquer maneira, tendo em conta as limitações, o apoio foi o possível e no fim foram os ucranianos a fazer a festa, com um golo decisivo marcado perto do final do prolongamento que levou à loucura dos fanáticos ucranianos que lá marcaram presença. Um deles invadiu mesmo o relvado nesse momento. QUARTOS-DE-FINAL
45- Suíça x Espanha | São Petersburgo | Assistência oficial: 24.764 Cerca de 600 suíços e 500 espanhóis apoiaram as suas respectivas selecções. 46- Bélgica x Itália | Munique | Assistência oficial: 12.984
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Invasão italiana ao Allianz Arena. Cada federação teve direito a apenas mil bilhetes (que esgotaram) e os italianos, que têm uma grande comunidade na região da Baviera, fizeram questão de adquirir os restantes bilhetes de forma massiva! 47- República Checa x Dinamarca | Baku | Assistência oficial: 16.306 À volta de 500 adeptos checos e 1.500 dinamarqueses marcaram presença na capital do Azerbaijão. Local que motivou críticas por parte dos apoiantes de ambos os conjuntos, pois outro tipo de escolha levaria a uma maior afluência neste embate numa fase importantíssima da competição. 48- Ucrânia x Inglaterra | Roma | Assistência oficial: 11.880 Primeiro e único jogo dos ingleses fora do seu país, que levou a que, desta vez, fossem eles a sofrer as dificuldades de viajar. Uma das regras proibitivas acabava por ser logo o facto de os residentes do Reino Unido não poderem ir ver o encontro a Roma. Sobraram então os ingleses que viviam na própria Itália, noutros pontos da Europa e até no Dubai, tendo sido eles a esgotar os 2.560 bilhetes oficiais que lhes estavam destinados e, certamente, a adquirir muitos mais noutros pontos de venda. Relativamente aos ucranianos, também os habitantes do próprio país do Leste não puderam viajar até à capital italiana. O apoio à sua seleção baseou-se em algumas centenas de emigrantes. MEIAS-FINAIS
49- Itália x Espanha | Londres | Assistência oficial: 57.811
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Pelo menos 11 mil italianos e cerca de 9 mil espanhóis estiveram presentes em Wembley, sendo que a grande maioria era, naturalmente, composta por emigrantes a viver actualmente na Grã-Bretanha. 50- Inglaterra x Dinamarca | Londres | Assistência oficial: 64.950 No meio da maré inglesa em Wembley, nota para a boa falange de apoio dinamarquesa que contou com quase 8 mil adeptos. Inicialmente, a sua federação recebeu 6.500 bilhetes para vender à comunidade residente no Reino Unido, mas tendo os mesmos esgotado tiveram direito a mais 1.400. FINAL
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51- Inglaterra x Itália | Londres | Assistência oficial: 67.173 10 mil italianos estiveram presentes em Wembley para assistir ao segundo título europeu da sua seleção! Excepcionalmente, foi permitida a viagem sem quarentena obrigatória no Reino Unido a pouco mais de mil apoiantes de Itália, num acordo entre as autoridades inglesas e a UEFA. Apenas tiveram que se deslocar em “bolha”, sempre vigiados e segregados do restante público, sendo que, no regresso, cumpriram cinco dias de quarentena em Itália. Do lado dos da casa, a desilusão natural por não terem conseguido o tão apregoado “It’s coming home”, contudo, não faltou alguma acção (surreal) no pré-encontro, tanta era a loucura para assistir à desejada final. Vários adeptos conseguiram, de várias formas, ultrapassar as barreiras de segurança e entraram sem bilhete no interior do recinto. Houve mesmo momentos de agressões de quem tinha bilhete aos que não tinham, em cenas que descredibilizam bastante as autoridades que zelam pela vigilância em terras de Sua Majestade...
Entre o céu e o inferno
SC ESPINHO O Sporting Clube de Espinho nasce a 11 de Novembro de 1914. Com origem humilde, é criado por uma vintena de rapazes, com poucos recursos, mas com bastante entusiasmo e com o objetivo de trazer organização e competitividade aos jogos realizados até então. Fundado o clube (27ª agremiação desportiva nacional), logo se filiou na Associação de Futebol do Porto. Em 1918 participa na Taça de Honra tendo vencido a mesma de uma forma que espelha bem os valores que sempre prevaleceram na sua maneira de existir no desporto. Com a final da prova agendada para o campo do Ramal, diante do Salgueiros, este pede o adiamento do jogo, pois no mesmo dia haveria uma corrida de toiros. Este pedido não foi aceite pela associação que atribui a vitória ao SCE por falta de comparência do adversário. Mas ganhar na secretaria nunca fez parte do espírito tigre por isso, este sugere novo jogo a disputar no dia 25 de Agosto de 1918 no Campo da Feira, proposta que foi prontamente aceite pelo Salgueiros e com um desfecho favorável aos Alvi-negros com uma vitória por 4-0, o que conferiu maior legitimidade ao trofeu já na sua posse. Em 1924/25 o SCE é um dos sócios fundadores da Associação de Futebol de Aveiro e, nos primeiros 4 anos, vence os campeonatos de todas as categorias. Nas palavras de Alberto Valente: “Mas o SCE não é como os heróis de curta vida, que se deixam adormecer nos louros conquistados”. Por isso o clube continua a sua caminhada em busca de melhores e maiores resultados, mas com a ambição de promover, acima de tudo, a prática desportiva e competição acessível à comunidade, sem descriminação, sem desigualdade social,
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ou distinções políticas, apesar de todas as dificuldades com que se vai deparando. Com uma mentalidade também ela eclética, em Junho de 1939 é criada a secção de Voleibol, modalidade que engrandeceu, ao longo da sua existência, ainda mais o clube, sendo presentemente o clube com maior palmarés a nível nacional, inclusive o único com um título europeu, o que lhe confere o estatuto de capital do Voleibol, face ao enorme historial de conquistas e ao viveiro de atletas que possui. Em 1967 é alcançado um dos maiores feitos do clube, a conquista da taça Ribeiro dos Reis, troféu semelhante à atual Taça da Liga. O SCE levou de vencida o primodivisionário Vitória de Setúbal por 1-0, no Estádio da Tapadinha, com uma assistência a rondar as 12 mil e 500 pessoas. Outro feito a destacar, desta vez em 1973/74, foi a subida pela primeira vez ao escalão máximo do Futebol Nacional (antiga 1ª divisão), sob a presidência do Dr. Lito Gomes de Almeida (Homem visionário e ambicioso, com uma vontade voraz de fazer do Espinho uma grande equipa e tendo sido também ele fundador e presidente
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da Liga de Clubes). No último jogo, recebeu e bateu o União de Lamas por 1-0 no velhinho campo da Avenida que, duas horas antes do jogo, já se encontrava a rebentar pelas costuras. Foi o ponto de partida para 3 décadas em que o SCE se afirmou como histórico no panorama futebolístico nacional, marcando presença por 11 vezes na divisão maior, com registo de um 6º lugar em 1987/88 e um 7º lugar 1979/80. Foram anos dourados em que vários dirigentes apaixonados pelo clube ajudaram ao seu crescimento tornando-o um símbolo da cidade e das suas gentes. Destaque também para Carlos Padrão ou Comendador Manuel de Oliveira Violas (que tanto dinamizou a proximidade entre o clube, os seus adeptos e a comunidade espinhense). Era tempo de enchentes constantes no estádio local, da romaria ao “Comendador” por parte de famílias e fervorosos adeptos. Era bem conhecido o ambiente proporcionado pelos vareiros, pelas varinas, pela comunidade cigana e pelos demais adeptos nas bancadas do já extinto estádio, o que dificultava bastante a vida às equipas adversárias face à proximidade das bancadas
com o relvado, e impunha respeito aos adeptos que as acompanhavam. Era tempo das incriveis e numerosas deslocações de adeptos alvi-negros aos campos adversários, chegando até a haver música alusiva a isso: “Eles são muitos, eles são tantos, eles são os pretos e brancos”. Porém, com o passar dos anos, com as várias descidas de divisão, com cada vez menos sucessos desportivos, com o afastamento de figuras importantes, dentro e fora de campo, mas sobretudo com as constantes más e danosas gestões desportivas, o clube começou a ficar cada vez mais solitário e até desacreditado. A escassez de indústria na cidade, o desaparecimento de empresas com força e capacidade financeira, a diminuição de patrocinadores e a falta de rigor financeiro começaram a afundar o SCE em dívidas e sem capacidade para criar bases para equipas com a devida qualidade para os pergaminhos do clube. Com dirigentes e políticos a usar o clube para proveito próprio, a mágoa e a tristeza apoderaram-se dos sócios e adeptos e o afastamento foi enorme, para o que contribuiu também a
enorme taxa de desemprego que assolava a cidade. Foi uma década de 2000 em que o clube se arrastou pelas divisões secundárias sem perspectivas de melhoria, e nem a subida à 2ª Liga, em 2003/04, trouxe sinais de revitalização. Com um presidente sempre ausente, com a Autarquia a borrifar-se para o clube e a usá-lo só para interesses políticos, com figuras, outrora importantes no bem estar deste, alheadas e desligadas, foi sem espanto que o mítico SCE viveu vários anos ligado às máquinas para sobreviver. Com tantas dificuldades e incertezas a vários níveis, eis que em 2015 se dá a grande hecatombe desportiva: a descida aos distritais. Pela 1ª vez fora das provas nacionais, com um passivo a rondar os 14 milhões de euros e com o Estádio na mão dos credores, muitos vaticinaram o fim do clube. Porém, com uma nova Direcção (o grupo da chavalada como era apelidada pelos espinhenses, fruto das suas tenras idades, composta por filhos de ex-dirigentes, filhos de funcionários, por elementos dos Desnorteados, e encabeçada por um ex-presidente destes, e filho do ex-presiden-
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te Dr. Lito), com o contacto com o futebol puro, com uma equipa com jogadores da terra, com velhos derbies em vista, ressurgiu a antiga raça vareira. Sócios e adeptos voltaram a apoiar o seu Espinhinho na altura de maior sufoco. Voltaram a gritar pelo seu “Espinho Balente”, voltaram aos estádios e às assembleias, à vida do clube, como que recriando o hino deste “Espinho, Espinho, Espinho luta sempre, vai em frente, Espinho, Espinho, Espinho tens aqui a tua gente”. Estava de volta o romantismo pelo clube da cidade, estavam de volta as romarias ao estádio com jogos com assistências de 3 mil, 4 mil e até 5 mil pessoas (algo extraordinário numa população que não chega aos 30 mil habitantes), estava de volta o orgulho em ser Espinhense, em ser vareiro, em vestir o preto e branco, tigre ao peito, em ser e fazer familiares sócios, em ser só do clube da terra. Mas como que por tradição ou destino, os obstáculos e lutas teimam em desafiar a vida do SCE, e eis que em 2018 este perde a sua casa, aquela que durante 92 anos foi a sua fortaleza. O clube, fruto de várias dívidas, viu o seu estádio ser tomado pelos seus credores. Novo revés desportivo e financeiro para o clube que estava em crescendo com o regresso aos campeonatos nacionais e com o regresso da onda de paixão alvinegra, nova facada para os seus adeptos que, nas épocas seguintes, se vêm obrigados a deslocar-se para fora do concelho para verem o seu clube jogar “em casa”, primeiramente em Fiães e em seguida em Ovar. De realçar que, em tempos, o clube já se vira na mesma situação, aquando do arrelvamento do seu campo e construção da bancada em 1982/83, que obrigou a jogar em S.J.Madeira e, em alguns jogos de 1996/97, na Maia. Com estas dificuldades, e até pelos efeitos pandémicos, ainda na época transacta o clube só se livrou de nova descida aos distritais na última jornada. Ao longo dos anos e numa caminhada bastante sinuosa, o clube criou uma mística própria, esse espírito Tigre e essa raça vareira manifestaram-se de diversas formas, numa entidade que soube crescer e suplantar todas as adversidades.
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Finalizando e pegando nas palavras do antigo dirigente Mário Valente: “A tradição é uma força eterna. O passado não morre, faz história”. Corria o ano de 1990 e surgia um grupo jovem, dinâmico e diferente, chamado Desnorteados (nome inspirado pela nortada, vento norte sentido permanentemente na cidade e na atitude divertida dos seus elementos). Um grupo, já com consciência ultra, que veio mudar o paradigma na cidade de como sentir e apoiar o clube da terra. Os Desnorteados eram um grupo de rapazes e raparigas irreverentes e criativos que se fez logo notar ao trazer para a curva faixas e bandeiras de grandes dimensões, algo que se assemelhava aos grandes grupos ultras que se viam no estrangeiro, sobretudo em Itália. Tiveram na sua fundação dois elementos: o Pipa, grande amante do mundo Ultra, que viajava constantemente para outros países a fim de contactar com outras curvas, e de amizade fácil, criando boas relações com membros de outros grupos em Portugal, algumas delas com intercâmbios à mistura. O outro foi o Tadeu, aglutinador de pessoas, muito popular na cidade e que conseguia puxar para o futebol o mais variado espectro social. Nos jogos andava sempre de tesoura na mão e não se coibia de a usar no rabo daqueles que estivessem calados ou sentados. Os Desnorteados cresceram rapidamente e passaram a acompanhar o Espinho para todo o lado, ir ao futebol passou a ser um hábito para todos os elementos, independentemente das circunstâncias ou dificuldades. Surgiram grandes núcleos que acrescentaram novas ideias e criaram maior impacto com a sua força e faixas originais, de grandes dimensões. Tornaram-se míticas as suas deslocações de comboio em grande número. Cedo se tornaram bastante respeitados no panorama ultra nacional, pela sua postura nas curvas e fora delas, pela mentalidade, pelo enorme apoio ao clube da terra e pelos valores de amizade e festa que sempre preservaram. Ao longo da sua existência (30 anos na actualidade), sempre apoiaram o seu clube e sempre se mantiveram fiéis ao velho estilo ultra.
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Apesar das constantes dificuldades sentidas pelo clube e de anos e anos nas divisões secundárias, sempre se mantiveram ao lado deste, fazendo questão de estar presentes em todos os jogos, mesmo naquelas duas ou três épocas em que os únicos adeptos que acompanhavam a equipa nos jogos fora, incluindo ilhas, eram 5/8 elementos do grupo. Este grupo tornou-se preponderante para o clube e uma força viva. Além do apoio que sempre deram na bancada, conseguiram trazer novos adeptos e sócios (sendo que actualmente há novamente a tradição dos elementos fazerem os filhos sócios logo no primeiro dia de vida), nunca deixaram o clube totalmente desamparado, com os seus cânticos conseguiram colocar miúdos e graúdos a cantar pelo clube da terra, nas ruas, escolas, balneários de formação, etc. Estiveram presentes no movimento centenário,
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que deu origem à actual direcção, são a base e a força do movimento Estádio Municipal de Espinho (que visa pressionar a autarquia e políticos a concretizar uma promessa com mais de 40 anos e informar a comunidade Espinhense do desenvolvimento da construção do estádio), são voz ativa nas assembleias, tendo inclusive conseguido, com os demais sócios, negar a entrada de uma SAD com investidores argentinos no clube e outros mais aspectos com vista ao bem estar do S.C.Espinho. Com raça vareira, mentalidade ultra e valores próprios apoiam, de forma incessante, o seu clube, independentemente de tudo. Tal como em 90 e desde então: “Podemos perder a cabeça, mas nunca a fé”!
Por Ricardo Novo (JC)
OS POMBOS CORREIOS E O FUTEBOL ALEGRIA E TRISTEZA NUM BATER DE ASAS: OS POMBOS-CORREIO E O FUTEBOL Columbofilia, pombos, bola, futebol…há pontos de contacto? Alguém mais preparado podia responder: “Sim! José Torres, o saudoso bom gigante”, “bandeira do Benfica e da Seleção nos anos 60, era um apaixonado columbófilo!” Bela curiosidade, mas em anos mais antigos os pombos, mais especificamente os pombos-correio, tiveram uma importância notável e foram protagonistas de muitas alegrias e tristezas entre os adeptos do futebol. Vamos lá contar. Os pombos-correio tiveram seu auge há muitos séculos atrás, onde serviam como meio de comunicação interpessoal, entre povos e nações. O primeiro registo do uso de um pombo-correio é de 776 AC, na Grécia, durante a primeira edição dos jogos olímpicos; os “bichos” avisavam as famílias e as aldeias que atletas da sua cidade natal tinha ganho na olimpíada, para que todos tivessem tempo para preparar grandes festas para receber os seus heróis.
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O pombos-correio tiveram também grande importância nas duas guerras mundiais. Na I.ª Guerra Mundial mais de 30.000 pombos foram utilizados nas frentes de combate. A Alemanha, reconhecendo o perigo, chegou a ordenar o extermínio dos pombos-correio nas regiões ocupadas.Na 2.ª Guerra Mundial assistiu-se ao êxito das mensagens aladas sempre que as comunicações via rádio eram interceptadas ou perturbadas pelos adversários. Existem pombos-correio condecorados por “mérito de guerra”! Como desporto e atividade de lazer a columbofilia cativou ao longo das décadas milhares e milhares de praticantes, organizados em associações e grupos em todo o mundo. Em Portugal também este desporto/passatempo tinha muito amantes, chegou a ser o desporto com mais praticantes a seguir ao futebol! As coletividades e agremiações que praticavam o jogo da bola começaram a abrir e construir pombais para os sócios que cultivavam esta paixão. Não era raro encontrar pombais ao pé dos vários campos de jogo. Assim, as duas modalidades começaram a misturar-se e a interagir numa maneira absolutamente deliciosa. Nos dias de hoje parece tão natural ligar um PC, um tablet, um telefone e, navegando na net, saber, na hora, jogos, resultados, crónicas. SportTV e outros canais de futebol, a rádio em direto, fornecem-nos informações imediatas sobre qualquer assunto. Mas tentamos imaginar nas décadas anteriores, nos anos 20, anos 30, como os adeptos sabiam dos jogos das suas equipas quando jogavam fora? Simples! Com a ajuda dos pombos-correio!!!! Pois é! Os nossos bichos eram utilizados como mensageiros. O papel (telegrama) era retirado da anilha, aberto e lá estava o resultado! Humberto Azevedo, carismático sócio nº 1 do CF “Os Belenenses” e filho do grande defesa Eduardo Azevedo, o “Peras” , contava muitas vezes a história dos pombos-correios que traziam os resultados dos Azuis de Belém quando jogavam fora de casa. “O Campo das Salésias tinha pombais assim, eram usados pombos-correio para quando o Belenenses jogava fora; O Pepe era empregado da Aviação Naval e conseguiu trazer da seção
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de carpintaria umas caixas para pôr os pombos, depois dobravam-se todas, parecia um livro em baixo do braço. Quando acabava a primeira parte e ao fim do jogo lançava-se o pombo para levar o resultado para Lisboa, para as Salésias onde centenas de adeptos esperavam, olhando para o céu, a chegada -do resultado. Este delicioso excerto de um “dramático” relato do Eco dos Sports de 22 de maio.1927 explica na perfeição a angústia dos adeptos: “Belém desesperava. O desafio estava dado como perdido e todos se olhavam com tristeza. E quando finalmente, com sua fidelidade generosa o pombo surgiu, ninguém queria acreditar:GANHAMOS, GANHAMOS!” Às vezes, a demora na chegada do pombo criava confusão e incerteza: o testemunho de um adepto do Clube Oriental de Lisboa, outro clube histórico que tinha sócios columbófilos, é muito exemplificativo: “Naquele tempo não havia relatos, não havia televisão,(…) um tio meu tinha um pombal, com pombos correio, e então (…) as pessoas ficavam junto ao pombal, as que não iam aos jogos, e o meu tio levava os pombos para cima, depois estava a dar o jogo, o Oriental marcava um golo e ele pegava num papelinho na anilha do pombo-correio, daqueles pombos que regressam ao pombal, metia a anilha e o pombo lá vinha. Isto a gente estava no Beato e aquilo era em Marvila, o pombo demorava (…) porque os pombos normalmente para irem para o pombal, não vêm diretos , andam a rodar para se orientar e demoravam algum tempo. Outras vezes até mesmo para entrar, se estiver muita gente junto do pombal, o pombo não entra, assusta-se. Então a gente tinha que se afastar, e era curioso que às vezes chegávamos, “olha o Oriental estava a ganhar 1-0”, e afinal já não estava, ou já estava a empatar, ou já estava a ganhar mais, porque já vinha atrasado… Estórias de um futebol de outros tempos, de um futebol puro, romântico que não podemos e nem devemos esquecer.
Por Eupremio Scarpa
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O JOGO QUE MUDOU O FUTEBOL Em vários momentos e civilizações distintas na antiguidade encontram se registos de jogos que são classificados como os primórdios do desporto a que hoje chamamos futebol. Sabe-se, contudo, que durante o século XIX, o jogo era praticado em Inglaterra, embora de forma extremamente violenta e perigosa, e não estavam definidas regras universais, variando a regulamentação consoante a localidade e os intervenientes que disputavam o jogo. Na segunda metade do século XIX começaram a surgir as primeiras tentativas de uniformizar as regras da prática do futebol figurando a publicação de Shefield em 1859, e a célebre reunião da Football Association em 1863, como os momentos mais importantes para a “universalização” do desporto. Este período ficou conhecido como a “Era Vitoriana” do futebol, que se caracterizava por um estilo de jogo mais físico, com o avanço da equipa em bloco com a bola a progredir por via da condução de um só jogador, ao invés de ser trocada de pé para pé. O futebol era dominado pela aristocracia britânica, e a sua prática era “propriedade” dos “lordes”. Contudo, no ano de 1879, a obstinação e a irreverência de uma equipa proletária viriam a abalar as fundações do jogo, e a alterar para
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sempre o seu paradigma. Essa equipa chamava-se Darwen FC, nome que herdara da localidade que representava, que se localizava no condado de Lancashire, no noroeste de Inglaterra. O Darwen FC era uma equipa composta por operários de uma fábrica da indústria têxtil, que causou enorme surpresa ao eliminar o Remnants, garantindo assim presença nos quartos-de-final da FA CUP em 1879. Porém, nessa eliminatória, avizinhava-se um confronto ainda mais desigual e o encontro traria como adversário uma equipa olhada por muitos como intransponível, o Old Etonians. O Old Etonians era um clube composto por “lordes” aristocratas, contava nas suas fileiras com três internacionais por Inglaterra e era apontado como um dos grandes favoritos à conquista da competição. As diferenças eram bem evidentes, até mesmo na estampa física. A diferença de porte entre os aristocratas do Old Etonians e os operários do Darwen era confrangedora, facto que era natural à época, uma vez que as condições de vida do operariado eram miseráveis, nomeadamente no que toca à parca alimentação e à sobrecarga de horas de labuta, que faziam os corpos destas gentes “definharem”. Demonstrativo do diferencial entre as equipas é também o facto dos jogadores proletários não possuírem sequer uniformes comuns, equipando-se com calças improvisadas segundo rezam as crónicas. A primeira parte do encontro trouxe um domínio avassalador dos Old Etonians, que começaram por confirmar as previsões de superioridade, com o marcador a registar uns expressivos 5-1 ao intervalo. Contudo, alavancados pelo estilo de jogo baseado na troca de passes, trazido da Escócia por figuras como Fergus Suter e Jimmy Love, os operários de Darwen encetaram uma grande recuperação, e conseguiram empatar o jogo durante o tempo regulamentar. Os “lordes” do Etonians recusaram disputar o prolongamento nesse dia, apesar desse ser o procedimento habitual à época, ficando agendado um segundo jogo de desempate. Os jogadores do Darwen FC propuseram que essa partida de desempate se jogasse no seu terreno, proposta que foi recusada, forçando assim
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os operários do norte de Inglaterra a mais uma longa e atribulada viagem até ao sul do país. As dificuldades relacionadas com a logística da deslocação foram ultrapassadas fruto de uma colecta realizada na cidade de Darwen a que a comunidade local respondeu positivamente, reunindo a verba necessária para pagar os bilhetes de comboio dos jogadores. Para se reunir a verba necessária, contribuiu também a equipa rival, que ajudou a custear a viagem. Esse segundo jogo acabaria também por terminar empatado, desta feita por 2-2, existindo assim necessidade de se recorrer a um terceiro jogo de desempate, circunstância que viria a adensar as dificuldades da equipa proletária. A solução encontrada foi os jogadores do Darwen viajarem rumo a Londres no comboio nocturno, visto os bilhetes para este horário serem vendidos a preços mais acessíveis. O cansaço determinado pelas precárias condições foi, desta vez, fatal e o Darwen sofreu uma pesada derrota por 6-1.
A derrota da equipa fabril neste terceiro jogo e, consequentemente na eliminatória, não viria a beliscar a importância do feito alcançado por estes jogadores, e a prova disso é que a façanha viria a ser narrada em livros, peças de teatro, para além dos diversos artigos publicados à época e nos anos vindouros. Os brilharetes desta equipa não ficariam por aqui, na temporada de 1880/81 chegariam até às meias-finais da FA CUP onde cairiam aos pés do Old Cartusians. Em 1882 o Old Etonians voltaria a ser campeão, num título que marcaria o fim duma era, pois esta foi a última vez que uma equipa aristocrata 100% amadora venceria a competição. No ano seguinte, em 1883, e pela primeira vez na história, uma equipa operária levantaria a taça, feito alcançado pelo Blackburn Olympic, conquista alcançada, consta, com recurso a atletas pagos para jogar, prática que era proibida à época, e que era também imputada ao Darwen. A discussão sobre o profissionalismo
adensou-se e, em 1883/84, o North Preston End viria mesmo a ser desclassificado sob a acusação de ter jogadores pagos, mas o protesto de várias equipas de origem operária, e a ameaça de boicote e criação de uma organização paralela à Football Association, fez com que os dirigentes da FA cedessem e “legalizassem” o profissionalismo em 1885. Refira-se que a proibição do profissionalismo era claramente benéfica para os “lordes”, uma vez que os operários se debatiam com jornadas laborais de 12 a 16 horas diárias, 6 dias por semana, o que os desgastava brutalmente e impossibilitava que estes treinassem com a regularidade e as condições adequadas. Os aristocratas por sua vez tinham ocupações profissionais bem mais “leves” e dispunham do tempo e alimenta-
ção necessários para manter uma condição física aprimorada. O empate alcançado pelo Darwen em 1879, mais do que o ressurgimento fantástico depois de uma desvantagem de quatro golos, ficou na história como o evento representativo duma mudança de paradigma naquele que se viria a afirmar como desporto rei. Este jogo contribuiria decisivamente para que o futebol deixasse de ser um “feudo” da classe dominante e se massificasse, passando a ser o maior e mais belo entretenimento das massas e da classe trabalhadora. Mesmo perdendo, estes operários têxteis marcaram um decisivo “golo” na luta de classes pelo futebol!
Por J. Sousa
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FANS´ EMBASSIES PORTUGAL A Associação Portuguesa de Defesa do Adepto é, como muitos já saberão, uma plataforma multifacetada dedicada a representar, defender e facilitar a vida dos adeptos. Com estes objectivos em mente, aceitamos o repto da Football Supporters Europe de participar no projecto das Fans Embassies. A Fans Embassies é, já há muitos anos, uma realidade em diversos países europeus. O primeiro projecto foi desenvolvido por adeptos Alemães e Ingleses aquando do Campeonato do Mundo, realizado em Itália no ano de 1990. Na base está uma ideia simples: adeptos em prol de adeptos (embora seja discutível se uma seleção nacional tem adeptos, no sentido mais estrito do termo). Está em causa um trabalho desinteressado (no sentido de que é, no nosso modelo, sempre com base em voluntariado) com o objectivo de ajudar os demais adeptos em deslocação, em torneios internacionais ou fases de apuramento. O modelo inglês, que é o seguido pela Portuguese Fan Embassy, baseia-se na iniciativa e trabalho por parte dos adeptos que, independentemente da sua filiação clubística, deslocam-se aos diversos eventos, recolhem informação de forma sistemática e organizada e transmitem-na aos demais adeptos. O facto de estarmos inseridos na “rede” da Football Supporters Europe permite-nos ter acesso a informação através de adeptos que já têm conhecimento dos locais onde nos deslocamos. Isto foi uma realidade no decorrer do último Campeonato da Europa em que pudemos verificar que a troca de informação em tempo real existe e permite antecipar e resolver problemas. No dia do jogo existe uma presença física (uma banca, uma tenda ou um oleado preso a uma árvore) de forma que todos tenham um ponto de referência e possam aí buscar informações úteis, ou apenas não se sentirem sozinhos no estrangeiro.
O modelo alemão é um pouco diferente e reflete a realidade dos grupos organizados de adeptos daquele país. A Fans Embassy Alemã é organizada por trabalhadores da área social (assistentes sociais) que desenvolvem a sua actividade em conexão com os diversos projectos desenvolvidos ao nível de clubes. Desde o “Itália 90” que estes trabalhadores se deslocam ao estrangeiro nos jogos da sua selecção, de forma a prestar o necessário apoio aos adeptos. Não obstante os diferentes pontos de partida e modelos organizacionais, a verdade é que o trabalho desenvolvido é muito semelhante, bem como os resultados obtidos. Em Portugal, a Associação Portuguesa de Defesa do Adepto (APDA), enquanto membro da Football Supporters Europe, prontificou-se a desenvolver o projecto. O “pontapé de saída” foi dado com o Euro 2020(1), durante um ano reunimos com os organizadores em cada cidade de forma a ter o máximo de informação possível sobre as regras locais e comportamentos permitidos. Infelizmente, o torneio teve de ser adiado um ano e, mesmo assim, a presença do público foi limitada, com exceção da Hungria. Aliás, a Hungria foi o país que mais nos surpreendeu. Em fevereiro de 2020, reunimos em Munique com os organizadores locais. Na semana seguinte seria suposto, em conjunto com a Fans Embassy Francesa, estarmos em Budapeste para reunir com a organização húngara. Todavia, de imediato nos comunicaram que, por força da pandemia, não seria autorizada a nossa entrada no país e ninguém estaria disponível para reunir connosco. Um ano e meio depois (e sem reunião no entretanto) são o país com menos restrições! O mundo muda, e nós adaptamo-nos. Durante o torneio, por força das diversas limitações por todos conhecidas, não nos foi possível manter uma presença física em Munique e em Budapeste.
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Mas com o empate no último jogo na fase de grupos chegou uma boa notícia: não só nos qualificamos, como jogaríamos em Sevilha. Em três dias de grande azáfama e de um empenho inigualável da Martha e do Ângelo, a Fans Embassy Portuguesa estava, finalmente, na estrada e a caminho de Sevilha. Com a presença física pudemos auxiliar todos os Portugueses que o solicitaram. Foi o início de uma história que queremos longa e de sucesso em conjunto com todos os Adeptos. No futuro imediato há que ajudar a equipa portuguesa e qualificar-se para o Campeonato do Mundo de 2022. O próximo jogo é já dia 1 de Setembro com a República da Irlanda, e estaremos presentes. Quem também estará presente (assim o permitam as circunstâncias) é a Fans Embassy da República da Irlanda, com quem poderemos trocar experiências e planear actividades conjuntas no Algarve. Juntem-se a nós e “gostem” da nossa página do Facebook, para que a mensagem se espalhe. Por Francisco Furtado, Presidente da Mesa da Assembleia Geral da APDA
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VitóriaSempre para Associação VitóriaSempre Foi há 18 anos, em 2003! A Internet, para muitos, ainda era um objecto desconhecido e inacessível. Um instrumento com que muitos ainda não sabiam lidar. Porém, começavam a aparecer apaixonados pelo “novo mundo”, para quem o fantástico mundo da rede exercia um fascínio irresistível, como o Paulo Roberto, que procurou unir duas das suas maiores paixões: a informática e o Vitória. Por essa razão resolveu ousar, criar um projeto revolucionário. Um projeto de discussão e democratização do seu clube: o Vitória SC. Surgia, assim, o projeto “VitóriaSempre” com o objetivo de promover o debate de ideias e discussão em volta do clube, mas também ser um complemento do site oficial, que à data ainda era bastante desatualizado. Atento a isso, a 19 de Setembro de 2003, três dias antes do 81º aniversário do emblema vimaranense, o denominado Fórum VitóriaSempre via a luz do dia. Como o nome indica, desde o primeiro dia da sua existência, tornou-se ponto de encontro de muitos vitorianos. Tal seria a indicação para o aparecimento do site que, desde logo, se tornaria um ponto de referência marcante para os adeptos do Rei, que passaram a assumir como obrigatória a visita ao longo do dia a um local onde as novidades surgiam, quase, em primeira mão. Esse ano de nascimento, mas também
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de afirmação, ficaria também marcado pelo fim do legado no Vitória SC de António Pimenta Machado. Fruto da instabilidade que o clube ia vivendo, o Fórum tornou-se o local preferencial de discussão daquele momento, de sugestões para o clube continuar a evoluir e de muitas hipóteses para o futuro. O site foi evoluindo, abraçando as modalidades do clube, dando destaque a quem realizava valorosas obras em nome do clube. Atento a isso, surgiram as primeiras entrevistas: a atletas, a diretores e elementos do clube. Com o estreitar das relações quer o clube, quer os integrantes do projeto, que já contava com mais elementos para além do Paulo, perceberam que a criação de diversas parcerias para divulgação das diversas modalidades do Clube seria um caminho proveitoso para ambos. Seria uma das jóias da coroa do VitóriaSempre, ainda sem o estatuto de associação, mas já no quotidiano de muitos vitorianos. Com a saída de Pimenta Machado e a entrada de Vítor Magalhães para a liderança do clube, muitos vitorianos descobriram o Fórum. Ora, se eram muitos passaram a ser mais. O incremento de foristas e o debate de ideias em torno do clube tornaram-se mais apaixonados e, verdade seja dita, por vezes acirrados. Até que em 2005, no seguimento desse caminhar ao lado do clube, numa reunião com o então secretário geral e antigo presidente, Fernando Roriz, este lançou a ideia: porque não constituir uma associação? Uma associação de e para vitorianos, que agregasse os que estão próximos, mas, também, para que os que se en-
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contram longe pudessem sentir naquele espaço um ponto de encontro e onde pudessem saciar a sede de discussão do seu amor. Assim, no dia 01 de Abril de 2005 , o “Grupo dos 5” constituído por Paulo Roberto Peixoto, José Carlos Oliveira, Agostinho Marques, Luis Paulo Carvalho e Carla Alexandra constituíram a “Associação VitóriaSempre” e entraram na história como os 5 fundadores da já famosa AVS, como carinhosamente é chamada por quem não sabe viver sem ela. AVS Mantendo o espírito do projeto inicial, o site da AVS foi-se adaptando aos longo dos tempos, procurando sempre que o empreendedorismo fosse a sua bandeira, procurando avançar com projetos que orgulhassem os Vitorianos. Para isso nada melhor que, até dado momento da sua existência, ter existido uma rádio, onde era narrada a actualidade noticiosa do clube. Porém o passar dos anos levaria a uma adaptação do posicionamento da AVS ao mundo digital. Com o clube a apostar (finalmente!) no seu próprio site, a entrada em força das redes sociais, o lugar noticioso estava ocupado. A aposta passaria a recair, exclusivamente, no fórum. Esse teria o seu crescimento natural, mantendo-se sempre como um local de visitas com um número bastante acima da média… principalmente quando existem novidades, ou se antevêem factos relevantes para a actualidade vitoriana.
Aliás, podemos dizer que o crescimento deste espaço levou a que muitos foristas se tornassem sócios da AVS, o que lhes trouxe vantagens com vários parceiros. Parcerias essas, encetadas no ano de 2007, num momento em que tal era pouco habitual, constituindo (mais!) uma pedrada no charco no panorama associativo.
AVSLIVE, PODCAST e EZINE Até que chegamos a 2020! O famigerado ano que o mundo quase parou… em que os adeptos deixaram de poder ir aos estádios, fruto da pandemia que assolou o mundo. Por essa razão, em Outubro de 2020, começou a germinar uma ideia nos integrantes da Associação: criar programas em directo, onde as pessoas pudessem ter conversas e manter acesa a Paixão e o “ Sentir Vitória”. Foi a base para o que surgiria em Abril de 2021, que também serviu para comemorar o XVI aniversário da Associação: o projecto #AVSLIVE. Tendo como objectivo primordial debater o Vitória de uma forma estruturante, dando voz a todos os Vitorianos, já teve nos seus programas elementos da direcção, sócios mais ou menos conhecidos, antigos jogadores, directores das modalidades. Ficará na história o programa de homenagem ao saudoso Neno, em que a AVS convidou um conjunto de figuras vimaranenses e vitorianas, mas também nacionais, para lembra-
rem um homem que a todos marcou. Por isso, tal como o Fórum, ganhou o seu espaço no Universo do clube, sendo já visto como um “local de referência”. Mas, imediatamente, ousamos embarcar em novos projetos. Por isso, surgiu a ideia dos Podcasts. Denominados #SENTIRVITÓRIA procuram proporcionar ao Universo Vitória conteúdos que visam reforçar ainda mais o “Sentir Vitória” e um complemento ao projecto #AVSLIVE. Como vimos, existe o vídeo, existiu e existe o áudio… faltará o papel… Em primeira mão, poderá ser divulgado que, sob o nome de #SOUVITÓRIA, a Associação VitóriaSempre irá lançar nos próximos tempos uma fanzine mensal dedicada a tudo o que diz respeito ao Universo Vitória. O objetivo é deixar um legado do e para o Universo Vitória. AVS “Outside” O trabalho da AVS não se cinge à informação e às redes digitais. Desde o primeiro jantar de foristas, em 2004, que tudo tem sido feito para trazer mais e mais adeptos vitorianos. Além disso, a estes encontros, é tradicional aparecerem figuras do clube como presidentes, directores, treinadores, num evento que começava com a mítica “futebolada” acabando em acesos duelos à mesa. Jantares que serviram, também, para homenagear atletas marcantes na história do clube. Assim, foi nesses momentos que lembramos a memória do inesquecível guarda-redes Jesus, mas também do antigo atleta Allan Cocato. Mas, a AVS procurou sempre estar ao lado da comunidade. Por isso, foram atribuídos os “Prémios AVS” para distinguir os que mais se notabilizaram no clube, sem esquecer os adeptos mas, também, o MVP destinado a premiar o atle-
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ta de futebol profissional mais valioso em cada jornada, após voto dos integrantes do fórum. A iniciativa de convocar uma AGE para votar e discutir a retirada do número 12 das camisolas do Vitória em homenagem aos adeptos foi talvez a iniciativa associativa mais marcante da AVS. Era a homenagem derradeira aos vitorianos! Tal seria aprovado por unanimidade em
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sede de assembleia-geral, passando esse mítico número, a partir de 29 de Outubro de 2010, a ser património de todos os que na bancadas apoiam o clube. Mas, a associação sempre quis ter um papel ativo na vida do clube. Por essa razão, foram também realizados debates entre candidatos a eleições, mais especificamente nos actos de 2007 e de 2012, procurando sempre que os nossos adeptos estivessem o mais preparados possível para ajudar o clube. Aliás, ainda há bem pouco tempo, a associação teve papel activo, com uma série de comunicados, ajudando à deslocalização de uma assembleia-geral do pavilhão para o estádio, ajudando a que mais vitorianos a ela pudessem assistir. Porém, realcemos o aspecto romântico e apaixonado de quem, dando ouvidos a iniciativas
apresentadas por foristas e adeptos, tudo faz por amor ao Vitória. Têm dúvidas? Foi após sugestões de adeptos que algumas das mais memoráveis iniciativas que os adeptos do Vitória viram a luz do dia. A AVS, no seu papel inclusivo, apoiou-as, desenvolveu-as e deu-lhes a projeção que mereciam, tornando-as inesquecíveis. Assim, quem poderá esquecer, no famigerado ano da descida, o treino que teve uma assistência de 4000 vitorianos? Mais do que na maioria dos jogos da Liga Nacional. O Cordão Humano que antecedeu a partida com o Benfica, e que percorreu a cidade, em tarde diluviana de chuva, mas de amor a um símbolo? Ou como esquecer o pano de 100 metros, em toda a bancada, a manifestar apoio ao Vitória?
E ainda a “Marcha Branca” na Póvoa de Varzim, já na segunda liga. Ninguém duvide… um grande clube só existe com quem é capaz de fazer tudo pelas suas cores. A AVS e o Vitória são a prova disso! Por Paulo Roberto
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Assembleia Geral a 29 de Outubro
Ao abrigo das disposições estatutárias constantes dos artigos 27º, 28º, e 29º dos Estatutos do Vitória Sport Clube, a próxima Assembleia Geral do Clube vai realizar-se no dia 29 de Outubro de 2010, pelas 20h30, no Pavilhão do Vitória, com a seguinte ordem de trabalhos: 1 - LEITURA E APROVAÇÃO DA ACTA DA ASSEMBLEIA GERAL REALIZADA NO DIA 9 DE JULHO DE 2010; 2 – DISCUSSÃO E APRECIAÇÃO DA PETIÇÃO PARA A RETIRADA, A TÍTULO DEFINITIVO, DA CAMISOLA 12 COMO HOMENAGEM A TODOS OS ADEPTOS VITORIANOS, IMORTALIZANDO O SEU CONTRIBUTO DECISIVO NA HISTÓRIA DO CLUBE, APRESENTADA PELA ASSOCIAÇÃO VITÓRIA SEMPRE; 3 – APRECIAR, DISCUTIR, E VOTAR O RELATÓRIO E CONTAS DA DIRECÇÃO REFERENTE À ÉPOCA DE 2009/2010 E RESPECTIVO RELATÓRIO E PARECER DO CONSELHO FISCAL; 4 – 30 MINUTOS PARA DISCUTIR ASSUNTOS DE INTERESSE DO CLUBE.
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GUIMARÃES, 13 DE OUTUBRO DE 2010
O PRESIDENTE DA MESA DA ASSEMBLEIA GERAL JOÃO AUGUSTO CARDOSO
A HISTÓRIA DO PRIMEIRO HINCHA A palavra “Hincha” é um termo Espanhol que significa adepto na língua Portuguesa. Associada a esta palavra existe uma história que, para a maioria, é desconhecida por se encontrar perdida nas brumas do passado. Nas próximas linhas vou tentar recuar no tempo para perceber de onde vem a associação da palavra “Hincha” aos adeptos de futebol. Esta história tem como ponto de partida o dia 28 de abril de 1882. Nessa data, nasceu em Montevideo, no Uruguai, uma figura que se imortalizou até aos dias de hoje! O seu nome era Miguel Prudencio Reyes Viola e iria ficar conhecido pela sua ligação com o Club Nacional de Football que viria a ser fundado em maio de 1899. Prudencio Reyes, popularmente conhecido como “Gordo” Reyes, não por ser gordo mas sim pela sua corpulência, era responsável pelos equipamentos necessários para o Nacional de Montevideo jogar, mas a sua principal função era a de cuidar e encher as bolas ou, como se diz em lunfardo rioplatense, uma variedade do espanhol falada na região do “rio de la plata”, “hincharlas”. Atenção, esta não era uma tarefa qualquer! Não nos devemos esquecer que, à época, não haviam muitas bolas e a maioria delas provinham de Inglaterra. Assim, tornava-se importante garantir que, as poucas que possuíam, estivessem em conformidade com os regulamentos das competições oficiais. Para isso era fundamental saber cuidar do couro, das costuras e da pressão. Prudencio era seleiro de profissão e, desde muito novo, foi habituado a trabalhar o couro, tendo inclusive montado a sua própria empresa. Tinha as mãos certas para o serviço e essa foi a razão que levou a direcção do clube a contratar este adepto que habitualmente frequentava as bancadas dos jogos.
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No século XX o ambiente do futebol, na América do Sul, era muito diferente daquilo que estamos habituados nos dias de hoje. O comportamento dos que assistiam às partidas era pouco interventivo, eram mais dados à observação do jogo e não se manifestavam, com poucas excepções, como os aplausos nas celebrações dos golos. Este não era o caso de Prudencio, que incentivava a sua equipa com gritos constantes e bem audíveis, desde o início da partida, enquanto percorria a linha de campo de uma ponta à outra, apoiando na defesa ou no ataque. “Nacional, Nacional!! Nacional para cima!! Vamos subir Nacional!!”, ouviam os espectadores que, surpreendidos com a atitude demonstrada, perguntavam quem era aquele homem. “É o hincha do Nacional”. Até agora, para os adeptos dos dia de hoje, aquilo que descrevi é algo que se poderia classificar como normal mas, naqueles tempos, as coisas eram bem diferentes. Foi este ilustre desconhecido que abanou o ambiente calmo dos jogos, semeando a ideia, entre quem assistia ao jogo que, era possível viver o jogo de outra forma, em festa. A novidade deste comportamento foi o motor para que outros o copiassem e, a partir daqui, o colectivo de pessoas que se manifestavam pelo Nacional, da mesma forma que Prudencio Reyes, começou a ser conhecida como “hinchada”. Há quem diga que ele foi o primeiro adepto mas, já por aquela altura, esta forma de estar entre os adeptos começava a ganhar forma noutros países, como é exemplo a Argentina. Contudo, o mais importante a retirar é que partir dali estes adeptos tiveram um nome, os hinchas! Prudencio Reyes Viola viria a falecer em 7 de fevereiro de 1948, aos 65 anos, mas o seu nome ficará sempre na história dos adeptos. A 8 de agosto de 2020 homenagearam, Prudencio Miguel Reyes, construindo uma estátua, que representa a sua imagem, no campo do Gran Parque Central. Como escreveu Eduardo Galeano no seu livro, Futebol ao Sol e à Sombra, “jogar sem adeptos é como dançar sem música”.
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Por J. Lobo
Miguel Prudencio Reyes Viola Montevideo, 28/4/1882 - 7/2/1948
CULTURA DE ADEPTO Por P. Alves e M. Bondoso
Sendo esta a sexta edição da Cultura de Bancada e a nossa terceira participação consecutiva na mesma, é com um orgulho que partilhamos convosco, como já vem sendo habitual, uma série de obras literárias referentes à bancada. Continuamos a focar vertentes nacionais e internacionais deixando uma pequena sinopse apensa aos títulos recomendados. São, portanto, no lado nacional, uma obra de P. Alves, M. Soares e T. Marques que se intitula de “Diabos Vermelhos35 anos”. Um livro datado de 2017. No plano internacional, e também um pouco mais antigo, 1997, temos o “I guerrieri di Verona”. Um livro italiano referente, assim como o título demonstra, ao lado das bancadas do Verona. Obra de Silvio Cametti. Esperamos que isto vos ajude a escolher leituras agradáveis agora no período de férias. Vemo-nos daqui a dois meses, como já vem sendo costume.
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IInternacional Guerrieri di Verona Autor Silvio Cametti Equipa Hellas Verona Ano 1997 Páginas 320 Preço 50.000 liras italianas (25 euros)
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320 páginas carregadas de histórias desde 1971, ano de fundação da Brigate Gialloblu, até 1997, ano da primeira edição. O livro é todo a cores, com bastantes fotos a acompanhar a narração. Conta ainda com 80 páginas cheias de recortes de jornais a preto e branco, o que o torna ainda mais completo. Apresenta documentos históricos, tais como a carta de fundação da Brigate, folhetos para deslocações, mapas políticos dos grupos italianos, folhetos de protesto da Curva Sud e, um dos mais importantes, o comunicado de dissolução da Brigate Gialloblu. Retrata os principais jogos ao longo dos 20 anos de existência do principal grupo veronese, contando os factos passados, sem nunca esconder as coisas que não correram bem. Outro ponto importante é a constatação
da grande influência inglesa no “tifo” da Brigate. Sem tambores e raramente com megafone, foram precursores deste estilo em Itália, adoptado depois por bastantes grupos, incluindo os Irriducibili Lazio. Um dos principais factores desta influência, foi a amizade com os londrinos do Chelsea, onde foram recebidos e puderam colocar a sua faixa na “Shed”. Sensivelmente a meio da obra vem o principal ponto de interesse, o ano do título. Estrondosas deslocações, quase sempre com mais de 3000 adeptos, e jogos em casa com uma Curva Sud sempre sobrelotada. O livro entra na recta final com a dissolução da Brigate no Verona-Genova onde saiu o comunicado oficial e as faixas de todos os grupos não foram colocadas na curva. Começava assim uma nova etapa no movimento ultra italiano. Os últimos capítulos passam pelos anos de 1992 até 1997 onde se faz um retrato fotográfico da Curva Sud em casa e em “trasferta”. Depois uma parte dedicada a algum material realizado pelos vários grupos, dando principal destaque aos autocolantes, passando ainda por uma recolha de cânticos e de vários slogans utilizados ao longo dos anos. Termina com estas palavras: “Este livro não é uma tentativa de fazer da Brigate Gialloblu melhores adeptos do que os outros: é um testemunho que se procurou fazer através de ilustrações dos factos, para mostrar um fragmento do mundo do futebol, em que os adeptos sempre estiveram entre os primeiros protagonistas. Sem esses, o futebol não teria conseguido este amplo consenso no mundo inteiro e sem esses não teria tão pouco... razão de existir”
Diabos Vermelhos 35 Anos Nacional Autor P. Alves, M. Soares e T. Marques Equipa SL Benfica Ano 2017 Páginas 420 Preço 35 euros tes com outros clubes do Velho Continente para as competições Europeias; “Modalidades” - com os desempenhos da claque no pavilhão; “Imprensa” - com os destaques positivos e negativos dados pela comunicação social; e por fim “Vida de Ultra”- onde são mostradas centenas de fotos com vários momentos das pessoas que fizeram parte dos Diabos Vermelhos.
Por ocasião das celebrações dos seus 35 anos, o grupo Ultra mais antigo do Sport Lisboa e Benfica lançou o seu livro comemorativo. Sobre a forma de foto álbum, são relembradas as várias fases que este grupo atravessou nas últimas três décadas e meia. O livro é composto por 10 capítulos: “O Início” - onde é possível ver imagens da origem do grupo nos anos 80; “O Inferno da Luz” - onde vemos as prestações em casa; “On Tour” - com as mais variadas deslocações de Norte a Sul do país, incluindo às equipas insulares; “Derbis” com enfoque em todas as incidências do maior confronto da Capital; “Clássicos” - dedicado aos embates com o rival azul e branco; “Taças” - com enfoque nas finais das Taças de Portugal, Supertaças e mais recentemente as Taças da Liga; “Noites Europeias” - onde se recordam os emba-
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COLECIONISMO: O CACHECOL A HISTÓRIA DO CACHECOL NO FUTEBOL
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Procurando num dicionário comum, facilmente encontramos que cachecol significa: “Tira, geralmente longa e estreita, de lã ou outro tecido, que se coloca à volta do pescoço para o proteger do frio”. Esta definição ajuda-nos a perceber um pouco sobre o porquê do cachecol se ter tornado tão comum entre os adeptos, ainda para mais onde se popularizou, na Inglaterra, longe do clima mediterrânico. Ninguém consegue dizer quem foi a pessoa que usou um cachecol, como adereço de identificação clubística pela primeira vez, mas pela lógica, conseguimos perceber que o cachecol surge apenas quando as equipas começam a usar cores fixas. É importante sublinhar que, usar o cachecol, passou a ser uma declaração de afiliação tribal! O registro visual mais antigo, do uso de um cachecol, é de 1934, numa filmagem de TV, sobre uma partida entre o Arsenal e o Crystal Palace no antigo campo de Highbury, onde um homem é visto a usar um cachecol listrado, a preto e vermelho. Podemos dizer que a história do cachecol tem por base a indústria caseira, onde é o próprio adepto ou alguém próximo dele que tece o seu cachecol. Segundo Vidhani, que vem de uma família com mais de 50 anos no negócio da produção de cachecóis,”Eles eram literalmente tricotados manualmente, com faixas de cores alternadas e costurados à mão com franjas em cada extremidade. Eram cachecóis tricotados com agulhas, por mães e avós”. E assim foi, até
que alguém viu, nestas nossas relíquias, uma oportunidade de negócio. A partir daí surgem as primeiras indústrias de produção massificadas que, com o passar do tempo, foram introduzindo várias mudanças. Exemplo disso é o emblema do clube que é cozido nas pontas do cachecol, o uso de diversos materiais, ou até mesmo a finalidade dos cachecóis. Actualmente é muito comum encontrar cachecóis de identificação do clube, como de grupos de apoio, de incentivo a jogadores, com mensagens de intervenção, com ofensas ao clube rival ou cachecóis comemorativos. Não imagino entrar na bancada de um estádio sem o meu cachecol. Não importa o material, é o acessório que me acompanha sempre que joga o meu clube, algo indispensável ao meu ritual. Ainda me lembro que, desde bem novo, antes de sair de casa preparava solenemente o nó do meu cachecol e a forma como o colocava ao pescoço. Então, quando apareceu a claque, não descansei enquanto não aprendi a fazer o nó como o deles, sobressaindo o emblema para que todos pudessem ver o meu clube, a minha tribo! Fosse enrolado ou amarrado, fosse ao pescoço, no pulso ou na cabeça como alguns mais irreverentes usavam nos 80’s e 90’s, o cachecol veio para ficar e para fazer parte da cultura do adepto e do próprio futebol! Ultrapassou fronteiras, ultrapassou o clima, e seguiu o seu caminho passo a passo com a expansão deste desporto. Por J. Lobo
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BRUNO SAMPAIO
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Eu, Bruno Sampaio/Prof, iniciei a minha coleção de cachecóis quando tinha cerca de 14 anos, no “momento” em que ingressei nos Dragões Azuis 84, e cumulativamente com a paixão acerca do movimento ultra que brotou nesse instante, ocorreu uma oferta de 2 cachecóis: um do Barça e outro do ManUtd (que ainda preservo no meu espólio com extrema ternura). Nessa nova “jornada” da minha vida, três amores preencheram o meu âmago, o Mágico Porto, o Movimento Ultra e os Cachecóis, diga-se que aquela máxima que pulsa “eu tenho dois amores”, sinceramente não se adequa a mim, pois “Eu tenho TRÊS Amores!” Eu defino a minha coleção como o resultado de uma “viagem”, pelo que procuro a cada instante, a cada “descoberta/redescoberta” acrescentar mais um. Talvez se assemelhe ao ato de se tirar uma fotografia quando viajamos, como que esse paralelogramo se eternize e materialize no tempo, assim, um cachecol, serve para me relembrar histórias e momentos. Poucos
são os cachecóis que conservo que não trazem em si, na sua génese, uma narrativa, algo de significativo. Numa fase inicial, “entrava” qualquer um na minha coleção, mas com a idade e com o “crescimento” em termos profissionais, o gosto pelo design, o material, a tipologia das letras, a disposição do texto, as cores, como que me foram “estruturando” o pensamento, e desse modo o gosto/critério começou a ser mais “requintado”, pelo que só coleciono o que efetivamente gosto, não se trata de ser um acumulador de cachecóis, onde guardo tudo o que não tenho, mas sim, sinto que sou um colecionador muito criterioso (em demasia até). Para além do design, a esse propósito aditei a amizade, pelo que dei continuidade à minha coleção e procurei “adquirir” material alusivo aos clubes e grupos ultras de velhos e novos amigos. O armazenamento é o meu maior problema (kkk), quando se ultrapassa os 4750 ca-
checóis, é por demais difícil armazená-los, mas tenho vários móveis, bem como caixas próprias. Eu não afixo nenhum nas paredes, e tenho um cuidado desmesurado com a “intervenção” do pó, humidade e luz solar, cuido deles com muito zelo e ternura, para que permaneçam “incólumes/perfeitos”. É muito interessante viajar no tempo, retroceder aos primórdios da minha coleção, e aferir as mudanças que surgiram, tanto ao nível da qualidade do design, como dos materiais com que os mesmos são/foram fabricados. Também enalteço nesta “viagem”, a que se denomina também de colecionismo, que outros “artigos” foram sendo por mim guardados, pois nas inúmeras e incomensuráveis trocas, foram-me oferecendo pins metálicos de clubes e ultras, bem como stickers, pelo que devo ter cerca de mil pins, e talvez mais dois mil stickers. Mas o mais importante para mim não é o número, antes o gosto e o prazer em trocar, e as inúmeras verdadeiras amizades que se constroem e
preservam. Nunca me dediquei a publicar o que possuo pois, muito do material, nem o poderia fotografar pela raridade e confidencialidade, aquele compromisso tácito. Eu aconselho o colecionismo a todos, independentemente da modalidade desportiva e/ou até do objeto a ser preservado, deverá ser efetivado de um modo livre e sereno, não com o intuito de competir, de ter mais do que o outro. Esse raciocínio não tem qualquer significado, mas o propósito basilar deverá ser, quiçá, o de guardar memórias, pedacinhos de viagens, bocadinhos de conversas que se mantiveram e perpetuam no tempo, em alguns casos conquistas e acima de tudo manter viva a memória dos amigos/amigas, o que felizmente é o meu caso, posso dizer que tenho Amizades Verdadeiras espalhadas por Portugal e por toda a Europa.
Por Bruno Sampaio
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RAÚL RODRIGUES
“Um mundo diferente, mais significativo, mais ordenado, pode nos falar a partir de coisas humildes, como sapatos ou garrafas, autógrafos ou primeiras edições, os quais, em seu agradável arranjo, em sua estrutura e variedade, nos falam da beleza, da segurança; e cada objeto que tanto desejamos é, de fato, um atributo daquilo que desejamos.” Philipp Blom, historiador alemão Por definição, na Wikipédia, colecionismo é “a prática que as pessoas têm de guardar, organizar, selecionar, trocar e expor diversos itens por categoria, em função de seus interesses pessoais. Em todo o mundo, milhões de colecionadores organizam as mais diversas coleções de objetos. Dentre os benefícios que a atividade pode trazer para o colecionador, em especial os mais jovens, está o desenvolvimento dos sensos de classificação e organização, de interação e socialização com outros colecionadores, do poder de negociação, bem como o aumento do repertório cultural acerca do objeto colecionado.” No meu caso, a paixão pelo colecionismo de cachecóis surgiu há mais de 25 anos. No início apenas “juntava” os poucos cachecóis que conseguia obter ou que os familiares me ofereciam, mas, lentamente, acompanhando o meu interesse pela Cultura de Bancada, aumentava também a vontade de ter o cachecol de tal grupo ou clube. Porém nos anos 90 não era tão fácil ter acesso ao material como é hoje em dia, para encontrar alguns cachecóis mais específicos era necessário contactar com os clubes ou então com outros colecionadores (na maioria das vezes este contacto efetivava-se através dos “mercados” das Revistas Ultras). Muitos desses contactos realizados ces-
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saram com a troca efetuada, mas outros tantos mantiveram-se, transformando uma simples troca de cachecóis numa amizade que perdura até aos dias de hoje. Devido a esta paixão, posso dizer que tenho amigos em grande parte das bancadas portuguesas, como é o caso do Diretor desta publicação, que aproveito para saudar e agradecer, de forma sincera, o convite para escrever este texto, bem como todo o trabalho feito em prol da “Cultura de Bancada”. Passei horas, dias, semanas, meses e até mesmo anos em busca de determinados cachecóis, alguns fui conseguindo ao longo dos anos, outros ainda continuo à procura, no entanto é nessa procura que, quanto a mim, reside o encanto do colecionismo, as pessoas que se encontram, os lugares que se conhecem, as histórias que se vivem. Um cachecol é mais que um pedaço de tecido, é uma pessoa, um momento ou uma história que a ele está associado. Resumindo, para mim, colecionar cachecóis é mais que obter a “peça”, é todo um processo que mesmo que termine sem a obtenção do cachecol pretendido, deixa sempre uma história para contar ou uma pessoa para conhecer. Despeço-me deixando o link da minha coleção https://raulscarves.de.tl/ e saúdo todos aqueles que conheci devido a esta “loucura” bem como todos os que tornam esta brilhante publicação possível. Forte abraço a todos, boas coleções!
Por Raúl Rodrigues
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