DESPORTO
ESQUIADOR JOSÉ CABAÇA
ESPÍRITO OLÍMPICO É A MARCA PORTUGUESA NOS J O G O S D E I N V E R N O D A “AV E N T U R A E S T U P E N D A” D E D U A R T E E S P Í R I T O S A N T O E M O S L O 1 9 5 2 , À P R E S E N Ç A D E U M A L E N T E J A N O E M P E Q U I M 2 0 2 2 , Q U E H Á D O I S A N O S N E M S A B I A E S Q U I A R , A H I S T Ó R I A D A PA R T I C I PA Ç Ã O P O R T U G U E S A EM JOGOS OLÍMPICOS DE INVERNO É UM PERCURSO DE ACASOS, CONTRADIÇÕES E GENUÍNO OLIMPISMO. N A C O M P E T I Ç Ã O C H I N E S A E S T I V E R A M , P E L A P R I M E I R A V E Z , T R Ê S AT L E TA S E M M O D A L I D A D E S D I V E R S A S .
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ornou-se célebre a participação de uma equipa jamaicana de bobsled nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1988, em Calgary. A escassa tradição da ilha caribenha em desportos no gelo e o contraste da origem tropical com o frio glaciar canadiano tornaram o acontecimento num sucesso irresistível, que animava a cobertura mediática da olimpíada. O episódio picaresco acabou mesmo
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por ser adaptado ao cinema (Cool Runnings, 1993). Mas em Calgary havia outra história que dava um filme: a de António Reis. O jovem português, emigrado no Canadá desde os 7 anos, era um desportista eclético – foi campeão universitário de futebol americano e praticante de remo – mas, três anos antes da competição no estado de Alberta, nunca tinha pisado uma pista de bobsled. Nem sequer praticado qualquer modalidade de Inverno. O
sonho de participar numa olimpíada, no entanto, fez o luso-canadiano puxar pela criatividade e encontrar na corrida dos trenós uma hipótese. Treinou na escola de pilotos de Lake Placid, juntou um grupo de amigos do desporto para formar uma equipa e fez uma viagem de carro até Innsbruck, na Áustria, para se apurar ‘in extremis’, no final de 1987, para Calgary. O sonho estava cumprido e até teve direito a vender o trenó da sorte ao Príncipe Alberto, do Mónaco.