Atualidade Cosmética 155

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25 anos Ano: 24/2017 • R$ 40,00

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CATEgorIAs

Conectar-se com os Millennials tem sido um grande desafio para a indústria de perfumaria Maionese, Maizena, Vinagre... Os produtos alimentícios estão na cabeça das consumidoras

NEGÓCIOS L’Oréal revela planos da NYX no Brasil e Grupo Boticário apresenta a Multi B, sua operação para o varejo multimarcas

ATC 25 anos Com marcas tradicionais e novas líderes, a indústria cosmética mineira pelo brasil: ocupa, há décadas, uma posição de extrema relevância na categoria de haircare


O Sol nasceu pra todos. O Prêmio Atualidade Cosmética também ESTÃO ABERTAS AS INSCRIÇÕES PARA A PREMIAÇAO MAIS IMPORTANTE E DEMOCRÁTICA DO MERCADO: O 25º PRÊMIO ATUALIDADE COSMÉTICA. Não importa se você atua numa grande multinacional ou em uma jovem startup do mercado de perfumaria e cosméticos. Todos são bem-vindos e o que vale é o seu trabalho. Acredite no seu talento!!!. Participe e celebre a diversidade com a gente, dia 7 de novembro, no Teatro Bradesco, em São Paulo. Inscrições gratuitas pelo site: cosmeticanews.com.br/premioatualidadecosmetica. Mais informações: premioatualidadecosmetica@cusmaneditora.com.br ou 5511 3392-2584 Patrocínio Diamante

Patrocínio Ouro

Patrocínio Prata

Iniciativa


12.

80.

A perfumaria precisa encontrar meios para modernizar seus códigos, gestuais e formatos para não se desconectar das novas gerações de consumidoras.

Um nova fase para a história da marca NYX Professional Makeup por aqui, agora sob o comando da L’Oréal Brasil.

ESPECIAL PERFUMARIA

NEGÓCIOS ESTRATÉGIA

86.

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P&D PRESERVANTES

CATEGORIA HAIRCARE

Formuladores começam a olhar com mais atenção para opções mais modernas de preservantes, a fim de garantir maior segurança aos consumidores.

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A onda dos cosméticos inspirados em alimentos tem feito a cabeça de muitas consumidoras. Mas a indústria precisa ter bom senso ao seguir essa tendência.

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LOGÍSTICA ROUBO DE CARGAS

FOCUS GROUP COLORAÇÃO

Seguradoras, transportadoras e o mercado de beleza seguem sofrendo com este problema e com os custos para tentar mitigá-lo.

As opções existentes, como se informam, aplicam, compram e o que pensam dos resultados as consumidoras acostumadas a pintar os cabelos.

94.

41.

MEMÓRIA PETER GOTTSCHALK

ATC – 25 ANOS PELO BRASIL MINAS GERAIS

As particularidades e a relevância de um estado que tem Haircare, o varejo, as franquias e o mercado profissional como suas grandes forças.

64.

MERCADO CASAS DE FRAGRÂNCIAS

O trabalho das casas locais junto aos seus clientes visando suportar o desenvolvimento no momento em que as médias empresas de cosméticos chamam a atenção.

A história e a importância do dono da Wheaton Brasil – morto no último dia 14 de maio – para o desenvolvimento da perfumaria no Brasil.

98.

#DEPAPOCOMATUALIDADECOSMÉTICA

Em sua segunda edição, evento reúne dezenas de influenciadoras digitais para difundir o conhecimento a respeito da categoria de Pele.

100.

ATUALIDADE COSMÉTICA WORKSHOP

Na estrada pelo País, evento esteve em Minas Gerais e Goiás para tratar das categorias: Cabelos, Pele, Maquiagem e Perfumaria. Confira o que rolou.

72.

NEGÓCIOS ESTRATÉGIA

Após redesenhar sua estrutura de fragrâncias globalmente, IFF espera colher os frutos de cada mercado na qual atua com um olhar de especialista.

76.

104.

EVENTO – FCE

Em novo local, no São Paulo Expo, feira apresentou uma série de novas tecnologias e serviços para o mercado de beleza.

106.

NEGÓCIOS ESTRATÉGIA

clássicos da perfumaria paco rabbane pour homme

Depois do reposicionamento de Revlon no Brasil, quais os planos da Multi B, nova unidade de negócios do Grupo Boticário, para a marca Australian Gold.

Um fougére clássico que ajudou a definir a perfumaria masculina nos anos 1980.

editorial _____________ 04 painel _______________ 06 express ______________ 36

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EDITORIAL

O verdadeiro (e bom!) jornalismo É por meio dele que cumprimos, dia após dia, nossa missão: contribuir para o desenvolvimento dos mercados nos quais atuamos

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raticar o bom jornalismo de verdade nos tempos atuais é desafiador. É verdade que a tecnologia, se bem utilizada, auxilia consideravelmente nesta busca. Mas, ao mesmo tempo, ela pode trazer uma perigosa acomodação àqueles que escrevem, a ponto de interferir na qualidade do conteúdo daquilo que está sendo transmitido. Porém, com uma mão de obra qualificada e dedicada, sabemos que é possível estabelecer uma maneira de usar a nosso favor todos os meios e canais existentes atualmente, ao mesmo tempo em que praticamos o tão almejado bom jornalismo. Tudo isso sempre em prol de contribuirmos com o desenvolvimento dos mercados nos quais atuamos. Esta sempre foi e será nossa principal missão! E isso, mais uma vez, está mais do que explícito nas páginas a seguir. Passamos um período em Minas Gerais para que, nesta edição, mostremos as particularidades e o perfil dos personagens e das empresas de mais este relevante estado para o mercado de beleza nacional, dentro desse audacioso projeto dos 25

fundador: José Luiz de Paula Jr. editor e Publisher: Aûani Cusma de Paula

anos de Atualidade Cosmética pelo Brasil. Não é apenas por este vasto e rico material que ressaltamos nossa posição. Só nesta edição, foram mais de 60 fontes entrevistadas, para que produzíssemos matérias relevantes para o mercado, fazendo jus ao nosso status de “formadores de opinião”. Desta forma, ficamos tranquilos de saber que somos capazes de, com o nosso conteúdo, também formarmos a sua opinião diante de algum assunto e também auxiliando em suas posições ou decisões do dia a dia. Já são duas décadas e meia fazendo isso e mais de 500 edições publicadas de diferentes títulos dedicados ao mercado de beleza, disseminando nosso papel, com muito conhecimento adquirido por incontáveis solas de sapato gastas em nossas andanças pelo mercado. Temos pleno conforto de dever cumprido, mas sabemos de tudo o que está por vir pela frente e do cenário que o mercado enfrentará. Pode ter certeza que estamos prontos para esta jornada. E você? Boa leitura!

editor-assistente: RAFAEL mendonça (rafael@cusmaneditora.com.br)

Daryus felisbino (daryus@cusmaneditora.com.br)

repórter: gabriel oda (gabriel@cusmaneditora.com.br)

impressão: serzegraf

repórter: milena paschoal (milena@cusmaneditora.com.br)

www.COSMETICANEWS.com.br

Gerente da marca: Jenifer vieira (jenifervieira@cusmaneditora.com.br) executivos de vendas: Wanessa de Souza (wanessa@cusmaneditora.com.br) eufrazio lauton (lauton@cusmaneditora.com.br) Atualidade COSMÉTICA

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Administração e Redação Rua Dom Duarte Leopoldo, 678 Cambuci CEP 01542-000 SP – Brasil Para anunciar, ligue: (11) 3392-2584



painel

Pódio, só em 2020

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consultoria britânica Euromonitor apresentou recentemente os dados sobre o mercado de cosméticos global em 2016. E o Brasil não tem muito do que se orgulhar. A consultoria apontou um avanço de 4,8% nas vendas, considerando valores correntes praticados ao consumidor sem descontar a inflação, que fechou o ano passado em 6,3%. O analista Elton Morimutsu aponta que o crescimento foi puxado por reajustes de preços, que conseguiram compensar uma forte queda no volume de unidades vendidas durante o ano. Além dos motivos já conhecidos e que atingem todos os setores, o mercado de beleza ainda sofre os impactos do aumento de impostos como o IPI e da alíquota de ICMS em vários estados. As categorias que conseguiram avançar mais no ano passado quando compradas a 2015 foram os Sets e Kits de presentes, que venderam 25% mais; fragrâncias, com incremento de 13,9%, e produtos de depilação, com 13,7% de aumento nas vendas. Lembrando que esses indicadores levam em conta o preço de venda ao consumidor. Na outra ponta, as categorias de desodorantes e de proteção solar sofreram queda de 9% e 4,2%, respectivamente. A venda de produtos para os cabelos, a categoria mais competitiva do mercado local, ficou praticamente estável, com uma pequena variação negativa de 0,3%. Morimitsu aponta que o mercado brasileiro deve crescer nos próximos anos a uma taxa anualizada de 5%, tendo como base os números de 2016. O analista acredita que um possível cenário de melhoria na economia deverá vir acompanhado da busca por uma maior sofisticação no comportamento do consumo, principalmente entre os consumidores de renda média. ATUALIDADE COSMÉTICA

PROJEÇÃO: Elton Morimutsu diz que mercado brasileiro deve crescer nos próximos anos a uma taxa anualizada de 5%.

O Brasil, que perdeu para o Japão a terceira posição entre os maiores mercados consumidores de produtos de beleza do mundo, só deve recuperar o seu lugar no pódio em 2020. Para o período que vai de 2016 até 2021, a Euromonitor acredita que as categorias que vão apresentar o maior crescimento (considerando preços correntes aos consumidores) são a de cuidados masculinos, com crescimento anualizado de 6,4%; de fragrâncias com 6,6% e produtos depilatórios, com 7,5%. Já as categorias que devem apresentar o menor nível de crescimento no período são as de oral care, com incremento de 2,4%; produtos para os cabelos e kits de presente, ambos com avanço estimada de 3,1%. 6

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painel

Vai ter briga

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Unilever está trazendo um reforço importante para brigar por mais espaço na categoria de cuidados com a pele no varejo brasileiro. A marca de produtos de apelo natural para peles sensíveis, Simple, chega ao Brasil em breve. A Unilever já apresentou a linha em um evento realizado para lojistas. Criada nos anos 1960, na Inglaterra, a Simple foi adquiriada em 2009 pela Alberto-Culver, dona também de TRÉSemme, que menos de um ano depois foi vendida para a gigante de bens de consumo anglo-holandesa. No Brasil, a marca tende a disputar espaço com Aveeno, uma das marcas globais de cuidados com a pele da Johnson & Johnson, que aterrisou no Brasil no ano passado e que compete numa faixa de mercado com propostas similares. As farmácias devem ser o principal campo de disputa desta contenda.

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Brasil escolhido A unidade terá área de 23 mil metros quadrados e será instalada na cidade de Itupeva, no interior de São Paulo e próximo ao Centro de Distribuição do empresa no Brasil. A empresa salienta que manterá a produção de algumas categorias terceirizada. Com a iniciativa, o grupo pretende ampliar sua participação no mercado brasileiro. As obras têm previsão de início ainda este ano, e sua operação em 2019.

francesa L’Occitane vai ter uma fábrica no Brasil. A empresa anunciou no início de agosto que vai investir na construção de uma fábrica no País, dedicada principalmente a produção de itens da sua linha local L’Occitante au Brésil. Essa será a segunda fábrica do Grupo L’ Occitane em todo o mundo. Hoje, a empresa concentra sua produção na única fábrica (foto) da L’Occitane en Provence, que fica em Manosque, sul da França, e em fábricas terceirizadas.

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painel

Mergulho nos fios

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or meio das mãos da Beauty Company – companhia constituída por um grupo de investidores –, a empresária, modelo e apresentadora Ana Hickmann adiciona em seu currículo de empreitadas o ingresso no mercado capilar. Com cases de licenciamento no segmento de esmaltes, bolsas, sapatos, entre outros, ela traz ao varejo brasileiro a partir de agosto a marca Ana Hickmann Hair. O mix de produtos visam atender a dois posicionamentos. A primeira linha, batizada de Ana Hickmann Hair Lifestyle traz formulação focada em necessidades específicas de cabelos lisos, cacheados e quimicamente tratados, composta por três famílias de shampoo, condicionador, máscara e leave-in, com destaque para a tecnologia envolvendo o óleo de batauá – extraído de uma palmeira amazônica. Já a segunda linha, chamada de Ana Hickmann Hair Fruit, é segmentada em nutrição e hidratação. É constituída por duas famílias de shampoo, condicionador e máscara. Com produção 100% brasileira, a empresária opinou em todo o processo de desenvolvimento: da criação, conceituação ao desenvolvimento de fórmulas e embalagens. De acordo com Ricardo Bittar, diretor da Beauty Company, os produtos custarão entre R$ 20 e R$ 35 e os objetivos são audaciosos. “A expectativa é

conquistar 5% a 6% de market share com a Ana Hickmann Hair nos primeiros dois anos”, aposta. “Iremos para o mercado através de parceiros distribuidores especializados que vão atender todas as cadeias de varejistas e independentes, pulverizando assim os produtos e toda a rede farma, alimentícia, perfumaria, lojas especializadas das principais capitais brasileiras”, completa. Hoje, Ana Hickmann atua na área cosmética por meio de um acordo com a Passion (do Grupo RR), que desenvolve e distribui perfumes com a marca da apresentadora.

Boutique ampliada

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m dos pontos de venda de beleza mais tradicionais do Brasil, a íconica loja da Drogaria Iguatemi no Shopping de mesmo nome, em São Paulo, vai passar por uma ampliação. Depois de muitos anos de insistência, a família Diniz Jorge, controladora da rede, conseguiu comprar sua vizinha de shopping e já deu início a uma reforma para ampliar a loja. De acordo com Leonardo Diniz Jorge, presidente da Drogaria Iguatemi (à esq. na foto, ao lado de seu pai e fundador, José Leonardo Jorge), a expectativa é que a loja ampliada seja inaugurada em outubro deste ano. Apesar de ainda ser a maior em faturamento, a unidade do Iguatemi de São Paulo é a menor dentre as sete unidades da rede, que está completando 50 anos de vida. ATUALIDADE COSMÉTICA

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especial Perfumaria

A perfumaria precisa de um divã? Talvez não seja esse o caso. Mas que a categoria e seus atores precisam pensar novas formas de desenvolver e comunicar os perfumes para se conectarem com uma nova geração de consumidores, isso é verdade. E o efeito colateral desse desafio pode ser muito bom para a perfumaria como um todo >>> AUANI CUSMA DE PAULA

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cone de glamour e sofisticação, capaz de nos transportar para um mundo de sonhos, de projetar poder e sensualidade...” Isso compõe a essência do que são os perfumes, a mais tradicional – em todos os sentidos – categoria da indústria de beleza. Em linhas gerais, foi arraigada nesses códigos que a perfumaria moderna foi construída até hoje. E os consumidores sempre os valorizaram. Mas é justamente essa tradição que torna mais complexo um desafio que, por si só, já seria bastante grande para a categoria: estabelecer uma conexão com os millennials. A garotada na faixa até os 20 e poucos anos carrega todos os dilemas e conflitos típicos dessa idade. Só que eles têm muito mais informações do que os adolescentes de gerações passadas, o que aumenta ainda mais a confusão na cabecinha deles. E, também, permite um grau de fragmentação impressionante. Mais do que outras faixas etárias, eles se juntam em pequenas tribos que comungam de ideais, valores e causas comuns.

Se no passado você tinha uma massa de jovens com alguns grupos estranhos alijados e se “organizando” fora do sistema, agora, “os estranhos” são o novo normal e o que se vê é uma proliferação de grupos de quem, via de regra, pensa igual. O avanço das redes sociais, onde essa geração vive boa parte da sua vida, contribuiu muito para isso, permitindo que pessoas que nunca se viram se agrupem em torno de algum ideal comum, ainda que virtualmente, com muito mais facilidade hoje, do que pessoas que estudam na mesma escola, por exemplo. Se esse grupo está muito mais organizado em tribos, não adianta lançar um produto para os millennials, como se tentou, lá atrás, criar fragrâncias teens ou para adolescentes, buscando atingir essa faixa de forma mais ou menos uniforme. O típico cheirinho de Tutti-Frutti, tão comumente presente em lançamentos da perfumaria para essa faixa décadas atrás, tem tudo para ser rejeitado por uma grande parcela das garotas, que não são mais direcionadas a pensa-

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rem num mundo rosa. Sim. Essa turma é bastante segura e cheia de si para dizer do que gosta e do que não gosta. Apesar de fazer parecer que os millennials são idealistas por natureza, esse quadro de fragmentação em torno de ideais e causas é tão etéreo quanto a própria perfumaria. Daí o leitor já pode imaginar o quão desafiador é essa situação para quem precisa pensar em um novo produto para os millennials. Com eles, ficou muito mais difícil estabelecer um perfil de público com base nos conceitos tradicionais como perfil socioeconômico e faixa etária. Embora questões comportamentais venham sendo inseridas nos briefings há algum tempo, a verdade é que muito do trabalho ainda leva em conta conceitos clássicos de pesquisa. Os grandes players da categoria habituaram-se a desenvolver perfumes para agradar o olfato e conversar com grandes grupos de consumidores, capazes de viabilizar o volume de vendas necessário para suportar todo o investimento realizado no desenvolvimento e na promoção do produto.


No Brasil (e na América Latina, de forma geral), com a categoria largamente dominada por tão poucos atores, a necessidade de grandes volumes é ainda mais importante. O que faz com que só de pensar em ter de criar uma fragrância para meninas skatistas, (ou que de alguma maneira, estejam inseridas na cultura underground urbana, por exemplo) seja o prenúncio de uma grande dor de cabeça. E é muito provável que, nas grandes empresas, essa dor de cabeça acabe não levando a lugar nenhum, já que muito provavelmente a análise do potencial de vendas de um produto para esse nicho não passaria pelas áreas que verificam o potencial e a viabilidade econômica do projeto. Só que a tendência dessa geração é que grupos como esse proliferem mais e mais, tornando necessário que as indústrias estejam preparadas lá na frente para fazerem escolhas sobre qual o público que elas querem dominar. “Estamos num momento de transição e, fazer isso hoje, talvez seja um tiro no pé. Mas, no futuro, acredito que as empresas terão de fazer escolhas (sobre quais pú-

difícil entender o porquê disso. O xis da questão é que a indústria de perfumes já sabe como falar com esse público mais velho. Ainda que eles também precisem ser “motivados” pela indústria dos perfumes com novos cheiros e propostas, eles compreendem e valorizam os códigos tradicionais da perfumaria. Já no caso dos millennials, as fabricantes de perfumes sequer conseguiram entender com alguma clareza o que se passa em suas cabeças. “Se a perfumaria sempre foi uma forma de extravasar o que a pessoa é, e o jovem está perdido, como é que a perfumaria vai se encontrar? Temos modinhas, mas não temos ícojovem experimenta nes. Temos uma estagnação fragrância em perfumaria: cultural e é nesse contexto que a perfumaria precisa pensar em a perfumaria está inserida. É como incorporar novos gestuais e uma questão socioeconômica formatos, a fim de gerar experiências e cultural”, pontua a cosmetódiferentes para os millennials. loga Sônia Corazza, uma das principais pesquisadoras da indústria cosmética no Brasil. blicos elas vão atender)”, acredita Paula Os millennials têm sido um público Domingues, gerente de Marketing da bastante desafiador para as casas de framultinacional de venda direta Jafra. grâncias, as empresas que mais investem para decodificar os consumidores do ponCom causas, mas ainda to de vista comportamental e, principalassim perdidos mente, como esses comportamentos vão O que não falta aos millennials nos dias se refletir no posicionamento, na criação de hoje são causas. E eles sempre estão e na comunicação das fragrâncias. “As dispostos a agarrar muitas delas. Mesmo casas não estão conseguindo entender os que não entendam com clareza o contexdesejos dos millennials e isso é um grande to e as consequências reais daquilo. “Eles problema”, afirma a pesquisadora. estão dispostos a mudar o mundo, mas Josiane Bordignon, diretora Comercom preguiça de arrumar o quarto”, diz cial para Perfumaria Fina da IFF, uma das Walter Longo, presidente do Grupo Abril, empresas que mais investem para decoum dos maiores conglomerados de mídia dificar os consumidores, diz que a casa da América Latina. O executivo encampa de fragrâncias está se provocando para uma cruzada para que as empresas olhem encontrar as formas de se comunicar com com mais atenção e destinem mais recuresse novo grupo. “Temos esse consumisos para a comunicação com os membros dor que é mais ávido por novidades. Eles da Geração X, a turma que compõe de estão muito atentos, mas também são fato o grande mercado consumidor no mais dispersos. A fidelização não existe, e Brasil e no mundo, com pessoas na faixa eles querem compartilhar muito a quesdos 40 anos e que estão no auge do seu tão das experiências. Estão em todas as poder de compra. De acordo com pesquiredes sociais compartilhando e fazem isso sas realizadas pela Abril, a Geração X tem com frequência. É um público bem comconsumo per capita de produtos de beleza plexo e interessante para nós.” 38% superior ao dos millennials. E não é

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especial Perfumaria

Rompendo com o passado Para além de todas as complicações, no seu conjunto, os millennials estão longe de ser hoje um grupo altamente relevante, economicamente falando, para a perfumaria neste momento. E talvez não o sejam por um bom tempo. Então, por que destinar tanta atenção para eles? Porque decifrar esses consumidores pode representar uma ponte para o futuro na perfumaria, abrindo um universo de novas possibilidades para a categoria, que vem operando do mesmo modo há muito tempo. “A gente acessa o consumidor e vende um produto que é, basicamente, a mesma coisa há mais de 100 anos”, lembra Josi, da IFF. Por isso, a indústria de perfumaria precisa correr mais do que as outras. Ela está mais atrasada em relação a outros segmentos do mercado. A perfumaria sempre falou muito bem por meio dos seus signos, traduzidos por meio das famílias olfativas. O floral para uma mulher clássica; os orientais representavam a sensualidade; os chypres uma mulher mais poderosa... Isso funcionou muito bem por décadas. “Só que a perfumaria acabou se tornando uma velha senhora sentada no seu glamour. E agora, o vestido ficou curto”, brinca Sônia. Olhar com atenção para os millennials pode ser importante para provocar na

Foto: Reprodução/YouTube-LB Skate

skatistas na praça roosevelt, em são paulo: com mais informações, causas e liberdade de expressão, os millennials são mais fragmentados do que as gerações de jovens do passado.

perfumaria algum grau de ruptura com os seus códigos tradicionais, os mesmos que vêm sendo utilizados por décadas (com sucesso, diga-se): sofisticação, luxo, glamour, sensualidade, poder... Só que esses códigos não necessariamente valem para esses novos consumidores, que são menos arraigados ao passado e as convenções sociais clássicas e que imperaram até aqui. “Que bacana que temos essa tradição que a gente carrega. Mas talvez esse não seja o caminho do futuro. Temos que buscar as alternativas de viabilizar e de continuar sustentando o nosso mercado lá na frente”, pontua a diretora da IFF, para quem a perfumação pode ter outras formas e caminhar para ser uma necessidade e não só um luxo. “A gente fala muito que a perfumaria é um luxo. Não vejo dessa forma. Acredito que o mais importante é buscar formas de criar experiências, independentemente de formatos, por meio das quais os consumidores poderão se conectar com essa categoria”, acredita. Não quer dizer que a perfumaria vai simplesmente deixar de ser o que é hoje. Apenas, que ela precisa também incorporar, de forma consistente, novas possibilidades para atender a um público que é bastante diferente dos consumidores que a indústria atendeu com sucesso até aqui, e que, ao mesmo tempo, se permite ir além e experimentar um pouco

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mais. Então, por que não se aproveitar disso para buscar novos caminhos? É provável que muita dessa fragmentação em pequenas tribos unidas por ideias e valores, prevaleça com o passar do tempo, mudando substancialmente a forma como as empresas definem seus targets. “Certos padrões que a indústria e os consumidores tinham no passado, como clustetrizar o que é legal para a minha classe social, ou o que não é – porque a minha empregada está usando esse mesmo produto... Isso não acontece com os millennials. Eles são livres, mais abertos e quebraram os paradigmas que nós tínhamos. E, além disso, não são obcecados por marcas”, reforça Eloisa Mello, diretora do Centro Criativo da IFF para América Latina. É difícil imaginar que, a partir dos 30 anos, essa meninada vai entrar na linha e passar a se comportar e ter os mesmos hábitos e atitudes típicas da vida de quem tem mais do que 30 anos hoje. Talvez não sejam tão radicais nos seus posicionamentos e posturas, mas não é esperada uma acomodação como a que aconteceu com a Geração Y, que também queria ser livre, desafiava a hierarquia, e se achava a tal por conta dos inúmeros cursos superiores, tudo isso embalado por um contexto de forte crescimento econômico. A verdade é que boa parte dessa geração cresceu sob a


Alessandra tucci, da perfumaria paralela: diferentemente da maquiagem, a perfurmaria é totalmente sensorial e invísivel. Um desafio e tanto para se estabelecer uma conversa nas redes sociais.

égide e ainda comungava de valores mais tradicionais da sociedade. Na medida em que foram ficando mais velhos e vendo suas responsabilidades aumentarem, como as contas chegando todo mês, eles naturalmente foram se adaptando à antiga realidade. De novo. Esse não parece ser o caminho natural para os millennials.

A concorrência está nas bolsas Conectar a perfumaria com o público mais jovem nos dias de hoje impõe outro desafio: disputar espaço com os produtos de maquiagem. É muito fácil para as millennials adentrarem ao universo da maquiagem – de longe a categoria que melhor se conecta com esse grupo –, onde é possível encontrar hoje uma gama de produtos bacanas acessíveis em varejistas dos mais variados, de perfumarias de bairro até redes de farmácias, por valores palatáveis para uma carteira que, por motivos óbvios, ainda é meio vazia. Já a perfumaria parte de um problema concreto, o ticket médio mais alto. “É possível você

ter uma maquiagem muito boa fazendo um desembolso baixo. Mas um perfume bom, sempre vai ter um ticket mais alto”, diz Nicolle Rauen, gerente de Marketing da empresa de venda direta Racco. Prova dessa maior conexão das millennials com a maquiagem é que, embora a categoria que também sofreu muito nos últimos anos, teve a queda de penetração concentrada nas mulheres mais velhas, uma consumidora que talvez tenha incorporado à rotina o uso de alguns itens com os quais ela não estava acostumada, na faixa de público até 29 anos, a penetração subiu e a categoria tem vindo num movimento ascendente desde 2014, segundo dados da Kantar Worldpanel. A maquiagem é uma categoria naturalmente dinâmica, com vários itens diferentes, que permitem atingir com as suas infinitas propostas, um público muito amplo e, ao mesmo tempo, atingir a mesma consumidora de várias maneiras diferentes. “A maquiagem é prática e fácil de decodificar e permite atender a perfis mais específicos de consumido-

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ras, o que a ajuda a crescer. Na perfumaria você não consegue chegar nesse coeficiente”, explica Sônia Corazza. Trata-se de uma comparação injusta? Pode até ser. Mas ela existe e a tendência é que cada vez mais a carteira seja dividida, e, a depender de como os atores das categorias trabalharem, o pêndulo pode ir mais para um lado ou para o outro. “Eu não tenho dúvida de que a maquiagem rouba mais dinheiro na cesta de compras da consumidora. É uma categoria gostosa e as consumidoras estão aprendendo a brincar com ela”, acredita Alessandra Tucci, diretora da Perfumaria Paralela, consultoria especializada no mercado de perfumaria. Para ela, a maquiagem representa uma transformação, o bom e velho “antes e depois” pra todo mundo ver. Essa é uma desvantagem da perfumaria, que é invisível. “No seu gestual íntimo, você dá aquela última borrifada, olha no espelho e se sente poderosa. O perfume turbina a sua autoestima, sem dúvida. O problema é que ele é invisível”, pontua a especialista. Um dos trunfos da categoria de maquiagem é que as empresas do segmento conseguiram usar muito bem a internet e as redes sociais para estabelecer uma comunicação com os millennials. Várias marcas cresceram, apareceram e deixaram seus criadores milionários por conta dessa capacidade de usar as novas plataformas para acessar as consumidoras, falando a linguagem delas e as ensinando sobre o produto. Assim, consolidaram suas marcas em grupos de consumidoras que, por diferentes motivos, não acessavam as marcas tradicionais de maquiagem de luxo e, também, não queriam viver apenas com as marcas de mass market tradicionais, que também não conversavam com elas. Muitas dessas marcas de maquiagem são parte da geração millennial. Nasceram nesse período. No mesmo intervalo de tempo, quantas marcas de perfumaria surgiram fazendo algo que rompesse com o modelo tradicional da categoria? Excluindo as marcas de nicho e de alto luxo – um modelo que também começa a dar sinais de cansaço, tamanho o movimento manada dos últimos três anos – quase nada. E, excluindo as fragrâncias de celebridades como Justin Bieber


especial Perfumaria eloisa mello, da iff: olfativamente, os millennials se permitem ousar um pouco mais. E não são apegados a marcas.

e Rihanna, que já tem essa faixa de consumidores como fãs, quais marcas de perfumaria buscaram realmente entender os millennials? Dou-lhe uma, dou-lhe duas... E? Pois é. Difícil de encontrar, não é mesmo!? Enquanto as redes sociais funcionam muito bem para a categoria de maquiagem, com tutoriais e segredinhos de uso nos quais você visualiza o que está acontecendo, fazer o mesmo com a perfumaria é bem mais difícil. “Lembro-me das reuniões que tinha na indústria, falando de perfumes. É uma conversa tão estranha, porque é um monólogo. Você fica tentando passar para o outro uma emoção que você está sentindo em relação ao cheiro e o outro não faz ideia do que você está falando”, brinca Alessandra. Para Paula Domingues, da Jafra, o fato de a perfumaria estar calcada em questões de valor agregado e sofisticação, ainda faz dela algo aspiracional. Isso não muda na opinião dela. O que muda é a linguagem que a marca precisa usar para se conectar com as pessoas. “A perfumaria ainda está naquele modelo mais tradicional. Mas é um bom momento, porque estamos sendo provocados”, anima-se Josi Bordignon, da IFF.

Formatos mais dinâmicos Borrifar o perfume ainda é hoje, muito provavelmente, o ápice na experiência de uso do perfume. Mas, assim como todo o resto, esse gestual de aplicação do perfume, e o próprio formato frasco de vidro e pump spray para borrifar uma base alcoólica, não poderia ser acompanhado por outras opções e formatos de aplicação, injetando frescor e dinamismo numa categoria que tem se mostrado bastante lenta nos seus movimentos? “É evidente que as empresas precisam buscar essa inovação. Mas eu a vejo acontecendo”, diz Alessandra. A especialista lembra que as indústrias têm feito muitos estudos e pesquisas para buscar o real gestual diário das pessoas. “Você vê criações

como o pincel perfumado que algumas marcas de nicho têm usado (já uma clara influência da maquiagem), e você lê nos comentários nas redes sociais que as pessoas acharam aquilo o máximo, que também querem um... Não acho que o gestual de passar o perfume vai sumir. Mas é preciso incorporar outras coisas, sim”, acredita. A Silgan, um dos principais fabricantes de válvulas pump spray do mercado global, vem tentando pesquisar o nível de sucesso de formatos diferenciados na perfumaria, como os roll-on, cremes e miniaturas. “O que percebemos é que eles acabam funcionando como um complemento e não substituem o formato tradicional”, conta Tove Dahlstrom, coordenadora de Marketing da companhia. Para Nicolle, da Racco, mesmo com formatos como o roll-on e o perfume em pó, nada ainda é tão prático quanto o perfume tradicional. “A perfumaria é o que ela é”, reforça Alessandra Tucci. “O batom pode variar entre um matte, um gloss, pode ser bastão ou líquido, mas ele sempre vai ser aplicado no lábio e vai te oferecer uma infinidade de cores. Na perfumaria você tem uma infinidade de cheiros. Só que eles são invisíveis. Isso envolve uma sutileza, porque é algo totalmente sensorial. Você vai brincar com outras possibilidades”, diz ela. Abandonar as borrifadas não está no horizonte da indústria de perfumaria. E não faria nenhum sentido de fato, tendo em vista que é sim um gesto difundido por todo o mundo e todas as faixas etárias. Mas

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mesmo os fabricantes de pumps e sprays sabem que o público está em busca de novidades e experiências diferentes. “De fato nós temos que destacar iniciativas realizadas em diferentes elos da cadeia para chegar a novos gestuais, especialmente entre as empresas de pumps”, conta Alessandra. E essas empresas estão mesmo buscando entender como melhorar a experiência para esse novo grupo de consumidores, incluindo formatos que permitam o uso de mecanismos diferentes, ainda que mantendo o pump como forma de aplicação. “Temos trabalhado no portfólio, mas buscando experiências diferentes de sprays que os clientes personalizam e que acabam trazendo elementos lúdicos para dentro da aplicação, como trabalhar com acessórios dentro dos frascos para enfeitar a pump e levando ‘mensagens’ diferentes e complementares às notas olfativas e design do produto final”, explica Tove, da Silgan. Para encontrar um caminho neste sentido, as indústrias têm trabalhado em projetos de médio e longo prazo. “Temos atuado com pesquisas em busca de materiais alternativos, tentando buscar a conexão com o público mais jovem. Tem pelo menos um grande fabricante que está buscando formas alternativas de pesquisas de aplicação”, conta Tove. Outra coisa interessante para agregar dinamismo à categoria é a oferta de produtos com a proposta de portabilidade. “O consumidor está sempre em movimento e quer o produto com ele. Miniaturização é tendência no mundo inteiro porque as pessoas não querem carregar peso”, diz a executiva da Silgan. “Esse é um ponto importante. A maquiagem é fácil de por na bolsa, as embalagens são pequenas”, lembra Josi, da IFF, para quem isso é algo que deve ser perseguido pela perfumaria daqui pra frente. “Como a gente customiza a entrega para atrair essa consumidora com algo diferente daquele modelo tradicional”, emenda. Além da portabilidade, as miniaturas podem servir ao papel de promover a experimentação de novidades, algo que é fundamental para os millennials. “Eles não se sentem obrigados a ser fiéis a marcas e adoram coisas novas. A miniatura permite que eles experimentem uma novidade, sem ter de arcar com o custo e a duração de um frasco de 100ml”, acredita


Tove. Embora os produtos em miniaturas tendam a vender mais pela conveniência do que pelo preço, é óbvio que para consumidores com menos disponibilidade de recursos a miniatura pode representar uma opção bastante interessante. Para a indústria, entretanto, encontrar o equilíbrio de preço entre a conveniência e a menor volumetria (não existe necessariamente uma proporção razoável nessa equação), é um grande desafio.

Olfato diferente? Apesar de estarem deixando a indústria de cabelo em pé para tentar decifrá-los, olfativamente os millennials não buscam nada disruptor. Em geral, eles seguem as mesmas ondas e tendências. O que os diferencia, de acordo com Eloisa, da IFF, é que eles são um pouco mais ousados e se permitem ir um pouco além, assimilando certo grau de diferenciação. “Não é que eles vão mudar totalmente as famílias olfativas. Dentro das ofertas de mercado, eles demonstram tolerância ao novo e a facetas que ainda não foram exploradas

dentro de uma família olfativa”, explica a diretora do Centro Criativo da IFF. Um dos aspectos mais caros em discussão na sociedade atual, a questão de identidade de gênero pode representar uma nova era para a perfumaria, com mais espaço para as fragrâncias genderless (a evolução moderninha do antigo unissex). Não necessariamente. Um dos “grandes heróis” da perfumaria, CK One, de Calvin Klein, foi um último grande disruptor da perfumaria, ao apresentar um produto que no seu posicionamento, rasgou todos os códigos da perfumaria, desnudando-se completamente de sofisticação, glamour, sensualidade, romance... Lançado em 1994, ele era o próprio anti-perfume. Em meio a tudo isso, a fragrância era vendida para homens e mulheres. Depois disso, muitos tentaram surfar nessa onda e o que é aconteceu de fato? Nada. A perfumaria voltou ao seu tradicional modelo pour femme e pour homme. “Hoje, principalmente nesse mercado mais nichado, encontramos fragrâncias com esse conceito. Agora, te

A BELEZA TEM UM NOVO NOME

dizer que isso pode ser uma tendência no mercado mais massivo, eu não tenho uma resposta”, pontua Eloisa. Mas Josi, acredita que talvez, para os millennials, isso seja uma provocação interessante. “Eles são mais abertos a isso”, reforça, a diretora de Perfumaria Fina da IFF. Só que, mais do que a fragrância em si, o grande desafio diz respeito à execução do projeto e, principalmente a comunicação. “A fragrância do CK One é boa, mas ela deriva de outras criações. O que foi primoroso ali foi a forma como eles executaram a estratégia e como foi feita a comunicação com o público jovem naquele momento. Então, hoje, esse é o grande desafio para quem quiser se lançar nessa aventura”, reforça Eloisa.

Qual millennial? Embora seja um grupo fragmentado e dicotômico por natureza, as empresas, baseando-se em modelo antigos, tentam classificar os millennials em alguns grandes grupos e estabelecer “a verdade” deles. Talvez ainda seja o jeito mais fácil para as

As soluções dispensadoras de alto desempenho da WestRock (MWV/ Calmar) agora são parte da Silgan Holdings, líder global em embalagens rígidas. Apesar de termos mudado de nome, mantemos nosso compromisso de ser o parceiro em embalagens que proporciona o melhor resultado no sucesso da sua marca.

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SilganDispensing.com/Beauty

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Atualidade COSMÉTICA

© 2017 Silgan Dispensing Systems


especial Perfumaria

paula domingues, da jafra: no futuro, as empresas terão de fazer escolhas sobre quais públicos atender. empresas encararem o desafio de desenvolver produtos destinados a essa faixa da população. Mas também é provável que esse modelo não consiga gerar nada muito diferente do que já é feito hoje. “Ok, millennials, millennials, millennials... Mas com qual millennial eu estou querendo falar? Porque dentro dessa faixa eu tenho grandes diferenças”, questiona Eloisa, da IFF. Outro ponto importante é que não dá para comparar a realidade de ser nos Estados Unidos, que já é diferente na Europa, com a realidade do Brasil e da América Latina. Eloisa acredita que alguns códigos globais dos millennials podem até ser comuns e se conectarem. Mas não necessariamente a execução vai ser igual. “Quantas vezes você teve uma fragrância, seja de perfumaria ou de produtos de consumo, que foi global e fez sucesso em todos os países? Não tem. Temos que dar um zoom nas necessidades e na realidade de cada pais. E isso vale também para as necessidades e realidades dos millennials”, argumenta. Sônia Corazza pontua que, quanto mais alta a classe social, menos consumista este jovem está. “Ele não quer se prender a nada e quer poder ir embora, quando bem entender”, diz. Afora, quando você vai mais para a base da pirâmide, mas você se depara com a questão da sobrevivência. “Eles ainda querem morar bem, querem conforto e alguma segurança”, conta a cosmetóloga, para quem isso é um dos motivos que torna muito importante entender os millennials no Brasil a partir de uma

leitura local, até por conta das diferenças sociais. “Nos emergentes, essa diferença é muito presente. Acontece na Ásia, na África, na América Latina”, diz. Tove, da Silgan, lembra que as consumidoras europeias são bem mais conservadoras que as brasileiras e mesmo as millennials gostam do gestual tradicional, porque elas se sentem poderosas e sofisticadas. Como as inovações na cadeia de abastecimento global da perfumaria costumam ser desenvolvidas no velho continente e a maioria das marcas também estão lá, o efeito colateral desse conservadorismo é que ele pode tornar mais lento o processo de inovações relacionadas à perfumaria, especialmente no seu gestual.

Irmãos de tribo A fragmentação entre os diferentes millennials pode ser um problemão para as grandes empresas lidarem. Mas também pode representar uma grande oportunidade para empresas menores e novas entrantes no mercado. As grandes novidades na categoria de maquiagem e que seduziram as millennials não foram criadas pelas marcas tradicionais. Na perfumaria, existe um campo gigantesco aberto para empresas que tenha a coragem de encontrar um target bem segmentado e a disposição para entender seus hábitos e atitudes em profundidade. E, como lembra Alessandra Tucci, no Brasil ainda tem muito espaço para fazer tudo. A partir desse entendimento, elas terão a possibilidade de oferecerem algo

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que pode romper com os códigos da perfumaria tradicional, e entregar algo que converse muito mais com os seus próprios códigos e valores. É preciso lembrar, inclusive, que a forma como os millennials se relacionam com os canais de venda também é diferente. Uma skatista pode ir numa loja de street wear com mais frequência e pré-disposição para gastar do que numa perfumaria, na qual ela pode, inclusive, não se sentir à vontade. “Acredito que essa microclusterização não é passageira, mas um caminho sem volta. Seja um grupo de um milhão de consumidores, sejam 40 mil, eu vou entender àquele grupo em profundidade, com ciência sobre seus hábitos e atitudes. Sou irmão de consumo de pessoas que têm os mesmos valores que os meus. Nessas pequenas tribos, o que nos une são valores. E a perfumaria, como uma coisa estritamente sensorial e emocional – diferentemente da maquiagem – precisa se valer disso”, aponta Sônia Corazza. Por fim, aproveitando que o momento é de reflexão, a perfumaria poderia pensar em se reinventar em outros aspectos, que não só o consumidor. “Se você pensar que no futuro, um perfume envasado num frasco de vidro talvez não seja mais tão fácil de transportar. Não que isso vai deixar de existir, mas temos de olhar um pouco para o futuro também”, acredita Josi Bordignon. Ela explica que, para visualizar de forma mais prática essa questão de logística e, ao mesmo tempo, atingir mais consumidores, é preciso buscar alternativas e, sem dúvida, o digital é a grande sacada. A IFF tem trabalhado em parceria com uma agência especializada em digital, a Vapor, e com o laboratório de design do conceituado MIT em projetos que buscam materializar de forma viável soluções que possam “digitalizar” a perfumaria. “Vimos muitas empresas tentando vender cartõezinhos para perfumação pelo celular, mas isso não vingou. E esse cuidado que a IFF quer ter. Vimos iniciativas no passado, mas nada se transformou em algo disruptivo”, conta a executiva da casa. “Buscamos entender como vai ser o nosso futuro nesse sentido. Não vamos abandonar o que é a perfumaria, mas a gente acredita que tem um espaço aí pra desbravar e estamos indo nessa direção”, conclui.


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REALIZAÇÃO: LOCAL: Rua São Carlos do Pinhal, nº 424 Bela Vista - São Paulo


PROGRAMA 18 de outubro 12:30

Cadastramento

14:00

Perfumaria no Brasil - Momento e Visão Palestrante: Kantar Word Panel

14:45

Perfumação de Ambiente - Moda ou Conceito Permanente Palestrante: Painel das Casas de Fragrâncias

15:30

O Boticário e os Mecanismos que Orientam a Tomada da Decisão na Criação e Desenvolvimento de um Novo Perfume Palestrante: Tiago Martinello - Grupo Boticário

16:15

A Moderna Perfumaria Vintage Palestrante: Sissi Freeman – Granado/Phebo

17:00

Natura - A Casa de Perfumaria do Brasil Palestrante: Natura

PROGRAMA 19 de outubro 12:30

Cadastramento

14:00

Hinode - Perfume e Distribuição de Renda Palestrante: Sandro Rodrigues - Hinode

14:45

Marca, Identidade e Empatia Palestrante: Raoni Cusma - Terralux

15:30

Avon - Criação de Valor e Competitividade de Produtos Palestrante: Carlos Praes - Avon

16:15

Marketing Analítico em Perfumaria Palestrante: José Luiz De Paula Jr – Instituto dos Sentidos

17:00

O Grande Painel Tema: Perfumaria Brasileira - Futuro e Realidade Mediação: Rafael Mendonça - Editor da Revista Atualidade Cosmética

INFORMAÇÕES: (11) 3392.1818 / (11) 3392.1894 / (11) 9 9942.0307 / (11) 98511.7991

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APOIO INSTITUCIONAL:

ABC (Associação Brasileira de Cosmetologia) Natura Kantar Avon Terralux O Boticário Granado / Phebo Hinode JL Paula Jr.

Revista Atualidade Cosmética

25º Prêmio Atualidade Cosmética




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e existe um mercado no qual o Brasil adora um modismo esse é o de produtos capilares, especialmente os de tratamento. Quase sempre, esses modismos representam o reflexo de indústrias que atuam na categoria para tentar pegar carona no sucesso de inovações colocadas no mercado por uma ou duas empresas de médio, ou mesmo de pequeno porte, que acabam gerando uma explosão de vendas e lançando os holofotes para si. Como esses produtos não oferecem nenhuma barreira tecnológica relevante, do ponto de vista da cosmetologia, é muito fácil para outras indústrias encontrarem junto aos seus fornecedores de matérias-primas, formulações para

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ALISENA, DA MURIEL, E OUTROS PRODUTOS BASEADOS NA TRADICIONAL MARCA DE AMIDO DE MILHO: o sucesso repentino de uma marca trouxe inúmeras outras a reboque.

lançar a sua versão do sucesso. Uma das “modas” da atualidade é o lançamento de produtos inspirados em produtos alimentícios. O movimento é ilustrativo do poder de influência que as blogueiras têm exercido no mercado e das oportunidades que a indústria pode capturar observando-as com atenção e perspicácia. Uma das pedras de toque das blogueiras que falam sobre cabelos são as “receitas caseiras”, que vão desde turbinar cremes de tratamento com ampolas de vitamina ou óleos, até o uso de alimentos como alternativa de limpeza e hidratação para os fios. Algumas dessas receitas são dos tempos da vovó. Aliás, alimentos como ovo, leite, além de cerais e frutas, sempre foram utilizados em fórmulas de produtos para os cabelos, desde os mais remotos tempos. Só que as blogueiras funcionam como amplificadoras e, quando elas falam, muita, mas muita gente mesmo confia e vai atrás para fazer o mesmo. Como até bem pouco tempo atrás (bem pouco mesmo, coisa de não mais do que três anos) a oferta de produtos adequados para a fatia da população com cabelos crespos e cacheados dispostas a manterem suas madeixas em estado natural era extremamente restrita, elas mesmos trataram de experimentar e aderir às receitas caseiras. É isso que

explica o porquê de o vinagre ter sido introduzido na rotina de beleza de mais mulheres preocupadas em não ressecar seus cabelos crespos ou cacheados com o uso de shampoos; ou fazer um “banho da maionese” para uma nutrição mais poderosa dos fios, além de barata frente às parcas opções existentes. Até aí nada de novo. O que mudou nessa nova onda é que as indústrias resolveram escancarar sua inspiração e introduziram no mercado produtos emu-

onda, a maionese e a Maisena, marca que é sinônimo de amido de milho, se converteram nas principais referências a serem seguidas. Pioneira nessa nova fase, a Salon Line apostou na maionese como um produto emblemático na sua linha #Tôdecacho. Ao invés de simplesmente usar o claim da maionese e embalar o produto numa embalagem mais tradicional para o setor cosmético, a Salon Line ousou ao lançar o produto numa embalagem cujo formato é o ícone dos potes de maionese. E, mais do que simplesmente pear um pote de maionese qualquer e colocar o produto lá dentro, a Salon Line foi suficientemente inteligente para emular a embalagem de maionese – o impacto é bastante forte quando se vê o produto pela primeira vez no ponto de venda – mas, com uma identidade visual que, apesar de manter códigos clássicos do produto alimentício, é desenhada

Os cosméticos para os cabelos inspirados em produtos alimentícios chamam a atenção nas prateleiras. Mas a indústria precisa tomar cuidado para não entupir os pontos de vendas com produtos que não fazem sentido do ponto de vista cosmético, pois isso pode representar um tiro no próprio pé. lando não só os benefícios, mas toda a cara dos produtos alimentícios. “Percebemos esse crescimento de receitas e misturas caseiras e, contanto que façam sentido e sejam efetivos, nós tentamos entregar esse benefício em forma cosmética” explica Kamila Fonseca, gerente de Marketing da Salon Line. Nessa nova

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para não gerar uma certa “repulsa” na maior parcela dos consumidores, que talvez não tivesse coragem de encarar a maioneses propriamente dita como um tratamento para os cabelos. “Nossas inspirações são sempre nossas consumidoras, elas nos ajudam muito no desenvolvimento, participando até de testes




CATEGORIA Haircare preliminares de performance dos produtos”, continua Kamila. O resultado final é uma embalagem de um produto cosmético com cara de embalagem. Já para a Muriel, o lançamento do Alisena, um dos produtos de maior sucesso nas perfumarias de todo o Brasil neste momento, é um marco no renascimento da empresa, que passou por um longo período de reestruturação. Fontes do mercado dizem que a linha que promete cabelos mais lisos e sem frizz, ajudou a empresa a aumentar em quatro vezes suas vendas. Para as consumidoras, ter as receitas caseiras convertidas em produto cosméticos, com segurança e eficácia é uma mão na roda. “Os produtos efetivos de verdade realmente trazem uma maior praticidade. Não tem a necessidade da gente fazer aquele teste da receita”, explica Fernanda Ferreira, do blog Dicas da Fê. Ela explica que em muitas situações, para acertar a receita é preciso ir tentando e corre-se o risco de errar na quantidade de produto utilizado, ou no tempo certo de aplicação. “O bom (da versão cosmética) do produto é que ele já vem da forma que você tem de usar”, emenda. Os produtos alimentícios para o cabelo oferecidos pela indústria chamam a atenção de quem avista o produto na prateleira de uma loja de beleza. “A alusão criada desperta a curiosidade em experimentar algo que já vem do inconsciente do consumidor como benéfico”, acredita Mayara Araújo, coordenadora de Marketing da Haskell. A empresa não tem no portfólio nenhum produto com o visual de alimento, mas, recentemente, apresentou a linha Bendito Seja que une o poder antioxidante do vinagre balsâmico a ativos hidratantes com a proposta de “atender ao pedido de socorro dos mais variados tipos de cabelo”. “Consumidores estão propensos a correlacionar os alimentos que ingerem ao bem-estar e outros cuidados”, pontua Júlio Bombonati, gerente de Marketing da América Latina da Symrise, uma das líderes em ativos e ingredientes para o mercado de cabelos. Mas, para a indústria poder se aproveitar dessa

FERNANDA FERREIRA, DO BLOG DICAS DA FÊ: muitas marcas estão lançando produtos seguindo a onda, sem se preocupar em agregar algo de novo.

percepção dos consumidores é preciso que se estabeleça a relação certa entre as duas categorias. “Os produtos com base em maionese, por exemplo, são ricos em proteína, ótima para tratamento capilar, não é simplesmente pelo apelo visual”, lembra o executivo. Outra ligação possível de ser feita pelas indústrias que querem se valer da onda dos produtos alimentícios para os cabelos é se valer das texturas desses produtos. A Cosmotec, uma das principais distribuidoras de ativos e ingredientes para a indústria de beleza, desenvolveu a linha conceito Curly Foods, composta por três modeladores capilares que atendem consumidoras que buscam das ondas mais soltas aos cachos mais definidos e anelados. Um deles tem aparência de geleia e estrutura de corpo falso (que tem um visual mais firme, mas que é bastante maleável para sua aplicação). Ao contrário das geleias alimentícias que precisam de um longo tempo de aquecimento e preparo, essa geleia cosmética, que promove ondas definidas de longa duração, é de fácil formulação e processada a frio. Outro item é um modelador com textura de manteiga, que se funde ao toque. Ideal

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para cachos crespos, estreitos e anelados. O terceiro modelador é inspirado na aparência de maionese e oferece alinhamento e definição com efeito de memória do cacho.

DEVAGAR COM O ANDOR O sucesso retumbante da maionese da Salon Line e do amido de milho da Muriel fez com que o número de produtos inspirados nesses dois itens alimentícios disparasse. E a qualidade média dos produtos que se baseiam nessa proposta tem caído. Inclusive no seu aspecto visual. Para não perder tempo e tentar se aproveitarem do bom momento vivido pelas marcas pioneiras, vários fabricantes tem colocado no mercado produtos apelativos, com propostas mal resolvidas e, não raro, visual que de inspiração não tem nada, são “chupinhações” mal executadas de marcas de produtos alimentícios, ou mesmo, das marcas cosméticas já estabelecidas. O mesmo vale para os nomes adotados. É bastante provável inclusive que em alguns casos, possam acontecer reclamações legais de indústrias de alimentos buscando garantir o direito sobre a propriedade intelectual


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CATEGORIA Haircare das suas marcas e embalagens, tal qual aconteceu com o Botox, a marca mais famosa de toxina botulínica (usada para rejuvenescer a pele em procedimentos dermatológicos). A Allergan, dona da marca, acionou uma série de fabricantes de cosméticos que estavam usando o claim “botox capilar”. Essa movimentação deveria acender um sinal de alerta no mercado. Algumas marcas estão, simplesmente, deixando de estabelecer quaisquer relações entre as duas categorias nos seus desenvolvimentos. E, mesmo quando existem relações, a verdade é que as indústrias estão claramente tentando pegar carona, o que representa o pior aspecto dos modismos aos quais os consumidores

acabam submetidos pela indústria. “Eu acho que está muito apelativo. A meu ver, algumas empresas não estão preocupadas em trazer algo legal. É só para aproveitar a tendência e ganhar dinheiro lançando produtos que nem sempre oferecem um benefício real ao cabelo da consumidora”, lamenta Fernanda Ferreira. É difícil prever até onde os produtos para os cabelos inspirados em alimentos poderão ir. Mas, ao não observar se existe realmente algo relevante no produto alimentício para aplicação cosmética, a indústria pode estar dando um tiro no pé e antecipando o final de uma onda que poderia render frutos para a indústria por um longo período de tempo.

A MAIONESE DA SALON LINE: empresa foi pioneira em olhar para as redes sociais e entender a nova onda das receitas caseiras.

Para que a onda dos cosméticos inspirados em produtos alimentícios não acabe antes da hora, a indústria precisa buscar referências que façam sentido e produtos que garantam a entrega da proposyta. Abaixo, três opções:

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Aplicação: Shampoo, Condicionadores, Cremes de pentear, Finalizadores, Cowash, entre outros.

Aplicação: Shampoo, Condicionadores, Cremes de pentear, óleos restauradores, Cowash, entre outros

Claim: Melhora a penteabilidade, a estru-

Claim: Tecnologia de origem natural para

Claim: Um Blend de óleos e manteigas vege-

restauração dos danos capilares. Atua inteligentemente na área danificada devolvendo força, resistência e beleza aos cabelos.

tais composto por sete ingredientes, óleo de abacate, óleo de amêndoas doce, óleos de oliva, óleo de semente de algodão, óleo de soja, manteiga de manga e manteiga de cacau.

Mecanismo de ação: Protege as estrutu-

triz lipídica lamelar e forma filme sobre os fios, tornando sua superfície mais macia. Reforça o fator natural de hidratação da pele.

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intar, tingir ou colorir. Independentemente do termo utilizado, o ato de aplicar uma coloração nos cabelos faz parte da rotina das mulheres. Basicamente, para elas, há dois fatores preponderantes que influenciam a utilização da categoria: a beleza – priorizando a mudança de visual, e o cuidado – quase sempre buscando cobrir os tenebrosos fios brancos, que vão aparecendo naturalmente com o passar do tempo. Esta constatação ficou evidente nas colocações de todas as mulheres que foram ouvidas pela Atualidade Cosmética, nesta edição do Focus Group.

Trata-se de uma categoria predominantemente de varejo, que tem nas Perfumarias seu principal canal e sua maior força. São nestes locais onde nossas consumidoras preferem ir na hora de comprar uma coloração, seguido por farmácias e supermercados. Elas relataram também que acabam preferindo ir até a loja física, em vez de pesquisar na internet. Isso mostra o quão importante ainda é o contato físico com o produto, bem como ir ao PDV para receber orientações, sugestões e dicas de atendentes ou para o esclarecimento de dúvidas. Afinal, com facilidade ou dificuldade, com ou sem ajuda, essas consumidoras já têm buscado sempre uma opinião de terceiros para uma melhoria em seu cabelo.

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É o tal do “boca a boca” sempre muito forte em todas as subcategorias de Haircare.

O ATO DE APLICAR Na hora de colorir os cabelos, o local onde costumam pintar os cabelos, a própria casa é o lugar mais citado e as fontes citam isso por estarem visando dois benefícios: praticidade e economia. E, dentro de casa, a grande maioria afirma pedir ajuda de alguém para realizar a aplicação, seja uma irmã, avó, prima, mãe ou somente uma amiga. Ou seja, dificilmente fazem por conta própria. “Aplico a coloração em casa e normalmente peço ajuda de terceiros, que no caso é minha avó. Costumo dizer que ela é minha profissional favorita”,


brinca a estudante Luisa Borache. Entretanto, nem todas se dão ao luxo de ter uma ajuda em casa ou procuram fazer por conta própria, como mencionaram a costureira Elenice Toledo e a vendedora administrativa Camila Gaiardo. “Não peço ajuda de terceiros, faço sempre sozinha”, garante Camila. Algumas mulheres, pela experiência que já adquiriram ao longo do tempo com este tipo de cuidado, aprenderam a fazê-lo corretamente sozinhas, não necessariamente precisando da ajuda de alguém ou de algum profissional de salão. Mas mesmo com a grande maioria de nossas entrevistadas aplicando coloração em casa, visando praticidade e economia, há também exemplos de mulheres que buscam um auxílio profissional para isso. Com isso, a ida ao salões de cabeleireiro se torna rotineiro para elas, como é o caso da contadora Deise Quinteiro. Ela conta que, por um bom tempo, pintou seus cabelos em casa. Porém, hoje em dia, tem preferência pela comodidade do salão de beleza. “Atualmente faço em salão, pedindo auxílio de profissional. Acredito que seja mais cômodo. E eu não tenho tempo e paciência para fazer em mim mesma. Acredito mui-

PREFERÊNCIA: mesmo com a maioria das nossas consumidoras preferindo pintar os cabelos em casa, há quem opte por ir a um salão de cabeleireiro para isso

to no potencial da minha cabeleireira e isso me conforta”, ressalta. Tal confiança demonstrada por Deise também está explicíta no fato de não se preocupar absolutamente com nada quando o assunto é coloração, como se “dar ao luxo” de nem ler as informações contidas na embalagem. “Na realidade, nunca li e me interessei nessas informações, sempre fui confiando na minha cabeleireira. Mas nem todo exemplo exalta que a relação entre consumidora e profissional cabeleireiro é de confiança total, como relata a costureira Elenice Toledo. “Quando não era acostumada a pintar meu cabelo,

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costumava ir a salão, e nisso acabei pegando confiança com a cabeleireira. E a promessa dela era que a coloração poderia ficar 100% da cor que você quisesse. Mas com o passar do tempo fui descobrindo que isso não acontece jamais. Então, foi uma desilusão”, recorda.

BEM INFORMADAS Como se trata de um produto que exige


FOCUS GROUP Coloração procedimentos para sua aplicação, as informações contidas nas embalagens de colorações são relevantes para a consuidora. Sem falar, obviamente, na especificação da cor descrita no cartucho. Mas, além disso, há também a questão da saúde envolvida, afinal, quando falamos de coloração, a química contida no conteúdo pode ser forte demais para determinadas pessoas. Todas as nossas entrevistadas, em algum momento da conversa, reforçaram que a leitura das orientações é importante pelo menos na primeira vez de uso do produto, seja em uma troca de marca ou não. “Acredito que seja muito importante para que o cabelo não seja danificado pelo mau uso do produto”, diz Camila Gaiardo. “Leio sempre as informações, principalmente para não errar”, reforça a babá Aila Nunes. A costureira Elenice Toledo reforça que lê tudo contido no produto por medo de uma alergia que possa ocorrer no decorrer do procedimento. “Sempre procuro ler quando mudo de marca, mas, quando é a mesma, não leio nada, pois já sei sobre os componentes e o que pode acontecer ou não. Sou aquela mulher que fica bem atenta com esse negócio de alergia, pois conheço pessoas que não tinham nada. Já estavam acostumadas a usar e, de repente um dia, tiveram uma alergia muito forte. Então fico bem alerta em relação a isso”, ressalta. Fora essas questões relacionadas às informações descritas na embalagem, Coloração é uma categoria cujo a variedade de marcas e opções de cores é imensa. De um modo geral, essa ampla gama de opções é celebrada pelas consumidoras. Para alguma delas, a diferença de qualidade existente entre as marcas é visível. “Vejo diferença de marca sim. Costumo sempre comprar a mesma marca, não tenho preferência, mas acredito que existe muita diferença entre cada uma delas. Procuro sempre deixar o tempo adequado e fazer da forma correta para terminar o procedimento satisfeita”, opina a gerente Daniela Silva. “Fico bastante satisfeita com a variedade. A diferença de qualidade muitas vezes é gritante, porém nem sempre a mais cara é de uma melhor qualidade”, rechaça Camila. A questão levantada anteriormente pela vendedora foi abordada por nossas entrevistadas. Além da aplicação, dos ativos usados na fórmula e da preferência por marcas já de confiança, o preço também é

CONFLITANTE: muitas das entrevistadas relatam que a cor exposta na caixinha de coloração nunca reflete fielmente o resultado após a aplicação.

um assunto que está sempre em pauta nesta categoria. Todas as mulheres questionadas concordaram que o valor deste produto, em média, é alto. Porém, afirmam “existir preços para todos os bolsos”. Mas nossas entrevistadas têm consciência de que, para fazer uma tintura segura e satisfatória, depende da marca utilizada, da cor desejada, de uma finalização adequada e também da genética do cabelo. “Sempre opto pela mais em conta, porém o meu cabelo colabora bastante, porque ele é liso e grosso, então qualquer tinta que eu coloco, funciona bem”, comemora Elenice.

EMBALAGEM E COMPONENTES Entre os componentes existententes dentro de uma caixinha de coloração, o que mais foi mais chamado a atenção foi a bisnaga, que muitas consumidoras afirmaram ter um fator forte de desperdício do produto. Por mais que pareça algo fácil de lidar, elas adorariam que fosse mais prático. Segundo algumas delas, este tubo lembra o que acontece com muitos cremes dentais, que precisam ser esprimidos de todas as maneiras para a retirada de todo o conteúdo. “Não tenho muita dificuldade, sempre me dei bem com todas as embalagens, porém a bisnaga poderia ser um pouco mais flexível. Acaba sobrando muito resíduo na mesma”, escancara Daniela. A saída para Elenice foi achar o famoso “jeitinho”. “Não tenho dificuldade nenhuma, tenho um esquema para tirar toda a tinta, já aprendi, porque é muito tempo que faço coloração então já peguei todo um jeito”, revela a costureira. Além de a bisnaga incomodar bastante a consumidora, outro item que apontado como um transtorno na aplicação da tintura são as luvas. Uma das consumidoras falou que pelo fato de ter as unhas compridas, o componente acaba rasgando. A

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saída para ela foi ter de utilizar luvas de silicone reutilizáveis. Ainda dentro da questão das embalagens, um dos grandes desafios para a indústria de cartuchos e gráficas sempre foi tentar reproduzir fielmente a cor mostrada de acordo com o resultado que o produto visa trazer. É claro que, como dito, esse resultado depende de um conjunto de fatores. Entretanto, as consumidoras relatam até uma certa insatisfação com esta questão. Ainda que relativamente lidando há pouco tempo com o produto, a estudante Luisa Borache, cita, por exemplo, que seu cabelo sempre fica mais claro do que desejado. “A cor descrita na embalagem nunca sai fielmente, no meu caso, sempre sai mais claro, meio desbotado”, critica. O fato de a cor não sair de maneira fiel ao que está descrito na embalagem é algo que pode até influenciar na questão da fidelização da cliente, afinal. “Normalmente, quando costumo fazer alguma coloração no meu cabelo, levo uma foto para minha cabeleireira, pedindo sua opinião, para saber se ficaria legal para meu tipo de pele, e mesmo assim, já tive problemas da cor não sair como desejada”, destaca Deise Quinteiro. Embora indique restrições com relação ao hábito e conhecimento, o grupo de consumidoras ouvido pela Atualidade Cosmética demonstrou bastante consciência quanto aos riscos que cercam essa categoria. Acostumadas a fazer a coloração uma vez ao mês, em média, elas se preocupam com cada componente e demonstram confiança em fazer esse trabalho em suas casas, na busca pelos valiosos fatores: conforto e facilidade.


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dirige a máquina mais veloz e desejada do mundo. Suas notas de saída tem sua explosão de impacto com notas de Limão Siciliano e Salvia da França, no corpo as notas de Lavanda da França combinada com as especiarias frias de Cardamomo da Guatemala e Artemisia do Marrocos representam o design moderno e arrojado de um lamborghini e as notas de fundo de Patchouli da Indonesia, Sandalo Australia e Fava Tonka da Venezuela marcam a elegância e a força do perfume”, explica o perfumista.

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COMBINAÇÃO OUSADA Com a assinatura dos perfumistas Adilson Rato e Frank Voelkl, da Firmenich, o novo eau de parfum Zaad Mondo, de O Boticário, combina notas amadeiradas e de especiarias aromáticas ao toque levemente frutado do acorde Blue Juniper. A composição do acorde tem como ingrediente principal o Juniper – berry originária das regiões frias e montanhosas da região do Balcãs. A combinação traz, ainda, o cítrico do grapefruit, a tonalidade verde do cipreste e o contraste quente e amadeirada da noz moscada. “Zaad Mondo evidencia as madeiras frescas, uma tendência internacional que O Boticário traz para o Brasil, com o fresco frutado do Blue Juniper. O resultado é um eau de parfum elegante e sofisticado”, explica Jean Bueno, gerente de Perfumaria de O Boticário. Distribuição: lojas próprias. Preço: R$ 199 (95 ml). SAC: (11) 3075-9303. Site: www. boticario.com.br

FIOS TRATADOS NA HORA L’Oréal Paris apresenta Elseve Cicatri Renov, leave-in desenvolvido para tratar os fios na hora. O novo produto faz parte da linha Elseve Reparação Total 5+, dedicada aos cabelos danificados, e pode ser aplicado em todos os tipos de cabelos e a qualquer momento do dia: secos ou molhados, antes ou depois do secador e da chapinha. Elseve Cicatri Renov busca proporcionar um resultado equivalente ao poder de 10 ampolas de tratamento de uma só vez, e entregar 10 benefícios para deixar os cabelos tratados com perfeição.

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ono de um dos maiores PIBs do Brasil, Minas Gerais é também um grande ator do mercado de beleza nacional. Embora a capital do estado, Belo Horizonte, concentre um grande número de empresas, por conta de sua dimensão – são quase 590 mil m² de área, companhias de grande im-


UNIDADE DA LOJAS REDE E ESTOQUE DA KANECHOM: varejo e mercado capilar são predominantes em Minas Gerais.

portância estão distribuídas por todo o estado. No total, a indústria mineira de cosméticos é composta por 237 empresas regularizadas na ANVISA, o que faz do estado o segundo maior do setor em número de empresas, atrás apenas de São Paulo. Minas é o lar de um grande número de empresas bastante relevantes para o mercado brasileiro. Algumas delas estão em ação há quase quarenta anos e exerceram posições de dominância no mercado nos anos 1980 e em boa parte dos anos 1990, caso de nomes tradicionais da indústria como Skala, Kanechom e Capicilim, que dominaram as prateleiras do varejo independente brasileiro na época, especialmente nas drogarias perfumarias com seus produtos para os cabelos, entre eles os icônicos potões de um quilo recheado com um creme de tratamento colorido que era uma das poucas opções para “fazer a

cabeça” de boa parte das consumidoras naquele momento. No interior do país, a posição dessas marcas chegava a ser de dominância, tornando a competição por parte de outras empresas locais quase que impossível na época. Apesar de ter sua origem ligada ao creme de banho, foi na categoria de Haircare que a Skala fez o seu nome. Os cremes de tratamento da empresa são conhecidos nacionalmente, sendo que a máscara condicionante Coquetel de Frutas segue como o maior sucesso da companhia até os dias atuais, segundo Bruna Veneziano, gerente de Produto e Marketing da Skala Cosméticos, localizada na cidade de Uberlândia, no triangulo mineiro. “Quando ele foi lançado, essa questão das cores... Cada cor fazia um efeito no cabelo, uma para hidratar e a outra para dar brilho. Isso mexia muito com o emocional da consumidora. Conseguimos um público fiel e a procura ainda é muito alta”, pontua Bruna, justificando o fato de o produto continuar em linha. Apesar da identidade mineira, a Skala está mais bem posicionada em um estado vizinho.

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“Temos um crescimento positivo em todas as categorias de produtos. Mas a penetração maior da marca é no estado de São Paulo”, diz a gerente da empresa que, além de Haircare, também atua no mercado com desodorantes. Na perfumaria, outras duas marcas mineiras consagradas avançavam com suas franquias pelo Brasil. Por muito tempo L’acqua di Fiori e Água de Cheiro, duas das mais tradicionais marcas de perfumaria no Brasil, estiveram relativamente próximas da paranaense O Boticário. Embora fosse maior, a diferença de tamanho entre a empresa de Miguel Krigsner e suas concorrentes mineiras não era, nem de longe, abissal como é hoje. Embora todas essas empresas tenham vivido seu momento de maior glória décadas atrás, elas permanecem como atores relevantes na indústria cosmética nacional. E, cada uma a sua maneira, essas empresas estão repensando o negócio para se inserirem num novo contexto de mercado, muito mais sofisticado, complexo e, principalmente, competitivo. Um quadro bem diferente


ESPECIAL Minas Gerais do de três décadas atrás. Referência nos anos 1980 e 1990, a Kanechom admite que perdeu espaço com o passar do tempo. Mesmo assim, Marcilio Freitas, presidente da companhia, destaca o fato dela ter conseguido manter sua posição entre as principais marcas mineiras. A empresa atua em diversas categorias, como cuidados com os cabelos e com o corpo e mantém um portfólio de 200 em linha. A empresa tem na área industrial uma de suas fortalezas. “Hoje somos a maior fábrica de Minas Gerais e estamos entre as dez maiores plantas do País”, afirma o dirigente. Marcílio explica que a Kanechom tem revisado seus processos para buscar uma consolidação no varejo. “Agora estamos indo para as farmácias e para o autosserviço. Queremos aproveitar o recall da marca, que é muito forte, para trabalharmos com mais força nesses varejistas. Hoje, a Kanechom tem um potencial de resposta muito rápido”, pontua.

UMA NOVA VISÃO Mas, paralelamente aos nomes mais tradicionais, um grupo de empresas mineiras mais jovens (embora longe de serem novatas), alcança posições de grande destaque no cenário brasileiro. E, novamente, na categoria de cabelos. Entre esses “novos atores”, o maior destaque é a Bio Extratus, hoje a maior fabricante mineira de produtos de beleza em vendas. A empresa criada pelo casal de empreendedores Lindouro e Vera Gomes, está completando 25 anos, representa como poucas a evolução vivenciada pelo mercado brasileiro nos últimos anos. No passado, a maior parte das indústrias locais de produtos de higiene e beleza, inclusive as mineiras, ofereciam produtos cujo principal apelo era o preço (preferencialmente abaixo dos preços praticados pelas marcas multinacionais), atrelada a um produto que, no máximo, era considerado ‘ok’, garantindo algum grau de eficácia dentro da proposta de amaciar, ou condicionar os fios (até tendo em vista o que existia de tecnologia cosmética para a época). A Bio Extratus (e muitas empresas brasileiras que têm se destacado) foi na di-

MARCILIO FREITAS E RODRIGO GRECO, DA KANECHOM: empresa tem revisado seus processos para buscar uma consolidação no varejo.

reção oposta ao oferecer produtos muito mais segmentados, com muito mais tecnologia embarcada nas formulações e uma distribuição mais especializada e controlada a partir da proposta de valor de cada linha. Isso custa muito dinheiro? Sim. Por isso, a empresa não tem medo de precificar os seus produtos de acordo com o que cada um deles entrega para quem o compra. Mesmo que isso resulte em um shampoo que mesmo na linha mais básica da empresa, ainda custe consideravelmente mais do que o de uma marca multinacional líder. O consumidor paga se o produto garante o resultado que ele espera.

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Atualmente, a Bio Extratus está entre as cinco marcas mais vendidas de pós-shampoos mais vendidas nos canais farma e especializado de todo o Brasil. O sucesso da Bio Extratus serviu de referência para um sem número de outras empresas mineiras. E, de diversas maneiras, ajudou a descentralizar a cosmética no estado, até então muito concentrada na própria capital e na região do triangulo mineiro. A Bio Extratus nasceu em Dom Silvério, uma pacata cidade mineira com cerca de cinco mil habitantes, na Zona da Mata. Embora pouco tempo depois a empresa tenha se mudado para Alvinópolis,


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ESPECIAL Minas Gerais também na Zona da Mata, a curta passagem da empresa por lá deve ter sido uma inspiração, já que a pequena cidade é base para pequenos fabricantes de cosméticos. Muitos deles, inclusive, passaram a adotar o “cosméticos naturais” no nome, algo que a empresa da família Gomes fez em 1998. Outra empresa jovem e localizada na Zona da Mata é a Haskell, fundada no ano 2000, por Ana Márcia Senna, com o intuito de se tornar referência nacional em produtos capilares com ativos naturais. De lá para cá, a companhia situada em Viçosa (a 230 km de Belo Horizonte), obteve grande destaque no cenário nacional com a linha Cavalo Forte. Desde então a empresa tem investido em linhas com propostas diferenciadas e os volumes produzidos pela empresa já a posicionam entre as principais fabricantes de Minas Gerais. Celso Ribeiro, presidente da Phytoessence, casa de fragrâncias paulista, elogia a maneira como Bio Extratus e Haskell se desenvolveram no mercado. “São famílias arrojadas, duas empresas de sucesso e que estão na região da Zona da Mata. Elas estão aí não por terem feito “graduação”, mas sim pela raça e pela ousadia dessas pessoas. O fato dessas empresas terem se desenvolvido tanto foi por raça pura e pura intuição. Empresas que começaram do nada e realmente são empreendedoras. Não tem como usar outra palavra”, elogia o empresário. Ao contrário do que acontece em Goiás (estado apresentado na edição anterior de Atualidade Cosmética 25 anos pelo Brasil), no qual a venda direta se converteu no canal principal para a indústria, em Minas Gerais a indústria se volta majoritariamente para o varejo. Apesar disso, vale notar a diferença no modelo de distribuição utilizado pelas empresas mais tradicionais do mercado e as empresas mais novas. Enquanto o primeiro grupo, no qual se encontram empresas como Skala e Kanechom, as vendas são feitas em grandes quantidades principalmente para atacadistas e grandes distribuidores, que então pulverizam os produtos da marca Brasil adentro, nomes como

Bio Extratus, Haskell e Maxibrasil (com a linha de varejo Trattabrasil) operam com um modelo de distribuidores com exclusividade por região, um modelo que permite o maior controle sobre a distribuição e o posicionamento da marca no varejo, além de uma dedicação maior para a construção da marca por parte dos distribuidores, que operam unicamente com uma marca e não tem concorrência com outros distribuidores na sua região.

VAREJO ACOLHEDOR Minas Gerais é o lar de varejistas de extrema relevância para o mercado de beleza brasileiro que se consolidaram como as principais responsáveis pela distribuição de produtos de beleza por lá. É o caso da bandeira de perfumarias Lojas Rede, dona da maior rede de lojas especializadas do País, com mais de 50 pontos de venda. Dominante na capital, a empresa tem feito um grande trabalho de expansão, chegando a mais cidades fora da região metropolitana de Belo Horizonte. A varejista também é tida entre seus pares do varejo especializado como um exemplo de boa gestão e de capacidade de execução no varejo, dois fatores preponderantes para o seu sucesso. Outro ator relevante para a indústria cosmética brasileira é a Drogaria Araújo, um ícone belo-horizontino, onipresente na cidade. Controlada ainda hoje pela família Araujo, a rede não tem pretensão de sair do estado, mas tem se expandido para além da região metropolitana, inaugurando lojas em cidades como Juiz de Fora e Barbacena. A centenária varejista não esconde o orgulho de ser mineira. E também valoriza as marcas de origem local. Mesmo produtos de pequenos fabricantes mineiros podem ser encontrados nas drugstores da rede, que estão entre as mais bem montadas do País, com grande destaque para a área de beleza. O movimento é uma forma de defender o próprio território da companhia já que a competição no estado vem crescendo bastante com o avanço de conglomerados como a Raia Drogasil e a DPSP (com as bandeiras Pacheco e São Pau-

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lo). Outras duas redes de drogarias têm posição de destaque: a Minas-Brasil, no norte do estado; e a Farmácia Indiana, nas regiões de Teófilo Otoni e Govenador Valadares. O “apoio” dos grandes varejistas locais à indústria mineira é uma situação oposta ao que costuma acontecer na grande maioria dos estados brasileiros, no qual o grande varejo local, especialmente o especializado e o farma – por motivos que vão de ordem concorrencial até operacional e fiscal – não costuma dar muito espaço para as marcas do próprio estado. Tanto a Rede como a Araujo, ajudaram muito as marcas mineiras a crescerem no mercado. E mesmo com a forte concorrência de marcas de outros estados e, claro, das multinacionais, esses varejistas e outros menores, segundo a própria indústria cosmética mineira, costumam dar um espaço, digamos, “especial” para as marcas locais. “Eles (varejistas) dão prioridade e valorizam o mercado mineiro”, comemora Marcus Vinícius Rebêlo, diretor de Marketing da Maxibrasil. Rodrigo Greco, gerente de Marketing & Design da Kanechom, também destaca o espaço que os varejistas do estado têm dado às empresas locais, especialmente desde o ano passado. “E um reflexo dessa movimentação é que o maior varejista alimentar do estado nos chamou para conversar justamente para dizer que neste ano, eles querem dar foco maior em quem é de Minas”, cita.

“SE PASSAR AQUI PASSA EM QUALQUER LUGAR” O estado de Minas reflete como nenhum outro no Brasil a variedade de etnias e de características regionais marcantes existentes no Brasil. Tanto que é considerado um bom termômetro para pesquisas eleitorais. O estado faz divisa com outros seis unidades da federação e com duas regiões. E isso se reflete na heterogeneidade do estado em várias frentes, tanto fisiológicas quanto de hábitos e atitudes. Por todas essas questões, Minas – mais especificamente Belo Horizonte – é uma importante praça para se realizar pesquisas e lançar produtos em caráter de teste. Como


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e transgride


ESPECIAL Minas Gerais muitos mineiros da indústria de beleza gostam de dizer: “se ‘passar’ aqui (em MG), passa em qualquer lugar”. Para os fornecedores que atendem as empresas no estado, mais do que um desafio na hora de formular produtos para as indústrias locais, isso representa uma vantagem importante para estas companhias. “Com certeza conviver com a pluralidade cultural do estado faz com que seja relativamente fácil para os formuladores mineiros entenderem as diferentes necessidades dos diversos públicos do Brasil. Eles têm facilidade de criar formulações para atenderem a estes mercados distintos”, pontua Juliana Leite, gerente de contas Univar, distribuidora de ativos e ingredientes para a indústria cosmética, em Minas Gerais. Para atender ao estado, de suma importância para a empresa

ma que, no varejo, o matizante fez o sucesso da Maxibrasil. E crê que, mesmo com os cachos em alta, os cabelos lisos ainda seguem como forte tendência, fazendo com que este tipo de produto seja considerado de “curva A” para a companhia. “Posso dizer que a procura para cabelos ressecados e cacheados na Bahia e no Nordeste é maior, pela influência inclusive do afrodescendente. Agora, no mercado mineiro, há uma procura maior por lisos, um tratamento de cabelo liso por si só, não certamente por cabelos que passam por progressiva”, considera o diretor de Marketing. Em parte, isso ajuda a explicar o porquê de a marca Trattabrasil ter tido de retirar num prazo relativamente curto, uma linha de cachos que ela havia introduzido nas Lojas Rede cinco anos atrás. “Os cachos não estavam no ‘boom’ que

Ao contrário do que acontece em Goiás, no qual a venda direta se converteu no canal principal para a indústria, em Minas Gerais a indústria se volta majoritariamente para o varejo e que tem como característica ter os principais clientes situados em regiões distintas, a empresa conta com quatro especialistas dedicados à consultoria técnica pré e pós-venda, que trabalham em parceria com os clientes locais. Apesar de a pluralidade permitir, não é por estar em Minas, que as empresas locais precisam formular produtos para atenderem às necessidades de todos os brasileiros. Algumas empresas têm olhado, de forma correta, para as necessidades e particularidades dos seus principais mercados. No caso da Maxibrasil, os principais são o Norte e o Nordeste. Sendo assim, todo o desenvolvimento da empresa tem sido pensado com base nas demandas dessas regiões, o que não a impede de manter o olhar para a demanda que são mais específicas de outras regiões, e fortes entre as mineiras. Marcus Vinicius afir-

estão hoje. Tivemos de retirar do mix porque não existia demanda. Não era o momento propício”, diz. O executivo reconhece que talvez, se naquele momento fosse feita uma análise mais crítica, sob o olhar do próprio consumidor mineiro, a situação poderia ter sido diferente. “Costuma-se dizer que o mineiro é desconfiado. Isso é interessante e nos faz adotar critérios cada vez mais críticos em relação aos produtos que lançamos”, comenta. A extensão do estado e a quantidade de empresas em Minas Gerais levou a casa de fragrâncias Vollmens a rever o seu modelo de atuação no estado. Apesar de ainda pouco explorada pela casa, Natalia Mendes, diretora de Marketing da Vollmens, sabe potencial do estado e das oportunidades que ele oferece. “Atuamos no estado durante muitos anos, através de um distribuidor. Eu

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diria que estamos recomeçando nosso trabalho por lá, conhecendo melhor os clientes e suas particularidades. Com certeza é um estado com foco no desenvolvimento da Vollmens para os próximos anos”, aposta ela.

DURA REALIDADE TRIBUTÁRIA Que o empresário brasileiro sofre com toda a complexidade fiscal e a falta de clareza nas regras do jogo, não é novidade. Mas essa realidade é ainda mais árdua para a indústria de beleza mineira. Para o mercado cosmético, Minas Gerais é um dos estados mais complicados em termos tributários. É consenso entre agentes de toda a cadeia cosmética que atua no estado mineiro, que é a de que o mercado seria muito mais forte não fossem por essas tristes particularidades. “Com certeza as questões tributárias atrapalham muito a competitividade das empresas mineiras. A negociação com o governo existe, mas ainda é lenta e desinteressante no que diz respeito à velocidade da demanda do mercado atual”, lamenta Lilian C. Ribeiro, representante da casa de fragrâncias Isan em Minas Gerais. Isso faz com que o estado esteja sempre atrás de outros que oferecem maiores incentivos fiscais para suas empresas, e onde os sindicatos, têm maior e melhor diálogo com governo em favor da indústria. “O estado hoje está como grande atrapalhador de novos negócios e expansão da indústria mineira. Isso traz grande morosidade ao desenvolvimento do mercado, principalmente em termos de distribuição a nível Nacional”, reforça a representante da Isan. Lidar com as diferentes tributações interestaduais representa um grande desafio para a Kanechom. Marcilio lembra que, apesar dessas diferenças, os consumidores de todos os estados querem comprar sempre pelo mesmo preço. “Eles não estão preocupados se a carga tributária é alta ou se o custo logístico é muito superior”, explica. A companhia vende hoje para todos os estados do País, porém com limitações. “Poderíamos ser muito maiores hoje, levando mais benefício para o consu-



ESPECIAL Minas Gerais

DOM SILVÉRIO, NO INTERIOR DE MINAS: município a 180 km de Belo Horizonte é o local onde nasceu a Bio Extratus.

midor final, se tivéssemos pelo menos uma legislação unificada”, afirma. “Não precisa nem ser uma carga tributária única. O problema é que você tem um estado que tem ST (Substituição Tributária) e outro que não tem. Aí um tem ICMS de 7%, outro de 12%, e outro de 27%, que é o caso aqui de Minas Gerais”, pontua o presidente da Kanechom. Ele acredita que hoje, para quem está em Minas, é mais fácil ir vender para fora do estado, do que vender dentro do próprio estado, exclusivamente por conta da questão tributária.

“PUNIÇÃO” SELECIONADA Por conta do histórico de resultados positivos com o qual o mercado cosmético se acostumou e alardeou nas últimas décadas, qualquer mudança na tributação recente – quase sempre direcionada “para cima” – trouxe a sensação para o empresariado do setor de que essas ações do governo eram direcionadas àqueles setores conhecidos por “não sofrerem com crise”. “Teoricamente, as notícias do setor são sempre muito positivas. Mas estamos vendo que, nos últimos dois anos, a coisa já não é mais o que era. Sempre falávamos em dois

dígitos de crescimento. Aquela mesma história de sempre. E (os governantes) acham que ‘lá’ tem sempre dinheiro, e não é assim. Mas estamos pagando o preço, impostos altíssimos, recessão para todo o lado e mercado em queda. A lógica de quem assina e determina essas coisas a gente não consegue entender”, lastima Antonio Eustáquio Mesquita, o Taquinho, sócio e diretor-executivo da L’acqua di Fiori. O empresário conta das andanças que tem realizado ao longo do tempo junto às entidades do governo local na tentativa de, ao menos, amenizar essas questões. Em uma delas, estava pedindo à Secretaria da Fazenda mineira para equiparar a tributação local ao que ela teria em São Paulo, porém, nada se resolveu. “Aí, no ano passado, tivemos a surpresa de não só eles aumentarem a nossa alíquota, como também diminuírem o prazo para o recolhimento. Se o negócio já era grande, a gente já estava longe da concorrência em termos tributários e os caras ainda aumentam? Foi para 25% só de ICMS, não há o que falar, ou seja, um quarto do negócio já fica ali. É surreal”, lembra. “Tudo isso no auge da crise. Então isso penaliza as

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empresas. Não há quem passe imune a essas situações. Sorte que este é um mercado muito forte e as empresas são guerreiras”, reforça. Olindo Batistelli, presidente da Maturi, empresa que opera no segmento profissional, admite que tributação é um tema que o entristece. “Preciso entender mais de tributos do que de cosméticos. E eu, como presidente da empresa, deveria entender mais sobre cosméticos. Mas tenho de mergulhar nos tributos o tempo todo”, ilustra. Como a empresa atualmente exporta para mais de 20 países, a realidade tributária brasileira se torna ainda mais cruel. “A gente viaja e tem a oportunidade de conhecer outros países e, quando vemos a diferença nos preços das coisas, isso entristece a gente. Mas acho que o Brasil está num caminho melhor, está esclarecendo uma série de coisas e talvez vão trabalhar nesta questão de juros, taxas”, vislumbra. Olindo crê que, pelo fato de ter começado e crescido em Minas Gerais, ele tenha se acostumado com a realidade tributária do estado. “Aqui (em MG) é onde aprendemos a trabalhar, nos outros (estados) vamos nos adequando. Então, aonde é mais fácil, só fica mais fácil. Mas o certo é que tenho de conhecer da lei de todos os estados brasileiros, tenho quatro profissionais, fora contabilidade, só para ficar estudando leis que caem todos os dias”, finaliza Olindo, da Mutari.





ESPECIAL Minas Gerais – Franquias

Tradição no franchising DUAS MARCAS MINEIRAS AJUDARAM A ESCREVER CAPÍTULOS IMPORTANTES NA HISTÓRIA DA PERFUMARIA BRASILEIRA E DA EVOLUÇÃO DO MODELO DE FRANQUIAS NO PAÍS. HOJE, ELAS SE APEGAM À TRADIÇÃO NA CATEGORIA DE UM LADO, E A NOVOS MODELOS DE DISTRIBUIÇÃO, DO OUTRO, PARA SEGUIREM RELEVANTES NO SETOR

TAQUINHO, DA L’ACQUA DI FIORI: ao lado da Água de Cheiro, empresa exerceu um papel fundamental no desenvolvimento da moderna perfumaria brasileira.

>>> RAFAEL MENDONÇA

É

óbvio que quando se pensa em franquias de perfumes e cosméticos, a marca que vem a cabeça é O Boticário. A distância da rede paranaense para as outras empresas do canal é tão abissal que, analisando friamente, nem se pode tratá-los como concorrentes. Mas, no passado, esse enredo tinha mais personagens. E os dois mais presentes ao lado de O Boticário, eram duas marcas mineiras. L’acqua di Fiori

e Água de Cheiro exerceram um papel fundamental no desenvolvimento da moderna perfumaria brasileira. Com a abertura de mercado, a L’ acqua foi uma das primeiras empresas a buscar designers e embalagens na Europa, buscando elevar o padrão da sua produção. Apesar de atuar em outras categorias, o foco da empresa sempre foi a perfumaria. Nos anos 1990, a empresa foi, incontestavelmente, a terceira força entre as fabricantes de perfume bra-

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sileiras, especialmente pela qualidade de criações como Ozone (vencedor do primeiro Prêmio Atualidade Cosmética, em 1993), Inizzio e Ototemo. Nos anos 2000, a empresa seguiu lançando grandes criações, embora o aumento da competição na categoria tenha tirado da empresa mineira do pódio. Até o início desta década, a L’acqua contava com mais de mil pontos de venda de diferentes formatos. Nos anos 1980, a expansão da rede


de lojas para outros estados, especialmente do Nordeste, ajudou na difusão do modelo de franquias pelo País. Com quase 40 anos de vida e apesar de genuinamente mineira, a primeira franquia da L’acqua surgiu em Fortaleza (CE) e, com o passar dos anos, foi se propagando pelo Brasil. Antonio Mesquita, sócio e diretor-executivo da L’acqua não esconde que a companhia sempre cresceu mais fora de Minas Gerais e diz que a famosa “desconfiança” do mineiro é ainda mais evidente com as marcas e empresas locais. Mas os controladores da empresa resistiram ao longo do tempo a insistentes pedidos de pessoas do setor para se instalarem em São Paulo. “Minas Gerais tem uma peculiaridade pela localização. Praticamente não temos fornecedores locais e tem uma questão muito drástica nesse negócio que são os impostos, que aqui é o maior do Brasil. Mas nós nunca quisemos abandonar o local de origem da empresa. Este é um fator muito importante que atravanca o crescimento das empresas, porque a gente acaba perdendo competitividade diante de empresas instaladas em outros estados. Ainda assim temos bons e bravos fabricantes, parceiros de luta e de mercado”, contorna. Após um forte processo de ajustes, a rede de pontos de venda da L’acqua foi reduzida para cerca de 200 unidades. O número é suficiente para manter a marca no posto de segunda maior rede de franquias de cosméticos do Brasil. Mas a L’acqua tem se movimentado bastante para voltar a avançar. Para reenergizar o negócio e tracionar o crescimento da operação, que a L’acqua lançou no ano passado a sua operação de marketing multinível, num modelo que usa a rede de franqueados já existentes – e que continuam atendendo aos consumidores – para atender aos distribuidores, que por sua vez atendem aos consultores que vão vender para os consumidores.

PASSOS EM FALSO Outro ator relevante na história da perfumaria brasileira, a Água de Cheiro, tem uma história mais complicada,

com muito mais altos e baixos, do que sua concorrente local. Criada pela empresária Beth Pimenta e com o suporte do seu irmão, Ricardo Pimenta, a Água de Cheiro veio da escola dos ‘kiteiros’. Mas, impulsionada pelo sucesso de Absinto, um perfume campeão de vendas nos anos 1980, a marca também viu a sua rede de lojas franqueadas se expandirem. O auge criativo da empresa se deu em meados da década passada, especialmente com o duo de fragrâncias Attraction, que venceu os dois Troféus Aparício Basilio da Silva de Criação Perfumística no Prêmio Atualidade Cosmética de 2007. Mas, investimentos errados, como a construção de uma fábrica, levaram a Água de Cheiro a mudar de mãos. Primeiro a marca foi vendida para sócios do Bretas, tradicional grupo varejista mineiros, que saneou a companhia e estabilizou a rede. Pouco tempo, no final dos anos 2000, a marca foi vendida para a Globalbras, holding do empresário mineiro Henrique Pinto, herdeiro do grupo Tenda, da área de construção civil. E o que se viu foi uma expansão rápida. Apenas no primeiro ano, mais de uma centena de lojas franqueadas foram abertas. Isso tendo como ponto de partida uma base que somava então, pouco mais de 250 lojas. A rede chegou a contar com algo ao redor de 900 lojas no início da década. Mas o movimento frenético provou-se insustentável. O que se viu a seguir foi uma empresa sem rumos e mudando de planos a todo instante. A Água de Cheiro caiu em seus próprios problemas mais uma vez e, sem mais dinheiro para queimar, entrou mais uma vez numa grande crise que deixou no chão, sem recursos para pagar seus fornecedores e produzir, desabastecendo a sua rede de lojas. Ainda em 2013, uma eventual venda para um fundo estrangeiro chegou a ser negociada, mas o negócio de fato não aconteceu. O número de lojas fechadas e a insatisfação dos franqueados só aumentavam. A chance de respiro para a companhia surgiu em novembro de 2016, quando a Beauty Franchising, empre-

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sa ligada ao Grupo Rothenberg, adquiriu os direitos sobre a marca, da qual já tinha a licença desde 2014, pertencente ao Grupo Água de Cheiro, por meio de um leilão. Com a negociação, Beauty Franchising declarou que pretende “resgatar a verdade da marca”, além de torná-la mais relevante para o mercado e transformá-la novamente em destino para o consumidor. Porém, antes disso, sabem que é preciso focar na recuperação da marca. Por isso, traçaram um programa de investimentos que, entre outras ações, trará um redesenho da marca de forma integral. “É um processo delicado, pois temos de respeitar o processo e a história da marca que são muito valiosos, porque é uma marca, querendo ou não, que tem 40 anos de idade, nasceu em 1976. Então, ela tem todo um histórico. E embora seja uma marca que tenha passado por uma série de problemas, ela se mantém viva. Então, tem que respeitar muito a história e a verdade da marca”, avalia Olindo Junior, gerente de Marketing da Beauty Franchising. A relevância que tanto Água de Cheiro quanto a L’acqua di Fiori, sobretudo na categoria Perfumaria, alcançaram não foram suficiente para gerar uma “escola” de empresas de perfumaria em Minas Gerias, tal qual aconteceu no segmento de produtos para os cabelos. Taquinho argumenta que a categoria de cabelos atende a uma gama maior de consumidores em termos de preço e de posicionamento de mercado. “Então é possível fazer um produto com o custo relativamente baixo para poder atender às diversas camadas de consumidores. E pelo o que eu vejo do mercado, acho que esse foi o caminho que as empresas enxergaram lá atrás. Em Perfumaria é muito difícil se fazer isso, a produção é cara, as matérias-primas para produzir uma perfumaria de qualidade são caras e trabalhosas. Desenvolver shampoo e máscara é um pouco mais ágil, e é mais fácil do que criar um perfume, em que você precisa se apegar aos detalhes, embalagens, coisa que a parte capilar não requer tanta sofisticação ou tanta atratividade”, avalia o empresário.


ESPECIAL Minas Gerais – Perfil

Desconfiado? Não. Exigente

QUE O MINEIRO É DESCONFIADO, TODOS SABEM. SÓ QUE ESSA DESCONFIANÇA SIGNIFICA ‘EXIGÊNCIA’ E TAMBÉM PORQUE ELE É BEM INFORMADO NA HORA DE CONSUMIR >>> RAFAEL MENDONÇA

Q

uem nunca ouviu que o mineiro é um sujeito desconfiado? Ou ainda, que gosta de “comer pelas beiradas”? Realmente a desconfiança é uma das características mais marcantes de quem é de Minas Gerais e pode ser percebida no modo de falar, de pensar e de agir. Quando olhamos para como esse traço cultural se aplica ao consumo de produtos de beleza, o termo “desconfiado” pode ser facilmente substituído por outro sinônimo: “exigente”. Ou seja, ele desconfia de algo porque está em busca de qualidade. E ele precisa acreditar que essa qualidade está presente no produto que querem lhe vender. Marcilio Freitas, presidente da Kanechom, conta que quando uma mineira vê algum produto barato, ela chega ao ponto de questionar: “Uai, qual é a pegadinha aqui?”, querendo saber se o valor condiz com a entrega do produto. Para o dirigente, isso indica que as indústrias precisam se reinventar para atender não só ao consumidor mineiro, mas também aos de outros estados. De acordo com a realidade de consumo que tem se desenhado nos últimos anos, Marcilio explica que o consumidor mineiro não está disposto a pagar mais barato por algo com qualidade inferior. Ele quer continuar pagando barato, mas por produtos com qualidade. “Esse é o nível de exigência que temos aqui (em Minas Gerais), por isso que o mercado para lançamentos é aqui”, afirma. Resolver essa equação é uma preocupação para a

SHOPPING EM BELO HORIZONTE: grau de exigência do consumidor mineiro faz com que indústria precise se reinventar para atendê-lo. Kanechom hoje. “Não queremos ser vistos no mercado como uma empresa de baixo preço. Queremos ser vistos como uma empresa acessível com qualidade. E talvez para isso tenhamos que reposicionar preço”, conta. A estratégia da companhia para esta questão é procurar estar em todas as farmácias, supermercados, mercearias de bairro e também se aproximar do consumidor na vizinhança. “Não

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adianta você estar em um grande player que eu tenho que sair do bairro para ir lá. Mas se eu entrar na rua daqui e ver o meu produto na farmácia, aí eu vou conseguir conquistar ele, porque ele vai ver lá, na perfumaria e também no grande player”, emenda o superintendente.

ALÉM DA DESCONFIANÇA Para Antonio Mesquita, da L’acqua di


Fiori, além de muito vaidosa e exigente, a mineira historicamente considerou os produtos que vêm de fora como melhores que os locais. É a história do “santo de casa não faz milagre”. É uma mentalidade que – via de regra – é comum ao consumidor brasileiro e que se replica em relação à produção estadual em várias unidades da Federação. Foi necessário um esforço grande para que este quadro fosse revertido e que a população local falasse ‘aqui tem coisa boa’ quando o assunto é a indústria cosmética. “Hoje, o desenvolvimento dessas tantas indústrias no estado, que podem ser encontradas em quaisquer pontos de venda, é a maior prova”, acredita o diretor da L’acqua. Só que a desconfiança mineira não anda mais desacompanhada. As consumidoras também são muito bem informadas. Ana Paula Guedes Ferreira, gerente administrativa da Casa do Barbeiro – empresa especializada em treinamento

FAMÍLIA GOMES, DA BIO EXTRATUS (À ESQ.), E ANA PAULA (ABAIXO), DA CASA DO BARBEIRO: boa parte do comando das empresas mineiras são familiares ou estão nas mãos de uma geração jovem.

de cabeleireiros e na montagem de salões de beleza – diz que quando a mulher mineira vai ao salão, ela já está munida de informações sobre moda, tendências e, até dos produtos, que às vezes, o próprio profissional não tem. “A mineira é muito avançada nesse ponto. E tem o nível de exigência alta”, diz a gerente. “Algumas fábricas falam para a gente: ‘nossa, seus

clientes são muito exigentes de atenção, de cuidados’. Tem parceiros nossos que fazem feiras, por exemplo, em São Paulo. Aí meu cliente vai lá, acha que foi mal atendido porque o paulista tem aquele perfil mais dinâmico, mais objetivo, e o mineiro não. Você tem que sentar, conversar, fazer um ‘carinho’, dar uma atenção a mais”, compara ela.

GERAÇÃO JOVEM E ARROJADA Ao buscar entender o perfil das empresas mineiras, algumas características em comum são perceptíveis. Um grande número delas é dirigida por famílias praticamente inteiras, com presença de duas gerações no negócio, sendo que os mais tem assumido posição de destaque à frente dessas companhias, trazendo mais conhecimentos formais de gestão e mercado, com muita energia e, muitas vezes, ousadia. Para Celso Ribeiro, presidente da Phytoessence Fragrâncias, esse é exatamente o caso da Bio Extratus e da Haskell. “São empresas nas quais você vê toda a família lá dentro, trabalhando, participando, viajando em congresso. Então cada família tem sua particularidade também, isso vai influenciar direto no sucesso da empresa”, exemplifica. Juliana Leite, gerente de contas da Univar no estado, acredita que embora as empresas apresentem características distintas, de acordo com sua região no estado e às localidades as quais atende, destaca que uma característica é unânime em todas elas: o espírito de amizade e fraternidade. “Apesar de serem concorrentes, noto que o pensamento predominante é que o mercado está aberto a todos que trabalham com afinco e que, quando um ajuda ao outro, estão ajudando a si mesmo. É um perfil ‘cola-

borativo’ que existe entre os empreendedores. E com certeza é uma geração nova”, avalia. Como qualquer empresa familiar, o momento de transição em determinados cargos pode ser algo delicado. Lilian Ribeiro, representante da casa de fragrâncias Isan em Minas Gerais, diz que é exatamente isso que está acontecendo no momento em algumas empre-

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sas, em cargos de Administração e Marketing. “Há grande força para a inovação e as empresas buscam constantemente oferecer soluções diferenciadas e tecnológicas aos clientes. O empreendedor (tradicional) do Estado ainda é conservador, mas as novas gerações vieram com bastante ousadia, boa ideia e disposição para o trabalho árduo”, reforça. Celso Ribeiro, presidente da Phytoessence Fragrâncias, reconhece a dificuldade da transição familiar e que, não raro, são os pais que não sabem preparar os filhos para uma sucessão. “A gente sabe que o problema de empresa familiar é difícil. Na hora que tiver a mudança de geração é muito complicado, e isso está acontecendo no Brasil todo. Você vê empresas que há 20, 30 anos estavam no ápice, na hora que chega a nova geração, tem duas situações: ou entram os filhos arrojados ou entram os filhos que querem provar que são melhores que os pais, e que muitas vezes levam a firma à bancarrota”, pontua. O empresário lamenta que muitos donos de negócios familiares estejam alçando os filhos diretamente às posições mais altas no organograma da empresa sem que eles tenham tido um mínimo de experiência. “Tem gente que nunca pisou num chão de fábrica”, diz.




ESPECIAL Minas Gerais – Profissional

Raiz profissional ALÉM DO PODERIO QUE O HAIRCARE OFERECE NO VAREJO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, O PROFISSIONAL TAMBÉM TEM SEU VALOR PARA A CATEGORIA, COM MARCAS FORTES E SALÕES DE BELEZA SE ESPECIALIZANDO CADA VEZ MAIS >>> RAFAEL MENDONÇA

S

e a história do mercado de beleza mineiro está bastante atrelada à evolução da performance da categoria de cuidados com os cabelos no varejo, o mercado profissional não ficou à margem e ocupa hoje um lugar de destaque na indústria mineira. Duas marcas locais, a Mutari e a Aneethun – controlada e fabricada pela Bio Extratus, mas que tem gestão totalmente independente – compõe o TOP 30 das marcas profissionais mais vendidas no País, num ranking dominado por marcas multinacionais. A presença delas e de outros players importantes como a Maxibrasil, com a linha Ma-

xiline, e a Alva Cosméticos, com a marca Brasil Ervas, também tem ajudado a deixar bem estruturado o trabalho dos salões de beleza em todo o estado. Em todos os casos citados, as marcas mantêm-se firmes na sua estratégia de atuar somente nos salões de cabeleireiros. Um fato deu um empurrão, digamos, mais “formal” para a evolução desse mercado foi a entrada em vigor da Lei 12.592, em 2012, que reconhece o exercício das atividades profissionais de cabeleireiro, barbeiro, esteticista, manicure, pedicure, depilador e maquiador. Com a legislação, os profissionais se viram obrigados a seguirem normas sanitárias, realizando a

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esterilização de materiais e utensílios utilizados no atendimento aos seus clientes. Consequentemente, esse processo levou a uma maior profissionalização do mercado, o que, por sua vez, criou um ambiente mais adequado e propício para o trabalho das marcas nos salões. As próprias características da mulher mineira também favorecem o mercado profissional em Minas. Ela tende a querer produtos de alta performance, que atendam ás suas necessidades, mas que caibam dentro de seu orçamento. Isso favorece as marcas locais que atuam no segmento. Mesmo trabalhando muito, a mineira procura arrumar tempo para


MARCUS VINÍCIUS REBÊLO, DA MAXIBRASIL: o distribuidor tem de encarar o salão como um espaço de experiência. ir ao salão de cabelereiro, frequentando bastante esses locais.

FIÉIS AO SEGMENTO Muitas empresas que se destacam no segmento profissional hoje, não elegeram esse

OLINDO BATISTELLI, DA MUTARI: o cabeleireiro tem procurado cada vez mais o desenvolvimento e o conhecimento.

mercado como foco dos seus trabalhos no início. É o caso da Mutari, companhia que surgiu em 1996 atuando tanto com o modelo de franquias e também com a venda direta. Nos primeiros anos, o ramo profissional surgiu como oportunidade e também

passou a fazer parte do negócio. Dez anos depois, a companhia avaliou que era o momento de rever o negócio e buscar se tornar forte e representativo em apenas uma frente. Foi então que a divisão profissional e a categoria capilar viraram prioridades


ESPECIAL Minas Gerais – Profissional para a empresa, que acreditava que, assim, poderia trabalhar oferecendo o máximo de qualidade ao produto. “Não disputamos preço ou custo, e sim experimentação. Nos sentimos melhor trabalhando com um produto de alto padrão de qualidade e com a performance percebida”, conta Olindo Batistelli, presidente da Mutari, reforçando que no canal profissional é possível obter também uma maior lealdade do cliente. “De um lado isso representa uma maior dificuldade para se estabelecer junto ao cabeleireiro no primeiro momento, mas vencido esse desafio inicial, também é mais difícil de sair”, situa No mercado desde o ano 2000, a Maxibrasil atuou até 2012 com uma única marca, a Max Bio Cosmética Line. Foi quando decidiu simplificar e adotar o Maxiline, destinando-a exclusivamente ao mercado profissional, já que, na mesma época, lançaram a Trattabrasil para atender ao varejo. Mesmo ciente de que a consumidora que frequenta salões de beleza também tem procurado pelos produtos da marca no varejo, o diretor de Marketing da empresa, Marcus Vinícius Rebêlo, garante que a Maxiline seguirá firme com seu trabalho no segmento profissional. “Hoje, o distribuidor, que é nosso parceiro, não pode mais encarar o salão de beleza como um local no qual ele simplesmente vende, entrega os produtos e depois segue a vida dele. Ele precisa encarar o salão como espaço de experiência. E a marca e seus parceiros precisam suportar o desenvolvimento dessa experiência no salão”, observa.

EVOLUÇÃO NO SERVIÇO Andando pelas ruas do centro de Belo Horizonte é fácil perceber a presença massiva de salões de cabeleireiros, bem como de diversas lojas especializadas em atender aos profissionais e donos de salões. Não é uma realidade muito diferente da maioria das grandes cidades brasileiras. Entretanto, em Minas Gerais a especialização por parte dos profissionais, de acordo com a própria indústria local, tem se tornado mais evidente nos últimos tempos. “Percebemos que o cabeleireiro tem procurado cada vez mais o desenvolvimento, estudando e adquirindo conhecimentos para se profissionalizar. Essa qualificação dos profissionais é boa para as empresas que querem traba-

LOCAIS ESPECIALIZADOS: com salões e profissionais se especializando muito nos últimos tempos, Minas tem nesses locais uma grande força de mercado. lhar com produtos sérios e de alta performance”, comemora Olindo, da Mutari. O empresário também crê que todo o mercado esteja se profissionalizando e que quem não estiver em busca disso ficará para trás. “A velocidade com que se desenvolvem novas técnicas e tecnologias, tudo isso faz com que a pessoa tenha que se profissionalizar e se tornar um especialista. A gente sabe que o cabelo para a mulher é o principal foco. Então, o cabeleireiro tem que entender a importância dele para o mercado”, emenda Olindo. Para ele, os profissionais estão entendendo esse processo que contribui para a valorização deles mesmos, embora reconheça que o mercado de salões é dos mais informais em termos de gestão, de relacionamento de clientes e profissionais, empresas. Com o objetivo principal de oferecer formação e um atendimento exclusivo ao profissional de beleza que a Casa do Barbeiro foi criada, há cerca de 40 anos. Com sede em Belo Horizonte, a empresa se especializou na montagem de salões, fornecendo equipamentos e acessórios, e no treinamento de profissionais, com cursos específicos. Ana Paula Guedes Ferreira, gerente administrativa da Casa do Barbeiro, explica que o mercado mineiro tem um nível bem alto de exigência, tanto de atendimento, quanto em termos de qualidade. “Observamos isso muito claramente no dia a dia, nas necessidades dos nossos clientes”, garante. Ela conta também que a mulher mineira, muito vaidosa e exigente, passou a exigir mais do profissional, que foi obrigado

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a se aperfeiçoar. “(Quem é de fora) precisou vir para a capital fazer os cursos, aprender, para poder levar para o salão da sua cidade a novidade”, recorda. A executiva ressalta a necessidade de uma atualização contínua por conta das novidades frequentes do mercado, exigindo que o profissional se recicle com muita frequência. “Hoje, os maiores profissionais do mercado estão sempre buscando coisas novas e a gente tenta trazer isso para eles”, diz. Ela revela também que muitos mineiros vão para outros países buscar novidades. “Tem um intercâmbio muito forte com outros países. Tanto os americanos trazem novidades para nós, quanto nós levamos até eles. Tanto na área de cosméticos, como também em aplicação e serviços, fundamental numa operação profissional.” Outro driver importante para o crescimento do canal em Minas (e que se repete por vários estados) é que a crise tem levado muitas pessoas a buscar na abertura de salões uma opção para melhorar de vida. Há quem use um espaço dentro de sua própria casa para iniciar o atendimento. A gerente destaca também que vê muitas pessoas deixando suas profissões para fazer parte do mercado de beleza, e que mais pessoas têm procurado a empresa com o objetivo de começar do zero o seu próprio negócio na área. Isso já foi percebido na Casa do Barbeiro, que presta todo o auxílio, desde que tipo de cadeira e móveis são melhor para o espaço dele, até um estudo mais aprofundado sobre a região onde está situado, indicando assim que tipo de cliente terá.



MERCADO Casas de Fragrâncias

Crescendo juntos

AS CASAS LOCAIS SE ARMAM PARA “ARMAR” OS SEUS CLIENTES COM MAIS INFORMAÇÃO MERCADOLÓGICA E SUPORTAR SEU DESENVOLVIMENTO NO MOMENTO EM QUE AS MÉDIAS EMPRESAS DE COSMÉTICOS COMEÇAM A CHAMAR MAIS E MAIS A ATENÇÃO DAS GRANDES CASAS MULTINACIONAIS >>> AÛANI CUSMA DE PAULA

M

uito do avanço da indústria de beleza nacional, especialmente a de perfumaria, está atrelado aos esforços de pesquisa e as diferentes ferramentas de Marketing e Mercado disponibilizadas pelas grandes casas multinacionais para os seus maiores clientes. Fornecedores estratégicos, ao longo das últimas décadas eles foram sendo mais e mais demandados pelos seus clientes, grandes multinacionais e os principais players locais a desempenhar um papel mais relevante e intenso no processo de pesquisa e desenvolvimento de produtos. Das primeiras pesquisas de mercado até os projetos pró-ativos – que na verdade passaram a ser quase uma imposição em alguns casos – a relação entre as grandes indústrias de cosméticos e seus fornecedores de fragrâncias tornou-se a cada dia mais umbilical. Oferecer aos clientes esse tipo de suporte demanda investimentos pesados e estrutura. Por isso, por muito tempo as casas locais sequer cogitavam pensar em comprar pesquisas, bancos de dados de produtos ou ferramentas de entendimento do consumidor. Felizmente, a realidade mudou. As princi-

ELVÍDIO JEOGOROFF E ANA PAULA MIRABELLA, DA ISAN: casa está aportando R$ 20 milhões na construção de suas novas instalações, equipamentos, pesquisa e mão de obra.

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pais casas locais e algumas multinacionais, que focam seu atendimento em empresas de médio e pequeno porte, contam com um ferramental digno de respeito, que lhes permite atuar não só de maneira mais assertiva nos projetos como ajudar os próprios clientes a direcioná-los melhor, de acordo com o posicionamento da empresa e o perfil de consumidor almejado. E a movimentação foi providencial. Com o mercado de beleza sofrendo os efeitos da crise e muitas das grandes indústrias sofrendo para crescer, algumas casas multinacionais de grande porte têm olhado com maior atenção para esse segmento. Isso deve aumentar a disputa, naturalmente. Mas não será mais uma competição desleal como seria anos atrás. Ao menos no que diz respeito ao suporte mercadológico e mesmo criativo aos clientes. Para saber como estão se movimentando para se manterem bem posicionados no mercado, Atualidade Cosmética escutou alguns dois principais líderes e executivos desta indústria: Eduardo Mattoso, CEO da Kaapi; Natália Mendes, diretora de Marketing da Vollmens; Fernanda Soro, gerente de Marketing da Sensient; Elvídio Jeogoroff e Ana Paula Mirabella, presidente e gerente de Marketing da Isan, Michael Rentel, gerente de Marketing da Citratus e Michell Ulloa, diretor Comercial da Cramer. Nas próximas páginas eles contam como suas empresas estão investindo e atuando junto aos seus clientes para elevar o padrão do mercado. Quais as maiores demandas dos clientes para vocês? É de pesquisa e informação de mercado, ou questões de outra natureza, como logística ou técnica? Eduardo Mattoso, Kaapi: As demandas continuam quase da mesma forma: informações de mercado e auxílio na definição de rumos para lançamentos ou reformulação da linha atual. Como o mercado é “quase uma escola”, muitos profissionais vão aprimorando suas capacidades e aprendendo a trabalhar em empresas cada vez mais sofisticadas e, como era de se esperar, levam de

uma para outra um pouco desse aprimoramento. Porém, quanto mais veloz a demanda, mais ágil tem de ser a casa de fragrâncias para atendê-la. Natália Mendes, Vollmens: Depende muito do tipo de cliente e da categoria de mercado que ele atua. Quando falamos de cosmético e de perfumaria fina, buscamos levar sempre dados de mercado e tendências para que os clientes tenham uma visão ampla que ajude na construção do projeto e na escolha da fragrância. Como este mercado está sempre em constante mudança e as pesquisas são a nível global, estamos sempre atualizando os dados e focando no objetivo de nossos clientes para sermos assertivos. Em todos os projetos que trabalhamos, sejam eles “pró-ativos” ou “reativos”, nos baseamos em dados de mercado e no mapeamento olfativo que fazemos de todas as categorias de mercado, desta forma alinhamos os números com as consi-

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derações olfativas e levamos propostas que representem as preferências reais do consumidor brasileiro. Elvidio Jeogoroff, Isan: Normalmente são questões de outra natureza. Os nossos MICHAEL clientes procuram seRENTEL, DA gurança na entrega e CITRATUS, qualidade do produto. E NOVO Michael Rentel, CiROBÔ DE tratus: Atualmente os AUTOMAÇÃO clientes nos enxergam INDUSTRIAL: maquinário como extensões de trará ainda mais seus departamentos de qualidade para Marketing e P&D, por os produtos e isso, as solicitações têm serviços. sido cada vez mais voltadas para solucionar questões como informações de mercado em geral além de trabalhar na equação de custos e performance nas fórmulas. Michell Ulloa, Cramer: Atualmente, as maiores demandas são de ordem técnica, principalmente devido as novas normativas legais da Anvisa e regulações internacionais como a IFRA. O nível de controle de qualidade está cada vez mais alto e os nossos clientes também precisam certificar a qualidade no fornecimento de matérias-primas. Os clientes precisam de um serviço diferenciado de logística como por exemplo despachos parciais, para poder melhorar a rentabilidade de seus negócios. A Cramer tem se diferenciado no mercado ao oferecer um serviço de logística especial, entregando de forma rápida e reduzindo assim os custos de armazenamento para nossos clientes. Fernanda Soro, Sensient: A Sensient destaca-se por oferecer uma solução completa para os clientes, afinal além de criar fragrâncias, somos líderes em cores de qualidade e ingredientes cosméticos funcionais. Nós conseguimos analisar o produto como um todo, auxiliando e desenvolvendo desde for-


MERCADO Casas de Fragrâncias mulações diferenciadas, focando tanto na performance e sensorial, como no desenho da fragrância adequada. Isolando a parte de fragrâncias, de maneira geral, nossos clientes acabam nos procurando muitas vezes antes de ter em mente o briefing criativo, buscando nossa consultoria acerca de tendências, informação de mercado e orientação olfativa. E podemos prover tudo isso graças à qualidade do nosso time criativo internacional, com sedes na França, Espanha e Brasil e México. Ainda, possuímos nosso portfólio próprio de óleos essenciais, extratos naturais e “aroma chemicals”, que nos auxiliam a proporcionar aos nossos clientes um valor adicional inusitado para suas marcas e produtos.

nal responsável pelo briefing, seja de marketing ou da área de P&D, esteja cada vez mais envolvido em questões cotidianas operacionais. A ajuda das casas e demais fornecedores no tocante a dados de mercado, tendências e novas tecnologias, torna-se crucial para que o próprio briefing seja elaborado. Com a maior parte dos nossos clientes, temos uma conversa “pré-briefing”, trocando ideias, sugestões e provendo informações relevantes para ajudar na construção do mesmo. Esse trabalho a quatro mãos têm se mostrado muito efetivo, possibilitando às casas um melhor entendimento das necessidades do cliente, possibilitando o oferecimento de soluções cosméticas e olfativas mais assertivas.

A qualidade dos briefings que vocês têm recebido dos clientes melhorou nos últimos anos? Em linhas gerais, o que você destaca nesta evolução? Michael: Acredito que os briefings de Beauty & Personal Care estão mais detalhados devido à segmentação que existe nesse mercado. Os clientes têm sido mais precisos nas informações iniciais, para que os projetos possam ser desenvolvidos respeitando as sutis diferenças entre algumas categorias. Natália: Sim, a qualidade dos briefings que recebemos melhorou, os clientes buscam mais qualidade e assertividade em seus lançamentos. As informações são mais específicas sobre o mercado que o cliente quer entrar, o público-alvo, as cores e as imagens que traduzem a marca do cliente, tudo é muito importante para nós, pois quando brifamos os avaliadores e perfumistas para criação, eles também precisam de inspiração e um briefing completo é de extrema importância para o resultado final. Ana Paula Mirabella, Isan: Sim, o cliente quer cada vez mais informação, novidades, novos projetos, por isso temos que estar aptos a atendê-los da melhor forma possível. Michell: Sim, podemos afirmar que a qualidade dos briefings melhorou bastante nos últimos tempos. Atualmente, nossos clientes possuem um maior conhecimento técnico, o que lhes per-

Temos acompanhado uma movimentação interessante por parte das casas locais (e de algumas multinacionais menores) no sentido de também estabelecer ferramentas mercadológicas como as oferecidas pelas casas multinacionais aos seus grandes clientes. O que a sua casa está oferecendo aos clientes em termos de ferramentas de marketing e mercado? Michael: Esse mito de que apenas as grandes casas globais possuem as informações já caiu há anos. Atualmente, as principais casas brasileiras têm plenas condições de oferecer informações tão relevantes quanto as multinacionais. A Citratus Fragrances tem contrato global com os mesmos fornecedores das grandes casas, além de proporcionar às equipes de Marketing e P&D viagens de atualização para os principais eventos de perfumaria do mundo. Dessa maneira, conseguimos antecipar tendências e torná-las realidade para nossos clientes. Michell: A Cramer já realiza este trabalho há anos. Oferecemos aos nossos clientes um serviço integral que vai além da qualidade das fragrâncias, incorporando informações de inteligência de mercado que são cruciais para o sucesso de seus produtos. Estamos associados com companhias globais de Market Inteligence, e acompanhamos de perto as principais tendências e movimentações da indústria de beleza a

FERNANDA SORO, DA SENSIENT: casa proporciona aos seus clientes consultorias de marketing, assessoria técnica e orientação olfativa.

mite construir briefings enriquecidos e muito bem desenvolvidos. E isto é fruto de um árduo trabalho que a Cramer desenvolveu lado a lado com os seus clientes. Oferecemos de forma contínua treinamentos sensoriais e treinamentos técnicos de fragrâncias, para que eles possam ter um maior conhecimento de mundo da perfumaria, principalmente quanto aos aspectos técnicos e de formulação de fragrâncias. Por exemplo, realizamos treinamentos personalizados chamados Smell Labs, onde cada cliente vivencia a experiência de ser perfumista por um dia, e obtém informação técnica que lhe permite falar o idioma do universo da perfumaria. Eduardo: A equipe comercial acompanha uma gradual e lenta evolução. O mercado muitas vezes delimita o briefing e as inovações, o que inibe um pouco a criatividade. São briefings cautelosos para criar produtos ainda um pouco conservadores, mas com aceitação de público. Fernanda: As empresas de hoje estão com suas estruturas cada vez mais enxutas, o que faz com que o profissio-

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MERCADO Casas de Fragrâncias nível global. Nossa equipe de marketing trabalha com uma orientação de mercado focada no consumidor final, buscando conhecer os consumidores dos nossos clientes. Orientamos nosso trabalho não somente numa estratégia B2B, como também numa estratégia B2C. Neste sentido, oferecemos informação de mercado que são cruciais para fortalecer a estratégia de marketing dos nossos clientes, apoiando no desenvolvimento e lançamentos de novos produtos. Nossos clientes agradecem e reconhecem a Cramer como uma parceira estratégica para o desenvolvimento dos seus produtos. Eduardo: A Kaapi está oferecendo interpretações de estudos de mercado desenvolvidos por institutos de pesquisa multinacionais. A Inovação e a busca por conhecimento fazem parte dos valores da casa. O foco no futuro próximo é uma prática constante, pela qual é possível acompanhar os movimentos de mercado e as tendências que se avizinham. Ao interpretar essas tendências, a casa consegue criar fragrâncias adequadas aos produtos que os clientes deverão lançar. Natália: A Vollmens trabalha com as melhores empresas do mercado, que fornecem relatórios com estudos e números de mercado por categoria e relatórios de tendências. A qualidade de produtos e processos é de extrema importância para Vollmens, por isso nós atualizamos com as melhores plataformas, adquirimos seus relatórios globais, para estudarmos as tendências e os relatórios nacionais para nos guiarmos com seus números. Além dos relatórios, desenvolvemos internamente uma inteligência de mercado com as equipes de marketing e avaliação que estudam os critérios olfativos das marcas, assim aliamos números a conclusões olfativas para oferecer ao nosso cliente um serviço completo. Além dos relatórios de dados e tendências, trabalhamos com uma consultoria especializada em inteligência olfativa, que nos auxilia nos desenvolvimentos de oportunidades para o mercado nacional. Elvídio: Não muito, de um modo geral o cliente nunca sabe exatamente o que ele quer e cabe a nós direcionarmos e ajudá-lo.

NATÁLIA MENDES, DA VOLLMENS: qualidade dos produtos e processos é de extrema importância para a casa, a fim de atender bem aos seus clientes.

Fernanda: Como já mencionado essa consultoria é fundamental para o sucesso da criação. Proporcionamos aos nossos clientes consultorias de marketing (tendências, dados de mercado, inovações, auxilio na criação de novos conceitos e marcas), assessoria técnica (apresentação de nosso portfólio de tecnologias, bem como respaldo do nosso time internacional de P&D) e orientação olfativa, feita pelo nosso time internacional de perfumistas e avaliadores. Em suma, somos verdadeiros parceiros de nossos clientes, oferecendo atenção e visitas constantes, fato que nos permite conhecer a fundo suas necessidades e sugerir conceitos e novos produtos, antes mesmo que estes sejam solicitados. Vocês podem pontuar os principais investimentos que sua empresa estará realizando neste e no próximo ano, tanto em termos de infraestrutura, quanto em ferramentas de Marketing e Mercado, Pessoal e área Criativa? Elvídio: Estamos aportando R$ 20 milhões na construção das nossas novas

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instalações, investindo em equipamentos cada vez mais modernos, na contratação de plataformas de pesquisa de mercado e em mão de obra especializada. Eduardo: Nos anos de 2017 e 2018, serão investidos mais de R$ 1 milhão em qualificação de colaboradores, novos equipamentos, aumento de infraestrutura e contratação para as áreas de P&D, vendas e laboratório. Já foi contratada uma experiente perfumista e novos colaboradores para quase todos os setores da empresa. Michael: Temos uma planta novíssima, inaugurada no final de 2016, mas continuamos investindo. Ao final de 2017 será inaugurado nosso robô de automação industrial, da especialista alemã Fricke. Essa é uma tecnologia que pouquíssimas casas possuem e trará ainda mais qualidade aos nossos produtos e serviços. Além disso, serão feitos novos investimentos em ferramentas de Marketing e P&D, sempre visando estarmos passos à frente em termos de tecnologia e conhecimento. Natália: Estamos trabalhando no lançamento de uma base comercial e de marketing para Vollmens em São Paulo, onde contaremos com uma nova equipe de marketing, focada no desenvolvimento de inteligência de mercado e projetos comerciais, nosso objetivo é ampliar a penetração no mercado nacional e estar cada vez mais próximos aos clientes. Michell: Hoje em dia contamos com uma infraestrutura adequada que cumpre com as necessidades dos nossos clientes. Mas não paramos por aí. A Cramer continua investimento em infraestrutura e capital humano visando atender as projeções e crescimento do mercado latino-americano. Acabamos de inaugurar uma nova planta de fragrâncias no Brasil e até o final deste ano vamos inaugurar a ampliação da nossa casa matriz em Santiago do Chile. Fernanda: Por ser um mercado dinâmico e sedento por inovações, os investimentos têm sido constantes… Nós já somos líderes no desenvolvimento, produção e comercialização de ingredientes e cores de alta qualidade para a indústria de cosméticos, forne-


MICHELL ULLOA, DA CRAMER: companhia busca acompanhar de perto as principais tendências e movimentações da indústria de beleza a nível global.

cendo em todo o mundo uma gama quase infinita de produtos… Então não vamos medir esforços para conquistar o mesmo patamar na Região. Em fragrâncias, buscamos constante aporte em tecnologia e na busca do que há de melhor em termos de matérias-primas. A localização da Sensient no sul da Espanha nos dá acesso local a produtores de óleos essenciais de alta qualidade, que são auxiliados pela geografia da região e pelo clima ideal. Nossos produtos e matérias-primas vêm de uma ampla gama de países. Além de expertise técnica, buscamos continuamente novidades no mercado através de participações em feiras e eventos do setor, bem como na compra e análise de informações de mercado, catálogos de tendência de comportamento, cultura e moda, que são grandes jatos propulsores para o universo cosmético. As médias empresas de cosméticos têm sido uma fortaleza em meio a um mercado em depressão. Sua casa atende muitos desses clientes. Eles estão realmente fazendo a diferença nos re-

sultados? Como está o mercado para vocês em 2017? Michael: Nós atendemos muitas empresas com esse perfil. É interessante destacar que essas empresas prezam por uma identidade brasileira, então, cada vez mais percebemos a vontade de ter produtos com nossa cara, e não apenas cópias dos mercados internacionais. Infelizmente, esse movimento não é percebido nas grandes marcas, que simplesmente copiam tudo de fora e apenas colocam um rótulo brasileiro! Esse mercado performa muito bem, tanto que as (casas de fragrâncias) multinacionais têm sistematicamente buscado soluções para atender empresas que antes eram consideradas por elas “pequenas” e não mereciam atenção. Eduardo: A Kaapi percebe a movimentação do mercado e o fortalecimento das empresas de médio porte no atual cenário econômico do País. Esse contexto fez com que o segmento se tornasse target até mesmo para as grandes empresas do setor. Isso aumenta a competitividade, eleva o nível de qualidade e faz com que o cliente seja mais seletivo com seus fornecedores. Para empresas que trabalham focadas em excelência como a Kaapi, isso é muito positivo. Natália: Sim, estes clientes são muito importantes para nós e trabalhamos ativamente com eles. São clientes que mesmo na crise de mercado, conseguiram crescer e nós crescemos com eles. Em 2017, a flutuação do dólar é um ponto negativo que impacta nossos números, porém nosso faturamento cresce acima de dois dígitos todos os anos e para 2017 prevemos alcançar um crescimento de 17%. Elvídio: O mercado está estável e não há um crescimento visível como nos anos anteriores. Fernanda: Temos atuação em todo o mercado, sem qualquer distinção. Como nosso trabalho leva em conta primeiramente a “parceria” e o entendimento profundo das necessidades do cliente, procuramos oferecer soluções inovadoras em formulações e fragrâncias adequadas à realidade e momento de mercado de cada um deles. Temo um portfólio bastante diversificado, passível de atendimento de

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EDUARDO MATTOSO, DA KAAPI: fortalecimento das empresas de médio porte fez com que o segmento se tornasse o target até mesmo para as grandes empresas do setor.

todos os bolsos. E a possibilidade de proporcionar um atendimento dedicado. Assim, atendemos a projetos que possam envolver desde poucos quilos até toneladas de fragrâncias. Michell: Se é certo que as médias empresas são a grande fortaleza neste momento difícil, elas também precisam se adaptar a este novo cenário. Principalmente buscando a entender as novas necessidades de um consumidor que foi obrigado a mudar o seu comportamento de compra. Com a crise, muitos consumidores passaram a buscar marcas populares e hoje existe uma oportunidade de mercado para estas empresas apostarem neste novo segmento. Como parceiros estratégicos, ajudamos nossos clientes a entender estas novas necessidades. Hoje a Cramer atende a uma carteira de clientes diversificada que contempla multinacionais, empresas transnacionais, e empresas de médio e pequeno porte. Contamos uma estratégia diferenciada para cada segmento de mercado e este mix de clientes a nível latino-americano tem feito toda a diferença para nós.


Aqui se faz jornalismo de verdade

Uma das missões da Cusman é a de contribuir com o desenvolvimento dos mercados nos quais atuamos. Em Atualidade Cosmética, o nosso jeito de fazer isso é mantendo o compromisso com nosso leitor de praticar o bom jornalismo de verdade. Praticar bom jornalismo sempre foi um desafio. Exige pessoas dedicadas, muito esforço, uma boa dose de inteligência, coragem e disposição de fazer os investimentos necessários a uma boa cobertura. Gastamos muita sola de sapato para entender o que está acontecendo no mercado além de uma leitura superficial, conseguir interpretar corretamente os dados e fazer com que eles tenham sentido para o leitor. Somos formadores de opinião. Profissionais vão levar em conta o conteúdo que publicamos para formar a sua opinião sobre um determinado assunto, ou ajudar a embasar suas posições e tomadas de decisões. Para ter condições de escrever com critério, emitindo opiniões e análises de valor, é preciso conhecer de perto o contexto, as empresas e os personagens. Nossos repórteres têm, cada vez mais, andado pelo mercado Brasil adentro e afora. A cada edição, são dezenas e dezenas de entrevistas com diferentes fontes, além de conversas diárias com outras tantas. Tudo para mantermos o pulso do mercado e, também, jogar luz para debater temas relevantes para o futuro do setor, ainda que tais temas pareçam distantes no momento. É por isso que há 25 anos Atualidade Cosmética é a publicação de referência para o mercado. E continuamos gastando as solas dos nossos sapatos, todos os dias, para permanecermos dignos dessa reputação pelos próximos 25 anos. ATUALIDADE COSMÉTICA, 25 ANOS DE JORNALISMO DE VERDADE, A SERVIÇO DA BELEZA


Apresentado por:

Produzido por Cusman Branded Content

Alquimista de novos cheiros Uma paixão que virou negócio de gente grande

A

história da Kaapi, a mais jovem casa de fragrâncias brasileira, começa de uma forma bastante distinta. Enquanto a maioria das casas de fragrâncias brasileiras foi criada por ex-executivos que atuaram anteriormente em alguma casa multinacional, Eduardo Mattoso (foto), fundador e presidente da Kaapi era (e ainda é) antes de tudo, um apaixonado por descobrir novos cheiros. Físico de formação e pesquisador por excelência, Mattoso atuou como consultor da Natura. No início do milênio começava sua pesquisa por novos ingredientes naturais para serem utilizados na sua perfumaria, incluindo aí o clássico Perfume do Brasil. Das pesquisas realizadas por Mattoso, foram gerados alguns óleos essenciais exclusivos, destilados pelo próprio Mattoso, muitos deles ainda utilizados pela Natura na sua perfumaria. Quando o projeto chegou ao fim, já capturado pelos encantos do mundo das fragrâncias, Mattoso começou a fazer pesquisas a partir de ingredientes naturais. Essas composições começaram a chamar a atenção de algumas empresas. “Isso me estimulou – e eu não tinha noção do tamanho dos desafios que teria de enfrentar – me estimulou a comprar mais ingredientes e continuar pesquisando”, lembra o empreendedor.

De Milão para o Brasil As “experiências olfativas” de Mattoso deram tão certo que suas criações foram parar em Milão. Um empresário italiano, dono de algumas lojas numa das capitais mundiais da moda, produzia uma linha de cosméticos naturais oferecida nos seus pontos de venda. Ele se encantou com os blends naturais, originais e singelos cria-

dos por Mattoso. Foi quando o pesquisador teve a certeza de que também seria empreendedor e investiu seus recursos para criar a Kaapi Fragrâncias. Um aspecto fundamental no sucesso de qualquer casa de fragrâncias é a sua capacidade criativa. Na Kaapi, essa capacidade tem sido reforçada dia após dia. Além do próprio Eduardo Mattoso, a área criativa é reforçada pelas perfumistas Milene Moreira e Débora Santos e conta com a experiente avaliadora Deise Soave, com passagens por algumas das principais casas multinacionais, na gestão da área. Embora tenha na sua origem a busca pelos “cheiros do Brasil”, os perfumistas da Kaapi não estão limitados às criações baseadas apenas em ingredientes naturais. Como nas melhores casas do mercado, os três “narizes” da Kaapi têm à sua disposição uma rica paleta de moléculas e ingredientes naturais e sintéticos para criar fragrâncias únicas e de alta performance para todas as categorias do mercado de beleza.

Rigor científico e capacidade técnica Se a capacidade criativa é um pilar fundamental na construção da Kaapi, a qualidade e o rigor técnico também são elementos fundamentais para o sucesso da empresa. Além de contar com todos os equipamentos de análises laboratoriais de uma casa de fragrância de ponta, o time da empresa tem uma incrível disposição para solucionar problemas. “O problema do meu cliente é o meu. E resolver o problema deles é parte do nosso core business”, explica Eduardo Mattoso. “Não estamos olhando para a nossa venda de amanhã e do mês que vem. Buscamos construir relacionamentos para durar décadas.” Uma característica importante é que www.kaapi.com.br 71

parte relevante do time da Kaapi está ligada ao P&D. “Tem um monte de gente de jaleco branco na empresa”, pontua Mattoso. “Temos uma capacidade de criação incrível, mas também temos um rigor técnico que fazemos muita questão de ressaltar. O problema é fragrância? Tá bom! Vamos estudar e ajustar a nossa fragrância para que ela se adapte à base do cliente. A responsabilidade é nossa”, reforça o empreendedor. A formação em Física e Química contribui para que Mattoso e sua equipe tenham uma visão mais completa sobre as bases nas quais as fragrâncias são aplicadas. “O físico tem a peculiaridade de querer saber como funciona tudo no detalhe. Não quero saber como funciona a fórmula de um cosmético. Quero saber como age cada ingrediente e qual o papel dele ali.” Com essa visão, a equipe da Kaapi adquiriu a capacidade de assumir que ela vai conseguir encontrar uma solução para cada desafio.

Paixão que virou diferencial No início da Kaapi, Mattoso começou a comercializar matérias-primas aromáticas nativas do Brasil que não fossem commodities, ingredientes como a copaíba, o pau-rosa e o cumaru. Hoje, o negócio evoluiu e a Kaapi está, inclusive, plantando pau-rosa para colocar esse óleo de volta ao mercado de forma sustentável. “Temos 20 mil árvores plantadas incluindo pau-rosa e, uma espécie que ainda não está no mercado, mas que oferece grande potencial olfativo, o loro- rosa”, conta Mattoso, que espera em breve poder ampliar a paleta dos seus perfumistas com esses ingredientes diferenciados. “A empresa surgiu buscando os ‘cheiros brasileiros’. E isso é uma característica nossa que nunca vai morrer”, conclui.


NEGÓCIOS Estratégia

Expertise direcionada A IFF REDESENHOU SUA ESTRUTURA DE FRAGRÂNCIAS GLOBALMENTE. AGORA, A EMPRESA ESPERA GANHAR AINDA MAIS EM AGILIDADE E CAPACIDADE MERCADOLÓGICA E CRIATIVA PARA ATENDER AS NECESSIDADES DE CADA MERCADO NA QUAL ATUA COM UM OLHAR DE ESPECIALISTA >>> AÛANI CUSMA DE PAULA

L

íder do mercado global de beleza, a norte-americana IFF, uma das principais fornecedoras de fragrâncias e ingredientes cosméticos do mundo promoveu recentemente uma alteração global no seu desenho de negócios. O objetivo foi reagrupar as equipes de acordo com a expertise necessária a cada categoria. Nesse novo desenho, as unidades de fragrâncias foram reorganizadas sob duas divisões: Fine Fragrances e Consumer Fragrances. Ao mesmo tempo, a empresa reforçou o seu compromisso e a proximidade no atendimento aos mercados locais, com base na visão da IFF de pensar globalmente e atuar localmente e, a partir das necessidades identificadas em cada mercado e região, usar toda a sua capacidade e musculatura global para conseguir a melhor execução criativa, comercial e operacional para seus clientes ao redor do mundo.

JOSIANE BORDIGNON: IFF possui uma estrutura em Fine Fragrances que cobre mais de 80% do potencial do mercado na América Latina.

Na América Latina, a responsabilidade da área de Consumer Fragrances está com a executiva Elena Novas, que até assumir a nova posição era a responsável pelo centro criativo de fragrâncias para a América Latina. Já Dionisio Ferenc, que atualmente ocupa a vice-presidência Global de Fine Fragrances da IFF, acumula de forma transitória a direção da área para a América Latina. Responsáveis por tocar os negócios no Brasil, a diretora Comercial de Fine Fragrances e diretora de Marketing da área para América Latina, Josiane Bordignon e seu colega Alfonso Tejada, diretor Comercial da área de Consumer Fragrances para o Brasil, falam sobre como a nova estrutura se aplica ao mercado brasileiro de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos e também dos investimentos mais recentes da empresa e da estratégia para estar mais próximo dos clientes de médio porte que têm se destacado no mercado brasileiro.

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Como está desenhada a nova estrutura da área de Fragrâncias da IFF no Brasil? Josiane Bordignon: Já há algum tempo a IFF estabeleceu duas divisões de negócios, Fine Fragrances com foco em perfumaria fina e Consumer Fragrances, que envolve todas as categorias de corpo, higiene pessoal e cuidados para a casa. Esta organização permeia todas as áreas do negócio: Marketing, Avaliação, Perfumistas e Consumer Insights de forma global. Continuamos atendendo ao mercado de maneira regional, porém dando mais foco a expertise por categorias. Isso está alinhado com uma tendência global seguida pelos nossos clientes. Nossos times estarão cada vez mais especializados nas categorias e isso também permite uma melhor alocação de recursos nos projetos dos nossos clientes. O que esse novo desenho diz sobre o olhar da IFF em relação ao mercado brasileiro?


ALFONSO TEJADA: a casa de fragrância conta com um sólido valor de participação de mercado nas empresas de porte médio no Brasil.

Josi: Esta nova estrutura está alinhada com nossa estratégia global, que é de atender nossos mercados de forma local, mas usando nossa força e massa crítica global. Com esta premissa, alocamos nossos melhores recursos para estarmos mais atentos aos movimentos do mercado, tanto local como global. Essa visão, nos permite antecipar tendencias aos nossos clientes, elevando nosso nível de serviço através das melhores soluções de acordo com a necessidade de cada mercado e dos consumidores de cada marca. Como fica a organização da área de Fine Fragrances da IFF na América Latina? Josi: Temos uma estrutura que trabalha de forma integrada e matricial. Cobrimos mais de 80% do potencial do mercado na região atendendo diretamente dos centros criativos regionais, alocados nos países estratégicos da região: Brasil, Argentina, Colômbia e México. Além disso, temos plantas produtivas na Argentina e no Mexico,

além do Brasil. Esse desenho nos possibilita atender as demandas destes mercados de forma muito mais ágil. Especialmente para Fine Fragrances, onde o mercado de maior potencial é o Brasil. Por este motivo, temos aqui uma estrutura mais robusta, o que também nos permite flexibilidade para atender clientes que atuam em vários países da América Latina. E a organização da área de Consumer Fragrances da IFF no Brasil, como fica? Alfonso Tejada: A Divisão de Consumer Fragrances no Brasil está alinhada com a estrutura global onde temos pessoas dedicadas a clientes específicos, categorias e funções que estão conectadas de forma transversal, por região geográfica, por meio da área comercial que está sob minha responsabilidade. Na divisão de Consumer Fragrances também estamos estruturados com times de Marketing, Consumer Insights, Criação e Aplicação, que suportam a área Comercial.

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Apesar de operarem de maneira independente, acredito que esse novo desenho proporciona uma maior sinergia entre as duas divisões. Como se dá essa colaboração? Josi: Estamos trabalhando com muita sinergia, não somente nas áreas de Fine Fragrances e Consumer Fragrances, mas também com nossos colegas de Aromas – uma vez que estamos no mesmo centro criativo para América Latina – e com o time da Lucas Meyer Cosmetics, nossa recente aquisição na área de ativos e extratos botânicos para a indústria cosmética. Isso nos permite muita flexibilidade e criatividade, inclusive porque temos clientes que operam nas diversas categorias. Nossos times trabalham de forma integrada, onde estimulamos provocações internas entre as categorias, permitindo que os times criativos (perfumistas, aromistas e avaliadores) e as equipes comerciais, troquem experiências e trabalhem de forma colaborativa e mais criativa.


NEGÓCIOS Estratégia Alfonso: Tanto a Josi quanto eu temos muitos anos de experiência no mercado e na IFF. Nossa iteração é muito forte em termos de criatividade, na troca de experiências e no gerenciamento de pessoas. Eu particularmente tenho vivencia no mercado de Fragrâncias no México e no de Aromas na Colômbia, e agora, estou conhecendo o mercado brasileiro, para o qual trago minha bagagem e vivência dentro da IFF. Vocês podem falar sobre os investimentos mais recentes realizados pela IFF no Brasil e sobre como eles estão ajudando a empresa a atender às demandas do mercado local? Josi: Em 2016, a IFF inaugurou o mais moderno sistema de pesagem automática no universo de fragrâncias, o Robot no centro criativo de Tamboré. O sistema usa gás nitrogênio para a estocagem das matérias-primas sem nenhum contato manual. Estamos aptos a pesar mais de 12 fórmulas simultaneamente. O robô não é 100 % independente nas pesagens (fase final do processo de produção da composição), pois ainda se faz necessário complementar algumas fórmulas manualmente nos casos de matérias-primas na forma de cristal, que precisam ser diluídas. Com o robô, ganhamos agilidade, flexibilidade e reduzimos perda de matérias-primas além de minimizamos eventuais erros de pesagens. Além disso, o equipamento funciona 24 horas por dia, o que nos permite maior velocidade nas repostas aos projetos, colaborando na redução dos prazos e aumentando o leque de propostas olfativas apresentadas aos nossos clientes. A IFF reforçou suas equipes nesse período? Alfonso: Sim, embora estejamos no meio de uma crise econômica e política, visualizamos uma recuperação no curto prazo e continuamos investindo em pessoas no Brasil. Recentemente investimos em novos talentos tanto para área comercial como em marketing, área criativa e desenvolvimento. O dinamismo do mercado de hair care no Brasil tem sido impressionante e

muito puxado pelas médias empresas locais. A IFF tem novas iniciativas e tecnologias para atender esta categoria no Brasil? Alfonso: A IFF tem um sólido valor de participação de mercado nas empresas de porte médio no Brasil, tanto as que são atendidas pelos nossos distribuidores Scentec e Norscent, como também empresas que atendemos diretamente. Estamos investindo há muito tempo em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para o mercado de hair care, inclusive com a Lucas Meyer que acabou de lançar um novo ativo para crescimento capilar. Além disso, contamos com um time de experts integralmente dedicados ao mercado global de hair care com profissionais de marketing, avaliação e P&D. Como a divisão de Consumer Fragrances enxerga as oportunidades ofereci-

Josi: O mercado brasileiro tem evoluído muito em perfumaria fina. Passamos de followers para trend setters estabelecendo uma assinatura única das fragrâncias brasileiras. As empresas locais foram conquistando espaço com um jeito único de fazer perfume para os brasileiros. Com isso vemos muitas empresas de médio e pequeno porte ganhando espaço e o gosto dos consumidores. A IFF quer impulsionar essas empresas, motivo pelo qual reforçamos nosso time comercial e também estamos trabalhando muito próximo ao nosso distribuidor Scentec que vem fazendo um excelente trabalho também na categoria de perfumaria fina no Brasil. Em Fine Fragrances, como a IFF tem apoiado os seus clientes a vencer neste momento desafiador do mercado interno? Josi: Temos estado muito próximos dos

“Já há algum tempo a IFF estabeleceu duas divisões de negócios, Fine Fragrances com foco em perfumaria fina, e Consumer Fragrances que envolve todas as categorias de corpo, higiene pessoal e cuidados com a casa”, Josiane Bordignon das pelas pequenas e médias empresas no Brasil? E como a empresa pode contribuir para a evolução dessas companhias? Alfonso: Historicamente, o ser humano cria mais rápido sob pressão. As vezes, os clientes de pequeno e médio porte são muito ágeis na implementação de ideias inovadoras e se tornam definidores de tendências. Estamos vendo uma dinâmica interessante neste segmento do mercado e estamos experimentando crescimento nesse segmento tanto por meio dos nossos distribuidores exclusivos Scentec e Norscent, como nos clientes de médio porte atendidos diretamente pela IFF. E em Fine Fragrances. Vocês enxergam as oportunidades oferecidas pelo mercado de pequenas e médias empresas no Brasil?

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nossos clientes, buscando alternativas para vencermos esta crise, seja por meio da construção de estoques para garantir agilidade nos lançamentos, como também os apoiando no suporte aos produtos em campanhas e ativações. Vemos a crise como oportunidade, principalmente de fortalecer a perfumaria nacional e sua qualidade, uma vez que trabalhamos com os mesmos perfumistas que trabalham nos centros criativos de Paris e Nova Iorque e usamos as mesmas matérias-primas dos perfumes internacionais. Hoje em dia não há mais barreiras, trabalhamos de forma local, porém, com abrangência e visibilidade global. Entendemos que há espaço para todas as famílias olfativas e todos os bolsos, e temos o compromisso de fazer chegar a todos os consumidores brasileiros uma perfumaria de alta qualidade junto com nossos clientes.



NEGÓCIOS Estratégia

Australiana e tupiniquim DEPOIS DE REPOSICIONAR A MARCA REVLON NO BRASIL, A MULTI B, NOVA UNIDADE DE NEGÓCIOS DO GRUPO BOTICÁRIO, ESTABELECEU PARA A MARCA DE PROTEÇÃO SOLAR AUSTRALIAN GOLD, UMA NOVA E AGRESSIVA ESTRATÉGIA. É O PRENÚNCIO DE MAIS COMPETIÇÃO NO MERCADO >>> AÛANI CUSMA DE PAULA

Q

uando os controladores da Frajo, tradicional distribuidora de cosméticos importados sediada em Campinas, no interior de São Paulo, venderam, no final de 2010, 60% das ações da empresa para o 2+ Capital, o fundo de investimentos dos sócios e controladores do Grupo Boticário, Miguel Krigsner

e Artur Grynbaum, o mercado não tinha muita clareza sobre onde aquela investida poderia dar. Até porque seus controladores faziam questão de deixar claro que aquela não era uma operação do Grupo Boticário, que tinha sido recentemente formatada e que até então estava restrita às operações de O Boticário e da recém-lançada Eudora. Ainda assim, o negócio serviu, inclusive, de aprendizado sobre os meandros do

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mercado de distribuição seletiva e de produtos importados para os empresários, que no final de 2012 apresentaram ao mercado a The Beauty Box, a rede de varejo seletivo e multimarcas da companhia. Mas a coisa mudou radicalmente no início do ano passado, após Miguel e Artur assumirem o restante da participação da Frajo, do empresário Frank Lund, fundador e então CEO da distri-


POSICIONAMENTO DEFINIDO: com a Revlon, executivos da Multi B querem ocupar uma faixa não preenchida de mercado: a do upper mastige. buidora, e dos seus outros sócios, tornando-se os únicos acionistas da companhia. Com controle total e incorporado formalmente à estrutura do Grupo Boticário, os executivos da empresa passaram a se deter sobre os rumos do negócio, que passou 2016 inteiro sob revisão. Foi nessa mudança que Ricardo Nobre assumiu o comando do que é hoje a quinta unidade de negócios do grupo: a Multi B. O executivo chegou ao grupo vindo da Samsung, mas fez carreira na área comercial de companhias como Unilever e L’Oréal. Neste momento, a nova unidade de negócios está passando pela fase final do processo de governança, alinhando a gestão e substituindo os sistemas utilizados na antiga Frajo pelas ferramentas utilizadas pelo Grupo Boticário, marcando de vez o processo de transição. A Multi B está alocada na vice-presidência de Novos Negócios, tocada por Isabella Wanderley e da qual também fazem parte a Eudora e a The Beauty Box. A evolução do negócio desde a aquisição até sua incorporação ao Grupo Boticário reflete a iniciativa da companhia brasileira de ampliar o seu leque de canais de distribuição. Além das marcas importadas como Revlon e Australian Gold, caberá à nova unidade a responsabilidade de executar a

estratégia de distribuição das marcas do grupo no varejo multimarcas. Neste momento, as marcas eleitas para este trabalho foram quem disse, Berenice? e os Produtinhos da Beauty, a marca própria da The Beauty Box. E o que a incorporação de uma distribuidora de cosméticos importados à estrutura do Grupo Boticário, terceira maior vendedora de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos do Brasil, representa para o mercado? “Saímos de um contexto de comercialização de marcas para o de desenvolvimento de marcas, que é algo completamente diferente”, explica Ricardo Nobre. “Quando eu trago a visão do Grupo Boticário, tenho como olhar as diferentes marcas do grupo e analisar se o posicionamento da Revlon, por exemplo, está adequado ao mercado local”, emenda o executivo.

TROPICALIZANDO A PRODUÇÃO Essa visão de desenvolvimento de marcas pode ser vista na estratégia que a empresa adotou para a marca de proteção solar Australian Gold, uma das mais antigas no portfólio da Frajo. “O mercado de proteção solar é muito grande. No Brasil movimenta mais de R$ 2 bilhões. Mas, quando a gente olhava para o posicionamento de Aus-

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tralian Gold, ela estava descolada dos seus competidores por aqui”, explica Ricardo. A Multi B reposicionou a linha num novo patamar de preço, reduzindo a diferença para as principais marcas do mercado. “Estamos trazendo uma nova estratégia de preço, mantendo a marca numa categoria premium, mas com preços competitivos em relação a marcas massivas”, pontua o executivo. Se antes, o protetor solar de FPS 30 saía por cerca de R$ 80, agora o preço sugerido é de R$ 60. Embora sua embalagem ofereça quase 20% a mais de produto, a marca ainda está num patamar de preço superior. Em média, ela é 50% mais cara do que a líder Sundown, da Johnson & Johnson, e cerca de 35% a mais na comparação com as linhas Neutrogena Sun Fresh e L’Oréal Solar Expertise, as concorrentes mais próximas da marca distribuída pela Multi B. Embora esteja mantendo o diferencial da marca que é o apelo do bronzeado, a nova estratégia para Australian Gold vai reforçar o caráter de proteção solar dos produtos, algo que era menos trabalhado pela marca até aqui. Parte dessa redução nos preços foi possível graças à nacionalização da maior parte do portfólio, que passa a ser fabricado na planta do Grupo Boticário, em São José dos Pinhais (PR), sob licença e supervisão da matriz da Australian Gold. Apenas itens mais específicos como o Velocity, um acelerador de bronzeamento, seguem importados. Os produtos Australian Gold fabricados no Brasil devem começar a chegar às lojas no final de agosto.

PRIMEIRA EXPERIÊNCIA O reposicionamento pelo qual passou Australian Gold já foi aplicado à marca de maquiagem norte-americana Revlon, uma das mais vendidas em todo o mundo. Em junho, foi anunciado o redesenho de toda a sua estratégia de preços e comunicação local. Ao olhar para a categoria de maquiagem nas drogarias e lojas especializadas, os executivos da unidade de negócios encontraram uma faixa não preenchida de mercado, a do upper mastige, que acabou sendo o posicio-


NEGÓCIOS Estratégia namento escolhido pelo grupo para ser ocupado por Revlon. Exceto pelos seus esmaltes, até então a marca se posicionava no Brasil como uma marca do segmento de prestígio. A nova estratégia de preços conta com itens a partir de R$ 30, como o batom cremoso e o lápis retrátil. As máscaras para cílios, uns dos itens favoritos das brasileiras, agora saem por R$ 40. “O varejo tem respondido muito bem ao novo posicionamento da Revlon”, afirma Ricardo. Segundo o executivo, o sell out (a venda de produtos da loja para o consumidor) tem crescido e a operação está abrindo novos pontos de venda. “A marca vai continuar valorizada”, aposta. Se no caso do reposicionamento, a Revlon saiu na frente e serviu de referência para Australian Gold, será possível vermos produtos da marca de maquiagem fabricados no Brasil num futuro próximo? Ricardo diz que existem planos para avaliar se, quando e como, tal processo poderia ser feito. “São duas empresas muito grandes (as vendas anuais da Revlon são da ordem de US$ 2 bilhões). Nesse caso, existem muito mais coisas para serem alinhadas”, conta Ricardo, reforçando que a estratégia tanto para Australian Gold como eventualmente para Revlon, vai bem mais além do que só a produção local.

CONHECIMENTO DE CAUSA Uma vantagem importante que a nova operação do Grupo Boticário é o próprio expertise que o grupo tem de todos os meandros da operação varejista. “Nós entendemos as dores mais temidas pelos varejistas como níveis de estoque, prazos de pagamento e o olhar para o sell out”, diz Ricardo, que reforça que a reação dos lojistas à nova unidade tem sido espetacular. Neste primeiro momento, a expansão da Multi B estará mais focada nas redes de varejo farmacêutico e especia-

RICARDO NOBRE: executivo, que está à frente da Multi B, afirma que o varejo tem respondido muito bem ao novo posicionamento da Revlon e que a marca vai continuar valorizada.

lizado, que congregam o maior número de bandeiras. Mas a unidade também tem um olhar especial para redes seletivas, como a Sephora e a própria The Beauty Box; as lojas de departamento como Renner e Riachuelo e, por fim, para o Travel Retail, as operações varejistas localizadas em aeroportos. No caso da distribuição dos produtos das marcas do próprio Grupo Boticário, especialmente quem disse, Berenice?, cujo canal principal são as lojas operadas por franqueados, a Multi B está se cercando de cuidados, justamente para evitar conflitos. A distribuição da marca de maquiagem deve se concentrar em pontos de farmácias e drogarias localizadas em ruas, e não nos shoppings centers, onde estão localizadas boa parte das lojas da quem disse, Berenice?. Olhando para o futuro, Ricardo diz que o foco está em olhar para as outras

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marcas do portfólio e que ainda não passaram pelo movimento de reposicionamento. Nesse grupo estão Bio-Oil, produto dermocosmético que já tem um bom giro no canal farma; a marca francesa de cuidados com a pele Nuxe e a de cabelos britânica Lee Staford, vendidas majoritariamente na distribuição seletiva; além da linha de maquiagem de mass market Sinfulcolors e dos perfumes Salvador Dali, um sucesso de vendas no Brasil desde os anos 1980. Com o processo de revisão, nem todas as marcas têm a sua permanência na unidade garantida. No início deste ano, o Grupo Boticário encerrou o acordo com a Artdeco, marca de maquiagem seletiva alemã que era um dos pilares da antiga Frajo. “Esse olhar para o desenvolvimento de marcas, nos permite entender cada uma a seu momento e buscar as estratégias mais adequadas para cada uma delas”, conclui.



NEGÓCIOS Estratégia

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s últimos anos têm sido pródigos para a categoria de maquiagem. Isso tem se refletido no balanço dos principais nomes do mercado com posição de destaque na categoria. L’Oréal, Estée Lauder, LVMH (principalmente com a varejista Sephora, por meio da qual controla algumas marcas de maquiagem e opera com exclusivida-

de outras tantas), Channel, enfim, todas vêm se beneficiando do dinamismo e da capacidade da categoria de gerar novidades que caem no gosto das consumidoras em diferentes posicionamentos de preços, tanto no mass market como na distribuição seletiva. Parte importante do recente boom global da categoria é que ela, mais do que qualquer outra, tem conseguido ser bem sucedida em se conectar com uma nova geração de consumidoras, notavelmente as millenials. Por meio das redes sociais elas acabam amplificando suas descobertas e gostos e influenciando um grupo mais amplo de usuárias, que apoiadas principalmente em tutoriais do Youtube, descobrem novas possibilidades de maquiagem e marcas, até então, desconhecidas do grande público. Esteja certo de que não fosse pelas oportunidades abertas pelas redes e a agilidade para se aproveitar delas, muitas marcas de ma-

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quiagem hoje cultuadas e bem-sucedidas não teriam encontrado o lugar tão privilegiado ao Sol do qual hoje desfrutam. Isso ajuda a explicar a ebulição de movimentos de aquisições envolvendo esta categoria nos últimos três anos, entre elas a da NYX Professional Makeup pela L’Oréal. Em 1999, com apenas 25 anos, a sul-coreana radicada em Los Angeles, Tony Ko, conseguiu US$ 250 mil emprestados de parentes para começar a NYX, cujos primeiros produtos foram lápis de olhos e de lábios vendidos no varejo por US$ 1,99 cada. A proposta de Tony sempre foi muito clara, vender produtos de loja de departamento por preços de drogaria. O posicionamento agressivo de preço se expandiu por uma oferta ampla e diversificada de produtos de apelo profissional, com muitas opções de texturas, cores, acabamentos e acessórios de alta qualidade fizeram com que NYX fosse conhecida como a M.A.C. (a cultuada marca de ma-


LOJA DA NYX, NO RIO DE JANEIRO: L’Oréal cuidará diretamente de toda a evolução da marca no Brasil.

quiagem profissional que vende mais de US$ 1 bilhão no varejo) do mass market. E deu certo! 15 anos depois, a marca foi vendida para a gigante francesa por US$ 500 milhões. De acordo com uma reportagem da revista Forbes, de 2016, as vendas anuais da NYX em 2014 foram estimadas em US$ 120 milhões. Desde que assumiu o controle da marca, a L’Oréal vem tocando um agressivo plano de expansão para a marca, primeiro nos Estados Unidos, com o fortalecimento de sua posição no varejo, especialmente com abertura de lojas próprias e, agora, também no resto do mundo, usando toda a sua musculatura em favor da sua nova marca. Os resultados têm sido bastante positivos e a marca destacada positivamente nas apresentações dos balanços trimestrais da L’Oréal. E nesse processo, agora chegou a vez do Brasil. A NYX estava aqui desde 2010. A operação local chegou a contar com 28

pontos no Brasil, entre lojas e quiosques, a maior parte delas operada por franqueados. Mas a compra acabou gerando uma disputa envolvendo o antigo distribuidor local e a L’Oréal, o que travou a evolução do negócio por aqui nos últimos dois anos. Por isso, a L’Oréal Brasil, que assumiu o controle do negócio no Brasil apenas em janeiro deste ano, trata a abertura da primeira loja da marca no início de julho, no Barra Shopping, Rio de Janeiro, como o relançamento da NYX Professional Makeup no País. Nessa nova fase a estratégia da L’Oréal é a de cuidar diretamente de toda a evolução da marca no Brasil. Tanto que a empresa recolheu todos os produtos de NYX dos pontos de venda que ainda existiam no Brasil, assim que assumiu o controle da marca no País. A operação por meio de franquias também não está nos planos da empresa, ao menos por enquanto. “Nesse início da comercialização da marca pela L’Oréal, todos os pontos de venda de NYX Professional Makeup serão próprios do Grupo”, afirma Bianca Pi, a executiva da L’Oréal designada para cuidar da nova fase de NYX no Brasil. Esse “controle” sobre a marca faz com que a comercialização da marca em varejistas especializados, a exemplo do que acontece em outros mercados, inclusive os Estados Unidos, também não esteja sendo considerada pela operação local como uma possibilidade neste momento. O reposicionamento do negócio de NYX Professional Makeup no Brasil passa também por uma revisão do portfólio da marca no País. Da oferta global, que conta com três mil itens, a operação brasileira vai trabalhar com mais de 1.500 sku´s diferentes, alguns dos quais nunca vieram ao País. Entre os produtos, Bianca destaca produtos “cult”, como os batons líquidos Liquid Suede, o Lip Lingerie e a Highlight & Contour Palette. Por conta dessa oferta ampliada de produtos, a L’Oréal decidiu não trabalhar com o formato de quiosques, o mais utilizado pela marca em sua primeira estada no Brasil. “No espaço de um quiosque é difícil trabalhar com tamanha variedade”, diz a executiva que pontua que as lojas da marca no Brasil seguem as regras estabelecidas globalmente pela marca. “Além

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do portfólio, os pontos de venda de NYX devem criar um ambiente inspirador para o consumidor. Há várias ações previstas dentro da loja, como apresentação de conteúdos e incentivo à experimentação. Como é um produto profissional, ainda que acessível, é preciso oferecer ao consumidor esse ambiente para que ele se sinta livre para se expressar por meio da maquiagem!”, complementa Bianca. Sem abrir números, a diretora da NYX diz que a previsão da marca é de abrir mais lojas no Brasil. “Já estão previstas aberturas em São Paulo e mais lojas no Rio”, reforça a executiva. A possibilidade de lançamento do e-commerce da marca no Brasil também está em estudo neste momento.

POSICIONAMENTO GLOBAL Apesar de estar alocada dentro da divisão de Grande Público da L’Oréal, ao lado de L´Oréal Paris, Garnier, Maybelline e Colorama, a NYX chega ao Brasil de forma totalmente independente de outras marcas, até porque não vai precisar compartilhar a equipe de vendas da divisão de Grande Público. Além disso, a opção pelo não uso do modelo de franquias elimina a possibilidade de a empresa oferecer essa opção para os atuais franqueados dos quiosques da marca de maquiagem Maybelline. Para Bianca Pi, NYX Professional Makeup e Maybelline são marcas diferentes e com focos diferentes. “Não é possível dizer que uma é ou será superior à outra”, acredita. Embora não tenha o mesmo dinamismo do mercado norte-americano, o cenário de competição para a categoria mudou drasticamente nos últimos anos, especialmente com o avanço da categoria no varejo. O sucesso da Vult e da própria L’Oréal, com Maybelline, em estabelecer uma posição sólida nas principais redes de perfumarias e drogarias gerou reflexos positivos no mercado. Empesas locais como Daillus e Kollos, que surgiram com a proposta de oferecer produtos de qualidade por preços baixos (tal qual a Vult em seu início), tem reformulado sua oferta de produtos e cuidado melhor do seu posicionamento nos pontos de venda. Por outro lado, nomes bastante tradicionais e populares, que apesar de tudo conseguiram manter alguma relevância


NEGÓCIOS Estratégia no mercado, como Anaconda e Payot parecem ter ganhado um ímpeto de modernização que têm lhes ajudado a conversar com novas consumidoras. Numa outra ponta, a norte-americana Kiss New York, entrou no mercado com uma oferta de produtos que entrega sofisticação e modernidade por preços bastante razoáveis, enquanto a sua compatriota Revlon (distribuída no Brasil pela Frajo, uma operação do Grupo Boticário), uma das líderes globais da categoria, revisitou sua política de preços para se tornar competitiva no País. Como se não bastasse, tanto a Natura, com sua linha de maquiagem jovem Faces, e o Grupo Boticário, com sua marca de maquiagem quem disse, Berenice?, (que já conta com uma rede de mais de 150 lojas) têm feito incursões concretas no canal farma. Ainda que esse não seja o foco de nenhuma das duas, ter as maiores empresas de cosméticos do Brasil competindo no mesmo espaço não é um quadro dos sonhos. Ainda que a proposta e o foco de NYX seja diferente das suas concorrentes que operam no varejo multimarcas, é inegável que essa ampliação da oferta de marcas vai fazer com que as consumidoras tenham mais opções à sua disposição, justamente no momento em que suas carteiras estão mais vazias em comparação a “bonança” pré-2015. Para competir nesse novo cenário, a NYX Professional Makeup manterá no Brasil o seu posicionamento global de preços na chegada ao Brasil, oferecendo produtos profissionais acessíveis e com vasto sortimento, que via de desde um lápis de boca, por R$ 20, até paletas de R$ 150. “Temos uma ampla faixa de preços, que atende desde o estudante, que busca montar seu primeiro kit de maquiagem, ao grande profissional, que encontra no vasto sortimento da marca uma maneira econômica de complementar sua maleta com uma diversificada gama de texturas, cores, acabamentos e ferramentas de alta qualidade”, explica Bianca. Esse posicionamento foi um dos fatores que somado ao uso das redes sociais contribui para o sucesso da NYX nos Estados Unidos, que no início oferecia produtos que custavam 20% dos de marcas cultuadas como M.A.C. e Urban Decay. Provas de que esse posicionamento tem muito espaço no Brasil foi o recente

BIANCA PI, DA L’ORÉAL: segundo a executiva, estão previstas aberturas de mais lojas no Rio de Janeiro e também em São Paulo.

sucesso da marca italiana Kiko Milano, cuja inauguração das primeiras lojas gerou filas e acabou com o estoque de alguns produtos, especialmente os mais em conta, como os batons na faixa dos R$ 20,00. Alias, embora não compartilhem do mesmo posicionamento (a Kiko tem um posicionamento que a coloca como uma marca de fast fashion, muito ligada à moda e as tendências, mas não uma marca profissional), na prática, é com a própria Kiko que a NYX deve travar as primeiras disputas por market share. Assim como acontece com a marca italiana, todo

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o portfólio de NYX Professional Makeup no Brasil será importado. “O mercado de makeup no Brasil cresce de forma acelerada nos últimos anos. Nós apostamos que NYX Professional Makeup será um sucesso por aqui!”, acredita Bianca. Apesar de num primeiro momento, o atual cenário de competição na categoria de maquiagem seja um desafio para as empresa do setor, a ampliação da oferta e do acesso a produtos da categoria será fundamental para o avanço da categoria de maquiagem no varejo brasileiro, que ainda ocupa um espaço relativamente pequeno no Brasil frente ao seu potencial.


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empre que se fala em tecnologias para formulações cosméticas as atenções naturalmente se voltam para os ativos. Creme de la creme no universo dos ingredientes cosméticos, os ativos chamam a atenção por serem eles os principais geradores de claims que podem agregar diferenciação para o produto (desde que comprovadas, naturalmente) e corroborar o seu posicionamento no mercado, especialmente se ele tiver uma proposta mais tecnológica ou sofisticada. Mas, embora os ativos representem o topo da cadeia alimentar quando o assunto é formulação, eles não agem

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sozinhos. É preciso um conjunto de outros ingredientes para garantir uma boa base, capaz de oferecer um sensorial adequado e, inclusive, que os ativos sejam bem entregues quando o produto é aplicado na pele ou nos cabelos, por exemplo. De nada adianta colocar alta concentração de ativos caríssimos se a base do produto for “pobre”. A eficácia do ativo certamente estará comprometida e o resultado ficará aquém das expectativas. Mas existe outra classe de ingredientes extremamente importantes para o sucesso de uma formulação. Embora não tenham nenhum glamour e, historicamente, atraiam poucos holofotes, os preservantes são matérias-primas fundamentais para assegurar que a formulação não seja contaminada por microorganismos como bactérias, fungos e leveduras durante a vida útil do produto. Contundo, nos últimos anos, eles têm chamado a atenção do mercado, mas não pelos melhores motivos. Reguladores têm proibido o uso de preservantes tradicionais para a indústria cosmética em diferentes partes do mundo. Algumas das moléculas mais utilizadas pelo mercado como conservantes usuais – caso da metilisotiazolinona (o MIT, como é conhecido entre os formuladores), do Triclosan, além da família dos parabenos – estão sob o escrutínio de diversas agências regulatórias, especialmente na União Europeia, que tem ampliada a sua lista de ingredientes restritivos para a indústria cosmética de maneira acelerada. Na Europa, desde fevereiro deste ano, o uso do MIT já é proibido em formulações de produtos do tipo leave on, ou seja, que não serão enxaguados após a aplicação, caso dos cremes hidratantes e de alguns produtos capilares. Outro exemplo disso é o Triclosan, um dos preservantes mais comuns em formulações cosméticas. Há quase uma década que ONG´s nos Estados Unidos pedem a proibição do Triclosan, pois seu uso indiscriminado em categorias tão distintas como desodorantes e produtos de higiene oral, fez com que os microorganismos criassem resistência ao preservante, que estaria perdendo a eficácia. E de quebra, o Triclosan teria potencial

cancerígeno. A partir de setembro deste ano, o uso do Triclosan está proibido em formulações de produtos com enxague, como os sabonetes, que usem o apelo antibacteriano nos Estados Unidos. A constatação, após décadas de uso pela indústria, de que alguns desses ingredientes mais conhecidos e utilizados, como o MIT, oferecem potencial alergênico – de acordo com as autoridades aconteceu um aumento substancial nos últimos anos de relatos de casos de alergia envolvendo esses preservantes tradicionais – e riscos para a saúde dos consumidores que hoje, as autoridades, especialmente a dos países desenvolvidos não estão mais dispostas a tolerar. E os consumidores, ainda que sem o mesmo grau de conhecimento técnico dos reguladores, também não. Isso tem se refletido na crescente tendência dos produtos “livre de conservantes” ou que oferecem “químicas mais suaves”, que atingem uma fatia cada vez mais relevante da população.

BUSCANDO ALTERNATIVAS Independentemente do motivo, na prática essa situação tem limitado as opções para conservação de produtos pelos formuladores cosméticos. E os fabricantes de matérias-primas estão sendo desafiados para encontrar soluções que substituam os preservantes tradicionais anteriormente utilizados com a mesma eficácia, segurança e, principalmente, custo. Uma das empresas que tem puxado a busca por essas novas soluções é a fabricante de ingredientes cosméticos Symrise, uma das líderes globais em preservantes que realizou um evento em São Paulo, no final de maio, para apresentar ao mercado local sua linha de ingredientes, que oferece alternativas desenvolvidas com o pensamento holístico, pensando na eficácia de proteção para as formulações, na segurança dos consumidores, na facilidade de uso e no custo benefício para os formuladores. O portfólio de preservantes da Symrise se divide em duas linhas, uma composta por ingredientes que a empresa chama de preservantes modernos, produtos pensados para garantir a segurança das fórmulas, mas que oferecem

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uma química menos agressiva em relação aos produtos tradicionais usados para esse fim. Na verdade esses ingredientes não são listados na lista de preservantes tradicionais, mas eles servem perfeitamente a esta função. Uma segunda linha é composta por ingredientes multifuncionais, que também auxiliam na preservação das fórmulas além de potencializarem a ação de outros preservantes. “Nós não vendemos os preservantes clássicos. Nosso portfólio é composto por ingredientes modernos que vão ao encontro às novas necessidades dos consumidores”, explica Ravikumar Pillai, vice-presidente da área de Micro Protection da Symrise em entrevista à Atualidade Cosmética. A história moderna dos preservantes da Symrise remonta há 25 anos, quando a Haarman&Reimer, uma das empresas que deu origem a atual Symrise, lançou o Hydrolite 5, um ingrediente multifuncional pioneiro que funcionava como um booster da ação preservante na fórmula, melhorava a biodisponibilidade dos ativos, a estabilidade do produto e ainda permitia a redução do custo total da formulação. A empresa também tem no portfólio ingredientes anti-oxidantes, que auxiliam na proteção da fórmula, caso do SymSave H, um composto idêntico à uma molécula natural encontrada na amora amarela, uma fruta alpina, e que é um ativo aprovado pela Agência do Meio Ambiente dos Estados Unidos como um ingrediente amigo da natureza por conta da sua segurança. A combinação de alguns desses ativos multifuncionais permite inclusive garantir a segurança da fórmula ao mesmo tempo em que se usa o claim “livre de preservantes”.

O “DESEJADO” E A REALIDADE Um dos desafios enfrentado pelos formuladores ao redor do mundo é que as soluções de preservantes mais modernas custam mais do que os preservantes tradicionais utilizados pela indústria. Ninguém discorda das melhorias e dos benefícios oferecidos pelos preservantes mais modernos disponíveis no mercado. O problema é como equacionar a formulação num cenário no qual o preço


P&D Preservantes final não oferece muita margem de manobra. “Os formuladores estão tentando se equilibrar para introduzir os novos preservantes na formulação, garantindo mais segurança aos consumidores, sem que isso impacte demais no custo da formulação”, conta Ravi. Por isso, a adoção dos preservantes mais modernos tem se dado primeiramente nas marcas de maior valor agregado, que sentem menos o acréscimo de custo que essa troca de ingredientes representa. Apesar disso, o movimento não tem volta e as indústrias sabem que a revisão das formulações que ainda se baseiam em preservantes tradicionais é uma questão de tempo. Até porque, com as grandes multinacionais tendo que adaptar suas formulações para atender aos mercados mais desenvolvidos, como a própria Europa, é natural que elas façam o rollout dessas mudanças para suas operações ao redor do mundo, ainda que essa não seja uma obrigação em outros mercados. Para Ravi, na América Latina – um mercado majoritariamente de mass market e no qual ainda se usa em sua grande maioria os preservantes tradicionais – as empresas da região estão começando a olhar de forma um pouco mais objetiva para a adoção dos preservantes mais modernos em suas formulações. “Ao menos é o que temos visto”, reforça o pesquisador. Na Argentina, por exemplo, o Triclosan (sempre ele), estará proibido em formulações de produtos de enxague como sabonestes e géis de banho, a partir do próximo ano. Esse novo olhar sobre os preservantes pelas empresas na América Latina, mais moderno, poderia levar os formuladores da região também a modernizar as bases utilizadas na sua formulação, também com um olhar mais moderno para a cosmeticidade dos produtos? Ravi acredita que não, justamente pela questão do custo. “Os formuladores não têm muita flexibilidade para mudar toda a fórmula ao mesmo tempo. Então, eles tentam fazer o mínimo de mudanças na fórmula quando adotam os novos preservantes, para impactar o mínimo possível no custo final da formulação. Tem que ser um passo de cada vez”, lamenta.

RAVIKUMAR PILLAI, DA SYMRISE: empresas latinoamericanas estão começando a olhar de forma um pouco mais objetiva para a adoção dos preservantes mais modernos em suas formulações.

“SENSIBILIZAÇÃO” DAS MASSAS O aumento da sensibilização da pele é um fenômeno global atribuído a diferentes motivos que vão da poluição até o aumento do stress da população. O uso, por décadas, de formulações com preservantes que agora estão sendo considerados pouco seguros para uso cosmético tem parte nesse problema também? “Eu não posso afirmar que a sensibilização enfrentada pelos consumidores decorre do uso de preservantes tradicionais. Eu só posso dizer que existem mais comunicações de efeitos adversos, em diferentes partes do mundo, de consumidores que tiveram a sensibilização da pele devido ao uso de certos conservantes tradicionais. Tanto que a União Europeia está agindo para banir estes preservantes do mercado”, responde o vice-presidente da Symrise. Hoje, existem marcas que tem como apelo principal serem formuladas para peles sensíveis, caso da Clinique, no segmento de Luxo e, de Avéene e La-Roche Posay, em dermocosméticos. A sensibilização da pele é um dos drivers para busca por produtos com “químicas mais suaves” e tende a representar uma oportunidade relevante também para as marcas de mass market e, consequentemente, turbinar a adoção das soluções

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mais modernas de preservantes, permitindo que um número maior de consumidores possam ter a sua disposição produtos mais seguros por um preço razoável. Apesar disso, o aumento de escala não deve trazer o preço dos preservantes mais modernos muito para baixo. Ao menos por enquanto. “É claro que ao aumentar o volume de vendas você consegue diluir os custos fixos e isso permite uma melhor precificação”, pontua Julio Bombonatti, gerente de Marketing da Symrise Cosmetic Ingredients para América Latina. Ele explica que por se tratarem de tecnologias novas não é possível olhar de forma proporcional para a questão. “Você tem um custo de pesquisa e desenvolvimento muito elevado na construção dessas soluções. E elas vão sendo pagas ao longo dos anos. É certo que em algum momento, essa tecnologia estará paga e os custos baixarão, é o ciclo natural de um produto, mas ao menos no curto prazo, não devemos esperar uma queda de preços expressiva nessas soluções”, explica o executivo. Ainda que a um custo mais alto, a verdade é que as empresas não vão ter como escapar de reverem os preservantes utilizados nas suas formulações. E, se é para garantir a segurança dos consumidores, nenhum custo deverá ser impeditivo.


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osse apenas pela dimensão e, principalmente, pela malha viária disponível – de péssima qualidade e proporcionalmente pequena – fazer um carregamento sair de um ponto do País e chegar seguro até o seu destino, já é uma tarefa complexa e cara. Mas, como se fosse pouco, as empresas brasileiras estão tendo que lidar com um problema bem mais sério e, literalmente, perigoso: o crescente roubo de cargas nas estradas brasileiras. O problema não é novo. O roubo de cargas é uma das atividades criminosas mais antigas da humanidade. A questão é que no Brasil de hoje esse problema ganha ares de epidemia. No ano passado, foram registrados mais de 24 mil roubos a veículos de transportes nas rodovias ou centros urbanos tupiniquins. O prejuízo estimado com esses crimes foi de R$ 1,35 bilhões, fora o drama humano – muito mais grave –

que resultam, no mínimo, em um grande trauma psicológico e, em não raros casos, ceifando a vida de trabalhadores. Infelizmente, a tendência é que os números de 2017 sejam ainda mais alarmantes. Dados fornecidos pelo Sindicato de Empresas de Transportes de Carga da Região de São Paulo (SETCESP), mostram que 84% dos roubos aconteceram nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, o principal eixo de consumo do Brasil e onde estão concentrados a grande maioria das indústrias cosméticos.

NÃO A MAIS VISADA, MAS AINDA ASSIM DE RISCO As cargas mais visadas pelas quadrilhas criminosas que agem nas estradas brasileiras estão eletrônicos, medicamentos e os produtos alimentícios. Os eletrônicos além do alto valor de revenda, possuem um mercado paralelo relativamente desenvolvido para a distribuição dos produtos roubados. O mes-

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mo vale para os medicamentos. Nos dois casos, muitas vezes, os criminosos atuam sob encomenda, ou já possuem intermediários para a desova desses produtos, incluindo comerciantes e distribuidores estabelecidos legalmente em busca de maiores lucros, sem se importar com a extensa cadeia de crimes praticada em função das suas atitudes. No caso dos medicamentos, o roubo de cargas gera um problema adicional e perigoso para a saúde dos brasileiros: a venda ilegal de produtos controlados, que só poderiam ser comercializados mediante a retenção das receitas. Já no caso dos produtos alimentícios, o que atrai as quadrilhas é a facilidade que elas têm para girar no mercado, rapidamente, os itens roubados. Os produtos de beleza não estão entre as cargas mais visadas pelas quadrilhas organizadas. Mas a facilidade de revenda e o valor agregado interessante que oferece, a tornam uma categoria bem “interessante” para os bandidos,


PRODUTOS DE HPPC ROUBADOS: grande maioria dos roubos a carga acontecem em estradas de São Paulo e Rio de Janeiro.

deixando as empresas do setor em estado de atenção. Se o cenário no Brasil é ruim, no Rio de Janeiro, entregue a “Deus dará”, a situação é catastrófica. Na Avenida Brasil, via de ligação da Rodovia Presidente Dutra com a capital fluminense, os roubos de carga acontecem numa frequência impressionante. Mesmo sabendo disso, as autoridades públicas locais e federais têm se mostrado impotentes diante da situação, deixando os motoristas e suas cargas a mercê da sorte. O Rio de Janeiro é o segundo maior estado produtor de cosméticos do País. É claro que ainda existem quadrilhas que roubam cargas específicas, em roubos que demandam algum grau de planejamento da parte dos criminosos. Mas, o descalabro da segurança pública no Rio de Janeiro é tão acintoso, que permitiu com que os bandidos evoluíssem com o seu “modelo de negócios”, identificando novas oportunidades. Agora, eles simplesmente roubam as

cargas, sem se importar com o que está lá dentro. Isso porque, depois, as próprias quadrilhas cuidam de distribuir os produtos dentro das próprias comunidades ao qual pertencem, um mercado consumidor gigantesco, lucrativo e que hoje, mais do que nunca, é refém dos que “mandam no morro”. Ou seja, além de ter que arcar com todos os prejuízos gerados pelo roubo, as indústrias ainda sofrem com a concorrência desleal impetrada pelos criminosos. É um quadro realmente surreal: a operação full service do crime.

CUSTOS ELEVADOS (E SUBINDO) Como não tem como fugir do fardo de transportarem produtos pelas estradas e centros urbanos brasileiros, indústria e varejo têm investido mais e mais para mitigar os riscos. Especialmente as empresas que atuam em setores que lidam com cargas visadas, caso da varejista farmacêutica cearense Pague Menos.

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Com mil lojas espalhadas por todos os estados brasileiros, a rede opera com várias tecnologias e sistemas de segurança em seus carros. “Trabalhamos com várias tecnologias embarcadas por veículo, como rastreadores fixos e localizadores. Temos equipes de pronta resposta de plantão 24 horas por dia, sete dias por semana”, afirma Francisco Holanda, responsável pela área de Planejamento e Controle Logístico da Pague Menos. Um recurso que ilustra bem a complexidade da situação atual é o uso de iscas móveis. Nessa situação, a empresa “oferece” às quadrilhas um carregamento para que realmente seja efetuado o roubo. Essa carga tem um rastreador escondido entre os produtos, para localizar exatamente onde ocorrem as “negociações”. Assim, a empresa consegue não somente pegar os assaltantes, mas também os distribuidores e comerciantes que compram e revendem as mercadorias roubadas. Tecnologias de ponta estão sendo adotadas por transportadoras e grandes varejistas para realizar o monitoramento do trajeto, com rastreadores e sistemas de comunicação com o motorista, operados a partir de um centro de controle que mantém a vigilância do caminhão. Dependendo das versões e de quanto a empresa está disposta a investir, também pode ser embutido um sistema que, ao menor sinal de que algo pode estar errado, permite o controle à distância do caminhão, travando as portas e impedindo o acesso à carga. Outras medidas tomadas são a de evitar, ao máximo, trafegar durante a noite e a contratação de escoltas para que o transporte seja feito em comboio. Todo esse conjunto de ações deixa a operação muito mais cara para as indústrias e alguém tem de arcar com isso. Em última instância, o consumidor. Embora altos, os investimentos nesses sistemas e ferramentas de segurança são essenciais pra controlar os riscos envolvidos no transporte. O que é, por sua vez, fundamental para que as empresas consigam contratar uma apólice de seguros para suas cargas a custos aceitáveis. “Se o cliente segurado é alvo de roubos numa frequência muito alta,


LOGÍSTICA Roubo de Cargas quando formos fazer a renovação de contrato, naturalmente teremos de fazer uma renegociação”, salientou Rose Matos, gerente de Transporte da seguradora Porto Seguro. Mas, mesmo com todas as medidas de segurança sendo adotadas, rouba-se como nunca. A conta está ficando salgada também para as seguradoras. “A quantidade de roubo ficou tão grande que o prejuízo está demais e as seguradoras estão tentando minimizar”, afirmou Marcelo Patrus, diretor comercial e presidente da Patrus Transportes, que opera com vários grandes clientes do mercado de beleza, como Natura, Grupo Boticário, L’Oréal e Haskell. Isso tem as seguradoras levado a adotarem o sistema de franquia junto às empresas transportadoras. Nesse método, no caso de um roubo, o seguro cobre 75% do valor do que foi roubado. Os outros 25% são de responsabilidade do embarcador. O trânsito por locais de risco também podem alterar a precificação da apólice. E esse mesmo risco tem levado algumas transportadoras a não realizarem mais entregas em determinadas localidades tidas como excessivamente perigosas. Ao invés disso, a carga é levada para um local próximo, de menor risco e o contratante (ou o recebedor) retira os produtos desse ponto e se encarrega de fazer o último trecho da viagem. Algo que afeta diretamente as entregas das encomendas de empresas de e-commerce e venda direta. “Transportadoras especializadas e os próprios Correios estão sofrendo muito”, lamenta Marcelo, da Patrus. Como são entregas fracionadas, geralmente realizadas em carros pequenos ou vans, e majoritariamente nos centros urbanos, a segurança desse tipo de transporte é muito menor do que uma carreta que circula numa estrada acompanhado por uma escolta, com rastreamento e travas eletrônicas.

PERIGO QUE VEM DE DENTRO É óbvio que os maiores investimentos e foco de atenção na prevenção ao roubo de cargas acontecem quando ela está em trânsito. Mas, uma série de

CD DA PAGUE MENOS, EM FORTALEZA (CE): rede de farmácias trabalha com diversas tecnologias e meios para evitar os furtos.

MARCELO PATRUS, DA PATRUS: prejuízos com roubos são grandes e as seguradoras estão tentando minimizar as perdas.

cuidados precisa ser tomado do lado de dentro das empresas, sejam elas indústrias, varejistas ou transportadoras. As empresas precisam manter atenção ao funcionário que está lá, presente no dia a dia. Uma seleção rigorosa e treinamento adequado aos funcionários são mais do que essenciais. É preciso treiná-los não somente para exercer sua função adequadamente, mas também como ele deve prosseguir em alguma situação de risco. Parte importante do processo de gerenciamento de risco envolve minimizar ao máximo a possi-

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bilidade de vazamentos de informação por funcionários da empresa ou de fornecedores para que os criminosos não saibam de antemão o que está sendo transportado e nem por onde o veículo transitará, dificultando a organização e movimentação de quadrilhas.“Eu preciso de proteção, por isso os depósitos são verdadeiras fortalezas”, aponta Paulo Roberto de Souza, assessor de Segurança do SETCESP. “Preciso de câmeras, bloqueios de janela, sensores que acusam presença, cães de guarda, vigilantes”, finaliza.



MEMÓRIA Peter Gottschalk

PETER GOTTSCHALK (AO CENTRO) E EQUIPE WHEATON: empresário sendo homenageado no Hall da Fama do Prêmio Atualidade Cosmética, em 2006.

O vidreiro da beleza PETER GOTTSCHALK, DONO DA WHEATON BRASIL, FOI UM ATOR FUNDAMENTAL NO DESENVOLVIMENTO DA PERFUMARIA NO BRASIL >>> AÛANI CUSMA DE PAULA

“A

única coisa que eu sei fazer na vida é fabricar vidrinho e vender vidrinho”. Quem teve a oportunidade de conviver, ainda que por pouco tempo, com Peter Gottschalk, sabe que ele adorava dizer isso. E embora isso fosse o que mais gostasse de fazer na vida, nem de longe eram os únicos talentos do empresário, que faleceu no último dia 14 de maio, em São Paulo, aos 86 anos. Com os seus “vidrinhos”, Peter foi fundamental para viabilizar a evolução da perfumaria brasileira nas últimas décadas. Ele deixa esposa, três filhos e um legado que o coloca entre os grandes nomes da indústria cosmética brasileira. Em 2006, entrou para o Hall da Fama do Prêmio Atualidade Cosmética, onde figuram os homens e mulheres que fizeram a história da cosmética e da perfumaria no Brasil. Nascido da Alemanha, Peter emigrou com os pais para o Brasil em meados dos anos 1930 (antes da guerra, mas já sob co-

mando de Adolf Hitler). “Tenho educação brasileira, família brasileira, filhos, netos... Sou um brasileiro que por acaso nasceu em outra terra”, brincava. Extremamente inteligente, carismático e, antes de tudo, um trabalhador incansável, Peter foi um verdadeiro “self made man”. Teve infância difícil, começou a trabalhar aos 11 anos de idade e a Wheaton entrou na sua vida de forma providencial. Ele, que tinha deixado o emprego, precisava de trabalho e, por meio de um amigo, técnico de vidro que acabara de voltar dos Estados Unidos, foi ao encontro do então diretor Administrativo da operação que, até aquele momento, inexistia. “Não havia nada ali, porque a empresa estava sendo montada. Mas, se eu quisesse mesmo trabalhar, ele poderia me contratar como office boy, ajudando principalmente aos sete americanos que estavam no Brasil para fazer a montagem dos equipamentos. E eu topei, porque pensei que poderia fazer em meio dia o que os outros office boys precisariam de um dia inteiro. E, no

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restante do dia, iria atrás de um emprego melhor. Aliás, até hoje eu estou atrás de um emprego melhor. Quem sabe um dia eu acho”, brinca ele numa gravação realizada em 2011. Peter começou a trabalhar na Wheaton em setembro de 1952, meses antes do primeiro frasco de vidro ser produzido, o que só acontece no ano seguinte. E o jovem fez carreira na vidraria. Foi assistente administrativo, chefe de almoxarifado, gerente de contabilidade, gerente de compras e comprador ao mesmo tempo. A rotina era puxada. De manhã, ficava na rua comprando peças, ferramentas e equipamentos necessários para a fábrica (naquela época ninguém entregava nada). De tarde, fazia o caixa da empresa, as fichas dos funcionários e outras tarefas administrativas e, de noite, muitas vezes, ia trabalhar nas máquinas e na produção, para aprender alguma coisa sobre vidro. “Dormi muito aqui na fábrica. Cheguei a ficar 14 dias aqui, sem ir na casa”, contou na mesma gravação.


“Ele era um faz tudo mesmo e acabou virando ‘o cara’ do Frank Wheaton Jr. no Brasil, porque era ele quem o auxiliava e o acompanhava nas suas vindas ao Brasil. Ele virou o homem de confiança do Frank”, conta Peter Gottschalk Jr., filho mais velho e presidente da Wheaton. O esforço compensou e, no final dos anos 1950, foi promovido a diretor da empresa, mandando em tudo. A maioria das pessoas não sabe, mas embora tivesse como dono um norte-americano que também era acionista da Wheaton Industries, gigante do mercado de frascos de vidro para a indústria farmacêutica e de perfumaria nos Estados Unidos, a Wheaton Brasil sempre foi uma companhia brasileira e independente. Era um negócio particular de Frank Wheaton Jr. E assim foi até o início dos anos 1990, quando o empresário americano – que precisava de dinheiro –, depois de várias tentativas de vender a Wheaton, acabou vendendo-a para o seu principal executivo. Apesar de oficialmente a empresa só passar para o controle dos Gottschalk em 1992, a cultura estabelecida na Wheaton Brasil foi forjada por Peter e é a mesma que continua guiando a empresa nos dias de hoje. “Na prática, a Wheaton era do meu pai desde sempre. Porque operacionalmente, era ele que tocou a empresa de fato por todo esse período”, reforça Peter Jr. “E ele era um cara extremamente carismático. Cinco minutos de papo e ele arrancava o que queria de você”, emenda.

A RELAÇÃO COM A PERFUMARIA A Wheaton veio ao Brasil para atender à indústria farmacêutica. E o caminho natural era, na sequência, atender ao mercado de alimentos, que tinha uma dinâmica mais ou menos parecida, de commodities. Ninguém queria saber de lidar com cosméticos na época, que era muito complicado, dava trabalho e tinha volumes bem menores. Só que, nos Estados Unidos, a Avon acabou virando o maior cliente da Wheaton Industries. E quando a gigante da venda direta se estabeleceu no Brasil, Frank mandou uma ordem tão simples quanto clara: “façam tudo o que a Avon quiser”. E foi a Avon que acabou colocando a Wheaton Brasil para pensar

em design, inovação, em perfumaria. Era desafiador. E Peter atendia pessoalmente ao novo cliente. “Toda a estrutura era empurrada para produzir commodities, mas recebemos alguns inputs externos que nos levaram a desenvolver essa expertise muito especial que a perfumaria exige e que não é fácil de ser atendido”, lembra Renato Massara Jr., diretor de Vendas e Marketing e que está há quase 40 anos na empresa. Em meados dos anos 1970, o mercado de perfumes começa a se sofisticar, com empresas como Avon, Christian Grey e a própria Natura ganhando força. Foi aí que Peter enxergou na perfumaria um nicho de negócio nos quais as grandes vidrarias multinacionais não vinham “encher o saco” e acaba direcionando o foco da vidraria para o setor. O que permanece de maneira inabalável até hoje.

O MERCADO EM PRIMEIRO LUGAR “Apesar de não ser a formação dele e nem algo que ele expressava muitas vezes publicamente, meu pai sempre deu uma tremenda importância para o mercado. Sempre foi ‘mercado em primeiro lugar’. É o único lugar de onde sai dinheiro para sustentar a gente”, lembra Peter Jr. A cultura de relacionamento era um grande diferencial da Wheaton e é uma característica da cultura Gottschalk que permanece muito vivo na cultura da companhia ainda hoje, mesmo que a forma como essas relações são estabelecidas hoje em dia tenha mudado demais. “Sempre fomos mais bem relacionados com os clientes do que as outras vidrarias, que subiam no pedestal”, conta. A cultura de atender ao cliente antes de tudo é o que fez com que a relação entre a Wheaton e seus clientes se desse de forma simbiótica, como lembra Renato: “A Avon sempre mandou aqui dentro. A Natura sempre mandou aqui. A Wheaton fazia quase tudo o que esses caras queriam, e sempre fez. Só que ela cobrava por isso. E podia cobrar”, conta o executivo. “O problema de preço sempre existiu, mas em termos de relacionamento... A Wheaton participou da vida de todos esses caras. O Peter foi amigo particular de todos os presidentes da Avon, como foi também do Luis Seabra e do Pedro Passos (sócios da Natura), do Miguel

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Krigsner (de O Boticário)”, emenda. Outra atitude que reflete esse respeito pelo mercado que o empresário tinha era a de que a Wheaton deveria cuidar das empresas jovens e das menores, uma atitude estabelecida lá atrás e que ainda é válida nos dias atuais. “Colocar o mercado em primeiro lugar significa atender não só aos clientes grandões que efetivamente te dão faturamento, mas também cuidar dos caras que estão chegando. Ele sempre lembrava que os grandões também não eram nada. O Boticário era uma farmacinha no centro de Curitiba”, pontua o diretor de Vendas sobre a visão de Peter Gottschalk.

A DÉCADA SOFRIDA Para a economia brasileira, os anos 1980 ficaram conhecidos como a década perdida. Para a Wheaton, entretanto, foram os anos 1990 que se constituíram no período mais crítico e desafiador para a empresa. Justamente os primeiros anos com a empresa sob controle dos Gottschalk de direito. O negócio foi quase que de pai para filho: Peter deu uma entrada e tinha 20 anos para pagar o saldo. A confiança de Wheaton Jr. em Peter era tamanha que a transação foi feito ao contrário. “O Frank passou 100% das ações para o meu pai, que tinha o direito de devolver as ações caso não pagasse alguma prestação”, conta Peter Jr. O negócio foi acertado um pouco antes de o pior momento começar. Na verdade, o mercado ainda estava no auge, ainda não eram permitidas as importações e a fábrica estava bombando. “Aí vem o Collor e abre de uma vez as portas do mercado. Depois, vem o Plano Real e joga a moeda brasileira para oitenta centavos de dólar. Isso é a história das empresas brasileiras”, conta Peter Jr. Com esse cenário, os principais clientes da Wheaton passaram a ter acesso a frascos importados, que chegavam aqui mais barato do que o custo de produção da vidraria brasileira e com um produto muito melhor. “A Wheaton viveu um período crítico por três ou quatro anos porque o mercado que estava na minha frente não quer mais o meu produto e nós não sabíamos fazer o que ele queria. E ainda por cima carregávamos uma imagem ruim, porque mesmo tendo o relacionamento bom com os clientes, você dominava o mercado”, situa Renato Massara. E a


MEMÓRIA Peter Gottschalk situação, que já era crítica, teve o seu ápice com um grande incêndio que acabou com os dois maiores dos quatro fornos da Wheaton. Até o incêndio, mesmo com a situação complicada, os Gottschalk conseguiram se virar e, mais importante, manter o compromisso com Frank Wheaton. Só que com o incêndio, Peter e seu filho, que já estava comandando a empresa junto com o pai, sabiam que não teriam condições de acertar o restante das parcelas. Não naquele momento. Então viajaram aos Estados Unidos para devolver ao empresário norte-americano a participação acionária ainda não paga. Só que também naquele momento, Peter já tinha pagado um valor ligeiramente superior aos 50% das ações, não chegava a 51%. “E o Frank não quis as ações. Disse que como o meu pai já tinha a maioria das ações e que ele confiava nele, que no momento em que as coisas se resolvessem, ele acertasse”, conta Peter Jr. “De 1990 até um pouco antes de 2001, a gente trabalhou para pagar a compra. Não tínhamos um real para investir, e justo no pior momento”, emenda. A última parcela da compra foi liquidada em 2002.

PASSANDO O BASTÃO Segundo o filho mais velho, até 1997, se alguém dissesse para Peter que algo estava difícil de resolver, o próprio empresário se incumbia de dar um jeito no problema. “Ele era um puxador de carroça, e arrastava pelo exemplo. Era assim que ele liderava, fazendo. Não voltava para trás com uma negativa com qualquer coisa”, lembra Júnior. Mas a situação do incêndio acabou sendo também um divisor de águas. Primeiro porque Peter já não era mais o jovem que dormia 14 dias seguidos na fábrica. E, também, porque o empresário já tinha mais apoio, inclusive do primogênito. “Ficamos muito perto de quebrar nesse período. O que nos salvou? Sorte, a maxidesvalorização do câmbio em 1999, e o próprio mercado, que não tinha nenhum interesse que a gente quebrasse”, conta o presidente da Wheaton. Para sobreviver a situação foi preciso fazer muita ginástica, coisas típicas de pequena empresa e que ele fez muito ao longo da sua trajetória na empresa, mas que em 1997, com a Wheaton já gigante, Peter já não tinha mais a habilidade. Ele ficou meio vendido. A em-

AÛANI CUSMA DE PAULA (ESQ.), PETER GOTTSCHALK (CENTRO) E PETER JR. (DIR): comando da Wheaton já está chegando à terceira geração da família Gottschalk.

presa passou a ser administrada por três pessoas: Peter, Júnior e pelo diretor financeiro da empresa, também um veterano. Peter Júnior trabalhou na Wheaton entre 1978 e 1984. E essa primeira passagem foi de um relacionamento tenso. “Eu sempre fui muito ligado no meu pai. Mas a relação era muito ruim. Meu pai é da filosofia de que o cara tem que comer o pão que o Diabo amassou para aprender como é a vida”, diz o filho. E Peter nunca deixou de dizer que a melhor professora do mundo é a necessidade. “Não existe professora melhor que essa”, dizia. “Era a filosofia dele. E comigo era pior. Ele é parcial contra você para provar que é imparcial. Foi difícil e foi o que originou minha saída da primeira vez”, lembra. Foram dez anos fora da empresa, até 1994, quando Peter chama o filho de volta, já numa relação de maior respeito. “Até porque o negócio que eu tinha construído fora deu certo”, reforça. “Tocávamos o negócio a seis mãos até 2001, quando o Schimidt, diretor Financeiro da empresa, ficou muito doente e nunca mais apareceu na empresa. Quando ele saiu, meu pai optou por sair do dia a dia também.” A partir desse momento, Peter passou a atuar mais como um conselheiro. Mas ele nunca deixou de olhar para o negócio. Principalmente para saber da produção, das máquinas. A única rotina enfadonha para ele era a reunião semanal de diretoria. Peter só deixou de ir à Wheaton em 2014.

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RESPEITO PELO FUNCIONÁRIO Outro ponto marcante do empresário é o respeito que ele tinha pelos profissionais da companhia. Mesmo com todos os problemas, a Wheaton sempre foi uma empresa que evita ao máximo cortar gente. “E quando tem que fazer dói e todo mundo sente. Do supervisor ao dono”, corrobora Peter Jr. Ele sempre foi acessível também. Mesmo quando a empresa já contava com milhares de funcionários, a porta dele estava sempre aberta, e qualquer um podia entrar lá na sala dele e conversar. “E as pessoas não só tinham o acesso, como tinham o ouvido dele também”, lembra Renato. Peter nunca escondeu a vontade de que a Wheaton permanecesse como uma empresa familiar. E esse é o caminho que tem sido seguido pela empresa, com respeito e sabedoria pelas novas gerações. “Dentro da sala nós quebrávamos o pau. Mas, fora da sala, ele me respeitava 100%. Nunca desfez uma ordem minha e nem me questionou em púbico”, pontua Peter Jr, que agora está passando o bastão para o seu filho Pedro Gottschalk, marcando o início de um processo de transição para o futuro da vidraria que seu pai não criou, mas que sempre tratou como se fosse dele, mesmo quando ainda não era. “A única falha dele foi viver 100% para a Wheaton, não teve um segundo lazer. Era um monstro do trabalho. A diversão dele era trabalhar”, conclui Júnior.



EVENTO Blogueiras

Papo de pele SEGUNDA EDIÇÃO DO #DEPAPOCOMATUALIDADECOSMÉTICA REUNIU, NOVAMENTE, UM GRANDE NÚMERO DE INFLUENCIADORAS DIGITAIS, QUE APRENDERAM E TIRARAM SUAS DÚVIDAS SOBRE A CATEGORIA DE PELE >>> DA REDAÇÃO

E

m sua segunda edição, #DEPAPOCOMATUALIDADECOSMETICA reuniu as blogueiras para uma tarde dedicada ao conhecimento sobre ativos, ingredientes e peculiaridades das formulações dedicadas aos cuidados com a pele. No último dia 20 de junho, Atualidade Cosmética, em parceria com a

Carla Bianchi Assessoria de Comunicação, realizou a segunda edição do #DEPAPOCOMATUALIDADECOSMETICA. A iniciativa foi criada para estabelecer um diálogo entre as influentes blogueiras de beleza e as empresas que desenvolvem as tecnologias que estão por de trás das formulações cosméticas. O evento funciona como uma via

Patrocínio:

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de mão dupla, ao propiciar às meninas (e meninos) conhecimento técnico de alto nível ao qual eles dificilmente teriam acesso diretamente, já que as próprias marcas não costumam dar muita atenção para a divulgação desse tipo de informação. E o acesso a esse conhecimento técnico é cada vez mais relevante para as blogueiras se manterem relevante, uma vez que em


RICO CONTEÚDO: 48 blogueiras aproveitaram o evento de aprendizado e interação com os patrocinadores.

meio a profusão de blogs que pululam nos últimos anos, a única forma de se manterem relevantes é reforçando a sua reputação entre as suas seguidoras. Isso exige delas a capacidade de serem cada vez mais assertivas nas opiniões que elas emitem acerca dos produtos sobre os quais falam. E o conhecimento técnicos sobre os ingredientes utilizados, é algo complementar a experiência prática que elas estabelecem ao usar os produtos, que permanece sendo o pilar central para determinar sua avaliação sobre eles. Na outra ponta, o #DEPAPOCOMATUALIDADECOSMETICA é uma oportunidade única para que fabricantes de ativos e ingredientes possam interagir com as pessoas que estão falando sobre os produtos que levam os seus ingredientes e, influenciando diretamente o que as consumidoras vão usar em termos de cosméticos.

Se na primeira edição, realizada em março, o foco recaiu sobre a categoria de cabelos, desta vez, todas as atenções foram para a pele. O evento, que teve a empresa de venda direta Racco como marca-madrinha e apresentação das fornecedoras de ativos e ingredientes Dow Corning, Symrise e Innovasell, reuniu 48 blogueiras. A primeira apresentação da tarde foi feita pela gerente de Marketing da Dow/Dow Corning, Gislene Attillio, que falou sobre a ação e o papel dos diferentes tipos de silicone em diversos tipos de formulações para a pele, incluindo proteção solar, hidratação e antienvelhecimento. Na sequência, Júlio Bombonatti, gerente de Marketing da divisão de ingredientes cosméticos da Symrise, apresentou o impacto dos diferentes tipos de raios UV sobre a pele humana, os mecanismos de funcionamento dos filtros solares, os diferentes tipos e como é desenvol-

Realização:

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vida uma formulação capaz de garantir proteção eficaz aliada a um sensorial agradável ao toque. Após um breve intervalo no qual as blogueiras puderam interagir com as empresas participantes, a Racco apresentou o seu portfólio de produtos para a pele. A gerente de Marketing da empresa, Nicole Rauen, fez uma demonstração de seus produtos, ao vivo, para que as blogueiras entendessem a ação e a importância dos ativos escolhidos para serem usados em cada produto da marca. Finalizando o evento, a gerente Técnica da Innovasell, Silvana Azzellini, abordou os ônus que a vida urbana acarreta à saúde da pele, como a exposição ao sol e os danos da poluição aos poros. Ela explicou da necessidade de um tratamento de detox eficaz para a pele e abordou os tipos de tecnologias mais atuais para formular produtos com essa finalidade.

Parceria:

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Cor e pele Em Minas Gerais, o Atualidade Cosmética Workshop buscou mostrar as novidades em tecnologias inovadoras e as oportunidades nos canais de venda para as categorias: Pele e Maquiagem >>> Da Redação

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Atualidade Cosmética Workshop chegou pela segunda vez a Minas Gerais. Em um evento para conferir as novidades em tecnologias inovadoras e as oportunidades nos canais de venda para as categorias de Pele e Maquiagem, a Cusman, com patrocínio da Galena Industrial, reuniu no Senac-MG, em Belo Horizonte, uma série de especialistas, além de representantes importantes da indústria e do varejo local. De cara, Rodrigo Kurata, gerente de Marketing da IMS Health, exaltou “o momento e as oportunidades para a indústria de beleza no canal farma”, fazendo uma leitura mais aprofundada deste canal e sua representatividade para a categoria. Abordando “Bioativos para maquiagens funcionais”, Gabriel Diogo, analista Técnico da Galena, apresentou para o público uma série de ingredientes multifuncionais que podem ser utilizados tanto em fórmulas de produtos para a pele quanto em aplicações de maquiagem. No primeiro Painel do dia, profissionais da indústria trataram de “Canais de venda alternativos como novas fontes de

crescimento”. Nesta roda de debate estavam Célia Anrelink, gerente de Produtos da L’acqua di Fiori; Regina Sell da Silva, diretora da Empória Cosméticos; e Ludmila Bonelli, BeBelli Cosméticos. Um dos pontos levantados foi a exigência de expertise que os novos canais exigem das empresas e que é preciso contatr com o apoio de especialistas e ter clareza de como enfrentar eventuais conflitos entre os canais. Por fim, mais uma vez, as influenciadoras digitais entraram em cena. O último painel do evento teve como objetivo debater “Como as blogueiras estão influenciando os hábitos e atitudes no uso dos produtos de pele e maquiagem”. Sendo assim, as convidadas Alessandra Farla, da Alessandra Faria Estilo e Maquiagem; Tami Halabi, do Blog Tami Halabi; e Aninha Pereira, do Blog Aninha Pereira MakeUp, foram as responsáveis por discutir acerca do tema, falando das demandas mais frequentes das suas seguidoras e de como fazem para ajudá-las a partir das suas experiências, sem se esquecer de deixar claro que o que lhes serviu bem, podem funcionar para todas elas. Uma questão obvia, mas bastante relavante de ser reforçada nos dias de hoje.

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Força local Seguindo em solo mineiro, o Atualidade Cosmética Workshop debateu a mais importante categoria do mercado de Minas Gerais: Cabelos >>> Da Redação

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ara a indústria de Minas Gerais, não existe categoria mais relevante do que a de cabelos. E esse foi o tema do Atualidade Cosmética na capital mineira. Com patrocínio da Citratus Fragrances e apoio da Galena Industrial, grandes especialistas e atores da indústria local estiveram presentes ao Senac-MG. A primeira apresentação da tarde foi a Ana Paula Inoue, diretora da DirectBiz. A especialista em canais de venda escolheu o tema “Omnichannel, multicanal, venda direta, e-commerce, tendências, desafios e oportunidades na busca por novos canais de vendas” para falar. Ela tratou da evolução dos modelos de venda direta ao longo dos anos e apresentou casos de sucesso na criação de canais alternativos de venda para marcas tradicionais no varejo, como a Embelleze. Depois dela, a analista de Marketing Flávia Lima e a avaliadora Cristina Bernardes, ambas da Citratus Fragrances, apresentaram a tendência que vem da gastronomia para os produtos capilares. Os “Bioativos para produtos capilares”, foi o assunto que Gabriel Diogo, analista Técnico da Galena, trouxe para os convidados novidades em ingredientes mutifuncionais

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de origem natural, especialmente a Aveia. Na sequência do evento, um bate papo com Fábio Florence, diretor Comercial da Aneethum, focou nos desafios da operação no mercado profissional, que tem enfrentado desafios como lidar com a distribuição não autorizada em sites de e-commerce, ao mesmo tempo em que busca mecanismos para não ficar de fora desse canal impotantissimo, sem, entretanto, melindrar os profissionais de beleza. E, no último painel deste Atualidade Cosmética Workshop, a discussão foi em torno de “Como atender aos novos anseios do consumidor e equilibrar a gestão dos espaços e dos estoques dos PDV’s”. Para este bate, foram chamados Guilherme Dicosi, do Blog Dicosi; Rodrigo Pacheco Freitas, Marketing da Kanechom; e Rony Anderson de Andrade, presidente da Droga Norte. O varejista lembrou que as lojas acabam tendo de fazer escolhas na montagem do seu mix, tanto por conta de limitações de espaço quanto pela necessidade de ter produtos que girem com mais rapidez e facilidade nos pontos de venda. Isso acaba limitando o espaço para atender demandas de grupos mais específicos de consumidores.

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Jornada tripla Para discutir tendências, novidades e oportunidades de crescimento em Pele, Maquiagem e Perfumaria, o Atualidade Cosmética Workshop aterrisou em Goiânia >>> Da Redação

A

jornada do Atualidade Cosmética Workshop pelo Brasil chegou, pela primeira vez, a Goiás. E, no coração do País, o evento procurou reunir o mercado de beleza goiano para abordar tendências, novidades e oportunidades de crescimento, de uma vez só, de três importantes categorias: Pele, Maquiagem e Perfumaria. Com patrocínio da casa de fragrâncias Cramer e apoio da empresa de amostragem e embalagens Adhespack, o WAC promoveu no Hotel Blue Tree Premium Goiânia o encontro entre diversos representantes da indústria local e especialistas nessas categorias. Para iniciar ilustrando o cenário, Rodrigo Kurata, gerente de Marketing da IMS Health, abordou “O momento e as oportunidades para a indústria de beleza no canal farma”. Ele trouxe uma visão atual do mercado de cosméticos nas drogarias, falando do arrefecimento de categorias importantes, como os dermocosmétivos, que só cresceram grasças a amento de preços. Ele também demonstrou com bases em estudos da IMS para produtos farmacêuticos que na estratégia de execução de lançamento, em geral o sucesso do produto é quase sempre determinado pela performance do produto nos seis primeiros meses de vida do novo item. Por isso a estratégia precisa ser muito bem executada. Na sequência, Chris Fonseca, responsável pelo Marketing e Fragrâncias da Cramer, apresentou as “Tendências da perfumaria moderna no mundo e no Brasil”. Na sua palestra, a exe-

cutivas da casa de fragrância abordou a evolução dos consumidores pelas diferentes gerações, com criações olfativas pensada inspiradas e pensadas para atender aos diferentes perfis de consumo das diferentes gerações de consumidores. O primeiro painel do evento, “Maquiagem e perfumaria: enquanto uma puxa o crescimento da indústria goaiana a outra recebe atenção para alcançar todo o seu potencial”, contou com a participação de Joyce Silva Barbosa, Marketing de produto da Abelha Rainha, Beatriz Bernardes, da Odorata e de Rodrigo Utida, diretor Comercial da Natubelly Cosméticos. Na discussão, eles trataram das estratégias de diferenciação para suas marcas. E de como elas estão usando a maquiagem para alavancar a inovação no portfólio. Na sequência, o varejo e a indústria entraram em pauta, para que as “Oportunidades de crescimento por meio de um trabalho conjunto e estruturado entre os agentes locais das cadeias”. O presidente do Grupo Nutriex, Leonardo Rezende,disse que não entende o motico de restrições às marcas locais por consumidores e lojistas. Ele também pontuou que uma maior organização entre as empresas do próprio estado poderia facilitar as condições de abastecimento das empresas, que poderiam comprar certos itens de forma conjunta, ou mesmo aproveitar estoques não utilizados de embalagem, por exemplo, de outras empresas, formando um circulo virtuoso no qual uma empresa pode ajudar a outra e ajudar a si mesma.

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Fios de Goiás

Ainda na capital goiana, especialistas e atores da indústria abordaram no Atualidade Cosmética Worlhsop a mais importante categoria do mercado de cosméticos brasileiro: Cabelos >>> Da Redação

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eguindo sua trajetória por Goiânia, o Atualidade Cosmética Workshop reservou um período do dia para tratar da categoria de Cabelos, desta vez com patrocínio da Citratus Fragrances e da fabricante de pumps & dispensers Aptar Beauty + Home, além do apoio da Adhespack. grandes especialistas e atores da indústria e do varejo debateram a categoria. No início do evento, Ana Paula Inoue, diretora da Direct Biz, abordou o tema: “Omnichannel, multicanal, venda direta, e-commerce, tendências, desafios e oportunidades na busca por novos canais de venda”. Num mercado composto majoritariamente por empresas de venda direta, a especialista apresentou os desafios que as empresas enfrentam para evoluir com o seu modelo de vendas e acessar os consumidores em diferentes canais sem abrir mão da coerência da marca e das relações construídas no seu canal original.

Pouco depois, a analista de Marketing Flávia Lima e a avaliadora Cristina Bernardes, da Citratus, mostraram como a gastronomia e os alimentos têm influenciado o mercado de produtos capilares. Durante a apresentação, além de dados de mercado e referências gloabais em produtos, as duas apresentaram criações próprias alinhadas com essa tendencia. A outra patrocinadora desta edição do WAC, a Aptar, levou sua analista de Marketing, Mayara Caetano, para apresentar as diferentes soluções de dispensação de produtos para os cabelos oferecidos pela Aptar, que tem feito um trabalho importante de chegar com sua tecnologia a mercados ainda pouco atendidos pela empresa, oferecendo produtos que ajudam na diferencião das marcas e na melhoria de performance da aplicação. O diretor da Adhespack, Daniel Almeida, levou para Goiânia as soluções de amostragem desenvolvidas pela Adhespack, além de

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mostrar a nova estrutura do grupo, que agora atua também no segmento de cartuchos e na terceirização de cosméticos. Na reta final do evento os painéis tomaram conta da programação. O primeiro debateu a “Premiumnização na era da crise: como este conceito vencedor ainda representa melhor opção para a indústria local” e contou com as participações de Luciana Abalém, gerente Comercial e Marketing da Suave Fragrance e do presidente da Citratus Harry Rentel, que discutiram sobre como a melhoria da qualidade ofertada aos consumidores é a única alternativa para as empresas locais avançarem frente à concorrência, uma vez que os consumidores não abrem mão de performance, embora também não queiram pagar muito mais pelos produtos. Fechando com chave de ouro o evento, Ao Atualidade Cosmérica Workshop trouxe para a conversa as influenciadoras digitais. Foram convidadas para o Painel “Como as blgueiras estão influenciando os hábitos e mudando a forma como a indústria desenvolve novos produtos para os cabelos” Vine Moraes, do Blog Vine Moraes; Natalia Limiro, do Blog Sonho de Meninas; e Yanka, do blog Yanka Vaz Elas revelaram que embora até busquem, a relação delas com as marcas locais ainda é muito limitada. Especilamente pela falta de estrutura (e, porque nã, de visão) para atender de maneira adequada aos questionamentos e demandas delas, algo que poderia contribuir para fortalecer as marcas locais.


EVENTO FCE Cosmetique

Mercado reunido REALIZADA NO FINAL DE MAIO, EM SÃO PAULO, A FCE COSMETIQUE REUNIU O MERCADO DA BELEZA PARA O LANÇAMENTO DE NOVAS TECNOLOGIAS E SERVIÇOS, ALÉM TRAZER PARALELAMENTE O CONGRESSO BRASILEIRO DE COSMETOLOGIA, PROMOVENDO NOVIDADES E DISCUSSÕES RELEVANTES >>> DA REDAÇÃO PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA

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rincipal plataforma de negócios do setor de cosméticos da América Latina e abrangendo todas as etapas no desenvolvimento e produção de cosméticos, a FCE Cosmetique deste ano colheu os frutos do novo local de exposição – o São Paulo Expo – e cumpriu sua missão. Foram três dias de muito relacionamento profissional, além de conteúdo qualificado para expositores e visitantes com palestras de profissionais de renome, inclusive internacional. Paralelo ao evento, aconteceu mais uma edição do Congresso Brasileiro de Cosmetologia, promovido pela ABC – Associação Brasileira de Cosmetologia, tradicional parceira da FCE Cosmetique. Um direcionamento muito importante também sobre a feira é a exposição e lançamento de novas matérias-primas e ativos, quase que simultaneamente no Brasil e no mundo. Isso mostra que o mercado brasileiro, apesar do momento difícil pelo qual passamos, ainda segue como um dos mais importantes mundialmente. “Neste ano, a feira cumpriu com seus objetivos: trazer inovação, proporcionar relacionamentos, gerar novos negócios e atualização”, afirma Alberto Keidi Kurebayashi, Farmacêutico-Bioquímico e presidente da Protocolo Consultoria Personal e Health Care. “Os grandes diferenciais estão em proporcionar num só espaço o contato com todos os fornecedores da cadeia produtiva e ter, simultaneamente com outros eventos, lançamentos de ativos e matérias-primas”, completa. O grande efeito, principalmente desse

NOVO LOCAL: edição deste ano estreou no São Paulo Expo.

segundo aspecto, é uma maior competitividade de mercado para o País devido à junção da criatividade inata do brasileiro com ingredientes de última geração. No primeiro dia de evento, após uma cerimônia de abertura que contou com a presença do governador Geraldo Alckmin, a Arena do Conhecimento começou a todo vapor. Lena Peron, idealizadora da Feito Brasil, participou do painel “Sustentabilidade além do marketing” e apresentou os valores que fazem da Feito uma das empresas de cosméticos mais instigantes no mercado. “Como indústria, não devemos mostrar sustentabilidade somente no que é divulgado ao mercado, mas também em nossas práticas internas, na relação com funcionários e com nós mesmos”, declarou ela. “A feito brasil foi criada em torno da minha família, com

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meu marido e meus filhos. Entre nossos valores está o processo artesanal, algo que não é simples quando se pretende uma escala industrial, mas é o que devemos fazer se quisermos mudar a lógica do mercado”, completou.

É PARA FRENTE QUE SE ANDA Dito já anteriormente, a inovação é uma das partes principais da feira, uma vez que oferece todos as novidades da indústria quase que em primeira mão para o Brasil e sem chegar atrás de outros países no quesito de novidade, importante para que empresas e marcas nacionais se mantenham competitivas globalmente. Entre as novidades apresentadas, o vice-presidente da Associação Brasileira de Cosmetologia, Jadir Nunes, professor doutor em Cosmetologia destacou o conceito Urban


Beauty, apresentado pela Aqia. “O interessante dele é fazer relação do envelhecimento da pele para pessoas que vivem em cidades poluídas, como São Paulo. São ativos que prevenirão e reverterão danos pelas agressões do ambiente e poluição”. O segundo destaque apontado por Jadir foi o Collalift 18, um anti-aging da Basf que aumenta a síntese de colágeno da pele, dando mais firmeza e elasticidade ao órgão. O terceiro ativo apontado por Jadir é produzido pela Chemyunion, o Biolumitá, um clareador da pele, próprio para remoção de manchas. “Fazia tempo que não aparecia um ativo novo com essa função. Isso interessa para vários nichos diferentes, como produtos para mãos para idosos e gestantes com problemas de manchas”, aponta. Um último ingrediente que chamou a atenção do cosmetologista foi o Ronastar Frozen Jewel, produzido pela Merck. Trata-se de um pigmento de alto brilho para maquiagens, “com um conceito mais lúdico, ligado à moda e tendência de maior brilho nas maquiagens”.

LUXO EM PAUTA Durante o segundo dia, no 30º Congresso Brasileiro de Cosmetologia, aconteceu a palestra: “Inovação para o Mercado de Luxo” e contou com a participação de Amy Wyatt, vice-presidente de pesquisa e inovação da Chanel. A marca francesa é conhecida há mais de cem anos por sempre estar atualizada e ditar o que é tendência no mercado de luxo global através de um estudo intenso do consumidor para poderem enriquecer e adicionar novos itens ao seu extenso portfólio, que abrange desde bolsas até maquiagens e cosméticos. “Em média, demoramos dois anos para lançar um produto. Tempo acima da média do mercado, porque além de único, queremos que o produto seja perfeito”, afirmou Amy. A executiva também enfatizou a importância do luxo se tornar mais acessível, integrando o perfil do consumidor atual, integrando o papel do criador de tendências e mídias digitais. Além dessa proposta, a vice-presidente também afirma que, principalmente no mercado em que está, prestar atenção nos outros também é essencial. “Na nossa estratégia de inovação também contamos com a concorrência. Trocamos tecnologia, mas construímos de maneira diferente”, completou.

DISPUTADA: além das palestras, as visitas aos stands também sempre movimentam o público.

JOVENS PEDEM PASSAGEM Outra grande empresa que marcou presença no Congresso foi a Estée Lauder, dona das marcas MAC, Smashbox, Ermnegildo Zegna e DKNY, representada por Larissa Messias, diretora de Recursos Humanos para o Brasil. Em sua palestra, a diretora fez questão de evidenciar o forte potencial de crescimento no mercado na direção das gerações mais jovens, os millennials. Porém, existem alguns aspectos a se manter atento, não é uma categoria de consumidor fácil de agradar. “O consumidor quer cada vez mais edições limitadas, serviços e produtos que ainda não foram lançados no mercado de massa. É como um clube dentro de um clube. Enquanto que a classe média, que antes nem entrava em nossas lojas, hoje já conhece os nossos produtos”, afirma Larissa sobre a mudança dos perfis de consumidor. O que antes era valorizado, hoje talvez não seja mais o único foco. Sabe-se que o público mais jovem, hoje tão acostumado com compras online, quer uma loja que seja congruente à expectativa dele. “34% da população brasileira é composta por esse público que valoriza mais a experiência do que a posse”, evidenciando as possibilidades de expansão quando é adotado esse tipo de conceito pelas marcas. Para a diretora, a massificação hoje deixou de ser um ponto positivo e se tornou um ponto que o consumidor mais jovem se afasta terminantemente. “Quem entra em uma loja da MAC e deseja aprender como a Kim Kardashian se maqueia, vai ter esse atendimento. Quem quiser apenas olhar os produtos, também se sentir à vontade para isso”, aponta a diretora a respeito da

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importância do treinamento adequado dos próprios atendentes visando uma experiência mais personalizada.

COOPERAÇÃO E OTIMISMO Outro destaque da FCE foi um estande conceitual para os visitantes da feira. A iniciativa Sinta o Otimismo foi uma cocriação da feira foi idealizada pela Cendegres e contou com a participação de Firmenich, Antilhas, Coster Packaging, Wheaton e Lipson. As envolvidas prepararam uma experiência olfativa em um estande interativo, onde são apresentadas quatro essências – cada uma acompanhada com imagens -, fazendo referências aos sentimenso de alegria, amor, aconchego e liberdade. Durante a interação, as características das fragrâncias são explicadas e suas escolhas justificadas de acordo com o sentimento que visam significar, incentivando uma reflexão a respeito de cada um. Ao final, o participante é presentado com uma única essência, a do Otimismo, que é composta pelas quatro notas de cada sentimento. “Como designers, nosso trabalho é emocional. Envolvemos talentos diferentes para proporcionar uma experiência com essa característica para o visitante. Independente dos fatos, os brasileiros têm uma energia muito alegre e otimista. Por isso escolhemos esse tema para ação, reforçar essa característica”, comentou Élie Papeirnik, CEO da Centdegres. “Caiu muito bem no momento atual que estamos vivendo já que todos estão precisando de otimismo”, completou Luciana Faria, consultora de cosméticos da Natura, a respeito da necessidade do evento para o momento que o País vive hoje.


por Gabriel Oda

O CHEIRO DO HOMEM O QUE ACONTECE QUANDO UM RENOMADO ESTILISTA LEVA SEUS TALENTOS E VISÕES NA CONFECÇÃO DE ROUPAS PARA OS PERFUMES MASCULINOS? O POUR HOMME, DE PACO RABANNE, RESPONDE, SE MARCANDO NO IMAGINÁRIO DO MERCADO COM NOTAS CHAVES PARA O AROMA DO HOMEM CONTEMPORÂNEO

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ual o cheiro do homem? Um questionamento forte que sempre será feito com o passar dos anos uma vez que o gosto do consumidor está em constante mudança. O que transparece a personalidade masculina através de cheiros, ao mesmo tempo que deve transmitir robustez e firmeza, deve também possuir notas suaves de fundo, cheiros que devem também intrigar, instigar o usuário do perfume. Além de robusto e instigante, o homem é ousado e viril. A dualidade marca um homem moderno, firme e sedutor. O estilista Paco Rabanne, renomado por seus pensamentos à frente de seu tempo com relação às roupas que desenhava e conhecido por utilizar materiais não convencionais em suas confecções, levou seu estilo inovador para o mercado dos perfumes. Em um trabalho conjunto com o perfumista Jean Martel, que trabalha atualmente pela Givaudan, o espanhol radicado na França criou o que viria a ser um dos fougères mais clássicos e influentes da perfumaria: o Pour Homme. Para entendermos o quão marcante foi esse eau de toilette, precisamos entender o que são os chamados fougères, termo em francês que significa literalmente samambaia. O termo se popularizou com um perfume chamado Fougère Royale, do francês Paul Parquet, dono da casa de fragrâncias Houbigant, em 1882. A partir daí estabeleceu-se a categoria fougères, perfumes tradicionalmente masculinos com toques cítricos e arborizados, estabeleceu-se como o principal cheiro masculino do mercado, com diversos perfumes e loções feitos seguindo essa linha. O Pour Homme não

foi diferente, muito pelo contrário. O perfume foi lançado em 1973, trazendo os conceitos de aromas masculinos tão fixados no imaginário do mercado como o cheiro do homem contemporâneo, tendo outros produtos sendo lançados baseados em sua composição olfativa. As notas de topo evidenciam toda seu toque cítrico com a presença da bergamota e limão, também entrando com uma lavanda arredondada que remete – mesmo que remotamente – aos cheiros comuns em sabonetes, porém não possui notas mentoladas ou muito incisivas, muito comuns nos perfumes fougères. Em seu meio, a fragrância traz um tom verde mais escuro com o alecrim e cominho, além da canela marcando sua presença de forma discreta, ainda que importante para a composição do cheiro. Por fim, o Pour Homme transita da lavanda em seu topo até a sua base com musgo de carvalho e tabaco, trazendo tons amadeirados e fortes, ressaltando a robustez que um cheiro masculino necessita sem abrir mão de suas notas mais suaves. O Pour Homme não foi o primeiro perfume do estilista, mas isso não significa que tenha sido um marco em sua carreira. O fougère representou uma exploração de Paco Rabanne pelo gênero masculino dos perfumes, buscando casar tanto a tradicionalidade já estabelecida do “cheiro de homem” quanto seu hábito de fugir dos padrões, mesmo que discretamente nesta vez, mas não menos marcante.

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