Ano: 24/2017 • R$ 40,00
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mercado Seis consultorias apontam suas previsões e tendências para o mercado de beleza brasileiro em 2017
CATEgorIAs Para os homens de barba, os cuidados ganham novos e exclusivos aliados
O mercado global de hair care vive uma onda de aquisições
varejo de beleza: direto de Nova Iorque, os insights que chamaram a atenção dos lojistas
Patrocínio Diamante
Patrocínio Ouro
2017. Ano da diversidade. Desde 1993, o Prêmio Atualidade Cosmética valoriza e reconhece a diversidade do mercado de beleza. Empresas de diversos portes, com propostas e posicionamentos diversos, inovações e ideias únicas, que são pensadas e executadas por pessoas especiais, como você. Das maiores multinacionais às jovens startups, todos estão no Prêmio Atualidade Cosmética. É essa diversidade que garante a nossa riqueza e faz da premiação a mais representativa, abrangente e tradicional do nosso setor. Sobre diversidade de gênero, cor, credo... Bem, disso a gente nem precisa falar. Afinal, ela está no nosso DNA. Celebre a diversidade com a gente. 7 de novembro, no Teatro Bradesco, em São Paulo.
Patrocínio Prata
Iniciativa
Realização
12.
52.
A visão de seis consultorias a respeito do que esperar de 2017, sob diferentes perspectivas, em distintos segmentos.
Depois de ser adquirida pela Beauty Franchising, Água de Cheiro tenta recuperar seu prestígio no mercado.
MERCADO EXPECTATIVAS
NEGÓCIOS AQUISIÇÃO
26.
54.
CATEGORIA CABELOS
NEGÓCIOS investimentos
#153
Este ano também deve ser forte em termos de operações de aquisições dentro da categoria de haircare.
32.
BARBA
A Isan está investindo R$ 20 milhões numa nova fábrica para apoiar seu crescimento futuro.
56.
CATEGORIA
Os barbudos vêm ganhando cada vez mais atenção por parte da indústria, que entendeu a necessidade de cuidados específicos.
NEGÓCIOS estratégia
A italiana Kiko Milano e o desafio de executar o seu bem-sucedido modelo de negócios aqui no Brasil.
58.
38.
NEGÓCIOS estratégia
tendÊncias sem gÊnero
A colunista Marselha Tinelli fala da era do Genderless no mercado de beleza
A Lubrizol investiu pesado para ter uma estrutura robusta aqui no Brasil. Agora, a empresa quer capitalizar em cima dela.
40.
60.
focus group máscara para cílios
A opinião das consumidoras sobre esse item cada vez mais apreciado pelas usuárias de maquiagem.
46.
CANAL VAREJO ESPECIALIZADO
Após visitarem a NRF, em Nova Iorque, donos de perfumarias contam o que pretendem aplicar em suas lojas.
Atualidade COSMÉTICA
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INOVAÇÃO ENTREVISTA
Sonia Corazza discorre sobre a homérica pesquisa “Graus e curvatura capilar no Brasil”, comprovando a enorme diversidade de fios existente.
editorial _____________ 06 painel _______________ 08 express ______________ 36 clássicos da perfumaria _ 66
# 153 | jan/fev 2017
EDITORIAL
Melhoria a conta-gotas alguns indicadores do mercado sinalizam uma ligeira melhoria. Mas convém não se enganar: precisaremos correr muito até reencontrar a rota do crescimento
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015 foi um ano ruim. 2016 então foi terrível. E o que esperar de 2017? Voltando dois anos no tempo, a expectativa de boa parte do empresariado era que até meados de 2016 a economia voltaria a apresentar ao menos um leve crescimento. (NE.: o presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaumm, foi um dos raros empresários à época a dizer, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, que não só 2015, mas 2016 também seria um ano perdido). De volta ao presente, a verdade é que 2017 ainda se apresenta como um longo e escuro túnel a ser percorrido até que seja possível enxergar luz de fato. Mas, diferentemente dos outros dois anos, é possível perceber ao menos o brilho de alguns raios de luz tentando guiar o caminho dos Bravos. Indicadores de institutos de pesquisa, como Kantar Worldpanel e Nielsen, apontam para uma leve reversão na tendência de queda de volume de vendas, que abateu categorias de maior valor agregado como Maquiagem e Perfumaria duramente no período. Entretanto, a penetração de muitas categorias nos lares brasileiros ainda está em níveis bem mais baixos do que os de 2014. Recuperar esses lares vai demandar um grande esforço da indústria nos próximos anos. Já no canal farma, um dos drivers de crescimento do mercado de beleza desde o início da década, as vendas da “estrelada” categoria de dermocosméticos, um negócio que gera vendas de R$ 3 bilhões e que alavancou a presença do setor no canal com seus produtos de altíssimo valor agregado, viu o volume de itens comercializados ficar estagnado, de acordo com os dados do IMS Health, instituto de pesquisa que audita as vendas deste canal. Por outro lado, o mesmo IMS aponta para o avanço das categorias de beleza de mass market, como shampoos e desodorantes, nas farmácias. Em larga medida, essas movimentações – mesmo as mais positivas – refletem uma realidade inexorável: nós, brasileiros, estamos mais pobres. Só que continuamos sendo brasileiros, e gostamos e queremos muito voltar a consumir. Saber disso é um alento. Mas é preciso muito cuidado para não se buscar as soluções mais fáceis e que talvez fos-
fundador: José Luiz de Paula Jr. editor e Publisher: Aûani Cusma de Paula
sem as mais óbvias dez, 15 anos atrás. Pelo contrário, mais educado e recém-acostumado com um padrão de consumo mais elevado, ficará mais difícil de convencer este consumidor “empobrecido” a escolher o seu produto como destino do seu esparso dinheirinho. Encontrar o equilíbrio entre atender aos anseios por produtos de beleza que consigam oferecer um padrão de qualidade percebido como bom (no mínimo) e que, naturalmente, demanda um investimento em matérias-primas e embalagens considerável, é o grande desafio que se coloca para a indústria e o varejo de beleza. Por isso, acreditar que a única (ou a melhor) saída para voltar a crescer é oferecer apenas um produto de preço baixo, mais do que um erro, pode representar o fim da empresa. O fato de estar com menos dinheiro (e com uma vontade enorme de comprar) não quer dizer que os consumidores sairão por aí comprando qualquer coisa só porque é mais barato. O consumidor quer encontrar os mesmos produtos que consumia, ou de qualidade bastante próxima, por menos. Talvez o mercado precise se desdobrar para conseguir oferecer produtos de qualidade pelos preços que costuma praticar como promoção em momentos mais difíceis. Certamente isso vai pressionar as margens das empresas e de toda a cadeia de abastecimento do setor. Mas, talvez essa seja uma nova realidade com a qual precisaremos nos acostumar e encontrar meios para avançar e crescer nesse novo cenário. Outro desafio para as empresas será o de desenvolver categorias, produtos e marcas com posicionamentos únicos e ainda pouco explorados pelo mercado, tanto do ponto de vista de tecnologia como de marketing; buscar mais eficiência nas operações e encontrar canais de venda alternativos que permitam achar um novo equilíbrio entre investimentos, crescimento, margem e encontrar mais rapidamente a luz no fim do túnel. E não vale querer vender lenço, porque mesmo com tanto gente chorando, este é um mercado já bastante saturado. Boa leitura!
editor-assistente: RAFAEL mendonça (rafael@cusmaneditora.com.br)
(lauton@cusmaneditora.com.br) Daryus felisbino (daryus@cusmaneditora.com.br)
repórter: gabriel oda (gabriel@cosmeticanews.com.br)
impressão: serzegraf
Gerente da marca: Jenifer vieira (jenifervieira@cusmaneditora.com.br)
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executivos de vendas: Wanessa de Souza (wanessa@cusmaneditora.com.br) eufrazio lauton
Atualidade COSMÉTICA
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# 115 | SET-OUT 2010
Administração e Redação Rua Dom Duarte Leopoldo, 678 Cambuci CEP 01542-000 SP – Brasil Para anunciar, ligue: (11) 3392-2584
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painel breno e caroline, na fábrica da souvie: empresa lança sua terceira linha com pelo menos 95% de ingredientes orgânicos.
Beleza natural
O
mercado, onde há diversas marcas de grande expressão mundial trazendo produtos com menor impacto ambiental e menos agressivos ao consumidor, porém também nota-se que são poucas as marcas que chegam no mesmo patamar ou que sejam também licenciados pela certificadora internacional Ecocert Organics. Agora, em 2017, a Souvie está lançando sua terceira linha, a SER+. Ela leva a um novo passo o caráter orgânico da marca, em que todos os produtos são veganos e possuem suas formulações, no mínimo, 95% orgânicas. Essa nova linha, além dos produtos para a pele, traz um shampoo e um condicionador para que os cuidados naturais sejam estendidos para os cabelos, além da presença de um creme específico para mãos e um hidratante facial noturno desenvolvido para promover efeitos contra os sinais de envelhecimento. A linha também possui um mousse de limpeza facial com a presença de lemongrass em sua formulação, que dá um toque refrescante à pele, um sérum hidratante noturno que complementa o efeito do creme anti-idade, uma loção hidratante e um óleo vegetal, ambos para o corpo. Todos eles são livres de parabenos e petrolatos, ingredientes causadores de irritações e agressivos à pele.
conceito de ‘cosméticos orgânicos’ ainda é pouco difundido no Brasil, atendendo somente a um nicho de consumidores que procuram os produtos verdes. O consumidor brasileiro convencional não vai às compras procurando um produto especificamente natural, que não possui grandes adições químicas ou ativos artificiais que, a longo prazo, poderão prejudicar sua saúde. Os aditivos artificiais como o petrolato, por exemplo, alteram o funcionamento do nosso corpo e impactam diretamente nas nossas vidas. Porém, quando Caroline Villar, na época de Páscoa, começou a produzir sabonetes para que servissem de presentes em vez de chocolates, já que era alérgica, seu marido, Breno Bittencourt Jorge, se interessou muito por esses sabonetes, por proporcionarem uma sensação boa na pele e um agradável aroma. Juntos, começaram a pesquisar diferentes formulações e buscavam sempre manter essas fórmulas o mais orgânicas possíveis. Entre 2009, quando os primeiros sabonetes foram produzidos artesanalmente por Caroline e nasceu a marca Souvie, e 2015 – ano de início das atividades no Brasil, com a instalação de uma fábrica em Itupeva, no interior de São Paulo –, a marca desenvolveu suas primeiras linhas: Gestante e Recém-nascido, com produtos orgânicos e que procuram nutrir a pele em vez de criar uma camada protetora sobre ela, já que não são agressivos a esses tipos de peles frágeis e que necessitam de cuidados diferenciados. Vale ressaltar que o conceito ‘orgânico’ não é algo necessariamente novo no Atualidade COSMÉTICA
Errata (Atualidade Cosmética 152) Na edição 152, na nota da seção Painel com o título “Reforço Profissional”, que aborda a aquisição da marca Living Proof pela Unilever, a informação de que “Não há nenhuma previsão de vinda da marca para o Brasil” está incorreta. Na verdade, a marca já era distribuída no País desde 2014 pela importadora Imbel Profissional.
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painel A atriz helen mirren, em CAMPANHA dE L’ORÉAL PARIS: a indústria cosmética ainda engatinha no atendimento e na comunicação com às mulheres maduras.
bonita pRA TODA A VIDA
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Brasil está envelhecendo. As pessoas com mais de 60 anos vão ser 1/3 da população brasileira em 2050, de acordo comdados do IBGE. Essa é a faixa etária que também mais cresceu na última década. E isso representa uma oportunidade e tanto para a indústria de beleza. Uma pesquisa realizada pela empresa de pesquisa Reds, com 382 mulheres, apontou que 83% delas acham que a beleza é importante, mas somente 44% estão satisfeitas com sua aparência. “O mercado, embora comece a perceber sua importância, ainda está engatinhando na forma de comunicar-se e conectar-se com esse público, pois os estereótipos não definem mais estas mulheres, sedentas por ofertas de produtos voltados para suas especificidades, mas que não as reduzam simplesmente a mulheres de terceira idade”, ressalta Karina Milaré, diretora da Reds. De acordo com a pesquisa “Beleza na Melhor Idade”, das 56% das entrevistadas que não estão satisfeitas com a aparência, o rosto, com 50% e o cabelo, com 43%, são as partes do corpo com as quais elas mais se preocupam. Dentro da divisão demográfica as entrevistadas da Classe A e a região Sul ficam mais apreensivas com o rosto, enquanto a classe C e as outras regiões do país se preocupam mais com os cabelos. O uso de produtos de higiene pessoal e beleza é o principal hábito para cuidar da aparência adotado pelas entrevistadas, com 78%. Na sequência, vem manter alimentação equilibrada, com 55%, realizar procedimentos nos cabelos e frequentar manicure, ambos com 43%. A aderência a produtos específicos para mulheres acima de 60 anos também é grande, de 64%, com 9 em cada 10 considerando importante ter produtos cosméticos específicos para sua idade. Apesar disso, apenas 6 em cada 10 entrevistadas acreditam que esses produtos são melhores ou muito melhores que os produtos cosméticos em geral. Atualidade COSMÉTICA
Das entrevistadas que fazem algum tipo de procedimento no cabelo, 84% fazem tintura/coloração e 77% hidratação/massagem nos cabelos. No cabelo, os fios brancos e a queda são as maiores preocupações. Contudo, outros problemas como ressecamento, frizz e fios danificados também incomodam as mulheres maduras. Para as 10% de mulheres que fazem tratamentos corporais, 55% fazem massagem relaxante, enquanto outras 50% fazem a limpeza de pele corporal. Para o corpo, o acúmulo de gordura/gordura localizada e a flacidez, ambos com 54%, são as queixas mais comuns, seguido por vasinhos/varizes/ veias aparentes com 40%. Dentre os produtos mais usados nessa região os destaques ficam para o hidratante corporal (80%), protetor solar corporal (63%) e hidratante específico para as mãos (49%). Já os procedimentos de cuidados faciais, feito por 22% das entrevistadas, a limpeza de pele facial é a campeã, com 82% delas fazendo esse procedimento básico e, outras 69% fazendo esfoliação facial. Sobre o rosto, os problemas relatados com mais frequência são as linhas de expressão (67%), rugas (44%) e flacidez (38%). Na divisão demográfica, as mulheres da classe AB, de 55 a 59 anos mencionam, em média, um número maior de problemas nessa região. Dentro dos cosméticos de tratamento, diferente das mulheres mais jovens, elas priorizam o uso de produtos de cuidado específicos para a área e/ou problema que querem tratar, como antienvelhecimento/anti-idade (61%), hidratante específico para o rosto (56%) e protetor solar facial (47%). Na limpeza facial os mais utilizados são o tônico ou loção adstringente (30%), leite de rosas (23%) e sabonete específico para o rosto (21%). Nos produtos de maquiagem utilizados para o rosto, apesar de conhecerem uma grande variedade, as entrevistadas utilizam os mais básicos, como o batom (71%), lápis para os olhos (48%) e máscara para os cílios/rímel (43%).
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cADA UM NO SEU QUADRADO
A
companhia de venda direta e multicanal Natura comunicou sua nova estrutura organizacional, a fim de buscar agilizar a implementação da sua estratégia. No Brasil, a empresa terá unidades de negócios distintas para cada canal de vendas, com o objetivo de colocar foco na venda direta e, ao mesmo tempo, dar autonomia e agilidade aos demais canais. Erasmo Toledo (foto) passa a liderar a Venda Direta do Brasil, responsável pela revitalização do principal modelo de negócio da empresa. Erasmo esteve quase seis anos à frente do sólido crescimento da Latam. Desde 1990 na companhia, foi vice-presidente de Negócios Internacionais, diretor de Gestão e Inovação Comercial, gerente Geral no Peru e de Operações na Argentina. Já Agenor Leão tornou-se o responsável pelos Negócios Online, que reúne as Consultoras Digitais e o Rede Natura, além de continuar como líder da área de Tecnologia Digital. Agenor seguirá com o desafio de digitalizar todos os processos da empresa, com ênfase nos produtos e serviços para consultoras e consumidores. Por fim, Caroline Vlerick é a nova diretora de Varejo e terá como desafios a expansão das lojas próprias, farmácias e B2B. Caroline tem uma trajetória de 20 anos de varejo e consultorias estratégicas, como CEO da loja especializada Sparta, no Chile, e da multinacional Cortefiel, na Espanha.
mAIOR E MELHOR
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distribuidora de especialidades químicas Cosmotec acaba de ianugurar um grande Laboratório de Desenvolvimento e Aplicação. O espaço foi projetado para ampliar as possibilidades na elaboração de soluções completas para os clientes e promover maior integração da equipe. A expansão permitiu a incorporação de novos equipamentos, que permitirão aos técnicos da empresa avaliarem mais parâmetros de performance dos produtos. “A cada novo passo, a Cosmotec consolida a sua importância no mercado cosmético e solidifica os valores estabelecidos desde a fundação, como inovar sempre e buscar a excelência no atendimento”, disse a diretora de Negócios, Ana Rezende. O apoio técnico altamente especializado foi fortalecido com a criação de uma área reservada para atendimento exclusivo dos clientes que participam do projeto Cosmotec de Portas Abertas, programa que recebe clientes de todo o Brasil para um treinamento técnico customizado. “Um laboratório bem equipado é determinante para o sucesso das parcerias e projetos, e permite-nos avaliar ainda melhor os ingredientes para atender as necessidades específicas do mercado cosmético brasileiro”, acrescenta Ana. A estrutura anterior de laboratório da Cosmotec já contemplava o desenvolvimento anual de centenas de sugestões de fórmulas para pele, cabelo e maquiagem, além da produção de protótipos para a demonstração dos produtos. Agora, essa capacidade será bastante ampliada, embora a empresa ainda não tenha como indicar um percentual. Neste ano, a Cosmotec completa 30 anos de atuação.
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11 Atualidade COSMÉTICA
mercado Expectativas - Kantar Worldpanel
2017: um ano
promissor e decisivo
mercado de cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal voltou a crescer no segundo semestre de 2016, trazendo boas perspectivas para este ano >>> Christiane Sposato
S
e o consumo de produtos das áreas de cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal mantiver o ritmo de retomada apresentado a partir do terceiro trimestre de 2016, o ano de 2017 se mostra pleno de boas expectativas para o mercado de beleza brasileiro. É o que indica um estudo elaborado pela KantarWorldpanel, especialista global em comportamento de consumo. De acordo com a pesquisa, depois de um 2014 e sobretudo um 2015 turbulentos, o setor começou a se recuperar de maneira sólida no segundo semestre de 2016, fechando o ano com uma série de dados positivos. Em volume, o consumo geral de itens da Cesta CFT (Cosméticos, Fragrâncias e Higiene Pessoal) expandiu 3,4% – e 2,2% desse total se deu em virtude das promoções realizadas pelos fabricantes e pontos de vendas. O crescimento, porém, não se deu em todos os ramos pesquisados: concentrou-se em Cabelos (cujos produ-
tos venderam 2,1% mais), Sabonetes (+5,3%) e Desodorantes (+7,4%). As demais divisões venderam menos do que em 2015, como os produtos para o rosto, os quais apresentaram queda de 22,8% na comercialização de unidades, e as maquiagens, que caíram 11,9%. Com relação ao preço médio dos produtos, pela primeira vez, considerando-se o histórico recente (a partir do primeiro trimestre de 2016), houve uma variação positiva (+3,7%), ocasionada pelo aumento no valor de artigos dos segmentos de Cabelos, Maquiagem, Corpo e Sabonetes, reajustados acima do IPCA do período, que ficou em 6,3%. Isso quer dizer que, a despeito do custo maior, o comprador levou mais itens para casa. Além do aumento no preço médio, as principais causas do reaquecimento nos segmentos analisados foram a expansão no número de lares consumidores (+2,7% do total de domicílios) e o crescimento do abastecimento (+2,8%).
Atualidade COSMÉTICA
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Outro sinal observado pelo estudo da Kantar Worldpanel é que, depois de dois trimestres crescendo via valor em 2016, houve a retomada das categorias de produtos de beleza com maior valor agregado, que até então estavam sendo cortadas da cesta de consumo, como Perfumaria (+3%) e Maquiagem (+1%). O caso de Maquiagem é interessante porque, mesmo com a diminuição nas vendas, a categoria cresceu em valor comercializado, puxado pelo preço dos produtos, e inverteu a tendência de queda nesse quesito visualizada anteriormente. Mas os maiores ganhos foram observados na categoria Desodorantes, que, além de crescer em volume, também o fez em valor agregado: +12% no ano, impulsionado pelas marcas Rexona e Dove, trabalhadas nas regiões Sul e Grande Rio. O mesmo ocorre com Cabelos – ganho de 14% no valor agregado e segmento que teve como protagonista a Unilever e, principalmente, sua marca Seda – e Sabonetes (+15%), em que a linha TodoDia, da
inauguração de loja da mAC: vendas de produtos de maquiagem reverteram a tendência de queda nas vendas em valor, puxado por produtos de preços mais elevados. Natura, deu a maior contribuição para o crescimento emvalor. O segmento de produtos para o Corpo, por sua vez, esbanja uma recuperação, pois fica estável em volume e cresce em valor, puxado pela linha Nativa Spa (O Boticário) e Hinode. Extensões de linha de O Boticário também alavancaram o crescimento do valor agregado, beneficiando diretamente o canal Venda Direta. Na cesta de produtos pesquisados, apenas a categoria Rosto teve resultados negativos: segue perdendo compradores e retraiu tanto em volume como em valor (-25% em 2016), prejudicado principalmente pelo segmento Antissinais. A exceção fica por conta do segmento de Clareadores, que cresce impulsionado pela venda em farmácias e é capitaneado pelamarca Nívea.
Apesar de alguns indicadores negativos, a pesquisa da Kantar Worldpanel dá mostras de que o reaquecimento das áreas de cosméticos, fragrâncias e higiene pessoal é consistente e encontra condições favoráveis para continuar a se expandir em 2017, mantendo o Brasil confortavelmente em terceiro lugar entre os mercados globais de beleza, atrás apenas de China e Estados Unidos. Christiane Sposato é executiva de contas da KantarWorldpanel (www. kantarworldpanel.com/br), especialista global em comportamento de consumo. Através de um monitoramento contínuo, análises avançadas e soluções customizadas, a empresa inspira decisões de sucesso de grandes marcas, varejistas, analistas de mercado e organizações governamentais.
mercado Expectativas - Nielsen
Cenário econômico e o mercado de beleza embora num cenário ainda adverso as oportunidades existem. e mesmo que mais cautelosas, as pessoas querem voltar a consumir >>> joão otávio araújo
A
pós alguns anos de incentivo ao consumo interno e ao crédito, o brasileiro se viu diante de um cenário de crescimento com melhora no seu bem-estar e em seu poder aquisitivo. Entretanto, a alta inflação, a retração do PIB, o desemprego crescente e um entorno político instável reverteram esse contexto, impactando diretamente o bolso e perspectivas do consumidor. A renda familiar brasileira encolheu em 2016 e o gasto retraiu acima da inflação, voltando ao patamar de cinco anos atrás. Para equilibrar essa balança, o consumidor foi obrigado a conter suas despesas, assumir menos riscos e focar nas decisões de compra. Suas preocupações atuais também são bem diferentes em relação a um ano antes da crise. A qualidade de vida, que liderava o ranking, já perde espaço hoje para a economia. Prova disso são os 23,8 milhões de lares que se declararam economicamente afetados em 2016, representando quase 52% dos domicílios do país, um crescimento de 21% em relação ao ano anterior. Para driblar a turbulência econômica, esse consumidor, mais consciente e planejado, reduziu então o seu gasto
em -12,6%, sendo puxado principalmente por lares que não conseguiram pagar suas dívidas, que algum membro da família ficou desempregado ou que sofreram redução de renda. E o setor de Higiene & Beleza? Também foi abalado com a desaceleração econômica? De janeiro a setembro de 2016, em comparação com o mesmo período de 2015, foi registrada uma queda de -2,5% em volume de vendas para os produtos desse mercado e 2,9 milhões de lares afirmam ter parado de ir ao salão de beleza durante essa fase de instabilidade. Entretanto, esse contexto não significa que os brasileiros pararam de cuidar de si, pelo contrário. Eles começaram a buscar novas alternativas, trazendo os procedimentos para dentro de casa, como fazer a unha e pintar o cabelo. Os produtos de Beleza também podem ser uma forma de suprir a necessidade de se presentear ou de suprir a necessidade de indulgência (busca por produtos com maior valor agregado), uma vez que possuem desembolso mais barato, se comparado com roupas e outros tipos de serviços. É possível observar que, para os lares endividados, o crescimento com maquiagem, produtos para a pele e fragrâncias, por exemplo, foi superior
Atualidade COSMÉTICA
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à média Brasil (7,4% vs. 3,6% país). Mesmo em condições adversas, é possível aproveitar o momento e entender as oportunidades que surgem nas lacunas dos problemas. O que esperar do futuro? Após quitar todas as suas dívidas, 30,6% dos brasileiros afirmam que pretendem fazer novas compras, mesmo que parceladas. Esse percentual é maior quando comparado com os 26,9% que declara que vai economizar dinheiro. Ou seja, há intenção por parte dos consumidores em voltar aos seus antigos hábitos, mesmo que de maneira mais cautelosa. Como todo momento econômico é cíclico e que há previsões de melhora da economia em 2018, é importante ficar atento às tendências, compreender as necessidades do consumidor e ter a agilidade para aplicar a execução mais assertiva de curto prazo, mas sem deixar de consolidar a base de crescimento para o futuro. João Otávio Araújo é executivo de atendimento para a indústria de Higiene e Beleza da Nielsen, empresa global de gestão de informação. A Nielsen apresenta aos seus clientes análises avançadas que permitem o crescimento de seus negócios. A Nielsen está presente em mais de 100 países, representando 90 por cento da população mundial. Para mais informações, visite: www.nielsen.com.
mercado Expectativas - Quintiles/IMS
Cenário atual do Canal Farma Enquanto algumas categorias de preço mais elevado, como os dermocosméticos, viram uma desaceleração, as vendas de produtos de higiene e beleza massiva pisaram no acelerador >>> rodrigo kurata
A
farmácia representa o que é de mais relevante para a população: saúde e bem-estar. Os consumidores e pacientes vão para as farmácias à procura de produtos e serviços especializados que atendam às suas diversas necessidades, como iniciar ou dar continuidade a um tratamento, buscar orientações do farmacêutico, repor a ‘farmacinha’ de casa, comprar produtos especializados de nutrição, encontrar produtos de higiene e beleza mais sofisticados ou mesmo aproveitar a conveniência do canal para repor produtos de higiene pessoal e primeiros socorros. Enfim, é um local multifacetado onde a compra-destino não é apenas um produto, mas saúde, bem-estar, inovação, sofisticação, atendimento personalizado, praticidade e conveniência. O canal farma possui diversos atributos relevantes para o consumidor e paciente que o diferenciam dos demais canais e, por este motivo, apesar do cenário de instabilidade política e crise econômica, o autosserviço farmacêutico apresentou resultado positivo em 2016. Segundo dados da QuintilesIMS,
o canal cresceu +8,8% em valor (preço consumidor) e +2,2% em unidades. Este crescimento representa aumento de R$ 3,1 bilhões nas vendas do segmento Consumer Health (total autosserviço farma). Apesar do resultado positivo de 2016, vale pontuar a desaceleração de crescimento em comparação com os anos anteriores. Em 2015, por exemplo, o mercado de Consumer Health cresceu +11,2% em valor e +6,3% em volume. O comprometimento da renda e a piora na sua distribuição “força” os consumidores a fazerem escolhas mais adequadas ao seu bolso e um dos impactados percebidos foi o “trade down”, que é a escolha por itens mais baratos da mesma categoria (produtos substituíveis). Este movimento do mercado foi intensificado no segmento MIP (medicamentos isentos de prescrição), havendo queda em volume de -4% dos produtos de “marca” (produtos/marcas com altos investimentos e foco em construção de marca) enquanto produtos similares e genéricos (produtos de alto desconto e price point menor) crescem consistentemente no patamar de +7% e +14%, respectivamente. Além dos MIP, vale destacar a desa-
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Atualidade COSMÉTICA
celeração de segmentos com price point mais alto e que são considerados de baixa essencialidade de consumo. Um exemplo disso é o segmento de dermocosméticos – mercado de mais de R$ 3 bilhões, que saiu de um crescimento de +11,8% em unidades em 2015 (versus 2014) para +0,6% em 2016. O crescimento em valor das marcas dermo em 2016 veio essencialmente via aumento de preços, que na média ficou em +7,6% (variação de preço médio ao consumidor no comparativo 2016 versus 2015). Por outro lado, algumas áreas da farmácia apresentaram crescimentos importantes que refletem a evolução e oportunidades do canal , tais como: Higiene e beleza (massivo): Faturamento de R$ 9,1 bilhões em 2016, com crescimento de +11,1% (via aumento de preços e melhoria de mix). Destaque para as categorias de desodorantes, cremes e loções faciais, cremes e loções corporais e repelentes. Cuidado Bebê: Faturamento de R$ 4
Foto: Bruno Baketa/Venâncio
bilhões em 2016, com crescimento de +17,5% (via aumento de penetração, crescimento orgânico). O maior crescimento foi em Fórmulas Infantis, que já fatura R$ 1,25 bilhão e cresceu +28,8% em valor. Destaque também para o segmento de Troca Bebê que atinge quase R$ 2 bilhões, tendo seu crescimento puxado por fraldas infantis. Outras categorias como Banho Bebê e Dermo Bebê também apresentam crescimento de dois dígitos. Cuidados ao Paciente: Faturamento de R$ 2,8 bilhões em 2016, com crescimento de +8,5%. Destaque para o crescimento de +11,0% dos Aparelhos de Saúde (testes de glicose e gravidez, medidores de pressão, termômetros digitais, inaladores) e Cuidados para Incontinência, com crescimento de +23,8%. Alimentos e Bebidas: Em alimentos, o destaque fica para os Suplementos de Nutrição Especializada (alimentos completos e especiais), com faturamento de R$ 361 milhões e crescimento de
+22,7%. O segmento de conveniência também apresenta bom desempenho e já fatura R$ 578 milhões com crescimento de +7,8% em 2016. Em linhas gerais, o canal farma apresentou bons indicadores em 2016 e continuará seguindo esta tendência nos próximos anos. O grande desafio será trabalhar as categorias ainda pouco desenvolvidas no canal e avançar com o processo de profissionalização do setor, sempre com foco no melhor atendimento do shopper em todos os pontos de contato da cadeia.
Principais drivers para 2017 do Canal Farma em higiene e beleza A expectativa para 2017 é um pouco mais animadora e espera-se estabilização do câmbio a médio prazo e redução da taxa de juros Selic, indicando retomada de crescimetno econômico. As previsões para inflação também são positivas, após níveis acima de 8% em 2015 e 2016, espera-se establização com taxas abaixo de 5% para 2017. Este ce-
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Atualidade COSMÉTICA
loja da drogaria venÂncio, em niterói (rj): a essencialidade do canal farma é um trunfo poderoso num momento em que os consumidores reduzem suas idas ao PDV.
nário favorece o aumento gradativo do poder de compra do consumidor e, por consequência, melhores projeções de crescimento para o canal farma e para o segmento de higiene e beleza. Nos últimos anos, o canal tem conquistado um espaço importante na venda de produtos de higiene e beleza, principalmente pelo fato de que o shopper já considera a farmácia como referência para compra destes produtos pela melhoria da disponibilização de ofertas e percebe os benefícios de fazer a compra no canal, dentre eles pode-se citar a praticidade, competitividade de preços, exclusividade no atendimento e, em muitos casos, melhor sortimento em relação aos outros canais de vendas. Pensando neste shopper que está cada vez mais informado, exigente e atento a preços, os principais drivers para vencer em 2017 estão baseados nos pontos abaixo: 1. Adequar o mix de produtos com perfil “health care” A busca por mais longevidade e qualidade de vida é um driver importante para o canal farma, apesar de já existirem diversas ofertas de produtos neste sentido, a distribuição ainda é bastante concentrada em grandes redes e em poucas lojas. Na média, 10% das farmácias do Brasil fazem 75% do faturamento do autosserviço. Produtos com benefícios de anti-idade, tratamentos dermatológicos avançados e específi-
mercado Expectativas - Quintiles/IMS
A BLOGUeIRA EVELYN REGLY EM AÇÃO dA YENZAH EM FARMÁCIA: melhorar a profundidade do mix é uma oportunidade real para reforçar a percepção do shopper em relação ao canal. cos, proteção solar de alta performance, entre outros já estão disponíveis, porém ainda pouco democratizados, especialmente no pequeno e médio varejo. 2. Melhorar a gestão de preços e alavancas promocionais Segundo pesquisas realizadas pela QuintilesIMS, o shopper, pressionado a equilibrar seu orçamento, está mais atento ao preço dos produtos antes de realizar a compra, além de ser bastante impactado por promoções. A percepção de que o preço está muito elevado é um dos principais motivos da desistência da compra. Ou seja, o shopper está disposto a realizar a troca por outras opções que caibam no seu bolso, seja substituindo o produto por uma opção mais barata, seja trocando de loja na busca de melhor custo-benefício. Além disso, é necessário entender quais são as alavancas promocionais mais adequadas em cada categoria. O promopack, por exemplo, é uma ferramenta poderosa que deve ser utilizada com o objetivo de recrutar novos consumidores e/ou aumentar o tícket médio da categoria (desenvolver a categoria) e não para “roubar” o market share do concorrente. 3. Mitigar ruptura Cerca de 62% dos shoppers declaram saber exatamente o que comprar antes
de entrar na loja, sendo que a grande maioria se planeja para que a compra seja rápida e fácil (esperam ter bom “shoppability”). Um dos principais motivos que fazem o shopper desistir da compra, substituir o produto ou abandonar a loja é ruptura (falta). No caso de produtos de higiene e beleza, mitigar ruptura e garantir que a missão de compra do shopper seja cumprida (ter o produto que ele procura disponível na loja) é ainda mais importante, pois a maioria das categorias podem ser encontradas em outros canais ou na internet. 4. Aumentar o nível de serviços e atendimento Diferente de outros canais de vendas, a maioria dos shoppers não diminuiu a frequência de visitas no PDV farma por causa da crise. A essencialidade do canal e a busca pelo “primeiro atendimento” relacionado à saúde são alguns dos motivos pelos quais um terço dos shoppers aumentou sua rotina de idas à farmácia, especialmente da classe C. A indústria e varejo devem unir seus conhecimentos e esforços em prol do shopper, que está cada vez menos leal às marcas e aos PDVs. 5. Adequar a amplitude e profundidade das categorias de higiene e beleza
Atualidade COSMÉTICA
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Nos últimos anos, após a RDC nº 44 (2009), o canal farma vem ampliando a oferta de produtos não-medicamentos. Este regulamento obrigou as farmácias a colocarem os MIPs – maior segmento do autosserviço – atrás do balcão. Este fato criou um impacto muito grande, pois num curto espaço de tempo, os MIP não estavam mais ao alcance do consumidor, abrindo-se uma grande área no autosserviço que foi ocupada principalmente pelos produtos de higiene e beleza. Apesar dos MIP já estarem de volta ao autosserviço, o segmento de higiene e beleza não perdeu seu espaço conquistado e hoje 34% dos shoppers que vão às farmácias em busca de medicamentos acabam levando também produtos de beleza. A percepção do shopper de que o canal apresenta preços mais baixos, maior variedade de itens e melhor organização de gôndola são fatores que impulsionam a venda do segmento. Porém, ainda existem grandes oportunidades de melhorar a amplitude de categorias (e seus segmentos) e a profundidade de sortimento (mix mais adequado). É pensando nesta necessidade que o varejo e a indústria estão se aproximando cada vez mais com um único objetivo: desenvolver o varejo farma e melhorar a experiência de compra do shopper. 6. Omni-channel O consumidor sempre foi multicanal e consumiu diversas mídias e canais. Porém, hoje ele está mais experiente, bem informado e mais complexo, pois os seus pontos de contato com os produtos e marcas aumentaram e se tornaram ainda mais complexos (lojas físicas, ambiente virtual, mídias tradicionais e muitos outros). O grande desafio das empresas, tanto da indústria quanto do varejo e das empresas de serviços e tecnologia será o desenvolvimento de uma abordagem omni-channel, em que todos os canais se cruzam e se integram para tornar a experiência do consumidor inesquecível. Por Rodrigo Akio Kurata, gerente sênior de Marketing Consumer Health da QuintilesIMS, líder global em soluções integradas de informação e tecnologia para impulsionar o setor de healthcare
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mercado Expectativas - Mintel
Extremos do bem-estar Active Beauty é uma das tendências de beleza que irá impactar o mercado a partir de 2017 >>> Juliana Martins
O
s consumidores estão buscando cada vez mais aliar seu bem-estar físico com seu bem-estar emocional. Procurar realizar atividades que façam com que eles se sintam bem mentalmente virou uma necessidade primordial, principalmente nos dias de hoje. Correria entre trabalho, família, trânsito e estresse no dia a dia têm feito com que as pessoas, mundialmente, recorram a maneiras de relaxar, sendo com a ajuda de dispositivos de saúde, de produtos, de experiências diárias ou de novas atividades. De acordo com dados da Mintel, 26% dos brasileiros afirmam ficar estressados com o trânsito de suas
cidades e 34% dizem ser difícil manter hábitos saudáveis com o estilo de vida moderno de hoje em dia. Além disso, 32% afirmam sentir os efeitos da poluição na pele (como, por exemplo, a acumulação de poeira). Relatórios da Mintel mostram igualmente que 48% dos brasileiros fazem exercícios regularmente e 36% dizem cuidar da sua saúde mental. Segundo dados do relatório global de 2016 da International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA), associação internacional do mundo fitness, o Brasil é o segundo maior mercado mundial de academias em número de estabelecimentos (atrás apenas dos Estados Unidos): em 2016, existiam quase 32 mil academias de ginástica no País. Isso representaria 7,9 mi-
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lhões de brasileiros, ou seja, quase 4% da população. Em 2014, 7,4 milhões de pessoas se exercitavam em academias de ginástica no Brasil. E as marcas de produtos de beleza podem ser grandes aliadas dessa busca por saúde e boa forma. A Mintel identificou esta tendência como tendo um grande impacto na indústria mundial do setor de beleza e cuidados pessoais a partir de 2017, chamada Active Beauty (Beleza Ativa). Produtos que ajudem no bem-estar físico e emocional, além de experiências que transmitam emoções positivas aos consumidores, serão determinantes para as marcas que desejem continuar ou entrar no setor. Alguns exemplos de acordo com a tendência são: produtos que protejam cabelos e pele contra a poluição, raios
produtos inspirados no “calmo” universo da yoga e nomundo dos esportes de impacto: Active Beauty, a tendência apontada pela Mintel mostra um consumidor mais preocupado com o bemestar físico e mental. E cada um alcança esse o esse objetivo de modos diferentes.
ultravioletas e raios infravermelhos; produtos ativados por temperatura e água; embalagens de maquiagens e sacolas de ginástica revestidas de borracha para que durem por mais tempo; roupas para ginástica que enviem dados sobre o clima e a pele do usuário para aplicativos, instruindo-o sobre os produtos mais adequados para sua pele, entre outros. Algumas marcas já perceberam o grande potencial que essa tendência representa para os consumidores, e têm chamado seus produtos de “Athleisure” (mistura de atletas e lazer, em inglês), fazendo uma associação entre os benefícios de seus produtos e as atividades físicas. Por exemplo, a americana Sweat Cosmetics foi criada por atletas mulheres e oferece maquiagens minerais e à prova d’água para
proteger e reparar a pele de mulheres ativas. Seus produtos dizem ser “a maquiagem que se move com você”. A londrina Eyeko desenvolveu alguns produtos que podem ser usados durante exercícios físicos. A máscara para os olhos diz que os cílios se manterão perfeitos desde o treino pela manhã, o trabalho durante o dia e a saída com as amigas após o trabalho. Já o lápis de olho à prova d’água promete não sair mesmo em condições extremas durante a prática de esportes. Já a Yuni Beauty foi pensada por dois apaixonados pela prática de ioga com o objetivo de desenvolver produtos de beleza naturais, versáteis e ecológicos para pessoas com estilo de vida ativo e moderno. Segundo a marca, seus produtos naturais para o rosto, corpo e cabelo ajudam os consumidores a prepararem corpo e mente para as atividades físicas, potencializando seus benefícios. Há diversas outras marcas que buscam o mesmo objetivo, como a Tarte, a Activbod, a Pretty Athletic e a Arrow Cosmetics, da Birchbox. Indo além, há marcas desenvolvendo produtos para esportes radicais, como a francesa Jeewin e a italiana Leriem Sport, com produtos que levam em conta diferentes temperaturas e aspectos climáticos como chuva, vento e neblina. O potencial é enorme também aqui no Brasil, porém ainda pouco explorado. De acordo com pesquisa da Mintel, 53% das mulheres dizem ter interesse em produtos de maquiagem que sejam antissuor. A Pink Cheeks, por exemplo, foi criada em 2012 por três mulheres que se uniram através do esporte e diz ser a primeira marca brasileira a fabricar cosméticos para atletas. Filtros solares que não escorrem durante a corrida, que não derretem e não saem na água, cremes antiassaduras e leave-in para evitar que os fios fiquem embaraçados durante uma prova de ciclismo, por exemplo, são alguns dos produtos oferecidos pela marca. Já a Lola Cosmetics criou três produtos para os fios para quem pratica natação. O shampoo, o condicionador e o spray possuem a capacidade de combater os efeitos nocivos dos elementos agressivos da água da piscina.
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Além de produtos cujos ingredientes sejam adaptados a treinos pesados e atividades físicas, algumas marcas também têm pensado em embalagens que facilitem o uso dos consumidores durante essas práticas. A Stowaway Cosmetics, por exemplo, descreve suas maquiagens como tendo o tamanho perfeito para a academia ou uma viagem. Já a Milk Makeup e a Supergoop! criaram uma necessaire que vem com diversos produtos dentro, perfeita para ser levada para qualquer lugar. O kit da Supergoop!, por exemplo, se chama “Da barra para o bar”, fazendo alusão às barras de ferro destinadas à prática de exercício físico. Há diversas oportunidades que a tendência Active Beauty pode trazer ao setor de beleza e cuidados pessoais no Brasil. As marcas que desenvolvem somente produtos solares para o rosto poderiam estender sua linha para o corpo. Aquelas que já desenvolvem produtos solares para rosto e corpo poderiam posicionar seus produtos como fornecendo conforto, relaxamento e proteção aos consumidores que levam uma vida agitada. Entrando em um mercado ainda mais nicho, produtos que sejam desenvolvidos para atletas de esportes radicais, que estão expostos a temperaturas muito frias ou muito quentes, também poderiam ter espaço no mercado brasileiro. A comunicação e a embalagem dos produtos devem ser claras e objetivas, mostrando os reais benefícios que os produtos entregam e por que eles não são como os produtos convencionais. Além disso, expandir seu posicionamento como, por exemplo, produtos que blindam os fios e a pele de agressores externos (como poluição e raios ultravioletas) são essenciais para conquistar a confiança desses consumidores ativos que desejam produtos funcionais e ao mesmo tempo sensoriais, despertando emoções e bem-estar mental. Por Juliana Martins, especialista de Beleza & Cuidados Pessoais da Mintel, empresa global de pesquisa que atende as principais marcas de beleza do mundo. O Mintel Beleza e Cuidados Pessoais (Mintel BPC) é um serviço premium de pesquisa produzido especialmente para a indústria cosmética.
mercado Expectativas - Euromonitor
Abrindo a porta verde O conceito de ‘beleza sustentável’ abre novas oportunidades de crescimento >>> Ildiko Szalai
A
combinação de mudanças tecnológicas, ambientais e econômicas vem aumentando a demanda por ingredientes mais naturais nos produtos de beleza e também trazendo novos ângulos para o conceito ainda indefinido de ‘beleza natural’, que engloba todos os aspectos de se viver de maneira sustentável. Impulsionados pelos desenvolvimentos sociais e digitais, consumidores buscam informações e engajam-se não somente com o impacto dos ingredientes na saúde, mas também com as origens, os processos e os impactos socioambientais dos produtos. Essa tendência emergente de mudar a perspectiva do consumidor para um meio de vida mais sustentável abre portas para novas oportunidades de formulações e posicionamento dos produtos.
Beleza saudável continua a ser prioridade em ingredientes Apesar da ascensão dos novos aspectos do Green Beauty, a preferência por ingredientes naturais continua a ser uma prioridade sobre todos os outros aspectos ambientais ou éticos. Ao mesmo tempo, o conceito ‘beleza saudável’ também passa a ter um significado mais amplo. Além de origem natural, há um crescente interesse por ingredientes pouco processados dentro do mercado de beleza que engloba
produtos da drunk elephant: marca que se posiciona como sendo “não tóxica” é uma das mais “quentes” do momento. aparência e o bem-estar físico e mental. Uma nova geração de marcas está expandindo suas linhas de produtos para além da rotina de beleza e adentrando o mundo fitness e de relaxamento. É o caso dos produtos da Yuni, como os concentrados Body Balance Aroma, que além de possuírem origens totalmente naturais, também visam intensificar os benefícios do yoga.
Conceito ‘Clean Beauty’ ganha força Além da composição dos produtos, há também um interesse emergente por ingredientes ainda deixados de lado. Assim como nos alimentos e bebidas, clean labels (embalagem simples, com poucos ingredientes) vêm ganhando atenção na indústria de beleza. Produtos com composição ‘livre de...’ não são uma novidade no mercado de beleza, mas os últimos lançamentos estão indo além da exclusão de um ou outro ingrediente (como silicone) e adotando uma abordagem mais básica. Esses produtos pretendem simplificar as composições usando menos ingredientes e que sejam também mais naturais. Um dos produtos à frente dessa tendência é o Drunk Elephant, que possui um posicionamento de não ser tóxico para a pele ao deixar de lado tudo que não é essencial, principalmente as fragrâncias. As marcas Juice Beauty e Tata Harper também propagam o conceito de ‘clean beauty’ e
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vêm ganhando a atenção de consumidores preocupados com ingredientes sintéticos e químicos nos produtos de beleza. Os maiores mercados de alimentos e bebidas com clean labels são os Estados Unidos, Reino Unido e China, indicando regiões onde deve haver um potencial mercado para produtos de beleza com o mesmo conceito. Maior fiscalização dos ingredientes dos produtos de beleza também está impulsionando as preocupações relacionadas a valores religiosos, como o Halal. A procura por produtos de beleza que são certificadamente Hahal vem crescendo nos últimos anos em regiões como Indonésia, Oriente Médio e em comunidades mulçumanas do ocidente. Essas marcas também se beneficiam do posicionamento dos ingredientes naturais e sustentáveis atraindo consumidores não somente por valores religiosos, mas também por considerações de saúde e ambientais.
Especificações de antipoluição mais específicas A conscientização dos consumidores em relação aos impactos da poluição ambiental na pele e cabelo está trazendo novas oportunidades para produtos antipoluição. Entretanto, como não há uma definição do padrão que esse tipo de produto deve atingir, as marcas estão tendo dificuldades para aproveitar essa opor-
Os diversos ângulos do ‘Green Beauty’ Cuidado com os animais
Eficiência no uso da água
ingredientes
Natural/Botânico Orgânico Livre de Fornecimento local
Processo fabril
Embalagens recicladas ou recicláveis
Valores religiosos
Comércio justo
Matérias-primas sustentávis
Transparência nas informações dos rótulos Anti-poluição
demanda do consumidor para green beauty/2016
alternativos e acessíveis para serem usados em condições de escassez d’água. As empresas podem se inspirar, por exemplo, nas inovações feitas pela indústria de lava-roupas que apresentam produtos desenvolvidos especialmente para condições climáticas severas. Já existem itens no mercado que prometem reduzir a quantidade de água usada para lavar os cabelos. É o caso dos produtos Right Guard Muscle Relax e Fa Shower+Lotion, da Henkel, que possuem menor concentração de surfactantes e assim precisam de menos água para enxaguar os cabelos apresentando o mesmo desempenho de limpeza. A japonesa Kao Corp oferece um shampoo que possui um componente que precisa de 20% a menos de água que as versões anteriores. Porém, há ainda um longo caminho até que todas as categorias de produtos de beleza sejam significantemente mais eficientes na utilização de água.
% dos respondentes
Desafios futuros
Ingredientes naturais ou orgânicos
tunidade. A avaliação da eficácia dos cosméticos antipoluentes está se tornando essencial para que as empresas mantenham essas alegações. É amplamente entendido que os poluentes causam uma série de preocupações com o envelhecimento, manchas, acne e inflamações da pele, mas não há um consenso sobre qual fator deve ser o indicador da eficácia dos produtos antipoluição. À medida que os consumidores exijam mais informações e provas científicas antes de comprar esse tipo de produto, as marcas precisarão decidir sobre a estratégia e desenvolver produtos específicos, como contra os efeitos do PM2.5, antioxidantes, barreira facial, etc. Elas também precisarão comunicar a metodologia de teste para embasar a eficácia do produto.
Amigo de meio -ambiente e Ética
Explorar tendências no início Além das considerações sobre os ingredientes, a demanda por credenciais socioambientais vem crescendo e se tornando um mercado de nicho para uma característica padrão dos produtos de beleza. Trata-se de amplo leque de tendências desde sustentabilidade, bem-estar animal e produtos com produção e uso eficiente de água. À medida que a escassez de água aumenta em regiões em desenvolvimento, que inclusive possuem os mercados com maior potencial para a indústria, fabricantes de produtos com enxágue enfrentarão desafios. Assim, uma das prioridades para ganhar competitividade nesses mercados é desenvolver ingredientes
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Atualidade COSMÉTICA
O surgimento de consumidores mais conscientes continua a expandir a linha de produtos de ‘beleza sustentável’. Produtores do mercado de beleza que visam explorar esse posicionamento ainda enfrentam desafios, incluindo o custo-benefício dos produtos e a dificuldade dos consumidores em pagar mais por eles. A competitividade das marcas posicionadas como dermocosméticos também vem intensificando à medida que elas utilizam apoios científicos para comercializar os produtos. Embora haja uma preferência crescendo entre os consumidores por produtos sustentáveis, eles não estão dispostos a trocar eficiência dos produtos tradicionais por aqueles com ingredientes naturais se estes não apresentarem boa performance. Ildiko Szalai, é Analista Sênior de Pesquisa da Euromonitor International, empresa global no fornecimento de inteligência de negócios e análise estratégica sobre o mercado de bens de consumo e serviços. Temos mais de 40 anos de experiência no levantamento de dados e publicação de relatórios detalhados sobre o mercado em âmbito internacional. Por meio de nosso banco dados globais, Passport, conectamos nossa pesquisa com os objetivos e planejamento anual de sua empresa, analisando o contexto de mercado, a concorrência e as tendências que impactam os negócios.
mercado Expectativas - Factor/Kline
Tem que funcionar As principais tendências do mercado de ingredientes ativos funcionais para produtos de cuidados pessoais no Brasil >>> elaine gerchon
C
ontinuamente há um aumento na demanda por cosméticos e produtos de cuidados pessoais, que também impulsionou o aumento nas vendas dos ingredientes ativos funcionais (matérias primas) utilizados nesses produtos. Em 2016, o valor das vendas de ingredientes ativos funcionais utilizados em produtos de cuidados pessoais alcançou US$ 105 milhões no Brasil, segundo o relatório da Kline Specialty Actives in Personal Care: Global Market Analysis, desenvolvido no Brasil pela sua filiada Factor-Kline. Até 2021, a Factor-Kline estima que o mercado de ingredientes funcionais para o uso em produtos de cuidados pessoais ultrapassará a marca de US$ 115 milhões. Contudo, as regulamentações do setor, mais as oscilações quanto às preferências dos consumidores, associado à crescente concorrência aliada ao surgimento de produtos inovadores, redefinirá o negócio no País. Com base nas conclusões da nossa pesquisa identificamos importantes tendências que afetam o mercado de ingredientes ativos funcionais em produtos de cuidados pessoais já em 2017. 1. A busca de uma aparência mais jovem O Brasil ainda não é forte no setor de
cuidados com a pele, mas esse cenário passa por mudanças nestes últimos anos. O crescimento está relacionado a vários fatores como o aumento da renda da população, a chegada de novas marcas ao mercado, a consciência da importância da saúde da pele (impulsionada pelos dermatologistas), o aumento da expectativa de vida e, com ela, a esperança de permanecemos mais jovens por mais tempo. No passado, o brasileiro considerava o cuidado da pele uma rotina difícil e demorada e, portanto, não mantinha cuidados regulares. Hoje, tem dado mais importância aos produtos que lidam com a saúde da pele, procurando produtos mais práticos e fáceis de usar. Entretanto, a mudança na rotina de cuidados da pele do rosto para os consumidores brasileiros se realiza, em geral, após o aparecimento dos primeiros sinais de envelhecimento. De acordo com a mais recente versão do estudo Specialty Actives in Personal Care: Global Market Analysis, o mercado brasileiro de cuidados com a pele é impulsionado pela busca dos consumidores por uma aparência mais jovem. O envelhecimento é a maior preocupação e isso reflete no mercado de ingredientes ativos, num aumento pela busca por ingredientes que possuam funcionalidades voltados para firmeza da pele e redução de
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rugas que são os destaques na categoria anti-idade. 2. Cuidados com o cabelo é a maior categoria O segmento de cuidados com o cabelo no Brasil é o de maior consumo de ingredientes ativos funcionais em cuidados pessoais e representa 53% do mercado total. Há uma ampla variedade de ingredientes ativos funcionais utilizados nesta categoria de produtos. Uma das principais tendências no segmento de cuidados com os cabelos é o uso de ingredientes ativos que atendem a diversas necessidades tanto do couro cabeludo quanto do fio de cabelo. Hidratação, proteção, restauração, penteabilidade e manutenção da cor são alguns dos pontos mais solicitados pelos consumidores. As proteínas hidrolisadas são os ingredientes ativos mais utilizados em produtos de cuidados capilares no mercado brasileiro. Os ativos de biotecnologia têm uma pequena participação (1,6%) na aplicação de cuidados capilares no Brasil, mas sua participação
planta de extração de naturAIS da symrise: mercado de extratos botânicos cresceu dois dígitos ao ano, nos últimos três anos. fim de satisfazer esta procura dos consumidores, os formuladores tendem a oferecer ingredientes ativos com esta característica, como por exemplo, o uso do chá verde composto por polifenóis, que são conhecidos por serem excelentes antioxidantes ao reduzirem a atividade de radicais livres na pele. Outras propriedades de desempenho atribuídas ao extrato de chá verde incluem adstringência, efeitos antimicrobianos e anti-inflamatórios. Estes fatores push-pull estão resultando em fornecedores de ingredientes ativos direcionados a questões específicas do consumidor.
deverá crescer nos próximos cinco anos devido à crescente demanda por produtos de alta eficácia para tratamento do couro cabeludo, como produtos que diminuem a queda do cabelo e estimulam o crescimento capilar. 3. Eficiência e produtos mais suaves A busca dos consumidores por produtos leves, mais suaves e eficientes. Essa tendência se refletiu num aumento do consumo de ingredientes naturais, principalmente os extratos botânicos que nos últimos três anos cresceram a taxas de dois dígitos. Podemos citar o exemplo dos formuladores que indicam o uso de ingredientes ativos funcionais nos produtos de proteção solar elaborados com óleo de casca de canela, extrato de aveia e óleo de soja, cuja finalidade é o aumento do fator de proteção solar (FPS). Outro exemplo é o café verde, que tem sido usado em produtos para a hidratação da pele - quando utilizado em níveis “funcionais” diminui a oxidação de lipídios (gorduras) das membranas de células da pele. Os fornecedores de ativos botâni-
cos desenvolveram uma ampla gama de ingredientes ativos que são capazes de atender à maioria das funcionalidades relacionadas com o cuidado da pele, incluindo ação calmante, proteção solar, benefícios antioxidantes, fortalecimento da pele, redução da inflamação e proteção contra radicais livres. Os fornecedores desses ativos botânicos atestam a eficácia do seu produto através dos resultados de teste in-vitro e in-vivo. 4. Produtos multifuncionais A popularidade crescente dos cosméticos multifuncionais resultou no consumo aumentado dos ingredientes ativos, que têm funções múltiplas associadas com um único ingrediente. Com estilos de vida extremamente agitado, os consumidores tendem a simplificar suas rotinas diárias de beleza, dada a “escassez de tempo”. É por isso que os produtos multifuncionais crescem em popularidade, porque oferecem vários benefícios de uma só vez, tais como: antienvelhecimento, limpeza, hidratação, antioxidantes, proteção UV, etc. A
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5. Futuro As perspectivas do mercado de ingredientes ativos no Brasil são positivas e possuem forte tendência de se manterem num ritmo de crescimento. O mercado é impulsionado pelos consumidores, que estão em busca de resultados. Além disso, os consumidores “abandonaram” os produtos e tratamentos de custos “mais baixos”, passando a valorizar a melhor relação entre custo e benefício, ou seja, demonstrando um interesse crescente por produtos multifuncionais que mesclam, por exemplo, cuidados com a pele e com maquiagem, entre outros. Do lado dos fabricantes de ingredientes ativos funcionais, podemos esperar uma crescente concorrência entre os players da indústria em 2017 relacionadas com mais inovação, estreitamento entre tecnologia e soluções anti-idade, que atendam às fortes demandas por parte dos consumidores. Elaine Gerchon, gerente de Projetos da Factor-Kline. A Factor-Kline combina habilidades funcionais de alto nível em gestão empresarial com profundo conhecimento dos mercados em que atua para ajudar empresas a resolver problemas complexos e explorar oportunidades de crescimento, formular estratégias vencedoras e implementar soluções práticas e duradouras.
CATEGORIA Cabelos
Shampoo de crescimento Os últimos dois anos têm sido pródigos em operações de aquisições no mercado de beleza. 2017 não deve ser diferente e a expectativa é que os negócios envolvendo a categoria de haircare ganhem em força >>> gabriel oda e aûani cusma de paula
F
oram realizada 187 operações de fusões e aquisições (M&A) em todo o mundo entre 2015 e 2016. Os dados, fruto de um levantamento da Intrepid Investment Bankers, banco de investimentos norte-americano que assessora empresas e estrutura operações de M&A no segmento de higiene e beleza, mostram que mais de dois terços dessas operações foram realizadas por compradores estratégicos, ou seja, as próprias indústrias do setor. Nesse período, as marcas de maquiagem tiveram um grande destaque. E não é para menos. Esta tem sido a categoria mais dinâmica do mercado nos últimos dois anos, sobretudo no mercado norte-americano e no segmento de Luxo. Os produtos de maquiagem devem continuar bombando no mercado. Já em relação às aquisições, a expectativa é que o ritmo deva cair bastante. Até porque, muitos negócios já foram feitos e não restaram mais muitas marcas emergentes que se enquadram no padrão de negócio que costuma interessar aos maiores compradores estratégicos e aos
fundos de investimentos. Face a essa realidade, existe uma grande expectativa em torno do maior número de operações envolvendo empesas e marcas que atuem no segmento de produtos para os cabelos. “Este segmento é sem dúvida de grande interesse de compradores estratégicos, por isso temos visto negociações que garantem múltiplos acima do padrão, embora eles não excedam os que são pagos em negociações envolvendo marca de skincare”, diz Shahriar Attaie, vice-presidente da Intrepid. De acordo com a banqueira, considerando o histórico recente de transações envolvendo empresas do segmento de cabelos, os múltiplos negociados foram, na média, de duas vezes a receita e 12 vezes o EBITDA. Grandes multinacionais como L´Oréal, Coty, Unilever e Henkel têm sido bastante ativas nesse cenário, buscando marcas emergentes, que ocupem espaços não ocupadas por elas, ofereçam novas propostas de comunicação e comercialização e que funcionem como alternativas para acelerar o crescimento presente e futuro dessas corporações. “Como muitas marcas notáveis têm tido
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desempenho fraco, as empresas continuam pagando um preço alto para garantir o seu espaço no mercado”, explica Shahriar, colocando um dos motivos que tem justificado os altos múltiplos pagos em algumas transações. Uma realidade que não deve mudar dado que a categoria continua quente.
nova realidade Essa busca por marcas para os cabelos, especialmente as que trazem apelo de tratamento, reflete uma movimentação importante e global no posicionamento das marcas e em como os consumidores se relacionam com a categoria em muitos mercados do mundo, especialmente os chamados washables markets, nos quais o usuário encara o ato de lavar os cabelos apenas como uma
a atriz jennifer aniston em ação da living proof: compradores estratégicos, como a Unilver, estão pagando caro por marcas bem posicionadas e de crescimento rápido. questão de higiene, sem enveredar na busca por uma rotina de cuidados e tratamentos – como acontece com as brasileiras. “Assim como os dermocosméticos crescem e ganham destaque com suas alegações terapêuticas, o mercado de hair care também começa a destacar benefícios na mesma linha. Os cabelos começam a ser vistos como extensões da pele e, além dos benefícios básicos de limpeza e perfumação, as marcas começam a explorar benefícios para a saúde capilar, com composições naturais ou tratamentos preventivos que conferem um caráter mais premium a esses produtos”, afirma Guilherme Machado, analista de Pesquisa da consultoria britânica Euromonitor, para quem as aquisições têm funcionado como um esforço para absorver o crescimento
dessas novas demandas. A maior e mais aguardada transação de 2016, sem dúvida nenhuma, foi a compra da norte-americana Vogue International, dona da marca OGX (antiga Organix), pela Johnson & Johnson. Com vendas anuais estimadas em US$ 400 milhões, a fabricante especializada em produtos para os cabelos foi comprada por US$ 3,3 bilhões, mais de oito vezes suas vendas anuais. Isso significa que a Jonhnson & Johnson pagou caro? Não necessariamente. Para Shahriar, da Intrepid, a transação é uma mostra do valor que atores mais diversificados (que operam em mais de uma categoria ou negócio) enxergam no mercado de higiene e beleza e o preço que as grandes corporações estão dispostas a pagar para entrar no setor. Agora, a empresa espera usar
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Atualidade COSMÉTICA
toda sua musculatura global para levar a Vogue para um novo patamar. Até 2020, a gigante norte-americana quer ver sua aquisição ser uma marca com vendas de mais de US$ 1 bilhão. A participação da Johnson & Johnson no segmento de haircare adulto é fraquissima.
muitas movimentações Embora a maior, essa não foi a única aquisição recente de destaque na categoria. Outros negócios robustos incluíram a compra da marca Living Proof, de produtos mais premium e que tinha a atriz Jennifer Aniston como sócia, pela Unilever; a compra de algumas marcas da P&G pela Henkel – que em 2014 já havia comprado três marcas norte-americanas no segmento, entre elas a Sexy Hair; a gigante indiana Godrej adquirindo a
CATEGORIA Cabelos
produtos da ogx e de outras marcas premium em pdv: A Johnson&Johnson quer levar sua nova marca à vendas de US$ 1 bilhão até 2020. marca étnica Strength of Nature; sem falar na incorporação de Wella e Clairol, vindas da P&G, pela Coty, numa operação anunciada em 2015 e concluída no ano passado. Já no primeiro trimestre de 2017, a Henkel anunciou a compra da divisão profissional da Nattura Laboratórios, empresa mexicana dona das marcas Tec Italy e Pravana e que no total, somou 100 milhões de euros em vendas no último ano. A operação dará masior acesso à gigante alemã ao mercado profissional mexicano, complementa o portfólio da empresa nos Estadois Unidos e, de quebra, deve funcionar como base de expansão da companhia na América Latina. Além do México, a Nattura tem operações próprias na Colômbia, Espanha e Estados Unidos.
mirando alto Em geral, as empresas compradoras têm buscado marcas que se posicionem em patamares de preço superiores aos líderes do mercado. Isso pode ser explicado pelo fato de que nos mercados mais maduros (como o americano e o europeu), os segmentos de maior valor agregado
têm crescido mais rapidamente. “Nos EUA, os produtos de hair care premium correspondem a mais de 28% do total do das vendas em valor”, lembra Guilherme, da Euromonitor. Por aqui, essa participação ainda é pouco significativa, especialmente quando se leva em conta o portfólio comercializado pelos principais canais de distribuição, como o Alimentar e o Farma. Para as marcas e os empreendedores por trás delas, passar o negócio para um grande player é uma forma de permitir que a marca alce novos patamares (além de colocar muito dinheiro no bolso, geralmente). Muitas dessas marcas se notabilizaram por realizar um trabalho excepcional nas redes sociais e, principalmente, por estabelecer uma forte conexão com os jovens consumidores, um dos grandes desafios modernos para as marcas tradicionais e estabelecidas no mercado. Mas, é claro que a partir de um determinado ponto, crescer passa a demandar pesados investimentos financeiros e a adoção de novos métodos de gestão e controle com os quais os empreendedores não costumam estar aptos a lidar, ou po-
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anúncio da devacurl: a marca é tida como uma das “bola da vez” para aquisições este ano. dem não ter tempo de implantar. Entre as empresas que estão sendo olhadas de perto pelos analistas como possíveis alvos estão a Devacurl, uma das precursoras do No Poo, Low Poo e a marca de luxo profissional Oribe. Como essas inúmeras operações vão repercutir no Brasil, o segundo maior mercado do mundo e reconhecido gerador de tendências e inovações na categoria? Ainda é cedo para afirmar, mas o País tem passado ao largo desses movimentos. Primeiro, porque o Brasil não é, tradicionalmente, um bom cenário para aquisições. Tanto que elas são raríssimas por aqui. Mas é possível que, para atingir a sua meta ousada, a Johnson & Johnson tenha planos agressivos para a marca Ogx no território nacional. Seria uma forma de a companhia colocar os pés na maior categoria do Brasil, da qual ela não faz parte. Hoje, a distribuição de Ogx é bastante restrita e a marca – distribuída pela Harty Cosméticos – tem seus shampoos comercializados na faixa dos R$ 50, o que a deixa fora dos grandes cenários de disputa desse mercado. E é pouco provável que a Johnson & Johnson não queira entrar nesse certame.
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CATEGORIA Barba
PELAS BARBAS
A atenção com os barbudos tem crescido e a indústria já entendeu que eles precisam de cuidados especiais. Sendo assim, o desenvolvimento deste mercado não deve parar >>> RAFAEL MENDONÇA
H
á não muito tempo, era raro ver tantos homens cultivando generosas barbas. Mas, conforme o tempo foi passando, tendências foram surgindo ao redor do mundo e portar barbas – de diferentes tamanhos e formatos – passou a se tornar algo mais comum. Por muitos anos, os homens não puderam contar com uma ampla oferta de produtos de beleza e, ainda que hoje o mercado de cosméticos masculinos – e aqui não estamos falando de itens de higiene pessoal como desodorantes, cremes e aparelhos de barbear, shampoos antiqueda e anticaspa ou mesmo shampoos regulares, todos bastante consumidos e, no caso deste último, basicamente utlizando produtos criados principalmente para às madeixas femininas. A cosmética masculina de fato, com produtos para cuidados da pele do corpo e do rosto, ou de cuidados diferenciados com os cabelos ainda é bastante restrita em termos de opções.
A consultoria de mercado britânica Euromonitor, destaca que, apesar da grande lacuna entre os mercados masculinos e femininos (o gasto per capita dos homens com produtos de higiene e beleza foi de US$ 6,50 em 2015, quase nada frente aos US$ 58,50 para mulheres), os limites não são muito bem definidos. Isso se deve ao número de produtos femininos que também são utilizados pelos homens, como os próprios shampoos; e vice-versa, como por exemplo, lâminas de barbear, ainda utilizadas por muitas mulheres para depilar as pernas. Analistas da consultoria também apontam o fraco crescimento econômico para justificar o desempenho tímido nos últimos anos dos produtos masculinos. Para os analistas da consultoria isto ocorre porque os homens – nesses períodos – são mais propensos a descartar os produtos de grooming – exceto as lâminas – de sua cesta de compras, do que as mulheres, que consideram os itens de beleza como essenciais. O crescimento das vendas no mercado de cuidados masculinos global
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desacelerou para 3,1% no ano passado, depois de uma taxa de crescimento anual composta de 5,7% nos cinco anos até 2015, de acordo com dados da consultoria. ” (O mercado masculino) é uma área chave para todos os atores da indústria, e seu foco, agora, é entender o que motiva os homens a usar os produtos e como deixá-los confortáveis para comprá-los. O escopo de crescimento existe em mercados dinâmicos como os EUA, Índia e Brasil, mas isso deve acontecer no longo prazo”, disse Nicholas Micallef, analista de beleza e cuidados pessoais da Euromonitor em entrevista ao diário britânico Financial Times. Mas, ainda que sem a musculatura e a agilidade de categorias maiores e mais desenvolvidas, o mercado de produtos cosméticos para homens vem se desenvolvendo. “O crescimento do segmento masculino é notório, principalmente em produtos específicos como os para a barba”, considera Brenda Paula Magalhães, química e responsável pelo P&D da Facinatus Cosméticos, empre-
opções para especialistas: número de produtos destinados aos cuidados com a barba vêm crescendo. E eles são cada vez mais específicos. sa goiana de venda direta. Os produtos para cuidar da barba vêm recebendo uma atenção especial por parte da indústria cosmética, tanto de empresas tradicionais e que já operam no mercado há muito tempo, como de jovens companhias que resolveram apostar suas fichas no mercado masculino. Esse movimento deve continuar. Inúmeras marcas e linhas para o cuidado específico dos pelos do rosto apareceram, sendo algum deles bem específicos, visando inclusive o trato da pele “escondida” sob a barba. Segundo a cosmetóloga Sonia Corazza, há uma série de agravantes que fazem com que a pele nesta parte do rosto de muitos homens seja bem mais sensível se comparada com outras partes do corpo. “A presença massiva de folículos pilosos (a estrutura da pele que permite o surgimento do pelo) desenvolvidos com um padrão de crescimento diferenciado trazem a rotina masculina uma tarefa diária de corte, que afeta diretamente a sensibilidade cutânea. Naturalmente mais oleosa e propensa à formação de pseudo foliculite (pelo encravado), a pele facial masculina pode apresentar pápulas eritematosas, eventualmente com secreção purulenta”, justifica a profissional.
Desempenho que anima Na grande maioria dos casos, os homens
que optam por cultivar uma barba de respeito, especialmente os jovens, tendem a ter um pouco mais de conhecimento das suas próprias características, como grau de oleosidade da pele, dos cabelos e da própria barba, por exemplo. “Eles conhecem suas necessidades. Por exemplo, ao se barbear, eles sabem o tipo de pele que possuem e procuram por produtos que sejam apropriados, como para pele sensível, normal ou oleosa”, acredita Eucimar Alves, gerente técnica da Maxiline, empresa mineira de produtos profissionais e dona da marca Bravus, de cuidados masculinos. Esse público também costuma ser mais propenso a se cuidar, o que ajuda a explicar o aparecimeto de um grande número de barbearias em diversas cidades brasileiras. Essa parcela do público masculino sabe o que quer (ou ao menos busca informações) e está buscando itens cada vez mais específicos. De olho neste no aumento no número de barbearias, a Go.Man, jovem empresa paulista dedicada exclusivamente à categoria de cosméticos masculinos, aproveitou para acelerar o lançamento de sua linha no varejo. “Quando lançamos a GO e o mercado compreendeu nossa proposta de foco exclusivo no público masculino, a linha de cuidados de barba já estava no nosso pipeline, mas ainda não havia sido lançada. A resposta imediata do mercado foi: ‘Quando vocês
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vão lançar a linha de cuidados de barba? Temos demanda e não temos produto’. Esses tipo de produto já existia no universo das barbearias, mas não no varejo onde atuamos. Diante da demanda, antecipamos o lançamento oferecendo um produto posicionado para a realidade do varejo e a resposta do mercado tem sido muito positiva”, recorda Bruno Weiers, sócio e diretor Comercial da Go.Man. A Dr. Jones é outra marca jovem criada com intuito exclusivo de atender às necessidades dos homens. De acordo com Wagner Rusca, responsável pelo Marketing da companhia, os produtos desenvolvidos para cuidar da barba têm ganhado bastante relevância no segmento de cosmético como um todo. Ele afirma que a marca entendeu que o homem moderno evoluiu e, pelo fato de estar consumindo mais produtos de beleza, a Dr. Jones lançou no ano passado o The Shaving Solution, que é um balm multifuncional que pode ser utilizado de diferentes maneiras no trato da barba. O produto funciona tanto como um hidratante para a barba, como um creme de barbear ou para desenhar o corte, já que tem formulação transparente, ajudando na visualização da linha. “Outro item do portfólio que é multifuncional e ajuda nos cuidados com a barba é o Isotonic Shower Gel, que serve para os cabelos, barba e corpo e que limpa e ajuda a restabelecer a hidratação dos
Foto: Casa Murdock/Divulgação
CATEGORIA Barba Barber & Moustache, que compreende, shampoo e condicionador para barba. A empresa precisava de um movimento focado no universo masculino, aumentando assim a competitividade frente ao mercado, a fim de conquistar novos consumidores e fidelizar ainda mais quem já comprava os produtos de cabelos da marca. “Antes o homem só dava atenção em manter a aparência. Hoje ele quer se sentir mais confiante, ter estilo, experimentar diferentes produtos e já entende que os cuidados com a barba e pelos faciais precisam da mesma atenção dada aos cabelos”, compara.
movimento influente: o avanço do número de barbearias tem contribuido com o desenvolvimento do mercado.
pelos, afinal eles precisam de cuidados assim como os cabelos. Estes produtos ilustram fortemente o desempenho da subcategoria de cuidados com a barba, posto que apresentou números expressivos nos lançamentos, e mais ainda em suas recompras”, acrescenta o executivo.
Familiarizando rotinas Um ponto importante no desenvolvimento de uma categoria é entender como um determinado produto é incorporado à rotina de seu público. Com a percepção de suas reais necessidades tendo aumentado entre eles, a experimentação também passa a fazer parte da realidade dos homens. “Antes o homem usava no máximo um shampoo específico. Hoje, a procura por novos produtos e procedimentos voltados para eles cresceram e tendem a crescer muito mais”, crê Cláudia Vieira, responsável pela pesquisa e desenvolvimento de produtos da Sofisticatto, outra empresa de Goiás e que opera no canal de venda direta. Mas o fato de estar mais disposto a experimentar não quer dizer que os homens vão sair por aí incorporando novos passos e produtos à sua rotina de beleza. Na visão de Bruno Weiers, da Go.Man, para que algum produto seja efetivamente incorporado à rotina masculina e lá se mantenha é mandatório que este produto entregue benefícios perceptíveis a ele. “No caso dos produtos de barba, a neces-
sidade surgiu naturalmente com a tendência das barbas um pouco mais compridas. Pela fisiologia dos pelos da barba e da pele do rosto, a barba é naturalmente mais ressecada e rebelde do que os cabelos, por isso requerem produtos específicos para higiene, cuidados diários e tratamento. O ph do rosto é diferente do couro cabeludo, por isso, para nós, não faz sentido ter um shampoo para cabelo e barba. A experiência e o feedback dos consumidores têm nos mostrado que acertamos”, celebra o empresário. No intuito de criar produtos para necessidades específicas, a carioca Aspa Cosméticos, especializada em desenvolver produtos em aerosol, busca equacionar inovação, embalagem prática e funcionalidade “Para o homem considerar o uso regular desse tipo de produto, ele necessita de incentivos especiais que possam ser sentidos e comparados favoravelmente em relação a outros produtos do mercado”, opina. “O homem precisa de razões racionais para, primeiro, admitir experimentar, e depois incorporar estes produtos no seu uso diário”, acredita Demetre Giokaris, diretor da marca Já Manuella Bossa, presidente da Truss, empresa de cosméticos profissionais do interior de São Paulo, revela que o comportamento do homem em relação aos cuidados com a beleza ao longo dos anos teve total influência no desenvolvimento da nova linha da marca, a Truss
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Cuidados específicos Se a fisiologia da barba e do cabelo (assim como a da pele do rosto e a do couro cabeludo) são diferentes, as formulações dos produtos destinados aos cuidados com a barba também precissam de tratamento específico. “Nossos shampoos de barba têm tensoativos mais suaves do que os shampoos para os cabelos, funcionam como uma limpeza facial. Nossos óleos contêm exclusivamente óleos vegetais, são livres de silicones ou óleos minerais. Tudo pensado para garantir performance nos resultados de maneira perceptível”, assegura Bruno Weiers, da Go.Man. Wagner Rusca, da Dr. Jones, concorda que a barba exige um cuidado maior na limpeza pelo fato de estar mais exposta ao sol e efeitos do dia a dia e, sendo assim, pode “carregar” mais sujeira. “Em geral a pele pode ficar mais ressecada também. Por isso sugerimos que os homens utilizem um gel de limpeza, shampoo e ou esfoliante para auxiliar na limpeza, evitando por exemplo, pelos encravados e pele olesosa. E o The Shaving Solution ajuda na hidratação da pele desta região e dos pelos que ali crescem e que geral-
mente são mais ‘secos’. Fora isso, esse balm ajuda a hidratar a pele na região da barba (que contém os folículos dos pelos) para que o deslizar da lâmina seja menos agressivo, mais suave”, pontua. Além das diferenças existentes entre os fios da barba e do cabelo, Brenda, da Facinatus, adiciona ainda as disparidades que há entre a pele do homem e da mulher. “A testosterona determina as características da pele do homem. Em geral essa pele, tanto do rosto como do corpo, é mais espessa (cerca de 20% mais que a pele feminina), mais oleosa (os homens têm mais glândulas sebáceas e portanto, têm mais poros e ambos são maiores que nas mulheres) e envelhece de forma diferente, pois possui mais colágeno. Nesse contexto é preciso desenvolver produtos que não estimulam a produção de oleosidade, visto que isso já acontece naturalmente nessa região da pele. O cuidado na seleção de ingredientes e insumos deve partir desse princípio e esse tem sido o nosso objetivo, selecionar insumos que agregue cuidado, simplicidade, funcionalidade e bem estar aos nossos consumidores”, diz a gestora de P&D da empresa goiana.
Auxílio de ingredientes As fornecedoras de matérias-primas tem trabalhado para ajudar a viabilizar o lançamento de um arsenal de produtos cada vez mais específcos para os cuidados com a barba pela indústria cosmética. “Hoje o mercado de cuidados para homens tem uma tendência de crescimento e com certeza novos horizontes serão abertos para este mercado”, avalia Célia Regina Borimecico Alves, coordenadora de Marketing da Química Anastacio, distribuidora de ativos e ingredientes para a indústria de beleza. “Há um aumento na procura por produtos específicos para facilitar o processo de barbear, assim como para tratar a pele após este procedimento”, reforça Vanessa Silva – coordenadora de Tecnologia & Inovação da Cosmotec, que também atua na distribuição de ativos e ingredientes para a indústria cosmética. Célia conta que a Química Anastacio tem buscado promover alternativas naturais a produtos comumente usados no mercado, com intuito de oferecer tra-
tamento, tanto da barba quanto da pele que está debaixo dela. Entre esses ingredientes, estão o Plantsil e o Abysoft. “O Plantisil é o substituto para os silicones proporcionando suavidade e maciez, além da formação de filme. Já o Abysoft, vem para o tratamento da pele e do pelo, um ingrediente multifuncional que proporciona cuidado e a formação de um filme aveludado na pele, ao mesmo tempo que promove maciez, volume, elasticidade e um brilho discreto”, situa. Para o tratamento e a recuperação da pele sensibilizada após o barbear, a Cosmotec indica o Defensil-Plus, da marca suíça Rahn. “É um ativo que apresenta conteúdo elevado de ácido -linolênico e ácido linoleico, que auxiliam na recuperação da função de barreira, além de conter ácido estearidônico e altos níveis de fitoesteróis, que minimizam o processo inflamatório causado pela lâmina de barbear. Desta forma, proporciona alívio da pele irritada, reduzindo o desconforto e vermelhidão local”, conta Vanessa. “Já o Phytosphingosine é um ativo derivado de ceramidas e que apresenta propriedade antimicrobiana, além de atuar como agente anti-inflamatório natural, contribuindo, desta forma, para reduzir a inflamação e auxiliar no controle da acne”, emenda. A coordenadora de Tecnologia & Inovação da Cosmotec acrescenta que existe uma demanda para cuidados diários da barba e bigode, com produtos que modelam, promovem maior maciez e brilho suave aos pelos após a aplicação. “Para a linha de cuidados diários, destacamos o Silsoft Silicone Gel, um elastômero de silicone que apresenta estrutura de gel. Proporciona excelente sensorial, com suavidade, maciez e melhora da espalhabilidade de formulações. Auxilia na redução da pegajosidade, permitindo maior conforto na aplicação.”
Opções em embalagens Quando o homem está começando a se habituar com algum produto em sua rotina, há um outro ponto que também pode auxiliar bastante: a embalagem. E, neste quesito, há diversos atributos que o público masculino costuma se atentar. O principal deles é a praticidade. “Facilidade de uso é fundamental para o
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A sensibilidade e a pele irritada estão entre os maiores problemas dos homens. Mas existem ativos que podem minimizar essa situação.
DEFENSIL-PLUS® Cosmotec/RAHN Aplicação: Formulações de gel, loção e emulsões para cuidados de peles sensibilizadas.
Claim: Reparo da barreira cutânea, redução do desconforto e vermelhidão da pele irritada. Mecanismo de ação: Promove recuperação da barreira cutânea, minimiza o processo inflamatório. Diferenciais: Combinação de ingredientes de alta performance, alto conteúdo de ácido y-linolênico e ácido linoleico, ácido estearidônico e fitoesteróis. Dosagem: De 1 a 5% em formulações de gel, loção e emulsão. INCI Name: Octyldodecanol, Ribes Nigrum Seed Oil, Helianthus Annuus Seed Oil Unsaponifiables, Cardiospermum Halicacabum Flower/Leaf/Vine Extract, Tocopherol, Helianthus Annuus Seed Oil, Rosmarinus Officinalis Leaf Extract Mais informações: (11) 2027-1100 / www.cosmotec.com.br público masculino. A embalagem mais tradicional para os óleos de barba costumava vir com um conta-gotas. Optamos por agregar uma válvula dosadora. Quanto mais prática melhor”, relembra Bruno, da Go.Man. Cláudia Vieira, da Sofisticatto, de Goiás, adiciona mais um ingrediente. “Pensamos na praticidade e resistência das embalagens, pois, às vezes, esses produtos vão da casa para a academia e não podem vazar na mochila, etc. Mas isso não impede um design diferenciado para ela, mesmo que não seja o principal atrativo de compra para o homem”, agrega ela. Manuella Bossa, admite que, no quesito de identidade visual, a Truss busca uma embalagem que imprima contemporaneidade, beleza e praticidade. “O fato dela ser standard ou não, não impacta nestes quesitos”, resume a empresária. Entretanto, Wagner Rusca, da Dr. Jones acredita que a indústria precisa ainda se desenvolver na oferta de embalagens standards com design mais arrojado e funcional. “O mercado precisa destes materiais, porém há escassez na oferta”, critica.
Express Frescor matinal Usando o frescor matinal da Amazônia como conceito básico, a Natura lançou o Natura Ekos Flor da Manhã, um novo perfume inspirado em flores encontradas na maior floresta tropical do mundo. Seu aroma luminoso faz referência ao amanhecer, com toques rústicos e um buquê floral. Com notas de saída cítricas compostas por um mix de limão, notas verdes e gengibre, seu corpo é composto por diversas flores como jasmim, violeta e óleos da flor de priprioca e um fundo com baunilha, musk, cedro e âmbar. O perfume foi desenvolvido pela Veronica Kato, da própria Natura, em parceria com Clement Gavarry, da casa de fragrância IFF. Distribuição: venda direta, lojas próprias e e-commerce. Preço: R$ 89,90. SAC: 0800 115 566. Site: www.natura.com.br
Jovem e descolado Em uma proposta visando um público mais jovem e descolado, alcançar a mulher jovem que sai, se diverte com as amigas, vai a festas e curte a noite, a Mary Kay lançou seu o perfume Hello Brilliant Deo Colônia. A fragrância é de autoria da perfumista Caroline Sabas, da Givaudan. Da família olfativa floral gourmand, com uma saída efervescente e vibrante, o corpo do perfume é marcado por um buquê floral de magnólia e, por fim, um toque de vanilla, musk e praliné. Seguindo o mesmo conceito de alusão ao público feminino jovem, o frasco é colorido, com tampa e pescante coloridos lembrando uma flor. Distribuição: venda direta, lojas próprias e e-commerce. Preço: R$ 69. SAC: 0800 16 3113. Site: www.marykay.com.br
campanhas originais do insensatez: rebeldia, irreverência e fragrância “fresca”, bem ao gosto do brasileiro, fizeram o sucesso do perfume unissex.
Proposta sensata Em tempos de discussões inúmeras sobre gênero e rótulos, O Boticário decidiu aderir à tendência e trouxe de volta um grande sucesso dos anos 1990 e que tinha a rebeldia com muita irreverência como marca, Insensatez, um perfume que já nasceu unissex. A fragrância original da Firmenich combina um fundo amadeirado, composto por âmbar e musks. A delicadeza das flores em contraste com intensidade da madeira, tudo ressaltado com notas cítricas faz da fragrância totalmente genderless, perfeita para a proposta. Distribuição: lojas próprias, venda direta e e-commerce. Preço: R$ 89,90. SAC: 0800 41 3011. Site: www.boticario.com.br
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Mistura para os cachos Após o sucesso de sua linha de maioneses capilares, a Salon Line virou seus olhos para as misturas de água ou leite com o amido de milho que, após levada ao fogo, vira uma goma a ser aplicada no cabelo. Após um estudo das propriedades benéficas para o cabelo, desenvolveu o Amigo de Milho, uma mistura que quando adicionada a uma máscara de tratamento, promove uma hidratação a mais, sem a necessidade de ir ao fogo ou com a desvantagem de uma redução de volume dos cachos. Sua fórmula possui as proteínas naturais do amido de milho, manteiga de karité, azeite de oliva e D-pantenol, combatendo o ressecamento e trazendo brilho e mais força aos cabelos. Distribuição: farmácias, perfumarias, supermercados e e-commerce. Preço: R$ 15,90. SAC: (11) 4134-2727. Site: www.salonline.com.br
Família salva tudo
A Yenzah decidiu reinventar a sua linha Save, que antes era voltada para tratamento de cronograma capilar. A marca agora traz a linha voltada para a reconstrução capilar e em uma nova embalagem. A linha age diretamente nas fibras capilares, repondo os nutrientes necessários para manter o cabelo forte e saudável com o seu ativo exclusivo Nanocomplex, que usa de nanotecnologia para regenerar e selar fios danificados, deixando-os macios, sedosos e com mais brilho. A família oferece ação imediata, com resultado em prometidos três minutos. Além do ativo nanotecnológico, shampoo e condicionador possuem D-pantenol e aloe vera, trazendo maciez e flexibilidade. O leavein, além da regeneração, traz termoproteção contra as agressões físicas da chapinha e escova. A máscara faz uma reposição da massa proteica dos fios, enquanto a queratina líquida traz um complexo proteico que confere maior força e resistência aos cabelos. Por fim, a ampola auxilia na reconstrução dos fios e pode ser usada para potencializar a máscara. Distribuição: farmácias, perfumarias e e-commerce. Preços: de R$ 13,90 (ampola) a R$ 35,99 (leave in). Site: www.yenzah.com.br
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sENSAÇÕES EXPANDIDAS A empresa de venda direta multinível Hinode, amplia a sua linha Sensações com o lançamento dos sabonetes inspirados nas fragrâncias da sua tradicional linha de hidratantes. A coleção de sabonetes Sensações traz sabonetes em barra produzidos com base 100% vegetal, garantindo suavidade, melhor fixação de aromas, além de possuírem manteiga de karité, que repõe a hidratação natural da pele. A novidade está disponível em sete fragrâncias diferentes: Poésie, Sublime, Ternura, Éclat, Dream Vanilla, Envolvente e Sedução. Todas as versões são apresentadas em embalagens contendo três barras de 90 gramas, cada. Distribuição: Franquias e venda direta. Preço: R$21,90. SAC: 0800 1 446633 e 4020-2424 Site: www.hinode.com.br
Pele suavizada A Anna Pegova lançou a Eau De Beauté, uma água termal que hidrata de forma duradoura e suaviza a pele, trata irritações, coceiras, vermelhidões e queimaduras solares, alivia o incômodo do pós-barba e depilação, confere sensação de frescor e melhora a elasticidade da pele. De acordo com a empresa, é a única água termal que tem o Silício Orgânico como principal componente, além da presença de Vitamina B5/Pantenol, Zinco PCA, flor de lótus e chá verde. O produto não tem contraindicações, podendo ser usado em adultos e crianças, além de poder ser utilizado para remover o sal ou cloro, após sair da água de piscinas e praias, e preparar a pele antes de aplicar a maquiagem, ajudando a fixá-la por mais tempo. É totalmente livre de parabenos e álcool, com pH neutro e fácil aplicação devido à sua embalagem. Distribuição: lojas próprias e e-commerce. Preço: R$ 78. SAC: 0800 131 345. Site: www.annapegova.com.br
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tENDÊNCIAS Artigo
No Gender : sem culpa nem desculpa Se nos anos 1990, a androgenia se manifestou como um movimento da indústria da moda e da beleza, hoje ela transborda em manifestações sociais e através de novos termos, mas, ainda tendo a Moda e a Beleza como movimentos propulsores >>> Marselha Tinelli
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movimento No Gender vem se manifestando cada vez mais forte no mundo fashion e, depois do anúncio impactante da Gucci (em abril de 2016) que os ‘catwalks’ masculino e feminino seriam unificados esse ano, outras tantas indústrias estão correndo atrás de suas agências de publicidade para identificar a aderência de suas marcas ao movimento. Assim, não é nenhuma surpresa que a indústria da beleza também esteja navegando nesse sentindo em todo mundo. Muitas marcas estão lentamente acabando com rótulos tradicionais e derrubando as barreiras que existiam anteriormente entre os sexos. Embalagem e aromas estão inclinando-se em uma direção mais neutra em termos de gênero e fórmulas são projetadas para exercer dupla função, atendendo às necessidades das faces de homens e mulheres. É menos sobre o empréstimo de produtos cosméticos dos meninos (ou as meninas) e mais sobre a concepção de linhas que atraiam a todos os gêneros. Fragrância é uma categoria que é historicamente unissex, desde os antigos gregos até a aristocracia vitoriana todos se perfumavam com as mesmas notas, independentemente do sexo. Tanto as marcas de nicho, as prestiges quanto as mastige estão fazendo um
retorno às origens não classificando gêneros. Calvin Klein lançou Ck2 ano passado, que é comercializado como um “fresco, quente, duplo-facetado”, que equilibra notas de wasabi picante com sândalo cremoso e um rico absoluto de rosa. O comunicado de imprensa para a fragrância cita que este eau unisex é para “dois indivíduos definidos por quem eles são, não o que eles estão” e destina-se a “unir e criar uma experiência que pode ser compartilhada com amor, luxúria e amizade.” A Avon lançou em agosto do ano passado a marca Attraction e, recentemente, O Boticário relançou um grande sucesso da década de 1990, Insensatez, atualizando sua comunicação através de uma mensagem No Gender. Nest, uma linha de fragrância de nicho, dominou EDPs florais. O mesmo pode ser dito para as misturas botânicas únicas do Atelier Cologne – elas não têm um perfil masculino ou feminino distinto e podem balançar de forma transparente para ambos os sentidos. Todos os exemplos anteriormente mencionados demonstram que não se trata de criar um perfume batido ou colônia; é simplesmente sobre a criação de um grande perfume. Skincare e até mesmo cosméticos estão experimentando uma mudança semelhante. A marca Context possui uma linha minimalista que é construída em torno de fórmulas ricas em antioxidan-
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tes que são leves, hipoalergênicos, não comedogênicos e livres de fragrâncias pesadas. Desde então, Context se expandiu para velas atraentes, cheias de citrinos e está se aventurando em cores nos próximos meses. A MAC, gigante de longa data no negócio da beleza e minha vizinha em terras canadenses, firmou uma parceria com Harry e Peter Brant (na foto acima) para criar uma coleção unissex de skincare, pós faciais, delineadores para olhos e para lábios, sombras e produtos para sobrancelha que se destinam a ser apreciados por todos os gêneros. Com tantas marcas suavizando a linha limite entre os gêneros através de embalagens elegantes e fórmulas sem frescura, a beleza estará pronta para se tornar uma joint venture, onde amigos, amigas, familiares, companheiros e companheiras poderão compartilhar dicas e produtos de cuidados, fragrâncias e beleza sem culpa nem desculpa. Marselha Tinelli é uma profissional de Marketing inquieta e apaixonada por pessoas, tendências e branding. Neste momento, está morando em Toronto com sua família numa experiência única, ampliando seus conhecimentos multiculturais.
Focus group Máscaras para Cílios
Sem mascara Atualidade Cosmética ouve o que pensa consumidoras sobre as máscara para cílios. Os problemas, onde procuram novidades, entre outras considerações foram levantadas pelas usuárias >>> rafael mendonça
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lgumas mulheres a usam no seu dia dia, independentemente da ocasião. Outras apenas como mero complemento para o look. E há aquelas que a utilizam com o intuito de deixar os olhos dignos de passarela. Estamos falando aqui das máscaras para ciílios, um dos itens que compõe a categoria de maquiagem, que tem muito apreço por parte das consumidoras e que foi escolhido para inaugurar a seção Focus Group em Atualidade Cosmética (a seção nasceu, originalmente, na publicação Packing Cosmética). Fomos às ruas para descobrir o que elas pensam sobre este produto. Um item que, por conta de seu tamanho e consideração, está presente em praticamente todas as necessaires ou bolsas das mulheres. Mas, como com qualquer produto, nem tudo são flores para este item tão adorado. São algumas questões que foram citadas por nossas entrevistadas, como por exemplo: dificuldade de remoção, o fato de borrar, não apresentar o resultado esperado, preço, entre outros. Por ou-
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ar a realidade tro lado, destacaremos também outros aspectos. Entre os principais, estão o fato de as marcas nacionais serem bem elogiadas quando comparadas com as internacionais e também a grande importância que foi dada aos pontos de venda na hora da escolha e também para obter dicas. Todas as informações apresentadas nesta matéria têm o intuito de auxiliar a indústria em diversos sentidos. E isso vale tanto para a indústria cosmética, como de matérias-primas e também de embalagem. Por mais que existam inúmeras ferramentas atualmente, muitas vezes é difícil ouvir o que pensam aqueles que estão na outra ponta da cadeia. E este é o principal objetivo da seção Focus Group, ou seja, dar ouvidos aos consumidores, para que falem
abertamente o que acham de determinados produtos ou categorias.
Graus de importância De um modo geral, a maquiagem é uma categoria em que o volume de compras por impulso é relativamente alto. Ao mesmo tempo, nossas entrevistadas mostram que a fidelidade também tem seu valor entre as marcas existentes de máscaras para cílios. Porém, estão sempre abertas a experimentação. Agora, na hora de comprar, há diversos quesitos que as consumidoras levam em consideração. Entre elas, a recomendação de conhecidos ou de pessoas de confiança – como um vendedor – é considerada, por exemplo, o fator mais importante para Geovanna Sonfilos, atendente de telemarketing, e para Lu-
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ciana Saccone, dona de casa. Mas há outros dois pontos que foram citados por praticamente todas as entrevistadas como “decisores de compra”: a qualidade do pincel e da formulação. Para a jornalista Denise Bispo, a união entre esses dois quesitos forma o cenário ideal. “A formulação é muito importante, porém se ela for boa e o pincel não for o que gosto, não compro. Prefiro escolher o conjunto formulação + pincel”, garante ela, que diz que, depois de qualidade da formulação e pincel, leva em consideração a marca, embalagem e o preço na hora da compra. “É sempre bom um design moderno para o produto e o pincel firme também é um diferencial. Um design legal ajuda na hora da compra. Mas com certeza a fórmula para mim é mais im-
Focus group Máscaras para Cílios blogueira britÂnica em tutorial: as consumidoras estão abertas à experimentação.
portante do que a embalagem”, emenda Luciana Saccone. Ainda segundo Geovanna Sonfilos, o pincel é quem dá o volume, ou aumenta o tamanho. Por isso, afirma não se importar tanto com a embalagem e com a fórmula, mas fica atenta para evitar problemas de alergia. “Geralmente só uso máscara de uma marca porque já estou acostumada, mas não vejo problema em usar outras”, diz. A fidelidade está associada à segurança na visão da jornalista Luciana Moglia. Ela, que busca em uma máscara durabilidade e um item que não borre e nem dê coceira nos olhos, observa que, como não tem tanto conhecimento em termos de formulação, confia em marcas de sua preferência. “A aparência do produto sempre estimula o consumo. Me agrado muito do pincel mais curvado”, acrescenta. A designer Patrícia Marin também faz menção à embalagem e ao pincel, na hora de optar por uma máscara para os seus cílios. Mas é outra que pontua o peso que exerce a fidelidade. “Dou preferência para marcas conceituadas. Dessa forma, não preciso me preocupar tanto com o conteúdo e fico livre para escolher o pincel e embalagem que mais me agrada. Porém, o último eu escolhi pela marca, por não testar em
animais”, recorda, dizendo que geralmente costuma trocar de marca ou modelo quando o produto acaba ou vence, visando a experimentação. Se para Denise Bispo a fórmula ideal para uma boa máscara é composta por formulação e pincel, para Ingrid Ramona, que busca recolocação no mercado, essa equação deve conter qualidade e preço. Para ela, é possível sim encontrar bons produtos por um bom preço. Diz ainda que o formato do pincel pode interferir na sua compra, mas destaca que de nada adianta o pincel ser bom e a embalagem bonita, se a formulação não for boa ou causar alergias. “Gosto de um aspecto volumoso, mas, ao mesmo tempo, natural”, adiciona. Ingrid garante que encontra esta fórmula ideal, de qualidade e preço, em uma marca nacional. “Sou aberta a experimentar sim, porém essa marca nacional tem um ótimo custo benefício e seus produtos atendem a grande parte de minhas expectativas.”
Conselhos e referências Nossas entrevistadas já falaram o que priorizam na hora de escolher ou comprar uma máscara. Mas, além de buscar esses atributos, onde essas usuárias procuram conhecer novos produtos
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quando estão atrás de novidades na categoria? As respostas não chegaram a surpreender tanto, mas é interessante enfatizarmos que, apesar do aumento considerável de ferramentas virtuais (internet e blogs), o trabalho realizado nos pontos de venda segue bem conceituado entre as amantes de máscaras para cílios. Para a designer Patricia Marin, o contato com o produto no PDV é fundamental para conhecer uma nova máscara. “Geralmente compro quando alguma embalagem me chama atenção e eu estou precisando do produto. Posso até ver e ler em algum site sobre, mas compro só depois de ver nas mãos”, situa. Além das lojas e seus mostruários, também foram mencionados por elas: publicidade em revistas e TV, indicação de amigas e, claro, internet e blogueiras. O ponto de venda também segue bem avaliado quando o desejo de nossas consumidoras entrevistadas é ter conhecimento de como realizar alguma experiência para obter diferentes resultados com as máscaras. Com a experiência de residir em Londres, na Inglaterra, Monica Lino, executiva de Marketing, conta que as lojas também são seu local preferido quando está buscando uma nova experiência. Revela ainda que usa diferentes modelos ou marcas quando deseja ter efeitos distintos. “Normalmente tenho duas máscaras diferentes, uma de volume e outra de alongamento.” Nessa busca por experiências, algumas de nossas consumidoras afirmaram “agir por instinto” sozinhas, procurando seguir sua intuição após terem contato com a máscara em um PDV, por exemplo. Outras não esconderam que fazem questão de irem atrás de dicas na internet ou oriundas de blogueiras. “Vejo em blogs, recomendações, ou até mesmo testo sozinha”, inclui Geovanna Sonfilos. “Também faço testes, mas a internet realmente me auxilia muito com tutoriais, experiências e até mesmo algumas técnicas que eu não conhecia”, contorna Ingrid Ramona. Sobre isso, Denise Bispo pondera: “Com todo o respeito, mas hoje não confio na maioria das blogueiras para dar dicas de produtos. Mesmo que elas tenham cílios impecáveis, vou desconfiar se é
Focus group Máscaras para Cílios
ela, reúne qualidade, um bom pincel e preço, e que até hoje nunca endureceu. “Há marcas que sonho em usar, mas são extremamente caras”, considera. “O principal problema é o preço, pois quando a fórmula é mal produzida e tem um alto custo, tende a endurecer. Dessa forma, não dá um bom proveito ao produto, nem um bom custo/benefício”, concorda Ingrid Ramona.
locais vs importadas
para todos os gostos: os pincéis e seus diferentes formatos são apontados como um dos principais fatores de decisão, na hora de escolher uma máscara. da marca que pagou para fazer aquele post ou se é o que ela de fato gosta. O meio que procuro é testar sozinha. Matérias na internet (não blogs) ajudam se a marca for desconhecida.”
“Borrões” à vista As experiências ruins com máscaras para os cílios também foram relatadas por nossas entrevistadas. Monica Lino observa que o problema que mais lhe incomoda neste tipo de produto é a dificuldade em retirá-lo com desmaquilhante. “O que mais me incomoda nesse aspecto é que algumas marcas borram muito quando a gente aplica a máscara e, na hora de tirar, dá um certo trabalho. Fora alguns que irritam os olhos causando alergia”, corrobora Luciana Saccone, adicionando mais um
problema, que também foi levantado por Luciana Moglia. “Os pincéis costumam decepcionar ou surpreender. Mas quando dá alergia, aí não dá para usar e nem repetir o erro”, complementa Patricia Marin. Já Geovanna Sonfilos reclama que quase nunca o resultado alcançado com as máscaras é aquele prometido pelas marcas. “A maioria tem a famosa ‘propaganda enganosa’, que promete deixar os cílios de uma forma e na realidade não tem um efeito em especial ou prometido”, considera a atendente de telemarketing. Denise Bispo fala de outra complicação existente com as máscaras para os cílios: o endurecimento do conteúdo. Ela conta que utiliza uma máscara de uma marca multinacional que, segundo
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Quando questionadas a respeito sobre como veem as diferenças existentes – sob diversos aspectos – entre marcas nacionais e internacionais, nossas consumidoras ficaram bem divididas. Há quem diga não enxergar diferenças entre ambas, como Geovanna Sonfilos. Luciana Saccone crê que a diferença entre elas esteja somente no preço e elogia as opções nacionais existentes. “Tem muita marca nacional melhor que as internacionais”, fala. “Acho que há diferenças especialmente com relação à durabilidade e alergia. Creio que temos boas marcas nacionais que fazem frente às internacionais”, compactua com a xará, a jornalista Luciana Moglia. Na outra mão, Ingrid Ramona opina dizendo que há grande diferença em termos de qualidade e preço. “Geralmente as marcas internacionais são bem melhores do que as brasileiras, dando um melhor acabamento e trazendo uma maior durabilidade”, conceitua ela, que cita o exemplo de uma marca internacional, falando que tem um bom custo beneficio e traz ótimos resultados em ocasiões mais especiais. “Isso até mesmo quando vou a piscinas e quero uma máscara à prova d’água, pois ela geralmente cumpre o que promete”, elogia. Patricia Marin, discorre sobre uma marca nacional que possui “embalagens incríveis” e sobre duas internacionais – que estão presentes no Brasil, cujo considerou-as “muito boas”. Por fim, Denise Bispo afirma que utiliza duas marcas internacionais que são mais populares, mas reforça o desejo em experimentar outras três marcas internacionais de máscaras, mas que atuam no segmento mais premium.
canal Varejo Especializado
Hora de aplicar Dirigentes do varejo de beleza relatam a experiência de visitar a NRF 2017 e apontam o que pretendem empregar em suas lojas, em meio a um mar de informações e insights vistos na maior feira de varejo do mundo >>> Rafael Mendonça
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varejo precisa viver em constante evolução, e isso precisa acontecer em diversas frentes relevantes para o canal. Aprimoramento em termos de tecnologia, atendimento, layoutização, gestão, sinalização, entre outros pontos; ou seja, é exigido do varejista – independentemente do setor – que ele ao menos acompanhe o que há de novo nesses quesitos, para não ficar para trás. E o grande momento e lugar para que estes profissionais façam isso é durante a NRF Retail’s Big Show – ou simplesmente NRF –, organizada pela National Retail Federation, a asociação do varejo norte-americano e maior feira de varejo do mundo que acontece anualmente em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em janeiro. Como já é tradição, um grande número de va-
rejistas do Brasil – entre eles diversos donos de perfumarias, que fizeram parte da comitiva organizada pela Beauty Fair – estavam lá para ver de perto as tendências, inovações e insights mais modernos para o varejo global. Para aqueles que estão visitando a NRF pela primeira vez, chega a ser desesperador entrar em contato com o grande volume de informações a que se tem acesso nos corredores e auditórios do evento. “No meu segundo dia na NRF, pensei: ‘Quero ir embora’”, lembra Saymon Gonçalves Leite, sócio-proprietário da Casa do Cabeleireiro Della e Delle, perfumaria com lojas no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além da programação da própria feira, as diferentes comitivas que partem do Brasil costumam gastar sola de sapato nas chamadas “visitas técnicas”, quando os participantes têm a oportunidade de
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irem às ruas e verem in loco como funcionam as operações de varejo por lá e acessar pontos de venda com conceitos diferentes, tido como inovadores ou referências do que existe de mais bacana e avançado e já está sendo executado pelos varejistas yankees. É justamente neste momento em que muitos “caloruros” enxergam uma distância entre o que “já existe por lá” e o que é a realidade dos varejistas por aqui. Do outro lado, os varejistas que têm visitado à NRF por vários anos seguidos, não deixam de se encantar com as novidades. Mas já sabem como se comportar na feira, direcionando seus olhares para o que é realmente mais adequado para a realidade do seu negócio. Para esses lojistas, pode-se até criar uma falsa sensação de que “não há tanta novidade assim”. E isso não deixa de ter a sua razão. De acordo com Alberto Serrentino,
fundador da consultoria especializada Varese Retail, existem diversos casos em que o varejo brasileiro já pode se equiparar com o norte-americano, e cita como exemplo as perfumarias. “O que é feito no Brasil e o que é feito lá mudou. Por exemplo, o Murilo (Reggiani, sócio-diretor da Vult Cosmética) diz que as lojas de cosméticos especializadas de última geração do Brasil não devem nada às lojas que vemos em todos os mercados mais maduros, e ele bate muito nisso. Em alguns casos, é justo dizer que muitas estão à frente”, diz. Para o consultor, o importante é que o lojista vá para lá não com a mentalidade de que o negócio dele está atrasado, mas deve encarar a feira como uma fonte de inspiração, para continuar evoluindo, projetando inovação e engajando a equipe num esforço mútuo. “Cliente antigo” da NRF, Ricardo Ikesaki, sócio-diretor
da Ikesaki Cosméticos, concorda que os neófitos podem ficar um tanto afoitos com tanta informação, mas que o tempo ajuda a colocar as coisas no eixo. “Aí você começa a pensar: ‘Preciso traduzir tudo isso para mais próximo da minha realidade, do meu dia a dia’. É pensar simples”, diz. Um bom exemplo de como às visitas à feira e as lojas novaiorquinas podem inspirar os lojistas brasileiros é a Danny Cosméticos, rede de perfumarias com lojas espalhadas pelo interior de São Paulo “Após alguns anos visitando a NRF e realizando visitas técnicas às lojas referências de Nova Iorque, pudemos trabalhar com muitas inspirações e concretizar um antigo sonho em 2016, que foi o de inaugurar uma loja-conceito da Danny Cosméticos”, comemora Mariella Scuro, coordenadora de Marketing da varejista.
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Para Cesar Tsukuda, diretor-geral da Beauty Fair, no evento deste ano foi possível enxegar diversos pontos relevantes para as perfumarias, que poderão contribuir como desenvolvimento do canal. “Cabe a nós absorver conteúdos para construir o setor de uma forma diferente e positiva. Por isso a Beauty Fair realiza ações para promover o desenvolvimento do canal com programação exclusiva para o varejista de perfumaria, garantindo não somente o acesso às tendências e novidades, mas o completo entendimento do que está sendo abordado, já que contamos com a curadoria de profissionais respeitados no mercado e que acompanham o grupo”, discursou ele em evento em São Paulo para varejistas de perfumarias e membros da indústria de beleza. O que as perfumarias viram de insights e tecnologias, a fim de tirar algo
Foto: Douglas Matsunaga
dirigentes do varejo e da indústria de beleza na NRF: o número de visitantes brasileiros na feira tem crescido ano após ano.
canal Varejo Especializado Fotos: Júnior Favaro
loja-conceito da DANNY COSMÉTICOS, EM AMERICANA (SP): roupagem baseada no que foi visto na NRF e em visitas técnicas durante a feira. efetivamente proveitoso para o seu negócio e para o dia a dia de suas lojas? Neste ano, segundo Alberto Serrentino e Eduardo Terra, sócio-diretor da BTR Educação e Consultoria, foi possível dividir tudo o que foi visto durante a feira em seis insights que podem ser, de alguma maneira, aproveitados e aplicados pelo varejo brasileiro, incluindo aí as perfumarias. Os insights são: O Novo Mapa do Varejo; Tecnologias Emergentes; Data is the New Oil; Futuro de Loja; Transformação Digital; e Cultura e Engajamento.
Dados de valor Coletar e tratar dados de consumidores não é exatamente uma novidade. Mas esse foi um dos temas bastante comentados neste ano. E não só em relação a coleta deses dados, algo já bem avançado de certa forma, mas principalmente em como aproveitá-los. As empresas estão trabalhando para transformar estas informações coletadas para servirem de base para a tomada de decisões estratégicas e que podem gerar resultados eficazes. Durante a NRF, esta questão foi tratada sob o lema: Data is the New Oil (Dados são o Novo Petróleo, numa tradução livre). Para entender o que significa a força desse insight (e o porque do título adotado) é preciso levar em conta que os norte-americanos
adoram frases de efeito e que, quando eles dizem que algo é o “novo petróleo”, um negócio que mudou o mundo, é sinal de que estamos falando de algo realmente grande. Segundo Terra, esta comparação entre dados e petróleo está sendo feito por dois motivos: “pelo potencial que o uso de dados tem para mudar o mundo, mas principalmente, porque, assim como acontece com o petróleo, você precisa encontrar os dados e depois extraíl-los, refiná-los, tratá-los para depois distribuir e ganhar dinheiro. Sem cumprir com esses processos, os dados não servem para nada”. Terra acredita que a missão de ‘coletar dados’ é algo que foi superado nos últimos anos. A missão agora é cumprir com as outras fases do proceso. “Por meio dos insights apresentados, procuramos empresas especializadas no segmento (de Tecnologia de Informação) e desenvolvemos uma melhor ligação entre a loja física e o e-commerce. Mas ainda temos um longo caminho pela frente. Pretendemos nos aprofundar nos estudos do nosso banco de dados para oferecer um atendimento customizado”, aponta Mariella Scuro, da Danny. A importância dos dados também foi um insight que chamou a atenção de Ricardo Ikesaki. “Essa base de dados é o novo petróleo, só que é preciso refinar isso. Acho que isso é uma coisa
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extremamente interessante e valiosa, ou seja, a gente refinar esse conhecimento”, considera o empresário. Diego Fernandes Lopes, sócio-proprietário da Lojas Rede, que conta com mais de 40 lojas em Minas Gerais, principalmente em shoppings centers, apontou o insight Cultura e Engajamento como um dos que mais lhe depertou interesse. “A Feira demonstou que os consumidores estão cada vez mais preocupados em saber de quem estão comprando e é a equipe da empresa que representa a cultura e os valores da mesma perante à sociedade. Notei que todas as ferramentas de TI demonstradas são para auxiliar na coleta e na extração de dados de forma a melhoras o relacionamento com o consumidor”, opina.
Empregando tenologia Um dos pontos altos da NRF são as inúmeras novidades em tecnologia apresentadas aos varejistas. Para diversos varejistas brasileiros, este é justamente um dos pontos vistos como “distantes” da realidade. Muitas tecnologias mostradas estão de fato longe da realidade de uma perfumaria (ou de quase todos os varejista no Brasil), como por exemplo, o uso de realidade virtual e robôs que auxiliam na organização da loja e até no atendimento, que têm crescido
MAPA DE CALOR COM WIFI, DA SOLARWINDS: segundo especialistas, esta é uma tecnologia barata, acessível e que pode auxiliar muito o varejista, inclusive o de perfumaria.
nos Estados Unidos. Mas existem uma série de outras opções de Tecnologias Emergentes – outro insight deste ano – que têm plenas condições de serem aplicadas no varejo especializado em beleza brasilreiro. Três dessas Tecnologias Emergentes são consideradas acessíveis para qualquer varejista e vão ao encontro desse propósito de aproveitar melhor os dados coletados. Estamos falando de sensores, câmeras e wifi. Com o uso deste último, Eduardo Terra conta que já existe uma tecnologia que contabiliza e mapeia a rota das pessoas que entram na loja e estão com o wifi dos seus dispositivos móveis ligados, sem que o consumidor precise fazer a conexão com o wifi do estabelecimento. Com essa tecnologia é possível gerar um mapa de calor, que ajuda a identificar características do consumidor e, mais importante, como ele se movimenta dentro da loja. “Imagina em uma loja de 300 m², não só saber quantas pessoas entraram e quantas compraram de fato – a famosa taxa de conversão, um indi-
cador fundamental de loja –, mas poder ver também onde elas circularam? Você começa a identificar com base em dados reais onde estão as áreas mortas do ponto de venda. Por que dessas 100 pessoas que entraram na loja, ninguém foi naquele canto? Será que ele não está atrativo, não está sinalizado? Ou seja, essa tecnologia nos oferece uma auditoria de layout e mapas de calor da loja em tempo real. Isso é uma revolução”, acredita Terra. É com aplicar o conceito de monitoramendo de fluxo de informações de um comprador do e-commerce no ambiente físico da loja. “Isso deve estar na agenda deste ano. Não é caro e está ficando ainda mais barato. A pessoa instala para você num dia e, no outro, você tem informação pela internet que você não tinha antes e que vai fazer você cuidar da sua loja com muito mais precisão”, pontua o consultor. Dessa maneira, os dirigentes poderão cobrar uma melhor performance dos seus gerentes com base em informações reais. “Eu gosto muito da frase: ‘Não se gerencia aquilo que não
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se mede’. Como vou cobrar de um gerente de loja conversão, se eu não meço a conversão?”, quesationa o sócio-diretor da BTR. Daniel Pozza, consultor nas áreas de Qualidade e Gestão de Risco, pontua que a empresa de cartões de crédito Mastercard já tem à disposição no território norte-americano uma espécie de “raio-x” de cada loja. É um mapa de calor por quadra da cidade, de acordo com o ticket médio. “A Cielo (operadora de meios de pagamento) já possui algo parecido disponível no Brasil e que não é caro”, completa ele. Celso de Moraes Andrade Neto II, sócio-proprietário da rede pernambucana Mundo do Cabeleireiro, enfatiza que a troca de experiências durante a visita à NRF ajuda a processar as estratégias mais rapidamente. “A cada experiência, nós já íamos trocando informações sobre como aplicar as novidades em cada loja, em cada região. Agora, nós temos de levar o dever de casa e evoluir. Haverá muito impacto tecnológico daqui a cinco anos (realidade virtual, inteligên-
canal Varejo Especializado cia artificial, maior representatividade do e-commerce). No Brasil, a maioria do canal perfumaria tem de se preparar para esse cenário, que já atingiu outros segmentos e impactará o nosso em breve”, sinaliza.
loja DA LEO COSMÉTICOS: rede paranaense quer crescer e se diversificar em várias plataformas, mas sem perder a cultura da empresa.
Outras inspirações Além dos seis insights já mencionados, dirigentes do canal especializado destacam outros pontos relevantes vistos durante a NRF e que pretendem aplicar em suas lojas. Fabio Massaharu Kai, sócio-proprietário da rede Leo Cosméticos de Londrina (PR), aponta o desafio de crescer e se diversificar em várias plataformas de varejo sem perder a cultura da empresa, gerando orgulho da marca. “Fui surpreendido com uma palestra do final do primeiro dia, falando sobre informatização versus resgate da cultura”, rememora. “Nossos valores, a missão que temos de encantar e surpreender nossos clientes, usando todas essas ferramentas que foram apresentadas na feira, mas sem esquecer de nossa missão, que estabelecemos há 14 anos, logo que começamos o negócio”, complementa o dirigente. Conforme já disse Mariella Scuro, a Danny vem colocando em prática diversas ideias geradas por anos de visitas à NRF. “Antes, muita coisa parecia distante e hoje já não. A nova roupagem da nossa loja-matriz foi baseada em tudo que vimos na feira e nas visitas técnicas. E aí a gente conseguiu levar, aquilo que até pouco tempo achávamos que não conseguiríamos, para a nossa realidade”, reforça Maria de Lourdes Sacilotto Scuro, a Lourdinha, sócia e diretora Comerical da Danny Cosméticos. A loja-conceito da rede, na cidade de Americana, interior de São Paulo traz uma nova sinalização, com espaços bem
definidos para cada categoria, uma loja que se comunica com os nossos clientes. “Mas, isso tudo com uma equipe engajada”, conta a empresária, dizendo que, assim que voltaram de Nova Iorque, foi feito um levantamento de tudo o que de mais interessante foi visto e as informações compartilhadas com a equipe, que dividiu as tarefas de pensar no que poderia ser aplicardo na empresa. O engajamento da equipe é algo primordial em todo o processo, e um ponto destacado também pelo diretor Comercial da Spasso Cosméticos, Munhoz. Para o executivo da rede de Campinas, também no interior de São Paulo, de nada adianta provocar novas experiências de compras, ter lojas belíssimas e fidelizar clientes. “É preciso fazer com que o cliente se apaixonar por você. Mas, antes, é preciso fazer com que o seu colaborador se apaixone por você”, afirma. “Acho que gestão e a valorização do ser humano são tópicos a serem olhados com mais carinho por todos nós. Se nós não estivermos atentos e ligados nisso, não adianta, porque todo o nosso trabalho sempre ficará em vão”, reforça. Por fim, Renato Silva, proprietário
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da Belshop Perfumaria e Cosmética, com cerca de 20 lojas em Porto Alegre (RS), em sua segunda ida à feira, faz questão de mencionar que viu algumas coisas tratadas como inovações que já são realizadas há tempos por aqui. “Temos loja desde o ano de 2000 e abri a primeira unidade com um salão de cabelereiro dentro. Não tinha ninguém no mercado que fazia isso dentro do Brasil, pelo menos que eu conhecesse. E, surpreendentemente, já no ano passado, fomos visitar uma loja em Nova Iorque que tinha um salão dentro e que nos foi vendido como novidade”, assegura. Diz ainda que, neste ano, a curva de aprendizado diminuiu um pouco. “Começamos a olhar algumas coisas que nos interessavam mais e que também estavam mais próximas de nossa realidade. Vemos muita coisa de novidade, mas que ainda estão fora de nossa curva e se a gente começar a pensar muito nisso, acabamos não fazendo o que deveria ser feito. Logo que chegamos, conseguimos trazer toda aquela montanha de informação para uma realidade mais próxima da nossa. Aí sim a gente começa a ver que tem muita coisa que ainda temos de fazer dentro do nosso negócio”, finaliza.
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Editorial: Análise dos diferentes segmentos do mercado de embalagem para cosméticos / Tendências e desafios das principais Categoria de Produtos do mercado / Seleção das embalagens mais legais e inovadoras de 2017 / Mesa-redonda com profissionais de supply chain e de P&D / Matérias aprofundadas e analíticas que servirão de referencia para quem está envolvido no negócio.
Página Simples: R$ 8.500,00 Página Dupla: R$14.000,00 Perfil Corporativo: R$ 9.500,00 Perfil Corporativo + Página Simples de anúncio: R$ 14.000,00 2ª Capa: R$ 10.000,00 3ª Capa: R$ 10.000,00 4ª Capa: R$ 11.000,0 1/2 Página: R$ 4.800,00 1/3 Página: R$ 3.300,00
Circulação: Profissionais das áreas de Marketing, Engenharia de Produtos e Embalagem, P&D e Inovação e Suprimentos tanto de grandes multinacionais quanto de dirigentes de pequenas empresas regionais. Além disso, o Packing Cosmética Yearbook será distribuído em importantes eventos do setor. Mais informações com Eufrásio Lauton: 11 3392-2584 / 11 99667-8822, ou pelo e-mail: lauton@cusmaneditora.com.br / laupubli@terra.com.br
Formato: 21 x 28 cm / Lombada quadrada Tiragem: 4.000 exemplares Lançamento: Novembro/2017
negócios Aquisição
De volta ao jogo? A compra da Água de Cheiro pela Beauty Franchising gerou alívio para os franqueados da marca, mas será que a rede tem potencial de crescimento? >>> Rafael Mendonça
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á anos praticamente na penumbra do mercado e caminhando de lado em seus resultados, a Água de Cheiro pode ter ganho uma sobrevida para voltar a ser protagonista entre as principais companhias de beleza do País. A chance surgiu quando a Beauty Franchising, empresa ligada ao Grupo Rothenberg, adquiriu os direitos sobre a rede de franquias, pertencente ao Grupo Água de Cheiro, por meio de um leilão realizado no fim de novembro passado por um lance de R$ 6,6 milhões. A Água de Cheiro vem em processo de recuperação judicial – que deve seguir por, pelo menos, mais dois anos – desde agosto de 2014 e, desde 2013, tinha um acordo firmado com o Grupo Rothenberg para produção e comercialização dos produtos no Brasil. Depois de a rede ter sido negociada por mais de uma vez entre 2008 e 2010, a Água de Cheiro passou a enfrentar momentos de forte crise, inclusive com um de seus credores tendo ajuizado um pedido de falência contra a companhia, e o pedido de recuperação judicial em 2014 acabou sendo uma saída para que a empresa seguisse respirando. Porém, por aparelhos. Com mais de 40 anos de estrada, a rede de franquias chegou a qua-
se 900 lojas – entre próprias e franquias – no fim da década passada. Em determinados momentos áureos, chegou a fazer frente com O Boticário. Mas, hoje, a realidade é outra. Atualmente, a Água de Cheiro possui mais de 23 linhas, entre perfumes e itens de tratamento, e conta com um portfólio que ultrapassa 140 produtos. A rede de Franquias conta com mais de 350 pontos de venda ativos em todo País. O valor pago pela Beauty Franchising deverá ser utilizado para amortizar dívidas trabalhistas, com bancos e fornecedores. A dívida total seria de mais de R$ 70 milhões.
Alívio e olhar adiante Apesar de toda essa situação difícil pela qual a companhia passa financeiramente, o novo proprietário da Água de Cheiro assegura que o papel da Beauty Franchising é pensar no desenvolvimento do negócio no futuro e não do passado. Segundo Olindo Junior, gerente de Marketing da Beauty Franchising, essas questões do passado, que foram discutidas na Recuperação Judicial, são de responsabilidade legal da C&C Perfumes e Franchising S/A, que era a antiga propietária da marca. “Na verdade, tudo isso foi discutido na Recuperação Judicial. É algo padrão, não tem muito o que se discutir. Nosso papel então é olhar para o futuro, para
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recuperar a rede que estava com alguns problemas”, garante ele. Olindo revela ainda que, desde o anúncio da aquisição, foi possível perceber um grande alívio por parte dos franqueados, em função de uma definição clara de um problema que vinha se arrastando desde 2012. Ele conta que o maior medo desses franqueados durante todo esse período era a indefinição contínua. Até o leilão que definiu a compra da Água de Cheiro, em novembro passado, não se tinha certeza do que iria acontecer e de que empresa assumiria o negócio. “O medo deles é que o negócio voltasse a cair em mãos de empresas de reputação duvidosa, como aconteceu em 2013. Então, a sensação geral foi de alívio, eles reconhecem nossa empresa como uma das líderes dentro do mercado de beleza, principalmente em termos de produtos importados. E eles se sentem mais seguros com o negócio da Água de Cheiro em nossas mãos. E, assim como nós, estão visualizando um futuro”, destaca.
Operação estratégica Com a abertura das importações na época do governo Collor, por volta de 1990, o Grupo Rothenberg e suas companhias passaram a atuar em diversos segmentos dentro do mercado de beleza. Entre as especializações atuais, estão: fabri-
portfólio que deve crescer: mesmo com marcas consagradas em perfumarias, novos produtos e novas categorias fazem parte do plano de expansão .
olindo jr., da beauty franchising: plano para resgatar “a verdade” da marca Água de Cheiro.
cação, distribuição, e varejo de produtos diversos; de marcas importadas de luxo, de prestígio, massivas e produtos de higiene e beleza. Além da divisão de profissional, com a Aeger e a Pro-Hair, que atua em salões de beleza. Entretanto, o grupo até então não atuava no segmento de Franquias de Beleza no Brasil, e a aquisição da Água de Cheiro permitiu essa nova aventura. “Esse negócio de franquias dentro do Brasil é um segmento muito importante e que em anos de crise como 2015, ele teve um crescimento e nós identificamos também uma possibilidade de segmentação maior neste mercado”, situa o gerente de Marketing, afirmando que, com esta aquisição, a Beauty Franchising passou a ser uma companhia mais completa, atuando em todas as frentes em beleza. Olindo diz que sabe da responsabilidade que a Beauty Franchising tem nas mãos ao assumirem o controle da Água de Cheiro, empresa que, na visão dele, tem em seu dna a história da perfumaria moderna brasileira. “Foi a primeira rede de franquia que surgiu no Brasil, antes mesmo até de O Boticário. Tem produtos que são extremamente relevantes no mercado, como Absinto, Attractive, Água Fresca, que são produtos bem reconhecidos. E a ideia é resgatar a verdade da marca. Isso envolve trazer de novo para
a memória das pessoas os produtos que são conhecidos. Lógico também que não deixar de olhar para o futuro e trazer coisas novas, que sejam relevantes também”, considera, deixando aberto a possibilidade de a marca entrar em novas categorias, de acordo com as oportunidades.
Destino novamente Entre os objetivos da Beauty Franchising com esta aquisição estão o de tornar a Água de Cheiro mais relevante no mercado e também de transformá-la em destino de beleza para o consumidor, e não somente uma loja de presentes e perfumes acessíveis clássicos, como foi nos últimos anos, de acordo com Olindo. “A Água de Cheiro era uma rede em que as pessoas vinham para consumir presentes, ia bem em períodos de Mães, Pais, Namorados, para presentear algúem, amigo secreto, enfim. Isso é bem importante para qualquer rede de perfumaria, sim. Só que é preciso fazer com que a rede se torne destino de beleza, de consumo próprio. Essa é a nossa ideia”, comenta. O gerente revela que serão investidos mais de R$ 15 milhões no negócio Água de Cheiro, entre aquisição, estruturação de empresa, produção e investimento de marketing, ao longo dos próximos três anos. Os primeiros meses desde o anúncio da aquisição tem sido dedicados para
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estudo do negócio “Acredito que em breve teremos novidades.” Outra meta da Beauty Franchising é ampliar a presença do grupo dentro do mercado brasileiro de beleza. E, para cumprir todos esses objetivos, a empresa anunciou um programa de investimentos, focado em recuperação da marca. Dentro desse investimento, haverá o redesenho da marca de forma integral. “É um processo delicado, pois temos de respeitar o processo e a história da marca que são muito valiosos, porque é uma marca, querendo ou não, que tem 40 anos de idade, nasceu em 1976. Então, ela tem todo um histórico. E embora seja uma marca que tenha passado por uma série de problemas, ela se mantém viva. Então, tem que respeitar muito a história e a verdade da marca”, reforça. Além desses, haverá também investimentos em comunicação, treinamento e promoção. Por se tratar de um trabalho delicado, mudanças e resultados só deverão ser notados a longo prazo. “Não pode ser feito de um dia para o outro, pois corremos o risco de não dar certo, caso seja feito de uma forma corrida. Então, tudo o que for feito a partir de agora, será feito muito bem pensado, com uma estratégia muito bem definida, mas que ainda é algo que não posso confidenciar”, finaliza Olindo.
negócios Investimentos
Passos grandes Depois de um ano de forte crescimento, a isan dá início ao maior investimento da sua história para sustentar os planos futuros da companhia >>> aûani cusma de paula
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016 não foi um ano fácil para ninguém. Mas se boa parte do mercado não conseguiu sair do lugar, ou mesmo permanecer no mesmo patamar de 2015, algumas empresas avançaram fortemente. Num ano em que as grandes multinacionais e as gigantes locais sofreram um bocado, uma série de pequenas e médias empresas conseguiu crescer consideravelmente. Valendo-se da agilidade na tomada de decisões e na capacidade de desenvolver produtos que ocupam faixas de mercado relativamente pouco exploradas, essas empresas fizeram a alegria de muita gente no mercado. Essa movimentação ajuda a explicar os bons resultados obtidos pela Isan, casa de fragrâncias paulista que neste ano chega ao seu 25º aniversário. Não que tenha sido fácil. Um ano que começou cheio de incertezas políticas e econômicas, teve reflexos nos negócios da empresa, que viveu um primeiro semestre bastante complicado, com números abaixo do esperado. Felizmente, a situação virou fortemente no segundo semestre, permitindo que a casa fechasse o último ano com crescimento de 30%. Para atingir esse resultado, a Isan
contou com um maior esforço da área comercial – um trabalho que vem sendo realizado de forma consistente há alguns anos –, com foco no segmento de perfumaria e cosméticos e uma maior agressividade nos seus preços. Para compensar essa agressividade nos preços e não corroer suas margens, a ponto de comprometer a qualidade das fragrâncias e tornar o negócio inviável, a empresa melhorou o seu trabalho de compras. “É algo que estamos fazendo há três anos e que tem nos permitido negociar volumes maiores de ingredientes e matérias-primas”, explica Elvídio Jegoroff, presidente da Isan. Nesse processo, a casa de fragrâncias passou a importar diretamente as matérias-primas de valor agregado muito alto, como as moléculas utilizadas nas criações de perfumaria fina.
Paleta mais ampla Ao assumir a importação das moléculas mais nobres e inovadoras, a Isan também ganha agilidade para incorporar à sua paleta criativa matérias-primas mais sofisticadas, que independentemente de quão “pobres” os brasileiros estejam, é uma tendência que veio para ficar. Sob responsabilidade do perfumista Paulo Siqueira, a área criativa
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da Isan tem ido atrás de novidades em matérias-primas e a empresa corrido para trazê-las rapidamente. De acordo com Elvídio, esse processo tem contribuído muito para o desenvolvimento de novos produtos e o sucesso comercial da companhia. Contar com mais recursos de criação é fundamental para o sucesso de uma casa de fragrância, que opera com clientes de médio e pequeno porte, que têm à sua disposição um universo com pelo menos duas dezenas de empresas brigando ferozmente pelos briefings dos clientes. “O mercado está aí pra todo mundo”, diz Elvídio. Mas ele reconhece que em meio a essa competição intensa, algumas empresas acabam desviando o foco única e exclusivamente para o preço. “Você vê algumas coisas que são desproporcionais (em termos de preços) e o cliente não entende isso. Ele acha que fragrância é tudo igual”, complementa. Tendo essa situação em vista, a Isan tem feito um trabalho para mostrar aos seus clientes o que está por trás do conceito de uma boa fragrância, das tecnologias envolvidas até o processo de produção. No
projeto da futura sede: R$ 20 milhões de investimentos e expectativa para entrar em operação em cerca de dois anos.
Paulo, Elvídio e ana, da isan: avanço em 2017 virá do crescimento nos clientes já atendidos e de novas parcerias no segmento de perfumaria. final do ano passado, a empresa realizou um evento em Vitória, no Espírito Santo, justamente com esse objetivo. “Mostramos para eles o que acontece quando é usada uma fragrância mais barata. Não tem segredo. Para ter uma fragrância ‘barata’ vai entrar solvente, muito material sintético e isso vai interferir na qualidade do produto final, no lasting da fragrância”, conta Ana Paula Mirabela, gerente de Marketing da Isan. Para ela, as empresas às vezes se lançam em leilões, o cliente espreme, espreme, espreme até quem alguém cede. Só que, a partir de um determinado preço, é quimicamente impossível fornecer uma fragrância de qualidade. Por conta disso, a executiva explica que a Isan não trabalha com um portfólio de composições prontas para venda. “Não desenvolvemos 500 fragrâncias e, depois, saímos produzindo e estocando esse painel, vendendo essas mesmas fragrâncias para todo mundo”, diz a executiva. “No caso dos desenvolvimentos, nós fabricamos apenas para o projeto do nosso cliente. É um produto exclusivo para ele”, emenda.
Ano de construção Para 2017, a Isan espera manter o passo acelerado, embora a projeção de crescimento para este ano seja um pouco mais modesta, de 15%. O foco da empresa será ganhar mais espaço dentro dos clientes já atendidos, além de ampliar o leque de clientes de perfumaria, foco da casa. Geograficamente, a casa paulista aposta num trabalho mais forte nos estados da região Sul, além de reforçar seus esforços no mercado paulista. Nesse processo, a empresa está reorganizando o atendimento aos clientes pela equipe interna da Isan e pelos seus representantes externos. Se a projeção para o crescimento é menor do que a de 2016, os investimentos em 2017 serão robustos. A empresa deu o pontapé inicial para a construção do seu novo prédio, que vai congregar produção e centro criativo. O empreendimento vai consumir investimentos da ordem de R$ 20 milhões com perspectiva de inauguração em dois anos. O novo sítio será quase quatro vezes maior do que o atual, com 2.600 m2 de área produtiva. O novo espaço será equipado com cabinas de avaliação e laboratórios de criação com recursos modernos, além de permitir a ampliação da equipe de trabalho, especialmente nas áreas de Aplicação e na Avaliação. “Gostaria que a construção fosse mais rápida,
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porque sofremos com limitações de espaço hoje”, pontua o presidente da Isan. Até lá, a empresa tem feito alterações no layout da planta atual para dar conta de suportar o crescimento. Parte do estoque foi transferida para um armazém terceirizado, abrindo espaço para a introdução de novos tanques na linha de produção atual.
Processos rastreáveis Em 2016, a Isan conquistou a certificação ISO 9001, que garante um maior controle e rastreabilidade de todos os seus processos. Isso é importante porque permite identificar rapidamente eventuais gaps no processo, ou facilitar uma resposta ao cliente no caso de uma reclamação por um problema de estabilidade do produto (N.E: a casa de fragrância é sempre a primeira acionada quando isso acontece). “Tudo isso te dá embasamento para discutir com o cliente baseado em processos e fatos documentados. É um elemento de credibilidade a mais para a Isan”, garante Elvídio.
NGÓCIOS Estratégia
Novos mercados, novos desafios Em expansão pelo mundo, a Kiko Milano chega ao Brasil depois de um bom tempo de planejamento, mas ainda precisa acertar a mão para conseguir seguir sua proposta original de produtos acessíveis, de qualidade e atuais >>> Aûani Cusma de Paula E Gabriel oda
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om mudanças na dinâmica do varejo no cenário mundial, as propostas de se fazer negócio tendem a mudar, se adaptar. O conceito de fast fashion não é algo necessariamente novo, está presente em grandes empresas de vestuário como Zara e H&M, e, como todo modelo bem-sucedido, seus exemplos começam a se diversificar, chegando à indústria de cosméticos. Uma empresa que utiliza desse viés mais comercialmente agressivo, no sentido de preços e propostas de tendências em seus produtos, mas que também emprega um pouco dos métodos de lojas e marcas de caráter mais premium, em que vendedores e atendentes realizam um trabalho no próprio ponto com a cliente, trabalhando em cima dos produtos ideais para ela, é a rede Kiko Milano, marca de maquiagem que comercializa seus produtos por meio de uma rede de lojas próprias e que se posiciona como uma espécie de MAC do fast fashion. Parte do Grupo Percassi, um dos maiores do varejo italiano, a Kiko vem crescendo em uma progressão geométrica no mercado mundial, já consolidada em vários países europeus e nos Estados Unidos. Recentemente, a rede de origem milanesa e cujas vendas anuais superam os 500 milhões de euros, trouxe suas operações para o mercado brasileiro e, nas próximas linhas, a portuguesa
Isabel Almeida, diretora Geral da Kiko no Brasil, fala sobre os planos da marca italiana para o País, seu posicionamento e estratégias que a empresa pretende implementar mais à frente.
Como está sendo o processo de implementar a Kiko Milano aqui no Brasil? É um processo que já tem um tempo, quase um ano. Primeiramente realizamos uma análise de mercado e dos números do Brasil, as tendências de mercado, o potencial de vendas, potencial de produto. Tínhamos consciência de que é uma faixa territorial grande, e que teria suas dificuldades por ser tão grande, e acabamos por chegar no ponto de abrir as lojas agora. É todo um processo que inclui áreas financeiras, cadeia final, logística de produtos, etc. Tentamos fazer tudo com consistência, bastante ordem, de maneira com que nossa vinda ao Brasil fosse sólida. Essa foi nossa grande intenção desde o primeiro momento. Agora estamos em um processo ainda de início, e como todo começo, precisamos fazer mais ajustes para conseguirmos assentar, digamos, todo o processo que o Brasil precisa. E por isso mesmo estamos em fase de obras finais, e ainda temos a questão da transição, os preços. Envolve toda a área, também, do produto. Temos muito trabalho ainda pela frente. É um processo longo, mas, pelo menos, foi
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um processo que acho que fizemos bem. Com seus obstáculos normais, que empresas normalmente têm quando adentram um novo mercado. O Percassi está bastante capitalizada e em um processo de expansão muito forte com a Kiko em vários países. Como é que a gente pode entender o Brasil comparado com os outros mercados onde a Kiko está entrando também? Posso dizer que chegar no mercado brasileiro para curto prazo é uma péssima estratégia. O Brasil é um país, na minha opinião, de médio para longo prazo. Queremos ter uma atividade sólida, ter uma boa dimensão. Não podemos pensar como se fosse tudo começar a funcionar e engrenar totalmente amanhã. É médio prazo, nós queremos fazer uma aposta. Temos de ter consciência de que haverão outros desafios, vamos demorar um tempo para fazê-lo e temos essa consciência. É um mercado que estamos investindo, e como todos os mercados, vamos demorar a tirar a nossa rentabilidade. Em comparação com outros países, talvez é um dos mercados mais a médio prazo, e temos essa consciência, temos
dade do País. Vamos ter preços competitivos, que o consumidor vai adotar, como já está adotando. Vamos ter os primeiros preços, os preços médios e os preços de correção. No fundo, devido à lei brasileira, houve circunstâncias que nós não pudemos evitar. A médio prazo vamos tentar alternativas para que as mulheres no Brasil tenham produtos tão competitivos como nós oferecemos, isso é a nossa estratégia – não a curto prazo porque é impossível –, mas a médio prazo.
loja da kiko: margens menores e visão de longo prazo para o Brasil. uma estratégia montada. Vai demorar o seu tempo, nessa parte não tenho grandes dúvidas, mas se for bem-feito, é um mercado que se consolida. No Brasil temos um monte de imposto, as operações são bem mais caras e tudo é mais complicado. Isso faz com que tudo seja mais caro por aqui. Como vocês podem manter a proposição de valor da Kiko aqui no Brasil? Acho que todas as marcas que chegam no Brasil se deparam com essa questão. O que tentamos fazer é: qual é a margem mínima que nós conseguimos ter nesse produto? E trabalhamos com o consumidor, trabalhamos não com uma margem da Europa, mas sim com uma margem menor que a europeia. Começamos a organizar preços condizentes com o mercado. Ter o mesmo preço da Europa é uma impossibilidade, por conta também da importação. Somos uma empresa que quer trabalhar o Brasil a médio prazo. Nós tomamos o nosso tempo para chegar aqui, tomamos uma decisão muito consciente em meio a uma crise e acho que a nossa estratégia está tentando ainda adaptar nossos preços com a reali-
Vocês estudam, também a médio e longo prazo, ter uma fabricação local? O Brasil tem uma coisa muito própria que é o que a gente chama de matérias-primas, que são utilizadas em vários produtos nossos. Então, claramente vamos olhar para essa oportunidade a médio prazo quando tivermos volume suficiente. Depende muito do que eu conseguir conciliar entre aquilo obrigatório em nossas próprias fórmulas e aquilo que eu preciso ter em um produto aqui. Mas sim, é uma estratégia que nós consideramos claramente a médio prazo. Sem dúvida, o Brasil é um país muito grande para não se pensar dessa forma. Em algum momento, a possibilidade de adotar o modelo de franquias chegou a ser avaliada para o Brasil? Não. Nesse momento, a nossa estratégia a médio prazo está clara e essa política não entra nela. Não quer dizer que nós não cheguemos daqui a um ou dois anos à conclusão que, eventualmente, podemos ter um ou dois shoppings no Brasil onde as franquias sejam uma possibilidade. Primeiro queremos construir a marca, estabelecê-la no mercado, mas certamente nós manteremos essa porta. E quanto ao mix de vendas, já dá para ter uma ideia se ele é alinhado com as operações em outros lugares do mundo ou se há uma categoria mais forte aqui? Talvez seja um pouco cedo para tirar conclusões, até porque é muito pouco tempo, mas tem algumas tendências que são iguais. O tipo de produto que vendemos é o mesmo, os nossos tops de vendas são os mesmos em nível mundial, porém algumas tendências particulares existem sim. Mãos, por exemplo. Algu-
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mas tendências do mercado de mãos em algumas cidades do Brasil, em comparação, são diferentes da Europa. É uma das questões que a gente tem que se dar conta, principalmente na questão do produto, nas cores escolhidas pela consumidora. É uma área que a cliente se aproxima bastante para conhecer a marca, enquanto que na Europa não é o caso. Por que a cliente que já era de outra marca compra na Kiko aquilo que já comprava de uma nacional? Porque ela ainda está procurando e não fidelizou. Ela vai ver o cuidado que temos com nossos produtos e, ao reconhecer esse cuidado, ela vai voltar. Estamos nessa fase ainda. É muito cedo, mas essa é a sensação que nós temos até agora. Em relação ao potencial de médio prazo, você tem alguma ideia de quantas lojas podem ter nos próximos cinco anos? Trabalhamos com planos de dois, três anos porque o mercado de varejo é muito volátil no mundo inteiro. Claramente nós temos uma ideia que, neste ano, o nosso objetivo é estabelecer algumas lojas dentro do estado de São Paulo. Precisamos ver onde é o melhor ponto, procurar nas nossas vendas locais, organizar melhor a empresa, temos muito trabalho ainda. Independentemente dessa parte toda a ser feita, no próximo ano – claro que se os números continuarem a dizer o que estão dizendo – o nosso grande objetivo é seis, sete ou até dez lojas. Posso te afirmar que, se chegar ao final do ano e continuarmos como estamos, o próximo ano será o chamado ano de investimento, provavelmente com 20, 30 lojas. Depende muito do meu 2017. Como somos os donos da marca, se o mercado continuar bem, todos vamos ficar bem e nossa evolução será mais rápida. O Percassi tem outras marcas na área de beleza. Existem planos para elas no mercado brasileiro? Estamos pensando. Cedo ou tarde, outras partes poderão ser aplicadas, sem dúvida. Neste momento, ainda é muito cedo para tentar muito mais, mas as marcas são nossas. Poderemos desenvolvê-las no mercado final a partir do momento que tivermos uma estrutura bem montada aqui, claramente que sim.
negócios Estratégia
Hora de um novo approach
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igante da área química, com vendas anuais de mais de US$ 7 bilhões, a norte-americana Lubrizol não é uma empresa novata, está à beira de completar 90 anos de história. Mas, sua atuação na área de cosméticos e higiene pessoal é bem mais recente, remonta a aquisição da Noveon, companhia de especialidades químicas com forte presença na área de beleza e higiene pessoal, em 2004. A operação própria no Brasil, então, é bem “novinha”, só foi estabelecida em 2009. Mas recebeu investimentos vultuosos da matriz nos últimos anos, como a construção de uma fábrica em Belford Roxo, região metropolitana do Rio de Janeiro; estruturas de laboratórios de aplicação e equipe de profissionais especializados em cada segmento de mercado, localizados na sede da companhia, na capital paulista; além de um novo armazém próprio para estocar matérias-primas e ingredientes para a área de Personal Care, na unidade da empresa, em Paulínia, interior de São Paulo, que garante uma maior capacidade de resposta da empresa para atender aos clientes num mercado mais imprevisível e dinâmico Com tudo isso de pé e apesar de contar com uma presença forte no País tendo em vista o pouco tempo de operação, a empresa entendeu que para capitalizar mais sobre esses investimentos era o momento de estabelecer um novo approach estratégico. E esse momento coincidiu com a chegada à empresa da executiva Renata Solfredini, para comandar a unidade de negócios de Personal, Home e Health Care na região Sul da América Latina. Egressa da Croda, onde vinha atu-
Depois de investir numa fábrica e ampliar sua estrutura para atender aos clientes no Brasil, a Lubrizol quer ser mais agressiva no mercado local >>> aûani cusma de paula
ando como diretora de Marketing Global para a área de Skincare e trazendo quase 20 anos de experiência no mercado de ativos e ingredientes na bagagem, Renata traz uma vivência muito forte na área de especialidades químicas e um novo olhar para a companhia. À frente da divisão, um dos principais objetivos da nova diretora é capitalizar mais em cima das sinergias que os múltiplos portfólios de produtos da empresa podem oferecer. “Podemos falar de sinergias em formulação, tendências de mercado e para onde o cliente pode caminhar oferecendo-lhe insights novos sobre formatos e modelos”, diz Renata. Ela pontua que, com a sinergia entre os diferentes ingredientes do portfólio da empresa, é possível, inclusive, trabalhar com formulações mais minimalistas, uma demanda maior do mercado a cada dia segundo ela, por uma questão de custo e, principalmente, para reduzir a complexidade das operações que foram se complicando demais com a evolução dos desenvolvimentos e a necessidade das empresas de colocar no mercado cada vez mais produtos em um curto espaço de tempo. “Quando o cliente tem uma fórmula que funciona há muitos anos, ele vai adicionando novos ingredientes a essa base, para lançar novos produtos, isso acaba trazendo uma complexidade natural para a operação do cliente”, explica ela, lembrando que momentos de crise, como o que vivemos hoje, costumam obrigar as empresas a olharem com lupa para suas operações em busca de formas para reduzir, ou ao menos controlar, os custos, e isso justifica o fato de o mercado estar revisitando isso. “Até porque, o consumidor pode não querer voltar ao patamar de
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custos anterior à crise, mesmo quando as coisas voltarem à normalidade”, reforça a diretora da Lubrizol. Nesse cenário, os fornecedores de matérias-primas passam a ser desafiados pelos clientes a oferecer soluções mais inteligentes e a buscar meios para racionalizar as formulações dos clientes, sem abrir mão de performance ou até modernizando-a. Esses movimentos justificam o esforço da Lubrizol na busca por essas sinergias no seu portfólio. Essa busca de sinergia passa também por usar o portfólio atual para dar origem a novos ingredientes, que trabalham em sinergia com os ingredientes atuais disponibilizados pela empresa. “Porque não blendar tecnologias? Assim, podemos ajudar o cliente a usar menos ingredientes e a levar muito menos tempo para chegar à viscosidade que ele quer”, exemplifica Renata. Com sua história no mercado de cuidados pessoais construída fortemente baseada em aquisições, a Lubrizol acabou com um conjunto de marcas fortes na mão, mas que eram percebidas de modo muito individualizadas, como que se operassem de maneira distintas entre si. E, também nessa área, o momento da empresa é de mudança. “Queremos fortalecer as marcas debaixo de um guarda-chuva Lubrizol. É o caso da Lipotec – que tem uma fortaleza na área de skincare e que a gente vem trabalhando muito fortemente na região, além de outras linhas de produto da empresa, como Carbopol, de modificadores reológicos e Merquat, de emolientes. Vamos pegar as marcas que estavam espalhadas pelo portfólio individualmente colocá-las sob o guarda-chuva Lubrizol.” Atualmente, e até por conta da recente incorporação da Lipotec, a Lubrizol
nização de negócios com um olhar muito maior para o mercado do que para a cadeia de produção dos seus produtos (um modelo relativamente comum entre grandes grupos químicos). A gerente reforça que, globalmente, a Lubrizol está efetuando mudanças justamente para que os seus gerentes de produtos se tornem mais focados no mercado, para entenderem melhor e terem mais condições de oferecer uma solução completa e sinérgica para o mercado que ele atende.
Sinergia também na distribuição
sede da lubrizol, em são paulo, e a diretora, renata solfredini: após os investimentos e o período de “aprendizado”, a Lubrizol vai olhar mais para o mercado.
tem na área de cuidados com a pele o seu portfólio mais completo de soluções. “Tudo o que falamos de tratamentos, novos formatos de produtos para o corpo e o rosto, proteção solar, temos uma série de produtos que nos deixam muito forte no mercado de skincare”, explica Karina Toledo, gerente de Marketing da Lubrizol. Outra área na qual a empresa é bastante forte são os produtos para banho, das barras até os sabonetes íntimos. Mas, com tantas soluções no portfólio, a Lubrizol tem planos para explorar de maneira mais eficiente o seu portfólio no pujante mercado de produtos para os cabelos no Brasil, onde já tem uma posição muito forte no segmento de shampoos, muito em função da sua linha de modificadores reológicos Carbopol, que ajudam os formuladores a alcançarem o visual e a viscosidade desejada. Um dos grandes negócios da Lubrizol, a modificação reológica entra inclusive no mercado de hair color, o que justifica a maior atenção da empresa para esse mercado. Outro foco de atenção para este ano é o mercado de produtos masculinos, com novas necessidades de consumo para os diferentes perfis de homens, além de ativos e soluções para o que a empresa está chamando de uma “nova geração de mães”. Para suportar o crescimento pelo qual a empresa trabalha, além da planta de Belford Roxo e do armazém de Paulínia, a Lubrizol está transferindo novas tecnologias para a unidade industrial da empresa no interior paulista, que vão permitir
a produção local de alguns ingredientes-chave para o mercado de beleza, como itens da linha Carbopol.
Mais olhares para o consumidor A indústria de matérias-primas como um todo está olhando mais para o consumidor. Isso não é por si só uma novidade. Mas esse é, definitivamente, um ponto que está sendo mais valorizado pelas companhias do setor na definição dos projetos e do pipeline de inovações. Para Renata, nada sinaliza melhor essa nova abordagem das empresas de matérias-primas do que o fato de que hoje elas têm feitos mais e mais os seus próprios focus groups. “Uma inteligência de mercado competitiva era algo que a indústria de matéria prima já tinha, talvez até de maneira informal, mas agora, buscamos uma visão de inteligência de consumo. E sem conhecer o consumidor a gente não consegue isso”, reconhece. Essa mudança tem refletido no próprio papel da área de Marketing da empresa em âmbito global. Segundo Karina Toledo, a empresa já pensa a sua orga-
No início deste ano, a Lubrizol reorganizou a sua rede de distribuidores para o segmento de beleza aqui no Brasil. O portfólio da empresa passou a ser todo concentrando na Dinaco, tradicional distribuidora de especialidades químicas e que já era responsável pela distribuição da maior parte do portfólio da empresa há muitos anos e que agora agregou também os produtos da linha Merquat. “Algumas necessidades nortearam essa mudança, principalmente a questão da sinergia do portfólio e, agora, a Dinaco passa a ser um braço nosso nessa estratégia de portfólio”, explica Renata Solfredini. Como a maior parte das grandes fabricantes de matérias-primas, a Lubrizol tem uma quantidade de clientes diretos bem pequena. E não existem planos para ampliar esse número. Mas a diretora da Lubrizol revela que a empresa tem sim planos para estar mais próxima desses clientes. “Vamos visitar mais essas empresas e, também, traremos esses clientes mais para dentro de casa, para oferecer mais suporte técnico e apoio de marketing, além de mostrar o que a Lubrizol pode agregar ao negócio deles. Só que a operação e a venda continuam com a Dinaco, que tem muito mais expertise para atender a esses clientes com eficiência”, conclui Renata.
Sustentabilidade não é só ser natural Embora seja menos percebida do que nas suas concorrentes – até porque tem vocalizado menos o tema até aqui – a Sustentabilidade é um pilar central para a Lubrizol. “Não acreditamos que o material precisa ser de origem vegetal ou natural para termos uma ‘pegada’ de sustentabilidade muito forte”, esclarece a diretora da Lubrizol. “Mesmo mantendo uma base de produtos sintético, oferecemos produtos considerados sustentáveis, de modo eficiente, que garantem performance para a formulação e de custo muito acessível”, garante Renata.
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inovação Entrevista
Vastidão particular a HOMÉRICA pesquisa “Graus e Curvatura Capilar no Brasil”, comprova,entreoutrascoisas, que existem por volta de 600 tipos de encaracolamento de cabelo no País. haja trabalho (e oportunidades) para atender tanta diversidade >>> Aûani Cusma de Paula E Rafael Mendonça
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ão é por acaso que Haircare é a maior categoria no Brasil em termos de número de produtos e marcas. A imensa quantidade de itens e subcategorias à disposição tenta suprir a necessidade da grande variedade de tipos de cabelos existentes entre as brasileiras, que foi e é diretamente influenciada pela diversidade étnica, além de fatores climáticos e culturais. Pensando em como entender melhor a verdadeira realidade dos fios nacionais a cosmetóloga Sonia Corazza resolveu realizar a pesquisa “Graus de Curvatura Capilar no Brasil”, que, entre diversas comprovações, encontrou por volta de 600 tipos de encaracolamento de cabelo no País. Confira um bate papo com a profissional sobre este estudo.
Fale um pouco sobre esta pesquisa e da sua motivação para começar esse trabalho hercúleo. Quando se começa a olhar o que tem de metodologia internacional, você vê que não fala nenhum pouco com a nossa realidade aqui do Brasil. Então, usando aquela padronagem internacional, a gente percebeu que aquilo não se adequava para realidade do cabelo no Brasil, porque aqui, por conta da miscigenação e do impacto dos movimentos migratórios, temos uma vastidão territorial e um fluxo migratório que fizeram com que o grau de encaracolamento do cabelo dos brasileiros seja absolutamente ímpar. Quem tem um cabelo muito mais crespo na Europa, é o cabelo ruivo e não tem nada a ver com o nosso tipo de cabelo, que é de origem negroide e
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afinado em alguns pontos de extensão do fio, por conta da miscigenação caucasiana em amostras vindas de algumas praças do país. Em Salvador, por exemplo, recebemos alemães, chineses, poloneses que fortemente migraram pelo Brasil, bem como os portugueses e italianos. Todos esses povos caucasianos miscigenaram com os negros africanos, resultando em uma tipologia capilar incomparável. Portanto, a padronização internacional não se adapta a realidade brasileira, por isso fizemos uma leitura leitura absolutamente contextualizada. E como você montou a metodologia da pesquisa? É um trabalho bem tupiniquim mesmo, baseado na experiência de trabalhar com cabeleireiros do país inteiro, por conta
Foto: Divulgação Niely
não podia ter tratamento químico remodelador, porque se perderia o referencial. Foi assim que foram juntadas mais de 30 mil mechas de cabelo, especificamente 32.408 mechas. Muito mais que isso foi recebido pelo comitê de técnicos, mas grande parte não se adequava ao estudo e foi descartada pelo comprimento insuficiente, ou porque havia tratamento químico. Esse trabalho foi bem multibraçal e aí criamos uma metodologia simples, uma metodologia física de medidas, com um programa de computador para medir o grau de curvatura do cabelo. Criou-se um “transferidor digital” que escaneava a mecha, se colocava versus aquele transferidor e se media o ângulo do grau de curvatura, simples assim! Criamos uma tabela para medir os graus de curvatura e assim se fizeram as tabelas de estatísticas. Dessa forma, tabulamos os resultados e chegamos à conclusão de que oito graus de curvatura eram as macrofamílias de graus de encaracolamento de cabelo no Brasil. Macrofamílias porque, claro, temos essa riqueza de cabelos e muitos graus intermediários entre os oito macro tipos foram encontrados.
juliana alves, anitta e giovanna antonelli: retrato de um Brasil misturado e de muitos cabelos diferentes.
dos quase 17 anos atuando com a Wella para formar o time Expert Team. Criamos uma rede de relacionamento com cabeleireiros muito interessante e dinâmica. O Expert Team foi um projeto que teve como líder o Wagner Santos, que hoje está na Davines. Por conta desse processo educativo, a gente acabou formando um grau de amizade e até de credibilidade com cabeleireiros de vários níveis sociais e culturais, de todas as regiões do Brasil. A empreitada foi fazer do jeito mais simples possível. E o jeito simples de saber o grau de encaracolamento do cabelo era pegar mechinhas de cabelo virgem, com um tamanho de comprimento que tivesse entre 5 cm e 10 cm. E esses cabeleireiros de todo o País coletavam essa mechinhas, colocavam em saquinhos plásticos tipo zip lock e nos enviavam. O cabelo
Com quem você trabalhou nessa parte de desenvolvimento da tecnologia? Você que liderou esse projeto ou teve alguma instituição junto contigo ou ainda profissionais independentes? Trabalhamos com profissionais independentes. Foi uma empreitada individual, não tem nenhuma entidade acadêmica, embora os profissionais fizessem parte de algumas delas. Só que, dentro das universidades, você tem protocolos para começar a fazer as pesquisas e eles às vezes são lentos. E como era um conhecimento que a gente queria ter independente, desvinculado de empresas ou instituições acadêmicas, trabalhamos em um grupo de ‘lobos solitários’ mesmo. Trabalho absolutamente independente nosso até porque cada um tinha um objetivo. Então, os cabeleireiros queriam entender como aplicar os produtos, já que a posologia dos produtos que as multinacionais mandavam não se adequavam para aquilo, por exemplo para uma reformatação do grau de curvatura, ou , uma diminuição do volume. Não dava nada certo. As empresas locais não
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tinham nenhum conhecimento. No meu caso, como formuladora, eu queria entender como formular para esses tipos de cabelo e quais eram os graus de curvatura reais no Brasil. Os cabeleireiros queriam saber como utilizar produtos na dose certa para cada grau de curvatura. Um time de investigadores ávidos por fazer melhor seu trabalho. Foi uma opção de vocês não procurarem uma indústria? Foi uma opção, até porque foi um trabalho absolutamente honesto e a gente sabia que teria distorção, se houvesse a intervenção tanto de fabricantes de matéria-prima – que em algum momento eu mesma até pensei em procurar, mas eu sabia que ia ter viés – e até de empresas fabricantes de produtos finais. A gente sabe muito bem que quando entram os interesses da empresa, a quem é pesquisador nessa linha pura, idealista, como eu sou, fica muito pressionado para vetorar os resultados. Então, a gente resolveu que não iríamos nos associar com ninguém. Estávamos buscando esse conhecimento para nosso trabalho aprofundado, não queríamos nos amarrar com ninguém. Você já tinha feito um trabalho de descobrimento de tons de pele lá atrás para maquiagem, chegando num número fantástico. O que você descobriu fazendo esse trabalho com os cabelos? Foi exatamente aquele trabalho que originou esse. Era um trabalho que data 2006, onde descobrimos muitos subtons de pele, entre os principais fototipos, no Brasil. Ficamos pasmos, de boca aberta, naquela época porque tínhamos entre o fototipo 1 e o fototipo 3, 125 tons de pele branca. Com esse trabalho do cabelo, a gente encontrou mais de 600 graus de encaracolamento. Depois classificamos dentro dessas oito macro-famílias. Aquele trabalho da pele gerou para a gente esse ponto de interrogação, mostrando que o Brasil era um país muito particular, muito único. E a respeito do volume de informação quando você acabou este trabalho? Foi algo que você já, como formuladora com décadas de experiência, sabia ou
inovação Entrevista já imaginava que era algo mais ou menos por aí? Ou foi algo que ainda assim te surpreendeu pela vastidão de tipos? Olha, te confesso que para mim foi uma surpresa. Claro que a gente sabia que aquilo que vinha do mercado internacional não servia, porque é muito simplificado. Trabalhando com maquiagem a vida inteira, para a Natura, O Boticário, para todo mundo, a gente sabia que as tonalidades de bases líquidas simplesmente não cobriam as necessidades da pele da mulher brasileira, então, claro que não dava para ser apenas cinco tons. O Boticário fez um trabalho muito interessante, abriu seu portfólio para contemplar mais tons de pele; as empresas começaram a gerar novas cores, mas foi surpreendente saber que para a pele branca, naquela época, encontramos 125 tons. Isso a gente nem imaginava, de jeito nenhum. Aí pensamos, imagina com cabelo? Chegamos em um número por volta de 600 graus de encaracolamento do cabelo. E você, como formuladora também, na hora que você viu esse universo, qual foi a primeira reação? Foi algo do tipo: “a gente passou muito tempo formulando coisa muito limitada…”? Foi bem essa mesma, de superficialidade. Tem tanta coisa ainda para a gente aprender, porque diferentemente dos cabelos encaracolados europeus ou norte americanos, o nosso cabelo com grau de curvatura mais alto é extremamente fino, frágil, sensível e com um diâmetro muito variável. Então, de que adiantava a gente trazer um produto importado, com formulação e matriz de formação baseado no que se postulava em outros países, adotando essas regras para um cabelo nosso, brasileiro, que é completamente diferente? Claro que não servia, claro que esse cabelo ia ficar muito judiado quando se entrava com um processo químico tão agressivo, quanto é um processo de alisamento, ou alcalino, como as colorações permanentes comuns, ou o que seja. E não servia, e não serve até agora! Então, a gente viu que tudo que é feito no mercado até hoje não serve ainda para o brasileiro, é muito grosseiro ou muito generalizado. Não é para menos que temos um contingente absurdo de mulheres, principalmente,
com o cabelo tratado quimicamente com afinamento capilar, com um grau de sensibilidade do couro cabeludo cada vez mais crescente. Além disso, no final de dezembro/2016 para janeiro/2017, fiz uma micropesquisa para tentar entender sensibilidade de couro cabeludo. Um levantamento bibliográfico e também conversei com alguns médicos tricologistas. O grau de sensibilidade do couro cabeludo aumenta a cada dia. Alguns tricologistas disseram que, hoje, de 10 a 15% das mulheres que chegam aos consultórios deles tem sensibilidade no couro cabeludo decorrente de alisamento capilar. Quer dizer, olha o que está acontecendo no Brasil. Isso é muito sério, é muito contundente. Mostra que o que tem hoje no mercado, das duas, uma: ou não se adequa, decorrente da cosmeticidade, pela cosmetodinâmica dos ingredientes, ou não têm um protocolo de avaliação efetivo para que a gente tenha uma posologia, uma indicação efetiva, segura e performática. Todo esse trabalho foi dividido em cinco praças apenas? Na verdade, dividi em cinco para mostrar inicialmente ao público dos eventos Atualidade Cosmética: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre e Brasília. Mas temos cabelo do Brasil inteiro nesse trabalho. Também te surpreenderam as diferenças entre elas? Muito. Por isso que fiz um trabalho pessoal de fazer o levantamento histórico do movimento migratório. Levantar a história dos imigrantes em cada região do país, por exemplo, em que região lá de Salvador vieram os poloneses? Em que época? Então, foi debruçar mesmo pela história do Brasil, da colonização. Pesquisar até os últimos tempos, principalmente os movimentos migratórios iniciais como foi a experiência de escravidão, como foi a abertura e as leis de incentivo à imigração, quais fatores influenciaram a vinda dos italianos ou dos portugueses para cá ou para lá. E até porque, todos nós somos filhos ou netos ou bisnetos de imigrantes, pesquisar a história é um jeito de conhecer a nossa realidade também.
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Do ponto de vista do estado do cabelo das brasileiras hoje, essas questões migratórias, de formação genética… Em que medida isso impacta mais o estado atual do cabelo das brasileiras do que, por exemplo, as questões relacionadas a estilo de vida? O que é mais impactante? Acho que não dá para dizer mais ou menos, porque é muito circunstancial. Acho que impacta também, e tudo depende de quantos e quais fatores são interferentes. Por exemplo, se você pega descendente que tenha raiz negra na família e, ao mesmo tempo, raiz alemã, impacta muito mais, do que o estilo de vida, porque o indivíduo vai ter o cabelo super crespo e fininho. Então, se ele come direitinho ou se ele faz atividade física, é menos impactante do que a genética que ele carrega. Agora, se é uma pessoa que é descendente de índio, por exemplo, e caucasiano português, o estilo de vida vai impactar mais, porque o cabelo já é menos fragil, já tem uma elasticidade mais perfeita, um nível de encaracolamento menor. Portanto se ele fuma, bebe e só come ‘porcaria em saquinho’, vai impactar mais. Tudo depende de quem é o indivíduo que a estamos analisando. Além dessas questões históricas e de colonização, que outros atributos vocês colocaram para avaliar cada região? Os fatores ambientais e climáticos são super importantes na atualidade. Por exemplo, a primeira coisa que analisamos e que é muito impactante, é a carga de radiação solar no Brasil. A partir daí, vimos que nosso país está sob intensa radiação solar, extremamente alta em relação aos raios UVA, e no País inteiro. É muito impactante, diferentemente do povo que está acima da linha do Equador, como norte americanos e europeus, que não sofrem a mesma incidência de raios UV que o Brasil. Hoje constatamos que o brasileiro não tem triptofano no fio de cabelo, um aminoácido absolutamente suscetível à degradação pela radiação solar. Então, o primeiro fator exógeno extremamente contundente para desqualificar o cabelo do brasileiro é a radiação solar. Quando falo dela, também falo da questão da temperatura, porque a temperatura média anu-
a cosmetóloga sônia corazza: pequisa realizada por profissionais independentes, sem ajuda de nenhuma entidade acadêmica ou empresa.
al mostra para a gente uma tendência maior de perda de umidade do cabelo e, portanto, desidratação. E aí vem o ressecamento, a queda pela quebra, formação de pontas duplas, etc. A outra caracteristica exógena levada em consideração foi a qualidade da água em cada região, segundo as estações de tratamento de água. Como é a água disponibilizada para esse consumidor, com a qual ele lava o cabelo? Que tipo de higienização ele está fazendo no cabelo, que tipo de resíduo a água de lavagem carrega – seja alumínio, magnésio, sulfato, etc –, como é feito o tratamento de água, como é feita a cloração? Tudo isso foi levantado. Neste trabalho há a questão do grau de elasticidade. Quão importante são esses elementos, saber em que nível que está, qual diversidade dos cabelos? Para quem vai formular, é tão importante quanto o grau de curvatura? Muito importante. Porque hoje também sabemos que no Brasil estamos perdendo muito a massa proteíca do cabelo. Mesmo uma pessoa que tem cabelo virgem, não sofre nenhum tipo de tratamento químico, perde a massa proteíca,
tem um ataque nas suas cadeias amínicas, na formação da queratina, por conta desses fatores que mencionei: radiação solar – fator exógeno –, lavagem do cabelo, tipo de formação. Hoje a gente sabe que os alquil sulfatos (n.e.: categoria de ativo onde se encontra o lauril, eter, sulfato de sódio; que é o tipo mais comumente encontrado nos shampoos do Brasil) causa uma lixiviação da queratina no cabelo. Então, com isso, se começa a desguarnecer o cabelo das suas propriedades fundamentais de resistência, de elasticidade e homogeneidade da superfície. E isso é importante porque cabelo tem função. Sua grande função é cobrir essa pele tão sensível chamada couro cabeludo. E hoje, no Brasil, temos um grande problema de câncer de pele. Então o couro cabeludo desprotegido da homogeneidade da fibra capilar é um couro cabeludo suscetível ao câncer de pele. E para o formulador é muito importante entender essa tipologia capilar do brasileiro para poder revitalizar esse cabelo com aquilo que o fio está precisando. Seja uma reposição amínica – de aminoácidos para recompor o capacete proteíco do cabelo –, seja para repôr os
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ingredientes que compõe o fio – a ceramida, os agentes hidratantes, os próprios lipídeos que vão dar essa elasticidade para o cabelo. Então, um formulador que se preze precisa conhecer o estado do cabelo. Se não ele está fazendo um produto que é “só mais um”, e hoje é inadmissível, no século XXI, que a gente ‘arremesse’ produtos no mercado. Trazendo isso tudo um pouco para o dia a dia de mercado mesmo, você acha que os nossos formuladores, na média e talvez até principalmente os formuladores que atuam nas empresas de médio e pequeno porte, estão preparados para, por exemplo, trabalhar com essa gama de informação? Não estão preparados, não conhecem a matriz dos substratos que estão tratando. É o motivo pelo qual a gente tem tanto produto ineficaz e até danoso no mercado. O formulador de média e pequena empresa não conhece o público-alvo. Não conhece mesmo. Você pega gente formulando de norte a sul do País fazendo fórmulas assim, default, para aquela concentração de princípios ativos. Até porque os próprios fabricantes
inovação Entrevista de matéria-prima também não sabem. É o que estou te falando, todo mundo copia muito o que vem lá de fora sem conhecer o nosso público aqui. Não está preparado, não imagina as peculiaridades que existem dos cabelos no Brasil. Vou te falar com muita humildade, nem eu estava preparada. Não sou uma pessoa que fica na superfície, eu vou buscar o conhecimento em profundidade. Achei que aquilo que vinha de fora não servia, não estava dando efeito. Eu fazia painel técnico, avaliava performance do produto no cabelo e não encontrava resultado. Por quê? Porque eu estava trabalhando com uma base de dados errônea, como todo mundo. Agora quando você diz que as próprias empresas de matéria-prima não conhecem, posso entender que é uma questão de como você junta os ingredientes na fórmula ou existe um gap de ingredientes hoje no mercado capazes de atender a essas especifidades do mercado brasileiro? Acho que assim, você tem artigos no mercado brasileiro não necessariamente nacionais, mas a gente enfrenta isso – e eu não vou ter medo nenhum de falar mesmo tendo já sido ameaçada de vida por falar isso. Temos um problema regulatório muito sério. Por exemplo, por que é que o ácido gloxílico de alta pureza até agora não foi aprovado pela Anvisa, com tantos comitês, com tanta gente séria levando dossiês concentrados, como uma Goldwell, por exemplo? Por que é que o ácido gloxílico de alta pureza, que se encaixa perfeitamente para fazer a remodelagem do cabelo, não foi aprovado? Isso para mim é uma grande incógnita. Então, não sei o porquê, para mim isso é território nebuloso mesmo, eu sou uma brasileira e eu tenho o direito de achar que tenham interesses escusos aí, e da mesma forma, uma porção de outros ingredientes ativos repositores da massa proteíca, de empresas que trabalham lá fora, não conseguem entrar no Brasil, como ativo mesmo. É por isso que eu gosto da minha pesquisa independente, porque eu não tenho ‘rabo preso’ com ninguém, posso falar o que eu quero. O nosso mercado fica nessa pobreza e nessa superficialidade
por interesses comerciais de determinadas empresas que fazem um grande lobby com a parte regulatória, inclusive. Acho que soma um desconhecimento absurdo do mercado, desconhecimento mesmo da nossa matriz étnica genética, desconhecimento da nossa condição ambiental, desconhecimento da qualidade da nossa água, desconhecimento de hábitos e atitudes, e também a falta de acesso regulatório a ingredientes que seriam, sim, eficazes. Então, podemos dizer que os profissionais não estão preparados para chegar nesse nível de sofisticação de desenvolver uma fórmula para atender a uma região mais específica do Brasil? Acho que tudo depende. Por exemplo, se você vai lá para Belém do Pará, onde tem uma matriz étnica/genética muito ligada à presença indígena, você tem um cabelo mais resistente. Aí sim o formulador tem condição de atender àquela demanda porque é um cabelo menos complicado. Mas se você vai para o interior da Bahia, é um sofrimento porque lá existe uma comunidade muito variável de formação étnica/genética, condição de cabelo extremamente frágil e sem acesso a matérias-primas que seriam interessantes. O próprio Rio de Janeiro tem uma variedade capilar imensa, teriamos condição de atender muito melhor à necessidade regional, caso que tivessemos esses produtos ainda não aprovados, como o ácido glioxílico de alta pureza. Quando você vai para, por exemplo, Belém ou para a Amazônia, onde você tem uma matriz de cabelo mongoloide forte, o formulador e as empresas regionais têm sim a condição de atender às necessidades do cabelo daquela região. A coisa começa a engrossar quando você começa a aumentar o grau de curvatura do cabelo. Quando a gente aumenta o grau de curvatura, acaba indo para regiões que, na maioria das vezes, são mais pobres também, não é? Isso. E isso é um problema? Pois para você formular para esse cabelo que é mais difícil, mais complicado, precisaria
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ter uma fórmula mais cara justamente para um consumidor que tem menos recurso; ou a fórmula não é necessariamente mais cara nesse caso? Não necessariamente. Até porque você sabe muito bem que, em média, o custo no produto final, 30% é a fórmula. Eu sempre digo que a diferença entre um produto regular e um bom produto está lá na quarta casa decimal. Quer dizer, você pode sim economizar dinheiro de outras partes, até na própria cadeia inteira, até na própria embalagem e fazer um bom produto para atender seu público, que é sempre a minha premissa base nessa pirâmide, por uma opção de economia. Você produz mais e de melhor qualidade, dá sim para fazer. Não tem essa desculpa não. Dá sim para fazer e para atender. Dá para a gente fazer um produto popular, com uma boa qualidade e que vai atender às necessidades específicas daquele tipo de cabelo. Você tem aí um vasto material, dois anos de pesquisa. Como é que você está trabalhando com isso? Tem planos de ampliá-lo, divulgá-lo ou disponibilizá-lo para mais empresas? Esse é um trabalho que nunca acaba. Agora eu estou indo investigar como é a situação do couro cabeludo. É de empreitada porque precisamos entender aonde a gente está trabalhando para fazer uma boa fórmula, a princípio, gosto de ter conhecimento independente para não ficar presa a interesses particulares desta ou daquela empresa. É assim que funciona. Estou nesse mercado há 40 anos e a gente não é nenhum pouco inocente de saber que se você se filia a X ou Y, você vai ter que omitir ou relevar determinadas informações. Então, como eu sou muito purista, eu gosto de deter o meu conhecimento, até porque acaba virando um ‘unique selling proposition’ do meu trabalho de criação cosmética. É um trabalho muito simples, barato, que não tem nenhuma sofisticação, muito acessível, mas que deu para nós um conhecimento que ninguém mais tem, não só no Brasil, mas no mundo. Ninguém no mundo conhece o cabelo do brasileiro como a gente hoje consegue conhecer. Bastante unidade, montamos um dossiê de cabelo que ninguém tem!
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da perfumaria por Gabriel Oda
perfume de uma musa Evocando a dualidade feminina que casa de forma perfeita a sensualidade e mistério com leveza e suavidade, Narciso Rodriguez For Her se tornou um grande clássico moderno no mundo dos perfumes
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econhecido mundialmente pelo realce que suas obras fazem sobre as curvas da mulher, o estilista Narciso Rodriguez trabalha em cima da feminilidade, da sensualidade e do mistério. Nascido e criado em Newark, no estado de New Jersey, nos Estados Unidos, o jovem filho de cubanos deu seus primeiros passos no mundo da beleza e da moda quando ingressou em uma das maiores faculdades de moda do mundo, a Parsons New School of Design. Tempos depois, em 2003, em um projeto conjunto com a Beauté Prestige International, o estilista norte-americano lança uma das fragrâncias que levaria seu nome muito além, tornando ambos grandes referências na perfumaria: o Narciso Rodriguez For Her. Desenvolvido em uma atuação conjunta entre o próprio estilista, a BPI e os perfumistas Christine Nagel e Francis Kurkdjian, um dos maiores trabalhos envolveu a inclusão do ingrediente considerado uma assinatura olfativa do estilista, o egyptian musk. A dificuldade de incluí-lo estava justamente no fato de ele ser um óleo e, uma vez que a fragrância é um eau de toilete, precisava ser transferido para uma base alcoólica, o que altera totalmente o seu aroma. Porém, Narciso é apaixonado pelo óleo desde seus 18 anos, quando foi apresentado a ele por uma colega de faculdade. Tamanha foi essa paixão que ele se tornou um dos maiores especialistas nesse cheiro, portanto havia a grande exigência de mantê-la no perfume. Uma vez colocado como o coração do perfume, o egyptian musk confere um tom de maciez e transita com suavidade entre outras três pulsações presentes, causando um efeito que, ao mesmo tempo que reforça, também casa e comple-
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menta-as. Primeiramente, o musk é refrescado pela presença da flor de laranjeira e do osmanthus, trazendo um aroma refrescante. Então, o perfume se suaviza com um toque de âmbar e se ilumina com a baunilha, ressaltando a feminilidade e delicadeza da mulher. Por fim, o tom amadeirado do vertiver confere ao perfume volume e remete à sensualidade feminina, fechando a experiência olfativa total com todas as características da mulher, evocando a imagem da musa, idealizada por Narciso e norteadora da fragrância. Reflexo de cores Outro ponto notável é que foi norteado também pelo mesmo conceito da musa, evocando toda a classe feminina. Inspirado em garrafas chinesas de vidro soprado, o frasco do perfume passou por um processo diferente de pintura, em que ela é feita internamente, realçando as pontas e dando um toque mais requintado à embalagem, que pode ser encontrada tanto na cor rosa puxada para o salmão com detalhes em preto, quanto o contrário, em que o corpo todo é pintado de preto e apenas seus detalhes são feitos em salmão. A textura delicada da embalagem é o que envolve a fragrância das musas, com a transparência do vidro aliado ao mistério do coração do perfume de musk evocam a dualidade feminina que o estilista valoriza na ideia por trás do perfume. Por fim, um conceito forte como base, uma execução bem trabalhada e um padrão minuciosamente mantido em todos os aspectos fizeram do Narciso Rodriguez For Her um perfume fortemente aclamado e um clássico premiado.
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