CT News | VIII Edição

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CT NEWS EDIÇÃO VIII, ANO III, Nº 1 | JUNHO/JULHO 2019

ENADE O ENADE passa por mudanças e os cursos de Engenharia iniciam um novo ciclo

PESQUISA

RECONHECIMENTO

FALA, ALUNO!

O projeto Sm@rtBee se destaca no modo de pensar a interdisciplinaridade

A secretária da coordenação de Engenharia Civil, Hilda Luiza, conversa sobre seu trabalho

Alunos dos cursos de Engenharia Mecânica e de Petróleo se destacam internacionalmente CT NEWS JUNHO | JULHO 2019

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E D I TO R I A L

EDIÇÃO VIII ANO III - Nº 01 JUNHO | JULHO 2019 DIRETORIA DO CT Carlos Almir Monteiro de Holanda (Diretor) Diana Cristina Silva de Azevedo (Vice-Diretora) DIRETORIA ADJUNTA DE ENSINO (DAE) E NÚCLEO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL (NOE) Bruno Vieira Bertoncini (Diretor de Ensino da DAE) Yangla Kelly Rodrigues (Coordenadora do NOE) André Bezerra de Holanda (Administrador) ENDEREÇO Campus do Pici - Bloco 710 CEP 60440-900 - Fortaleza - CE CONTATO 85 3366 9600 | 85 3366 9609 daect@ufc.br /daectufc @daectinforma DIAGRAMAÇÃO, REPORTAGEM, E PROJETO GRÁFICO-EDITORIAL Mirella Fernandes da Silva mifernandes934@gmail.com REVISÃO André Bezerra Bruno Vieira Yangla Oliveira

Produção do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará. Reprodução livre desde que creditada fonte.

REALIZAÇÃO

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DESAFIOS

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ada vez mais a universidade ganha destaque no debate sobre o ensino público no Brasil, já que existem vários desafios na construção de um ensino de qualidade. Diante disso, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) é um importante aliado para avaliar as universidades, cursos e estudantes, oferecendo dados que permitem uma análise mais profunda da situação. Entre eles, o ENADE se evidencia como um dos mais importantes, devido ao fato de contar, diretamente, com a participação dos alunos. Qual a importância desse exame para os cursos? Confira na REPORTAGEM de capa. Mesmo com os desafios, a universidade continua se esforçando para possibilitar ferramentas que atuem na formação dos alunos, ou até mesmo de quem ainda não é aluno! Em ACONTECE NO CT, confira como foi o CT Quer Você, evento histórico da unidade acadêmica que convida estudantes do ensino médio para conhecer a UFC. O Dia Internacional das Mulheres na Engenharia também foi um importante evento proporcionado pelo Centro de Tecnologia, com apresentações artísticas e debates importantes sobre os obstáculos da mulher nessa área. Em RECONHECIMENTO, confira a história de Hilda Luiza, secretária da coordenação de Engenharia Civil. Ela mostra que, mesmo com os desafios na universidade, é possível construir um ambiente melhor com um olhar atencioso para os alunos. Já em PESQUISA, o destaque cabe ao Sm@rtBee, projeto que chama a atenção por articular as áreas da Engenharia e Biologia em um estudo sobre abelhas. Além desse, a pesquisa na universidade se estende, também, para outros ambientes. Nas PÁGINAS AZUIS, o Laboratório de Pesquisa e Tecnologia em Soldagem mostra como a pesquisa se desdobra em um laboratório que une teoria à prática e traz importantes contribuições para a formação dos estudantes. Por fim, em FALA, ALUNO! confira dois grupos de alunos que destacaram em cenário internacional. Um deles é o Capítulo Estudantil da UFC na Sociedade de Engenheiros de Petróleo Internacional, reconhecido com o principal prêmio da SPE. O outro é um grupo de estudantes que conquistou o 3º lugar na principal competição internacional de siderurgia, o SteelChallenge, organizada pela Steeluniversity, uma iniciativa da Associação Mundial do Aço. Dois importantes prêmios conquistados com esforço e determinação! E nada melhor do que um aluno da UFC para contar sobre esforço, não é? Confira a história das estudantes Lara e Larissa, irmãs que cursam Engenharia de Petróleo e se destacam pela intensa relação com a universidade! Boa Leitura! REDAÇÃO CT NEWS


ÍNDICE

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ACONTECE NO CT EVENTOS

- CT Quer Você é realizado no Centro de Tecnologia - Dia Internacional das Mulheres na Engenharia é celebrado no CT

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CAPA DESAFIOS

Mudanças no ENADE provocam reflexão sobre importância do exame e o os obstáculos em aplicá-lo

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RECONHECIMENTO OLHARES A secretária da coordenação de Engenharia Civil chama a atenção pelo olhar atencioso com os alunos

PESQUISA

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INTERDISCIPLINARIDADE

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PÁGINAS AZUIS

Projeto que une Biologia e Engenharia se destaca na pesquisa

CONHECIMENTO O LPTS contribui para a formação dos estudantes e une teoria à pratica

FALA, ALUNO!

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NOVOS HORIZONTES

- Estudantes de Engenharia Química e Metalúrgica se destacam internacionalmente - Lara e Larissa: duas irmãs que dividem o sonho de se tornarem Engenheiras de Petróleo reconhecimento internacional em associação global e competição

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ACONTECE NO CT JUNHO

O CT QUER VOCÊ 2019 Confira como foi um dos eventos mais importantes do Centro de Tecnlogia

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o dia 1 de junho houve o CT Quer Você, evento que apresenta os cursos de Engenharia, Arquitetura e Design e convida estudantes de Ensino Médio, a fim de orientá-los em sua escolha profissional. Foram realizados vários estandes, palestras e visitas guiadas a laboratórios, apresentando não só os cursos, mas também a pesquisa e extensão.

Também é válido destacar a troca entre comunidade externa e instituição, a qual enriquece a experiência de todos, como destaca o professor Carlos Almir, diretor do Centro de Tecnologia. Para ele, é um momento importante para

mostrar e valorizar o que é feito ali, além de auxiliar o processo de orientação profissional dos alunos. Ano após ano, o CT Quer Você marca presença, contando com professores e alunos dispostos a mostrar o ensino, a pesquisa e a extensão da UFC. É importante a universidade abrir as portas para as pessoas conhecerem o que acontece ali, fomentando a produção do meio acadêmico para a sociedade. Nesse sentido, eventos como o CT Quer Você se mostram de imensa importância, pois constroem uma relação entre instituição e sociedade que traz benefícios para todos, a partir de uma ampla troca de experiências.

FOTO/ MIRELLA FERNANDES

FOTO/ MIRELLA FERNANDES

Várias escolas foram convidadas para o evento. De Fortaleza, por exemplo, o colégio Santa Cecília trouxe alunos bastante animados. Júlia, estudante dessa escola, tem interesse em Arquitetura e Urbanismo. Segundo ela, desde pequena teve interesse no curso e, ao conhecer a estrutura da UFC e a grade

curricular, a paixão se concretizou de fato. “É um curso que estimula a criatividade”, conta, empolgada. De Itapipoca, a escola Patronato Nossa Senhora das Mercês trouxe alunos e professores interessado em conhecer a UFC. Para Diassis, professor de Física e Matemática dessa escola, esse momento é essencial, pois, muitas vezes, os jovens se encontram confusos diante de qual carreira seguir, principalmente no Ensino Médio.

Professor Carlos Almir com os professores e alunos da Escola Patronato Nossa Senhora das Mercês.

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FOTOS/ MIRELLA FERNANDES

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TRANSFORMANDO O FUTURO

DIA INTERNACIONAL DA MULHER NA ENGENHARIA SE CONSOLIDA NO CT Em sua terceira edição, o evento aborda sobre o assédio e se estabelece como um espaço de debate na unidade acadêmica

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riado, em 2014, pela Women’s Engineering Society do Reino Unido, o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia tem a proposta de celebrar a conquista das mulheres na área, além de debater sobre os desafios que ainda existem. No Centro de Tecnologia, a data é celebrada desde 2017. Este ano, o tema foi “Transformando o Futuro”, com foco em um dos obstáculos mais difíceis: o assédio. Em outras palavras, o evento tratou sobre as perspectivas de futuro, para as engenheiras, em um ambiente em que o assédio se mostra um grande desafio, questionando sobre sua origem, as formas como se desdobra e o que fazer diante disso. A edição deste ano aconteceu no dia 28 de junho. Entre as atividades artísticas, o grupo Verso de Boca abriu o evento, que também contou com as apresentações dos membros da Banda Sinfônica da UFC e da banda Lay Maia e os Astecas. Além disso, houve a conclusão dos resultados da pesquisa realizada na disciplina de Tecnologia e Sociedade, ministrada pelo professor Carlos Estevão Rolim, sobre o assédio no Centro de Tecnologia. O estudo se desenvolveu por meio de um questionário anônimo para servidoras docentes, técnico-administrativas e terceirizadas da unidade acadêmica. Com mais de 150 respostas, os temas giraram em torno da definição de assédio, segurança no campus e quantidade de casos relatados. Os dados são alarmantes: pelo menos 62% das mulheres que responderam o questionário relataram ter sofrido

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assédio alguma vez. Além disso, cerca de 89% das vítimas não denunciaram o ocorrido, tendo em vista a descrença nos órgãos responsáveis e a falta de conhecimento sobre onde recorrer para obter ajuda. Na mesa redonda, as engenheiras Eveline Cunha e Michele Mulas relataram suas experiências com o assédio e como isso afetou na carreira de cada uma delas. A advogada Raquel Andrade, vice-presidente da Comissão da Mulher na OAB, potencializou esse debate, trazendo uma visão jurídica sobre o que é considerado assédio e como é o processo de denúncia, com um discurso empoderador. Por fim, Gustavo Pinheiro, professor da UFC, trouxe a pesquisa realizada pelo PET de Comunicação Social sobre o assédio na Universidade, revelando que o problema não é recorrente apenas no Centro de Tecnologia, mas sim no ambiente acadêmico como um todo. A mesa foi moderada pelo vice-reitor Custódio Luiz, que destacou o papel da universidade em criar mecanismos que possam, efetivamente, tratar dos casos e acolher esses relatos, oferecendo o devido apoio psicológico para as vítimas. O evento seguiu para os relatos sobre a exposição de fotos realizadas por Emilio Thalles, as quais contavam


FOTO/ MIRELLA FERNANDES

DESAFIOS A vice-diretora do Centro de Tecnlogia participou da organização do evento, junto com os capítulos estudantis SPE e AIChE e a Fundação ASTEF. Segundo ela, houve um receio, em debater sobre um tema tão delicado. “Existiu a preocupação em abordar o assédio, de modo que foi necessário mesclar leveza e força para se tratar sobre esse tema”, relata. Para ela, a mensagem que fica para os próximos eventos é que ele se consolide cada vez mais e se torne, de fato, um espaço onde as mulheres se sintam inspiradas a construir seus sonhos dentro da Engenharia. “Hoje, já existem mais mulheres interessadas na área do que antigamente. A onda tem que continuar”, diz ela, entusiasmada.

as histórias inspiradoras das mulheres que compõem o Centro de Tecnologia. Por fim, mas não menos importante, foram entregues homenagens para Letícia Nunes Bezerra, estudante de Engenheria Ambiental, e para a física Hilma Helena Macedo. No final do evento, houve uma homenagem surpresa para a professora Diana Cristina Silva, vice-diretora do CT. Ela expressa gratidão pelo acontecimento. “Sou muito grata a UFC por me oferecer meios de construir o que me levou a receber essa homenagem”, conta a professora.

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A realização de eventos como o Dia Internacional da Mulher na Engenharia é imprescindível para a universidade. Abrir o Centro de Tecnologia para esse debate é desenvolver uma unidade acadêmica com uma comunicação mais saudável, além de contribuir para a formação dos estudantes. Para as mulheres, significa criar um ambiente em que se sintam confortáveis para seguir seus sonhos, sem naturalizar os obstáculos ou se deparar com escolhas que limitam a um papel construído pela sociedade. A conquista de uma mulher, na Engenharia, não é individual: é a força de dezenas de gerações que permitiram que ela estivesse ali, ocupando seu espaço. E isso deve ser celebrado!

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REPORTAGEM

ENADE: Um novo ciclo

Mudanças no edital provocam reflexões o exame e sua importância para universidade

É

importante, para toda universidade, reavaliar se cada curso confere ao aluno as ferramentas necessárias para aprimorar seu conhecimento naquilo que deseja. Isso possibilita a construção de melhorias na qualidade de ensino, beneficiando tanto o estudante quanto a própria instituição. Dessa forma, o ENADE se torna essencial para qualquer universidade. A cada ano, um conjunto de áreas realiza a prova, conhecida por ser um dos critérios de avaliação de curso. Neste ano, em que a área da Saúde e das Agrárias foram convocadas para o exame, há uma surpresa: os cursos de Engenharia e o de

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Arquitetura e Urbanismo foram rearranjados de grupo e também convocados. A mudança provoca perguntas e evidencia o ENADE no cenário do ensino público atual. Qual a importância desse exame?

O que é o ENADE? O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) faz parte do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), o exame é aplicado aos concluintes de todos os cursos de graduação, a fim de avaliar o rendimento em relação ao conteúdo

programático estabelecido pelas diretrizes curriculares de cada curso, bem como as habilidades e competências adquiridas pelos estudantes. A periodicidade máxima da avaliação é trienal para cada área do conhecimento, o que significa que, a cada ano, um conjunto diferente de cursos é submetido ao exame. Em 2019, por exemplo, as áreas da Saúde e das Agrárias, além das Engenharias e Arquitetura, com a recente mudança, são os grupos que farão o ENADE. Os outros grupos são o ciclo II, composto por Ciências Exatas e Licenciaturas, e o ciclo III, que conta com Ciências Sociais


CAPA

Aplicadas e Ciências Humanas. Além desses, o eixo tecnológico também é avaliado. São eles: ciclo I (Ambiente e Saúde, Produção Alimentícia, Recursos Naturais, Militar e Segurança), ciclo II (Controle e Processos Industriais, Informação e Comunicação, Infraestrutura, Produção Industrial) e ciclo III (Gestão e Negócios, Apoio Escolar, Hospitalidade e Lazer, Produção Cultural e Design). O objetivo da prova é acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos em relação ao que está previsto nas diretrizes curriculares, a fim de construir ações que permitam a melhoria da qualidade dos cursos, por parte de professores, técnicos, dirigentes e autoridades educacionais.

semelhante é destinado ao coordenador de curso, também com a mesma finalidade.

E os resultados? Os resultados do exame e do Questionário do Estudante geram três notas. Uma delas é o Conceito Enade, ligada diretamente ao desempenho na prova. O Conceito Preliminar de Curso (CPC), por sua vez, leva em conta não só o exame, mas também outros fatores, como as condições do próprio curso (infraestrutura, corpo docente, recursos didáticos). Por fim, o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC) é uma média dos três últimos CPCs de um

curso. Enquanto sua divulgação refere-se sempre a um triênio, as demais notas são divulgadas no ano após a realização do ENADE. É essencial ressaltar que o ENADE faz parte do Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), cujo objetivo é avaliar a qualidade dos cursos de formação e desenvolver políticas públicas que incentivem melhor qualidade no ensino superior.

Quem faz o ENADE? O ENADE é realizado por ingressantes e concluintes, embora tenha caráter obrigatório para os que estão perto de se formar (cerca de 80% do curso concluído).

Como é a prova? A prova é composta de 40 questões, em que 10 são sobre formação geral e 30 fazem parte da formação específica de cada área. As questões variam entre discursivas e de múltipla escolha, e a prova tem duração de 4 horas. Existe também o Questionário do Estudante, que deverá ser realizado para que o aluno esteja apto a se formar. Ele levanta informações que caracterizam o perfil dos estudantes e o contexto de seus processos formativos, auxiliando na compreensão do resultado da prova. Um questionário

Exemplo de resultado divulgado sobre a UFC. Os dados são divulgados no site do INEP.

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UFC e o Enade

Desafios Para Socorro Sousa, que atua na Coordenadoria de Planejamento e Avaliação de Programas e Ações Acadêmicas (Copav), ainda existem vários desafios em relação ao ENADE dentro do meio acadêmico. A Copav realiza um trabalho contínuo de apresentação da prova e das outras avaliações que fazem parte do Sinaes para os alunos, de modo que possam se familiarizar com essas ferramentas e entender sua importância para universidade. Para ela, “A conscientização surge a partir da sensibilização”, destacando o papel do estudante em entender a relevância desses processos.Além disso, existe também o desafio em relação ao tipo de avaliação realizada por esse exame. Como se sabe, o ENADE segue um conjunto de diretrizes para cada curso,

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Dados divulgados sobre o curso de Engenharia Elétrica da UFC no último ENADE disponíveis no site do INEP.

“A conscientização (dos alunos)” surge a partir da sensibilização”

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No último ENADE do Ciclo Azul, realizado em 2017, a UFC obteve ótimos resultados. Dos 51 cursos avaliados, 34 atingiram conceito de excelência, cerca de 66,6% da amostra, sendo 15 deles com nota 5 e outros 19 com nota 4. Os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Ciência da Computação, Engenharia Ambiental, Engenharia Civil, Engenharia de Energias Renováveis, Engenharia de Produção Mecânica e as licenciaturas em Ciências Sociais (integral), Educação Física (integral e noturno), Letras-Inglês, Letras-Português/ Inglês e Pedagogia (integral) obtiveram nota máxima em Fortaleza. Já em Quixadá, foram os cursos de Ciência da Computação e Redes de Computadores que conquistaram a mesma nota. Houve um crescimento em relação ao último ENADE prestado pelo mesmo ciclo, onde 17% dos cursos alcançaram nota 5.

Socorro Sousa atua na COPAV, localizada no Campus do Pici.


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No contexto do ensino público atual, é imprescindível para todos, estudantes e professores, entender a responsabilidade dessas avaliações. Elas são uma pequena amostra daquilo que está sendo feito dentro do meio acadêmico. O ENADE não mostra todas as conquistas do ensino público, mas tem o poder de legitimar o papel da universidade como uma instituição capaz de oferecer recursos que transformam positivamente a sociedade. Quando as salas de aula sofrem com a desvalorização do ensino, é papel de todos mostrar que, mesmo diante de tantos obstáculos, a universidade produz, sim, conhecimento. E uma das formas de mostrar isso é por meio do ENADE.

Raphael Amaral é coordenador do curso de Engenharia Elétrica.

estabelecendo um certo padrão para diversas universidades seguirem. É fato que apenas uma prova não possui a capacidade de avaliar toda a complexidade de um curso, tendo em vista, que, dependendo da região e do contexto em que se encontra, cada um pode ter recortes específicos. No entanto, Raphael Amaral da Câmara, coordenador do curso de Engenharia Elétrica e membro da Comissão Assessora de Avaliação do ENADE destaca o cuidado que existe em relação a isso. As diretrizes são seguidas para traçar o perfil do estudante, as suas competências e, a partir disso, elaborar a prova, para realizar um exame mais justo possível para área. Ele também destaca que o ENADE avalia, prioritariamente, se o curso desenvolve, em seus alunos, as habilidades e competências que lhe são atribuídas. Existem outras avaliações, as quais fazem parte

do Sinaes e que avaliam outros aspectos, a fim de entender, de fato, a qualidade total do ensino. Logo, não é apenas o ENADE, existem outras ferramentas tão importantes quanto esse exame para avaliar a situação das instituições.

“O objetivo da prova é acompanhar o processo de aprendizagem dos alunos em relação ao que está previsto nas diretrizes curriculares”

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RECONHECIMENTO

Tempos que mudam,

pessoas que acolhem Lidar com pessoas pode ser complicado. Mas, em tempos difíceis, um olhar atencioso faz toda a diferença. Conheça Hilda Luiza, uma mulher que entende desse tipo de olhar.

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Secretária da coordenação de Engenharia Civil, Hilda Luiza Pinho atua ali desde agosto de 2014. Foi sua primeira experiência de trabalho, o que dificultou um pouco no começo. Com o tempo, ela aprendeu a lidar com os desafios, destacando a relação com os alunos o maior deles na sua fase de adaptação. Lidar com pessoas pode ser complicado, principalmente no ambiente universitário, onde existem uma série de fatores que podem afetar isso e gerar estresse (final de semestre que o diga!). No entanto, Hilda relata que rapidamente se acostumou e se tornou uma parte importante do seu trabalho no Centro de Tecnologia. “É muito bacana ver o crescimento dos alunos”, conta, empolgada. Ademais, Hilda diz que aprendeu a ser mais paciente e empática em sua profissão. Como lida com pessoas todos os dias, ela ressalta que é importante saber o que o outro tem a dizer, respeitando sua opinião. Diante disso, a relação com os alunos tende a ser tranquila. Algumas vezes, eles chegam a desabafar com ela. Segundo a servidora, muitos alunos sofrem com o bem estar dentro da universidade, devido a uma série de fatores, os quais afetam a saúde mental. Por conta disso, ela se esforça em manter uma boa relação com os estudantes, pois entende que o respeito mútuo faz grande diferença em como a pessoa se sente dentro da universidade. Além desse, ela percebe que existem outros desafios para a construção de uma qualidade de ensino melhor. Um deles é a preparação do corpo docente, que, muitas vezes, é bem qualificado, mas possui pouca didática para lidar com o alunos. Ela cita o projeto de Comunidade de Cooperação e Aprendizagem Significativa (CASa) uma boa solução que deveria ser incentivada. O CASa é um programa de formação docente que propõe a troca de experiências, valorizando a trajetória de cada um por meio de uma proposta colaborativa. Para Hilda, essa troca é essencial para construir uma didática melhor para os alunos e para a própria vida das pessoas, pois a troca de conhecimento sempre traz benefícios.

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star na universidade é se deparar com diferentes pessoas. No meio de tanta informação, cada detalhe é importante, pois isso afeta o cotidiano. Os tempos mudam e estão cada vez mais difíceis, mas, nessas horas, não podemos esquecer que um pouco de atenção faz tota diferença na vida de uma pessoa. E Hilda entende bem o que é isso.

Apesar de gostar muito do seu trabalho na coordenação, Hilda pensa em ampliar seus horizontes no futuro e conciliar com sua paixão: a gastronomia. Na verdade, ela é formada em Gastronomia pela UFC e pensa em se dedicar mais à área. Antes de se formar nesse curso, ela se aventurou em Fisioterapia e Design de Interiores, mas nunca se sentiu completa. Essa experiência universitária acaba, de certa forma, lhe aproximando mais dos alunos, pois ambos compartilham de vivências comuns. “Eles acabam se sentindo mais confortáveis para conversar”, relata. Inclusive, é disso que ela mais sentirá falta quando se afastar das competências da coordenação: o contato com o aluno. Um dos momentos mais marcantes para Hilda é a colação de grau. “Quando eles vão assinar a ata, penso que estou contribuindo para aquela formação”, diz, entusiasmada. Hilda se vê nos próprios estudantes, pois se lembra da própria colação de grau e como ficou feliz na época. Ela também conta que é bom ouvir os comentários dos estudantes depois de formados. “É muito bonito ver os meninos completando essa etapa”, relata a servidora. As experiências de Hilda mostram que se importar com o outro é um presente que poucos dão ao mundo, mas que fazem a diferença na vida de todos. Não é só sobre cumprir metas: é só sobre estar ali para ajudar, mesmo quando parece difícil. O Centro de Tecnologia sentirá saudades de você, Hilda!

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PESQUISA TROCA DE CONHECIMENTO

BUZZ & BITS Quando a gente se depara com uma pesquisa sobre abelhas, pensa logo em Biologia ou em Zootecnia.Você sabia que a Engenharia de Computação também pode estar envolvida? Conheça o Sm@rtBee!

sensoriados, enquanto o prof.

Breno valida esses dados sob o ponto de vista biológico da pesquisa. No momento, o projeto conta com uma dissertação de mestrado concluída, duas teses de doutorado em curso

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e um pós-doc, além de bolsistas PIBIC e voluntários. Um possível desdobramento do Sm@rtbee, a médio e longo prazo, é uma ação de extensão/capacitação no CT voltada para a apicultura de precisão, a fim de permitir aos apicultores uma gestão moderna dos apiários. Também há um aplicativo disponível na Play Store. Nele, é possível monitorar as colmeias em tempo real e acessar os dados de forma rápida, intuitiva e fácil.

FOTO/ ARQUIVO PESSOAL

A equipe do prof. Danielo é responsável pela implantação do sistema de monitoramento das colmeias, coleta e análise dos dados

FOTO/ ARQUIVO PESSOAL

A

interdisciplinaridade favorece o conhecimento transversal, permitindo uma formação de recursos humanos mais rica e colaborativa. O projeto Sm@rtbee (http://smartbee.great.ufc.br/) é um bom exemplo disso. Trata-se de um projeto de monitoramento de certos tipos de variáveis físicas de colmeias e colônias de abelhas melíferas para extrair informações sobre o comportamento desses insetos. Ao analisar esses fatores, tais como temperaturas interna e externa da colmeia, umidade, massa e “zumbido” das abelhas, os pesquisadores tentam inferir a saúde desses animais e seu comportamento. A partir da coleta dos dados e respectivo tratamento via algoritmos preditivos e de reconhecimento de padrões, é possível concluir se a colônia está forte, fraca ou se pretende abandonar uma determinada colmeia. Com cerca de dois anos de atividade, a pesquisa é coordenada pelo prof. Danielo G. Gomes (DETI/CT) em parceria com o professor Breno M. Freitas (Grupo de Pesquisas com Abelhas/UFC).

Professor Danielo Gomes.


FOTO/ ARQUIVO PESSOAL

Professor Antônio Rafael Braga.

Interface do aplicativo Sm@rtBee, disponível na Play Store.

Antônio Rafael Braga relata sua experiência com a pesquisa. Professor de Redes de Computadores no Campus do Quixadá, seu doutorado atualmente tem como base o projeto Sm@rtBee. Atuando ali desde 2017, ressalta que a pesquisa auxilia na identificação do estado das colônias de forma mais precisa, uma vez que, para checar a situação, o apicultor precisa abrir a colmeia, o que pode ser prejudicial. Recentemente, ele retornou de uma viagem feita aos Estados Unidos, em virtude de uma parceria realizada entre o projeto e a Appalachian State University, uma universidade pública em Boone, Carolina do Norte. Lá, ele passou 6 meses pesquisando sobre a situação

das abelhas na região, recolhendo dados e realizando experimentos que auxiliaram sua pesquisa de doutorado. Para Antônio Rafael, o projeto Sm@rtBee acrescentou muita experiência em sua vida. Foi um desafio se aventurar em uma área diferente da que ele estava acostumado. Ele também destaca a troca de conhecimento com outras áreas que a pesquisa permitiu, além da própria oportunidade de viajar para outro país. “Foi enriquecedor! Traz muita experiências incríveis para sua vida” conta, entusiasmado.

É fundamental ressaltar a importância dessa pesquisa. Não é novidade quando se diz que boa parte da produção de vegetais e frutas para o consumo depende das abelhas, já que, por serem o principal agente polinizador, esse animais são imprescindíveis para a manutenção dos ecossistemas e da produção agrícola. No entanto, a partir do mal uso de pesticidas, desmatamentos, proliferação de doenças e alterações climáticas, a população de abelhas tem sofrido diminuição ao longo dos anos. O objetivo da Sm@rtBee é estudar o que afeta a saúde das abelhas melíferas e como isso influencia na capacidade de polinização das colônias, a fim de construir métodos que melhorem a vida desses insetos e, consequentemente, a nossa.

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INSTITUIÇÕES QUE TRABALHAM COM PREVENÇÃO AO SUICÍDIO E ATENDIMENTO ÀS FAMÍLIAS 1 – CCV – FORTALEZA Rua Ministro Joaquim Bastos 806 – Bairro de Fátima Telefones – 141 / 3257.1084

3 - INSTITUTO BIA DOTE Av. Barão de Studart. 2360 sala 1106 – Aldeota Fones – 3264.2992

2 – PROGRAMA DE APOIO À VIDA – (PRAVIDA) Rua Capitão Francisco Pedro 1290 – Rodolfo Teófilo Telefones – 3366.8149

4 – HOSPITAL NOSSO LAR Av. Carapinima 2350 – Benfica Fones – 3206.3550 / 3206.3599

REDE ASSISTENCIAL DE SAÚDE MENTAL DE FORTALEZA CAPS AD SER I – Rua Hildebrando de Melo, 1110 – Barra do Ceará Fones – 3101.2592/2593

CAPS SER III ESTUDANTE NOGUEIRA JUCÁ Rua Delmiro de Farias 1346 – Rodolfo Teófilo Fone – 3105.3721

CAPS GERAL I – Rua Alves de Lima, 1120 – Colônia Fone – 3105.1119

CAPS AD SER IV Rua Betel, s.n - Itaperi Fone – 3105.2006

SERVIÇO RESIDENCIAL TERAPÊUTICO SER I Av. Dr Temberge, 1970 – Álvaro Weyne Fone – 3101.2590 OCA DE SAÚDE COMUNITÁRIA SER I Rua Profeta Isaias, 456 – Pirambu Fone – 3286.6041

CAPS GERAL SER IV Av. Borges de Melo, 201 – Jardim América Fones – 3131.1690 / 3494.2765 CAPS SER IV MARIA ILEUDA VERÇOSA Rua Tertuliano Sales, 400 – Vila União Fone – 3105.1510

Ouça também pelo computador, tablet ou smartphone

CAPS AD SER II Rua Manoel Firmino Sampaio, 311 – Cocó Fone – 3105.1625

- CAPS GERAL SER II Rua Coronel Alves Teixeira, 1500 – Dionísio Torres Fone – 3105.2632

UNIDADE DE SAÚDE ANA CARNEIRO SER II Rua Padre Antonio Tomaz, 2056 – 1º andar – Aldeota Fones – 3264.4722 / 3261.1265 CAPS AD SER III Rua Frei Marcelino, 1191 – Rodolfo Teófilo Fones – 3105.3420 CAPS GERAL SER III Rua Francisco Pedro, 1269- Rodolfo Teófilo Fones – 3433.2568 / 3105.3451

CAPS AD SER V Rua Antônio Nery, sem número (em frente ao 1058) – Granja Portugal Fone – 3105.1023 CAPS GERAL SER V BOM JARDIM Rua Bom Jesus, 940 – Bom Jardim Fones - 3245.7956 / 3105.2030 CAPS AD SER VI – CASA DA LIBERDADE Rua Ministro Abnes de Vasconcelos, 1500 - Seis Bocas Fones – 3105.2966 / 3278.7008 CAPS GERAL SER VI Rua Paulo Setúbal, 297 - Messejana Fones – 3488.3312/3316

www.radiouniversitariafm.com.br

/radiouniversitariafm 16

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@universitariafm

@radiouniversitariafm


PÁGINAS AZUIS CONHECIMENTO

Você conhece o LPTS?

FOTO/ MIRELLA FERNANDES

Todo mundo já viu aquele prédio enorme perto da Física. Mas você sabia que lá é um laboratório em atividade desde 1994?

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É

O Laboratório de Pesquisa e Tecnologia em Soldagem atua no desenvolvimento de projetos voltados para soldagem, bem como na pesquisa de materiais, suas características e empregabilidade. Mas não é de hoje que o laboratório existe. Foi fundado em 1994 pelo professor Jesualdo Pereira Farias, com o nome de Laboratório de Engenharia de Soldagem, conhecido como EngeSolda. Desde então, o laboratório se desenvolveu e se expandiu até, em 2016, tornar-se o LPTS, localizado no bloco 1080, no Campus do Pici. É vinculado ao Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, embora também conte com o apoio dos cursos de Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica. A equipe é formada por uma coordenação e um conjunto de professores responsáveis pela gestão do projeto em si, juntamente com os engenheiros e bolsistas de graduação, que são a base do laboratório e grande maioria ali, embora também existam bolsistas de mestrado e doutorado. Os alunos de graduação (bolsistas) são alocados nos diversos projetos

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fato que, muita vezes, perdemos noção do que acontece dentro da universidade. São tantos projetos e programas, entre vários cursos e campi, que é normal não dar conta de tudo. Entretanto, é essencial mostrar que a UFC produz muita coisa (muita coisa mesmo), que traz benefícios tanto para os alunos quanto para a comunidade externa, como é o caso do LPTS.

O LPTS conta com equipamentos voltados para pesquisa e análise de materiais.

dependendo da necessidade, o que dá a oportunidade de prática fora da sala de aula. Além disso, o laboratório recebe pesquisadores de outras universidades, em virtude de possuir equipamentos que não existem em outras instituições de ensino, formando uma parceria. O LPTS conta com vários projetos dentro do próprio laboratório. Um deles, por exemplo, é voltado para o estudo da soldabilidade, ou seja, se um material é suscetível a trincar, e avalia também os fabricantes de eletrodos, de acordo com parâmetros de soldagem. Também existe um projeto que avalia o impacto da contaminação de um determinado elemento em uma soldagem de união, ou seja, se influencia

na resistência à corrosão, por exemplo. É importante notar que existe muito mais em soldagem do que parece. O laboratório realiza ensaios para avaliar o tipo de impacto que as transformações atuam no material, como ensaios de tração, de dobramento e de impacto. Alguns desses ensaios são prestados para a comunidade externa, atividades mais curtas se comparadas com as atividades normais do laboratório, que duram de 2 a 3 anos, as quais propõem estudos mais profundos em um determinado assunto. São projetos onde um coordenador recebe uma demanda sobre um estudo que pretende resolver um problema e, a partir disso, recolhe material para definir uma metodologia, executando a pesquisa a partir daí.


FOTO/ RIBAMAR NETO

O Laboratório de Pesquisa e Tecnologia em Soldagem, localizado no bloco 1080, no Campus do Pici.

Rafaella Silva conta que a experiência de contribuir com atividades que podem ser utilizadas e desenvolvidas na indústria é gratificante. Formada em Engenharia Mecânica e com mestrado em Engenharia de Materiais pela UFC, ela foi bolsista do LPTS em 2006, na época do EngeSolda. Ela ainda se lembra da reação ao descobrir quando passou na entrevista da bolsa. “Fiquei tão feliz que eu não sabia nem descrever!”, conta, entusiasmada. Ela descreve, ainda, a experiência de ser mulher na engenharia. “É muito difícil” ela diz, quando conta sobre reuniões com clientes e engenheiros e ser a única mulher entre todos. Mas, apesar das dificuldades, nunca

desistiu de fazer o que gosta. A oportunidade de pôr em prática os conhecimentos que aprendeu no curso sempre foi mais forte, tanto que permaneceu envolvida com o laboratório mesmo após deixar a bolsa. Ela ressalta a experiência como bolsista como algo muito importante no curso. “O melhor da universidade foi a vivência em si, o processo de descobrir o que você quer ser e o que você não quer ser.” explica. De fato, a experiência na universidade é decisiva para enfrentar o mundo lá fora. Por isso, é importante conhecer os projetos aqui dentro, conhecer o que você gosta e o que não gosta, pois, com certeza, isso ficará para a vida, como ficou para Rafaella.

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FALA, ALUNO NOVOS HORIZONTES

DA UNIVERSIDADE PARA O MUNDO

Estudantes da UFC se destacam em competições de cenário internacional e mostram o que produzido dentro da universidade Com informações do Portal da UFC

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Já na Engenharia Metalúrgica, um grupo de estudantes conquistou o 3º lugar na principal competição internacional de siderurgia, o SteelChallenge, organizada pela Steeluniversity, uma iniciativa da Associação Mundial do Aço. Formada pelos estudantes Dylan Santos, Bruno Saunders, Daniel Aquer e Mateus Nunes, a equipe teve o desafio de produzir a tonelada de aço mais barata, a partir de simulações de computador, com bases nos parâmetros estabelecidos pela competição. Cabe destacar que o SteelChallenge não faz distinção entre o nível acadêmico dos participantes, ou seja, podem participar alunos de graduação, mestrado ou doutorado. No caso da UFC, todos os estudantes da equipe são graduandos, o que evidencia ainda mais a capacidade e o esforço que tiveram nessa competição.

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O Capítulo Estudantil da UFC na SPE foi fundado em 2014 e conta com 8 integrantes.

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Um deles é o Capítulo Estudantil da UFC na Sociedade de Engenheiros de Petróleo Internacional, que foi o único do Brasil a ser reconhecido com o principal prêmio da SPE (sigla em inglês), o Presidencial Award for Outstanding Student Chapter (PAOSC). O grupo de alunos, chamado de capítulo, é responsável por realizar minicursos, palestras, visitas técnicas e outras atividades que promovem qualificação dos estudantes do curso de Engenharia de Petróleo. O prêmio é concedido aos 5% melhores capítulos do mundo, os quais se destacaram em suas atividades e esforços em inovação, engajamento e planejamento. O projeto da UFC será homenageado na Conferência Técnica Anual e Exposição da SPE, um dos eventos mais importantes no cenário internacional da indústria de óleo e gás.

FOTO/ DIVULGAÇÃO

Universidade Federal do Ceará tem amplo histórico de participações em prêmios no contexto internacional, frutos do esforço dos alunos e da qualidade do ensino que é oferecida. Neste semestre, cabe o destaque para dois prêmios conquistados, com ousadia e persistência, por estudantes de Engenharia!

Estudantes de Engenharia Metalúrgica da UFC na 13ª edição do Steel Challenge, em Madri.


DUAS IRMÃS, UM SONHO

Toda família tem uma história pra contar. Conheça a de Lara e Larissa, irmãs que dividem o mesmo sonho: se tornarem engenheiras de petróleo

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rmãos ou irmãs sempre têm uma boa história pra contar. Mas você nunca viu uma história como a de Lara e Larissa, irmãs gêmeas que sempre tiveram o mesmo sonho: cursar Engenharia de Petróleo. Lara e Larissa Maciel Teixeira têm 24 anos e cursam Engenharia de Petróleo. Estão no 3º semestre, embora sejam transferidas de curso e, portanto, estejam fazendo cadeiras em semestres mais avançados.

Desde pequenas, elas sabiam que queriam se tornar engenheiras de petróleo. A paixão pelo curso surgiu do interesse pela área e da vontade de trabalhar em algo fora da rotina e fora de escritório. O sonho das irmãs é trabalhar em uma plataforma petrolífera, as chamadas plataformas offshore, aquelas que ficam no meio do mar e são destinadas a extração de petróleo. Larissa explica que a profissão oferece a possibilidade de conhecer pessoas e lugares novos, além de ser um desafio, o que sempre chamou a atenção das duas. No entanto, apesar de Lara e Larissa terem certeza do que querem fazer, engana-se quem pensa que a trajetória das duas foi fácil. Inicialmente, elas entraram no curso de Engenharia

de Pesca, na UFC, pois a princípio não conseguiram entrar em Engenharia de Petróleo. Lá, elas tentaram inúmeras vezes a transferência de curso, também sem sucesso. Entretanto, aos quarenta e cinco minutos do segundo tempo, quando Lara estava prestes a se formar (só faltava defender a monografia!) e Larissa estava no sétimo semestre, elas conseguiram a transferência. Foi uma alegria só! Afinal, elas nunca deixaram de acreditar no sonho que tinham. Era, então, o início de uma nova jornada. Embora fossem novas no curso, as irmãs já conheciam a estrutura e o ritmo da UFC, de modo que aproveitaram diversas cadeiras em comum nos dois cursos. Gratas pela oportunidade de cursar a tão sonhada Engenharia de Petróleo, as duas aproveitam cada minuto se envolvendo em diversos projetos. Elas fazem parte da gestão do Capítulo Estudantil SPE (Society of Petroleum Engineers) UFC, o qual é responsável por diversas

atividades que complementam o aprendizado dos estudantes, como visitas técnicas, exibição de filmes temáticos e a organização da Semana da Engenharia de Petróleo, por exemplo. O objetivo é aproximar os alunos da experiência da profissão e da indústria. Além disso, Larissa trabalha no Núcleo de Pesquisas em Lubrificantes, acompanhando pesquisas sobre bioquerosene, enquanto Lara faz parte do Programa de Estímulo à Cooperação na Escola (PRECE), atuando na parte administrativa de coordenação dos bolsistas. Elas também estão envolvidas com o DIME, Dia Internacional da Mulher na Engenharia, ocasião em que engenheiras são convidadas para falar sobre a experiência e obstáculos na área. Elas contam que a experiência com os projetos na Engenharia de Pesca foram essenciais para se envolverem em tantos outros na Engenharia de Petróleo. “São experiências que ajudam no amadurecimento”, diz Larissa.

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O novo projeto da vez é a participação em Hackathons, eventos em que os participantes criam soluções para um determinado problema de uma empresa. Caso ganhem, o projeto é aceito e a equipe vencedora pode desenvolvê-lo para entrar no mercado. No primeiro evento em que participaram, elas conquistaram o prêmio e agora trabalham em um projeto que pretende melhorar o rastreamento de veículos em lugares onde a internet não é eficiente, chamado mine tracking. “Era uma coisa que não tínhamos experiência, então decidimos tentar”, conta Lara, que não imaginava vencer logo no primeiro Hackathon que participou. Ufa! É muita coisa! As irmãs explicam de onde surge tanta energia para se envolver em projetos. “A gente precisa vivenciar a universidade para se tornar um melhor profissional”, diz Lara. Em um mercado de trabalho concorrido, é importante ter algo em que você se destaque, além de ter a oportunidade de vivenciar experiências que contribuam

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para o amadurecimento e o aprendizado. Para elas, responsabilidade, inteligência emocional, profissionalismo e persistência foram algumas da coisas mais importantes que aprenderam ao se envolver em tantos projetos. Quem vê, pensa que é fácil gerenciar tantos projetos em que participam, mas as duas fazem questão de ressaltar que não há segredo: o esforço e a vontade de aprender são essenciais para motivar o estudo. “Nunca tem nada que eu não possa aprender, desde que eu esteja disposto”, explica Larissa. Com tanta paixão e esforço pelo o que gostam, ainda restam dúvidas de que as duas têm um grande futuro pela frente? Pelo jeito, claro que não!

“Nunca tem nada que eu não possa aprender, desde que eu esteja disposto.”


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