CT NEWS EDIÇÃO XII, ANO V, Nº 2 | AGO_DEZ 2021
E D I TO R I A L EDIÇÃO XII ANO V - Nº 02 AGOSTO | DEZEMBRO 2021 (semestral)
DIRETORIA DO CT Carlos Almir Monteiro de Holanda (Diretor) Diana Cristina Silva de Azevedo (Vice-Diretora)
DIRETORIA ADJUNTA DE ENSINO (DAE) E NÚCLEO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL (NOE)
Bruno Vieira Bertoncini (Diretor Adjunto de Ensino) Yangla Kelly Rodrigues (Coordenadora do NOE) André Bezerra de Holanda (Administrador)
ENDEREÇO Campus do Pici - Bloco 710 CEP 60440-900 - Fortaleza - CE CONTATO 85 3366 9600 | 85 3366 9609 daect@ufc.br www.ct.ufc.br /daectufc @daectinforma
PROJETO GRÁFICO-EDITORIAL Lucas Casemiro DIAGRAMAÇÃO E REPORTAGEM Leonardo Santos leo_nardo@alu.ufc.br Paulo Souza paulosouuza@alu.ufc.br REVISÃO André Bezerra Bruno Bertoncini Yangla Oliveira Produção do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará. Reprodução livre desde que creditada fonte.
REALIZAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Meio ambiente em pauta
N
a segunda edição do ano de 2021, referente ao segundo semestre, a revista CT NEWS continua abordando como tema o Meio Ambiente, agora focando em conversas e entrevistas com várias personalidades que fazem parte do CT e que atuam em diferentes áreas visando somente melhorar nossa qualidade de vida ao nos aproximar de meios mais sustentáveis de abordar o mundo. Nas principais matérias temos entrevistas com a psicóloga Daniela Clivatti, sobre sua pesquisa e conceite de Carreiras Verdes, além dos professores Samiria Silva e Paulo Alexandre, passeando sobre a Crise Energética e Recursos Hídricos até a Energia Solar. Além disso, continuamos com nossa seção do Fala, Aluno! mostrando um projeto do curso de Design que foi selecionado para o 4º prêmio de Design Instituto Tomie Ohtake. No que diz respeito à Pesquisa, realizamos uma entrevista com a professora Fernanda Leite Lobo sobre a pesquisa em Hidrogênio Verde, para aprofundar no tema introduzido na edição passada e para a Extensão trazemos uma entrevista com Letícia Nunes, formada na UFC, a respeito do seu trabalho como sócia da Sustainable Development and Water for All, uma startup de recursos hídricos. Boa Leitura! REDAÇÃO CT NEWS
ÍNDICE 04 ACONTECE NO CT Em 2021, o curso de Design do Centro de Tecnologia da UFC realizará o Enade, Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. 04 Entrevista com Guilherme Philippe Garcia Enade no Design
08 MEIO AMBIENTE Entrevistas com a psicóloga Daniela Clivatti. sobre suas pesquisas surgindo com o conceito de carreiras verdes, a prof. Samiria Silva falando a respeito da crise energética e hídrica e o prof. Paulo Alexandre falando sobre a geração de energia solar. 08 Entrevista com Daniela Clivatti: compreendendo o conceito de carreiras verdes 11 Entrevista com a professora Samiria Silva: crise energética e o futuro dos recursos hídricos 13 Falando com o professor Paulo Alexandre sobre a energia renovável solar
14 FALA, ALUNO! O projeto Livro de Barro de Moita Redonda, está entre os 10 selecionados no concurso que premia a relação do design com outras áreas. 14 Projeto do curso de Design selecionado para o 4º prêmio de Design Instituto Tomie Ohtake
16 PESQUISA Aprofundando-se no tema introduzido na edição passada sobre Hidrogênio Verde, conversamos com a professora Fernanda Lobo. 16 Conversa com a professora Fernanda Leite Lobo sobre Hidrogênio Verde
17 EXTENSÃO Conversamos com Letícia Nunes, formada em Engenharia Ambiental pela UFC e sócia da SDW, startup de recursos hídricos. 17 Entrevista: Letícia Nunes, formada em Engenharia Ambiental pela UFC e sócia da Sustainable Development and Water for All
ACONTECE NO CT
Entrevista com Guilherme Philippe Garcia - Enade no Design Por Leonardo Santos Em 14 de novembro de 2021 o curso de Design do Centro de Tecnologia da UFC realizou o Enade, Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Prova que tem como objetivo avaliar o rendimento dos cursos de graduação relacionados aos conteúdos programáticos estabelecidos pelas diretrizes curriculares nacionais, como também a difusão das habilidades necessárias à formação. O exame é aplicado pelo Inep desde 2004, integrando o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). A cada ano, um conjunto de cursos são selecionados para a realização do Enade e tem inscrições obrigatórias para os alunos ingressantes e concluintes, sendo que para os ingressantes é utilizada a nota do ENEM. Então, com o objetivo de conversar um pouco sobre a realização do Enade no curso de Design, realizamos uma entrevista com o professor Guilherme Philippe Garcia, coordenador do curso. Qual a importância do ENADE ? Como essa temática está sendo trabalhada no curso ? O exame nacional de desem-
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penho dos estudantes atua como um indicador de performance das instituições de ensino superior. A intenção é conseguir avaliar as competências e habilidades adquiridas que os alunos conseguiram durante o curso. É medido então o nível de conhecimento desses alunos e também o desempenho, isso gera alguns indicadores, a avaliação dos cursos de graduação, a avaliação institucional que servem para o governo traçar estratégias de melhorias para as universidades e instituições que tiveram desempenho menor, como também realizar cobranças de melhorias. Serve também aos discentes, como uma avaliação própria, para saber como está o seu conhecimento em relação a outras universidades, pessoas e pares dos cursos. O exame funciona tanto para a própria instituição se reconhecer e reconhecer seu avanço ou regresso ao longo da sua existência, como também para os estudantes terem ciência de como eles se colocam, saber qual é o resultado daquilo que conseguiram aprender ao longo do curso frente a outras instituições e outras pessoas.
No Design, a gente tem feito um trabalho muito grande de integração entre as disciplinas. O Design é sempre relatado no Centro de Tecnologia como um curso no qual a integração entre disciplinas e outros cursos já é real e isso facilita que tenhamos uma visão mais ampla daquilo que é considerado base para o exercício de nossa profissão. O Design sempre precisa observar o mundo
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É medido então o nível de conhecimento desses alunos e também o desempenho, isso gera alguns indicadores, a avaliação dos cursos de graduação, a avaliação institucional que servem para o governo traçar estratégias de melhorias para as universidades e instituições que tiveram desempenho menor, como também realizar cobranças de melhorias.
Guilherme Garcia, coorde-
nador do curso de Design da UFC.
como um sistema complexo que deve ser compreendido para entender bem quais são as reais necessidades para propor soluções que efetivamente resolvam problemas, demandas da sociedade, do setor privado, de instituições, ONGs de todo nosso contorno e como propor as melhores alternativas e soluções possíveis. Então, o curso não tem em sua base um reforço incisivo sobre
o Enade. Nós mantemos a nossa proposta de ensino, sempre mantendo as diretrizes de ensino, as DCNS, que tem métricas estabelecidas que deverão ser atendidas. E, a partir disso, fazemos as leituras dos nossos planos de ensino, e traçamos melhorias do curso ao longo do entendimento das emergências e necessidades que o mundo nos trás. Nesse momento há diversos projetos de extensão relacionados à pandemia do
Covid-19, inclusive o nosso laboratório digital recebeu um grande insumo de máquinas que ficaram atuando na produção de itens no combate ao Coronavírus. Então é uma atuação nesse sentido que a gente trabalha, dentro do colegiado do curso. Como está ocorrendo o processo de conscientização com os alunos sobre o Enade ? Quanto a essa questão, nós
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ACONTECE NO CT estamos realizando a comunicação através do SIGAA, o sistema oficial de comunicação. Utilizamos os fóruns para encaminhar tanto as chamadas iniciais dos ingressantes e concluintes, como também reforçar novos eventos. Agora estamos em um momento de reforço da atualização cadastral, umas vez que eles devem, especificamente os concluintes, dentro do site do Enade realizar o ajuste de dados que porventura estejam ausentes ou não estejam de acordo com a realidade. Um segundo momento de conscientização ocorreu através da própria coordenadoria de planejamento e avaliação de ações acadêmicas que nos disponibilizou um momento de sensibilização, uma conversa com alunos acerca da temática do Enade. E essa conversa foi ampliada. A princípio, ela se direcionou somente aos ingressantes e concluintes, mas nós, no curso, compreendemos que seria importante que todos nossos discentes participassem. Pois mesmo aqueles que não vão efetuar a prova do Enade agora poderão estar sujeitos a serem inscritos em um momento futuro. Então essa sensibilização ocorreu com a liberação de todos os discentes para participação. Nós criamos um link virtual para eles acessarem a sala. Tivemos uma adesão significativa dos discentes, inclusive alguns dos alunos nos consultam semanalmente pedindo o acesso a essa gravação, para recuperar alguma informação ou até mesmo assistir, na íntegra, aqueles que não puderam acompanhar de forma síncrona. Além disso, nós utilizamos a
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plataforma TEAMS, Microsoft Teams. É onde estão ocorrendo as nossas aulas, enquanto o plano pedagógico emergencial continua vigente. Então, estamos usando essa plataforma para as principais comunicações de ensino com nossos discentes e, inclusive, a coordenação tem postado informações frequentes sobre o Enade, as datas e atualizações sobre a etapa do processo que os discentes devem cumprir e acompanhar. Quais são as estratégias para conseguir a adesão dos alunos ? Além de toda essa conscientização com relação a importância e como ocorre esse processo, existe também uma parte estratégica: a informação de que o Enade faz parte não só de uma avaliação nacional, mas também compõe o histórico do aluno. Assim, existe dentro do histórico do estudante a informação da participação ou não dos discentes nesse exame nacional e, inclusive, existem travas no sistema, etapas burocráticas que não conseguem ser cumpridas caso o discente não tenha exercido a prova naquele momento em que estava inscrito, impactando na colação de grau. Então, não é uma estratégia em si, que parte do curso, mas é uma estratégia que parte de uma regulação de como é compreendido esse exame nacional, uma questão legal de como esse exame é compreendido pelo MEC. Agora em relação às estratégias do curso, o curso de Design do CT, o qual é vinculado ao ao Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Design (DAUD), foi destaque nacional
pela sua qualidade de ensino e a manutenção dessa qualidade é o que nós pretendemos, queremos e reforçamos sempre com os nossos discentes. Então, o exercício do exame nacional permite mostrar essa qualidade, que é resiliente aos mais adversos momentos como esse que nós vivemos, de uma questão exógena que ataca o mundo inteiro, gerando dificuldade. E somente agora estão começando a ser transpostas, começando a ver um deslumbre de uma normalidade. Durante todo esse período nós mantivemos um esforço conjunto muito grande do nosso corpo docente, do centro acadêmico, dos representantes discentes e também dos discentes regulares na discussão das melhores práticas de como permitir que eles tivessem o melhor aprendizado possível, apesar de estarmos distantes um dos outros, estarmos mantendo o isolamento social e as práticas de cuidado com relação a COVID. Então, a estratégia não tange uma fala incisiva “façam a prova, façam o exame” , mas sim de uma compreensão da importância desse exame, como nosso curso é visto e compreendido pelos nosso pares que estão lá fora, os interessados, aquele que de repente estão procurando uma universidade para cursar design e estão curiosos para saber mais informações sobre o de Design do CT, que ocorre no centro de tecnologia em fortaleza. E até mesmo os próprios familiares se orgulham quando vêem que o curso teve um ótimo desempenho no exame nacional. Portanto, a estratégia é reforçar que estes indicadores,
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(Foto: mrsiraphol)
essas avaliações, fazem parte também do portfólio dos nossos discentes. É um destaque ter se formado no curso de graduação em Design da Universidade Federal do Ceará. O senhor gostaria de acrescentar algo mais sobre o tema? Aqui cabe ressaltar a questão de que, embora existam diversas questões já tratadas em exames nacionais anteriores, nosso curso não fica repassando essas questões para o nosso discente. Não é uma prova a ser decorada e uma aproximação a ser feita com provas anteriores, mas sim, uma avaliação para pensar efetivamente nos nossos planos de ensino, nas nossas ementas, naquilo
que vai ser tratado da melhor forma possível sempre. Portanto, não existe a prática dentro do Design de reforçar questões anteriores do enade, pois nós não pretendemos de modo algum que os nossos discentes sejam avaliados por uma decoreba, por uma similaridade com questões anteriores, mas sim que eles realmente utilizem dos conhecimentos, das habilidades, das competências, do processo cognitivo que eles conseguiram desenvolver ao longo de sua formação. Então, é um ponto que eu gostaria de ver em outros cursos, de realmente focar naquilo que temos que focar, que é o processo de melhorar o ensino sempre, de buscar esse aprendizado de uma forma muito colaborativa
junto com os nossos discentes, com uma escuta muito atenta de suas necessidades e sempre tentando adequar aquilo que é traçado pelas DCNs, como também aquilo que é demandado pelo próprio mercado, pela própria organicidade uma formação onde exista um interesse humano muito significativo e uma flexibilidade em cima de novas práticas, novas metodologias, novas ferramentas que vão surgindo e que demandam, então, uma atualização do curso.
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MEIO AMBIENTE
Entrevista com Daniela Clivatti: compreendendo o conceito de carreiras verdes Por Leonardo Santos Daniela Clivatti é psicóloga, consultora de carreira há mais de 10 anos, possui mestrado em desenvolvimento profissional pela UFSC, onde pesquisou os aspectos psicológicos relacionados a profissionais que contribuem com o desenvolvimento sustentável e regenerativo. É então, a partir de sua pesquisa, que surge o conceito das carreiras verdes e para entender mais sobre esse conceito realizamos essa entrevista com ela. Confira logo abaixo. Fale um pouco sobre você e o seu trabalho desenvolvido com os empregos verdes, em que contexto surge o conceito de empregos verdes e carreiras verdes? Meu interesse pela sustentabilidade iniciou em 2013, quando eu ainda estava na graduação em psicologia e fiz trabalho voluntário por três anos numa ONG internacional chamada Net Impact, que tem como tema norteador o desenvolvimento sustentável. Desde aquele ano, eu estudo vários conceitos relacionados às questões socioambientais, o que resultou no mestrado e na minha atuação especializada para carreiras verdes. Atualmente, trabalho com planejamento de carreira e apoio à inserção no mer-
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cado de trabalho de jovens e adultos. Além disso, atuo como psicoterapeuta e percebi um sofrimento mental relacionado às mudanças climáticas. Então, recentemente, iniciei estudos e intervenções para ajudar as pessoas a lidarem com eco emoções (ecoansiedade, solastalgia, etc.). Esse debate dos empregos verdes surgiu por conta da economia verde a partir dos relatórios da ONU e do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente). O debate se estabeleceu no início dos anos 2008 - 2009 com as primeiras publicações sobre os empregos verdes, que estão relacionados à economia verde, que é uma economia de baixo carbono. Os empregos verdes são empregos que respeitam os critérios de trabalho decente, sendo esses critérios estabelecidos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), e têm como objetivo mitigar e reduzir impactos negativos ou criar impactos positivos no meio ambiente. Basicamente, os empregos verdes têm essa definição. Já as carreiras verdes são definidas como carreiras que atuam pelo desenvolvimento sustentável e regenerativo. Nesse sentido,
é um conceito mais atualizado do que os empregos verdes, ao trazer a regeneração também, já que sustentar não é mais suficiente porque precisamos trabalhar para restaurar os sistemas ambientais e sociais. Além disso, as carreiras verdes não contemplam só empregos, mas também trabalhos como trabalhos voluntários, profissões autônomas e trabalhos de empreendedores, enquanto a definição de empregos relaciona-se a atividades com vínculo formal. Então, essa diferenciação entre emprego e trabalho é importante para se pensar em uma carreira verde, porque o campo de atuação profissional não se restringe somente às empresas. Há outras formas de trabalhar, embora as empresas ainda sejam um grande empregador de carreiras verdes, pois oferecem muitas oportunidades. No campo das carreiras verdes, os profissionais são norteados por valores como transparência e coerência, por exemplo, e o perfil ético pautado no impacto positivo ao meio ambiente. Sempre que escutamos falar sobre carreiras verdes e o esverdeamento dos trabalhos, fala-se muito sobre questões ambientais. Mas existem, junto
MEIO AMBIENTE questão de não fazer greenwashing (falsa comunicação de um produto sustentável). Isso é muito sério e delicado de tratar, pois grande parte das empresas ainda fazem greenwashing e as pessoas estão cada vez mais conscientes sobre esse aspecto. Por isso a comunicação tem que respeitar o consumidor, além de considerar questões de diversidade tanto na fala, quanto na parte visual.
(Foto: freepik)
com isso, questões sociais muito importantes. A crise climática também é uma crise de justiça social. É necessário lembrar que meio ambiente e sociedade não estão dissociados. Como você vê as áreas de engenharia, arquitetura e design nesse panorama dos empregos verdes ? De que maneira essas áreas podem se “esverdear” ? Todas as carreiras têm condições de se esverdear, mas como vamos construir isso é um desafio para todas as áreas. Por exemplo, no campo da construção civil, é necessário pensar no uso de energias renováveis, no aproveitamento da luz solar, ventilação cruzada, priorizar pelas lâmpadas que usam menos energia e possuem alternativas para o descarte correto, aplicar sistemas de reuso de água, etc. Então, tem várias questões que vão desde pensar como mitigar os impactos dos materiais à necessidade de pensar uma construção que reaproveite os recursos e cause menos danos
ao meio ambiente. E claro, que preze pelo bem estar de todas pessoas envolvidas nas etapas da construção. No campo do desenvolvimento de tecnologias, na engenharia da computação, por exemplo, já existem muitas publicações relacionadas a TI Verde, que está associada a um sistema de computação que utiliza menos energia elétrica e que também faz reaproveitamento de materiais reciclados no desenvolvimento de hardware. Além disso, a TI verde realiza estudos de uso de energia e desenvolve soluções para reduzir o gasto energético dos equipamentos. Há também um debate sobre os materiais que são utilizados na fabricação dos computadores e outros dispositivos, porque isso envolve extração de recursos não renováveis e isso precisa ser aprimorado. Na área do design, quando falamos sobre comunicação a partir de peças gráficas existe um grande desafio que é a
Sobre o design de produto há uma grande dor no mundo na questão da produção de coisas. Há uma frase conhecida que diz que “todo lixo é um erro de design”, porque as coisas são produzidas sem considerar todo o ciclo de vida delas. Os produtos são fabricados sem considerar como serão feitos o reaproveitamento ou o descarte correto, por exemplo. Então falar sobre isso é pensar sobre as criações, pensar sobre coisas que possuem utilidade e que essa utilidade compense o impacto que irá causar, pois tudo que formos colocar no mundo irá causar impacto. O produto vai ser criado, vai ser utilizado, mas para onde ele vai quando terminar o tempo útil dele? Ele vai ser reciclado? Tudo isso envolve um tipo de material. De onde vem esse material? Vem de uma extração que envolve trabalho justo e respeito ao meio ambiente? Pensar em tudo isso é um desafio urgente. Portanto, existem vários caminhos para o esverdeamento das carreiras. Para isso é necessário pensar que toda tecnologia tem que respeitar os ciclos da natureza, não dá para achar que qualquer tecnologia causará um impacto positivo sem considerar isso. As energias renováveis são muito
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importantes para redução de impactos ambientais e sociais. Mas instalar placas na superfície de rios, uma sugestão que já está sendo feita, é interessante? Por que precisamos fazer isso? Essa alternativa tem um grande impacto no ciclo de vida daquele ecossistema. Não podemos criar coisas desconectadas dos recursos naturais e do ciclo de vida da natureza. Por esse motivo, para os profissionais se prepararem para esse esverdeamento das carreiras é necessário muito estudo para conhecer a conexão de vários conhecimentos que envolvem trabalhos e empregos de carreira verdes. É necessário entender, por exemplo, o que é a pegada de carbono, o que é o ciclo de vida, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o que de fato é o impacto positivo na questão ambiental e social. Ter uma construção de um conhecimento muito mais amplo do que aquele que adquirimos durante a graduação. O que pensar sobre a formação profissional no contexto das carreiras verdes? Quando falamos de formação profissional, existe algo que espero muito que aconteça. Que é uma formação profissional que tenha como base o conhecimento técnico necessário, mas que também tenha um conhecimento sobre as mudanças climáticas, os recursos naturais, os ciclos de vida da natureza, a pegada de carbono, a justiça social e outros temas relacionados. É uma formação técnica que não exclui uma formação cidadã, uma formação que mobiliza as pessoas, tanto afetivamente de se importar
com o mundo, quanto na construção de pensamento crítico sobre políticas sociais, políticas públicas e justiça social. É necessário uma formação que passe por três vias: uma formação técnica, uma formação que considere questões ambientais e uma formação cidadã. Por exemplo, incluindo ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), temas sobre mudanças climáticas, refugiados climáticos, etc. nas disciplinas das escolas e universidades. Todos esses temas precisam ser considerados em uma formação de uma carreira verde. Os profissionais precisam se perguntar: a minha área de atuação profissional hoje, ou em um futuro próximo, como ela pode contribuir para o desenvolvimento sustentável e regenerativo? Como ela pode impactar positivamente as questões ambientais e sociais? Estamos vivendo uma transição no mundo, não será possível no futuro separar o trabalho dessas questões. É necessário repensar o quanto nos importamos e como podemos nos colocar como atores em uma construção de um mundo melhor. Considerações finais: É importante que as pessoas entendam, no quesito esverdeamento das carreiras, que a formação nas instituições de ensino no Brasil ainda está distante do ideal. Isso faz com que tenhamos que buscar conhecimento “por fora”. As pessoas irão fazer todas as atividades acadêmicas, procurar estágios e fazer uma formação técnica para atuar em áreas tradicionais. Paralelamente
a isso, precisarão buscar por conta própria conhecimentos que agreguem valor para as carreiras verdes. Isso pode ser feito ao longo da graduação e, claro, através de cursos de especialização, mestrado ou doutorado após o término do curso superior. Além disso, investir em networking, seja através de um trabalho voluntário, experiências de estágio e iniciação científica, participação em grupos e eventos, é um fator que colabora muito para acessar oportunidades e ter suporte social para enfrentar os desafios inerentes a qualquer trajetória profissional. Estudar inglês é um fator determinante para o acesso ao conhecimento e a oportunidades, pois há muita pesquisa e oportunidades de trabalho para carreiras verdes em outros países e saber inglês pode abrir portas interessantes para a carreira. -Ficaram interessados, querem mais informações? Vocês podem saber mais pelas redes sociais da Daniela, o instagram é @danielaclivatti.carreiras e o site é https://www.carreirasverdes.com/. Neles é possível encontrar artigos e materiais que explicam a noção de carreira verde, como também outras informações complementares.
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Entrevista com a professora Samiria Silva: crise energética e o futuro dos recursos hídricos Por Paulo Souza Conte um pouco sobre a sua jornada pessoal e profissional dentro da UFC. Ingressei na UFC em 2003 para cursar Engenharia de Pesca. Na graduação fui bolsista do Programa de Iniciação à Docência - PID e depois migrei para o Programa de Educação Tutorial – PET. Os dois programas propiciaram-me experiências na área acadêmica relacionadas ao ensino, pesquisa e extensão. Além disso, foram fonte de renda para mim como é para muitos de nossos estudantes.Profissionalmente, trabalhei na Coordenadoria de Pesca da Secretaria do Desenvolvimento Agrário, mas o anseio pela carreira acadêmica fez-me voltar à UFC para cursar o Mestrado em Economia Rural. No Doutorado migrei do Centro de Ciências Agrárias para o Centro de Tecnologia e no CT fui aluna da Pós-Graduação em Engenharia Civil – Recursos Hídricos (POSDEHA), e iniciei as pesquisas ligada a Planejamento, Gestão e Economia dos Recursos Hídricos. No Grupo de Pesquisa de Risco Climático e Sustentabilidade Hídrica (GRC) tive oportunidade de
trabalhar em pesquisas conduzidas por problemas reais e associadas às instituições de gestão e planejamento de recursos hídricos. Em 2018 voltei para o Centro de Tecnologia ligada ao Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental por meio de outro concurso público para professora. Sou filha e neta de professoras do ensino básico e tive contato com as dificuldades e prazeres da profissão. A universidade foi o meio que busquei para alinhar o ensino e a pesquisa científica. Nela, tive a sorte de ter encontrado grandes professores e cientistas que inspiram a minha caminhada e também tenho a sorte de sempre ter tido o apoio da minha família, em especial, do Anderson Brandão, meu esposo. Hoje sou Vice Coordenadora do POSDEHA, coordeno projetos vinculados ao CNPq, Funcap, Cagece e Cogerh. Sou integrante do Programa Ciência e Inovação em Recursos Hídricos, membro do Comitê de Bacia Hidrográfica da RMF, representante suplente do Conselho Estadual de Recursos Hí-
dricos, além de orientadora de pós-graduação e graduação e revisora de artigos científicos. Poderia explicar a respeito da pesquisa que você faz? O que é? Como funciona? Que pesquisas são feitas? Trabalho com Planejamento, Gestão e Economia dos Recursos Hídricos. Nessa temática estudamos a alocação de água, os instrumentos de gestão (em especial a cobrança pelo uso da água bruta), a relação água e economia regional, entre outros aspectos. É uma linha de pesquisa que requer o envolvimento do pesquisador com as instituições de recursos hídricos e o conhecimento dos problemas e práticas da gestão. Três projetos explicam o que tenho trabalhado, atualmente: 1. Projeto Matriz Hídrica de Abastecimento de Fortaleza – É um projeto de planejamento de recursos hídricos, pois buscamos olhar o futuro e suas incertezas para auxiliar na tomada de decisão sobre a segurança hídrica da cidade. O projeto visa construir um modelo de expansão da oferta hídrica do Sistema Integrado de Abastecimento de
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Água de Fortaleza (SIAA-Fortaleza) de forma a diversificar a matriz hídrica considerando a incorporação de fontes alternativas. O modelo consiste em determinar a combinação de fontes hídricas (águas superficiais, dessalinização, reuso de água industrial, reuso de água residencial e cisternas) e suas respectivas capacidades de oferta de água, minimizando os custos ao mesmo tempo em que reduzem o risco de falha no atendimento a demanda. A diversificação é uma estratégia para promover a segurança hídrica em períodos de seca extrema visto a correlação existente entre as águas superficiais e a precipitação. Temos que buscar a diversificação das fontes para enfrentar as crises hídricas e também as energéticas. Lembrando que as secas são características do nosso clima, assim, temos que nos adaptar e buscar meios para reduzir a vulnerabilidade da sociedade. 2. Contabilidade Macroeconômica da Água – Neste projeto, buscamos olhar os recursos hídricos sob a ótica da macroeconomia, diferenciando-se da clássica ótica microeconômica. Por meio dele, e com o apoio do IPECE, construímos a Matriz Insumo-Produto de Recursos Hídricos, que é um modelo que nos permite analisar as relações entre a alocação de recursos hídricos e os setores de produção. Com isso, podemos identificar os setores-chave para a estrutura econômica do estado observando os fluxos hídricos e estimar o nível de impacto de cada um desses setores no intuito de evidenciar características sistê-
micas na economia regional e subsidiar o estabelecimento de prioridades de uso da água e a avaliação da segurança hídrica. Ressalto que estamos no semiárido e entender a relação água e economia torna-se primordial para definirmos uma economia regional adaptada às nossas condições climáticas e que promova a sustentabilidade hídrica.
os atores sociais envolvidos na gestão dos recursos hídricos, por meio de contribuições junto aos Comitês de Bacias Hidrográficas. Os cursos do CT podem contribuir na formação de pessoal qualificado para lidar com as questões relacionadas à crise hídrica e energética e para pensar em soluções técnicas e tecnológicas.
3. Projeto Gerenciamento da alocação de água para a promoção da sustentabilidade hídrica – É um projeto que busca analisar os riscos e incertezas da alocação de água no sistema Jaguaribe-Metropolitano, principal sistema de abastecimento de água bruta do estado. Esse tipo de pesquisa é relevante, visto que, a alocação de água, no contexto de escassez hídrica relativa, tem o desafio de distribuir o risco climático entre agentes econômicos e sociais. No âmbito desse projeto também estudamos a cobrança pelo uso da água bruta e os custos associados à transferência de água entre regiões hidrográficas, pois temos que avançar na compreensão do valor da água. Quais benefícios isso pode exercer na sociedade e como os cursos do CT podem contribuir para melhorar essa questão? Todas as pesquisas estão relacionadas a problemas reais do nosso estado. Especificamente, as pesquisas têm ajudado a aprimorar os instrumentos e as práticas de gestão de recursos hídricos, a construir ferramentas tecnológicas e técnicas que auxiliam na tomada de decisão. Além disso, o nosso grupo de pesquisa tem buscado levar os conhecimentos técnicos para
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Falando com o professor Paulo Alexandre sobre a energia renovável solar Por Paulo Souza Conte um pouco sobre a sua jornada pessoal e profissional na UFC. Sou prata da casa, fiz minha graduação (Eng. Química), mestrado e doutorado (Eng. Civil) na UFC. Após a graduação, trabalhei um tempo na indústria de bebidas e fiz consultoria de engenharia, enquanto fazia o mestrado e doutorado. Perto do fim do doutorado, entrei como professor substituto de Estatística na UECE, de onde trago boas lembranças e amigos. Quando terminei o doutorado (2006), fui convidado pela Profa. Maria Eugênia (minha orientadora de iniciação científica da graduação) para trabalhar aqui como professor visitante, o que durou dois anos. Pouco tempo após esse período, teve um concurso para professor efetivo na área de Mecânica dos Fluidos do então Departamento, de Engenharia Mecânica e de Produção, no qual fui aprovado. Então, desde 2008, sou professor efetivo da instituição, tendo publicado vários trabalhos, além de várias orientações com pessoas espetaculares. Poderia explicar a respeito da pesquisa que você faz em energias renováveis (solar)? O que é? Como funciona? No que sua pesquisa foca?
Meu vínculo com Energia Solar vem desde o início da minha formação, ainda na iniciação científica. Minha orientadora, Profa. Maria Eugênia era uma visionária e já percebia há quase três décadas o papel que a energia vinda do Sol iria ter na nossa sociedade. Ela fundou um dos primeiros laboratórios de pesquisa sobre o tema do Brasil, de onde saiu gente muito boa e que abriu muitas portas para a inserção dessa temática no desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro. Assim, nunca perdi meu vínculo com a pesquisa em energia solar, mesmo tendo, também, a energia eólica como eixo de atuação, por conta da área do meu concurso (Mecânica dos Fluidos). Nosso foco é o aproveitamento térmico, e vi muito da evolução do tema ao longo de todo esse tempo, vindo desde coletores, dessalinização, aplicação em ciclos de potência e agora estamos nos engajando na produção de hidrogênio verde a partir de fonte solar.
te sua única fonte de energia, e considerada infinita dentro do horizonte de existência humana. Os usos, as formas de aproveitamento, as tecnologias envolvidas, estes vêm evoluindo (me arrisco dizer) há séculos, o que, brincadeiras à parte, vai garantir que não nos livremos dela tão cedo. A tecnologia que envolve o aproveitamento da energia vinda do Sol abrange temas diversos e variados ramos do conhecimento, o que faz com que a pesquisa na área se mantenha no topo dos interesses por um longo tempo, e sem prognóstico de arrefecimento. Fortaleza, uma grande cidade em todos os aspectos, vem se beneficiando tanto pelo aproveitamento local direto, por meio de painéis fotovoltaicos, o que só tende a crescer, como pelo potencial de aproveitamento de tecnologias mais recentes, como usinas com ciclo de potência e geração de hidrogênio verde. Isso tudo vem para fortalecer nossa vocação de sociedade sustentável.
Quais os benefícios que ela pode exercer na sociedade? Na nossa cidade, por exemplo. Definitivamente a energia solar é a maior responsável pela vida na Terra, sendo praticamen-
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FALA, ALUNO!
Projeto de estudantes do Curso de Design está entre os selecionados do 4º Prêmio de Design Instituto Tomie Ohtake Leroy Merlin Retirado do portal de notícias UFC
O projeto Livro de Barro de Moita Redonda, desenvolvido por estudantes do Curso de Design da Universidade Federal do Ceará, está entre os 10 selecionados do 4º Prêmio de Design Instituto Tomie Ohtake Leroy Merlin. No concurso, são premiadas ideias que destaquem a relação do design com outras áreas, apresentando soluções inovadoras para questões contemporâneas. O prêmio é destinado a estudantes universitários e profissionais recém-formados de qualquer área. A intenção é premiar propostas inovadoras que contemplem o tema-desafio da edição, apresentando soluções de design para questões dos cenários social, político, urbano e habitacional, além de novas demandas tecnológicas, novos equipamentos, publicações e mídias digitais.estudantes e como o programa se adapta em momentos de urgência. Sendo o PET Engenharia Elétrica um dos grupos PET ininterruptos mais antigos do Brasil, ele vem continuamente se afirmando
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como um programa de excelência, trazendo excelentes resultados para a comunidade e seus membros. Para finalizar, o tutor afirma que o PET é um formador de mentes brilhantes. Ao todo, mais de 200 trabalhos foram enviados de diversas áreas do País. Destes, 10 foram selecionados e receberão R$ 6.000,00 para execução dos protótipos, que farão parte de exposição no Instituto Tomie Ohtake. Além disso, três deles ainda serão premiados com cursos livres de Design em instituições internacionais. O Livro de Barro de Moita Redonda, projeto selecionado da UFC, foi produzido pelos integrantes do VARAL - Laboratório de Design Social, como parte das investigações da pesquisa “Identidade, territorialidade e dispositivos estratégicos no Design Social”. Trata-se de uma continuidade aprimorada do livro Em Moita Redonda Tem, desenvolvido anteriormente como projeto integrado das disciplinas Projeto 2, que
trata das relações entre design e artesanato, e Elementos de Programação Visual, ambas do segundo semestre do Curso de Design. Moita Redonda, tema principal da obra, é uma comunidade de artesãos do barro localizada no município de Cascavel, no Ceará. Predominantemente feminina, a comunidade transmite os conhecimentos de manuseio de barro de geração para geração. No livro Em Moita Redonda Tem são apresentadas ilustrações de crianças da Escola Pública Municipal de Moita Redonda, produzidas durante uma oficina interativa realizada pelos estudantes de Design com o objetivo de resgatar a tradição local. “Os desenhos, feitos de barro, representam o cotidiano e a identificação da essência da comunidade em que as crianças vivem”, relata Lucas Borges, estudante do Curso de Design da UFC. O Livro de Barro de Moita Re-
donda, por sua vez, retrata a mesma essência gráfica da obra anterior ao utilizar as ilustrações e narrativas da história local feitas pelas crianças. No entanto, foi acrescido de um dispositivo lúdico pedagógico, o que para os membros do VARAL “instiga curiosidade sobre os aspectos da tradição da comunidade”. “Além de refletir graficamente a experiência de diálogo com a população, o livro abre a possibilidade de realizar ações e investigações ainda mais potentes, que abrangem conceitos teóricos e influenciam futuras atuações”, explica a orientadora do projeto, Profª Anna Lúcia Vieira, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Design (DAUD). São autores da obra os estudantes Lucas Mota Borges; Rebeca Melo Frederico; Jade
de Castro Bernardo; Luciana do Vale Cavalcante e Gabriely Melquíades Bezerra, do Curso de Design da UFC, sob orientação dos professores Anna Lúcia dos Santos Vieira e Silva; Guilherme Philippe Garcia Ferreira e Camila Bezerra Furtado Barros, do DAUD. RETORNO – Após o desenvolvimento do protótipo do produto (livro físico) e finalização da parte editorial, a equipe retornará à comunidade para distribuir os exemplares. “Ao ser materializado, o livro será entregue para cada criança que participou da oficina e outra parte será destinada à biblioteca da Escola Pública Municipal de Moita Redonda, de modo que turmas futuras tenham também acesso ao material. O dispositivo lúdico, por ser um elemento de natureza pedagógica, será produzido em menor quantidade para que seja entregue aos
professores da escola”, informa Lucas Borges. “O Livro de Barro serve tanto de retorno à comunidade ao expandir a solução de um problema identitário como de ressignificação do entendimento de processos de design, evidenciando que não só é possível como necessário que seja gerado afeto por meio do design, o que só acontece quando agentes diversos participam juntos em prol da transformação”, acrescenta o estudante. VARAL – O laboratório atua com ensino, pesquisa e extensão, pautado na multidisciplinaridade, utilizando ferramentas, práticas e processos de design para a solução de problemas e criação de sentidos, de forma participativa, com a comunidade envolvida nas suas ações.
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PESQUISA
Conversa com a professora Fernanda Leite Lobo sobre Hidrogênio Verde Por Paulo Souza Conte um pouco sobre a sua jornada pessoal e profissional na UFC. Eu sou de Manaus e passei muito tempo morando fora estudando, então cheguei na UFC faz pouco tempo, em dezembro de 2018, no departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental. A minha primeira aula na UFC foi bem marcante, era aula de Saneamento I para a Engenharia Civil, no semestre 2019/1. Desde aí tenho adorado o contato com os alunos, os projetos e a pesquisa que eu tanto gosto de fazer. Poderia explicar a respeito da pesquisa em Hidrogênio Verde? O que é? Como funciona? O hidrogênio verde é o hidrogênio produzido utilizando energias renováveis. O método tradicional de produção de hidrogênio verde é usando a eletrólise da água com eletricidade renovável, como solar ou eólica. A pesquisa que conduzo utiliza uma célula de eletrólise microbiana que usa esgoto para eletrólise para a produção de hidrogênio. Esse célula é uma combinação de uma célula eletrolítica com a ação de microrganismos que conseguem degradar a matéria orgânica presente no esgoto para gerar elétrons. Esses elétrons
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são utilizados para diminuir a necessidade eletricidade para eletrólise. Nesse método, a eletricidade para a produção de hidrogênio é teoricamente 10 vezes menor do que a eletrólise da água. Quais os benefícios que ela pode exercer na sociedade? Na nossa cidade, por exemplo. O Brasil inteiro sofre com problemas de saneamento, e o norte e o nordeste tem os piores índices de coleta e tratamento de esgoto. Utilizar um poluente para a produção de um carreador de energia sem emissões de carbono, que está muito alta em mercado, como o hidrogênio verde, soluciona problemas de água, poluição, meio ambiente, clima e energia. Mas além disso, devido a aproximação da UFC com o setor produtivo, estão sendo promovidas parcerias em projetos relacionados à geração de energia renovável com a multinacional francesa Qair. “O encontro que houve foi para que uma equipe de pesquisadores da UFC pudesse conversar com a empresa para definir como será a interação”, destacou o diretor-presidente do Parque Tecnológico (PARTEC) da UFC, Prof. Fernando Nunes.
A proposta é que a UFC realize parcerias com a empresa em áreas justamente como a de Hidrogênio Verde, mas também amônia verde e dessalinização da água do mar, com o uso de energia renovável (eólica off-shore). A perspectiva é que, em um segundo encontro, os docentes da UFC apresentem seus projetos de pesquisa aos representantes da Qair para avaliarem áreas em comum e, futuramente, estabelecer parcerias.
EXTENSÃO
Entrevista: Letícia Nunes, formada em Engenharia Ambiental pela UFC e sócia da Sustainable Development and Water for All Por Paulo Souza Fale um pouco sobre você, sua formação acadêmica e como se deu a relação com a startup SDW Eu sou Letícia Nunes, tenho 23 anos, sou cearense, Engenheira Ambiental formada pela UFC e sócia da Sustainable Development and Water for All (SDW). Escolhi o curso acreditando que através dele eu poderia ter a oportunidade de transformar a vida das pessoas. Em uma Semana de Tecnologia promovida pelo CT tive a chance de conhecer a SDW ainda em estágio inicial e concretizar o meu desejo ao buscar o curso me juntando e contribuindo com a startup. Poderia explicar MAIS a respeito do seu trabalho e da startup? A SDW é uma startup de impacto socioambiental que tem o objetivo de levar mais qualidade de vida às pessoas em situação de vulnerabilidade, com foco principal no desenvolvimento de tecnologias que promovam a democratização do acesso à água potável, além de saneamento básico e seguro. As tecnologias desenvolvidas são
entregues para os beneficiários através de projetos sociais que mapeiam e acompanham as comunidades, auxiliando na criação de hábitos e vendo de perto as melhorias e transformações. Nossos clientes são empresas, ONG’s ou o próprio governo, que compram nossos produtos e projetos para beneficiar o público necessitado.
“
Atualmente temos cinco produtos em portfólio, um deles estando em fase final de desenvolvimento, que entregam água potável, estrutura de banheiro e tratamento adequado dos resíduos.
Quais os benefícios da startup para a sociedade? A falta de água e saneamento afeta as pessoas em diversos âmbitos, principalmente saúde, educação e renda. Com base nisso, quando entregamos o acesso a esses recursos básicos para as pessoas, nós estamos implementando melhorias a nível social, como economia aos cofres públicos por diminuição de incidência de doenças de veiculação hídrica, maior assiduidade escolar, por ter estudantes mais saudáveis, e menores diferenças no tempo de conclusão de educação básica, bem como salariais, que são presentes entre os públicos com e sem acesso a saneamento, porém, como a maioria dos nossos projetos é voltado para a região semiárida, em Fortaleza, por exemplo, nós não teríamos tanto impacto direto.
Letícia Nunes, formada em
Engenharia Ambiental pela UFC e sócia da SDW.
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