REVISTA PIXÉ
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AMOR BANDIDO vou tentar fazer poesia mais livre e não truncada do jeito que faço estrangulada essa poesia retorcida e dificultada vou tentar fazer poesia mais alada não ao rés do chão de pés acorrentados agrilhoada essa poesia suja e enjaulada vou tentar amar mais a poesia que não me pica com presas de peçonha gangrenando cada parte antes boa de mim mas ela cospe em meus lábios é amante que não se deixa amar a poesia que me ama é aquela que me amarra e mata devagar
Divanize Carbonieri é doutora em letras e professora de literaturas de língua inglesa na UFMT. É autora dos livros de poemas Entraves (2017), Grande depósito de bugigangas (2018), A ossatura do rinoceronte (no prelo) e Furagem (no prelo), além da coletânea de contos Passagem estreita (2019).