Larissa Antunes - A roupa como elemento de estímulo para crianças com paralisia cerebral

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FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAI CURITIBA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE MODA LARISSA FRANCINE ANTUNES

A ROUPA COMO ELEMENTO DE ESTÍMULO PARA CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL

CURITIBA NOV./2016


LARISSA FRANCINE ANTUNES

A ROUPA COMO ELEMENTO DE ESTÍMULO PARA CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Tecnólogo em Design de Moda, 6º. Período do Curso de Tecnologia em Design de Moda, da Faculdade de Tecnologia Senai Curitiba. Orientadora: Prof.ª Malva Ouriques.

CURITIBA NOV./2016


TERMO DE APROVAÇÃO

LARISSA FRANCINE ANTUNES

A ROUPA COMO ELEMENTO DE ESTÍMULO PARA CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL

Este trabalho foi julgado e aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Tecnólogo do Curso Superior em Design de Moda da Faculdade de Tecnologia Senai Curitiba.

______________________________________ Edson Korner Coordenador do Curso

Orientadora: Prof.ª Malva Ouriques Banca: Prof.ª Me. Daniele Lugli Prof. Me. Edson Korner

Curitiba, 29 de novembro de 2016.


RESUMO Dentre as atuais tendências nos segmentos de vestuário, vem se destacando a moda inclusiva como forma de promover a inclusão através das roupas. Em paralelo a isso, temos também a referência do vestuário pedagógico, que visa trazer elementos didáticos que promovam interação entre a roupa e a criança. Sendo assim, o estudo aborda formas de interação que possam estimular crianças com paralisia cerebral, utilizando-se das ferramentas da moda inclusiva e do vestuário pedagógico a fim de auxiliá-las em seu desenvolvimento. Segundo dados do Censo realizado em 2010, 23,9% da população brasileira total têm algum tipo de deficiência, sendo que 7,53% representam crianças de 0 a 14 anos, o que representa um elevado número de pessoas que precisam vestir-se em meio a tantas dificuldades. Para a realização do trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica sequenciada de visitas técnicas a uma escola infantil que conta com atendimento especializado a crianças com paralisia cerebral e deficiência múltipla. Palavras-chave: paralisia cerebral; moda inclusiva; vestuário pedagógico.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1 - VESTUÁRIO PEDAGÓGICO OWOKO ........................................ 12 FIGURA 2 - VESTUÁRIO PEDAGÓGICO MALWEE 2016 ............................. 13 FIGURA 3 - LINHA DE MODA INCLUSIVA - TOMMY HILFIGER ................... 16 FIGURA 4 - ALUNA COM VESTIDO DE FESTA SOB MEDIDA ..................... 20 FIGURA 5 - ALUNA EM ENSAIO COM PRODUÇÃO DE MODA ................... 21 FIGURA 6 - LOOKS FEMININOS .................................................................... 32 FIGURA 7 - LOOKS MASCULINOS ................................................................ 34 FIGURA 8 - LOOK CONFECCIONADO - FRENTE ......................................... 35 FIGURA 9 - LOOK CONFECCIONADO - COSTAS ........................................ 35


SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 6 2 A ROUPA INFANTIL ...................................................................................... 7 2.1 VESTUÁRIO PEDAGÓGICO ..................................................................... 10 3 MODA INCLUSIVA ....................................................................................... 14 4 ERGONOMIA NO VESTUÁRIO ................................................................... 18 5 PARALISIA CEREBRAL INFANTIL ............................................................ 22 5.1 ESTÍMULOS E CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL ...................... 23 6 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO ......................................................... 28 6.1 LOOK CONFECCIONADO ........................................................................ 34 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 36 8 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 37


1 INTRODUÇÃO Segundo dados do Censo realizado em 2010, 45.606.048 de brasileiros, 23,9% da população total, têm algum tipo de deficiência – visual, auditiva, motora e mental ou intelectual. Desse grupo de pessoas, 7,53% representam crianças de 0 a 14 anos, e desde o último Censo, realizado em 2000, esse percentual subiu de 4,3% para 7,5%. (CARTILHA DO CENSO 2010, 2012). Na Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (2016) consta que pessoas com deficiência de qualquer que seja a origem, natureza e gravidade, possuem os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma idade, o que lhes implica o direito de desfrutar de uma vida decente, tão normal e plena quanto possível. Com isso, a moda inclusiva vem ganhando espaço no meio acadêmico e lentamente adentrando no mercado nacional, porém ainda não foi possível observar resultados satisfatórios tratando-se do vestuário inclusivo infantil. Crianças com deficiência física e motora carecem de um vestuário que proporcione estímulos que os auxiliem a superar suas dificuldades. Frente a isso, surgiu a questão de como as roupas poderiam ser elementos de estímulo que auxiliem o desenvolvimento, em especial, de crianças com paralisia cerebral. O presente estudo teve como objetivo desenvolver peças de vestuário que contenham elementos de estímulo para crianças com paralisia cerebral a fim de que suas habilidades sejam desenvolvidas. Será realizado um levantamento bibliográfico e serão feitas visitas técnicas a Escola de Educação Básica Vivian Marçal, que atende alunos com deficiência física neuromotora associada as deficiências múltiplas, localizada na cidade de Curitiba, no Paraná. Junto aos profissionais que atuam na escola, será possível a obtenção de informações técnicas que auxiliarão o desenvolvimento das peças de vestuário que o estudo tem por finalidade.


2 A ROUPA INFANTIL No decorrer da história, o sentimento de infância passou e ainda vem passando por várias transformações. Sua concepção não está condicionada a idade biológica do ser humano, mas ao contexto e à estrutura social em que se está inserido, ao modo como a sociedade se relaciona, à família, à educação, à religião, entre outros (KERN et al, 2010). O sentimento de infância se dá a partir de uma consciência sobre as necessidades e particularidades das crianças, a falta dessa consciência, em diversos períodos da história, contribuiu também para uma alta taxa na mortalidade infantil. Para entendermos a importância do vestuário na vida das crianças, vemos que este foi listado como uma das causas de mortalidade no século XIX, sendo motivo de investigações médicas, segundo a sessão da Academia de Medicina de 18 de junho de 1846 (DEL PRIORE, 2000). Na história do vestuário infantil, Ariès (1981) aborda que até o século XVII, o vestuário infantil seguiu as tendências e o padrão das roupas dos adultos. Pairava a ideia de que as crianças eram adultos em miniatura, e tal comportamento era refletido diretamente nas roupas. A percepção de que a infância é uma etapa diferente da vida adulta, foi resultante no modo de vestir as crianças, com roupas apropriadas à idade. Assim que a criança deixava os cueiros, faixa de tecido que era enrolada em torno de seu corpo, ela era vestida como os outros homens e mulheres de sua condição. [...] Em todo o caso, se o período 1900-1920 prolongava ainda até muito tarde no jovem adolescente as particularidades de um traje reservado à infância, a Idade Média vestia indiferentemente todas as classes de idade, preocupando-se apenas em manter visíveis, através da roupa, os degraus da hierarquia social. Nada, no traje medieval, separava a criança do adulto. Não seria possível imaginar atitudes mais diferentes com relação à infância. (ARIÈS, 1981, p. 56).

A contribuição de Jean Jacques Rousseau também é considerada fundamental para o entendimento das mudanças que vieram a partir do século XVIII. Os membros de uma criança devem estar livres para se mover com facilidade em suas roupas, e que estas não devem ser um empecilho em seu crescimento e movimentação. "O melhor é fazer com que as crianças usem


batas durante o maior tempo possível e, então, prover-lhes roupas folgadas, sem tentar definir as formas” (ROUSSEAU, 1991 apud NEOTTE; VASQUES, p. 52, 2015). A partir de 1900, as crianças passaram a ser vestidas com trajes de marinheiro ainda que não estivessem na beira da praia, estes eram trajes mais confortáveis e considerados um padrão de classe média, e somente em 1950 as roupas infantis assumiram um aspecto mais prático com a escala de produção em massa, o surgimento de novas fibras artificiais e de fechos que não fossem tão agressivos (TAMBINI, 2004). O vestuário infantil do século XXI revela que não há um estilo único e exclusivo para as crianças em suas determinadas faixas etárias. O mercado de moda infantil é um segmento em constante crescimento, que vem sendo explorado tanto em pesquisas acadêmicas quanto no âmbito empresarial. Nos dias atuais, as crianças cada vez mais inseridas na cultura do consumo, fazem parte de um público consumidor representativo, o que tem levado empresas a aprimorar seus produtos e a melhor atender as reais necessidades do usuário (PEREIRA; MENEZES, 2013). É através dos conhecimentos do design que a interação criança/roupa acontece. As diferentes vertentes como o design de moda, gráfico, superfície e produto tornam possível uma interface de comunicação e interação por meio do vestuário, e através dessas diferentes especialidades, o vestuário infantil sob essa perspectiva encontra-se nas imagens, acessórios e em toda a escolha visual, conceitual e de materiais feita para as roupas (PEREIRA; MENEZES, 2013). Segundo as referidas autoras, Abordar o produto de moda pelo enfoque do design propicia uma apreciação abrangente de sua situação de uso, seja ela a de consumo ou de utilização, que envolve questões de qualidade e adequação ao corpo, bem como satisfação de necessidades emocionais, físicas e por conteúdo de cargas simbólicas do consumidor-usuário. (PEREIRA; MENEZES, 2013, p. 153).

O conceito de design introduzido no vestuário infantil reforça o papel do design de trabalhar em meio as necessidades humanas, a fim de encontrar soluções viáveis e ao mesmo tempo inovadoras na configuração das peças, que no caso das roupas infantis, encontra-se na configuração das peças, na


escolha dos tecidos, malhas e aviamentos, nas imagens, nos textos e em toda a escolha visual e construção das roupas, como: cores, materiais, formatos, composição, textura, tipografias, entre outros (PEREIRA; MENEZES, 2013). As roupas infantis devem estar de acordo com o desenvolvimento físico, personalidade e atividades praticadas pelas crianças e requer conforto tanto na modelagem como nos tecidos utilizados. Crianças precisam de liberdade de movimentos para andar, correr, pular e brincar, enquanto roupas desconfortáveis dificultam esses movimentos podendo até acarretar em problemas de saúde, como postura, reações alérgicas, má circulação causada por roupas apertadas, de transpiração por tecidos com má condutibilidade de calor, problemas psicológicos pela imposição dos pais ao fazer a criança usar roupas desconfortáveis e inadequadas, entre outros fatores (BARBOSA; GUEDES, 2008). Para ter melhor caimento e conforto de movimentos, a modelagem deve estar adequada ao usuário, pois a criança contemporânea é exigente, determinada, observadora, e têm acesso fácil a todo o tipo de informação. No momento em que a roupa infantil vem sendo apresentada como miniatura da roupa adulta, percebemos que nem sempre está adaptada a realidade da criança (BARBOSA; GUEDES, 2008). Neste contexto, Barbosa e Guedes (2008) também dizem que a modelagem no design do vestuário possui o dom de modernizar, dar leveza e embelezar a criação. As proporções devem ser estudadas com cuidado, para que o detalhe escolhido seja realmente valorizado e todo o restante da obra sirva de suporte para esse detalhe. Essas ferramentas também podem servir como fonte de atração para as crianças. Coleções para brincar, pular, correr, usar, sair, com a qualidade e resistência necessárias, dentro das tendências da moda, nas cores, formas, texturas, aviamentos, com tecidos diferenciados, que apresentem toque sedoso, confortáveis, flexíveis, com beneficiamentos têxteis adequados, além de práticas de lavar e passar, estão muito mais alinhadas ao universo das crianças. Segundo Araújo (1996), existem normas de ajustamento do vestuário que são definidas como normas que consistem na utilização de cinco conceitos: folga, alinhamento, correr do tecido, equilíbrio e assentar.


A folga deve estar presente em primeiro lugar, se não existir folga numa peça, torna-se difícil vestir e permitir um bom caimento da peça no corpo. Exemplo disso no vestuário infantil é o tamanho dos decotes, considerando que a cabeça das crianças é proporcionalmente maior que o corpo e muitas peças ainda não passam ou entram com muita dificuldade, causando desconforto e rejeição da peça por parte da criança. O alinhamento refere-se ao sentido da costura, centro e contornos da silhueta de uma peça do vestuário. O correr do tecido é o sentido que o tecido toma no corpo, determinado pela direção em que o molde é posicionado no risco. O equilíbrio é a inter-relação das diferentes partes da peça umas com as outras, incluindo a forma como caem no corpo de quem a utiliza. O assentar de uma peça, devido à sua dependência na postura e configuração do corpo, é talvez a característica menos óbvia em qualquer parte da peça, sendo que o assentar bem consiste na ausência de rugas numa peça quando vestida (ARAÚJO, 1996). Para o autor supracitado, seguindo estas e outras regras básicas, as modelagens infantis proporcionarão um produto com qualidade estética e o conforto necessário para dar liberdade de movimento às crianças. Cabe aos criadores de moda, aliar estas técnicas aos modelos por eles criados. E ainda, modelos que tenham viabilidade técnica e que tragam a beleza e conforto necessário de que as crianças necessitam, lembrando que crianças precisam vestir-se de acordo com a sua idade e as transformações que ocorrem com seu corpo a medida em que crescem. 2.1 VESTUÁRIO PEDAGÓGICO Ao elaborar projetos de design para crianças é preciso considerar que elas estão em uma etapa inicial da vida, onde percebem, pensam, escolhem e aprendem de maneira específica, de acordo com sua idade e desenvolvimento. Assim, ao pensar em crianças é necessário abordar seus aspectos emocionais, perceptivos e cognitivos (PEREIRA, 2010). O denominado vestuário pedagógico são roupas que podem contribuir para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças por meio da interação com as suas roupas. Através da interação com elementos das roupas,


conteúdos e assuntos inerentes ao universo infantil podem ser transmitidos as crianças de forma lúdica. Diferentes técnicas e materiais diferenciados são empregados nas roupas, por exemplo, estampas, bordados, texturas e acessórios. O vestuário pedagógico também explora o processo de aprendizagem que ocorre pela consciência visual, tátil, olfativa e auditiva permitindo que a criança se desenvolva dentro das etapas naturais e de forma lúdica. Esse novo conceito pode proporcionar diferentes formas de interação entre a roupa e a criança, podendo estimular a linguagem, o desenvolvimento motor, o raciocínio e a criatividade (PEREIRA, 2010). Para Pereira e Menezes (2013), o vestuário pode trazer benefícios as crianças através de elementos que estabeleçam interação, associação e comparação, de forma que a imaginação seja estimulada as habilidades motoras, psicológicas e intelectuais sejam desenvolvidas. O design, por sua vez, busca apropriar a escolha de materiais e o emprego das informações visuais e táteis de maneira adequada, gerando peças atrativas que instiguem as crianças a usá-las. Os elementos inseridos nas peças, além de trazer conteúdos infantis, também podem transmitir informações que abrangem o processo de socialização com relação aos papéis dos gêneros na sociedade. Entre as principais apostas do mercado para o vestuário infantil, tem se destacado as roupas com funções que auxiliam no desenvolvimento da criança, através de elementos que carregam estímulos pedagógicos e educativos. Este tipo de vestuário tem o objetivo de utilizar a roupa como uma ferramenta de ensino, contribuindo para a educação e o desenvolvimento das crianças. Contudo, tais peças ainda são escassas no mercado, pois poucas são as marcas que se voltam para esse nicho dentro da moda (PEREIRA; ANDRADE, 2013). Oferecer roupas educativas é uma excelente forma de ajudar as crianças a desenvolverem os sentidos. A Figura 1 mostra peças desenvolvidas sob os conceitos do vestuário pedagógico, da coleção da marca argentina Owoko.


FIGURA 1 - VESTUÁRIO PEDAGÓGICO OWOKO

FONTE: Pereira (2010)

As peças acima possuem acessórios que se desprendem das roupas e podem ser inseridos em lugares diferentes, elementos que produzem sons e outros que possuem cheiros, contribuindo para o desenvolvimento do raciocínio, da coordenação motora e estimulando o olfato (PEREIRA, 2010). No Brasil, a Zig Zig Zaa, linha de moda pedagógica desenvolvida pela indústria de confecção Malwee, surgiu no mercado em 2007, assinada pela estilista Ana Cristina Nardelli e pela pedagoga Bernadete Wolff Cisz. As peças das coleções possuem caráter educativo, trazendo contos infantis como referência (ver Figura 1) e algumas roupas até possuem palavras estampadas em Braille.


FIGURA 2 - VESTUÁRIO PEDAGÓGICO MALWEE 20161

Em entrevista à revista Educar para Crescer, Weege, administrador da Malwee Malhas, coloca: Recentemente, além das ações que já vínhamos realizando em prol da educação, decidimos fazer algo com uma chancela ainda maior. Por isso, buscamos uma parceria com pedagogas, pediatras e entrevistas com várias famílias, o que possibilitou o desenvolvimento de uma marca capaz de ser algo mais do que simplesmente uma roupa bonita e de qualidade. Depois de dois anos de pesquisas, surgiu então a Zig Zig Zaa – A primeira e única marca de roupas que contribui com o desenvolvimento saudável das crianças (O CRESCIMENTO..., 2016).

Segundo Cisz (2016), oportunizar a criança a ter contato com materiais de diversas texturas, cores e formas favorece o seu desenvolvimento e aguça a criatividade. Já nos primeiros anos de vida, as crianças aprendem a reconhecer o mundo, as cores, as formas e os sons. Nesse sentido, as peças educativas podem ajudar no aprendizado, sendo que vestidinhos, blusinhas e calças podem contribuir para o desenvolvimento das crianças. Dessa forma, oferecer roupas educativas é uma excelente forma de ajudar as crianças a desenvolverem os sentidos. (FANTE, 2010).

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Imagem retirada do site da empresa.


3 MODA INCLUSIVA A moda inclusiva é um segmento da moda que propõe incluir diferentes tipos de corpos, os quais a indústria hoje não abrange. Sabemos dos rígidos padrões da moda tradicional, onde apenas um tipo específico de corpo é aclamado: geralmente pessoas altas, magras e sem nenhum empecilho de movimento. A moda inclusiva vai além, pretendendo incluir também as pessoas com deficiência, que representam quase um quarto de toda a população brasileira (MODA INCLUSIVA..., 2016). Atualmente, o nicho de roupas adaptadas ainda está sendo descoberto e pouco a pouco explorado e introduzido no meio acadêmico, com pesquisas que visam oferecer maior qualidade de vida às pessoas com deficiência, ajudando em sua independência e autoestima. A criação de uma marca de moda inclusiva está muito ligada à comunicação de uma consciência. E, para ter bons produtos de moda inclusiva, é preciso fazer design por empatia. Trata-se de uma abordagem do design que é centrada no ser humano e não em criar novas necessidades. Ouvir e se colocar no problema do cliente é um jeito de você compreender como se dá a relação do mesmo com suas roupas enquanto usuário. É crucial entender que não há como promover ou comunicar uma marca se não há uma história para contar (SANT’ANNA, 2015).

Com o intuito de trabalhar a autoestima do portador de deficiência e fazer com que encontrem opções de roupas com soluções que facilitem o dia a dia, como modelagens diferenciadas, novos concursos tem sido lançados no mercado, aproximando os estudantes de moda ao público com deficiência, como por exemplo, o Concurso Moda Inclusiva, que "tende a inspirar a indústria têxtil para trabalhar pensando no deficiente" (AUDACES..., 2015). Contudo, é importante ressaltar as necessidades anatômicas de cada indivíduo e saber avaliar que cada corpo possui suas diferenças, necessitando na maioria dos casos de uma análise individual. Segundo Matarazzo (2009), do ponto de vista ergonômico, o desenvolvimento de produtos destina-se a facilitar a execução de determinadas funções e certas necessidades humanas, envolvendo em sua combinação qualidades técnicas, ergonômicas e estéticas, o conforto, as facilidades e a adaptação antropométrica. Além disso, a escolha


das cores e suas combinações, de materiais, texturas, acabamentos e formas, precisam gerar uma visão agradável do produto final. Peças de vestuário, quando pouco funcionais, podem se tornar barreiras a inclusão social. Pessoas com deficiência possuem características corporais e necessidades diferentes [...] Além das características físicas, também temos que considerar necessidades específicas como alterações sensoriais (tátil, visual), uso de meios auxiliares (muletas e cadeira de rodas, por exemplo), uso de órteses e próteses, entre outros dispositivos de ajuda como coletores de secreção, sondas vesicais ou de alimentação. Assim, é comum a pessoa com deficiência e seus familiares buscarem soluções próprias e criativas para as peças de roupas ajustarem-se melhor a seu corpo (MODA INCLUSIVA..., 2015).

As funções organizacionais valem para todos os elementos das roupas e todas as peças, são elas: equilíbrio, proporção, simetria, complexidade, variedade e unidade. Porém, o processo de compra também é de grande relevância para o público com deficiência. Ao se tratar de cadeirantes, por exemplo, que por vezes podem ir às compras acompanhados, todo o processo de compra influi nas emoções, a começar por pessoas com quem se vai às compras, acessibilidade urbana para chegar na loja, acessibilidade da loja, atendimento, forma de pagamento, atendimento pós-compra e etc. (BROGIN, 2015). Segundo a autora supracitada, diversos são os fatores que geram desconforto e devem ser discutidos e melhorados com relação ao vestuário inclusivo. Se pensarmos em uma pessoa deficiente motora cadeirante, que passa longos períodos sentada vemos que costuras, tecidos grossos, botões, zíperes ou estampas texturizadas, machucam ao exercer pressão sobre a pele. Determinadas peças que não acomodem o corpo do cadeirante, tendem a deixá-lo com aspecto desarrumado devido à sobra de tecido, o que também gera desconforto. Peças de material como o tactel e similares, que ao atritar-se geram barulhos desagradáveis, também podem se tornar um incômodo. Peças com muito elastano que dificultam o vestir e o tirar, causando estresse ao usuário, e ainda em roupas com aviamentos que não fecham corretamente, como zíperes que ficam descendo, botões que desabotoam a todo o momento, laços que se desfazem, espaços grandes entre os botões da camisa que revelam o corpo, entre outros, fazem com que o usuário sinta-se


desconfortável psicologicamente por acreditar que precisa ficar conferindo se o item não vai causar problemas revelando o corpo de forma indevida. Ainda segundo Brogin (2015), deve-se considerar também, que em dias de calor os membros inferiores recebem pouca ventilação, o que propicia o suor e o subsequente desconforto. E por último, há o cuidado com relação à manutenção das roupas, que se refere ao lavar, secar, passar e guardar as roupas no armário. Todos esses fatores são exemplos que nos revelam a necessidade de adaptações relevantes no vestuário de pessoas com deficiência, gerando inclusão através da moda. Como exemplo de inclusão no vestuário, recentemente, a marca norteamericana Tommy Hilfiger lançou duas coleções de roupas infantis quase iguais: uma tem peças de roupa com botões e fechos normais enquanto a outra tem vestidos e calças com ímã ou velcro, cós e comprimentos de mangas e calças ajustáveis - é a primeira coleção com 22 peças adaptadas para meninos e meninas com incapacidades físicas (ver Figura 3). A coleção inclui pólos, camisas, t-shirts, vestidos e jeans, sendo que os preços são os mesmos da coleção infantil já existente (TOMMY HILFIGER..., 2016) FIGURA 3 - LINHA DE MODA INCLUSIVA - TOMMY HILFIGER

FONTE: Tommy Hilfiger... (2016)

O vestuário vai muito além da vaidade. É um item necessário para a vida que vivemos. E esse aspecto é tão ou mais importante para uma pessoa com deficiência. Com a roupa certa, a pessoa com deficiência não adquire apenas beleza, mas um valor precioso que é a autonomia de conseguir vestir-se


sozinha. É o poder de sentir-se confortável como todos os outros, porque se vale de modelagens diferenciadas pensadas para facilitar a vida delas. Por isso, esse novo conceito de moda visa facilitar o cotidiano das pessoas com deficiência apresentando soluções e inovações nas modelagens das peças e em seu acabamento, estendendo o conforto para todas as pessoas com ou sem deficiência (MODA INCLUSIVA..., 2016).


4 ERGONOMIA NO VESTUÁRIO Na busca do homem em constituir sua identidade, a roupa como forma de extensão do corpo, é um elemento que fala por si só.

É inegável a

valorização da imagem e da linguagem visual como forma de comunicação. O modo de vestir o corpo, a maneira pela qual cada cultura é incorporada a ele, determinando-o como único, é o elemento fundamental da diferenciação (BRANDES; SOUZA, 2012). Contudo, as implicações entre o corpo humano e a roupa vão além da estética e das tendências apresentadas por designers e confecções do vestuário a cada nova coleção. Para Grave (2004), a moda não deve apresentar simplesmente roupas, mas deve acima de tudo ter respeito, atenção pelo corpo, apresentando roupas com reverência ergonômica que revelem o brilho próprio de cada pessoa, a condição individual, trazer conforto, e acima de tudo qualificar a vida humana. A ergonomia nasceu oficialmente em 1949, na Inglaterra, em uma reunião entre cientistas e pesquisadores interessados em formalizar a existência desse novo ramo. Contudo, a ergonomia só se tornou uma disciplina formalizada na década de 50, com a fundação da Ergonomics Society, na Inglaterra (SANTOS, 2009). Tanto a ergonomia quanto o design nasceram após a Era Industrial, indo em uma onda contrária a produção em série que, desde então, tem sido a opção mais viável. Posta a necessidade, designers e ergonomistas tiveram que evoluir para poder sistematizar essas preocupações por meio da intervenção ergonômica no percurso projetual, de forma que o projeto se adequasse na melhor forma de interação com o homem (LINDEN, 2007). Sobre isso, afirma Alencar: Como área de conhecimento específico no país está assumindo uma grande independência, sua atuação é completar especialmente o design em todas suas relações, sejam elas relacionadas ao produto ou áreas visuais e informacionais. Como o design está cada dia mais presente no cotidiano das pessoas, a Ergonomia assumiu sua importância ao promover um suporte para seu desenvolvimento. (2014, p. 108).

Segundo Montemezzo e Santos (2002), o homem antes de interagir com qualquer objeto ou máquina, na maioria do tempo, está coberto por uma vestimenta, que pode interferir em sua percepção ambiental, em seus


movimentos e em seu comportamento social. Sendo assim, cabe dizer que o vestuário funciona como uma interface global primária, referindo-se a relação homem-ambiente. A roupa está presente como uma extensão do corpo e interage com o organismo humano de maneira generalizada e direta como uma segunda pele, podendo intervir na realização de qualquer atividade humana. Com isso, a relação entre o corpo e a roupa ganham um olhar diferenciado, visto que o vestuário deveria ser adaptado em determinadas situações, contribuindo para a funcionalidade das tarefas a serem executadas e do conforto e segurança do usuário. Na moda, podemos usar a ergonomia para encontrar o espaço do corpo na adequação do produto desenvolvido, proporcionando conforto, funcionalidade e segurança da roupa com o propósito do bem estar humano, em todos os seus aspectos (MODELAGEM ERGONÔMICA..., 2013). Segundo Alencar (2014), para a ergonomia, portanto, o corpo humano é o ponto de partida correto para o dimensionamento do produto, e falar da intervenção ergonômica na concepção de produtos com grande articulação das qualidades estéticas como os produtos de moda, é uma tarefa difícil considerando que a manipulação dos fatores estéticos nesses produtos ainda são muito mais exaltadas do que suas outras propriedades. Na moda inclusiva, a ergonomia é o principal ponto de partida no processo de criação. A partir da escolha de materiais adequados utilizados em modelagens adaptadas às necessidades do usuário, o produto resulta em uma peça que traz conforto ao corpo e consequentemente conforto emocional, pois também trabalha com a auto estima e a auto imagem da pessoa que a veste. Grave (2010) mostra o quanto a modelagem pode interferir trazendo melhorias ao vestuário do deficiente físico. Através de um estudo de caso feito com um hemiplégico (indivíduo com um dos lados do corpo paralisado na vertical), a autora observou as características da anatomia do usuário para então concluir que “com base na modelagem comum, aplicam-se técnicas diferenciadas para a modelagem do hemiplégico” (idem, 2010, p. 95), e assim desenvolveu as alterações necessárias.


Ainda segunda a autora, A tecnologia do maquinário utilizado para a confecção é moderna, porém ineficaz no que diz respeito à montagem de peças para o deficiente. Este estudo mostra um cuidado especial com a necessidade de largura e distância entre pontos variáveis, seguridade entre as partes, maciez nos fios, costuras sem dobraduras ou sobreposições a fim de se evitar possíveis lesões com fissuras profundas, perdendo a pele sua simetria e aumentando sua falta de sensibilidade nas partes plégicas (GRAVE, 2010, p. 114).

Tratando-se do conforto emocional, Gonçalves (2015) propõe uma reflexão do impacto da roupa na autoestima do indivíduo, a partir de uma observação da interferência das roupas em pessoas com deficiência no ambiente escolar e no cotidiano. Observando uma das alunas, com 21 anos de idade, descobriu-se que esta estava há dois anos sendo exposta a vários estímulos para andar determinada distância em um andador. No entanto, durante a prova de um vestido de festa ela andou o triplo da distância estimada pela fisioterapeuta, com a intenção de mostrar aos colegas o vestido de festa que foi feito sob medida especialmente para ela (ver Figura 4). Ela relatou nunca ter ido a um evento social por não ter uma roupa adequada. FIGURA 4 - ALUNA COM VESTIDO DE FESTA SOB MEDIDA

FONTE: Gonçalves (2015)


Ainda dentro da mesma pesquisa, uma outra aluna demonstrava maior interesse nas aulas, conforme relato das pedagogas, na semana onde ela desfilaria para os colegas, percebendo uma grande mudança em sua auto estima. Com esta mesma aluna foi feito um ensaio fotográfico em estúdio (Figura 5), onde a mesma demonstrou cenas de ciúmes e carinho, atitudes bem pontuais da adolescência, as quais a mãe ainda não havia presenciado. Neste momento pode se dizer que a roupa e a produção de moda trouxeram sentimentos antes reprimidos, e a tranquilidade ao demonstrar emoções. FIGURA 5 - ALUNA EM ENSAIO COM PRODUÇÃO DE MODA

FONTE: Gonçalves (2015)

Assim, vemos que a ergonomia auxilia em diferentes formas e deve estar introduzida também na criação de peças adaptadas ao público com deficiência. Para Grave (2010), a moda deve encarregar-se de cuidar da confecção de roupas trazendo técnicas detalhadas e apropriadas para cada segmento de deficiência, o que também favorece o mercado, educa a sociedade e propicia qualidade de vida ao indivíduo, além de criar novas bibliografias, que hoje estão escassas no mercado.


5 PARALISIA CEREBRAL INFANTIL Segundo a Associação Brasileira de Paralisia Cerebral - ABPC - (2012), a encefalopatia crônica não progressiva da infância, mais conhecida como Paralisia Cerebral (PC), é decorrente de uma lesão estática que pode ocorrer no período pré, peri ou pós-natal, afetando o Sistema Nervoso Central (SNC), que engloba os órgãos responsáveis pela nossa capacidade de movimentar braços e pernas, capacidade de equilibrar-se, andar, falar, engolir, etc. Quando a criança em fase de maturação sofre determinadas lesões no SNC, pode vir assim a apresentar um quadro de paralisia cerebral (ABPC, 2012). As lesões pré-natais são as que ocorrem antes do nascimento, podendo ser consequência de algumas doenças da gestante que comprometem a formação das estruturas neurológicas do feto dentro do útero, como por exemplo, a diabete, infecções virais como a rubéola e a toxoplasmose, pressão alta, além do uso de substâncias químicas pela gestante. Já as perinatais, são lesões neurológicas que ocorrem entre o período inicial do trabalho de parto até 6 horas depois do nascimento. É um curto espaço de tempo onde o bebê passa por adaptações extremamente rápidas, e algumas decorrências como prematuridade, baixo peso ou a demora durante o trabalho de parto e outras situações que influenciam para que o sistema nervoso não passe por essas adaptações, resultam na lesão. E por último, a lesão pós-natal, que ocorre durante a infância, podendo ser resultado de infecções como meningite, traumas cranianos e tumores, que podem afetar o sistema nervoso em fase de desenvolvimento, comprometendo o quadro de desenvolvimento normal da criança e levando a alterações clínicas típicas da encefalopatia (ABPC, 2012). Tais anormalidades são denominadas paralisia cerebral apenas até os dois anos de idade da criança, quando o sistema nervoso central passa a estar inteiramente desenvolvido. Nos casos de PC, a disfunção sensório motora é predominante e também serve como um denominador comum na hora do diagnóstico, envolvendo distúrbios no tônus muscular, postura e movimentação voluntária, que geram a falta de controle dos movimentos, modificações no tamanho dos músculos, e em alguns casos, deformações ósseas.


Basicamente, as classificações se dividem em três tipos. No primeiro, os músculos são enrijecidos e tem sua força diminuída, sendo difícil realizar movimentos simples tanto pelo paciente quanto por outra pessoa que o auxilie. No segundo, os movimentos acontecem de maneira exagerada e involuntária, e a postura da criança passa a apresentar assimetrias. No terceiro, são apresentadas deformidades ortopédicas e tremores, incoordenação das mãos, dos membros inferiores e do tronco, e alteração na fala e o comprometimento mental também são comuns. Esse comprometimento interfere nas funções e limita a realização de tarefas cotidianas básicas, que são habitualmente realizadas por crianças que possuem um desenvolvimento normal, tais como alimentar-se sozinho, vestirse, tomar banho, ou atividades que exigem maior mobilidade, como levantar-se, ir ao banheiro, brincar com determinados brinquedos, entre outros (MANCINI et al, 2002). Segundo a ABPC (2012), a PC pode apresentar consequências variadas em cada caso, pois depende da gravidade, da extensão da lesão e da parte neurológica que foi comprometida. Alguns outros sintomas neurológicos também podem ser presentes, entre eles as crises convulsivas, dificuldades visuais e da fala, problemas para alimentação, disfunções respiratórias, deficiência auditiva, deficiência mental, entre outros. 5.1 ESTÍMULOS E CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL O estímulo une a adaptabilidade do cérebro à capacidade de aprendizagem. Estimulando a criança é aberto um leque de oportunidades e experiências que a fará explorar, desenvolver habilidades e entender o que acontece ao seu redor. O objetivo da estimulação precoce é desenvolver e potencializar através de exercícios, jogos, atividades, técnicas e outros recursos às atividades do cérebro das crianças, beneficiando seu lado intelectual, físico e afetivo. A criança bem estimulada aproveitará sua capacidade de aprendizagem e de adaptação ao seu meio de forma simples, intensa e rápida (WILLRICH et al., 2009).


Sempre que possível o interesse das crianças deve ser estimulado, incentivando

seu

desenvolvimento,

independência

e

curiosidade

pelo

conhecimento. O primeiro sentido desenvolvido no feto é a experiência tátil, que reage ao estímulo dentro do útero. Tal experiência deve ser considerada complexa e de grande importância. As crianças exploram o mundo pelo tato, dessa forma elas descobrem onde seu próprio corpo termina e onde começa o mundo exterior. (PEREIRA, 2010). Da mesma forma, crianças com deficiência também necessitam desses estímulos. Buscando construir bases e alicerces para o aprendizado, a criança com deficiência também necessita experimentar, movimentar-se e deslocar-se. Necessita ainda, tocar, perceber e comparar, entrar, sair, compor e desfazer, significar o que percebe com os sentidos, como qualquer outra criança de sua idade (SABERES..., 2013).

Segundo Telg (1991), o desenvolvimento motor do ser humano é mais rápido de 0 a 1 ano e 8 meses. Esse é o período em que o bebê ainda terá maiores

possibilidades

de

se

normalizar

sem

se

defasar

no

seu

desenvolvimento. Quanto mais tarde for iniciado o plano de normalização da criança, mais defasado estará o seu desenvolvimento motor, juntamente com a perda na área sensorial, que reflete na perda da noção espacial, esquema corporal e com a percepção, que poderá contribuir para a falta de atenção ou com dificuldades cognitivas (SHEAHAN, 2002). O estímulo precoce tem como objetivo desenvolver e potencializar através de exercícios, jogos, atividades, técnicas e outros recursos as atividades do cérebro das crianças, beneficiando seu lado intelectual, físico e afetivo. Para Lima e Mejia (2016, p. 6) "uma criança bem estimulada aproveitará sua capacidade de aprendizagem e de adaptação ao seu meio, de uma forma simples, intensa e rápida".


Sobre a importância dos estímulos realizados na infância, afirma-se que: Devido a essa maior plasticidade, as atividades realizadas nos primeiros anos de vida favorecem a integração entre as diferentes fontes sensoriais, facilitando o surgimento de respostas adaptativas às diferentes situações experienciadas. Os estímulos sensóriomotores concebidos pelo treinamento de diferentes tarefas fornecerão, inicialmente, respostas mais restritas ao domínio motor. Porém, as experiências geradas formarão a base para o aprendizado de habilidades mentais e sociais da criança (WILLRICH et al., 2009).

As diferentes formas de estimulações podem ser exploradas de maneiras diferentes e adaptadas no caso de cada indivíduo. Os estímulos podem ser trabalhados através das cores, imagens, materiais, texturas, sons, entre outros, abrangendo o desenvolvimento cognitivo de diferentes formas. A estimulação visual nas crianças pode ser trabalhada de diversas formas e se dá a partir da comunicação visual, que acontece por meio de mensagens diversas, onde relacionam-se: imagens, cores, formas, tipografia, aspecto gráfico (diagramação), proporção, tons e texturas com a finalidade de transmitir informações. Na mensagem visual, vários elementos precisam ser manipulados, mesclando-se técnicas de composição visual e criação (PEREIRA, 2010). Segundo um estudo de caso realizado por Pereira (2010) em escolas particulares do estado de São Paulo, à partir da observação de professoras, pedagogas e psicólogas, foi possível constatar algumas das preferências das crianças com relação ao vestuário. Com relação as cores, as preferidas são as cores primárias, que acabam sendo as primeiras a serem reconhecidas pelas crianças, e também as cores mais alegres são as que mais atraem a atenção, como podemos analisar no texto: As cores são uma forte influência na vida da criança, provocam sensações e efeitos interiores que definem preferências e atitudes. As tonalidades pela qual a criança mostra preferência segundo os entrevistados são as cores alegres e vibrantes, que segundo eles chamam a sua atenção. Como: vermelho, amarelo, verde. Percebe-se também na análise das respostas a menção de alguns participantes da cor rosa e azul, que usualmente são utilizadas para designar cor de menina e cor de menino, reforçando essa distinção de gêneros (PEREIRA, 2010, p. 114).


Já na composição das superfícies das roupas, a mesma pesquisa mostra que os temas mais escolhidos são animais, figuras humanas, figuras abstratas e florais, visto que “as temáticas dessas imagens são parte da linguagem visual que possibilita a interação das crianças com suas roupas” (PEREIRA, 2010, p. 115). As texturas que mais despertam o interesse das crianças são aquelas que apresentam sensações, como: liso, áspero, macio, duro, rugoso, emborrachados e materiais como: fecho de contato, zíper, babados, laços, que produzam sons, bordados, lantejoulas, recortes de tecidos, entre outros. Utilizar texturas táteis variadas como sendo um recurso pedagógico, auxilia o desenvolvimento da percepção e interpretação por meio da exploração sensorial. Assim, a qualidade tátil também pode ser utilizada para fazer com que as crianças adquiram destreza nos movimentos e tenham sua curiosidade aguçada (PEREIRA, 2010). Todos os participantes da pesquisa confirmaram também que as crianças possuem interesse em elementos que possam conter na roupa, e explicam que os itens que mais despertam a atenção das crianças, são respectivamente: acessórios pendurados, imagens, estampas, texturas, botão, bordado, e zíper. Esses

elementos

podem

estabelecer

interação,

associação

e

comparação, de forma a estimular a imaginação e o desenvolvimento de habilidades especificas. Todos os participantes da pesquisa acreditam nessa visão, de que as roupas têm o poder de serem usadas como recurso pedagógico dando suporte aos diferentes conteúdos que fazem parte do universo infantil (PEREIRA, 2010). O lúdico é também uma importante ferramenta de ensino, muito utilizado nas escolas para ensinar os mais variados conteúdos. É uma forma da criança aprender e manter-se atraída, pois a brincadeira faz parte do cotidiano na infância. Desta forma, deve ser pensada a aplicação do lúdico também no vestuário, que pode auxiliar no desenvolvimento das crianças, pois é um elemento de ensino comprovado tanto pela teoria como pela prática (PEREIRA, 2010). Se tratando de crianças com paralisia, é necessário fornecer atividades onde a criança possa experienciar, praticar e interagir. O acompanhamento


deve ser realizado de maneira individual sempre com apoio individualizado do professor de educação especial e dos restantes professores das diferentes áreas curriculares, recorrendo, sempre que possível, a programações específicas e à utilização de recursos adequados às suas necessidades educativas, bem como ao trabalho em equipe. É

necessário

igualmente,

proporcionar

vivências

diversificadas,

facilitadoras do desenvolvimento do processo educativo, desenvolver um trabalho direto e personalizado e estimular e reforçar as competências e aptidões necessárias à aprendizagem (COUTINHO, 2013). Sendo assim, compreende-se que o vestuário, parte fundamental do universo das crianças, pode ser uma ferramenta que carregue consigo esses elementos de estímulo, conciliando uma roupa que trabalhe a auto estima, a percepção, desenvolva habilidades, e traga elementos didáticos e educativos de forma lúdica e apropriada.


6 DESENVOLVIMENTO DA COLEÇÃO Aplicando-se os conceitos de vestuário pedagógico para a moda infantil, iniciou-se o processo de criação que resultou em uma coleção cápsula de cinco looks, contendo dois looks masculinos e três femininos, ambos para crianças de 6 a 14 anos e 11 meses, conforme a idade dos alunos estudados durante as visitas técnicas. Como produto da moda inclusiva, a coleção foi criada visando abranger um público infantil a mais: as crianças com paralisia cerebral, não restringindo o uso das peças por parte de crianças normais, que também podem ser beneficiadas com os estímulos presentes nas roupas, ou de crianças portadoras de outras deficiências - desde que possível sua utilização. Para o desenvolvimento da coleção foram realizadas visitas técnicas a Escola de Educação Especial Vivian Marçal, localizada na cidade de Curitiba PR, que oferece atendimento interdisciplinar especializado nas áreas de educação, saúde e assistência social para pessoas com deficiência física neuromotora associada às múltiplas deficiências. A escola tem como objetivo o desenvolvimento da linguagem expressiva e compreensiva como inclusão do aluno em seu meio social. Dentro da escola foram observadas crianças de uma turma de ensino fundamental, com alunos de 6 a 14 anos e 11 meses, portadoras de paralisia cerebral de grau leve a moderado e outras com paralisia cerebral associada as deficiências múltiplas. Junto com a pedagoga, professoras e profissionais da saúde que atuam no local, foi possível definir como algumas didáticas de ensino apresentadas em sala de aula poderiam ser adaptadas ao vestuário, de forma que as crianças interagissem com a roupa da mesma forma que interagem com os brinquedos e livros trazidos pela escola. Também foi possível observar no decorrer das aulas, quais cores, brinquedos, sons e motivos são os mais utilizados por serem os mais atraentes para as crianças em questão. Nos brinquedos, os mais atraentes eram os que possuíam mais cores e traziam mais interação com a criança através de sons que emitem vozes ou música, sinos, peças giratórias ou retiráveis, e etc. A música estava presente durante todas as brincadeiras e atividades, estas que traziam sempre


elementos do cotidiano como recortar, descrever uma imagem para o colega, apontar a cor ou a quantidade de determinado objeto, atividades de colagem, contação de histórias, entre outros. Na didática da escola, a cada bimestre é tratado em sala sobre um grande tema, que ao longo das semanas é dissecado em subtemas relacionados. Durante o período das visitas, o grande tema do bimestre era “primavera”, logo, todas as atividades desenvolvidas em sala possuíam elementos relacionados, como por exemplo: flores, frutos, cores quentes, sol, alimentos refrescantes, etc. Por meio do vestuário pedagógico, que foca no processo de aprendizagem explorando a interação entre o usuário e roupa, foi respaldada a importância do vestuário no cotidiano das crianças e corroborando com a possibilidade de crianças com paralisia serem estimuladas através do vestuário e aguçarem o desenvolvimento cognitivo. Os elementos escolhidos para despertar a interação entre a criança e a roupa pertencem ao universo dos animais e da natureza: gato, borboleta, patinhas, flores e pétalas, que segundo Pereira (2010), estão listados dentro das temáticas preferidas entre as crianças, o que também foi observado durante a visita de observação à escola. A criação de roupas infantis em si exige um processo minucioso quanto à escolha de materiais, levando-se em conta cuidados com materiais e elementos que possam prejudicar ou causar lesões no usuário, a escolha dos tecidos, aviamentos, acabamentos e estampas das peças foram pensados de maneira que não trouxessem riscos ou danos enquanto estivessem sendo utilizados. Toda a coleção foi desenvolvida para ser confeccionada em malha, de gramaturas leves e moletons. Portanto, para a confecção do look, foi escolhido a malha de algodão para a camiseta e moletom para a confecção da calça, devido ao conforto transmitido e a maior facilidade do vestir. Os botões e cordões utilizados foram estrategicamente pensados de maneira que proporcionassem estímulo motor, ao amarrar e abotoar, e não pudessem ser arrancados ou caíssem facilmente, além de não provocarem atrito. Foram utilizados botões de pressão de plástico que não são facilmente arrancados ao mesmo tempo em que são fáceis de serem abotoados pela


criança. O cordão escolhido foi o rabo de gato fino, que pode ser costurado junto ao tecido, dificultando de ser arrancado. As estampas, na maioria em relevo, também foram posicionadas de forma que não prejudicassem o bem estar do indivíduo e não apresentassem riscos. As estampas serão elaboradas por meio da serigrafia, utilizando tinta plastisol e plastisol alto relevo, onde necessário o efeito tridimensional. Nos conceitos de ergonomia aplicados ao vestuário, vimos que a adaptação das peças contribuem para a funcionalidade das tarefas a serem executadas e propiciam conforto (físico e psicológico) e segurança ao usuário, em especial aos que possuem necessidades especiais. Através dessas informações, as peças da coleção possuem adaptações de modelagem que facilitam o vestir e aumentam o conforto durante sua utilização. As peças superiores possuem aberturas que facilitam a passagem da cabeça, enquanto as peças inferiores possuem pences que retiram o volume excedente de tecido enquanto a criança estiver sentada, possuem também um aumento na altura do gancho traseiro, fazendo com que o cós não se desloque da região da cintura, e pences traseiras, na região lateral do quadril que permitem uma curvatura mais ergonônica para o usuário sentado. Com relação aos estímulos, pode-se citar como estímulo visual a escolha da cartela de cores utilizando-se principalmente cores vibrantes que atraem a atenção e também a combinação dessas cores em um mesmo look. Como estímulo tátil, a utilização das estampas em relevo, tecidos como a ribana e o moletinho utilizados em recortes na camiseta, franzidos, utilização de aviamentos como a fita de pom-pom e bolsos com tecidos texturizados. Estímulo motor por meio de aplicações de tecido presas com botões plásticos de pressão e a utilização de cordão para amarrar também funcionando como elemento de estilo e como estímulo cognitivo, a escolha da temática das estampas, e estampas e aplicações que possibilitem a contagem numérica progressiva. Os quadros a seguir, separados em feminino (Quadro 1) e masculino (Quadro 2), trazem as peças de cada look separadamente, correlacionando cada elemento ao estímulo presente.


QUADRO 1 - PEÇAS FEMININAS

FONTE: A autora (2016)


E a seguir, os looks femininos: FIGURA 6 - LOOKS FEMININOS

FONTE: A autora (2016)


A tabela a seguir, trás a representação das peças masculinas separadamente, correlacionando os elementos aos estímulos. QUADRO 2 - PEÇAS MASCULINAS

FONTE: A autora (2016)

E na próxima imagem, os dois looks masculinos representados lado a lado:


FIGURA 7 - LOOKS MASCULINOS

FONTE: A autora (2016)

6.1 LOOK CONFECCIONADO O look escolhido para ser confeccionado foi um dos conjuntos masculinos, contendo uma calça e uma camiseta. Os tecidos escolhidos foram moletom e ribana para a calça, que também possui dois bolsos na parte da frente e joelheiras representadas pela estampa de patinhas em alto relevo. O gancho da frente também foi reduzido enquanto o das costas foi aumentado. A camiseta foi confeccionada em malha de algodão, listrada em branco e vermelho, e possui uma abertura para facilitar a passagem da cabeça, sendo que o recorte da abertura é de ribana de algodão, que também entrou para o acabamento da gola (Figura 8).


FIGURA 8 - LOOK CONFECCIONADO - FRENTE

FONTE: A autora (2016)

A parte traseira das peรงas nรฃo possui elementos de estilo, recortes, aviamentos ou enfeites. A calรงa, exclusivamente, possui as pences logo abaixo do cรณs, que retiram o tecido excedente, como mostra a Figura 9. FIGURA 9 - LOOK CONFECCIONADO - COSTAS

FONTE: A autora (2016)


7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve por objetivo unir diferentes ferramentas de diferentes segmentos da moda que pudessem servir de auxílio na construção de um vestuário que beneficiasse crianças portadoras de paralisia cerebral. Ao longo da revisão bibliográfica, percebeu-se que a roupa, em especial quando tratada dentro do universo infantil, pode ser de grande auxílio no desenvolvimento do indivíduo, e ao se tratar de crianças com deficiência, pode ser também uma fonte de estímulo que funciona além das terapias. Ao estudar ergonomia e avaliar as atuais condições do público alvo, foi possível verificar ainda que além dos estímulos, também seria necessário realizar alguns ajustes de modelagem, fazendo com que a peça ficasse o mais confortável possível enquanto vestida no corpo do usuário. Durante as visitas técnicas, o contato com o público norteou o início do desenvolvimento da coleção. Ao observar as didáticas realizadas em sala juntamente às crianças e conversando com os profissionais presentes na escola, foram colhidas as informações que posteriormente se transformaram no tema da coleção, compactuando da pesquisa previamente realizada por Pereira (2010), que fala a respeito dos temas, cores e materiais que ganham a preferência das crianças e consequentemente as estimulam mais. Para a confecção do look e a escolha dos materiais que seriam utilizados na coleção, foi imprescindível focar nos estímulos mas também na segurança da criança, optando por materiais que não pudessem ser facilmente arrancados ou que causassem lesão durante o uso, escolhendo tecidos que proporcionassem conforto e facilidade no vestir devido as dificuldades motoras que acompanham a paralisia, proporcionando também a independência da criança ao facilitar o ato de vestir. Finalizando o projeto, é possível concluir que o vestuário infantil possui uma riqueza de oportunidades para ser explorado, em especial ao tratar-se de nichos de público com deficiência, adentrando nos caminhos da moda inclusiva e trazendo inovação a algo já existente e muito presente na vida das crianças: a roupa.


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