Ninniver Valascki - Moda infantil: coleção criada a partir de estudo antropométrico

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MODA INFANTIL – COLEÇÃO CRIADA A PARTIR DE ESTUDO ANTROPOMÉTRICO Ninniver Moreira Valascki1 Malva Ouriques2

RESUMO

A falta de padronização relacionada aos tamanhos das peças dentro do segmento infantil, gera conflito com o consumidor tendo em vista a incompatibilidade com o real corpo das crianças. Sendo assim, o presente estudo teve objetivo de propor uma coleção infantil com peças que permitam ajustes manuais com os quais seja possível uma melhor vestibilidade para as crianças de uma mesma idade com diferentes biótipos. Desse modo, a coleção busca soluções ergonômicas e funcionais para esse público, a partir dos estudos da modelagem e a antropometria, que, por meio de técnicas específicas, proporcionam conforto e liberdade aos movimentos das crianças e deve adequar-se ao desenvolvimento físico e as atividades praticadas por elas. A metodologia aplicada foi a pesquisa bibliográfica, levantamento de dados por meio de questionário aplicado com o consumidor e analise de tabelas de medidas de diferentes empresas desse segmento. Para o presente estudo foi desenvolvida uma coleção de roupas infantil para meninas de 2 a 8 anos que apresentam peças com soluções de ajustes manuais destinadas a servir crianças de uma mesma idade e diferentes biótipos. Palavras-chave: Moda infantil; Antropometria; Modelagem.

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, o vestuário infantil está cada vez mais ligado a tendências, desejo de uso e cada vez mais lúdico. Porém nota-se uma dificuldade em adquirir roupas de acordo com a idade, uma vez que as crianças vem apresentando estruturas físicas menos padronizadas e estaturas maiores que as gerações passadas. A indústria do vestuário infantil ainda não está de acordo com as novas medidas, exigindo assim que os clientes busquem ajustes nas roupas através de

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Aluna do 6º Período do Curso Superior de Tecnologia em Design de Moda da Faculdade de Tecnologia Senai Curitiba 2 Professor orientador


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profissionais da costura no pós compras ou ainda a troca de peças junto ao fornecedor da mesma. Inicialmente o estudo apresenta uma breve história do vestuário infantil, bem como a modelagem do vestuário e sua aplicação dentro desse segmento. Além disso, verificou-se as tabelas de medidas utilizadas por algumas importantes empresas que produzem roupas para criança. Em seguida apresenta-se o resultado de um levantamento quantitativo com o público consumidor do vestuário infantil, cujos dados foram posteriormente analisados. Portanto, a partir deste estudo pretende-se criar uma coleção infantil com peças que permitam adaptações manuais com as quais seja possível uma melhor vestibilidade para crianças de uma mesma idade com biótipos diferentes buscando soluções ergonômicas e funcionais para esse público.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 VESTUÁRIO INFANTIL

Conforme Lurie (1997, p.51), na Idade Média crianças de 3 a 6 anos de idade se vestiam igual os pais, o que pode ser comprovado nos retratos da época, os quais retratavam crianças vestidas com roupas características do adulto, ‘’ golas franzidas, anquinhas, calções bufantes, mangas ornamentadas, saias compridas e pesadas, sapatos de salto e chapéus carregados de penas e flores. ‘’ FIGURA 1 – MODA INFANTIL NA IDADE MÉDIA

FONTE: NEIVA (2015)


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Havia uma indiferença na indumentária infantil, na qual a mesma roupa vestia todas as idades, mantendo-se claro apenas os degraus da hierarquia social e as mudança de região para região. Tais trajes se mostravam inadequados, pois não valorizavam o conforto e a liberdade dos movimentos do desenvolvimento infantil. O sentimento de infância, que teve início no século XVII, beneficiou primeiro os meninos, enquanto as meninas persistiram mais tempo no modo de vida tradicional. A separação entre crianças e adultos ainda não existia no caso das meninas em nenhuma idade, pois elas eram sempre vestidas como mulheres adultas. Segundo Ariés (1986), coloca-se (nas meninas) uma camisola curta, meias bem quentes, uma anágua grossa e o vestido de cima, que cobria todos os ombros e quadris com uma grande quantidade de tecidos e pregas, e dizia a elas que toda essa tralha lhes dava um ar maravilhoso. A infância, que aproximava dos adultos mais as meninas do que os meninos, parecia um incentivo da sociedade para que elas se tornassem mulheres mais rapidamente. Com dez anos, as meninas já eram tratadas como mulheres em miniatura. Essa precocidade pode ser explicada por uma educação que as treinava para se comportarem desde muito cedo como adultas, pois, além da aprendizagem doméstica, elas não recebiam mais nenhuma educação. Mesmo nas famílias em que os meninos iam ao colégio, as meninas não aprendiam nada, pois elas começaram a ir à escola bem mais tarde e muito lentamente. (ARÁUJO, 2010) Por volta de 1850, o príncipe de Gales, futuro Eduardo VII, a bordo do iate real Victoria & Albert usou o traje de marinheiro com calça branca, casaco azul marinho com gola quadrada, trabalhada com galões e uma boina. Para as meninas também havia uma versão da roupa com saias plissadas. Vestir as crianças de marinheiro virou moda na sociedade inglesa, que desejava ter um filho servindo à Marinha Britânica. (NEIVA, 2015) A revolução da vestimenta infantil, chegou por volta do século XVll, com Jean Jacques Rousseau e uma nova visão de criança. A infância passou a ser vista como um estado natural e separado, e a criança deixou de ser tratada como um mini adulto e começou a ter valor e necessidades próprias. Introduzindo assim, vestimentas que lhe dessem maior liberdade e conforto.


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Os membros de uma criança em crescimento devem estar livres para se mover com facilidade em suas roupas, nada de restringir seu crescimento e movimento; [...] O melhor é fazer com que as crianças usem batas durante maior tempo possível e, então, prover-lhe roupas folgadas, sem tentar definir formas, o que não passa de mais uma maneira de deformá-las. Seus defeitos de mente e corpo talvez remontem todos à mesma fonte, ao desejo de torna-las homens antes do tempo. (ROUSSEAU, apud LURIE, 1997, p.52)

FIGURA 2 – REVOLUÇÃO DA VESTIMENTA INFANTIL

FONTE: SANA (2014)

Nos anos 50 a infância começou a ser vista como um novo mercado de consumo, as crianças escolhiam para si ou para o adulto os produtos que gostavam. (KERN, 2010) Apesar do número de filhos por família ter diminuído, o consumo de roupas infantis está aumentando, pois as crianças estão mais independentes e propensas à moda, já possuem suas preferências e seu estilo de vestir. Pesquisas revelam que as crianças são alvos constantes de publicidade em prol do consumo, pois, de acordo com estatísticas, elas influenciam 80% das decisões de compra de uma família. (CARDOSO, 2011)

2.2 MODELAGEM

A modelagem é a técnica que, após interpretação de um desenho de moda, possibilita a realização de um molde geométrico, baseado em uma tabela de medidas, sendo essencial para o resultado final de um produto.


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Para Treptow (2005) ela é o início do processo produtivo do vestuário e responsável pela criação dos moldes, que reproduzem as formas e medidas do corpo humano, de acordo com as medidas do público alvo e com as adaptações propostas pelo estilista. É o setor que transforma o trabalho artístico, sem modificar o estilo, em moldes e onde ocorre a primeira etapa para a concretização do produto. Para executar a modelagem de peças do vestuário, os principais fatores de referência são as formas, as medidas e movimentos do corpo humano. O modelista deve interpretar corretamente as formas projetadas no desenho técnico ou de estilo propostas pelo designer. Quando bem executada é ela que dará a forma, os volumes e o caimento perfeito. A modelagem também é considerada um fator de competitividade entre os produtos, visto que exerce grande influência sobre o consumidor no momento da aquisição de um produto do vestuário. Diante de uma oferta de produtos muitas vezes semelhantes, como é o caso dos produtos de moda, o consumidor irá optar pelo que atender não só pelo estilo, pela cor e pela função, mas também o que melhor vesti-lo, ou seja, o que tiver a melhor modelagem. (SABRA, 2009, p. 72)

Esse processo essencial na confecção, pode ser realizado em duas maneiras: modelagem plana ou moulage. A modelagem plana ou bidimensional, como também é chamada é a técnica utilizada para reproduzir uma peça do vestuário de uma forma tridimensional para a forma bidimensional, em papel utilizando-se de princípios geométricos. De acordo com Treptow (2005, p.154), “na modelagem plana, os modelos são traçados sobre papel, utilizando uma tabela de medida e cálculos geométricos. A tabela de medidas representa as circunferências de busto ou tórax, cintura e quadril, medidas com fita métrica rente ao corpo”. Esse

processo

pode

ser

realizado

manualmente

ou

de

forma

computadorizada por meio do sistema CAD (Desenho Assistido por Computador), com foco no desenho ou modificação de um produto. A aplicação da metodologia de criação de moldes base é a técnica mais utilizada para se obter diferentes estilos. Um bloco de moldes base pode dar origem a muitos modelos das coleções da empresa, durante várias estações, não havendo margens de costura para criação do modelo desejado. Sendo assim são aprovados e podem ser utilizados com precisão, desde que não haja alterações.


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De acordo com Araújo (1996), moldes e tecidos são bidimensionais, constituídos apenas de comprimento e largura. A peça de vestuário, resultante da montagem das várias partes componentes, possui também uma terceira dimensão: a profundidade. Esta é incorporada no molde através de penses. Assim, para que a modelagem obtenha sucesso, é necessário que siga uma sequência lógica de desenvolvimento. Para Araújo (1996), existem normas de ajustamento do vestuário que devem ser respeitadas e estas consistem na utilização de cinco conceitos: folga, alinhamento, correr do tecido, equilíbrio e assentamento. A moulage, conhecida também como draping em inglês, é uma técnica de modelagem tridimensional. O nome vem do francês moule, que significa forma, molde. Nessa técnica, a modelagem é desenvolvida sobre um manequim, com medidas padronizadas de acordo com o público alvo, o que possibilita a visualização e ajuste imediato do produto.

O conceito de moulage para Sabrá é: [...]técnica de modelagem tridimensional executada por meio da manipulação de tecido sobre um manequim, utilizada para a criação de modelos sob a forma tridimensional, comparada a uma forma de escultura. Como suporte utiliza um manequim industrial acolchoado, com medidas e formatos próximos ao do biótipo mediano feminino, masculino ou infantil. (2009, p. 95)

Segundo Souza (2006), a visualização da tridimensionalidade do produto efetivamente permite a avaliação imediata das questões de vestibilidade, e essa avaliação se processa num intervalo de tempo relativamente curto, tendo em vista a multiplicidade de elementos envolvidos e as contribuições positivas desse resultado para o processo. Ainda segundo a autora, a grande vantagem da técnica tridimensional é a possibilidade de se trabalhar as técnicas de criação e materialização de modo simultâneo.

2.2.1 MODELAGEM INFANTIL

Como vimos, antigamente as roupas infantis eram roupas adultas em miniatura, posteriormente elas passaram a ser compatíveis ao corpo, idade e tamanho das crianças, criando assim novos consumidores.


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A modelagem infantil surgiu para proporcionar conforto e liberdade aos movimentos das crianças e deve adequar-se ao desenvolvimento físico, sua personalidade e as atividades praticadas por elas. Roupas certas contribuem para a formação do seu caráter e encorajam seu acesso à cooperação e responsabilidade. (ARAÚJO, 1996). As crianças precisam de roupas confortáveis, que permitam: andar, correr, pular e brincar. Se as roupas não tiverem de acordo, podem oferecer alguns danos a saúde, como má postura, reações alérgicas, má circulação causadas por roupas apertadas, problemas de transpiração causados por tecidos com má condutibilidade de calor, problemas psicológicos pela imposição dos pais ao fazer a criança usar roupas desconfortáveis e inadequadas, entre outros (BARBOSA, 2007). A modelagem infantil evoluiu durante os séculos, submetendo-se a sensíveis modificações. Hoje o vestuário infantil está mais lúdico e existe uma preocupação com o bem estar, a saúde da criança, com as tendências e os desejos do consumidor, porém a roupa não está de acordo com a idade e a criança veste o tamanho que cabe. As crianças de hoje apresentam estrutura física com tamanho maior do que nos últimos tempo, isto devido à melhora na nutrição, da higiene, condições de habitação e saneamento básico, acesso aos serviços de saúde (NEGRI, 2002). Na criação de desenhos e modelagens infantis, é necessário observar a realidade da crianças, que praticam diversas atividades. Portanto os tecidos devem ser resistentes, confortáveis, flexíveis, adequados para confeccionar as roupas. Fazendo com que se vistam de acordo com sua idade e suas necessidades, pois cada faixa de idade é um mercado distinto. Para bebês que precisam ser vestidos, aberturas na virilha com botões de pressão e golas e decotes generosos são importantes. Para crianças, a facilidade de vestir, como cinturas elásticas, é igualmente importante, porque a partir de certa idade, elas querem se vestir sozinhas. (BELLOLI, 2013)

2.2.2 TABELAS E MEDIDAS DO VESTUÁRIO INFANTIL

No vestuário infantil, os tamanhos são separados por idade. 0s tamanhos BB/Recém-nascido (3, 6 e 9 meses); BB/Primeiro passos, baseados na idade em meses, geralmente (12, 18 e 24 meses). As roupas tamanho Infantil/Pré-escolar,


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para a criança que já aprendeu a andar de 4 a 6 anos. Pré adolescentes de 10 a 12 anos e adolescente de 12 a 16 anos. (BELLOLI, 2013) Medidas infantis são extremamente variáveis e não obedecem a uma regularidade de progressão, até porque o desenvolvimento de uma criança também não obedece aos conceitos de regularidade ou proporção. Por esta razão, é comum que crianças vistam roupas para idades algumas vezes até por demais diferentes da sua. (SOUZA, 1997) Segundo a Associação Brasileira do Vestuário (ABRAVEST) em parceria com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com novo padrão de medidas, adotado a partir de 2012, ficará mais difícil errar o tamanho das roupas infantis, já que a peça não será diferenciada pela idade (1,2,3) e, sim, de acordo com os pontos chaves: estatura, medida de ombro a ombro cintura e comprimento da calça. (COURA, 2011) FIGURA 3 – ETIQUETA ADOTADA SEGUNDO A ABNT

FONTE: TURCI (2011)

Porém ainda não é uma norma obrigatória, encontra-se em fase de reformulação, não sendo adotada ainda pelas empresas do vestuário infantil, confirmando a atual falta de padronização das medidas nas indústrias. Em nota, a Revista Época realizou comparações onde mostram as diferenças de medidas entre o menor, a medida da ABNT e o maior tamanho de número 4 encontradas no mercado infantil em empresas diferentes:


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FIGURA 4 – DIFERENÇAS DE MEDIDAS NO MERCADO INFANTIL

FONTE: VICÁRIA (2011)

O estudo presente analisou as tabela de medidas de 6 grandes empresas e realizou uma análise comparativa das medidas das idades 2, 4, 6 e 8 anos, que na pesquisa realizada com o público alvo foi a faixa etária onde as mães apresentaram maior queixa, mostrando a variação de um mesmo tamanho de uma marca à outra, sendo comparadas também com as medidas propostas pelas normas da ABNT(NBR 15800) no ano de 2009:


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QUADRO 1 - COMPARAÇÃO DAS MEDIDAS TAM.2

Nota: Dados elaborados pela autora.

QUADRO 2 - COMPARAÇÃO DAS MEDIDAS TAM.4

Nota: Dados elaborados pela autora.


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QUADRO 3 - COMPARAÇÃO DAS MEDIDAS TAM.6

Nota: Dados elaborados pela autora.

QUADRO 4 - COMPARAÇÃO DAS MEDIDAS TAM.8

Nota: Dados elaborados pela autora.

Podemos perceber assim, a falta de padronização das medidas infantis atualmente utilizadas nas indústrias. Comparados com a norma da ABNT(NBR 15800), verificou-se que em sua maioria as medidas de uma empresa para a outra sofrem variações. Desta forma concluímos que as indústrias da confecção infantil ainda precisam implantar a padronização de medidas em sua produção, facilitando a compra do consumidor.


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3 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO

3.1 COLETA DE DADOS

A

pesquisa

de

mercado

é

uma

ferramenta

muito

importante

no

desenvolvimento da coleção pois auxilia no seu planejamento e desenvolvimento. Quanto mais informações a respeito do mercado e do público alvo, mais assertivo será o produto. A metodologia utilizada neste projeto foi descritiva com levantamento de dados, quantitativos utilizando questionário aplicado a mães de meninas com idade entre 0 e 12 anos. Responderam ao questionário, 74(setenta e quatro) mães, sendo 90% delas mães de crianças de 2 a 8 anos. A pesquisa procurou identificar em que faixa etária as crianças perdem mais roupas, em que medidas essas roupas deixam de vestir com mais frequência e quais as principais dificuldades que elas encontram no dia a dia em relação a compra e aquisição dessas peças. O entendimento de que a perda de roupa é natural, tendo em vista o crescimento e o desenvolvimento da criança, foi unânime nas respostas. A respostas obtidas pelos questionários identificou que a perda de roupa nas crianças tem maior incidência entre 02 a 08 anos e as medidas responsáveis por essas perdas são: as medidas do quadril e cintura, largura das costas e comprimento. O principal problema identificado foi a diferença de medidas, de uma mesma numeração, entre as marcas de roupa infantil disponíveis no mercado. A falta de padronização de medidas entre as marcas infantis dificulta muito a escolha de roupas pelos pais, a compra acaba se realizando pela percepção do olhar e não mais pela numeração da etiqueta, se consideramos que a vestimenta é uma das principais opções de presentes às crianças entre 2 e 8 anos, podemos estender essa dificuldade a todos os familiares e amigos. Outro fator que desagrada as mães é o alto custo dos produtos, segundo a pesquisa. Como a criança utiliza a peça por pouco tempo, a relação custo x benefício fica em desiquilíbrio, pois a vida útil das peças é muito curta e o reaproveitamento das dessas depende de trocas ou venda, o que nem sempre é possível.


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3.2 PÚBLICO ALVO

A infância é concebida através de atitudes e percepções feitas pelos adultos. Assim, na maioria das vezes as crianças não conseguem expressar-se, defender-se ou falar sobre si mesmas. O principal consumidor nesse caso são os pais. Algumas peças são compradas com palpites das crianças, outras não, isso depende da idade. Nosso público alvo, diante disso, são meninas entre 2 a 8 anos, que frequentam a escola e praticam esportes ou hobbies no contra turno. Final de semana frequentam parques, viajam vão à lugares com a família. São crianças felizes, amantes de animais e da natureza e que esbanjam energia.

3.3 EXPERIMENTAÇÕES

Diante do exposto, o principal objetivo desta coleção é realizar, através da modelagem, ajustes que permitam que uma única peça se adapte aos diferentes corpos de crianças de uma mesma idade e que a peça possa ser modificada manualmente com o desenvolvimento do corpo da criança. Assim, foram desenvolvidas ideias de diferentes ajustes para serem aplicados em peças de vestuário. Protótipos dos ajustes foram modelados e confeccionados, para melhor entendimento da ideia, compreensão em relação a funcionalidade, conforto, viabilidade e validação. FIGURA 5 – ESTUDOS BOTTON

NOTA: ELABORADO PELA AUTORA


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FIGURA 6 – ESTUDOS TOP

NOTA: ELABORADO PELA AUTORA

FIGURA 7 – ESTUDOS SINGLE

NOTA: ELABORADO PELA AUTORA

Com os estudos realizados foi possível concluir que as modelagens devem variar de um maior número ao menor, os elementos de amarração, reforços internos e aberturas remodeladas são eficazes, bem como a utilização de aviamentos do tipo elásticos, botões e zíperes para a concretização da ideia.


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3.3.1 SOLUÇÕES ENCONTRADAS

A coleção é composta por 8 bottons, 8 tops, 5 singles e 2 sobreposições. Todas apresentam soluções em detalhes que possibilitam o ajuste manual nas medidas chaves das peças (cintura, quadril, costas e altura) e elementos de modelagem que permitem uma melhor vestibilidade. Para as peças confeccionadas foram escolhidos os tamanhos 4 e 6 anos. O desenvolvimento da modelagem foi baseada nas tabelas estudadas no item 2.3 e principalmente nas normas da ABNT, assim, os estudos aplicados na concepção dos produtos permite que possa se passar de um número menor a um número maior através dos ajustes aplicados nas peças. A seguir, as tabelas utilizadas para demonstrar essa variação que foi criada partindo da ideia da peça haver o tamanho máximo e com essas alterações manuais, passe para o tamanho mínimo, pulando assim de uma medida à outra, possibilitando que crianças com uma mesma ideia, mas com medidas diferentes, vistam a mesma peça sem menor problema. QUADRO 5 – TABELA TAMANHO 4

NOTA: ELABORADO PELA AUTORA


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QUADRO 5 – TABELA TAMANHO 6

NOTA: ELABORADO PELA AUTORA

3.4 CRIAÇÃO

Na criação de desenhos e modelagens infantis, é necessário observar a realidade da crianças. Sendo assim, a coleção apresenta para as meninas, modelagens soltas tanto em tecido plano como em malhas, as peças recebem ajustes na cintura, quadril, costas e altura e obtém detalhes como botões, zíperes e amarrações em pontos chaves para a realização da proposta, sendo demonstradas nos desenhos técnicos de algumas peças de 23 criações, a seguir:


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Peças com soluções na cintura e quadril: PEÇA 1 – SAIA COM ALÇAS REGULÁVEIS E BOTÕES NAS LATERAIS

PEÇA 2 – SHORTS COM BOTÃO DE REGULAVEM NAS LATERAIS

PEÇA 3 – MACACÃO COM EXTENSOR NAS LATERAIS E REGULAGEM NAS ALÇAS


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Peças com soluções nas costas e ombros: PEÇA 4 – BLUSA COM ELÁSTICO NA CINTURA E FECHAMENTO REGULÁVEL NAS COSTAS

PEÇA 5 – BLUSA COM REGULADOR NAS COSTAS

PEÇA 6 – BLUSA COM ELÁSTICO NA CINTURA E MANGAS E REGULADOR NA ALÇA


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Peças com soluções nas altura: PEÇA 7 – BLUSA REGULÁVEL NAS LATERAIS E OMBROS

PEÇA 8 – VESTIDO COM REGULADOR NAS COSTAS E SAIA REMOVÍVEL


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3.4.2 CROQUIS


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3.4.2 EDITORIAL

Foram realizadas fotos com meninas de 4 e 6 anos, onde as de mesma idade mas com biรณtipos diferentes, vestem peรงas iguais.

FIGURA 8

NOTA: ELABORADO PELO AUTOR

FIGURA 8

NOTA: ELABORADO PELO AUTOR


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FIGURA 9

NOTA: ELABORADO PELO AUTOR

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento dessa Coleção permitiu perceber que a padronização de determinadas medidas na faixa etária entre 2 e 8 anos é algo que vai ainda será motivo de muitos estudos e debates, uma vez que a fase de crescimento nessa faixa etária é muito acelerada, as estruturas físicas estão cada vez menos padronizadas e as estaturas estão maiores a cada nova geração. Diante disso, foi possível encontrar soluções que se traduzem em detalhes que possibilitam o ajuste nas medidas chaves (cintura, quadril, costas e altura), que acabam servindo crianças de diferentes biótipos de uma mesma idade, não deixando de lado a estética das peças e o conforto que esse público necessita.

REFERÊNCIAS ABNT. Vestuário – Referências de medidas do corpo humano – Vestibilidade para Bebê e Infanto - Juvenil. NBR 15800. PROJETO 17:700-03-008. Novembro, 2009. ARAÚJO, D.C; Kern, M, T; SCHEMES, C; Moda infa ntil no século XX: representações imagéticas na revista do globo. Publicado em 2010. Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/3055/305526881010/> Acesso em: 09 jun. 2016 ARAÚJO, M. Tecnologia do vestuário. Lisboa: Fundação Gulbenkian, 1996. p.121


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ARIÉS, P. História social da criança e da família. 2 ed. Rio de Janeiro: Companhia das letras, 1986. BARBOSA, R. C. A.: QUEDES, Walkiria. Vestuário e Infância: entre as adequações e as determinações sociais, 2007. Disponível em: <http://fido.palermo.edu/servicios_dyc/encuentro2007/02_auspicios_publicaciones/a ctas_diseno/articulos_pdf/A100.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2016 BELLOLI, M; FRINGS, G. Moda – do conceito ao consumidor. 9 ed. Porto Alegre, 2013. CARDOSO, T.P. A influência da publicidade no consumo da moda infantil. 2011. 43f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso de Pedagogia) – Universidade Estadual de Maringá, Maringá. Disponível em: <http://www.dfe.uem.br/TCC/Trabalhos%202011/Turma%2031/Tania_Cardoso.pdf> Acesso em: 28 maio. 2016 COURA, P. Etiqueta de roupa infantil terá que indicar medidas da criança. Jornal o tempo. Publicado em 2011. Disponível em: <http://www.otempo.com.br/capa/economia/etiqueta-de-roupa-infantil-ter%C3%A1que-indicar-medidas-da-crian%C3%A7a-1.360105>. Acesso em: 08 de jun. 2016 KERN, T.M; SHEMES, C; ARAUJO, C.D. A moda infantil no século XX: representações imagéticas na revista globo (1929-1967) Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/3055/305526881010/>. Acesso em: 28 maio.2016 LURIE, A. A linguagem das roupas. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. NEIVA, T. História da roupa Infantil. Publicado em 2014. Disponível em: <http://tanianeiva.com.br/2015/10/14/historia-da-roupa-infantil/> Acesso em: 08 de jun. 2016 NEGRI, B. Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. Disponível em: <http//bvsms.gov.br/bvs/publicações/crescimento_desenvolvimento.pdf>. Acesso em: 28 maio. 2016 SABRA, F. Modelagem: tecnologia em produção de vestuário. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2009. SANA. O Século XVlll e XlX : Diretório, Império e Regência. Publicado em 2014. Disponível em: <http://modahistorica.blogspot.com.br/2013/05/o-seculo-xviii-e-xixdiretorio-imperio.html> Acesso em: 08 de jun. 2016


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SOUZA, P. de M. A modelagem tridimensional como implemento do processo de desenvolvimento do produto de moda. 113 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, São Paulo, 2006. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/96266> Acesso em: 08 de jun. 2016 SOUZA, S.C. Introdução à tecnologia da modelagem industrial. SENAI/CETIQT, Rio de Janeiro, 1997. p53 TREPTOW, D. Inventando moda: planejamento de coleção. Brusque, 2005. TURCI, F. Indústria brasileira de vestuário adota novo padrão de medidas em 2012. Publicado em 2011. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornalhoje/noticia/2011/11/industria-brasileira-de-vestuario-adota-novo-padrao-demedidas-em-2012.html> Acesso em: 08 de jun.2016 VICÁRIA, L. A medida certa para seu corpo. São Paulo, 2011. Revista Época. Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI20442015201,00.html> Acesso em: 09 jun. 2016


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