Carreira
PETER LUDWIG ALOUCHE Uma paixão chamada metrô Peter Ludwig Alouche é referência nacional e internacional sobre tecnologia metroviária. Engenheiro especialista na área de energia, ele foi um dos primeiros profissionais convocados para ajudar na construção do sistema paulistano, que definiriam as principais diretrizes de construção adotadas na primeira linha do metrô paulista, a Norte-Sul (Santana-Jabaquara). A caminhada profissional daquele estudante de engenharia da Universidade Mackenzie começou na Indústria Brown Boveri. Na empresa, o jovem que deixou o Egito com 12 anos e se instalou no Brasil com a família, teve acesso imediato às inovações da época no campo industrial, em especial a dos semicondutores, e a empresa logo o enviou à Suiça, para fazer cursos de especialização no assunto. Até que em 1972, o engenheiro foi chamado para trabalhar na nova companhia de transporte que estava sendo criada em São Paulo para construir o metrô, uma novidade que não existia no país. “Me convidaram para assumir o Sistema de Energia do Metrô. Logo depois assumi a coordenação dos testes de todos os equipamentos do metrô, inclusive material rodante, sistema elétrico e sinalização”, conta. Alouche relembra o entusiasmo com que “abraçou” o projeto desde o primeiro dia em que foi chamado. “Desde o primeiro dia, me envolvi com entusiasmo e dedicação total, às minhas atividades no Metrô. E assim comecei a me apaixonar pelo Metrô. Minha vida começou a se resumir em Metrô, Metrô, Metrô. Até hoje sobrevivo com minha paixão pelo Metrô e pela ferrovia”, destaca. A paixão era acompanhada por muito esforço e trabalho. Engenheiro eletricista formado no Mackenzie, pósgraduado para mestrado em Sistemas de Potência na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), rodou o mundo atrás de conhecimento. No Brasil, ele fez especialização na Universidade São Paulo (USP) e no exterior, frequentou curso no Japão na área de Transporte, na Suíça e também na França (Université de Nancy) para trazer as novas tecnologias ao país.
Desbravando os trilhos Peter Alouche relata o início de sua trajetória profissional, diante de um empreendimento para o qual o país não tinha tradição, cultura ou know-how adquirido. “Quando comecei a trabalhar na empresa, nem mesmo o nome “Metrô” constava do linguajar brasileiro. Liderados por uma personalidade
“Ninguém sabia nada das tecnologias metroviárias. Tivemos que sair pelo mundo para aprender a tecnologia empregado pelos sistemas já implantados em Paris, Nova Iorque, Londres, México, Montreal, entre outros. ” Peter Ludwig Alouche
ímpar, Plínio Assmann, com humildade e entusiasmo, fomos aprendendo e progredindo no conhecimento da tecnologia metroviária. Plínio tinha como premissa colocar o Brasil na vanguarda da tecnologia!” recorda.
Perfil profissional O engenheiro foi ainda assessor técnico da presidência do Metrô de São Paulo por 35 anos e atuou como representante da Companhia na International Association of Public Transport (UITP) e do programa de intercâmbio CoMET, que reúne os principais metrôs de alta demanda do mundo. “Devo muito ao metrô, que me permitiu participar das enriquecedoras reuniões com profissionais de todos os metrôs do mundo por mais de uma vez”, destaca. Para Alouche, que lecionou na Faculdade Armando Alvarez Penteado (FAAP) e no Mackenzie, além de ministrar diversos cursos de MBA em Transporte, o sistema do metrô precisa ser realimentado tecnologicamente por profissionais qualificados. “Seja engenheiro, economista, administrador, ou qualquer profissão, este profissional, além de sua formação específica, precisa ter uma formação humanista, facilidade de trabalhar em equipe, e ter o foco e estímulo na atualização permanente”, finaliza.
AEAMESP 2020
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