Revista Eletrônica Bragantina On Line - Abril/2016

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Revista Eletrônica Bragantina On Line

Discutindo ideias, construindo opiniões!

Número 54 – Abril/2016 Joanópolis/SP

Edição nº 54 – Abril/2016

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SUMÁRIO Nesta Edição: - EDITORIAL – Momentos ..................................................................................... Página 3; - A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA – A finalidade de viajar Por Leonardo Giovane ............................................................................................. Página 4; - ROMANCE DAS LETRAS – A importância do Marketing para sua vida social e profissional Por Betta Fernandes ................................................................................................. Página 6; - PSICOLOGUÊS – Falta eterna Por Luciano Afaz de Oliveira .................................................................................. Página 9; - O ANDARILHO DA SERRA – Rota dos ventos Por Diego de Toledo Lima da Silva ....................................................................... Página 11; - COLCHA DE RETALHOS – Luar do Sertão Por Rosy Luciane de Souza Costa ......................................................................... Página 13; - PALAVRAS E EXPERIÊNCIAS – Árvores, livros e filhos Por Emily Caroline Kommers Pereira .................................................................. Página 16; - MEMÓRIAS – Do gesto primário Por Susumu Yamaguchi ......................................................................................... Página 18; - DIVULGAÇÃO – Brasileiro afirma ter inventado solução para comunicação mais segura no trânsito Por Paulo Gannam .................................................................................................. Página 22.

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REVISTA ELETRÔNICA BRAGANTINA ON LINE Uma publicação independente, com periodicidade mensal.

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EDITORIAL

MOMENTOS

Prezados leitores! Pensamentos pesam em minha cabeça, presentes e vividos entre o real e o sonho, a verdade e a mentira, o bem e o mal. Olho para o lado e vejo em seu rosto um tom de preocupação, numa feição tão particular quanto seus olhos. Tantos momentos que o ponteiro do relógio desistiu de acompanhar o tempo, ficando paralisado como seu olhar, imóvel na esperança de mudanças que fogem de nossas mãos, como o sol no horizonte. Um simples olharzinho, os olhos do jardineiro, a criança feliz, o velho experiente... Momentos de nossa vida, de nosso tempo. Caminhos percorridos por almas, corpos e olhos perambulantes. Momentos, quantos momentos...

Diego de Toledo Lima da Silva – Editor (17/04/2016) E-mail: revistabragantinaon@gmail.com

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A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA

Leonardo Giovane M. Gonçalves Técnico em Hospedagem e Graduando em Turismo E-mail: leonardo.giovane@hotmail.com A FINALIDADE DE VIAJAR

Sempre me coloco a questionar o que leva uma pessoa a viajar? O que a faz sair da sua casa e, como se fosse um pássaro, sair voando pelo mundo? Assim como os pássaros, voamos, mas sempre temos uma finalidade, mesmo que inconsciente, sempre fazemos coisas com um propósito. Até os viajantes que pegam um carro, uma bicicleta, a pé, de ônibus e até mesmo de carona têm um desejo, possuem um propósito nesta viagem, nem que seja simplesmente sair para esvaziar a cabeça, dar uma volta ou fugir dos problemas cotidianos. No turismo temos inúmeros segmentos, gente que viaja para conhecer o rural, o industrial, as favelas, as praias, os eventos, empresas, gente que viaja para conhecer gente, cemitérios e por aí vai... Enfim, inúmeras finalidades acercam o universo cognitivo humano. Mas me coloco a questionar novamente, o que faz uma viagem ser autêntica? Ser única? Ser especial? Bom, o ser humano é completamente complexo, pensa em muitas coisas, quer várias coisas, mas uma coisa é padrão em todos os seres e isso se chama a busca pela mais singela Felicidade. Como já dizia o velho Sócrates, todos os seres buscam a felicidade, desde o lixeiro ao médico, do pedreiro ao engenheiro, do turista ao visitado, enfim, todos querem ser felizes e, para isso levantamos todos os dias na esperança de ter um amanhã ainda melhor do que o nosso hoje, plantamos com o intuito de termos colheita, ninguém faz nada sem esperar o retorno. Edição nº 54 – Abril/2016

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No entanto, voltando à pergunta inicial, o que leva uma pessoa a viajar? Penso que podemos concluir que a busca pela felicidade é o motivo que leva as pessoas a viajar, mesmo a felicidade sendo algo tão relativo de pessoa para pessoa, todos a buscam, todas as desejam e, como a vida é feita de momentos, momentos felizes, momentos tristes, alegres, deprimentes e muitos outros, escolhemos um destino, uma cidade, um lugar para viver naquele momento a tão desejada Felicidade. Viver experiências novas nos torna mais felizes e libera nossa criatividade, nosso senso de ver o mundo e, como dizem os médicos, sorrir faz mais bem à saúde. Portanto, seja qual for a finalidade da viagem, busque a sua Felicidade!

Como citar: GONÇALVES, L.G.M. A finalidade de viajar. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.54, p. 4-5, abr. 2016. Edição nº 54 – Abril/2016

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ROMANCE DAS LETRAS

Betta Fernandes Escritora e Advogada E-mail: bettabianchi40@gmail.com A IMPORTÂNCIA DO MARKETING PARA SUA VIDA SOCIAL E PPROFISSIONAL

Uma estratégia bastante utilizada nos dias de hoje é o Marketing Pessoal como forma de destacar a atuação do profissional no seu meio, gerando a possibilidade de ascensão na carreira em andamento e gerando novas oportunidades. Segundo um artigo da Revista Veja que trata sobre o Marketing Pessoal, a ideia por trás da marca pessoal é valorizar o que cada um tem de melhor. Mas, ainda que seja possível produzir uma imagem positiva de qualquer pessoa, há uma regra universal: o conteúdo e a qualificação profissional são indispensáveis. Para Ballback e Slater (1990), Marketing pensa na administração e divulgação de uma imagem autêntica, única, com a qual um profissional se sinta bem e se pareça coerente aos olhos do público, que podem ser os colegas, os superiores hierárquicos e pessoas do meio social. O estudo relacionado ao Marketing Pessoal tem como justificativa principal a importância que esta ferramenta vem assumindo entre os profissionais de todas as áreas, inclusive na área bancária, especificamente com o objetivo de crescimento nas corporações e nas relações em geral. Visto que as empresas de hoje analisam muito mais do que sua experiência profissional. A preocupação com o capital intelectual e a ética são fundamentais na definição do perfil daqueles que serão parceiros e colaboradores. O marketing surgiu das necessidades dos mercados se adaptarem às constantes mudanças. Trata-se essencialmente de atividade organizacional que busca satisfazer a necessidade dos clientes. Dentre os inúmeros conceitos e definições atribuídos ao marketing, Philip Kotler Edição nº 54 – Abril/2016

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(2000) define: “Marketing é a função empresarial que identifica necessidades e desejos insatisfeitos, define e mede sua magnitude e seu potencial de rentabilidade, especifica que mercados-alvo serão bem mais atendidos pela empresa, decide sobre os produtos, serviços e programas adequados e convoca a todos na organização para pensar no cliente e atender ao cliente”. Ainda nas palavras de Kotler, Marketing é um processo social e gerencial pelo qual o indivíduo e grupos obtém o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com os outros. Alexandre Luzzi Las Casas ensina: “Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos da empresa ou indivíduos e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade”. Um dos fundamentos teóricos do conceito de Marketing é a teoria da escolha individual, formulada pelo economista clássico Adam Smith (1776), cujo pressuposto é que bem-estar da sociedade é o resultado da convergência entre interesses individuais do comprador e os do vendedor, por meio da troca voluntária e competitiva. Freire e Souza enumeram os quatros princípios que compõem esta teoria: 1)

As pessoas buscam experiência que valham a pena;

2)

A escolha individual determina o que vale a pena;

3)

Por meio da troca livre e competitiva, os objetivos individuais serão

realizados; 4)

As pessoas são responsáveis pelas suas ações e escolhem o que é melhor para

elas (princípio da soberania do consumidor). Nesse sentido, analisando os conceitos, pode-se dizer que o objetivo do marketing é conhecer e compreender o cliente muito bem, de modo que o produto, serviço (ou pessoamarketing pessoal) se ajuste e se venda por si próprio. Portanto, se tudo for feito de forma coerente com os ensinamentos de marketing, o sucesso de venda é apenas a consequência mais lógica e o destino mais previsível. Então sabemos que o marketing é o processo de planejar e executar a concepção de estabelecimentos de preços, promoção e distribuição de ideias, bens e serviços com o intuito de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais para busca de realização com o meio profissional, visando sucesso a ambas as partes da organização. A realização do Marketing Pessoal com profissional, no atendimento ao cliente em sua necessidade de consumo, é considerado marketing de relacionamento, onde desempenham serviços, dando uma proximidade maior entre funcionários e clientes. Edição nº 54 – Abril/2016

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Desta forma, as ações usualmente adotadas pelas empresas, podem ser adaptadas pelos indivíduos na condição de integrantes do mercado. A criação de uma consciência mercadológica para uso próprio, por profissionais, passa a ser fundamental para o desenvolvimento do Marketing Pessoal, que surge como forma de revalorizar as capacidades e a competência do homem.

Veja mais em:

Blog: bettafernandes.blogspot.com.br Twitter: @bettabianchi40 Facebook: Betta Fernandes

Como citar: FERNANDES, B. A importância do Marketing para sua vida social e profissional. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.54, p. 6-8, abr. 2016. Edição nº 54 – Abril/2016

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PSICOLOGUÊS

Luciano Afaz de Oliveira TRI-PSICO Psicólogo Clínico Particular (Piracaia) Psicólogo da Saúde Mental (Prefeitura Municipal de Piracaia) Psicólogo Home Care E-mail: lucianoafaz@gmail.com FALTA ETERNA “Somos seres desejantes sempre em busca de algo para tamponar a nossa falta a ser” (LACAN)

Costumo observar em meus atendimentos que muitos pacientes trazem queixas de um vazio constante eternamente, mesmo aqueles que dizem ter a vida ganha passam a reclamar que parece que falta algo, que às vezes nem sabem o que é. Mas este buraco ou vazio eterno faz parte da natureza humana e, como a frase citada logo na primeira linha, ao interpretarmos o que o saudoso Lacan nos quis dizer, vamos entender que sempre haverá uma falta. Vemos muitos casos em que os pais dão de tudo para seus filhos, para até compensarem suas ausências e, mais tarde quando percebem, seus filhos possuem um vazio interno que os distanciam cada vez mais. São nestes momentos que estes nos procuram para pedir auxilio e “consertar” o que foi quebrado. Outro exemplo de falta pode ser visto nas redes sociais, em que muitos criam nelas um mundo compensatório daquilo que existe de falta em seu mundo atual. Até personificam algo que não necessariamente si próprio. Isto pode em muitos momentos ajudar, pois cria uma “falsa” realidade que compense a dura vida que presenciam, mas até quando? Pois o vazio eterno é constante e se preenchido, logo criamos outro e outro... Basta termos consciência que não tem como lutar contra esta falta a ser e atuarmos

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para vivermos nossas vidas do melhor modo que puder ser vivido. Compreender que teremos momentos de queda, dificuldade, reveze e, em outros, conquistas, vitórias, alegrias, etc.

O simples fato de termos tempo para elaborarmos isto ajuda muito. Cabe às pessoas que sentem dificuldades de elaborar isto procurar ajuda de um profissional, de preferência da psicologia. Mesmo assim, que fique claro que a falta sempre existirá e o que nos resta é viver da melhor maneira que podemos.

Como citar: DE OLIVEIRA, L.A. Falta eterna. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.54, p. 9-10, abr. 2016. Edição nº 54 – Abril/2016

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O ANDARILHO DA SERRA

Diego de Toledo Lima da Silva Técnico/Engenheiro Ambiental, Andarilho e Cronista E-mail: diegoaikidojoa@hotmail.com

ROTA DOS VENTOS

Vencido pela Serra do Lopo alguns anos atrás, resolvi desafiá-la novamente. Meu companheiro de caminhada desistiu antes do amanhecer, com um telefonema inconveniente ainda durante a madrugada. Mais uma vez estava só por àqueles caminhos, solidão desafiada pelos sons da natureza e de meus próprios passos. Enquanto as vozes do interior clamavam pelo topo do morro, o movimento próprio do caminho ecoava ruídos pelas matas, campos e pinhais. Genuínos representantes da flora de altitude, manacás refletiam as cores da estação de outono, com suas manhãs e ventos gelados. A fria água brotava da encosta por fendas e caminhos muitas vezes tortuosos, claras como o céu do mundo, tão próximo da aba de meu chapéu. Os vários cenários rurais carregavam os olhos e a alma pela sua simplicidade, assim como a gente com moradia fixa nesta região. Gente decidida pelo isolamento e pelos ventos, na velocidade própria de um tempo antigo. A vastidão do horizonte trouxe as boas novas de um despertar vivo e cheio de histórias, com o sol acordando em Minas, suas eternas serras e morros gerais. No intervalo de algumas horas havia vencido o morro e atingido seu topo, sentindo o vento soprar no rosto no alto dos pensamentos e dos campos de altitude. Ao longe enxergava cidades, rodovias e o volume morto, este último um contraponto à vida que brotava nas terras altas da Mantiqueira. Segurando o chapéu e enfrentando a rota dos ventos, o visual sul ou norte era escolha incerta, dispersa em cada curva da velha estrada. Percorrendo suas linhas, palavras soltas e frases mal formadas discordavam dos pensamentos rotineiros.

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Após o retorno e com o passar das horas da tarde, já num sítio urbano na terra de São João, avistei o velho Gigante Adormecido, ralas nuvens e um por do sol alaranjado, finalmente compreendendo que o sol acorda em Minas, mas dorme em São Paulo...

Como citar: DA SILVA, D.T.L. Rota dos ventos. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.54, p. 11-12, abr. 2016. Edição nº 54 – Abril/2016

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COLCHA DE RETALHOS

Rosy Luciane de Souza Costa Professora, Historiadora e Pesquisadora E-mail: costarosyluciane@hotmail.com LUAR DO SERTÃO

Nos caminhos de caatinga mato adentro, passeia o gado, o vaqueiro e a quase esmaecida esperança de ver a chuva molhar o rachado chão. O Poeta compõe poesias; o cantor acorda os seus lamentos; a Ribançã solta o grito da tribo; papagaios e periquitos se recolhem em sinfonia diante da vermelhidão do sol no cair da tarde. O Tangedor de bode, suado, cansado da lida do dia, sacode o suado chapéu de couro, testemunho ocular das laçadas do gado e das cabras remoedeiras dos inchados umbus, que atapetam o enrugado solo sertanejo. Finda um dia de quentura, para iniciar uma noite de azulado frescor lunar. É noite de lua cheia. Noite dos lobisomens, caiporas e “causos”

temerosos

de

almas

penadas do além. A lua surge cor de prata, redonda e dependurada no claro céu sobre a morna caatinga. O céu estrelado lança faíscas de todas as cores, a milhões de quilômetros de distâncias e longe de Edição nº 54 – Abril/2016

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se imaginar, que em muitas vezes o que se vê é somente a explosão de uma estrela que já aconteceu a incontáveis anos. Céu azul do imaginável decifrador de veredas e bússola dos caminheiros de Jesus. E a constelação do Cruzeiro do Sul? E a do terço de Nossa Senhora? É um enxame de abelhas piscantes que se forma criando voltas, agrupamentos e letras alfabéticas, conforme o tamanho do amor e da paixão.

Se no céu do sertão tem tudo isso? Tem muito mais. Tem o romantismo, adivinhações e namoros, sonhos e cantorias de violas e carne seca, assada no calor de pequenas e improvisadas fogueiras, que rompe a cruaca da madrugada com farofa d’água, paçoca, uma cachacinha de lei ou licor caseiro. As esteiras de taboa se transformam em camas e agasalhos para os corpos vaquejadores, machucados pelos garranchos e espinhos da Faveleira. E de lá de longe, montado em um velho burro, um catingueiro desentoa o canto da lua nos versos brejeiros de Luar do Sertão:

Luar do Sertão

Catulo da Paixão cearense

Não há, ó gente, oh não Luar como este do sertão... Não há, ó gente, oh não Luar como este do sertão... Oh que saudade do luar da minha terra Lá na serra branquejando Folhas secas pelo chão Esse luar cá da cidade tão escuro Edição nº 54 – Abril/2016

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Não tem aquela saudade Do luar lá do sertão Se a lua nasce por detrás da verde mata Mais parece um sol de prata prateando a solidão A gente pega na viola que ponteia E ao cair da lua cheia A nos nascer do coração Se Deus me ouvisse com amor e caridade Me faria essa vontade, o ideal do coração: Era que a morte a descontar me surpreendesse E eu morresse numa noite, de luar do meu sertão.

Glossário Ribançã – ave cantadora característica do sertão que só voa em bando. Umbus – fruta da caatinga, que só floresce no mês de dezembro. Lobisomem – (entidade do folclore brasileiro) Filho que bate em mãe na sexta-feira da Paixão de Cristo, vira lobo, uiva e corre pela mata. Caipora – (entidade do Folclore brasileiro) Corpo de cachorro e cabeça de mulher. Protetora das matas, quando não é presenteada com fumo e mel pelos caçadores, ela bate nos cachorros, enlinha a crina do cavalo e atrapalha os seus caminhos; o caçador fica perdido. Cruaca - frio da madrugada. Paçoca – carne do sol desfiada e pilada no pilão de madeira, com farinha. Esteiras de taboa – planta de charco, que tem os caniços amarrados em molhos acolchoados. Faveleira – planta da caatinga, cheia de espinhos e folhas ácidas.

Como citar: COSTA, R.L.S. Luar do Sertão. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.54, p. 13-15, abr. 2016. Edição nº 54 – Abril/2016

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PALAVRAS E EXPERIÊNCIAS

Emily Caroline Kommers Pereira Escritora e Jornalista E-mail: myzinhacarol@gmail.com ÁRVORES, LIVROS E FILHOS

Esse é um pequeno texto que escrevi há alguns anos, meia década talvez. Leiam e prestem atenção aos sonhos aqui descritos: “Segundo dizem por aí mundo afora, só alcançamos a plenitude da vida depois que plantamos uma árvore, escrevemos um livro e temos um filho. Bom, a árvore eu já plantei, mais de uma inclusive, mas me falta ainda o livro e o filho. Se depender disso, acho que então a minha plenitude de vida ainda está um tanto longe. Ontem, na escolinha onde trabalho, uma amiga me perguntou se eu gostaria de escrever um livro, porque ela tem lido minhas postagens no blog e me disse que parecem com partes de livros, que escrevo bem, de uma forma bonita. Ótimo, gosto de que outros reconheçam que escrevo bem, é uma das coisas que mais gosto de fazer. Escrever me dá prazer, assim como ler. Mas ainda não escrevi nenhum livro, apesar de vontade não faltar. É fato que já comecei mais de um, minha última tentativa chegou ao 15° capítulo e ainda não está enterrada, um romance mal-sucedido foi concluído quando eu tinha 14 anos, por aí, mas não é grande coisa. Ai, quando ela me falou isso me deu uma vontade tão grande de voltar a tentar escrever um livro, rs. Se Deus quiser, ainda conseguirei um bom romance, publicarei, farei sucesso e meu nome estará na capa de um best seller!”

Quando escrevi isso, ainda não era secretária em uma igreja, mas monitora em uma escola de educação infantil. Muitas coisas aconteceram desde então. O Jornalismo entrou em minha vida e veio para ficar. Perdi o contato com essa amiga que me falou que escrevo bem. Ainda não escrevi um livro, ao menos não um romance. Contudo, meu Trabalho de Edição nº 54 – Abril/2016

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Conclusão de Curso foi um livro-reportagem do qual já falei aqui na Revista. Então, na atual conjuntura, creio que estou bem. Dos "sonhos" que não realizei, o livro é o que mais desejo. Ainda sonho com meu romance e mesmo que demore, ainda terei meu nome estampado na capa de um livro de ficção. Não precisa ser um best seller, essa visão eu mudei. Quero apenas que seja uma boa estória, apreciada por bons leitores, sejam eles quem forem. Quanto ao filho, preciso estar casada para isso, e, no momento, não tenho pretendente, só se me casar com o vento. De qualquer forma, não é uma boa ideia colocar outra criança no mundo. O mundo hoje não é um bom lugar, o Brasil está uma confusão política e econômica de dar medo e tristeza, sem falar nos problemas sociais. E tenho princípios de fé e valores que a sociedade atual inibiria. Sei que muitos pais são coagidos a deixar a educação "que vem do berço" nas mãos do Estado, e não quero que meu filho seja educado por valores e princípios que não são corretos e não condizem com minha fé. Os pais têm o direito e o dever de educar as crianças "no caminho em que devem andar". Mas na realidade em que vivemos, o Estado tem interferido cada vez mais e não quero isso para um filho meu. Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles - Provérbios 22:6

Como citar: PEREIRA, E.C.K.

Árvores, livros e filhos. Revista Eletrônica Bragantina On Line.

Joanópolis, n.54, p. 16-17, abr. 2016. Edição nº 54 – Abril/2016

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MEMÓRIAS

Susumu Yamaguchi Cronista e Andarilho E-mail: sussayam@gmail.com DO GESTO PRIMÁRIO

Linda desceu do ônibus e caminhou devagar pelas ruas de asfalto. Lembrava-se de um tempo em que as casas eram de madeira e as ruas, de lama e poeira; depois, umas e outras tinham sido jogadas para os limites da cidade. Mas ali, por onde agora viajava em cheiros antigos, ela brincara, brigara e chorara muito; e aprendera que a alegria era um exercício, praticado constantemente para não permitir a chegada da tristeza. − Filha, que bom que você veio! Linda abriu-se em sorrisos e abraços apertados. − Estava com ideia que você vinha hoje. E quando eu cismo, é valendo! A mãe falava de dificuldadezinhas corriqueiras. − Tenho de entregar essas roupas ainda hoje. Sorte é que não choveu. Linda ouvia. − Algum problema, filha? Linda esboça um meio-sorriso tranquilizador. − É que você está tão calada! − Nenhum problema, mãe. Linda sentada, a mãe passando roupa. − Hoje você vai ficar com a gente, não vai? − Não posso. − Mas amanhã é seu aniversário! Fica, filha, que eu vou fazer um bolo! Linda se levanta e olha pela janela. − Mas é o dela também. Tenho ódio dessa cidade! − Não fala assim, filha! Seu pai não ia gostar... Linda se volta e olha para um ponto além da mãe. − Sempre foi assim: todo mundo fazia festa, mas não era pra mim, era pra ela! Edição nº 54 – Abril/2016

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− Não, filha, não... − Amanhã vou fazer dezoito anos, e essa vagabunda também! É o feriado dela, hoje vai todo mundo farrear. E isso é ela também que me dá! − Mas você só pensa nisso? Linda olha para a mãe como se só agora a visse. − Não, mãe, lá a gente pensa em muita coisa. E sonha também. − Pois então, filha, fica! Só hoje! Linda custa a falar. − Não, não posso, mãe. − Mas Deus vai te ajudar a sair de lá, filha. − É, mas enquanto isso eu vou é me estrepando. − Não fala assim, filha! − Ele fica sempre lá na parede, pendurado, só me olhando. Um brocha, que é! − Não blasfema, filha! Cala essa boca, pelo amor de Deus!... Linda se espanta com a veemência da mãe. − Deus... Deus te quer muito bem, filha... Tanto, que te colocou no mundo ainda de madrugada. Você foi a primeira luz da festa, ninguém conseguia dormir naquela noite. Era uma agonia só, o povo esperando clarear pra ver a cidade nascer, mas quem chegou foi você, filha: tão pequenininha, tão magrinha! Acharam até que uma coisinha daquelas não ia vingar, mas você cresceu de teimosa, que nem essa cidade no meio do cerrado! Também, com a fé que existia nessa Cidade Livre, o que é que não crescia? O povo trabalhava o dia todo, de noite, de madrugada, com uma vontade que dava gosto de ver! E então, não era de botar fé nessa vida?

Margareth – margot.joaninha@hotmail.com

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Linda calada. − Ou será que o mal foi ter esperanças demais? Seu pai sempre falava: “minhas filhas, minhas esperanças!”. Queria comprar uns lotes lá no Plano. Ele trabalhava e sonhava muito, mas um dia caiu de um prédio em construção e acabou-se. Morreu com os olhos arregalados, espetado em barras de ferro. Acho que viu que seus sonhos eram tão fracos, coitado... fracos... fraquinhos... E foi falando assim, cada vez mais baixo, com um olhar que não via através do espaço e sim, do tempo. Linda sentiu vontade de guardar sua mãe em um abraço de vida e morte, mas não se mexeu. Deixou-a vagando em algum porto distante de sua viagem e foi embora. Caminhava agora dentro da tarde amarela que se refletia em seus olhos secos.

*

Já era quase noite quando Linda chegou ao Campo da Esperança. Ao escurecer, viu-se em frente ao túmulo do Presidente. Seu coração batia tão barulhento que teve medo de acordar os mortos. Rezou, acalmou-se. O Presidente e seu pai confundiam-se em uma mesma lembrança de sonhos antigos: através dos dias e longas noites eles se acercavam da prometida alvorada. Ela buscava uma imagem que pudesse ser – quem sabe? – a definitiva: límpida, brilhante, clara como a mais bela manhã! Sabia que seu pai estava ali, junto ao Presidente. Continuou a rezar. Houve tempo em que rezava por medo de assombrações, e agora elas apareciam porque ela rezava. Os fantasmas começaram a surgir trazendo um olhar de esperanças que a terra não comeu e um sorriso que um dia alimentou os sonhos de sua mãe e de todo um povo. Mas ela sabia que isso fora há muito tempo. Aos poucos a cidade trocou a sua gente por gente que nunca tocou a sua intimidade. E chegou um dia em que seus pés não puderam mais andar pela cidade como obra de suas mãos: a criatura renegava seus criadores. E Linda, sua gêmea, foi também banida: em vez de bailes de debutantes, a solidão do exílio. Mas no dia em que o Presidente morreu Linda não se deitou com ninguém, e nem suas companheiras. As portas de seus quartos não se abriram e tampouco as dos bares. Era dia de recolhimento, de acolhimento daquele que voltava ao pó do cerrado. E todos aqueles que um dia foram escorraçados invadiram a cidade e retomaram para si Superquadras, Eixos Rodoviário e Monumental, Esplanada dos Ministérios, Praça dos Três Poderes, sem que poder algum os afrontasse. Todo o poder agora emanava do povo e apenas por sua vontade era exercido. E assim, no mistério de encarnar a esperança mais uma vez ali presente, o árido solo de agosto do Planalto Central acolheu a semente primal e sua abundante primeira rega. Os fantasmas aproximaram-se e colocaram Linda no centro de uma roda. Ela se Edição nº 54 – Abril/2016

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levantou e olhou; olhou, e viu; viu, e soube; soube, e sorriu. Sorriu o sorriso que era o deles. Sentiu vontade de mergulhar para sempre em suas memórias, de dançar com eles até que chegasse aquela manhã que tanto perseguia, e que agora sabia que existira há muito, muito tempo...

*

Naquele imenso céu, a chuva finalmente completou o cerco e começou a cair de leve; naquela terra, ocupou todos os grandes espaços vazios da cidade; naquela noite, diluiu mornas manchas de sangue no asfalto da W/3 Sul; e naquele corpo, ainda tentou reanimar uma derradeira chama de vida. O jovem repórter local jamais saberá que Linda dançava com seus fantasmas na vigília por uma manhã que avermelhasse de vez o céu há muito tempo escuro de seu país. Talvez apenas consiga vislumbrar, no reflexo das gotas que continuam a cair, estranhas imagens que confundem sua mente. E quando o delicado conhaque aquecer sua alma e fechar seu dia, ele poderá ouvir distantes sussurros dentro de si. Olhará então rapidamente para a esquerda e não saberá se foi o vento, ou um mensageiro do tempo, que soprou em seu espírito. De qualquer modo, o jornal da manhã seguinte começará por estampar o item primeiro do Relatório do Plano Piloto de Brasília, de Lucio Costa: “Nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da Cruz.”

Depois, exaltará a maioridade da Capital que já se faz História, contará de novo histórias de sua construção e novas histórias de novos anônimos; e encerrará a matéria buscando um vaticinado desígnio da cidade para o seu povo: “Nasceu do gesto primário da vida aos vinte e um dias do mês de abril do ano de mil novecentos e sessenta, em Brasília, Distrito Federal, a sempre jovem e eterna Capital da Esperança. Seu nome, sua sina: Brasilinda Esperança da Silva.”

Como citar: YAMAGUCHI, S. Do gesto primário. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.54, p. 18-21, abr. 2016. Edição nº 54 – Abril/2016

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DIVULGAÇÃO Brasileiro afirma ter inventado solução para comunicação mais segura no trânsito

Sistema teria usabilidade muito mais simples do que smartphones usados separadamente e funcionamento possível em qualquer veículo

Você está dirigindo. O celular toca e uma ansiedade começa a te incomodar. Você dá tanta importância àquela ligação que decide acreditar que atendê-la poderia mudar os rumos de sua vida. E vai mesmo: você se acidenta, fratura a coluna e fica imóvel pelo resto da vida! Ou você está realizando uma manobra numa curva acentuada, mas não sabe que há pouco houve um deslizamento. Você consegue até consegue frear a tempo, mas o carro que vinha “chutado” atrás não... Para ajudar a diminuir acidentes causados por problemas no trânsito, nos veículos, e por causa do envio moroso de mensagens pelo celular, o inventor Paulo Gannam desenvolveu o “Sistema de Cooperação no Trânsito”. É um sistema eletrônico de comunicação instantânea que alerta, com botões que ativam frases curtas pré-gravadas, qualquer problema identificável num veículo e nas estradas. A comunicação é feita entre usuários que disponham do aparelho ou de um aplicativo para smartphone. Alguns exemplos de mensagens: “luz de freio/ré queimada”, “farol alto”, ”pneu murcho”, “emergência”, “porta entreaberta”, “pessoa doente no carro”, “acidente/animal/buraco à frente”, etc. “O aplicativo que desenvolvemos se diferencia, pois ele é o único que foi feito especialmente para interagir com o Comunicador, contendo mensagens de fácil envio, reconhecimento, comando de voz e GPS. Então tanto quem tiver apenas o Comunicador, quanto quem tiver apenas o APP, vai poder participar da comunicação e colaborar”, explica Paulo. De acordo com Gannam, o sistema desenvolvido é livre de intermediários e outras distrações. Por isso, ele acredita que possa ser de fato útil e condicionar os motoristas a ajudarem uns aos outros. “Com isso, a possibilidade de interação no trânsito e a criação de informações valiosas para consumidores, governos e empresas é potencializada”, afirma. Anualmente, são registrados cerca de 1,3 milhão de acidentes relacionados ao uso do celular. E 80% dos motoristas admitem que utilizam o aparelho enquanto dirigem. Outras estimativas apontam que 40 motoristas são multados a cada hora por usar o aparelho ao volante. Um estudo do Departamento de Transportes dos Estados Unidos apontou que quem digita mensagem de texto ao volante tem 23 vezes mais chances de sofrer um acidente. Uma Edição nº 54 – Abril/2016

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ligação aumenta o risco em seis vezes. Atualmente, Paulo está em busca de apoiadores. Com patente requerida em todo o território brasileiro, o inventor busca obter parceria entre empresas do setor automotivo, de tecnologia, telemetria e telecomunicações, para verificar viabilidades e lançar o produto no mercado.

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Outras invenções de Gannam Site: https://paulogannam.wordpress.com/ Email: pgannam@yahoo.com.br Linkedin: https://www.linkedin.com/pub/paulo-gannam/51/1b0/89b Facebook: https://www.facebook.com/paulogannam.inventionsseekinvestors Google+: https://plus.google.com/+PauloGannaminven%C3%A7%C3%B5es Twitter: https://twitter.com/paulogannam

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Perfil do Escritor

Paulo Gannam é formado em jornalismo pela Universidade de Taubaté e especialista em dependência química pela Universidade de São Paulo. Já teve alguns trabalhos nessas áreas (assessoria de imprensa, auxiliar em centro de recuperação de dependentes químicos e depois supervisor de Censo pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nos últimos 5 anos atua na criação, solicitação da patente, negociação e busca pela comercialização de produtos no mercado através de parcerias com empresas – tanto estabelecidas quanto emergentes. Hoje 70% do seu trabalho é focado na criação e desenvolvimento de novos produtos e sua apresentação a empresas. Nos 30% restantes atua com administração imobiliária.

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