Revista Eletrônica Bragantina On Line
Discutindo ideias, construindo opiniões!
Número 53 – Março/2016 Joanópolis/SP
Edição nº 53 – Março/2016
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SUMÁRIO Nesta Edição: - EDITORIAL – Equilíbrio ...................................................................................... Página 3; - LINHA DO TEMPO – A diversidade que conduz ao diagnóstico Por Helen Kaline Pinheiro ....................................................................................... Página 4; - COLCHA DE RETALHOS – Águas de março Por Rosy Luciane de Souza Costa ........................................................................... Página 6; - ROMANCE DAS LETRAS – Ansiedade, estresse e esgotamento Por Betta Fernandes ............................................................................................... Página 10; - A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA – Apropriação da atividade turística em ambientes naturais Por Leonardo Giovane ........................................................................................... Página 13; - PALAVRAS E EXPERIÊNCIAS – Há certo e errado na hora de fotografar? Por Emily Caroline Kommers Pereira .................................................................. Página 18; - O ANDARILHO DA SERRA – Impressões Por Diego de Toledo Lima da Silva ....................................................................... Página 21; - MEMÓRIAS – Penso, logo desisto Por Susumu Yamaguchi ......................................................................................... Página 23; - PSICOLOGUÊS – Um ano depois... Por Luciano Afaz de Oliveira ................................................................................ Página 27; - DIVULGAÇÃO – Release "A promessa e a fantasia" Por Dias Campos ..................................................................................................... Página 29.
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EDITORIAL
EQUILÍBRIO
Prezados leitores! Que tempos turbulentos! Quanta agonia... Quanto desagrado... Quanta falta de respeito... E eu aqui na praça dando milho aos pombos! O bêbado e o equilibrista, como nossos pais... Vai passar meu amigo, depois da tempestade vem o sol. Olha o sol, vem surgindo de trás das montanhas azuis, é o sol! Paz, serenidade e tolerância, meus bons camaradas!
Diego de Toledo Lima da Silva – Editor (17/03/2016) E-mail: revistabragantinaon@gmail.com
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LINHA DO TEMPO
Helen Kaline Pinheiro Estudante de Psicologia e jovem talento de Joanópolis E-mail: helenkpinheiro@gmail.com
A DIVERSIDADE QUE CONDUZ AO DIAGNÓSTICCO
Ao nos referirmos à educação podemos nomear uma lista de problemas e queixas que diversas áreas da sociedade. A excessiva preocupação em diagnosticar o aluno tem sido um dos fatores que desencadeiam os problemas educacionais e os professores que muitas vezes se sentem sozinhos com a tamanha responsabilidade de transmitir o conhecimento a uma grande diversidade de alunos. Muitas vezes a escola prefere atribuir a responsabilidade para o aluno, este é que tem o problema, a dificuldade de aprendizagem, o diagnóstico, alunos que em determinados casos podem apenas apresentar comportamentos e modos de aprender distintos do padrão uniforme atualmente estabelecido na sociedade. São crianças normais que são rotuladas, assim os espaços que deveriam ser destinados às crianças que realmente possuem de fato algum comprometimento se tornam cada vez mais escassos, tornando cada vez mais difícil o acolhimento e o atendimento para aqueles que verdadeiramente precisam. É a exigência de um modo determinado de ser que leva as pessoas a uma vida cada vez mais padronizada, ou seja, uma escolarização igual, para sujeitos diferentes. Nesse ponto observamos que a culpa não pode ser concentrada em um único indivíduo, porque não se pode desconsiderar todo o processo de escolarização. Segundo Charlot (2005), o acolhimento da diversidade cultural em uma escola para todos implica dois princípios funcionando ao mesmo tempo, o da diferença cultural e o da identidade dos sujeitos enquanto seres humanos, ou seja, os princípios do direito à diferença e do direito à semelhança.
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A escola é o lugar onde está presente toda a população, sendo assim há a coexistência das diferenças, onde o professor precisa dar conta de transmitir o conhecimento para todos. No entanto, assim começamos a nos deparar com os modos sutis de exclusão, com a falta de sentido da escola para o aluno, com a raridade de pessoas aptas para desempenhar a função de professor e com as inúmeras cobranças e criticas sendo direcionadas ao professor. Todavia, o olhar da escola precisa se voltar cada vez mais para o ser humano como sendo o recurso mais importante daquele ambiente, tanto para o aluno quanto para o professor, ambos portando limites e possibilidades a serem trabalhadas. Quanto à família e à escola, estas não podem se contentar com um diagnóstico, este que muitas vezes retira das pessoas a responsabilidade, a esperança, a criatividade para fazer com que aquele aluno consiga aprender. A diferença deve ser pensada a partir das semelhanças existentes, e para isso deve ocorrer a aprendizagem através dela se torna possível pensar na construção de um novo homem.
Referências MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso. COLLARES, Cecília Azevedo Lima. O lado escuro da dislexia e do TDAH. CHARLOT, Bernard. O professor na sociedade contemporânea: um trabalhador da contradição. LIBÂNEO, José Carlos. O dualismo perverso da escola pública brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres.
Leia mais no Blog: http://helenkaline.blogspot.com.br/ Como citar: PINHEIRO, H.K. A diversidade que conduz ao diagnóstico. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.53, p. 4-5, mar. 2016. Edição nº 53 – Março/2016
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COLCHA DE RETALHOS
Rosy Luciane de Souza Costa Professora, Historiadora e Pesquisadora E-mail: costarosyluciane@hotmail.com ÁGUAS DE MARÇO
Em meio a rezas e promessas, palmas foram ouvidas nas margens beira-rio. A sede e a fome que até então assolara o vale Sanfranciscano, permitia-se navegar em novas águas que, de tão barrentas, assombrava a população com a possibilidade de mais uma cheia. Credo em cruz, alguém se benzia querendo afastar essa temível hipótese. Diria o canoeiro que seca é uma peste que nenhum filho de Deus se candidate a experimentar; água demais também é um acúmulo de doenças e desespero. (Acervos de Jairon Oliveira)
Praça Desembargador Monteiro (Praça da Igreja), em 1926. Edição nº 53 – Março/2016
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Rua Dr. Juvêncio Alves, em 1926.
Corre gente para um lado e leva as tralhas para o outro. Cadê a casa de taipa que construí um dia? A enchente levou. Cadê o povo das Ruas de baixo? O medo foi tamanho que se mudou. Cadê a história das cheias do Rio de Francisco de Assis? Está registrada nos livros e fotografias. Então o rio mandou dizer ao barranqueiro que está com saudades e também se sentindo preguiçoso. As usinas no decorrer do seu leito não permitem que ele corra, faça exercícios. Que maldade! O rio está freado, dizia o mergulhador Jazon; não corre mais como um cavalo brabo. E as barcas primeiras que levavam 12 homens na sua Tolda, viram o rio enfraquecer. Diziam as pioneiras Barcas Emas ou Tapa-de-gato: Se não tem mais cheias, nos recolheremos ao estaleiro ou nas páginas dos livros/documentais; o rio não precisa do nosso serviço. Puro ciúme de barqueiro do remo, diante do surgimento de barcas a motor ou à vela. (Pintura de José Lanzellotti)
“Ema do São Francisco”. Da Revista Manchete, de 12 de junho de 1971. Edição nº 53 – Março/2016
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Barqueiros, canoeiros ou remadores, três distintas denominações de uma única família. Os bandeirantes das águas perenes do São Francisco; os bandeirantes destemidos que fizeram trilhas nas águas de março a dezembro; os bandeirantes que avivaram a história do rio, suas lendas e formação étnica do seu povo beiradeiro. Escritores haverão de propagarem “causos” e certezas propagadas das secas ou cheias de março. E Juazeiro exultou com a vinda das águas de Minas Gerais. Xou fome, xou sede; o rio voltou caudaloso e também barrento. Seguindo seu percurso transporta baronesas (vegetação aquática), cobras e jacarés. Sorrisos minha gente, Sobradinho abriu suas comportas. Diante dos temores do povo, os mais ansiosos perguntavam: Será que saiu do vermelho? O outro de espreita respondia: Não duvidem; o tanto de água que vem ai está parecendo com as cheias de 1949 ou 1979? A prudência chamava atenção para os exacerbados agouros (previsões maléficas). Só porque as águas estão subindo vocês já estão imaginando tragédias? Eita povo assombrado! Pode até não ser; mas gato escaldado tem até medo, de água fria.
(Acervo da F.M.R.S. F.)
Vapor Barão de Cotegipe – O apito mais sonoro que já ecoou na carreira do Rio São Francisco.
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E o santo rio de Francisco, o rio dos vapores, das canoas e paquetes, não parou de correr, de levar e trazer notícias das cabeceiras das Gerais, como um pombo correio fluvial. E como quem um dia foi majestade, toda a vida será, retorna ao seu leito embalado pelas águas de março, dengoso e sonolento festejando a fartura instalada nas suas margens fertilizantes.
O Rio da Integração Nacional, o Nilo brasileiro, o Chicão ou Chiquinho, voltou carregado de bênçãos para o esperançoso ribeirinho.
Como citar: COSTA, R.L.S. Águas de março. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.53, p. 6-9, mar. 2016. Edição nº 53 – Março/2016
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ROMANCE DAS LETRAS
Betta Fernandes Escritora e Advogada E-mail: bettabianchi40@gmail.com ANSIEDADE, ESTRESSE E ESGOTAMENTO
São termos de uso corrente entre as pessoas participantes daquilo que se chama vida moderna. Ninguém gosta de pensar na Ansiedade, no Estresse, no Esgotamento ou na Depressão como sendo formas de algum transtorno mental, é claro. Isso pode parecer muito próximo do descontrole, da piração ou da loucura e, diante da possibilidade de sermos afetados,
pelo
menos
alguma
vez
na
vida,
pelo Estresse,
pelo Esgotamento ou
pela Depressão, então será melhor não considerá-los como formas de algum transtorno emocional. Devemos considerar o Estresse uma ocorrência fisiológica e normal no reino animal. O Estresse é a atitude biológica necessária para a adaptação do organismo a uma nova situação. Em medicina, entende-se o Estresse como uma ocorrência fisiológica global, tanto do ponto de vista físico quanto do ponto de vista emocional. As primeiras pesquisas médicas sobre o Estresse estudaram toda uma constelação de alterações orgânicas produzidas no organismo diante de uma situação de agressão. Fisicamente o Estresse aparece quando o organismo é submetido a uma nova situação, como uma cirurgia ou uma infecção, por exemplo; ou do ponto de vista psicoemocional, quando há uma situação percebida como de ameaça. De qualquer forma, trata-se de um organismo submetido a uma situação nova (física ou psíquica), pela qual ele terá de lutar e adaptar-se, consequentemente, terá de superar. Portanto, o Estresse é um mecanismo indispensável para a manutenção da adaptação à vida, indispensável à sobrevivência.
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9 dicas para evitar o estresse 1 – Pratique atividades externas Nada de virar um "escravo" do seu trabalho. Pratique atividades físicas, trabalhos voluntários e qualquer tipo de atividade externa que tire o seu foco do emprego e o faça se distrair. 2 – Ouça música Se o seu escritório for muito barulhento e isso o deixar estressado, pergunte ao seu chefe se você pode ouvir músicas durante o expediente. Apresente os seus motivos e diga que você acredita que fará um trabalho melhor. Ele dificilmente negará o seu pedido. 3 – Não passe da hora Se o seu trabalho já é estressante, porque ficar ainda mais tempo nele? Cumpra suas atividades dentro do prazo estipulado e vá embora. Faça horas-extras apenas quando necessário. 4 – Reserve um tempo para divagar Acredite: isso é possível. Planeje o seu dia e reserve um tempo para divagar em seus pensamentos, que, obviamente, deverão ser positivos. Vale planejar as suas férias, pensar no final de semana, pesquisar lugares para sair com amigos... Tudo que o faça se sentir menos pressionado é válido. 5 – Afaste-se de colegas ruins Grande parte do estresse que sentimos no trabalho é ocasionada pelo ambiente. Se você tem colegas de trabalho negativos, chatos ou que o fazem se estressar com facilidade, comuniquese apenas basicamente com eles. Não permita que pessoas assim entrem efetivamente na sua vida, caso contrário o seu estresse aumentará ainda mais. 6 – Se necessário, mude de emprego Por mais dicas que possamos lhe dar sobre manter a calma no emprego, não tem jeito: se você não gostar do trabalho, dificilmente conseguirá olhá-lo sob uma perspectiva menos negativa. Portanto, se o seu estresse estiver fora de controle, procure por outra atividade. Talvez um emprego novo e novos ares o ajudem a reequilibrar o seu emocional. 7 – Não coloque lenha na fogueira Seu chefe está gritando com você? Um cliente está berrando no telefone? Não perca a paciência, e nem fique totalmente quieto. Pessoas que estão muito irritadas tendem a ficar Edição nº 53 – Março/2016
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ainda mais bravas quando sentem que estão sendo ignoradas. Ao invés de gritar mais alto ainda, diga frases como: “eu entendo” e “estou te ouvindo”. Usar frases neutras para mostrar que você está prestando atenção e sem piorar ainda mais a situação é a melhor forma para acabar essa situação o mais rápido possível. 8 – Mantenha uma expressão neutra Manter-se neutro é a chave para contornar o estresse. Por mais que, por dentro, você esteja querendo berrar com todo mundo, mantenha uma expressão neutra no rosto. Não tente sorrir ou fingir que nada está acontecendo, porque isso irá deixá-lo ainda mais irritado e frustrado. Não influenciar negativamente nem positivamente uma situação é a chave para alcançar o bem estar. 9 – Dê respostas vagas Se alguém perguntá-lo diretamente qual é a sua opinião sobre um assunto, ou como você irá solucionar um problema, seja o mais imparcial possível. Diga que você está se esforçando para resolver a situação e que está esperando por diretrizes dos seus superiores. Não diga que você não sabe o que fazer ou que uma situação não é da sua alçada: isso só deixará as pessoas ainda mais irritadas
Veja mais em:
Blog: bettafernandes.blogspot.com.br Twitter: @bettabianchi40 Facebook: Betta Fernandes
Como citar: FERNANDES, B. Ansiedade, estresse e esgotamento. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.53, p. 10-12, mar. 2016. Edição nº 53 – Março/2016
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A ARTE DO TURISMO E DA HOTELARIA
Leonardo Giovane M. Gonçalves Técnico em Hospedagem e Graduando em Turismo E-mail: leonardo.giovane@hotmail.com APROPRIAÇÃO DA ATIVIDADE TURÍSTICA EM AMBIENTES NATURAIS
A atividade turística tem sua vertente principal na apropriação da atratividade dos destinos, seja ela inserida no meio ambiente natural ou urbano. No meio ambiente natural, em especial, a atividade necessita de um enfoque cauteloso, versando sobre o impacto da visitação, bem como os rastros deixados por seus visitantes. Nesta conjuntura o objetivo deste paper position é realizar uma explanação argumentativa sobre a atividade turística desordenada no meio natural, assim como as suas características e sua apropriação, tendo como objeto de estudo o Parque da Cachoeira dos Pretos, situada na Estância Turística de Joanópolis/SP. A Estância Turística de Joanópolis insere-se em uma Área de Proteção Ambiental (APA) Piracicaba/Juqueri Mirim e, situa-se no estado de São Paulo, sendo pertencente a Região Bragantina e município limítrofe de Piracaia/SP, São José dos Campos/SP Vargem/SP, Estrema/MG e Camanducaia/MG (LIMA, 2008, p. 19). O município possui dois geossistemas, Mares e Morros e Mantiqueira, é caracterizado por possuir belíssimas paisagens, bem como inúmeros atrativos naturais e, além disso, possui traços e manifestações culturais arraigadas dado o seu histórico de constituição (LIMA, 2008, p. 20). Dentre seus inúmeros atrativos, o Parque da Cachoeira dos Pretos destaca-se por ser o principal atrativo turístico natural da Estância Turística. Com cerca de 154 metros de queda d’agua a cachoeira forma em seu percurso inúmeras piscinas naturais propícias para banho e Edição nº 53 – Março/2016
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contemplação e além disso, o Parque, por sua vez possui ampla infraestrutura de apoio ao turista, bem como sanitários, estacionamento, quiosques, restaurantes, lojas e outros bens e serviços (SOLHA, 2003, p. 98). O Parque da Cachoeira dos Pretos situa-se a 18 km do centro de Joanópolis, o acesso é feito por uma via que foi pavimentada no ano de 2007. Inserido em uma propriedade particular, a porção na qual localiza-se a Cachoeira dos Pretos faz parte de uma Unidade de Conservação, caracterizada por uma Área de Proteção Ambiental, ou seja, permite o uso sustentável do espaço (SOLHA, 2003, p. 88). Dado a potencialidade atrativa do parque, inúmeros turistas visitam com intuito de desfrutar de sua beleza cênica, mas sobretudo refrescar-se em dias de ensolarados de temperaturas altas. Destarte, o município atrai correntes relevantes de turistas nos fins de semanas, feriados e férias. Entretanto, observa-se que o Parque da Cachoeira dos Pretos possuí uma ocupação turística desordenada, a começar pelos serviços turísticos existentes no local, como por exemplo o restaurante intitulado “Restaurante Cachoeira” ter sido construído a pouco menos de 5 metros do rio cachoeira. O perfil dos turistas, em sua maioria, diverge dos princípios ecoturísticos. Uma vez que dado a massificação do ambiente, os turistas procuram os espaços com o intuito de usufruir do espaço para banho e fazer uso dos outros bens e serviços existentes no Parque (MASSA, 2012). O ecoturismo surge como uma atividade intitulada de não-predatória da sua base principal de recursos que é a natureza e, assume a alternativa de geração de renda para as comunidades que são dependentes dos recursos naturais, mas, que fazem uso de modo a não prejudicar o ambiente e, tem como principal vertente a contemplação da paisagem (PIRES, 2012, p. 74). Desta forma, os turistas que visitam o ambiente natural da cachoeira não possuem a preocupação em minimizar seus impactos e, também, não buscam refletir sobre a ocupação desordenada existente no ambiente e os impactos negativos que a atividade turística pode estar ocasionando a curto, médio e longo prazo. Além dos impactos negativos que estes turistas ocasionam no ambiente natural, bem como o pisoteio da vegetação e a produção de lixo que acaba sendo deixada no local, cabe ressaltar, que as condutas de alguns turistas são imprudentes quando se refere aos riscos existentes na Cachoeira dos Pretos (BUNI, 2015). Por conta da massiva visitação na parte baixa da cachoeira ou talvez pelo espirito aventureiro de alguns visitantes, a Cachoeira dos Pretos apresenta alguns riscos de acidentes para os visitantes mais exploradores, uma vez que dado a altitude de cachoeira, bem como a presença de briófitas nas rochas, por conta da umidade, as rochas ficam escorregadias, Edição nº 53 – Março/2016
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ocasionando assim quedas dos menos atentos. A ocupação massiva também aumenta o risco de acidentes, isso porque as pessoas ficam sentadas nas rochas e impedem que outras pessoas se apoiem para transitar no espaço, ou seja, ao ocupar caminhos mais acessíveis restam aos demais turistas os caminhos mais íngremes e perigosos de acesso a cachoeira. Os riscos de queda por conta da imprudência e pela ocupação descabida do ambiente natural apresentam-se como fatores corriqueiros dos dias de alta temporada. Entretanto, o Parque da Cachoeira dos Pretos também foi palco de acidentes fatais. Cerca de vinte e três pessoas, entre idosos, adultos, adolescentes e crianças já morreram ao tentar explorar os lugares menos apropriados da cachoeira. Uma parte considerável dos acidentes fatais ocorreram na parte alta da cachoeira, por conta da imprudência dos visitantes que não respeitaram os limites do ambiente natural (LEITE, 2014). O risco de acidentes, bem como a visitação desordenada ocorrente no Parque da Cachoeira dos Pretos e a falta de segurança, resultou em uma nota do poder público municipal de Joanópolis que dissertou no site Portal Serra da Mantiqueira que não recomenda a visitação na Cachoeira dos Pretos, sendo que este é o principal atrativo que mais recebe fluxos turísticos e movimenta a economia da Estância Turística (BUNI, 2015). Deste modo, levando em consideração a apropriação do ambiente natural pelo turismo, é possível afirmar que os turistas que frequentam o Parque da Cachoeira dos Pretos estão isentos de políticas de mínimo impacto e, sobretudo, não prezam em respeitar os limites do meio natural, características essas que refletem na personalidade do atrativo, ou seja, as condutas dos visitantes transformam o local. Assim, deve-se prospectar cenários nos quais os turistas sejam conscientizados para entrar no meio natural e não o meio natural alterado para receber os turistas. Basicamente, entende-se que a transformação não deve ocorrer no espaço natural, mas sim na consciência dos turistas que visitam (PESSOA e RABINOVICI, 2010, p. 109). A conscientização, por sua vez, pode ser realizada por meio de ações de Educação Ambiental, versando sobre os princípios do leave no trace e salientando a importância da preservação e do uso sustentável dos recursos naturais de tal modo que o uso no presente não altere o uso no futuro. Portanto, embasado na apropriação de uso turístico do Parque da Cachoeira dos Pretos, entende-se que a forma em que o destino é utilizado poderia e pode ser transformada a partir de ações de Educação Ambiental com os seus frequentadores, pois são os mesmos que transformam a localidade. Além da Educação Ambiental visando o uso alternativo do Parque, a mesma pode ser utilizada para prevenir os visitantes em relação aos riscos de acidentes existentes. Assim, bem como ocorre no Parque da Cachoeira dos Pretos, muitas das ocupações Edição nº 53 – Março/2016
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predatórias de turistas nos ambientes naturais podem ser interpretadas pela falta de conscientização ambiental de seus frequentadores, ou, por simplesmente falta de gestão e fiscalização dos órgãos competentes.
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Referências BUNI, C. Prefeitura de Joanópolis busca melhor segurança e menor impacto ambiental na temporada de verão na Cachoeira dos Pretos. Portal da Serra da Mantiqueira. 11 de mar. de 2015. Disponível em <http://www.portalserradamantiqueira.com.br/prefeitura-dejoanopolis-busca-melhor-seguranca-e-menor-impacto-ambiental-na-temporada-de-verao-nacachoeira-dos-pretos/#comment-396> Acesso em: 03 de jan. 2016. LEITE, L. Final de ano no camping do Zé Roque. A gente vai de mochila. 15 de jan. de 2014. Disponível em <http://agentevaidemochila.blogspot.com.br/2014/01/final-de-ano-nocamping-do-ze-roque.html> Acesso em: 03 de jan. de 2016. LIMA, R. T. de. Percepção e cognição de problemas urbanos por adolescentes de Joanópolis. Rio Claro: Unesp, 2008. MASSA, K. Escalaminhada na Cachoeira dos Pretos. Mochileiros. 22 de dez. de 2012. Disponível em <http://www.mochileiros.com/escalaminhada-da-cachoeira-dos-pretosjoanopolis-sp-t77055.html> Acesso em: 03 de jan. de 2016. PIRES, P. dos S. Um contexto para o ecoturismo. In: __________. Dimensões do ecoturismo. Senac: São Paulo, 2002, p. 29-77. PESSOA, M. A; RABINOVICI, A. Inserção comunitária e as atividades do turismo. In: NEIMAN, Z; RABINOVICI, A. (Org.). Turismo e meio ambiente no Brasil. Barueri: Manole, 2010, p. 105-123. SOLHA, K. T. (org.). Plano diretor de desenvolvimento turístico de Joanópolis. Prefeitura Municipal de Joanópolis. Joanópolis: USP, 2003.
Como citar: GONÇALVES, L.G.M. Apropriação da atividade turística em ambientes naturais. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.53, p. 13-17, mar. 2016. Edição nº 53 – Março/2016
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PALAVRAS E EXPERIÊNCIAS
Emily Caroline Kommers Pereira Escritora e Jornalista E-mail: myzinhacarol@gmail.com HÁ CERTO E ERRADO NA HORA DE FOTOGRAFAR?
Caros leitores, O texto que se segue foi produzido por mim, com base em outro texto, chamado “O resgate da ética no fotojornalismo: a banalização das imagens nos meios de comunicação”, de Erivan Morais de Oliveira. Espero que possam ler e desfrutar desse conhecimento, que é de grande valia. A fotografia é tão comum hoje em dia, tão banalizada. Estão presentes em todos os lugares, de celulares e tablets a jornais e revistas. Mas o questionamento fica: o que se pode ou não fotografar? O que é ético? Até mesmo as imagens veiculadas pela mídia são questionadas muitas vezes, em relação à integridade, à ética, ao respeito e à veracidade do fato fotografado. Não se pode confiar totalmente, ainda mais com os programas de edição e as facilidades que existem atualmente. Além disso, o pedido “manda nudes” se tornou espécie de viral, e acontece com alguma frequência o vazamento de fotos íntimas de celebridades e pessoas comuns. Isto acaba se tornando motivo de processos, batalhas judiciais e muita controvérsia. Como jornalista, analisei mais a fundo a questão voltada para o Fotojornalismo, contudo a manipulação e o uso de imagens pode render assunto para outros dois ou três artigos. Embora as fotografias não possam mentir, os mentirosos podem fotografar (Lewis Hine) e a fotografia mente sempre, importa saber o que podemos fazer com esta mentira (Joan Fontcubuerta) são duas frases aparentemente contraditórias. Foram proferidas com quase um século de distanciamento uma da outra, por dois fotógrafos que viviam realidades diferentes (o primeiro era americano, o segundo, catalão). Mas pergunta-se até que ponto elas Edição nº 53 – Março/2016
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constroem mesmo uma contradição em si. Em tempos de fotografia digital, a cada dia a manipulação e a edição de imagens se tornam mais comuns. Não é preciso ser fotógrafo profissional ou fotojornalista para saber lidar com programas estilo Photoshop e modificar as fotografias feitas por um fotógrafo amador em um fim de semana, por exemplo. Contudo, a edição de imagem não vem de hoje, com todo o avanço tecnológico que presenciamos, mas agora é muito mais fácil de ser executada e é utilizada com frequência. Assim, muitas vezes o respeito ao leitor e à pessoa fotografada acaba sendo deixado de lado. A fotografia digital facilita a vida do fotojornalista com a praticidade e a velocidade em captar imagens. Há, também, a facilidade de armazenamento das imagens. Por outro lado, esta mesma facilidade existe na hora de apagar fotos e, muitas vezes, excluir fatos. “...devemos ter como alerta suas limitações (da foto digital) para evitarmos problemas...” (grifo meu). Neste momento, o autor do artigo cita um caso de exclusão indevida de imagens por um veículo de comunicação do Rio de Janeiro. No correr do texto, Oliveira reforça esta ideia da exclusão de imagens, dizendo que “as imagens digitais podem ser facilmente apagadas, o que não ocorria com os negativos”. No passado, quando só havia máquina analógica, o fotógrafo tirava fotos e, para atestar a qualidade ou não delas, precisava esperar até que o negativo fosse analisado. Hoje, com as câmeras digitais, é possível tirar uma foto, ver se “está boa ou não” e apagar ali mesmo, sem muito critério, o único crivo é o do fotógrafo. Esse comodismo que há, no qual o fotógrafo pode censurar instantaneamente as fotos que levará ou não para o editor de imagens, acaba sendo prejudicial na hora de arquivar essas fotos. Afinal, “quando se apagam imagens sem o total conhecimento dos acontecimentos, pode-se estar apagando as imagens mais importantes”. Além do caso da foto apagada no jornal do Rio de Janeiro somente para desocupar espaço no arquivo virtual do jornal, Oliveira cita o caso de displicência, com os fotografados e com a legislação do país na época, do jornal O Globo. Em uma foto que originalmente mostrava três operários, na foto editada apareceu apenas um. Não só isso, mas a foto dos operários foi tirada pelo fotógrafo Maurício Lima para a agência francesa AFP (Agence France Press). Contudo, a lei Out-Brazil, existente então, “impedia a utilização pelos jornais brasileiros de fotografias produzidas no Brasil pelas agências de notícias internacionais”. Outro caso citado é da fotografia com dois autores. O fato é que a foto de capa de uma edição da Folha de São Paulo e de uma página interna na edição do mesmo dia do Jornal da Tarde, embora creditadas para fotógrafos diferentes, foram constatadas como a mesma, saída da mesma máquina. Num acerto antiético entre os dois fotógrafos, Oslaim Brito saiu como autor da foto que, como a outra, fora tirada por Alberto Takaoka. Estes três problemas envolvem a falta de ética de muitos fotojornalistas, especialmente Edição nº 53 – Março/2016
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agora com os avanços da tecnologia, mas já antes, quando havia somente fotografias analógicas. Em busca de seguir interesses específicos ou firmar conceitos sobre determinado assunto, o fotógrafo ou o editor acaba cometendo deslizes que podem perpetuar por muitos anos e refletir negativamente no fotojornalismo como um todo. Voltando às frases citadas no primeiro parágrafo, pode-se notar que não há contradição, mas duas verdades que se sobrepõem. A fotografia é mentirosa? O fotógrafo o é? Ou é mentiroso o editor? São questionamentos que surgem ao lidarmos com este mundo de imagens. É a ética que deve os pautar, o respeito por quem verá a fotografia (leitor) e por quem está na fotografia (fotografado). Só assim a foto não será mentirosa, nem quem a fez, nem o editor que a elegeu. Ela será uma fotografia sincera e eticamente correta.
Como citar: PEREIRA, E.C.K. Há certo e errado na hora de fotografar? Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.53, p. 18-20, mar. 2016. Edição nº 53 – Março/2016
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O ANDARILHO DA SERRA
Diego de Toledo Lima da Silva Técnico/Engenheiro Ambiental, Andarilho e Cronista E-mail: diegoaikidojoa@hotmail.com
IMPRESSÕES
O sertão de Juazeiro ficou como uma miragem em sua mente, tomada por sentimentos longínquos de sua amada terra. Desembarcou na pequena rodoviária e subiu o morro em direção à praça central, onde São João saudou sua nova visitante. Retribuiu com um olhar incrédulo da beleza daquela igreja, localizada aos pés da serra. Olhou o horizonte e viu um gigante deitado em berço esplêndido, num sono eterno que só os deuses têm direito. Sorriu para o céu, acreditando ter chegado ao paraíso... Da sombra de uma sibipiruna viu descer um fusca das bandas orientais, recepcionando-os com um caloroso abraço nordestino e um punhado de presentes. O andarilho sorriu, precursor daquele encontro pelas suas andanças afora. Em sua memória, uma terra de muitas histórias, no rumo da Guerra de Canudos. Lampião e Maria Bonita eram os autores daquela obra do destino, ou seria Euclides da Cunha?
"A maioria dos soldados nem devia ser nascida na época em que o cearense Antônio Vicente Mendes Maciel começara a peregrinar pelos sertões do norte, construindo e reformando igrejas, levantando muros, limpando e pintando cemitérios, fazendo aguadas e pequenos açudes, pregando e aconselhando. Mas eles tinham ciência de que seus acompanhantes haviam aumentado para milhares de devotos, que já tinham derrotado várias diligências policiais encarregadas de prendê-lo, e que agora deviam confrontá-los no sertão e destruir a ameaça de invasão a Juazeiro. Essa situação teria se originado da não entrega, por má-fé, de madeiras adquiridas por Antônio Conselheiro para a igreja nova de Canudos, e como ele tinha afirmado que as buscaria à força, as autoridades da cidade pediram proteção militar. “Depois inventaram histórias, disseram que mandaram as madeiras pelo São Edição nº 53 – Março/2016
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Francisco para que eles as pegassem lá embaixo, mas que elas teriam ficado presas em alguma curva do rio”, disse Rosy Luciane mostrando um novo aspecto, pelo menos para mim, desse episódio que precipitou uma sucessão de acontecimentos inimagináveis. E que marcou o início da fase de extermínio de uma luta que vinha desde muito tempo." (*)
Por um momento se esqueceu dos detalhes, num retalho do tempo percorreu as ruas da cidade de pedra. Entre suas subidas e descidas, apontava verdades e mentiras que só a eternidade seria capaz de comprovar ou desmentir. O nublado do céu denunciava mais uma tempestade de verão, despediu-se dela e retornou ao isolado pico daquela serra. Ela permaneceu aos pés da serra, observando àquelas luzes noturnas no alto da velha Mantiqueira, imaginando o local e sua paisagem. Mas em suas noites de sono o sertão de Juazeiro segue como o mais belo dos sonhos, conduzido pelas águas do rio São Francisco...
___________ (*) Susumu Yamaguchi - E foge o ar - Link: https://pt.scribd.com/doc/128930572/E-foge-o-ar
Como citar: DA SILVA, D.T.L. Impressões. Revista Eletrônica Bragantina On Line. Joanópolis, n.53, p. 21-22, mar. 2016. Edição nº 53 – Março/2016
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MEMÓRIAS
Susumu Yamaguchi Cronista e Andarilho E-mail: sussayam@gmail.com PENSO, LOGO DESISTO
Sentado em uma pedra na crista da serra do Marimbondo, tenho à frente o vale do rio Preto a mais de mil e duzentos metros abaixo. Poucos quilômetros atrás, o pico das Agulhas Negras alcança 2.787 metros de altitude; à direita, próximo, o alto do Marimbondo guarda para si a visão do vale do Paraíba; e à esquerda, em Aiuruoca, distante, a serra do Papagaio exibe os cocurutos de seu perfil. A descida abrupta para o vale do rio Preto é feita por uma trilha conhecida como Mata-cavalo, que sai na estrada que sobe de Visconde de Mauá para Maromba junto a uma antiga casa de fazenda. Mas não me movo de minha pedra; apenas minha mente faz um reconhecimento da trilha sem, no entanto, cruzar com imagens que sobem de manso das profundezas e alcançam-me aqui no alto. Neide viu que pessoas desciam a cachoeira do Escorrega da Maromba de bruços ou de costas, em pé ou sentadas, e disse: “Vou lá!...”. Na manhã ainda fria ela entrou no rio, sentouse no alto da pedra e desceu com as águas. No leve ressalto que marca o terço final da descida ela deslizou de lado e quase se desequilibrou, mas logo retomou a postura e mergulhou na água profunda ao final da rampa de pedra. O que quase percebemos ali: no instante em que ela pareceu se desequilibrar, foi apenas a ação do tempo manifestado que nos deu aquela impressão. Todo movimento fora suspenso, desde o fluxo das águas, o correr do tempo, até nosso olhar tão assustado. Neide não escorregava através do Escorrega da Maromba – ela dançava parada no ar, ainda que não o soubéssemos. E, incertamente, nem mesmo ela. Contem-plo o rio que corre parado e a dançarina de pedra que evolui. (*)
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A crista do Marimbondo faz parte da borda do platô das terras altas do maciço de Itatiaia e marca o começo do descenso para a vida no vale. Mas não desço; continuo sentado aqui e acompanho o sobrevoo de meu olhar, que paira por um instante sobre os minúsculos sinais de Mauá e depois vai até o distante pico da Pedra Selada. De lá, volta pela direita por sobre a crista da serra da Pedra até me encontrar novamente. Meu olhar retorna após cobrir as cabeceiras dos formadores direitos do rio Preto, passa por mim e prossegue para os da esquerda através da crista da serra Negra até o distante alto do Mirantão, que já engloba as nascentes do rio das Flores. Pronto: o meu vale sonhado e composto está criado; fora dele, à direita, além das cristas que desenham horizontes, o mundo pensado existido está isolado. Acima deles, agora, meu olhar é o que os une. Mas estou aqui no alto e também lá embaixo – entrando e saindo do vale do rio Preto. Por Penedo, pela serra da Pedra, por primícias. Pelo Registro, pelo Abrigo Rebouças, pela serra do Marimbondo. Pela serra Negra, pela serra da Colina, por Itamonte. Por Mirantão, por Alagoa, pelo vale do Matutu. Pelo baixo, pelo alto; por tal vale, por qual montanha. Aqui, ali, acolá. Completa – mente, sem metas, sentado não tenho sido: eu sou; não serei, nem fui. (*)
Agora, aqui no alto, chegam outras imagens que sobem e bolem minha mente: a rampa azul vazia de asas-deltas de muitas cores, o sol dourado marcando o meio da tarde no azul do céu, o vento atestando a respiração de todas as coisas, o vale do Paraíba imensamente a nossos pés. Do início da rampa, longe da borda, olhávamos o mundo e sentíamos haver uma paz a compor a vida naquele momento. De repente – após ter ido sozinho até a beira da rampa e voltado lentamente até o meio – Ivair saiu correndo em direção ao ponto de decolagem e, ao atingir o limite da tábua da beirada, pulou no vazio. Do instante em que o barulho de suas passadas chamou nossa atenção até o átimo em que ele desapareceu, um sem tempo para nossa consciência, toda a harmonia de momentos antes ruíra sem clemência. M / \ A \ / G
S \ ente quer er mas querendo e(R)ra / T
pois só sem desejos é que se vive o agora. (*)
Do meio do estupor de nossos amigos saí andando em direção à borda também silenciosa. Eu conhecia a rampa de outra vez que ali estivera, mas não me lembrava de todos os seus detalhes. Sentia seus olhares fixos em minhas costas e no vazio à minha frente, Edição nº 53 – Março/2016
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além do tempo e do espaço, sem ousarem esperanças ou bênçãos. Cheguei ao final, olhei para baixo, voltei-me e fiz sinal para que se aproximassem. Aqui na crista do Marimbondo minha mente ainda se agita, mas não tanto como naquela tarde na plataforma. Os amigos chegaram à beirada, temerosos, e olharam: Ivair contorcia-se em um pequeno platô logo abaixo – para não cair de vez em gargalhadas soltas! Custou para que atinássemos com tudo o que ocorrera ali, inclusive Neide, que de manhã já nos fizera também quase ver uma fresta entre as formas do mundo. Vede: o pé do ypê (apenas MENTE) flora R V L C O A I M N E \ / \ / \ / \ / \ / \ / \ / \ / \ / E O U I N R A E T a – penso ao pé da serra. (*)
Mirai, então. De Mirantão, diferentemente da visão do Marimbondo, o perfil da Pedra Selada já não o é. Mas os vales e rios de Mirantão, são – os da Prata com suas correntezas brilhantes e os das Flores com seus alcantilados avermelhados de flores de capins-gorduras. E dos sonhos de paz de uma geração eu trouxe de lá, andando por seus caminhos, uma delicada flor de lótus-azul pintada em uma camiseta branca.
Margareth – margot.joaninha@hotmail.com
É essa flor que agora eleva do vale imagens mais pacatas em que, na escuridão precoce das noites de inverno, vagamos por ruelas de Maringá e pela passarela que liga as Edição nº 53 – Março/2016
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suas partes fluminense e mineira sobre o rio Preto. Afinal, em demorado concílio de abalados e exaltados amigos, decidíramos não arremessar Ivair no abismo e buscávamos o relaxamento de uma sauna antes de encerrar o dia com um jantar. Sentado em uma pedra na crista da serra do Marimbondo, as imagens passam a me surgir como sensações que aos poucos aquietam minha mente ainda renitente. Como aquela em que Beth se levanta de um canto da sauna e olha para nós, no instante em que uma água jogada na pedra quente explode em uma névoa que dissolve todas as formas e silencia, enfim, minha mente. Ela já não é – como se nunca houvesse existido. _______________ (*)
Ypê – Belchior
Como citar: YAMAGUCHI, S.
Penso, logo desisto. Revista Eletrônica Bragantina On Line.
Joanópolis, n.53, p. 23-26, mar. 2016. Edição nº 53 – Março/2016
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PSICOLOGUÊS
Luciano Afaz de Oliveira TRI-PSICO Psicólogo Clínico Particular (Piracaia) Psicólogo da Saúde Mental (Prefeitura Municipal de Piracaia) Psicólogo Clínico Particular (Joanópolis) E-mail: lucianoafaz@gmail.com UM ANO DEPOIS...
Que beleza, são 12 edições em que escrevo para esta coluna, como é bom fazer isto. Às vezes fico pensando se estão lendo o que escrevo, até porque não consigo ver quem está do outro lado. Mas um ano acontecem muitas coisas... Vou falar então de sonhos, pensamentos futuros e, lógico, que o passado deste um ano é referência também. São aprendizados que obtive, que nem imaginava ter: saúde mental no Brasil, a reforma psiquiátrica, política, socialismo, eleições, dependência química, comunidade terapêutica, credenciamento de convênio, cuidado com os filhos, reflexão de possíveis erros e acertos, etc. Um ano é muito tempo... Muita fé renovada neste ano com trabalhos pastorais e outros. Não importando a cidade e sim renovação de fé mesmo. Novos amigos e muito mais aprendizado... Viagem, descanso, cansaço e muito trabalho... Doença ficou para trás graças ao bom Deus. Ano de palestras, algo que já foi construído desde os estágios da faculdade. A área de treinamento e desenvolvimento que eu diga. Como eu sonhava em ser um palestrante há muitos anos atrás. E agora, já comecei e não vou parar. Edição nº 53 – Março/2016
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Falar com as pessoas e transmitir algum conhecimento são como aprender mais e mais. Oportunidade de escrever neste periódico e em outro que é impresso não tem palavras para descrever o como é bom. Bom, o que posso escrever é que desejo tudo de bom a todos e deixo aqui minha página do Facebook para contatos: https://www.facebook.com/psicologolucianoafaz. Fiquem na paz e até a próxima edição.
Como citar: DE OLIVEIRA, L.A.
Um ano depois... Revista Eletrônica Bragantina On Line.
Joanópolis, n.53, p. 27-28, mar. 2016. Edição nº 53 – Março/2016
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DIVULGAÇÃO
RELEASE "A PROMESSA E A FANTASIA"
Neste mês de março de 2016, Jerry Lewis completará 90 anos de idade! Ora, essa data memorável não pode passar em branco! Por isso, e como tenho a criatividade, a dedicação, a técnica e a experiência, resolvi homenagear o rei da comédia por meio de um romance! E mais de quatro anos de trabalho foram necessários até que A promessa e a fantasia fosse finalmente concluída! Trata-se, na verdade, de um arquétipo, um romance arquetípico, pois não há pessoa no mundo que não tenha o desejo inconsciente de homenagear alguém que muito ame. Nesse sentido, toda a história gira em torno de uma promessa, de um presente – uma silhueta – a ser entregue para Jerry Lewis, fazendo com que o leitor ria desde o início e chore de emoção no epílogo. E como a homenagem não tivesse limites, resolvi não só fazer de Jerry Lewis um dos personagens do romance – sendo, portanto, o primeiro romance a trazê-lo como personagem –, como, também, compartilhá-la com outros ícones. Assim, também são personagens desta história, entre outros, Stan Laurel e Oliver Hardy (O Gordo e O Magro), Gene Kelly (o astro de Dançando na chuva), e Cesária Évora (A Diva dos Pésá Descalços). E por falar em Cesária Évora, também faço questão de enfatizar que é primeiro romance a homenageá-la post mortem e a fazer dela uma das personagens. De igual forma, enfatizo que cerca de setenta por cento da história acontecem em Cabo Verde. E para que a eficácia desse ambicioso projeto fosse a mais ampla possível, fiz questão de realizá-lo na forma e-book, e nas versões português (http://goo.gl/xhj9df ) e inglês (http://goo.gl/GeymkU), sendo que já está disponível na Amazon.com.br
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Sinopse
Ser fã de Jerry Lewis não bastava. Era preciso mostrar a ele, e ao mundo, a idolatria que do peito do autor explodia. Daí a ideia de um romance por meio do qual esse sentimento se faria universal. E mais de quatro anos foram necessários até a conclusão de A promessa e a fantasia. Cinco adolescentes brasileiros decidiram que suas férias seriam inesquecíveis. Assim, depois que curtissem alguns dias no Ceará, no nordeste do Brasil, partiriam para Praia, a capital de Cabo Verde. Lá, além de saborearem todas as delícias que o arquipélago lhes reservava, Cristiane, a mais descolada do grupo, tentaria realizar o seu maior sonho: conhecer Cesária Évora, A Diva dos Pés Descalços. Em seguida, tomariam um esplendoroso cruzeiro e rumariam para a África do Sul, terminando a viagem por entre os safáris ecológicos e a Edição nº 53 – Março/2016
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realeza hoteleira. Ao chegarem a Cabo Verde, o destino lhes conduzirá a António, um garoto de nove anos, atilado, considerado o melhor guia mirim da cidade e afilhado de Cesária Évora, a Rainha da Morna. António, em sua pureza infantil, tem uma namoradinha, Maria Cristina, em cujo corpo foi diagnosticada a leucemia mieloide crônica, câncer que a consome rapidamente. Maria Cristina tem um avô, o velho Ibraltino, que foi o responsável por transmitir a ela e a António o amor por Jerry Lewis. Condoído pela doença da neta, mas apenas no intuito de animá-la, seu Ibra lhes relembra uma promessa que fizera: o trio homenageará o seu ídolo por meio de uma silhueta em que ele seria retratado chegando ao céu. Depois a levarão para os Estados Unidos e a entregarão pessoalmente ao comediante. Como Maria Cristina não quer ver o avô sofrendo, pede para António assumir a promessa às escondidas. O garoto se compromete com uma certeza toda sua, mas só depois se pergunta como e quando poderia cumpri-la. Caindo em si, desespera-se. Só lhe resta, então, pedir fervorosamente em oração para que Deus lhe conceda ajuda. E a fantasia se apresenta: a dupla Stan Laurel e Oliver Hardy, O Gordo e O Magro, vem do céu em seu auxílio. É claro que esses pseudo-heróis só poderiam implicar trapalhadas. No entanto, ambos percebem que os brasileiros e António podem se ajudar: este, conseguindo um encontro com Cesária Évora; aqueles, fazendo a silhueta e levando o guri consigo para entregá-la a Jerry Lewis, pois pensavam que o passeio terminaria na terra do Tio Sam. Durante a viagem, as belezas de Cabo Verde serão esmiuçadas, incluindo o fantástico trabalho de proteção às tartarugas marinhas; o romantismo se fará ouvir aos adolescentes; as patetices dos humoristas do outro mundo permearão várias situações; outros artistas do passado, a exemplo de Gene Kelly e de Pat Morita (o eterno Sr. Miyagi), virão ajudar António; e o cruzeiro não será as mil maravilhas que todos idealizaram, pois os piratas de hoje não comungarão com o ideal de paz dos passageiros. No epílogo, há participações especiais de Oprah Winfrey e Tom Hanks. Os adolescentes encontrarão suas caras-metades? Maria Cristina ficará curada? António conseguirá cumprir a sua promessa? Só se pode afiançar que A promessa e a fantasia é um romance que faz rir e chorar de emoção.
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Biografia
Autor do romance A promessa e a fantasia (Promise and fantasy), ambas as versões em Amazon.com.br, 2015; autor do romance As vidas do chanceler de ferro, Lisboa: Chiado Editora, 2009;“Embajador de la Palabra”, título concedido pela Asociación de Amigos del Museo de la Palabra, 2014; 3º colocado no I Concurso de Crônicas da Academia Bragantina de Letras, 2014; ganhador do Prêmio Latino-Americano de Excelência, 2013; Medalha de Ouro no I Concurso Oliveira Caruso, 2011; vencedor do Concurso Mundial de Cuento y Poesía Pacifista, 2010; 3º colocado no II Prêmio Araucária de Literatura, 2010; membro da Asociación de Amigos del Museo de la Palabra, da Associação Internacional de Escritores e Acadêmicos, do Movimento Poetas del Mundo, da Revista Biografia, da Revista Varal do Brasil; autor de diversos textos literários; advogado, autor e coautor de livros e artigos jurídicos; e professor de Expressão Verbal desde 2000.
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