DRINKS DIARY Para Profissionais da Indústria de Bebidas 4.95€
Trimestral Nº1 Fev. 2016
David Palethorpe e Miguel Gião
Dois Bar Managers de sucesso falam sobre a cultura de cocktail em Portugal e explicam como se criam bares duradouros
Especial Vinho do Porto Niepoort // Passámos um dia na quinta e visitámos as caves para lhe contar uma história com mais de 150 anos Tasting Club // Descubra qual o melhor vinho do Porto para fazer o seu cocktail preferido Cocktails com vinho do Porto // Clássicos ou Modernos, temos a receita!
OUTROS
Beefeater MIXLDN // Roman Foltán // Adega Velha // City Guide Lisboa // Shopping List // Liquid Culture
Editorial oportunidade que é ver in loco como se fazem as
o desenvolvimento da cultura de cocktail em
coisas. Via essas competições como um espaço
Portugal.
interessante de networking com pessoas chave da indústria, estava no meio. E sem saber, estava já a
A Drinks Diary é um meio para difundir a voz
traçar o futuro que se concretiza agora: A Drinks
da comunidade dos profissionais da Indústria
Diary.
de Bebidas. Promovendo o que de melhor se faz por cá ao mesmo tempo que acompanha as
Porquê uma revista? Porque durante o meu
tendências internacionais. Ao contrário da maior
percurso tive muitas vezes dificuldade em
parte das revistas dedicadas ao mundo das
compilar informação, querer estar a par de
bebidas em Portugal, a Drinks Diary não se foca
tudo, das datas das competições ou das últimas
apenas numa categoria, mas sim em tudo o que se
tendências, não é fácil se não tivermos meios
possa trabalhar enquanto se está atrás de um bar.
fiáveis em que nos apoiar. Comecei a seguir A ideia de criar a Drinks Diary, surgiu-me pela
revistas com atenção. A Imbibe, a Class, a Bar
Os espirituosos, a cerveja, o vinho, o chá ou o café.
primeira vez quando ainda estava em Londres.
Magazine, Drinks International, Drinks Business,
Todos terão espaço nas nossas páginas. Quer seja
Estava fora há cerca de um ano e tinha acabado
mais tarde a Cocktail Lovers e o website Bar Life
na revista, bimestral, quer seja nos nossos vários
de aceitar um trabalho como Head Bartender no
UK… Revistas que admiro e que no fundo me
espaços online, que se pretendem ativos e atuais.
Waldorf Hotel.
inspiraram a traçar este caminho.
Queremos debater temas atuais, ser informativos e educativos. Queremos estar em cima do
Tinha-me conformado com a ideia de ir
Passei cinco anos fantásticos em Londres. Viajei,
trabalhar para fora do meu país, estar longe da
fui finalista da Worldclass, cheguei a ser um dos
família e amigos e por isso não queria perder a
3 mais promissores da Bacardi Legacy, cheguei
A primeira edição da Drinks Diary sai em formato
oportunidade de aprender e de retirar o máximo
inclusive a ser convidado para a capa da primeira
digital, mas estamos a trabalhar para que em
das oportunidades que me surgissem. A mudança
revista impressa da revista Cocktail Lovers,
maio, a Drinks Diary tenha um corpo físico e saia
tinha de fazer sentido!
juntamente com um grupo de profissionais a que
em papel. Queremos que seja a voz da indústria e
eles chamaram de “Grupo de Bartenders de Elite
que fale para todos os que nela desempenham um
Tinha por isso fome de aprender. Fazia tudo
do Reino Unido”. Passei eu a ser conteúdo dessas
papel.
para ir a todos os seminários que fosse possível,
revistas. Participava em algumas provas e escrevia
queria estar frente a frente com quem destilava
alguns artigos.
acontecimento, mas ter memória.
Brindemos, nasce hoje a Drinks Diary!
os espirituosos que usava no meu bar, queria estar nas feiras de bar, queria saber das últimas
O sonho tomou forma após dois anos em
tendências e ter acesso aos últimos produtos a
Shanghai, onde fui convidado a gerir o Long Bar
sair para o mercado.
do Waldorf Astória e continuei a acompanhar
Queria entrar nas competições e ganhar aqueles
de perto as revistas da Indústria. Estou de volta
prémios aliciantes. Visitas a destilarias e a grande
ao meu país para contribuir de forma ativa para
Ficha Técnica Proprietário: Drinksdiary Publicações Unipessoal Lda Morada: Av. dos Bombeiros Voluntários nº5 3º Esq. 2735-242 Agualva Diretor: Nelson Bernardes Editor: Ângela Mendes Nº de registo no E.R.C.: 126773 Sede da Redação: Av. dos Bombeiros Voluntários nº5 3º Esq. 2735-242 Agualva Periodicidade: Bimestral Paginação: Fernando Veloso Fotografia: Daniel Carvalho, Ricardo Bernardo Colaboradores: António Lopes, Bruno Aquino, David Coelho
Nelson Bernardes Editor In Chief
Estatuto Editorial A Drinks Diary é uma revista bimestral que debate temas ligados à Indústria das bebidas. A Drinks Diary é propriedade da Drinksdiary Publicações Unipessoal Lda. A linha editorial da Drinks Diary assenta no rigor e na qualidade da informação transmitida. A Drinks Diary respeita os princípios deontológicos e de ética profissional dos jornalistas. A Drinks Diary é uma entidade autónoma e não está ao serviço de nenhuma marca ou empresa. A Drinks Diary é uma publicação que reporta sobre todo o universo de bebidas, alcoólicas e não alcoólicas.
A Drinks Diary dirige-se a um público relacionado com o sector das bebidas em Portugal e a ele dirige-se de boa fé em todos os trabalhos que realiza. A Drinks Diary incentiva o consumo responsável do Álcool. A Drinks Diary pretende ser um meio de divulgação da cultura de Bartending em Portugal. A Drinks Diary é uma publicação responsável e isenta. A Drinks Diary pretende ser uma publicação de bom gosto, quer pela estética quer pela escolha de temas a tratar A Drinks Diary pretende ser uma publicação atual e com memória.
índice
#20 Niepoort
Beefeater MixLDN #58
#26 Tasting Club #8
City Guide Lisboa #14
#48 Roman Foltán
Calendário de Eventos
#10
Short News
#12
Gift Guide
#32
Receitas Cocktails Vinho do Porto
#36
Opinião | António Lopes
#37
Caminhos do Vinho - IVDP
#38
Grande Entrevista | David P. e Miguel G.
#44
Competição: Schweppes Challenge
#52
Nós Por Lá | França e Dubai
#54
Tour: Adega Velha
#57
Opinião | Nélson Bernardes
#62
Opinião | Bruno Aquino
#63
Liquid Culture | Leituras
#64
Gadget World
#66
Opinião | David Coelho
#68
Gossip | Mudanças da bar scene nacional
> PROJETO
Hello Drinks Diary Drinks Diary é a única revista em Portugal,
voz desta comunidade, de norte a sul do país e
dedicada inteiramente à indústria de bebidas
simultâneamente um parceiro de preferência para
e vocacionada para os profissionais do ramo.
a divulgação e exposição de marcas e produtos
A Drinks Diary subscreve tópicos desde a cerveja
A indústria de bebidas em Portugal atravessa
desta indústria, usando como plataforma um
até ao vinho, dos cocktails até aos espírituosos,
um período de mudança positivo e os seus
conteúdo feito à medida, que vai ao encontro
do café ao chá, águas, sumos, entre outros. Produz
consumidores tornaram-se mais conhecedores e
da expectativa dos profissionais desta indústria,
notícias actualizadas sobre o lançamento de novos
exigentes.
ajudando-os a aprofundar os seus conhecimentos,
produtos, feiras, sessões de provas, competições de
tornando-os melhores profissionais.
cocktails, e também artigos de cariz informativo,
Num mercado, onde existe uma lacuna no que
que se fazem por esse mundo afora.
reportagens sobre destilarias e adegas, entrevistas
diz respeito à partilha de informação na área das
A Drinks Diary mostra assim ao mundo, o melhor
bebidas dedicada aos profissionais da indústria,
que temos e que se faz em Portugal, ao mesmo
a Drinks Diary tem como objectivo tornar-se a
tempo que traz as últimas tendências e novidades
com produtores e líderes da indústria.
Editora
Diretor Nelson Bernardes tem mais de quinze anos de
restaurantes desta propriedade de luxo, aqui ficou
Ângela Mendes é Mestre em Jornalismo,
experiência na indústria de bebidas, sete dos
dois anos e arrecadou o prémio de melhor hotel
Comunicação e Cultura. Desde os tempos de
quais como sócio gerente de um bar na linha de
bar de Shanghai num universo de 3500 hoteis e
escola que desenvolve trabalho nas áreas ligadas
Sintra. Em 2009 mudou-se para Londres onde
levou dois dos seus bartenders ás finais da Bacardi
às industrias culturais. Fez parte do projeto Revista
abriu o novo bar do hotel Waldorf Hilton. Entre
Legacy e Stolichnaya Mentor Program. A imprensa
Pormenores, uma revista Regional e esteve ligada
ter ganho outras competições, chegou a finalista
nacional e internacional, ambas, de industria e de
ao Ensino Superior leccionando como Professora
da World Class Bartender e da Bacardi Legacy,
consumidor, pedem regularmente a sua opinão
Assistente Convidada no curso de Jornalismo e
viajou um pouco por todo o mundo fazendo
relativamente a bares e cocktails.
Comunicação na Escola Superior de Educação de
visitas a distilarias e formações a equipas de bar, vindo a tornar-se consultor interno de bebidas
As suas criações pessoais apareceram publicadas
espirituosas e cocktails para o grupo Hilton
nas revistas, Imbibe, Class, The Cocktail Lovers,
A ligação ao mundo do vinho surge em 2014 com
Europa.
Drinks Business, Time Out Shanghai, Nobless,
a oportunidade de trabalhar enquanto Assessora
Billionaire, entre outras, também nos programas
de Relações Públicas e Marketing da C.V.R. do
Ao fim de cinco anos mudou-se para Shanghai
televisivos Weekend on the go, Europa Contacto,
Tejo a que se seguiu uma breve passagem pela
na China a convite do Waldorf Astoria para gerir
Guest List Tv, etc.
Garrafeira Nacional.
o bar principal, o Long Bar, e outros cinco bares e
6
Portalegre.
Ricardo Bernardo é um fotógrafo profissional a viver actualmente na região do Algarve é um apaixonado pelo marisco da Ria Formosa. No seu trabalho capta os momentos de forma natural, os retratos mostram expressões genuínas e a atenção ao detalhe é uma constante. Quando utiliza iluminação artificial cria sombras fortes que geram ambientes misteriosos. Tem feito carreira ligada essencialmente ao mundo do vinho, fazendo parte desde 2014 do Circle of Wine Writers como fotógrafo. O seu trabalho vai desde fotografar provas intimistas, grandes feiras, conferências internacionais a fazer fotografia comercial para produtores. Fruto desta dedicação o seu trabalho tem vindo a ser publicado regularmente em revistas nacionais e internacionais.
Fotógrafo
Scalabitano de gema, Fernando Veloso teve sempre um cordão umbilical ligado aos media - primeiro na rádio (Piranha, Super FM, Rádio Marginal, Rádio Clube Português, e grupo Media Capital) e depois em diversos projetos web - Portal Santarém Online, Press Release Portugal, entre outros. Diretor Criativo da Agência de Marketing Santa Ideia (Santarém, Portugal) é especialista em marketing digital e cultura web. Aquariano de gema, só se sente bem nas águas frias da península de Peniche ou na criação e implementação de novos projetos de marketing que fiquem marcados pela eficácia e modernidade.
Designer
O seu primeiro contacto mais profissional com a indústria de bar começou em Maiorca, vindo depois a desenvolver a sua carreira com projectos em conceitos completamente distintos e icónicos passando por Ibiza, Austrália, Dubai, País de Gales e com uma longa estadia por Londres. De regresso a Portugal continua a contribuir com a sua expertise no desenvolvimento de variados projetos, não deixando de parte uma das suas grandes paixões que é a fotografia. Daniel Carvalho é um entusiasta de culturas e pessoas, onde o perfecionismo e criatividade lhe impõem a percepeção do equílibrio.
Criativo
7
> AGENDA
EVENTOS
CALENDÁRIO 2016 Fevereiro Fevereiro é o mês do Carnaval e dos Namorados e no que toca à indústria de bebidas há eventos para todos os gostos. Para os amantes do Rum, Nassau nas Bahamas, recebe de 26 a 28 de fevereiro o Bahamas Rum Festival, três dias dedicados ao mundo do rum num ambiente tropical. Londres recebe a London Beer Week, de 22 a 28 de Fevereiro, uma semana que vai deliciar os amantes de cerveja artesanal onde vai haver a possibilidade de contactar de perto com os produtores. Em Portugal, o Hotel Conrad Algarve, na Quinta do Lago recebe o Algarve Trade Experience nos dias 19 e 20 de Fevereiro e entre 25 e 28 de Fevereiro, o Porto volta a receber a Essência do Vinho, uma das mais conceituadas feiras, a que se segue o evento Simplesmente de Vinho também no Porto nos dias 27 e 28 de Fevereiro. A fechar o mês, o Pavilhão Atlântico em Lisboa, volta a receber a SISAB, uma das feiras profissionais no setor alimentar e das bebidas mais importantes do calendário. Será entre 29 de Fevereiro e 1 de Março.
Março Em Março, Roma recebe o Spirit of Scotland – Rome Whisky Festival, nos dias 5 e 6, dois dias para provar um bom single malt escocês e já que estamos em Itália fiquemos até dia 13 para o Aperitivi & Co Experience um evento dedicado a bebidas italianas. A ProWein volta a Dusseldorf entre os dias 13 e 15 e faz da Alemanha o centro do mundo vínico por uns dias. Mas se o vinho não é a sua a sua bebida, pode sempre guardar a viagem para o BeerX, o festival de cerveja artesanal que acontece em Sheffield, no Reino Unido, de 16 a 19 de março. E já que foi ao Reino Unido, nos dias 18 e 19 há o Whisky Live em Londres, dois dias dedicados a provar e a aprender mais sobre whisky de todo o mundo. Para fechar o mês, The Amsterdam Coffee Festival acontece nos dias 18 a 20 de março em Amesterdão e será uma excelente oportunidade para os amantes do café conhecerem as últimas novidades do setor.
Abril O Rum volta a abrir o mês com o Rhum Fest em Paris, uma mostra para profissionais e consumidores que se realiza nos dias 2 e 3 de abril. Londres recebe o The London Coffee Festival, entre 7 e 10 de abril, é um evento com a participação de mais de 250 produtores de café e uma oportunidade para conhecer mais sobre o setor. Itália, celebra entre os dias 10 e 13, o cinquentenário da Vinitaly, das feiras de vinho mais importantes do calendário europeu. Por cá, temos a nona edição do Peixe em Lisboa, são 10 dias para experiências gastronómicas e provas de vinho com início a 7 e fim a 17 de abril. Para acabar o mês em grande, no dia 22 inicia-se a primeira Lisbon Cocktail Week, um evento que promete agitar a capital e colocar o tema cocktail na ordem do dia até 1 de maio.
Queremos saber tudo sobre os eventos! A Drinks Diary agradece o envio de informação sobre eventos relacionados com a indústria de bebidas, sejam feiras, festivais, competições ou outros, que aconteçam em território nacional ou em qualquer parte do mundo. Somos apaixonados pelo mundo das bebidas, seja vinho, cerveja ou cocktails. Queremos saber tudo! A Drinks Diary reserva-se o direito de publicar o evento se achar que este é relevante para o setor. Os eventos poderão ser submetidos através do email: angela@drinksdiary.com. 8
> SHORT NEWS
Ketle One lança edição comemorativa dos 325 anos A destilaria que produz a vodka Ketel One comemora em 2016 o 325º aniversário e lançou uma edição comemorativa e limitada. A garrafa de 1L veste-se de cobre como forma de homenagear o importante papel que o alambique de cobre tem na produção de uma das vodkas mais populares entre a comunidade Bartender. Para além da edição comemorativa, a Ketle One abre as portas no próximo mês de maio para a grande família de apreciadores da marca. A história da Ketle One teve inicío em 1691, em Schiedam na Holanda e atravessa já onze gerações da família Nolet. Considerada como um produto super-premium, em 2015 foi distinguida como a “Best Selling Vodka”, “The most Trending Vodka” e “The World´s 50 Best Bar Brand” pela Drinks Internacional.
Vinho Foz Torto lança três novas referências Os vinhos Foz Torto, lançados pela primeira vez em 2013, cresceram ao longo dos últimos anos e lançaram no final do ano passado três novas referências. A aposta continua a ser a produção de qualidade e pelo respeito pelas terras do Douro. A nova gama incluí um branco e dois tintos que se direcionam não só ao mercado nacional mas também a um mercado europeu que procure qualidade e sustentabilidade. Foz Torto tinto 2013 (Touriga Nacional, Touriga Franca e, em menor quantidade, Tinta Francisca, Sousão, Barroca, Tinto Cão e Alicante Bouchet); Foz Torto Vinhas Velhas tinto 2013 (vinhas velhas com mais de 30 castas); Foz Torto Vinhas Velhas branco 2014 (vinhas velhas, maioritariamente códega do larinho e rabigato, de propriedade adquirida em Porrais, Murça).
Jim Murray elege o Crown Royal Northern Harvest Rye como o melhor Whisky de 2016 Esta é a primeira vez que um whisky canadiano é distinguido na edição anual da Bíblia do Whisky escrita por Jim Murray. A distinção surge numa altura em que tanto o whisky canadiano como o whisky de centeio estão a ganhar adeptos junto dos consumidores de whisky. Jim Murray pontua o Crown Royal Northern Harvest com 97.5 pontos em 100 e afirma que “chamar-lhe uma obra prima, mal lhe faz justiça.” Lançado pela primeira vez nos Estados Unidos da América no início de 2015 este é um whisky que demonstra o quão distinto é o whisky de centeio Canadiano, destacando-se do tradicional Crown Royal Deluxe Blend que os consumidores conhecem há mais de 75 anos. Crown Royal Northern Harvest é o primeiro blend da Crown Royal com mais de 90% de centeio. Apresenta um perfil de sabor suave e picante, que pode ser misturado em cocktails que usem whisky de centeio tradicionais, apreciado puro ou com gelo. Anterior a esta distinção o Crown Royal Northern Harvest já havia recebido o prémio “Double Gold” na San Francisco World Spirits Competition.
10
> SHORT NEWS
Carlos Santiago é o Barman do Ano 2015 Carlos Santiago, Bartender do novo espaço Está-se bem, situado na Ribeira do Porto, venceu a competição Barman do Ano 2015. A final decorreu no Lisbon Marriott Hotel em novembro passado e Carlos Santiago convenceu o júri com o seu cocktail Bibó Porto, uma homenagem à sua terra, inspirado na famosa francesinha. Esta vitória permite ao vencedor ir ao tão desejado evento, Tales of the Cocktail, em Nova Orleans para além de outros prémios
Espaço dedicado à indústria de bar abre em Campo de Ourique A Black Pepper & Basil abriu um novo espaço em Campo de Ourique que promete agitar a indústria de bar em Portugal. A loja situada na Rua Tomás da Anunciação, 85-A junta no mesmo espaço uma garrafeira, loja de equipamento e material de bar, escola de formação de bar, espaço para eventos com bar privado e uma central de compras de bebidas para estabelecimentos juntando vinho e outras bebidas num só fornecedor. Para além destas valências, a Black Pepper & Basil dá também continuidade ao trabalho que já vinha a fazer na consultoria de bar, na criação de Cocktails, serviços de Bar Catering e eventos, organização de workshops e Team Buildings de cocktails e a formação. O espaço está aberto ao público profissional e não profissional.
18 de maio será o Dia Nacional do Cocktail O Dia Nacional do Cocktail será celebrado pela primeira vez no próximo dia 18 de maio. Esta é uma iniciativa organizada pelo Lisbon Bar Show em parceria com a Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE) e a Associação Barmen de Portugal. Segundo Alberto Pires, organizador do Lisbon Bar Show, a iniciativa que irá ter um alcance nacional, contará com a participação de cerca de 100 espaços distribuídos de norte a sul do país e também nas ilhas. Os bares associados à iniciativa irão juntar-se a uma marca e criar um cocktail especialmente para esta semana. Este cocktail deve ter um valor compreendido entre os 4€ e os 7€. Para os bares é uma oportunidade de mostrarem os seus cocktails e para o público um momento para provar cocktails a preços mais apelativos.
Zymology a casa da cerveja artesanal na baixa de Lisboa Abriu em dezembro passado, um espaço dedicado à cerveja artesanal na baixa de Lisboa. Situada na Rua das Chagas, nº31, a Zymology é uma loja de cervejas artesanais, mas também uma sala de provas, que tem uma grande variedade de cervejas artesanais nacionais e internacionais para venda, quer para o público em geral, quer para outros estabelecimentos comerciais. Para breve está previsto o alargamento do espaço, que pretende ser também um polo de formação dedicado à prova e produção de cervejas artesanais e também um espaço de bar.
Cerveja Vadia inaugurou novo espaço A Essência D’Alma, Lda. produtor da Cerveja Vadia, inaugurou no passado dia 26 de dezembro, as novas instalações. O Brewpub é um conceito único no país e junta a fábrica de cerveja artesanal, com o serviço de bar, sala de espetáculos e um espaço para eventos e reuniões. Situa-se em Ossela, Vale de Cambra, e permite aos visitantes vivenciar de outra forma a produção da cerveja artesanal.
11
> GIFT GUIDE
Shopping List Tiki Set - Khaki/ Green/ Brown 250ml Conjunto de copos Tiki ideais para cocktails que nos transportam para ilhas tropicais e paisagens paradisíacas. Se a sua ideia é fazer uma festa temática e trazer um pouco de verão aos dias de inverno, este é um
>>
conjunto de copos que precisa ter. 23€ www.bar-atpt.com
Saca Rolhas Elétrico Se é daquelas pessoas que não consegue abrir uma garrafa de
O prensador RED Rainbow 58MM promete trazer um toque de cor ao seu dia, ao mesmo tempo que lhe permite obter um café mais cremoso. É uma peça para utilizar em porta filtros de café, fabricado em aço inoxidável que o ajudará a compactar o café de forma uniforme, para começar o dia com um café profissional. 35€ www.garrafeirasoares.pt
>>
>>
Prensador Motta Red Rainbow 58MM
vinho sem partir a rolha ou fazer um que vai querer ter na sua garrafeira. Este saca rolhas faz o esforço por si e ajuda-o a abrir um vinho de forma rápida e elegante. 25,90€ www.cesar-castro.pt
>>
esforço enorme, este é o utensílio
Pedra de Gelo Chillrocks Vin Bouquet Fazer uma bebida “On the rocks” adquire com este conjunto de pedras um novo significado. São 9 “pedras de gelo”, reutilizáveis que não se diluem e preservam o sabor original da suas bebidas. Estes cubos são produzidos com pedrasabão e basta colocar no congelador antes de usar! 13,90€ www.cesar-castro.pt
12
> GIFT GUIDE
Coravin O Coravin é uma revolução no setor do vinho. Permite servir vinho sem de facto abrir a garrafa, o que preserva o precioso liquido. Se é daquelas pessoas que gosta de vinhos bons, mas não consegue beber uma garrafa inteira esta é uma excelente solução. Se tem um estabelecimento e vende vinho a copo, está é a resposta para poder colocar aquele vinho mais caro no menu sem medo, porque o vinho vai manter-se intacto, do primeiro ao último copo, acabe a garrafa esta semana ou só
>>
para o ano que vem. 295€ www.blackpepperandbasil.com
Liquid Intelligence The Art And Science Of The Perfect Cocktail Neste livro, Dave Arnold eleva a arte de fazer cocktails a ciência e leva o bar para o laboratório, onde a forma do cubo de gelo, os açúcares numa maçã ou as “bolhinhas” numa garrafa de champagne também são ingredientes a
Carpano Antica Formula O Vermute Carpano Antica Formula é produzido com vinho branco,
>>
moscato do Piemonte e vinhos ricos do sul da Itália ao qual é depois bouquet de baunilha com notas de especiarias e de frutos secos como o anis estrelado, casca de laranja e tâmaras. É produzido em
Neste livro pode ler dicas, receitas e muito mais. Um livro para apaixonados pela arte de fazer cocktails. 33.03€ www.wook.pt
>>
feita a infusão de ervas. O resultado é um Vermute com um delicado
ter em conta.
quantidades limitadas e engarrafado em garrafas de vidro soprado com capacidade para 1 litro e posteriormente numeradas. A garrafa é rotulada com uma reprodução do rótulo original de 1786. Este é um Vermute ideal para beber fresco como aperitivo ou em cocktails clássicos como o Negroni, o Manhattan ou o Americano. 25,83€ www.wine-time.biz
Desidratador Excalibur 4926T Desidratar a fruta é uma forma de a
>>
preservar e de fazer lanches nutritivos e saudáveis em casa. Também para os bares esta é uma boa solução, ajuda-os a evitar desperdícios e a ter sempre uma grande variedade de fruta que podem usar nos seus cocktails. 413,25€ www.blackpepperandbasil.com
13
City guide Lisboa Lisboa está nas bocas do mundo. Seja pela luz singular, pela arquitetura ou pelo bem receber português ao qual nenhum turista fica indiferente, a capital portuguesa é visitada por milhares de pessoas todos os anos. A nossa gastronomia, os bons vinhos e a animada vida noturna são também fatores importantes e na cidade a oferta de espaços únicos e especiais, clássicos, contemporâneos ou alternativos não pára de crescer. A Drinks Diary empenhou-se na tarefa hercúlea de fazer um city guide completo de Lisboa, mas não há espaço nem tempo. Tivemos por isso de dividir estas sugestões por categorias e começámos nesta edição com 10 bares de Cocktails onde não pode deixar de ir!
14
> CITY GUIDE LISBOA PENSÃO AMOR
O BOM O MAU E O VILÃO
A Pensão Amor vive nas paredes de velhas
ou simplesmente sentar num dos muitos sofás
pensões que alugavam quartos à hora. A cada
rocambolescos e ouvir o que o DJ escolheu para
novo espaço visualizamos o que foi um bordel
essa noite.
desses que havia nos portos das grandes cidades. Casas de má vida, dos boémios de passagem e dos
Há frequentemente programação gratuita. Pode
que cá viviam. Desses tempos sobrou a decoração
chegar e encontrar um espetáculo de Voix de
burlesca, os veludos e um erotismo latente nas
Vile, fazer um workshop de Pole Dance ou ver
salas, que antes foram quartos e hoje são salas de
fazer quem sabe. Na primeira quarta-feira do
estar, de dançar, de ler, de beber cocktails ou até
mês há sempre Show Burlesco e regularmente
mesmo de ler a sina.
lançamento de livros, exposições ou música ao vivo. Há uma carta variada de cocktails, assinada
Para a Pensão Amor tanto se pode entrar pela
pelo Bartender Bruno Jesus Pereira, que vão
Rua Cor de Rosa como pela Rua do Alecrim.
desdes os clássicos, os vintage, passando pelos
São perspetivas diferentes, recomendamos que
cocktails de autor até aos mocktails.
explore as duas portas. Se pela Rua do Alecrim se entra por uma pequena varanda, com bar ao
Se quiser sentar-se e apreciar um cocktail com
fundo e ao início da noite há quem nos receba
calma aconselhamos que vá ao inicio da noite, se
à porta, pela rua Cor de Rosa podemos subir
quiser dançar entre uma multidão multicultural e
as velhas escadas e apreciar as ilustrações de
sem idade, vá um pouco mais tarde. Mas não deixe
Mário Belém, inspiradas em antigos cartazes
de ir, porque a Pensão Amor é um “Good Vibe Bar”
de Cabaret. O espaço em si é compartimentado,
que vale a pena visitar!
como numa casa, são salas que se sucedem e que têm auras diferentes, umas mais intimistas
Cocktais: Entre os 7€ e os 13€
e escuras, outras mais alegres e luminosas. Na
Morada: Rua do Alecrim, nº 19 // Cais do Sodré
Pensão Amor convivem vários projetos, espalhados
Encerra: Não encerra
pelos quartos. Podemos sentar-nos na biblioteca
Horário: De domingo a quarta, das 12:00 às 03:00.
e remexer no acervo de literatura erótica, passar à sala seguinte e pedir que nos leiam a sina
De quinta a sábado, das 12:00 às 04:00. www.pensaoamor.pt
O Bom o Mau e o Vilão fica na Rua do Alecrim. É uma antiga casa transformada em bar onde se respira um ambiente cinematográfico, em salas com uma decoração clean mas artística de onde a qualquer momento pode sair um cowboy a assobiar. A banda sonora é “Tarantinesca” e acompanha-nos pelas salas da casa. E como numa casa, cada local tem a sua aura e faz-nos sentir de forma diferente. A sala de fumo, o piano de cauda, o bar redondo, a arte espalhada pelas paredes. Neste bar cada espaço é uma instalação artística e a programação eclética que vai desde os concertos às sessões de cinema lembra-nos que O Bom, o Mau e o Vilão é uma espaço para viver experiências. A programação é responsabilidade da Void Creations e é uma referência na cena Independente em Lisboa. Normalmente há DJ de serviço, e é normal a sala dos fundos se transformar em pista de dança nas noites mais movimentadas. Na carta de bar
Pensão Amor
há espaço para 20 Gins e uma boa seleção de cocktails. Mas também há petiscos e vinho. Cocktails: em média 8€ Morada: Rua do Alecrim, nº 21 // Cais do Sodré Encerra: Domingos Horário: De segunda a quarta, das 18:00 às 02:00. De quinta a sábado, das 18:00 às 04:00. www.facebook.com/obomomaueovilao 15
> CITY GUIDE LISBOA 4 CARAVELAS escritas pelos clientes podemos perceber que o 4 Caravelas é um espaço feito com carinho pelos mentores e vivido com entusiasmo pelos clientes que regularmente voltam. Marcus é o maestro que orienta a carta de cocktails, que é variada e se apresenta num bonito mapa em papel de aparência envelhecida, dentro de um pote de vidro, como uma mensagem na garrafa. O som é mexido, dance music dos anos 90 o espaço promete muita animação para as noites de fim de semana, visto que há espaço para dançar. Cocktails: Entre os 7€ e os 8€
4 Caravelas
Morada: Rua Nova do Carvalho, 75 // Cais do Sodré Encerra: Segunda-feira
Chegando à Rua Cor de Rosa como quem vem do Largo de São Paulo encontramos o 4 Caravelas no lado direito, mesmo em frente à La Puttana.
Horário: Terça a Quinta, das 18:00 às 02:00. Quinta a sábado, das 18:00 às 03:00.
Aberto desde junho de 2015 é uma sala ampla onde se liga Portugal à
Domingo, das 18:00 às 02:00.
Austrália via mar de cocktails e boa disposição.
https://www.facebook.com/4-Caravelas-107623706244575/
Marcus é australiano e Tânia portuguesa, conheceram-se em Londres e quando visitaram Portugal decidiram que era aqui que tinham de montar o seu bar. O 4 Caravelas é um bar dedicado aos descobrimentos portugueses, com especial atenção à teoria que afirma que foram os portugueses os primeiros a cartografar a costa da Austrália. As madeiras e os motivos náuticos são o mote da decoração, mas o espaço é easy going, desde a sua montra com vista para a rua, passando pela parede cheia de mensagens
MATIZ POMBALINA
Para além da seleção de Gins, a Matiz Pombalina é
Descendo a Rua das Janelas Verdes vamos
de uma marca de bebidas espiritosas, a Spiritsland.
encontrar a Matiz Pombalina numa transversal à
Tem por isso nas suas prateleiras uma seleção
esquerda. Meio incógnita, a sua estadia na rua das
de Rum, Tequila e Whisky que não são fáceis de
Trinas é tão discreta como o bar que está aberto
encontrar noutros bares.
também importadora em exclusivo para Portugal
desde Agosto de 2009 sob o comando de Manuel Graça, que recebe todas as noites os clientes que
Se não encontrar na carta o que procura, fale com
toquem à campainha e queiram entrar.
o Bartender, na Matiz Pombalina faz-se o cocktail
Matiz Pombalina
ao gosto do freguês.
Toca-se à campainha para entrar e somos recebidos como em casa. O espaço é acolhedor,
Cocktails: Entre os 7€ e os 9€ // Happy Hour entre
compartimentado por várias salas, decoradas de
as 19h e as 21h com uma seleção de cocktails a
forma sóbria, com madeiras, mas confortável com
6€
os seus grandes cadeirões forrados a veludo. Ao
Morada: Rua das Trinas, 25 // Santos
fundo há uma pequena esplanada interior onde se
Encerra: Domingos e segundas
pode fumar.
Horário: De terça a sábado, das 19:00 às 02:00. www.matiz-pombalina.pt
A banda sonora viaja pelo jazz e podemos sentirnos a relaxar assim que lá chegamos. Na Matiz Pombalina a carta de bar chega via tablet, a seleção de cocktail é vasta e muda frequentemente, começou a parecer desnecessário imprimir um Menu.
16
> CITY GUIDE LISBOA PAVILHÃO CHINÊS A carta de bar é uma bonita edição com imagens
O Pavilhão Chinês é uma casa emblemática de
vintage, muito anos 20 que no fundo é também
Lisboa para quem aprecia cocktails. Aberta desde
um elemento da decoração.
1986 num espaço que era uma antiga mercearia.
Para além da vasta sugestão de cocktails, o
São 5 salas repletas de objetos de coleção que
Pavilhão Chinês tem uma coleção de chás capaz
vão desde soldadinhos de chumbo a capacetes
de envergonhar muitas cafetarias.
militares, medalhas, miniaturas de comboios, peças de Bordalo Pinheiro….não iríamos parar de
Se sofrer de claustrofobia recomendamos que
Pavilhão Chinês
enumerar!
fique pelas primeiras salas, porque o espaço é fechado e muito cheio, a ventilação é um
Descendo do Príncipe Real para o Miradouro de
problema principalmente na sala de fumo.
São Pedro de Alcântara encontramos o Pavilhão
A decoração dos cocktails é old fashion e dá um
Chinês à nossa direita. É uma entrada discreta
toque kistch a um espaço incontornável da cultura
para um mundo atafulhado de antiguidades que
de cocktail na capital.
nos captam a atenção a todo o momento. A paixão pelo colecionismo do proprietário é latente na
Cocktails: Entre os 7€ e os 9€
profusão de objetos nas prateleiras que forram
Morada: R. Dom Pedro V, 89 // Príncipe Real
as paredes do espaço. O bar divide-se em 5 salas,
Encerra: Não encerra
umas mais amplas demasiado iluminadas como
Horário: Segunda a Sábado, das 18:00 às 02:00.
a sala onde está a mesa de snooker, outras mais
Domingo, das 21:00 às 02:00.
acolhedoras e intimistas. O ambiente é formal e os
www.facebook.com/pavilhaochineslisboa
bartenders estão vestidos a rigor.
FOXTROT O Foxtrot é um pub inglês mesmo no centro de Lisboa. É um dos bares de cocktails mais antigos da capital, aberto há mais de 37 anos, situa-se na zona de São Bento, e tem espaço para todos, para os que querem beber um copo depois do trabalho, para quem precisa de uma refeição depois das 2h da manhã ou simplesmente para quem queira sentar-se num ambiente descontraído com os amigos e passar um bom bocado. Visitámos o Foxtrot num dia de inverno, havia lareira acesa e o ambiente era quente e acolhedor. Os clientes espalhavam-se pelas 4 salas de forma harmoniosa. Ouvia-se jazz e jogava-se snooker na sala de jogos onde se pode
Foxtrot
fumar. Sala boémia que pode não agradar aos menos tolerantes ao fumo do tabaco. O jardim estava solitário devido à chuva, mas podemos ver que deve ser um espaço amado nas noites de verão. Da decoração sobressaem
Cocktails: Entre os 7€ e os 9€
as madeiras e as imagens vintage que nos envolvem num imaginário das
Morada: Travessa de Santa Teresa, 28 // São Bento
primeiras décadas do século passado, quando efetivamente se dançava o
Encerra: Não encerra
Foxtrot. O Foxtrot serve refeições até às 3h da manhã e tem uma carta de bar
Horário: Segunda a Sábado, das 18:00 às 03:00.
onde o cocktail é rei. De notar que os cocktails de autor são inspirados em Lisboa por isso os seus nomes passam pelos pontos turísticos de referência
Domingo, das 18:00 às 02:00. www.barfoxtrot.pt/
na cidade. À porta temos um vallet vestido a rigor que a pedido nos arruma o carro, num serviço especial que não se encontra em muitos bares. 17
> CITY GUIDE LISBOA RED FROG Descendo a Rua do Salitre a caminho da Avenida da Liberdade ninguém diria que há ali um bar. Podemos nos questionar sobre o que faz o sapo vermelho na parede depois da farmácia, mas é tudo. E é também essa a ideia, porque o Red Frog é um Speakeasy Bar e é suposto ser difícil de encontrar. O conceito remete-nos para os anos 20 do século passado e para a Prohibition nos E.U.A. quando a venda e o consumo de álcool foi proibido e os locais de venda e consumo ilegal estavam camuflados.
Red Frog
Mas o Red Frog é um encontro de mundos, e apesar do tema da Prohibition ser predominante na decoração e no ambiente há também uma nuance intrinsecamente boémia lisbonense e da corrente Tiki. A ideia era criar um espaço onde os boémios se reunissem para beber e conversar pela noite a dentro, um espaço calmo onde a música permitisse tal interação. O Tiki é insinuado no nome, que segundo Paulo Gomes, Head Bartender, foi algo difícil de encontrar, tal como são os pequenos sapos vermelhos que vivem no Panamá e dão nome à casa. O Red Frog é venenoso, só aparece à noite e tal como o Speakeasy é difícil de encontrar! São também Tiki alguns dos cocktails que constam do menu, e como afirma Paulo Gomes “Os Cocktails são o sangue do Red Frog”. Apesar da juventude do espaço este é já o segundo menu que aposta em bebidas de autor com produtos de qualidade, espirituosos premium
e ingredientes nacionais e frescos. Dos 17 cocktails que compõe o menu podemos destacar o American Gangster, o Red Potion ou o Midnight Smuggler´s. Para entrar, toque à campainha e fale baixinho. Cocktails: Entre os 8€ aos 12€ Morada: Rua do Salitre, 5 A // Avenida da Liberdade Encerra: Não encerra Horário: Segunda a quarta, das 18:00 às 02:00. Quinta a sábado, das 18:00 às 04:00 Domingo, das 18:00 às 02:00. www.facebook.com/redfrogspeakeasy
CINCO LOUNGE nos em casa e apaparicados por uma equipa de Bartenders que são mestres na arte de bem receber, ou não fosse o maestro desta banda David Palethorpe, uma referência no setor em Portugal. Há cocktails para todos os gostos e todas as carteiras, e a seleção de bebidas que podemos encontrar nas prateleiras do bar é variada e de qualidade.
Cinco Lounge
O Cinco Lounge é um elogio da noite e como tal é um bar para fumadores, está preparado para
O Cinco Lounge é uma sala de estar ampla que se estende em frente ao bar, que imponente rege o
isso com uma boa ventilação, mas se não suporta
espaço que vive numa luz fosca, embrulhado em veludos e em detalhes que dão alma à casa.
tabaco este não é o seu lugar.
Temos de descer a Rua do Jasmim, vindos do Jardim do Príncipe Real para o encontrar à nossa esquerda
Cocktails: Desde os 7,5€ até aos 30€
numa rua transversal. O Cinco Lounge está alojado na base de uma edifício residencial. Aberto desde
Morada: Rua Ruben A. Leitão 17-A // Príncipe Real
2004, o Cinco Lounge é uma referência para os apreciadores de cocktails em Portugal. O seu ambiente
Encerra: Não encerra
descontraído e a qualidade das bebidas são o cartão de visita de um espaço que é visitado por
Horário: Segunda a domingo, das 21:00 às 02:00.
portugueses e turistas.
www.cincolounge.com
No espaço vive-se um ambiente intimista, com sofás e puffs, a luz fraca e música ambiente. Sentimo-
18
> CITY GUIDE LISBOA A PARÓDIA Vindos da Rua Ferreira Borges como quem desce para a Basílica da Estrela, encontramos à nossa direita a Rua do Patrocínio. Nesta descida inclinada, uma rua de bairro, encontramos o Paródia entre o Cemitério Alemão e a Igreja Alemã Católica. Aberto a 27 de abril de 1974, apenas dois dias após a revolução, o Paródia é o primeiro dos quatro bares idealizados por Luís Pinto Coelho. Aquilo que começou por ser uma loja de antiguidades e ponto de encontro entre amigos evoluiu para um bar que é
Procópio
também uma homenagem à obra de Raphael Bordalo Pinheiro e à revista de sátira do início do século XIX, A Paródia. Surgindo num momento de grande agitação social e política, o bar afirmou-se como republicano e era visitado por personalidades de esquerda
PROCÓPIO
revolucionária e da direita temente. Hoje em dia é um pequeno
Aberto desde 1972, o Procópio é um espaço intimamente ligado
espaço, revestido de veludos vermelhos e objetos antigos, muitas referências a Bordalo Pinheiro e à sua revista de sátira politica e social. Ouve-se um jazz antigo e baixinho, que lembra a boémia dos anos loucos anos 20. A clientela fala várias línguas, há cocktails e vinho a copo e ocasionalmente o bar acolhe eventos musicais, leitura de poesia e outros. Fuma-se no espaço, que é pequeno e pouco arejado. A visita vale por essa sensação de que estamos a entrar numa bolha do tempo, e ainda fervilham por ali pensamentos que podem mudar a nação.
à história da Liberdade em Portugal. Local meio escondido num beco para lá do jardim das Amoreiras, conta-se que se juntavam ali republicanos para conspirar e planear a queda do Regime. É o único dos quatro bares idealizados por Luís Pinto Coelho, que se mantém na família do decorador que deixou como legado à cidade, o Pavilhão Chinês, o Foxtrot, A Paródia e este Procópio. O espaço é familiar e colhedor. Toca-se à campainha, na porta ladeada por um enleio florido, e entra-se para a sala ampla e
Cocktails: Entre 6€ a 8€
decorada com pesados painéis de madeira, chão de alcatifa
Morada: Rua do Patrocínio, 26-B // Estrela
vermelha e sofás. Candeeiros de mesa antigos iluminam de forma
Encerra: Não encerra
parca o espaço o que lhe dá uma atmosfera intimista.
Horário: Segunda a domingo, das 21:00 às 02:00. www.aparodia.com
Somos atendidos pelo senhor Luís que parece conhecer o espaço e a dinâmica das suas 12 meses de olhos fechados. E essa graciosidade do servir, ganha nos 19 anos de casa, reflete-se num serviço rápido e atencioso que nos dá vontade de voltar. A carta de cocktail chega num antiga tábua de madeira que se abre em três partes, como uma janela. Todos os cocktails custam 8€ e o bar foi eleito por uma conhecida marca de cerveja como sendo o espaço com a melhor imperial da cidade. Para a mesa vêm invariavelmente a taça de pipocas e há sandes e tostas para petiscar. O som estava demasiado baixo para chegar a ser ambiente, embora se fume no espaço este manteve-se de veras arejado. Cocktails: Com ou sem álcool a 8€ Morada: Alto de S. Francisco, 21 A // Jardim das Amoreiras Encerra: Domingo Horário: Segunda a sexta, das 18:00 às 03:00.
A Paródia
Sábado, das 21:00 às 03:00 www.barprocopio.com
19
20
Niepoort
Mais de 150 anos a escrever a hist贸ria do vinho do Porto
21
> DESTAQUE
A Drinks Diary fez os caminhos do vinho do Porto e visitou a Niepoort. Acompanhou os trabalhos na vinha e ficou para almoçar. Da vinha ao lagar e do lagar para a mesa temos mais de 150 anos de história do vinho do Porto para saborear. Duas horas de caminho separam Vila Nova de Gaia e a Quinta dos Lagares,
onde são criteriosamente selecionadas de acordo com os elevados padrões
lugar com história perdido no coração da mais velha região vitivinícola
de qualidade da casa. Para o vinho do Porto procuram-se uvas tipo “passa”,
demarcada do mundo. É Caminho duro que vale sempre a pena percorrer,
mais maduras e doces. Nessa seleção as uvas mais jovens são retiradas e
porque a viagem é à descoberta do vinho do Porto e o anfitrião é um dos
direcionadas para a produção de vinho de mesa.
obreiros de séculos de história. A viagem faz-se pela tradicional paisagem do Douro, num serpentear pelas estradas apertadas das serras que acabam no rio. Atravessar a região pela fresca da manhã, admirar os patamares de vinha sob um céu azul de fim de verão é uma experiência deslumbrante. A Quinta dos Lagares fica em Mendiz e é lá que que nos espera Susete Melo, estagiária na Niepoort, e que nos recebe para nos levar a conhecer todo o processo de produção do vinho do Porto. Na Quinta dos Lagares produzem-se cerca de 500.000 litros de vinho, todo ele feito com uvas colhidas manualmente nos duros patamares de vinha que atravessámos até chegar. Para além das vinhas próprias a Niepoort compra também uvas a particulares da zona, mais de 230 pequenos produtores que fazem chegar até à Quinta o resultado de um ano de trabalho. As uvas que são transportadas em cestos e despejadas em tapetes rolantes
Da vinha ao lagar Mal se entra no lagar somos invadidos por um forte aroma frutado, inconfundível odor a adega em pleno funcionamento. Composto por cinco lagares tradicionais de granito e três de pisa automática. É preciso uma equipa de 10 a 11 pessoas para iniciar o processo de pisa tradicional. Inicia-se o processo de corte, duas horas de trabalho silencioso a que se seguem duas horas de trabalho mais livre. Desta pisa obtém-se o mosto, uma mistura de uvas pisadas, casca e sumo de uva que fica a fermentar entre dois a três dias. Este mosto pode atingir os 12% de álcool. Antes da fermentação se dar por terminada é retirado o líquido por baixo de uma camada formada pelas cascas e uvas pisadas, é feita a transfega para um contentor em aço inoxidável e é ai que é adicionada uma aguardente vínica com 77% de álcool elevando o grau alcoólico para cerca de 20%. Ao mesmo tempo que pára o processo de fermentação e mantém
22
os açúcares e o doce no vinho.
conjunta com os vinhos do porto e da casa que nos acolhe, a Niepoort.
Após este processo, o vinho que é já vinho do Porto, segue para as caves em
A funcionar desde 1842 a Niepoort continua a ser uma empresa familiar,
Vila Nova de Gaia onde é armazenado, loteado, envelhecido, engarrafado e
cujos fundadores têm ascendência holandesa. Hoje em dia é gerida pela
rotulado como vinho do Porto.
quinta geração representada por Eduard Dirk Niepoort e Verena Niepoort. Niepoort é uma marca reconhecida dentro e fora do país pelos seus vinhos e
“Quem não é para comer, também não é para trabalhar” Já dizia o povo e o fim do processo de produção é coroado com um almoço à moda do Norte. O anfitrião é Nicholas Delaforce, enólogo e coordenador da vinha e da vinificação dos vinhos do Porto da Niepoort. O almoço é servido em duas mesas compridas e nele confraternizam todos os trabalhadores da quinta. Vive-se um ambiente familiar e Nicholas Delaforce serve para começar um vinho tinto Robustus, uma das referências de vinho de mesa da Niepoort.
por ser uma casa cheia de tradição. Talvez por isso temas como o vinho do Porto Rosé sejam ainda pouco debatidos entre eles, assim como a necessidade de apostar na publicidade seja suprimida pelo contacto pessoal e pela qualidade que precede os seus produtos. É provando os vinhos e conversando sobre eles que se divulga o melhor que se faz na casa. Por isso mesmo para a sobremesa estava reservado um Niepoort Vintage 2005. Após decantado foi servido com uma tábua de queijos e tostas com doce de uva muito guloso. Depois deste deleite, seguiu-se um café e seguimos viagem.
Três cozinheiras atarefam-se para colocar na mesa a refeição caseira e reconfortante para todos depois de uma manhã de trabalho. É neste ambiente acolhedor que Nicholas Delaforce nos desvenda a sua história
23
> DESTAQUE
O Master Blender - o feiticeiro do vinho do Porto Muita da magia que acontece com o vinho do Porto começa na vinha, na qualidade superior das uvas e no cuidado com que todo o processo de produção é feito. Mas depois de apanhada e pisada a uva, inicia-se todo um novo processo de produção que irá ditar as categorias e a qualidade de cada vinho. Uma das personagens mais importantes deste processo é o Master Blender, é ele quem decide que vinhos misturar antes do engarrafamento. José Rodrigo é também o representante de uma família que há cinco gerações se dedica à atividade. Filho de José Nogueira, que celebrou 50 anos de casa em 2010 e se reformou em 2011, é ele o responsável pela mistura dos vinhos do Porto da Niepoort. Existem duas categorias de vinho do Porto, os Rubys e os Tawnys. Os vinhos Ruby, têm um estagio em madeira de cerca de 2 anos em tonéis com capacidade entre os 12.000 e os 17.000 litros e só depois são engarrafados. Estes vinhos tem um curto período de estágio em madeira e uma vez que os tonéis utilizados são de grandes dimensões há menor influências da madeira o que faz com que os vinhos ruby mantenham muita da sua personalidade inicial, sendo conhecidos por serem vinhos bastante frutados e de cor intensa ruby. Daqui nascem as categorias, Ruby, Ruby Reserva, LBV (late bottled vintage) e Vintage, sendo que os LBV e Vintage são indicados como bons vinhos para continuarem a envelhecer em garrafa. Os vinhos Tawny, para além do envelhecimento de cerca de 3 anos em tonéis de madeira de maior capacidade, são depois transferidos para pipas de carvalho menores com cerca de 550 litros estando assim expostos a um maior contacto com a madeira, aqui ficam a envelhecer por longos anos onde algo comum a outros espirituosos como o rum ou o whisky acontece, durante o seu envelhecimento ocorre a evaporação e oxidação do vinho perdendo assim um pouco da sua cor inicial, tornando-se mais clara e em vinhos muito velhos chegando mesmo a uma cor dourada. Daqui nascem as categorias, Tawny, Tawny Reserva, Tawny 10 anos, Tawny 20 anos, Tawny 30 anos, Tawny 40 anos e Colheita.
24
25
> TASTING CLUB
Tasting Club Vinho do Porto para Cocktails, qual a melhor escolha? Neste Tasting Club convidamos Bartenders e Bar Managers para provarem vinhos do Porto Ruby e Tawny. Queríamos perceber qual das marcas se adequava mais à criação de cocktails. A amostra de vinhos em prova foi constituída por vinhos jovens, a entrada de gama das marcas. Isto porque para fazer um cocktail o preço das bebidas envolvidas é um fator importante e o que se pretendeu com esta prova foi perceber como se pode utilizar mais o vinho do Porto em contexto de bar. Visto que está o Porto tónico, maioritariamente feito com vinho do Porto branco, quais são as outras opções? Um vinho do Porto Ruby tem potencial para fazer cocktail? E um Tawny? Foram estas as perguntas que este Tasting Club tentou responder.
26
27
FICHAS TÉCNICAS VINHOS RUBY
Ferreira Ruby Cor: Tinto com tonalidades Rubi Aroma: Aromas intensos lembram fruta muito madura, afinados pelo cuidado envelhecimento em madeira e pelos lotes que ocorrem durante o processo de envelhecimento natural. Sabor: Encorpado e rico, apresenta um bom equilíbrio entre a sua doçura e
Dow’s Ruby
Cruz Ruby
Cor: Rubi intenso
Cor: Rubi
Aroma: Aromas de Framboesa,
Aroma: Notas frescas, dominando
cereja a tabaco
as de framboesa e morango, em
Sabor: Potente, jovem, com notas
harmonia com notas florais
de frutas vermelhas e especiarias.
Sabor: Equilibrado (acidez/açúcar/
Macio e saboroso
taninos), redondo, com um final
Álcool: 19%
intenso e refrescante Álcool: 19% vol.
a estrutura de taninos, o que lhe dá caraterísticas únicas com final muito persistente, fino e atrativo. Álcool: 19,5% vol.
28
Burmester Ruby
Dalva Ruby
Niepoort Ruby
Cor: Rubi escura e brilhante
Cor: Rubi. Harmonioso e
Cor: Cor vermelha escura
Aroma: Fruta vermelha madura,
equilibrado na boca.
Aroma: Aroma fresco e vibrante a
café, baunilha e tostado
Aroma: Delicado a compotas de
frutos escuros que se prolonga no
Sabor: Intenso e vigorosos, típico
frutos vermelhos, framboesas,
palato.
da sua jovialidade, repetindo a
morangos silvestres.
Sabor: Carácter quase mineral, é
fruta vermelha madura (cereja e
Sabor: Final suave e atrativo
um vinho jovem com bom extracto
morango)
dominado pela doçura frutada.
e equilíbrio, pronto a beber.
Álcool: 20%
Álcool: 19%
Álcool: 20%
FICHAS TÉCNICAS VINHOS TAWNY
Ferreira Tawny Cor: Tinto com tonalidades vermelho alourado Aroma: Aroma fresco e delicado a especiarias e a fruta seca adquiridos durante o envelhecimento em madeira de carvalho. Sabor: Na boca é um vinho elegante, que apresenta um bom equilíbrio entre os
Dow’s Tawny
Cruz Tawny
Cor: Rubi com tons alourados
Cor: Tinto-aloirado com tons
Aroma: Frutas vermelhas, com
alaranjados
notas de amêndoas, madeira e
Aroma: Delicado e frutado,
especiarias
compotas de frutos vermelhos, anis,
Sabor: Delicado, com taninos
notas de frutos secos como figos e
macios e elegante
ameixas
Álcool: 19%
Sabor: Equilibrado, alguma complexidade, textura suave e final
taninos maduros e a doçura, o que lhe dá
prolongado
um final persistente e atrativo.
Álcool: 19% vol.
Álcool: 19,5% vol.
Burmester Tawny
Dalva Tawny
Niepoort Tawny
Cor: Rubi com tonalidade
Cor: Bonita cor com leves nuances
Cor: Viva e brilhante
alaranjada
avermelhadas
Aroma: Leve aroma a nozes e notas
Aroma: Aroma de fruta madura do
Aroma: Revela suaves balsâmicos,
de frutos secos.
tipo groselha, laranja e morangos,
misturando frutos jovens e secos.
Sabor: Bom equilíbrio e um
envolvidos por uma elegante
Sabor: Muito equilibrado na boca,
carácter jovem e frutado. Final
baunilha.
com final atrativo a bombom de
longo e expressivo.
Sabor: Elegante e redondo, aparece
ginja.
Álcool: 20%
na boca com toda a frescura de
Álcool: 19%
um Tawny novo, pleno de fruta e harmonia. Álcool: 20%
29
> TASTING CLUB A prova foi realizada numa sala privada do Pharmacia Bar, em Lisboa. Foi
David Palethorpe “Não se pode dizer que odiamos algum dos vinhos em
uma prova cega em que foi sorteada a ordem de prova. Provaram-se 6 vinhos
prova. Todos tem elevados padrões de qualidade. No Cinco Lounge usamos
de cada categoria e iniciou-se a prova pelos Portos Ruby, e de seguida
Porto em vários cocktails, está referido no menu. É uma pena que em Lisboa
provou-se os vinhos do Porto Tawny pela mesma ordem:
esta bebida tenha pouca expressão, acho que é sempre uma boa opção usar produtos nacionais, recebemos tantos turistas. Num Manhattan, por exemplo,
1.
Ferreira Ruby
1.
Ferreira Tawny
2.
Dow´s Ruby
2.
Dow´s Tawny
3.
Cruz Ruby
3.
Cruz Tawny
4.
Burmester Ruby
4.
Burmester Tawny
5.
Dalva Ruby
5.
Dalva Tawny
6.
Niepoort Ruby
6.
Niepoort Tawny
é perfeitamente possível substituir os bitters e o Vermute doce por um vinho do Porto. Os taninos desempenham o mesmo papel dos bitters e obtém-se um bom cocktail. Substituir Lillet ou Dubonnet por vinho do Porto pode ser uma boa opção de gestão no bar, pois baixa os custos.”
APRECIAÇÃO FINAL De forma geral os provadores elegeram como melhor Porto Ruby em
Daniel Roberto “Não sei muito sobre o vinho do Porto, gostava de saber mais. Da prova dos Rubys usaria o primeiro para fazer uma bebida de verão, num Negroni ou num Porto Tónico. Penso que é viável fazer um Porto Tónico com um Ruby.”
que melhor se adequaria a um cocktail. O Porto Cobbler foi dado como exemplo de uma receita onde este vinho poderia encaixar bem. Nos Tawnys sobressaiu o Burmester. Por ser mais amadeirado e menos
Daniel Carvalho “O meu Tawny favorito é o número quatro. Um vinho mais arredondado, aveludado e doce. Os Portos Ruby são mais frutados por isso teria mais tendência a usá-los em cocktails. Acho que muitas mulheres podem não apreciar as notas de madeira dos Tawnys.”
30
prova o Dalva. Consideraram que este é o Ruby mais versátil e por isso o
frutado que o Porto Ruby. Cocktails como o Port Flip ou o Manhattan poderiam beneficiar do uso de um Porto tawny. Apesar disso o painel de prova foi unanime no que toca ao Porto a utilizar num cocktail, o Porto Ruby foi considerado mais versátil e com maior potencial para usar em contexto de Bar.
Daniel Roberto
David Palethorpe
José Robertson
Bar Manager do Marriott Praia Del Rei
Proprietário do Bar Cinco Lounge
Bar Manager Cinco Lounge
Daniel Carvalho
Rui Barata
Nélson Bernardes
Bar Manager do Bar Pharmacia
Bartender do Cinco Lounge
Diretor da Drinks Diary
31
> RECEITAS
COCKTAILS CLÁSSICOS VINHO DO PORTO Elk´s Own 45ml Whiskey de Rye Whiskey 30ml Vinho do Porto Ruby 15ml Sumo de limão 10ml Xarope de açúcar 15ml Clara de ovo Adicionar todos os ingredientes no shaker e agitar primeiramente sem gelo, depois, adicionar gelo no shaker e voltar a agitar vigorosamente. Coar com o strainer, servir numa taça de vinho. Sobre o Elk’s Own O Elk´s Own foi publicado pela primeira vez em 1930 no “The Savoy Cocktail Book”. Apesar da receita ter mudado um pouco, este cocktail é uma versão do Elk´s Fizz que ganhou St. Paul Bartender Peter Sindar the 1901 National Police Gazette Bartender’s Medal. É um cocktail da família dos “Sour” que incluem sempre clara de ovo, um destilado, açúcar e um elemento azedo que pode ser o limão.
Hot Mulled Wine 750ml Porto Ruby 1/4 Caneca de açúcar granulado 2 Laranjas 1/2 Colher de chá de pimenta da Jamaica 1/2 Noz-moscada 12 Cravos 1 Pau de canela Deite o cravinho, a casca da laranja num tacho, junte a noz-moscada, a pimenta da Jamaica, o pau de canela e o açúcar. Junte água e deixe cozinhar por 10 minutos. Coe a mistura e leve de novo ao lume. Junte o vinho do Porto sem deixar ferver. Sobre o Mulled Wine O Mulled Wine é uma bebida feita à base de vinho tinto, especiarias e passas de uva. Serve-se quente ou morno e pode ter ou não álcool. O vinho do Porto é muitas vezes usado como base para esta bebida que se bebe normalmente no inverno. Muito popular no Reino Unido é associado à época natalícia.
32
Port Cobbler 120ml Vinho do Porto Ruby 3 Rodelas de laranja 2 Colheres de bar de açúcar Colocar todos os ingredientes no shaker e agitar vigorosamente. Sem coar, verter para um cálice de vinho cheio de gelo picado. Decorar com frutas da época. Servir com uma palhinha. Sobre o Cobbler Com origem nos E.U.A., o Cobbler introduziu no mercado duas novas inovações: o gelo e as palhinhas. Apesar de amplamente usados nos dias de hoje, estes dois fatores ainda desconhecidos trouxeram uma grande popularidade ao cocktail que o tornou num dos mais populares no final do século XIX. Um Cobbler é feito num cálice cheio de gelo picado e os ingredientes são vertidos no copo em cima do gelo, a fruta, o açúcar e só depois o vinho ou o bebida espirituosa. O preparado é depois agitado com a colher de bar. A palhinha é depois colocada no copo e a bebida decorada com fruta.
Port Flip 60ml Porto Tawny 10ml Xarope de açúcar 1 Ovo inteiro Noz moscada Deitar o ovo, o Vinho do Porto e o xarope de açúcar no shaker e juntar gelo. Agitar vigorosamente e coar para um cálice de vinho. Raspar um pouco de noz moscada no topo do cocktail. Sobre o Flip Flip é um cocktail com qualquer vinho ou qualquer bebida alcoólica misturada com açúcar e um ovo inteiro. Normalmente a mistura é feita nas seguintes proporções: 1 colher de chá de açúcar ou xarope de açúcar, 1 ovo inteiro e 60ml da bebida escolhida. Este preparado é agitado no shaker com gelo picado e coado com um strainer para o copo e decorado com noz moscada. Os Flips mais reproduzidos são o Brandy Flip, o Gin Flip, o Sherry Flip e o Port Flip.
Suburban 30ml Porto Ruby 35ml Appleton Estate Rum Reserva 35ml Whisky de centeio Coloque todos as bebidas no shaker, agite. Coe com o strainer para uma taça de cocktail gelada e com gelo. Mexa e decore com um zest de limão. Sobre o Suburban O Suburban é um cocktail clássico anterior à Prohibition. Criado no bar do antigo Hotel Waldorf Astoria, que se situava onde hoje existe o Empire State Building, herdou o nome de um cavalo escuro e que se tornou numa lenda na corrida de cavalos, a Handicap Suburban, que acontecia no mês de junho em Sheepshead Bay.
33
> RECEITAS
COCKTAILS MODERNOS VINHO DO PORTO Columbus 1493 Autor: Flávio Próspero
50ml Rum escuro 25ml Porto Tawny Ferreira 10 anos 15ml Pisco 25ml Sumo de lima 1 Dash bitters cardamomo 10ml Ginger beer fever tree Servido em copo on the rocks dentro de caixa de Madeira fumado com raspas de tomilho e alecrim. Esta é a data da segunda viagem de colombo, que introduziu a cana de açúcar na ilha de Hispaniola. “Senhor, porque sei que terá prazer na grande vitória que Nosso Senhor me concedeu em minha viagem, escrevo-lhe esta, pela qual saberá como em 33 dias passei das ilhas de Canária para as Índias, com a armada que os ilustríssimos rei e rainha nossos senhores me concederam, onde encontrei muitas ilhas povoadas com gente sem número; e de todas elas tomei posse por Sua Alteza com pregão e bandeira real estendida, e não me contradisseram.” Carta de Cristóvão Colombo aos Reis Católicos, escrita em Lisboa a 4 de março de 1493.
Port Authority
Autor Jim Meehan // PDT, Nova York 60ml Porto Noval Black 30ml Laird’s Bonded Apple Brandy 10ml Yellow Chartreuse 3 Azeitonas pretas Mexer a mistura num mixing glass e coar com o strainer para um copo Martini previamente arrefecido. Decorar com as três azeitonas pretas. Port Authority é um Cocktail criado por Jim Meehan em 2012. Autor do Livro “The PDT Cocktail Book: The Complete Bartender´s Guide from the Celebrated Speakeasy”. Para criar este cocktail usou o Porto Noval Black, um Ruby Reserva da Quinta do Noval.
34
Portofino
Autor: Daniel Carvalho // Pharmacia, Lisboa 35ml Leblon 25ml Porto cruz rose 15ml Sumo natural de tangerina 15ml Sumo de lima xarope de açúcar 20ml Cerveja Lager Portofino é um cocktail em que os ingredientes se complementam com equilíbrio. É um cocktail harmonioso, com alguma complexidade e refrescante ao mesmo tempo. O vinho do Porto Cruz rosé dita um lado mais fresco, leve e floral com frutos vermelhos jovens. O sumo fresco de tangerina, um citrino com uma acidez mais macia, acrescenta uma certa frescura quando integrado no corpo premium abaunilhado, cítrico e também floral da cachaça Leblon. Todos os ingredientes são batidos no shaker juntamente com xarope simples de açúcar e sumo fresco de lima e servido num copo on the rocks, com um top up de 20ml de cerveja Lager trazendo este último ingrediente uma vivacidade extra ao cocktail. Finalizar com um spray de óleos da casca de tangerina e decorar com a mesma juntamente com rosmaninho. Por fim, queimar o rosmaninho.
Malecon
Autor: Erik Lorincz // American Bar, Londres 50ml Bacardi Carta Blanca 15ml Porto Smith Woodhouse 10 Anos 10ml Sherry Don José Reserva Oloroso 30ml Sumo de lima 2 Colheres de bar de açúcar 3 Dashes de Peychaud’s Bitters O Malecon foi criado por Erik Lorincz enquanto Bartender do Connaught Bar em Londres. Foi este o cocktail que lhe fez chegar a finalista do Concurso Bacardi Legacy 2007. Erik afirmou que se inspirou numa viagem a Havana em que aprendeu o que significa ser cubano e o modo de vida das gentes de Cuba, Malecon é o nome dado ao paredão em frente ao mar em Havana. Criou por isso um cocktail que pode ser apreciado a qualquer hora do dia ou da noite, em casa ou no mais elegante bar de Londres. O seu cocktail invoca o luxo e os tempos de lazer na velha Havana.
Number Five
Autor: José Robertson // Cinco lounge, Lisboa 30ml Porto Ruby 30ml Bourbon 30ml Cognac 20ml Benedictine A inspiração para este cocktail foi encontrada no Vieux Carré e no Old Fashioned, cocktails que trazem um pouco da cultura de cocktails e Jazz de New Orleans para Portugal. Foi-lhe dado um twist à portuguesa através do uso do vinho do Porto. Todos os ingredientes são misturados e deixados a envelhecer por 29 dias num casco de carvalho. Ao final deste tempo é filtrado com um filtro de café e colocado numa garrafa no congelador por mais 10 dias. É um cocktail que não sofre qualquer diluição, uma vez que não entra em contato com o gelo na sua elaboração ou no serviço. Por ser servido diretamente do congelador para o copo a baixa temperatura é um cocktail com uma textura melosa.
35
> OPINIÃO
Tendências Vínicas Tendências do mundo do vinho em 2016 dos que me procuram. O que é impressionante porque até há bem pouco tempo atrás ninguém consumia estas regiões. Pedia-se Alentejo e Douro, pouco mais. Do que vi até agora este ano traz-nos bons vinhos destas regiões. Bons brancos do Dão, muito a reboque da excelente casta que é o encruzado e bons vinhos em geral da Bairrada. Este ano, a maioria dos vinhos que vamos encontrar no mercado são de 2014. Este foi um ano moderadamente quente. Vamos ter vinhos com bastante concentração e álcool. O que por exemplo, para estas duas regiões são boas notícias, pois são sempre um pouco mais frescas e a temperatura média um pouco mais alta confere-lhes mais estrutura. Outra tendência que posso assinalar é a curiosidade crescente pelos vinhos velhos, com especial atenção para os vinhos brancos. A ideia geral de que os vinhos brancos deveriam ser consumidos jovens começa a dissipar-se e António Lopes Sommelier do Hotel Conrad, considerado o Sommelier do Ano 2014 pela revista Wine Essência do Vinho
encontra-se já no mercado exemplos magníficos de vinhos estagiados em madeira e em garrafa por períodos mais longos, como entre outros, o Quinta dos Carvalhais Branco Especial que é um dos meus brancos favoritos.
Ser Sommelier ainda é uma atividade um pouco marginalizada, nem todos sabem o que faz um Sommelier ou Escanção, muitos acham que é alguém que apenas se encontra em hotéis e restaurantes demasiado caros e fora do alcance do cliente comum. E mesmo aqueles que já estão familiarizados com a figura do Sommelier por vezes tem dificuldade em abrir o espírito e entender o trabalho da harmonização, olhar para as escolhas como parte integrante de um todo, que pode tornar uma experiência gastronómica banal numa experiência plena e especial.
Sou apreciador de vinhos velhos brancos, creio que a forma como os vinhos
Em 2016 acredito que este é um cenário que terá tendência em mudar,
escolha muito grande.
facto para que muito contribuirá a adoção da figura do Sommelier por casas mais tradicionais cujas garrafeiras de respeito merecem a atenção de um
envelhecem e aguentam a passagem do tempo é o que nos mostra o seu caráter e notoriedade, tal como nos tintos, mas aromaticamente mais apelativos. O cliente cada vez procura mais a diferenciação. Talvez por isso Portugal esteja a ganhar protagonismo porque temos vinhos muito diferentes, uma versatilidade em termos de regiões, enologia e viticultura enorme em que se consegue colmatar tudo o que é pedido. Temos castas muito diferentes, microclimas muito distintos. Somos o país com mais vinhos fortificados, ou seja, com mais regiões que os conseguem produzir, aliás “nós” a par com os Britânicos inventámos os Fortificados. Temos uma panóplia de
E a tendência do cliente estrangeiro é a procura do vinho português e a do
profissional.
cliente português é explorar as regiões que antigamente não explorava tais
Enquanto Sommelier de um hotel de topo, onde tenho uma clientela
foi underdog e que neste momento está a emergir com alguns produtores de
diversificada portuguesa e internacional, tento estar atualizado em dois campos. Por um lado, aquilo que as pessoas procuram ano após ano e que me apontam caminhos para próxima temporada. Por outro, a prova constante de novos vinhos na procura de novas referências faz com que possa formular uma opinião sobre aquilo que são os vinhos que poderemos encontrar no
como, a dos Açores, a do Algarve ou mesmo do a região do Tejo que sempre qualidade. O facto é que em anos bons como em anos maus o importante é quem faz a alquimia na adega ou na vinha. Fazer bons vinhos em anos bons é fácil, fazer bons vinhos em maus anos é que é a coisa complicada e aí é que entra a
mercado este ano.
mão do enólogo. Ai é que entra a alquimia, houve quem fizesse bons vinhos
É interessante ver que a subida de qualidade de pequenas regiões como a
um ano quente, um ano muito maduro, muito passa, muita concentração,
Bairrada e o Dão têm vindo a ter um impacto crescente na procura por parte 36
em 2012, 2013, ou 2009 que é um ano que eu pessoalmente não aprecio, muito álcool... Por isso quem fez bons vinhos nessa altura, fará em bons anos também. É aí é que se encontra a qualidade. Em 2016 não será diferente.
> CAMINHOS DO VINHO
Instituto dos Vinhos do Douro e Porto A casa de todos os vinhos do Porto O edifício onde hoje se encontra o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto é também ele classificado como Património da Humanidade desde 1996 pela Unesco. A sua construção remonta ao ano de 1843, nasceu na altura com o intuito de ser a sede do Banco Comercial do Porto. Mas o antigo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto só viria a ser criado em 1933 e apenas em 1935 se mudou para o edifício que agora ocupa. Ao longo dos anos este foi um espaço que evoluiu, que se transformou acompanhando os tempos e é hoje a sede de uma instituição que dá trabalho a mais de 80 colaboradores.
Vinho do Porto: A história em estado líquido.
É neste edifício que está instalado o laboratório onde são feitas as
Há elementos que não sabemos se fazem parte da História ou se são a
análises que atestam a qualidade dos vinhos. É aqui que uma equipa de
História em si. É o caso do vinho do Porto cuja relevância é tão grande
35 profissionais analisa em média 8000 processos por ano, o que significa
e tão transversal a uma região que desce das serras, e como o rio Douro,
um número impressionante de 150000 parâmetros analíticos. Podemos
deságua na cidade do Porto. Quando em 2001 a Unesco declarou a
encontrar ainda a Câmara de Provadores que diariamente prova pela manhã
Região Vinhateira do Douro como Património da Humanidade já a região
um máximo de 20 vinhos do Porto e que três vezes por semana, da parte
era reconhecida há mais de dois séculos e meio como a mais velha
da tarde, se dedica a provar os vinhos candidatos a serem DOC Douro. É
região demarcada de vinhos do mundo.
interessante perceber que nem todos os provadores de vinho do Porto provam os vinhos de mesa e que nenhum provador dos vinhos de mesa
A Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, mais
pode provar o vinho do Porto.
conhecida como Real Companhia Velha, surgiu em 1756 e uma das suas
O IVDP vive num espaço que é muito mais que administrativo e que cada vez
primeiras medidas foi implementar 201 marcos de granito a demarcar a
mais quer abrir as suas portas à cidade do Porto, aos curiosos do vinho e aos
região de onde o vinho produzido poderia ser Vinho do Porto.
muitos turistas que chegam à invicta.
Esses 201 marcos pombalinos foram depois multiplicados até termos
A loja de vinhos do Douro e do Porto é um primeiro contato com o público.
hoje a região do Douro, que incluí três sub-regiões: Baixo-corgo, Cima-
Não só estão disponíveis várias referências para venda como é possível fazer
corgo e Douro Superior.
provas por preços muito em conta. Livros e outro material relacionado com o consumo do vinho também estão disponíveis para venda.
Apenas 10% da região foi declarada Património da Humanidade, mas nos muitos quilómetros de serras e encostas que descem a pique para o
Contígua à loja de vinhos encontra-se uma sala interativa e didática que
rio produz-se hoje em dia alguns dos melhores vinhos do mundo, vinhos
leva o visitante a conhecer os pontos chaves da história do vinho do Porto.
do Porto, mas também vinhos de mesa que nas últimas décadas têm
Nesta sala além da informação histórica adquirida através de mapas e
vindo a crescer em qualidade e quantidade e que gozam de um prestigio
ilustrações, há também peças sensoriais que permitem ao visitante se
crescente dentro e fora de Portugal. Ainda assim, a região é mais célebre
relacionar com as diferentes tonalidades e texturas do vinho do Porto.
pelo vinho do Porto, cidade que dista das vinhas mais de 100kms, mas
E porque se fala em livros não podemos deixar de mencionar a grande
que desempenhou um papel fundamental na história do Vinho do Porto,
biblioteca instalada no Salão Nobre e que guarda milhares de livros sobre
dizer o contrário também será verdade.
o vinho do Porto, viticultura e agricultura, história e muito mais. A par da biblioteca há o pequeno auditório com capacidade para 56 pessoas.
Vila Nova de Gaia é tida como a maior concentração de álcool por metro
A abertura das portas para manifestações culturais de variada ordem tem
quadrado do mundo. É na margem que encara a cidade do Porto que
também sido um passo dado pela atual administração para chegar até ao
está a maior parte das caves em que se envelhece o vinho do Porto.
público. O antigo edifício está instalado numa zona nobre da cidade mesmo
Podemos ver os néons com nomes das marcas no escuro da noite, os
ao lado do Palácio da Bolsa e com vistas privilegiadas para a Rua Ferreira
barcos rebelos descer o rio, os barris de carvalho a descansar nos portos
Borges, a Ribeira do Porto e a margem de Gaia. Para quem quer aprender
e percebemos que tanto o vinho como as cidades são uma história única
mais sobre o vinho do Porto esta é paragem obrigatória, até mesmo antes de
forjada nas vinhas que estão lá longe, rio acima.
rumar às Caves de Vila Nova de Gaia. 37
> ENTREVISTA
David Palethorpe e Miguel Gião
Mais de uma década a cultivar a cultura de cocktail em Portugal A Drinks Diary juntou Dave Palethorpe e Miguel Gião para uma conversa animada sobre o Cinco Lounge e o Columbus Bar, dois dos bares de cocktails mais antigos de Portugal. De onde vêm e para onde vão e como se constroí casas com longevidade e a qualidade destas duas referências no panorama nacional são o mote para a entevista conjunta. Drinks Diary: O que te levou a investir em Portugal e criar um bar de
Miguel: Inicialmente a minha ideia era criar um bar tipo club, na altura os
cocktails onde nada do género existia? Porquê Cinco Lounge? Podes falar-me
DJ´s estavam muita em voga as pessoas ligavam muito ao sair à noite para
sobre o que tinhas me mente?
ouvir música, o consumo das bebidas não era o mais relevante.
David: É uma longa história, por isso vou contar uma versão curta! Tinha
Foquei-me nisso inicialmente, mas com o tempo ao ver a nobreza do espaço
chegado a um ponto da minha carreira em que ou continuava a trabalhar
que tinha disponível, os lugares que tenho cá fora para as pessoas se
como consultor, trabalhando com algumas marcas ou abria o meu próprio
sentarem e conversarem comecei a direcionar o bar para o que realmente me
bar. Eu estava em Londres, mas não queria trabalhar em Londres, acabei
interessava, criar experiências diferentes para o cliente. Melhorar o serviço e
simplesmente por ir lá parar, o que é a parte longa da história. Por essa
hoje em dia as estrelas são os Bartenders e não os DJ´s.
altura escrevi um plano de negócios, e depois durante um ano andámos a
Quando tirei o curso de hotelaria através do nosso Chef de Bar já tivemos
ver espaços em Londres, sítios como Jersey e tentámos algumas localizações.
algum contacto com o mundo do cocktail, participei em alguns concursos
Mas ou não o podíamos pagar ou não era possível fazer o que tínhamos em
aqui na zona. Mas quando se acaba o curso bastante jovem, antes dos 20
mente. Por essa altura procurámos também parceiros para nos apoiar, mas
anos, o palato não está tão explorado e tudo o que fazia por essa altura eram
davam-nos apenas 10% do negócio e eu não queria trabalhar para ninguém.
coisas simples. Desde início que fazíamos um cocktail ou outro, mas coisas
Até que um dia um tipo entra no bar, vendia vodka, falámos durante um bom
que tínhamos posto em prática na escola, não algo profissional.
bocado e ás tantas eu estava a contar-lhe o meu plano de negócio, três dias
Passado uns anos aí sim foquei-me na Coquetelaria e no serviço. Há cerca de
depois ele voltou e nesses três dias ele tinha ido a uma festa em Londres
5 anos apostamos não só em cocktail mas também nos vinhos.
onde conheceu a filha do dono do espaço que hoje o Cinco ocupa. Disse-me:
O Columbus Já não é um espaço para sair á sexta e ao sábado, mas um
“Encontrei um espaço em Portugal, queres?” Isto foi a uma quinta-feira, vim a
espaço para se sair a qualquer dia da semana, beber um bom copo encontrar
Portugal nesse domingo e duas semanas depois mudei-me para cá. Foi assim
pessoas. E o feedback dos clientes em relação a esta mudança foi muito
que aconteceu, não houve a história de me apaixonar por Portugal, nada
positivo.
disso. Eu queria ter o meu próprio bar num sítio em que o pudesse pagar. E vim a Portugal num domingo, fiquei um dia e sabemos como é Lisboa ao
D.D.: Ambos os bares estão abertos há mais de uma década. Qual é o segredo
domingo, estava vazia, não se via ninguém. O espaço estava vazio, mas eu
da longevidade? Como se continua a cativar o cliente e a fazer com que ele
podia pagá-lo. Foi essa a razão que me fez vir para Portugal.
volte? David: Para mim, que sou um consultor há muito tempo vejo o que as
Drinks Diary: Quando compraste o Columbus o conceito inicial não era o que
pessoas fazem, o que não fazem e como fazem coisas mal feitas. Vi muita
tens agora, mas houve um ponto em que o cocktail ganhou protagonismo.
gente a fazer bares que duraram três anos. Começar, fazer dinheiro e fechar. E
Quando e porquê tomaste essa orientação?
depois vi bares que duraram muitos anos, dez anos por exemplo e as pessoas
entre
vista
decidiram que era tempo de mudar. Com o Cinco eu queria que durasse
Miguel: No início eu ia comprar o que fosse necessário logo de manhã, perto
20 ou 30 anos e eu acredito que o serviço, prestar um bom serviço e boas
das 9h e às 11h já estávamos a funcionar. Servíamos até algumas refeições
bebidas são suficientes para as pessoas voltarem. Não precisas de um sítio
ligeiras e depois à noite fazia até fechar o bar 4h ou 5h da manhã. E no dia
extravagante, nada de extraordinário. Um sorriso trás as pessoas de volta,
a seguir igual, durante um verão inteiro funcionei assim. Mas era realmente
uma grande bebida trás as pessoas de volta, e muito importante, um adeus
muito complicado e eu não estava a aguentar então quando veio o inverno
quando elas se vão embora trá-las de volta. Por isso um bom serviço, bom
tentei arranjar um turno para a tarde. Não havia tempo para mais nada. Hoje
staff, boas bebidas e um sorriso, penso que é isso que faz um bar durar.
em dia acabo por passar mais tempo no bar à noite, tenho o meu irmão que
Miguel: Primeira coisa, fazer o que gostas. Segunda coisa, responsabilidade
controla a abertura e tenho também um gerente que está connosco há 9
e a terceira coisa, criares clientes apóstolos. Clientes que defendem os teus
anos e que me trata da parte de compras entre outras coisas. A outros níveis
valores. Como é que crias isso? Fazer dos teus clientes teus amigos, criar
ter o Columbus é um trabalho a tempo inteiro, desde que acordas, seja às 9h
ligações com eles, fazendo tudo com paixão e dar o teu melhor para com
ou as 8h tens sempre encontros, quando não os tenho dou aulas na escola
eles. E fazendo o que tu gostas torna as coisas muito mais fáceis.
de Hotelaria, ou tens reuniões com fornecedores, ou precisas de mandar orçamentos, ou pensar nos menus, criar novos cocktails ou eventos, ter em
D.D.: Enquanto donos e gestores dos vossos bares acredito que tenham
atenção as alturas do ano criar uma agenda. Estás sempre a trabalhar, desde
muitas tarefas em mãos. Qual é a rotina. Por exemplo, o Columbus abre
que acordas até que te deitas tens o teu negócio na cabeça, é o teu projeto, é
ás 11h e fecha às 04h todos os dias, como se gere tanto tempo de portas
um filho. Agora não prescindo daquelas duas ou três horas para a família, das
abertas?
das 17h ás 21h é o mínimo. O momento em que páras, vais buscar as miúdas
David: É diferente hoje em dia, no início eu respirava Cinco. Nos primeiros
à escola, desligas e voltas a ligar ás 21h até fechar.
7 anos tudo o que fiz foi viver o Cinco. Desde o momento em que eu me levantava, ás 9h ou 10h eu estava a viver o Cinco. Limpando, fazendo novos
D.D.: Como se poupa tempo, trabalham só com um fornecedor, com vários?
cocktails eu simplesmente vivia e respirava Cinco. Felizmente com o tempo
Vão vocês mesmo às compras?
consegui reunir uma boa equipa. Iniciar outros negócios obrigou-me também
David: Hoje em dia a resposta a essa pergunta é muito diferente do que
a recuar um pouco e a começar a delegar tarefas. Não estou no bar tanto
teria sido há 10 anos. Quando abres o bar aqueles primeiros 6 meses são
como antigamente, mas confesso que a minha criatividade morre um pouco
cruciais. É nessa altura que descobres onde vais comprar os teus produtos, os
perante uma folha de exel todos os dias. Porque gasto muito tempo em
fornecedores vão visitar-te, treinas o teu staff. Depois se tens bons sistemas
tarefas como exel, responder a emails, etc. Mas hoje o balanço entre tempo
e bom staff a trabalhar contigo tudo funciona bem. É aí que começas a ter
para a família e tempo para trabalhar é diferente. Como o Richard Branson
tempo para outras coisas, porque tudo funciona como deve ser. Por isso a
diz If you look after your staff, they’ll look after your customers. It’s that simple.
resposta a essa questão depende do momento em que estás no teu negócio.
Nos primeiros sete anos de Cinco poderia dar uma resposta muito direta a
Primeiros 6 meses a um ano, não tens tempo vives e respiras o teu negócio.
essa pergunta, mas hoje em dia o dia é o que for. Tenho uma equipa que me
Precisas de procurar novos fornecedores, descobrir bebidas com melhores
apoia e na qual posso confiar tarefas e delegar responsabilidades o que me
preços, fazer as tuas folhas de Exel para controlar os custos. Depois de tudo
liberta um pouco para outras questões. Não há rotina, e é isso que gosto.
isso estar oleado, não precisas de te levantar tão cedo porque não sabes onde vais comprar a hortelã que precisas para esse dia porque já tens 4 ou 5 sítios onde sabes que o podes fazer. Eu compro tudo, à parte do álcool. Porque o álcool está à distância de um telefonema, não é um problema. Hoje 39
em dia o que me consume tempo é responder a emails, às solicitações de jornalistas, esse é o tipo de coisas em que perco tempo hoje em dia, porque tenho staff capaz de tomar conta das questões relacionadas com o Cinco. Eu faço as compras de manhã, faço as contas e eles quando entram organizamse, então o meu tempo à noite já não é como era ao início. Miguel: Tudo o que são produtos frescos tens de ser tu a comprar. Hoje em dia já não sou eu, mas tenho uma pessoa responsável por isso. Mas ao início sim, eu ia ás compras, tens de ser tu a escolher. Gosto de pegar na fruta, ver e cheirar. Porque quando te entregam estás sujeito ao que vem, a hortelã pode vir negra, a fruta murcha, se fores tu a escolher não a compras. E os produtos que serves são uma amostra da qualidade do teu trabalho. Por isso tens de ser tu a fazer, ou delegar em alguém que conheça e perceba os padrões de qualidade da tua casa. D.D.: Num país cuja cultura de cocktail ainda está a emergir, como se recruta staff? Quais as características mais importantes para se trabalhar no vosso bar?
David: Atitude! Uma boa atitude é isso. Eu nem quero saber se és bom a fazer cocktails, se nunca viste uma garrafa de bebida, tens apenas de ter uma boa atitude perante o trabalho que vais fazer e ficas com o trabalho. Se te empenhares no trabalho eu posso treinar-te. Se fores o melhor Bartender do mundo, mas és preguiçoso, não és bom para o meu negócio. Miguel: Partilho da mesma visão, tens de ter vontade. Na verdade, prefiro que as pessoas em vez de deixar o currículo no bar, se cheguem ao pé de mim e me digam que querem vir trabalhar para o Columbus porque são uma mais valia neste ou noutro sentido. Quero que deem a cara, se preocupem e me digam porque é que acham que são boas para trabalhar connosco. D.D.: Num setor em que há tanta rotatividade e o trabalho noturno é de desgaste rápido, como se mantém uma equipa coesa durante anos?
David: Respeito-os como espero que eles me respeitem. Começa pela pessoa que contrataste inicialmente. Se ele tem boa atitude e trabalha arduamente tu estás disponível para o treinar e a investir tempo nele, quando dás isso a uma pessoa, normalmente ela corresponde e tende a ficar contigo. As pessoas entram e saem no nosso negócio, é um facto, às vezes ficam um ano, o Zé está comigo há 6 anos o que é espantoso. Por vezes ficam apenas 3 meses
Depois depende de quem estás a formar. Tive casos de pessoas que não
porque se apercebem que é um pouco demais para eles e não conseguem se
falavam com os clientes, tivemos de nos focar nisso, ou outros em que o
adaptar. Acabamos por em média de três em três anos ter membros novos no staff. Mas é o negócio em que nos movemos. Quando consegues manter pessoas na equipa 6 anos ou mais normalmente é porque lhes mostras o
problema era a confusão que faziam atrás no bar, outro ponto a trabalhar. Cada caso é um caso.
mesmo respeito que esperas receber. Tens de descer do pedestal do “eu sou o chefe aqui” e ser um trabalhador como eles.
D.D.: Miguel queres acrescentar algo?
Miguel: Só consegues isso se fores uma empresa sólida e se as pessoas
Miguel: Sim, temos também um manual de normas que dou sempre a quem
souberem quais são os teus objetivos. Se souberem que estão a trabalhar numa casa com futuro. Tenho funcionários que vão fazer 10 anos de casa,
começa a trabalhar connosco, mesmo que seja trabalhador sazonal. Há
o gerente por exemplo que está comigo há mais de 9 anos. Tenho outros
sempre uma semana ou duas de adaptação, não pomos ninguém a trabalhar
funcionários com 7 anos, outros com 6 anos de casa e espero mantê-los a
sem que saiba o mínimo sobre o que fazemos ou vendemos e quais os
todos por muito mais tempo. Dou-lhes formação constantemente, em janeiro
nossos padrões de serviço. Para mexer nos cocktails aí já são precisos alguns
vamos para Londres em formação, no ano passado estivemos no Douro para uma formação sobre vinho. Há 2 anos estivemos com o David no Cinco Lounge. Constantemente temos formação, seja na área da comunicação, seja na área dos cocktails, seja na área do vinho.
anos de casa e alguma experiência. Agora apostamos muito no tempo de serviço, na maneira como recebes as pessoas e as tratas. Segurança alimentar, a responsabilidade que é trabalhar com o álcool, tentamos cobrir todas as áreas.
D.D. : O Miguel acabou por responder a esta questão. E no Cinco, há formação, programas de incentivos?
David: Se trabalhas num bar e não te deixam beber um copo, e isto é “off Topic”, tu vais beber. Se deixas o teu staff beber, eles raramente o farão. Se
deixares o teu satff fazer cocktails e usar as bebidas eles fazem e criam coisas novas e entusiasmam-se. Fazemos isso o tempo todo no Cinco, mas fazemos como se fossem jogos e quem perde bebe o shot horrível, falamos sobre os cocktails, debatemos ideias. Sim o staff faz regularmente formação nos pontos que acham relevantes. Mas para mim, saber fazer cocktails e conhecer os produtos é apenas 10% do trabalho, o que realmente me interessa é o quão bons eles são com as pessoas. Terem uma boa história para contar, dizer olá. Incentivo-os mais a isso, é mais importante do que saber de onde vem o Bourbon. 40
D.D.: Quais foram os maiores desafios que os vossos projetos ultrapassaram nos últimos anos, que economicamente foram difíceis. Há gestão de crise? Miguel: Sim, sentimos. Mas nunca mudei, simplesmente abri as portas e fiz o mesmo, dia após dia. Porque eu acredito que as pessoas vão continuar a vir. Tens maus momentos, tens anos que não são tão bons como o ano anterior. Não significa que fizeste algo errado, apenas quer dizer que as pessoas têm menos dinheiro para gastar que no ano anterior. Acredito piamente que tens de aguentar o bom assim como o mau. Tens de estar à altura de gerir o teu negócio quando há muito dinheiro e quando há pouco. Quando abri o Cinco tinha 4000€ em meu nome, comi pizza durante 6 meses, por isso estou pronto para os maus momentos, tens de saber geri-los. Sim, sentimos no Cinco, mas se não sabes lidar com isso estás num negócio que só dura 2
anos, nunca vai durar 10.
de servir álcool e manter as pessoas calmas.
Miguel: Para nós as coisas tem corrido bem, temos batido sempre recordes de faturação. Temos preços mais elevados agora do que tínhamos há 10 anos
D.D.: A nível do menu, como se tomam decisões. Quando muda, quando
quando abrimos o bar, mas as pessoas já conhecem o nosso trabalho e estão
introduzir coisas novas, etc.?
predispostas a consumir mais. Agora a nossa margem é inferior do que o
David: Quando abri o Cinco mudava o menu de 4 em 4 meses. Fazia menus
que era, basta ver que o IVA subiu de 13% para 23% para além de 7 novos
sazonais, estava a maior parte do meu tempo no Cinco, estava sempre a criar
impostos para pagar que não existiam na altura em que abrimos. Mas é para
coisas e a mudar. Criei na altura menus bem estranhos, mas era esse o ponto
nós e é para todos, temos que nos ir aguentando e sermos responsáveis. Ter
em que eu estava da minha vida. Hoje em dia cada menu dura 8 ou 9 meses,
cuidado com o dinheiro porque ás vezes pensamos que estamos a vender
às vezes um ano. Este útimo está a demorar um ano a preparar, depende
uma coisa com margens de 50% ou 60%, mas não porque se fizermos bem
também do teu público. Se tens um Sports bar só precisas de “creamy nice
as contas, à água, à luz, ao funcionário e tudo o resto percebemos que não.
drinks” é simples de definir, se tens um Speakeasy tendes a criar bebidas
Penso que muitas vezes os negócios também não resistem por causa disso,
mais elaboradas inspiradas na Prohibition. Neste momento eu faço menus
porque as contas estão mal feitas.
para mim. Faço bebidas para os meus clientes, mas o menu faço-o para mim. Encho-o com o nome dos meus amigos, com o nome dos filhos dos
D.D.: Em ambos os bares não há seleção de clientes á porta, vocês não têm
meus amigos. Daí o cartoon, podia perder meia hora a explicá-lo e poderias
seguranças. Como se constrói um bom ambiente?
percebe-lo todo e não me importo que confunda as pessoas, porque dá-me
David: Para mim voltamos àquela questão, é sorrimos às pessoas e
gozo lê-lo. Faço-o para mim e tento faze-lo com piada e há tantas piadas que
compreender que às vezes as pessoas tem dias maus, que podem entrar no
só nós no Cinco percebemos, e eu gosto disso.
nosso bar depois de terem tido um dia terrível ai nós damos-lhe um sorriso e o menu e elas tendem a relaxar. Assim que alguém entra vais até ela, em
Miguel: Não é por acaso que o nosso menu foi considerado o melhor menu
10 segundos. Dás-lhe o menu e um lugar para sentar, a partir daqui tens
no Lisbon bar Show em 2015 (risos). Escolhemos o formato Jornal para
tempo. O que vejo é que muitas vezes as pessoas ignoram-te e aí ficas ainda
contrariar a tendência das novas tecnologias e dos smatphones. Estamos
mais chateado. Um sorriso, o menu, atenção e as pessoas não tem razão para
num edifício histórico, com mais de 500 anos no centro histórico da cidade,
estarem chateadas contigo. A pessoa até pode ser curta e rude, mas nós não
pensamos que era giro voltar aos velhos tempos em que as pessoas estão
sabemos que dia ela teve. Tenho o Cinco há mais de 10 anos e não houve
sentadas no café a ler o seu jornal, a desfolhá-lo e onde podem não só ver o
uma briga, nunca coloquei ninguém na rua. O que é incrível, por isso acho
que temos para oferecer, mas também podem ler outros artigos que educam
que um sorriso funciona.
e explicam o que são os nossos produtos e a filosofia do nosso espaço. Assim
Miguel: Não temos esse tipo de problemas, talvez ajude o facto de estarmos
como dicas sobre a cidade e é também um espaço onde as marcas que
ao lado do Banco de Portugal e de haver sempre uma presença policial por
trabalham connosco, nas quais nós acreditamos, se podem promover e nós
perto. Deixamos inclusivamente a esplanada posta, as televisões cá fora e
fazemos cocktails adequados a essas marcas. Foi nesse sentido que criámos
nunca houve problemas de roubos ou algo parecido. Mas penso que acabam
o jornal, tem 40 páginas e este será o 5º ano que o fazemos. Poderemos
por ser os clientes a fazer essa seleção, as pessoas quando entram veem em
mudar no futuro, mas terá sempre esta componente de leitura, um espaço
que tipo de bar, os nossos seguranças acabam por ser os nossos clientes,
onde podemos partilhar coisas com os nossos clientes, um momento de
são eles que abafam no fundo alguma situação, que ficam incomodados se
leitura e podem inclusive levar o jornal com eles.
alguém falar demasiado alto ou algo parecido. Mesmo quando há clientes que ficam até mais tarde e que tenham bebido de mais, nós tentamos parar
41
D.D.: Têm bares conceituados e com relevo a nível nacional. Aparecem com
não “emprego” ninguém.
regularidade em guias e revistas. Como fazem, trabalham vocês mesmo as
Miguel: Sim, já fiz isso. Quando o Fábio ganhou o melhor Bulldog Bartender
questões relacionadas como Marketing e Relações Públicas ou procuram
of the Year nós fizémos um press release para os jornais todos, para as
ajuda profissional nessas áreas?
revistas e sites. Tenho também sempre uma apresentação que acompanha os
David: Mais uma vez para mim é algo que começou bem lá atrás, quando abri
orçamentos, dependendo do tipo de pedido, há vários feitos.
o Cinco não tinha clientes, mas vieram 4 tipos que se sentaram e pediram 2 Bloody Marys e 2 Martinis. Eu não tinha mais nada para fazer então conversei
D.D.: E as redes sociais, como as trabalham? Há estratégia ou é apenas algo
com eles até eles se cansarem. Falei-lhe dos Bloody Marys, falei dos Martinis
que se vai fazendo no dia a dia?
e muitas outras coisas. Eles foram embora e 2 dias depois voltaram e tivemos
David: Nunca fui bom na autopromoção. O Miguel sim, penso que ele é
uma conversa similar. Vim a saber depois que um era o Editor da Vouge, outro
excelente a fazê-lo. Lanças bons vídeos, hashtags no Instagram eu vejo o que
o Editor da ELLE e outro era um Free Lancer para a Lonely Planet. Todos
ele faz e penso que é realmente bom, é um bom trabalho. Mas nunca o faço.
escreveram sobre mim. E essa foi informação que ficou, sempre que algum
Acabo por publicar imagens tontas no Facebook como na última publicação
jornalista quer escrever sobre bares em
onde o Cinco entra.
Portugal eu apareço e nos últimos 10 anos
Miguel: Todos os dias gasto pelo menos uma
temos estado em 3 ou 4 revistas por mês
hora a ver as redes sociais. Por exemplo,
e nunca gastei dinheiro em marketing ou
no Instagram vejo quais são os tags que se
publicidade. Ás vezes publico coisas no
relacionam com o meu bar, vejo a cidade,
facebook ou envio emails, mas admito que
quem chegou, os turistas, faço likes nas
não sou muito bom a fazer essas coisas.
fotos que gosto dou a conhecer o meu
Mas tudo se resume ao início da conversa,
bar. O mesmo no Facebook, vejo quem
dás um sorriso às pessoas, elas vão para
esteve no Columbus, tento acompanhar
casa e contam a alguém que vem, recebe
constantemente. Esse é o meu trabalho de
um sorriso e vai embora conta a alguém. É
manhã quando acordo. Não me promovo
isso que fazemos no Cinco.
todos os dias, também não queremos cansar as pessoas, mas próximo das datas
Miguel: Ao contrário do Cinco, que tem a
de eventos sim, tens de manter a memória
sorte de estar em Lisboa, nós estamos em
das pessoas fresca, se não deixas de ter
Faro onde nada acontece. Em comparação
relevância. Por exemplo, já tenho o vídeo do
Lisboa é como se fosse Londres em
guest bartending do Luca Cinalli pronto, mas
Inglaterra, mas nós não estamos em
estou à espera de um bom momento para
Manchester, estamos em Faro que é bem
o lançar. Há uma estratégia e ela é sempre
mais pequeno. Os jornalistas não estão
direcionada ao cliente.
cá, vêm cá como a Drinks Diary veio agora. Então eu como CEO tenho os meus
D.D.: Como se concilia a vida pessoal com a
objetivos traçados e crio um plano para o
vida profissional quando se gere um bar que
atingir, sejam coisas para fazer hoje, seja
funciona 7 dias por semana?
para fazer este mês ou até ao final do ano. Estamos no Top no Trip Advisor,
David: É difícil quando se começa, para mim hoje em dia é diferente porque
temos muitos seguidores nas redes sociais, Facebook, Instagram, Twitter,
para dizer a verdade a última vez que eu realmente fiz um turno atrás do
Foursquare, Youtube, Vimeo, sou eu que trabalho toda essa parte. Agora é
meu balcão foi há 2 ou 3 anos atrás. Às vezes fico até mais tarde, mas fazer o
óbvio que para fazer o jornal tenho alguém que trabalha nessa parte, que
fecho realmente já não faço porque tenho staff capaz de o fazer. Os clientes
é alguém que escolhi porque já percebeu o estilo e como eu gosto que as
que tinha há 10 anos, cuja a ideia é ir ver o Dave, hoje em dia são clientes
coisas sejam feitas. É também essa pessoa que faz flyers ou publicidades
que pensam em ir ao Cinco, não em ir ver-me. O que é perfeito, embora ainda
quando surge a necessidade e é essa pessoa que me acompanha ao nível
há quem chegue à minha procura, mas em menor número. Mas o balanço
da comunicação. Tenho também alguém que me aconselha, um coach para
faz-se tendo alguém a teu lado que não te acorda às 6h da manhã quando o
a comunicação, que me ajuda a filtrar as várias ideias soltas que tenho e
bebé precisa de comer e que te deixa dormir até as 9h, 9h30 até que o bebé
a encontrar a melhor direção. Penso que temos de ter pessoas que nos
vai para a escola. O facto é que eu posso viver bem com 6h de sono o que
direcionem neste trabalho, porque temos tanta coisa em que pensar que tens
ajuda muito.
de saber realmente o que queres.
Miguel: Eu tenho ali um comboio muito grande para conduzir e não me posso dar ao luxo de às sextas e sábados, ou em vésperas de feriado, nos
D.D.: Costumam fazer Press Releases?
dias que trabalhamos mais, estar ausente. Tenho de estar presente na
David: Eu nem um postal de aniversário fiz! Já me questionaram porque não
coordenação, na organização. Durante a semana se tenho o gerente fora
fiz um press release quando lancei o último menu, mas na realidade nem
posso ir um pouco mais tarde, mas é mais simples, posso sair um pouco
cheguei a pensar nisso. Não sou muito bom na autopromoção. Penso que
mais cedo, até tirar folga. Mas só o posso fazer porque tenho pessoas que
precisas de alguém que o faça contigo e eu estou por minha conta no Cinco.
trabalham há 9 anos comigo. Mas até poderiam estar só há 1 ano, a ideia
Tudo o que faço no Cinco conto com o apoio de alguém, mas para essa área
é que podem fazer igual ou até melhor que tu e isso é possível. Tens de
42
encontrar pessoas a quem delegar tarefas e confiar nelas. D.D.: Qual é para vocês a melhor e a pior parte deste trabalho? David: Conhecer pessoas novas e as suas experiências, todos os dias. O pior
D.D.: Como veem o progresso da indústria das bebidas em Portugal? O que podemos esperar para os próximos 3 a 5 anos na indústria. Qual é a next big thing depois do gin tónico?
todos os problemas que isso trás consigo (risos). O pior será mesmo gerir
David: Não sei realmente, quem diria há 5 anos que o gin iria ter tanto
um negócio em vez de ser um Bartender, fazes essa transição. Deixas de ser
sucesso? Espero que os cocktails tenham mais relevância do que tiveram na
o Bartender onde tudo é de alguma forma confortável e sabes o que estás
última década. Por isso ou os cocktails vão aparecer em força e muitos bares
a fazer. Gerir um negócio é algo diferente, amanhã há um problema novo, e
vão começar a fazê-lo ou outra coisa vai aparecer, não uma bebida espiritosa
outro novo no dia a seguir. Passas a ser o teu próprio patrão é bom, mas há
sozinha, porque toda a gente fala em gin, mas o facto é que não é gin é gin
outros problemas que surgem.
e água tónica que teve o grande boom. Por isso será algo do género, uma
Miguel: Para mim a melhor parte é o reconhecimento que temos por parte de
Margarita, uma marca vai aparecer e puxar o mercado para algo do género. E
quem vem ao Columbus, e vê o nosso projeto e percebe o que aqui fazemos.
o gin tónico vai ficar por muito tempo, bem mais que 5 anos.
Ouvir as pessoas, sentir que estamos a trabalhar bem, que temos uma marca
Miguel: Penso que as pessoas estão cada vez mais informadas e por isso as
forte, que as pessoas se relacionam connosco. A pior parte, não será a pior
novas tendências de bar é as pessoas irem a um sítio e pensarem como se
mas a mais difícil é que a noite trás muitos vícios e muitos excessos e tu tens
fossem a um restaurante, beber o que gostam, procurar coisas novas. Penso
de saber controlar-te muito bem e ser responsável para não te deixares levar
que a tendência não será uma marca em particular, mas sim os cocktails
por isso.
como um todo. Para as senhoras cocktails mais doces, para os homens os long drinks ou on the rocks, sem dúvida. Para os homens teremos também
D.D.: Trabalhar na noite implica trabalhar com pessoas alcoolizadas e por
de achar o equilíbrio, porque um homem consegue beber um gin tónico ou
vezes menos agradáveis. Como se lida com isso?
um Kraken & Stormy mas uma Margarita, porque vem naquele copo já não
David: Até hoje no Cinco nunca colocamos ninguém na rua, mas temos um
gosta. Mas uma Margarita é bom, se o beber noutro copo ou on the rocks vai
tipo – todos os bares têm um tipo – que é um amigo até, mas que adormece
gostar. Vamos ter de desbloquear essa ideia pré-feita por parte dos homens
agarrado à sua cerveja, acorda e bebe um golo e volta a adormecer. E quando
em relação aos cocktails. Penso também que caminhamos para cocktails que
ele acaba de beber a cerveja, nós trocamos a garrafa por uma cheia. Mas não
têm menos álcool e mais volume, porque dá a oportunidade às pessoas de
há problema nenhum com ele, é um tipo porreiro, apenas tende a adormecer!
beberem mais que um e provarem coisas diferentes.
Miguel: No Columbus começamos por não servir mais álcool. Servimos água, o cliente descansa um pouco se virmos que se recompôs voltamos a servir.
D.D.: Que conselho dariam a alguém que está a começar um bar como projeto
Se for um cliente amigo acabamos por lhe tirar a chave do carro e
de vida neste momento?
levá-lo a casa ou mandamos vir um táxi. Não damos espaço para que as
David: Não deixem que os dias maus vos desanimem, porque vão haver dias
pessoas cheguem ao ponto de destabilizar o ambiente da casa. Não podemos
bons é uma certeza. Tenham orgulho no vosso trabalho mas se estão neste
às vezes impedir que as pessoas venham embriagadas lá de fora, e o pior
negócio por causa do dinheiro vão fazer outra coisa qualquer.
que me fazem realmente é sujarem as casas de banho, entupir as sanitas é o
Miguel: Depois destes anos de aprendizagem, acho que nos devemos focar.
pior que pode acontecer. Mas também são situações que acontecem mais nas
Se é um bar de cocktails é um bar de cocktails, se é um club é um club, tentar
semanas do caloiro e nas semanas académicas, que são alturas muito dadas
fazer as coisas bem, especializares-te no que fazes. Se são gins tónicos que
ao excesso.
fazes, faz mesmo bem, não te disperses, não queriam fazer tudo num sítio só. E depois é coragem, porque não é fácil. Há dias bons e dias maus.
43
3º Schweppes Challenge Uma referência da Competição de Bartending em Portugal “Servir bem, beber bem.” Foi o mote para o 3º
Cada cocktail foi servido em quatro copos e teve
O júri foi constituído por Diego Cabrera,
Schweppes Challenge que terminou no dia 24 de
um tempo máximo de cinco minutos para a sua
embaixador da Schweppes na Península Ibérica,
agosto de 2015 no Porto. João Severino, principal
elaboração.
Paulo Gomes, vencedor do Schweppes Challenge
Bartender do Aladin Bar do Vila Vita Parc Hotel &
2014, Flavi Andrade, Melhor Bartender de Espanha
Spa, em Porches, no Algarve, foi o grande vencedor
Desta semifinal foram apurados os cinco
2014 by Mixología Blog e Vítor Matos, Chef
desta competição que pretende elevar o nível do
concorrentes que começaram o dia da grande
galardoado com uma estrela Michelin.
serviço de bar em Portugal.
final com um desafio surpresa. Pela manhã foram levados ao Mercado do Bulhão, um espaço típico
Coube a este painel pontuar cada participação
O Schweppes Challenge realizou-se pela terceira
da cidade do Porto e um bastião do comércio
em três níveis: apresentação, preparação e
vez e como já vem a ser habitual decorreu em três
tradicional. A cada concorrente foi dado o tempo
degustação.
fases: apuramento, visitas ao local de trabalho
de quarenta minutos e um budget de 10€ para
e a grande final. Do apuramento apenas dez
dentro do mercado encontrar produtos para
João Severino foi o grande vencedor do 3º
concorrentes seguiram para as fases seguintes e
elaboração do cocktail a levar a concurso nessa
Schweppes Challenge. Participante nas três
apenas cinco passaram à grande final no dia 24 de
tarde.
edições, conseguiu surpreender o júri com o seu
agosto, no Porto.
Fizzy Al-Gharb, um cocktail em que juntou o rum, Deviam ter em conta que o álcool e os produtos
Schweppes Tónica Lavanda & Flor de Laranjeira e
A última etapa do Schweppes Challenge iniciou-se
Schweppes seriam colocados à disposição pela
um xarope caseiro de figo, um fruto algarvio por
com as semifinais onde cada um dos dez finalistas
organização. Após este desafio os concorrentes
excelência.
teve de apresentar dois cocktails diferentes com
tiveram direito a cinco horas para experiências e
um mínimo de 200ml de um produto Schweppes.
preparação da bebida a apresentar ao júri.
44
O Júri do evento
Diego Cabrera
Flavi Andrade
Vitor Matos
Paulo Gomes
Conceituado Bartender Argentino radicado em Espanha, é atualmente o embaixador da Schweppes para a Península Ibérica.
Foi considerada a melhor Bartender de Espanha em 2014 pelo Mixologia Blog. Atualmente é Bar Manager do Guarita Terrace na Praia Verde no Algarve.
Chef galardoado com uma Estrela Michellin, encabeça agora o novo projeto no Porto, o Antiqvvm.
Vencedor do segundo Schweppes Challange em 2014, é Head Bartender no Red Frog em Lisboa.
45
À Terceira foi de vez! João Severino venceu a terceira edição do Schweppes Challenge depois de ter já participado nas duas edições anteriores. Afirmou que volta “porque é competitivo e gosta de aprender com os outros concorrentes” e porque tem muito apoio por parte da sua equipa de trabalho o que lhe permite participar nas competições e evoluir. O seu percurso profissional passou pela Escola de Hotelaria do Algarve, inicialmente como aluno e mais tarde como monitor. Nos 15 anos de experiência enquanto Bartender conta ainda com uma passagem pelos prestigiados cruzeiros da Royal Caribbean. Bartender principal do Aladin Bar do Vila Vita Parc Hotel & Spa, em Porches, foi para a sua equipa de trabalho, assim como à direção do hotel, que direcionou os agradecimentos na hora de receber o prémio. O vencedor do Schweppes Challenge vai representar a marca durante um ano, estando presente nos eventos mais relevantes. Terá a oportunidade de realizar uma formação Schweppes em Espanha, além disto recebeu ainda o prémio monetário no valor de 2500€.
Fizzy Al-Gharb 40ml Rum Plantation original Dark 20ml Amareto Disarrono 30ml Xarope Al-Gharb * 20ml Sumo limão natural 200ml Schweppes Lavanda & Flor de Laranjeira. Decoração: 1/2 figo com amêndoa lascada no bordo da taça. * Xarope caseiro obtido a partir de doce de figo e Schweppes Laranja. Misturar bem os dois ingredientes e passar por um coador fino. A inspiração para a elaboração desta receita foi os sabores algarvios, região da qual João Severino é originário. O Figo, a amêndoa e os citrinos são produtos regionais que complementam a água tónica, neste caso uma Schweppes Lavanda & Flor de Laranjeira. Todos estes elementos criam um cocktail com um sabor distinto e refrescante.
46
> ENTREVISTA
ROMAN FOLTÁN
Roman Foltán foi considerado pela Forbes Magazine uma das 30 pessoas com menos de 30 anos mais talentosas em 2015. Com apenas 20 anos começou a trabalhar no Artesian, considerado o Melhor Bar do Mundo quatro anos consecutivos. Roman Foltán esteve em Portugal e falou com a Drinks Diary sobre o seu percurso profissional, sobre o Artesian e os projetos para o futuro.
Drinks Diary: Li algures que começaste a tua
me para Londres, tinha 19 anos, foi em 2010.
com o Diretor Geral do Hotel, depois disso
carreira na hotelaria com 14 anos. Queres contar-
Comecei por trabalhar num pequeno restaurante
telefonaram-me a dizer que tinha conseguido o
-nos um pouco mais sobre o teu percurso até
como food runner. O meu irmão conhecia o Alex
trabalho. Foi uma espécie de presente. Mas na
chegares ao melhor bar do mundo, o Artesian?
Caporale, saiu com ele para beber um copo e foi
altura em que enviei o CV nem sabia bem ao que
Roman Foltán: Sim, como disseste antes comecei
nessa altura que o Alex lhe perguntou se conhecia
me estava a candidatar.
a trabalhar em Hotelaria quando tinha 14 anos. É
alguém, que ele estava à procura de alguém para
uma coisa de família, o meu pai trabalhava num
o bar, mas alguém que não tivesse experiência.
D.D.: Cresceste na República Checa, que influências
restaurante e o meu irmão mais velho também. Eu
Nessa altura o meu irmão Camille disse que
teve o local onde nasceste naquilo que fazes?
estava de certa forma a seguir o legado familiar.
sim, conhecia alguém. Telefonou-me pediu-me
R.F.: Acho que os checos são pessoas calorosas e
Comecei por trabalhar na cozinha, como ajudante.
para mandar o currículo, porque eu de facto
hospitaleiras, nós gostamos de convidar pessoas
Consegui crescer na cozinha e mais para o fim
queria trabalhar atrás do balcão. Mas não tinha
para virem a nossa casa, gostamos de tomar conta
estava a tratar da dispensa. Isto foi durante a
possibilidades, estava há cerca de dois meses
dos convidados como se fossem parte da família.
escola secundária, eu estava a estudar Gestão de
em Londres, cheguei em outubro e em dezembro
A minha mãe sempre me ensinou que devemos
Hotéis e gostava de falar com pessoas, por isso
enviei o currículo para o Alex. Fizemos cinco
tratar os outros como gostaríamos que nos
acabei por me mudar para o serviço de mesa.
entrevistas, todo o processo levou um mês e meio.
tratassem. E foi isso que eu trouxe da República
Nessa altura trabalhei em vários cafés, bares,
E a coisa engraçada foi que no meu aniversário, 19
Checa comigo para Londres
clubs. Quando acabei a Escola Secundária mudei-
de janeiro de manhã, tivemos a última entrevista
48
D.D.: Foste muito jovem para Londres, quando e porquê tomaste a decisão de partir? R.F.: Acho que o grande impulso para sair do meu país foi a vontade que tinha de aprender inglês, depois como já estava a trabalhar na área da hotelaria acabei por seguir o meu irmão que já estava em Londres e a trabalhar num bar. Então ouvia muitas histórias sobre o bar onde ele trabalhava e achei que era o que queria fazer. Acho que se queres aprender sobre esta área profissional, Londres é o sítio onde deves ir. D.D.: És um profissional muito jovem e já estás num local de topo. O que vais fazer a seguir? R.F.: Ainda quero trabalhar atrás do balcão! O tempo que conseguir porque adoro trabalhar num bar. Mas de momento estou a pensar em férias e trabalhar enquanto Embaixador para o mercado Britânico da Becherovka, que é um licor herbal checo. Mas é apenas um part-time. Neste momento estou focado nisso, mas há alguns projetos para breve, mas que não posso ainda divulgar. D.D.: Como é que uma equipa de sucesso como a do Artesian decide sair em bloco? O que se passou na realidade? R.F.: Penso que para todos nós era simplesmente o momento de sair, ou pelo menos foi o que sentimos. Atingimos o topo, estávamos lá há algum tempo e sabíamos que não o poderíamos fazer para sempre. Sabiamos que chegaria o momento de fazer algo por nossa conta. Inicialmente foi um passo dado pelo Alex, Simone e eu. Entregámos a carta de rescisão, mas nunca esperámos que o resto da equipa fizesse o mesmo. Foi simpático por parte da equipa, porque somos mais que colegas, criou-se quase uma família e todos sentiram que sem nós deixava de fazer sentido. Todas as pessoas na equipa são igualmente importantes. Não iria ser a mesma coisa. D.D.: Ganharam a distinção de melhor bar do mundo nos últimos quatro anos. O que fez do Artesian o melhor bar do mundo, qual é o segredo, como se atinge esse nível? R.F.: Isso é uma questão engraçada. Cada pessoa tem a sua perspetiva, os seus gostos e interesses. Sim ganhámos essa distinção, para algumas pessoas podemos ser o melhor bar do mundo, para outras não. Acho que aquilo que tentámos fazer
sempre, para além de sermos exigentes ao nível de cocktails, foi apostar no serviço que prestamos, fazer as pessoas sentirem-se confortáveis. Como sempre digo, o cocktail pode ser a última coisa a pensar ou a cereja no topo do bolo, porque a pessoa pode só ir beber um gin tónico ou um copo de vinho. Mas se ela não se sentir confortável no sítio, se não gostar da atmosfera… Acho que foi uma das coisas que fez do Artesian um bar especial, porque não interessa quem sejas, cada vez que vens ao bar tentamos que seja um momento especial e que te sintas uma pessoa especial. D.D.: Todos nós já ouvimos histórias sobre o “Work hard, party hard” e a equipa do Artesian era conhecida por trabalhar muitas horas e apanhar o primeiro voo da manhã para dar uma Masterclass em Moscovo por exemplo e voltar para fazer o turno noturno. O que é a rotina de alguém que trabalha num bar como o Artesian, quantas horas
podes esperar trabalhar. Fala-nos do que era a rotina para ti. R.F.: O bar abre às 11h da manhã, mas a primeira pessoa a chegar fá-lo pelas 7h da manhã. Claro que há quem faça a preparação, mas por vezes eramos nós, o Alex ou Simone ou eu a entrar ás 7h para fazer a preparação do dia e acabávamos por sair ás 3h ou 4h da manhã. Portanto imagina que o meu contrato dizia 40h por semana, 5 dias, 8h por dia. Algo que nunca fiz na vida, acabava por fazer 70h ou 80h por semana. É engraçado que muitas pessoas nos acompanham nas redes sociais e pensam que nós não trabalhamos no bar. Mas trabalhamos todas aquelas horas e ainda fazemos as viagens em cima disso, daí ser normal sair do trabalho para o aeroporto, chegar ao destino, fazer o que tens de fazer, a Masterclasse, Guest Bartender, Júri de uma competição. Acabas e voltas ao aeroporto, sais de lá direito para detrás do balcão. Na verdade, viajamos no nosso tempo livre e nas nossas folgas. 49
> ENTREVISTA
porque não é natural. Acho que o que devemos D.D.: Era sempre um grande momento quando
fazer é aprender com eles, buscar inspiração, mas
o Artesian lançava um novo menu, vocês eram
transformar tudo na tua própria maneira. Acho
conhecidos por trazer sempre algo de novo e subir
que é muito importante seres tu mesmo, mas
“a parada”. Qual era o vosso processo para criar um
aprender com outros, ser inspirado por outros. Não
novo menu?
tentar ser como eles, porque não vai funcionar. As
R.F.: É preciso muito tempo. Todos os anos
pessoas irão sempre perceber que não estás a ser
lançávamos novo menu no dia 2 de julho,
tu.
sempre no mesmo dia. E assim que o lançávamos começávamos a pensar num novo menu, é um
D.D.: Foste considerado uma das 30 pessoas mais
processo longo que levava pelo menos um ano.
talentosas abaixo dos 30 anos pela Forbes em
Há muitas coisas a considerar. Tínhamos sempre
2015. Como te sentes com tal distinção?
um tema sobre o qual trabalhávamos. Por isso
R.F.: Foi uma agradável surpresa quando me
inicialmente começávamos por colocar em cima
telefonaram e disseram que me iam nomear. Foi
da mesa alguns temas e fazíamos algum trabalho
interessante, nesse momento realizei que talvez
sobre eles para ver qual funcionava melhor e só
tenha alcançado alguma coisa na minha carreira,
depois se decidia. Nesse ponto começava-se a ir
porque se a Forbes me deu esse destaque quer
mais fundo no tema escolhido.
dizer algo.
D.D.: O que vem primeiro, o copo, o nome da
D.D.: É a segunda vez que visitas Portugal em
bebida ou a bebida em si?
poucos meses. Imaginas-te a ter um bar por cá?
R.F.: Penso que primeiro vem a bebida em si, os
R.F.: Era uma das ideias para o verão, abrir algo
ingredientes. Normalmente fazíamos sempre as
para a época, como um pop up por alguns meses.
bebidas primeiro, pensávamos no que queríamos
Trazer a experiência de Londres e fazer algo cá.
usar no menu. Depois pensávamos como o iríamos
Consigo imaginar-me a fazer algo aqui. Há espaço.
servir e o nome era a última coisa. D.D.: Do que conheces de Portugal, que locais mais D.D.: Tiveste dois grandes mentores, Simone
gostas de frequentar. Que opinião tens sobre a
Caporale e Alex Kratena. O que mais te marcou no
cultura de bar portuguesa?
processo de aprendizagem com eles?
R.F.: Ainda não vi muito, cheguei há pouco a
R.F.: O que nos passam sempre, enquanto
Lisboa. Penso que no Algarve há mais coisas a
professores é que devemos trabalhar como uma
acontecer. Gosto do local onde estive depois do
equipa, o importante não é uma pessoa ou o sítio,
hotel, o Tabik, acho que estão a fazer um bom
mas a equipa como um todo. Isto talvez seja a
trabalho lá. Gosto da atmosfera, não é tanto as
coisa mais importante que me ensinaram e 90%
bebidas, mas a forma como te fazem sentir. O Red
de tudo o que sei sobre bar aprendi com eles
Frog também foi um local que já visitei e gostei.
os dois. Técnicas, conhecimentos, no fundo foi o único sítio onde trabalhei e eles moldaram-me
D.D.: Que conselhos darias a um jovem que está
enquanto profissional.
agora a começar e que sonha em chegar a um local de topo?
D.D.: E como é que crias o teu próprio estilo
R.F.: Acho que a coisa mais importante é gostares
quando os modelos são tão fortes?
do que fazes, porque nada nos chega de graça.
R.F.: Penso que o grande problema é que muita
Tens de olhar para os teus objetivos e sonhos e ser
gente quer ser como o Alex Kratena e como o
humilde. Não interessa o que consegues alcançar,
Simone Caporale, então tentam
deves lembrar-te sempre onde começaste.
comportar-se como eles, mas não funciona,
50
> NÓS POR LÁ
António Oliveira: De Valpaços para o TOP 10 do Bacardi Legacy França António Oliveira é natural de Valpaços e iniciou o seu percurso enquanto Bartender no bar Amo-te. Ainda em Portugal foi proprietário e gerente do Restaurante Oliveira de onde saiu para ser Chef Barman da Discoteca Guedes. A sua formação passou pelo Curso de Hotelaria, Restauração e Bebidas na Escola de Hotelaria do Douro em Lamego. António passou depois pelo Play Glam Club em Valpaços onde desempenhou o papel de Chef Barman de onde saiu para uma aventura em França que teve início com um estágio no Sofitel Lyon Bellecour, em Lion. Com esse estágio conseguiu a posição de Barman de primeira no mesmo Sofitel do qual hoje em dia é Primeiro Barman no mesmo espaço. Este é o percurso que levou António Oliveira a concorrer ao Bacardi Legacy Global Cocktail Competition 2016. “Desde miúdo que sou um lutador na vida e sempre aprendi que para poder chegar longe temos de dar o melhor de nós próprios e nada como uma competição desta envergadura para poder dar tudo de mim”, afirma António sobre as suas motivações para se inscrever neste conceituado concurso, no qual chegou já aos 10 finalistas, em França, com a sua criação Paradise Daiquiri. António diz-se um apaixonado pela literatura e mixologia e foi no encontro destes dois mundos, no romance “This Side Of Paradise” de Scott Fitzgerald, que encontrou a inspiração para criar o seu cocktail. É neste romance que o daiquiri é pela primeira vez mencionado. Considera o Perfect Daiquiri um dos cocktails mais equilibrados de sempre, e percebeu que era uma boa base para avançar para a sua própria criação. O Paradise Daiquiri é um cocktail que junta o rum Bacardi Carta Blanca, com St. Germain, sumo de lima, açúcar e Fernet Branca. 52
Chegar a este nível da competição em França, sendo estrangeiro, é ainda mais compensador e só foi possível com esforço e dedicação. “As minhas inspirações foram o Nelson Bernardes, Pedro Paulo, Wilson Pires, João Sério, Tiago Mira entre outros tantos “tugas” por este mundo fora.” Afirma António Oliveira. Neste momento crucial da competição, os concorrentes ocupam-se em torno da estratégia de comunicação dos cocktails, na tentativa de os colocar entre o legado da Bacardi. António aposta maioritariamente numa estratégia online com a criação de uma página web onde concentrará as redes sociais e o vídeo oficial do cocktail, que conta com a aparição de uma manequim da VIP Model´s. António aposta ainda na difusão do cocktail numa rede de luxo que é o Grupo Accor, em meetings e seminários. Para além disso tem agendadados vários guest bartending, acontecendo um deles no próximo dia 28 de fevereiro, um domingo, no Quarto com Vista, na LX Factory em Lisboa. A competição está ainda em aberto e a final da Bacardy Legacy Sul da Europa, irá realizar-se em Portugal no dia 1 de março.
Paradise Daiquiri 40ml Bacardi Carta Blanca 10ml St. Germain 20ml Sumo de lima fresca 1 colher de bar de Açúcar branco em pó (fino de pastelaria) 1 colher de bar de Fernet Branca
> NÓS POR LÁ
Cienfuegos 45ml Bacardi Carta Blanca 15ml Sake meio seco 25ml Aperol 7.5ml Leite de coco
João Sério: O Bartender de Faro que chegou ao Topo no Dubai João Sério é natural de Faro e começou o seu percurso como Bartender no Columbus Bar. Antes de sair do país passou ainda pelo PuroBeach Vilamoura, Gecko’s Club Vale do Lobo, Cubo Quinta do Lago e Ruis Bar em Vilamoura.
de bares: Catch, Bagatelle e Burger & Lobster. É aqui que está atualmente. Depois da experiência positiva em competições em Londres, continuou a participar no Dubai, tendo sido finalista da Jameson Competition e de ter figurado no Top 10 da Barcardi Legacy dos Emirados Árabes Unidos no ano passado.
Em 2011 decidiu sair de Portugal e rumar a Londres onde começou por trabalhar no
Neste momento, João Sério e o seu cocktail
Mandeville Hotel, onde ficou cerca de um ano no
Cienfuegos, está no Top 4 da Bacardi Legacy
DeVigne Bar. Este foi um ano em que, segundo João Sério, pôde aprender muito e que lhe permitiu mudar-
nos Emirados Árabes Unidos, numa competição que ainda está em aberto.
explicado pela grande quantidade de asiáticos que se mudou para Cuba nessa altura para trabalhar nos campos de cana de açúcar.
se para o Bar Americain como Bar Supervisor, onde ficou
importação que cuba faz desde 1880, facto
Inspirado nas trocas comerciais entre Cuba e o
A Bacardi Legacy é uma competição que para
mundo, o Cienfuegos é um
além do cocktail em si, se preocupa com a criação
A aventura nas terras de
cocktail que junta o rum
de um legado, por isso cada criação tem de
sua majestade fecharia
Bacardi Carta Blanca, ao
fazer sentido dentro da cultura da marca. Cada
mais um ano.
no Aqua Shard como Head Bartender e parte da opening
Aperol, ao Sake e ao Creme de Coco.
UK 2012.
apostar forte numa campanha de marketing que ajude a posicionar o seu cocktail entre os clássicos
team. Ainda em Londres foi finalista da Masters of Maraschino
concorrente, para além da bebida em si tem de
João Sério explica-nos que o
da Bacardi.
Aperol, bebida feita com frutos cítricos, é uma referência ao facto de Cuba ser o 3 maior
João Sério diz-nos que desde início tentou
A aventura no Dubai começou em 2013, quando
produtor mundial destes frutos. Outros elementos
encontrar uma identidade para o seu cocktail,
foi abrir o Reform Social Grill onde desempenhou
como o coco também têm uma ligação forte ao
começando pelo enquadramento histórico dos
o papel de Bar Manager. Aqui permaneceu um
país e à história da Bacardi.
ingredientes escolhidos, que têm uma forte ligação com Cuba e com a história da Bacardi.
ano até que a GHAM o convidou para se tornar o Group Bars Manager e supervisionar a trilogia
Como o Sake, bebida feita de arroz, que é a maior 53
> TOUR
Adega Velha e as décadas de Aguardente É sombrio o semblante da Adega Velha, meio enterrada na terra, de granito imponente e virada a norte. O sol mal lhe toca e talvez seja esse o segredo da aguardente que envelhece entre-paredes, sem pressas nem artifícios. Só a penumbra, as paredes de granito e o carvalho francês, juntos por anos a fio.
Vinho verde É um vinho unicamente produzido no Minho, uma região a
A Quinta da Aveleda não é, no entanto, um espaço sombrio. Pelo contrário é
noroeste de Portugal. As suas características foram protegidas
um jardim romântico pintado de verde profundo e duradouro que tem vindo
pela Denominação de Origem Controla logo em 1908 e a Região
a crescer acompanhando várias gerações da família Guedes.
Demarcada dos Vinhos Verdes é por si só uma das 14 regiões vitivinícolas de Portugal. É um vinho fresco e leve, com elevada
A bandeira da casa tem sido o vinho verde, o segundo produto vitivinícola
acidez natural e baixo teor alcoólico o que o torna fácil de beber. É
português mais exportado a seguir ao vinho do Porto. As suas marcas Casal
um vinho que facilmente se bebe como aperitivo ou a acompanhar
Garcia e Quinta da Aveleda são uma quota parte muito grande do sucesso
refeições leves como saladas, peixes pouco condimentados ou
deste particular vinho português.
mariscos.
A história conta que em 1939 o enólogo francês Eugéne Hélisse interrompeu
O vinho verde mais conhecido é o vinho branco, mas podemos
a viagem de comboio que o levava do Douro para o Porto porque ficou
encontrar vinho verde tinto, rosé e até mesmo espumante.
fascinado com as vinhas da Quinta da Aveleda. Apeou-se e foi falar com
Por ser uma região em que o vinho tem um baixo teor alcoólico
Roberto Guedes, um dos proprietários. Foi um entendimento à primeira vista
fazem-se aqui boas aguardentes também. As castas mais usadas nos
que deu frutos logo nessa vindima. Foi 1939 o ano de arranque do Casal
brancos são o Alvarinho, o Loureiro, o Arinto, a Trajadura e o Avesso.
Garcia, um dos Vinhos Verdes mais vendidos no mundo cujo rótulo azul
Já os tintos são maioritariamente feitos com Vinhão ou Espadeiro.
rendilhado é já um clássico. Foi o início de uma história que já tem quase oito décadas e que colocou a Quinta da Aveleda como um dos principais players na produção de vinho branco em Portugal. 54
Visitámos a Quinta da Aveleda e provámos a nova gama da aguardente Adega Velha
Nova Gama da Aguardente Adega Velha: 6 anos, 12 anos XO e 30 anos. A Quinta da Aveleda, após alguns anos de interregno, lançou nova gama de Aguardentes Adega Velha. O alargamento da gama e também uma renovação da imagem vai de encontro à vontade da Quinta da Aveleda de aproximar o produto ao seu consumidor, ao mesmo tempo que cativa consumidores mais jovens. A Adega Velha 6 Reserva é o resultado do loteamento de aguardentes com
Adega Velha “É muito boa, mas não é um Conhaque!”
A Garrafa que veio da Rússia
uma média de 6 anos de envelhecimento em cascos de carvalho francês da região de Limousin. Apresenta uma cor dourada, aspeto límpido e um bouquet jovem e harmonioso. Encontramos notas tostadas de café e frutos secos envolvidos
Conta-nos António Guedes à mesa
Quando entramos na Adega Velha
numa sensação suave de aroma a madeira.
quando começou a contar a história
encontramos, num local central, uma
Sai para o mercado com o PVP. de 25€ e com a produção estimada em
da aguardente Adega Velha, aquando
vitrine com duas garrafas. Uma é a
25.000 garrafas de 0,50l.
do lançamento da nova gama para o
antiga garrafa que inspirou a atual
A Adega Velha 12 XO é uma aguardente que apresenta uma cor âmbar
mercado.
garrafa da Adega Velha e a outra é a
intensa e um aroma complexo e rico de onde se destacam bagas e frutos
Depois de encontrar uns barris
primeira edição produzida nos anos
secos. Somos envolvidos por uma sensação delicada pelo aroma e o travo
perdidos na adega fruto de
70.
a madeira nobre. Tem uma textura densa e aveludada e um final longo e persistente.
experiências anteriores, mandou-se analisar uma amostra em Cognac,
Reza a tradição familiar que a garrafa
É lançada com o PVP. de 40€ com uma produção estimada de 25.000 garrafas
na região francesa especialista na
que inspirou a atual garrafa da
de 0,50l.
matéria. Os técnicos por despeito,
aguardente Adega Velha foi trazida
A joia da coroa é a Adega Velha 30 anos. Apresenta uma cor brilhante com
não querendo reconhecer a
para Portugal no final do século
uma tonalidade topázio e um aroma fino e puro resultado da estadia de 30
qualidade do que tinha sido feito
XVIII por um antepassado da família
anos na penumbra das paredes grossas da Adega Velha. É uma aguardente
em Portugal exclamaram que sim,
Guedes que desempenhou um cargo
em que o álcool está bem integrado com os aromas abaunilhados, de bolo
era boa. Mas não chegava a ser um
Diplomático na Rússia.
inglês e casca de laranja tudo envolvido numa sensação delicada de madeira. A edição da Adega Velha 30 anos é limitada a 200 garrafas de 0,50l e tem o
Cognac. Nem se queria que fosse. A
A garrafa era elegante e despertou-
personalidade dos vinhos verdes e
lhe admiração. Décadas mais tarde a
da Quinta da Aveleda marcariam o
garrafa foi oferecida a Manuel Pedro
Adega Velha nas décadas a seguir.
Guedes.
PVP. De 100€.
Estávamos no início dos anos 70 do século passado, continuou-se a fazer
O fundador da Aveleda conservou-a,
experiências na quinta e quando a
prometendo usá-la para quando
ideia estava finalmente maturada
criasse um produto especial. Estava-
a família foi a França buscar um
se em 1870 e o projeto estava
Alambique Charentais onde ainda
ainda a começar com as primeiras
hoje destila aquilo que virá a ser a
vindimas. A Aguardente Adega Velha
Aguardente Adega Velha.
é assim uma dupla homenagem aos
António Guedes contou-nos com
antepassados. Por carregar o nome
um sorriso que a primeira edição da
da Adega erguida há tantas décadas
Adega Velha teve tanto sucesso que
e por finalmente ser digna do legado
desapareceu num ápice. “Cheguei a
familiar e encher a garrafa guardada
receber telefonemas de gabinetes do
por quase dois séculos.
Governo a pedir uma garrafa porque iam ter uma reunião importante. Mas simplesmente não havia mais.” 55
> TOUR O que é um Alambique Charentais Desenvolvido na região de Cognac, em França, no início do século
Como Funciona o Alambique Charentais: O vinho é colocado no pote (aquecedor), que é aquecido pelo forno por debaixo, quer seja a lenha ou numa versão mais moderna, a gás. Quando entra em ebulição, os vapores alcoólicos sobem para o recipiente de condensação através do pescoço de cisne.
XVII, o Alambique Charentais surgiu para destilar os vinhos brancos bastante ácidos da região de Charente e assim produzir Brandy.
Quando se termina a destilação do vinho que se encontra no pote, transfere-se o líquido resultante da primeira destilação para o pote
A sua popularidade advém da sua eficácia, uma vez que consegue
através de um tubo existente. Inicia-se uma segunda destilação. É por
fazer a dupla destilação num período de 24 horas e obter um
esta razão que o Alambique Charentais é conhecido como sistema de
destilado com um grau de pureza muito alto. Coisa que outros
destilação contínuo.
modelos apenas conseguem à terceira ou quarta destilação. Produzido em cobre, o Alambique Charentais é uma peça elegante,
O destilado resultante da destilação, o “brouillis”, volta para o pote com
possui vários potes abobadados sendo que um deles tem a peculiar
o intuito de realizar uma destilação final e obter o chamado “bonne
forma de uma cebola.
chauffe”, o qual é posteriormente armazenado em barris de carvalho para adquirir cor, sabor, reduzir o nível alcoólico do espírito e suavizálo.
56
> OPINIÃO
Whisky ou Whiskey? Uma questão de escrita ou mais do que isso? Nelson Bernardes, Diretor da Drinks Diary Depois de ter encontrado em alguns menus o clássico Whiskey Sour, usualmente feito com bourbon ou rye whiskey escrito Whisky Sour e num outro bar de hotel 5* a denominação de “American Scotch”, achei que estava na altura de falar deste assunto.
Para que possamos perceber o porquê de assim
Murray, fora um whisky japonês. Dito desta forma
ser, a História diz-nos que a destilaria com a
até me dá vontade de esboçar um sorriso, porquê?
licença mais antiga para destilar, passada pelo rei
Ora, o whisky japonês, que quando comparado com
James I em 1608, e que por sinal ainda se encontra
o escocês ou irlandês é um produto muito mais
em funcionamento nos dia de hoje, é a do whiskey
recente, nasce no início dos anos 1900’s, quando o
irlandês Bushmills, mesmo que se tenha tornado
jovem Masataka Taketsuro volta da Escócia onde
uma marca registada nos anos 1700’s, continua
tinha ido em 1918 com apenas 24 anos estudar
Não me irei focar no líquido em particular por
ainda a ser a mais antiga destilaria com produção
química na Universidade de Glasgow e aprender
esse se apresentar em estilos tão diferentes, desde
de whiskey, já a primeira destilaria na Escócia
a arte da destilação na destilaria de Hazelburn.
os diversos grãos usados como base, o uso da
apenas apareceu em 1772 para produzir a marca
Masataka Taketsuro tornava-se assim no fundador
queima de turfa para a secagem da maltagem, o
Littlemill whisky, mas que infelizmente fechou as
da produção de whisky no Japão primeiramente
número mínimo de anos de envelhecimento ou o
suas portas em 1998. Atualmente a mais antiga
sob a alçada do que se veio a tornar, grupo
tipo de barril usado virgem, versos tostado, entre
destilaria ainda em funcionamento na Escócia é a
Suntory na destilaria Yamazaki até que, cerca de
outros aspetos, irei deixar isso para debater noutro
destilaria Glenturret que abriu portas em 1775 e
10 anos depois em 1934 se tornou o fundador do
artigo e apenas falar sobre a sua escrita.
que embora tenha estado fechada por uns tempos,
Nikka Whisky. Da Escócia tinha trazido as técnicas
desde 1921 devido à crise sentida durante o
para produzir whisky e a influência da maneira
A palavra em si, whisk(e)y tem origem Celta, deriva
período da proibição nos E.U.A. Voltou a ser aberta
como era escrita.
da palavra usquebaugh, do gaélico escocês uisge
em 1959 e assim permanece, em funcionamento
beatha ou do gaélico irlandês uisce beatha. Sendo
ainda nos dias de hoje.
Não há muito tempo, em dezembro de 2008 que o colunista do popular New York Times, Eric Asimov,
que uisge significa água e beatha, vida, o termo water of life era apenas mais um a juntar a aqua
Nos anos 1700’s, a opressão dos britânicos, fez
tinha escrito um artigo sobre single malt Scotch,
vitae ou eaux-de-vie, termos aplicados a destilados
com que os irlandeses perseguidos política e
referindo-se a este como whiskey, mesmo que
espirituosos em busca do elixir da vida.
religiosamente, imigrassem em busca de liberdade
tenha deixado o porquê de o assim referenciar
nos E.U.A. E com eles levaram os conhecimentos e
no mesmo artigo, as críticas dos fans de Scotch
Hoje em dia no whisk(e)y existem várias sub-
técnicas necessárias para a produção de whiskey
Whisky eram tantas, vindas de toda a parte do
categorias que apresentam diversos estilos, no
e foi por essa influência inicial que os americanos
mundo que fez com que o NYT revisse o seu “New
entanto, a nível de escrita podemos simplificar
de uma forma geral adoptaram por escrever
York Times Manual of Style Usage” onde ficam
dizendo que os whiskeys americanos e irlandeses
Whiskey. Claro está, que como em tudo, existem
previstas todas essas maneiras de escrever.
optam pela palavra Whiskey e o resto do mundo,
exceções à regra, como é o caso das marcas,
sendo os mais conhecidos, os whiskies escoceses,
Maker’s Mark, George Dickel ou Old Forester que
Regra geral, se seguirmos o que vem mencionado
canadianos, japoneses ou indianos, optam pela
optaram por lhe chamar Whisky.
no rótulo de cada marca em particular, não tem por onde enganar. E se na prática utilizamos um
palavra Whisky. Por sinal, o recentemente aclamado melhor whisky
Bourbon na confeção do Whiskey Sour, então...
do mundo em 2014 pela Whisky Bible de Jim
57
> COMPETIÇÃO
Beefeater MIXLDN
Bartenders na maior competição global de Gin Quando arrancou em 2011, a Beefeater MIXLDN contou com a
Cada concorrente elaborou o seu cocktail perante o público, mas sem
participação de 4 mercados e 50 Bartenders em competição. Na edição
a pressão da avaliação técnica por parte do júri. O cocktail era depois
de 2014 inscreveram-se mais de 1000 candidatos de 32 países elevando
levado para a mesa do júri onde numa entrevista o concorrente teve
a Beefeater MIXLDN à categoria de maior competição dedicada ao Gin a
de argumentar e defender o porquê das suas escolhas, onde foi buscar
nível Mundial. Diogo Martins foi o vencedor da final nacional, que ocorreu
a inspiração e porque achou que esta se relacionava com o tema da
em dezembro de 2015, e foi representar Portugal à final global em
competição deste ano - a cidade de Londres.
Londres, em janeiro deste ano. Sebastian Hamilton-Mudge, Embaixador Global da Beefeater foi um dos A competição arrancou com as finais nacionais e a final portuguesa
júris e abriu a competição com uma Masterclass onde foi possível provar
aconteceu no dia 9 de dezembro de 2015, no Bar da Gin Lovers, na
5 gins, a fim dos concorrentes entenderem melhor o que os distingue:
Embaixada no Príncipe Real em Lisboa. Foram dez os concorrentes
Beefeater, Tanqueray, Bombay Sapphire, Plymouth e Beefeater 24.
selecionados entre os candidatos para defenderem o seu cocktail perante
Diogo Martins, Bartender do Tabik em Lisboa, foi o vencedor da final
o júri, numa competição cujo formato é um pouco diferente do que
nacional. Apresentou o cocktail Ruby que juntou o gin Beefeater ao Vinho
estamos acostumados.
do Porto
Beefeater o London Dry Gin feito em Londres! • O Gin Beefeater é produzido numa destilaria no centro de Londres, em Kennington. É a destilaria mais antiga a trabalhar na cidade • O Gin Beefeater começou a ser produzido em 1876 e desde então a sua receita tem-se mantido virtualmente inalterada. • Beefeater era a alcunha dada aos Yeoman Warders, os guardas que
naturais e que nenhum sabor pode ser adicionado depois da destilação. A destilação é feita por infusão dos botânicos no álcool. Um London Dry Gin não tem cor e esta não é uma denominação que indique onde o gin foi feito, mas sim características de como foi feito.
guardam a Torre de Londres. É o Homem vestido de vermelho que
• Desmond Payne é o Master Distiller da Beefeater desde 1995.
aparece no rótulo da garrafa.
• Em 2008, e já sob o comando de Desmond Payne, foi lançado o
• São 9 os botânicos usados na destilação do Beefeater: zimbro, raíz de angélica, sementes de angélica, sementes de coentro, alcaçuz, amêndoa, raíz de lírio, casca de laranja-de-sevilha e casca de limão. • O Beefeater é um London Dry Gin o que significa quem tem de ser
58
destilado num alambique tradicional, os botânicos usados têm de ser
Beefeater 24. • Em 2013, lançaram o Burrough’s Reserve um gin envelhecido em cascos de carvalho antes de ser engarrafado.
59
Esta foi a tua primeira competição internacional, falanos da experiência. Foi surpreendente! Foi a primeira experiência nacional e internacional e não estava à espera de uma competição tão grande, de tanta coisa a acontecer e de uma aprendizagem tão grande. Foi brutal mesmo! A todos os níveis, das pessoas
Diogo Martins, Bartender do Tabik na Avenida da Liberdade em Lisboa e representante nacional da Beefeater MIX London 2015.
Quais foram as dificuldades que encontraste? Sinceramente penso que não fui mais além na competição por ser a minha primeira experiência. O meu cocktail estava bom, muita gente o considerou dos melhores, mas lá está o resultado final não dependia
envolvidas, dos Bartenders a nível mundial que lá
apenas do sabor do cocktail. Estavam
estavam, o profissionalismo que encontrei, foi cinco
em disputa 4500 pontos, e quem tivesse
estrelas.
mais pontos ganhava. E os pontos eram atribuídos a vários itens. Tínhamos de
Passaste quase uma semana em Londres, qual foi o
vender a nossa imagem e o conceito do
programa?
cocktail. Tínhamos de criar vários cenários
Foram cinco dias, de segunda a sexta-feira. Cheguei
de bar e eu não estava bem preparado para
na segunda-feira, e foi o dia que tivemos mais tempo
isso, penso que se tivesse mais experiência
livre. Houve um pequeno breefing na chegada ao hotel
em competições teria sido mais produtivo
e depois fomos provar cocktails no Dandelyan, o bar do
para mim. Havia concorrentes que levaram
Hotel Mondrian onde ficámos instalados. Na terça-feira
managers e outras ajudas por detrás, é um
o dia começou bem cedo, às 7h da manhã estávamos
nível diferente.
todos no autocarro e prontos para passar todo o dia na Destilaria da Beefeater. Aí vimos os pot stills, mexemos
O formato da competição era diferente do
nos botânicos usados para fazer o Beefeater e tivemos
que encontraste na final nacional?
uma formação com a Anastasia Miller e outra com
Não, acabou por ter muitas semelhanças.
Desmond Payne. Provámos o novo Burrough´s Reserve, que ainda não foi
Sei que em Portugal houve críticas em relação ao concurso, por exemplo,
lançado e ainda na destilaria foi-nos lançado um desafio sensorial em que
ao facto de que quando fizemos o cocktail o júri não estava a ver, mas
tínhamos de cheirar vários aromas e adivinhar do que se tratava. Houve
lá foi exatamente a mesma coisa. O júri não nos viu a fazer o cocktail,
depois um jantar e visita a bares. Na quarta-feira arrancou a competição e o
apenas provou o cocktail e ouviu a nossa história. A diferença no fundo é
dia foi passado na The Vinyl Factory, situada em Soho. O espaço é uma cave
que em Portugal apenas se apresentou o cocktail de autor e lá tivemos
gigante com boas condições onde enfrentámos vários desafios. No primeiro
quatro desafios. O cocktail de assinatura que apresentei foi o que fiz
tínhamos de fazer um cocktail sem sumos e sem peles de cítricos, apenas as
na final cá, poderia apenas fazer algumas melhorias, coisa que fiz na
bebidas e alguns ácidos para lhe dar uma parte cítrica. Correu-me bastante
redução do vinho do Porto. Mas lá está, eu achava que estava a fazer
bem este desafio, soube depois que o meu cocktail ficou em segundo.
algo bastante complexo, mas ao ver outros cocktails que lá estavam, não
Seguiu-se um desafio em que fazíamos um cocktail e tínhamos de tirar uma
tem realmente nada a ver. Fiquei realmente impressionado em como as
fotografia com ele, orientar o fotógrafo e só depois se avançou para fazer o
coisas estão tão evoluídas noutros países. Aqui realmente ainda é tudo
cocktail de assinatura com que concorremos e a apresentação aos júris. Na
novo, sinto que vai levar algum tempo a chegarmos lá.
quinta-feira soube-se o nome dos oito finalistas, infelizmente o meu não entrou no lote de escolhidos e depois foi a prova dos cocktails finalistas.
Que conselho darias a alguém que vai participar numa competição deste género pela primeira vez?
Do que viste, o que te marcou mais?
Sem dúvida trabalharem bem o seu conceito e terem uma história forte
Eu achava que nós estávamos a começar em Portugal a entrar no mundo
para o cocktail, isso faz toda a diferença. Saberem “vender-se bem”,
do cocktail, mas quando se chega a Londres e se vê o estado avançado em
trabalhar a imagem e sem dúvida ter um cocktail forte. Porque às vezes
que eles estão em comparação connosco, é brutal. A forma como eles fazem
pensamos que a simplicidade é o melhor, mas nestes concursos é difícil
as infusões, os cordiais ou os xaropes. Eu achava que tínhamos aqui alguns
ter um cocktail simples porque há muita gente com muita coisa boa.
cordiais e xaropes complexos, que o são, mas nada a ver com as coisas que
Posso dar o exemplo de um dos concorrentes que infusionou Gin com
vi fazer em Londres. Realmente elevam estas coisas a outro nível, é verdade
pão. Com um pão típico alemão, e eu provei o Gin e era brutal. É uma
que têm também mais recursos, mas não deixa de ser fantástico.
ideia simples, mas que depois não é assim tão simples de implementar.
Havia 32 concorrentes das mais variadas nacionalidades, como foi a
Pretendes continuar a participar em competições?
convivência?
Sem dúvida. Nem que seja só pela experiência e pela aprendizagem.
Foi muito boa. Trago ideias novas para o Tabik, vou pôr coisas a mexer com
Um pouco para provar o que valho a mim mesmo, para me provar que
certeza. Fazer umas infusões meio malucas que a mim me surpreenderam. E
estou a evoluir e porque sei que ao participar em concursos destes estou
essas ideias cresceram ao falar com os outros candidatos, nas formações, na
a aprender muito em pouco tempo. Já em Portugal tinha aprendido
troca de ideias entre todos. Nesse aspeto, foi uma experiência cinco estrelas.
algumas coisas e ficado com algumas ideias e agora de Inglaterra venho com muitas mais.
> OPINIÃO
Entre cervejas Opinião A cerveja é um produto de largo consumo em Portugal e de tradição bem vincada. No final do século XIX e início do século XX era significativo o número de cafés, especialmente em Lisboa e no Porto, que produziam a sua própria cerveja, um desenvolvimento do que já acontecera em séculos anteriores. Todavia, é provável que nunca tenha havido um momento como o atual, em que a palavra cerveja seja tão referida e tenha tanta projeção na comunicação social e na própria sociedade. Mas se prestarmos a devida atenção, percebemos que já não é uma palavra solitária. Vem acompanhada de outra: artesanal. Sim, a cerveja artesanal está na moda e certamente que veio para ficar.
Breve panorama da cerveja artesanal Bruno Aquino // Beer Sommelier lisboeta terá sido a primeira a abrir em território
com uma distribuição nacional e outras apenas
nacional exclusivamente dedicada à venda de
local, mas todas seguindo o mesmo pressuposto:
produtos relacionados com a produção de cerveja
a valorização da tradição mas também da
em casa. Certamente que muitos dos atuais
inovação, a ligação à comunidade, a utilização
entusiastas e produtores de cerveja artesanal
de ingredientes criteriosamente selecionados, a
terão começado o seu hobby nesta loja, na qual
proximidade com o consumidor, elementos esses
se podiam comprar desde maltes, a diversas
diferenciadores daquilo que é uma verdadeira
variedades de lúpulos, densímetros e outra
cerveja artesanal. Não será pois de estranhar que
parafernália cervejeira. Do início deste século data
rapidamente cheguemos à centena de pequenas
também o sítio www.cervejasdomundo.com, criado
empresas dedicadas a esta produção, número que
em 2001 e que desde então, designadamente
certamente será atingido ainda antes do final de
através do seu fórum, tem ajudado a divulgar a
2016.
cultura cervejeira no nosso país. Por último, temos naturalmente ainda de salientar Mas, conforme se mencionou, o atual crescimento
um outro aspeto que muito tem contribuído para
do mercado das cervejas artesanais, e em
a expansão da cultura e do movimento cervejeiro
específico as nacionais, dá-se essencialmente
artesanal: os festivais de cerveja. Tradicionalmente,
a partir do início da atual década. E esse
um festival cervejeiro era um evento mono-marca,
O crescimento exponencial das cervejas artesanais
desenvolvimento baseia-se muito no
onde se bebiam muitos litros de cerveja,
no mercado português não é um fenómeno
aparecimento de marcas de cerveja artesanal
comia-se porco no espeto e pão com chouriço,
isolado. O movimento craft beer teve um dos seus
portuguesas, facto que faltava e que era essencial
enquanto se trauteava a canção de uma qualquer
momentos mais importantes com a criação da
para permitir o crescimento do interesse dos
banda contratada para animar o povo. Hoje,
CAMRA – Campaign For Real Ale, em 1971, em
consumidores e consequente alastramento da
continua a haver muita cerveja, pão com chouriço
Derry – Irlanda, sendo que o seu grande impulso
cultura cervejeira. Existem assim duas marcas
e outros petiscos e música mais ou menos
aconteceu posteriormente nos EUA, nos finais
pioneiras e que funcionaram como elementos de
apelativa. Mas há mais: há variedade. Temos a
dos anos 70 e inícios dos anos 80. O conceito
desbravamento de um caminho ainda então pouco
oportunidade de beber uma cerveja da marca X
craft propagou-se então a outros países e tem
conhecido. São elas a Sovina, do Porto, e a Praxis,
ou da marca Y, de experimentar os estilos Barley
feito o seu caminho um pouco por todo o mundo.
de Coimbra, esta última inicialmente apenas como
Wine, Belgian Strong Ale ou Robust Porter, de
Se no Brasil o mercado das cervejas artesanais
brewpub. Abertas as comportas, rapidamente
comprovar localmente a pujança do mercado das
terá arrancado por volta de 2004, em Espanha
outras marcas se lhes seguiram, nomeadamente
cervejas artesanais nacionais. E, uma vez mais,
poderemos estar a falar em 2008/9 e em Portugal
a Vadia de Aveiro, a Cerveja Artesanal do Minho
louve-se a variedade de localizações que têm
2011/2.
(atual Letra), a Rolls Beer entre outras. Um aspeto
vindo a receber bons festivais cervejeiros: Sertã,
que há a ressaltar é a descentralização deste
Caminha, Faro, Leiria, Azambuja ou Lisboa.
Mesmo antes da atual década já existiam alguns
movimento, não circunscrito a grandes centros
sinais de que a cerveja artesanal começava a fazer
urbanos, com polos de crescimento em zonas tão
Se ainda não o fez esta é possivelmente a melhor
a sua inserção nos gostos e hábitos do consumidor
díspares como Azambuja, Oliveira de Azeméis,
altura para experimentar cerveja artesanal, se
português. Nesse âmbito, não poderemos deixar
Anadia ou Caldas da Rainha.
possível portuguesa. São já inúmeros os espaços que optaram por ter uma boa seleção de cervejas,
de destacar o trabalho desenvolvido pela já extinta Loja da Cerveja Caseira, do atual cervejeiro
Estima-se que, atualmente, existam cerca de
havendo mesmo restaurantes a criar cartas
da 8ª Colina, Fernando Gonçalves. Essa loja
80 marcas de cerveja artesanal em Portugal,
cervejeiras, tal como já acontece para os vinhos.
umas mais conhecidas do que outras, algumas
Os tempos que se seguem auguram-se risonhos.
62
> LEITURAS
liquid culture Vamos Beber um Gin?
Sumos e smoothies superfrescos Editora: Jacarandá, Grupo Editorial
Editora: Casa das Letras
Presença
Autor: Miguel Somsen e Daniel
Autor: Nicola Graimes
Carvalho
Ano: 2015
Ano: 2014
Preço: 17,50€
Preço: 13,99€ A edição portuguesa deste livro, Este foi o primeiro livro
escrito por Nicola Graimes,
português publicado sobre a
foi publicada no início do
bebida que tanto tem apaixonado
verão passado. É um guia com
os portugueses nos últimos anos.
definições, descrição de técnicas e receitas para que possa fazer
Para além de nos contar as
sumos e smoothies deliciosos em
histórias do gin, também nos
casa.
ensina técnicas e truques para fazermos o melhor gin tónico
Numa altura em que os sumos
possível em casa.
detox estão na moda e a alimentação saudável é cada vez
O livro é ilustrado com graça e
mais procurada, este é o livro
ainda trás receitas de cocktails.
que precisa de ler para iniciar o
Um livro que os curiosos do gin
caminho que o vai levar a uma
não podem deixar de ler.
vida com mais saúde.
Whisky Bible 2016 The World´s Leading Whisky Guide Editora: Dram Good Books Autor: Jim Murray´s Ano: 2015 Preço: O Whisky Bible, de Jim Murray, é o mais conceituado guia sobre whisky. Esta é a 13ª edição anual, que elege qual o melhor whisky no mercado, para além de dar dicas e notas de prova de whiskies de todo o mundo. São mais de 4600 whiskies provados e pontuados, num livro que ao longo dos anos vendeu mais de meio milhão de cópias. O guia essencial para os apreciadores de Whisky, nesta edição revista e acrescentada que elegeu o whisky Canadiano, Crown Royal Northern Harvest Rye whisky como o melhor whisky de 2016.
The Curious Bartender: The Artistry and Alchemy of Creating the Perfect Cocktail Editora: Ryland Peters & Small Autor: Tristan Stepheson Ano: 2013 Preço: 19€ Para fazer um cocktail há que compreender os ingredientes e a ligação que os junta de forma a produzir uma mistura equilibrada e saborosa. Neste de Curious Bartender, Tristan Stephenson viaja pelo mundo da mixologia moderna, mostrando receitas e técnicas para fazer os melhores cocktails. Um livro essencial para os entusiastas do cocktail, que providencia um enquadramento histórico ao mesmo tempo que traz os cocktails para a modernidade.
63
> GADGET WORLD
Aplicações: Para gerir e aprender! Na Era dos Smartphones há aplicações para todos os gostos. Umas lúdicas, outras com funções que podem facilitar o nosso dia-a-dia no trabalho. Sejam aplicações que nos ajudam a gerir tarefas ou stocks, que desafiem o nosso conhecimento ou nos permitam obter informações
rapidamente, são ferramentas que fazem parte da nosso quotidiano. A Drinks Diary escolheu cinco aplicações, que vão desde o vinho, passando pela cerveja e pela gestão que podem ajudar os profissionais da indústria de bebidas.
iFNB Preço: $1.99 Plataformas: iOS Categoria: Produtividade Aplicação de gestão muito útil para quem trabalha na indústria de bebidas e da restauração. Quando aplicada ao bar é uma ferramenta que permite calcular o lucro entre o custo e o preco de venda que cada bebida pode ter, perceber qual o teor alcoólico de cada cocktail, gerir o stock tendo em conta a data de expiração dos produtos entre outras. A aplicação está apenas disponível para a plataforma iOS e em inglês.
Trivia
Funcionalidades:
Preço: Gratuita
Datas de validade dos produtos em stock
Plataformas: iOS e Android
Cálculo do preço de bebidas
Categoria: Jogos / Conhecimento
Cálculo do preço dos alimentos Cálculo do grau alcoólico de bebidas
Este é um jogo de perguntas e respostas com 10 níveis que testa
Gestão financeiras
conhecimentos na área do vinho e das bebidas espirituosas. Pode
Planificação de evento
testar os seus conhecimentos em áreas tão especificas como o vinho
Cálculo concentração de álcool no sangue
branco, o vinho espumante, vinhos portugueses e espanhóis ou
Teste de rentabilidade do menu
bebidas espirituosas. São mais de 500 perguntas que o podem levar até ao nível de Geek até Mastermind do vinho. Uma forma divertida de colocar à prova os seus conhecimentos e de aprender novos fatos sobre a temática.
Funcionalidades: Quizz com mais de 500 questões Respostas corretas com informação complementar Perfil de utilizador Ranking de jogadores Possibilidade de competir com amigos
64
> GADGET WORLD
VIVINO Preço: Gratuita Plataformas: iOS e Android Categoria: Comida e Bebida É talvez a aplicação mais popular entre os apreciadores de vinho. Basta tirar uma fotografia ao rótulo da garrafa e a aplicação explicalhe tudo o que tem de saber sobre o vinho, inclusive o preço e onde o pode comprar. Partilhe a sua opinião e veja a dos outros, veja sugestões de harmonização e faça a sua própria lista de vinhos.
Funcionalidades: Tire uma foto de qualquer rótulo para obter informações instantâneas sobre o vinho Lista de vinhos Classificações e críticas Comparação de preços Onde comprar Sugestões Construção de biblioteca de vinhos Possibilidade de fazer a sua própria critica ao vinho e partilhar com outros usuários
FLAVIAR Preço: Gratuita Plataformas: iOS Categoria: Comida e Bebida O Flaviar é uma espécie de IMDb para as bebidas espirituosas. É a compilação de informação variada sobre cada bebida, tais como curiosidades sobre as destilarias, métodos de produção, notas de prova. Promete também nos dar uma prova visual do sabor de cada bebida através de 252 imagens desenhadas por artistas e que tentam reproduzir sabores.
Funcionalidades: Informação sobre bebidas espirituosas Ratings e criticas Construir a sua listagem Flavour Spiral Mais de 10,000 perfis de bebidas 65
> OPINIÃO o Barista poderá trazer ao “negócio”. Um Barista será o elemento que eleva a qualidade do serviço ao cliente, a formação de um Barista incide sobre parâmetros elevados de qualidade, regras bem definidas e uma atenção extrema ao detalhe para com a profissão e com o cliente. O mercado do café em Portugal sendo um mercado tradicionalmente de cafés comerciais, desde sempre teve como base a venda de cafés de preço reduzido, logo com uma qualidade também reduzida. O café servido na generalidade do país tem como base lotes compostos por uma maioria de Robustas e pouca percentagem de Arábicas, sendo
David Coelho Bicampeão Nacional Barista
os Robustas cafés de preço mais reduzido em grão verde, mas com uma qualidade inferior aos Arábicas. Os Arábicas são os denominados cafés de qualidade, cafés com mais aromas, flavors e com menos teor de cafeína. Num próximo artigo irei desenvolver esta temática de uma forma mais específica.
Barista é o profissional tecnicamente
Unido e muitos mais, têm experienciado um
especializado em cafés e seus derivados. Esse
crescimento exponencial tanto em quantidade
O Café de Especialidade incide sobre os Arábicas
profissional é responsável por preparar e servir
como em qualidade, micro roasters têm
de qualidade, onde as torras moderadas imperam
cafés, sejam eles expressos, bebidas de café com
implementado um negócio baseado na qualidade
de forma a potenciar todos os aromas e sabores
leite, café de filtro (Brewing), além de desenvolver
onde um Barista é visto como um especialista,
que o café pode oferecer e dando um lugar de
bebidas à base de café, com licores, cremes,
alguém imensamente competente e profissional
destaque a acidez, quando são cafés de altitude.
bebidas alcoólicas, etc.
na sua atividade. Na minha opinião, o caminho do
E é aqui que o Barista adquire o seu lugar de
Barista relembra a evolução que o Enólogo sofreu
destaque, sendo um mercado com características
O barista deve ter profundo conhecimento sobre
há uns bons anos atrás. Posso afirmar que hoje em
mais específicas, foi criada a necessidade que
a história do café, as características do grão
dia Baristas de renome internacional ocupam um
a força laboral acompanhasse a qualidade do
em verde, os processos de plantação, as várias
lugar de destaque idêntico a grandes chefes de
produto. O Barista tornou-se assim o elemento
formas de colheita, torra e moagem, além de
cozinha.
que trata o café como ele merece, respeitando as suas características e as suas propriedades e
conhecimento especializado da extracção da bebida. O Barista em última análise é o elo de
Comparativamente, em termos nacionais a
servindo como elo de ligação entre o produto e o
ligação entre o produto e o cliente final.
implementação do Café de Especialidade
cliente final.
Esta será sempre uma definição técnica do que
ainda não sofreu o seu grande impulso inicial.
deverá ser um Barista, mas na sua essência um
Recentemente assistimos a abertura de alguns
Nos próximos anos, com a mudança do mercado,
Barista deverá ser um apaixonado do café. Deverá
estabelecimentos que querem dar a conhecer o
com a crescente exigência de uma maior
ser um elemento que trata o “Café” como o seu
Café de Especialidade aos portugueses. O grande
qualidade, será cada vez mais frequente você
bem mais precioso, alguém que respira café desde
fluxo de turistas na cidade de Lisboa muito tem
ver o seu café ser servido por um profissional do
que acorda até se deitar.
contribuído para a mudança de mentalidades,
café, prestando esse serviço com elevados níveis
dado que esse fluxo veio criar a necessidade de
de profissionalismo e sempre com o foco na
Com estes aspectos todos ficamos perante duas
fornecer um serviço que em Portugal ainda não
qualidade.
realidades completamente diferentes: a realidade
existia. Sendo eu Barista há 7 anos, tenho lutado para o
nacional e a realidade internacional. Sobre a realidade internacional, basta referenciar
Em termos nacionais a palavra Barista ainda é
desenvolvimento desta profissão. Os próximos
que o mercado de café de especialidade está
olhada com desconfiança e desconhecimento dado
artigos serão todos escritos com o intuito de
ao rubro, onde países como Austrália, Coreia do
que as marcas portuguesas e os estabelecimentos
dar a conhecer o mundo do café e todas as suas
Sul, Estados Unidos da América, Alemanha, Reino
comerciais ainda não visionaram o potencial que
magnificas características.
66
Este é o mesmo licor de mel que a família Cristina produz, desde 1955, que se tornou uma das especialidades do Algarve e um dos licores mais famosos de Portugal. Agora, este novo nome, pretende homenagear o inventor do licor, o avô Oliveiros Cristina, e toda a família Cristina, que continua hoje a cumprir o desígnio de tão nobre tradição! Um licor com 60 anos, possuidor de um inimitável sabor, fruto de um segredo bem guardado e apurado durante três gerações.
> GOSSIP
Gossip
A indústria de bebidas é um organismo vivo onde há sempre coisas a acontecer, bares novos a abrir e pessoas a mudar de posição. Nesta página tentamos acompanhar as mudanças na Bar Scene nacional.
Sandro Pimenta saiu do Epic Sana Lisboa para ir gerir os bares do Farol Hotel
Kiko da Liquid Consulting em parceria com
em Cascais.
outros dois sócios abriu o Double 9 na Rua da Misericórdia em Lisboa.
A norte, Carlos Santiago vencedor do Barman do Ano, saiu do Bonaparte para integrar um novo bar na Ribeira do Porto, o Está-se
A Sul, Fábio Alves, que
Bem.
anteriormente esteve no Columbus Bar, voltou ao Algarve após uma A Drinks Diary em parceria com o Quarto com Vista, lançou no início de fevereiro um
Hotel Intercontinental está prestes a reabrir o bar que tem estado em remodelação e foi buscar o Eduardo Marques ao Dubai, a
equipa do 7 imeio em Olhão.
espaço dedicado aos Cocktails. Liderado por Nélson Bernardes, o espaço estará aberto às sextas e sábados à noite no 4º andar na LX Factory.
Carole Coelho e Mário Valério saíram do projeto GIM´C e
Joana Cruz e a Marta Cruz, para
iniciaram o seu
encabeçar o projeto, um dos mais
próprio projeto de
esperados por estes dias na cena Lisboeta.
curta visita a Londres para integrar a
formação e catering Nuno Ferreira saiu do restaurante Chefe Cordeiro para chefiar a equipa de bar do The George Public House
na área do Bartending: Mr. & Ms. Bartender.