3 minute read

4.2 PLASTISFERA

pensamento crítico. Assim foi e segue sendo nas oportunidades construtivas com o bambu. Em mais uma delas, no ano de 2018, foi construída a cúpula geodésica na Aldeia Kaingang, situada no Horto Municipal do Cassino (Figura 41).

FIGURA 41: CÚPULA GEODÉSICA NA ALDEIA KAINGANG. HORTO MUNICIPAL DO CASSINO. 2018.

Advertisement

Fonte: Acervo pessoal do autor. 2018.

4.2 – Plastisfera

Em 2017, em uma mobilização coletiva, seguimos para a construção da PLASTISFERA, que foi exposta na Feira das Profissões-FURG no vão de passagem de um shopping (Figura 42). Essa obra foi criada a partir de uma parceria entre professores e estudantes dos Institutos de Oceanografia (IO) e de Letras & Artes (ILA) da FURG, visando unir arte, ciência e educação para despertar valores ambientais. O grupo do IO chegou ao nosso ILA e conheceu a Profa. Rita Patta Rache, que logo nos apresentou o Gabris Ozean, que apresentou a Ana Luzia de Figueiredo Lacerda, ambos pós graduandos em Oceanologia Biológica. Ana Luzia me apresentou as imagens de microscopia

eletrônica dos organismos da plastisfera (organismos associados a plásticos) da costa do Brasil e da Antártica.

FIGURA 42: EQUIPE ARTE&CIÊNCIA (IO E ILA-FURG) NA CONSTRUÇÃO DA PLASTISFERA. FEIRA DAS PROFISSÕES DA FURG. RIO GRANDE. 2017.

Fonte: Projeto Lixo Marinho. FURG. 2017.

A geometria das imagens dos organismos imediatamente evidenciaram a possibilidade de comunicar esta pesquisa em outra escala, a macro, capaz de trazer as pessoas para dentro da pesquisa e fazê-las perceber o que habita na irresponsabilidade da nossa espécie. Estruturamos uma cúpula de bambu, só que nesta vez, desenvolvemos engates metálicos para as arestas, com o objetivo de torná-la itinerante, com facilidade de montar e desmontar. Revestimos com fibra sintética reaproveitada das cordas de guindastes do Porto de Rio Grande, a trama delas virou uma verdadeira teia, só que de lixo. Todo o lixo coletado, higienizado e analisado pelos laboratórios do IO agora estava revestindo toda a estrutura. E habitando o interior da cúpula de plástico, as imagens ampliadas de diatomáceas, microalgas e outros seres da nossa imagem e semelhança (FIGURAS 43 e 44).

FIGURA 43: IMAGENS DE ESTUDO, MONTAGEM E EXPOSIÇÃO. FEIRA DAS PROFISSÕES DA FURG. RIO GRANDE. 2017.

Fonte: Acervo pessoal do autor. 2017.

FIGURA 44: INTERIOR DA INSTALAÇO PLASTISFERA. FEIRA DAS PROFISSÕES DA FURG. RIO GRANDE. 2017.

Fonte: Projeto Lixo Marinho, FURG. 2017.

O ambiente marinho, expressando dentro do Shopping limpinho a consequência do lixo plástico, abandonado de nossa responsabilidade, voou nas areias da beira mar, achou a ciência, a arte e agora estava ali, de banho tomado e com nova aparência, cheio dos seus em si. Expressou por nós o que os cifrados empreendedores se negaram a aceitar. E na ocasião de desmontarmos para organizar a próxima intervenção, ela havia sido destruída. Sim, pelo Shopping (Figura 45). É preciso mudar as atitudes, antes que nossa cultura se torne cada vez menos integrativa e disposta a tomar frente a novas condutas, como reduzir o consumo de plásticos, ou, ainda, não abandonar o lixo na praia, ou despejar quilos de lama dragada no mar e em outros biomas. O percurso deste projeto foi curto e durou apenas esta exposição. O Shopping segue parceiro da Universidade, porém, para seus estudantes, docentes e pesquisadores, ficou apenas a questão: QUANDO SEREMOS CAPAZES DE NÃO NOS SUBMETER AO PODER DO CAPITAL? Vale

lembrar que foi realizado investimento com dinheiro público, oriundo do ILA (Instituto de Letras e Artes) e do PPGOB (Programa de Pós-graduação em Oceanografia Biológica), para financiar este projeto que visava configurar uma ação de comunicação da pesquisa desenvolvida por Ana Luzia de Figueiredo Lacerda e compartilhada por mais de 30 colaboradores, alunos e professores. Investimento este que o shopping destruiu e tempo que na curta história se perdeu.

FIGURA 45: OS RESTOS DA PLASTISFERA, AINDA NO DEPÓSITO DO 'TAL' SHOPPING.

Fonte: Acervo pessoal do autor.

This article is from: