COMPRO, LOGO EXISTO?
As mudanças nas relações de consumo na era digital
A APOSTA
NA COR PRETA
Marca gaúcha se dedica a sapatos apenas dessa cor
ACESSIBILIDADE DIGITAL
O quanto seu negócio realmente se importa com esse assunto?
BRASIL R$ 34,00 Ano 14 Edição 80 | Abril 2024 www.ecommercebrasil.com.br 9 772179 731009 80 REVISTA BRASILEIRA DE COMÉRCIO ELETRÔNICO
Como está o seu nível de foco e energia ao receber este exemplar? Com aquela sensação de que viveu nestes primeiros meses quase o ano todo, pelo volume de entregas feitas? Um foco cada vez mais descentralizado em várias telas, abas e pessoas da sua equipe?
Parece que estamos vivendo tudo ao mesmo tempo, agora, para antes de ontem. E o que isso tem a ver com as estratégias dos próximos meses? Tudo. Porque eu e você, quando estamos na aba de consumidores, temos uma atenção fragmentada nas várias telas nas quais nos deparamos com as marcas. Nessas mesmas telas, lemos, ouvimos e vemos coisas que nos fazem pensar de maneira rápida se vamos comprar ou não determinados produtos.
O artigo do Anthony traz um olhar reflexivo sobre como esse comportamento de compra vem mudando o business na categoria de moda pelo mundo. E aqui não está sendo diferente - as maneiras como os comportamentos dos consumidores são formados por tudo, desde UX a influências externas que podemos e não podemos controlar. As águas do e-commerce não estão infestadas de tubarões, mas são simplesmente fortes correntes impulsionadas pela rápida mudança de preferência dos clientes. Uma marca não precisa mais adivinhar o que as pessoas gostam, ela deve achar esse ponto de equilíbrio entre o que a marca representa e como ela se conecta com uma massa crítica da base de consumidores. Mergulhar nos detalhes dos dados dos consumidores e nas preferências de compras na vida real é o que te faz alcançar isso.
Já a matéria de capa nos lembra que somos o que e como consumimos. E como podemos praticar o consumo consciente quando somos pressionados no bolso ou na necessidade por algo? O e-commerce vem ajudar nessa democratização do consumo quando te subsidia com muitas informações sobre o produto ou serviço e sobre a marca nos levando a fazer novas escolhas, passando muitas vezes por todos os canais antes de comprar em um deles. A jornada está diferente, porque eu e você mudamos, passamos a levar mais tempo navegando entre os canais antes de finalizar a compra.
A Helena nos traz um case que nos lembra que a acessibilidade digital não deve mais ser tratada como um diferencial competitivo para as empresas, ela precisa ser a nova exigência de todos os consumidores. E o genial Felipe nos apresenta nesta edição os vários desenvolvimentos do ecossistema de mídia de varejo com a intenção de gerar uma ação real dentro da sua empresa. Boa leitura!
Por Vivianne Vilela
Vivianne Vilela Diretora de Conteúdo - E-Commerce Brasil
2024 | E-COMMERCE BRASIL | 03 // EDITORIAL
#Edição80 | Abril 2024
EXPEDIENTE
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DIREÇÃO DE ARTE / DIAGRAMAÇÃO
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JORNALISTA RESPONSÁVEL
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AMANDA LUCIO
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04 | E-COMMERCE BRASIL | 2024
EDITORIAL 04 | E-COMMERCE BRASIL | 2023
//CORPO
//CONTEÚDO
Luan Honorato Silva Lima, analista de testes para acessibilidade e pessoa com deficiência visual
COMPRO, LOGO EXISTO
A mídia de varejo amadureceu e está mais fácil colher os frutos
Logística no e-commerce: da operação ao encantamento do cliente
Como encantar os consumidores do futuro, hoje
Como proporcionar sucesso ao cliente no varejo?
Plataformas de entregas do e-commerce contribuem para o avanço do empreendedorismo digital
O que ensinaremos para o e-commerce via IA?
Terceirizar operações favorece crescimento de empresas, proporciona maior foco no produto e no cliente, e reduz custos
Preto é a cor mais quente
Inteligência artificial e experiência do cliente: uma combinação de sucesso na logística do e-commerce
O crescimento do link de pagamento e seus desafios no combate às fraudes
O e-commerce está fora de moda?
Quebrando barreiras no e-commerce brasileiro: a jornada rumo ao full commerce
Como ter uma empresa nos Estados Unidos e ingressas no mercado global de e-commerce?
Como a IA pode transformar as vendas, a logística e o marketing do e-commerce
Ponti: o que podemos aprender com a nova Coreia do Sul?
06 | E-COMMERCE BRASIL | 2024
08. ENTREVISTA 42. CASE 52. CONSUMIDOR 52. NOS BASTIDORES DO E-COMMERCE 52. IA + CX 58. IA 38. LOGÍSTICA 48. CROSS-BORDER 60. DICAS DE LEITURA 36. FULL COMMERCE 22. TERCEIRIZAÇÃO Ano 14 Edição 80 | Abril 2024 24 20. CUSTOMER SUCCESS 30. FUTURE SHOPPING 12. TENDÊNCIAS, VIVÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS 46. SEGURANÇA 40. ENTREGAS
2024 | E-COMMERCE BRASIL | 07
ACESSO NEGADO
Acessibilidade digital não deve mais ser tratada como um diferencial competitivo para as empresas, ela precisa ser a nova exigência de todos os consumidores
Por Helena Canhoni da Redação do E-Commerce Brasil
2024 está a pleno vapor, com tantas ferramentas, tecnologias e até mesmo a inteligência artificial ganhando mais destaque, porém a acessibilidade digital ainda é deixada de lado em muitos e-commerces. A defasagem do acesso digital inclusivo não pode passar despercebida e, muito menos, ser considerada natural.
Com o aumento da popularidade e consciência sobre esse tema, é necessário incluir nesse debate a precariedade da acessibilidade. O ESG, a diversidade, a sustentabilidade e até mesmo a acessibilidade são temas cada dia mais em alta. Porém, quando o assunto é tornar o comércio digital acessível, a execução dessa prática ainda é uma realidade escassa.
Para mudar essa realidade, não basta que as empresas e os consumidores advoguem por isso; é necessário que ações mais efetivas, debates e novas mentalidades sejam praticadas, como reconhecer em primeiro lugar que a acessibilidade não apresenta a relevância necessária dentro da construção de um comércio digital disponível para todos.
Somente no Brasil, existem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). São milhões de consumidores que, na maioria das vezes, não podem desfrutar de uma experiência satisfatória durante as compras online ou nem mesmo conseguem efetuar as compras.
Para tanto, a octogésima edição da Revista E-Commerce Brasil convidou Luan Honorato Silva Lima, analista de testes para acessibilidade e pessoa com deficiência visual, com o objetivo de compartilhar sobre a realidade e as melhores maneiras de se estruturar a acessibilidade digital nos comércios virtuais.
E-Commerce Brasil: Atualmente, falamos de acessibilidade digital no e-commerce, mas não necessariamente a estamos aplicando da melhor forma possível. Qual é a realidade atual do mercado?
Luan Honorato Silva Lima: Eu percebo que os sites e os aplicativos, de uma forma geral, são bem precários nessa área e, na maioria das vezes, é bem difícil fazer uma compra. Usando, por exemplo, somente a tecnologia assistiva - leitor de telas -, é quase impossível comprar sozinho. Às vezes, não consigo entender a descrição adequada ou não é possível seguir até o final do processo para efetuar a compra.
08 | E-COMMERCE BRASIL | 2024
//ENTREVISTA
Aplicativos de celular tendem a ser um pouco melhores do que os sites, mesmo que não sejam perfeitos, mas costumam ser um pouco melhores na questão de visualização, escolher os produtos ou ler uma descrição. No site normalmente é mais fácil de comprar.
Mas, no geral, eu penso que é uma área que está bem precária para a parte de compra; existem melhores e piores, mas de modo genérico está bem precária. Para idosos com deficiência, por exemplo, é impossível fazer a compra sem auxílio; porém, se houvesse um pouco de esmero das empresas para tornar aquilo minimamente acessível, talvez não fosse necessária a assistência.
ECBR: No Brasil existem 18,6 milhões de pessoas com deficiência. Quais são os principais obstáculos que as compras, e até mesmo a busca online, apresentam?
Luan: A falta de estrutura dos sites. Falta de estrutura não visualmente, mas em questão de acessibilidade mesmo, pois, às vezes, é um desconhecimento da empresa na qual eles não sabiam o que era acessibilidade, eles achavam que acessibilidade era colocar uma rampa dentro do espaço da loja, mas não tinham ideia do que era acessibilidade digital. Hoje, eu percebo uma certa tendência de as empresas comprarem soluções fáceis, com programas ou aplicativos que prometem tornar o site acessível e, no final, trata-se de um recurso que cria uma gambiarra que acaba mais dificultando do que ajudando.
Um último ponto é que as empresas não têm tanto foco na acessibilidade em si. Muitas vezes, acham que é um gasto à toa, sem um retorno, mas 18 milhões é um número considerável de novos consumidores para o e-commerce. Às vezes, é uma falta de esforço das empresas - se houvesse um pouco de dedicação, já seria meio caminho andado.
ECBR: Cada vez mais, as pessoas debatem o crescimento do e-commerce e a quebra do ambiente físico em favor do digital. Como podemos transformar isso em uma realidade verdadeiramente acessível para todas as pessoas?
Luan: Eu acho que inicialmente com conscientização, trazendo a informação para as pessoas, mostrando como seria a acessibilidade como um investimento por parte das empresas para que haja uma visão mais voltada para o lado humano. E mostrar que não é, necessariamente, um bicho de sete cabeças, é uma coisa muitas vezes mais simples do que aparenta; um exemplo bobo é colocar nomes nos ícones dos sites.
Eu sinto que a acessibilidade tem um crescimento em passos de formiguinha, enquanto as compras têm um crescimento muito acelerado, e isso cria uma defasagem de situações que, com conscientização, poderiam ser simplificadas.
O maior gap, tanto para acessibilidade digital quanto de uma maneira geral, é a falta de conhecimento. Eu, por exemplo, uso um recurso que deixa a tela do celular escura e às vezes no metrô, com fone, as pessoas me cutucam e falam que meu celular está desligado. Apresentando o tema acessibilidade, mitigamos as dúvidas, deixamos tudo de forma mais clara e simples.
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ECBR: De que maneira as marcas podem assumir um papel mais protagonista para redesenhar esse mercado? Quais ações podem ser estruturadas?
Luan: Inicialmente, a marca precisa demonstrar a acessibilidade no site. Não precisa necessariamente falar sobre, fazer uma propaganda sobre isso - é sobre realmente ter uma atitude de transformar o site ou aplicativo em algo acessível, ou minimamente acessível. É prazeroso, eu falo como usuário, você entra em um site e percebe que ele se dedicou à acessibilidade - um exemplo é a descrição de imagens, que é estritamente voltada para pessoas que precisam da acessibilidade. Outro exemplo é o aplicativo do Bradesco - quando você entra nele com o leitor de telas, o logo da marca tem uma descrição, e isso foi pensado para ser acessível.
O primeiro passo é esse. Não adianta fazer propaganda e mostrar que a empresa veste a bandeira da acessibilidade digital se, ao acessar o site, a sensação é equivalente a uma porta fechada em questão de acessibilidade. O que eu falaria para as empresas é: votem em recursos para que o site seja acessível, para que a partir desse ponto novas pessoas sejam atraídas e isso se torne uma bola de neve na disseminação da acessibilidade, quase que de forma imperceptível.
ECBR: A educação sobre acessibilidade digital ainda não alcançou os níveis necessários. Há algum conselho para as pessoas, ou até mesmo para as empresas, de como fomentar o debate sobre esse cenário?
Luan: Eu acho que o problema é que isso deveria ser ensinado nas escolas inicialmente. Seria interessante, dentro das instituições, ter o conhecimento do que é o braille ou até mesmo da linguagem de sinais - que é uma língua oficial do país e inclusiva. Precisamos ter uma conscientização sobre os diferentes espectros das deficiências e das acessibilidades. É a partir disso que começamos.
Na parte das empresas, é necessário chamar a pauta, com palestras e questionamentos, de “o que precisamos para tornar acessível nosso site/aplicativo?”. A partir do interesse verdadeiro, as coisas seguem como um carrossel, as pessoas e os temas vão surgindo e se tornando naturais. Acho que, com interesse, e até pedidos de ajuda para especialistas, temos o primeiro passo.
ECBR: Quais as vantagens para um lojista de e-commerce ao adotar a acessibilidade na plataforma? Há alguma empresa ou site que você usaria como referência?
Luan: Além de ganhar clientes, a acessibilidade digital não é voltada somente para pessoas com deficiência, e isso não é muito falado. Por exemplo, uma mãe com uma criança de colo usa uma única mão para navegar e, se o site não for pensado para isso, há uma dificuldade na utilização por parte dessa mãe, e ela não necessariamente tem alguma deficiência. São outras situações em que a acessibilidade digital é importante, mas ela não é muito mencionada.
Outra vantagem é que o valor da marca aumenta a importância dessa organização. A empresa aumenta seu destaque e se torna uma referência no mercado. É muito gratificante, a gente recomenda para outros usuários quando a marca se preocupa com a acessibilidade.
Não tem um site perfeito em acessibilidade. Alguns e-commerces bons e tranquilos de usar são: Amazon, Americanas, Mercado Livre e emergindo ainda há a Renner e o Google, que estão investindo muito em acessibilidade. Mas, de uma forma geral, todos estão mais ou menos na mesma médiaalguns se destacam em um ponto e outros em outro -, mas todos seguem na mesma linearidade, estando quase no mesmo nível.
ECBR: Há alguma ferramenta que pode ser implementada para melhorar a acessibilidade dentro do comércio eletrônico?
10 | E-COMMERCE BRASIL | 2024
//ENTREVISTA
Luan: Não, nem é aconselhável usar, porque existem ferramentas que prometem deixar o site acessível, mas não estão efetivamente ajudando. O que torna um site realmente acessível é ter analistas que vão testar aquela página. A análise de software voltada para acessibilidade, hoje, segue a WCAG - quase uma bíblia para tornar acessíveis os sites -, e os analistas trabalham em cima dessa regra.
Mas por que não podemos simplesmente criar um programa para isso? A acessibilidade é subjetiva - o que é acessível para uma pessoa pode não ser para outra, uma solução dentro de uma página pode não funcionar para outra página. Automatizar essa relação não é eficaz. Um paralelo é a tradução; há inúmeras especificações que precisam ser seguidas e que, muitas vezes, não mantêm a tradução literal do que está sendo dito.
Pensando em e-commerce, usamos o exemplo do botão comprar. Se é uma página com apenas um produto e há o botão comprar, beleza, está acessível. Mas, se eu entro na página inicial do site, há 50 produtos e para cada um existe um botão comprar, dependendo da navegação, isso não é acessível. É somente através da interpretação que somos capazes de perceber o que está ou não acessível. Portanto, as empresas de e-commerce precisam investir na contratação de pessoas para efetivamente testar as páginas, pois as soluções mais baratas acabam ficando superficiais e podem vir a atrapalhar a navegação dos usuários.
ECBR: É possível mensurar qual o custo para tornar uma plataforma acessível?
O quanto do orçamento anual de uma empresa de e-commerce deveria ser direcionado à acessibilidade?
Luan: Criar algo do zero, com a mente já em acessibilidade, vai ser mais barato, não vai exigir tanta manutenção e vai ser rápido. Porém, quando você já possui uma página estruturada e ela precisa ser redesenhada
para a acessibilidade, já vai ser mais caro; muita coisa vai ser refeita, e o preço vai ser bem mais elevado, pois usa muitos recursos. Ao colocar a acessibilidade desde o início da construção do site, o custo vai ser bem menos do que o dobro. Se dentro da empresa existe a visão sobre a acessibilidade, os produtos vão ser desenvolvidos de maneira acessível - não é necessariamente sobre destinar investimentos elevados para contemplar a acessibilidade. Para um site ser acessível, por exemplo, basta que ele seja construído sem gambiarras.
Se o texto, as imagens e os botões foram desenvolvidos segundo a WCAG e as boas práticas, não vai ser necessário despender uma parte da empresa para construir a acessibilidade. Mas, se a empresa não tem essa visão, o valor a ser investido pode ficar entre 30% ou 40% do capital para transformar o site ou aplicativo em acessível. Porém, não é sobre os números, mas sim sobre uma mudança de atitude e mudança de pensamento.
ECBR: Quais são as principais tendências de acessibilidade digital para os próximos anos?
Luan: Eu acho que há dois lados para seguir. O que é muito bom é que há pouco tempo a lei de acessibilidade digital foi aprovada, e com isso houve um aumento do que deve ser acessível. Hoje, encontramos informações, notícias ou reportagens sobre o tema com mais facilidade. A inteligência artificial, por exemplo, vai ajudar a tornar o e-commerce acessível e, especialmente, a conscientizar as empresas. Eu percebo que há um movimento das empresas para falar sobre esse tema, não é uma questão tão desconhecida. Porém, a IA não vai resolver todos os problemas, e é preciso ter cuidado com essa busca constante de automatização, sem a interpretação humana.
2024 | E-COMMERCE BRASIL | 11
FELIPE MENDES
General Manager Latam da GFK
A MÍDIA DE VAREJO AMADURECEU
E ESTÁ MAIS FÁCIL COLHER OS FRUTOS
Apesar de a “mídia de varejo” (retail media) não ser um assunto novo para os leitores da Revista E-Commerce Brasil, o destaque dado ao assunto na NRF de 2024 reacendeu o interesse e as discussões no Brasil.
Caso o seu conhecimento sobre o assunto ainda seja preliminar, recomendo que acesse a edição 69 da revista, lá de abril de 2022, e leia o artigo “Vender televisão ou publicidade, eis a questão!”, ou o busque em minha página no LinkedIn, na seção “Artigos”.
Já o texto desta edição se dedicará a contar os vários desenvolvimentos do ecossistema de mídia de varejo com a intenção de gerar uma ação real dentro da sua empresa. Por favor, o único detalhe que peço é: escolha um momento do seu dia para ler o texto com tranquilidade, eliminando de sua cabeça aquelas frases que matam as boas iniciativas, como “fulano tentou e deu errado” ou “já faço isso há 30 anos”. Vamos lá?
A tração gerada pela Amazon
A expressão “retail media” ganhou tração no início desta década, em especial pelas mãos da Amazon. Como sabemos, um elemento central na visão da varejista global é maximizar o ganho com os seus “ativos”, como fizeram com os seus enormes datacenters, que levaram à criação do “Amazon Web Services” (AWS, o seu serviço de “armazenamento em nuvem”).
No caso da mídia de varejo, o ativo a ser maximizado é o tráfego no seu site, que se converteu em enormes e qualificadas audiências, a nível global, uma vez que o varejista conhece seus hábitos de compra, de pesquisa de produtos e até de consumo de entretenimento. Ao dar-se conta desse ativo, a Amazon começou a oferecer há alguns anos a opção de “produtos patrocinados”, similar ao que o Google oferecia em seu buscador.
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//TENDÊNCIAS, VIVÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS
Atuou em empresas de bens de consumo, como Phillip Morris, Mondelez e Unilever, no Brasil, Chile e México, até a posição de Diretor de Marketing. Em consultorias de data analytics, como a GfK, vem liderando empresas e unidades de negócio desde 2008, especializando-se em realizar processos de turnaround comercial, operacional e financeiro, bem como integração de empresas adquiridas. Felipe é membro do YPO (Young Presidents Organization) desde 2014 e atua em Conselhos de Empresas e Associações, além de palestrante frequente em eventos de tecnologia, varejo e comércio eletrônico, sendo investidor de startups nesses segmentos.
A similaridade da oferta e o fato de ambas as empresas terem um foco muito grande no “online” levaram muitos analistas a definirem a mídia de varejo como a terceira onda da mídia digital, após a de “search” (busca) e de “social”, ainda que hoje se perceba seu caráter figital.
A dominância da Amazon é tanta que, ainda em 2023, mesmo com a força que outros varejistas americanos têm, a empresa de Jeff Bezos foi o destino de algo próximo a 75% do investimento em mídia de varejo. Olhando internamente, a receita da Amazon com mídia atingiu impressionantes US$ 47 bilhões, já representando 8% do seu faturamento total.
Apenas como referência, em um painel da NRF, o Mercado Livre disse que sua receita com publicidade no Brasil ainda representa 2% do total, mas que pode e deve chegar a 5% nos próximos três anos. O que podemos perceber é uma clara inspiração da varejista latino-americana na expansão da sua oferta de serviços para crescer, fidelizar e conhecer mais a sua audiência, através de parcerias com plataformas como Paramount e Disney+, mas também a criação de um streaming próprio, o Mercado Play.
Ainda sobre América Latina, a consultoria eMarketer apresentou um estudo no qual declarou que 55% dos anunciantes que investem em publicidade digital na América Latina já usam o retail media, número similar aos que usam a mídia programática. O estudo “Latin America Marketing and Retail Media Trends Survey 2023” apontou que, igualmente, os consumidores estão deixando as redes sociais e os buscadores mais de lado e preferem pesquisar compras online diretamente nos sites de e-commerce.
Em relação a investimentos, o IAB Brasil declarou que, em 2023, foram investidos R$ 2,6 bilhões em propagandas em marketplaces. Quando vemos esse valor e excluímos o investimento próprio dos varejos, um estudo da NIQ (chamada anteriormente de Nielsen) apontou que o mercado brasileiro de retail media deve movimentar R$ 1,6 bilhão em 2024, representando um crescimento de 20% em relação a 2023.
O poder da integração de ativos físicos e digitais
Os varejistas começam a perceber a riqueza da integração, seja de canais diferentes, seja de fontes de informação diferentes, seja de formatos de entrega de publicidade diferentes, para a melhoria da experiência do comprador até sua fidelização.
Uma rede americana chamada Hy-Vee lançou no ano passado a sua “Retail Media Network” (RMN) chamada RedMedia. Segundo o seu presidente, a sua diferenciação em relação a outras RMNs é que eles oferecem às marcas não apenas comunicação em plataformas digitais, mas também anúncios inteligentes em lojas, utilizando-se de painéis inteligentes desenvolvidos em parceria com a Samsung. Além disso, o grupo controlador conta com fontes diferentes sobre o consumidor, como lojas de canal alimentício, farmácias, centros de produtos para saúde e até bancos, gerando um perfil muito mais completo de seus hábitos e estilo de vida.
O que fica claro é que a mídia de varejo é potencializada pelo digital, ou seja, tecnologia e dados. Jessica Chapplow, da IPG Mediabrands, destacou essa mudança em entrevista recente, enfatizando que a mídia de varejo agora serve como uma bússola para os consumidores em sua jornada de
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descobrimento e compra, orientando, esclarecendo e formando relações de marca duradouras.
Para Paul Wright, líder da divisão de publicidade da Uber no Reino Unido, conectar-se com os consumidores em momentos críticos de tomada de decisão pode inclusive fazer com que as marcas promovam conexões emocionais mais profundas, transcendendo meras transações para alcançar uma verdadeira afinidade com a marca.
Essa visão é complementada por Lee Roberts, líder na venda de mídia do Tesco, que acredita que a utilização de análise de dados pode não apenas melhorar o quando e onde entregar publicidade, na jornada do consumidor ou do comprador, mas também gerar uma melhor mensagem, ou seja, produzir conteúdo mais customizado, quase que um anúncio para cada pessoa. Essa é uma vantagem adicional, que foi potencializada pela democratização da inteligência artificial generativa, utilizando-se de modelos como ChatGPT e Dall-E.
O desenvolvimento da indústria no “offline”
Se no início da mídia de varejo o foco eram os “produtos patrocinados” nos sites, hoje a oferta de formatos para investimento se multiplicou, inclusive com a combinação de opções offline.
Na NRF, por exemplo, a 7-Eleven revelou seu plano de lançar a “Gold Radio”, a maior rede de rádio dos EUA, em duas mil lojas neste ano, tendo sido reportado que os testes iniciais trouxeram um crescimento de dois dígitos para as marcas anunciantes.
Já dentro das lojas, ainda que o investimento represente menos de 1% do total da mídia de varejo, vemos o crescimento de ofertas
de painéis inteligentes, potencializados pela inteligência artificial, além da combinação entre esses painéis e os aplicativos das lojas para geração de ofertas.
Outro exemplo interessante é a empresa Cooler Screens, que iniciou a jornada entregando soluções de “painéis inteligentes” em portas de geladeiras ou na fila de checkout, e hoje traz opções mais complexas, como a “Cooler X”. Desenvolvida pelo Microsoft Azure e pela NVIDIA, essa solução usa IA e ciência de dados para identificar oportunidades de ativação de marketing nas lojas, através de um mecanismo preditivo de intenção de compra, que se utiliza de dados do comportamento do consumidor, em especial de sinais contextuais em frente à gôndola (tempo em frente à gôndola, o que retira para analisar, para quantos produtos olha etc.). Isso combinado à idade, ao gênero e ao acompanhamento de familiares compõe o algoritmo.
No Brasil, o Hortifruti Natural da Terra passou a disponibilizar uma plataforma de mídia em suas lojas físicas do Rio de Janeiro e de São Paulo, através de um conjunto de painéis de mídia digital. Segundo a empresa, a “Natural Ads” tem entre seus principais clientes empresas de alto perfil digital, como Google e Netflix, mas também Disney e Vivo.
O anúncio “off-site” e a aceleração de parcerias
A expressão “off-site” nasceu para definir a publicidade que usa os dados que o varejo proporciona sobre sua audiência (seus compradores), mas que não é entregue a potenciais compradores em propriedades do próprio varejo (suas lojas, seu site ou seu app).
Fundamentalmente, o varejista “vende” a sua audiência para enriquecer a compra
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de mídia em outros locais. Esse tipo de utilização já representa mais de 15% do mercado americano de retail media, segundo a eMarketer, e tende a crescer mais rápido, pois diversas empresas têm oferecido parcerias com varejos para realizar essa integração, como outros sites e aplicativos, mídias sociais e até produtoras de jogos eletrônicos, para anúncios dentro dos jogos.
Em uma parceria para mídia off-site, uma marca de fórmula infantil pode, por exemplo, “alugar” os dados de compradores de brinquedos da “Ri Happy” e disparar publicidade, como um “banner” com desconto, no site de um supermercado.
Para materializar ainda mais o conceito, comento sobre um caso feito entre Pepsi, Carrefour e Meta (Facebook/Instagram) para o relançamento do “Cheetos Bola”, no qual a PepsiCo tinha o objetivo de gerar não apenas atenção sobre o produto, mas também recrutar potenciais compradores.
Com tecnologia de uma quarta empresa, a LiveRamp, a PepsiCo rodou uma campanha usando uma audiência qualificada, baseada em hábitos de consumo do Carrefour na Meta (Instagram e Facebook). Segundo a empresa, os usuários impactados tiveram um gasto 17% maior do que os não impactados pela campanha, e 73% dos compradores eram novos ou estavam retornando à marca.
Fica claro que a privacidade dos usuários deve ser preservada, ainda mais quando essa informação sai do seu controle. Felizmente, já há suficiente oferta de empresas especializadas, que cuidam da Lei Geral de Proteção de Dados, trabalhando com “clean rooms” para integração de dados pessoais mascarados. Esse “custo” em geral é do anunciante, mas a exigência deve ser do dono da informação, ou seja, do varejista.
O interessante é que essas parcerias podem juntar potenciais concorrentes naquilo que se convencionou chamar de “coopetição”. O Walmart, em sua busca por apresentar alternativas à Amazon, anunciou o TikTok como seu parceiro comercial, unindo o melhor de dois mundos: a integração das audiências de ambas as marcas, a capacidade do TikTok de entender e direcionar conteúdo relevante para essas audiências, e a capacidade do Walmart de fazer varejo.
Além disso, há uma brilhante sinergia na monetização do público jovem, o qual o TikTok domina como poucos e que, por restrições econômicas importantes, se sente atraído pela política de preços econômicos do Walmart. Ainda nesse público, a mídia social é uma fonte relevante de busca de informação sobre produtos, e o formato vídeo é o preferido. Não menos importante, a integração de um bom trabalho de “comunidade” com anúncios pode levar à viralização de lançamentos, o sonho de qualquer marca, mas um pesadelo para a gestão de estoques, algo que poucas empresas estão melhor preparadas para enfrentar do que o Walmart.
A integração do ecossistema em TVs conectadas
Se há algo bastante em moda, outra vez impulsionado pela Amazon, são os anúncios integrados em TVs conectadas, que segundo a eMarketer podem atingir US$ 3,6 bilhões de investimento, um crescimento de 140% em 12 meses. A Amazon iniciou esse processo com anúncios em seu serviço “Prime Video”, mas o Walmart se aliou ao sistema Roku para conseguir resultados similares.
O interessante é que a tecnologia das TVs conectadas permite que você realize um anúncio “comprável”, o sonho de qualquer marca (e varejista). Além disso, a criatividade e a integração com o conteúdo permitem
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uma adequação ainda maior do produto ao momento do espectador.
Por exemplo, entre um capítulo e outro de uma série filmada no Outback (deserto) australiano, o espectador recebe o anúncio de uma cerveja em promoção, que pode ser entregue em até uma hora através da parceria com empresas de entrega de última milha.
Claro que há uma grande vantagem para a Amazon, pois sabe o que compramos, ao que assistimos, e as rotinas de Yoga que pedimos à Alexa. Isso permite um altíssimo grau de personalização, o que pode ser ainda enriquecido com dados das próprias marcas sobre os mesmos usuários ou de usuários com características similares (o que se chama em data science de “look alike”).
Para tentar fechar essa distância, o Walmart comprou a marca Vizio de TVs conectadas por US$ 2,3 bilhões. Sua intenção é usar essa plataforma para desenvolver opções de mídia e entretenimento, conectando-as à sua plataforma de retail media, a “Connect”. O “SmartCast”, sistema operacional da Vizio, vem crescendo muito e tem 18 milhões de contas ativas, já recebendo anúncios de diversas empresas líderes nos Estados Unidos.
A revolução do processo de “search” (busca)
Fernando Yunes, VP sênior do Mercado Livre no Brasil, afirmou em entrevista recente que as pessoas já usam o marketplace como um canal de busca por produtos, sendo que 80% dessas buscas não estão atreladas a nenhuma marca. Segundo ele, as potenciais compradoras começam comparando preços, depois olham as disponibilidades de entrega, gerando diversas oportunidades de serem impactadas por anúncios de marcas relevantes.
O que chama atenção é que a busca em marketplaces trabalha com audiências enormes, similares à de buscadores como o Google, ainda que com menor intensidade. Pensemos que, por exemplo, cerca de 135 milhões de usuários navegam mensalmente no Mercado Livre apenas. Ou pensemos ainda no crescente potencial das famosas “datas duplas” da Shopee, como o 11/11 (“double eleven”), que já começa a ser visto como um dos maiores “esquentas” da Black Friday.
Os anúncios no formato de “busca” representam mais de 60% dos investimentos em retail media nos Estados Unidos, ainda que estejam crescendo mais devagar que outros formatos, o que vem afetando os negócios de buscadores estabelecidos. As duas grandes vantagens da “busca no varejo” são a abundância de dados primários dos compradores e a adequação maior ao “momento” do potencial comprador.
Ou seja, a chance de um anúncio no varejo sobre marcas de tênis, no momento em que o comprador está efetivamente procurando por isso, deve ser muito melhor recebida do que quando se digita tênis em um buscador, mas querendo saber quanto foi o jogo do Djokovic contra Nadal. Além disso, eu posso oferecer a esse comprador marcas de tênis esportivos como um leilão, no qual Adidas, Nike e Skechers brigarão para ter a sua marca destacada. Além disso, e não menos importante, se eu sei que esse comprador está acostumado a comprar marcas de médio preço, posso tentar entregar uma publicidade de uma marca mais cara em promoção, na tentativa de aumentar seu tíquete médio.
Para aumentar a conversão de potenciais compradores, alguns varejistas têm dedicado investimentos significativos no que se convencionou chamar de “varejo por conversa”. Nele, o usuário do app ou site
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tem muito mais facilidade de encontrar o produto, a marca ou a característica de produto que encontra pelo uso de tecnologia e dados. Melhores descrições de produto em parceria com a indústria, uma experiência de busca no formato de “conversa”, e um conhecimento daquele usuário derivado de suas experiências passadas tornam o processo de pesquisa de produto muito mais fluido.
Por exemplo, se uma compradora começa a buscar no site de um supermercado alternativas para “lanche da escola”, eu posso apresentar uma recomendação paga por produtos com as melhores avaliações na internet, mas também apropriados para crianças celíacas, pois já sei dessa necessidade por compras anteriores. Ao ver as recomendações, a compradora pode querer saber sobre o teor de açúcar e uma tabela aparece na tela, com comparações não apenas de açúcar, mas também de nível de proteína ou algo mais que pareça relevante.
A mídia de varejo é abraçada pelas marcas de massa
Uma crença que ficou para trás é que a mídia de varejo funcionaria bem apenas para públicos muito específicos. Katie Streeter Hurle, estrategista chefe da SMG, especialista em soluções para mídia de varejo, comenta que, quando olhamos as bases de consumidores de alguns varejistas, online e offline, percebemos que a mídia de varejo pode funcionar muito bem para produtos ultrassegmentados, mas também tem um alcance muito grande para produtos de massa, similar a algumas mídias tradicionais ou sociais. Pensem no programa Cliente Mais do Pão de Açúcar, com 20 milhões de usuários cadastrados e sete milhões ativos. Algo similar ocorre com Droga Raia e vale mencionar a audiência massiva de Bahia, Magalu e outros.
Esse pensamento de “mídia de massa” foi reforçado pela IAB (Internet Advertising Bureau, uma associação para desenvolvimento de mídia digital) na Europa, a qual previu que o investimento em mídia de varejo irá ultrapassar o investimento em televisão “linear” já em 2026 também na Europa. Apesar do natural viés da situação, eu tendo a concordar que é uma força imparável.
Um caso interessante foi entre Heineken e Pão de Açúcar. Pelo cruzamento da base de fãs engajados da marca Heineken com a base de clientes fidelidade do Grupo Pão de Açúcar (GPA), a cervejaria aumentou a taxa de conversão, reconectou-se com clientes “perdidos” e obteve aumento no valor gasto em compras no supermercado.
Uma vez mais, reforço a parceria com empresas especialistas, que nesse caso foi a relevanC, uma adtech de origem francesa, responsável pelo cruzamento das bases e as análises iniciais. Os dados revelaram um público-alvo muito valioso tanto para a indústria quanto para o varejo: um público que já curtia e engajava com a Heineken de cervejas, mas não comprava o produto no Pão de Açúcar há algum tempo.
Algo similar foi realizado também entre Pão de Açúcar e relevanC para a Pernod. Nesse caso, foi criada uma campanha de publicidade em “media display” fora do e-commerce do GPA, mas, ao clicar no anúncio, os usuários eram direcionados para a loja Pernod dentro do e-commerce do Pão de Açúcar. Segundo as empresas, houve um aumento de 15,6 % no número de compradores, de 18,5 % na receita dos produtos da campanha e expansão de 5% no ticket médio.
Na arena de higiene e limpeza, as declarações de Thais Pizzi, gerente-executiva de marketing digital e retail media da Ypê, apontam a mídia de varejo como algo transformador
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para seus investimentos de marketing, já que, com uma audiência mais qualificada, a Ypê aumentou a eficiência da mídia digital e melhorou o retorno dos investimentos. Também segundo ela, com uma abordagem colaborativa com seus clientes varejistas, a Ypê tem se posicionado como uma marca antenada com as demandas do mercado digital, ou seja, investir em mídia de varejo é bom para a “reputação corporativa” das empresas, em relação a serem percebidas como modernas e inovadoras.
Outra empresa de bens de consumo de massa que tem “pensado grande” sobre retail media é a Unilever. No entanto, a definição estratégica de onde investir iniciou-se desde a perspectiva do varejo, escolhendo os 20 principais varejistas nos quais a Unilever deveria investir para a categoria de Cuidados Pessoais. Ainda que o foco sejam os mais relevantes, a empresa tem encontrado dificuldade para ter uma boa análise de dados de parte dos varejistas e que eles saibam desenvolver os conceitos básicos de mídia. De fato, a diretora responsável dentro da Unilever para mídia de varejo também agrega todas as outras áreas de mídia, prática que ainda não é comum na indústria.
Outro elemento central é o alinhamento com toda a operação, pois uma campanha de sucesso pode gerar vendas muito rapidamente, ocasionando perdas de vendas e credibilidade para o parceiro varejista, se o estoque e o planejamento de demanda não estiverem bem alinhados. A empresa tem atuado também com um parceiro especialista, a Cadastra, para organizar esse relacionamento.
Outras parcerias e iniciativas de varejos no Brasil
Começam a aparecer soluções interessantes para que os varejistas acelerem ou maximi-
zem o potencial de suas audiências através do retail media. Os principais jogadores são agências de publicidade ou mídia, empresas de tecnologia de e-commerce ou publicidade, e empresas com forte relacionamento com varejo.
Estou de acordo que esse é um caminho importante, em especial se a sua empresa não tiver experiência suficiente na área. A responsável pela Adsmovil foi bastante feliz quando comentou que “os grandes varejistas já estão surfando a onda do retail media, mas existem oportunidades para todo tipo e porte de varejistas, pois as marcas têm muito interesse nessas audiências. Uma das barreiras ainda é o custo de operação para a criação de plataformas de mídia por parte dos retailers, mas, com o avanço do retail media, hoje, já é possível implementar estratégias de monetização das audiências com parceiros estratégicos de tecnologia, que desenvolvem plataformas de retail media para diversos negócios ao redor do mundo. É um caminho sem volta. Vai se sair melhor quem entrar antes”.
Mas mesmo empresas grandes têm trabalhado em parceria. O Cencosud lançou o "Cencosud Media" no Brasil há pouco, o qual já operava no Chile, Peru, Colômbia e Argentina. No Brasil, a principal alavanca encontrada para o crescimento é o foco regional, suportado por inteligência artificial e visão analítica.
A parceira da Cencosud é a Topsort, que também tem em sua carteira empresas que não são necessariamente varejistas, mas realizam “atividades comerciais”, como Glovo e Daki. Outro fato interessante, e que é uma tendência, é que a Topsport efetivamente faz um leilão dos seus espaços, vendendo às marcas que melhor “pagam” por aquele momento de encontro com o potencial comprador.
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Já a rede de farmácia Pague Menos e a Extrafarma escolheram a agência Zmes como parceira, que traz a experiência de propor crescimento baseado em alavancagem de propriedades digitais. Nesse caso, a Zmes desenvolverá conjuntamente o plano de “go to market”: proposta de valor, marketing, escuta ativa com potenciais clientes, o modelo comercial e os aspectos tecnológicos.
Finalmente, um dos casamentos mais divulgados foi o do Carrefour com a agência Publicis, que anunciaram uma joint venture para explorar negócios no mercado de retail media, ficando o varejista com 51% da JV. Interessante relembrar que em 2021 o varejista lançou, com apoio de outra empresa (LiveRamp) a plataforma de anúncios Carrefour Links, para alavancar uma base de dados que possui informações de 80 milhões de consumidores e 80 bilhões de transações em todo o mundo.
A visão de Babs Kehinde, diretor sênior da divisão de varejo da Pubmatic para Europa, é que os varejos ganham muito ao se aliar a empresas que conhecem de monetização de informação, acelerando e rentabilizando essa operação.
Esse pensamento é compartilhado pela empresa NIQ, antes conhecida como Nielsen, que também lançou uma plataforma para monetizar dados do varejo, chamada NielsenIQ Activate. Há algumas vantagens interessantes no trabalho com a NIQ:
1) Isenção: a NIQ não gera publicidade nem compra mídia para outras marcas ou veículos. Portanto, o foco único é a maximização da receita do varejo parceiro, sem conflitos de interesse.
2) Experiência em monetização de informação: esse é o negócio original da Nielsen. Portanto, além da questão tecnológica
e analítica, a NIQ pode efetivamente ensinar o varejo a vender sua informação ou ainda realizar esse processo para o varejista.
3) Análise integrada de retorno sobre o investimento: uma vez que a NIQ já tem as vendas do produto naquele varejo, o impacto da publicidade nas vendas se dá de maneira mais simples e sem interferências.
O NielsenIQ Activate é uma plataforma SaaS, que utiliza inteligência artificial para potencializar a programação de mídia - dos insights às ações e das ações às mensurações. Trata-se de uma plataforma única que fabricantes e varejistas podem utilizar para lançar campanhas e avaliar o impacto dos anúncios em todos os diferentes canais.
O que você está esperando?
Serei um profissional realizado se você, ao terminar de ler este texto, abrir seu e-mail e convidar seus investidores, diretores e sócios para discutir o assunto em profundidade. Se você já é cliente de uma das empresas parceiras que eu mencionei, convide os experts para contarem mais sobre as suas soluções. Aprenda, mas não demore para agir, pois o mercado em breve irá se consolidar, e as suas audiências poderão ficar de fora do radar.
Tenho certeza de que há razões para se preocupar e não fazer esse movimento, mas, como você pode provar neste texto, a oportunidade está aí para ser explorada e monetizada. Boa sorte!
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COMO PROPORCIONAR SUCESSO AO CLIENTE NO VAREJO?
Um dos termos mais difundidos no mercado B2B, especialmente entre startups de tecnologia, é o “customer success”, ou sucesso do cliente. O conceito foi criado por Lincoln Murphy, que escreveu um livro sobre o assunto junto com Dan Steinman e Nick Mehta.
Segundo Murphy, o “sucesso do cliente” acontece quando ele, o cliente, alcança os resultados que deseja por meio das interações que tem com a sua empresa. Para exemplificar, eu me recordo quando, há 25 anos, entrei em uma loja de Belo Horizonte para comprar um terno novo. Eu não sabia o que escolher até que o vendedor Rovilson me fez uma pergunta que mudou o jogo: “Pedro, qual resultado você espera alcançar com o seu terno novo?”.
E, na minha mente, a resposta era clara. O resultado ou o “sucesso” que eu esperava atingir era impressionar a menina de quem eu estava gostando. Com base nisso, o Rovilson me apoiou na escolha do terno perfeito.
Dez dias depois, quando eu já tinha tido a chance de me exibir para a garota, o telefone da minha casa tocou: “E aí, Pedro! Conseguiu impressionar a menina? Já estão namorando?”. Era o Rovilson.
Para a minha felicidade, o objetivo havia sido conquistado. Por meio da interação com o Rovilson e com a empresa em questão, o meu “sucesso” foi obtido.
Mas feita essa introdução com o meu “case” pessoal, vem a pergunta do título: como proporcionar sucesso a todos os clientes no varejo? Em outras palavras, como o varejista pode garantir que o consumidor final está enxergando valor e conquistando resultados relevantes por meio das experiências vividas junto à marca?
Com as reflexões que eu vou apresentar a seguir, pretendo responder a essa questão. Siga a leitura para conferir.
O sucesso é subjetivo
O primeiro ponto que precisa ficar claro na mente do varejista é que o “sucesso” é subjetivo e diz respeito ao resultado percebido após a venda.
Para ilustrar, o sucesso para uma cliente que comprou um vestido novo pode ser chegar à confraternização da empresa e receber muitos elogios.
Para um consumidor que adquiriu alguns vinhos, sucesso é ser visto pelos amigos
PEDRO IVO MARTINS
Sócio Diretor da Dito
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como referência de conhecimento sobre esse tipo de produto.
Mas dados esses exemplos, surge uma pergunta.
Como descobrir o que é sucesso para o cliente?
Considerando as situações que eu trouxe acima, talvez você esteja pensando que é impraticável descobrir o que é sucesso para cada cliente.
De fato, nos dias atuais, olhar para um consumidor isoladamente é complexo, porém, uma sugestão prática e bem efetiva é investigar o que é sucesso para grupos específicos da sua base.
Nesse sentido e utilizando o caso do cliente que gosta de vinhos, o dono dessa empresa poderia tentar localizar no CRM os consumidores que têm os mesmos padrões de características e comportamentos.
Feito isso, na sequência, há duas opções de ações que podem ser realizadas simultaneamente. A primeira é “somar” as informações levantadas (renda, moradia, faixa etária, estado civil, categorias mais compradas, frequência de compras etc.) para analisar o que, potencialmente, é sucesso para o público segmentado.
E a segunda é questionar diretamente para essas pessoas “o que é sucesso para elas”. Pesquisas de opinião qualitativas com perguntas estratégicas podem trazer respostas extremamente valiosas.
O que fazer com o conhecimento adquirido?
A resposta é simples: passar a “entregar” justamente o que foi descrito como sucesso pelos clientes estudados.
Pegando outra vez o exemplo do cliente que aprecia vinhos e que tem o objetivo de ser reconhecido pelo seu conhecimento sobre o assunto, envie para ele um e-mail descrevendo o processo de produção dos melhores tintos encorpados da casa.
A seguir, através de um contato mais personalizado, convide-o para visitar a sua adega e aproveitar uma degustação gratuita. Ao fim, disponibilize um link parametrizado com 10% de desconto para presentear dois amigos.
Por meio dessa estratégia simples, vê como essa marca de vinhos ofereceu exatamente o que é sucesso para esse consumidor?
Inicialmente, ela o empoderou com o conhecimento necessário para se posicionar como referência. Na sequência, proporcionou uma experiência prática para tangibilizar os aprendizados teóricos.
E por fim, além de disponibilizar informações e vivências reais, permitiu o compartilhamento de ambas com as amizades mais próximas.
Em suma, isso é sucesso do cliente no varejo! E, pela minha experiência, as marcas que aplicarem essa estratégia serão as primeiras a conquistar as maiores taxas de retenção, de engajamento e maior faturamento.
Espero que tenha gostado deste texto. Até a próxima!
Pedro Ivo Martins é professor da Fundação Dom Cabral e Sócio Diretor da Dito CRM.
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TERCEIRIZAR OPERAÇÕES FAVORECE CRESCIMENTO DE EMPRESAS, PROPORCIONA MAIOR FOCO NO PRODUTO E NO CLIENTE, E REDUZ CUSTOS
Terceirizar a operação, inicialmente, pode despertar medo ou representar um grande risco para os negócios. No entanto, seguindo alguns passos específicos, ao contrário do que se pensa, esse processo pode trazer inúmeros benefícios para a indústria, elencando como principais o tempo para desenvolver produtos, focar em estratégias de marketing e canalizar o cerne naquilo que interessa: vendas e rentabilidade.
A importância da terceirização das operações do e-commerce é uma forma de valorizar o cliente e favorecer os negócios. No que diz respeito à logística, de acordo com dados da pesquisa Panorama de Gestão Logística no E-commerce Brasileiro da Frete Rápido, divulgada em 2023, uma logística estruturada é fundamental para 69% dos negócios digitais. Para as empresas, os benefícios estão associados a alguns pontos-chave, tais como: garantir bons SLAs, redução de custos, experiência de compra, customização,
reconhecimento de mercado e eficiência logística.
Padrão de qualidade
Service Level Agreement (SLA), ou nível de serviço acordado, são os indicadores-chave para monitorar o sucesso da operação quando se dispõe de um bom nível de serviço envolvendo diversos pontos, como: acuracidade de estoque, tempo de despacho, tempo de entrega e segurança tornam o controle e o sucesso da operação mais fácil. A terceirização das operações possui outro benefício que é a redução de custos, na qual a empresa aproveita ativamente desse processo. Afinal, diminui gastos com colaboradores, centros de distribuição e transporte, além de favorecer o ganho de escala com o parceiro selecionado.
É importante mencionar que o setor logístico representa 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, conforme dados de 2023,
NICOLAS NASCIMENTO Chief Sales Officer (CSO) da Social Digital Commerce
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vem crescendo ano a ano e tende a crescer ainda mais nos próximos.
Diferencial importante
É plausível que, ao se falar desse processo de operações, exista a dúvida se as customizações ofertadas aos clientes serão mantidas, e a resposta é positiva. Contratar o serviço de terceirização, oferecido por uma empresa que possui processos de picking, packing e armazenagem bem estruturados, logística treinada e capacitada, por exemplo, permite que as customizações dos produtos continuem sendo bem executadas. Além disso, é importante reforçar que a caracterização própria e a customização dos produtos desempenham papel fundamental na fidelização do cliente.
Fidelizar o cliente está atrelado a uma experiência de compra diferenciada com rapidez e agilidade.
No e-commerce, as principais empresas do segmento que terceirizam operações dispõem de uma forte aliada, cada vez mais presente: a inteligência artificial. Essa tec-
nologia permite uma maior precisão nos planos de venda, resultando em otimizações de estoque, além de auxiliar em processos de automação.
Para os clientes, a terceirização das operações é uma maneira de desfrutar de uma experiência de compra diferenciada, com opções de entregas rápidas, Same Day ou Next Day, ou também uma entrega agendada, além de usufruir da possibilidade de personalização dos produtos, podendo contar com cuidados extras garantindo um suporte fulltime, desde a aprovação do meio de pagamento até a entrega chegar à casa do consumidor.
Terceirizar uma operação requer estratégia e organização para seleção do parceiro ideal, além de uma rotina dinâmica para acompanhar de perto os níveis de serviço e objetivos contratados. Ao final do mês, isso resultará em ganhos notáveis, desde a operação até a satisfação do consumidor final, gerando recompras e indicações. Dessa forma, ambos os lados - empresa e consumidor - se beneficiam de um processo de qualidade.
Nicolas Nascimento é Chief Sales Officer (CSO) da Social Digital Commerce e especialista em transformação digital há mais de 15 anos. Possui vasto conhecimento em desenvolvimento de novos negócios, inovação e estratégias de vendas, marketing on e offline.
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“COMPRO, LOGO EXISTO”
A relação com o consumo, principalmente com o início da era digital, transformou-se e impactou o comportamento da sociedade
Por Giuliano Gonçalves e Lucas Kina, da Redação do E-Commerce Brasil
René Descartes, filósofo e físico que viveu nos séculos 16 e 17, é autor de uma frase conhecida em latim como “Cogito, ergo sum”. Talvez seja mais complicado de identificar assim, mas ela é a forma original de “Penso, logo existo”, traduzida à língua portuguesa. A afirmação do matemático francês resume o ser humano que se vê inserido dentro do mundo a partir do momento que descobre ter habilidades cognitivas. Alguns séculos depois, o fortalecimento da ideia de posse e consumo, emergindo principalmente em meio ao capitalismo, traz uma ramificação inusitada para esse dizer. Desde o momento em que a sociedade aprendeu a comprar e vender, ou seja, consumir, o pensar deu lugar ao possuir na construção do homem? Estamos na era do “Compro, logo existo”?
O papel do digital, desde seu surgimento à consolidação dentro da jornada do consu-
midor, foi importante nessa metamorfose de valores. Enquanto a valorização do “ter” cresceu, tivemos, em paralelo, novas tecnologias de consumo que se estabeleceram para favorecer a criação de um consumo ativista/político. A utilização de mídias sociais nesse aspecto, por exemplo, personalizou o processo de compra gradativamente até ser imprescindível dentro do varejo.
Hoje, 64% dos oito bilhões de consumidores globais são usuários da internet. Isso significa que existem 5,2 bilhões de usuários conectados à internet no mundo. O TikTok é uma das plataformas que buscam inserção dentro da ideia de consumo por meio das redes.
O consumo com causa
Parte do que constitui o novo consumidor passa também pela ideia - nesse caso, antiga
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- de comprar para pertencer ou existir, mas vai além. O consumo com base em pautas de interesse mútuo entre sociedade e marcas funda o que é chamado consumidor de ativismo. Este, diferentemente do próprio ativista, busca a conexão com assuntos e lutas por meio da compra de produtos.
“O consumo é ligado diretamente com o sentimento de inclusão das pessoas. Hoje, quem não consome está à margem e, portanto, fora da sociedade”, explica Rosilene Marcelino, professora da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e mestre em Comunicação e Práticas de Consumo.
De acordo com a especialista, a necessidade de sentir-se incluído em algum rito é quase constante, tendo em vista a velocidade com que o consumidor enjoa de produtos ou formatos. O sentimento de insaciabilidade, nessa situação, faz com que nada mais seja novidade e estar “na moda” não seja só um conceito de vestuário em si, mas também da própria vida.
“O conceito de tempo é o que nos coloca sempre em pressão para consumir mais e melhor, mesmo que isso signifique se atualizar em pouco tempo. Além disso, o consumo segue uma linha de sedução e experiência do usuário - outro fator que estimula a compra, mas banaliza discursos de um consumo com causa”, explica.
Rosi pontua sobre o e-commerce nessa situação como um novo caminho para a democratização do consumo consciente nos próximos anos. A forma de isso acontecer inclui um salto para tornar-se, de fato, um setor independente do modelo tradicional.
Visão de especialistas
Segundo Ricardo Santana, consultor certificado do Mercado Livre, o consumidor de
agora está mais seletivo e não dá mais espaço para qualquer tipo de experiência negativa. “Ele quer uma experiência de compra perfeita, ágil, pois sabe que, se ele comprar no online, vai receber na casa dele e vai aproveitar melhor o tempo de vida. Por isso, eu digo que a experiência precisa ser surreal”.
Para oferecer essa “experiência surreal”, Santana diz que o lojista deve ter à disposição uma série de informações do produto que ele está vendendo. Nesse caso, portanto, a primeira coisa que ele tem que entender é o perfil do consumidor. “Qual é o perfil de consumo do consumidor que está comprando o produto? Qual é o produto que eu estou vendendo? Para quem eu estou vendendo? Não é simplesmente subir um anúncio, tanto na loja própria quanto como nos marketplaces, e não entender aquilo que é pedido no produto. A primeira coisa é enxergar o perfil do consumidor”, afirma.
Felipe Mendes, vice-presidente da GfK na América Latina, compara a digitalização do consumidor a um processo de perda de peso. “Quando alguém faz um forte programa de perda de peso, em muitos casos, adota novos hábitos em várias áreas da vida: compra roupas novas e mais ousadas, se alimenta de forma mais saudável, faz mais atividade física, tem uma vida social mais ativa, aumenta sua autoconfiança etc. O ‘novo consumidor digital’ não apenas compra mais no (meu) e-commerce. Ele aprendeu a pesquisar melhor em diversos sites; compara a navegação no site e o processo de pagamento com sites de outros segmentos; participa mais de redes sociais; encontra novos influenciadores e dedica sua renda a setores em que antes gastava menos”.
Mudança radical no perfil do consumidor
Essa nova geração de consumidores, para Santana, não se trata apenas de adolescen-
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tes, mas sim de um público diversificado, alvo de pesquisa de diversas empresas. Após a pandemia, segundo ele, o público em geral teve que se adaptar ao consumo digital devido às restrições de saída de casa. Com isso, o uso de ferramentas (como WhatsApp) e métodos de pagamento online (como o Pix) tornou-se cada vez mais comum e evoluiu ao longo do tempo.
Além disso, um dos pontos trazidos por Mendes é que o tráfego do e-commerce tem sido mais direcionado pelo Instagram e pelo TikTok. “Ao mesmo tempo, cresce a pesquisa por produtos nos apps dos marketplaces em detrimento dos buscadores genéricos (Google). Gosto de lembrar também que os novos consumidores se sentem mais à vontade para navegar entre o físico e o digital, daí o crescimento da pesquisa online sem necessariamente uma maior compra online”.
Santana completa que uma das características desse novo consumidor está na exigência e na busca por produtos de qualidade, que atendam às suas necessidades e inspirem confiança em compras futuras. “As redes sociais são como um trampolim para as empresas conquistarem esse público. Eu cito como exemplo o case da Principia, empresa de cosméticos que competiu com grandes marcas a partir da associação com influenciadores digitais. Ela colocou seu produto nas mãos de um influencer que tinha cerca de 200 mil seguidores. Essa associação do produto trouxe um lucro de alguns milhares de reais para a marca, tamanho o alcance da estratégia”.
Integração de canais de venda
Uma das estratégias aplicadas para esse novo consumidor digital é o investimento no omnichannel. “Hoje, o lojista anuncia um produto no marketplace, na loja, na rede social… E tudo isso precisa estar devidamente
integrado”, reforça Santana. Essa integração, segundo ele, deve ser feita para além da experiência de compras. “O fruto dessa estratégia está na coleta de informações dos clientes. ‘Quais dados eles estão analisando? Qual a faixa etária de quem está clicando no anúncio e não está consumindo? De que região eles estão clicando e qual o horário de consumo?’”.
Ter esses dados, segundo o especialista, é o que permitirá criar estratégias ou ações para que ele possa atacar de maneira assertiva aquele público novo. “Eu preciso saber, por exemplo, se esse público novo está assistindo a YouTube, TikTok, reels do Instagram… Se ele está entrando nos stories... Dessa forma, eu consigo abranger esse cliente a partir do momento que ele tem esse tempo hábil para acessar essas páginas”.
E Santana completa: “Eu sempre digo que é preciso descobrir o horário fator do consumidor. Qual é o período fator em que o meu público está no Instagram? Das sete e meia da noite às onze horas? Das sete e meia da noite, passa o Jornal Nacional, a novela e depois o Big Brother… Depois do Big Brother, ele abre o Instagram e vê as enquetes de quem foi votado ou está em votação. Nesse meio entra a publicidade. Afinal, ninguém mais sobrevive no online sem publicidade, sem ads, sem uma integração”.
Outros benefícios da integração de canais
Ao trabalhar bem a integração de canais, os benefícios para o lojista são incontáveis. Explorar o produto nas redes sociais, de acordo com Santana, é certo que haverá uma série de coletas de dados. “Mesmo que eu não tenha conversão, estou indo além da conversão. Eu estou entendendo por que não houve essa conversão, qual é o público que está buscando o meu produto, qual é a faixa
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“O fruto dessa estratégia está na coleta de informações dos clientes.
‘Quais dados eles estão analisando?”
etária em que ele está, qual é o horário em que ele está mais dentro do online”.
O próximo passo, segundo ele, será a criação de campanhas pensando nesse público, com um campo visual atrativo e tudo programado de forma mais assertiva. “Tenho dois exemplos dentro de casa desse novo perfil consumidor: um filho de 17 anos e outro de 13. Os dois compram online, já que o mais novo recebe mesada. Esses dias, ele (mais novo) assistiu a uma live de um influencer, que postou uma camiseta para a venda. Em cinco minutos, o cara vendeu 500 delas, incluindo uma para o meu filho, que copiou o código da oferta e pagou no Pix. Então, estamos falando de uma geração de um jovem de 13 anos de idade que está consumindo. E ele não está consumindo por preço, mas porque ele quer aquele determinado produto”.
Interessante saber que são as empresas menores que estão usufruindo mais dessa nova forma de consumo, já que as grandes são mais engessadas às novidades. “Hoje, para você inserir uma ferramenta de tecnologia em uma empresa grande, uma multinacional, é preciso passar por ‘n’ departamentos, que muitas vezes barram o processo de evolução. É aí que nasce a grande oportunidade para os sellers pequenos. Quanto mais rápido eles forem em cima desse cliente, que não está comprando por preço, mas pela
rapidez e como está sendo localizado, mais eles colherão os lucros”.
Exigências do novo consumidor digital
Além disso, há mudanças de comportamento que nada têm a ver com a digitalização, como uma maior busca por segurança em relacionamentos e transações, uma avaliação mais crítica das ações de sustentabilidade das empresas, uma maior desconfiança em relação às instituições. “Tudo isso impacta marcas e negócios igualmente, mas o varejista do e-commerce está mais acostumado a olhar os seus números internos, que são muitos, ou no máximo os números gerais de e-commerce”, aponta Mendes. Para ele, esse hábito faz o lojista perder a perspectiva “macro” das reais transformações que o “novo consumidor digital” irá impor ao seu negócio, além das oportunidades que virão com esses novos comportamentos.
Como exemplo, Mendes cita a oportunidade do desenvolvimento de competências para entregar mídia dentro do e-commerce - também conhecida por retail media. “Tudo o que comentei antes me leva a acreditar que um potencial comprador vai preferir receber informação de ‘tênis’ (calçado) no seu site do que uma publicidade desse produto quando estiver buscando a palavra ‘tênis’ apenas para saber qual foi o placar do Djokovic contra o Alcaraz”.
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Para ele, o novo consumidor se sentirá mais seguro em “clicar para saber mais”. “Ele se sentirá melhor tratado porque o site saberá se ele é um comprador de marcas mais básicas ou mais caras, e talvez invista dez segundos para assistir a um pequeno comercial sobre o produto ou uma demonstração de um esportista amador”.
Nos dois mundos
Um caso interessante de pertencimento e atuação em dois modelos de mundo é o da Kodak. A marca japonesa participou ativamente no século passado como representante do mercado de fotos físicas, mas precisou reestruturar estratégias e apostar em novos produtos para viver em meio à era digital. No Brasil, a empresa é representada pela Brazil Electronics, que conta com Fernando Perfeito como diretor de Marketing e Vendas.
“O retorno da Kodak ao Brasil tem relação com a nostalgia motivando o consumo de produtos ‘vintage’, como câmeras que imprimem na hora ou modelos ‘analógicos’ que fazem o consumidor retornar a tempos mais simples da fotografia”, afirma.
Como conhecedor de uma marca que esteve em períodos distintos voltados para o consumo, nesse caso de fotos, Perfeito reforça que a maior diferença está em como oferecer experiência e valor ao cliente. No exemplo específico da Kodak, a convergência entre físico e online faz toda a diferença para vender os produtos novos. A experiência, como explicou o executivo, está ligada à demonstração do item na frente do consumidor.
“A atuação com o híbrido garante o interesse do público e uma estratégia mais equilibrada de negócio, já que o consumidor vai à loja e sai com a experiência completa. Isso nos ajuda também a trabalhar a ansiedade da
compra, como o abandono do carrinho, e nos ensina sobre ter paciência com o ritmo do consumidor. Às vezes, são semanas para que ele feche uma compra, e isso não pode ser um problema”, pontua.
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Todas as informações do seu transacional a poucos cliques
Cadastre-se já e venda com uma tecnologia de excelência que oferece um serviço sem letras miúdas.
ANTHONY LONG
Inovador na área de marketing e tecnologia lontony@gmail.com
O E-COMMERCE ESTÁ FORA DE MODA?
Originalmente, havia um tópico completamente diferente em mãos para esta edição da coluna Future Shopping. Mas chegavam notícias rapidamente sobre os problemas de vários players-chave na indústria de e-commerce de moda. Primeiro, o surpreendente declínio da Matches, gigante do e-commerce de moda de luxo que já teve uma avaliação de mais de R$ 5 bilhões e há apenas algumas semanas foi fechado por seus novos proprietários (falaremos sobre o assunto mais tarde). Isso veio na sequência das abruptas mudanças de fortuna da Farfetch e da Yoox Net A Porter (a YNAP era duas empresas diferentes fazendo a mesma coisa, e elas foram fundidas em 2015 para encontrar "sinergias"). Tudo isso enquanto eu era bombardeado no Instagram com posts patrocinados do “sabor do momento da fast fashion”, Shein.
Claramente, uma mudança de direção para esta coluna estava em andamento, o que me fez atrasar duas semanas na entrega da minha coluna à minha paciente e atribulada editora. Desculpe por isso.
Para esta edição, vamos tirar nossas cabeças da UX e aprender uma lição com o mundo da moda para ver por que certos negócios
de e-commerce prosperam, por que outros não, e o que acontece quando as coisas não saem como o planejado. Vamos focar na moda porque é uma coisa que praticamente todas as economias desenvolvidas têm em comum: todos nós usamos roupas (pelo menos na maior parte do tempo) e todos vemos anúncios de roupas em todos os pontos de contato de mídia. Além disso, é uma indústria que existia antes do e-commerce, foi seriamente afetada pelo e-commerce e (como veremos) continua lutando para se alinhar com os comportamentos digitais/ análogos em constante evolução dos compradores de hoje.
Começamos com um ato musical semi-global do final dos anos 1980 chamado Bros.
When will I be famous?
A jovem banda Bros lançou uma música animada e pop em 1989 chamada When will I be famous? que mais ou menos inaugurou a era da música quando sons eletrônicos começaram a atingir o pop mainstream e o conteúdo lírico expressava as reflexões internas de uma nova geração consciente da mídia. A letra da música faz uma bela ponte entre o mundo antigo ("Quando verei
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//FUTURE SHOPPING
Anthony Long é um inovador na área de marketing e tecnologia com mais de 20 anos de experiência em transformação digital no mercado global, e-commerce e comportamento mobile do consumidor. Já passou pela Kimberly-Clark e seu atual projeto inclui atribuições de longo prazo em e-commerce e transformação digital para as principais marcas globais de consumo na Europa e nos Estados Unidos.
minha foto no jornal?") e o mundo mais novo e instantâneo da fama digital pelo bem da fama ("Você sofreu pela sua arte/Com a corrida no parque/Você sabe que deveria ir longe"). Exploramos essas profundezas da obscuridade da música pop para trazer à superfície um trio de realidades que parece formar um modelo de investimento para o sucesso inicial no e-commerce: ubiquidade, acessibilidade e reconhecimento.
Embora as roupas remontem a antes dos tempos bíblicos, a indústria de vestuário remonta a 1826, quando Charles Frederick Worth fundou em Paris o que é reconhecido como o primeiro negócio de vestuário (em comparação, Coco Chanel fundou seu ateliê em 1910.) Ao longo das 12 ou mais décadas seguintes, o mercado de marcas de vestuário se expandiu, movendo-se em uma direção (para baixo), à medida que os ricos continuavam a comprar peças caras únicas, mas cada vez mais roupas repetíveis eram comercializadas para mais e mais pessoas a preços cada vez mais acessíveis. A noção de marca em vestuário se tornou menos sobre o nome do indivíduo que fez sua nova jaqueta e mais sobre o que o nome na etiqueta dizia sobre a pessoa que a usava. Leve esse conceito um passo adiante e você tem varejistas vendendo roupas de marca própria ao lado de roupas feitas por marcas específicas: onde você comprou começou a ter seu próprio valor intrínseco.
A ligação entre a contribuição esquecível do Bros para a cultura musical e a indústria global de vestuário de R$ 14,7 trilhões é que o sucesso quase não tem nada a ver com a qualidade do artesanato por trás do item, e mais sobre simplesmente ser bem conhecido. O protagonista na música do Bros nos lembrou há mais de 34 anos que realmente
não é preciso muito para se tornar famoso. O comprador de vestuário de hoje, no entanto, nos diz todos os dias que é preciso muito mais para permanecer assim a longo prazo.
O que nos leva à ainda emergente história da Shein.
A companhia que você mantém
Em 1º de abril de 2024, a varejista online de fast fashion Shein estava em quinto lugar entre todos os downloads de aplicativos da Apple App Store brasileira, e em 17° entre os usuários de Android que baixam da Google Play brasileira. A empresa fundada na China, com sede em Singapura, segue o modelo de fast fashion de capitalizar em uma cadeia de suprimentos que opera abaixo do valor de mercado, que é a norma para muitas operações baseadas na China. Eles enviam diretamente aos consumidores a partir da China, tornando as devoluções difíceis e caras para o consumidor. Mas a razão pela qual a Shein se tornou tão ubíqua tão rapidamente é que eles fizeram investimentos excepcionalmente grandes em publicidade digital. A Shein e seu rival de e-commerce Temu foram recentemente referidos por Marc Bain na revista de indústria Business of Fashion como "os 'tubarões' da publicidade digital" com base na disrupção causada nas taxas de publicidade digital programática graças ao gasto extraordinariamente alto dessas duas empresas. O Sr. Bain prosseguiu relatando que, no último trimestre de 2023, o gasto com publicidade da Shein nos EUA aumentou 160% em comparação com o ano anterior, e que em janeiro de 2024 eles aumentaram o gasto com publicidade em mais 80% mês a mês.
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Junto com a fama autofinanciada da Shein vieram algumas grandes dores de cabeça, incluindo forçar a empresa a divulgar suas práticas trabalhistas, começar a investir em esforços de sustentabilidade e se defender em múltiplos processos judiciais por roubo de propriedade intelectual. Embora seja fácil destacar os inúmeros impactos negativos da Shein e de outras marcas de fast fashion na indústria de vestuário em geral, a lição que queremos tirar daqui é a importância da ubiquidade no marketing digital. Nenhum dos problemas da Shein parece estar impactando o crescimento da empresa, já que mais e mais compradores estão baixando o aplicativo da Shein graças aos incessantes posts patrocinados que ela espalha pelos feeds do Instagram e do TikTok. No seu relatório financeiro do Q1 2024, a Shein teve vendas de cerca de R$ 230 bilhões, com lucros de aproximadamente R$ 10,2 bilhões.
Essa imagem de crescimento - não importa o custo - não é vivenciada uniformemente em todo o cenário do e-commerce de moda. 2023 viu um player de e-commerce de luxo após o outro em circunstâncias quase mortais - ou fatais: a Farfetch estava prestes a fechar até que, no último minuto, foi adquirida pelo gigante do e-commerce sul-coreano Coupang. O varejista britânico Frasers Group comprou a Matches Fashion por uma pequena porcentagem do que seu proprietário anterior havia investido, e então, dois meses depois, fechou a empresa. A casa de luxo Richemont relatou que as vendas na Yoox Net-a-Porter caíram 10% nos seis meses de abril a setembro de 2023.
O que determina quem ganha e quem perde?
Deve haver algo além do reconhecimento através do gasto com publicidade que possa fornecer uma resposta mais satisfatória para estabelecer a longevidade com consumidores voláteis e digitalmente experientes. O que nos leva à Coach.
Adjacente à moda? Ou ciente do público?
Todos nós conhecemos a Coach como uma marca de moda. Minha esposa zomba que a Coach é apenas "adjacente à moda", mas, aparentemente, ela não está tão atualizada e na moda quanto acredita. Isso porque ela não deseja a bolsa Tabby da Coach.
O que, para mim, parece ser algo que sua avó poderia ter pendurado no braço no final dos anos 1960/início dos anos 1970, a bolsa Tabby da Coach, de fato, provou ser um enorme sucesso com os compradores da geração Z. Em vez de trabalhar dia e noite para simplesmente duplicar o apelo da bolsa Tabby, a Coach fez algo incrivelmente ousado: engenharia reversa no sucesso desse acessório para entender o público ao qual ele apela, por que a bolsa apela a eles e, então, tentaram descobrir como alimentar o processo de design com extensões de linha que trariam um grupo ainda maior de consumidores.
A palavra "público" é chave. A Coach mergulhou profundamente em dados quantitativos e qualitativos para entender o que o público da bolsa estava procurando, para que a marca pudesse oferecer mais disso. Não se trata de duplicar infinitamente a saída da maneira como Michael Kors faz (minha opinião), mas verdadeiramente entender os insumos que impulsionaram o comportamento do consumidor em relação a esse produto. As pistas de design particulares dessa bolsa definitivamente ressoam com os consumidores. Mas se alinhar com o comportamento do consumidor é muito mais complexo do que simplesmente repetir várias vezes o que funcionou no passado. É só perguntar ao Bros.
Nos casos de Matches Fashion, Yoox Net-a-Porter e Farfetch, eles começaram suas vidas como varejistas online, com seus mo -
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delos de negócios sendo a disponibilidade de bens de moda de ticket mais alto, vendidos a todos que pudessem pagar, em um formato de loja de departamento online. O público era qualquer pessoa com um cartão de crédito e um olho para uma boa marca. Esses varejistas carregavam marcas de alta qualidade que não estavam tão prontamente disponíveis fora das grandes cidades globais como São Paulo, Nova York, Londres ou Tóquio. Eles selecionavam marcas para se diferenciarem entre si, mas tratavam seus clientes exatamente da mesma forma que uma boutique pessoal faria: vendas especiais apenas por convite, um programa de fidelidade que serve para todos etc. Nada de novo, e não tão distante do que todos
os outros gigantes do e-commerce como Mercado Livre ou OLX sempre fizeram.
Vamos voltar para a Coach e sua abordagem integrada a dados para fazer algumas suposições assertivas e não históricas. Sabemos o que sabemos sobre a abordagem da Coach na esteira do sucesso da bolsa Tabby. Mas qual deveria ser a abordagem da Coach para publicidade? Ao contrário da Shein e de seus bolsos excepcionalmente profundos, a Coach identificou um público específico, provavelmente ao longo de linhas psicográficas e demográficas. Eles deveriam continuar a focar nesse público - bem como naquele anel mais afastado do centro - para "pré-visualizar" suas campanhas para construir
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boca a boca. Estar profundamente integrado às mídias sociais na forma de posts pagos ainda seria chave, mas com economias de gasto realizadas por direcionar os públicos específicos que já se voltaram para a Coach com base na sua bolsa de sucesso. Eles não deveriam criar uma bolsa "nova-mas-mais-do-mesmo", mas sim introduzir produtos relacionados que também deveriam ressoar com esse público central, o que poderia construir exposição boca a boca (ser digno de compartilhamento, em termos de mídia social). Além disso, a Coach colocou nomes como Jennifer Lopez e Lil Nas X em suas campanhas, o que foi um toque de brilhantismo tocando tanto a arte quanto a ciência do marketing.
Para ler mais sobre o sucesso da Coach nesse empreendimento, por favor, encontre alguém com uma assinatura paga do Businessoffashion.com. É uma leitura excelente com aplicabilidade a quase todos os aspectos do e-commerce.
De volta para o futuro
Ao longo da breve história da coluna Future Shopping, olhamos para as origens do marketing a fim de descobrir o que funciona e por quê. Exploramos pessoalmente nas sessões do Fórum E-Commerce Brasil e aqui nesta coluna as maneiras como os comportamentos de e-commerce dos consumidores são formados por tudo, desde UX a influências externas que podemos e não podemos controlar. São lições que, por razões desconhecidas, às vezes não parecem impactar as decisões tomadas por investidores de equidade privada ou pela gestão de players maiores que de repente se veem com vendas e lucratividade em queda.
Seria fácil dar de ombros e fazer alguma observação genérica como “a fama é passageira”. A sabedoria que impulsiona a lon-
gevidade de uma marca ao longo do tempo e em diferentes pontos de contato com o consumidor reside em entender o público. Na vida, você pode ter apenas uma chance de causar uma boa primeira impressão, mas se você está disposto a entender sua audiência e a determinar como o que você faz pode se conectar com ela mesmo à medida que esse público evolui e se transforma em uma nova, a fama passageira pode permanecer com você. Ela pode até - como a Coach, mas não o Bros, nos mostra - permitir que uma marca se reinvente. As águas do e-commerce não estão infestadas de tubarões, mas são simplesmente fortes correntes impulsionadas pela rápida mudança de preferência do consumidor. Uma marca não precisa adivinhar o que os consumidores gostam hoje, ela deve achar esse ponto de encontro onde o que a marca faz e representa se conecta com uma massa crítica da base de consumidores. Mergulhar nos detalhes dos dados dos consumidores e nas preferências de compras na vida real é o que faz você alcançar isso.
O investimento em publicidade digital da Shein parece estar valendo a pena por enquanto. Imagine o ROI se a Shein mergulhasse mais profundamente nos hábitos e gostos do consumidor, e focasse seus esforços para criar e apresentar itens que não apenas ressoam hoje, mas trazem lealdade duradoura do consumidor à marca. É com isso que a fama a longo prazo se parece.
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QUEBRANDO BARREIRAS NO E-COMMERCE BRASILEIRO: A JORNADA RUMO AO FULL COMMERCE
Ocrescimento exponencial do e-commerce no Brasil destaca a necessidade premente de integração entre as estratégias de marketing e a gestão da cadeia de suprimentos para atender às expectativas dos consumidores digitais. Vamos mergulhar na complexidade dessa coordenação, explorando os desafios dos silos organizacionais e propondo a operação de full commerce como estratégia central para promover a colaboração interdepartamental e aprimorar a jornada do cliente online.
Os silos entre marketing e gestão da cadeia de suprimentos: uma barreira ao sucesso
Os silos organizacionais entre marketing e supply chain criam barreiras significativas à agilidade e à capacidade de resposta necessárias no dinâmico mercado de e-commerce. Essa separação resulta em lacunas de comunicação, decisões desalinhadas e perda de oportunidades de mercado.
A experiência do cliente no coração do e-commerce
A experiência do cliente emerge como o principal diferencial competitivo no e-commerce. Nesse contexto, a coordenação efetiva entre marketing e supply chain não é apenas desejável, mas essencial para garantir que as promessas da marca sejam cumpridas de forma consistente em todos os pontos de contato com o cliente.
A capacidade de entregar uma experiência de compra sem fricções, da descoberta do produto à entrega e ao pós-venda, determina em grande medida a lealdade do cliente e o sucesso a longo prazo da marca.
Full commerce: uma estratégia integradora
A operação de full commerce apresenta-se como uma solução holística que aborda os desafios de silos ao integrar completamente marketing, vendas, gestão da cadeia de suprimentos e serviços ao cliente.
Essa abordagem não só promove a colaboração interdepartamental, como também otimiza a experiência do cliente ao longo
ÂNGELO VICENTE
Fundador da e-Cadeiras e da SELIA Fullcommerce
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da jornada de compra digital. Ao centralizar as operações, o full commerce permite uma visão unificada do cliente, melhorando a tomada de decisão baseada em dados, a personalização e a eficiência operacional.
Inteligência artificial: potencializando a eficiência e a personalização
A integração da inteligência artificial (IA) no full commerce representa um avanço crucial na otimização das operações e na oferta de uma experiência de compra altamente personalizada. Por meio da análise de dados em tempo real e de algoritmos de aprendizado de máquina, a IA pode identificar padrões de comportamento do cliente, prever demandas futuras e otimizar a gestão de estoque e logística.
Além disso, a IA possibilita a personalização em escala, permitindo recomendações mais precisas e relevantes de produtos com base nas preferências individuais dos clientes. Isso não só aumenta as taxas de conversão, mas também fortalece o relacionamento com o cliente, gerando lealdade e engajamento.
Ao incorporar a inteligência artificial em todas as etapas da jornada do cliente, desde a descoberta até o pós-venda, o full commerce pode oferecer uma experiência mais fluida e satisfatória, impulsionando assim o crescimento e a competitividade das empresas no mercado de e-commerce brasileiro.
Full commerce como caminho para o sucesso no e-commerce
Concluímos que a adoção de uma operação de full commerce no e-commerce brasileiro é fundamental para superar os desafios dos silos entre marketing e gestão da cadeia de suprimentos. Ao quebrar as barreiras dos silos organizacionais e promover a colaboração interdepartamental, o full commerce permite uma visão unificada do cliente e uma coordenação efetiva entre todas as áreas-chave do negócio. Isso não apenas otimiza a eficiência operacional, reduzindo custos e melhorando a agilidade, mas também aprimora significativamente a experiência do cliente ao longo de sua jornada de compra digital.
Além disso, a integração da inteligência artificial no full commerce oferece um potencial ainda maior para impulsionar o sucesso no e-commerce. Através da análise preditiva, recomendações personalizadas, otimização de preços, atendimento ao cliente inteligente e detecção de fraudes, a IA eleva a eficiência operacional e a personalização da experiência do cliente a um nível sem precedentes.
A transição para o full commerce requer um comprometimento organizacional com a mudança cultural, investimento em tecnologia e desenvolvimento de competências, mas os benefícios potenciais para as marcas e seus clientes são inegáveis.
Ângelo Vicente é mestre em Ciências e Gestão de Tecnologia pelo MIT Sloan School of Management (2023). Fundador da e-Cadeiras e da SELIA Fullcommerce, onde exerce o cargo de CEO atualmente. Com uma trajetória de mais de 12 anos no setor de comércio eletrônico, Ângelo é movido pela paixão em explorar o potencial de novas tecnologias, sempre com o objetivo de agregar valor significativo para seus clientes e parceiros. Além de seu papel na SELIA, ele é uma figura proeminente no cenário de e-commerce, onde contribui ativamente para a comunidade do setor, participando como articulista, conferencista, professor e palestrante em diversas instituições de ensino e eventos. É membro do Conselho do E-Commerce Brasil e cofundador da Escola Superior de E-commerce - ESECOM
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LOGÍSTICA NO E-COMMERCE: DA OPERAÇÃO AO ENCANTAMENTO DO CLIENTE
No cenário dinâmico do comércio eletrônico, a logística emergiu como um diferencial competitivo crucial, não apenas para garantir a entrega eficiente de produtos, mas também para elevar a experiência do cliente a novos patamares.
O tamanho do mercado global de serviços de atendimento de e-commerce foi avaliado em US$ 97,33 bilhões em 2022 e deverá crescer a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 13,9% de 2023 a 2030, segundo estudos da Grand View Research.
A mesma pesquisa indica que, cada vez mais, consumidores preferem encomendar produtos online em vez de comprar na loja física devido aos diversos benefícios oferecidos em termos de conveniência, custo, variedade de opções e prazo de entrega.
Neste artigo, exploraremos a evolução da logística no e-commerce, desde sua concepção tradicional até sua transformação para encantar os consumidores no pós-venda.
A era antiga da logística
Antes dos avanços tecnológicos e das inovações no setor de e-commerce, a logística era vista como uma função operacional básica, limitada a transporte e armazenamento de mercadorias. Nessa época, as empresas enfrentavam uma série de desafios logísticos, desde a gestão manual de estoques até a falta de visibilidade sobre o status dos pedidos. A entrega de produtos muitas vezes era demorada e imprevisível, causando frustração aos clientes e impactando negativamente a reputação das empresas.
Além disso, a falta de integração entre os diferentes elos da cadeia de suprimentos resultava em ineficiências e custos adicionais. As empresas dependiam de processos manuais e descentralizados, o que tornava difícil coordenar as atividades logísticas de forma eficaz. Como resultado, o cliente final muitas vezes era deixado no escuro, sem informações claras sobre o status de seus pedidos e sem opções de entrega flexíveis.
MARCELO TERRAZZAN Diretor de estratégia e planejamento da Platinum Log
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A logística era frequentemente vista como um custo operacional, uma despesa necessária para manter as operações em andamento, mas com pouco valor estratégico agregado. As empresas dedicavam recursos limitados à logística, priorizando outras áreas consideradas mais centrais para o sucesso do negócio.
À medida que o comércio eletrônico ganhou popularidade e as expectativas dos consumidores aumentaram, a logística começou a passar por uma transformação significativa. O surgimento de novas tecnologias, como sistemas de gestão de estoque e rastreamento de pedidos, revolucionou a forma como as empresas gerenciam suas operações logísticas. Essas inovações permitiram uma maior visibilidade e controle sobre a cadeia de suprimentos, possibilitando uma entrega mais rápida e precisa de produtos aos clientes.
O surgimento do fulfillment
O advento do fulfillment marcou uma mudança de paradigma na logística do e-commerce. Ao terceirizar o armazenamento, embalagem e envio de produtos, as empresas ganharam eficiência operacional e capacidade de escala.
Da entrega à experiência do cliente
Hoje, a logística vai além da simples entrega de produtos, tornando-se um elemento crucial na construção da experiência do cliente. A logística moderna se preocupa com cada etapa da jornada do cliente, desde a compra até o pós-venda. Isso inclui embalagens per-
sonalizadas, opções flexíveis de entrega e um cuidado especial com devoluções e trocas.
A importância do pós-venda na logística
Um dos aspectos menos explorados da logística moderna é sua função no pós-venda. A logística desempenha um papel fundamental na gestão eficiente de devoluções e trocas, garantindo uma experiência tranquila para o cliente mesmo após a compra. A logística pode ser uma ferramenta poderosa para aumentar a fidelidade do cliente, oferecendo serviços adicionais, como programas de fidelidade e recompra automática.
À medida que o e-commerce continua a evoluir, a logística desempenha um papel cada vez mais central na diferenciação das marcas e na conquista da lealdade do cliente. O que antes era visto como uma operação nos bastidores agora é reconhecido como um fator-chave para enaltecer a experiência do cliente.
Ao adotar uma abordagem centrada no cliente e investir em uma logística eficiente e personalizada, as empresas podem não apenas atender, mas superar as expectativas dos consumidores, construindo assim uma vantagem competitiva sustentável no mercado online.
Marcelo Terrazzan é diretor de estratégia e planejamento da Platinum Log, e possui mais de 20 anos de experiência em e-commerce, tornando-se especialista em tecnologia da informação, planejamento e desenvolvimento de operações de vendas online. Graduado em engenharia de sistemas, possui MBA em Varejo. Atuou como co-founder e CEO da Pier8, adquirida pela Infracommerce, onde ocupou o cargo de VP de Marketing e Vendas até o IPO. Antes disso, participou da venda de duas outras startups de e-commerce. Também foi cofundador da TRAAD, uma Wealth Tech com mais de R$ 1 bilhão em ativos sob gestão, onde ainda atua como membro do conselho.
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PLATAFORMAS DE ENTREGAS DO E-COMMERCE CONTRIBUEM PARA O AVANÇO DO EMPREENDEDORISMO DIGITAL
Oempreendedorismo digital ganhou força nos primeiros anos da pandemia e elevou significativamente a oferta de produtos no e-commerce. As perspectivas para esse tipo de negócio seguem promissoras, com as previsões apontando para um aumento crescente no número de vendedores autônomos, fator que ajudará a alavancar ainda mais o varejo online no Brasil.
Para que a operação desses pequenos varejistas seja eficiente, torna-se fundamental que eles tenham acesso a soluções tecnológicas que facilitem sua operação de venda de mercadorias pela internet. No que diz respeito à logística, as plataformas de entregas vêm se confirmando, efetivamente, como uma ferramenta inclusiva para novos, pequenos e médios negócios.
Conforme dados divulgados pelo portal Statista - plataforma online alemã que atua com pesquisas e dados dos mais diferentes
mercados, entre eles o e-commerce -, a taxa composta estimada de crescimento anual das vendas no comércio eletrônico brasileiro, entre 2024 e 2028, deve alcançar 10,38%, um patamar acima da média global (9,83%), muito influenciado pelo avanço esperado do empreendedorismo digital.
A fim de garantir um bom suporte de logística para que esses pequenos varejistas do e-commerce sigam crescendo, os operadores logísticos têm um importante papel: eles devem disponibilizar modelos ágeis de entregas e possibilitar custos competitivos de envio de produtos aos consumidores, pois é sabido que mais de 70% do abandono dos carrinhos no e-commerce ocorrem em função do alto valor do frete.
As plataformas de entregas têm feito isso, ajudando a democratizar o acesso desses empreendedores aos serviços oferecidos por uma grande transportadora ou operadora logística privada com capilaridade nacional,
DIOGO INOUE Diretor Comercial e de OOH na Jadlog
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condição que, anteriormente, não era possível a eles. Fazer com que esse público de sellers em franco crescimento esteja conectado a grandes players logísticos, por meio de ferramentas tecnológicas de entregas de fácil acesso, é essencial para que o e-commerce como um todo siga em expansão.
Normalmente, as plataformas de entregas disponibilizam calculadoras de preços e prazos de fretes. Além da praticidade e economia de tempo, o usuário consegue avaliar quais são os melhores serviços e valores, e contratar o fornecedor logístico que melhor irá atendê-lo.
Outro aspecto positivo é que as plataformas de entregas compartilham com o usuário o código de rastreio dos produtos despachados, fornecendo informações em tempo real sobre as movimentações e a entrega efetiva. Nessa etapa de pós-venda, dependendo da transportadora, há também o benefício da logística reversa para trocas e devoluções.
Desenvolvidas para quem já faz os envios de suas encomendas através de postagens, as plataformas permitem aos diversos perfis de vendedores realizarem todo o processo de forma automatizada, levando diretamente as encomendas a serem despachadas até os PUDOS (pontos Pick Up e Drop off, ou pontos de postagem e retirada de mercadorias) ou lockers operados por transportadoras e operadores logísticos espalhados pelas cidades brasileiras.
Dessa maneira, o empreendedor digital pode enviar seus produtos para qualquer localidade do país, realizando suas postagens próximo ao seu endereço, sem filas ou
grandes burocracias, já que os PUDOS são cafés, floriculturas, lojas de acessórios para eletrônicos e mercados, entre outros estabelecimentos de bairros parceiros, localizados próximos da residência ou da empresa.
O modelo de operação dos PUDOS ganha cada vez mais relevância na logística do e-commerce, por serem pontos de fácil acesso e grande capilaridade, e que permitem às plataformas de entregas oferecerem um serviço diferenciado para os empreendedores digitais.
Adicionalmente, a logística pelos PUDOS, fomentada pelas plataformas de entregas, é mais econômica e sustentável do que os modelos tradicionais, uma vez que as coletas e entregas nesses pontos ocorrem de forma consolidada, reduzindo o número de paradas e veículos que circulam nos bairros, além de ajudar a economia local.
Portanto, considerando o avanço do empreendedorismo digital e a necessidade, sob o aspecto logístico, de estimular esse movimento com soluções tecnológicas que facilitem e democratizem o acesso a grandes transportadoras, as plataformas de entregas vêm cumprindo um papel importante a favor do desenvolvimento do e-commerce brasileiro.
Diogo Inoue é um especialista em logística Out of Home (OOH) com 15 anos de experiência na área de logística e transporte. Atualmente, é Diretor Comercial e de OOH na Jadlog, liderando uma área com mais de quatro mil PUDOs entre estabelecimentos comerciais e lockers. Teve passagens por Cielo, FedEx e Kangu, onde esteve à frente de importantes projetos domésticos e internacionais. Inoue completa o time da Imlog como palestrante e mentor da imersão de logística reversa.
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PRETO É A COR MAIS QUENTE
Entenda como a marca gaúcha Meu Sapato Preto inovou ao apostar exclusivamente na cor preta e transformou desafios em oportunidades ao tingir de sucesso sua jornada no e-commerce unindo tradição familiar e inovação
Por Amanda Lucio, da Redação do E-Commerce Brasil
Muitas histórias da pequena cidade de Campo Bom (RS) começaram por causa dos sapatos. Isso porque a cidade de quase 63 mil habitantes foi protagonista na fabricação e exportação de calçados no século passado. Foi lá que nasceu a Meu Sapato Preto, marca nativa digital que fabrica e vende exclusivamente sapatos desta cor - escalando o negócio pelo e-commerce, e agora também no omnichannel. Para bater um papo e explicar essa jornada, convidamos Mateus Barcelos de Menezes, CEO da Meu Sapato Preto.
Nascido numa família unida pelos sapatos, ele começa contando que a “relação é de sangue e nascença”. Seus pais moravam a 50 km de Campo Bom e se conheceram quando migraram para trabalhar. Depois de trabalhar em fábricas, em 2008, o setor passou por uma grande crise, e a única coisa que
os pais sabiam fazer era sapato. Foi então que, aos 17 anos, Mateus deu os primeiros passos profissionais no setor, entre o corredor da loja e o estoque da fábrica que os pais montaram. E, nas reviravoltas da vida, um detalhe une passado e presente: a fábrica em que o pai trabalhou durante 20 anos é hoje o escritório da Meu Sapato Preto. Ele relembra com saudade: “passei praticamente a minha infância aqui porque eu brincava nesses corredores”.
O “pretinho básico”
Com fábrica própria desde 2008 e variando entre modelos de venda diferentes, a ideia de criar a marca só chegou em 2019, quando perceberam um abismo entre consumidor final e fábrica. “A gente não sabia o que estava acontecendo com o consumidor final, como o nosso produto funcionava para eles. Nós
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fazíamos sapatos para outras marcas, white label, e acabamos perdendo esse contato com quem usa o produto”, explica.
Mateus conta também que havia outros problemas na fábrica, como a ociosidade da produção e cerca de 5% da capacidade produtiva não era preenchida por conta das falhas de abastecimento, que é quando falta um materialzinho e a produção trava. Outro problema era a sazonalidade do mercado da moda, acentuado pelo modelo fast fashion, cuja cor do verão não é a mesma do inverno, deixando todo o estoque da temporada passada sem uso.
Foi com isso que veio a ideia de tingir todos os couros coloridos de preto, já que 40% da receita de vendas da fábrica eram de sapatos da cor. Depois de testes bem-sucedidos, uma pequena amostra desses sapatos agradou a clientela. Estava feito, resolveram o problema das sobras de coleção da fábrica com muita tinta preta, e ainda reutilizaram um couro que seria descartado. Estava ali a marca Meu Sapato Preto, simples como calçar um sapato.
D2C: domínio de ponta a ponta
O que era para ser um pequeno canal da fábrica mudou totalmente o modelo de negócio e transformou a indústria em varejo. Hoje, a MSP representa em torno de 55% do faturamento da empresa no total (a grife Zani Barcelos), e eles ainda atendem outros clientes, que equivalem a 20% da produção da fábrica. A construção de um relacionamento mais próximo com o consumidor é uma aposta da marca. “O D2C oferece um domínio de ponta a ponta, desde o desenvolvimento do produto, fabricação, comercialização e pós-venda junto ao cliente”, comenta Mateus. A adoção do modelo também aconteceu pela facilidade na tomada de decisões, como a coordenação do ritmo
de produção da fábrica com o das vendas no e-commerce, podendo acelerar o tempo de reposição de acordo com o que os clientes preferem no momento.
Também existem desafios, e um deles é estar numa região com cultura industrial, distante de toda a cultura de marketing e de soluções modernas de logística. Foi preciso superar isso ao longo do tempo para a operação crescer e preservar o principal diferencial da marca, que é “entregar um produto de extrema qualidade por um preço competitivo”. Mateus acredita que, diante do avanço tecnológico, é mais fácil “resolver o digital” e levar a tecnologia para Campo Bom do que fazer o contrário.
O pequeno gigante do Vale
Famoso pelas antigas fábricas de calçados Reichert e Vetter e Cia, Mateus vê Campo Bom como o cluster do setor mais completo do mundo, onde, num raio de 50 km, é possível encontrar tudo para fazer um bom sapato, desde matéria-prima até mão de obra qualificada. Para ele, isso é uma vanta-
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Foto: Divulgação
“O D2C oferece um domínio de ponta a ponta, desde o desenvolvimento do produto, fabricação, comercialização e pós-venda junto ao cliente”
gem de produzir na região, que fica no Vale dos Sinos, perto de outras cidades como Sapiranga, Novo Hamburgo e apenas a uma hora de distância de Porto Alegre.
Como os sapatos são o core do negócio, a familiaridade com o espaço e a cultura de mão de obra especializada o mantém na cidade. “Existem outros clusters no Brasil: São João Batista, Franca e Nova Serrana, que dependem de materiais daqui. Campo Bom não é o maior do Brasil, mas com certeza é mais completo”.
Uma longa caminhada no digital
O primeiro e-commerce de calçados de Mateus foi em 2013, e ele vendeu apenas dois pares em seis meses. “Foi um fiasco”, lembra. Curioso pelo canal, em 2018, ele começou a desenhar o projeto do que seria a MSP. “Em cinco anos, grandes transformações aconteceram no digital, e ficou muito mais fácil começar a empreender”. O começo não foi fácil, Mateus admite que não entendia nada de e-commerce e não sabia nem o que era taxa de conversão. “Só sabia fazer sapato, não era empresário digital. Tudo isso era muito novo, e eu mergulhei nesse univer-
so com consultorias, treinamentos, cursos e eventos”.
"Em 2019, depois de estudar um pouco, começamos a escalar o negócio com o investimento em mídia e contratar uma agência de tráfego pago no final do ano". Só que chegou o ano de 2020 com a impressão de que seus sonhos foram pelo ralo: a pandemia. Só que chegou o ano de 2020, e também a impressão de que seus sonhos foram pelo ralo - a pandemia. Mas, naquele momento, a marca já estava pronta para acelerar, e Mateus continuou apostando na estratégia de focar em mídia paga e no aumento da produção. O resultado foi um boom de faturamento de janeiro a maio, quando as vendas mensais pularam de 50 para 500 mil. Esse crescimento inesperado foi o que manteve a fábrica funcionando e também revelou o potencial da MSP. Mesmo com desafios financeiros, ele decidiu não demitir ninguém na pandemia e manteve a estrutura da fábrica intacta - foi por isso que já estavam preparados na retomada do mercado. “Conseguimos construir uma conexão com o time, o que faz muita diferença no nosso negócio”.
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Além disso, elaboraram uma estratégia de conteúdo orgânico para reter as clientes que chegaram pela mídia. “Hoje, a gente enxerga a mídia mais como uma estratégia de aquisição”, relata. A marca também aposta no e-mail marketing para incentivar a recompra e constrói um relacionamento humanizado pelo WhatsApp, acreditando na personalização como chave para encantar as clientes.
A MSP também conta com influenciadoras digitais desde 2020, gerando renda para algumas que ficaram desempregadas ou trabalhavam em pequenas empresas na época da pandemia. “Elas ofereciam um cupom de desconto, e a gente pagava uma comissão”, e com isso criaram o programa “MSP Girls”, hoje uma boa fonte de faturamento. “Sapato é uma coisa muito humana, tem muitas pessoas envolvidas no processo. Apesar de ser uma marca focada no digital, eu sempre quis construir uma relação muito humana e direta com as clientes. Nunca coloquei bot no nosso relacionamento; a ideia é sempre conversar com as pessoas, porque sapato é de pessoas para pessoas”, enfatiza.
Com os pés no futuro
Agora um pouco mais cauteloso, Mateus comenta que a previsão para 2024 é crescer 20%, já que ano passado cresceram 30%.
Como 2022 não foi um ano bom por conta de problemas pessoais, o ano de 2023 foi focado na reconstrução e resolução das arestas que impediam o crescimento. Depois do e-commerce, a MSP também está começando a testar o varejo físico, com duas lojas nos principais shoppings de Porto Alegre. “Acredito muito num futuro do varejo em que a cliente decida onde quer se relacionar com a marca. Não posso obrigar a conversar só pelo online; ela tem que conversar onde for mais cômodo, seja na loja física ou pelos canais digitais”.
Mais do que investir na conexão pelo omnichannel, Mateus inclui nos planos também o aumento das frentes de CRM, o member get member (MGM), e assim seguir caminhando rumo à expansão física para outros estados. “Quero chegar logo a São Paulo no físico e depois no Brasil inteiro”, destaca. O olhar cuidadoso também está estudando como melhorar a logística reversa, pois muitos sapatos são trocados por conta do tamanho. A ideia é diminuir esse atrito e fazer com que ele não aconteça, priorizando a experiência do cliente. Para Mateus, tudo é sobre o propósito da empresa, que é “conectar pessoas que amam sapatos para construir um mundo melhor e mais feliz, e é isso que a gente busca”.
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Foto:
Divulgação
O CRESCIMENTO DO LINK DE PAGAMENTO E SEUS DESAFIOS NO COMBATE ÀS FRAUDES
No cenário dinâmico do e-commerce, a busca por métodos de pagamento eficientes e seguros é uma constante entre as empresas. Nesse contexto, o link de pagamento surge como uma ferramenta que promove uma experiência de compra mais fluida e flexível para consumidores online.
Transformação nas transações online
O link de pagamento, que permite a geração de URLs específicas para transações, vem ganhando destaque como uma alternativa ágil e conveniente nos pagamentos online. Esse método simplificado oferece flexibilidade tanto para os vendedores quanto para os consumidores, permitindo a conclusão de transações sem a necessidade de platafor-
ANDRÉ FUTURO
mas complexas. No entanto, sua ascensão não está isenta de desafios, especialmente quando se trata da integridade e segurança das transações.
No ecossistema das vendas online, a segurança das transações é uma prioridade indiscutível dentro do meio empresarial. De acordo com a Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária de 2023, o Pix consolidou-se como o método de pagamento mais utilizado no Brasil, evidenciando o aumento significativo das transações online.
O link de pagamento, por mais prático que seja, apresenta uma superfície suscetível a atividades fraudulentas. Para enfrentar esse desafio, deve-se integrar soluções an-
Head Comercial de Meios de Pagamento da ClearSale
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tifraudes robustas e personalizadas para as necessidades de cada negócio. Essas ferramentas não apenas validam a autenticidade, mas também identificam padrões suspeitos e protegem a integridade financeira da empresa.
Desafios
Com a crescente adoção do link de pagamento e de outros meios, novos desafios emergem no horizonte do combate às fraudes. Entre esses desafios destacam-se a engenharia social, ataques de phishing, roubo de identidade, além de sellers ofensores, que tentam fraudar o processo de transação com as compras que eles mesmos fazem para receber o valor antecipado e, posteriormente, cancelar a compra.
Nesse contexto, a colaboração entre profissionais de segurança cibernética, desenvolvedores de plataformas de e-commerce, especialistas em comportamento do consumidor e empresas renomadas no combate às fraudes torna-se essencial para enfrentar essas ameaças e garantir maior segurança para empresas e consumidores. Ou seja, trata-se de um cenário com potencial para prejudicar tanto vendedores legítimos quanto as adquirentes que processam os pagamentos.
Estratégias e inovações antifraudes
Para mitigar esses problemas, é preciso ter um olhar 360° para a gestão de riscos. Assim, a análise de padrões de comportamento assume um papel fundamental, identificando transações suspeitas com base em com -
portamentos atípicos e adicionando uma camada de segurança às operações online. Além disso, o monitoramento em tempo real é essencial para a detecção imediata de atividades fraudulentas, possibilitando respostas rápidas e a minimização de danos.
Para se proteger da melhor forma, investir em múltiplas camadas de proteção é importante, como verificação biométrica, a autenticação facial e outras soluções, que se tornam peças-chave para garantir a legitimidade das transações. A incorporação dessas tecnologias não apenas eleva a barreira contra a fraude, mas também proporciona uma experiência de compra mais segura e confiável para os consumidores.
Para acompanhar a constante evolução de estratégias fraudulentas, a aplicação de inteligência artificial e tecnologia blockchain promete fortalecer as defesas contra fraudes, prevendo padrões e adaptando-se continuamente às ameaças emergentes.
André Futuro é Head Comercial de Meios de Pagamento da ClearSale. Com 20 anos de experiência como engenheiro, empreendedor e executivo de multinacional, André se envolveu com soluções criativas para diversas indústrias, incluindo telecom, financeiro e varejo. Na ClearSale desde 2022, o profissional atua nas frentes de parcerias, alianças estratégicas e novos negócios. Formado em Engenharia da Computação na Universidade Federal do Rio de Janeiro, André possui MBA em Administração de Negócios pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e certificação como líder do futuro pelo instituto Crescimentum.
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COMO TER UMA EMPRESA NOS ESTADOS UNIDOS E INGRESSAR NO MERCADO GLOBAL DE E-COMMERCE?
Moeda forte, economia estável, ambiente que fomenta inovação, impulsiona pequenos e médios empreendedores e acesso a um novo público consumidor - essas são apenas algumas das vantagens de ter uma empresa americana. Além disso, um negócio estabelecido nos Estados Unidos abre portas para ingressar no mercado global de e-commerce para quem deseja vender em grandes marketplaces, como Amazon e eBay.
Fazer parte desse mercado promete ganhos em dólar e um cenário promissor. De acordo com um levantamento realizado pelo Departamento do Censo dos Estados Unidos, "as vendas totais de e-commerce em 2023 foram estimadas em US$ 1.118,7 bilhão, um aumento de 7,6% (±1,2%) em relação a 2022". Mas como fazer parte do cenário internacional?
É muito mais simples do que parece, especialmente quando se pode contar com uma empresa parceira que oferece suporte para os trâmites burocráticos durante a abertura do negócio, apoio contábil e fiscal
para navegar em meio às regulamentações americanas, além de atendimento com uma equipe especializada e que fale o seu idioma.
Soma-se à lista ter à disposição uma plataforma completa e que permita fazer tudo isso de qualquer lugar do mundo por meio de um processo online, de maneira ágil e segura.
A abertura da empresa nos Estados Unidos
Para abrir uma empresa nos EUA, é preciso escolher em qual estado estabelecer a companhia primeiro. No caso de empreendedores estrangeiros, Delaware, Wyoming, Novo México e Texas estão entre os mais procurados. É preciso levar em consideração que cada um tem atributos que podem beneficiar o seu negócio:
Wyoming: custos acessíveis, além de oferecer diretrizes administrativas flexíveis à medida que a empresa cresce;
Flórida: não exige o pagamento do imposto de renda estadual para pessoas físicas;
EVA PALATINSKY Cofundadora e CEO da Globalfy
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Delaware: principal escolha para startups em busca de investidores;
Texas: isento de impostos para faturamento bruto abaixo de US$ 1.180,000.
LLC ou C Corp: qual modelo seguir?
A segunda etapa dessa trajetória empreendedora consiste em decidir a estrutura do negócio: LLC ou C Corp. A LLC é semelhante a uma LTDA no Brasil. Essa modalidade pode ser mais atraente para os proprietários de pequenas empresas porque não demanda o pagamento de impostos em nível corporativo. Os membros de uma LLC reportam seu imposto de renda individual após a divisão dos lucros. Ainda, para quem não abre mão de receber os lucros do ano fiscal integralmente, a LLC é a alternativa certa.
Por outro lado, a C Corp tem benefícios para financiar e levantar capital no mercado de ações. Trata-se de uma categoria que conta com uma estrutura hierarquizada: acionistas, diretores e conselheiros. Essa opção segue algumas normas, como adoção de estatutos, reuniões frequentes entre acionistas, apresentação de relatórios anuais e emissão de ações. Além disso, declara impostos estaduais e federais. Em resumo, a C Corp apresenta um modelo mais tradicional se comparada à LLC.
Independentemente da escolha, uma coisa é certa: é essencial pagar os impostos em dia. Atrasos podem ocasionar multas e outras penalidades, o que nos leva ao próximo tópico.
O sistema fiscal americano
O Internal Revenue Service (IRS), a Receita Federal americana, abre a temporada da entrega de impostos em janeiro e encerra em abril. É quando indivíduos e empresas devem preparar, registrar e pagar seu imposto de renda federal.
No caso das companhias, o recolhimento do imposto se dá por meio de diferentes formulários que variam de acordo com a estrutura das empresas. A agenda e as entregas precisam seguir à risca cada data estabelecida pelo IRS. Acompanhar o cronograma, e preencher os documentos corretamente, pode ser complicado. Mas com o suporte certo tudo fica mais fácil. Com tudo preparado, agora, é só vender.
Novas possibilidades de lucro
O calendário é outro ponto positivo que poucos consideram. Para e-commerces globais, os feriados, as datas comemorativas e até mesmo as estações do ano em diferentes regiões expandem as possibilidades para mais celebrações, tradições e eventos relevantes que impulsionam as vendas.
Confira as principais datas
Quando o assunto é manter uma empresa, em qualquer lugar do mundo, planejamento, estudar o mercado e o público, ficar de olho nas tendências e sempre ouvir o consumidor ajudam a pavimentar e trilhar um caminho sólido.
Eva Palatinsky é cofundadora e CEO da Globalfy, onde ocupou o cargo de COO por oito anos. A executiva atua com empreendedores internacionais há quase uma década e é especialista em impostos nos Estados Unidos. Eva é formada pela Faculdade de Tecnologia Opet e certificada pela Universidade de Stanford.
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COMO ENCANTAR OS CONSUMIDORES DO FUTURO, HOJE
Um estudo recente da Worldpay descobriu que 73% dos consumidores reconhecem que preocupações com a sustentabilidade e o meio ambiente influenciarão suas decisões de compras futuras.
O estudo, “Future Shoppers”, que entrevistou cinco mil pessoas em cinco países, revela ainda que os consumidores estão se tornando mais austeros em suas escolhas de consumo, criando um desafio para o varejo que, frente aos desafios econômicos atuais, em todo o mundo, precisa equilibrar preço, valor percebido e experiência de compra impecável para reter clientes.
No entanto, embora os consumidores estejam, em geral, mais críticos e orientados por preço, outro tema emergiu com destaque no estudo: eles também estão prontos para uma nova era de inovação no varejo. Mesmo em países e demografias diferentes, eles compartilham ideias e expectativas frente ao consumo e como as novas tecnologias devem impactar suas experiências de compra.
Novos modelos de varejo podem diversificar os fluxos de receita para os comerciantes, por exemplo, assumindo a parte de “revenda” do ciclo de vida do seu artigo ou oferecendo modelos de assinatura que proporcionam fluxos de receita recorrentes ao poupar tempo dos consumidores no reabastecimento de produtos. E tecnologias de personalização são esperadas em toda a jornada de compras.
Confira abaixo alguns insights do estudo que podem auxiliar o varejo em um momento no qual o cliente se consolida como o centro de toda a estratégia de negócio:
1. Promova curadoria de seus produtos nas redes sociais
Os canais online e as redes sociais estão em ascensão, sendo que um em cada cinco consumidores já comprou algo pelas redes e 57% deles se mostram dispostos a fazer isso em um futuro próximo. Quando observamos os compradores da geração Z (aqueles nascidos a partir de 2000), eles têm a maior
GABRIEL MAZZONE
Head de marketing para América Latina na
Worldpay
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probabilidade de fazer compras por impulso ao serem impactados por um item exibido nas redes sociais.
2. Diversifique - use a realidade aumentada e outras tecnologias já disponíveis
Dez por cento dos entrevistados na pesquisa já usaram a realidade aumentada para fazer compras e 57% estão abertos a isso. Experimentar tecnologias incipientes pode posicionar sua marca à frente da concorrência e possibilitar que seus consumidores se sintam na vanguarda da tecnologia e prestigiados por sua marca.
3. Concentre-se no omnichannel A+
Consumidores ficam mais dispostos a finalizar suas compras, e ampliar o seu ticket médio, em uma transação que entregue uma experiência personalizada (e isso vale tanto para a loja como para o e-commerce). Hoje, 68% dos compradores esperam uma experiência omnichannel unificada ao fazer compras.
4. Aumentando o ciclo de vida - explore a revenda
Com os compradores se tornando mais conscientes em relação ao meio ambiente, as compras de itens usados, ou de segunda mão, estão se tornando cada vez mais presentes no dia a dia das pessoas - 66% dos entrevistados estão abertos a comprar itens usados, e algumas marcas já começam a participar do ciclo de revenda de seus produtos como forma de se aproximar dos
consumidores mais conscientes e gerar fluxos de receita adicionais.
5. Permita que seus consumidores paguem como quiser
Uma parte significativa (44%) dos consumidores abandonarão uma compra se não puderem pagar com seu método de pagamento favorito. Além disso, opções de pagamento parcelado e crédito no ponto de venda serão essenciais quando estiverem sob pressão financeira. Os pagamentos precisam ser rápidos, seguros e convenientes, mas isso não é mais suficiente. Oferecer uma estratégia de pagamentos inclusiva - carteiras digitais, métodos de pagamento locais, crédito no ponto de venda e muito mais - garantirá que os compradores tenham flexibilidade, principalmente em cenários econômicos adversos.
É chegada a hora de revisitar o seu cliente e de entender o que ele espera. Contar com uma experiência customizada e sem atrito, entregar um portfólio de soluções em meios de pagamento, além de diversificar os canais de venda considerando onde está o seu consumidor, podem ser a melhor forma de tornar o seu negócio competitivo e sustentável.
Gabriel Mazzone é head de marketing para América Latina na Worldpay, empresa líder global em soluções de pagamentos. Possui sólida experiência em marketing e comunicação corporativa, atuando em diferentes indústrias B2B e B2C. É graduado em Marketing pela USP e possui um MBA pela FIA Business School.
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PEDRO PADIS
Executive Director of Growth at ADVENTURES.INC
O QUE ENSINAREMOS PARA O E-COMMERCE VIA IA?
Hoje decidi escrever sobre algo mais conceitual, algo baseado em crenças e observações. Aprendizados empíricos. Te convido a refletir comigo. Leia este artigo de forma leve, sem julgamentos sobre o que é certo ou errado.
Há algum tempo, estamos convictos e com algumas certezas absolutas sobre o mundo digital e o varejo, movendo-se para caminhos sem volta. Já falamos do varejo indo para o digital, do conceito de multicanal que migrou para omnicanal, do movimento de DNVBs tracionadas por influenciadores, da realidade virtual, da força do retail media para fortalecer suas vendas dentro de marketplaces e agora que a inteligência artificial é o futuro e que vai suprimir boa parte dos empregos no mundo.
A única verdade que consigo afirmar neste momento é que nenhuma delas se concretizou de fato. Também é inegável que todas essas estratégias são eficientes se planejadas e implementadas dentro de um cenário que faça sentido, com processos bem definidos e com um olhar sempre para o futuro de como isso irá compor sua estratégia a longo prazo.
Contudo, a última delas vem me chamando bastante atenção e levando pontos que geram algum receio de que poderemos viver retrocessos em um curto período de tempo. Sim, estou falando da inteligência artificial. Ferramenta bastante poderosa que pode ser bastante útil se for empregada de forma estratégica, mas principalmente TREINADA de forma eficiente.
É exatamente esse ponto que me chama atenção e me gera preocupação. Quem irá treinar e programar essa ferramenta? Muitos profissionais já estão buscando soluções 100% fundamentadas nesse conceito, enquanto investidores se movem para acelerar o desenvolvimento de novas ferramentas que estão cada vez mais fundamentadas nele. Contudo, esse movimento vem sendo liderado principalmente por uma nova geração com pouca vivência de varejo, de chão de loja, de operação manual de e-commerce, de gesto de categoria, tributos, pricing, relacionamento com cliente, usabilidade de site, jornada e experiência de clientes.
As novas ferramentas são defendidas, pois se baseiam 100% em dados e como conseguirão entregar soluções que farão as lojas virtuais apresentarem um desempenho com uma tração muito grande. No entanto, esquecem-se aqueles que essas ferramentas estarão disponíveis para todos, e, como já acontece hoje, as melhores ferramentas estarão nas mãos dos ecossistemas mais robustos. Ou seja, é bem provável que se amplie uma dependência de grandes marketplaces ou que grandes players aniquilem ideias inovadoras que não possuam o mesmo fôlego para implantar soluções semelhantes.
Mas o que realmente fará a diferença é que apenas esses players terão os melhores profissionais para analisar corretamente os dados e ajustar os direcionamentos necessários para que a inteligência artificial tenha de fato uma performance que fortaleça os negócios.
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Atuando desde 2010 com mercado digital, e-commerce e omnichannel, Pedro Padis é Diretor Executive na BRME, empresa focada em fomentar o mercado nacional. Com histórico de head de e-commerce do Grupo Aste, coordenou grandes operações de marcas globais como New Balance, Kipling e Diesel. Contudo, hoje busca soluções para fortalecer a cadeia de negócio, impulsionar o ESG e integrar operações comerciais e marketing de empresas. Ainda traz denso background em varejo, tendo passagens pelo Dia e Walmart, trazendo na bagagem um background robusto atuando no mercado offline.
Nunca esqueço que tanto o Google quanto a Tesla, no desenvolvimento de seus carros autônomos, enfrentaram situações constrangedoras de ver seus veículos baterem ou atropelarem algum pedestre. Fazendo uma analogia, você entregaria seu e-commerce para uma máquina pilotar? E se ela atropelar alguém ou colidir com um fato inesperado no qual você não tenha pensado com antecedência? Onde estará a sua inteligência interna para corrigir rapidamente a rota?
Não, não sou um negacionista e nem contra o uso de ferramentas que possam nos auxiliar a desempenhar com mais assertividade nossos negócios. Mas ainda acredito que a grande magia do e-commerce não está aí, mas sim na capacidade humana de entender que essas ferramentas nos proveem dados, e não soluções prontas.
Partindo dessa premissa, nado um pouco contra a maré e acredito que todas essas soluções serão grandes fomentadoras de empregos, principalmente para profissionais que consigam avaliar com maior precisão se os caminhos estão corretos. Novamente, vou me permitir uma analogia: um bebê recém-nascido é uma ferramenta capaz de ser treinada para exercer uma série de atividades. Em quem você confiaria a educação dessa criança? Em um jovem que carrega grande teoria de como educar uma criança, ou em seus avós com larga vivência e que já passaram por diversas adversidades? Como um computador, nós, seres humanos, também somos um banco de dados gigantesco e que carregamos aprendizados valiosos.
Enfim, aonde quero chegar? Estou buscando uma resposta de quem são os profissionais preparados para conduzir mais um movimento disruptivo dentro do e-commerce. Não tenho essa resposta pronta, mas sei
que será uma jornada longa e de grandes aprendizados. Tendo a acreditar que a inteligência artificial não será uma destruidora de empregos, mas sim uma grande barreira de entrada para quem não tem experiência e vivência de varejo. Pilotar não é simplesmente acelerar, brecar e mover o volante. O bom piloto é aquele que está mais atento ao que acontece ao seu redor, que consegue antecipar movimentos do carro ao lado, que consegue olhar pelo retrovisor e perceber o caminho que já percorreu e a distância que ainda falta para atingir seu ponto de chegada.
Sim, um carro autônomo vai te levar ao seu destino. O Waze hoje mostra seu caminho. Mas se pergunte: por quais ruas passou? Existiria um caminho melhor? Precisaria parar em algum lugar que simplesmente passou na frente e não prestou atenção? Ferramentas que geram dados de fato nos ajudam, mas quem consegue interagir com esses dados, agregando vivência pessoal e, principalmente, trazendo para o e-commerce um conceito de relação mais pessoal e proximidade com seu cliente, sem dúvida estará mais preparado para liderar esse movimento.
Nunca terceirize a educação de seu filhouma hora, você não saberá mais interpretar os sinais que ele te dá e perderá boa parte da relação que faria essa criança crescer mais próxima das pessoas que realmente importam. Encare seu negócio como essa criança, conheça seus clientes, tenha profundo conhecimento de seus produtos, aprenda a se relacionar com eles e a entender suas necessidades. Só assim uma ferramenta de inteligência artificial vai aprender e dar apoio da maneira correta, pois ela é apenas a babá de seus filhos, mas nunca será os pais deles.
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INTELIGÊNCIA
ARTIFICIAL E EXPERIÊNCIA
DO CLIENTE: UMA COMBINAÇÃO DE SUCESSO NA LOGÍSTICA
DO E-COMMERCE
Simplificar processos logísticos e promover melhor conectividade são grandes desafios para orquestrar uma cadeia de suprimentos inteligente no varejo online. Hoje, as operações logísticas recebem boa parte da atenção dos gestores, afinal, o setor já se consagrou como parte fundamental na percepção e relação dos consumidores com as marcas.
Há uma revolução no varejo baseada no conceito data-driven, auxiliada por ferramentas de inteligência artificial e machine learning, que promovem maior transpa -
ROSS SAARIO CEO do Grupo Intelipost
rência e confiabilidade nas operações. Esse movimento ocorre porque, com a análise do comportamento dos consumidores, cada vez mais será possível estabelecer um nível de hiperpersonalização da jornada entre consumidores e marcas.
As soluções em inteligência artificial podem reduzir drasticamente os prazos de entrega e a devolução de pedidos no varejo online.
A 27ª edição da Global CEO Survey da PWC mostrou que, para 46% dos líderes entrevistados, as transformações promovidas pela tecnologia são o principal fator na geração
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de valor nos últimos cinco anos. Acredito que isso deve se manter assim por um tempo.
Alcançar boas taxas de conversão e lealdade dos clientes será cada vez mais desafiador, e aqueles que puderem se apoiar em tecnologias que promovam melhores experiências terão muito a ganhar.
A entrega bem-sucedida de um pedido aumenta a probabilidade de recompra - mas isso requer uma comunicação direta com o cliente e a visibilidade das etapas da entrega. Tudo isso faz parte do objetivo maior que será sempre otimizar a jornada do cliente de ponta a ponta.
A transformação digital segue acelerando: o relatório “The future of supply chain” da KPMG afirma que 39% das empresas planejam investir em digitalização para fortalecer a análise de dados das operações. Existe uma potencial fonte de geração de receita atrelada às oportunidades de otimização da cadeia de suprimentos.
O principal desafio para conquistar uma jornada perfeita de compra está relacionado à gestão de dados. Falta de padronização, pouca confiabilidade e falta de conectividade entre sistemas são algumas das barreiras que, se superadas, podem garantir uma melhor competitividade.
O e-commerce omnichannel está remodelando o modelo de entregas e gerando grandes expectativas nos consumidores.
Nesse sentido, as tecnologias para gestão de entregas reduzem os custos operacionais e ajudam na oferta de valores de frete mais interessantes aos consumidores. Outro exemplo: soluções de roteirização e entregas em pontos de retirada contribuem para entregas mais ágeis e sustentáveis.
O uso de ferramentas de IA está mudando o setor de logística no varejo, e o uso de dados será cada vez mais fundamental para a construção de uma jornada sem fricções, personalizada e eficiente, potencializando a fidelização e maximizando a experiência.
A busca pela experiência de compra perfeita, transparente e eficiente impulsiona a adoção do uso de dados na logística, facilitando assim a entrega de serviços de nível internacional - esse é meu maior desafio para os próximos anos.
Ross Saario é executivo, empreendedor e um fundador notável. Desenvolveu oito empresas em tecnologia, serviços, hotelaria e varejo nos Estados Unidos, Europa e América Latina. Possui um MBA do INSEAD, assim como bacharelado e mestrado em Engenharia Industrial pela Cornell University. Mais recentemente, fundou e liderou a empresa de tecnologia de hotelaria para viagens de negócios em uma aquisição bem-sucedida. Antes, Ross foi gerente geral da Amazon, onde administrou vários programas de entrega de última milha em todo o mundo, incluindo Amazon Lockers e pickup points. Originalmente do Alasca, Ross já viajou para mais de 80 países, morou na França, Peru e, mais recentemente, Brasil, onde atualmente exerce o cargo de CEO da Intelipost, empresa líder em tecnologia para logística no Brasil.
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COMO A IA PODE TRANSFORMAR AS VENDAS, A LOGÍSTICA E O MARKETING DO E-COMMERCE
Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem se destacado como uma ferramenta poderosa para impulsionar o crescimento do comércio eletrônico.
Com capacidades avançadas de análise de dados, automação de processos e experiências de excelência, a IA está revolucionando a maneira como as empresas lidam com vendas, logística e marketing no ambiente digital.
Isso porque, em um cenário cada vez mais competitivo dentro do e-commerce, as organizações buscam constantemente maneiras de se destacar e oferecer experiências personalizadas aos seus clientes de forma significativa, e a IA permite a solução dessas e outras possíveis dores das indústrias.
A transformação das vendas através da inteligência artificial
A IA tem desempenhado um papel crucial na otimização do processo de vendas no e-commerce. Uma das principais maneiras pelas quais essa ferramenta está transformando as vendas é por meio da análise preditiva. Utilizando algoritmos e machine learning, a IA é capaz de analisar grandes volumes de dados históricos de transações,
comportamento do cliente e tendências de mercado para prever padrões de compra futuros. Isso permite que as empresas identifiquem oportunidades de vendas cruzadas e upselling, personalizem ofertas e recomendações de produtos, além de anteciparem as necessidades dos clientes, aumentando assim as taxas de conversão e o valor médio do pedido.
Além disso, a inteligência artificial está sendo amplamente utilizada para melhorar a eficiência das equipes de vendas no ambiente digital. Chatbots alimentados por IA estão se tornando uma ferramenta popular para o atendimento ao cliente online, fornecendo respostas rápidas e precisas a perguntas frequentes, guiando os consumidores pelo processo de compra e até mesmo oferecendo suporte pós-venda. Essa automação do atendimento ao cliente não apenas melhora a sua experiência, mas também libera tempo para os representantes de vendas se concentrarem em interações mais complexas e de alto valor.
Revolução na logística com IA
No que diz respeito à logística, a IA está desempenhando um papel fundamental
LUIZ FERNANDO DE SOUZA Diretor de Infradata na Infracommerce
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na otimização de processos e na melhoria da eficiência operacional do comércio eletrônico. Entre os principais benefícios da ferramenta na logística estão a previsão da demanda e o planejamento de estoque. Utilizando algoritmos avançados, a IA pode analisar uma série de fatores, como histórico de vendas, sazonalidade, condições climáticas e eventos externos, para prever com precisão a demanda futura de produtos. Isso permite que as empresas otimizem os seus níveis de estoque, evitando excesso ou falta de produtos e reduzindo custos de armazenamento e obsolescência.
Além disso, a IA pode ser amplamente utilizada para otimizar rotas de entrega e gerenciar a cadeia de suprimentos de forma mais eficiente. Com dados de machine learning, as empresas podem analisar uma infinidade de variáveis, como tráfego, horários de entrega e disponibilidade de veículos, para determinar as rotas mais eficientes e realizar ajustes em tempo real conforme necessário. Isso não apenas reduz os custos de transporte e aumenta a velocidade de entrega, mas também melhora a satisfação do cliente ao garantir que os pedidos sejam entregues de forma rápida e confiável.
Potencializando o marketing do e-commerce com IA
O marketing é outra área do e-commerce que está sendo transformada pela implementação da inteligência artificial. Uma das maneiras pelas quais o marketing digital está sendo impactado é por meio da personalização de conteúdo. Com análises elaboradas pela programação da IA, as empresas podem examinar o comportamento do cliente, as suas preferências de compra e o histórico
de navegação para oferecer conteúdos exclusivos e ofertas personalizadas em tempo real. Isso cria experiências de compra mais relevantes e envolventes para os clientes, aumentando as taxas de conversão e a fidelidade à marca.
Ademais, a IA está sendo utilizada para otimizar campanhas de marketing e publicidade online. Os algoritmos podem explorar grandes conjuntos de dados para identificar padrões e tendências, ajudando as empresas a segmentarem os seus públicos-alvo com maior precisão, personalizar as mensagens presentes em publicidades e otimizar o desempenho de campanhas em tempo real. Isso não apenas aumenta o retorno sobre o investimento em marketing, mas também permite que as empresas alcancem os clientes certos, na hora certa e no canal ideal, maximizando assim o impacto de suas campanhas de marketing.
Adote a IA como estratégia para impulsionar as vendas online
A inteligência artificial está cada vez mais desempenhando um papel transformador nas mais diversas áreas do e-commerce, mas vem dominando excelentes resultados em vendas, logística e marketing. Ao oferecer insights valiosos, automatizar processos e personalizar experiências, a IA está ajudando as instituições a impulsionarem o seu crescimento, além de melhorar a eficiência operacional e oferecer experiências de compra excepcionais aos consumidores. À medida que a tecnologia continua a evoluir, podemos esperar ver ainda mais inovações e avanços no uso da IA no comércio eletrônico, solidificando assim o seu papel como uma ferramenta crucial.
Luiz Fernando de Souza possui ampla experiência na construção de modelos de negócio, com ênfase em serviços e produtos digitais. Tem participação direta na construção e venda de três startups, é formado em Marketing com pós em Gestão Estratégica de Negócios, estudo inovação e tecnologias emergentes, visando construir produtos que causem impacto real no resultado das empresas.
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PONTI: O QUE PODEMOS APRENDER COM A NOVA COREIA DO SUL?
Quem tem medo dos monstros do passado?
Por Júlia Rondinelli, Editora-Chefe do E-Commerce Brasil
Oleitor desta revista deve estar estranhando a mudança de tom desta coluna (se é que podemos chamá-la assim). Conversando com o time, que é jovem e cheio de ideias, percebi que havia espaço para cada um deixar uma resenha de um pedacinho da sua vida aqui como recomendação de leitura. Claro que vamos seguir recomendando livros mais factuais e relevantes para o mercado. Mas nos permitam essa licença poética de sugerir um pouco de literatura, daquelas leituras bem desinteressadas, que lemos por prazer e não obrigação, e que muda as nossas vidas completamente.
Quando terminei de ler Ponti, tinha certeza de que descobri uma Coreia do Sul da qual nunca tinha ouvido falar: não a da colonização e caos da guerra, nem a do futurismo tecnológico, com seus doramas e grupos de
k-pop. Descobri uma Coreia no meio do caminho, um país em desenvolvimento, muita fragilidade, luta e trabalho puxado, muito parecido (sem querer) com a realidade do brasileiro.
Imagine o seguinte cenário: você mora na Coreia do Sul em 2003. É uma jovem adolescente vendo o mundo mudar diante dos seus olhos. O mundo dos seus avôs e pais não existe mais, você percebe como essas pessoas estão desconectadas com a atualidade, fantasmas vivos que não se enquadram mais. Ao mesmo tempo, a sua geração percebe que algo maior e melhor está por vir, e o futuro é uma piscina que não dá pé, mas o único caminho possível é para frente.
Filha de uma estrela do cinema dos anos 1980, Szu Min é uma garota de percepção aguçada, mas longe de ser uma beldade,
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o extremo oposto da sua mãe, que foi tida como uma das maiores musas ao estrelar o romance sombrio e sangrento Pontianak. No folclore malaio, o Pontianak é um monstro canibal que se alimenta de pessoas para manter sua aparência humana e bonita. Szu Min jamais seria confundida com o monstro, mas é assim que ela se sente.
Com o passar dos anos, no entanto, todo o glamour de sua mãe desaparece para dar lugar a uma Coreia nova, moderna e cheia de prédios reluzentes. Parece familiar? O cinema internacional invadiu a mente da nova geração, e o bonito agora é um padrão completamente diferente. Começava a era das maquiagens, ainda engatinhando, das meninas magras, da delicadeza. Não havia mais espaço para monstros, ou tradições, ou trabalho braçal. E assim por diante.
O livro nos mostra três gerações de mulheres que veem o mundo mudar. Para nós aqui do Brasil, a mensagem pode ser a seguinte: não importa o quão apegado estamos ao que conhecemos, ou ao que parece que durará para sempre, algo novo virá e nem todo mundo poderá acompanhar. Em tempos de influenciadores digitais, de consumo global e inteligência artificial, sobrevive não só o mais apto, mas o que não carrega os grilhões do passado.
Um pouco de spoiler: Szu Min cresce para se tornar uma adulta feliz, em paz com o seu tempo, seu corpo e sua família. A piscina deu pé, afinal.
Ponti foi escrito em 2018 por Sharlene Teo e rendeu à autora o prêmio de autor estreante do Debora Rogers Writer’s Award. Nascida em Singapura, hoje Teo mora no Reino Unido e coleciona prêmios e elogios sobre os seus livros. Com Bacharel em Direito e mestrado em Escrita Criativa, seu trabalho já foi traduzido para mais de dez línguas.
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Infracommerce | https://www.infracommerce.com.br/
A Infracommerce é pioneira e líder em Full Commerce. É o maior ecossistema independente e integrado que combina tecnologia, serviços e infraestrutura para digitalizar canais de vendas. A companhia entende a estratégia dos clientes e operacionaliza soluções completas e modulares para garantir que eles entreguem a melhor experiência aos seus consumidores. Presente, também, no México, Colômbia, Peru, Chile, Uruguai e Argentina e mais de 4.000 funcionários. Desde maio de 2021, está listada na Bolsa de Valores como:“IFCM3”.
Delivery Hub da Infracommerce otimiza a logística e reduz custos em até 30%
Se o seu e-commerce sofre com problemas de atraso na entrega, produtos não entregues ou, até mesmo, entregas indevidas, o Delivery Hub da Infracommerce é a solução para o seu negócio. Com essa ferramenta de gestão logística, você consegue reduzir custos da operação em até 30% e aumentar a taxa de conversão em até 14%. Outra vantagem do Delivery Hub Infracommerce é a possibilidade de acompanhar a gestão de frete em tempo real a partir da torre de controle, com dashboards de Power BI, o que traz uma visibilidade completa da operação. Explore todas as vantagens de ter o maior ecossistema full commerce da América Latina como o seu parceiro de gestão de vendas digitais.
Nuvemshop | www.nuvemshop.com.br/
A Nuvemshop é a plataforma de e-commerce líder na América Latina e tem o compromisso de potencializar e motivar todos os empreendedores a transformarem seus sonhos em histórias que transcendam. Com mais de 100 mil lojas, integra produtos, pagamentos, envios e disponibiliza de um ecossistema com mais de mil parceiros, como Facebook, Instagram, marketplaces e lojas físicas. Atualmente, a companhia tem mais de mil colaboradores e escritórios no Brasil, México, Argentina e Colômbia.
NuvemCommerce indica estratégias de venda comuns entre marcas maduras
A Nuvemshop lançou a 9ª edição do NuvemCommerce, estudo anual sobre o e-commerce brasileiro, produzido com base em pesquisa com 1.900 negócios de micro, pequeno e médio porte. De acordo com o relatório, as estratégias mais usadas por marcas maduras em 2023 foram: frete grátis, cupons de desconto e vendas diretas nas redes sociais. Esse ranking demonstra a relevância de ações focadas em aumento do ticket médio. Junto a isso, nota-se o impacto cada vez maior da tecnologia na operação de lojas online. As principais apostas de lojistas para 2024 são: vídeos e produtos no site, inteligência artificial, atendimento digital e chatbots.
62 | E-COMMERCE BRASIL | 2024 OFERECIMENTO //DROPS DO MERCADO
PagBrasil | https://www.pagbrasil.com/pt-br/
A PagBrasil é uma empresa brasileira, que possibilita a lojas online, internacionais ou nacionais, oferecerem soluções de pagamentos digitais otimizadas e atualizadas com as necessidades específicas do mercado brasileiro. Com clientes em mais de 45 países, a PagBrasil é parceira das principais plataformas de e-commerce do mercado, e possui recursos exclusivos para o e-commerce, como o PagStream®, plataforma de gestão inteligente de assinaturas.
Google Pay para lojistas Shopify: solução exclusiva da PagBrasil
A PagBrasil agora oferece aos lojistas Shopify a possibilidade de pagamento com Google Pay. A funcionalidade simplifica significativamente a jornada, já que a integração com a conta Google do usuário diminui a quantidade de campos para preenchimento, agilizando a conclusão da compra. A modalidade é encontrada diretamente no checkout transparente da loja parceira da PagBrasil, e no mobile está disponível para o sistema Android.
Wake | https://wake.tech/
A Wake surgiu para negócios e empreendedores que pensam grande, querem ir além e buscam resultados expressivos com alta performance de ponta a ponta: é uma plataforma com a melhor transição entre aquisição, transacional e retenção do mercado. Conheça o ecossistema completo, com soluções digitais integradas e focadas na sua jornada de crescimento! Wake, uma marca Enterprise.
Acelere seu crescimento com a SHEIN e a Ideris
Você já considerou expandir seu negócio na SHEIN, o terceiro aplicativo mais baixado em 2023 e um dos marketplaces mais promissores do momento? Conte com a Ideris para essa integração e tenha criação de anúncios de forma intuitiva, economizando tempo e melhorando a eficiência, além de poder gerenciar multicontas e multicanais com visão única do estoque. Com uma expedição completa, as funcionalidades de Ideris ajudam a reduzir a margem de erro no processo logístico, garantindo maior precisão desde o faturamento do pedido até a entrega para a transportadora. Conte com a Ideris para essa integração e acelere o crescimento do seu negócio.
2024 | E-COMMERCE BRASIL | 63
AMERICANAS | www.americanasmarketplace.com.br
A Americanas Marketplace soma vitrines para você multiplicar. Nossa plataforma possibilita que parceiros vendam em quatro das maiores marcas da América Latina - a Americanas, a Americanas Empresas, o Submarino e o Shoptime -, que, juntas, recebem mais de um bilhão de visitas de 49 milhões de clientes. Aqui tem espaço para lojistas de todos os tamanhos, segmentos e experiências! Além disso, oferecemos soluções completas para impulsionar seu potencial: são serviços de crédito, publicidade, logística e conteúdos exclusivos em todos os formatos que levarão seu negócio cada vez mais longe.
Marketplace da Americanas abre mais uma turma do Americanas Venda+
Mais uma chance para impulsionar negócios! O marketplace da Americanas lançou a segunda turma do Americanas Venda+, um programa 100% gratuito que foi criado para otimizar a operação de quem vende na plataforma: “A Americanas abriu espaço para nós, com isso ganhamos mais visibilidade e consequentemente mais vendas, sem falar nos repasses que estão mais frequentes agora, ajudando no fluxo de caixa”. Com acesso a consultorias especializadas, além de um atendimento personalizado e estratégias para criar um plano de negócio, muitos lojistas mostraram interesse em fazer parte de mais uma turma. Para saber mais detalhes, acesse: https://venda.americanasmarketplace.com.br/americanas-venda-mais/.
Awin | https://www.awin.com/br
Com vinte anos de experiência, nossa rede oferece uma comunidade global de pessoas, tecnologia e insights de business intelligence. Não importa que tipo de parceiro, nível de serviço ou ferramentas seu negócio precise, a Awin fornece soluções para impulsionar o crescimento sustentável. Parte dos Grupos Axel Springer e United Internet, com ShareASale e Commission Factory, a rede global de afiliados da Awin é composta por 15 escritórios em todo o mundo, mais de mil funcionários, 225.000 afiliados contribuintes e 16.500 anunciantes.
Lançamentos sazonais 2024 da Awin: um salto à frente no marketing de afiliados
Nossa plataforma global de marketing de afiliados capacita anunciantes e afiliados de todos os tamanhos para expandir seus negócios online. Em setembro de 2023, a Awin passou por uma mudança significativa, redefinindo a nossa abordagem ao marketing de afiliados, colocando as pessoas no centro da nossa estratégia. Essa transformação foi marcada pelo lançamento de novos recursos, relatórios e atualizações para a plataforma Awin, o que continuaremos a fazer por meio de lançamentos sazonais, que permitem que anunciantes, agências e afiliados alcancem mais longe e cresçam mais rápido
64 | E-COMMERCE BRASIL | 2024 //DROPS DO MERCADO
2024 | E-COMMERCE BRASIL | 65
Bling | https://www.bling.com.br
O Bling é um sistema de gestão ERP online que auxilia o pequeno e médio empreendedor nas rotinas do seu negócio. Por meio de automações e integrações, descomplica a emissão de notas fiscais, boletos, controle de estoque, até a venda online em e-commerces ou marketplaces. A empresa segue em expansão com a melhoria de funcionalidades e criação de novas soluções, como a Bling Conta: conta digital que opera integrada ao sistema ERP. Já pensou em controlar todo o processo de venda dos seus canais em um só lugar, além de gerir o fluxo financeiro e até pagar contas? Com o Bling é possível!
Serviços financeiros facilitados é com o Bling!
O Bling é um sistema de gestão online que organiza as finanças do seu negócio, com uma gama de funcionalidades para facilitar sua gestão. Garanta controle preciso de contas, cobranças, boletos e conciliação bancária otimizada, agilizando processos e reduzindo erros. Com relatórios detalhados, incluindo o DRE, você tem insights valiosos para tomadas de decisão estratégicas. Tem mais: conte com a Bling Conta, conta digital gratuita integrada ao sistema ERP, facilitando suas operações financeiras, e conte com o Empréstimo do Bling, uma solução de crédito com taxas que cabem no sonho do micro e pequeno empreendedor. Otimize sua saúde financeira e aumente sua eficiência operacional com o Bling.
China Link | https://www.chinalink.info
A China Link Trading é a maior consultoria de importação do Brasil: nosso foco é importar com segurança, agilidade e excelência da China, atendendo empresas de pequeno, médio e grande porte que buscam aumentar seus lucros. A empresa conta com escritórios no Brasil e China, o que garante controle de qualidade, compreensão do mercado interno e melhores possibilidades de negócio. A estrutura operacional da empresa possibilita atender diversas demandas e múltiplos clientes, como negócios já bem estruturados e também aqueles que possuem apenas a ideia e investimento inicial para o projeto.
China Link: importar é o futuro, e ele começa aqui
A China Link é a líder em soluções de importação no mercado brasileiro. Ideal para indústrias, sellers e distribuidores em crescimento que querem diminuir custos ou aumentar sua margem de lucro, a China Link tem soluções personalizadas para quem quer iniciar ou aprimorar seus processos de importação, realizando todas as etapas do processo, tanto no Brasil quanto na China. A China Link conta com um ecossistema tão completo que a única preocupação do importador é vender os produtos importados, já que você importa com segurança e sem burocracia.
66 | E-COMMERCE BRASIL | 2024 //DROPS DO MERCADO
2024 | E-COMMERCE BRASIL | 67
ClearSale | https://br.clear.sale/
A ClearSale é referência em inteligência de dados com múltiplas soluções para prevenção a riscos em diferentes mercados, como e-commerce, financeiro, vendas diretas, telecomunicações, entre outros. É a empresa que mais conhece o comportamento do consumidor digital brasileiro, o que a faz impulsionar negócios em todo o ecossistema da economia digital. Por meio de seus especialistas, a ClearSale tem o propósito de gerar um efeito de rede de proteção no mercado digital e promover um impacto positivo, para garantir a melhor experiência ao usuário, com mínima fricção, do onboarding ao transacional.
Solução antifraude para link de pagamentos da ClearSale tem olhar 360° para gestão de risco
A ClearSale evoluiu sua solução antifraude para links de pagamento, que atua na proteção para mitigar prejuízos com compradores que não são legítimos e em pedidos que envolvem vendedores ofensores, que buscam fraudar a transação com vendas fantasmas, o que gera chargeback e prejuízos para adquirentes. Para isso, a solução analisa se as compras são fraudulentas ao trazer uma visão 360° com segmentação por níveis de risco. Além de analisar padrões e comportamentos dos pedidos para detectar ameaças, o produto possibilita análises e tempos de decisão customizáveis e permite combinar múltiplas camadas de proteção.
DHL | https://www.dhl.com/br-pt/home.html
Líder global em armazenagem e distribuição, a DHL Supply Chain oferece serviços completos, incluindo transporte, armazenamento, packaging e outras soluções personalizadas e flexíveis. Através do DHL Fulfillment Network, a empresa proporciona controle total ao cliente em seu e-commerce, monitorando estoque, pedidos e analisando tendências de vendas. Unindo essa solução modular à experiência da DHL, a expansão global das vendas torna-se ilimitada, otimizando a logística e impulsionando o crescimento sustentável da empresa.
Custos sob demanda é uma das principais vantagens do fulfillment da DHL
Lançado no Brasil no ano passado, o DHL Fulfillment Network (DFN) permite que as empresas aproveitem não apenas a rede de armazéns e a cadeia de transporte da DHL Supply Chain, mas também uma série de serviços adicionais para alavancar suas operações. Um exemplo notável desse conjunto de serviços é o pagamento sob demanda, no qual o cliente paga apenas pelo uso efetivo dos recursos, eliminando a necessidade de investimentos iniciais significativos ou custos de setup. Essa abordagem permite que as empresas ajustem facilmente suas operações conforme as demandas do mercado, garantindo uma maior escalabilidade e eficiência.
68 | E-COMMERCE BRASIL | 2024
//DROPS DO MERCADO
ENEXT | https://enext.com.br/ Enext, a VML Company, é especialista em gestão de mídia nos marketplaces. Fundada em 2008, é pioneira no desenvolvimento do mercado digital e referência em gestão de mídia no Mercado Livre, Amazon, B2W, Magalu, Shopee, entre outros. Tem por missão transformar as pessoas para o futuro, acreditando e fortalecendo os conhecimentos internos para transformar a experiência digital e alavancar os resultados dos seus clientes nos marketplaces.
Enext lança nova solução testes A/B no e-commerce com integração ao Google Tag Manager
e Analytics 4
A Enext lançou uma solução revolucionária de testes A/B integrada ao Google Tag Manager e Analytics 4, em resposta ao encerramento do Google Optimize. Já contando com grandes clientes que aderiram ao Teste A/B Next, a agência assegura eficiência na tomada de decisões, com foco na conversão e experiência do usuário. Além disso, a Enext está confiante no potencial dessa inovação para fortalecer o mercado de e-commerce no Brasil. Com um compromisso contínuo com a excelência, a Enext promete continuar impulsionando o crescimento e a inovação nesse setor dinâmico.
Frete Rápido
| https://freterapido.com/
A Frete Rápido é o maior Hub de Transporte Digital da América latina e fornece tecnologia para empresas B2B e B2C que atuam no e-commerce, com operações omnichannel, multiorigem, ship from store, marketplace in/out e lojas virtuais. O Hub FR permite que o lojista conecte seus parceiros de entrega e utilize as transportadoras já disponíveis na plataforma. As funcionalidades permeiam toda a jornada de compra, como cálculo de frete, consolidação de volumes, rastreio automatizado, gestão, auditoria dos fretes e arquitetura guarda-chuva.
Como a Itapuã Calçados triplicou as vendas no digital com o TMS da Frete Rápido
A Itapuã Calçados é uma tradicional rede varejista que encontrou no TMS da Frete Rápido as soluções para os desafios relacionados à digitalização de sua operação. Com a tecnologia da FR, integrou suas lojas físicas, transportadoras e canais de vendas, automatizou processos e ganhou visibilidade de dados e KPIs para tomada de decisão. A Itapuã aplica estratégias como Ship From Store e clique e retire para fornecer uma jornada de compra omnichannel para seus clientes e opera no modelo Marketplace In e Marketplace Out, tudo centralizado diretamente no TMS FR. Como resultado disso, triplicou as vendas em seus canais digitais e reduziu 90% dos chamados no SAC relacionados a rastreio.
2024 | E-COMMERCE BRASIL | 69
Globalfy | https://globalfy.com/pt/
Globalfy é uma fintech fundada em agosto de 2015 na Flórida pelos empreendedores brasileiros Eva Palatinsky e Diego Sampaio. A startup nasceu com a missão de simplificar a jornada de empresários estrangeiros que desejam abrir ou expandir seus negócios nos Estados Unidos. Os principais serviços oferecidos são: abertura de empresa e conta bancária empresarial nos Estados Unidos, serviços fiscais e contábeis completos, endereço virtual e atendimento personalizado em três idiomas (português, inglês e espanhol).
Como ter um e-commerce internacional?
Para quem tem essa questão em mente, um bom começo é ter uma empresa americana. Ao estabelecer um negócio nos Estados Unidos, ingressar em grandes marketplaces, como Amazon e eBay, torna-se mais fácil. Além disso, passa mais credibilidade aos consumidores estrangeiros. Com o objetivo de que esse processo seja descomplicado e seguro, a Globalfy oferece três planos por assinatura, com suporte aos trâmites burocráticos, serviços contábeis e fiscais conduzidos por uma equipe especializada e atendimento personalizado em português, inglês e espanhol. Mais de nove mil empreendedores já confiaram na Globalfy para destravar oportunidades de negócios internacionais.
Grupo Intelipost | https://www.intelipost.com.br/
Com o propósito de simplificar a logística no mercado da América Latina, o grupo Intelipost se consolida como líder em gestão de fretes no Brasil. Com soluções que vão desde o cálculo de frete, roteirização a pontos de retirada em seu portfólio, o grupo integra de maneira inteligente toda a cadeia logística com tecnologias de altíssima confiabilidade, atendendo mais de 4 mil lojas, e realiza, em média, 2 bilhões de cotações de frete por mês.
Integração plug & play de transportadoras otimiza os custos de frete e taxa de conversão no e-commerce
Manter a variedade nas opções de entregas é um fator relevante para garantir fretes mais competitivos. A plataforma completa da Intelipost garante facilidade de conexão diretamente via TMS com as principais transportadoras, em um processo simples, gratuito e que leva poucos minutos para ser realizado. Assim, garante-se a autonomia e a liberdade dos mais de 650 clientes que a empresa atende atualmente, facilitando a transação de pedidos de 50% do market share no mercado enterprise no e-commerce. Tecnologia e inteligência orientadas ao cliente são a fórmula do Grupo Intelipost para revolucionar a logística no varejo.
70 | E-COMMERCE BRASIL | 2024 //DROPS DO MERCADO
Jadlog | https://www.jadlog.com.br/jadlog/servicos
A Jadlog é uma das maiores empresas de logística e transportes de cargas expressas fracionadas do País. Em janeiro/2017 se associou com a DPDgroup, a segunda maior rede de entrega de encomendas internacionais da Europa. Destacando-se no mercado pela rapidez e qualidade, a Jadlog dispõe de uma das maiores estruturas de distribuição porta a porta de encomendas do país. Através de sua rede de mais 500 franquias espalhadas por todas as capitais, DF e principais cidades, a empresa atende todos os municípios do país. Sua frota é formada por mais de 240 caminhões e carretas e 4.500 utilitários.
Crescem os envios de pequenos e médios vendedores e-commerce pela plataforma Jadlog Entregas
A Jadlog Entregas (www.jadlogentregas.com.br), plataforma que facilita e agiliza o envio de encomendas para empreendedores e pessoas físicas que vendem produtos no e-commerce, vem ganhando cada vez mais adeptos, especialmente os pequenos e médios vendedores. Eles fazem negócios pelas redes sociais e contam com a plataforma da Jadlog, uma das principais operadoras logísticas do comércio eletrônico, para realizarem todo o processo de despacho dos produtos vendidos para os compradores de forma simples e automatizada.
Platinum Log | https://tpl.com.br/
A Platinum Log não é parte da solução. É a solução! Atendemos toda a demanda logística de nossos clientes sejam elas B2C, B2B ou derivações destes modelos de negócio. Com opções versáteis de armazenagem, nossa estrutura é integrada por automações que permitem a visualização em tempo real dos micro e macro status operacionais através de uma tecnologia própria, o OMS. Online e inteligente. Da estratégia à execução, a Platinum Log está comprometida em entregar resultados e qualidade logística.
Platinum Log: expansão rumo ao nordeste com investimento em tecnologia
A Platinum Log, renomada empresa de logística com 11 centros de distribuição nas regiões sul e sudeste, anuncia sua expansão para o nordeste. Com o objetivo de alcançar um faturamento de R$ 300 milhões neste ano, a empresa está investindo em tecnologia de ponta para otimizar suas operações. Essa iniciativa reflete o compromisso da Platinum Log em oferecer soluções logísticas inovadoras e eficientes para seus clientes, acompanhando as demandas do mercado e garantindo uma experiência de alto nível no e-commerce.
72 | E-COMMERCE BRASIL | 2024
//DROPS DO MERCADO
RD Saúde Marketplace | https://www.lojistard.com.br/
A RD Saúde foi formada em 2011, a partir da fusão entre a Droga Raia e a Drogasil, que combinam mais de 200 anos de história no varejo farmacêutico. Hoje, o grupo está presente em todos os estados do país, com mais de 3.000 farmácias. Ano a ano, a RD Saúde reforça sua atuação como ecossistema de saúde voltado para prestação de serviços e cuidados com o bem-estar da população. Por isso, continua ampliando sua capilaridade física e digital, disseminando um novo conceito de farmácia em um modelo de negócio multicanal.
RDsaúde: a nova marca corporativa do maior grupo do varejo farmacêutico do país
Uma nova identidade visual que reforça um compromisso: o de cuidar da saúde integral dos brasileiros. RDsaúde é a nova marca corporativa do grupo que reúne Raia, Drogasil, além de outras empresas da organização. “O projeto fortalece cada uma delas e funciona como um fio condutor que une as iniciativas de saúde do grupo”, diz Daniel Campos, diretor executivo de marketing e clientes da RDsaúde. Acompanhada do slogan “Juntos por uma sociedade mais saudável”, o lançamento é a maior campanha publicitária feita pelo grupo desde 2011, ano da fusão da Droga Raia e Drogasil.
Selia powered by Luft | http://www.selia.com.br
A Selia Store, o departamento de marketplace da Selia Fullcommerce, conecta e opera o seu negócio em mais de 50 marketplaces, estudamos e avaliamos quais são os melhores para o seu tipo de operação. Conta também com a gestão FULL de toda cadeia de marketplaces, do cadastro, enriquecimento de conteúdo, venda e melhorias constantes na sua reputação. Negociamos as taxas de comissão, gerimos todo seu catálogo, campanhas e temos uma operação logística robusta e extremamente preparada para atender os rigorosos SLA dos canais. Nosso ecossistema é completo, feito para atender ao seu negócio.
Selia Fullcomerce: revolução na transformação digital B2B
No universo B2B, no qual o e-commerce atualmente representa apenas 1% de um mercado de R$ 2,4 trilhões, a Selia não se limita a expandir - ela aspira revolucionar. A jornada vai além da simples transição para o digital; é uma reinvenção do mercado B2B. Com o compromisso de melhorar a eficiência e a eficácia das empresas, a Selia atende às complexas demandas do mercado B2B com inovação e precisão.
2024 | E-COMMERCE BRASIL | 73
Venda mais sem medo das fraudes!
A Signifyd é líder em proteção para e-commerce, utilizando Inteligência Artificial e a maior Rede de E-commerces no mundo para automatizar a revisão de pedidos, aprovar mais compras e prevenir fraudes em tempo real. Confie em seus clientes e cresça sem medo.
Menos pedidos recusados
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74 | E-COMMERCE BRASIL | 2024
Social Digital Commerce
| https://socialsa.com/
A Social Digital Commerce é uma empresa com estrutura global para atendimento de Full Commerce, Fulfillment e Cross Border, oferecendo atuação completa na gestão de seu negócio B2B, B2C, B2E, Omnichannel, MarketPlace e Assinatura. Com sede em São Paulo, a Social possui ainda estrutura e operações em Santa Catarina, Orlando e Hong Kong. Além de realizar a gestão de todo o e-commerce de sua marca, utilizando alta tecnologia em performance digital e logística, a Social também pode transformá-la em uma multinacional, com projetos de venda internacional.
Negócios para além do digital
A Social Digital Commerce ampliou seus horizontes com o objetivo de entregar soluções e serviços digitais completos e integrados aos seus clientes, oferecendo atuação na gestão de negócios B2B, B2C e B2E. Com quatro hubs de negócios (Digital Management, Retail Management, Marketing Intelligence e International Management), a Social está presente em quatro continentes e continua em expansão com a inauguração de três novos centros de distribuição em Extrema - SP, Espírito Santo - ES e Recife - PE.
Total Express | https://totalexpress.com.br/
A Total Express é a empresa privada de soluções logísticas mais completa do país. Atende com excelência desde o pequeno e médio e-commerce até os gigantes do varejo, incluindo operações complexas de indústrias e governo. Com capilaridade que cobre 100% do território nacional, 2 Mega HUBs, mais de 20 HUBs com malhas regionais, mais de 120 bases last mile espalhadas pelo país e 30 anos de experiência, a Total Express conecta o Brasil.
Total Express facilita a descentralização de estoques e dinamiza prazos de entrega com o Shipping From Store
Potencializar o dinamismo das entregas em todo o Brasil é o objetivo na expansão da abrangência da Total Express. Com o produto Shipping From Store, as empresas podem descentralizar o seu estoque e enviar seus pedidos diretamente de suas lojas físicas para clientes em todo o Brasil via malha aérea. Essa iniciativa reduz os custos logísticos e os prazos de entrega. Com o uso dessa solução estratégica, os estabelecimentos do norte do país podem se tornar mais competitivos, alcançar uma maior eficiência operacional e expandir o seu alcance no mercado nacional.
2024 | E-COMMERCE BRASIL | 75
Tray | www.tray.com.br/
Com 20 anos de história, a Tray - unidade de e-commerce do Grupo Locaweb - é uma das empresas de tecnologia brasileira mais competitivas do mercado. A plataforma robusta oferece produtos e soluções exclusivas, integrações com os maiores marketplaces do país, além de uma interface amigável e 100% customizável. Ideal para todos os estágios do empreendedor online, fornece um ecossistema completo que atende desde o pequeno varejista até as grandes operações, através da sua divisão corporativa Tray Corp. Para mais informações, acesse: www.tray.com.br
Tray lança ferramenta de Live Shop para loja virtual
A plataforma de negócios online Tray divulgou seu novo lançamento, o Live Shop, uma ferramenta nativa direcionada para o planejamento, controle, precificação diferenciada e exibição dos produtos específicos, conectando o público aos produtos apresentados durante a live. Todo o processo é realizado diretamente no ambiente da loja virtual, diminuindo o atrito no processo de compra, tornando-se uma realidade indispensável no varejo e ganhando destaque por sua popularização internacional e estratégia de venda. A ferramenta pode ser utilizada gratuitamente por todos os lojistas Tray.
Uappi | https://uappi.com.br/
A Uappi é formada por um ecossistema completo de serviços para o crescimento do seu e-commerce, ela é plataforma, hub de marketplace, agência de performance e muito mais. A Uappi tem tudo que você precisa para sua loja online crescer: atualizações periódicas, excelente experiência de compra, controle dos números, personalização, otimização de venda, segurança, estabilidade e muito mais. O foco principal é o crescimento do seu e-commerce, na melhor parceria ganha-ganha.
wap.store agora é Uappi: nova marca e projeções de faturamento
A plataforma de soluções e tecnologia, oficialmente agora Uappi, traz um rebranding da nova marca com viés mais brasileiro e visa ampliar o alcance da marca em diferentes segmentos. Mirando na internacionalização, além dos países europeus, a equipe comercial cresceu, e a expectativa é avançar em mercados na América Latina. Com o aporte de R$ 10 milhões do Grupo Leveros, empresa com múltiplas soluções em climatização, refrigeração e energia solar, as projeções para 2024 são de 50% de faturamento em relação a 2023, almejando dobrar a base de clientes e continuar entregando os melhores resultados a clientes e parceiros.
76 | E-COMMERCE BRASIL | 2024 //DROPS DO MERCADO
2024 | E-COMMERCE BRASIL | 77
Vindi | https://vindi.com.br/
A Vindi é um ecossistema completo para gerenciar e receber pagamentos que tem a missão de digitalizar o PIB do Brasil. Com foco na intermediação de pagamentos e na economia de recorrência, a Vindi descomplica o universo de pagamentos através da tecnologia para digitalizar, rentabilizar e escalar negócios. Venda nos modelos online, presencial e recorrente com agilidade e segurança.
46% dos consumidores pretendem gastar mais com assinaturas nos próximos cinco anos, mostra pesquisa inédita
Muito além dos streamings, as assinaturas já são parte do cotidiano dos brasileiros, seja com produtos físicos ou digitais. Descubra os hábitos dos consumidores na nova edição da Pesquisa de Assinaturas, realizada pela Vindi em parceria com a Opinion Box, que abrange uma ampla variedade de tópicos, desde os streamings preferidos do público até os clubes de assinaturas que fazem mais sucesso, dados sobre os meios de pagamento preferidos pelos brasileiros na hora de assinar um serviço e muito mais. Acesse a pesquisa completa em: bit.ly/ecbr-assinaturas
Yuno | https://www.y.uno/pt-br
Yuno emerge como líder global na orquestração de pagamentos, fornecendo inúmeras conexões entre métodos e provedores, além de ferramentas antifraude, tornando Yuno sua única (e última) integração. Com uma tecnologia inovadora e intuitiva, Yuno tem a missão de empoderar seu comércio, permitindo a criação de "Smart Routing", fluxos que permitem re-tentativas de compras em diferentes adquirentes, impulsionando suas taxas de aprovação com rapidez e segurança, além de reconciliar todos os dados transacionais e trazer insights de suas vendas, garantindo mais autonomia e sucesso para seu e-commerce.
Yuno levanta mais de R$ 100 milhões de investimentos, fortalece operações na América Latina e expande
para outros continentes
A Fintech Yuno acaba de receber um investimento de US$ 25 milhões, em uma rodada liderada pela DST Global Partners e Tiger Global, com o apoio contínuo de Andreessen Horowitz, Kaszek Ventures e Monashees. O investimento será usado principalmente para fortalecer a operação no Brasil, América Latina e do Norte, além de expandir para mercados estratégicos como Ásia, Europa e África. A orquestração de pagamentos, foco principal da Yuno, oferece às empresas uma única integração de pagamentos em diversos provedores e ferramentas antifraude. A plataforma se destaca globalmente processando pagamentos em mais de 50 países e já atende clientes de destaque como McDonald's, Avianca, InDrive e Rappi
78 | E-COMMERCE BRASIL | 2024 //DROPS DO MERCADO
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80 | E-COMMERCE BRASIL | 2024