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CASE
UM PAPAI NOEL REAL E POSSÍVEL
Ao longo de três décadas, a campanha dos Correios já atendeu a mais de seis milhões de cartinhas destinadas ao bom velhinho
Por Dinalva Fernandes, da Redação do E-Commerce Brasil
Quando alguém falar em cartinhas do Papai Noel semanas antes do Natal, provavelmente você vai se lembrar dos Correios. Não é propaganda ou slogan, mas a verdade é que essa ação, nascida há mais de 30 anos por iniciativa dos próprios funcionários, conseguiu se integrar no cenário natalino do Brasil. Ao longo dessas três décadas, mais de seis milhões de cartinhas já foram atendidas. A procura é tanta que, em julho, já começam a surgir perguntas sobre o início da campanha. Daqui a pouco, você saberá como a estatal alcançou essa proeza e, quem sabe, se inspirar a fazer algo parecido no seu negócio.
A campanha Papai Noel dos Correios foi uma iniciativa dos funcionários da estatal, que, ao lerem as cartas destinadas ao bom velhinho, sensibilizavam-se com os pedidos, começaram a comprar os presentes e entregá-los nas casas das crianças. Com intuito de atender a mais pedidos, os Correios disponibilizaram as cartas para a sociedade e, assim, nasceu a campanha. Em 2010, surgiu a parceria com as secretarias de Educação estaduais e municipais para que alunos de escolas da rede pública também pudessem participar.
Devido à pandemia, a campanha foi totalmente online em 2020. Já em 2021, adotou-se o modelo híbrido, com a possibilidade de entregar as cartas em agências participantes ou cadastrá-las no blog da campanha dos Correios. "Com a vida retornando aos poucos à normalidade, mas ainda necessitando de cuidados, a campanha agora tem formato híbrido", disse, em nota, Floriano Peixoto, presidente dos Correios, no ano passado. Em 2022, a campanha chega à sua 33ª edição.
Bola, carrinho, boneca (e eletrônicos!)
De acordo com os Correios, as cartas passam por um processo de seleção e depois são
disponibilizadas na internet e nos pontos de adoção. Cerca de 80% das cartinhas são adotadas e presenteadas. Já as não adotadas recebem uma carta-resposta do Papai Noel. Entre os principais pedidos dos pequenos estão bola, carrinho, boneca, roupas e produtos eletrônicos.
Embora a campanha não disponibilize para adoção, em um cenário de grande desigualdade social no país, também chegam pedidos de alimentos, remédios e até material de construção. Ainda por questões logísticas e de segurança alimentar, pedidos de itens perecíveis também são filtrados na seleção.
"Em outras edições, já recebemos pedidos para conhecer o Papai Noel, de planta carnívora, cama, cadeira de rodas, emprego e alianças para um casal de idosos que queria oficializar a união de vários anos sem ter tido o anel de casamento", afirma a estatal.
A empresa explica que, por meio da escrita das cartas, incentiva os pequeninos à criatividade, ao lúdico e aos sonhos que permeiam o universo infantil. Dessa forma, a ação contempla apenas as cartinhas que ilustram a expressão genuína das crianças, ou seja, pedidos que realmente poderão ser usufruídos por elas.
Podem participar crianças que estejam matriculadas até o quinto ano do ensino fundamental nas escolas públicas - nesse caso, as escolas são as responsáveis por fazerem os
cadastros das cartinhas -, crianças acolhidas em creches, abrigos e núcleos socioeducativos, crianças de até dez anos em situação de vulnerabilidade social e crianças com deficiência (PcD), independentemente da idade.
As cartas enviadas de modo online precisam ser fotografadas ou digitalizadas, pois a ideia é incentivar a escrita das crianças. Claro que nem todas sabem ler, então, nesses casos, um adulto pode escrever a carta e indicar os dados da criança. Por motivos de segurança dos pequenos, não são aceitas cartas que contenham endereço, telefone e/ou foto da criança. A identificação só é realizada no momento do cadastro e não é divulgada para os padrinhos, em nenhuma hipótese, em atendimento à recomendação do Ministério Público.
Quero ser padrinho, como faço?
Quem quiser ser padrinho de uma cartinha deve acessar o blog da campanha, ir até uma agência, escolher o presente que cabe no bolso ou a cartinha que mais lhe toca o coração. Em seguida, é só comprar o presente, embalá-lo e colar a etiqueta com o número da carta antes de despachá-lo.
Para aumentar o número de adoção de cartas e mais pedidos atendidos, os Correios contam com o apoio de empresas como padrinhos corporativos. Também podem participar órgãos públicos. Quem for pessoa física pode adotar até 50 cartinhas.
A campanha deste ano também será híbrida - entre 9 de novembro e 16 de dezembro -, mas é importante ficar atento ao cronograma específico de cada cidade. É necessário frisar que nem todos os municípios brasileiros participam da campanha. Ainda não se sabe o número de crianças que serão atendidas neste ano, mas, para se ter uma ideia, em meados de novembro de 2021, o número de cartinhas enviadas passava dos 80 mil.
Não há previsão de quantas cartas devem ser enviadas neste ano, mas a estatal garante estar preparada para receber milhares de cartinhas, além de torcer para que todos os pedidos sejam atendidos. Nós também ficamos na torcida.
Outras ações sociais dos Correios
A pandemia foi um divisor de águas na questão de políticas públicas. Inclusive, os Correios afirmam ter percebido uma maior necessidade de realizar mais ações. “Os Correios, como um prestador de serviços essenciais, têm sido cada vez mais demandados em seu papel de integrador nacional, devido à sua presença em todo país e gigantesca
capacidade operacional, impulsionador de desenvolvimento econômico e de negócios nas operações de e-commerce, tanto para as MPEs quanto para grandes varejistas”, afirma a estatal.
Além da campanha Papai Noel dos Correios, a estatal realiza outras políticas de âmbito social, sendo as principais: o Concurso Internacional de Redação de Cartas (UPU) e o EcoPostal. No Concurso Internacional de Redação de Cartas, promovido pela União Postal Universal (UPU) e coordenado, no Brasil, pelos Correios, é incentivada a produção escrita nas escolas. Uma estudante brasileira obteve menção honrosa internacional na 50º edição do concurso, realizado no ano passado.
No EcoPostal, são doados malas, malotes postais e camisas de carteiro que não servem para o uso postal, com o objetivo de que entidades sem fins lucrativos transformem esses objetos em peças artesanais comerciais, estimulando o empreendedorismo, a geração de receita, a capacitação e a inclusão social de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Em 2021, os Correios doaram 12.526 peças, beneficiando mais de 15 mil pessoas das entidades contempladas.
Já no segmento comercial, destacam-se as ações voltadas para pequenas e micro empresas no e-commerce, transporte de material viral e megaoperações, como distribuição de provas do ENEM e dos livros didáticos (FNDE).
Micro e pequenas empresas: as micro e pequenas empresas contaram com a parceria dos Correios durante a pandemia de Covid-19. Lançado em 2020, o programa AproxiME ofereceu suporte tecnológico, coleta gratuita de encomendas, serviço “clique e retire” e divulgação da marca das empresas clientes, entre outros benefícios. Outras soluções alavancaram negócios de diversos segmentos e facilitaram a atuação de empresas de diferentes portes, como a oferta de inteligência de geomarketing para alcance de potenciais clientes ou mesmo a logística reversa, serviço no qual os Correios operacionalizam a devolução ou a troca de mercadorias ou documentos por desistência, necessidade de reparo ou descarte.
Transporte de material viral: desde o início da pandemia, os Correios apoiaram o comitê do então Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTI), responsável pela coleta e pelo transporte de material viral, como coronavírus e influenza. Em 2021, a operação compreendeu 80 centros de pesquisa distribuídos pelo país com a realização de 396 remessas, por meio das quais foram movimentadas 1.040 encomendas. O transporte realizado pelos Correios obedeceu a altos requisitos de segurança e agilidade para que o material fosse entregue em até 20 horas após a coleta. Devido ao programa, a estatal foi finalista do World Post & Parcel Awards, premiação considerada o “Oscar” do setor postal no mundo. Na edição, a empresa participou na categoria On Demand Delivery, pelo apoio logístico à Rede Vírus.
De acordo com a empresa, as ações institucionais devem ser ampliadas no futuro, tendo em vista o papel de operador de políticas públicas dos Correios e a crescente importância dos aspectos ESG (ambiental, social e de governança) para a empresa, os clientes e a sociedade. Neste ano de 2022, inclusive, foi criado, na estrutura dos Correios, um órgão dedicado a fomentar e a monitorar as ações de sustentabilidade empresarial na estatal, alinhado à ISO 26000 e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas).