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TOKENIZAÇÃO
TOKENIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO PARA O ONLINE REVOLUCIONANDO O E-COMMERCE
Desenvolvida com o objetivo de gerar mais segurança durante uma transação financeira ou durante o acesso a serviços bancários, a tokenização é um recurso de possibilidades ainda pouco exploradas dentro das soluções de pagamento. Só no último ano, as operações com cartões de crédito corresponderam a 26% das fraudes digitais no Brasil, e dados da Fecomércio apontaram que o país tem média de R$ 60 bilhões em prejuízos oriundos desse tipo de crime a cada ano.
Com a pandemia e o aumento das compras online, os golpes se tornaram ainda mais comuns. Mesmo que sua mecânica tenha sido adaptada para tantos meios fora das instituições financeiras, a verdade é que ainda há muito a desbravar por meio dessa tecnologia. Não surpreende que o token venha conseguindo expandir-se para os segmentos mais diversos do mercado, como também trazer mais confiança em cada uma das novas áreas onde se faz presente agora.
Começamos a ver empresas usando a tokenização de deslocamento para a mobilidade elétrica. Em outras palavras, tokens lastreados no valor dos créditos de carbono agora conseguem oferecer benefícios e cashback para usuários de veículos 100% elétricos.
Recentemente, o uso de crédito de carbono tokenizado foi o “combustível” para realizar o primeiro voo corporativo 100% carbono neutro, dentro de uma parceria que envolveu empresas do setor aéreo e operadores de turismo. Outra iniciativa que começa a literalmente “sair do papel” é a tokenização de imóveis. Startups já buscam formas de garantir a segurança de acordos e contratos por meio do ambiente digital usando a fer-
GIULIANA CESTARO
Diretora de Produtos e-commerce da Fiserv América Latina
ramenta com foco em melhorar a jornada do cliente, reduzindo as idas constantes no cartório, dentro de um ciclo já muito conhecido pelo mercado imobiliário.
A tokenização física para transações online em jornadas que exigem, ao menos, uma interação física com o cliente é o que deve revolucionar o e-commerce. Com mais segurança para o consumidor e redução de riscos de contestação para os gestores de e-commerce, a tokenização e os cardtokens já começam a ganhar espaço no varejo brasileiro. Ao revisar a jornada, é possível ter interações que começam ou passam pela loja física, com um cliente tokenizando seu cartão para uma determinada compra, e, a partir desse ponto, ele consegue usar o mesmo cartão para outras compras na mesma loja, no e-commerce ou com compras recorrentes sem ter que comprometer o seu limite do cartão.
Locadoras de carros, grupos hoteleiros, academias de ginásticas, clínicas de estéticas e centros de educação começam a solicitar das empresas de soluções de pagamento uma forma de simplificar ao máximo a vida do consumidor. No exemplo de empresas rent a car, a funcionalidade começa com o aluguel do carro em uma loja física. Fazendo isso por meio de um cartão tokenizado, é possível gerir cobranças futuras, como uma infração de trânsito, reparo no veículo, ou até mesmo uma nova locação de veículo quando o cliente for usar o serviço. Se os dados deste ano da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) dimensionam a frota brasileira de automóveis e comerciais leves das locadoras em 1.173.357 unidades, imaginem o desafio de armazenar os dados de pagamentos de diferentes motoristas que mudam toda semana?
Já no universo fitness, o Brasil é o segundo maior mercado de academias de ginástica mundial, com 30 mil estabelecimentos. Qual seria o volume de transações de pagamentos se imaginarmos 100 alunos por academia vezes 12 meses? Será que não vale a tecnologia para diminuir o percentual de chargeback? O gestor teria certeza da transação, sem precisar armazenar os dados do cliente, sem ter que comprometer o limite do cartão do aluno e, ainda, podendo fazer cross sell e trazendo novas experiências e ofertas personalizadas de roupas para treinos ou suplementos de vitamina. No caso de mensalidade, a transação pode ser segura e cobrada em formato recorrente - em que não há um boleto entregue para o cliente, e sim uma cobrança automática feita no próprio cartão, com o diferencial de o cliente já ter passado presencialmente pelo estabelecimento, reduzindo os riscos de uma futura contestação.
Transitar entre o meio físico e digital, muito em breve, não será mais uma dificuldade para os tokens. O desafio agora é pensar em quais novas barreiras será preciso quebrar com o objetivo de gerar uma experiência de compra e, ao mesmo tempo, proporcionar melhores soluções de gestão para os prestadores do serviço.
Giuliana Cestaro tem 20 anos de experiência de mercado, sendo 14 deles no mercado de meios de pagamento, com ampla atuação como consultora de inovação, gestão de produtos digitais e e-commerce. Na Fiserv desde 2020, foi responsável por produtos digitais e liderou a equipe de lançamento da plataforma omnichannel Carat no Brasil, antes de assumir a diretoria de Produtos. Antes de integrar a equipe da Fiserv, atuou por mais de uma década na Cielo, onde foi responsável pela expansão e rentabilização do Portfólio de Soluções, especialmente como líder do setor de e-commerce. Também teve experiências em empresas de outros setores, com passagem pela Tamboré Urbanismo e Mapfre Seguros. É formada em propaganda e marketing pela Universidade Paulista, com pós-graduação em gestão pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e especialização em gestão de e-commerce e marketing digital pela ComSchool.