DISSONNETTOS DESABRIDOS
Glauco Mattoso
DISSONNETTOS DESABRIDOS
São Paulo Casa de Ferreiro 2021
Desabridos Glauco Mattoso
© Glauco Mattoso, 2021
Revisão Lucio Medeiros
Projeto gráfico Lucio Medeiros
Capa Concepção: Glauco Mattoso Execução: Lucio Medeiros ______________________________________________________________________________
FICHA CATALOGRÁFICA
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Mattoso, Glauco
DESABRIDOS/Glauco Mattoso
São Paulo: Casa de Ferreiro, 2021 118p., 21 x 21cm ISBN: 978-85-98271-28-4
1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título. B869.1
NOTA INTRODUCTORIA Na sequencia dos volumes de dissonnettos compostos em 2020, appós SEMANTICA QUANTICA vem esta collectanea, com nova centena (de 6701 a 6800), que, ainda sob o impacto da crise sanitaria, cuida entretanto de varios outros themas urgentes e cruciaes para o convivio social, sexual, politico e cultural. Na forma mantenho-me fiel à nova estrophação adoptada, em quattro quartettos, desde que retomei, em 2017, a producção temporariamente interrompida no sonnetto 5555, em 2012. Tracta-se agora de publicar, ao lado das reedições reformatadas dos titulos antigos, esta nova serie de volumes em versão digital, resgate emfim possivel graças ao trabalho do editor virtual Lucio Medeiros à frente do sello Casa de Ferreiro.
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CUCA ABERTA [6701]
Abrindo-se esta serie, eu lhes prometto que mão não abrirei de ser bastante boccudo, ou desboccado, ou chulo, deante de themas, ou pornôs, ou de pamphleto. Ja sabem meus leitores que o sonnetto deixou de ser, faz tempo, um elegante modello para alguem que amores cante, ou sitios bem mais lindos do que um ghetto. Comtudo, sei que espera meu leitor perversas, pervertidas descripções de scenas não narradas por Camões, porem communs aonde quer que for. Prometto me manter sempre credor daquelle que tem roxos os colhões na hora de gozar das afflicções dum cego masochista, ao seu dispor.
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FURIA CEGA (I) [6702]
Eu vou abrir o jogo, tomar no cu! Fizeram mostrar que um heroe a um outro qualquer!
Glauco! Vão filme para cego se compara Não, commigo não!
O cego usa a bengala qual bastão, accerta a bordoada bem na cara daquelles que curtiam uma tara propicia dum cegueta à zoação! Si eu fosse director daquella droga, fazia a turma toda revidar a audacia do cegueta! Ahi, azar do gajo, que perdão ja pede e roga! A turma, ahi, mantem bem a lei de quem mais pode! lamber uns tennis, antes cannellas, esse cego que
firme em voga Irá beijar, de esticar se arroga!
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THEMAS DE TELEPHONEMAS (III) [6703]
Me lembro claramente quando, um dia, me liga aquelle skin que, numa banda, é lider do vocal e que commanda a scena na zonal peripheria. Sabendo quem sou, elle tripudia: “Ahi, como se sente? Ja bem anda na rua de bengala? Propaganda do braille vae fazer? Ja tem um guia?” Fui franco: {Não me sinto conformado, mas posso confessar que só me vejo chupando quem vê bem e tem ensejo de bem curtir a vida! Me degrado!} {Foi isso que escutar quiz?} O folgado responde: “Foi. Dum cego é o que desejo ouvir, sim!” Sempre rindo, o skin, sem pejo, offega. Até paresce ter gozado.
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FURIA CEGA (II) [6704]
Um superheroe cego, cuja dura bengala virou arma, compra briga com toda gallerinha que, inimiga da lei, nenhuma bronca mais segura. Cercado pela gang, o cego jura a todos enquadrar! Antes que diga bravatas outras, seu bastão castiga cabeças, braços, varios olhos fura! Até que, num certeiro golpe, eu tiro a vara do cegueta, a qual jogada foi longe! Seus “poderes” ja de nada lhe servem! Sua cara, agora, miro! Exmurro o cego! Um outro mano um tiro dispara nelle! Emfim, a molecada lhe chuta, pisoteia a cara! Cada um mija nelle! E então, Glaucão? Me inspiro?
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EMPIRICO GENERICO [6705]
Por que não pode, Glauco? Não tem gente vendendo pombo morto por galleto? Então eu tambem posso, neste espeto, vender escorpião, vender serpente! Cortados direitinho, caso tente alguem saber que bicho lhe prometto vender, fica na duvida! Commetto algum crime, Glaucão? Não, certamente! Você nem accredita! Ja vendi, em vez duma lagosta, a tal lacraia gigante! Na conversa tem quem caia bonito! Uns garantiram ser siry! Aqui não tem problema, pois aqui é terra da bagunça, Glauco! Saia quem fique incommodado! Leva vaia fiscal que, em feira, queira ser cricri!
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FEDOR PROTECTOR [6706]
Um methodo seguro, ouvi, tem para ninguem pegar o virus, companheiro! É só não tomar banho! Um palpiteiro garante, sem vexar, de pau, a cara! “De rua e forte se deve de quem
moradores teem a rara protecção que, ja me inteiro, com certeza àquelle cheiro banho não toma! Assim se sara!”
Então é facil, Glauco! Basta a gente feder que nem mendigo, ter cecê, chulé, bodum, que está salva! Você na certa approvará, todo contente! Mas fico preoccupado... De repente, um desses andarilhos... va que dê azar e pegue... Então o tal buquê de novo será podre e repellente!
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DINHEIRO SUJO [6707]
Dinheiro na cueca foi motivo de escandalo! Te lembras, Glaucão? Ora, dez annos se passaram! Pois agora no proprio cu se põe dinheiro vivo! Verdade, Glauco! Disso não me exquivo e tenho que contar-te! Para fora botou um senador (Que infeliz hora!) as scedulas das quaes eu ca me privo! Hem? Trinta mil reaes, informa a fonte, estavam “entre as nadegas” do tal politico! Em estado de total nudez, que se aggachar teve! Que monte! Mal pude crer! Mas queres que eu te conte o resto? Não? Ja basta, né? Banal se torna tal funcção policial: ficar dum pelladão senhor defronte!
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INGRATAS CANDIDATAS [6708]
Não voto em mulher, Glauco! Onde é que ja se viu ser governado por mulher? Si deixo que ella faça o que quizer, virar vae algo como um marajah! Si machos calcule o politico, tem com o
na gestão a fazem má, que fará, nesse mester uma dessas que um affair coronel que é mais gagá!
Não, Glauco! Na mulher eu jamais voto! Não quero confundir o meu desejo com outros mais valores que eu almejo na vida, nos quaes pouca fé ja boto! Ja basta a cidadan de quem devoto fiquei, que sua bota põe, sem pejo, na minha cara, a quem ‘inda cortejo e cujo rosto beijo numa photo!
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IMPOSTO DE MERDA [6709]
De merda sei que imposto qualquer é! Proponho, todavia, sobre a bosta cobrar a taxação! Sei que não gosta o rico disso, ué! Nem a ralé! O rico come mais! Come filé mignon, Glaucão! O pobre, quando tosta alguma aponevrose, achou a posta divina! Até melhor de porco um pé! Quem caga mais, mais taxa pagaria! Não acha justo, Glauco? O mais gordão juiz ou senador, que do povão debocha, tem que ser quem financia! Proverbio bem lembrado! Caso, um dia, cocô seja dinheiro, o pobre, então, nascer irá sem cu! Mas pagarão os pobres, sim! Num rico quem confia?
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BLASPHEMIA? QUEIME-A! [6710]
Bem feito foi, Glaucão! Caricatura mostrou o professor, de Mahomé! Bem feito! Quem mandou? Não sabem que é peccado, porra? Ah, Glauco! Quem attura? Peor foi! Do Propheta, me assegura alguem, não foi mostrada a cara, até possivel! Foi a bunda, meu! A fé islamica não topa gente impura! Algum alumno, claro, se offendeu e logo o professor decapitou! Achei bem feito, Glauco! Tambem sou devoto, mas do Demo! Sou atheu! Não gosto que Satan por um plebeu qualquer seja mostrado! Desenhou um bode certo artista no seu show! Devia ser queimado vivo, meu!
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FURIA CEGA (III) [6711]
Um primo meu commigo sempre via o filme FURIA CEGA, mas a gente torcia para aquelles que, na frente do cego, o bullyingavam todo dia! Achavamos que um cego jamais ia ter forças para agir, ser tão valente assim, poder vingar-se! Mais contente a gente ficaria si elle enfia! Devia, sim, Glaucão, sua bengala mettida no cuzão ser! Mas, primeiro, o cego chuparia, chupeteiro seria dos moleques, esse mala! Quem é que tal heroe, que não se eguala aos normovisuaes, como parceiro encara? Não! Jamais um justiceiro engulo si for cego! Serio falla!
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PREFEITA PERFEITA [6712]
Votavas em mim tu, si candidata eu fosse, meu poeta, à prefeitura? Garanto que eu seria, sim, a pura imagem da mulher a mais sensata! Quem Quem Quem Quem
é é é é
que que que que
uma mandona não accapta? à bonitona amor não jura? ordens não cumpre si eu for dura? evita, mesmo si eu for chata?
Assim eu poderia adjudar, sem problema, aquellas putas todas la da rua, que battalham, que estão ja cansadas de quem dellas dó não tem! E então? Do meu programma desfaz quem? Desfazes tu, poeta? Achaste má a minha adjuda àquella que te irá cuidar quando estiveres sem ninguem?
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FURIA CEGA (IV) [6713]
Tambem conhesci, Glauco, um cego tão briguento, que exigia seu direito! Mas elle se fodeu, e foi bem feito! Levou, sim, de nós quattro, uma licção! Tomamos-lhe a bengala, que ja não foi arma na mão delle! Então, proveito tiramos de seu tragico defeito nos olhos, que o privara da visão! Na cara e tapa, até que e emfim
appanhou muito! Muito murro na bochecha, no nariz, obedesceu, esse infeliz, se adjoelhou! Penou p’ra burro!
Com gosto, Glauco, um trouxa assim eu curro! Sim, teve que chupar! Claro que fiz! Bem feito! O desgraçado ja não diz que enfrenta a gente! Emfim, ficou casmurro!
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THEMAS DE TELEPHONEMAS (IV) [6714]
Alô? Glauco Mattoso? Sou o Freitas! Me explica si é verdade, si é fofoca: Alem de seres cego, és tu masoca? Que quer isso dizer? Soffrer acceitas? És membro, por acaso, dessas seitas satanicas? Quem Lucifer invoca ser cego necessita? Numa toca precisa se enfurnar? Tu te subjeitas? Faz parte, então, da tua condição ouvir, por telephone, essas offensas que nós, normaes, fazemos? Que tu pensas? Sabias que me deste bom tesão? Me deste, sim! Pensei: minha visão é boa, Glauco! Quantas differenças separam-me de ti! Nas trevas densas tu vives! Vejo cores, mas tu, não!
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GOSTO DE POUCO [6715]
Bombom de café, Glauco! Ja pudeste provar? Eu ja provei! Era suisso! Até salivo quando penso nisso! Tem gente em chocolate, só, que investe! Sim, cada bombom vale (Não soubeste?) a nota de mais peso! Ouro massiço! Em bancos tal bombom encontradiço appenas é! Mas fiz meu proprio teste! Peguei um chocolate bem barato, fiz nelle um buraquinho, o qual enchi com pó de café, desses por ahi achaveis baratinhos! Bem... foi chato! Não fica tão egual, vate, eu constato, mas posso, pelo menos, piriry ter, tanto que comi, Glauco! Ocê ri? Por que, si me fartei? Seja sensato!
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THEMAS DE TELEPHONEMAS (V) [6716]
Alô! Quem tá fallando? Cê que é cego? Não tem vergonha, porra? Cê devia pedir esmolla alli no largo! Um dia ainda alli “te” vejo, alli “te” pego! Perdeu a visão? Sabe que esse prego faz parte duma cruz que merescia? Bem feito! Quem mandou pornographia fazer? Acho bem feito, sim, não nego! E sabe duma coisa? Acho que todo pornographo devia ser cegado! Devia, porra! Para meu aggrado, cê deve escutar sarro, porra, a rodo! E sabe doutra coisa? Não me fodo assim porque só fodo como sado! Não faço poesia! Cê ferrado está por causa disso, desse engodo!
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FURIA CEGA (V) [6717]
Paresce que esse cego, Glauco, tinha coragem de empregar sua bengala, alem de caminhar, para accertal-a naquelle que gozando delle vinha! Ainda que estivesse na turminha, na certa appanharia aquelle mala: zombava de que um cego não se eguala ao normovisual! Fervia a rinha! A turma não deixou, porem, barato! Cercaram o ceguinho, que perdeu a magica bengala! Philisteu se torna cada mano, lhe relato! Então, Glaucão, curti muito, de facto! Fizemos o ceguinho, no seu breu, sentir-se inferior! Claro que elle deu chupada, que engoliu dum pau o jacto!
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THEMAS DE TELEPHONEMAS (VI) [6718]
Alô, Mattoso! Ocê que é cego otario? Seu trouxa! Si cê visse minha cara de filho do Diabo, sua tara por pés punha de lado um tão precario! Sou feio mais que a peste! Não é pareo p’ra mim uma caveira! Se compara meu rosto ao dum cadaver que excancara as orbitas, o riso, o vão dentario! No pé tenho um cascão que se diria com cara mais de lixa que de sola! Ainda assim você disse que exfolla a lingua nella, lambe e ‘inda admacia? Ah, tem que se foder, mesmo! Quem ia ter pena dum cegueta que se isola e fica a punhetar-se? Nem dou bolla à sua fracassada phantasia!
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FASHIONISTA PAGA À VISTA [6719]
Sabia, Glauco? Quando você for comprar a sua roupa nova, agora é só por internet e, sem demora, excolhe seu padrão, numero ou cor! Depois recebe em casa! Pode impor seu gosto ou preferencia! Simples, ora! Hem? Como? Quer você ver si vigora num tennis, que terá typico odor? Entendo! Quer um tennis com chulé! Em summa, quer calçado bem usado, surrado, detonado! Do seu lado estou? Seu consumismo sei qual é! Então eu mesmo posso do meu pé tirar e lhe vender o meu calçado! De tennis novo o preço a ser cobrado será! Lhe vendo meia velha, até!
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THEMAS DE TELEPHONEMAS (VII) [6720]
Alô? Reconhesceu a minha voz? Eu mesmo! Se lembrou? Sou o Gonçalo! Você ja foi (Se lembra?) meu vassallo! Ja fui (Está lembrado?) o seu algoz! Lembrou-se ja de tudo que entre nós rollou? Ah, vou querer expiccaçal-o, agora que está cego! Não me rallo, não, nesse puta azar seu, tão atroz! Fiquei um tanto myope, ja preciso usar oculos! Nunca, porem, vou ficar como você! Contente estou sabendo que perdeu o seu sorriso! Meu pé tem calcanhar ainda liso, sabia? A sua lingua ja ficou babando? Se fodeu! Sim! Se frustrou! De novo, Glauco, o rosto não lhe piso!
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UNA GIORNATA PARTICOLARE [6721]
Glaucão, o meu avô sabedoria exhibe, que me deixa fascinado! Com elle jantei hontem e um guisado vovó fez. Que delicia! Que iguaria! Ahi, vovó saber quiz si eu curtia a boia. Quasi eu disse que do aggrado estava, mas vovô, por outro lado, fallou que era de morte e estava fria! Vovó sahiu da mesa, ja chorando. Vovô disse-me: “E então? Você não acha que estou certo? Si approvo, ella relaxa! Assim estou eu sempre no commando!” Sacou, Glaucão? Foi foda! Agora, quando fizer minha mulher uma borracha da carne, ou eu lhe applico uma bollacha, ou ella diz: “Aqui sou eu que mando!”
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FURIA CEGA (VI) [6722]
Às voltas com a vara, a caminhar, o cego topa alguns amigos meus commigo, que não somos bons plebeus. Ficou sem a bengala. Deu azar. Sabendo que ia, às cegas, appanhar, com medo, qual Sansão, dos philisteus, o cego pediu “pelo amor de Deus”. Dissemos então: “Pede p’ra chupar!” Ouvindo gargalhadas, adjoelha, sem outra alternativa. A gente enfia a rolla numa bocca fugidia que irá degustar carne bem pentelha: Sabor que, entende o cego, se assemelha àquelle da linguiça ainda fria. A porra que engoliu paresceria, talvez, algo contrario ao mel de abelha.
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THEMAS DE TELEPHONEMAS (VIII) [6723]
Alô? Quem falla? Glauco? Ora, você está vivo? Pensei que ja tivesse morrido, porra! A gente até se exquesce dum cego nesse enorme fuzuê! Em plena pandemia ha quem lhe dê a minima attenção? Nem sua prece meresce ser ouvida, si eu pudesse dar minha suggestão a Deus com “G”! Um cego deschartavel seja, amigo! Ainda mais agora, que essa peste até p’ra americanos, que teem teste, remedios e vaccinas, é castigo! Me expanta que ‘inda agora cê commigo esteja conversando, que ‘inda eu preste alguma attenção nisso que reveste de gozo o que traz tragico perigo!
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FURIA CEGA (VII) [6724]
Nem sempre fora assim. O cego ja da gente conseguiu se defender. Aquella vara tinha algum poder de quem mil golpes certos sempre dá. Mas, desta vez, não dera. Sua má bengala foi, ao longe, se perder depois de ser chutada. Deu prazer a forra que tivemos. Ouça ca: Tentou as mãos usar. Um ponctapé prostrou-o, sem defesa, na calçada. Ouvindo nossa alegre gargalhada, o gajo supplicou por sua fé. Mas nossa fé satanica não é capaz de dó sentir. Uma chupada deu elle em cada rolla. De pancada por pouco não morreu esse mané.
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THEMAS DE TELEPHONEMAS (IX) [6725]
Alô? Você que é cego? Não, não vou fallar quem sou! Ahi, que tal, velhinho? Quem sabe? Ser eu posso seu vizinho de rua, de edificio... Se tocou? Zoei você na rua! Sempre zoo um cego quando passa! Ja adivinho o que elle sente: raiva! Sou damninho, não sou? Caçoo mesmo! Não perdoo! Ahi, cê ja levou tapa na cara? Eu tenho uma vontade, você nem calcula, de lascar um tapão bem na fuça dum cegueta que me encara! Velhinho, ver um cego olhando para mim como si me visse... Ja me vem vontade de batter! Mas eu, porem, nem batto si consente em chupar vara!
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FURIA CEGA (VIII) [6726]
Bem, tudo começou quando o ceguinho, ainda adolescente, esteve exposto ao sarro dum collega que, com gosto, zombava dum glaucoma tão damninho. O cego reagia, coitadinho, appenas com palavras, mas no rosto, então, era cuspido. Predisposto estava para a forra, ja adivinho. Um dia, percebeu elle que tinha na mão uma arma forte e resistente: a propria bengalinha! Ja valente ficou e confrontou toda a turminha! Nos ares, bastão ia, bastão vinha, brandido pelo heroe! Quem passa rente a alguem que, confiante, enfrenta a gente sem medo de qualquer gangue excarninha?
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THEMAS DE TELEPHONEMAS (X) [6727]
Alô? Mattoso? Quanto tempo, cara! Você vae se lembrar! Sou o Siqueira! Lembrou? Talvez fallar você não queira daquillo que fizera! Cê chupara! Você satisfizera a minha tara chupando direitinho, da maneira que curto! Chupará, ja na cegueira, talvez ‘inda melhor, nem se compara! Fiquei sabendo, Glauco (e prova viva você se torna disso), que quem fica nas trevas melhor chupa alguma picca! E então? A sua bocca ja saliva? Que pena! A quarentena até de toda visitinha? Mas que Daquella scena sadica, tão de engasgos, de engulhões,
lhe priva zica! rica você se exquiva?
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FURIA CEGA (IX) [6728]
Aos poucos, um cegueta assume e entende o jogo que, cruel, na mente rolla de todo felizardo rapazola que enxerga normalmente e não depende. Um joven, caso os proprios olhos vende suppõe-se no logar de quem, na eschola, requer uns privilegios. Ah, não colla alguem que às evidencias não se rende! Os cegos inferiores são! Ahi, o normovisual impõe a sua vantagem, como sadico ja actua, querendo dar licção nesse cricri! O cego, si reage, delle ri a turma. Si, cercado, não recua e quer se defender, em plena rua appanha, chupa paus, bebe xixi!
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BLOGOCULAR [6729]
Blogueiro não fui nunca, mas um dia alguem querer irá, na blogosphera, achar-me, investigar quem fui, quem era, quem sou e quem serei, em theoria. Terei fortuna critica que iria a alguem interessar? Ah, quem me dera! Talvez, junctando tudo, uma gallera saber queira dum cego que escrevia... Eis, pois, um bom motivo para alguem crear BLOGOCULAR, simples archivo de textos sobre quem, ainda vivo, insiste em cantar tudo que não tem: Prazeres, luzes, cores, sons, alem de extranho paladar que, sensitivo, degusta ao versejar. Por este crivo, leitor nenhum meus dados fica sem.
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FURIA CEGA (X) [6730]
Você nunca sonhou, Glauco, com isso? Que sua bengalinha fosse tão incrivelmente magica, que não deixasse um cego fragil nem submisso? Hem, Glauco? Ja pensou que bom serviço tal vara prestaria? Ah, que bastão possante e vingativo! Um valentão fugia de encarar tal compromisso! Jamais sonhou, Glaucão? Ora, por que? Concorda com o sarro que a gallera tirava de você? Tambem, pudera! Só sendo um masochista! Só você! Então eu nem me expanto caso dê a turma aquella curra, ja que fera um cego ser evita! Só chimera, assim, foi o tal filme da TV!
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GLAMOUR [6731]
Glaucão, não ha Quem leva ferro Quem come cu se tirar, nota que
glamour na sodomia! sente muita dor! suja! Quando for é exgotto onde se enfia!
Glamour não ha nenhum, Glaucão! Um dia, dum gajo o cu comi! Dominador pensei ser, disciplina quiz suppor que impunha, que, bem sadico, o fodia! Pheijão tinha comido o tirei o pau de dentro, estava pelas cascas do De quebra, veiu couve!
gajo! Quando coroado virado! Estou fallando!
Lhe juro, cara! Assim, eu no commando não quero mais ficar! Me desaggrado com tanta porcaria! Só sou sado, agora, com você, cego nefando!
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NITAZOXANIDA [6732]
Vermifugo funcciona, Glauco! Não lhe fallo? Sim, alem de na lombriga agir, evita tudo que castiga a gente, essas doenças! Tantas são! Funcciona na bronchite, rouquidão, cystite, cancer, pedra na bexiga, nos rins ou na vesicula! Ha quem diga que instiga, num gagá, novo tesão! Pois é, Glauco! O governo ja comprova com graphicos e tudo! Não lhe fallo? Agora só lhe resta, sim, tomal-o e sua visão volta! Boa nova! Tomou? Não funccionou? Você reprova a droga? Até ja dose de cavallo usou? Não pisarei mais no seu callo! Se queixe, então, num motte, numa trova...
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FUMAÇA PARA A MASSA [6733]
Será a celebridade illusão pura? Nos seculos passados, quem ficasse famoso mal expunha a sua face a uns poucos que entendiam de cultura. Ainda assim, bem celebre perdura a fama do Marquez ou dos da classe dum Dracula, dum Socrates. Ja nasce a gloria, agora, duma só loucura: Milhões são, pelas redes sociaes, levados a saber de quem só faz, em publico, um cocô fedido, mas ignoram quem cagou, ja, muito mais. Alguns appenas deixam que seus paes, amigos e parentes saibam das cagadas que fizeram... Mas as más noticias correm rapido, banaes.
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TRENDANDO E CANCELLANDO [6734]
Não quero saber, Glauco! Eu assassino, massacro, sim, qualquer reputação! Sou influenciador, você ‘inda não notou? É claro! É cego, né, menino? Si fosse seguidor, eu imagino que iria dar razão, na lacração, a tudo em que, trendando, metto a mão! Rapaz, como você ficou cretino! Não lacra, não descurte, não cancella? Seu tempo não occupa, ja, todinho, nas redes sociaes? Ah, não, velhinho! Você vae se ferrar na nossa tela! Hem? Como? Não se importa? Ah, é? Só zela por sua poesia? Meu damninho poder você desdenha? Ah, subjeitinho da porra! Para a gente nem dá trella!
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DOIS EM UM [6735]
Ah, deixe eu lhe dizer: não é por nada, Glaucão, mas é gostoso paca quando estou minha barriga alliviando e o peido sae no meio da cagada! É muito mais gostoso, camarada, peidar assim! Os gazes, borbulhando, excappam, e não acho nada brando o cheiro que, nos bares, desaggrada! À mesa, dos amigos si me ausento, ja sabem que estou indo, no banheiro, cagar sem culpa alguma! Alguem do cheiro reclama? Abra a janella! Haja mais vento! Quem acha meu dejecto fedorento mais alto vae chiar caso, primeiro, eu peide ainda à mesa! Alvissareiro momento em que me tranco e la me sento!
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VELHA ABNORMALIDADE [6736]
Irás tu te foder, Glauco! Si estavas, ja cego, preso em casa, vaes ficar ainda mais trancado nesse lar amargo, de mil trincos, de mil travas! Amigos te mandaram para as favas ja desde que ficaste cego! O par de tennis que te deram deve estar sem cheiro, tanto faz si não o lavas! Terás que masturbar-te sem signal de vida algum! Ninguem mais te visita! Ninguem te liga! Alguem diz que te evita a todos, e elles fallam de ti mal! Que esperas? Nem siquer teu funeral terá presença! Ah, tragica, maldicta missão, a tua, Glauco! Um parasita te tornas no fatal “novo normal”!
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COMEDIA DA MEDIA [6737]
Saber quer, cego? Ousei e nada temo! Meu nome encaminhei e me proponho a ser sabbatinado por um sonho: Eu quero ser ministro do Supremo! Curriculo não tenho, com extremo escrupulo, que seja tão medonho, terrivel ou sectario... Me envergonho, até, de não ter pacto com o Demo! Mas, Glauco, quem curriculo não tem inflado, bricollado, turbinado? Importa que eu, nas theses, um aggrado a todos faça, armando um nhenhenhem! Direi, na sabbatina, que ninguem ser preso pode, sendo deputado, juiz ou senador! Por outro lado, os pobres teem direitos, sim, tambem!
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QUAR HORROR [6738]
Não achas tu, poeta, a quarentena propicia para scenas de terror? Suppondo um solitario morador em casa à noite, logo vês a scena: O gajo, ou a velhinha (Não dá pena?) não compta com ninguem! Seja quem for que escute seus appellos, vae suppor que enlouquesceu por causa assaz pequena! Comtudo, de phantasma a casa cheia ficou de quem esteja, alli, sozinho! Ouviu horriveis berros o vizinho, mas não imaginou coisa tão feia! O cheiro de carniça, que empesteia a rua, allerta para tão damninho effeito dos remedios e do vinho em quem na assombração, carente, creia!
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PUXAÇÃO EM DISCUSSÃO [6739]
Naquella radio o publico procura motivos para riso. O locutor, um “puxa” assaz fanatico, propor quer uma approvação da dictadura. Debatte elle com outro que ja jura ser fan do capitão, cujo fedor sentiu, dos pés, de perto. Oh! Louco por seu lider mais ficou. Devoção pura. Terceiro dá no pappo o seu palpite: do lider lamberia a suja bota. Um quarto, ouvinte lucido, ja adopta um tom mais moderado no que emitte: Propõe somente, em scena, que se cite a cara de galan desse idiota. Assim na puxação tem cada quota os astros dum vehiculo de elite.
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BROCHANTE GOVERNANTE [6740]
Você ficou maluco, Glauco? O povo approva as dictaduras! Cidadão nenhum quer presidente que questão não faz da auctoridade e não tem ovo! Eu nunca por frescuras me commovo do typo mil direitos, eleição directa, liberdades aos que não respeitam leis! Do circulo os removo! Não, Glauco, ora! Bandido não meresce direitos, muito menos os “humanos”! Dum lider precisamos, cujos planos contemplem, em essencia, a nossa prece! Appenas um regime que tivesse total intolerancia com os “manos” que tocam o terror, esses maganos damninhos, tal tesão fará que cesse!
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PROCEDIMENTO ESTHETICO [6741]
Morreu mais uma, Glauco! Foi bem feito! A prothese evitou, por ser mais cara, e poz um silicone porco para encher a bunda! Alli morreu, no leito! Logar mais clandestino não acceito siquer imaginar! Nem se compara à clinica que interna, applica, ampara e pode soccorrer nalgum mau jeito! Mas ella preferiu um silicone qualquer, industrial! Encheu daquillo os gluteos! Se fodeu! Estou tranquillo si xingo quem taes bundas ambicione! Bundudo não sou, Glauco, mas insomne não fico, não, por isso! Meu estylo é leve, longilineo! Quem curtil-o quizer, venha appalpar-me! Imito um clone!
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FORMIGAMENTO SOCIAL [6742]
Sim, meu avô contou. Durante aquella fatal grippe hespanhola, havia gente capaz de creoulina, simplesmente, passar no corpo todo, sem sequela! Assim, veja você, quem é que rela num gajo tão fedido? Ninguem tente siquer se approximar desse indigente! Si effeito fez, quem é que me revela? Mas, nesta pandemia, não funcciona nem mesmo de cocô tomar um banho! Na rua a turma passa perto, o ranho assoa, tosse, expirra... Maior zona! A turma ja agglomera, seu corona expalha, sem a mascara! Que extranho gostinho de enturmar! Eu não me assanho com isso, Glauco! Ousar não me emociona!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
MUVUCA DUCA [6743]
Voou cadeira, Glauco! Uma accertou nas minhas costas! Quasi desmaiei! Aquelle bar está fora da lei faz tempo! La ninguem quer fazer show! Mas, tolo que sou, fodo-me, sim, dou a mão à palmatoria! Alguem de gay xingado foi, de bicha, ja nem sei que mais, e comprou briga! Ah, si rollou! Rollou pancadaria, mas da grossa! Quebradas, as garrafas armas viram! As scenas que, poeta, alli se viram são coisa de cinema! Minha nossa! Glaucão, no chão cahi! Sem fazer troça lhe juro que pisaram, que insistiram pisando-me na cara! Alguns ja piram pensando nisso, né? Goze quem possa!
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PROPOSTAS DE CAMPANHA [6744]
Prometto pelos cegos trabalhar, senhor Mattoso! Os cegos sabem que eu origem tenho simples, de plebeu, e posso, sim, de falla ter logar! Enxergo bem, mas uso, sim, meu par de bellos olhos vendo os que no breu estão! Sou candidato que perdeu, ja, varias eleições, mas vou voltar! Preciso, seu Mattoso, do De todos os ceguinhos eu Hem? Como? O senhor acha usal-os e sahir, lindão,
seu voto! preciso! que só viso na photo?
Mas... Como descobriu qual manha adopto? Ah, é? Tem dom masoca? Acha que eu piso e curto dominar? Ah, faz juizo assim de mim? Vidente é, sim, eu noto!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
SIMPLE MAN [6745]
Sou como todo mundo, Glauco! Quando mamãe me disse “Filho, eu estou brava comsigo! Maltractar não precisava a sua mulher!”, pouco fui ligando! É coisa muito simples: no commando estou eu, Glauco, e prompto! Minha escrava é toda mulher! Ella limpa, lava, cozinha, abre a boquinha e vae chupando! Um homem complicado nunca fui! Não fico cogitando de elevada polemica politica, nem nada! Sou homem que riquezas não possue! É simples: a mulher se prostitue ou casa-se! Casou, escravizada será! Sempre escravizo, Glauco, cada esposa! Chia? A gente substitue!
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DIFFERENÇA QUE COMPENSA (I) [6746]
Estive ca pensando, Glauco... Os taes ceguinhos, cadeirantes, alleijados, emfim, “deficientes”, uns coitados não são, porra nenhuma! Não, jamais! Sim, soffrem preconceito, de seus paes, até, sim, dos amigos mais chegados aguentam gozação! Todos os lados olhemos da questão! Somos normaes! Vocês nos dão trabalho! Nós pagamos imposto, os sustentamos por tabella! No minimo, vocês merescem bella desforra nossa, Glauco, convenhamos! Merescem ser pisados! Somos amos; vocês, escravos nossos! Quem me fella podia ser um cego, um magricella perneta! Mas sou hetero, ora, vamos!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
DIFFERENÇA QUE COMPENSA (II) [6747]
Bah, Glauco! Convenhamos! De eugenia ouviu você fallar! Não estou certo? O mundo ser devia dum experto, dum forte, dum saudavel! Não devia? Os taes “deficientes”, minoria que são (vou lhe fallar de peito aberto), deviam ser é mortos! Mas allerto que pode isso rollar, sim, qualquer dia! Você não preferia ja ter sido barrado desde cedo? Quem iria sentir falta dum cego? Mas servia, talvez, como um escravo, si eu decido! Poupado da “limpeza”, não duvido que iria se exforçar na serventia, qual cego massagista, putaria inclusa! Até que fica divertido!
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MY WALKING SHOES [6748]
Meu tennis não me serve mais, Glaucão! De tanto caminhar, ficou meu pé inchado demais! Logico, não é? Terei que comprar outro, meu irmão! Eu era magro, Glauco! Nunca tão gordinho fiquei! Acho que eu até andei comendo menos! A ralé mais come do que eu, nessa condição! A crise não tá facil, cego! Ja que tem você fetiche por pisante usado, um que chulé guarde bastante, que tal de mim compral-o, meu? Não dá? Você me paga um novo! Então terá motivo para achar que se garante por muitas punhetinhas que, durante a sua quarentena, são mannah!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
DISCURSO DE ODIO [6749]
Uns acham que brigar é creancice, mas ja peguei collegas no recreio! Sim, Glauco, dizer posso que te odeio! Que mais posso dizer, que ja não disse? Si tu pudesses ver, si alguem me visse socar alguma cara, bem em cheio, iria me temer! Eu não receio que pensem que só faço canalhice! Mas curto, sim, batter em gente cega e tu meresces golpes do meu braço! Ah, Glauco, si te pego no pedaço, serei quem a Satan tua alma entrega! Que sou capaz de tudo ninguem nega! Odeio o teu espirito devasso! Comtudo, nada arrisco, nada faço, pois sei como uma praga cega pega!
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PARIAH COM ORGULHO [6750]
Eu moro no paiz mais viralatta, poeta! Assim tambem você não sente? Orgulho-me de ser esse indigente que chamam “brazileiro”, bem na latta! Mais alto não consinto que alguem latta, pois sou de estimação do presidente, que muito bem me educa! Ah, ninguem tente batter nelle! Não, nelle ninguem batta! Cachorro sou, Glaucão! Você me entende? Nós temos que encarar nosso destino! Assim como você, só me imagino aquelle que dum dono mais depende! A gente comida, comemos dizendo
para todo o mundo vende mas producto bem canino na ração! Aqui termino, que qualquer lixo nos rende!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
CEGO EM PISOTEIO [6751]
Morri de rir, Glaucão, daquelle inglez que foi pisoteado pelo gado! Que estupido, ora! Foi o resultado da falsa liberdade de vocês! Vocês, sim, caro Glauco! O que elle fez, tambem cegueta sendo, foi gozado por todos que passavam! O coitado ferrou-se! E vae chegar a sua vez! Quiz elle passear com seu cão-guia em area rural, onde cada vacca exige seu espaço! O tal babaca passou na frente duma! Ah, quem não ria? Penou nos pés da vacca! Quem diria? Illeso o cão sahiu, mas foi de maca levado o cego! Todos riram paca! Não posso rir tambem? Ah, você chia?
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PREMIO CAMÕES [6752]
Foi Victor Aguiar e Sylva quem ganhou o premio maximo da nossa amada lingua. Dizem, não endossa a nova orthographia. Faz mui bem! Mas “Vítor” elle assigna, veja, alem de “Silva”! Concordar haja quem possa! Depois elles não querem que da troça ser victimas consigam! Graça tem! Você, que assigna Sylva no civil, Mattoso seu pseudonymo bem cria com duplo “T”! Portanto, orthographia defende, coherente, no Brazil! Por isso o não premiam! Ser subtil jamais foi o seu forte, Glauco! Um dia alguem perceberá que poesia tambem pode ser these, ‘inda que vil!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
SWAMP MUSIC [6753]
Glaucão, eu ensignei o meu bassê a, caso um cego veja, lhe rosnar! O cego, ao assustar-se, seu radar ja perde e que é feroz meu cão ja crê! É muito divertido, meu! Você se expanta? Aqui no brejo, vacillar implica cahir n’agua! Salutar não é, pois que está suja a gente vê! Mas latte-lhe o cachorro! O cego salta! Fugir, desesperado, o gajo tenta e, logo addeante, cae na lamacenta lagoa! Não se affoga, mas só falta! Ainda de bassês formo uma malta só para appavorar quem se lamenta da perda da visão! Acha que penta sou, Glauco? Sou cruel, ou só peralta?
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CEGO EM TIROTEIO [6754]
Aqui nesta favella a gente mora com tudo que é cagão na vizinhança! Um cego eu excolhi! Commigo dansa na marra! Ah, dou risada a qualquer hora! O cego percebi que se appavora com tiros, sente medo da mactança diaria das facções! Como creança brincamos com tal scena! A turma adora! Ao ar nós disparamos que vemos o ceguinho sozinho, de bengala! se juncta, a rir, um
toda vez caminhar Alli no bar monte de freguez!
Depois procuro o cego, que ja fez um curso de massagem, e folgar meus pés nas suas mãos vou! Nem pagar eu pago, Glauco! O cego foi cortez!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
PERFECCIONISMO NO EVOLUCIONISMO [6755]
Glaucão, o Creador bollou o cão depois de se inspirar numa figura mais proxima: a do lobo, cuja dura feição de ser feroz deu impressão! Depois pensou melhor... A cara tão feroz ter poderia mais ternura! Assim o labrador creou, fofura que todos reconhescem no portão! Mas era muito grande e não cabia nas camas, nos sofás... Ahi se edita o cocker, com orelha mais bonita e longa, perfeição que se elogia! Ainda descontente, Deus, um dia, consegue superar-se: encurta a dicta “pattola” que, entortada, a delle imita! Allonga o corpo... e prompto! Um basset cria!
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GIMME THREE STEPS [6756]
Trez passos! Era tudo que eu, naquella noitada, precisava, Glauco, para cahir fora! A menina amei dum cara armado, que à procura estava della! O gajo me enquadrou e disse “Fellow, ahi, para morrer tu te prepara! Na minha mulher ias metter vara? Então eu tenho chifre? Ella é cadella?” Morri de medo! Disse que era enganno, mas elle explicitou seu ultimato: Morrer si eu não quizesse, ser de facto um corno quiz o gajo! Serio, mano! Deixei que p’ra manga Depois que livrou-me!
elle chupasse meu pau, panno dei... Lambeu o meu sapato! gozei, elle foi cordato: De ser macho ja me uffano!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
SHIT SHIP [6757]
Cruzeiros são romanticos, Glaucão? Você não acha, né? Porem tem gente que achava, até que esteve num! Quem sente doer sua barriga dá razão! Tremenda caganeira a bordo não é caso para riso! De repente, mais outro caga molle e, finalmente, o surto se expalhou! Todos estão! Privadas não dão compta ja de tanta fecal lama fedida! Arre! Imagina você como tal cheiro contamina, inteiro, um transatlantico? Quem janta? Quem lancha? Quem almossa? Na garganta a gente sente enjoo, que culmina no vomito! Só falta, sem vaccina, a peste do corona! Quem se expanta?
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GAZOSA COR DE ROSA [6758]
Quem toma guaraná, Glauco, si for rosado o popular refrigerante, na hora vira bicha! Quem garante é o proprio presidente! E quiz se expor! Tomou, e foi em publico! O sabor talvez seja gostoso: tem bastante assucar, Glauco! O poncto que, importante, pegou foi da bebida aquella cor! Então qual deveria ser, de macho, a cor da beberagem? Hem, Glaucão? Azul, como o licor? Vermelho, não! Nos lembra communismo! Outra não acho! Você suggere verde? Espere! Excracho não fica aos militares? Só limão à mente vem... Sim, vinho! Mas, então, um macho o cu dar pode: está borracho!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
BIPOLARIZAÇÃO [6759] (para Diego Tardivo) Chamavam de psychose, Glauco, sim, maniaco-deprê! Sou “depressivo”! Agora a coisa chamam, sem motivo algum, de “bipolar”! Pobre de mim! A cura do “transtorno”? Nada! A fim estão de complicar! Eu só me privo das festas, dos prazeres, compassivo commigo mesmo, ou seja, “deu ruim”! Dependo de remedios cada vez mais caros, mais inuteis... Uma droga, emfim, si com palavras alguem joga... Ao menos dum allivio sou freguez! Mas tu, por outro lado, de surdez devias, ja que és cego, soffrer! Roga aos céus, pois peorar podes! Affoga as magoas na bebida! Agora vês?
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NEUROSE DA COVIDOSE [6760]
Pô, Glauco! Todo dia chega alguem contando que morreu mais um daquella maldicta “covidose”! Se revela, de facto, bem lethal o virus, hem? Peguei, sim, Glauco! Leve foi, porem, a coisa, pois não tive nem sequela! Foi “uma grippezinha”, si dar trella nós formos ao governo, com desdem! Mas juro, torci para que ninguem pegasse, só os politicos! Que bella limpeza, si morressem! A favella podia festejar, por cento, cem! Mas nem Jardim Tostão, Villa Vintem, nem Campos de Infernopolis parcella tiveram de curados! Mortadella total! Só pobre morre! Extranha quem?
DISSONNETTOS DESABRIDOS
MISSISSIPPI KID [6761]
Ah, Glauco, si o moleque é do Capão ou la da Zona Leste, não se metta com elle, pois quem delle enfrenta a treta a cara quebra, accaba alli no chão! Moleque da peripha você não provoca sem livrar-se da vendetta! Naquella parte escura do planeta a turma não tolera a discussão! Tentei argumentar com um pivete que estava armado, Glauco! Me fodi! O tal gajo obrigou-me, bem alli na rua, a lhe pagar brutal boquette! Por isso sempre digo: quem se mette com essa meninada até xixi accaba por beber! Eu ja bebi! Hem? Pense nisso, caso se punhete!
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POISON WHISKEY [6762]
Poeta, a gente vê tanta cachaça na praça, artezanal, uma amarella, às vezes branca, azul... Porem aquella vermelha de veneno, meu, não passa! Meu pae, que era briguento, um bom reaça que encrenca procurava, aquella bella cachaça tomou sempre e mattuschella ficou, até morrer! Uma desgraça! Quiz elle que eu tomasse essa bebida mortal, a tal da pinga vermelhinha, mas sempre preservei, poeta, a minha cabeça bem pensante nesta vida! É verde meu absintho, Glauco! Olvida você que todo bardo, nessa linha maldicta dos francezes, não definha por causa duma dose bem servida?
DISSONNETTOS DESABRIDOS
BROCHA DE GALOCHA [6763]
Um velho? De pau duro, mesmo? Mas... Não é possivel, Glauco, pois ninguem, depois de septentão, de facto tem tesão, como si fosse ‘inda rapaz! Os machos só se gabam, mas em paz deixaram seu caralho siquer sem tentar uma punheta, assim que vem a phase de impotencia mais tenaz! Na lenda sempre insistem! Aos septenta, ninguem mais enduresce seu caralho! Você não corrobora? Acha que eu falho na analyse e trepar ainda tenta? Você ficou tão chato! Quem aguenta um cego que quebrar o proprio galho consegue só lambendo o que, em frangalho, eu calço, cujo cheiro lhe enche a venta?
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CARAS E BOCCAS [6764]
Sabias que podolatra foi Andy? Sim, Andy Warhol, Glauco! Verdadeiro amante dos pezões dalgum rockeiro do typo do Lou Reed, um pé bem grande! Pequeno, sim, tambem! Como chupou o pé do Jagger! Mas fez photo delle e Keith em registro, cuja lenda ja se
uma glande primeiro chupeteiro expande!
Verdade, Glauco! Photos mostram Jagger lambendo o pé do Keith! Este, então, faz de nojo certa cara, mas tem gaz, tambem, para lamber, e expalha a saga! Querias tu chupar um pé que paga o pato de ter sido dum rapaz que Warhol ja flagrou em tão mordaz e oral photographia? Agguarda a vaga!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
RESPOSTA IMPLICITA [6765]
Foi praga dum podolatra, no duro! Bob Marley recusou que seu pé chato lambido fosse pelo fan! Foi facto por mim testemunhado, Glauco, juro! Jogar foi futebol e fez um furo no pé, que se aggravou porque, eu constato, teimou em recusar soccorro! O ingrato metteu-se num fatal, num puta appuro! Morreu por causa disso! Si tivesse deixado o pezão chato, na lambida sagrada do seu fan, ver decidida a sorte, dispensava qualquer prece! Você tambem, Glaucão, que não se exquesce dos idolos... Lambida que decida chegou a dar num desses pés na vida? Curar ja quiz um Marley, si pudesse?
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MEMPHIS [6766]
Alô? Telephonista, por favor! Estou de informação necessitado! Fugiu-me um de menor e estou, coitado de mim, sem meu michê dominador! Na lista telephonica si for olhar, procure expertos: um soldado, um mano office-boy, um com solado bem gasto na botina, a se dispor! Achando um que a pisar se dispuzer, favor me dar seu numero do phone, da bota, até do tennis que detone de tanto caminhar a fim de affair! Desculpe, senhorita, mas mulher não serve! Tem que ser quem posicione um cego no logar e de Cambronne prefira a palavrinha no mester!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
TUTTI FRUTTI [6767]
Eu tenho mil garotas, Glauco! Minha piroca tem assucar! Namorada ja tive que ficava hallucinada chupando o pau de pessego que eu tinha! Com outra de maçan bem azedinha sabor eu puz na rolla! Não ha nada mais lubrico, Glaucão, para a chupada! Fedor? Bem... Ja fedi bella morrinha! Com outra puz sabor mais salgadinho debaixo do prepucio: um gorgonzola melhor é que acerola ou carambola! Ficou delicioso o meu sebinho! Então, Glaucão? Você, que bom ceguinho se diz, em mil sabores não exfolla a lingua? Sabe como minha sola degusta a namorada? Com carinho!
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WHAT’D I SAY [6768]
{Ahi, Glauco! Repita O cego tá fodido!} O fodido! {Boa! A foda castigo!} Lhe será a
aqui commigo: cego tá lhe será foda castigo!
{Não, Glauco! Não inverta! Quando digo que deve chupar rolla, você ja repete: “chupar rolla”! Não, não dá p’ra ser “rolla chupar”, sinão eu brigo!} {Agora de Ray Charles eu assumo o posto! Vou fallando e você só repete! Entendeu? Vamos, no gogó! Repita assim: “Eu quero levar fumo!”} Eu quero levar fumo! {Optimo! O rhumo do nosso pappo ouriça! Agora tó! Me chupe esse caralho, seu bocó! Assim que eu gosto! Offegue, que eu irrumo!}
DISSONNETTOS DESABRIDOS
UNCHAIN MY HEART [6769]
Ahi, poeta! Alguem, um lindo dia, seus braços ja admarrou? Pois eu lhe digo: Você mais soffreria si commigo brincasse! Mais lambadas levaria! Seria accorrentado! Sim, seria aptado com grilhões! Sabe? Eu consigo gozar melhor si ponho de castigo alguem que nas correntes me ecstasia! Um cego bem se presta ao meu deleite, pois, sem usar os braços, mais me fica de jeito para nelle metter picca! Mais curto, Glauco, caso não acceite! Si pede elle “Me solta!”,p’ra que estreite ainda mais a argolla me dá a dica! Mais pede, mais aggravo sua zica! E engole, quando exporro, todo o leite!
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REVIRAVOLTA NO QUARTEIRÃO [6770]
Glaucão, conhesço um gajo que ensignara seu cão de rude estirpe, que lattia a todo pobre cego que, com guia ou sem accompanhante, expunha a cara! O cego, ouvindo o cão, brandia a vara, mas não affugentava a fera! Ria quem por alli passava! A covardia causava a diversão de quem repara! Chegava o porte Um dia, ao caso
raramente a morder, mas do cachorro dava medo! certo bardo novo enredo dá: biscoitos elle traz!
Amigo o cachorrão ficou e más não tem mais intenções! Ja desde cedo agguarda a mão do bardo! Ou é meu ledo enganno, ou é você que fama faz!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
NEVER DREAMED YOU’D LEAVE IN SUMMER [6771]
Pensei no Stevie Wonder quando quiz voltar à adolescencia, comparal-a à minha primavera. Mas quem falla das flores, sem as cores, é feliz? Lembrei-me do verão, que não condiz com perdas de visão, mas para a valla commum foi o calor, que não se eguala aos frios tempos, negros na matiz. Bem, hoje meu outomno ja perfaz seu cyclo, desbotando um pouco mais aquillo que recordo: de meus paes, irmãos, velhos amigos, dum rapaz... Emfim, o meu hinverno só me traz, das dores previsiveis, os signaes: mais trevas, mais insomnia, as taes fataes doenças e, na crença, Satanaz.
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HEAVEN HELP US ALL [6772]
Accuda Zeus quem anda pela rua à noite, sem ter casa nem comida! Accuda Zeus quem batte, quem revida, quem outras raças pune e salva a sua! Accuda Zeus quem come, quem jejua, quem tenta se mactar, quem ama a vida! Accuda Zeus quem fia, quem duvida, quem segue ensignamentos mas recua! Accuda Zeus menores que Accuda Zeus appenas “um
as rosas numa guerra, maiores não serão! quem faz duma nação affecto que se encerra”!
Accuda Zeus quem sente dor e berra, quem mudo sente e pensa a prece em vão! Accuda Zeus quem fica sem visão mas rei não tem, caolho, nesta terra!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
DUPLO ESTUPRO [6773]
Si filha minha a cara quer encher aguenta as consequencias, Glauco! O cara que bebe e que dirige se depara com todos os perigos, quiz correr! Eu acho que você tem o dever de vicios evitar! De quem tem tara é victima a menina? Foi bom para aquella puta bebada apprender! Beber, hem, quem mandou? Foi estuprada? Bem feito! Mais eu digo! De castigo ainda a ponho! Vae se ver commigo! Ainda nella caio de pancada! O gajo que estuprou a desgraçada? Fez muito bem, caralho! Não consigo pensar doutra maneira, meu amigo! Discorda você? Escuto, porra, cada!
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INFRA FRATERNAL [6774]
Eu acho que esse Stevie Wonder é bomzinho demais, Glauco! Sim, deseja a adjuda dos céus para quem rasteja aos pés de quem o chuta! Ahi até... Mas elle tambem mostra alguma fé na força protectora a quem esteja chutando o rastejante e que festeja a queda dum rival sob o seu pé! Será que Stevie exhibe piedade appenas na canção, ou é, de facto, humilde e piedoso? O que constato é que não foi seu mano tão confrade! Um outro negro nunca, Glaucão, ha de poupar da bicca alguem que em seu sapato exfregue e fira a lingua! A tão vil acto você mesmo offegou, graças a Sade!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
EM SCENA SEM PENA [6775]
Assim! Agora fica assim, até que eu filme, nesse piso, o teu rastejo! Rasteja mais, ceguinho, pois, sem pejo, filmar-te quero! Beija, aqui, meu pé! Teu riso para a camera, sim, é ironico o bastante! Eu, que bem vejo, irei satisfazer o meu desejo de rir dum cego, nelle dar olé! Agora vaes comer esse cocô ahi, nessa tigella à tua frente! Rasteja! Pelo cheiro um cego sente que está ja bem pertinho delle, pô! Sentiste? Então performa teu pornô papel! Ora, abbocanha! A minha lente bem capta a porca scena de teu dente mordendo o meu cocô! Come, vovô!
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I’M SORRY [6776]
Sim, fiz que ella pedisse, que implorasse! Ousou me contestar, Glauco! Quiz ella usar um outro pratto, outra panella! Salada fez de vagem, não de alface! Um tapa dei! Mandei que sua face esquerda me virasse! Dei-lhe bella, sonora bofetada! Ah, que cadella! Então fiz que a direita me virasse! Pedindo piedade, de joelho, mandei que ella ficasse! Meu perdão só dei quando lambeu o meu dedão do pé! Depois lambeu mais um artelho! E então, Glaucão? Você tambem parelho se julga à cadellinha? Quer, então, tambem pedir perdão? Ah, não dou, não! Verseje mais o motte, eu acconselho!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
PALAVRORIO NO SANATORIO [6777]
Tarados entre si manteem contacto: tem sadico, masoca, até assassino, zoophilo, necrophilo... Termino com um pyromaniaco cordato. “Que tal fazermos sexo com um gatto?”, diz um. “Mas tortural-o tambem!”, fino, diz outro. “Sim! Mactal-o bom destino tambem seria!”, adduz um mais sensato. A vez é do necrophilo, que diz: “Tambem, depois de morto, vae a gente fazer sexo com elle novamente, né, turma?” Ao suggerir, sorri, feliz. Foi o pyromaniaco quem quiz, depois de tudo, um fogo bem ardente no gatto pôr. Por ultimo, um contente masoca diz “Miau!”, sem mais ardis.
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DEPOSITO DE PROPOSITO [6778]
Graphava que “o Brazil é de quem USA e quem USA sou EEUU” a pichação dos annos sessentistas! Hem, Glaucão, você se lembra della? Achou confusa? Ainda de “colonia” alguem accusa as nossas relações com a nação de cyma... De você, Glauco, que é tão sensato, pedirei que mais adduza! Então acha você que era mais grave que simples influencia cultural? Maior risco corremos? Sim? Mas qual? Virarmos um appenso, um grande enclave? Virarmos plataforma duma nave atomica qualquer, espacial? Virarmos um immenso bananal? Lixeira? Ah, Glauco, seja mais suave!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
MENSAGEM DA LINGUAGEM [6779]
Cigarro (Não sabias tu, poeta?) faz bem para a sahude! Quem o nega visão tem do teu typo, sempre cega, alheia ao que, de facto, nos affecta! Punheta, sim, problemas accarreta ao cerebro, pois, como o meu collega blogueiro nos ensigna, descarrega veneno que os neuronios desconnecta! Portanto, tens, Glaucão, que levar fumo, tragar e suffocar-te, sem perigo! Si duvida tens disso que te digo, presume tal e qual como presumo! Em vez de punhetar-te, melhor rhumo será que tu me chupes e commigo convenhas que meresces tal castigo! Questão só de linguagem, em resumo!
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WOODSTOCK [6780]
Eu fico revoltada, Glauco! Fan serei da Joni Mitchell sempre, mas se exquesce ella que sempre intenções más os homens teem comnosco! Manos? Han! Jamais eu fui tractada como irman no circulo dos hippies! Um rapaz daquelles só queria ter chartaz commigo, feito um rustico galan! Dourada geração? Coisa Quer elle só foder uma mais uma, mais e mais! a lista de bocetas que
nenhuma! menina, Nunca termina elle arrhuma!
Magina si é possivel que elle assuma a pecha de machista! Ai da vagina que com outra vagina bem combina! Mordido de ciumes, elle espuma!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
CONSELHO MATERNO [6781]
Não, Glauco! Si ganhar meu opponente, accuso de ser fraude eleitoral a coisa como um todo! Só normal eu acho si em mim vota muita gente! Não, Glauco! Perdedor não ha que aguente perder sem reagir! Ao tribunal irei eu recorrer! Quero ver qual juiz dum fraudador cheiro não sente! Si, mesmo assim, ninguem de vencedor chamar-me, Glauco, então que mais me resta? Só ver o meu rival fazer a festa? Jamais! Eu não supporto tanta dor! Mamãe dizia: “Quando você for queixar-se, siga aquelle que protesta: as calças tire e pise em cyma desta roupinha de bundão, cause furor!”
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TORTURA PSYCHOLOGICA [6782]
Que tu ficaste cego, ó Glauco, disso a gente está cansada de saber! Comtudo... -- Ó raios! -- Deves ter prazer com teus outros sentidos! Pensa nisso! Exemplo: o chocolate que, suisso, eu como no momento pode ter, de grosso, uns dois centimetros! Comer um destes tu devias! É massiço! Tu queres outro caso? O do puddim de leite condensado que, esta tarde, comi inteirinho! Julgas que covarde estou a ser comtigo? Como assim? Verdade? És diabetico? Ruim destino, o teu, Glaucão! Teu nariz arde, aromas percebendo, mas azar de quem só cheira, affastado do festim!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
SAVOY TRUFFLE [6783]
Lobato, em REINAÇÕES DE NARIZINHO, enganno salvo, falla desse doce gostoso, gostosissimo, qual fosse o mais mais mais do mundo, sim, todinho! Commigo ca, Glaucão, eu ja adivinho que deve ser aquelle que me trouxe vovó nos meus anninhos! Accabou-se no mesmo dia, como lhe escrevinho! Mas “quanto mais comia, mais sobrava”, contava-nos Lobato do puddim! Alguma coisa errada, para mim, ha nisso! Hoje a vontade volta, brava! Você de puddim gosta, Glauco? Grava tambem a phrase delle? Nunca vim, ao certo, a saber si elle estava a fim de sarro tirar quando se babava!
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CONVERSA PRIVADA [6784]
Desculpe, Glauco! (rindo) Vou agora cagar, mas volto logo! (tempo) Prompto, voltei! Você notou que dou descompto de cinco minutinhos? Sem demora! Você, para cagar, Glaucão, tem hora marcada? Soffre muito? Fica tonto de tanto se exforçar? (rindo) Ou affronto algum pudor si indago si cê chora? Eu cago normalmente! (rindo) Mas desculpe novamente, pois preciso cagar outra vez! (tempo) Sempre biso a minha cagadinha, meu rapaz! Hem, Glauco? Ja cagou? (rindo) Cê faz tamanha força para nada? Quiz o destino que difficil seja! Adviso lhe dou: rezar! A Deus? Não! Satanaz!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
ADULTESCENTE [6785]
Passei dos trinta anninhos... E dahi? Ainda moro, Glauco, com meus paes e nisso não achei nada de mais! Ja muita gente nessa phase vi! E sabe, Glauco, duma coisa? Aqui em casa todos acham naturaes meus habitos, faz tempo, pois são taes manias as que sempre eu exhibi! Meu quarto na maior bagunça fica! Bem alto ouço uma banda barulhenta! Emprego nunca achei, mas me sustenta aquella mezadinha nada rica! Sebinho Largada Ninguem excepto
se junctando vae na picca! fica a meia chulepenta! o meu relaxo mais aguenta, ‘ocê, que versos me dedica!
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NEM NEM [6786]
Não, vate, eu nem trabalho, nem estudo! Agora lhe pergunto: para que, si tenho meus paes vivos? E você bem sabe que eu vou delles herdar tudo! Si nesse meu character eu não mudo, não chego, veja, a ser como um bebê que fraldas suje e banho mamãe dê na bunda dum rapaz grande e barbudo! Mas, Glauco, o caso é simples: disso nada impede que meu tennis um chulé exbanje, quando o tiro, que café nenhum supera aqui, meu camarada! Nem ahi estou! Nós que lava as minhas cuecas exporradas! que irá lavar meus
temos empregada meias, lava até Mas quem é pés? A namorada?
DISSONNETTOS DESABRIDOS
CONFESSO PREGRESSO [6787]
Bem antes que você me conhescesse os cegos me instigavam a piada, a gana de chutal-os na calçada, roubar-lhes a bengala! A razão vê-se! Pathetico, ridiculo, foi esse inutil ser aos olhos meus, em cada momento desta vida, Glauco! Nada fiz para algum sarrinho de interesse! Mas, quando o conhesci, pô, fui à forra! Botei o meu sadismo para fora! Sim, Glauco! Toda vez que você chora me inspira a gargalhada, a porra jorra! É simples: quando o mundo o sacco torra da gente que, enxergando, uma plethora de cores enjoou de ver, espora mettemos em quem soffre e mal exporra!
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CACHORREIRO [6788]
Eu gosto de cachorro bem feroz, poeta! Sim, daquelles que no dente accabam com a pose do opponente e infundem o terror com sua voz! Sim, gente violenta como nós, que somos da milicia, simplesmente cachorros não mimamos! Coherente sou eu, que quando vejo um cego a sós... Attiço o meu pastor para que, em cyma daquelle desgraçado, cause medo, no minimo, Glaucão! Jamais eu cedo à tola piedade que reprima! Somente de você não se approxima meu cão para aggredir, pois é brinquedo na sua mão aquelle, salvo ledo enganno, magico osso com que o mima!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
JUSTO CUSTO BENEFICIO [6789]
Mamãe dizia, Glauco: “O que arde, cura; o que apperta, segura.” Pois deriva dahi minha noção do que, na viva e velha medicina, acção tem, pura! Effeito faz, entendo, o que traz dura e forte sensação, dicta “afflictiva”, na pelle, nas mucosas, na gengiva, em tudo que se inflamma e nos tortura! Nós temos que soffrer, de qualquer jeito! Remedio que não arde, que não faz queimar como uma chamma de fugaz momento, não produz nenhum effeito! Concorda, Glauco? Claro, né? Bem feito eu acho para alguem que Satanaz cultua, que nas trevas vive e nas atrozes punhetinhas que eu rejeito!
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FUNEBRES BREUS [6790]
Proverbio ouvi dizendo que quem cria um corvo se subjeita a ter furado seu olho, Glauco! Causa desaggrado saber disso? Você não se arrepia? Quem perde a vista assim não vae, um dia, querer o suicidio? Ouço, ouriçado, aquella do John Lennon que, em estado de graça, fez um blues, rara agonia! Os Beatles não faziam blues, mas quando fizeram, bem pisaram na ferida! Glaucão, você pensou na suicida sahida, não pensou? Segue pensando? Seus olhos aguia alguma bicca, a mando de Exu, quiçá de Juppiter? Convida Satan que, no sabbath, uma lambida você lhe dê no cu? Quer breu mais brando?
DISSONNETTOS DESABRIDOS
CAGADO E CEGADO [6791]
Bem sadico o Senhor, no Testamento Antigo, se revela, Glauco! Não se tracta só do caso de Sansão, mas outros de cegueira achar eu tento! Deus curte pôr à prova quem attento se mostra aos mandamentos! Fez questão de pobre tornar Job, bem como são cegados outros, vate! Eu não invento! No livro de Tobias, quem cegado foi, Glauco, na parede se encostou, cansado! Ja dormindo, lhe cagou nos olhos algum passaro damnado! Depois que ficou cego, do seu lado não teve nem parentes! Só lhe dou noção de que zombavam delle! E vou mais longe: muitos tinham gargalhado!
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NOVEMBRO AZUL [6792]
A prostata, Glaucão, é meu problema maior! Orgasmo quasi não me dá, mas dá dor de cabeça, a poncto ja de scisma me instigar no que eu mais tema! Sim, cancer! A doença que foi thema de tantos memes, contra quem está gozando do poder, é sempre má noticia caso eu seja quem mais gema! Disseram ser benigno tal augmento, mas sempre estou na duvida, poeta! Meu riso, pelo menos, não affecta a glandula augmentada, no momento! Pensar nos annos proximos nem pois, nessa pandemia, Glauco, nem temos a cumprir! Mas nada que eu ria ao ver, dos cegos,
tento, meta veta o tormento!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
COME TOGETHER [6793]
Quiz Lennon fallar disso? Bem, seu jeito confuso de fazer nonsense não adjuda muito, Glauco! Mas é tão explicito o podolatra conceito! Pés chatos? Wilson Pickett não viu peito do pé na Mustang Sally, mas pezão paresce ter o gajo da canção accerca dum detalhe que eu suspeito! Sim, Glauco! “Come together”, acho, tracta dum typo grosseirão e varzeano, que não engraxa a bota, siquer panno no couro passa! A gente bem constata! Porem, é no chulé da sola chata, alem do vão dos dedos, que o magano junctou uma geléa, Glauco! Uffano você por elle fica? Ah, foi batata!
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PAIZ DE MARICAS [6794]
Não, vate, este paiz não tem mais jeito! Um bando de maricas faz barulho por nada! Só quem sente muito orgulho da terra ainda mostra que tem peito! Em tudo põem as bichas um defeito! Eu, que não sou veado, não vasculho uns pellos pelos ovos, não patrulho os actos dum governo que eu respeito! Pensando bem, poeta, acho que exsiste, sim, pello que, nos ovos, é do macho a marca registrada, mas eu acho que disso uma bichona não desiste! Hem, Glauco? Bicha alguma ha que despiste seu gosto por machões? Cara de tacho tem essa bicharada! Que esculacho! Veado que não trepa fica triste!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
URUBUZADA [6795]
Ja viste, caro bardo, coisa assim? Reporteres não passam de urubus, abutres que, nas coisas que eu propuz, defeitos ficam vendo! Ficam, sim! Nem tudo que eu propuz é tão ruim, mas elles torcem para que nos cus do povo um pau durissimo, de puz coberto, se introduza até seu fim! Sim, Glauco! Gonorrhéa appostam ter o cu dos pobretões! Acaso viste alguem com puz no recto? Sim, consiste num caso gonorrheico! Um desprazer! Ah, Glauco! Si eu tivesse esse poder, fodia todos elles! Ficas triste por elles ou por ti, que com um fist bem sonhas, ja que nada podes ver?
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SALIVA PROACTIVA [6796]
Gastar eu não irei minha saliva tentando convencer quem não respeita a minha auctoridade, Glaucão! Eita! Eu faço appenas uma tentativa! Saliva vou gastar com quem se exquiva dum pappo cordial? Jamais! Acceita conversa quem quizer! Uma desfeita não topo receber na defensiva! Perder minha saliva não irei com gente intolerante que se isola na sua burra bolha! Não! Boiola não sou para aguentar, pô! Não sou gay! Só gasto uma saliva quando sei que está bastante suja alguma sola de bota no pezão de quem controla meu tosco masochismo! Me expliquei?
DISSONNETTOS DESABRIDOS
DE GRAÇA AOS DE RAÇA [6797]
A camera flagrou quando um fofinho bassê no popular supermercado entrou, com seu rabão bem abbaixado, medinho demonstrando, coitadinho! Glaucão, elle sabia qual caminho tomar até chegar aonde achado foi bello pacotão dum affamado biscoito! Como o achou bem adivinho! É claro: pelo faro! Tresandante a queijo ou a linguiça, a tal bollacha eleita tinha sido por quem acha gostoso tudo quanto for crocante! Sahiu abboccanhando, triumphante, rabão erguido, o cão, que nem se aggacha, por ser desnecessario! Quem vê, racha de rir! Ladrão não ha que mais encante!
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RELUCTANCIA À DISTANCIA [6798]
Glaucão, por que você não de eventos virtuaes, aula distante educação, ou não um desses cellulares, não
participa remota, adopta se equipa?
Se vire! Coração faça da tripa! Você não é escriptor? Pois sua quota de sadicos leitores uma bota porá na tela! Ripa na chulipa! Que espera? Seus leitores mostrarão na camera, descalça, a sola chata! Farão você lamber, mas só se tracta de pose, de subtil provocação! Prefere punhetar-se? Mas então a “accessibilidade” mais ingrata tem sido com você? Glauco, me macta de riso sua falta de visão!
DISSONNETTOS DESABRIDOS
CABO DE GUARDACHUVA [6799]
Fodeu, Glauco! Prenderam meu guru! Agora que venceu seu opponente, ficou impracticavel, de repente, mandar qualquer rival tomar no cu! Aquelles robôs todos -- Por Exu! -serão inuteis, Glauco! Quem sustente, nas redes, a fofoca, se desmente! Meu mytho vae virar mais um tabu! Que faço, porra? Alguem tem que mimar meu ego! Onde estará, Glauco, meu gado? Ladrões de gado o levam pr’outro lado? Passaram a boiada? Ah, puta azar! Podia ter vencido, no logar daquelle fraudador, meu alliado! É tarde! Fiquei mal accostumado! Faz falta algum regime militar!
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CARA FECHADA [6800]
Sou muito sorridente, Glauco! Para amigos e inimigos dou risada ou mostro um sorrizinho si piada sem graça alguem me conta, todo “odara”! Sim, Glauco, sou risonho, mas arara eu viro quando topo um camarada da minha cara rindo sem que nada eu faça! Ah, rilho o dente! Eu fecho a cara! Si eu conto uma piada, Glauco, quero que todos gargalhadas soltem, ora! Mas quando um babacão a rir demora, eu acho que me goza! Perco o lero! Ah, boa gargalhada só libero si vejo um cego quando geme e chora, perdido pela rua! Ahi vigora meu senso de sadismo mais sincero!
SUMMARIO CUCA ABERTA [6701]....................................9 FURIA CEGA (I) [6702]................................10 THEMAS DE TELEPHONEMAS (III) [6703]..................11 FURIA CEGA (II) [6704]...............................12 EMPIRICO GENERICO [6705].............................13 FEDOR PROTECTOR [6706]...............................14 DINHEIRO SUJO [6707].................................15 INGRATAS CANDIDATAS [6708]...........................16 IMPOSTO DE MERDA [6709]..............................17 BLASPHEMIA? QUEIME-A! [6710].........................18 FURIA CEGA (III) [6711]..............................19 PREFEITA PERFEITA [6712].............................20 FURIA CEGA (IV) [6713]...............................21 THEMAS DE TELEPHONEMAS (IV) [6714]...................22 GOSTO DE POUCO [6715]................................23 THEMAS DE TELEPHONEMAS (V) [6716]....................24 FURIA CEGA (V) [6717]................................25 THEMAS DE TELEPHONEMAS (VI) [6718]...................26 FASHIONISTA PAGA À VISTA [6719]......................27 THEMAS DE TELEPHONEMAS (VII) [6720]..................28 UNA GIORNATA PARTICOLARE [6721]......................29 FURIA CEGA (VI) [6722]...............................30 THEMAS DE TELEPHONEMAS (VIII) [6723].................31 FURIA CEGA (VII) [6724]..............................32 THEMAS DE TELEPHONEMAS (IX) [6725]...................33
FURIA CEGA (VIII) [6726].............................34 THEMAS DE TELEPHONEMAS (X) [6727]....................35 FURIA CEGA (IX) [6728]...............................36 BLOGOCULAR [6729]....................................37 FURIA CEGA (X) [6730]................................38 GLAMOUR [6731].......................................39 NITAZOXANIDA [6732]..................................40 FUMAÇA PARA A MASSA [6733]...........................41 TRENDANDO E CANCELLANDO [6734].......................42 DOIS EM UM [6735]....................................43 VELHA ABNORMALIDADE [6736]...........................44 COMEDIA DA MEDIA [6737]..............................45 QUAR HORROR [6738]...................................46 PUXAÇÃO EM DISCUSSÃO [6739]..........................47 BROCHANTE GOVERNANTE [6740]..........................48 PROCEDIMENTO ESTHETICO [6741]........................49 FORMIGAMENTO SOCIAL [6742]...........................50 MUVUCA DUCA [6743]...................................51 PROPOSTAS DE CAMPANHA [6744].........................52 SIMPLE MAN [6745]....................................53 DIFFERENÇA QUE COMPENSA (I) [6746]...................54 DIFFERENÇA QUE COMPENSA (II) [6747]..................55 MY WALKING SHOES [6748]..............................56 DISCURSO DE ODIO [6749]..............................57 PARIAH COM ORGULHO [6750]............................58 CEGO EM PISOTEIO [6751]..............................59 PREMIO CAMÕES [6752].................................60 SWAMP MUSIC [6753]...................................61
CEGO EM TIROTEIO [6754]..............................62 PERFECCIONISMO NO EVOLUCIONISMO [6755]...............63 GIMME THREE STEPS [6756].............................64 SHIT SHIP [6757].....................................65 GAZOSA COR DE ROSA [6758]............................66 BIPOLARIZAÇÃO [6759].................................67 NEUROSE DA COVIDOSE [6760]...........................68 MISSISSIPPI KID [6761]...............................69 POISON WHISKEY [6762]................................70 BROCHA DE GALOCHA [6763].............................71 CARAS E BOCCAS [6764]................................72 RESPOSTA IMPLICITA [6765]............................73 MEMPHIS [6766].......................................74 TUTTI FRUTTI [6767]..................................75 WHAT’D I SAY [6768]..................................76 UNCHAIN MY HEART [6769]..............................77 REVIRAVOLTA NO QUARTEIRÃO [6770].....................78 NEVER DREAMED YOU’D LEAVE IN SUMMER [6771]...........79 HEAVEN HELP US ALL [6772]............................80 DUPLO ESTUPRO [6773].................................81 INFRA FRATERNAL [6774]...............................82 EM SCENA SEM PENA [6775].............................83 I’M SORRY [6776].....................................84 PALAVRORIO NO SANATORIO [6777].......................85 DEPOSITO DE PROPOSITO [6778].........................86 MENSAGEM DA LINGUAGEM [6779].........................87 WOODSTOCK [6780].....................................88 CONSELHO MATERNO [6781]..............................89
TORTURA PSYCHOLOGICA [6782]..........................90 SAVOY TRUFFLE [6783].................................91 CONVERSA PRIVADA [6784]..............................92 ADULTESCENTE [6785]..................................93 NEM NEM [6786].......................................94 CONFESSO PREGRESSO [6787]............................95 CACHORREIRO [6788]...................................96 JUSTO CUSTO BENEFICIO [6789].........................97 FUNEBRES BREUS [6790]................................98 CAGADO E CEGADO [6791]...............................99 NOVEMBRO AZUL [6792]................................100 COME TOGETHER [6793]................................101 PAIZ DE MARICAS [6794]..............................102 URUBUZADA [6795]....................................103 SALIVA PROACTIVA [6796].............................104 DE GRAÇA AOS DE RAÇA [6797].........................105 RELUCTANCIA À DISTANCIA [6798]......................106 CABO DE GUARDACHUVA [6799]..........................107 CARA FECHADA [6800].................................108
Titulos publicados: A PLANTA DA DONZELLA ODE AO AEDO E OUTRAS BALLADAS INFINITILHOS EXCOLHIDOS MOLYSMOPHOBIA: POESIA NA PANDEMIA RHAPSODIAS HUMANAS INDISSONNETTIZAVEIS LIVRO DE RECLAMAÇÕES VICIO DE OFFICIO E OUTROS DISSONNETTOS MEMORIAS SENTIMENTAES, SENSUAES, SENSORIAES E SENSACIONAES GRAPHIA ENGARRAFADA HISTORIA DA CEGUEIRA INSPIRITISMO MUSAS ABUSADAS SADOMASOCHISMO: MODO DE USAR E ABUSAR DESCOMPROMETTIMENTO EM DISSONNETTO DESINFANTILISMO EM DISSONNETTO SEMANTICA QUANTICA INCONFESSIONARIO
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