SATANAZISMO

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SATANAZISMO

Glauco Mattoso

SATANAZISMO

São Paulo

Casa de Ferreiro

Satanazismo

© Glauco Mattoso, 2025

Revisão

Lucio Medeiros

Projeto gráfico

Lucio Medeiros

Capa

Concepção: Glauco Mattoso

Execução: Lucio Medeiros

Crédito da foto: Claudio Cammarota

FICHA CATALOGRÁFICA

Mattoso, Glauco

SATANAZISMO / Glauco Mattoso

São Paulo: Casa de Ferreiro, 2025

128 p., 14 x 21cm

CDD: B896.1 - Poesia

1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.

DIA DO SATANAZISTA [10.763]

Confirmo, sim, Glaucão! Lucifer tem, por vezes, apparencia dum caprino, com chifres, cascos, pellos… Mas previno: Nem sempre! Elle com roupas tambem vem!

Não! Trajes não serão de monge zen, tampouco de evangelico! Seu fino e lindo figurino ja lhe ensigno qual seja, menestrel! Escute bem!

É farda alleman, claro! Com aquella luzente bota, a swastika visivel! Nenhuma farda, Glauco, foi tão bella!

Nos dias actuaes, é bem possivel ser vista com frequencia, pois quem zela por ella, na politica, tem nivel!

DISSONNETTO JUVENIL [0062]

Meninos são crueis, si poderosos. No Reich, a Juventude Hitlerista é sempre convidada p’ra que assista nos campos o exterminio dos edosos.

Pol Pot e Mao tiveram fervorosos soldados brincalhões, na jamais vista tortura collectiva, à communista. São anjos. Quanto aos presos, criminosos.

Nas ilhas Fidji, quem for pego entregue será, trazido preso como veiu, aos filhos dos guerreiros, no recreio, e o ritual da farra é o que se segue.

E eu, sendo prisioneiro nesse meio, ainda que ter culpa qualquer negue, é certo que o feitor mirim me cegue, mas, ao lamber seu pé, sei que alegrei-o.

DISSONNETTO AO SKINHEAD [0205]

Você diz ter orgulho sendo odiado. Em ultraviolencia faz enfoque. A bota e o suspensorio dão o toque de classe ao visual abbrutalhado.

Alguns não sabem bem qual é seu lado, si o estylo está no ska, si toca o rock. Racista ou não, seu caso é causar choque e nunca parescer bemcomportado.

Bem poucas differenças considero: Careca no Brazil chamado foi, por causa da fatal machina zero e pelo mesmo grito, ou som: Oi! Oi!

Cerveja, futebol, fervor severo ao culto do operario pé-de-boi:

Você calça o cothurno que mais quero lamber, ‘inda que em mim elle destoe.

DISSONNETTO QUADRANGULAR [0292]

Zezão Pezão foi mau na juventude. Agora sossegou, está casado. Ja era, garotinho, bem levado, affeito a estylingar bolla de gude.

Crescido, se tornou cruel e rude. Calçou cothurno e, appós um “baptizado”, da gangue dos Carecas foi soldado, fascista e intolerante na attitude.

Quadrado é pouco para descrevel-o.

São sadicos clichês seu acto falho. Seu sonho é ver as bichas no trabalho forçado, revivendo o pesadello.

A vida traz, porem, seu quebragalho… O irmão da sua mina quebra o gelo: ja lambe do dedão ao tornozello e, claro, tambem fella seu caralho.

DISSONNETTO HEDIONDO [0371]

Estupros, latrocinios e sequestros, o horror do genocidio racial merescem punição especial: castigos, não sinistros, porem dextros.

O riso é o mais sarcastico dos sestros que crispam o desenho facial. Dos crimes ri o Mentor, Senhor de Tal, o Réu, maior de todos os maestros.

Na certa o Omnipotente é quem responde por tudo que accontesce p’ra quem erra e attraz da impunidade Elle se esconde. Leval-o a Nuremberg, appós a guerra!

Punil-o com prisão perpetua! Hem? Onde? No inferno que p’ra nós creou: a Terra! Satan pega carona nesse bonde, pois goza quando um trouxa, aqui, se ferra.

DISSONNETTO INTEGRALISTA [0392]

Encara a liberdade pelo advesso. Sahuda os camaradas no “Anauê!” O lider cujo livro a turma lê é o Plinio, e foi salgado no seu preço.

Seu lastro cultural não desmeresço, mas tira do nazismo aquelle quê que, embora no Brazil em nada dê, repudio tem que ter desde o começo.

Si resta algo de bom que se approveite, talvez seja a licção do accontescido na guerra, si ser nazi eu não decido: Swastikas não servem nem de enfeite!

Integralismo agora faz sentido dum modo que de graça a gente acceite somente de manhan, no pão, no leite, regimes mais saudaveis que o partido.

DISSONNETTO FAN-FARRÃO [0425]

Telephonema anonymo. “É o Mattoso?”

Confirmo. O cara brinca com a voz. Primeiro imita bicha e affina. Appós, engrossa, offende e zoa em tom raivoso.

“Ja li seu livro! É lindo!”, diz, baboso. E logo se transforma em meu algoz: “Você não é um careca como nós!

Seu noia! Cheira-meia! Trava! Bozo!”

“Vem ca, vem! Vem lamber! Me lambe a bota! Vem ca chupar meu pau! Seu porco! Puto!”

Vomita a birra, a marra. A raiva arrocta. Não corto nem respondo. Attento, escuto.

Até que elle desliga. Foi um ota. Mal sabe que do abuso oral desfructo. Satan bem sabe como mui devota é minha adspiração ao jogo bruto.

DISSONNETTO TORRESMISTA [0426]

Diversas dictaduras nos farão pensar si temos, mesmo, ou não, razão. Não basta a dictadura que ja dura e vem a dictadura antigordura!

Pensei aqui commigo: Só fodi-me! Sahimos do regime militar, cahimos no regime do regime. Censuram-nos até no paladar!

Trabalho, horario, imposto, compromisso. Orgasmo não se tem como se quer. Só sobra o bom do garfo e da colher e os nazis nariz mettem até nisso.

Acaso bem comer seria crime? Maldicta seja a midia, sempre a dar espaço à medicina que reprime! Gestapo da “sahude” e “bemestar”!

Não, medico nenhum me será tão fodão que imponha alguma restricção! Resista! Coma! Abbaixo a dictadura! A lucta tem um symbolo: FRICTURA!

DISSONNETTO PREGUICISTA [0427]

Diversas dictaduras, hoje em dia, nós temos que encarar, na correria. Não basta a dictadura da injustiça e vem a dictadura do magriça!

Ninguem mais tem direito de engordar! Cahimos no regime do exercicio, egressos do regime militar. Censuram a poltrona como vicio!

Dever, serão, cobrança, obrigação. Mal temos um tempinho de lazer e os nazis o nariz querem metter, impondo-nos esporte e malhação.

Não, nada disso! Quero descansar! O tempo é precioso! Desperdice-o! Sinão a gente ainda vae parar num eito, num presidio ou num hospicio!

Quem antes prohibiu pornographia agora a minha folga, até, vigia? Resista! Durma! Assuma esta premissa: A lucta tem um symbolo: PREGUIÇA!

CONTO DATADO [0448]

“Não cedo ao invasor! Si não puder pegar em armas, minha lingua accusa: irá trabalhar contra a bota intrusa!”, jurava de Vienna o chanceller.

Mas veiu a Annexação. Como qualquer vencido, o premiê, de bruços, usa a mesma lingua, a fim de que produza o brilho e limpe a bota: eis seu mester.

Appós ter sido especie de engraxate, aos campos o ex-ministro é condemnado. Alli morre, sem gloria, sem combatte. Dos martyres a Historia tem tractado.

Covardes não teem nome ou quem os tracte em these. São somente um facto, um dado. Satan com elles goza, como um vate satyrico: o peru sempre exporrado.

CONTO REPUTADO [0493]

Dizendo que leproso e syphilitico devia ser tractado como gado doente e meramente exterminado, espirito exercia o joven critico.

Comquanto visse a si mesmo rhachitico, se fez das eugenias advogado. Não tarda, pois, que passe ao lado errado e nazi lhe será o matiz politico.

Em termos litterarios, defendia um rigido “Pedeuma Pindorama”: só “forma e cor local” na poesia. “A Raça é só Intellecto!”, elle proclama.

O Reich é, com certeza, a Academia. Em summa, boa ou má, que venha a fama! Até que se descobre, em bello dia, que, como unico lider, Satan ama.

DISSONNETTO DICTATORIAL [0933]

Mal sobe o Thio Adolpho, um khoro inteiro protesta contra o “Imperio do Millennio”. Imagem logo faz: do Mal um Genio, que o Mundo Livre torna prisioneiro.

O povo da Allemanha alvissareiro enxerga-lhe o futuro. Quem condemne-o idéa não fará que um oxygenio utopico respira cada obreiro.

A guerra interrompeu todo o progresso tão rapido alcançado e, em breve, o horror revela o genocidio, em filme expresso. Isola-se, por fim, o dictador.

E cae, com seu regime, o mais confesso racismo contra a tribu e contra a cor. Satan não se conforma, mas successo terá logo, de novo, um successor.

DISSONNETTO EXCARMENTADO [1002]

O gruppo Satanazi me contacta: “Você, seu cego escroto, vae ver só! Na nossa mão você vai ser, sem dó, tractado abbaixo até de viralatta!”

Alguns dias depois daquella data, refem sou feito e estou num cafundó.

Alli mal chego e logo lambo o pó da bota de quem, rindo, me maltracta.

Me fazem comer merda e beber mijo. Estupram-me na bocca e nella excarram. De todos provo e sinto o pincto rijo. Ammostra foi, mas basta p’ra que varram/

/meu resto de amor-proprio, e me corrijo: na rua ja não xingo si me exbarram. Respeito desses jovens nem exijo mais, vendo o que nas redes de mim narram.

SATANAZI (1) [1002-B]

“Estupro collectivo”? Não appenas! Agora até ja acharam um motivo de sobra: algumas lesbicas, no crivo dos machos, mais merescem certas penas.

Quaes machos? E quaes penas? Não pequenas são essas violencias. O lascivo instincto masculino um incentivo creou para animar piccantes scenas.

“Estupro correctivo” ja se chama a practica, que inflige tractamento brutal a taes mulheres. Eu requento as scenas violentas que, na cama/

/ou fora della, accendem essa chamma mais sadica na mente de quem tento, em verso, descrever como o sedento reaça, que quer “lesbas” ver na lama.

SATANAZI (2) [1002-C]

-- Mulher, quando for lesbica, tem fama de estoica militante ser. Eu vivo dizendo que de estupro correctivo devia ser bom alvo. Minha trama/

/seria sequestral-a. A gente chama a turma, que ensignal-a vae. Captivo, seu corpo será nosso. Não me exquivo de estar dando umas aulas para a dama.

Irá apprender, levando nada amenas porradas, a chupar paus de jumento, fazer com que gozemos a contento, ouvindo gargalhadas que de hyenas/

/serão! Sua chochota vae, dezenas de vezes, arrombada ser! Marrento serei, no cu tambem! Esteja attento, Glaucão! Calha ao cegueta as mesmas penas!

SATANAZI (3) [1002-D]

-- Um cego frequentar nossas arenas de sarro tambem pode! Basta activo ser elle em militancias, dar motivo de birra aos de direita! Basta appenas/

/cuidados exigir, e licções plenas terá que receber! Eu readvivo meu gosto de enxergar bem, quando privo um cego das conquistas mais pequenas!

Quer elle ter direitos? Quer ter fama de heroe, de cidadão? Sou cem por cento contrario! Um inferior é que eu sustento ser elle! Esse infeliz nada reclama!

Só pode elle ser util quando mamma gostoso no caralho mais sebento!

Que seja chupador! Que esteja attento às ordens de quem cores olhar ama!

DISSONNETTO INTOLERANTE [1074]

Batti bocca com gente que accredita ainda que o judeu meresce o nazi, pessoas que teem asco do askenaze e chamam “saphardamna” o sephardita.

Inutil esperar que alguem reflicta e negue-se a acceitar theses sem base, ou crer que com judia um delles case, nem sendo ella fiel, rica e bonita.

Uns negam o Holocausto por pirraça e alguns o reaffirmam por maldade, porem não é ao judeu que se ammeaça. Racistas não são meros fans de Sade.

São typos que terror causam na praça. Qualquer um que a taes typos desaggrade, quer seja pela cor, cultura ou raça, se arrisca, e arriscará a diversidade.

DISSONNETTO DO ROTULO RIDICULO [1308]

Que coisa! Ainda exsiste quem insista no rotulo que as mentes mais burrinhas puzeram-me, coitadas, de “fascista”! Ainda cabem, pois, algumas linhas:

Os bardos são palhaços: nunca as minhas idéas mostro a serio. A melhor pista àquelles que interpretam meus theminhas: confiram dos meus rotulos a lista!

Poeta assaz pornô, torpe escriptor, Podolatra, masoca, bicha, actor… Jamais é “nazi” alguem tão “inferior”! O Chaplin é modello do que digo.

Ainda quando contra a maré rema: Não é porque do Hitler fez cinema, que assume o que encarnou! Portanto, o thema dum Glauco “clown” é rir-se do inimigo!

DISSONNETTO DO ETERNO RETORNO [1392]

Inutil sustentar um argumento ao odio favoravel: ja fracassa quem tenta argumentar! Eu só lamento que alguem chegue a mactar devido à raça.

Racismo… intolerancia… Houve um momento na historia em que o problema ja ultrapassa limites culturaes, e o movimento nazista aos “inferiores” prega a caça.

Agora o mundo é “pós”, modernidade ou guerra, e “neo” é alguem que persuade os jovens a abbraçar essa loucura de “guerra cultural”, de dictadura.

Inutil sustentar, contraria ao odio, a causa da razão: novo episodio de crime racial a midia appura, por causa de imbecis, da “raça pura”.

DISSONNETTO DO CONTRA [1505]

Parodia, glosa, satyra, epigramma nem sempre presuppõem uma homenagem. Às vezes o humorista attenção chama ao dubio modo como os homens agem.

Um Rutle goza um Beatle porque o ama. Gregorio de Camões faz boa imagem. Ja Chaplin vive Hitler e conclama que os bardos contra os barbaros se engajem.

Si fallo de carrascos e oppressores, é claro que os condemno! As duras dores das victimas são minhas, egualmente. No sonho, sou egual a toda gente.

Estupidos dirão que “de direita” serei, porque meu verso se deleita zombando da afflicção que um cego sente, ainda que por todos me lamente.

DISSONNETTO DO PLURALISMO PORTENHO [1507]

E Buenos Aires volta à minha mente! Mansardas, bulevares, bosques, tudo alli lembra Paris! Na Boca a gente se sente em Sampa ou Napoles, comtudo.

Cantinas italianas, sopa quente. De volta ao obelisco, o acho mehudo, comparo a Sampa e Washington. Somente maior era a avenida à qual alludo.

Nueve de Julio: abbaixo della, passo, num tunnel, pelas lojas. Muito espaço percebo, nas vitrines, ao nazismo, aos tempos do terror, do cataclysmo.

Medalha, capacete, a farda em trappo. Reliquias da Wehrmacht e da Gestapo. “Tão multipla, a metropole!”, é o que scismo, tal como si, de cyma, olhasse o abysmo.

DISSONNETTO DA FIDELIDADE PARTIDARIA [1530]

A banda em que tocava o punk andava querendo variar no seu estylo: si for de rockabilly ella, emfim, grava, quem sabe, um disco, e pode produzil-o.

Battera, o punk insiste, invoca a brava battalha: ha quanto tempo estão naquillo! Por que mudar agora? Mas à fava mandou o pessoal pelo vacillo.

A banda logo arranja outro battera e tenta ver si o tempo recupera: não sae da merda, alli tambem não fede. Então alguem lembrou que “Punx not dead!”

Decidem retomar o estylo antigo, mas, quando vão chamar de novo o amigo, descobrem que tornou-se elle skinhead. Agora aos companheiros ja não cede.

DISSONNETTO DO PARTO NO APPERTO [1567]

Lobato, revoltado, relatava aquillo que os nazistas tinham feito com uma prisioneira: nem de escrava se falla dum tal methodo a respeito:

Estava a mulher gravida, e faltava pouquinho para o parto, mas, no leito, aptaram-na: imaginem si alguem trava o espaço de passagem, que é ja estreito!

Joelho com joelho, ambas as coxas colladas! Nem que a gente a barra force, descreve essas nuances rubras, roxas, da pelle da mulher que se contorce!

Está a parturiente condemnada às dores mais atrozes! Não distorce Lobato o que nos narra, mas de nada addeanta que ella soffra e que se exforce!

DISSONNETTO

DA VALLA COMMUM [1702]

Arenas só confirma o que delata alguem que era chamado “piccareta” por scepticos petistas: se maltracta em Cuba como os nazis, não é peta.

Exemplo foi o caso da valleta de exgotto, em pleno campo, onde uma “natta” de presos, chafurdando, dá veneta aos guardas, que desfructam da mammata.

No lodo excrementicio o preso affunda a cara, sob a bota e, emquanto inunda de merda sua bocca, ouve a risada alegre da brutal rapaziada.

Pretexto foi limpar da valla o fundo, que estava assoreado, mas immundo de facto é quem, de cyma, faz cagada. Mais podre, convenhamos, não ha nada…

DISSONNETTO PARA OS LIVROS DOUTRINARIOS [1885]

Tambem os dictadores, porem, são temptados pelo livro: Hitler quiz fazer, em seu “Mein Kampf”, a imitação da Biblia, com bordões pouco subtis.

Memorias, pensamentos… Vale, então qualquer estylo ou genero. Infeliz é sempre o resultado da licção que o “Mestre” quer impor, si nada diz.

Scientes de que causam tantos damnos, de Mao a Khomeini, todos nossa cabeça fazer querem, sob a grossa lombada e bella cappa, immune aos annos.

Não ha como passar naquillo os pannos. No verso ou no versiculo, os dictames só fazem mau papel, passam vexames estheticos, historicos e humanos.

DISSONNETTO PARA O GRUPPO THE 4 SKINS [2410]

Não eram nazis, claro, mas humor tiveram ao fazer, com o courinho da picca, um trocadilho, pois sebinho não criam os judeus, é de suppor.

De “Oitenta e quattro” a “Mundo novo”, a cor dum Orwell ou dum Huxley dão certinho, e mesmo em “Chaos” e “Evil” adivinho mais critica que appoio a tal horror.

O estupido skinhead os interpreta fazendo a apologia da porrada, mas elles agem como este poeta: Emquanto denunciam, dão risada.

Emquanto tiram sarro, são concreta solada no nariz da molecada! Seu som, perfeitamente punk, é meta de toda banda, ainda, que me aggrada.

DISSONNETTO PARA O GRUPPO SYMARIP [2487]

O authentico skinhead era racista? Jamais, si em meia-nove quem gravara o disco que mais tinha a sua cara são cinco creoulões que dão a pista:

Vestindo terno, a imagem delles vista os mostra como rude boys e, para livrar de qualquer duvida, declara amor à “skinhead girl” quem a conquista.

“These boots are made for walking”, na versão dos negros, troca “walking” por um passo mais duro e bruto: “stomping”, ou pisão. O ska dos jamaicanos abre espaço/

/a muitas outras bandas, que hoje são a prova de não terem dado o braço à midia accusadora. Alem do Cão, é bode expiatorio o skinhead crasso.

DISSONNETTO PARA O GRUPPO SKREWDRIVER [2488]

Ja morto e legendario, o Stuart tem a fama de nazista, e lhe faz jus. De todos os sonnettos que compuz, nenhum mais me constrange e ao caso vem.

Xenophobo, homophobico, porem talento tem de sobra, e até suppuz que celebre seria, si esse puz racista não o tinha por refem.

A banda começara punk e, em breve, foi radicalizando e mais metal tornava-se. Das lettras que elle escreve appenas sobra um odio mais lethal/

/que a musica: quem é que não se attreve a censurar-lhe tanto amor ao mal? Satan, logicamente, é quem mais deve curtir esse rancor rude, infernal.

DISSONNETTO PARA O GRUPPO DO HITLER [2489]

Mas muito mais nazistas que o chefão da Klansmen à Skrewdriver era a banda que ainda certa duvida demanda na excolha: a “Sem Remorsos”? A “Esquadrão”?

A Squadron presta ao lider allemão sinceras homenagens. Quem commanda, porem, a nazistoide propaganda é a franca No Remorse. E as ordens dão:

Impor, intransigir, intolerar! Parodia até dum David Bowie vale, comtanto que allardeie a “racial war”. Ainda que a policia os prenda e cale/

/e a midia os menospreze, ao malestar que causam não ha Plinio que se eguale. Satan com Hitler forma bello par na scena que é, de lagrymas, um valle.

DISSONNETTO PARA O GRUPPO DO DAVID BOWIE [2496]

Depois de se egualar ao “roquenrol” rasgado dos Estones e gravar o disco vanguardista mais vulgar da decada, Aladdin mordeu o anzol.

A lampada se accende, então, em prol do punk e, em vez de kosmico e estellar, formou a Tin Machine a fim de estar bem vivo e não num frasco de formol.

A banda não consegue o mesmo effeito da phase septentista, mas, inquieta e fertil, produz obra de respeito. A faixa “Under the God” é uma directa/

/aos nazis e skinheads, e attacca ao jeito bombastico e inspirado do poeta. Satan, claro, gozou, como tem feito nas vezes em que tanto o caso o affecta.

DISSONNETTO SOBRE A TOLERANCIA À BELLIGERANCIA [2960]

Marchinha e samba fallam de mulher, de amor, mas, de politica ou de guerra, practicamente nada. Si a Inglaterra, porem, ceder a Hitler o que quer…

Até um Ary Barroso ao chanceller faria reverencia. Quem se ferra é o pobre do europeu, pois la se encerra a tregua do entreguerras e do “affair”.

Aqui tem carnaval, e o brazileiro prefere a brincadeira à questão grave, a satyra mortifera ao morteiro. Nossa revolução não fora entrave/

/ao riso, e o trem blindado, o obuz caseiro, viraram gozação quasi suave. Por causa, dessas polvoras, do cheiro trincheira nem espero que se cave.

DISSONNETTO SOBRE O VELHINHO RETRACTADO [2977]

Os “puxas” do Getulio, de alegria, sorriram quando o velho, agora eleito, voltou a governar. Em breve, o effeito na musica o povão escutaria.

O Chico seu retracto ja poria no mesmo logarzinho em que o subjeito esteve pendurado. Um desrespeito àquelles que morreram na agonia.

Emquanto o Estado Novo vigorara, mactou-se, torturou-se, deportou-se. Agora, quer voltar com outra cara? Deviam é fazer como si fosse,/

/na photo, o proprio Hitler: justo para a latta de detritos! Accabou-se!

Findou-se! Mas a gente só se azara, pois elles sempre voltam, si era doce.

DISSONNETTO SOBRE UMA OMNIPRESENÇA QUE NÃO SE DISPENSA [3009]

Não quero ser um desses bons atheus, caralho, mas você monopoliza a minha consciencia, ‘inda indecisa! Me deixe, por favor, pensar em Deus!

Eu durmo, accordo, e penso só nos seus chifrinhos, nos seus cascos, nessa lisa bundinha, cujo furo me odoriza o beijo, e ao qual não posso dar addeus!

Só vejo seu olhar nas espiraes, si fumo meu cigarro! A cada phrase, por entre um palavrão e um lemma nazi, seu nome leio, em lettras garrafaes!

Nos filmes, discos, livros… não ha quasi espaço para o Christo entre os mortaes! Assim não é possivel! Ninguem mais prohibe que commigo você case!

OPPRESSOR PROFESSOR [3216]

Doutor Ehcsztein, Fredinho de appellido, bollou a “theoria do opprimido”. Mas pelo advesso o gajo considera o mundo, mesmo nesta actual era,/

/achando que ser pode era de treva. Em vez de dar ao fracco a mão amiga, demonstra elle que o homem só se eleva si pisa no indefeso e a obrar o obriga.

“Provado está que o mundo se equilibra por causa de quem pisa ou é pisado: maior e mais complexo sendo o Estado, do lider que mais pisa quer-se a fibra/

/cruel contra o povão que se subleva!” Não sei si tem discipulo que o siga.

Notei ja: mais costuma mandar Eva que Adão, comtudo, é justo que se diga.

Em casa, a mulher sempre é quem impera e mudo o macho fica alli. Pudera! Fredinho como Ehcsztein é conhescido em these, só. Na cama, eu ca duvido.

MENGELICA CONNEXÃO [3286]

Terror ou scientifica ficção?

Ha filmes que p’ra manga panno dão. Ja vi coisas horriveis, mas me diz alguem que chega algum filme infeliz…

E sempre tem quem queira ver primeiro. Agora, no circuito mais mundano (Será que tambem chega ao brazileiro?), um classico me intriga, e aqui o explano:

De medico e de monstro ha nelle um mix, pois liga um scientista a bocca ao anus num bicho transformando trez humanos: “The human centipede”, de Tom Six.

Seria tal horror tão verdadeiro?

No chão come o primeiro e, pelo cano anal come o segundo. No terceiro a merda é recagada. Insano plano!

É claro que, aos olhares juvenis, a scena ja suscita haver um bis. É, para a “centopéa”, a digestão peor na engattinhante posição.

VERDADEIRO PICCADEIRO

[3576]

Em Mauthausen, campo nazi, hitlerista juventude se diverte a olhar quem quasi morto esteja e se desnude.

Aos internos, ja na phase terminal, a turma allude com gracejo que extravase um sadismo agudo e rude:

“Olha aquelle! Que magrella! Que tal vermos si elle appella para a nossa piedade? Hem? Façamos que elle brade!”

E um coitado a turma queima vivo, vendo que elle teima, sem fazer tudo que aggrade aos meninos, fans de Sade.

PESADELLO GROTTESCO [3708]

Hitler sonha que não passa dum pathetico palhaço quando tenta ser, sem graça, Charles Chaplin, passo a passo.

Tropeçando na trappaça da eugenia, vê seu traço racial soffrer devassa de seu mais direito braço.

“Não é loiro! (Himmler falla) Não ha, pois, como negal-a: sua origem não é pura!” Que ridicula figura!

Reprovado, elle é deposto e, no espelho, olha seu rosto com a tarja da censura na almejada dictadura.

HYPERMASOCHISMO (1/4) [3921/3924]

(1)

Vizinhos, dois meninos de “futuro” estão brincando. Um delles nome adopta de Adolpho, outr o de Judas. Deste, a nota é o trumpho, ao qual se somma sempre um juro. {trunfo}

Adolpho é “Hyper”; Judas, “Hypo”, e duro é o jogo que ambos jogam. Ja se nota, portanto, onde a victoria e onde a derropta se cruzam, si ninguem fica no muro.

Nazista é, pois, Adolpho, que pretende vencer e dominar seu “inimigo”, mas este assim tão facil não se rende.

Jogando um videogame estão. Não digo que seja o melhor jogo a quem descende de teutos e judeus em cada umbigo.

(2)

O premio ao vencedor, si quem decide é Hyper, será ter Hypo submisso, lambendo suas botas, e o serviço inclue a fellação, ninguem duvide!

Si Judas for quem vence, seu revide será que Adolpho va mais fundo nisso, deixando-se enrabar pelo rolliço caralho circumciso, que abre e aggride.

O jogo tem etapas. Numa dellas, quem vence é Judas. Sadico, este cobra de Adolpho a posição que é das cadellas.

O nazi até relucta, mas se dobra: de quattro, não é scena das mais bellas aquella, sodomita, que lhe sobra.

(3)

Prosegue o jogo e Adolpho, ja enrabado, anxeia por vingança. Judas tenta vencel-o novamente, mas é lenta, agora, a sua mente, e é derroptado.

Está por cyma Adolpho e delle é o brado de orgulho triumphal: a poeirenta botina do allemão só se contenta si for tambem lambida no solado.

Protesta Judas: era só por cyma que a bota deveria ser polida, segundo o combinado. Hyper se anima.

Exige o nazi, e Judas se intimida: engraxa, com a lingua, mas não prima por dar na sola a sordida lambida.

(4)

Terá de obedescer, comtudo, e faz faxina de engraxate e de capacho. Mas Hypo irá vingar-se e, como macho, de novo enrabará, rindo, o rapaz.

Será? Judas triumpha, mas por traz não quer mais desforrar: quer esculacho egual ao que soffrera! “Eu não me aggacho de novo!”, pensa Adolpho, pertinaz.

O jogo está accabado, todavia, e a Adolpho resta a lingua utilizar debaixo da rival sola judia.

A scena futurista tem logar aqui. Por toda parte tripudia, porem, o mesmo algoz: scena exemplar!

CHAPLINESCA

(1)

SOBREMESA

(1/4) [3937/3940]

Cada qual ganha um puddim, mas um delles dentro tem a moeda cujo fim é excolher: Se entrega quem?

Todos servem-se. P’ra mim é manjar branco o que vem. Eu, guloso, o como e, assim, nem percebo o tal vintem.

Mais tranquillo o gruppo está, pois ninguem precisará, desta vez, sacrificar-se.

O tostão, sorrindo, engulo e o manjar que é bom simulo, sem que notem meu disfarse.

(2)

Mas questiona-se: Si havia num dos prattos o tostão, engolido alguem teria! A se olhar todos estão.

Ao sentar-se na bacia um por um, quem é o villão saberemos, pois a via da moeda é o cagalhão.

Que fazer? Que se concentre quem tiver prisão de ventre! É a mulher sempre a primeira.

Sempre ao lado alguem se posta e inspecciona cada bosta, quer prisão, quer caganeira.

(3)

Com os dedos, exquadrinha o cocô, mal foi cagado, quem quer ver si a moedinha dentro está… Sem resultado!

Que terrivel signa, a minha! Fatalmente ser achado vae no meu o nickel! Tinha que engolir eu tal boccado?

Chega, emfim, a minha vez de cagar! Alguem ja fez cocô tenso assim, um dia?

Vigiado sendo, então, é peor! Acho que não farei nada na bacia!

(4)

Faço força, e nada sae! Quando, emfim, sae, é tão duro que, pingando, o sangue cae na bacia… Ai, Deus, que appuro!

Mal caguei, alguem ja vae revistando aquelle escuro cagalhão… Eu peço ao Pae que me adjude, e pagar juro.

Que milagre! Nada encontra no meu troço quem foi contra mim na hora em que eu fingia!

Mais eu cago, porem nada apparesce! Está parada a moeda? Onde estaria?

GEMMAS DO CINEMA (8) [4064]

Ainda de Ken Russell é a versão de “Tommy” para as telas. Nella, o cego, que nada diz nem ouve, aguenta o prego da cruz aos pés dum primo folgadão.

Deixaram-no os adultos bem na mão de Kevin, o priminho que tem ego de sadico e nazista: “Agora eu pego você! Vamos brincar! Que diversão!”

E o primo se approveita da cegueira de Tommy: o faz de gatto e de sapato, practica nelle tudo quanto queira. A scena mostra a cara do cordato/

/ceguinho entre dois pés que a costumeira botina calçam: close em poncto exacto. Cheguei, ao ver a scena, bem na beira do orgasmo. Reprisei, depois, tal acto.

GANCHO GAUCHO (1/3) [4778/4780]

(1)

Exsiste, em Porto Alegre, uma lojinha minuscula, no centro da cidade. Alli quem acha tudo que lhe aggrade é um gajo que amizade não tem minha.

Nazista irreductivel, elle vinha reliquias procurando: botas, a de soldado da Wehrmacht, esse que invade paizes europeus e os expezinha.

Contou-me outro gaucho, este um amigo querido, de rockeiras adventuras, que o nazi algo teria a ver commigo.

“Commigo? Nada disso!”, dou-lhe as duras. Explica elle: {Não, Glauco, só te digo que o cara calça a bota que procuras…}

(2)

Começo a interessar-me: “Mas você bem sabe que jamais eu compartilho idéas aryanas, né? Sou filho de anarchos, de italianos, cê não vê?”

{Sim, Glauco, eu sei! Mas, caso um nazi dê na tua cara aquelle pisão, filho, tu lambes o solado?} “Ah, meu! Me humilho bonito! Lambo mesmo, pequepê!”

Dialogo maluco, esse que rolla por phone, entre um gaucho e um paulistano! Conforme o que disser, me descontrola!

Sabendo disso, o amigo pelo cano entrar me faz, lembrando-me da sola da bota militar… E eu que me damno!

(3)

“Escute aqui, meu caro! (então revido) Você não tem, tambem, o seu fetiche por botas femininas? Não me pixe, então! Meu fracco é bota de bandido!”

“De sadico, de nazi…” Si a libido da gente nos instiga, que se lixe o resto! Si alguem gosta que eu capriche, de lingua, na engraxada, eu me convido!

Accaba concordando o meu attento collega fanzineiro: o que interessa na vida é approveitarmos o momento.

Si surge alguma chance que nem essa, da bota que me pise, eu me contento que o macho, em mente e corpo, pouco meça.

VEGETARYANISMO [4797]

Não pode comer isso. Nem pensar naquillo. Isto tambem não. Permittido, de facto, só legumes sem ter sido cozidos, sem tempero, sem frictar.

Deixemos claro: em nada o paladar prazer pode sentir. Nosso partido quer tudo prohibir, quer que o sentido do gosto, emfim, se annulle, é bom fallar.

Assim como o clitoris, que a mulher exstirpa à força, vamos impedir que façam dos “refris” um elixir, que todo mundo coma o que quizer.

Gastronomo? Qual nada! Só fakir meresce vez! No garfo e na colher, sem molho, sem pigmenta, alho qualquer, só matto insosso! Hitler fez-se ouvir!

DISSONNETTO DUMAS SURRADAS BOTINADAS [5314]

Vinha o punk andando por uma typica travessa de suburbio. Foi se expor num terreno bruto à bessa.

Territorio, alli, tem cor partidaria. Quem tropeça no caminho, si não for agil, reze ao sancto e peça!

Nazis, gothicos e reds, metalleiros e skinheads, que usam botas e não keds, chutes amam dar num punk/

/destillando toda a bile. Antes fosse um rockabilly, que usa tennis! Quem vacille que, chutado, o heroe não banque!

IDÉA DE GERICO (2) [5639]

{Glaucão, te considero o meu guru, accyma de qualquer outro! Consentes que eu tenha tal noção, Glauco? Sim, tu, somente, tem idéas coherentes!}

{Não, Glauco! Olavo, Lula, são tabu, agora, para mim! Só tu não mentes! Lamarca, Marighella, até Dudu, Carlucho, todos são inconsequentes!}

{Dispenso Hitler, Franco, Mussolini! Nem leio mais Kardec ou Sartre, meu guru! Qualquer poema teu define meu mappa astral, satanico ou atheu!}

-- Ainda que em mil casos eu opine, bobagem é seguir-me. Você deu bobeira. Mas suggiro que me urine na bocca, pois, masoca, assumo o breu.

DEVOTAS BOTAS [5711]

Um satanico não dista de quem tenha a mente pia. Todo mundo certa pista dá daquillo que o vicia.

Satisfaz o fetichista, todo dia, a phantasia. Quem perdeu, porem, a vista lambe em verso e se sacia.

Não paquera nem conquista nenhum sadico, mas cria taes scenarios que, na lista entra até, de algoz, seu guia.

Caso disso não desista, botas lambe, quem diria, não do punk ou do nazista, mas do crente… em poesia.

MACHINA DO TEMPO [5940]

No tempo em que eu ainda via, vi Ginsberg elogiando, em oitentista registro, o SGT. PEPPER’S. Não despista o bardo sobre aquillo que ergo aqui.

“Jamais reviveremos phrenesi egual ao da cultura sessentista!”, assim diz um nostalgico, que lista as magicas conquistas. Respondi:

{Exsiste retrocesso, ou é só phase? O mundo não caminha para traz. Appenas num sentido gyra. Mas ha sempre quem fascismos extravase.}

{Por mais que recuemos, será quasi sem gaz a pregação das fadas más. A menos que espelhemos Satanaz na farsa antichristan dum guru nazi.}

CARETA DE CARECA [6171]

Pô, Glauco! Ja não corto o meu cabello faz tempo, pô! Você devia ver a minha cara! Devo parescer um homem das cavernas! Haja pello!

Pô, Glauco! Sei que é muito desmazello, mas… Sem barbeiro aberto, que fazer? Não fico tão hirsuto por prazer! Eu mesmo não consigo bem fazel-o!

Pô, Glauco! Dependesse só de mim, careca ficaria, sem problema! Ainda que, aqui em casa, haja quem tema que eu tenha de skinhead a cara affim!

Pô, Glauco! Não seria tão ruim virar um desses bugres! Mas sou thema ja dessas gozações, antes que eschema adopte tal! Brutal ja sou assim!

CABIDEOLOGIA [6221]

Mas esses governistas não estão levando uma bandeira de Israel, alem da americana? Por que, então, no meio os neonazis teem papel?

É contrasenso, Glauco! É confusão mental! Então se pode ser, ao bel prazer, fan de Caim como de Abel, discipulo do russo ou do allemão?

Se pode ser de Stalin defensor, assim como de Gandhi? Ser de franco assim como de Lorca? Até quem for de Luther King appoia a Klan do branco?

Então, Glaucão, um Orwell eis que eu banco! Lhe informo que me faço dictador e imponho só tesão, nenhuma dor! Na marra quem não goze eu… Hem? Expanco!

STALINDISSIMO [6583]

Si Stalin não foi Lucifer, então um Hitler não seria Satanaz! Tyrannos são tyrannos, tanto faz o lado, os fins, o lemma, a posição!

Si for por preferencia, ahi, Glaucão, eu acho bem fataes, bem vis, bem más as obras do Marquez! Tu, Glauco, dás tambem tal importancia! Não dás, não?

Bonito por bonito, nem tem cara um russo, nem siquer um allemão! De Sade ninguem sabe qual feição teria, si retracto não restara!

Mas, Glauco, mesmo assim nem se compara a cara limpa delle e o bigodão dum lider extremista! Dizer vão que pellos pelo rosto occultam tara?

PRURIDO DIVERTIDO [6660]

As taes “experiencias”, na Allemanha nazista, são, sim, “medicas”, Glaucão! Serviram para alguma coisa! São remedios, é mais cura que se ganha!

Concordo que houve casos de tamanha maldade que envergonham a nação… Exemplo? O da coceira, diversão duns sadicos doutores, cruel sanha!

Não soube? Elles prendiam o subjeito com pulgas, muitas pulgas! Ammarrado, sem ter como coçar-se, esse coitado soffria loucamente! Era bem feito!

Desculpe! Eu quiz dizer que não acceito um caso desses, cujo resultado de nada addeantou e nenhum dado rendeu, excepto o sadico proveito!

DIFFERENÇA QUE COMPENSA (1/2)

(1)

[6746/6747]

Estive ca pensando, Glauco… Os taes ceguinhos, cadeirantes, alleijados, emfim, “deficientes”, uns coitados não são, porra nenhuma! Não, jamais!

Sim, soffrem preconceito, de seus paes, até, sim, dos amigos mais chegados aguentam gozação! Todos os lados olhemos da questão! Somos normaes!

Vocês nos dão trabalho! Nós pagamos imposto, os sustentamos por tabella! No minimo, vocês merescem bella desforra nossa, Glauco, convenhamos!

Merescem ser pisados! Somos amos; vocês, escravos nossos! Quem me fella podia ser um cego, um magricella perneta! Mas sou hetero, ora, vamos!

(2)

Bah, Glauco! Convenhamos! De eugenia ouviu você fallar! Não estou certo? O mundo ser devia dum experto, dum forte, dum saudavel! Não devia?

Os taes “deficientes”, minoria que são (vou lhe fallar de peito aberto), deviam ser é mortos! Mas allerto que pode isso rollar, sim, qualquer dia!

Você não preferia ja ter sido barrado desde cedo? Quem iria sentir falta dum cego? Mas servia, talvez, como um escravo, si eu decido!

Poupado da “limpeza”, não duvido que iria se exforçar na serventia, qual cego massagista, putaria inclusa! Até que fica divertido!

SANITARIO SANATORIO (3) [7123]

Lambeu cocô, chichi, numa latrina, um entre seus alumnos. Um só, não: alguns, que eram judeus. Esse allemão é Streicher, professor que, impune, ensigna.

Ensigna, em Nuremberg, e disciplina impõe, cruel e rigida: só vão passar os que tiverem mais tesão na caça aos “inferiores”. É roptina.

A turma dos mais sadicos admira seu masculo guru, dão gargalhada na hora de levar um camarada judeu ao sanitario. O gruppo pira.

O joven, de joelhos, que respira aquelle cheiro horrivel, se degrada, passando a lingua alli, da molecada ouvindo que seu nojo é de mentira.

PODOSMOPHILOS NA LINHA [7183]

Chulé de hippie, Glauco, ja sentiste? Nem é la muito forte, porque impera um toque mais vegano. Quem nos dera de punk ou de skinhead! Hem? Quem resiste?

De punk eu ja senti, Glaucão! É triste! De tennis ou cothurno, o gajo gera um cheiro salgadissimo! Pudera! Quaes outros chulezinhos quer que eu liste?

Talvez de motoboy, depois dum dia inteiro de trabalho, poderá ficar tão temperado que ja dá vontade de lamber tal iguaria…

Mas uma coisa affirmo: na bacia, qualquer desses cocôs egual terá seu cheiro ou seu sabor! Sim, provei, ja! Prefiro o pezão delles! Me ecstasia!

MADRIGAL TRIUMPHAL (1/5) [7803]

Um normovisual, por mais reaça que seja, pouco caso da desgraça não faz como pretendo que elle faça.

(1)

Na clinica, freguez sou de invidente collega que, sentado, massageia meus pés. Eu numa maca deito. À frente da sua cara, a minha sola. A meia descalça-me elle, humilde e efficiente. Commigo, confidente, elle pappeia.

(2)

Assim, fico sabendo que cliente é delle um militar de bocca cheia, rapaz neonazista que se sente feliz e victorioso. Na cadeia quer este ver quem seja dissidente. Do drama dos ceguinhos só se alheia.

(3)

Combino com o cego: “Você mente, fingindo estar ausente e, nessa meia horinha, seu logar eu tomo! Invente que sou bom nisso! Espero que elle creia!” Chegando o sargentinho, servilmente me exponho, nem que faça cara feia.

(4)

O cara acceita minha competente tarefa de allisar-lhe cada veia do dorso, cada callo que, bem rente à minha cara, quasi me tonteia por causa do chulé que, sorridente, percebe que senti. Nem se chateia.

“Ahi, ceguinho! Aguente firme! Tente ser util, superar os traumas! Eia!”

Ironico, o subjeito! Si a tenente chegar, como, sem duvida, elle anxeia, mais sadico será, naturalmente!

Mas sua sola, em minhas mãos usei-a!

MANIFESTO TRIBALISTA (1/2) [7991]

(1)

{Não, Glauco, não concordo que ja tudo teria que ser sempre “global”! Ora, dou muito mais valor à minha tribu, à minha subcultura! Não me venha dizer que somos todos irmãos, não! As tretas entre tribus são a prova cabal disso dahi! Sou punk e, como bom punk, odeio clubbers, que os skins tambem odeiam, Glauco! Mas odeio, por outro lado, um typico skinhead, excepto si for desses que de ska são fans, como qualquer dos rude boys! Emfim, Glaucão, não acho que sentido algum faz junctar tribus numa só cultura alternativa, ampla, geral, chamada de “irrestricta”! Cê concorda?}

(2)

-- Concordo mas discordo. Meu estudo das tribus me levou a ver de fora questões tão especificas. Recibo não passo de racista nem resenha tolero com os nazis, mas irmão me faço do alleijado, o que comprova que estamos num só barco. Não me domo por essa tal cultura dos Jardins, de elite, que, excludente, do meu meio desdenha. Que os Jardins não são a sede dos ricos, ja faz tempo. Não será momento de junctarmos forças? “Nóis é nóis!” “Ói nóis aqui travêis!” Ruido nós temos que fazer, sinão sem dó seremos o quartel dum general qualquer, a poncta fracca dessa chorda…

HOW MANY FRIENDS?

(1/3) [8039]

(1)

Ainda me podia ver no espelho, um olho ja tapado, lente escura nos oculos, outro olho pouco vendo. Sahia à rua à noite, em visual rockeiro, de jaqueta trespassada e sempre havia alguem que me notasse, alguem que, mais bonito, me dizia curtir gajos que sabem se vestir. Nem elle, nem eu, tinhamos, de facto nas nossas caras nossas attracções. O gajo só queria me chupar. Eu só queria aquelle pé lamber. Ninguem era sincero, mas a gente tentava apparentar que era na cara, na roupa que se excolhem os parceiros.

(2)

Depois que fiquei cego, um rapazelho não pode mais dizer que em mim procura aquelle visual, antes horrendo, de punk ou de skinhead, em meu tribal jeitão, porem fajuto, na calada da noite, eu que não tinha a bella face. O mesmo rapazelho que, de dia, me via a bengalar, ficava a rir. De noite, me ligava, seu sapato queria descrever-me. Eu de Camões queria lhe dizer, de cor, um par de classicos sonnettos. Mas prazer tivemos em trocar, sinceramente, os nossos interesses, um na tara, nas lettras outro, os versos pelos cheiros.

Ninguem mais vem pedir o meu conselho poetico ou rockeiro. Nem figura de velho bruxo faço, nem defendo papeis de menestrel profissional. Não resta, a permutar, hoje mais nada. Pergunto-me: affinal, como é que nasce vontade, ou amizade, ou sympathia reciprocas? Como é que, sem fingir, iremos nos querer? Accode, ingrato, à mente este dilemma: os amigões exsistem? Quantos delles eu comptar nos dedos posso? Quantos vão saber amar-nos como somos? Quem se sente comnosco solidario? Ora, tomara tenhamos inimigos verdadeiros!

FABULA CABULOSA (1/2) [8083]

(1)

{Conhesces tu, dos indios, a famosa versão da Creação, não é? Pois vou lembrar-te: trez bonecos Deus na argilla moldou. Levou ao forno todos trez. Anxioso, retirou cedo o primeiro. Ainda estava cru seu homem branco. Um pouco mais tardando, Deus retira do forno o seu segundo, moreninho, no poncto: só podia ser um indio! Ficou tão encantado com a sua perfeita creatura, que exquesceu la dentro o seu terceiro, que queimado demais ficou: seria, claro, o negro. Percebes, caro Glauco, como cada cultura se elitiza, superior se julga, valoriza a sua lenda? Glaucão, somos racistas todos! Nada de errado vejo nisso! O que tu vês?}

(2)

-- Pretextos nunca faltam para a prosa racista, mas você não se informou de qual tribu sahiu essa tranquilla, pacifica versão. Tupan, talvez, foi esse deus nativo? Não me inteiro do thema, queridão. Para ser franco, dizer não vou que seja só mentira, mas nada justifica algum vizinho mais loiro pretender que um Hitler guinde-o ao topo racial. Que cê se inclua na natta nem extranho, si europeu tem sangue, mas tomar deve cuidado com essas conclusões. Eu não me alegro por causa duma pelle, si ja nada

ver posso. Para mim, nenhuma cor de pelle differença faz, entenda, querido. Sua these está furada, em summa. Cê jamais foi finlandez.

COTHURNO DE TURNO (1/2) [8093]

(1)

{Notou você ja, Glauco, como vão os criticos tirando sarro desse governo neonazi? São frequentes as charges ou os memes sobre bota lambida por alguem mais puxa-sacco, imagens que, nos meios militares, são vivas, ja que todo bom soldado passou por isso quando foi novato, a titulo de trote. Eis que, de novo, cothurnos são lambidos por qualquer civil, Glauco! Você não fica allerta? A scena sua mente não ouriça?}

(2)

-- Notei. Claro que fico! Sou lambão, você, faz tempo, sabe, me conhesce. Mas elles satyrizam de innocentes maneiras a attitude mais devota dos “subditos”. Seria bom, destacco, que linguas percorressem calcanhares, solados e biqueiras para aggrado dos proprios militares que, de facto, cultivem o sadismo. Mas o povo appenas faz gracinha. Si puder, eu lambo de verdade, mas aberta não deixo tal imagem, tão submissa.

SOME NIGGERS NEVER DIE… (1/2) [8143]

(1)

{Estou é revoltado, Glauco! Ouvi canções do Johnny Rebel! São datadas, é claro, são do seculo passado, ainda quando os negros sem direitos civis estavam, sendo segregados, mas são canções chocantes pelo tom racista ao nivel maximo, Glaucão! “Alguns negros não morrem nunca, mas do mesmo jeito fedem…” -- diz, directa, a lettra duma dellas! Johnny lucta de forma pamphletaria, como si soldado fosse, em guerra civil, la nos idos da sulista seccessão!

Os negros são fedidos, ignorantes, bandidos, incapazes, só servindo de escravos, engraxates, faxineiros, segundo o Johnny Rebel! As canções parescem bello country, bello rock estylo cincoentista, mas a lyra transborda abuso odioso, Glauco, tão frequente nessas epochas! Não fica tambem você chocado? Não se ennoja?}

(2)

-- Sim, claro. Mas exsiste por aqui quem pense dessa forma. Revoltadas as nossas consciencias ficam, dado que temos no Brazil eguaes defeitos e manchas sociaes. Mas os Estados Unidos condemnando vivem, com firmeza assaz hypocrita, a nação, em Africa, logar de tantas más noções dum apartheid, esse que affecta, no fundo, um Occidente inteiro. Chuta

o pau dessa barraca alguem que ri dos negros, como o Johnny, mas está o povo americano sem razão si falla do nazismo os raios, antes de ver o proprio rabo. O negro lindo se sente, ja se gaba dos rockeiros que delle derivaram. As nações que escravos mantiveram dão o toque e tentam retractar-se. Quem adhira ao segregacionismo nem irmão meresce ser chamado. Dessa zica não vendo o verso torpe em minha loja.

INFINITILHO DO GATTILHO (1/2) [8146]

(1)

{A coisa muito simples se affigura, Glaucão! Epidemia? Virus novo? Perigo social? É simples, mano! Que imponham um gattilho radical no plano collectivo: quem vier tossindo, perdigotos expirrando, nariz entupidão, mesmo um pigarro, seria promptamente eliminado! Recolhe-se esse gajo, uma lethal substancia se lhe injecta, alguem o crema… E então? Foi um a menos! Não concorda, poeta? Ah, ja sei! Isso lhe paresce cruel e deshumano! Não é mesmo?}

(2)

-- Paresce, sim. Um caso de tortura será considerado. Nenhum povo subjeita-se com esse deshumano recurso. Só seria natural tal coisa si quem soffra de qualquer doença assim for cego. Figurando estou um sanatorio bem bizarro no qual são confinados como gado os cegos com suspeita da grippal doença. Si excapparem do problema, serão approveitados pela horda nazista como servos. Quem fizesse boquette bem, vivia, mesmo a esmo…

ROLLEMÃO [8460]

Ganhei, de anniversario, um tal de spinner, brinquedo helicoidal que agora gyra, veloz, entre meus dedos e elimina estresses, si o rumor não for mentira. Variam os formatos, mas pequena se mostra a variedade, excepto em feira daquellas clandestinas, onde a scena nazista se cultua e o mal se exgueira. Pois é: fiquei sabendo que funcciona, em forma duma swastika, ora em hora rodando, ou antihoraria, seja a dona do gyro mão que brinca ou mão que adora. Racismo é sempre crime que se puna, si pello em ovo encontra quem procura.

Prefiro o rollemão commum, communa não sendo, nem nazista na figura. Aquelle que ganhei não nos enganna: por tactil e veloz ser, minha cara tem, quando sou mais sancto que sacana, tocando, tonto, o spinner, que dispara.

TRIUMPHANTE TOTALITARISMO [8470]

Os cegos, neste seculo, serão milhões, uns cem milhões, no mundo inteiro. Appenas no Brazil, mais de um milhão! Pensou no que eu pensei alguem primeiro? Exacto! Uma abnormal população! Metropole, no caso brazileiro! No caso mundial, uma nação das grandes! Saramago bom ropteiro perdeu: em vez daquella engannação chamada “Ensaio”, que obra de barbeiro sahiu, podia achar melhor ficção na pura realidade… Um verdadeiro romance escreveria! Um mundo cão, calculem, si o nazismo, appós guerreiro conflicto, triumphasse e a “solução final”, mas não judaica e sim terceiromundista, confinasse os que visão normal não tenham, nesse captiveiro de cem milhões, um unico e grandão paiz! Um gigantesco e derradeiro ghettão, um territorio onde Sansão é o povo e philisteu o carcereiro reinante, ou commandante de plantão, zarolho zelador que, com ordeiro exercito zarolho, em condição canina manteria num puteiro ceguinhas e ceguinhos que ao tesão dos guardas serviriam, sob o cheiro de mijo, a practicar a fellação submissa, obrigatoria, em roptineiro serviço e na total escravidão! Não acham tal scenario o mais certeiro? Jamais um Saramago ou Orwell tão concreta dystopia achou, e eu beiro tal obra em minha lyra, ja que não

me canso de cantar este cegueiro prognostico que os numeros me dão. Congresso ophthalmologico ou olheiro do mundo, seus participes farão dos dados estatisticos o argueiro…

DEXTRO SESTRO [8594]

Previ que Stalin, Hitler, morreriam, alem de Pinochet, Franco ou Pol Pot. Previ, sem ter nascido, que elles todos seriam dictadores, mactariam milhares e teriam que pagar. Previ, ja no meu tempo, que Saddam, Bin Laden e Gaddafi, em companhia daquelles, seguiriam aos infernos.

Prevejo que, ‘inda vivos, outros vão taes coisas commettendo, seja aqui ou la, no Cu do Judas, o cu proprio. Sou cego, ja se sabe disso. Ou não?

Prevejo que verei, comtudo, o damno de cada qual, ainda que depois de estar, tambem eu, morto, mas de Lucifer sentado bem ao lado, o da direita.

EIN VOLK [8672]

Um povo, uma nação, um lider. Foi assim que definiu Hitler a sua fortissima Allemanha reunida em torno do nazismo. Só faltou citar a quarta coisa nessa lista de falsas unidades: uma raça. A raça branca, loira, azul nos olhos. Premissa, aliaz, fragil, ja que loiros nem eram os nazistas mais durões. Mas povo, mesmo, unido, significa diversos gruppos ethnicos vivendo na mesma sociedade, isso se sabe. Num mesmo territorio, será lider quem venha, desses gruppos, do mais pobre, porem mais numeroso. Ora, paresce que disso não se sabe ‘inda direito. Bem, nosso racial laboratorio dá sempre taes licções, mesmo que seja preciso começar, sempre, de novo.

BICYATA [8685]

Contava-me, indignada, a dona Deborah: {Você ficou sabendo? Um imbecil que foi de Bicycleta appellidado e muitos seguidores tem nas redes fallou abertamente que defende a livre propaganda dum partido nazista no Brazil! Que descarado! Não basta haver fascistas no governo? Mas tenho umas amigas que não deixam barato, pois judias são e não toleram taes attaques raciaes!

Você, que me diria, meu querido?} Só pude responder que esse não serve siquer p’ra accompanhar motocyata daquelles fascistoides: “bicyata” nem sei si estão fazendo os desse gado. Achou ella gozada a “bicyata”.

IN VINO VERITAS [8777]

Eu posso ser chamado de nazista, racista, appoiador de genocida, ou mesmo de cruel torturador! Por outro lado, posso ser chamado de monstro, comedor de creancinhas, pedophilo, communa, defensor de sordidos bandidos, mafiosos e narcotrafficantes terroristas! Ahi nem estou, Glauco! Si disserem que xingo de macaco um negro ou xingo de subhumano um cego chupador, direi que interpretaram mal meu pappo e fora do contexto me editaram! Si velhos attropelo com meu carro, direi o que ja disse si nazista disseram que eu seria, agora mesmo: direi que estava bebado, poeta!

CHEERS! [8855]

Brindemos, Glauco! Vamos relembrar! Em Londres conhesci você! Sou sua fan desde então, Glaucão! Naquelle pub você bebeu cerveja com a gente! Sim, ella mesma! Aquella que casada estava com um typico skinhead! Morreu elle, coitado! Um torcedor rival o balleou! Sim, ao Brazil voltei logo depois! Mas exquesçamos o caso, pois agora brindar quero à sua poesia! Muitos annos de vida litteraria a você, Glauco! Pensemos no John Milton! Hem? Quem sabe você vire esse Milton brazileiro!

TRETAS ENTRE TRIBUS [8882]

Glaucão, você escreveu sobre skinheads, com elles umas cervas ja tomou, em Londres, e enxergava ainda a cara amiga, mesmo falsa, das pessoas!

Por isso ja não bebe essa cerveja que traga alguma má recordação?

Confesse, Glauco! Um punk era amigão mais intimo, na sua vida toda, jamais um desses hooligans! Concorda?

Você só desejou delles a bota lamber! Não é verdade? Então confesse!

OK, estamos quites! Ja podemos brindar com este vinho de segunda, do typo que nenhum punk enjeitou!

ANTIPRAZERES [8936]

Agora resolveram insistir os medicos na these de que mal aos cães o chocolate faz, Glaucão! Magina! Não fez nunca! Si fizesse, faria a nós, tambem! Isso faz parte daquella manjadissima cruzada dos medicos nazistas contra tudo que seja, ao paladar, uma delicia! Não querem que tenhamos nem siquer o minimo prazer que ‘inda, na vida, podemos ter, sabendo-se que estamos, mais cada vez, privados do que é bom! Começam com os cães, depois virão dizer que chocolate nos faz mal a todos… E depois virão dizer que vinho, que torresmo, que churrasco, que tudo venenoso nos seria! É mesmo! Tem razão você, Glaucão! Não, elles não virão! Elles estão faz tempo nos enchendo o sacco com a mesma ladainha antiprazeres!

LINGUA RACHADA [9205]

Estou curioso, Glauco! Me exclaresça! Difficil é, sei disso, conseguir lamber o pé dum rapper, mas é mais difficil caso seja de skinhead o masculo pezão dentro da bota que nunca algum ceguinho descalçou! E então, Glaucão? Você ja conseguiu? É mesmo? Puxa, até que faz sentido! Carecas sempre foram de LARANJA

MECHANICA fans! Isso bem explica que curtam obrigar alguem a solas lamber, como na scena culminante! Então eu accredito quando diz você que sua lingua tão rachada ficou por causa disso… Só que não!

EDULCORADO? [9314]

Em nove nove, Glauco, você nem estava diabetico. Talvez por isso tenha sido cantador dos doces que, sem culpa, devorava. Mas hoje se lamenta da censura nazista, direitista, que lhe fazem os medicos. Agora, sim, eu quero ver como os prohibidos doces vão seus versos povoar! Ah, nada como a vida dura para alimentar a lyra verdadeira… Não é mesmo?

SALGADINHO? [9315]

Tambem os salgadinhos prohibidos são pelos que censuram a comida gostosa, que não chamam de “saudavel”! À parte esses nazistas, eu não faço questão das quituteiras que lhe fazem pasteis, croquettes, kibbes e coxinhas! Na feira, no boteco, na padoca, encontro os mesmos typos de petisco! Aquella mulherada só pretende fisgar um maridinho, menestrel!

HEDIONDO? [9371]

Tu dizes que, si Deus é responsavel por tudo de hediondo que se passa no mundo, ser devia condemnado, assim como um nazista appós a guerra. Não acho. Bem mais graves são os crimes de Deus. Elle meresce punição maior que essa dos crimes hediondos. Meresce ir para as chammas dos infernos.

INTEGRALISTA? [9392]

Nazismo no Brazil? Um “Anauê!” jamais teria a força dum “Heil Hitler!” Um Plinio com um Fuehrer não combina. Por isso não vingou, aqui nos tropicos, a raça superior. Mas vingaria si fosse Momo ou Bozo o lider dessa bagaça, menestrel? Acho que não, pois nossos militares nem conseguem fazer passo de ganso quando marcham, siquer synchronizar o passo, Glauco!

FANFARRÃO? [9425]

Seria, Glauco, um fan? Foi fanfarrão aquelle que ligou para você dizendo-se skinhead e lhe exigindo que fosse lamber umas botas, para ver como um gay meresce ser tractado? Ainda não cheguei a conclusão alguma, pois supponho que esses jovens carecas o que querem é zoar, mas morrem de vontade de ver seus caralhos bem chupados por um gay!

PREGUIÇA? [9831]

Preguiça ja foi symbolo de lucta? Segundo você, sim, Glaucão, pois nos patrulham esses medicos nazistas com esse chato pappo de esportivas e physicas tarefas que “saudaveis” allegam! Mas preguiça de estudar as regras duma boa poesia, de ler os bons poetas, você não approva! Né, Glaucão? Eis a questão! Peccar, todos peccamos, mas nem sempre se pode condemnar quem pecca, ja que tudo tem seu tempo, diz a Biblia!

TARA SATANAZI (1) [10.029]

“Estupro collectivo”? Não appenas! Agora até ja acharam um motivo de sobra: algumas lesbicas, no crivo dos machos, mais merescem certas penas.

Quaes machos? E quaes penas? Não pequenas são essas violencias. O lascivo instincto masculino um incentivo creou para animar piccantes scenas.

“Estupro correctivo” ja se chama a practica, que inflige tractamento brutal a taes mulheres, e eu requento.

Sadismo obstenta a mente de quem tento, em verso, descrever como o sedento reaça, que quer “lesbas” ver na lama.

SATANAZI (2) [10.030]

-- Mulher, quando for lesbica, tem fama de estoica militante ser. Eu vivo dizendo que de estupro correctivo devia ser bom alvo. Qual a trama?

Podemos sequestral-a. A gente chama a turma, que ensignal-a vae. Captivo, seu corpo será nosso. Não me exquivo de estar dando umas aulas para a dama.

Irá apprender, levando nada amenas porradas, a chupar paus de jumento, fazer com que gozemos a contento!

Terá a chota arrombada! Bem marrento serei, no cu tambem! Esteja attento, Glaucão! Calha ao cegueta as mesmas penas!

TARA

SATANAZI (3) [10.031]

-- Um cego frequentar nossas arenas de sarro tambem pode! Basta activo ser elle em militancias, dar motivo de birra aos de direita, a nós, appenas!

Cuidados elle exige? Licções plenas terá que receber! Eu readvivo meu gosto de enxergar bem, quando privo um cego das conquistas mais pequenas!

Quer elle ter direitos? Quer ter fama de heroe, de cidadão? Sou cem por cento contrario! Que reclame, voz ao vento!

A bocca vae calar num pau sebento! Que seja chupador! Que esteja attento às ordens de quem cores olhar ama!

TARA

ETHICA DIALECTICA [10.110]

Podemos ser, Glaucão, num tempo só, villões e heroes, mocinhos e bandidos. Problema, pois, não vejo si partidos tivermos, sem mexer no status quo.

Si Stalin, Hitler, Gandhi, por chodó quizermos, e dahi? Não dou ouvidos à logica commum. Nos dois sentidos, eu ora ajo com odio, ora com dó.

Algum amigo nosso, caso um crime commetta, nós passamos, mesmo, o panno! Extranhos? Que respondam ao regime!

Qualquer governo causa, a alguem, um damno, aggride, macta, abusa… Se redime, comtudo, si nos foros tem um mano.

DIA DO ANTINAZISMO [10.234]

Devia haver, Glaucão, um dia para fallarmos do nazismo, da lembrança da Noite dos Crystaes… Quem é creança não sabe, mas apprende, está na cara.

Sim, disso sei. Tal data nos azara si, em troca de repudios, ella alcança os jovens neonazis, ja que mansa conducta nenhum delles denotara…

Em vez de condemnarem dos Crystaes a Noite, esses fanaticos festejam a data, Glauco! O que se espera mais?

Chacinas? Terrorismo? O que é que estejam os nazis planejando, os velhos ais mais alto soam, novos ais ensejam…

DIA DA AFFIRMAÇÃO DEMOCRATICA [10.370]

Não, Glauco! Não podemos tolerar que queira defender a dictadura algum fascista! A gente não attura que possa alguem dum golpe cogitar!

Teremos que prendel-o! O seu logar é mesmo uma masmorra! Até tortura teremos que empregar, quando elle jura que cumplices não tenha, alli no bar!

Fallarem dum “Mein Kampf” ou dum “Orvil” num pappo de boteco? Mas de jeito nenhum! Temos governo que é civil!

Que fallem bem de Hitler não acceito, Glaucão! Elles que fallem no Brazil, aqui não! Si estão presos, é bem feito!

DIA DA LEMBRANÇA DO HOLOCAUSTO [10.376]

No tempo ja longinqua, a scena dista, mas temos que lembrar. No patamar de cyma, a divertir-se e gracejar, estava a Juventude Hitlerista.

No pateo, os judeus presos, sob a vista dos jovens, se moviam devagar, às cegas, rastejando, para dar prazer àquelle publico nazista.

Sem roupas, mãos e pés aptados, iam e vinham, se rallando pelo piso, emquanto os crueis jovens delles riam.

Agora, quando ouvindo estão um riso angelico (ou mengelico), os que viam aquillo um dejavu teem, impreciso.

DIA DA INTENTONA NEGACIONISTA

(1) [10.715]

Um anno se passou daquelle dia que muitos anarchistas acham lindo. Foi quando uns idiotas destruindo estavam a actual democracia.

Estavam? Ou pensavam que estaria alguem, ainda agora, quasi findo um seculo de golpes no malvindo historico nazista, na apathia?

Apathicos não somos, mas podia alguem mais proactivo ter cuidado com tudo que, de vidro, quebraria.

Os vidros recollocam-se. Do gado que estava alli brincando de anarchia alguns presidiotas teem sobrado.

OUTRO DIA SEM CARNE [10.746]

De novo? Não se cansam os estraga prazeres de malhar o meu filé mignon accebollado! Mas quem é que paga as minhas comptas? Hem? Quem paga?

Quem limpa a minha bunda, aqui? Quem caga? Que espiritos de porco! Vão até ao poncto de dizer que, na ralé, ninguem come filé! São uma praga!

São vegetaryanos! São nazistas! Propõem a dictadura da “comida saudavel”! Nem disfarsam suas pistas!

Pudessem, me impediam de ter vida normal! Ja que não posso ler revistas pornôs, que sobre carnes eu decida!

DIA DO CHAPÉU [10.757]

Usei chapéu de feltro, que combina com terno. Um tive, inteiro, com collete, relogio que, de bolso, na corrente prendia-se. Foi moda muito fina.

Agora, mais bacchana, “made in China”, é mesmo o bonnezão, cujo macete consiste numa griffe “independente” de esporte e dos rockeiros de botina.

Ja tive de skinhead e de skatista, de rapper, de funkeiro… Mas agora prefiro boina: dá menos na vista.

É boina das de velho, mesmo… Bora usar sem ter vergonha de dar pista daquelle que, sem vista, agora chora!

DIA DA RELIGIÃO [10.762]

Catholico? Não, Glauco! Ocê bebeu? Nem mesmo um evangelico! Magina! Espirita? Jamais! A Palestina não acho terra sancta, nada, meu!

Mesquita? Synagoga? Não! Judeu não sou, nem mussulmano! La na China, não sou nem tibetano! Se previna você, pois não direi que sou atheu!

Agora adivinhou! Sou satanista! Melhor, satanazista! Percebeu, Glaucão, a differença? Dei a pista!

Um dia, a dictadura aqui do breu, das trevas, vencerá! Meu, não insista! Quem pode soccorrel-o não sou eu!

NATIONAL NOTHING DAY [10.773]

La fora tambem rolla que ninguem mais nada commemore, menestrel! E sabe por que rolla? Ser fiel a tantas datas cansa! Veja bem!

Tem data para tudo! Sabe quem, em tantas ephemerides, papel tem feito de heroe, Glauco? Um coronel que, corno, aos Ricardões fallava amen!

Peor ainda! Hitler, Mussolini, Caligula, Jim Jones, Satanaz, até, merescem data? Ha quem opine!

Alguem, em reacção a quem só faz cagadas desse typo, se previne na data appropriada… Gasta gaz?

DIA DA VICTIMA DO HOLOCAUSTO [10.848]

Somente antisemitas são capazes de collocar em duvida as atrozes acções nazistas, Glauco! Nossas vozes ouviste? E então? Justiça tu nos fazes?

Fallaram que mentiras contumazes dizemos, que tivemos bons algozes, que poucos foram mortos! Overdoses nas redes, que não fazem, nunca, as pazes!

Disseram, inclusive, que si estão ainda vivos taes sobreviventes, Mathusalens seriamos, Glaucão!

Ciganos, gays ou negros, somos entes que, como os judeus, pedem attenção! Não achas? Desses themas não te ausentes!

DIA DA MORTE DO ROCK [10.894]

A data cincoentista ainda bolle com nossa triste e extrema nostalgia, Glaucão! Quem não se lembra? Aquelle dia fatidico! Não ha quem se console!

Morrera Ritchie Valens, Buddy Holly, por causa da famosa noite fria e dum aviãozinho, que seria o symbolo dum drama! Não é molle!

Diversas outras mortes, depois disso, marcaram nossas vidas: Elvis, Mama, John, George, Jimi, Marley, o mestiço…

A bicha, Freddy Mercury, essa dama negrona, a Tina Turner… Que serviço nazista faz a Morte, quando os chama!

DIA DO VOTO FEMININO [10.995]

Mulher só vota em homem! Ou não vota?

Ainda quando venha a candidata pedir-lhe, ella não vota, de tão chata que é toda candidata, a gente nota!

Mulher é muito burra, Glauco! Quota ja querem, nos partidos, ter exacta, mas sabem: Não é disso que se tracta, pois dellas o eleitor só faz chacota!

Logar duma mulher é na cozinha, tal como canta a banda de skinhead! Concorda, Glauco? Ou é bobagem minha?

Portanto, quando alguma dellas pede meu voto, dou aquella comezinha resposta: Mais que pau, chochota fede!

DIA DE COMBATTE À HOMOPHOBIA [11.121]

Glaucão, sou homophobico, sim, porra! Você não se diz sadomasochista? Então tem de entender ponctos de vista eguaes ao meu, ainda que recorra!

Veados ja mofaram na masmorra! Ficaram confinados num nazista presidio de trabalho! Uma conquista nenhum delles terá! Quero que morra!

Eu tracto uma bichona do jeitinho que deve ser tractada, sem carinho! Até que ella teria algum tesão!

No caso dum veado que ceguinho ficou, me tornarei mais excarninho, pois cegos bons palhaços tambem são!

DIA DO PUNK [11.146]

Poeta, agora digo: não, não ha chulé mais salgadão, mais defumado, do que esse que, no punk, está ligado ao uso do cothurno! Digo ja!

Provei o metalleiro, camará, que é forte p’ra damnar! Provei, no gado dos minions, o skinhead, esse que é sado mas fede menos, pouco tesão dá!

Cheguei à conclusão de que chulé que seja realmente de lascar só pode ser de punk! E então, não é?

Um delles ja me deu, Glaucão, o par de botas que no lixo fora até jogado! Conseguiu recuperar!

DIA DO TATTUADOR [11.202]

Swastika nazista tattuada na bunda duma puta? Pode? Então! Foi isso o que fizeram nella! São maniacos, poeta! Que coitada!

Agora na Justiça rolla… A cada sessão no tribunal, a bunda, tão exposta, mais se mostra! Todos vão olhando para aquillo! Dão risada!

Os sadomasochistas assim agem! Mais putas soffrerão por causa disso! Qual deve ser a nova tattuagem?

Até que não fizeram mau serviço! A cruz gammada tem melhor imagem alli mesmo, na porta do cortiço!

DIA GERAL DA IDÉA DE GERICO [11.542]

{Glaucão, te considero o meu guru, accyma de qualquer outro! Consentes que eu tenha tal noção, Glauco? Sim, tu, somente, tem idéas coherentes!}

{Não, Glauco! Olavo, Plinio, são tabu, agora, para mim! Só tu não mentes! Lamarca, Marighella, até Dudu, Carlucho, todos são inconsequentes!}

{Dispenso Hitler, Franco, Mussolini! Nem leio mais Kardec ou Sartre, meu guru! Teu verso tudo ja define!}

-- Ainda que em mil casos eu opine, bobagem é seguir-me. Você deu bobeira. Mas doutrino que me urine…

SONNETTO DA CARETA DE CARECA [11.770]

Pô, Glauco! Ja não corto o meu cabello faz tempo, pô! Você devia ver a minha cara! Devo parescer um homem das cavernas! Haja pello!

Pô, Glauco! Sei que é muito desmazello, mas… Sem barbeiro aberto, que fazer?

Não fico tão hirsuto por prazer! Eu mesmo não consigo bem fazel-o!

Pô, Glauco! Dependesse só de mim, careca ficaria, sem problema!

Que eu tenha de skinhead a cara affim!

Pô, Glauco! Não seria tão ruim virar um desses bugres! Ja sou thema das linguas más! Brutal ja sou assim!

SONNETTO DA CONVERTIDA [11.812]

Soubeste, Glaucão? Essa militante ja fora prostituta! Mais ainda: tentou ser feminista! Mas não finda a coisa por ahi! Falta bastante!

Ouvi que namorou ella, durante um tempo, sem ser culta nem ser linda, com quem as vagabundas sempre guinda às altas posições! Não é intrigante?

Alem da assessoria no partido, a puta agora agita a molecada das redes sociaes! Hem? Que damnada!

Mas claro! Não pensei nisso! Libido varia! Differentes taras cada um curte! Nazis curtem até fada!

SONNETTO DA CABIDEOLOGIA [11.906]

Mas esses governistas não estão levando uma bandeira de Israel, alem da americana? Por que, então, no meio os neonazis teem papel?

É contrasenso, Glauco! É confusão mental! Então se pode ser, ao bel prazer, fan de Caim como de Abel, discipulo do russo ou do allemão?

Se pode ser de Stalin defensor, assim como de Gandhi? Ser de franco assim como de Lorca? Só si for!

Então, Glaucão, um Orwell eis que eu banco! Lhe informo que me faço dictador e imponho só tesão! Sinão… expanco!

SONNETTO DUM TYPO STALINDISSIMO

[12.141]

Si Stalin não foi Lucifer, então um Hitler não seria Satanaz! Tyrannos são tyrannos, tanto faz o lado, os fins, o lemma, a posição!

Si for por preferencia, ahi, Glaucão, eu acho bem fataes, bem vis, bem más as obras do Marquez! Tu, Glauco, dás tambem tal importancia! Não dás, não?

Bonito por bonito, nem tem cara um russo, nem siquer um allemão! Tem Sade (Ninguem sabe?) qual feição?

Mas, Glauco, mesmo assim nem se compara a cara limpa delle e o bigodão dum lider, dum guru, dum capitão…

SONNETTO DUM PRURIDO DIVERTIDO [12.185]

As taes “experiencias”, na Allemanha nazista, são, sim, “medicas”, Glaucão! Serviram para alguma coisa! São remedios, é mais cura que se ganha!

Concordo que houve casos de tamanha maldade que envergonham a nação… Exemplo? O da coceira, diversão duns sadicos doutores, cruel sanha!

Com pulgas, muitas pulgas, ammarrado, sem ter como coçar-se, algum coitado soffria loucamente, esse subjeito!

Um caso desses, cujo resultado de nada addeantou, mais nenhum dado rendeu, excepto o sadico proveito!

SONNETTO DUMA DIFFERENÇA QUE COMPENSA (1) [12.268]

Estive ca pensando, Glauco… Os taes ceguinhos, cadeirantes, alleijados, emfim, “deficientes”, uns coitados não são, porra nenhuma! Não, jamais!

Sim, soffrem preconceito, de seus paes, até, sim, dos amigos mais chegados aguentam gozação! Todos os lados olhemos da questão! Somos normaes!

Vocês nos dão trabalho! Nós pagamos imposto, ora! Vocês merescem bella desforra nossa, Glauco, convenhamos!

Merescem ser pisados! Somos amos; vocês, escravos nossos! Quem me fella que seja esse invidente! Hem? Ora, vamos!

SONNETTO

DUMA DIFFERENÇA QUE COMPENSA (2) [12.269]

Bah, Glauco! Convenhamos! De eugenia ouviu você fallar! Não estou certo? O mundo ser devia dum experto, dum forte, dum saudavel! Não devia?

Os taes “deficientes”, minoria que são (vou lhe fallar de peito aberto), deviam ser é mortos! Mas allerto que pode isso rollar, sim, qualquer dia!

Cortado desde cedo, quem iria sentir falta dum cego? Mas servia, talvez, como um escravo, si eu decido!

Iria se exforçar na serventia, qual mero massagista, putaria inclusa! Até que fica divertido!

SONNETTO DA MOLECADA NAZISTA [12.649]

Lambeu cocô, chichi, numa latrina, um entre seus alumnos. Um só, não: alguns, que eram judeus. Esse allemão é Streicher, professor que, impune, ensigna.

Ensigna, em Nuremberg, e disciplina impõe, cruel e rigida: só vão passar os que tiverem mais tesão na caça aos “inferiores”. É roptina.

A turma dos mais sadicos admira seu masculo guru, dão gargalhada si punem um judeu, a passo cada…

A victima, aggachada, que respira aquelle cheiro horrivel, se degrada, passando a lingua alli… Que molecada!

SONNETTO DUNS PODOSMOPHILOS NA LINHA [12.698]

Chulé de hippie, Glauco, ja sentiste? Nem é la muito forte, porque impera um toque mais vegano. Quem nos dera de punk ou de skinhead! Hem? Quem resiste?

De punk eu ja senti, Glaucão! É triste! De tennis ou cothurno, o gajo gera um cheiro salgadissimo! Pudera! Quaes outros chulezinhos quer que eu liste?

Talvez de motoboy, depois dum dia inteiro de trabalho, poderá ficar tão temperado que ja dá…

Mas uma coisa affirmo: na bacia, qualquer desses cocôs egual terá seu cheiro ou seu sabor! Sim, provei, ja!

SONNETTO DA DELAÇÃO PREMIADA [12.778]

Que feio! Um general de quattro estrellas quadrado o sol nascer vendo na cella! Depois de tudo, o cara ainda appella às cortes? Acha alguem que irá contel-as?

Não, vate! É vergonhoso demais, pelas noções que tenho, ouvir que se revela golpista aquelle heroe! Ja ninguem zela mais pelas nossas honras? Vão perdel-as!

Hem, Glauco? Ja pensaste? Esse senhor na cella recebendo um rancho tão commum, egual à tropa! Que suppor?

Comeste ja a quentinha que elles dão aos recos no quartel? Ah, mas si eu for la preso, ora, delato o capitão!

SONNETTO DO SCIENTISTA

POLITICO [12.782]

No merito não entro, Glaucão. Sou neutrissimo! Só faço breve e exempta analyse. Mas, quando um lider tenta posar de populista, fracassou!

De esquerda ser faz parte do seu show, mas elle se divide e não aguenta o tranco do mercado… Com noventa por cento ja sem chance, se entregou!

Assuma! Reconhesça que não ha problema si fizer a saudação nazista! Assuma logo, camará!

Mas lembre-se, Glaucão: sou neutro! Não irei julgar ninguem… Você dirá que jeito não tem elle de machão?

São Paulo 2025

Casa de Ferreiro

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