DISSONNETTOS DESBOCCADOS
Glauco Mattoso
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
São Paulo Casa de Ferreiro 2021
Dissonnettos desboccados Glauco Mattoso
© Glauco Mattoso, 2021
Revisão Lucio Medeiros
Projeto gráfico Lucio Medeiros
Capa Concepção: Glauco Mattoso Execução: Lucio Medeiros ______________________________________________________________________________
FICHA CATALOGRÁFICA
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Mattoso, Glauco
DISSONNETTOS DESBOCCADOS/Glauco Mattoso
São Paulo: Casa de Ferreiro, 2021 118p., 21 x 21cm ISBN: 978-85-98271-28-4
1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título. B869.1
NOTA INTRODUCTORIA
Na sequencia dos volumes de dissonnettos compostos em 2020, appós DISSONNETTOS DESABRIDOS vem esta collectanea, com nova centena (de 6801 a 6900), que, ainda sob o impacto da crise sanitaria, cuida entretanto de varios outros themas urgentes e cruciaes para o convivio social, sexual, politico e cultural. Na forma mantenho-me fiel à nova estrophação adoptada, em quattro quartettos, desde que retomei, em 2017, a producção temporariamente interrompida no sonnetto 5555, em 2012. Tracta-se agora de publicar, ao lado das reedições reformatadas dos titulos antigos, esta nova serie de volumes em versão digital, resgate emfim possivel graças ao trabalho do editor virtual Lucio Medeiros à frente do sello Casa de Ferreiro.
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BOCCUDO E BICCUDO [6801]
Eu acho que você ficou boccudo demais, Glauco Mattoso! Desse jeito, presumo que se torna mais estreito seu ja tão singular campo de estudo! Attente: não appenas eu alludo ao chulo linguajar, que é seu defeito ja basico, porem ao mau proveito que faz dum caso chronico ou agudo! Si sempre da cegueira fazer bicco você pretende, Vate, seu leitor accaba por, sarcastico, suppor que possa tirar sarro do seu mico! Assume então, Mattoso, o que critico? Acceita toda a troça que lhe for imposta como porco portador dum justo soffrimento? Ora, aqui fico!
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MEDO MUDO [6802]
Não, vate! Eu, mesmo sendo um fallastrão, não posso concordar com a censura que fazem aos meus chistes! Quem attura offensa, attura a satyra, né não? Usando tudo quanto é palavrão, a turma, pelas redes, faz bem dura campanha contra aquelle que só jura prover o bem do misero povão! Então por que não posso, Glauco, usar o meu palavreado gozador naquillo que gozar preciso for? Colloque-se você no meu logar! Você se calaria? Admedrontar conseguem o seu verso, Glauco? Por acaso você deixa de se expor no comico papel do seu azar?
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ESTOU DOANDO [6803]
Ai, Glauco! Uma surpresa quiz fazer eu para meu marido, no seu dia! Um lindo bassezinho parescia ser optimo presente! Que me diz? Pois é, mas accontesce que feliz não fora a minha idéa! Quem diria? Meu homem era allergico (Sabia?) aos fofos cachorrinhos, tão gentis! Então, infelizmente, eu obrigada serei a fazer uma doação! A quem se interessar, eu dou noção mais clara da fofura a ser doada! Tem elle vinte e nove, está ja cada vez mais experiente e não diz não! De inglez é bom e teve educação! É culto, obediente e camarada!
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AMOR MAIOR [6804]
Meu caro Glauco, certo do que digo estou quando comparo uma mulher à linda cadellinha! Quem puder que fique com o cão, que é mais amigo! O cão é mais leal! Não ha perigo de errar! Mais amoroso que qualquer esposa, namorada, noiva, affair! Meresce mais carinho, mais abrigo! É facil de testar! Você que prenda as duas no seu carro, ou antes, ponha no proprio portamalas! Nem vergonha demonstre caso uns cynicos offenda! Depois, libera as duas! Reprimenda nem faz a cachorrinha, que só sonha em ver você, lamber, e carantonha não tem! Com a mulher... Cê que se entenda!
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LINGUA DESDOBRADA [6805]
“Palhaço da Alvorada”! Assim chamado foi nosso presidente, Glauco! Um puta insulto, um desrespeito! Quem escuta tal coisa fica mesmo revoltado! Não faço parte, Glauco, desse “gado” que appoia a auctoridade! Essa conducta não tenho, mas é muito mais fajuta a lingua que expalhou tão bruto brado! E sabe duma coisa? Acho que está quem falla assim morrendo de vontade de emprego dar à lingua, na verdade, nas botas de quem ordens aqui dá! Não acha, Glauco? Duvida não ha! Desdenha quem comprar quer! E quem ha de negar que militares fans de Sade serão e irão vingar-se de quem brade?
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VOU, VOTO, VOLTO [6806]
Em dia de eleição, Glauco, precisa ver como o povo soffre! E toca a gente formando fila, andando de pingente nos omnibus! E chuva não é brisa! Na hora de votar, você reprisa aquelle ritual: indifferente ao cerco militante, enfrenta a quente salleta, appós livrar-se da pesquisa! Você, Glauco, tacteia, a tecla apperta, escuta a campainha -- Pipipi! -e prompto! Se livrou do abacaxi! Será que excolheu mesmo gente certa? Si ganha quem você quiz, fica aberta a chance de trahil-o! Si não, ri da sua cara aquelle vil zumbi que sempre volta, a armar a fraude experta!
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ELEIÇÕES MUNICIPAES [6807]
Accabo de saber, Glaucão, que la na minha pequenissima cidade ganhou como prefeito quem da grade sahiu recentemente e livre está! Assim não é possivel! Não, não dá! O gajo rouba, macta, aggride, invade e pode concorrer! Quem desaggrade um typo desses para a frente irá? Fiquei sabendo, Glauco, que quem diz que irá denunciar a falcatrua accaba assassinado bem na rua, à vista dos adultos e gurys! Peor! Não são, Glaucão, nada gentis os modos dum moleque! Elle usa a sua chuteira na carcassa que jaz, nua, no meio da avenida, bem feliz!
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LINHA POLPOTISTA [6808]
Sim, Glauco! Ser de esquerda a gente entende que é justo, democratico, um direito de excolha de qualquer livre subjeito! É coisa natural que eu recommende! Mas vejo um esquerdista que defende sangrentas dictaduras, Stalin, feito fanatico, Koréa... Ah, não acceito que tal estupidez se referende! Si for para chutar, Glaucão, o pau de todas as barracas, vou tambem chutar! Vou defender um que ninguem defende! Sim, Pol Pot! Esse era mau! Sim, Glauco: o Vermelhão! Ahi, babau! Sejamos cambojanos! E não tem nenhum Jello Biafra a cantar, nem qualquer punk anarchista, nada! Tchau!
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RECEITA DESFEITA [6809]
Hem, sabe o que se passa, Glauco? Vão dizer que sempre exsiste fraude nas diversas eleições! Noticias más se expalham por questão de percepção! Si tem quem accredite num bundão que “capta” as intenções de Satanaz das nossas votações todas por traz, não posso fazer nada, Glauco, não! Disseram que quem vota na direita terá, na appuração, forjada a perda! Disseram que si for voto de esquerda um desses direitistas approveita! Das urnas a razão ninguem acceita! Que vamos nós fazer, Glaucão? Que merda! Si solidos principios alguem herda, dirão que da ração muda a receita!
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REPENTINO FIDEDIGNO [6810]
Ja vi coisa peor, Glauco! Vi gente postando que si mascara alguem usa, identificação terá confusa segundo nossa practica vigente! Eu posso me passar por competente fiscal, ser quem de escandalos accusa os outros, caso fake news produza debaixo duma mascara decente! Me finjo de sanctinho do oco pau, accuso qualquer gajo de impostor e poso de legitimo tutor das logicas verdades! Então, crau! Me elegem como lider dessa nau sem rhumo da politica! Si for assim, todo jumento de doutor dirá que, de repente, tem o grau!
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UM DE MUITOS [6811]
Amigos, quando perco um de vocês e quando quem perdemos foi Kapé, que todos nós sabemos bem quem é, lembramos da resposta a alguns porquês. Foi elle professor e portuguez fallou com propriedade. Foi até dos doces sabedor. Disse, com fé: “Cannoli foi Jesus mesmo quem fez!” Um pouco todos temos de italiano e nosso Vanderley bem que sabia das coisas. Do theatro a theoria com elle reparti por mais de um anno. Deixou-nos. Não questiono, mas me irmano a muitos de vocês. Um bello dia, cannoli comerei, como comia Kapé naquella noite, emquanto humano.
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HORA FESTIVA [6812]
Diz Denis Diderot e do poncto principal É quando a natureza à festa da privada,
faz allarde na nossa vida. nos convida toda tarde.
Ja Gandhi preferia nos fallar de cocô pela manhan. Ninguem duvida dum mestre que festeja a commettida cagada matinal si o cu não arde. Horario não importa, pelo visto. Importa que façamos tudo sem problema, pois tortura acha quem tem prisão de ventre e implora a Jesus Christo. Jesus não disse nada, mas insisto no poncto. Qual propheta, aquem, alem, aos céus não supplicou nem disse amen depois de ter cagado? Pensem nisto!
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DIGESTIVA PERSPECTIVA [6813]
Pedrinhas de cocô! Foi o que fiz, poeta! Bom propheta tal qual és, tu sabes que, comendo só filés macios, a missão será feliz! Comtudo, o que comi, como se diz, foi sola de sapato! Dos meus pés não, claro! Mas são nove em cada dez os bifes de primeira aos quaes dei bis! Cocô que sahir tinha muito duro, escuro, fedidão e reseccado! Por isso de insistir jamais me enfado: Quem come porcaria passa appuro! Comer bem, menestrel, até procuro, mas, com esta merreca que arrecado, consigo só muxibas que, do gado, deschartam! Bem cagar? Em breve, eu juro!
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VOTO UTIL [6814]
Quem vota no bassê vota na pizza, no bife, na linguiça! Dean nos grava e, em camera anthologica, tem brava performance, na frente da pesquisa! Promette que em escadas ja não pisa quem nelle votar! Conta que estudava, que tinha boas notas, que jogava baskete e melhorar a vida visa! Bassê que em eleições se candidata as discriminações combatterá! Cansados todos elles estão ja de serem prohibidos! Coisa chata! Sim! Nos supermercados será grata a vinda dos bassês! Quem voto dá a um delles deixará que elle entrar va em casa, na cozinha ponha a patta!
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AFFLICTIVA PERSPECTIVA [6815]
Amigos vão morrendo, dia cada, e vemos ja chegar a nossa vez, Glaucão! Ou caducamos, ou, talvez, morremos de repente, eis que do nada! Preferes morrer como, camarada? De infarcto? De derrame? Embriaguez? Das tripas? Coração? Alguem ja fez teu mappa astral? Que mais te desaggrada? Nenhuma preferencia tens, poeta? Ah, quero, tranquillão, morrer dormindo! Não achas bem mais digno, justo, lindo? É grave essa afflicção que nos affecta! Si gostas de soffrer, de ser asceta, devias preferir algum malvindo fim, Glauco! Mas, depois de tudo findo, terás nova missão e nova meta!
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FOOTPRINTS IN THE SAND [6816]
Com minha namorada fui à praia e eu crendo no maior conto de fadas! Brigamos... As mulheres são culpadas e somos, nós machões, da nossa laia! Algum tempo depois eu, de tocaya, na areia vislumbrei quattro pegadas: as della, alem de duas mais pesadas! Pensei: “Será possivel que me traia?” Glaucão, vou lhe contar! Essa pegada maior era bem larga, alem de chata! Fiquei estupefacto! Sim, se tracta de enorme pé, Glaucão! Hem? Não aggrada? Então eu me entreguei ao camarada, deixei que me pisasse! Aquella ingrata estava, sim, com elle! E me maltracta a dupla, agora, até de madrugada!
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FOOTPRINTS IN THE TONGUE [6817]
Glaucão, eu te conhesço! Tu querias ter lingua do tamanho dum capacho, não negues! Alem disso, vate, eu acho que solas tu não queres tão macias! Entendo-te! Tambem eu, nestes dias, andei me perguntando: si sou macho de facto, por que, sempre que me aggacho, me chuta a mulher? Temos, sim, manias! A tua, todavia, mais extranha será, pois imaginas uma sola de bota, que te marca, que te exfolla a lingua, te machuca, lesa, arranha! Si tu tivesses lingua assim tamanha, teu sonho nem serias quem controla e sim algum demonio, que em ti colla, tentando usufruir da tua sanha!
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REMINISCENCIA DA PUBESCENCIA [6818]
Sim, vate, estou lembrado. Foi assim: Meu primo era mais forte. Eu, que dormia às vezes la na casa da tithia, maricas e podolatra a ser vim. Aquillo para mim não foi ruim, mas eu que ruim fosse bem fingia. Seu pé na minha cara poz um dia, durante nossa lucta, ja no fim. Rendido, fui ao chão e, então, senti aquella sola chata sobre minha boquinha de menino mariquinha. O resto ja se sabe. Você ri? Pois elle, tambem rindo, fez alli de mim seu escravinho. Não, não tinha escrupulo nenhum. Fiz, sim, carinha de nojo, mas até bebi xixi...
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THE SHOELESS AND THEIR... CHULÉS [6819]
Sim, Glauco, descalço não tampouco. Só o tennis, do
reparei que americano andava. De chinello de tennis. Mas foi elo, meu vicio tão insano...
Lambel-os foi a regra. No mundano submundo urbano, sempre exsiste bello scenario para aquillo, pois eu fello, mas antes pago um troco para o mano. Sim, rolla. Rolla tudo, de bebida a droga, de farinha a baseado. Mas sexo rolla sempre. Eu, por meu lado, pagava, mas gozei muito na vida... Ah, Glauco, que saudade! Quem decida escravo ser, dos manos de la, fado melhor não achará! Ter recordado taes cheiros é punheta que convida!
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SNEAKER LICKER [6820]
Sim, rolla às vezes, Glauco, um caso mais curioso ou singular de lambedor de tennis, sem que seja chupador de rolla. Mas são menos usuaes. Um gajo conhesci, que diz jamais lambido ter um mano si não for calçado. Sim, poeta, ha de suppor você que sejam tennis, os fataes... Tamanhos, os maiores, Glauco! Um era dum joven basketeiro, longo cano, de panno, ja bem gasto no mundano e sujo territorio da gallera! Sim, foi na faculdade que a paquera rollou. Elle lambeu daquelle mano a lancha até na lingua causar damno, mas para sempre lembra a feliz era!
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DOURADAS DENTADURAS [6821]
Não é daquelles habitos antigos nem moda poderá ser hoje em dia. Virou, em certos circulos, mania: doar dinheiro vivo para amigos! Em vez de edificar ricos jazigos, que tal ser quem os vivos auxilia? Em vez duma expansão na companhia, que tal prover os pobres duns abrigos? Actores ja famosos, chique gente da musica, das lettras, dos esportes estão ficando velhos e taes cortes nas comptas serão baque indifferente! Hem, Glauco? Nada veta que cê tente pedir uma graninha aos que teem sortes melhores, pois, appós as suas mortes, daqui não levarão ouro no dente!
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INCORRETIFISMO [6822]
Rétif uma Fanchette idealiza pisando com sapatos cor de rosa. Tornou essa figura tão famosa que muito detalhar ninguem precisa. Suppondo na mulher a pelle lisa, macia, num pezinho que se entrosa com outros pappos leves, essa prosa chamada “retifista” a fama visa. Jamais interessou a mim, comtudo, um pé tão delicado ou feminino, pisado que me vi, desde menino, por solas dum moleque bem marrudo. Versejo, desde então, e não me illudo com bellas convenções, si meu destino foi sempre ver no verso fescennino a forma dum pezão rude e thalludo.
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PORTABILIDADE E VIABILIDADE [6823]
Não posso consentir, Glauco, que queira alguem me coagir a dar o braço! Não uso cellular! Demais excasso é o raio do teclado, uma canseira! “Tambem” não é “tb”! Sem brincadeira! “Você” não é “vc”! Si exsiste espaço depois de cada virgula, sim, faço questão de digitar a phrase inteira! Por isso nem twitter tenho, nem whatsapp ou instagram! Meu facebook siquer nem monitoro, pois o muque emprego no serviço que convem: O trampo de escriptor! Como ninguem você, Glauco, conhesce nosso truque no tracto das palavras! Quem se encuque com isso estro não tem, por cento, cem!
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INFERIOR COM LOUVOR [6824]
Si um bello gajo chupa alguem que é feio exsiste masochismo? Ouço você dizer que sim... e quando quem não vê é o bello, maior victima a ser veiu. Porem mais humilhante, Glauco, creio ser quando um feio cego, caso dê chupada num bellissimo michê, escuta, a gargalhar, o gozo alheio. Na duvida não fica você, vate? Quem é mais humilhado? O cego bello chupando um sado feio, ou eu, que fello um bello, sendo o feio? Ou vale empatte? Si feio sou e chupo quem por traste, embora veja, masoca, não é? Pense! No quem fica mais, ou não, é
me tracte me revelo chinello disparate!
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RIDICULO VERSICULO [6825]
Ja, Glauco, ouvi fallar que foi “peccado da carne” e que evitou-o o peccador! Até pode ser, quando causa dor um anus appertado, penetrado! Mas isso de Jesus nos ter fallado que nossos proprios olhos, por temor que causem o peccado, temos por dever os arrancar... é mau recado! Você ja viu alguem querer tirar da cara, porque enxergam, os seus tão perfeitos oculares globos? Não? Então! Quer um christão ter tal azar? Suppondo que, depois de se curar da perda da visão, você, Glaucão, peccasse, tiraria tal visão por isso só? Ja pode, então, peccar!
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QUEBRANTO NA QUEBRADA [6826]
Si num supermercado o negro não consegue entrar siquer em paz, está ficando clara nesta nossa má e plumbea consciencia a atroz questão! Nós somos todos negros! Ou irmão me sinto de quem soffre e é morto, ou ja não basta a allegação de que não ha racistas no Brazil, si todos são! Nós somos cada negra assassinada e cada negro preso ou torturado! Ou isso, ou estaremos, sim, do lado de cada auctor de crime! Sim, de cada! Unimo-nos agora, mas si nada fizermos a seguir, terá voltado ao zero tudo! Mesmo revoltado, não creio que nos basta a voz que brada!
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BICHARADA NA BALLADA [6827]
Ballada de estudante é sempre bella baderna, a boa chance de babar nuns tennis, si um calouro der azar de ser o lambedor que paga aquella. Mas pode ser a sorte de quem mella a sunga quando lambe cada par de tennis pobre e podre, em seu logar de typico masoca astral na tela. Ahi junctou a fome com aquillo que dizem ser vontade de comer! Si todo veterano tem prazer de bichos ver zoados, é tranquillo! Calouros masochistas a curtil-o, o tennis que mais facil foi lamber cor teve que é difficil de saber qual fora quando novo, ou qual estylo.
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JOIAS DE FAMILIA [6828]
Aquella solteirona foi da avó a netta predilecta. Não é bella nem faz questão de ser, da parentela, querida. Rabugenta, vive só. A avó, por sua vez, não tinha dó das filhas nem das nettas. Dizem della que, extremamente chata, só naquella nettinha achar podia seu xodó. A velha ja morreu, mas a nettinha, agora assaz madura, não se cansa, vaidosa, de exhibir uma alliança herdada da vovó, que valor tinha. Com todos fora a velha tão mesquinha! Com uma só pessoa quiz ser mansa... Por que será? Mais longe quem alcança apponcta, a cada agulha, sua linha.
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FÉ NO CHULÉ [6829]
Isaac estava à morte e cego. Para dar bençam ao dilecto filho, quiz sentir antes seu cheiro. Como diz a Biblia, não podia ver-lhe a cara. Pensou que Esahu fosse, pois a tara podolatra faz magica. Feliz, deixou-se illudir pelo seu nariz, que ao forte chulezão se accostumara. Jacob foi mais experto: usou a meia curtida, fedidissima, do seu irmão (o preferido desse hebreu papae), pegando o cheiro que empesteia. Isaac (as Escripturas você leia!) abbençoou Jacob, que submetteu a todos, desde então, àquillo que eu mais curto: o odor podal. A versão, dei-a.
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FERIDO COM FERRO [6830]
Deturpas, ó poeta, as Escripturas! Attenta a versão tua contra a voz prophetica que temos todos nós, poetas verdadeiros! Que procuras? Jamais as scenas biblicas impuras serão, mas as transformas em atroz comedia de costumes! És algoz do Verbo com as tuas diabruras! Vergonha alguma, Glauco, nunca sentes? Precisas bagunçar assim aquillo que cremos? O peccado, que punil-o nós temos! São as penas inclementes! Punido ser querias? Penitentes são tuas phantasias? Sem sigillo tu dizes que és masoca? Ah, nem vacillo, então! Penetrarei entre teus dentes!
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MARRON BASSÊ [6831]
Glaucão, tenho um bassê todo marron! Você tem um, tambem marron bassê? Ja teve? Elle morreu? Porra, você devia arranjar outro! Um cão tão bom! Preciso sempre estar, poeta, com meu fofo orelhudão! Você não vê o olhar delle, da cor do mel! Bebê paresce! Tem um pello de pompom! Ha amigos que, em logar de ter um filho, preferem o bassê! Você devia, tambem, adoptar, como seu cão guia, tal anjo, ousar andar onde eu palmilho! Certeza! Ainda, Glauco, me mattilho com muitos filhos desses! Quero, um dia, doar um a você! Ja não confia nos homens? Tal descrença compartilho!
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DESAGGRAVO DE ESCRAVO [6832]
“Da minha dor sorris, mas eu te quero ainda! Até farei o que quizeres, pois tens a malvadeza das mulheres, embora sendo o macho que venero!” Assim fallei à quelle que, sincero, me disse: {Enamorado si estiveres, reciproca qualquer tu não esperes de mim, ja que machão me considero!} Porem não foi por isso que fiquei tão puto! Foi por causa das besteiras que disse do meu pappo: {Tu não queiras serestas plagiar, pois dellas sei!} Serestas? Quaes serestas! Eu sou gay masoca, Glauco! O gajo com asneiras vem para censurar minhas maneiras? No cu que va tomar! Ah, me cansei!
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LUIZ LUIZ [6833]
Luiz, Luiz, eu tenho que ir-me ja! Achei um garotinho jamaicano de chatos pés e torto pincto! O mano me espera, la na terra delle está! Luiz, Luiz, você não irá la seguir-me, não é mesmo? Ou eu me enganno? Rockeiros aos montões, a todo panno, me seguem, me imitar querem! Não dá! Ja tive esse cubano, o Babalu, que todos cobiçaram e virou um Papa Oom Mow Mow! Em todo show faz delle qualquer gruppo o seu guru! Agora não divido mais! Tabu será fallarem desse! Luiz, vou embora, agora! Até mais ver! Estou de sacco cheio! Va tomar no cu!
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WHY CAN’T WE LIVE TOGETHER [6834]
Si Timmy Thomas falla, tem logar! Cantava: “Não importa a sua cor, nós somos irmãos, brancos, negros! Por que guerras accontescem sem parar?” Tambem o Paul McCartney quiz fallar e, juncto com o Stevie, foi auctor do thema antiracista que, em favor da paz, fez da canção these exemplar! Não cabe qualquer critica a nenhum dos dois, naturalmente, Glauco, mas cricris não vão faltar com suas más linguinhas restringindo o “bem commum”! Razão teem Paul e Timmy, qualquer um que queira appellar para haver mais paz, em vez de erguer altar a Satanaz, que adspira, dos defunctos, o fartum!
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PROSA MILAGROSA [6835]
Glaucão, ou mesmo adulto e Quem fica
quem mais peccou? Dum cego os paes o proprio cego, caso seja bem conhesça as leis da Egreja? cego culpa até tem mais?
Está nos Evangelhos que teus ais seriam merescidos! Que não veja alguem, peccando ou não, ah, Deus deseja! Licções taes apprender, Glaucão, tu vaes? Jamais apprenderás? És bem teimoso, ceguinho miseravel! Não concordas que chupas pau e themas taes abbordas por tua propria acção, Glauco Mattoso? Nem Christo te curava, pois tens gozo fazendo o que tu fazes! É melhor das palavras de Jesus, que bem recordas, lembrar-te nos poemas ao Tinhoso!
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CRENTE DEFICIENTE [6836]
Poeta, si perdesses a visão em epocha de Christo, que dirias àquelle que das trevas mais sombrias curava quem dissesse ser christão? Dirias que em Satan não crês e não practicas as mais negras bruxarias? Dirias que consagras os teus dias restantes ao Senhor e à salvação? Dirias que teu verso ja até crê na palavra de Jesus e de Moysés? Dirias que sacrilego não és e nunca maldisseste tua pena? Dirias que, tal como Magdalena, querias é lavar de Christo os pés, beijal-os e lambel-os attravés dos dedos? Mas tal coisa Deus condemna!
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EFFICAZ É SATANAZ [6837]
Você tambem, Glaucão, de retenção de gazes soffre? Porra, não aguento mais este meu constante extuphamento nas alças do intestino! Que afflicção! O peido nunca sae, poeta! Vão se enchendo de cocô os canaes! Eu tento cagar, mas entupi-me! Sem alento, até para Satan faço oração! Demora, mas, emfim, Satan attende e eu loto uma privada de cocô mollissimo, perfeita lama, pô! Laxante bom pharmacia alguma vende? Qual nada, Glauco! Disso quem entende é mesmo Satanaz! Elle pivô será de toda merda que, em pornô contexto, uns dissonnettos sempre rende!
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FADO DE CASADO [6838]
Flagrei minha mulher com outro, vate! De menos isso seja: de mim ella ha muito desfazia! Ah, que cadella! Mas ‘inda foi maior o disparate! Não basta que de corno ‘ocê me tracte! Terá que me tractar de escravo della e delle! Sim, palhaço sou em bella comedia! Fui, de inicio, um engraxate! Mandou ella que eu desse logo um brilho naquelles sapatões do Ricardão! Lhe juro, Glauco! O gajo quiz, então, que fosse com a lingua! Ah, si me humilho! Eu, nesses os dentes, de rastos, me inveja?
casos, fico puto, rilho mas accabo, pelo chão, a lamber! Hem? Você não Pois se case, então, meu filho!
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TERROR DA CLASSE [6839]
Tivemos um attrito feio, minha primeira professora e eu, que sei que sempre transgredia qualquer lei e posso ser chamado de “pestinha”! Ainda sou rebelde, Glauco, sim! Ha quem diga que não topo um negro ou gay, que piso nas mulheres, que zoei de todo cego ou surdo colleguinha! Assumo, sim, poeta, que bullyingo taes typos, inferiores ja que são! Você, Glauco, perdeu sua visão? Em gente do seu naipe é que me vingo! Vergonha? Não terei siquer um pingo! Que faço? Ora, desforro o meu tesão guardado, reprimido! Dou pisão, porrada braba! Achou que appenas xingo?
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FUNEBRES NUMEROS [6840]
Glaucão, uma pessoa contamina mais duas, essas duas quattro mais! Assim se expalha a peste, que fataes tem numeros, excepto la na China! Não achas engraçado? Uma cortina damnada de fumaça a China às taes suspeitas mortes cerra! Taes totaes nós nunca saberemos, se imagina! Paizes como teem muitos Alguem fora que nella a
Belgica, Allemanha, mil defunctos da doença! da China a serio pensa peste menos casos ganha?
A falta de noticias é tamanha, ou dellas um excesso, que essa crença nas falsas fontes gera a desadvença maior, sim, que do virus toda a sanha!
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PARTE INTERESSADA [6841]
A China, caro Glauco, quer ser dona do mundo! Ja lucrou na pandemia e, mesmo que não seja quem deu cria ao virus, o chinez se impõe na zona! Faz como quem poderes ambiciona maiores e globaes, Glaucão! Um dia talvez saibamos tudo o que queria fazer essa nação de voz mandona! Emquanto não se torna a dictadura total, omnipotente, no planeta, a lider asiatica à vendetta recorre, faz chantagem, agir jura! Razão o Bananinha terá? Pura fofoca não seria, pois quem metta no caso o seu nariz, vê que punheta ao yankee elle batteu, de picca dura!
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DESPEITO DO DEFEITO [6842]
Não gosto de ver gente empoderada, ainda mais um cego, Glauco! Porra! Nem posso supportar que elle concorra a premios litterarios! Não, qual nada! Eu, sendo um escriptor de nomeada, espero-me immortal depois que morra! Magina a Academia, a puta zorra que fica si, entre cegos, entrar cada! Não dá para acceitar! Quem advaccalha assim as lettras perde meu respeito! Um cego menestrel eu não acceito! Talvez um cantador, ou o que o valha! Você, Glauco, não passa de gentalha da lyra! Si se fode, eu me deleito! Tomara que seu tragico defeito jamais se immortalize pela malha!
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MANDANTE INTOLERANTE [6843]
“Furaro o zoio” delle, eita! Bem feito! Hem, Glauco? Quem mandou o cabra achar que pode se enxergar, no seu logar de preso, como tendo algum direito? Prenderam o saphado por seu jeito folgado, brincalhão! Posou de “star”, quiz versos fazer para alfinetar a minha auctoridade! Eu não acceito! Mandar nem precisei! Meus cabras são zelosos, não toleram que ninguem me faça de palhaço! Razão teem em delle exvaziar toda a visão! Você, que ja tá cego, tambem não me queira alfinetar! Ficará sem a lingua, mas depois de lamber, bem lambida, a minha bota! Acha que é “bão”?
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CONFUCIONISMO [6844]
Confucio disse e eu, credulo, repito: “Si Deus morrer, é tudo permittido!” Entendes, Glauco? Opino, ouço, decido e macto, si quizer, de Deus o mytho! Pensemos com Confucio! Não me ommitto na hora de dizer de que duvido! Deus pode tudo? Usal-o faz sentido? Ou somos nós que temos tal conflicto? Sim, Glauco, ouçamos nossa propria mente, que echoa aquella phrase lapidar! Ja todos poderão assassinar um Deus que se suppoz omnipotente! Então, valerá tudo! Sopa quente, sorvete geladinho, cada bar vendendo um bom sanduba, pelo mar navios navegando... Ou sou descrente?
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
CONFUSIONISMO [6845]
Ai, Glauco! Tens certeza? Me confundo? Repito o que philosophos jamais disseram? Confiar, então, nas taes fofocas de internet é o mal do mundo? Pensei que me baseio, mas, segundo as fontes fidedignas, nossos paes mentaes não proferiram as banaes sentenças dum saber assaz profundo! Ninguem jamais fallou o que circula nas redes, Glauco! Logo, nem Descartes pensava que exsistissem uns appartes mais logicos que droga sem a bulla! Agora, que faremos? Quem formula a proxima verdade? Quem, nas artes, será mesmo um artista? Não deschartes: Qualquer sabedoria será nulla!
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CYNICO CLINICO [6846]
Fallei eu -- Não fallei? -- que grippezinha seria a pandemia que essa imprensa ahi vive dizendo ser immensa, terrivel admeaça! Fofoquinha! Poeta, ja fallei que mariquinha é todo babacão ahi, que pensa ser magica a tal mascara, suspensa na cara dessa gente que se appinha! A mascara não serve para nada! Pegar, quem for mais fracco sempre pega! Cansei de ver pegar algum collega! Eu não, que sou athleta da pesada! Nem grippe eu pego! Dou até risada de gente desgraçada, gente cega, doente, fracca, às drogas quem se entrega! De medicos eu tenho uma porrada!
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JUIZO PRECISO [6847]
Não posso ver defuncto sem chorar, Glaucão! Vou perder essa? Não, por nada! Eu perco um bom amigo, um camarada, mas nunca alguma phrase lapidar! Fallei ja delle: é como comparar papel de embrulhar prego, uma camada daquillo no logar da delicada pellicula de seda! Não tem par! O gajo, grosso desse jeito, não podia, caro Glauco, occupar cargo nenhum, e muito menos um de largo poder sobre esse estupido povão! Mas tem o que meresce essa nação de merdas, mariquinhas! Quem embargo impor irá ao subjeito? No lethargo que impera, as reacções nullas serão!
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DELIRANTE POSTULANTE [6848]
Por muito pouco, Glauco! Quasi que eu consigo me eleger! Hem? Ja pensaste? Poder nenhum exsiste que me baste! Miserias eu faria, amigo meu! Eu acho que qualquer outro plebeu, gastando sem limites o que gaste, seria dictador, até que affaste a bunda da cadeira! Mas não deu! O povo não deixou que eu exhibisse aquella minha tara, a tyrannia insana do poder! Ah, mas seria divino, uma aggradavel maluquice! Tambem de ti, Glaucão, nunca se disse que fosses candidato? O que faria um cego no governo? Mais sadia gestão que essas dahi, de má sandice!
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SADO SUGGESTIONADO [6849]
Cegar Sansão, o lider de seu povo, motivo foi de excarneo para seus algozes, os alegres philisteus! Por elle eu tambem nunca me commovo! É facil cegar! Com meu dedo, movo o globo para fora! Assumo os meus deleites! Folgo quando negros breus imponho! O globo salta feito um ovo! Sim, feito ovo cozido, Glauco! Um damno que nunca se reverte! Sansão era fortissimo, serviu, nessa severa roptina, como escravo subhumano! Você, que é fracco, usado como um cano de exgotto ser podia! Quem me dera cagar na sua bocca! Ah, não é mera hypothese: p’ra manga cê dá panno!
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MOMENTO DE CONSTRANGIMENTO [6850]
Tomei purgante, Glauco! Tomei tanto que merda, até o cuzinho fazer bicco, soltei! Envergonhado? Nunca fico! Ficar por que, si nada causa expanto? Fallar em cagalhão molle, entretanto, admitto que incommoda! Nenhum rico burguez declararia que seu mico é calças mil borrar em todo cantho! Borrei ja muitas calças, mas não creio que seja vergonhoso fallar disso! Peor é sentir preso o meu chouriço fecal, feito um granitico recheio! Você purgantes toma, Glauco? Um meio mais practico não vejo! Ja submisso estive às orações, mas a serviço a bosta está do Demo, é o que eu receio!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
EGREJA DA BREJA [6851]
Cerveja no café da manhan? Veja, poeta, si dá para crer em gente capaz de ser tão credula, tão crente nos mysticos effeitos da cerveja! Blueseiros e rockeiros de bandeja esperam, como os Doors, que simplesmente abrir uma lattinha, mesmo quente, ja basta para astral ser quem almeja! Nem whisky, nem o vinho considera a turma beberagem de poeta bohemio ou estradeiro, que na recta do trecho uma carona sempre espera! Prefiro o vinho, Glauco! Quem me dera ter grana para aquelle de selecta e cara safra! A breja só completa o pratto num almosso, né? Pudera!
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CATERVA DA CERVA [6852]
Bebida de poeta, vate, é vinho! Mas sempre exsiste alguem gabando alguma virtude da cerveja! Faz espuma, somente, sem querer ser excarninho! Em torno da cerveja algum gruppinho alegre, sempre erguendo o coppo, fuma, conversa, joga, pela rua rhuma, de bar em bar, no tropego caminho! Não faço parte dessa turma, não, Glaucão! Sim, sou bohemio, sabes tu! Mas, seja si estou alto ou jururu, só bebo vinho, até de garrafão! Commigo, sei, nem todos hoje estão! Alguns preferem pinga, alguns o cu sem dono ja deixaram, mas tabu é, para mim, sem vinho, uma canção!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
TOURO SENTADO [6853]
Glaucão, ja colloquei na prefeitura aquelle que excolhi pelo meu voto! Quem quero ver eleito, vate, eu boto! Poder maior exsiste? Exsiste? Jura? É mesmo? Na affamada dictadura o cargo era dum “puxa”, dum devoto appenas nomeado? Vate, eu noto que pode ser melhor, mas não perdura! Entendo: o general, que é presidente, nomeia quem governa cada estado. Por um governador é nomeado prefeito quem obstenta a costa quente... Assim se economiza a grana, a gente se livra de votar, o resultado sae logo... Mas será, por outro lado, difficil ter poder quem la se sente!
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ESCRIPTURAS ÀS ESCURAS [6854]
Mattheus, seis, estou lendo, Glauco! Diz, em vinte e dois e trez, que minha luz depende do meu olho! Se deduz que sejam sãos meus olhos e eu feliz! Si tenho olho normal (e eu nunca quiz defeito ter nenhum), só farei jus às luzes mais brilhantes que suppuz fazer por merescer! E eu sempre fiz! Mas tu, pelo contrario, tens doentes teus olhos de nascença! Assim, estás às trevas condemnado! Satanaz quer nelle ver os cegos todos crentes! Pois é! Nesses teus versos, não desmentes aquillo que Mattheus disse, veraz! Jamais com esses olhos tu verás nenhuma luz divina, nem com lentes!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
BANDA DA BUNDA [6855]
Sahi, sim, pelladão! Paguei a apposta! Na nadega direita, sim, pinctei que, embora direitista, sim, sou gay! Mas era mentirinha, viu? Que bosta! Ah, fico puto quando alguem me encosta o dedo, ou ja me enfia! Sim, eu sei que macho sou, que nunca, jamais dei, mas muita fofoquinha a turma posta! Ja tive que pagar apposta para um bando de esquerdistas, Glauco! Um sacco! Puzeram o dedão no meu buraco! Na nadega alludi, dos gays, à tara! Esquerda, sim, a nadega! Appostara que macho sou! Perdi, porem destacco que pego na suruba fui, a Baccho ligada, por intriga do outro cara!
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BOZO BRIOSO [6856]
Peor, Glaucão, foi tudo o que fizera aquelle deputado! O gajo tinha directa ligação com a turminha dos ultradireitistas, durão era! Fallava mal das bichas, da paquera nocturna, das balladas! Mas gallinha agora se revela, Glauco! Vinha de casos com michês, uma gallera! Flagraram, em suruba, que elle deu a varios pelladões, numa boate! Agora não ha jeito que desapte o nó no qual, coitado, se metteu! Não quero nem saber! Só sei é que eu não caio na armadilha, caro vate! Si saio pelladão, é porque batte tesão, mas tenho uns brios de europeu!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
MAX POLENTA [6857]
Não ha bicho mais fofo que esse cão bassê, si é da familia dos Polenta. A gente, só de olhal-o, nunca aguenta: querendo a mão passar todos estão. Ao Max, o mais famoso, occasião não falta p’ra manter a gente attenta. Biscoito, p’ra ganhar, elle nem senta: ja vae abboccanhando, o gulosão. Precisa ver a cama delle, tão bonita, arrhumadinha, que apparenta de gente ser! Mas elle não exquenta, impune, esse fofissimo colchão! Primeiro, o desarrhuma! Brincalhão, até rasga a coberta! Ahi, com lenta preguiça, se exparrama... Quem o tenta cobrir, ganha lambeijos! Fofo ou não?
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CACAU ARTEIRA [6858]
Cacau Arteira rouba a mortadella ainda si estiver na geladeira! Basseza, jus ao nome faz... Arteira é pouco: dengosissima, a cadella! Tambem bagunça a cama: até esphacela a cappa do colchão! Por brincadeira, buracos faz, se mette dentro! Ordeira jamais será menina que nem ella! Mas, quando mamãe ralha, Cacau faz charminho, choraminga... “Que injustiça commigo fazem! Ora, não attiça a gente esse colchão? Eu tenho um gaz...” Sim, chamam-na de Arteira as linguas más, mas ella fica mansa si linguiça ganhar, bem na boquinha, pois preguiça exbanja, aquella fofa, nos sofás!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
DEZEMBRO VERMELHO [6859]
De tanto se fallar em pandemia, accabam se exquescendo da AIDS! É claro que duas pestes dessas não comparo, mas muita gente, Glauco, ja morria! Me lembro do Cazuza! Que agonia foi vel-o definhar! Agora raro é vermos eskeletico um tão caro artista, que rockeiro foi um dia! Mas, com Renato Russo, outro rockeiro famoso, pela peste victimado, fiquei mais commovido, pois seu lado de martyr entendi, que quasi beiro! Tambem sou bi, Glaucão, e mais cabreiro estou na pandemia! Nem veado, nem puta foder posso, aqui trancado! Você, na bronha, ao menos se sacia!
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MELODIA MACCABRA [6860]
O forte calorão nuvem escura formou e, pela tarde, muito vento soprou ao vir a chuva. Num momento terrivel, a tragedia foi mais dura. Uma arvore tombou. A gente attura taes factos, mas “normaes” eu jamais tento dizer que sejam, Glauco! Que tormento foi ver uma familia alli, insegura! No carro que, exmagado, dirigia, morreu a mãe. Viveu uma creança, berrando por adjuda! Quasi a alcança um cabo energizado! Triste dia! Glaucão, estão as arvores, por fria, fatal constatação minha, na dansa maccabra duma chuva que as ballança, ao som da assobiada ventania!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
A LEI DO GALILEU [6861]
Bassês por si se movem! Quem controla alguem quando se exbalda pela praia? Assim é Galileu. Caso elle saia, ninguem economiza a sua sola! A todos elle sabe bem dar bolla em busca dum biscoito, pois da raia não foge emquanto um bardo não attraia com esse seu charmão, quando rebolla! Esteve em Portugal, fez amizade com Lady, com Pandora, com Sherlock... Alguem diz que isso é lenda, dando o toque: Jamais elle entraria attraz de grade! Mas, quando o Freddy Mercury, de la de seu album, Galileu chamar, um choque saccode esse orelhão e elle, a reboque, viaja sob o som que nos invade!
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OS TREZ MASCOTTEIROS [6862]
Lukinho, Freddy e Spock, esses os trez famosos salsichudos da Cidinha, que ficam no portão. Usando minha bengala, vou passando, toda vez. Estou imaginando, ora, vocês entendem. Todo cego que caminha na rua duns bassês uma turminha provoca. São curiosos, os bassês. Lukinho, que biscoitos curte, sente o cheiro, no meu bolso, delles. Latte. Mais timido, fareja chocolate o Freddy e tambem latte. Está carente. Caçula, Spock exhibe mais urgente desejo de brincar. Mamãe que tracte de abrir o portão para que este vate ceguinho toda a turma aggradar tente.
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
DESEMBARAÇO NO CANGAÇO [6863]
Agora, a qualquer hora, Glauco, rolla um caso do banal “novo cangaço”! Um bando organizado! Questão faço, porem, de reflectir si faz eschola! Pergunto: Ocê não acha que não colla o pappo da policia? Ja cansaço nos causa tal desculpa! Não dou braço! Quem é que tanta gente não controla? Não creio que ninguem perceba quando um gruppo tão armado de bandido desloca-se! Que ignorem, eu duvido! Não vão monitorar tamanho bando? Glaucão, basta prender quem no commando esteja da facção! Só faz sentido que roubem si politicos supprido teem esse terrorismo, ou mal quejando!
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HILDA FURACÃO [6864]
Sapeca, brincalhona, a gorda quer com Freddy se pegar por toda a salla, bassês os dois. Mamãe quer aggarral-a, beijal-a, appertar tudo que puder. Sim, Hilda Furacão, essa mulher fogosa, a um salsichão ja bem se eguala. O gatto dormir tenta, mas resvalla na gente esse casal, onde estiver. Brincar de pega-pega! Alguem conhesce brinquedo mais alegre e divertido? Rosnando, mordiscando, não duvido que pullem como quem louco estivesse! Mas, como phantasio, que não cesse espero desse jogo. Ja lambido na cara fui, fingindo que os aggrido com beijos e tapinhas. Quem exquesce?
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
ASYMPTOMATICOS [6865]
Problema algum não vejo, Glauco, nessa fallada pandemia que se expalha de novo, horrorizando uma gentalha tão credula, que coisas pensa à bessa! Si fosse indifferente, mais depressa a peste passaria! Só me calha pensar que nada sinto! Uma navalha só corta si não vemos o que impeça! Eu vejo umas defesas actuando no corpo duma grande maioria de gente que feliz mais viveria deixando de temer um mal nefando! Mas, como poucos sabem disso, quando percebem quão inutil agonia passaram, será tarde! A pandemia mais victimas, de medo, vem mactando!
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BERTHOLDO, OU SNOOPY [6866]
Bertholdo, da garagem no portão, lattindo me recebe. Está anxioso demais para acceitar o que, gostoso, no bolso guardo. Todos saberão. Biscoitos offeresço, que da mão me toma -- Nhaque! -- o cão, esse famoso bassê, que mora perto do Mattoso. De experto ja ganhou reputação. Parentes que “elle rouba” ja até, sem reservas, denunciam. “É saphado!”, affirmam. Mas entendo delle o lado. Bassês immensa gula sempre teem. Amigo fiquei delle, mas alguem contou que está doente e cego, um fado que eu vivo tambem. Chamo de coitado quem, como nós, perdendo tudo vem.
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DADIVA DIVINA [6867]
Não achas uma dadiva divina, poeta, seres cego? Ora, repara no gesto tão humilde que prepara Deus para quem ficou nessa ruina! Que chance teem os cegos! Imagina si podes num pezão metter a cara, a lingua! Qual escravo se compara ao cego, que a quaesquer se subordina? Sabendo-te inferior pelo destino, irás, sem excolher, servir ao feio, ao sujo, ao mais malvado, no recreio que tenham, qual brinquedo de menino! Hem? Achas humilhante? Sim, defino a tua condição como um sorteio: Tu perdes a visão, mas ganhas, creio, um meio de elevar-te! Eis o teu tino!
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ANJO PROTECTOR [6868]
Alli no Cachorrodromo ouvir pude, lattidos entre varios, um que meu ouvido distinguiu. Elle disse: “Eu cheguei! Eu! Eu! Eu!” Magica attitude! Sim, Hector alto latte e bassetude exbanja! Meus biscoitos ja comeu, fazendo uma amizade que rendeu abbraços... Dos bassês ha quem desgrude? Algumas fofas photos por Akira battidas foram. Lembro-me, porem, dum pello ultra sedoso, que não tem nenhum outro bassê na minha lyra... Sim, anjos serão elles! Quem admira bassês como o da Sonia sabe bem que, em vez de protegidos, são quem vem, na vida, proteger-nos... Sim, confira!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
AMIZADE DESINTERESSADA [6869]
No mesmo Cachorrodromo onde são marcados os encontros de bassês Romeu eu conhesci. Porem, vocês não acham delle videos aqui, não! De subito, virou meu amigão, por causa duns biscoitos. Um por vez, fui dando, mas, mostrando ser cortez, Romeu todos roubou da minha mão! Tamanha gentileza me conquista! Não posso resistir quando um amigo expõe tal attenção para commigo! Exsiste quem a fofo tal resista? Quem perde totalmente sua vista e escuta do Romeu um “Eu!” perigo não corre de engannar-se! Então lhe digo: “Você ja comeu tudo! Não insista!”
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NINA DE FRANKFURT E BRAGANÇA [6870]
É Nina a princezinha, ao pé da mesa, que espera por um teco de linguiça. Que seja Sua Alteza, por premissa, não digo, mas será Sua Baixeza. É fofa basset hound e, com certeza, tem vida aristocratica. Rolliça está, de bem comer, mas quem a attiça descobre que brincar a deixa accesa. Adora pão de queijo, o qual na mão da gente vem buscar com delicadas maneiras, como dessas lindas fadas. Um anjo disfarsado, outros dirão. Salsichas não lhe mostrem, porem, não, pois ella advança! Nunca as descuidadas pessoas num anzol as ponham, dadas as chances de engolir aquillo um cão!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
REPALINDROMIZANDO [6871]
Mais este bom palindromo se somma a alguns que de mim deram testemunho, agora pelo Fabio Aristimunho: “Amo cu! Alguem ama meu glaucoma?” Não digo que desejo que me coma alguem por via anal, nem com o punho penetre-me, mas nunca me accabrunho com certas allusões neste idioma. {Gustavo, um joven sadico, varia e allude a mim: “Ô, dá-me, Glauco, o cu, algemado”, provando que sabia: Alem de definir-me e expor-me a nu...} {O bom palindromista a poesia achou, por traz me pondo seu peru!} Assim sonnetizei eu, certo dia... De novo o cu quebrar vem um tabu!
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CHICHORRO DA GAMMA [6872]
Chichorro, o meu bassê, não foi um bicho commum, qualquer cachorro nessa linha rueira, nem tampouco um “salchichinha”, mas sim um “salchichão”. Chamei-o Chicho. Agora, ao fallar delle, não espicho o pappo, pois me dá saudade. Vinha comer na minha mão a bollachinha gurmê, mais cara, nunca aquella micha! Todinho marron, era differente dos outros salsichudos, tambem por saudosa formosura, alem da cor: uns olhos bem chorões, de quem dó sente. Sabia que estou cego. Transparente, seu olho me enquadrava, minha dor sentia, sem poder siquer suppor que nelle vi, tambem, a dor silente.
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
O PRIMO BASILIO [6873]
Tambem, como o Chichorro, foi Basilio da Gamma bassezão da boa raça, daquelles que, com força, a gente abbraça e delles lembra, aqui no triste exsilio. A Dona Chicha teve muito filho (o Chicho, o Chocho, o Chucho); mais devassa, porem, foi sua mana, accabadaça de tanto ser mamãe de affogadilho. Assim nasceu Basilio, todo preto, appenas, nas pattolas tortas, branco. Trombei com elle, quando cada banco de praça foi motivo de sonnetto. Agora que está morto, não commetto mais versos tão saudosos, mas arranco, de quando em quando, um forte, triste e franco soluço, confinado no meu ghetto.
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PREOCCUPANTE IMMUNIZANTE [6874]
Então obrigatoria a tal vaccina será, Glauco? Não tomo! Só de birra! Si fosse livre excolha, ainda accirra os animos, quem toma, quem declina... Não gosto de injecção! Quem examina meu braço, minha bunda, vê que myrrha a pelle no local onde eu fui -- Irra! -piccado por aquella agulha fina! Tá louco! Ja fiquei empipocado demais por causa dessa piccadinha terrivel, dolorida, que na minha bundinha recebi de cada lado! Agora chega, Glauco! Sim, me evado si forem vaccinar quem mais se appinha nas ruas, nas balladas! Não convinha primeiro vaccinar, do “mytho”, o “gado”?
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AYRA SOPHIA [6875]
Não tinha mais ninguem para adopção, excepto uma menina: Ayra Sophia. Princeza se tornou, como cabia àquella bassezinha sem irmão. Alguma linda lenda todo cão performa, seja facto ou theoria. Na practica, a menina ja seria a noiva a fim da qual todos estão. Famosos bassês Ayra conhesceu, com elles namorou, sem compromisso. Appenas platonismo rollou nisso, com Hector, ou com Pongo, ou Galileu. Mas della admirador mais serei eu, pois vejo nos bassês esse feitiço sublime dos bichinhos que, a serviço divino, não me deixam ser atheu.
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FILA QUE AFFUNILA [6876]
Na morte de John Lennon... Nesta data, um oito de dezembro, uma vaccina começa a ser usada... Mas termina, hem, quando, Glauco? Data apponcte, exacta! Não basta annunciar uma bravata! Nós temos que saber o que imagina fazer esse governo! Uma cortina se fecha, de fumaça, se relata! Talvez o que ja rolla la na terra do Lennon signalize grande feito historico, Glaucão... Mas qual proveito teremos nós, aqui? Tudo se emperra! Aqui só somos gente que se ferra, na fila dos paizes! Eu suspeito que iremos é morrer antes que jeito se encontre para allivio de quem berra!
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CHOCHO, O RECHONCHUDO [6877]
O Chocho, coitadinho, sendo tão branquinho, triste e timido, dos trez irmãos, todos fofissimos bassês, tem vida de qualquer mimado cão. Os outros o perseguem porque são mais fortes e machões. Mas teem, talvez, inveja do que Chocho de cortez tem, feito um delicado caçulão. Não rosna, não resmunga. Só nos vira as costas quando fica magoado. A gente, então, se deita do seu lado, abbraça, accaricia, sarro tira. Até que elle se rende: não surtira effeito tanta manha. Algum aggrado nos pede e, satisfeito, sente enfado e dorme, emquanto occupa a minha lyra.
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PONGUINHO, UM AMIGUINHO [6878]
Por vezes, versejando, me prolongo e quasi que me exquesço. Mas, então, alguem lembra do Pongo, mais um cão bassê, com seu sedoso orelhão longo. Agora que fui salvo pelo gongo, ja posso fallar delle. Fiz questão, alli no Cachorrodromo, de não negar a bollachinha ao meigo Pongo. Mamãe não quiz deixar. “Tem intestino sensivel!”, me explicou. Que judiação! Até pizza na frente delle estão comendo! Coitadinho do menino! Mas juro que, na proxima, combino com sua mamãe para que elle, são e salvo, comer venha em minha mão um typo de biscoito leve e fino!
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SALOMÃO, UM AMIGÃO [6879]
O Jorge (na verdade, George) tem um fofo bassezão, mas reconhesce que é mal accostumado. Bem meresce a fama que tem, de “easy to spoil”, hem? Si brinca com um outro, tambem sem vergonha que nem elle, reza prece a gente a São Francisco! Si eu pudesse contar tudo o que inventa tal nenem! Não, coisa de comer jamais deixada ser pode pela mesa, pela pia! Salô vasculha mesmo! Um bello dia, roubou pertences duma pheijoada! Da gente nem espera que dê nada: Subindo vae na perna! Pede, enfia aquelle narigão! Tem a mania de beijos dar... Mas isso, sim, me aggrada!
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NAPOLEÃO, QUE JA PARTIU [6880]
Não, esse não cheguei a conhescer. Viveu dezeseis annos, mas durante tal tempo seu papae de mim distante esteve, embora amigo p’ra valer. Ja delle exsiste bello dossier com tudo que inventou. Quem me garante é Mario, o tal papae. Para que eu cante seus feitos... Bem, aqui não vão caber! Direi appenas que esse tal Napô sabia, de dormir, qual era a hora e, caso o casal desse de estar fora da cama, chamar vinha: “Vamos, pô!” Lattia, resmungava, qual vovô ranzinza, mas sorria, sem demora, na chance dum passeio... A gente chora, lembrando delle, e eu, nisso, sou retrô.
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CAPACHISMO [6881]
O Quercia se encontrou, lembro-me bem, com Collor, presidente este, em Brazilia. Aquillo que, Glaucão, me maravilha é terem estatura a mesma, alem... Será que não me enganno? Os dois, sim, teem pezão quarenta e quattro! Uma armadilha a todo fetichista da familia daquelles bons pornographos! Eu, hem? Sim, Glauco, sei que Quercia ja morreu! Mas fallo no presente porque está ainda na memoria algo que, la nos idos, delle falla algum plebeu: “Ah, delle engraxaria as botas eu!” Tremendo puxa-sacco, né? Mas dá p’ra gente imaginar como será o pé de quem pisou num babão seu!
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PALACIANA SAPATEIRA [6882]
Sim, Glauco! Uns institutos teem de tudo accerca de quem mande e quem se sente naquelle poltronão de presidente, do mais pé-de-chinello ao botinudo! Calçados que calçaram, um estudo revela, vão do tennis displicente àquelle cothurnão pesado, quente, que deixa a meia podre e o pé cascudo! Sapato social ha nesse tão exotico museu, é claro, mas maior attenção chamam essas más figuras de pisantes taes, Glaucão! Podolatras, por certo, la farão visitas que você, Glauco, não faz, agora que está cego, porem as taes peças inspiral-o vão... Não vão?
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MODERNO AMOR PATERNO [6883]
Glaucão, a minha filha agora deu, te juro, para andar uns palavrões fallando! Que me dizes? Que suppões que esteja accontescendo, amigo meu? Não achas linguajar muito plebeu e chulo para as moças? Si Camões ouvisse isso, diria: “Arre, colhões! Si falla a mulherada assim, fodeu!” Eu posso fallar, Glauco, pois sou macho, maior e vaccinado! Mas mulheres novinhas... Nunca dizem o que queres ouvir! Só palavrões, Glauco! Um excracho! Normal achas, poeta? Ah, não! Não acho! Maldizes a cegueira! Si preferes xingar, entender posso! Mas si deres razão à minha filha, te esculacho!
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GLAUCO MATTOSO
MODERNO AMOR MATERNO [6884]
Ai, tem São que
Glauco! O meu filhinho bocca suja para conversar com as meninas! moças de familia! Que imaginas esteja havendo? Sou mamãe coruja!
Sim, temo, menestrel, que delle fuja qualquer mulher decente! Moças finas não gostam de palavras fescenninas, eguaes às que elle diz da dicta cuja! Pois é, Glauco! O menino nunca diz “vagina”, “vulva”! Falla só “boceta”! Não achas muito feio que commetta tal falta de pudor, termos tão vis? Tu podes fallar, vate! És infeliz, nas tuas trevas! Podes na punheta perder-te em mil delirios! Mas é peta si dizes ser normal! Ainda ris?
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VOVÓS A SÓS [6885]
Chegando o Natal, vinha a senhorinha olhando umas vitrines na calçada, pensando na nettinha que, coitada, presentes não ganhava nessa linha. A velha decidiu que dar, sim, tinha algum presente desses. Mas si cada custava assim tão caro, que será da poupança da vovó, que é merrequinha? Pediu ao funccionario: “Ponha a minha pequena senha aqui, pois mal eu leio!” Na boa fé, mostrou-lhe, sem receio, a senha do chartão. Mas não convinha... Depois que foi roubada, a ladainha de sempre ella ao gerente contar veiu. Frustrada, consolou-se. Natal meio amargo, pois chorou, quando sozinha...
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GLAUCO MATTOSO
POR PREÇO DE BANANA [6886]
Glaucão, sou optimista! Bom motivo eu vejo, mesmo nessa carestia! Exsiste inflação? Sobe todo dia o preço da comida? Ah, bem me exquivo! Me viro! Sou bastante creativo! Si falta bacon, minha theoria é simples: de banana as cascas ia jogar no lixo? Nunca! Sou é vivo! As cascas, dependendo do que faço com ellas, frictas podem ser, Glaucão! Serão tiras de bacon, quando são salgadas, ao tempero dando espaço! Você nunca provou? Jamais excasso será tal alimento! Tambem não estão em falta, podem ser ração, das fructas ja chupadas, o bagaço!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
QUEM NÃO FOR PRECOCE QUE SE COCE! [6887]
Precoce tractamento, Glauco! Basta tomarmos chloroquina, aquella pura, barata solução, e menos dura seria a damnação que nos devasta! Achando sempre estou que pederasta é quem fica a culpar a dictadura por tudo que (elles dizem) não tem cura! Bastava a sociedade ser mais casta! Apposto, Glauco, que essa grippezinha virou um pandemonio porque tem neguinho por demais trepando, sem moral e sem costumes! Sempre tinha! É muita fodelança grossa! Mãe Sancta! Se salvar não a menos que em mim creia, advisa amigo é! Macho não
Ah, minha vae ninguem, Glauco! Quem definha!
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CLIENTELISMO [6888]
Fiquei sabendo, Glauco, que successo podologos ja fazem, a tractar de cada cascudão parlamentar que exerce seu mandato no Congresso! Ainda mais eu soube! Tem ingresso, ao lado do callista, alguem que dar irá suas lambidas nesse par de solas que eu lamber ja quiz, confesso! Favores quer pedir um puxa-sacco ao nobre deputado ou senador? Então, de pedicuro quando for fazer-se, emprega a lingua que eu bem saco: Comprida, salivosa, no velhaco politico um serviço de sabor salgado lhe compete, é de suppor! Glaucão, é tal tesão meu poncto fracco!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
PILEQUE DE MOLEQUE [6889]
Cadê que se salvou o meninão que sempre desse virus desdenhara! Riu muito, nem ligou! Quebrou a cara! Agora a septe palmos foi do chão! Parentes nem tocaram no caixão, ninguem lhes permittiu! Sahiu bem cara a compta do hospital, embora avara aquella gente fosse! Né, Glaucão? Os jovens tambem morrem da maldicta doença, mas ainda na ballada insistem em ir! Fazem o que aggrada, somente! É o que entendi de quem tweeta! Mas elles se foder vão! Quem imita um “mytho” na cabeça não tem nada! Saber quer, Glauco? Mando que va cada rapaz negacionista ao bar! Nos quita!
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FINALZINHO [6890]
Um cego vem usando, na avenida, a mascara, tentando protecção manter contra a covid. Elle questão fez sempre de seguro ser na vida. Mas elle é vulneravel e convida a sua desvalida condição aquelles que, sorrindo, logo vão barrar sua passagem, ja soffrida. Lhe tomam a bengala. A malfazeja gallera, celebrando o “finalzinho” da aguda pandemia, no caminho lynchar quer quem mais fragil ‘inda seja. Rasteiras, ponctapés em quem esteja no piso rastejando, o tal gruppinho diverte-se em bisar. Eu ja adivinho, Glaucão, que outro masoca até festeja!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
CEIA ALHEIA [6891]
A ceia de Natal pernil ja tinha e todos se serviam. Mas alguem peru trouxe e chegou tarde. Tambem a nova carne incluem na festinha. Mas logo outrem se toca: até gallinha melhor é que peru! Pratto mais sem sabor, sem graça alguma! Ja ninguem se serve dum assado dessa linha. Retornam ao pernil, que está no fim. Sobrou boa porção daquelle duro peru, que não terá nenhum futuro excepto um embrulinho para mim. Acharam que, si cego sou, ruim não acho tal pedreira, ja que atturo comidas bem peores neste escuro jantar que, emfim, na vida a roer vim.
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SURTO DE PAVIO CURTO [6892]
Glaucão, presenciei um facto assim! Em pleno restaurante, estava alguem tossindo. Ora, ao beber, poeta, quem engasgo não tem quando faz tintim? Um outro ja suppoz que bem ruim seria seu estado, ou que ja bem grippado se encontrava. Nem convem fallar dum subjeitinho tão chinfrim! O facto foi que o raio do babaca partiu para a porrada no coitado que estava a tossir! Cara, até me enfado com gente tão estupida! Que inhaca! Tossir, mesmo que possa alguma vacca, covidica não é! Por outro lado, um typo tão bossal pode ter dado signal de que está doido! Doido paca!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
BENZA ZEUS! [6893]
Qualquer antipsychotico tem tanto, mas tanto desse effeito, ou seja, “adverso” que, quando me perguntam, desconverso! Não quero provocar maior expanto! Ja desde quando, cedo, me levanto, de insomnia vou soffrendo, Glauco! Um verso ou outro faço, typo bem perverso e sadico, mas gozo por emquanto! Passado o momentinho de tesão, de novo um comprimido tomar quero, a fim de dormitar! Lhe sou sincero, Glaucão! Dormir, não durmo, mesmo, não! Mas gasto, no remedio, um dinheirão! Até ja desconfio que exaggero na dose e, desse effeito tão severo, accabo por ficar é mais doidão!
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SACADA ABORTADA [6894]
Glaucão, eu nunca perco o meu sossego com coisas banaes, como o que faria a puta que maior barriga cria e visa assegurar o seu emprego! Concordo, nesse poncto, com Diego Tardivo, quando disse que seria do aborto um defensor, da lotteria daquelles que na vida acham chamego! Sacada a mais correcta, a do Tardivo! De toda a gentarada, a maioria daquelles que conhesço bem podia no mundo nem estar como um ser vivo! Si todos abortados fossem, crivo melhor, acho, teriamos um dia! Não acha, Glauco? Ou são, em theoria, os sadicos que pisam num passivo?
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
INVASÃO SEM VISÃO [6895]
Um cego, que morava só, me conta seu caso. No quartinho, que invadido foi pela patotinha de bandido, ficou aptado. Leva pau à tonta! Ja tudo reviraram. Alguem monta na sua cara, a bocca tendo sido a fundo penetrada. Me convido a ver-me nisso, scena que admedronta. Appoiam-n’o, de nucha, na beirada da cama. Appós um delles ter gozado, um outro quer tambem posar de sado e fode-lhe a garganta, a dar risada. Pensei muito no caso. Não ha nada que mexa mais commigo que esse lado masoca dum ceguinho que, estuprado assim, fica admarrado, aos pés de cada.
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ABUSO DUM MUSO [6896]
Dois cabras abusaram dum ceguinho mais joven, que não tinha, ja, seus paes e esmolla, só, pedia, sem jamais ninguem incommodar pelo caminho. São ambos andarilhos e sozinho acharam o cegueta. “Ah, si normaes nós somos, si enxergamos, somos mais potentes, zoar vamos um pouquinho!” Fizeram-n’o chupar, mas não sem antes roubar-lhe essa que chamam de merreca. Mandaram-n’o tirar uma cueca, os labios seus usando, os meliantes. Lambeu elle tambem, claro, os pisantes dos gajos. Si chegou o que defeca um delles a comer, não sei, mas -- Eca! -aquillo bronhas rende em meus instantes.
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
INCOMPARAVEL FEALDADE [6897]
Partiu para a porrada a mulher feia, chamada que de feia foi. Pudera! Com outra se pegou, que mulher era bonita, a se gabar de bocca cheia! Vi tudo, Glauco! O que melhor recreia a gente é ver a feia virar fera por causa da feiura que paquera jamais lhe renderia... Ah, como odeia! As duas se pegaram, mas mais caro sahiu à bonitona, que ficou todinha machucada appós um show de tanto saphanão! Éo que eu reparo! Divirto-me! Sou feio, mas é raro que digam isso, sendo que eu estou é pouco me lixando! P’ra que vou ligar, si com você nem me comparo?
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GLAUCO MATTOSO
PALADAR PARA ASCO DAR [6898]
Sou cego tambem, Glauco! Mas sozinho eu tenho que estar sempre, pois não tenho nenhum accompanhante no ferrenho suor do meu battente tão mesquinho! Assim que fui barrado no caminho, senti que me ferrava, pois me embrenho em vias de malandros que lhe venho, agora, descrever bem direitinho! Diziam que eu não ia me exquescer mais delles, e sorriam! Lambi suas surradas botas, sujas, pelas ruas, de bosta de cachorro, um desprazer! Do gosto não me exquesço! Que poder o trauma tem na gente! Chupei duas pirocas, mas peor que rollas nuas é solas sujas termos que lamber!
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
DIA DA CEGUEIRA [6899]
No dia da cegueira, a gente está torcendo para aquillo tudo ser bem rapido, pois sempre é um desprazer lembrar da nossa sorte, que é tão má. Nas commemorações, sabe-se la que coisas nos dirão! Tenho o dever de estar bem preparado, de saber ouvir, ou engolir, um blablablá... Dirá quem bem enxerga que qualquer de nós tem seus direitos, mas é só de scena jogo! Nunca terá dó quem sempre quer foder-nos, si puder! Estou accostumado, pois affair ja tive com quem ama aptar um nó nas nossas mãos, usar no fiofó a nossa lingua, como uma colher!
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GLAUCO MATTOSO
EMPATHICO LUNATICO [6900]
Nem sempre desboquei-me si versejo fallando das miserias deste povo. Por vezes, numa lyra, me commovo e exquesço que fallar ia sem pejo. Accabo humanizando o meu desejo de estar em baixo nivel e, de novo, me toca algum absurdo, um pello em ovo, e volto a accusar dramas, neste ensejo. Poetas são assim. Querem gozar da cara dum coitado ou dum auctor de feias falcatruas, mas, si for ver, soffrem, sim, tambem dalgum azar... Bem, temos nós, de falla, algum logar, si estamos no direito de suppor que todo ser humano soffredor é menos do que somos ao luar.
SUMMARIO BOCCUDO E BICCUDO [6801]..............................9 MEDO MUDO [6802].....................................10 ESTOU DOANDO [6803]..................................11 AMOR MAIOR [6804]....................................12 LINGUA DESDOBRADA [6805].............................13 VOU, VOTO, VOLTO [6806]..............................14 ELEIÇÕES MUNICIPAES [6807]...........................15 LINHA POLPOTISTA [6808]..............................16 RECEITA DESFEITA [6809]..............................17 REPENTINO FIDEDIGNO [6810]...........................18 UM DE MUITOS [6811]..................................19 HORA FESTIVA [6812]..................................20 DIGESTIVA PERSPECTIVA [6813].........................21 VOTO UTIL [6814].....................................22 AFFLICTIVA PERSPECTIVA [6815]........................23 FOOTPRINTS IN THE SAND [6816]........................24 FOOTPRINTS IN THE TONGUE [6817]......................25 REMINISCENCIA DA PUBESCENCIA [6818]..................26 THE SHOELESS AND THEIR... CHULÉS [6819]..............27 SNEAKER LICKER [6820]................................28 DOURADAS DENTADURAS [6821]...........................29 INCORRETIFISMO [6822]................................30
PORTABILIDADE E VIABILIDADE [6823]...................31 INFERIOR COM LOUVOR [6824]...........................32 RIDICULO VERSICULO [6825]............................33 QUEBRANTO NA QUEBRADA [6826].........................34 BICHARADA NA BALLADA [6827]..........................35 JOIAS DE FAMILIA [6828]..............................36 FÉ NO CHULÉ [6829]...................................37 FERIDO COM FERRO [6830]..............................38 MARRON BASSÊ [6831]..................................39 DESAGGRAVO DE ESCRAVO [6832].........................40 LUIZ LUIZ [6833].....................................41 WHY CAN’T WE LIVE TOGETHER [6834]....................42 PROSA MILAGROSA [6835]...............................43 CRENTE DEFICIENTE [6836].............................44 EFFICAZ É SATANAZ [6837].............................45 FADO DE CASADO [6838]................................46 TERROR DA CLASSE [6839]..............................47 FUNEBRES NUMEROS [6840]..............................48 PARTE INTERESSADA [6841].............................49 DESPEITO DO DEFEITO [6842]...........................50 MANDANTE INTOLERANTE [6843]..........................51 CONFUCIONISMO [6844].................................52 CONFUSIONISMO [6845].................................53 CYNICO CLINICO [6846]................................54 JUIZO PRECISO [6847].................................55 DELIRANTE POSTULANTE [6848]..........................56
SADO SUGGESTIONADO [6849]............................57 MOMENTO DE CONSTRANGIMENTO [6850]....................58 EGREJA DA BREJA [6851]...............................59 CATERVA DA CERVA [6852]..............................60 TOURO SENTADO [6853].................................61 ESCRIPTURAS ÀS ESCURAS [6854]........................62 BANDA DA BUNDA [6855]................................63 BOZO BRIOSO [6856]...................................64 MAX POLENTA [6857]...................................65 CACAU ARTEIRA [6858].................................66 DEZEMBRO VERMELHO [6859].............................67 MELODIA MACCABRA [6860]..............................68 A LEI DO GALILEU [6861]..............................69 OS TREZ MASCOTTEIROS [6862]..........................70 DESEMBARAÇO NO CANGAÇO [6863]........................71 HILDA FURACÃO [6864].................................72 ASYMPTOMATICOS [6865]................................73 BERTHOLDO, OU SNOOPY [6866]..........................74 DADIVA DIVINA [6867].................................75 ANJO PROTECTOR [6868]................................76 AMIZADE DESINTERESSADA [6869]........................77 NINA DE FRANKFURT E BRAGANÇA [6870]..................78 REPALINDROMIZANDO [6871].............................79 CHICHORRO DA GAMMA [6872]............................80 O PRIMO BASILIO [6873]...............................81 PREOCCUPANTE IMMUNIZANTE [6874]......................82
AYRA SOPHIA [6875]...................................83 FILA QUE AFFUNILA [6876].............................84 CHOCHO, O RECHONCHUDO [6877].........................85 PONGUINHO, UM AMIGUINHO [6878].......................86 SALOMÃO, UM AMIGÃO [6879]............................87 NAPOLEÃO, QUE JA PARTIU [6880].......................88 CAPACHISMO [6881]....................................89 PALACIANA SAPATEIRA [6882]...........................90 MODERNO AMOR PATERNO [6883]..........................91 MODERNO AMOR MATERNO [6884]..........................92 VOVÓS A SÓS [6885]...................................93 POR PREÇO DE BANANA [6886]...........................94 QUEM NÃO FOR PRECOCE QUE SE COCE! [6887].............95 CLIENTELISMO [6888]..................................96 PILEQUE DE MOLEQUE [6889]............................97 FINALZINHO [6890]....................................98 CEIA ALHEIA [6891]...................................99 SURTO DE PAVIO CURTO [6892].........................100 BENZA ZEUS! [6893]..................................101 SACADA ABORTADA [6894]..............................102 INVASÃO SEM VISÃO [6895]............................103 ABUSO DUM MUSO [6896]...............................104 INCOMPARAVEL FEALDADE [6897]........................105 PALADAR PARA ASCO DAR [6898]........................106 DIA DA CEGUEIRA [6899]..............................107 EMPATHICO LUNATICO [6900]...........................108
Titulos publicados: A PLANTA DA DONZELLA ODE AO AEDO E OUTRAS BALLADAS INFINITILHOS EXCOLHIDOS MOLYSMOPHOBIA: POESIA NA PANDEMIA RHAPSODIAS HUMANAS INDISSONNETTIZAVEIS LIVRO DE RECLAMAÇÕES VICIO DE OFFICIO E OUTROS DISSONNETTOS MEMORIAS SENTIMENTAES, SENSUAES, SENSORIAES E SENSACIONAES GRAPHIA ENGARRAFADA HISTORIA DA CEGUEIRA INSPIRITISMO MUSAS ABUSADAS SADOMASOCHISMO: MODO DE USAR E ABUSAR DESCOMPROMETTIMENTO EM DISSONNETTO DESINFANTILISMO EM DISSONNETTO SEMANTICA QUANTICA INCONFESSIONARIO DISSONNETTOS DESABRIDOS SONNETTARIO SANITARIO
São Paulo Casa de Ferreiro 2021