DEVIL’S
N I G H T
Glauco Mattoso
DEVIL’S NIGHT
E OUTROS SONNETTOS
São Paulo
Casa de Ferreiro
Devil's night © Glauco Mattoso, 2024
Revisão
Lucio Medeiros
Projeto gráfico
Lucio Medeiros
Capa
Concepção: Glauco Mattoso
Execução: Lucio Medeiros
FICHA CATALOGRÁFICA
Mattoso, Glauco
DEVIL’S NIGHT E OUTROS SONNETTOS / Glauco Mattoso
São Paulo: Casa de Ferreiro, 2024 112p., 14 x 21cm
CDD: B896.1 - Poesia
1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.
NOTA INTRODUCTORIA
A cada novo livro, me questiono accerca do que posso compor como prefacio si, na practica, só sommo sonnettos e sonnettos collecciono.
Digamos que eu não diga que num throno sentei do sonnettismo, mas que eu domo o verso decasyllabo, pois tomo logar de quem se torna meu patrono.
O posto que, na nossa Academia, exalta Antonio Lobo de Carvalho exige que eu me exmere em ironia.
Nem só de prazer vive meu trabalho, emfim, eis que quem antes tudo via ja nada vê. Tambem à dor eu calho.
DIA DO ACCOMMETTIDO DE ARTHRITE RHEUMATOIDE [01/10]
Quem soffre duma arthrite não consegue nem mesmo digitar um sonnettilho satyrico, humoristico! Sou filho de mãe que trabalhou que nem um jegue!
Quem soffra de glaucoma, caso cegue, consegue digitar nesse empecilho do typo que você tem! Mas me pilho pensando: Ora, ao diabo que o carregue!
Mamãe, que se exforçou por mim, não pode teclar, mas um ceguinho, que poz bode na salla, ainda pode? Hem, camará?
Por que é que quem é cego não se fode tal como uma velhinha que incommode bem menos que você, Glaucão? Não dá!
DIA DO ACCOMMETTIDO DE DEPRESSÃO [01/10]
Quem soffre de deprê ja fica sem poder siquer dormir, de tão fodido, Glaucão! A vida perde seu sentido! Até do suicidio sou refem!
Tentei ja me mactar, Glaucão, porem perdi toda a coragem, e duvido que tantos depressivos tenham sido levados a tal gesto, meu! Eu, hem?
Mactar-me? Nem pensar! Desanimado eu sei que estou, mas, quando você vem meu pé massagear, ja não me enfado!
Me sinto tão pimpão quanto um nenen beijado pela sua mãe, coitado, na sola dum pezão que cheira bem!
DIA DO OUTUBRO ROSA [01/10]
Estou scismado, Glauco! De repente senti-me muito fragil e intranquillo, tocando ou appalpando o meu mammillo, com medo do que falla toda a gente!
Pensei: cancer de mamma a gente sente? Em homem é possivel prevenil-o? Será que todo macho desse grillo padesce? E você, vate? É indifferente?
Achei que só mulheres desse mal pudessem soffrer, Glauco, mas agora notei: não é “doença de senhora”…
Meus manos, travestis nem sendo, bora olharem-se no espelho! Um até chora, temendo um descomforto vaginal!
DIA MUNDIAL DE COMBATTE À ULTRAVIOLENCIA [02/10]
Um ultraviolento cidadão não posso ser, Glaucão, considerado! Sou calmo, sou decente, estou do lado da patria, da familia, meu irmão!
Aos pobres nunca nego um velho pão que esteja me sobrando! Com cuidado eu tracto da mamãe, que tem ficado bastante esclerosada! Como não?
Só quando vejo um cego bengalando é que me dá vontade de empurral-o, chutal-o, pisar nelle, com meu bando!
É facil de explicar, pois um cavallo me torno si quem fica ao meu commando for gente intolerante: é que me egualo!
DIA DO KARDECISTA [03/10]
Apposto que és alguem reencarnado, Mattoso! Talvez Milton, ou até Homero! Nos espiritos tens fé? Então entenderás este meu lado!
És bruxo, tens em Baccho o teu sagrado modello, mas entendo que quem é poeta algo recebe de outro Zé que tenha fallescido no passado!
Quem foi Pedro tambem? Tambem quem era José? Pedro José foi o Constancio, um outro fescennino! Ora, pudera!
Tens alma audaz! Emquanto não descanse o Constancio, tu serás, na actual era, herdeiro! Foste thema até em Byzancio!
DIA MUNDIAL DO POETA [04/10]
Alem dum “jornalista”, ao lado dum “edoso”, quem “poeta” for tem data à bessa celebrada, mas, exacta, nenhuma faz as honras a nenhum.
Um bardo, pelo mundo, mais bebum acaso ficará pela bravata de estar commemorando data chata? Magina! Appenas vira seu bumbum!
Eu bebo, sim, Glaucão, mas não devido ao facto de compor o mais comprido poema aqui em São Paulo registrado!
No seu caso, Mattoso, não duvido que, nesta data, alguem tenha cuspido num livro de sonnettos, por enfado!
OUTRO DIA DO PROTECTOR DOS ANIMAES [04/10]
Lembrando São Francisco, dizer quero que estou commemorando um bello dia, poeta, pois nasceu o meu cão guia na mesma data delle, que eu venero!
Você não tem cão guia? Acha severo demais o mau estado dessa via que, impropria para cegos, ficaria ao cão inaccessivel? Sou sincero…
Não ando por qualquer logar com meu cachorro, menestrel! Somente por aqui, no condominio! Percebeu?
Concordo, um bassezão, é de suppor, não guia assim tão bem! O meu Orpheu se liga só num cheiro ou num sabor…
DIA DE OSSANHA [05/10]
Qualquer mythologia nos dará um ente em quem possamos botar fé? Duvido! Omnipotente ninguem é! Por isso sempre invoco um orixá!
Ossanha, pelas hervas, mostrou ja poderes controlar. Para a ralé, as plantas tudo curam, sim, até glaucoma, que cegueira sempre dá.
Usei pilocarpina, até maconha, si fosse como balla, accabaria usando… Mas passei só foi vergonha.
Mas nunca desisti, não. Qualquer dia, eu chamo Ossanha, peço que me ponha de novo ver podendo, uma alegria!
DIA DOS BLUE JEANS [06/10]
Usei jeans, menestrel, la nos septenta, nas epochas dos hippies, quando não fazia differença a condição do panno, duma calça ja sebenta!
Alem de desbotada, a calça attempta até comtra a moral si, com tesão, o pau se salienta, volumão fazendo! A mulherada fica attenta!
E, como não usei jamais cueca, ficava assanhadão o meu caralho por dentro duma roupa tão sapeca!
Dizia a namorada: “Ja retalho virou isso, mas mais a gente pecca gostoso si chupar seu pau! Nem ralho!”
DIA DO COMPOSITOR BRAZILEIRO [07/10]
Compuz ja muito samba, Glaucão, mas ninguem tanto valor aqui tem dado ao genero, que está contaminado por muito preconceito, meu rapaz!
Aqui em São Paulo, o samba não tem gaz por culpa dos rockeiros, esse gado maldicto, fidaputa, desgraçado que, em tudo, só cultua Satanaz!
Tentei compor canção mais metalleira, que fosse palatavel ao devoto do Demo, mas joguei fora a pauleira!
Ao samba retornei, pois eu ja noto haver bem pouco ouvinte que ‘inda queira posar como piloto duma moto!
DIA DOS DIREITOS DA GESTANTE E DO NASCITURO [08/10]
Mamãe queria muito me ter, mano! Me teve e desejou que para mim o mundo se curvasse, mas, emfim, seu plano não passou dum grave enganno!
Bem fui ammammentado, fui uffano de muitos brinquedinhos, no jardim de infancia, mas, em breve, mano, vim a ser, no bairro, o typico tyranno!
Mandei mactar mais filhos e mais paes que todos os demais chefões da zona! Risada dei, gozando dos seus ais!
Mas hoje, menestrel, a mais mandona das sadicas babás seus sexuaes caprichos satisfaz! Lhe lambo a conna!
DIA DO FEIRANTE CAREIRO [09/10]
A preço de banana não consigo comprar siquer o minimo mammão! Por duas melancias elles vão cobrar o olho da cara, meu amigo!
Em compta achar chuchu? Não tem perigo! Laranja com descompto? Nem limão! Barata couve? Em compta alface? Não! Bom joio? Offerta boa achar no trigo?
Da feira não consigo trazer cheia saccola, nem amigo do feirante siquer sendo, poeta! Ah, mano, creia!
Eu acho que fechar meu restaurante irei! “Menos é mais”, mas ninguem meia porção come pagando ouro bastante!
DIA DE COMBATTE À PENA DE MORTE [10/10]
Sou contra, menestrel! Sou contra a pena de morte! É tão cruel, tão deshumana! Alem do condemnado, quem se damna é sua mulher! Pense quem condemna!
Coitada da viuva! Ja tem plena certeza de que irá, tambem em canna, soffrer muitos estupros da sacana gallera, às vezes perto da dezena!
Prefiro que torturem o casal, que escravo façam elles do marido, que exerçam sua tara sexual!
Abusos soffrerão, mas terá sido poupado de tal pena quem egual delicto practicou! Não faz sentido?
DIA MUNDIAL DA NYMPHETA [11/10]
Eu era, menestrel, uma nympheta lindissima, attrahente e sensual, com cara de innocente, das que mal percebem que terão uma boceta!
Verdade? Não, é claro! Muita treta causei! Engravidei do marginal mais feio, mais cruel, mais animal da zona! Mas fui linda, não é peta!
Por minha causa, muito bandidão brigou! Hoje virei o triste trappo que, vendo, os bandidões todos estão!
Ao menos não sou cega! Não excappo de estupro, mas a cara dos que vão foder-me enxergo, porra! Fim de pappo!
WORLD SIGHT DAY [12/10]
No dia da visão, darão risada dos cegos os que enxergam bem, é claro! Sim, para pensar, Glauco, quando paro, entendo o que motiva a palhaçada!
Fizeram de proposito! Foi cada gaiato suggerindo! O mais ignaro dos caras para a coisa teve faro bem sadico, bem ludico, mais nada!
Pensaram: “Si gozarmos do ceguinho, faremos com que sinta ainda mais a agrura da cegueira! Ah, que excarninho!”
Por isso, cara, achar que são normaes taes datas é besteira! Ja adivinho que estejam gargalhando dos teus ais!
DIA DA CREANÇA [12/10]
No dia da creança, todos vão dizer que é pura, fragil e innocente, que está desamparada, que se sente carente, coitadinha! Que illusão!
Tambem eu fui creança, tambem não deixei de me queixar e toda a gente fingiu accreditar… Mas, Glauco, tente taes coisas entender como ellas são!
Fingimos innocencia, você bem sabia quando, pela turma, fora currado, se fazendo de refem!
Não ha, Glaucão, infancia castradora! Appenas ha tesão, mesmo que sem edade e puberdade estupradora!
WORLD EGG DAY [13/10]
No dia que é dos ovos com presuncto, não deixo de pensar nesse café, que tomo de manhan, que tem até torradas com geléa! Bom assumpto!
Mas vamos e venhamos… Eu pergunto: Quem é que comer pode isso? Quem é que está, poeta, accyma da ralé e della não deseja ficar juncto?
Eu mesmo me questiono… Não desejo tirar, Glaucão, vantagem de ninguem, mas logo reaffirmo, neste ensejo:
Não quero me privar! Que fiquem sem café, sem a visão, até, si eu vejo bem, Glauco! Porra, sorte de quem tem!
DIA DO TRANSPLANTE DO ORGAM SEXUAL MASCULINO [14/10]
Eu tenho um caralhão phenomenal, Glaucão, e ja deixei estipulado que quero que elle seja, sim, doado depois da minha morte! Hem, meu? Que tal?
Ha tanto macho frouxo, ja, que mal consegue se excitar, mesmo do lado estando da mulher mais bella! Fado não vejo tão terrivel, affinal!
Por isso resolvi doar meu pau àquelle que precisa ter, na vida, o orgasmo que ja tive, em alto grau!
Talvez, caso tal homem se decida, a rolla redoada seja (Hem?) ao futuro portador! Alguem duvida?
WORLD WHITE CANE SAFETY DAY [15/10]
Glaucão, tentei usar bengala branca torcendo, tolo, para que, com ella, pudesse eu caminhar pela favella sem ser incommodado! Botei banca!
Sahi, Glaucão, naquella minha manca passada, tranquillão, mas, na viella, topei aquella turma à qual dei trella e delles fui levando uma biccanca!
Chutaram para longe essa bengala inutil, que não dá a nenhum cegueta alguma protecção! Cahiu na valla!
Ja posto de joelhos, fiz chupeta no pau de todos elles! Quem me falla na vara, agora, mando: no cu metta!
DIA DO PROFESSOR [15/10]
Não posso! Desisti de leccionar, Glaucão! Esses marmanjos compostura não teem! Entrei na salla, mas quem jura que iria alguma aulinha poder dar?
Magina! A molecada no logar sentada nem ficava! A certa altura, jogaram-me no chão e quasi fura meu olho um podre tennis cavallar!
Pisaram-me na cara, gargalhada soltando! Da licção que dei, de casa, disseram que não iam fazer nada!
Poeta, nosso ensigno ja dephasa faz tempo! Todo o quadro se degrada! Nenhum plano na practica se embasa!
DICTIONARY DAY [16/10]
Desculpe si perturbo o senhor, mas notei que, nos seus versos, sempre emprega palavras de calão, aquella brega linguagem, pornographica, aliaz!
Exsistem bons synonymos e traz qualquer bom diccionario, a quem navega, innumeras opções, mas sua cega leitura selecciona as formas más!
Senhor Mattoso, bem que poderia a sua lyra, a tempo, navegar nas redes virtuaes, sim, hoje em dia!
Os novos diccionarios dão logar a muita putaria! A poesia, porem, pode taes modas evitar!
DIA MUNDIAL DO PÃO DO POBRE [16/10]
Fallei da lei de Murphy ja bastante, mas vale que lembremos, nesta data, aquelle azar, aquella coisa chata que, desde que me entendo, se garante:
Do pobre todo pão tomba, durante o parco dejejum, com sua natta voltada para baixo. Sim, se tracta de estar o chão bem sujo! Não se expante!
A coisa fica assim! Si exsiste chance de errado dar, dará! Ninguem duvida que alguem, sendo optimista, acaso danse!
Por isso, sempre pauto minha vida em termos pessimistas… Caso alcance melhor sorte, Satan deu a sahida…
NATIONAL ASS DAY [17/10]
O gosto pela bunda da mulher exige que ella seja rechonchuda. Por isso tanta gente encontra adjuda botando silicone, si puder.
Não quero me metter, pois meu affair é mesmo o masculino, mas nem Buddha tem bunda tão redonda, tão polpuda assim… Colloque implante quem quizer!
Depois de pouco tempo, o silicone provoca todo typo de doença. Por obvio, se suppõe que elle infeccione…
Mas acham que me importo? Não! Quem pensa que eu choro não conhesce, de Cambronne, a classica palavra na sentença…
DIA DO MENESTREL CRUEL [17/10]
Chamado Menestrel da Crueldade, você, Glauco Mattoso, não poupou ninguem, nem a si mesmo! Do seu show faz parte essa autocritica à maldade!
Ainda que você seja de Sade um grande fan, descompto bom lhe dou, sabendo que está cego e que passou por martyr nessa sua actual grade!
Não é Sancta Luzia, não será nem Milton, siquer Borges, mas ninguem fará tantos sonnettos, claro está!
Ninguem sua coragem, Glauco, tem naquillo que immortal o tornou, ja: cruel ser, sem deixar de ‘inda ser zen!
NATIONAL PASTA DAY [17/10]
Sou netto de italianos e, bem claro, deixei que maccarrão é predilecta comida aqui na mesa. Nada affecta meu gosto pela “pasta”, assim declaro.
Mas, quando se mixtura, no preparo do pratto, porcaria que incorrecta ja seja de costume, sou quem veta frescuras desse typo. Ouviu, meu caro?
Hem? Nada de salada com aquillo que seja maccarrão bem temperado! Precisa ser bem quente, hei de pedil-o!
Um molho de tomate está do lado da boa culinaria. Mais tranquillo eu fico si mamãe deu o recado.
WEAR SOMETHING GAUDY DAY [17/10]
Vestir-se de maneira extravagante paresce estar nas modas, hoje em dia. Sem roupas, a mulher ja nem vadia será considerada, doradvante.
Alem de pôr na bunda algum implante, a fofa periguette se vicia nas tiras que, finissimas, da pia moral se distanciam, ja, bastante.
Ha tempo não se falla de bikini, siquer de tapa sexo, nem de fio dental. Só quem é casta se previne.
Das praias de Miani e das do Rio, quem com extravagancias não combine que fique longe e deixe em paz seu cio!
DIA DO MEDICO [18/10]
Meu filho, você deve procurar seu medico, fazer todos os seus exames, como todos os plebeus que, leigos, necessitam se curar!
Seu medico será particular ou publico? Ora, dê graças a Deus que exsistam, não importa! São atheus? Não são? Viver precisam, vou fallar!
Fallar vou: pharmaceuticos tambem precisam viver! Compre delles mais remedios receitados! Diga amen!
Chegando em casa, jogue fora as taes receitas com as drogas, pois, alem dos outros, viverá, como os seus paes!
NATIONAL STOCKINGS DAY [19/10]
Por meias femininas sei dum cara tarado, taradissimo, poeta! Nenhuma relação será completa sem esse fetichismo, sem tal tara.
Sim, elle me contou que ja comprara à sua namorada a mais selecta e cara collecção, mas bem directa foi essa sua supplica, de cara:
A meia tem que estar bem chulepenta, sinão, no seu tesão, perdeu a graça! Não é qualquer mulher que assim se aguenta!
Quem usa mil perfumes, quem só passa creminhos e talquinhos, me commenta que nunca namorou esse reaça…
DIA SEM SEXO, DROGAS NEM ROCK’N’ROLL [20/10]
Jejuns ou abstinencias não são meus principios de moral, hem, companheiro? Não quero nem saber si, por dinheiro ou crença, algum bundão jejua a Deus!
Das drogas, como todos os atheus, nem penso em me livrar! Você dum cheiro se priva? Algum chulé de ex-prisioneiro, quiçá dum militar dos mais plebeus?
De sexo não se priva mais ninguem daquelles que conhesço, menestrel! Nem mesmo um bom philosopho, o mais zen!
Do rock, então, aquelle que fiel fan deixa de ser, mestre, ja não tem moral para, na vida, ter papel!
INTERNATIONAL FISTING DAY [21/10]
No cu dum masochista puz meu braço até quasi chegar ao cotovello! Você se expanta, cara? Ha que dizel-o: Não, nada que me peçam eu rechaço!
O rabo se exgarçou, deixando um traço de sangue, menestrel, mas tenho zelo e, para completar o pesadello do gajo, o fiz de publico palhaço!
Mandei que elle sahisse para a rua pellado, com o rego se exvahindo, mostrando o seu corpinho para a lua!
Os sadicos moleques acham lindo que tal masoca assim se prostitua! Por isso eu, de michê, sou tão bemvindo!
COLOR DAY [22/10]
Eu vejo, Glauco, todo colorido o mundo, mas você ver ja não pode as cores e, do céu, ninguem accode seu choro supplicante! É divertido!
Sim, Glauco, me divirto, pois duvido que queira alguem ser esse que se fode assim! Acha, Glaucão, que se incommode quem queira só zombar do seu gemido?
Não era, menestrel, isso que quiz você escutar? Então! Estou aqui não é para dizer coisas gentis!
Alem do que lhe digo, sei que ri tambem dessa cegueira quem matiz enxerga, verde, em todo mimimi!
NATIONAL PRINT DAY [23/10]
Não gosto de internet! Eu quero mais é livro, ler papel impresso, meu amigo menestrel! Você ja leu um livro digital, ja leu quetaes?
Ficou cego depois? Não, meu, jamais lamente isso! Você nada perdeu! Me dizem que é frescura de europeu curtir physicos livros e jornaes!
Frescura? Que se fodam! Questão faço duns tomos folhear, ver si é papel de boa qualidade, e não almaço!
Emfim, sou exigente, menestrel! Quem sabe, de repente, eu canso o braço relendo, em papel Biblia, seu chordel…
NATIONAL BOLOGNA DAY [24/10]
Não é só pobre que ama a mortadella, nem todo rico gosta tanto della. Mas, sendo um italiano quem appella ao thema, seus bons habitos revela.
A boa mortadella, diz aquella zelosa thia minha, não dá trella aos pessimos modismos da parcella mais chique da cozinha agora em tela.
Alguns famosos chefes criam bella imagem dum sanduba, mas quem zela por prattos populares não se pella.
Prefiro nem entrar nessa querella, mas, sendo ou não um rango de barrella origem, me deleito, sem sequela.
MULE DAY [24/10]
É mula differente de jumento? Hem, mestre? É burro ou jegue? E si burrico disser, eu me equivoco ou certo fico? Saber qual é mais proprio ja nem tento!
Jumenta, a “presidenta”, num momento passado, me irritou, mas verifico que exsiste gente ainda achando um rico sentido na palavra solta ao vento!
Si cremos que é correcto “presidenta”, teremos que dizer, tambem, mandanta, ouvinta, até estudanta, até gerenta!
Não creio que ella seja a maior anta, mas acho que jumenta bem assenta à mula, attravessada na garganta!
SOUREST DAY [25/10]
Poeta, a minha vida se resume ao pessimo humor! Tudo que eu queria appenas era ter uma alegria: estar, aqui nas lettras, ja no cume!
Poemas, fiz milhares! O costume aqui foi sempre ver quem attingia maior recorde! Eis que, num bello dia, passei todos! Dahi meu azedume!
Não, nada accontesceu! Ninguem parou, na midia, para alguma nota dar accerca do meu feito, do meu show!
Entrei eu, desde então, num mal estar total, Glaucão! Você tambem entrou? Não? Inda continua a versejar?
WORLD PASTA DAY [25/10]
Sou netto de italianos e, bem claro, deixei que maccarrão é preferida comida aqui na mesa. Me convida o gosto pela “pasta”, assim declaro.
Até mesmo o pedinte mais ignaro ja sabe que, bem quente, essa comida precisa vir à mesa. Repetida será si for bemvinda ao meu bom faro.
Por isso não admitto que, em salada, se sirva maccarrão. Alem do mais, a “pasta” tem que estar bem temperada.
As massas italianas mais normaes teem molho de tomate, mas eu nada imponho. Sigo o gosto dos meus paes.
FRANKENSTEIN FRIDAY [25/10]
Ainda Frankenstein causa pavor? Paresce, menestrel, pois eu constato que desse monstro fazem um retracto fiel, ou seja, atroz, é de suppor.
Cadaver simulando, sua cor é pallida. Accontesce que, insensato, meu primo usou a mascara, num acto dramatico, verdinha, trovador!
Attonita, a platéa não sabia si via aquelle monstro conhescido ou era marciano quem surgia…
Até virou comedia, não duvido, aquella pantomima, a allegoria dum verde ex-presidente parescido.
CARTOONISTS AGAINST CRIME DAY [26/10]
Eu nunca contra crimes fui, embora tambem um cartunista seja, vate! Nem acho que faremos bom combatte si formos tão caretas, por agora!
Os crimes de que fallam são, la fora, aquelles terroristas actos? Tracte quem queira desses themas, mas não macte meu motte, que é de explicita plethora!
Eu tracto dum sangrento, violento e sujo panorama, sabe bem você! Ser um Tagame eu sempre tento!
Ficar não vou, tal como um monge zen, appenas desenhando um monumento a toda caretice que nos vem!
NAVY DAY [27/10]
Marinha nós nem temos, si de guerra for, mestre, em condições. Mas um barquinho provoca muita briga. Ja me allinho àquelle que, contrario, sempre berra.
A nossa bossa nova, aqui na terra e fora della, pelo bom caminho seguiu, mas fez tambem algo damninho ao samba, que me encanta e não se encerra.
Não quero nem saber de cysne branco, nem mares, nem barquinhos indo ou vindo! Em termos de canção, eu sou bem franco!
Sambista sou, Glaucão! Acho malvindo o jazz na nossa musica, que flanco cedeu demais ao branco, nobre e lindo!
INTERNATIONAL ANIMATION DAY [28/10]
Desenhos animados vi bastante nos tempos de creança. Piccapau foi sempre interessante, em alto grau, por causa da attitude, eis que irritante.
Festeiro ora, barbeiro ora, durante aquelles curtos filmes eu -- Uau! -curti seu desempenho, sem quinau dar, mesmo num momento mais chocante.
Podia alguem ferir-se gravemente. Ainda assim, bem sadica, a assistencia sorria, jovial, demais contente.
Esthetica mais nova jamais vence a verdade dum desenho, que se sente no fundo da cansada consciencia.
DIA DAS CAUSAS IMPOSSIVEIS [28/10]
São Judas invoquei, esse Thaddeu que menos Judas é, pois nos adjuda nas causas impossiveis. Nada muda, porem, pois o glaucoma me venceu.
Alguns invocam Buddha, mas não eu. Tambem invoquei Baccho, de barbuda figura. Caso Baccho nos accuda, brindamos. Ahi, tudo se exquesceu.
Não ha, para glaucoma, alguma cura possivel. Nem Satan soccorreria. Talvez Sancta Luzia, alguem ja jura.
Invoco outros espiritos. Um dia descubro qual tem força na futura galaxia, aonde irei em poesia.
NATIONAL CHOCOLATE DAY [28/10]
Ja tanto chocolate na folhinha achei, que em ephemeride não faço sonnetto mais nenhum. Mas um pedaço eu como si offerescem. Sorte minha.
Quem gosta desses doces ja adivinha que sejam “de cachorro”. Foi excasso, um dia, tal mercado, mas espaço ganhou e meu cão entra nessa linha.
Depois do panettone de bassê chegou o chocolate. Mas você errou si suppoz que era só ração.
É tudo “de bassê”. Só quem não vê não nota que elle pappa até pavê. Si for de chocolate, em dobro. Ou não?
MAKE A DIFFERENCE DAY [28/10]
Um dia de fazer a differença nós todos gostariamos de ter. Mas algo differente, por prazer ou não, nós ja fazemos, por sentença.
Estamos condemnados, nesta immensa vidinha de cachorro, a algum lazer em meio às privações. Não posso ser feliz, mas terei outra recompensa.
Compondo cem sonnettos num só dia farei a differença, comparado à propria producção que eu ja cumpria.
Talvez ‘inda consiga. Mas o fado maior dum sonnettista, a poesia authentica, deu compta do recado.
NATIONAL CAT DAY [29/10]
Amigos, que gatteiros são, estão ja sempre suggerindo que eu adopte um gatto. Uma resposta ja foi motte: Exsiste gatto guia? Tenho um cão.
O gatto não nos deixa nem a mão passar pela cabeça. Alguem que bote no collo um gatto! Logo, de pinote, o bicho fugirá. Não, gatto não.
Cachorros, que ja tive, essa funcção não tinham de cão guia. Ainda assim, guiavam, sem parar, minha affeição.
Desculpem, meus amigos. Para mim, os gattos não teriam, não terão razão, pois sou demais carente, emfim.
NATIONAL HERMIT DAY [29/10]
Glaucão, eu me tornei um hermitão e vivo retirado de qualquer convivio social! Nem a mulher que eu tinha quiz ficar na reclusão!
Virei um punheteiro, mano, tão febril, que toda scena que vier à mente eu onanizo! Si me der na telha, até cruel sou e mandão!
Nem queira visitar-me! Sinão, mano, eu posso transformar a phantasia no lance mais concreto do meu plano!
Farei você comer, la na bacia, cocô que eu fiz! Chichi tambem! Um cano de exgotto você, Glauco, viraria!
FRANKENSTEIN’S MONSTER DAY [30/10]
Do monstro Frankenstein a cara feia virou caricatura de quadrinho, poeta! A creançada do vizinho com essa cara feia se recreia!
Na noite duma clara lua cheia aquella molecada fez damninho serviço, torturando o coitadinho do velho, que dormia alli na areia!
O bebado, de medo, correr quiz e, embora aquella mascara mais riso que susto cause, entrou na dos gurys!
Da praia não fugiu… Não suavizo si digo que elles enchem de chichis e porras uma bocca sem juizo…
MISCHIEF NIGHT [30/10]
Moleques, numa “Noite do Mal”, são a tudo liberados, inclusive zoar com quem sozinho e cego vive. A gangue invade sua casa, então.
Com elle ja se sabe o que farão. Terá que engolir fezes. Eu ja tive cruel experiencia. Quem se prive da vista saberá dessa afflicção.
Mas, antes de comer cocô, terá o cego que chupar rollas, chichi beber, pois quem não chora a rir está.
O cego que se estrepe! Delle ri aquelle que enxergar pode, eis que ja chamou de nhenhenhem seu mimimi.
KNOCK KNOCK JOKES DAY [31/10]
Alô? Glauco Mattoso? Sou eu, cara! Não lembra mais da minha voz? Batti ja tantas vezes antes, cara, ahi na sua porta, a fim de impor a tara!
Lembrou agora? A gente, quando para, na vida, p’ra pensar, até sorri da sorte! Você, cego, um mimimi fazendo, mas eu sendo quem compara!
Você ja me chupou, mas enxergava, ainda! Agora bocca mais escrava terá! Não é verdade, poetinha?
Escrupulo nenhum jamais me trava a tara, cara! Nada de ter brava postura! Vae, de novo, entrar na minha!
HALLOWEEN DAY [31/10]
Embora a creançada, nesse dia, encare tudo como brincadeira, a gente, menestrel, sempre se inteira dos negros rituaes de bruxaria!
Eu mesmo, nessa noite, tive fria e tetrica accolhida! Alli na beira da matta, me fizeram ser quem cheira e beija sujas pregas! Não sorria!
Sim, Glauco, fallo serio! Satanaz estava alli, lhe juro, se sentando por sobre minha bocca, como faz!
Emquanto lhe fiquei sob o commando, provei sujos sabores e seu gaz entrou-me no nariz! Odor nefando!
NATIONAL BUG BUSTING DAY [31/10]
Não posso nem dormir direito, mano! Precisa ver! A minha cama fica forrada de bichinhos duma rica especie! Escorpiões, si não me enganno!
Gigantes não são elles, não! No panno escuro do lençol, se verifica que estão bem escondidos! Mas a zica de estarem alli implica maior damno!
Me piccam toda noite! Não tem jeito! Terei que fazer, Glauco, um pente fino, trocar, de cama, a roupa! Achou bem feito?
Por que? Só porque estou, desde menino, creando taes bichinhos? Não acceito que falle de mim como dum cretino!
OUTRO DIA NACIONAL DA POESIA [31/10]
Mas como? Um dia desses foi bahiano! Agora algum poeta foi mineiro! São tantas datas! Uma vem primeiro, mas todas comptarão durante um anno!
Tem dia do poeta si fulano nasceu! Tem outro dia si eu me inteiro de que era algum sicrano brazileiro! Razão não falta! Fico mais uffano!
Tambem à poesia alguma data num anno varias vezes apparesce, mas disso só dirão: “Que coisa chata!”
Mais vale si fizermos uma prece a cada auctor de versos que foi pratta da casa… Mas de algum sempre se exquesce…
DIA DO NOVEMBRO AZUL [01/11]
A prostata, Glaucão, é meu problema maior! Orgasmo quasi não me dá, mas dá dor de cabeça, a poncto ja de scisma me instigar no que eu mais tema!
Sim, cancer! A doença que foi thema de tantos memes, contra quem está gozando do poder, é sempre má noticia caso eu seja quem mais gema!
Disseram ser benigno tal augmento, mas sempre me impressiona mal, poeta, a glandula augmentada, que eu lamento!
Pensar nos annos proximos nem tento, mas, mesmo um tanto triste, nada veta que eu ria ao ver, dos cegos, o tormento!
DIA DE TODOS OS SANCTOS [01/11]
Ha sancto para todos, mas, no caso dos cegos, numa sancta mais se fia aquelle que tem fé na allegoria do typico martyrio, do mais raso!
Olhando os sanctos todos, me comprazo de estar bem enxergando! Não queria jamais ter de invocar Sancta Luzia, poeta, pois, de vida, acho um attrazo!
Você que implore, Glauco, si quizer, a algum ente sagrado, homem, mulher, que, para mim, importa pouco, ou nada!
Um dia, si eu ficar cego, quaesquer sanctinhos chamarei! Você não quer, emquanto isso, me dar uma mammada?
DIA DE FINADOS [02/11]
Poeta, ao cemeterio não vou mais! Meus mortos deixarei de visitar! Notei que essa necropole logar não é para quem ouça aquelles ais!
Sensivel, sensitivo sou, dos taes que escutam taes gemidos num tal ar! Si estou nessa atmosphera tumular eu fico sem parametros normaes!
Sahindo do sepulchro, para mim ja vinha se chegando uma caveira a cada vez que eu ia! Achei ruim!
Não quero sentir essa tremedeira de novo, menestrel! Si for assim, terror num filme vejo, caso queira!
DIA DE COMBATTE À CENSURA [03/11]
Censura, menestrel, até prefiro que exsista! Ja fallei disso bastante! Fui muito censurado, ja, durante os tempos de suffoco! Mas me viro!
Aos themas da direita não adhiro, é claro, mas não passo um breve instante sem climas provocar! E quem garante que em callos não pisei? Nisso me inspiro!
Não fosse essa censura, como nós, poetas, poderiamos causar, lacrar, incommodar com nossa voz?
Ainda bem que exsiste esse radar das nossas attitudes, pois, a sós, não posso uma baratta nem mactar!
DEVIL’S NIGHT [04/11]
Na “Noite do Mal” pode, sem problema, fazer o que quizer a molecada caseira, de familia, ja que nada mais grave causaria, que alguem tema.
Mas outra molecada faz que gema alguem todas as noites, pois aggrada às gangues estuprar quem não se evada a tempo. Farra assim acham suprema!
Na falta da mulher que ande sozinha, um cego será victima daquella turminha adolescente, eis que excarninha.
Zombando da cegueira de quem della se pella de terror, essa damninha gallera quer gozar… e o cego fella.
DIA DA LINGUA PORTUGUEZA INFORMAL [05/11]
“Caralho”, “chota”, “foda”, “colhão”, “cu” jamais vós podereis empregar, pois formaes fallantes lusos sei que sois. Melhor tractar por “vós” do que por “tu”.
“Cagar”, “mijar” ou “merda” são tabu. Taes termos evitae. Sei que são dois os nossos idiomas, mas, depois das regras affrouxadas, arte é nu…
No classico vernaculo, é “pau” phallo. No publico jargão, o phallo é “pau”. Deveis, no caso publico, evital-o.
Podeis sempre levar o meu quinau. Portanto, não queiraes jogar no rallo a lingua que chegara ao alto grau!
DIA DA ATLANTIDA [06/11]
A Atlantida algum risco corre, caro propheta Glauco? Ouvi fallar que, em breve, em vez de num deserto ou numa neve, no fundo é que estaremos! Isso é claro?
Consulto, ó mestre Glauco, o teu bom faro sabendo que és tu um bruxo que se attreve às lucidas visões e que ‘inda escreve teus textos, mesmo cego! És um ser raro!
Fallei com Orichalco, com Timeu, mas elles desmentiram que esta terra um dia affundará! Quem não temeu?
És, Glauco, quem mais pode ver quem erra em tantas previsões! Acho que teu olhar cravou: à toa alguem ja berra…
DIA DA REVOLUÇÃO RUSSA [07/11]
Um lider camponez deu entrevista agora mesmo, mestre, e disse bem: Até pode tardar, mas logo vem o proximo regime communista!
Primeiro, os sovieticos conquista tiveram, que implantou o que ninguem suppunha: a nossa lucta, agora sem temor, bem diffundida, dada a pista!
Em breve, voltaremos, globalmente potentes! A fascista burguezia que nosso paredão agguarde e enfrente!
Mas, antes, menestrel, o que eu queria dizer é que estarei, todo contente, impondo aos inimigos a agonia!
ANOTHER INTERSEX DAY [08/11]
Agora, na Policia Federal, quem presta, menestrel, depoimento terá que declarar si, no momento, se julga assaz cisgenero! Que tal?
Eu mesmo declarei que, mal e mal, até que sou la meio trans e tento passar por cis, embora ainda attento à photo da charteira original…
Risada deu, é claro, o delegado da minha condição, pois mesmo um cis mil duvidas terá de si, coitado!
Commigo os taes agentes bem gentis mostraram-se, Glaucão! Ja liberado estou, para fazer o que ja fiz!
DIA DA CAVEIRA [09/11]
Os olhos são buracos, e quem queira olhal-os appavora-se de cara. Mas isso não é tudo: olhem só para a bocca duma typica caveira!
Alem do que, de podre, ella ja cheira, a sua dentição, que se excancara, suggere que ella a rir esteja, tara propicia a quem da Morte é mensageira.
A todos nós, o craneo uma mensagem envia: A carne fica decomposta bem rapido. O que resta faz visagem…
Pergunta-se, e darei uma resposta: Ao tempo por que taes ossos reagem? Porque de olhar espelho a gente gosta…
DIA DA LIBERDADE DE LIBERTINAGEM [09/11]
Glaucão, meu livre arbitrio me permitte fazer na cama aquillo que quizer, sozinho, accompanhado de mulher ou homem, que se preste ao meu convite!
Licença, si é poetica, que eu cite permitte, si na telha aqui me der, aquillo que me seja de colher e passe por erotico palpite!
Um verso libertario libertino terá que ser, Glaucão, pois a licença é ja licenciosa, eu imagino!
É livre, em poesia, quem só pensa si pode ser mais livre e fescennino se julga, contra toda desadvença!
DIA DO BANHEIRO COM PRIVACIDADE [10/11]
Cagar de porta aberta só será possivel si você mora sozinho, Glaucão, pois, do contrario, o seu bichinho entrar juncto deseja desde ja!
Quem tenha seu bassê sciente está de que elle necessita de carinho e exige companhia até no ninho sagrado da cagada, camará!
Por isso, trovador, o meu banheiro nem tranca tem na porta! Meu cachorro me segue e, de repente, entra primeiro!
Observa meu suffoco: quasi morro fazendo tanta força! Alem do cheiro, o cão curte, do troço, o som do jorro!
OUTRO DIA DOS NUMEROS KABBALISTICOS [11/11]
Em onze de novembro, poderia alguem pensar num golpe militar! Não acha, menestrel? Terá logar em data kabbalistica a follia!
É como trinta e um de março, o dia de vespera daquillo que ia dar na porra dum regime similar a toda palhaçada que se via!
Symbolicas, taes datas só dão trella a lendas e piadas, para aggrado daquelles numerologos da tela!
Estou ja, nesses dados, escholado! Aos numeros lembraveis quem appella bem sabe que jamais será lembrado!
DIA DO METALLEIRO SATANISTA [11/11]
Ouvindo o Nazareth, eu me pergunto: Alguem alma vendeu a Satanaz? Hem, Glauco? Differença alguma faz si temos ou não temos um presuncto?
Cadaveres se exgottam! Meu assumpto aqui será saber: Que é que nos traz de bom a Satanaz vender o gaz vital que nos dá tractos ao bestunto?
Satan, com nossas almas, que fará?
Alguma serventia lhe teria, de merda, aquelle monte, camará?
Eu acho que essa tola theoria satanica se presta, desde ja, appenas ao rockão de todo dia!
DIA NACIONAL DO INVENTOR DE MODA [12/11]
Só vale, pelas redes, hoje em dia, um monte de cocô monetizar, Glaucão! Eu tambem quero o meu logar ao sol! Vou bollar nova theoria!
Ja sei! Expalharei que poesia faz mal para a sahude e pode dar até doença rara, até mactar irá quem não tiver cabeça fria!
Ahi, para livrar-se do problema, vae todo menestrel me pagar um cursinho, no qual digo só: Não tema!
Ainda tendo medo do commum destino, os meus alumnos desse eschema irão chiar, mas mostro o meu bumbum!
DIA DO AMBIENTALISTA POLLUIDOR [13/11]
Sahindo duma cupula do clima vão todos almossar na lanchonette. Discutem um problema que promette causar maior polenica, por cyma.
São esses trecos plasticos. Anima a tola discussão, emquanto mette na bocca cada qual uma omelette com bacon, o preju que ja se estima.
Depois da compta paga, sae o bando da mesa, animadão, e para a praça dirige-se, taes coisas commentando.
Se exquesce, essa damninha, porca raça, daquillo que, no lixo, vae deixando de plastico, um assumpto que não passa…
DIA DE LIMPAR A GELADEIRA [14/11]
Deixei na geladeira aquelle bello sanduba de presuncto que sobrara da festa do meu niver! Porra, cara! Que merda! Que panaca me revelo!
Algumas coisas salvo, si eu congelo, mas esse sanduiche ficou para um cantho la do fundo! Si eu comptara com elle, me fodi! Virou farello!
Appós uns quattro mezes, eu sentia terrivel fedor vindo do interior do refrigerador, a cada dia!
Ahi, limpei aquillo, trovador! Tirei a podriqueira, que fedia tal como federei, quando me for!
DIA DO UMBANDISTA VIGARISTA [15/11]
Fingindo ser, de sancto, um pae, o cara a cura do glaucoma me promette em troca duma paga de boquette, alem duma quantia até que cara.
Commigo penso: preço não ha para milagres desse typo. Quem se mette a bruxo ou feiticeiro, creio, o septe por certo pinctará. Quiçá! Tomara!
Chupei o pae de sancto, sua porra sagrada deglutti, paguei aquillo que fora combinado: uma Camorra.
Cahida a ficha, fico mais tranquillo. Conformo-me que nada me soccorra, siquer um ritual feito em sigillo.
DIA DO INGUINNESSADO [16/11]
No livro dos recordes você não irá, de nenhum jeito, figurar, Mattoso! Bem conhesço o seu azar! Não fique se estressando, pois, em vão!
Sonnettos fez, milhares? A questão só disso não depende! Seu logar está ja garantido no radar das universidades, meu irmão!
Estar, Glaucão, no canone, não é questão “productivista”, só, mas sim affan “constructivista”! Bote fé!
Do Guinness você fora fica? A mim nenhuma differença faz! Até prefiro que, de pappo, seja fim!
DIA MUNDIAL DO ESTUDANTE VAGABUNDO [17/11]
Eu acho redundancia, Glauco! Tenho um filho que estudante é! Não faz nada, aquelle inutil! Gasta, da mezada, ja tudo só com drogas! Franzo o cenho!
O dia passa à toa, sem empenho siquer nessas materias de empreitada mais util, menestrel! O que lhe aggrada é tennis ganhar! Nisso elle é ferrenho!
Você que sabe! Lavo minhas mãos! Presentes quer lhe dar? Então terá que, em seus pezões, lamber os sujos vãos!
Michê faz elle, claro, camará! Lhe pague bem, dê tennis, sem christãos principios, e chulé bom sentirá!
DIA DA SOBREVIDA AO SUICIDIO [18/11]
Frustrado, um escriptor quer se mactar. Pegou seu trezoitão. Antes que parta, deixar quer, dando addeus, extensa charta. A charta vae virando um avatar.
Suppõe então que, para publicar aquelle romanção, ha chance farta. Ahi seu suicidio ja descharta e tracta de editor, ja, procurar.
Porem tal obra prima não desperta a minima attenção dum editor qualquer. Ninguem fareja a coisa certa.
Só resta se mactar, mesmo. Si for você pessoa assim, que fique experta. Ninguem fará justiça ao bom auctor.
DIA DA BANDEIRA BRAZILEIRA [19/11]
As cores imperiaes foram mantidas. Appenas o brazão, que era tão lindo, accaba, do losango, ora sahindo. Ficou a bolla azul, razões sabidas.
Nem ordem, nem progresso, hoje, são lidas palavras como lemma dum bemvindo paiz republicano. Muitos rindo estão do que sobrou das nossas vidas.
Nós tinhamos, então, certo futuro no meio das nações desenvolvidas. Mas para traz ficamos. Jogo duro.
Não sou tão anarchista. Dum Adidas não ponho na bandeira a marca, juro. Mas sigo monarchista. Sou rei Midas.
DIA MUNDIAL DA PRIVADA PRIVATIVA [19/11]
Nem todo bom poeta accaba achando a rhyma mais exacta, a mais perfeita metaphora, sinão quando se adjeita, sentado na bacia, meditando.
Exforço faz, offega. Appenas quando expulsa a merda molle e mijo deita no vaso, é que seus fructos approveita da alegre inspiração, ja se gabando.
Até mesmo os poemas mais sublimes à mente chegam quando, na privada, cumprimos nossos medicos regimes.
Mas, quando não seguimos, delles, nada, compomos sobre fodas, curras, crimes, a nossa poesia mais amada.
DIA MUNDIAL DA CREANÇA TERCEIROMUNDISTA [20/11]
Cresci numa banal peripheria alli da Zona Leste. Ja fallei do caso. Me dei compta de que gay seria appós currado, um bello dia.
No bosque de eucalyptos, a sadia gallera me forçou e, então, chupei caralhos juvenis e pés levei na cara. Thema achei na poesia.
Somente na peripha a molecada estupra, bullyingando quem, mais fracco, encontre pela frente? Não, que nada!
Tambem na burguezia algo destacco, tão sadomasochista, pois foi cada moleque, no seu galho, bom macaco.
DIA MUNDIAL DA PESCA [21/11]
Um hacker me pescou, Glaucão! Abri um link interessante e, de repente, estava alli na tela, à minha frente, o sadico moleque, esse gury!
De posse dos meus dados, elle ri, propõe sua chantagem indecente, exige que eu me cale e que não tente fugir à sua sanha! Me fodi!
Depois de me pescar e meu dinheiro pegar, ‘inda cobrou que eu me exhibisse pellado, o chão lambendo por inteiro!
Mostrou a sua sola! A creancice de prompto me excitou! Até seu cheiro suppuz sentir, tal como elle me disse!
DIA DO ARTISTA SURREALISTA [22/11]
Giraffas pegam fogo? Fica molle, tal como uma panqueca, algum objecto mais duro, um reloginho, talvez? Tecto de vidro tem o mundo? Quem engole?
Si tudo for pinctado sem que enrolle a gente esse pinctor, si elle correcto e nitido desenho faz, me inquieto, mas acho genial o seu controle.
Assim eu, de Dali, me tornei fan, mas nunca de Picasso. Ora, lamento, queridos, si discordo desse affan!
Ser critico, nas artes, jamais tento, mas, como bom devoto de Satan, artistas sem requincte eu não aguento.
DIA DO ACCIDENTADO NO TRABALHO [23/11]
Amigo meu, poeta tambem, tinha na sua poltroninha se sentado, em busca da palavra que, em estado de graça, lhe viesse, bonitinha.
Pensava, absorpto, nisso que apporrinha aquelle que escrever quer sobre dado problema psychologico ligado ao sexo, quando surge essa aranhinha.
Metaphora que seja da boceta, que importa? A aranha surge e, venenosa, ja tracta de piccar quem se intrometta!
Do trampo um accidente (escreve, em prosa poetica) accontesce si punheta batter quem de machão, em versos, posa.
DIA DO EVOLUCIONISTA EVANGELICO [24/11]
Ulysses escreveu (o chimpanzé que, sendo litterato, tem talento) accerca duma fabula que eu tento saber si la na Biblia tem um pé.
Diz elle que, em Javeh botando fé, Adão, um macaquinho ciumento, com Eva se casou e, cem por cento machista, quiz saber della: “Qual é?”
Eis que Eva, a macaquinha, ja não era mais virgem! Adão, puto ja ficando, cobrou satisfacções do Pae. Pudera!
Porem Javeh, que em tudo tem commando, fallou: {Bah, virgindade é só chimera, rapaz! Va se entender com o seu bando!}
DIA DO REPENTISTA POPULAR [25/11]
Estou, com Adheraldo, numa lista de cegos bons de lyra, mas não sou, tal como o nordestino, bom no show que pode performar um repentista.
O cego, duellando, masochista fingiu ser. Zé Pretinho, então, tractou de nelle pisar, tanto que eu estou sonhando que perdi, na scena, a vista.
Si estou na posição dum Adheraldo, eu perco para aquelle que me pisa, appenas para delle ouvir: “Me exbaldo!”
Mas, como bem baseio uma pesquisa, entendo que melhor sahiu o saldo da treta ao Adheraldo, o povo frisa.
DIA DE COMBATTE À ANTIOBESIDADE [26/11]
Entendo que será gordophobia dizerem que ninguem deve engordar. Por isso defendi gordos, no bar, battendo um bello pappo, certo dia.
À mesa, gorduchinha, a minha thia commigo concordou. Commemorar quizemos e pedimos, no logar do tiragosto, muita porcaria.
Comemos, de torresmo, uma bandeja inteira. A pheijoada mais completa pappamos, regadissima a cerveja.
Aqui neste boteco, ninguem veta, siquer meu doutor, caso o gajo veja, que eu peça a sobremesa predilecta…
DIA DA JUVENTUDE CATHOLICA ALCOHOLICA [26/11]
Depois da “missa joven”, a turminha que dava adjuda ao padre sempre nessa sagrada liturgia, foi, depressa, tomar um vinhozinho. Uma gracinha!
O vinho, que não era, nessa linha barata, muito fino, foi, à bessa, bebido com voraz vontade. Peça aos jovens que não bebam! Ladainha!
O padre, que meninos reunia na casa da parochia a noite toda, jamais negou as bençans à follia.
Mas, caso algum escandalo lhe exploda na cara, aquelle sancto homem se fia na Virgem e responde: “Que se foda!”
DIA DE LUCTA PELA LEGALIZAÇÃO DA MACONHA [27/11]
Não fumo baseados, mas estou concorde que deviam a maconha tornar legal, tambem para quem sonha que cura até glaucoma. Força dou.
Um dia, Peter Tosh argumentou que fora preferivel que se ponha um freio à repressão, eis que vergonha ninguem deve sentir, si está num show.
Concordo. Não somente na platéa dum magico concerto, mas na vida inteira, social, é grande idéa.
Si cura, si não cura, quem duvida que siga duvidando. Melhor é a noção de que ella seja diffundida.
DIA DO ET VERDE DO PLANETA VERMELHO [28/11]
Magina, Glauco! Louco está? Não creia naquillo que lhe contam a respeito dos verdes marcianos, a despeito das redes sociaes! Ninguem as freia!
Em Marte não ha vida! Quem receia que venham invadir a Terra, feito um bobo, que se esconda la no meio do matto, olhando para a lua cheia!
Mas, caso me desmintam, vou depressa livrando minha cara, pois tambem senti ja delles medo, um dia, à bessa!
Eu acho que foi sonho, mas que teem cor verde, teem, Glaucão! Não interessa si tenho delirado, ouviu? Eu, hem?
DIA DO TRABALHADOR NA CONSTRUCÇÃO PESADA [29/11]
Na grande entrada dumas obras, vi sozinho, no domingo, um operario curtindo o seu descanso. Meu horario até que exquesci. Conto o que senti.
Calçando só chinello, um phrenesi causou-me seu pé chato que, sem pareo, dedão tinha mais curto. Meu precario tesão me fez dar voltas por alli.
Creei coragem. Tive que fallar com elle e seu pé grego dizer que era meu sonho. Prometteu me visitar.
Paguei-lhe michetagem, claro. Mera sessão de chupação, mas, em logar do pau, foi ao pezão a astral paquera.
DIA DO SYNDICO DE CORTIÇO [30/11]
O cara armazenava, aqui na nossa morada collectiva, armas de guerra, alem de munição! Aqui na terra não houve coisa assim tão grave e grossa!
Sou syndico faz tempo, ora! Ha quem possa cuidar deste cortiço, onde quem berra mais alto pode tudo? Sou eu! Erra quem pensa differente nesta joça!
Mas esse militar apposentado delirios tinha, achava que devia trancar-se no seu bunker! Um pirado!
Um dia, pelos ares sei que iria aquelle seu quartinho! Do meu lado, achei bem feito! Ou acha que eu temia?
DIA DO DEZEMBRO VERMELHO [01/12]
De tanto se fallar em pandemia, accabam se exquescendo dessa! Claro que duas pestes, porra, não comparo, mas muita gente, Glauco, ja morria!
Me lembro do Cazuza! Que agonia foi vel-o definhar! Agora raro é vermos eskeletico um tão caro artista, que rockeiro foi um dia!
Mas, com Renato Russo, outro rockeiro querido, pela peste victimado, fiquei mais commovido, companheiro!
Tambem sou bi, Glaucão, e mais cabreiro estou, aqui trancado! Nem veado, nem puta! Só você quero, parceiro!
DARKEST DAY [01/12]
Meu dia, como cego, mais escuro se deu quando, sem guia, acceitei uma adjuda. Ah, cada azar a gente arrhuma! Foi esse, Glauco, o meu maior appuro!
Em vez de me levar ao mais seguro logar de pegar omnibus, na bruma, o gajo me levou aonde estruma um bando de drogados… Jogo duro!
Alli fui despojado do que tinha! Na bocca me estupraram, cinco ou seis! Um cego, nessas horas, engattinha!
Lambi pés que na rua sujam, eis que sei reconhescer uma morrinha tal, mesmo sem ter esses seus dons gays…
FALLEN ARCH DAY [02/12]
Eu tenho, sim, Glaucão, arco cahido! Ou seja, meu pezão é mesmo chato! Por isso mesmo, cara, fiz contacto! Ganhar grana com elle, emfim, decido!
Você, que é tão podolatra, tem sido privado, no Brazil, de tal pé, facto commum, pois brazileiros, eu constato, teem cavos pés, pequenos, não duvido.
Careiro não serei, mas o tamanho da minha prancha calça até quarenta e septe! Vale, então, o quanto ganho!
Seu bolso, menestrel, bem sei que aguenta meu preço! Por signal, não tomo banho faz dias! Meu chulé será que tempta?
ANOTHER QUESTION DAY [03/12]
À Alexa perguntei: “Roberto Piva quem é?” Me respondeu com boa ficha. “Quem é Glauco Mattoso?” Ora, se lixa a amavel assistente, pensativa.
Nas universidades, não se priva ninguem de informação. Até da bicha cantora mais escrota alguem capricha nos dados biographicos: é diva.
Maldictos de verdade são assim. Até na machininha mais banal ignotos são. Peor foi para mim.
Em busca dum escravo sexual, acharam outro cego. Não, nem vim à baila numa rede social.
COVERS LOVER’S DAY [04/12]
É graças ao Ayrton Mugnaini que tenho, num CD caseiro, o exacto total do que, dos Beatles, o Renato gravou, com seus Blue Caps! Hem? Imagine!
Nem mesmo o mais fanatico, que zine edite, tem tal disco! Ora, me jacto do facto sem saber si esse retracto foi feito officialmente! Alguem opine!
São dezeseis canções, das quaes versão a banda brazileira fez, e não fez outra nada egual em tal momento!
Innumeras as covers, claro, são! Comtudo, o que me deixa mais pimpão é sempre esse disquinho ouvir, attento!
OUTRO DIA DO VOLUNTARIO [05/12]
Serviço voluntario prestei, mano! Eu era cuidador duma senhora, mas ella se mactou e fui embora dalli! Quasi que eu entro pelo cano!
Mudei-me de cidade e, mais magano, só cuido de ceguinhos, pois agora notei que elles bem chupam! Sem demora, virei optimo guia dum fulano!
Commigo pela rua, si elle chia do modo como o guio, ja prometto castigos que, na volta, lhe daria!
Bem sabe elle que, sempre que eu lhe metto a rolla bocca addentro, na agonia ja fica! Assim sou thema de sonnetto!
OUTRO DIA DO CARICATURISTA [06/12]
Fizeram de você caricatura, Mattoso? Ora, vejamos…Porra, mas paresce, mesmo, o proprio Satanaz! Caralho, menestrel! Hem? Que figura!
Os olhos azulados são a pura imagem do Cappeta! A cara faz que come mas não gosta dumas más dentadas na carniça podre e dura!
A testa até simula a dum vampiro! O queixo sahiu torto, direitinho! Semelha que o nariz levou um tiro!
Quem fez esse desenho? Ja adivinho! Um baita amigo seu, ao qual adhiro, pois acho que espelhou bem seu focinho!
OUTRO DIA DA SYLVICULTURA [07/12]
Glaucão, quero leval-o, qualquer dia, à matta alli da serra, ainda intacta reserva florestal! Sim, nessa matta a fauna se preserva! Quem diria?
Mosquitos incommodam, mas cabia usarmos repellente! Eis que uma chata especie de serpentes surge? Batta na cobra com a bota, sem phobia!
Entendo… Umas aranhas de tamanho gigante em você causam mor terror… Mas basta não tocal-as! Nem me assanho!
Emfim… Você recusa? Ah, por favor! Somente negativas é que eu ganho da sua parte? O que é que irei suppor?
FAMILY DAY [08/12]
Papae com sua cincta me battia. Battia ja a mamãe com o chinello. Vovô quebrou o cabo do martello. Cascudos eu ganhava da tithia.
Um primo violento me fodia na marra, mas até que tinha bello caralho. Ca na mente ‘inda congelo o pé do meu irmão, que bem fedia.
Levei muita pancada, mas tambem gozei na masochista phantasia. Não diga que, Glaucão, inveja tem!
Você levar pisão tambem queria daquelle meu irmão? Pois muito bem! Seu phone passei… Liga qualquer dia!
COOKS DAY [09/12]
Aquillo que ellas fazem é peixada! Appenas eu, Glaucão, faço moqueca! Aquillo que ellas fazem é panqueca! Eu faço crepe, Glauco! Sou prendada!
Algumas nem fazer maccarronada conseguem! Fica tudo uma melleca! Eu fricto uma bellissima bisteca, mas ellas frictam porco, só, mais nada!
Glaucão, faço pastel, croquette, empada! Sim, faço kibbe, esfiha, acaragé! É logico que tenho mãos de fada!
Hem? Boa cozinheira, aqui, quem é? Não diga que mamãe melhor frictada fazia, pois ahi ja não dá pé!
CLOWNS DAY [10/12]
Glaucão, ja lhe fallaram que você tem cara de palhaço? Na verdade, eu acho que qualquer cego terá de palhaço uma careta, bem se vê!
É o circo o seu logar, Glaucão! Cadê que irão reconhescer isso? Quem ha de fazer você dansar e, sob um Sade qualquer, nos divertir pela TV?
Suggiro que você, Glaucão, declame alguns sonnettos, numa perna só, tornando mais ridiculo o vexame!
O publico, que nunca sente dó, cahir na gargalhada vae! Me chame, Glaucão, para assistir! Ouviu, bocó?
PRIVACY DAY [11/12]
Punheta boa, mesmo, só batti emquanto na privada me tranquei, Glaucão! Você não sabe! Eu é que sei! Assim, tambem, eu faço o meu chichi!
Depois de mijar, fico por alli pensando no cegueta, aquelle gay, chupando o meu caralho! Ja gozei bastante desse jeito! Bem curti!
Mamãe nunca me deixa sossegado! Battendo uma punheta no banheiro, ao menos ninguem fica alli do lado!
Um dia vou morar sozinho! O cheiro sentir irei do que tiver cagado, sem ter que dar descarga, companheiro!
ASK A FUNNY QUESTION DAY [12/12]
Hem, Glauco? Diga ahi! Como você se sente? Eu me divirto, ja que vejo bem, quando um cego diz que seu desejo seria ver de novo! Faça auê!
Sim, diga que, perante quem bem vê, você bem que viria, de rastejo, lamber minha botina! Nem me pejo si digo que seria seu michê!
Alem de me lamber os pés, teria você que me pagar! Quer diversão maior? Fica gozada a putaria!
Trabalho nem terei de ter tesão na rolla que você nem chuparia! Por isso lhe pergunto: Por que não?
BLINDMAN DAY [13/12]
Nenhum deficiente deveria ficar de nós, normaes, longe e isolado, mantido num asylo ou, feito gado, aos montes confinado, dia a dia!
Um cego, por exemplo, poderia ser, ora, approveitado, para aggrado dos normovisuaes, appós treinado: um util fellador, que nos sacia!
Não acha, Glauco? Para que deixar o cego sem funcção, sem fazer nada, si é, mesmo, um dependente, em seu logar?
Que saiba conhescer-se! Que elle, cada vez mais, se exmere nesse elementar serviço de chupar! Né, camarada?