DISSONNETTOS DESCABELLADOS
Glauco Mattoso
DISSONNETTOS DESCABELLADOS
São Paulo Casa de Ferreiro 2021
Dissonnettos descabellados Glauco Mattoso
© Glauco Mattoso, 2021
Revisão Lucio Medeiros
Projeto gráfico Lucio Medeiros
Capa Concepção: Glauco Mattoso Execução: Lucio Medeiros ______________________________________________________________________________
FICHA CATALOGRÁFICA
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Mattoso, Glauco
DISSONNETTOS DESCABELLADOS/Glauco Mattoso
São Paulo: Casa de Ferreiro, 2021 118p., 21 x 21cm ISBN: 978-85-98271-28-4
1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título. B869.1
NOTA INTRODUCTORIA Na sequencia dos volumes de sonnettos ineditos, appós DISSONNETTOS DESBOCCADOS vem esta collectanea, composta entre dezembro/2020 e janeiro/2021, com nova centena (de 6901 a 7000), que, ainda sob o impacto da crise sanitaria, cuida entretanto de varios outros themas urgentes e cruciaes para o convivio social, sexual, politico e cultural. Na forma mantenho-me fiel à nova estrophação adoptada, em quattro quartettos, desde que retomei, em 2017, a producção temporariamente interrompida no sonnetto 5555, em 2012. Tracta-se agora de publicar, ao lado das reedições reformatadas dos titulos antigos, esta nova serie de volumes em versão digital, resgate emfim possivel graças ao trabalho do editor virtual Lucio Medeiros à frente do sello Casa de Ferreiro.
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EXAGGERO NO DESESPERO [6901] Affirmam que maluco sou, Glaucão! Assumo que sou, mesmo, mas resalvo que muita gente está, jamais, a salvo de insanas attitudes, tambem, não! Confuso sou, por vezes, e questão até faço, dos chistes, de ser alvo! Prefiro ser doidão a ser pappalvo ou trouxa, tal qual esses que ahi estão! O mundo me deixou desesperado ja tantas vezes, Glauco, que nem sei si estive suicida, mas pensei em, antes, mactar gente que nem gado! Pensei num senador, num deputado, num padre, num juiz, num presidente... Pensei em accabar com essa gente damnada, que me causa desaggrado! Depois pensei melhor... Mais resultado terá minha loucura si, na mente, os faço de demente, de doente mental, tal como, urrando, de mim brado!
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EXAGGERO NO DESTEMPERO [6902] Não, Glauco, não sou louca! Só não ‘guento ouvir calada certas abobrinhas, erradas, na verdade! Não, as minhas respostas são aquellas de momento! Eu xingo, grito, quebro tudo, tento sahir no tapa, Glauco! Tu não tinhas as mesmas reacções nas entrelinhas dos versos num poema violento? Não sou, não, de entrelinhas, meu collega! Sou franca! Sou directa! Sou chegada àquella reacção descabellada que todo mundo, contra a praga, prega! Nem surda sou, tampouco fiquei cega, tal como tu ficaste! Não ha nada que possa me deter si estou zangada, excepto uma garrafa alli da adega!
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PARENTES INCLEMENTES [6903] Eu tinha posses, Glauco, mas perdi a vista, dependente estou! Agora meus primos e sobrinhos para fora ja botam seu despeito por aqui! Abusam de mim! Todo mundo ri da minha condição! Quem commemora mais é mesmo o mais joven, que peora si fica a sós commigo, o tal gury! De quattro fico, faço o que elle manda! A cara, com o pé, me exbofeteia, depois que ja tirei a sua meia e sua bota! A scena não é branda! Lhe lambo um sebo grosso, que lavanda não cheira! Minha bocca fica cheia daquillo numa rolla, Glauco, creia, que chupo, caso um relho elle em mim branda!
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CEGUEIRA PRAZENTEIRA (I) [6904] Que tal, Glauco, uma scena do ominoso A SERBIAN FILM, hem? Nessa, a gente vê alguem que enxerga, afflicto! Está à mercê dum gajo de pau duro! Ouviu, Mattoso? Tão duro, o pau do gajo, que damnoso se torna si pressiona... Sabe o que? Os olhos do outro cara, até que dê nos nervos de quem nisso não tem gozo! Occorre que quem mette seu pau visa cegar mesmo o subjeito! O pau se enfia até que ja não veja a luz do dia um olho que se vaza! Alguem reprisa? Tesão egual não ha, pois fura, à guisa de espeto, um pau aquillo que antes via e logo não verá nada! Sacia tal scena, Glauco, ou falta alguem que pisa?
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QUEM CURTE QUEEN? [6905] Estou ligeiramente maluquinho, Glaucão, nada de muito grave, não! Appenas, vez por outra, com a mão na testa, batto firme e me abbespinho! Commentam que eu, então, me endemoninho e passo a commetter esse montão de coisas descabidas... Mas estão errados! Só tomei, Glaucão, um vinho! Você tambem não toma? Qual poeta não bebe um vinhozinho, não commette loucuras litterarias? Pincto o septe tambem, ora! Ninguem um vinho veta! Às vezes, pelladão, na bicycleta eu saio pedalando, mas repete o povo que sou louco! Que interprete assim quem desejar! Nada me affecta!
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CEGUEIRA PRAZENTEIRA (II) [6906] Alguns foram cegados por vingança, ainda que por meio dum pau duro, tal como nesse A SERBIAN FILM, um puro horror, que não exhibem à creança. Mas ha, tambem, uns casos em que dansa alguem, cujo olho torna-se um escuro inferno por prazer dum sado! Juro que casos taes teem peso na ballança! Glaucão, caso um caralho se levante e exporre emquanto um olho alheio vaze, tractamos do perfeito orgasmo, à base do maximo sadismo num instante! Depois, basta algum outro usar, durante um tempo, o tal cegueta, nessa phase de escravo, feito bocca que se case justinho com caralho semelhante!
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LIMITES EXPANDIDOS [6907] Estou ficando, Glauco, totalmente maluco! Totalmente? Bem... Não sei ao certo, não... Regula alguma lei o grau de sanidade em nossa mente? Por cento quanto, vate, estou doente ou ‘inda maluquette não fiquei? Por cento quanto, Glauco, gay serei ou hetero, ou gillette, simplesmente? Andar pellado compta? Não, não ando! Rasgar dinheiro? Tenho quasi nada? Comer cocô? Depois duma cagada, com nojo minha bunda vou limpando! Mas faço umas loucuras, no commando si estou duma sessão bem animada de sadomasochismo, Glauco! Cada tortura que eu invento! Orra, si expando!
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MEDIDAS PREVENTIVAS [6908] Indago-te, Mattoso: si meu pae, um desses gajos sadicos, quizer queimar pelle e cabellos da mulher, será que ella berrar deva algum ai? Mamãe, coitada, quasi que não sae de casa, appavorada! Si puder, no quarto permanesce! Nem siquer à feira, à padaria, ja não vae! Tem medo e chamem Mattoso, em casa,
de que notem as feridas o papae de psychopatha! será mesmo que se tracta, de tomar umas medidas?
Hem? Desse resultado tu duvidas? Nem mesmo si internado uma sensata postura adoptaria? Ah, que me batta não temo! Sei de eschemas suicidas!
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POVO NOCTURNO [6909] Poeta, reparaste tu que está ficando, sempre e sempre, mais commum na rua nós toparmos, não com um, mas varios loucos, cuja face é má? Não vemos mais appenas um gagá, um bando de travecos, um bebum! Agora, pelladões, a soltar pum, cagando na calçada, aquella pá! Commenta-se que surtam raramente, que pouco risco corre quem na rua à noite ‘inda circula! Tu, com tua vivencia, vate, temes essa gente? Verdade? Inoffensivos? Mais frequente perigo offerescer vem quem actua fardado? Ora, teu mundo tens na lua? Não passas, tu tambem, dalgum demente!
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THEY’RE COMING TO TAKE ME AWAY HA HA [6910] Glaucão, minha mulher não se contenta em tudo me imputar como loucura! No hospicio me internar ella ja jura, na sua verborrhéa violenta! Si estallo-lhe um tabefe pela venta, a puta surta! Chama a viatura, me manda prender, vate! Essa tortura não finda nunca! Assim ninguem aguenta! Aqui no manicomio, todo dia, as arvores se vestem de verdura, os passaros gorgeiam, ha fartura de fructas no pomar! Uma alegria! Aqui, sim, mais feliz ella seria, tractada dessa syndrome sem cura! As ponctas eu serei quem mais segura, mas ella affirma sempre que é sadia!
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EMPIRICO ONIRICO [6911] Acaso ja sonhaste que sonhavas? Ou sonhas que não sonhas, que é verdade aquillo que tu sonhas? E quem ha de jurar que não mandou a jura às favas? Nos sonhos, tu, Glaucão, mais te depravas que como de costume? Não te invade aquella sensação de seres Sade, de estares a punir tuas escravas? Accordas de manhan com a bexiga a poncto de extourar? E quando o mijo, por causa dumas dores no pau rijo, sahir não quer e com o peido briga? Sonhando, para nada a gente liga, mas com os pesadellos não transijo e corto ja de cara, pois exijo sonhar que nenhum Sade me castiga!
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ELEITOR FINGIDOR [6912] Não quero que o damnado se retracte, que peça perdão pelo que tem feito! Só quero me vingar desse subjeito! Aqui se faz, aqui se paga, vate! Politicos na bocca, nos pisa, despreza,
são foda! Algum nos batte no nariz, no pé, no peito, nosso physico defeito mas tem medo que eu o macte!
De nada addeantar vae tanto medo, Glaucão! A morte delle ja planejo! Faltar não vae jamais algum ensejo! De jeito o pego, Glauco, ou tarde, ou cedo! Emquanto não me vingo, vate, eu cedo a todos os pisões e seu desejo a custo satisfaço! Sim, rastejo! Mas é de masochismo um arremedo!
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CHORADEIRA COSTUMEIRA [6913] Estou ja muito velho, Glauco, para fallar dos meus acchaques! Mas não são os velhos que mais fallam disso, não! Os jovens se lamentam muito, cara! Na fama de queixosos quem repara se exquesce de que temos um montão de males que ommittimos! Que dirão dum velho que, rheumatico, não sara? Alguns de nós desistem dum gemido, sabendo que encarar vão como manha qualquer reclamação, por mais tamanha que seja a dor que temos, ja, sentido! Você não encontra cegueira com isso
compta, Glauco, pois libido até fallando dessa extranha de que soffre! Quem se assanha nem meresce ser ouvido!
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LELÉ LHEGUELHÉ [6914] Não, Glauco, não precisa ficar tão curioso ou preoccupado, não, commigo! Estou perfeitamente bem, amigo! Appenas perco, aos poucos, a noção! Mas nisso caberá preoccupação? Magina, Glauco! Creia no que digo! Mental si for meu damno, não, nem ligo! Si eu surto, nem ahi todos estão! Ninguem nota, Glaucão! Posso jogar um coppo de crystal no chão, agora! Quer ver? Pirlimpimpim! Viu só? Tem hora que posso até mijar do meu andar! Sim, molho todo mundo que passar embaixo! Os mijadinhos vão embora pensando que choveu! Mas, isso fora, meu caso não tem charme: é tão vulgar!
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TESTE DO COCÔ [6915] Sahi pellado, Glauco! Nada accontesceu! Tentei rasgar dinheiro... Tinha só trocado! Ninguem deu confiança! Agora, revoltado, estou comendo merda! Ah, gosto horrivel, meu! Primeiro, foi a minha, mesmo. Depois, eu com elles concordei que ganho um resultado melhor si for alguem que caga... Ah, mas coitado de mim, poeta! Agora a coisa ja fedeu! Vizinhos se divertem! Toda a rua ri do gajo que, maluco, come bosta a rodo! Glaucão, o tempo passa! Cada vez me fodo mais! Fazem-me beber até qualquer xixi! De velho, de moleque... Todos, por aqui, divertem-se commigo! Falla alguem que engodo será: “Não é maluco, nada!” Mas appodo ganhei, ja, de “guru”! Tambem me diverti!
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EXAME DE FEZES [6916] Passei! Passei, Glaucão! Comi cocô na frente da platéa! Que vexame! Agora ja passei no meu exame de fezes! Sou maluco paca, pô! Difficil foi, sim! Filme bem pornô daria aquella scena! Até madame estava a assistir, Glauco! Não reclame quem queira ser doidão como o vovô! Ah, cara! Aquelle velho foi pirado! Eu, perto delle, viro um mero pincto! Ao menos, orgulhoso ja me sinto de estar no patamar desse cagado! Sim, elle de cabeça pendurado foi dentro da privada! Não, não minto! Um dia, cara, ainda mais requincto a scena! Numa fossa affundo, a nado!
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TONTOS PELAS TANTAS [6917] Eu sei que você sabe que não sei de nada, mas não fico, jamais, mudo e sempre fallarei que sei de tudo accerca do que sempre, ja, neguei! Assim direi, Glaucão, si pela lei eu tenha que dizer que me desnudo em publico e que todos o meu cu do advesso viram! Dizem que sou gay! Mentira! Não dei nunca! Não, jamais! Só fico pelladão para causar! Appenas, vez por outra, dou azar e pegam-me com esses marginaes! Mas elles tambem, Glauco, não teem paes que fiquem vigiando o calcanhar de cada marmanjão que queira andar pellado pela rua, às horas taes!
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FETICHES E PASTICHES [6918] Glaucão, eu normalmente vou attraz dum tennis velho que elles ja no lixo jogado tenham! Nunca a mão espicho pegando um ‘inda novo dum rapaz! Occorre que esse gajo, Glauco, faz questão de me tractar peor que bicho! Desdenha de mim, falla que eu pasticho os classicos podolatras assaz! Mas faço o que tu fazes! Idolatro pisantes chulepentos! Esse cara negou-me seus deschartes! Minha tara ridicularizou a trez por quattro! Roubei-lhe, então, um novo! Meu theatro não fica sem aquillo que eu sonhara! Concordo, meu tesão nem se compara ao teu, si estás sonhando num breu atro!
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O REFEITORIO DO SANATORIO [6919] Estão ficando loucos, Glauco! Ja collocam uva passa no arroz, cara, maçan na mayonnaise, fazem para a ceia assados doces, meu xará! Assim, quem é que come? Não, não dá! Talvez o hospicio tenha alguem que encara aquella culinaria que ja rara demais não é, Glaucão! Que coisa! Bah! Emquanto estive interno, cocô com passas, mijo só com gosto de maçan! Sim, o tal sabor horrivel que
só comia tomava todo dia me trava!
Ainda que tenhamos mente escrava de tantos remedinhos, eu queria ao menos variar, numa fatia salgada de pernil! Ah, bem que dava!
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RECUANDO NO COMMANDO [6920] Michê? Sim, fui michê, Glauco! Sim, é verdade: dos clientes que attendi, alguns beber quizeram meu xixi, mas todos, sim, lamberam o meu pé! Quarenta e trez eu calço... Chega até a ser quarenta e quattro, pois aqui e alli varia a bota que insisti a fim de que lambesse, essa ralé! Sim, tenho o pé bem chato! Um gringo disse que é “fallen arch” o typico defeito, mas isso nem importa, pois suspeito que instigue nos freguezes a sandice! Você, sim, lamberia, caso o visse, meu pé! Lambia as unhas, todo o peito, a sola grossa... Ahi, Glaucão, acceito que lamba meu chinello na velhice!
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ARCO CAHIDO DECAHIDO [6921] “Maiores pormenores” você diz querer sobre meu chato pé, Glaucão? Então! Um “fallen arch” esses que são podolatras lamberam, bem servis! Lamberam a frieira que eu não quiz curar, pois augmentou meu chulezão, ja forte, do suor que sempre dão as meias que questão de ter eu fiz! Lamberam o meu grosso calcanhar, a sola que, chatissima, molhada ficava, suadaça! A velharada morria de tesão, a delirar! Agora, a decadencia meu logar ja veiu preencher! Velho sou cada vez mais, mas sua vida, comparada à minha... Nem preciso commentar!
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MAIORES PORMENORES [6922] Detalhes você pede, Glauco, mas contei ja muita coisa! Na punheta você se exbaldará, mas me prometta que irá de mim calar as coisas más! Tractado sempre como um bom rapaz eu fora! Agora velho, nem boceta sambada mais consigo! Na veneta occorre-me voltar tempos attraz! Hem, Glauco? Si eu voltasse a ser michê, você me pagaria para até beber o meu xixi, lamber meu pé, sentir no seu nariz o meu cecê? Fazer o que eu quizesse com você é facil, si está cego! Mas não é de graça que eu me empenho, né, bebé? Um Conga, ao menos, quero que me dê!
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CHUTES À PARTE [6923] Será que nem exsiste mais, Glaucão, aquelle tennis Conga, que não tinha cadarço? Mas você me entende! Minha vontade era chulé ter de montão! Assim eu poderia ser-lhe tão legal quanto você, que me escrevinha teclando, supportando uma excarninha postura minha, aqui na connexão! Bem, vamos combinar assim: si fica bem podre este meu tennis, elle é seu, por preço dum amigo que é judeu mas nunca teve compta la tão rica! Garanto-lhe um chulé, mais que titica, fedido! Porem, caso queira que eu lhe deixe me lamber como um lebreu, ahi custa mais caro, fora a bicca!
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INTRANQUILLA NA FILA [6924] Estou scismada à bessa, camarada! Sahude mental tenho, sim, perfeita! Mas uma antiga amiga acho suspeita de ser eschizophrenica, coitada! Neurotica ja tenho outra, attaccada de todos os temores, que não deita sem antes uns remedios tomar! Eita! Em outra, a paranoia fez morada! Deprê, noia, anxiosa, bipolar... De cada coisa pena alguma amiga! Somente eu nada tenho! Não lhe instiga a scisma, amigo Glauco? Que esperar? Espero que não tenha a commentar que estou equivocada, pois periga de estar você doente! Faça figa! Sinão, appenas eu vou me salvar!
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MICROBIOTYPICO [6925] Ai, Glauco, si qualquer gajo quizer me xingar ou offender, chamar de bicho nojento ou rastejante, eu nem me lixo, pois sei que sou, de facto, um mero verme! Porem jamais estive tão inerme, agora que me jogam um exguicho de lama, quando dizem que eu capricho em ser mais microscopico que um germe! Não, germe não! Um verme ‘inda va la, mas germe lembra virus ou bacillo! Ninguem quer, caro Glauco, ser aquillo que nem se vê e na merda molle está! Não sou tão invisivel, não, que ja esteja assim na merda! Mais tranquillo está você que, cego, tem estylo egual ao duma ameba, ja gagá!
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SEGUNDA ONDA [6926] Mas vate, é sempre inutil essa gente tentar em casa achar algum canthinho seguro contra a peste! Ja adivinho aquillo que teremos pela frente! Appós esta segunda, novamente teremos outras ondas! Direitinho iremos ao inferno! No caminho os corpos ficarão, mostrando o dente! Não, Glauco! Nem vaccina addeantar irá, pois esse virus sempre muda! Só perde tempo quem a peste estuda! É o clima, vez mais cada, tumular! Não vejo outra sahida! Se mactar a gente certamente irá? Caluda! Nem quero commentar! Será que Buddha adjuda a morrer cada no seu lar?
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PREGAÇÃO ANTIIMMUNOLOGICA [6927] Tu, Glauco, não sabias que a vaccina no codigo genetico da gente provoca alterações! Sim, de repente um homem voz terá duma menina! Peor! Pode ter forma feminina a sua genitalia adolescente! O pincto do moleque encolhe e, rente ao sacco, uma boceta descortina! Peor ainda! Alguem bollou o chipe que, dentro do teu corpo, um espião se torna! Tu jamais serás machão de novo caso disso participe! Te digo, Glauco! Ou pegas essa grippe ou deixas que te appliquem a injecção que irá te effeminar! Então tu não te importas? Bah! Que Christo te constipe!
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PICCADA COMMENTADA [6928] Responsabilidade? Não, nenhuma assume quem fabrica a tal vaccina! Então vou tomar isso? Não, magina! Só tomo caso alguem a coisa assuma! Disseram que quem toma cospe espuma, delira de dor, tanto que se urina, se caga, se debatte e, em repentina e grave convulsão, à cova rhuma! Melhor não vaccinar ninguem, assim! Achou que exaggerei, é? Va você, então, dar a bundinha a quem lhe dê aquella piccadinha, não em mim! Não é na bunda, Glauco? Mas do mesmo jeito, fica! Cê não Tá louco! Nem vaccino o meu Calcule, de tomar, si estou
ruim, vê? bassê! a fim!
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COLORAÇÃO POLITICA [6929] Ainda que este pappo meu não colle, será pela cagada que se sente aquillo que comeu cada supplente. De tudo se recheia rocambole! Politico de centro caga molle, pois come muita coisa differente, entrada, pratto frio, pratto quente... Fazendo media, até espinafre engole! Politico de esquerda, claro, caga sangrando, um bem vermelho cagalhão. Pudera! Faz exforço, sempre em vão, e nada de, nos votos, abrir vaga! Comtudo, o de direita a Satan paga tributo: faz bem duro, soffre e não perdura no poder, pois os que vão comer são elles mesmos sua praga.
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EXSPECTATIVA DE VIDA [6930] As grandes dores mudas são, diria aquella que cuidou de tanta gente edosa, aguentou tanta dor pungente dos outros, mas seu choro só ommittia. Cuidou sempre dos velhos, mas um dia tambem envelhesceu e, mudamente, guardou a dor. Agora quem a sente é sua cuidadora, tambem fria. As duas communicam-se sem nada dizerem. Uma troca seu olhar com outra, como trocam de logar. Um pouco de carencia para cada. Contou-me isso uma amiga que, coitada, está ficando velha, sem comptar com sua cuidadora. Por azar, morreu esta, mais joven. Sim, grippada.
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JAPONEZ CORTEZ [6931] Barraca de pastel costuma, sei bem disso, ser dum joven japonez que herdou tudo dos paes, por sua vez famosos pastelleiros. Um amei. Contou-me o nipponjinho que freguez maduro não faltava, sendo gay o dono da barraca. Perguntei então si esta cantada alguem lhe fez: “Hem, posso lhe lamber, suado, o pé?” {Sim, claro!}, respondeu o nipponjinho. {Usei, no trampo, um tennis bem velhinho, que dava um chulezão da porra, até!} Tambem eu quiz lamber esse chulé, mas elle ja lavava com carinho a sua sola, agora... Eis que escrevinho taes versos no que disse pondo fé.
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DIRECTOR SEDUCTOR [6932] Fazer filme pornô sabia bem o joven japonez. Ninguem sabia, comtudo, o que excitava aquella fria cabeça productiva, sempre zen. Calado, o nipponjinho, quando alguem tocava na questão, appenas ria. Então lhe perguntei eu, certo dia, si tinha pé sensivel. Quem não tem? {Sim, cocegas eu tenho!}, deu resposta. Senti que me temptava. “Quer dizer que lingua numa sola algum prazer será capaz de dar?” Dobrei a apposta. O japa se entregou. Disse que gosta de ser todo lambido. Por dever do officio, o lambi todo. Mas lamber seu pé me compensou toda a proposta.
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VERSO E REVERSO [6933] Hem? Dize-me, poeta: si na mão as costas são o lado que nos fica opposto à palma, como é que se explica o caso do pé? Dize-me, Glaucão! Nos pés o lado opposto à sola não é “costas”, mas sim “peito”! Nossa picca nem peito tem, nem costas, ja que implica alguma posição pelo tesão! Si beijam nossa mão, beijam mostrando algum respeito ou No “peito” o pé nos beijam, se suja a sola... Ha partes
as “costas”, submissão. pois no chão bem oppostas!
Tu sabes, mais que eu, disso que tu gostas. Mas dize-me: lambeste mais o vão dos dedos por debaixo ou, como um cão, por cyma, à volta toda, a terra, as bostas?
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RECOMEÇAR [6934] Alguem fallou, Glaucão, que um recomeço depende só da gente, não importa o poncto em que paramos. Recomforta sabermos disso, ou tudo tem seu preço? Ah, va lamber sabão! Eu pelo advesso entendo o palavrorio, lettra morta que sempre foi! Nos abrem uma porta, mas não porque battemos, reconhesço... Não é recomeçar appenas uma vontade pessoal e intransferivel! Depende do buraco, do desnivel da gente em relação aonde rhuma! Na vida não consegue coisa alguma quem fique sem padrinho, si possivel padrinho bem riquinho ou compativel com gente que charutos caros fuma!
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DESENGRAXANTE [6935] Ouviu fallar, Glaucão? “Desengraxante” é um typo de limpeza agora à venda! Darei exemplo, para que se entenda: si a lingua lustra, “engraxa” algum pisante! Mas, quando um botinão está bastante grudento, enlameado, com horrenda camada de cocô, que não dependa de brilho, mas de esponja deslisante... Ahi funcciona a lingua qual solvente de tincta gordurosa: limpa a bosta do bicco, do solado... Quem não gosta de bosta, lamber botas que não tente! Assim, “desengraxante” chama a gente a lingua dum podolatra que encosta a bocca no cocô! Qual a resposta da sua lyra a isto? Prazer sente?
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INSTITUTO SÃO THOMÉ DE SANCTA FÉ (I) [6936] Os cegos, perfilados de joelho no pateo do orphanato, em oração, dão graças ao Sanctinho. Outros dirão: “Por sermos cegos, gratos? Mau conselho!” Mas oram, obrigados. Um gruppelho assiste e dá risada: teem visão normal, os monitores. Gratos são, pois pode, quem quizer, usar o relho. Um delles usa. Batte num ceguinho teimoso, que o xingou. O cego jura ser bom, pede perdão. A picca dura lhe chega, agora, à força no focinho. Que chupe, então! Um joven excarninho sorri. Gozou gostoso. Farra pura, mandar nesses ceguinhos em escura roptina, adjoelhados ao Sanctinho!
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INSTITUTO SÃO THOMÉ DE SANCTA FÉ (II) [6937] O joven monitor goza, folgado, na bocca dos ceguinhos. Faz questão de sempre ter o relho bem à mão: “Os cegos são uns chucros! (diz) São gado!” Emprego não surgiu outro. Frustrado, ganhando uma merreca, a diversão ao menos arranjou, nesse sertão, sem nada que fazer, naquelle enfado... Os outros monitores engraçado acharam o jeitão descontrahido do joven colleguinha. Divertido foi verem um ceguinho castigado. “Dá toda disciplina resultado egual! Mandar chupar, eu não duvido, funcciona!” Falla assim um assumido algoz dos que, nas trevas, teem seu fado.
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INSTITUTO SÃO THOMÉ DE SANCTA FÉ (III) [6938] Os cegos trabalhavam: manuaes serviços, um qualquer artezanato. Assim rollava a vida no orphanato, até que esse rapaz fez algo mais. O novo monitor, com seus normaes instinctos juvenis, bollou o tracto que cegos dão nos pés de quem é grato por ter boa visão: funcções oraes! Agora, cada cego faz na sola de todo monitor o seu serviço buccal: limpar cascão, empregar nisso a lingua, bollação que fez eschola. Vaidoso, o monitor que tudo bolla diz: “Cego tem que estar sempre submisso, sinão fica teimoso! Um compromisso do typo o faz melhor, mais o controla!”
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NATAL SEM MASCARA [6939] A ceia de Natal, na quarentena, junctou quattro pessoas que ja não se viam, paes e filhos, tradição mantida. Mas o clima deu foi pena. Rollou lamentação. O pae condemna os habitos dos jovens. Diz que estão ja muito depravados. Faz questão de ser o bom christão, roubar a scena. O o O o
pappo degringola. Ja de porre, filho um palavrão solta, pesado. pae o recrimina. Revoltado, moço sobre vicios seus discorre.
É sempre assim e, caso não desforre fallando de prazeres, por seu lado, a filha falla mal dum deputado em quem o pae votou. Peor foi? Sorry!
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DESABBASTESCIMENTO [6940] Perdeu-se paciencia com aquella maluca, que tocar fogo queria na grande e frequentada padaria por causa duma simples mortadella. Pedira a mortadella, mas sem ella estava a padaria. A louca, fria, tentou incendial-a. A freguezia, furiosa, reagiu. Quem não appella? Perdeu a paciencia aquella gente pacata. Quasi lyncham a maluca. Somente controlou toda a muvuca um membro da milicia, alli presente. A louca, todavia, novamente tentar irá, por causa duma cuca, tocar fogo na casa. Ah, não cotuca a falta de comida que ella sente?
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CARA E BARULHENTA [6941] Tem grana, mas se sente infeliz, tão malquisto, mal amado, rejeitado por todas as mulheres... Sempre ao lado estão ellas dum gajo bonitão! Mas elle tem complexo, ja que não consegue com nenhuma resultado algum, depois de tanto ter tentado! Pudera! De estar triste tem razão! Baixote, carequinha, pau pequeno, que brocha até battendo uma punheta, jamais arranjará, mesmo, boceta quem tanto se consome em seu veneno! Coitado! Só compensa seu terreno perdido si pilota, de veneta, a sua Harley Davidson! Prometta você não condemnal-o! Eu não condemno!
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COMEDIA DO ASSEDIO [6942] Aquelle deputado que se droga costuma appalpar cada deputada que encontra pela frente! Esta aqui brada, irada, aquella alli ja pragas roga! Agora que abbraçal-as está, caso o politico a tempo, pensarão que alem de mero jogo que
sempre em voga se evada não foi nada se joga!
Mas elle não abbraça, simplesmente: aggarra, prende, encoxa, no cangote cafunga, dá chupão, mesmo que enxote seus gestos a collega, fugir tente! Alguem presenciou... Só pela frente, comtudo, o gajo nellas dá seu bote! No quarto, dos rapazes vae o dote medir, no cu levar, todo contente!
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PERFUME DE GARDENIA [6943] Aquella mulher linda, Glauco, tem encantos que nenhum de nós suspeita! De corpo, nos fascina, tão bem feita! De rosto, mais ainda! Vou alem! A bocca, seductora, não, ninguem jamais beijou! Com ella ninguem deita! É, Glauco, descobri! Quem é que acceita um halito tão forte? Nunca! Nem! Mas ella precisava conhescer um gajo que prefere esse fedor buccal como ninguem! É de suppor que goze com o beijo, pode ser! Ouvi fallar do gajo: seu prazer é baba trocar, Glauco! Só si for! Você, que é do fedor conhescedor, talvez me explique... Encanto deve ter!
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EPA! NOVA CEPPA! [6944] A porra desse virus é mutante, Glaucão! Vae o bichinho, devagar, ou antes, depressinha, se expalhar com mais facilidade, doradvante! Entrar pelo nariz não é bastante! O virus é podolatra! Grudar irá nalgum rachado calcanhar e, quando for lambido, se garante! Tambem é boceteiro, sovaqueiro! Quem gosta de peixoto ou de cecê ja pega ao cafungar! Glaucão, você precisa se cuidar, meu companheiro! Terá que, vez mais cada, punheteiro virar! Nem mesmo o tennis dum michê não lambe mais! Talvez appenas dê é para de si proprio sentir cheiro!
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PERUS EM EXSTINCÇÃO [6945] Não, elles não divulgam, Glauco, não, mas muitos se mactando vão, devido à peste, por perderem quem tem ido ou pela antevisão de quando irão! Você vae se mactar tambem, Glaucão? Ja quanto a mim, lhe digo o que decido: Sabendo que peguei, me suicido, bem antes de ficar sem o pulmão! Entendo tanta gente que se macta emquanto não ficou, ‘inda, sem ar, depois de seus parentes enterrar! Mas não me considero um psychopatha! Talvez, por ser propheta, tem exacta noção você de quando seu logar será desoccupado... Mas azar daquelle que visão não tem da data!
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REMINISCENTE ADOLESCENTE (I) [6946] Sim, posso fazer minhas umas linhas que escreve, em MUSSOLINI, esse menino ceguinho, como eu mesmo me imagino em tempos de collegio: o mariquinhas. Fidalgo, seu auctor, certas gracinhas homophobas repelle. Mas, franzino, eu nunca as repellia. Meu destino de cego foi cumprido de gattinhas. Mandei no cu tomar o rapazelho que estava a me zoar, mas elle, irado, na cara me exmurrou! “Cego veado! Agora vae pagar! Ja, de joelho!” Não pude reagir. Do seu pentelho o cheiro no nariz senti, ennojado. Nos labios, seu caralho. “Desgraçado! Então, quer appanhar? Quer levar relho?”
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REMINISCENTE ADOLESCENTE (II) [6947] Sim, Glauco! Puz a rolla do collega na bocca, suas ordens cumpri sem poder de reacção! Fodeu-me bem no fundo da garganta, sem refrega! Brincou elle com minha afflicção cega, battendo-me no rosto, com desdem. Fodeu-me varias vezes, sem ninguem saber. Si perguntarem, elle nega. Tornei-me seu secreto fellador durante todo o curso. Rastejei, lambi seus tennis, fui da sua lei fiel escravo, servo, ou o que for. Agora só relembro, Glauco, por desejo seu. Tractado como gay, um cego não tem chance... Mas chupei com gosto, si você quizer suppor...
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MANDATORIO MANDATARIO [6948] Não, Glauco, quem governa não governa! É falso um estadista qualquer, seja civil ou militar, membro de egreja ou lider syndical, templo ou caserna... A coisa nem antiga nem moderna será: do governante que se eleja até quem, por um golpe, “eterno” esteja, é typica dum homem da caverna! O gajo que se engaja na campanha, que falla à multidão, que leis assigna, não passa de fantoche! Se imagina que exerça astral missão, cumpra a façanha! Mas elle cocô come que lasanha na bocca doutro fora, bebe urina que vinho fora numa bocca fina! É rego que cagou e nem se banha!
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AUDIOBUCCOVISUAL [6949] Um gajo, de pau duro, se estimula olhando, sorridente, para aquillo que o cego faz emquanto está a servil-o com sua bocca suja, bocca chula. O cego, carequinha, affecta gula treinada, abboccanhando com estylo de puta a grossa rolla, sem vacillo, sabendo o que degusta caso engula. Exige-se dum cego chupador, quer seja masochista, quer na marra, que mostre claramente como aggarra a rolla com os labios, ao se expor. O cego o thallo lambe e, quando for chupar profundamente, enche a boccarra fazendo barulhinhos, para a farra ser audiovisual ao fodedor.
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CHUPETA ANACHORETA [6950] Um cego obriguei -- Eia! -- a me chupar, mas antes perguntei, Glaucão, si fé ainda tinha nesse Deus até capaz de sem visão alguem deixar. O cego confessou que, embora azar tivesse e fosse como São Thomé, fé tinha, penitente. Eu ri, pois é ridiculo um cegueta assim fallar. Então mandei: “Você, que tanto crê, agora vae chupar! Na bocca sente o gosto da cegueira? Vamos, tente pensar em Deus, agora que não vê!” O cego, que perdeu, como você, os olhos aos pouquinhos, mudamente chorou. Seguiu chupando. Sorridente, gozei gostoso, olhando uma TV.
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LOCAL DE HABILITAÇÃO FUNCCIONAL [6951] Não podem usar oculos escuros nem podem ter cabello. São carecas os cegos chupadores. Tu, que peccas fodendo boccas, queres tesões puros? Então excolhe um desses que, com juros, pagou appós perder suas somnecas ficando lentamente cego! Necas enxerga, attraz ja desses altos muros... Ahi verás um cego carequinha na bocca recebendo o teu caralho com grande efficiencia! Seu trabalho buccal mais é que simples punhetinha... A lingua que elle espicha se encaminha à volta do prepucio... Mas eu falho si tento descrever! Só quebro o galho tambem chupando, como missão minha!
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SHEENA IS A PUNK ROCKER [6952] Cabeça mohicana, nappa adunca, aquella pistoleira, Glauco, faz furor aqui no bairro! Mas rapaz, que é bom, ella não pega, mesmo, nunca! Pudera! A vagabunda virou punka! Tá toda tattuada, até ja traz no rosto uma de rolla! Solta gaz com força, qualquer pappo fode e trunca! Não, Glauco, nem é tanto o pappo della que expanta a molecada do logar, nem esse visual tão invulgar, mas uma affamadissima mazella! A punka nunca toma banho, bella porquinha que deseja se tornar! Na chota fede tudo que, do mar, de podre exsiste e embrulha na goela!
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CANÇÃO DO APPARTAMENTO [6953] Não, essa quarentena não altera a minha roptininha, não, Glaucão! Estou accostumado, fico tão sozinho o tempo todo, né? Pudera! Eu antes era amigo da gallera mais punk aqui do bairro do Capão, mas hoje me recolho, com razão, e explico: ja ninguem me considera! Você vae me entender: a molecada, alem do quanto, ouvindo os Rattos, poga, consome muita pinga, muita droga, me deixa a casa toda bagunçada! Peor é mesmo quando de mim cada pivete zoa paca, goza, joga cocô na minha bocca à força, affoga meu rosto na bacia da privada!
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EPA! VIVA A XEPA! [6954] Não, nesta pandemia ja ninguem negar vae que da feira se approveita um monte de verdura! Agora acceita a gente comer isso, ou nojo tem? Mas nojo por que, Glauco, si tambem no lixo nós achamos insuspeita porção de coisa podre que, si feita alguma concessão, a servir vem? Tomates estragados teem sabor não muito differente dum bonito que, cheio de agrotoxico, eu vomito depois de ter comido! Por favor! Não sei si tanto nojo do fedor é livre e natural, ou só de mytho não passa! Nesta crise, eu accredito que xepa approveitar irão propor!
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EM CARCERE, E PRIVADO [6955] Saber quer, Glauco? Obrigo uma bichinha, que escrava se declara, a me ser bem submissa de verdade: que estar em um carcere privado tem! Tadinha? Tadinha nada! Nella applico minha total auctoridade: limpa, sem perdão, com sua lingua de refem, qualquer que seja a minha sujeirinha! As solas que, no piso, a rolla, accumulando o meu mijo, que melhor é cocô, que comerá todo,
junctam pó; meu sebinho; do que vinho; sem dó!
Appanha! No cu leva, Glauco, só que venda tem nos olhos! Mais damninho seria meu tesão si num ceguinho, vendado ao natural, faço o forró!
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DELEITE QUE SE APPROVEITE [6956] Deleite é subjugar alguem vendado, immovel, admarrado, que, indefeso, fará tudo que eu quero, neste vezo que tenho de abusar do fracco lado! Deleite é ver um homem assustado, temendo o que farei com elle preso: irá sentir de immundos pés o peso na cara, vae lamber, porco, um solado! Porem maior deleite é dispensar a venda, si for cego quem irá chupar o meu caralho, que tem ja aroma accumulado no logar! Maior ainda, Glauco, o seu azar seria meu deleite, pois não ha quem seja feliz quando cego está aos poucos, tendo visto! O fiz chorar?
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A LAD INSANE [6957] Notou você que jogo Bowie faz, poeta? “Aladdin sane” é trocadilho com um rapaz insano! Ou eu não pilho alguem que bem consegue ser mordaz? Mas não dum com
dizem que esse insano, o tal rapaz, era mesmo o Bowie e sim o filho nobre inglez! Glaucão, me maravilho essas fofoqueiras linguas más!
Disseram que fez David um boquette no joven, tão gostoso, tão potente, que erecto o pau ficou e, de repente, ja flaccido não fica, aos dezesepte! Por vezes, tal relato se repete, passado tanto tempo... Que eu invente ninguem irá dizer, ja que, insistente, você na sua bocca rollas mette!
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VENUS IN FURS [6958] Achei pouco, Glaucão, o que Lou Reed fallou do Severino! Ora, a chibata ninguem usa somente si se tracta de beijos exigir quem bem decide! Não, Wanda não ficou, ninguem duvide, só nisso! Beijar botas? Coisa chata será, si não passar duma cordata sessão de servidão que mal aggride! Commigo o Severino, Glaucão, ia passar uns maus boccados! Na veneta me dava que lambesse esta boceta que encharco, ouvindo um disco, todo dia! Sim, antes lamberia, ah, lamberia a minha bota! Appenas não se metta ninguem a duvidar, pois não é peta que esteja, sim, sujissima! Ah, não ria!
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CAFÉ PEQUENO [6959] Desculpa ahi, Glaucão, mas acho um sacco dizerem que está muito polluida a aguinha que bebemos! Quem duvida que tenha, sim, cocô? Que thema fracco! Comtudo, o que pondero, o que destacco é tanta gente rica, que convida a gente pr’um café, mas a bebida é feita, sim, de bosta de macaco! Hypocritas, não achas tu, poeta? É como o cidadão que nos critica por sermos chupadores duma picca sujissima, tirando o cu da recta! Mas esse phariseu só tem por meta lamber boceta quando cheia fica de sangue menstruado, ou de titica um anus feminino, que não veta!
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PERDEDOR DA VISÃO [6960] Quem foi que disse, Glauco, que feliz ja pode ser qualquer deficiente? Feliz sou eu, que enxergo bem! Não tente ninguem me convencer, pô! Que imbecis! Precisam é daquillo que se diz “licção de moral”! Ora, simplesmente um cego de mim fica dependente em tudo que eu quizer, como ja fiz! Mostrei-lhe que feliz elle não é nem nunca mais será! Dei, à vontade, porrada nelle! Fui peor que Sade! Mandei que elle perdesse sua fé! Tambem fiz que lambesse, sim, meu pé, no chão a rastejar! Quando me invade aquella sensação de liberdade, obrigo que me lamba a sola, até!
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BAD BOY [6961] Não é por nada, não, mas me imagino peor que um diabrete, que um traquinas! Terror eu sou de todas as meninas! Menino mau, eu sou o mau menino! Pudor, eu não respeito o feminino, siquer o masculino! Me imaginas cabaços deflorando, umas vaginas estreitas arrombando? Te previno: Não roubo, não, somente virgindades de moças innocentes, não, Glaucão! Tambem estupro um cego, caso não me faça, por bem, todas as vontades! Em summa, Glauco, caso não aggrades meu pau com tua bocca, te serão pesadas estas botas, pois no chão te irei pisar, peor que quaesquer Sades!
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SOOKIE SOOKIE [6962] Serei quem te submette e te subjuga, agora que estás cego, Glauco! Pega meu pau com tua bocca! Lambe, exfrega a lingua! Não terás chance de fuga! Rasteja ahi, vae, feito tartaruga! Te ralla! Anda, te exfolla! Assim, offega! Usar irei a tua bocca cega! Engole! Enfia tudo! Suga! Suga! Não digas que entendeste mal a minha maneira de dizer que estás em meu poder, pois quem enxerga aqui sou eu! Abbaixa ahi, ceguinho! Olé! Engattinha! Ouviste esse somzão? É nessa linha que eu digo, rindo, como se fodeu um cego trouxa aos pés dum philisteu! Não achas que a sessão foi excarninha?
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HUMBLE PIE [6963] Si torta nós comermos, Glauco, tem que ser torta gostosa, de palmito, de frango, de banana... Appenas cito algumas, mas são muitas, lembra alguem! Diversas são salgadas, outras bem docinhas... Uma amarga não admitto! Mas, quando o seu sabor não é descripto de forma amiga, à tonna a licção vem! Recheio bem humilde tem a torta comida por quem teve que engolir o orgulho! No teu caso, um elixir bebeste, que da torta a acidez corta! Ainda assim, ja nada te comforta nas trevas! Humildade que exhibir terás, quando meus golpes, qual fakir, no lombo supportares! Vae, supporta!
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ECHOS DOS BOTECOS [6964] Na vespera, as comidas ‘inda são motivo de esperança no Natal, nos votos de anno novo, pois foi mal demais este anno findo, nos dirão. Passada a comelança, a sensação é sempre de voltarmos ao normal, ao velho ramerrão habitual, com todos os azares que virão. Mas uma coisa temos que pensar... A cada anno que passa, mais comida teremos nós comido nesta vida. Não foi tão baita assim o nosso azar. Embora sem champanhe e caviar, comemos o pernil, foi repetida do bollo uma fatia, com bebida brindamos, baratinha, aqui no bar...
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DEBITO E CREDITO [6965] Canecas de cerveja, não acceito que sejam de metal! Sabes por que? Eu gosto de quebral-as, bem se vê! Concordas -- Né? -- commigo que é bem feito! As quebro augmenta, As quebro p’ra “C”,
si o salario do prefeito caso o meu p’ra nada dê! si meu time cae da “B” depois dum penalty suspeito!
Algumas são quebradas ‘inda cheias, os cacos pelo chão todo molhado! Preju sei que terei, Glaucão, tomado, mas vale: tu tambem não te refreias! Tens sangue de baratta? Não, nas veias ainda algum humano tens! Meu lado, tu sabes, é o dos fraccos, sim, malgrado meus creditos e embora tu não creias!
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NATALICIO DE DIONYSIO (II) [6966] Ja, Glauco, natalou, poeta! Agora nós temos que comer! Comer até o nosso cu fazer bicco! Não é? Tu podes comer pacas a tal hora? A gente, quando datas commemora tão raras, se empanturra, faz banzé brindando com champanhe! Esta ralé, sim, sabe festejar muito bem, ora! Fazemos parte della, sim, poeta! Commigo tu, fazemos parte disto que chamo, do Mephisto com o Christo, um pacto dionysiaco! Quem veta? Jesus com Magdalena se completa! Satan transa comtigo, pois insisto que sejas mesmo um bruxo! Não despisto, tambem eu, pois não tiro o meu da recta!
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ETERNO RETORNO (II) [6967] Amei, Glauco, um rapaz, mas fui trahido! Por outro me trocou, que morreria “aidetico”, sim, como se dizia! Ah, Glauco, um caso desses faz sentido? Então, elle voltou e decidido fiquei a perdoar, sem alegria! Seriamos felizes algum dia? Ah, Glauco, um caso desses faz sentido? Mais annos se passaram, mas decido pensar que pouco tempo passaria! Agora confirmou-se esta agonia! Ah, vate, este meu caso faz sentido? Pois é, foi de covid! Elle, trazido de volta no caixão, a vez addia daquillo que esperei: minha phobia! Ah, vate, este meu caso faz sentido?
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PUNHETA DE CAGUETA [6968] “Quem quer assistir quando o preso for à salla do pau para se ferrar?” -- Eu! -- Eu! -- Dois caguetinhas seu azar quizeram ver, curtir a sua dor. Vibravam ambos. Quiz o tennis pôr na cara do coitado um delles, ar fazendo, de carrasco, no logar, suppondo que será torturador. Uns choques a levar, no pau de arara, a victima sentiu na bocca a sola do tennis do cagueta, que lhe exfolla o labio, se exfregando pela cara. Jamais exquescerá. Bem que tentara! Aquella gargalhada a lhe echoar ficara na memoria. Sim, um par de meros informantes mostrou tara!
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THESE DE MESTRADO [6969] Jamais com a cegueira se preoccupa aquelle que não lia com a lupa até perder a vista. Aqui se aggruppa, das suas ordens, uma catadupa: A perda foi total, Mattoso? Chupa! Os olhos sem defeito os tenho! Chupa! Sentiste? Tem fedor meu lenho? Chupa! Os cegos me despertam gozo! Chupa! Teus olhos eu quiz ser quem vaza! Chupa! Qual rolla mais fedeu que a minha? Chupa! Achaste essa missão damninha? Chupa! Farás o que, Glaucão, me appraza! Chupa! Ceguinho que melhor se preze... chupa! Os cegos eu, com gosto, os lanho! Chupa! Darás de lingua, Glauco, um banho! Chupa! Ficou bem demonstrada a these? Chupa!
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THESE DE DOUTORADO [6970] Não és um “postmaldicto”, vate? Então! Eu sou, ja, postdoutor! Sim, defendi diversas theses dessas, por ahi! De sobra tenho postgraduação! Meu thema? Ah, sim! Me lembro de que não foi nada accerca disso que de ti se falla, Glauco! Creio que escrevi foi sobre nossa falta de instrucção! Estás a rir, poeta? Tenho cara, agora, de palhaço? Sou doutor, sou mestre e bacharel! Quem vae suppor que posso mentir, vate? Eu viro arara! Não podes duvidar si quem declara é o proprio titular! Do meu fedor tu nunca duvidaste! Sentes por teu faro que é concreta a minha tara!
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TORTURA JAPONEZA (I) [6971] Eu gosto de pisar, mas quem me accusa de sadico jamais pensou naquillo que rolla si commette algum vacillo o membro duma gangue da Yakuza! Precisa ver, Glaucão! A turma abusa! Calçando o tal tamanco nesse estylo banal dos samurais, vae aggredil-o o gruppo lynchador! Você deduza! Então, ja deduziu? Exacto! O tal subjeito, de cabeça ao nivel raso, se enterra até o pescoço, tendo o prazo de vida reduzido ao principal: Pisado foi! Chutado tambem! Mal pediu, mal implorou! Acho o seu caso bastante divertido, pois me embaso na scena quando penso num rival!
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TORTURA JAPONEZA (II) [6972] Em outro filme, está bem admarrado o gajo que lynchado ja será! Da gangue japoneza alguem lhe dá innumeros pisões de todo lado! Precisa ver, Glaucão! Do seu aggrado seria aquelle lance em que elle está de cara ante excarninho tennis, la não muito branco, um tanto detonado! Em close, esse pisante era do cara que fora seu rival e namorara a mesma companheira! Assim, iria vingar-se e, ciumento, o cara ria! Os chutes se succedem! Na agonia, aquelle condemnado viu a fria risada do rival, de cuja tara foi victima, ao beijar a sola amara!
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O CEGO E A PROFESSORA [6973] Em vez de, para cegos, uma eschola, aquella abriga alguns, os juncta ao dicto alumno “normalzinho”. {Não admitto que battam no ceguinho!” Quem controla? Severa, a professora canta a bolla, pois basta que eu advirta a alguem: {Bonito não é batter num cego!} e logo incito um joven a fazer isso que rolla: Pegaram o ceguinho na sahida: -- Então a professora fallou para a gente não zoar? Agora, cara, é mesmo que zoamos! Cê duvida? E battem, chutam, pisam... Repetida, a phrase {Lamba ahi!} soou amara, pois tennis de moleque, se repara, é cheio das sujeiras da avenida!
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NATUREZA MORTA (I) [6974] As fructas na fructeira não são mais que exemplos de descaso, pois ninguem as come. São de plastico! Porem alguem as quiz comer, qual naturaes! Não foram nem os filhos, nem os paes, mas sim um thio maluco, que não tem siquer um parafuso muito bem certinho no logar, nunca, jamais! O velho mordiscando vae a pera, roendo, pouco a pouco, até que nada mais reste! Faz assim elle com cada maçan, cada laranja, alli, de cera! De cera, de borracha... Ah, si não zera aquillo tudo, o gajo, que se enfada de nada fazer, sae da creançada attraz, finge ser fera, ser panthera...
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O CEGO E A MÃE [6975] “Coitado do menino!”, diz a sua mamãe, compadescida do ceguinho. Com isso, mais espeta seu espinho e mais o seu complexo se accentua. Choroso vae ficando, pois na rua a turma sempre barra seu caminho. Coragem nem siquer tem um pouquinho. Mal ouve esses moleques, ja recua. Mas elles o perseguem e, por fim, applicam-lhe severa punição por ter sido dos golpes o fujão: Mais golpes! Fica a barra, assim, ruim. Só resta se queixar à mãe que, emfim, não pode fazer nada. A reacção virá mais tarde, quando o rapagão masoca vem a ser, tal qual eu vim.
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O CEGO E O PAE [6976] “Não, filho meu não leva desafforo p’ra casa!”, diz qualquer pae, orgulhoso. No caso dos ceguinhos, é forçoso dizer que não foi falta de decoro. Foi medo, mesmo, pois por cada poro o cego sua, caso tenha gozo alguem em ser-lhe rude e perigoso algoz, tal qual eu proprio corroboro. Alem de ser barrado na calçada, perder, num chute simples, a bengala, o cego, si quizer ‘inda alcançal-a, levar vae ponctapés a passo cada. E, para completar, seu pae, que nada entende, mal entrou elle na salla, chorando, o descompoz! Ninguem se eguala ao cego que, ja cedo, se degrada.
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NATUREZA MORTA (II) [6977] Nenhum pinctor pinctava a minha rua, à margem deste corrego nojento, subjeita a tempestade, enchente, vento que tudo varre, estraga, cerca, accua! Não ha polluição que mais pollua que merda a céu aberto, Glaucão! Tento tapar o meu nariz, mas não aguento ficar sem respirar nesta cafua! Pinctores pinctam flores, fructas, bellas imagens florestaes, uma casinha à beira dum riacho... Não a minha, aqui nesta peripha de favellas! Você concorda, Glauco? Taes mazellas inspiram bardos criticos, na linha politica, mas quem aqui caminha prefere nem ver isto numas telas!
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O CEGO E SEU IRMÃO [6978] Ficou cego o mais velho. Seu irmão do meio bem enxerga. Tem myopia, sem damnos, o caçula, que sacia no cego o seu despeito, o tendo à mão. Sentindo de todo, oral, no o pau na
o seu rancor por não ser são desforrar quer, pela via mano cego. Sempre enfia sua bocca, com tesão.
Fiquei sabendo disto, Glauco, por um primo do caçula, que tambem abusa do ceguinho. Tu refem ja foste de parentes, trovador? Verdade? Si verdade mesmo for, precisas me contar, pois gozo sem usar a mão, embora de ninguem abuse... E então? Me julgas gozador?
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O CEGO E SEU COLLEGA [6979] Nas aulas, o collega do cegueta annota tudo. Nunca grava nada. O cego tem memoria bem treinada e tudo grava, à falta da canneta. Licção de casa fazem junctos. “Eta chulé damnado, o desse camarada!” Se excita o cego, caso o cheiro invada as suas ventas. Goza na punheta. Sim, Glauco, fui eu, esse colleguinha! Chulé tive, terrivel, você não iria accreditar! Tinha tesão o cego si eu soltasse essa morrinha! Emfim me confessou que punhetinha battia appós fazermos a licção! Feliz, eu lhe propuz: Me chupe, então! Primeiro, no dedão! Depois, na minha...
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O CEGO E SUA NAMORADA [6980] Embora cego, o gajo conseguira com uma namorada ter a sua amavel companhia pela rua. Mas logo descobriu que era mentira. Aquella maluquette era da lyra, sorria, como quem se prostitua, a todos que encontrasse e que, de lua, quizessem conferir como se vira. Do cego só queria alguma grana. Dos outros, chuparia até caralho fedido, que lhe desse mais trabalho de lingua! Ah, que putana mais sacana! Não, nunca abriu o jogo. Sua chana chupei, pois nisso julga que não falho. Sim, Glauco, sou tal cego. Não expalho, porem, que descobri que ella me enganna.
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NATUREZA MORTA (III) [6981] Fallar de natureza morta até paresce redundancia! Ja viu viva a flora alguem que della só se priva? A fauna, quem conhesce? Essa ralé? Não, Glauco! Todo mundo um jacaré compara ao crocodillo! Uma aggressiva aranha não differem da passiva e calma taturana! Pois não é? Cavallo não distinguem de jumento, nem lobo de cachorro viralatta! Então como saber irão da matta extincta por qualquer desmattamento? Giraffa alguem achou (Ai! Eu aguento?) perdida na Amazonia que, constata algum ecologista de gravata, estão todos queimando no momento!
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O CEGO E A CEGA [6982] O cego, que namora com a cega, quer ir e vir, aonde for, com ella. Difficil é saber quem se extatella mais, quem menos tropeça ou excorrega. Provoca gargalhada, quando pega alguma conducção, aquella bella duplinha, a bengalar. Toda a favella com ambos se diverte, ninguem nega. Num omnibus lotado, o casal ia subir, quando cahiu della a bengala. Ninguem adjuda. Até poder achal-a, os dois foram pisados, pela via. Si forem de metrô, causa alegria no povo um braço preso, um pé na valla, a perna que na porta ja se entalla... Melhor será arranjarem logo um guia!
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NATUREZA MORTA (IV) [6983] Si vejo um percevejo, vate, eu macto! Si pulgas eu percebo, não excappa nenhuma! Até baratta vou, a tapa, mactando pela casa! Tambem ratto! Não, Glauco! Faz enorme expalhafacto quem pensa que protege, em todo o mappa, a fauna, a flora... Bollas! Por que tapa os olhos ao piolho, ao carrapato? Bah! Muitos desses bichos teem veneno, poeta! Não, não servem para nada! Aranha, por exemplo: uma piccada nos macta! Mesmo um bicho tão pequeno! Estás tremendo, Glauco? Não condemno a tua posição! Caso uma invada a cama em que te deitas, nem a fada madrinha vem salvar! É pavor pleno!
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O CEGO NO CIRCO [6984] Na falta do palhaço, se contracta um cego para andar no piccadeiro, às tontas, tropeçar o tempo inteiro, cabeça nem sabendo onde mais batta. Pensaram que fingia, mas a grata platéa notou logo o verdadeiro ceguinho que levou coice certeiro na cara, ja de quattro, duma patta. A patta era dum homem disfarsado de burro. Mesmo assim, o calcanhar pegou em cheio, bem no maxillar do cego, das creanças para aggrado. Morreram de rir delle, que, coitado, levou foi um calote, pois pagar ninguem queria aquelle que pegar nem sabe numa espada, accidentado.
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POLITICA MEPHITICA [6985] Politica, a defino, resoluto... É que nem merda: quanto mais se mexe, mais fede! Caso a Camara alguem feche, um falso democrata finge lucto! Me deixa gente assim mais e mais puto! Em vez de entregar casa, eschola, creche, o gajo, sem que, ao minimo, se vexe, se mette num escandalo, o corrupto! Usei “polititica” ao descrever, assim como outros usam, a maldicta e suja profissão de quem credita na propria compta as verbas do poder! Comtudo, quando um desses for morrer com cancer de intestino, que bonita punheta batto, Glauco! Não imita você minha attitude de prazer?
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O CEGO E SEU CACHORRO [6986] Pensaram se tractar só dum cão guia, mas logo perceberam: o bassê andava em ziguezague. Sim, cadê a chorda na colleira? Não havia! De nada addeantou sahir à via o cego com cão dessa raça. Vê qualquer um que elle irá pôr à mercê seu dono dos perigos, todo dia. Foi tiro e queda. Agora o em casa, accidentado. Foi daquelle cão teimoso, que questão de ser, da gente,
cego está attraz não faz egual babá.
Em vez de ser guiado, o gajo dá dois passos e cahir vae nessas más calçadas. Se quebrou todo. Sim, mas ao menos uns lambeijos ganhou, ja.
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POLITICA ANALYTICA [6987] Politica, a defino, bem convicto... É coisa para velho barrigudo, careca, sem cultura, sem estudo, que, feio p’ra damnar, se vê bonito! O porco coronel nem segue o rito normal de quem cagou! Nem bem fez tudo, levanta da privada sem seu cu do tolete se limpar! Mais delle eu cito! Por vezes, elle caga lendo um maço de folhas de papel tymbrado, com o sello do Congresso! Não faz bom emprego dessas folhas, o devasso! Com ellas faz aquillo que não faço: agora, sim, limpou esse marron borrão da sua bunda! Antes, bombom comeu, que não comi, pois fome passo!
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O CEGO E SUA BENGALA [6988] A vara muito leve facilita a vida do ceguinho pela rua, mas sua desvantagem se situa no risco de excappar da mão afflicta. Sim, basta que elle encontre quem se excita com scenas de sadismo, para a sua tranquilla caminhada virar nua e crua diversão do troglodyta. O sadico lhe chuta a bengalinha bem longe e finge ser quem não chutou, a fim de appreciar melhor o show do cego engattinhando. Pegadinha? Sim, claro! Pegadinha que ser tinha! O cego, crendo nesse que fallou “Ahi! Mais à direita! Quasi achou!”, rasteja aos pés, talvez, dalgum pestinha.
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O CEGO E SEU CHAPÉU [6989] Aos cegos não suggiro usar bonné, não, Glauco! O vento o leva facilmente! Você não sabe disso? Ora, não tente teimar commigo! Foi bem feito, ué! Bem feito! Foi cahir justo no pé daquelle molecão mais delinquente aqui da vizinhança! Dessa gente espera-se que seja má, não é? Sahiu você no lucro! O cappetinha appenas lhe pisou no chapéu, certo? Podia ter chutado longe! Experto, prefere ver você como engattinha! E então? Ficou de quattro? Claro, tinha que estar bem do seu jeito! Sei que perto ficou a sua bocca dum coberto de pó, surrado tennis, um Rainha!
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O CEGO E SEUS OCULOS [6990] Os oculos escuros fazem parte daquillo que um ceguinho usar precisa! Quem usa para todos bem advisa que nada vê! Previne qualquer arte! A menos que elles queiram, sim, barrar-te o passo de proposito! Quem pisa num cego faz papel cruel, à guisa de experto gozador ou Malazarte! Pois é! Quem faz taes coisas não se peja! Quebraram os teus oculos? Que mais? Mandaram rastejar? São animaes! Abusam caso o gajo nada veja! Ah, não! Foste servido de bandeja? Lambeste tennis sujos? Que teus paes diriam de moleques tão brutaes? Tu nunca lhes contaste? Então... rasteja!
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MAU JUIZO SOBRE O PISO [6991] Maluco ficou? Isso não se faz! Ainda que você seja masoca e cego chupador, ninguem colloca na bocca a bota suja do rapaz! Não sabe que essa sola, Glauco, traz innumeros microbios? Elle soca no barro, na poeira da malloca, aquella bota! Não, por Satanaz! Não, mesmo que elle mande, você não devia pôr a lingua num solado tão porco, com cocô secco grudado, com vomito de bebado, Glaucão! Chupar a rolla delle, ter tesão comendo sua merda... até levado serei a tolerar! Mas um surrado cothurno lamber... é tal qual o chão!
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O CEGO E SEU GUIA [6992] Sentindo que somente a chapelleta teria como, toda, abboccanhar, tamanho o caralhão que, cavallar, lambia, disse: “Peço que não metta!” O cara a ser chupado fallou: {Eta ceguinho preguiçoso! Vaes chupar por bem ou vaes na marra? Teu logar não sabes qual é? Chupa ahi, cegueta!} O cego se tocou. Não poderia, por nada, recuar do seu dever de estar de bocca prompta ao bel prazer de quem pode enxergar a luz do dia. Ahi chupou. Chupou, do proprio guia, a rolla que este, inteira, quiz metter garganta addentro. Ousou mostrar poder, o guia: {Aguenta! Cego bom não chia!}
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MANUAL DO SUICIDA [6993] Não, Glauco! Um manual do suicida escripto ja foi varias vezes antes, versões até bastante interessantes, mas sem utilidade garantida! Agora, não! Ninguem siquer duvida que exsista algum recurso! Os allarmantes registros estatisticos constantes são, caso o novo virus nos aggrida! Em summa, a quem quizer mactar-se, exsiste um jeito garantido! Basta a gente pegar uma covid, ainda quente do banho! Ja fallei, ninguem resiste! Pensou que enlouquesci? Mas quem assiste, nas midias, à afflicção do presidente, ja sabe que elle, embora rindo, mente e está para morrer, inerme e triste!
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O CEGO E SEU TACTO [6994] Você nem sabe, Glauco, si eu sou feio ou si sou muito feio! Que se foda! Você vae appalpar, appenas, toda a minha rolla, até sentir o freio! Achado o freio, vae sentir, em cheio, um cheiro na narina! A pelle, à roda todinha do prepucio, lhe incommoda o olfacto? Que se foda, ja advisei-o! Irá, sim, tactear! Não com a mão! Appenas usará sua beiçola de cego porcalhão! Acha que exfolla demais os beiços? Foda-se, Glaucão! Sim, antes de chupar, lamber qual cão irá, mas vae lamber a minha sola, tambem, pois lhe darei, sim, qual esmolla, a chance de medir o meu pezão!
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O CEGO E SEU OLFACTO [6995] Você diz ter olfacto bem treinado? Ainda não sentiu nada, Glaucão! Na hora de chupar-me, você não vae crer no seu nariz! Tome cuidado! O cheiro não será do seu aggrado, pois fedo mais, Glaucão, nessa porção do corpo, que perus alheios, tão intenso o meu esmegma accumulado! Não vale sentir nojo! Ouviu bem, cara? Terá que lamber tudo que grudado esteja na cabeça, resultado do banho que não tomo! Você encara? Então que se prepare! Indico, para noção lhe dar, que tenha ja cheirado um ovo podre, ou peixe que, estragado, alguem jogou no lixo! Se compara!
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O CEGO E SEU PALADAR [6996] Não, nunca provei, Glauco! Você diz que tem sabor salgado o meu chulé? E o gosto do meu sebo? Ora, qual é? De queijo não é? Nem idéa fiz! Um cego o paladar tem (Infeliz do gajo!) mais treinado, para até saber quando degusta algum filé de peixe que estragou, sem pedir bis! Bem, uma suggestão eu vou lhe dar: comer a minha merda, pois assim irá saborear cada tintim daquillo que comi! Não quer tentar? Assim o seu treinado paladar mais util ficaria para mim! Não vale, cara, achar nada ruim! Quem manda cego ser? É seu logar!
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O INIMIGO DO POVO [6997] Ah, Glauco! Só porque fallo sozinho me chamam de maluco! Mas que mal ha nisso, vate? É muito natural fallarmos, nós comnosco, num canthinho! Peor é quando notam que de vinho tomei uma garrafa (nacional, daquelle forte) e faço um carnaval voltando para casa, no caminho! Ahi não fallo, calmo, só commigo: eu solto gargalhada, armo um barraco, profiro uns palavrões... Eu me destacco no meio da avenida, meu amigo! Por isso de mim fallam! Um perigo não sou à sociedade! Esse malaco que está no poder, esse, sim, é fracco de cerebro, do povo um inimigo!
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O CEGO E SUA AUDIÇÃO [6998] Dei ordens, mas você não as ouviu, seu cego miseravel! Quer que eu seja ainda mais cruel com quem esteja privado da visão, seu imbecil? Sim, rhymo o que cê viu com este vil poder que tenho, Glauco! Não me peja furar até seu tympano! Sobeja maldade em mim, meu, puta que pariu! Hem, Glauco? Ja pensou? Ensurdescel-o seria requinctada crueldade! Até me imaginei o proprio Sade! Você vae ter, sim, esse pesadello! Pois sonhe! Sonhe, Glauco! Quero tel-o cegado! Que, nas trevas, você brade! Depois, lhe furo o ouvido! Meu, me invade um tremulo tesão em cada pello!
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O CEGADO E O CEGADOR [6999] Alguem furou-lhe os olhos por maldade. Foi coisa de moleque. Nem viu quem. Não ha quem accusar, pois elle, sem visão, nenhum “delega” persuade. Ficou impune, então, esse que Sade lhe fora. Agora arrhuma funcção bem propicia a cegos: faz massagem em quem goza, da visão, a faculdade. Occorre que lhe fica frente a frente aquelle que o cegara. Quer massagem nos pés, sabe que cegos assim agem na sola de quem nisso prazer sente. O cego o serve. Caso o gajo tente zoal-o, de enxergar conte vantagem, humilde lhe dirá: “Mais nos ultrajem, mais doceis nós seremos!” E não mente.
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BERÇARIO TEMPORARIO [7000] Malucos todos somos. Não precisa ninguem se excabellar por causa disso. Qualquer de nós ja fez algum serviço nas coxas, sem estudo nem pesquisa. Vaccinas ja sahiram que, na ANVISA, ninguem approvaria. Algum sumiço ja demos num annel de ouro massiço que, em vão, procuraremos, alguem frisa. Creremos, pois queremos algo mais normal, em meio a tanta insensatez. Ainda supporemos que, talvez, os gestos poderão ser naturaes. Sim, gestos naturaes de filhos, paes, amigos ou amantes, que vocês verão, mais espontaneos, nos bebês, até que cresçam, fiquem racionaes.
SUMMARIO EXAGGERO NO DESESPERO [6901]..........................9 EXAGGERO NO DESTEMPERO [6902]........................10 PARENTES INCLEMENTES [6903]..........................11 CEGUEIRA PRAZENTEIRA (I) [6904]......................12 QUEM CURTE QUEEN? [6905].............................13 CEGUEIRA PRAZENTEIRA (II) [6906].....................14 LIMITES EXPANDIDOS [6907]............................15 MEDIDAS PREVENTIVAS [6908]...........................16 POVO NOCTURNO [6909].................................17 THEY’RE COMING TO TAKE ME AWAY HA HA [6910]..........18 EMPIRICO ONIRICO [6911]..............................19 ELEITOR FINGIDOR [6912]..............................20 CHORADEIRA COSTUMEIRA [6913].........................21 LELÉ LHEGUELHÉ [6914]................................22 TESTE DO COCÔ [6915].................................23 EXAME DE FEZES [6916]................................24 TONTOS PELAS TANTAS [6917]...........................25 FETICHES E PASTICHES [6918]..........................26 O REFEITORIO DO SANATORIO [6919].....................27 RECUANDO NO COMMANDO [6920]..........................28 ARCO CAHIDO DECAHIDO [6921]..........................29 MAIORES PORMENORES [6922]............................30 CHUTES À PARTE [6923]................................31 INTRANQUILLA NA FILA [6924]..........................32 MICROBIOTYPICO [6925]................................33 SEGUNDA ONDA [6926]..................................34
PREGAÇÃO ANTIIMMUNOLOGICA [6927].....................35 PICCADA COMMENTADA [6928]............................36 COLORAÇÃO POLITICA [6929]............................37 EXSPECTATIVA DE VIDA [6930]..........................38 JAPONEZ CORTEZ [6931]................................39 DIRECTOR SEDUCTOR [6932].............................40 VERSO E REVERSO [6933]...............................41 RECOMEÇAR [6934].....................................42 DESENGRAXANTE [6935].................................43 INSTITUTO SÃO THOMÉ DE SANCTA FÉ (I) [6936]..........44 INSTITUTO SÃO THOMÉ DE SANCTA FÉ (II) [6937].........45 INSTITUTO SÃO THOMÉ DE SANCTA FÉ (III) [6938]........46 NATAL SEM MASCARA [6939].............................47 DESABBASTESCIMENTO [6940]............................48 CARA E BARULHENTA [6941].............................49 COMEDIA DO ASSEDIO [6942]............................50 PERFUME DE GARDENIA [6943]...........................51 EPA! NOVA CEPPA! [6944]..............................52 PERUS EM EXSTINCÇÃO [6945]...........................53 REMINISCENTE ADOLESCENTE (I) [6946]..................54 REMINISCENTE ADOLESCENTE (II) [6947].................55 MANDATORIO MANDATARIO [6948].........................56 AUDIOBUCCOVISUAL [6949]..............................57 CHUPETA ANACHORETA [6950]............................58 LOCAL DE HABILITAÇÃO FUNCCIONAL [6951]...............59 SHEENA IS A PUNK ROCKER [6952].......................60 CANÇÃO DO APPARTAMENTO [6953]........................61 EPA! VIVA A XEPA! [6954].............................62 EM CARCERE, E PRIVADO [6955].........................63
DELEITE QUE SE APPROVEITE [6956].....................64 A LAD INSANE [6957]..................................65 VENUS IN FURS [6958].................................66 CAFÉ PEQUENO [6959]..................................67 PERDEDOR DA VISÃO [6960].............................68 BAD BOY [6961].......................................69 SOOKIE SOOKIE [6962].................................70 HUMBLE PIE [6963]....................................71 ECHOS DOS BOTECOS [6964].............................72 DEBITO E CREDITO [6965]..............................73 NATALICIO DE DIONYSIO (II) [6966]....................74 ETERNO RETORNO (II) [6967]...........................75 PUNHETA DE CAGUETA [6968]............................76 THESE DE MESTRADO [6969].............................77 THESE DE DOUTORADO [6970]............................78 TORTURA JAPONEZA (I) [6971]..........................79 TORTURA JAPONEZA (II) [6972].........................80 O CEGO E A PROFESSORA [6973].........................81 NATUREZA MORTA (I) [6974]............................82 O CEGO E A MÃE [6975]................................83 O CEGO E O PAE [6976]................................84 NATUREZA MORTA (II) [6977]...........................85 O CEGO E SEU IRMÃO [6978]............................86 O CEGO E SEU COLLEGA [6979]..........................87 O CEGO E SUA NAMORADA [6980].........................88 NATUREZA MORTA (III) [6981]..........................89 O CEGO E A CEGA [6982]...............................90 NATUREZA MORTA (IV) [6983]...........................91 O CEGO NO CIRCO [6984]...............................92
POLITICA MEPHITICA [6985]............................93 O CEGO E SEU CACHORRO [6986].........................94 POLITICA ANALYTICA [6987]............................95 O CEGO E SUA BENGALA [6988]..........................96 O CEGO E SEU CHAPÉU [6989]...........................97 O CEGO E SEUS OCULOS [6990]..........................98 MAU JUIZO SOBRE O PISO [6991]........................99 O CEGO E SEU GUIA [6992]............................100 MANUAL DO SUICIDA [6993]............................101 O CEGO E SEU TACTO [6994]...........................102 O CEGO E SEU OLFACTO [6995].........................103 O CEGO E SEU PALADAR [6996].........................104 O INIMIGO DO POVO [6997]............................105 O CEGO E SUA AUDIÇÃO [6998].........................106 O CEGADO E O CEGADOR [6999].........................107 BERÇARIO TEMPORARIO [7000]..........................108
Titulos publicados: A PLANTA DA DONZELLA ODE AO AEDO E OUTRAS BALLADAS INFINITILHOS EXCOLHIDOS MOLYSMOPHOBIA: POESIA NA PANDEMIA RHAPSODIAS HUMANAS INDISSONNETTIZAVEIS LIVRO DE RECLAMAÇÕES VICIO DE OFFICIO E OUTROS DISSONNETTOS MEMORIAS SENTIMENTAES, SENSUAES, SENSORIAES E SENSACIONAES GRAPHIA ENGARRAFADA HISTORIA DA CEGUEIRA INSPIRITISMO MUSAS ABUSADAS SADOMASOCHISMO: MODO DE USAR E ABUSAR DESCOMPROMETTIMENTO EM DISSONNETTO DESINFANTILISMO EM DISSONNETTO SEMANTICA QUANTICA INCONFESSIONARIO DISSONNETTOS DESABRIDOS SONNETTARIO SANITARIO DISSONNETTOS DESBOCCADOS RHYMAS DE HORROR
São Paulo Casa de Ferreiro 2021