MUSAS ABUSADAS

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MUSAS ABUSADAS



Glauco Mattoso

MUSAS ABUSADAS

São Paulo Casa de Ferreiro 2020


Musas abusadas Glauco Mattoso

© Glauco Mattoso, 2020

Revisão Lucio Medeiros

Projeto gráfico Lucio Medeiros

Capa Concepção: Glauco Mattoso Execução: Lucio Medeiros ______________________________________________________________________________

FICHA CATALOGRÁFICA

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Mattoso, Glauco

MUSAS ABUSADAS/Glauco Mattoso

São Paulo: Casa de Ferreiro, 2020 116p., 21 x 21cm ISBN: 978-85-98271-28-4

1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título. B869.1


NOTA INTRODUCTORIA

Na sequencia dos volumes de dissonnettos compostos em 2020, appós INSPIRITISMO vem esta collectanea com nova centena (de 6387 a 6486) que, ainda sob o impacto da crise sanitaria, cuida entretanto de varios outros themas urgentes e cruciaes para o convivio social, sexual, politico e cultural. Muitos poemas, comtudo, partem duma perspectiva, não direi feminista, mas feminina ou mesmo effeminada, donde o titulo allusivo, indistinctamente, a dominadoras e dominadas, extensivo ao caso masculino. Na forma mantenho-me fiel à nova estrophação adoptada, em quattro quartettos, desde que retomei, em 2017, a producção temporariamente interrompida no sonnetto 5555, em 2012. Tracta-se agora de publicar, ao lado das reedições reformatadas dos titulos antigos, esta nova serie de volumes em versão digital, para recuperar o tempo empattado desde a crise anterior -- resgate emfim possivel graças ao trabalho do editor virtual Lucio Medeiros à frente do sello Casa de Ferreiro.



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JOGO PUERIL [6387]

Sem ter o que fazer que mais aggrade na tarde de domingo, vão brincar, no quarto de dormir da faculdade, aquelles estudantes, de pisar. Pisar, sim! Vendam olhos. No logar que fora do tapete, um à vontade ficou. É feminino o calcanhar que está sobre seu queixo, ou não? Será de... De macho, não! Fingindo que rejeita beijar um pé de macho, o meninão acceita quando sente que o dedão na bocca tem a forma mais perfeita. Pensando de menina ser, acceita lamber, até! Retira a venda. Então percebe ser do gajo mais bundão e faz que se offendeu com a desfeita.

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SOVAS SEM PROVAS [6388]

Fallou Nelson Rodrigues que nem toda mulher quer appanhar: as normaes, só. Perguntem ao malandro si tem dó dalguma. Responder vae: “Que se foda!” Pondé pondera: aquella que não for da familia das demais, goste dum nó, duns tapas, de lamber nas botas pó, um dia geme e exige grana gorda. Por causa da patrulha, a scena sado será que ficaria tão “nutella” que ja ninguem mais pode batter nella sem risco de ser preso ou processado? Não creio. Sou masoca, me degrado, convicto de estar certo quem appella ao gesto bruto quando sou quem fella seu fetido caralho mal lavado.


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DURA CENSURA [6389]

Glaucão, me censuraram no twitter! Tambem no facebook! Eu fico puto! Allegam que torturas eu reputo que possam ser de praxe e que eu incite! Disseram que eu sobre isso dou palpite, que methodo de estado, jogo bruto se torne, interrogando-se um astuto bandido, quando seu delicto ommitte! Mentira! Não defendo que tortura se adopte como methodo de estado! Defendo o emprego della como sado que sou! Quero tesão, delicia pura! Não quero dum bandido ser quem fura os olhos, só, Glaucão! Tambem degrado a puta, a sappho, o cego, o retardado! Não, cara! Achei injusta tal censura!

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BATTENDO NA QUESTÃO [6390]

Mulheres torturadas, Glauco, são communs, bem mais communs do que se pensa! Sim, fallo dessas tantas que, na crença do povo, surra curtem, e pisão! Mas contra sou batter nellas, Glaucão! Não batto na mulher que quer suspensa nas chordas ser, submissa à grande, immensa didactica que um mestre tem à mão! Gostoso mesmo, Glauco, para mim, é sadico ser quando não quer ella! É, quando vou perdendo uma querella, vingar-me da mulher agindo assim! Ahi, Glaucão, eu curto! Quem ruim achou, mais sentirá cada sequela! Mais batto quanto mais a puta appella! Ja machos a tractar assim eu vim!


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QUEM VÊ CARA... [6391]

Soffreu, quando menina, muito dum padrasto violento, que a currara com outros gajos, rindo-lhe da cara chorosa das creanças em jejum. Agora quer vingança. Ja bebum, morreu seu malfeitor. Tem ella, para os homens em geral, severa vara, aquella de marmello, mais commum. Tambem tem a chibata, tem a bolla, que serve de mordaça, tem a venda, que serve para que esse verme entenda que deve ser quem, cego, ora rebolla. Assim cada machão lambeu a sola daquella revoltada. A cara horrenda não chega a ter, mas, caso só dependa de rosto, sua tactica não colla.

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MENINO LEPORINO [6392]

Beijei não! A menina nojo tinha, seu Glauco! Tenho o labio “leporinho”... Agora, corajoso, lhe escrevinho e tudo vou contar em cada linha. Não ria, Glauco, dessa tara minha! Não posso ver um beiço vermelhinho, molhado, duplicado, cor de vinho rosado, que me encaixo na chotinha! As putas deliciam-se, eu lhe juro! Relaxam, arreganham, abrem tudo! E eu, labio contra labio, lambo mudo, degusto o succo, sorvo o mel mais puro! Beijar na bocca, nunca, nem si escuro está! Mas o senhor tambem sortudo não é! Tem que beijar, sem ver, o cu do bundão mais porco, ou ser-lhe pedicuro!


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BACCHANTE RELUCTANTE [6393]

Seu Glauco, eu em menina não battia! Mas ella me pediu para appanhar! Lasquei-lhe bofetadas, devagar, primeiro, mas depois com energia! E foi accostumando, dia a dia... Até que me implorou para mijar na bocca! Que masoca mais vulgar! Bebeu todo o xixi que eu lhe fazia! Enchi de xixi e porra a tal da puta! Um dia, appós cagar, ordeno que ella me limpe com a lingua toda aquella titica! Ah, fui moleque! Ella relucta! Ahi batto com gosto! O senhor chuta a bocca duma puta? Ah, ja banguela deixei-a! Agora a rolla ja me fella sabendo qual será minha conducta!

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BRUXA LUXENTA [6394]

Glaucão, eu amo Lucifer, sabia? Sou mesmo ouriçadissima por seu sorriso de malandro, de plebeu folgado que, em tesão, nos assedia! Mas sabe, Glauco? É muita covardia que exija de nós todas, achei eu, o beijo no seu anus, que fedeu cocô recem cagado! Que mania! Eu faço o que elle queira: chupo o phallo de bode fodedor, deixo na chota, no recto me comer... Mas nessa quota oral de sacrificio não me rallo! Você talvez, Glaucão, que ja tem callo na lingua, achasse leve essa devota beijoca anilingual, mas a velhota aqui tem nojo! Creia no que eu fallo!


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SERVIÇO DOMESTICO [6395]

Hem? Sabe do que eu gosto, Glauco? Obrigo a minha mulherzinha a ser escrava da nossa faxineira, a que nos lava os pisos e banheiros! Ah, me instigo! Impõe nossa domestica castigo de sadica à patroa que, si estava a dar ordens, agora aguenta a brava licção da diarista! Ah, meu amigo! Precisa rasteja levando e lambe

ver a minha mulher quando aos pés da alegre empregadinha, ponctapé quando engattinha o chão que a outra foi sujando!

Depois lambe boceta, ao meu commando, e chupa no cuzinho o que eu ja tinha gozado, Glauco! Ouriça-lhe essa minha libido? Ou é castigo um tanto brando?

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ZERO EM COMPORTAMENTO [6396]

Fessora, não me venha com licção de casa, redacção nem sabbatina! Está tudo mudado! Disciplina é coisa para nota? Não é, não! Magina! Só porque dei pescoção, tabefe e ponctapé noutra menina, agora acha a senhora que me ensigna a ser bem comportada? Que illusão! Si perco o meu controle, eu na senhora applico um golpe baixo, uma rasteira e piso-lhe na cara, caso queira botar-me desta salla para fora! Duvida? Somos todas nós, embora pequenas, da pesada! Ja na feira battemos num ceguinho! Brincadeira é, para nós, surrar alguem que implora!


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MARRUDA GRAHUDA [6397]

Glaucão, ja te contei que professor deixei de ser? Tá louco! Sim, na salla cheguei a ser pisado por quem falla mais grosso com a gente! Vou depor: Terriveis jovens! Ordem eu quiz pôr na classe, mas quem tenta controlal-a vê logo que só falta alguem a balla ao mestre reagir, Glauco! Um horror! Cercaram-me e jogaram-me no chão! Vi perto dos meus olhos cada tennis enorme! E era menina quem infrenes impulsos exhibia de aggressão! Pensaste? Cara, atturo humilhação até dum meninão! Não me condemnes, porem, si não te peço que me enscenes teus casos de pisões dum sapatão!

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PATINHA BELLA [6398]

Ah, cego, ja fiz tanta cirurgia que nem sei mais qual é, mesmo, meu sexo! Me encaro, nu, no espelho: si perplexo eu fico, ou si perplexa, alguem diria? Bigode e barba tenho, mas, macia e fina, minha voz faz desconnexo conjuncto com o resto! Que complexo corpinho que eu ganhei, cego! Não ria! Chochota tenho. Pincto tenho. Seio tambem, mas sou pelludo! Cincturinha pensei de tanajura, até, que tinha! Nem acho o que metter aqui no meio! Por ultimo, ceguinho, reservei o pezão. Si for calçar uma botinha, será quarenta e septe! Ja adivinha você si de podolatra ando cheio!


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PERSONAGENS [6399]

Quarenta allegorias, quarentena addentro, se succedem em exactos sonnettos, nas comedias e nos actos que Cesar Veneziani nos enscena. O livro de phobias se envenena e, quanto mais grottescos os relatos, mais soam realistas, pois os factos confirmam a covidica gangrena. Dos Anjos, Cruz e Souza, atĂŠ Bocage, si vivos fossem nesta pandemia, sonnettos dessa ceppa alguem faria, agindo como o Cesar, feliz, age. Ainda quando, onirico, viaje num caso ou noutro, sua anthologia retracta a quente, ephemera alegria da verve em vida, advessa Ă fria lage.

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QUESTÃO DE GENERO [6400]

Nem sei si sou androgyno ou gynandro, Glaucão! Você daria algum palpite? Quem olha a minha cara se permitte chamar-me, quer de Sandra, quer de Sandro! Pensei ja: si me vissem de escaphandro, sereio me diriam, no limite dum Hercules que, gemeo da Aphrodite, tem cara de vedette e de malandro! Mas veja bem: só transo com mulher! Às vezes, uma lesbica assedia a gente, farejando putaria, mas nunca satisfaço o que ella quer! Você tambem, Glaucão! Si me vier com essa de indagar como seria meu pé, pode exquescer! Talvez um dia eu diga que é maior que o dum choffer!


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PORNÔ PORCO [6401]

Fiquei sabendo, Glauco, que ja rolla até filme pornô voltado para pessoas cegas, visto terem tara ainda insatisfeita! Te consola? Tem audiodescripção, conforme eschola testada por normaes, que se compara ao clima da chochota pela vara a fundo penetrada! Achas que colla? Entendo... Faltará nesse mercado teu gosto mais commum, mas exquisito demais aos meus padrões! Teu requisito exige masochismo refinado! Terão que produzir um filme sado que tracte quem é cego no que evito fazer comtigo, mesmo si eu imito quem zomba dum Sansão recem cegado...

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FESTIVO TRAVESTISMO [6402]

Que gloria, Glauco! Orgulho-me de estar amando um bolsominion! Um só, não! Muitissimos! Agora meu tesão é bolsosexual! Sou superstar! Sou homem, sou mulher, conforme o par formado com um fan do capitão! Ai, Glauco! Lambo botas, lambo o chão, dou, como, occupo -- Oh, céus! -- qualquer logar! As travas bolsophobicas não querem siquer ser das “bolsonicas”, que só cobiçam o seu minion mas teem dó de rabos arrombar! Sonhar preferem! Eu não, Glaucão! Si os minions me quizerem, eu chupo um peru crente, eu lambo o pó dum mythico cothurno, no gogó aguento até pisão! Que elles me esperem!


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OZONIZANDO [6403]

Ja Hemingway dizia: as putas vão tragando porra para se curar ou mesmo prevenir um malestar, até tuberculose! E então, Glaucão? Rollou em Kansas City! Mas nós não ficamos attraz! Ouço ja fallar que vae Itajahy ser o logar perfeito para a cura do povão! Com dez sessões diarias, só por via rectal, o ozonio -- Quem diria? -- vira antidoto covidico! Confira, Glaucão! P’ra que vaccina? Ah, que alegria! Sim, disse isso o prefeito! Ou só seria mais uma fakenews? A gente pira com tanto commentario para a lyra! Só coisa assim occupa a poesia!

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VISIBILIDADE LESBICA [6404]

Qual visibilidade poderá a lesbica ter, Glauco? Você não dirá que é simplesmente sapatão, aquelle estereotypo, dirá? Sim, sadica sou, Glauco, fama má ganhei como carrasca de machão! Mas gosto duma “lady”, dessas tão gentis e femininas, digo ja! Até cheguei a achar que a maioria das lesbicas fugindo do padrão “choffer de caminhão” na rede estão! Teem menos de João que de Maria! Mas posso perceber! O que seria dos machos si soubessem que paixão teem ellas, não por elles, mas questão mais fazem doutra chana, sem phobia?


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AGOSTO DOURADO [6405]

O leite, si é materno, claro, deve ser “de ouro” um alimento. Nutrição merescem os bebês, ja que elles são as nossas esperanças, dentro em breve! Porem um a titulo ligada à que seja

alimento que se inscreve de “essencia”, por questão proteina, me dirão o gafanhoto, um rango leve!

Pensou nisso, Glaucão? Vae chegar anno no qual falte comida! Ahi a gente só come gafanhoto, frio, quente, bollinho, chocolate... Pensou, mano? Puddim de gafanhoto! Achou insano? Churrasco mal passado! Achou demente? Salsichas naturaes! Quer provar? Tente! Peor não é que ceia de vegano!

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PERIGO NA VIA [6406]

Garanto que um enganno não commetto, pois juro que um cadaver desses vi e não é, não, o classico zumbi, mas sim o puro e simples eskeleto! Você, Glauco, que escreve dissonnetto, na certa pouco caso faz e ri, mas, sendo de mulher, de travesti ou homem, com caveira não me metto! Difficil é saber, mas a caveira que vi me paresceu ser feminina, talvez pela risada aguda, fina, que estava a dar, alli, da via à beira! Ver ossos chacoalhando ninguem queira! À noite, elles rebrilham na neblina! De moto, o corpo morto surgir vi na estrada! Accelerei... Sem brincadeira!


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SCENA ABJECTA [6407]

Um caso bem curioso! Veja só! A guarda de dois filhos perde quem? A mãe, que no chartorio culpa tem. Os filhos são deixados com a avó. A avó, que muita gente no forró conhesce, empresta a dupla para alguem que tem poucos escrupulos, tambem. São ambos estuprados, pois, sem dó! Depois, os filmes rollam na secreta corrente de pedophilos. Emfim, alguem os denuncia. A saber vim que tinha a clientela mais selecta. A curra, na prisão, é predilecta dos sadicos: destino bem ruim àquelle estuprador. Mas houve, sim, até juiz curtindo scena abjecta!

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DESEJO DE VINGANÇA [6408]

Não levo desafforo para casa! Soffri toda a desfeita alli na rua e, como não reajo, continua alguem me bullyingando, manda braza! Mas, Glauco, me vingar vou! Sim, e praza a Lucifer que, quando vem a lua propicia, me transformo numa nua imagem de vampiro que bem casa! De roupa nem preciso! Pelladão, irei rondar o quarto do moleque que vem me troteando! Que defeque de medo! Vou pinctar de supetão! Calcule, Glauco, como me verão os olhos do menino: meu espeque bem duro, não no peito! Onde elle peque será, bem mais embaixo, o meu tesão!


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MERCADO SADO [6409]

Mas, Glauco, você está muito exigente! Um cego pornofilmes nunca tinha com audiodescripção! A calhar vinha que tenha, agora, aquillo pela frente! Porem, excolher algo differente da transa mais commum, ah, não convinha a quem vende productos nessa linha! Seu tempo perderá, Glauco! Nem tente! Magina! Quer você pornographia de sadomasochismo com actor que, cego, no papel dum inferior esteja? Quem tal filme curtiria? Pensando bem, talvez a maioria dos normovisuaes veja, si for visada com olhar consumidor, um filme em que o ceguinho se fodia...

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CORPINHOS NUS [6410]

Hem, Glauco? Ja pensou? Zumbi mirim! Vampiro mirim! Nunca lhe passou tal coisa na cabeça? Pois lhe dou a dica: são communs, exsistem, sim! Creanças tambem morrem, e ruim seu genio fica quando nem rollou um mez e ja ninguem mais se lembrou de quem assim precoce teve fim! Ha casos de vingança que pavor suscitam num atheu ou num christão! Parentes, paes, mães, thios, mordidos são e sangram devagar, em estertor! São pegos de surpresa! Assim, quem for cagar ou tomar banho, pelladão, trancado, surprehende-se (E quem não?) que esteja alli, nuzinho, um mordedor!


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CHEIRINHO DO PODER [6411]

Nos termos, o limite pactuado o sadico não ultrapassaria e, quando o masochista na agonia ficou bastante, disse: “Estou cansado!” “Me solte! Desadmarre!” Mas o sado, achando que cumprir nada devia, sorriu e disse: {Foda-se! Este dia será meu! Tem que estar do meu aggrado!} Passou a torturar o mau masoca alem de tudo quanto se permitte num pacto que preveja algum limite ou algo que este queira delle em troca. Bem feito foi! O caso não me choca, Glaucão! Não haja abuso que se evite depois que está admarrado quem convite fez para que um mandão cheirasse coca!

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DESABBAFO DE AMIGO [6412]

Então, foi triste. Tive que chamar meu filho e lhe explicar que ja com sua mamãe a relação não continua. Edade elle terá para sacar. Então, elle chorou. No meu logar, você, Glauco, diria que ella actua por mal? Pois seja assim! Me substitua por outro, mas... E nosso filho, o lar? Então, não contei tudo. Só fallei que nós somos humanos e entre nós nem sempre tudo corre bem. Appós o pappo, seguiremos pela lei. Então, Glauco, não sei o que farei. Ficar vae o gury com os avós. Tentei neutro manter meu tom de voz, mas devo confessar: tambem chorei.


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SADO CIVILIZADO [6413]

A tua condição não me preoccupa, Mattoso! Meu pau sentes que ja pulla? Abbaixa a cabeçorra, cego! Oscula! Acceita teu destino, cego! Chupa! Tu lias só com oculos? Com lupa? Agora não lês nada? Siquer bulla? Que pena, não é mesmo? Mas, que engula, a tua bocca quero, cego! Chupa! Qual outra posição um cego occupa, si sua habilidade é quasi nulla? Não guardes odio! Minha mente é chula! Concentra-te em chupar, ceguinho! Chupa! Talvez tu te conformes, sim! Mas -- Upa! -agora vou gozar! Um pau de mula tu sentes que te engasga, que copula com gosto? Que te fodas, cego! Chupa!

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GESTO HUMILDE [6414]

Os olhos arregala, labios crispa a bispa, no sermão, e cada crente o pé lhe beija, appós pagar, contente, seu dizimo. Oh, quão bello o pé da bispa! Mas, Glauco, reparei que ao templo chispa um bando de podolatras! Attente você para o pezinho que essa gente procura, a torcer para que se dispa! Pezinho, não: pezão! E de quem é? Do guardacostas della! Agora attina você? Querem beijar uma botina quarenta e quattro! Oh, como é bella a fé! Sabendo disso, o gajo ja seu pé por grana até concorda, até se inclina, na casa, a descalçar! Quem recrimina um gesto tão humilde da ralé?


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PÉ NA COVA [6415]

Sahi tarde da zona de comforto materna, mas entrei cedo na zona de guerra, litteral ou brincalhona, a mesma do maior poeta morto. Com outro me irmanei, deixei o porto em busca de emoção: peguei carona no barco que, em taes ondas, ambiciona chegar onde chegou o vate morto. Em annos cariocas, eu absorpto fiquei como o mineiro que desthrona, ou querem que desthrone, mas nem clona o luso menestrel tambem ja morto. Deitei-me em muitas camas. Com pé torto pisei na alheia praia. Fui cafona, fui joven, mas serei quem ja resomna no tumulo de todo bardo morto.

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TRENDING TOPICS [6416]

Cerquilhas vão bombando, cada vez mais rapidas, no twitter. Muitas dellas só fazem gozação. Mas, parallelas, algumas fazem critica soez. Talvez #batmanheroe bombe, talvez bombar va #batmanbicha. Taes querellas exquentam quando estão cheias as cellas ou quando se exvazia algum xadrez. Politicos, os topicos mais quentes occupam as cerquilhas com offensa de nivel baixo ou praga que dispensa despacho, mau olhado, orações crentes. Seriam mesmo coisas differentes #mattosobom, #mattosomau? Que pensa meu typico leitor? Ha desadvença? Jamais, pois controverso sou às gentes.


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VOLTANDO COM A PIPOCA [6417]

Você, que leu quadrinhos p’ra caralho, Mattoso, dos sobrinhos certamente se lembra! Hans e Fritz! Exactamente! Por que de fallar delles eu me valho? Porque pregavam peças! Eu, que ralho com filhos, acho raro que se invente duplinha mais perversa! Quem não sente revolta contra abusos dum pirralho? Occorre-me, então, Glauco: cê ja fez idéa do que faz uma creança si impune sempre está? Jamais se cansa de impor-se e ver no adulto o seu freguez! Um cego é pratto cheio, toda vez me passa na cabeça! Ah, ja festança fizeram com você? Sou eu quem dansa, então! Não foram dois? Ah, foram trez?

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ACCERTO DE CONTOS [6418]

Seu Glauco, o senhor sabe como faço, na cama, antes do somno? Batto bronha, é claro! Nada disso me envergonha! Ao menos nisso perco o meu cabaço! Mas quero lhe contar meu passo a passo emquanto me punheto... Quem não sonha com uma namorada na qual ponha a rolla? Ja me achou meio devasso? Espere só, seu Glauco, até que eu diga que não é sempre em minas, não, que penso! Tambem tenho um prazer cruel, immenso, pensando num collega duma figa! Sim, elle me bullyinga! Minha briga com elle se resolve, pois compenso na bronha! Ahi me vingo! Nelle prenso a bota até que erguer-se não consiga!


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ESCROTAL TOTAL [6419]

Não é que meu pau seja tão pequeno: meu sacco é que paresce meio grande! Glaucão, o meu testiculo se expande demais, é como a Lua quando em pleno! Mas acho que exaggeram! Eu condemno boatos desse typo! Minha glande não perde para um grão de milho! Mande à merda quem disser! Quanto veneno! As minhas bollas, Glauco, alguem compara às nadegas maiores que se possa ter! Pode? Quem aguenta tanta troça? Até quando rirão da minha cara? Nem batto mais punheta! Minha tara consiste nesse gesto de quem coça o sacco de verdade! Pelle grossa formei alli! Nem penso mais na vara!

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MAGOA DA TABUA [6420]

Pois é, seu Glauco! Perna ja não tenho! Agora me tornei um cadeirante, mas, quando menorzinho, foi, durante um tempo, num pranchão meu desempenho! Ah, tinha que ver, porra! Fui ferrenho athleta, ou parathleta! Quem garante é minha patotinha de estudante, por isso é que, seu Glauco, depor venho! Sim, houve sarro! Ousei de jacaré andar: só com os braços, impellia a prancha! A turma toda de mim ria! Pisavam-me nas costas, sim! Pois é! Um delles adorava pôr o pé na minha cara! Puta covardia! Achando que, de bruços, uma enguia eu era, de xixi me enchia, até!


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ZOADO MAGOADO [6421]

Por que mais quer saber, seu Glauco, disso? Naquella minha prancha de rodinha a gente se excarrancha, bem na linha do piso! Dava aquillo grande enguiço! Me vendo desse jeito, tão submisso, alguem sempre pisava, gosto tinha, sabendo que um perneta se abbespinha mas fica nisso: um verme irritadiço! Alguem me punha o pé na cara, assim dizendo: “Nem tem perna! Nem tem pé! Não pode nem calçar a chanca, até! Ahi, não tem inveja, não, de mim?” Soltava a gargalhada. Achei ruim, mas elle me chutou: “Você não é humilde! Quer levar um bello olé na bocca!” Fez beijar, lamber... Fez, sim!

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MEMENTO HOMO [6422]

Aqui, Alli, Alem, o rei

quer ser um homem capitão. quer ser um homem general. quer ser um homem, affinal, no seu castello, uma ambição.

Diz Loudon, bardo folk, esse que não é muito conhescido, mas é tal qual Dylan, que nós somos, em geral, fragillimos. Pouquissimos não são. Mas quer um capitão ver seu navio singrar, inabballavel, na tormenta. Quer ver um general, na violenta battalha, que jamais perdeu o brio. Si estou no meu castello, sim, confio que esteja, aqui, seguro. Mas quem tenta ser rei um dia passa dos septenta, oitenta... Ja tem medo. Sente frio.


MUSAS ABUSADAS

NÃO É SOPA! [6423]

Depois de ter jantado, ousei peidar. Occorre que era sopa que eu jantara... Peidei... Borrei-me todo, tá na cara! Cocô de sopa, Glauco! Pô, que azar! Problema meu, não posso reclamar. A gente, nessas horas, mais se azara si está na rua: ha sempre quem repara. Não ha, para cagar, peor logar! Peor ainda é sopa de cocô! Ouviu fallar? Sim, Glauco, na prisão (Qual é? Guatemalteca?) a sopa dão aos presos, por maldade! Ô louco, sô! Cocô nadando em mijo, Glauco, pô! (Ah, nortekoreana?) Scenas tão coprophilas só podem dar tesão em quem quer o peor filme pornô!

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VAGA ROTATIVA [6424]

Notei ja, Glauco, como é que costuma rollar. Quando a pessoa mais se appega às coisas materiaes, jamais sossega depois de morta. Ao poncto sempre rhuma. Que poncto? O logar onde esteve numa casinha comfortavel, ou num brega e enorme casarão: lareira, adega, porão, sotam... Mansão de filme, em summa. Ahi, batata! Aquelle que comprar a casa em que morou essa pessoa escuta, à noite, escada accyma: echoa o passo do phantasma em cada andar! Armado, o novo dono vae olhar no sotam. Nada achou, olhou à toa. Mais tarde, é no porão. Um dia, doa a casa ao netto. Morre... e vem vagar!


MUSAS ABUSADAS

PHANTASMA TOLERANTE [6425]

Entrei num casarão desses, Glaucão! Estava à venda. Assim, pude entrar em seus quartos todos. Logico, olhei bem em cada cantho, o sotam, o porão... Na hora a gente nota a assombração! Está presente em todo poncto, sem fallar na torre, gothica tambem, assim como o restante da mansão. Não tenho grana para comprar nada tão grande. Mas fallei com quem comprar aquillo quiz. Me disse que, no andar de baixo, ouvem-se passos e risada... Na duvida fiquei, pois a ballada na casa come solta. Achar um par de extranhos alli dentro de extranhar não é, depois que finda a surubada...

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PAPPO DE SAPO [6426]

Te dar agua na bocca vou, Glaucão! Escuta só! Saquei que meu vizinho tambem era podolatra! Mesquinho fui, Glauco! Pedi grana! Fiz bem, não? Devia ser emprestimo, mas tão maldoso fui, que desse dinheirinho o gajo se exquesceu! Aqui eu allinho aquillo que fallei! Aguenta a mão! “Tirar posso o meu tennis? Meu chulé não vae te incommodar? Não? Então tira tu mesmo! Cheirar queres? Ah, te vira! Cafunga ahi na meia! Beija, até!” “Te exbalda! Tira a meia! Chupar pé é tua preferencia? Ha quem prefira mais coisas! Mas si curtes e te pira lamber o vão dos dedos, lambe, ué!”


MUSAS ABUSADAS

LEITURA PERTURBADA [6427]

Mamãe tinha advisado, Glauco: minha herança, aquelle sitio, não devia ficar commigo. Ouvi, mas o queria! Então, não o vendi. Quem adivinha? Estava assombradão! Sim, mamãezinha razão tinha! Bastou que moradia alli me fosse, e phantasmagoria passou a apparescer, da mais damninha! Os trasgos começaram a fazer estragos pela casa: com ruidos altissimos, à noite esses soffridos espiritos quebravam a valer! Glaucão, só mesmo o Demo tem poder sobre esse poltergeist e seus gemidos que echoam, cara, ainda em meus ouvidos! Invoco-o, ouço um trovão... e volto a ler!

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50 GLAUCO MATTOSO

FILÉ MINION [6428]

Eu era mulherissima, meu caro amigo Glauco! Um homem me tornei! Não faço distincção de quem é gay ou hetero, deixando ou não bem claro! Sou como o sosia desse Bolsonaro, sim, elle, o tal Carlucho, que não sei si cara tem de macho, ou si direi que disso só se saiba pelo faro! O facto é que namoro, agora, um typo mais classico de minion: bem durão, mas, quando nelle piso, pelo chão rasteja... Ah, como disso participo! Na scena, não me monto nem me equipo, appenas me produzo: sou mandão e sadico! Os taes minions todos são masocas, Glauco! Os cus delles eu ripo!


MUSAS ABUSADAS

GENITALIA ALIENIGENA [6429]

Um sonho revelou-me, Glauco: o virus não é deste planeta! Não, você bem sabe, ja que é bruxo! Um podre ET! Um monstro, um invasor livre dos tiros! Estamos preoccupados com os gyros das naves estellares, mas não vê ninguem que o verdadeiro fuzuê quem causa à Terra andou pelos respiros! São seres expertissimos, Glaucão! Attaccam e se installam com total poder e efficiencia! Tanto mal nos fazem só por sadico tesão! Tesão, sim, Glauco! Porra, você não notou quantos paus duros tem o tal bichinho? Uma coroa sexual formada por perus em erecção!

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52 GLAUCO MATTOSO

PRAGA ESTRAGADA [6430]

Torci bastante para que ella morra, aquella jararaca desgraçada! Accusam-me de crime? Não fiz nada! Qual crime? Mau olhado é crime, porra? Magina! Poder tenho que recorra à lei para prendel-a? Força armada não tenho! Não darei uma facada, nem tiro! Não irei para a masmorra! Rogar-lhe pragas posso, Glauco, claro! Não ha lei que me impeça de invocar Mephisto, Satanaz, Exu, cocar usar, feito um pagé, talisman raro! Nenhum crime commetto si declaro que quero ver-lhe a cara descarnar tal qual uma caveira! Meu azar é que ella ja paresce! Eu ja comparo!


MUSAS ABUSADAS

CAIXINHA DE TORPEZAS [6431]

Eu quero na vida, Glaucão! vou logo

ver é gente se fodendo, na politica, nas artes, Antes que faças teus appartes, completar com um addendo:

Mais curto o futebol, onde pretendo torcer, não para alguma dessas partes maiores, mais “da massa”! Que deschartes os “grandes” eu suggiro e recommendo! Só torço contra, Glauco! que percam, que nervosos ver choro, desespero! Um ja basta, si mais triste

Torço para fiquem! Quero gol a zero vejo um cara!

Mas nada, na delicia, se compara ao jogo que se perde por um mero descuido, um só detalhe! Considero orgastico ver time que se azara!

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TYPICAS VICTIMAS [6432]

Mysterio! Uma suspeita tenho, meu querido bruxo Glauco! Só quem morre do virus é quem algo que concorre tiver para a doença, algo de seu! Não basta ser de elite nem plebeu, nem ser gruppo de risco, nem de porre viver constantemente, ou quem soccorre ser publico ou privado, crente, atheu! Sim, comptam taes factores, mas primeiro o gajo tem que estar na condição genetica que, creio, será tão fatal si for propicia ao bandoleiro! O virus, o bandido, um hospedeiro procura: quem lhe tenha coração aberto! Muito poucos o terão! Ficou o ser humano mais cabreiro!


MUSAS ABUSADAS

VALOR HISTORICO [6433]

Historia somos, Glauco! Cada photo ou video onde figura a nossa cara descreve e documenta a data rara num claro dia, atypico, do voto! Da simples chuva ao quasi terremoto, estamos la, sorrindo, olhando para a camera maldosa: alguem repara na mancha de xixi que eu jamais noto! Banaes portaretractos, com moldura de plastico, um historico valor terão para qualquer pesquisador futuro! Logar temos na cultura! Glaucão, até você, que tão obscura imagem tem na scena, vão suppor que fosse importantissimo, um auctor ceguinho: “Olhem! Que extranha creatura!”

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CORTE RACIAL [6434]

Que o gajo, por ser negro, parte faça de gruppo criminoso, uma juiza achou, Glauco, olhe só! O paiz precisa de gente tão racista? Que desgraça! Então uma juiza acha que raça aggrava? Quer dizer que ella ameniza a pena si for branco quem mais lisa deixou alguma bolsa alli na praça? Que cara de pau, Glauco! Um tribunal que encontra fundamento ou que condemna alguem e pela pelle impõe a pena será somente “corte racial”! “Tem pelle escura? Ah, pode ter total certeza: rouba, macta!” Aquella amena sentença ao branco chama à minha penna qualquer caso de impune general!


MUSAS ABUSADAS

EXFARRAPPADO E ROPTO [6435]

És tu de esquerda, Glauco! Não me negues! Tentaste disfarsar, mas eu não caio nas tuas armadilhas! No balayo dos gattos, passar neutro não consegues! Canhoto foi teu olho! deixaram de notar! Me si não usavas oculos! o dado que informaste

Nem os jegues parta um raio Extraio entre os entregues!

Sim, consta que tambem teu pé canhoto maior é que o direito! Ou não é facto? Nós temos, todos nós, como constato, um pé maior! Não negues, meu garoto! Teu cuspe, teu expirro, teu arrocto, teu vomito, teu halito, teu flato são provas de esquerdismo que, no tracto, te egualam, nos farrappos, ao mais ropto!

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DISCIPLINA CANINA [6436]

Tesão, Glauco, senti por um irmão da minha mãe. Cunhados, você saca, são typos parasitas, chatos paca! Meu pae o tolerou por um tempão! Eu era adolescente. Senti tão salgado um chulezão, que gol de placa marquei na chanca delle! Vinha a inhaca das meias dentro della, alli no chão! Pegou-me cafungando, o nariz nella mettido. Ouvi: “Bonito, né, sobrinho? Te babas por um forte chulezinho? Então tens que provar a mortadella!” Estava de chinello. Fungadella à bessa dei na sola do excarninho thiozão. Você tambem, eu adivinho, seria delle escravo, um cão que fella!


MUSAS ABUSADAS

LABREGO MORCEGO [6437]

Vampiros, Glauco, gostam de mordida dar numa descuidada jugular, ja disso você sabe. Mas fallar ouviu deste vampiro ja na vida? Podolatra, accredita? Sim! Duvida? Lhe juro! O gajo chupa devagar, primeiro os dedos! Chega ao calcanhar e vae localizando uma ferida! Achando a rachadura, a suga inteira, até que sangre, Glauco! Tambem suga algum antigo callo, uma verruga, um bello olho de peixe, uma frieira... Conhesce tal vampiro? Não, nem queira saber! Você tambem, que não refuga nenhum pé, quando um sadico o subjuga, tem bocca vampiresca, ama a sujeira!

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HUMOR NEGRO [6438]

Tem gente extranha, Glauco, ora si tem! Um desses, meu avô! Dum negro humor gostava! Me fallava, assustador: “Alguem attraz da porta! Tem alguem!” Elle ia ver, com medo, mas ninguem estava alli! Magina! Que pavor! Phantasma achei que fosse! Só si for! Prefiro não pensar, Glaucão! Eu, hem? Mas tenho que lembrar! Sim, Glauco, um dia morreu o velho! Um homem brincalhão! Contava taes versões de assombração que a gente, ‘inda creança, nem dormia! Attraz da porta achei que, emfim, havia alguem! Fui ver, porem de cu na mão! O velho estava alli, juro, Glaucão! Até depois de morto deu phobia!


MUSAS ABUSADAS

IN THE HEAD [6439]

“Chutar o balde”, Glauco: uma commum, não é verdade? Commum tambem, outra expressão: “pau Quem é que não chutou? Não é,

expressão paca, da barraca”! Glaucão?

Comtudo, o rock inglez me soa tão curioso! Toda hora alguem emplaca um chute na cabeça dum babaca! Querer “kick in the head” é diversão? Fiquei pensando nisso, ca commigo! Queria, sim, chutar o meu rival, collega, até patrão! Meu inimigo, em summa, na cabeça! Ahi, que tal? Você, Glaucão, na certa tem fetiche em ser chutado, né? com força, pois seria algum Mas acho que pensamos quasi

total Não digo perigo! egual!

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MALFADADA FACHADA [6440]

Horror, Glauco! Um horror! Estou chocada! Você bem sabe, Glauco, que sou bruxa! De nada tenho medo! Não! Mas, puxa, aquella apparição foi malfadada! Nós todas, que treinadas como fada ja fomos, vemos gente tão gorducha, magrella, feia, bella... Mas na bucha pergunto: ja viu cara tão fechada? Malvada, aquella fada nem collega eu quero que, na vida, minha seja! Na face tem feição tão malfazeja que, só de vel-a, a praga a gente pega! Si vista for à noite, ninguem nega, nos causa tal pavor, que quem esteja sozinho, si cagou-se, nem lhe peja contar que em propria merda se excorrega!


MUSAS ABUSADAS

BATTIDO RANGIDO [6441]

Avós meus ja moraram num apê que estava, sim, Glaucão, malassombrado! Passei a noite nelle e ter estado alli me convenceu, digo a você! Passagem para a salla de TV nos dava aquella porta! Do outro lado, a salla de visitas. Concentrado fiquei num filme extranho, bem deprê... A porta abriu sozinha, Glauco, juro! Não foi uma só vez! A porta abria, fechava, quanto mais tinha phobia a gente de ficar alli no escuro! Alguma explicação ‘inda procuro, mas acho, nem vovó, nem a tithia notaram: eram surdas! Eu diria que surdas como portas! Exconjuro!

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MARRON DEGRADÊ [6442]

Total polluição! Della nos falla um ambientalista apocalyptico! Lamenta ter chegado o poncto critico dum “peido industrial” em larga escala! Enormes chaminés, alem da valla de exgotto, com seu halito mephitico, expalham polluentes que o politico ignora, a peidorrar em sua salla! Ninguem tá nem ahi, Glauco, com essa sujeira fabricada na atmosphera! Achamos natural, na actual era, cheirarmos e passarmos mal à bessa! Si dessa fumaceira, que não cessa, ninguem mais se protege, primavera teremos, não com flores -- Quem nos dera! -porem com tons marrons... Lindos, confessa!


MUSAS ABUSADAS

SABOR ABUSADOR [6443]

“Si pego um tetraplegico de jeito, eu ponho o pé na cara, cheirar faço, eu peido bem na bocca, folgadaço, e excarro-lhe nos olhos! É bem feito!” Abusos desse typo um mau subjeito deseja practicar, Glauco! Com braço e perna sem mover, é dum devasso refem quem tenha aquelle atroz defeito! O gajo que deseja abusar dum inerte (e inerme) está, todo pimpão, na rede virtual e faz questão de, sadico, mostrar o seu bumbum! Calcule, Glauco, o fetido futum do cu dum gajo desses! Você não suppoz na sua bocca sabor tão amargo? Um masochista acha commum!

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66 GLAUCO MATTOSO

FRANQUEZA À MESA [6444]

Fiquei appavorado quando vi alguem apparescendo na janella! Moravamos num sitio, mas a bella paizagem muda, à noite! Você ri? Não ria, Glauco! Quasi fiz xixi nas calças! Apparencia tinha aquella imagem de caveira! Você della descrê? Mas eu, sozinho, não descri! Tranquei tudo! Tranquei-me no quartinho dos fundos! Um barulho ouvi! Não era um morto, mas papae, com a gallera! Pensei na pegadinha dum vizinho... Algum tempo depois, fiquei sozinho de novo... Descobri: não era mera pegada! Aquella cara de megera surgiu, só que no rotulo do vinho...


MUSAS ABUSADAS

PERSUASIVO MOTIVO [6445]

Mulheres são vaidosas, é verdade. Mas, Glauco, descollei uma nympheta bastante relaxada. Na boceta lambida quer ser. Gosta que eu lhe aggrade. Appenas com seu jeito persuade a gente: bem manhosa, bem ranheta. Questão faz que, de lingua, me intrometta la dentro da chochota, abrindo a grade! Mas quero, Glauco, um poncto resaltar: Aquella garotinha tem um puta chulé! Só calça tennis! Cê relucta tractando-se do sexo opposto o par? Queria ver você lamber, chupar aquelle pé suado, que lhe chuta a cara! Ver você na chota, a fructa de polpa succulenta, a babujar!

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ARTISTA ARRIVISTA (II) [6446]

Eu, como pinctor, quero ser inscripto, dos grandes, na famosa galleria! Nem ligo si ninguem mais me elogia! Desdenho quando escuto um mero grito! Protestam contra aquillo que eu, bonito, achei que desenhava? Que ironia! Os mesmos são que estavam, outro dia, achando que magias eu transmitto! É o publico voluvel, Glauco! Um sacco! Num dia, compram tudo que eu expuz! Num outro, quebram tudo! Que deduz você? Quer ver tambem minh’obra em caco? Entenda, cara! Appenas me destacco por ser opportunista! Pincto os cus fedidos dos politicos! Mais luz lancei! Qual o problema? Acha-me fracco?


MUSAS ABUSADAS

MASTURBATORIOS SUPPOSITORIOS [6447]

Glaucão, eu, quando batto uma punheta, da practica cenoura faço um uso prosaico: no meu recto eu introduzo aquella raiz! Calma, não é peta! Perigo não ha! Basta que se metta a dicta com cuidado! Um parafuso não causa tal effeito, mas, confuso, cheguei a usal-o! Usei até proveta! Provetas são quebraveis! Quem tiver cu muito appertadinho, não é bom usar! O parafuso tem o dom de ser menor, maior, conforme der! Emquanto fui casado, uma mulher legal eu tive! Entrava fundo com um dildo, que sahia tão marron que, em breve, ella trocou por um clyster!

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70 GLAUCO MATTOSO

INADIMPLENTE PENITENTE [6448]

Devota, aquella velha só pedia ao sancto que evitasse ser tocada por uma apparição que estava cada vez proxima mais della! Ah, que agonia! Orava, adjoelhada... Ahi, ja via, maccabra, a tal caveira! Appavorada, immovel se deixava ficar! Nada iria accontescer a quem confia! Aquelle que exhumado um dia fora, agora de eskeleto tendo cara, tentava se encostar, forçava para tocal-a, batter nella, a peccadora! Mas fortes sanctos sua adoradora não deixam na mão! Nada penetrara na bolha protectora! Só não sara do susto uma alma assim tão devedora!


MUSAS ABUSADAS

COMPLEXO DE VIRALATTA [6449]

Ceguinho, Tommy Edison tem seu computador fallante, bem melhor que o meu. Tambem, pudera! Pormenor que compta: mais será do que sou eu! Um cego americano ou europeu melhor recebe pelo seu suor! A machina repete-lhe de cor aquillo que ja, celere, entendeu! Mensagens em voz alta lidas são: “Cegueta, va tomar no cu!” “Quer picca? Tem mais é que chupar!” Tommy replica em tom irreverente e brincalhão! {Comtigo, Glauco, nunca será tão tranquillo! Tua machina te indica que estás na posição de quem titica irá comer! És menos do que cão!}

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ESTRADEIRO ADVENTUREIRO [6450]

Estrada perigosa paca, aquella! Estreita, tinha pouco movimento de dia, mas à noite eu era attento aos riscos! Quem tem crença à sancta appella! Que riscos? Ora, Glauco! Cê não gela de medo dum vivente? Eu não enfrento um desses lobishomens! Que tormento si penso num que vi pela janella! O carro correr muito não podia! Sahiu do matto um monstro que, na beira da via, veiu vindo, na certeira vontade de pegar alguem que guia! Tentou pullar no carro! Sim, queria quebrar o vidro, entrar! Que tremedeira eu tive! Mas, Glaucão, sem brincadeira! Se desequilibrou! Ficou na via!


MUSAS ABUSADAS

CONTEXTUALIZANDO [6451]

Eu, como cidadão, quero o respeito do rico pelo pobre de cor parda, mas, quando vejo um branco usando farda, desejo ser escravo do subjeito... Difficil de entender! Eu não acceito offensas dessa classe felizarda do branco! Um mano nunca se accovarda na lucta contra todo preconceito! Ahi complica, Glauco! O companheiro me cobra que linguagem use, dura! Na cama, a minha lingua molle jura amor ao pé dum branco zombeteiro! Você ja reparou, Glauco, que cheiro mais forte de chulé tem quem censura ou xinga, quem na rua nos dedura ou prende, num contexto verdadeiro?

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PREMIO DE CONSOLAÇÃO [6452]

Tem gente tuitando! Uma cerquilha dos pinctos premiaveis faz barulho e, como de mim mesmo sinto orgulho, do meu peru fiz pura maravilha! Aggrada à mulherada, Glauco! Humilha o pau de muito macho! Me debulho em lagrymas, porem, quando vasculho os casos das que enjeitam a braguilha! Sim! Destas, uma, appós ver meu caralho, pediu que eu lhe exhibisse minha sola! Depois que lhe mostrei, nem deu mais bolla! Pequena achou, que a pena ja nem valho! Quiz ella pé cincoenta! Assim, não calho, pois calço só quarenta e seis! Consola você, Glaucão? Ao menos me descolla alguem que ter deseje esse trabalho!


MUSAS ABUSADAS

BRUXISMO AMPLIFICADO [6453]

Tu, Glauco, tens pavor dessas visões phantasticas e sobrenaturaes, eguaes às que enxergamos nós, normaes? Então não estás cego, ora, trovões! Tambem tu desconfias dos colhões naquellas horas mortas, quando os ais ouvimos dos cadaveres que mais insistem em voltar? Que me depões? Não digas -- Ora, raios! -- que não sentes pavor desses defunctos a vagar! Não passas em vigilia, a meditar, todinha a madrugada, como os crentes? Confessa, Glauco! Os cegos são videntes! Talvez tenhas ainda mais azar que um normovisual, pois teu radar mais ouve quando rangem, alto, os dentes!

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CANINA PERCEPÇÃO [6454]

Que typo de phantasma tu tens visto? Daquelles que morreram e que nós até reconhescemos pela voz, ou seres mais extranhos? Pensas nisto? Alguns não te parescem por Mephisto uns entes enviados? Teu atroz breu torna-te possivel, quando a sós estás, notar que irmãos não são de Christo? Attestas, Glauco? Os entes que tu vês não eram teus parentes? Quem, então, seriam? Mensageiros que, do Cão, recado dão que chega a nossa vez? Cruz credo! Te exconjuro! Sou freguez de tantos maus agouros! Ja não são bastantes os espiritos que vão surgindo pelo olhar dos meus bassês?


MUSAS ABUSADAS

INCRÉU PARA DEDÉU [6455]

Sim, podes crer, Glaucão! De mim não rias! Phantasmas tenho visto! Minha thia os vê de noite! Eu vejo, ja, de dia! Seria de familia? Que dirias? Ouvi fallar de certas theorias que explicam essa absurda prophecia! Parentes mortos voltam! Eu queria saber qual delles vejo, sem phobias! Pensaste nisto? Pode ser um thio ricaço que, indeciso, quer deixar thesouros para alguem com exemplar conducta, não um gajo tão vadio! Preciso convencel-o de que brio ainda tenho, Glauco! Queres dar alguma suggestão? Como? Um altar erguer? Pagar promessa? Ah, não confio!

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FERVOR INDOLOR [6456]

Glaucão, só tem dez annos a menina e foi, ja, tantas vezes estuprada! Agora que está gravida, mais nada se pode fazer! Fé na medicina! Não, nunca abortar! Nunca se assassina assim mais um vivente, Glauco! Cada vidinha tem valor! Embarrigada que fique! Numa proxima, previna! Terá que ser mamãe, e muito boa mamãe, desse filhinho do bandido! Que importa que elle nasça accommettido dalgum mal? Bah, será coisinha à toa! Por certo seu papae será pessoa de bem! Errou, coitado! Tem libido demais, a gente entende! Eu, saiba, lido com isso sem que nada, a mim, me doa!


MUSAS ABUSADAS

BOAS INTENÇÕES [6457]

Não, Glauco, não me indagues como sei! A velha, de accidente vascular, ficou paralysada, a repousar, agora cadeirante, constatei... Mas ella pensa: “Pensam que estarei feliz só por ficar a tomar ar aqui nesta varanda? Puta azar! De Murphy confirmada foi a lei!” “Eu fico olhando para aquella gente normal que, pela rua, para ca e para la passeia! Mais me dá vontade de morrer, si estou doente!” “Acharam que melhor alguem se sente na frente dos saudaveis, quando ja perdeu os movimentos? Mais gagá e invalida me sinto, simplesmente!”

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PAPPO DE PESCADOR [6458]

Não sou que nem você, Glauco Mattoso! Você gosta de pés, mas tá recluso! Não pode sahir! Fica ahi, confuso, no verso sublimando todo o gozo! Eu, não! Eu vou à lucta! Acho gostoso correr riscos! Nenhum typo recuso! À noite, dirigindo vou, reduzo, circulo o Trianon, busco um cheiroso! Aquelle que tiver mais encardido o tennis, eu convido, para casa o levo! Quero que elle se compraza pisando-me, calçado ou ja despido! No seu caso, meu chapa, até duvido que tenha, alguma vez, puxado braza qualquer para a sardinha! Não lhe attraza o lado só na lyra achar libido?


MUSAS ABUSADAS

FERTIL TOM ERECTIL [6459]

Ouvi fallar, Glaucão, que tem menina bem sadica à procura dum machão que tope ser escravo! Você não quiz isso? No logar não se imagina? Hem, Glauco? Que tesão! Quem lhe domina a bocca ser mulher! Eu fico tão erecto que me exporro! Uma funcção almejo: chupador ser de vagina! A simples phantasia não lhe excita a mente? Cunnilingua qualquer? Nada! Eu fallo duma chota menstruada, da maxima abjecção que alguem admitta! Depois de ler tal scena, bem descripta em verso por você, descasco cada punheta, cara! Assim a madrugada passou, até que tudo se repita!

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REDONDAMENTE ENGANNADA [6460]

Me lembro, Glauco! Eu era a garotinha mais agil e magrella! Pullei chorda, gymnastica fiz, tive minha horda de vandalas, pirralha fui, pestinha! Mas hoje nada posso! Ganhei minha barriga, não de gravida: de gorda, obesa mesmo! Querem que eu me morda de inveja? Ah, das amigas, do que eu tinha! Teem ellas o corpinho rectilineo que tive! Por que, Glauco, só commigo rollou? Será missão? Será castigo? Explique-me qual é seu raciocinio! Não! Serio? Tem certeza? Tal declinio tambem ellas enfrentam? Nem consigo notar, só contemplando o meu umbigo? Ai, Glauco! Deus lhe dê luz! Illumine-o!


MUSAS ABUSADAS

SUMMARIZANDO [6461]

Dum typico problema sou diario e hilario soffredor. Meus revisores costumam me infundir alguns terrores. Um delles é “sumário” por “summario”. “Summario” é que é correcto. Mas, por vario motivo, do qual soffrem mais auctores, palavras redigita, para cores ou fontes alterar, o funccionario. Repete-se, portanto, o resultado. Meus livros, quando excappa à revisão tal gralha, singular impressão dão de grave incoherencia no teclado. Dum erro ou dum vexame não me evado, mas poupo os editores, porque são refens duma graphia sem razão, imposta por cabeças, sim, de gado.

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PROBLEMAS CONJUGAES [6462]

Bunduda, Glauco! Tinhas que ver qual o porte da bichana, toda preta! Apperto passa aquelle que se metta com esse ferocissimo animal! Tens medo de tarantulas? Eu mal consigo pensar numa! Na gaveta esteve escondidona, a da salleta chamada “de vestir”! Horror total! Foi só minha mulher procurar uma calcinha limpa, a aranha lhe pullou na cara, Glaucão! Ufa? Nem te vou contar o problemão que a fera arrhuma! Mactal-a conseguimos, mas espuma de dores quem a fera ferroou! Ficou traumatizada! Razão dou que sua frigidez agora assuma!


MUSAS ABUSADAS

CANINA PROTEINA [6463]

Cachorros confiscados, na Koréa do Norte, são! Nenhum de estimação se pode ter por la! Dizem que cão é luxo de burguez, Glauco! Que idéa! Será que de comida alli tal é a carencia que dos cães elles farão estoque? Produzir querem ração humana de cachorro, uma geléa? Tu, Glauco, comerias mortadella à base de cachorro? Não? Eu fallo por feita ser de carne de cavallo em terras italianas, dizem della! Bem, pode ser mentira... Quem revela taes coisas pelas redes vae no emballo, dizendo que não ha por que enjeital-o: Por annos o producto se congela!

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MEDONHA PEÇONHA [6464]

Eu, medo duma aranha? Cê se enganna, ceguinho! Nenhum homem tem receio de bichos desse typo, por mais feio que eu ache esse jeitão duma bichana! Até pego na mão! Acho bacchana aquelle bundão preto, todo cheio de pellos, uns vermelhos pelo meio do corpo... Mais legal, só taturana! Agora, medo tenho, mesmo, della, da minha mulherzinha! Ahi veneno não falta, nem ferrão, meu! Nada ameno é seu poder de fogo na querella! Ah, Glauco, si de medo cê se pella da aranha cabelluda, acho pequeno tal drama! Não se case! Mais eu peno por ter uma megera achado bella!


MUSAS ABUSADAS

PINK SUEDE SHOES [6465]

Você pode fazer o que quizer commigo! Provocar-me! Eu nem reajo! De corno me xingar! Eu nem me ultrajo! Tractar-me com mais turra que à mulher! A mim se dirigir como ao choffer, ao boy, ao faxineiro, qualquer gajo mendigo, pobretão, que vista andrajo, que engula toda offensa que vier! Você pode fallar que até pode empurrar-me me vendo, me prensar na cara, com sorriso

de mim goza, e, ja no chão com um pisão de quem posa!

Na rua diffamar-me, todo prosa, chamando-me de verme e de seu cão! Só não pode pisar no meu lindão sapato de camurça cor de rosa!

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88 GLAUCO MATTOSO

CARO MASOCHISMO [6466]

Eu acho que esse “cat” é, sim, michê! Faz tudo que quizer, mas, affinal, está sendo bem pago para tal! Quaes dicas a canção mais quer que dê? O cara abusar pode, você vê: até pode roubar carro, total preju causar à casa do boçal que se deixa pisar, como você! Sim, Glauco, o gajo joga alguem no chão, lhe pisa bem na cara, abusa à bessa, mas note que elle appenas está nessa jogada “for the money”, amigão! Assim é mais legal, hem? Não é não? Achei mais humilhante que lhe peça alguem p’ra ser pisado! O que interessa é para tal ser pago um dinheirão!


MUSAS ABUSADAS

DESABBONADORES RUMORES [6467]

Glaucão, perdidamente appaixonada fiquei eu por aquelle gajo, o Plinio! Glaucão, elle é tão macho! O raciocinio está correcto, ou faço idéa errada? Tem cara de durão e não tem nada de bicha! Ai, é tão masculo! Define-o você como? Não diga! Bolsominio? Ah, deve maltractar a mulherada! Assim que eu gosto, Glauco! Sou masoca, bem sabe você! Macho desse porte é tudo que eu queria? Acha que sorte terei si lhe disser que sou fanzoca? Não? Ora, mas por que? Serei, em troca, escrava delle! Então não é tão forte nem firme? É só fachada? Por esporte a rosca queima? Ah, deve ser fofoca!

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90 GLAUCO MATTOSO

INSEGURA POSTURA [6468]

Ai, Glauco, o meu amado namorado virou bolsonarista! Agora como farei para aggradal-o? Nosso pomo seria, da discordia, ter um lado? Pendores communistas desaggrado lhe causam e communa sou! Não domo meus impetos! Ainda a tudo sommo meus vicios, Glauco! Delles não me enfado! Então, como farei? É mesmo? Jura? Até que certo pode dar, Glaucão! Terei que escravizar meu coração, meu corpo submetter -- Ufa! -- à tortura? Talvez eu masochista seja, à dura mão delle me accostume... Por que não? A menos que elle seja tão machão appenas de fachada, por frescura...


MUSAS ABUSADAS

MENTOR AMADOR [6469]

Quem disse que philosopho precisa ter feito faculdade, mano? O cara que estuda a São Thomaz ja se compara! Só temos que fazer boa pesquisa! Ja pago sou, de Socrates à guisa, no meu monetizado perfil, para bancar um Aristoteles que exara sentenças duma logica precisa! Sou au-to-pro-cla-ma-do, tá ligado? Disseram que a Platão não devo nada! Só falta me chamarem na Esplanada ou ser, pelo Planalto, nomeado! Mas, Glauco, não serei jamais chamado de “mestre” e de “guru”! Me desaggrada um titulo do typo! Ja si dada me for uma boquinha, sou do gado!

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92 GLAUCO MATTOSO

RIDICULO CURRICULO [6470]

Glaucão, no meu curriculo o “mestrado” é coisa consequente e natural! Sou “mestra” a meus alumnos! Tenho tal conceito, que me emposso, de bom grado! Meus pares me graduam! Do meu lado estão todas as “bispas” e geral é minha approvação! Me deu aval um cabo, sem fallar nalgum soldado! Mas ficam fofocando, Glauco, os taes “doutores academicos”, um bando de illustres invejosos! No commando não querem uma filha de bons paes! Moral e bons costumes eu jamais de lado deixarei! Mas vou levando com jeito, né? Farei, de vez em quando, alguma vista grossa às bacchanaes!


MUSAS ABUSADAS

CAUSÃO SEM PRECAUÇÃO [6471]

Choveu? É mau o tempo? Olh’eu ahi, correndo pela rua, feito athleta! Às vezes, saio a andar de bicycleta emquanto os carros berram seu “Bi! Bi!” Eu gosto do perigo, Glauco! Vi a morte bem de perto! Quem completa septenta, como a gente, tem por meta bem mais longe chegar, e não alli! Vivi bastante, Glauco! Não preciso temer, nem ter prudencia para andar descalço na calçada! Nenhum par de tennis de corrida tenho, eu friso! Não, Glauco! O calçadão nem plano ou liso é, nada! Por que insiste em perguntar? Si callos tenho, ou grosso o calcanhar, não é da sua compta, eu logo adviso!

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94 GLAUCO MATTOSO

FAZENDO SALIVAR [6472]

Glaucão, o meu basset tem a mania de vir cheirar meu tennis, minha meia, na hora em que tirei e cara feia faz minha mulher, todo sancto dia! “Cachorro mais podolatra (diria você) não conhesci! Me deixa cheia de inveja a cabecinha!” Não tonteia um cego, de desejo, ou sou cricri? Não fique chateado, Glauco! O meu chulé nem é tão forte! Não precisa ficar chupando o dedo! Faça, à guisa de magico, de compta que elle é seu! Garanto, o meu Orpheu, sim, ja fedeu bem mais que meu chulé! Si a gente pisa nas costas delle, sente, emquanto allisa as solas, a morrinha do lebreu!


MUSAS ABUSADAS

CONDUCTA (RE)PROVAVEL [6473]

Viu, Glauco? Um jornalista que conhesço partiu para as taes “vias”, insultado que foi pelo covarde entrevistado causão, que o provocou desde o começo! Bem sei que todo gajo tem seu preço, mas ambos se excederam! Eu chocado fiquei, Glauco! Jamais me desaggrado com fallas, mas ver murros não meresço! Podiam os dois todo o xingamento possivel ter trocado, mas jamais na radio se pegarem! Ouvir ais com uis no meio, Glauco, é o que eu lamento! Si fosse isso occorrer no Parlamento, ahi, sim, são desejos naturaes de todos nós que, como uns animaes ferozes, usem esse tractamento!

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96 GLAUCO MATTOSO

MAL GRADUAL [6474]

Defines como o caso, seu Mattoso? Maldade tendo um gajo, qual será o typico vocabulo que dá idéa delle? Pode ser “maldoso”? Mas si elle malvadeza tem, bondoso demais será chamar alguem que ja tão mau é de “maldoso” só, pois ha sadismo intencional, ou seja, gozo! “Malvado” ou só “maldoso”? Mais perverso não é quem dá risada da agonia alheia? Achas que a gente chamaria appenas de “cruel”? Ou me disperso? Pergunto-te, Mattoso, pois teu verso mais tracta de quem só se delicia com tantos soffrimentos! Eu seria, então, alguem que em gozo vive immerso!


MUSAS ABUSADAS

SELECTIVA PERSPECTIVA [6475]

Caso uma merda (ainda que tal se mostre) não leitor que és.

seja algum poema termo pouco usado será do teu aggrado, Que nenhum leitor, pois, tema.

Do teu aggrado caso certo thema poetico não seja, doutro lado, de merda o chamarás, eis que, estressado, és critico. Conhesço o teu eschema. Mas, caso seja merda alguma lyra e, mesmo assim, te seja algo que aggrade, não ha por que esconder esta verdade: és tu, mesmo, o poeta que delira. Nem todo trovador a merda admira, mas versos quem compõe por annos ha de notar que merda cria algum confrade, comquanto o termo usar ninguem prefira.

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98 GLAUCO MATTOSO

INGLORIA MEMORIA [6476]

Te lembras de mim, Glauco? que, certa vez, te fez uma e, vendo que não vias e te tal coisa, commentou o que

Sou o cara visita irrita te azara!

Agora tu te lembras? Minha tara achaste bem cruel, pois quem te ficta enxerga bem, mas soffres da maldicta cegueira, da qual, torpe, eu caçoara! Então, estás lembrado? Pois ainda me lembro de ter dicto que recreia meus olhos ver alguem penar na feia e triste posição de quem se blinda! Embora não te blindes da malvinda tristeza dos ceguinhos, te bloqueia a treva aquella vida toda cheia de cores, tão fugaz, feliz e linda!


MUSAS ABUSADAS

DOLORIDO ALLARIDO [6477]

Estou sentindo tanta dor, mas tanta, por todo o corpanzil, ja tão malhado, que venho lhe pedir um dedicado poema, aquelle magico, que encanta! Você, que é bruxo, um verso faz que expanta encostos, como tantos que meu lado não deixam em paz, Glauco! O mau olhado me tolhe! Estou de praga até a garganta! Calcule só! Meu pincto, que jamais brochou, agora brocha! De tamanho até diminuiu! Ja não me assanho tal como outrora! Culpa dos chacaes! Me resta confiar que estes meus ais seus versos alliviem, como um banho de essencias milagrosas, ou appanho a peste e taes auês serão finaes!

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100 GLAUCO MATTOSO

AQUELLE SACANA ALLI [6478]

Glaucão, não sou blogueiro qualquer, não! Eu tenho um incommum perfil, que faz veridicos prognosticos, que as más e sujas linguas chamam de “illação”! Magina! Sou prophetico! Serão ferrados todos quantos do rapaz aqui fallarem merda! Sou mordaz, fodaz! Sou perspicaz paca, Glaucão! Prevejo que você, que ficou cego por pura sacanagem do Destino, terá que punhetar-se! Vaticino que irá phantasiar com meu burzego! Não seja, não, por isso! Me encarrego de baba lhe causar, pois imagino você lambendo o bute do menino aqui, que rasgou linguas como um prego!


MUSAS ABUSADAS

FADA RENADEGADA [6479]

Não, Glauco, minha bunda antes não era tão grande! Precisei fazer implante! O medico, o Doutor Pompom, garante que estou, ja, parescendo uma panthera! Bem sei que ter taes bundas é chimera total da mulherada, mas, durante uns tempos, invejosa fui bastante daquellas que se implantam! Ah, pudera! Viu, Glauco? Descomptei! Colloquei tanto, mas tanto silicone, que o trazeiro tem cara até do Rio de Janeiro, com Urca e Pão de Assucar! Um expanto! Mas, sem exaggerar... Eu não encanto, na praia, a molecada por inteiro! Comtudo, ja sahi do captiveiro pandemico! Sou fada, por emquanto!

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102 GLAUCO MATTOSO

PRETENSA INDIFFERENÇA [6480]

Eu era conselheiro tutelar, Glaucão! Um hebiatra fui, tambem! Agora ja não cuido de nenen com cara de quem faz vestibular! Ja nelles não consigo mais pensar, por compta dum amigo que quiz, sem reservas, se tornar dum boy refem e veiu, bem depressa, a se ferrar! Escravo ser alguem de adolescente é coisa de imprudencia cavallar! Não pense que bastou lhes dar um par de tennis, ou lambel-os, de repente! Os jovens abusar vão! Cê que tente contel-os! Sim, cansei de ser vulgar e reles chupador! Quero ficar bem longe, a punhetar-me, indifferente!


MUSAS ABUSADAS

BIZARRA GARRA [6481]

Cocô, Glauco! Cocô, dejecto, caca! Titica, bosta, fezes, excremento! Em summa, merda! Digo-te e lamento que versos ‘inda faças com inhaca! Dás voltas, Glauco, mas à fria vacca retornas, latrinario, cem por cento! Um dia chegarás a teu momento fatal! Verás que a lyra ficou fracca! Appenas uma chance te jubila: comer da merda ao vivo! Teu successo será total! Reservo o meu ingresso e, claro, vou querer primeira fila! Te ver quero, Glaucão, com gosto! Rirei desse Em sendo assim, poeta, que insistas! Quem tem

a degluttil-a teu excesso! ja te peço garra não vacilla!

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104 GLAUCO MATTOSO

INJUSTO CUSTO [6482]

Glaucão, veja que hilario! Fallar ouço dum padre masochista morto por um sadico! No quarto, o chupador de rolla fez o proprio calabouço! Bebia mijo! Tanto no pescoço pisado foi, que seu torturador mactou-o suffocado! Ver si for, até que o dicto mestre era bom moço! O padre desviava toda a grana obtida na parochia para dar àquelles cujo firme calcanhar calcava seu pescoço! Que sacana! Então? Não foi bem feito? Mas se damna, coitado, o mactador desse vulgar masoca, Glaucão! Era de esperar que fosse innocentado, não em canna!


MUSAS ABUSADAS

CASEIRA GEMEDEIRA [6483]

Ai, Glauco, eu estou toda dolorida nas ancas! Você sabe por que? Fico em casa, ja não saio! Mas que mico! Quem é que aguenta assim ficar na vida? Sentada todo o tempo, quem duvida que irei sentir mais dores quando o chico vier? Arranjar quero logo um bicco, assim me mexo, ponho-me entretida! Ai, Glauco, rebollei tanto na rua, mostrando o meu implante no trazeiro! Gastei no meu bumbum tanto dinheiro e devo me trancar nesta cafua? Agora só nas cameras eu nua me exhibo! Não tem graça, assim! Meu cheiro ninguem sente! E você, Glauco? Me inteiro de que tambem com dores continua...

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106 GLAUCO MATTOSO

BLUE EARTH [6484] (para Luiz Roberto Guedes) Os orphans de John Lennon e Raul vagueiam, como mulas sem cabeça, ainda accreditando que accontesça na Terra algo que a faça mais azul. Porem, nos hemispherios, Norte e Sul, alguns terraplanistas que mais cresça a treva vão fazendo, mais espessa a nuvem que as idéas dum pitbull. Aquella Sociedade Alternativa que todo saudosista antecipava paresce mais distante, sob a clava dum novo Brucutu com voz activa. Não morrem, todavia, Lennon, Piva, Camões nem Raul Seixas. Uma oitava heroica, por si só, mais desaggrava a gente que, de senso, o Ogro nos priva.


MUSAS ABUSADAS

GEMEBUNDOS E IRACUNDOS [6485]

P’ra mim todo reporter é bundão! Vocês ahi são todos uns bundões! Ouviram bem? Bundões! Sim, seus patrões, seus chefes e editores, tambem são! Estão me perseguindo! Vocês não teem mais o que fazer? Vejam, razões não faltam! Investiguem os bilhões dos padres, dos gurus da opposição! Coitados, meus gurus cobram tão pouco, bem menos do que aquelle pechuleco na minha compta, a qual o jornaleco dedou como “lavagem”, pô! Tá louco! Mas chorem! Berrem! Vae ficar é rouco quem vive dedurando onde é que eu pecco! Sim, para taes bundões é que eu defeco, pois faço, ao jornalismo, ouvido mouco!

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108 GLAUCO MATTOSO

IMMUNDAS E JOCUNDAS [6486]

Estou pasmo, Glaucão! A mulherada agora desandou a fallar tudo de sujo, de vulgar, de cabelludo que podem! Tenho ouvido, Glauco, cada! Alem de fallar, soltam gargalhada de puta! Sim, daquellas que, em desnudo estado, desfilar vão num entrudo! E comtam -- Meu Jesus! -- cada piada! Aquella aquella aquella aquella

do sacana papagayo, do ceguinho porcalhão, dum judeu, dum allemão, do portuga ao ver um raio...

Outrora a mulherada no balayo dos gattos não entrava, Glauco, não! Agora todas fallam palavrão! Si as ouço, na risada tambem caio!


SUMMARIO

JOGO PUERIL [6387].................................9 SOVAS SEM PROVAS [6388]...........................10 DURA CENSURA [6389]...............................11 BATTENDO NA QUESTÃO [6390]........................12 QUEM VÊ CARA... [6391]............................13 MENINO LEPORINO [6392]............................14 BACCHANTE RELUCTANTE [6393].......................15 BRUXA LUXENTA [6394]..............................16 SERVIÇO DOMESTICO [6395]..........................17 ZERO EM COMPORTAMENTO [6396]......................18 MARRUDA GRAHUDA [6397]............................19 PATINHA BELLA [6398]..............................20 PERSONAGENS [6399]................................21 QUESTÃO DE GENERO [6400]..........................22 PORNÔ PORCO [6401]................................23 FESTIVO TRAVESTISMO [6402]........................24 OZONIZANDO [6403].................................25 VISIBILIDADE LESBICA [6404].......................26 AGOSTO DOURADO [6405].............................27 PERIGO NA VIA [6406]..............................28 SCENA ABJECTA [6407]..............................29


DESEJO DE VINGANÇA [6408].........................30 MERCADO SADO [6409]...............................31 CORPINHOS NUS [6410]..............................32 CHEIRINHO DO PODER [6411].........................33 DESABBAFO DE AMIGO [6412].........................34 SADO CIVILIZADO [6413]............................35 GESTO HUMILDE [6414]..............................36 PÉ NA COVA [6415].................................37 TRENDING TOPICS [6416]............................38 VOLTANDO COM A PIPOCA [6417]......................39 ACCERTO DE CONTOS [6418]..........................40 ESCROTAL TOTAL [6419].............................41 MAGOA DA TABUA [6420].............................42 ZOADO MAGOADO [6421]..............................43 MEMENTO HOMO [6422]...............................44 NÃO É SOPA! [6423]................................45 VAGA ROTATIVA [6424]..............................46 PHANTASMA TOLERANTE [6425]........................47 PAPPO DE SAPO [6426]..............................48 LEITURA PERTURBADA [6427].........................49 FILÉ MINION [6428]................................50 GENITALIA ALIENIGENA [6429].......................51 PRAGA ESTRAGADA [6430]............................52 CAIXINHA DE TORPEZAS [6431].......................53 TYPICAS VICTIMAS [6432]...........................54 VALOR HISTORICO [6433]............................55


CORTE RACIAL [6434]...............................56 EXFARRAPPADO E ROPTO [6435].......................57 DISCIPLINA CANINA [6436]..........................58 LABREGO MORCEGO [6437]............................59 HUMOR NEGRO [6438]................................60 IN THE HEAD [6439]................................61 MALFADADA FACHADA [6440]..........................62 BATTIDO RANGIDO [6441]............................63 MARRON DEGRADÊ [6442].............................64 SABOR ABUSADOR [6443].............................65 FRANQUEZA À MESA [6444]...........................66 PERSUASIVO MOTIVO [6445]..........................67 ARTISTA ARRIVISTA (II) [6446].....................68 MASTURBATORIOS SUPPOSITORIOS [6447]...............69 INADIMPLENTE PENITENTE [6448].....................70 COMPLEXO DE VIRALATTA [6449]......................71 ESTRADEIRO ADVENTUREIRO [6450]....................72 CONTEXTUALIZANDO [6451]...........................73 PREMIO DE CONSOLAÇÃO [6452].......................74 BRUXISMO AMPLIFICADO [6453].......................75 CANINA PERCEPÇÃO [6454]...........................76 INCRÉU PARA DEDÉU [6455]..........................77 FERVOR INDOLOR [6456].............................78 BOAS INTENÇÕES [6457].............................79 PAPPO DE PESCADOR [6458]..........................80 FERTIL TOM ERECTIL [6459].........................81


REDONDAMENTE ENGANNADA [6460].....................82 SUMMARIZANDO [6461]...............................83 PROBLEMAS CONJUGAES [6462]........................84 CANINA PROTEINA [6463]............................85 MEDONHA PEÇONHA [6464]............................86 PINK SUEDE SHOES [6465]...........................87 CARO MASOCHISMO [6466]............................88 DESABBONADORES RUMORES [6467].....................89 INSEGURA POSTURA [6468]...........................90 MENTOR AMADOR [6469]..............................91 RIDICULO CURRICULO [6470].........................92 CAUSÃO SEM PRECAUÇÃO [6471].......................93 FAZENDO SALIVAR [6472]............................94 CONDUCTA (RE)PROVAVEL [6473]......................95 MAL GRADUAL [6474]................................96 SELECTIVA PERSPECTIVA [6475]......................97 INGLORIA MEMORIA [6476]...........................98 DOLORIDO ALLARIDO [6477]..........................99 AQUELLE SACANA ALLI [6478].......................100 FADA RENADEGADA [6479]...........................101 PRETENSA INDIFFERENÇA [6480].....................102 BIZARRA GARRA [6481].............................103 INJUSTO CUSTO [6482].............................104 CASEIRA GEMEDEIRA [6483].........................105 BLUE EARTH [6484]................................106 GEMEBUNDOS E IRACUNDOS [6485]....................107 IMMUNDAS E JOCUNDAS [6486].......................108



SĂŁo Paulo Casa de Ferreiro 2020




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