O POETA PORNOSIANO
GLAUCO MATTOSO
O POETA PORNOSIANO
São Paulo Casa de Ferreiro 2021
O Poeta pornosiano © Glauco Mattoso, 2021 Revisão Lucio Medeiros Projeto gráfico Lucio Medeiros Capa Concepção: Glauco Mattoso Execução: Lucio Medeiros ________________________________________________________________________ FICHA CATALOGRÁFICA ________________________________________________________________________ Mattoso, Glauco O POETA PORNOSIANO/Glauco Mattoso São Paulo: Casa de Ferreiro, 2021 326p., 21 x 21cm ISBN: 978-85-98271-28-4 1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.
B869.1
NOTA INTRODUCTORIA
Na edição impressa (2011), publicada pelo sello Demonio Negro, então associado ao sello Annablume, a collectanea que levou este titulo reunia, seleccionados nos trez primeiros milhares, os sonnettos mais obscenos, entre o escatologico e o pornographico propriamente dicto, muitos dos quaes foram depois reapproveitados em anthologias mais actualizadas, como SONNETTOS DE BOCCAGEM, PORNOSIANISMO EM DISSONNETTO, LYRA LATRINARIA ou ESTUDOS ESCATOLOGICOS. Uma decada depois, ainda cabe reformular tal contehudo de modo a incluir, sob o mesmo titulo, poemas de differentes estrophações alem da sonnettistica, taes como o motte glosado, o madrigal, a ode e o infinitilho, lembrando que, nesta edição, sonnettos e dissonnettos teem seus quattorze ou dezeseis versos monostrophados. Assim o leitor terá à disposição mais uma opção thematica que contemple a ampla parcella libertina/ libertaria da minha lyra, cujo merito não me cabe sustentar, mas ao publico, inclusive academico.
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PORTENHO PORTUNHOL PORNÔ [2.29] Portunhol nos tem levado a deslizes que eu destacco. Pornographico eu entendo estes versos que punheta nos suggerem, desde quando uma duvida aqui paire: Mira! Allá viene un tarado! Si, pelado, con su saco en las manos! Si, corriendo viene atrás de la buseta! La perdió y quedó dando puñetazos... pero al aire. Um careca doido visto foi trazendo o paletó na mão: vinha elle correndo pois perdendo estava o seu microomnibus. Perdeu. Ficou dando ao ar uns socos. A versão accyma, insisto, é plausivel, mas um nó deu naquelles que um horrendo nexo viram neste meu poeminha. Se fodeu quem achou uns chulos ocos.
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HALLUCINANTE ONANISMO [2.42] Por thema a masochista putaria, confesso recorrente phantasia que tenho ao me banhar. Sob o chuveiro que accabo de fechar, ja por inteiro molhado, o corpo penso que estaria immovel, enterrado em cova exguia até o pescoço, docil prisioneiro, de cara para cyma. Alguem, certeiro, na minha bocca mija, qual bacia aberta ao marmanjão que se allivia ou, antes, qual mictorio, o mais fuleiro. Occorre que o chuveiro que, primeiro, chovia, agora appenas pela via dum unico jactinho, usando a pia dos labios como o rallo no banheiro, papel faz do sabor, assume o cheiro do mijo, o seu calor, e me ecstasia. O jorro diminue e, logo, fria ficando vae a "urina". O captiveiro termina, gotta a gotta. Meu ligeiro caralho gottejou, tambem. Queria estar eu dum mijão aos pés, um dia!
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INTRANSIGENTE METEORISMO [2.86] Caralho! A gente peida, peida, peida... e nada de cagar! Vontade dá na gente de mandar que a merda va à puta que pariu, como fallei da cegueira ao me foder! Porra, não ha desgraça ja bastante? Quem está cagando bem que ria! Em vez de Eneida, Iliada, Odysséa, resta a má sahude intestinal ao bardo ca da casa do caralho! Como o Almeida faria si o sargento queixa ja tivesse do cocô que cagará só quando Zeus quizer? Segundo a lei da historia litteraria, não é la tão serio o auctor que caga sem um "Ah!", mas quero me gabar do que caguei, da... quelle grosso!
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PORNOCOPIA EM CORNUCOPIA [0003] (theatro pornographico em trez actos, sem meias palavrinhas nem tampouco escrupulos correctos ou sapatos polidos: bem real, pois não sou louco) ELENCHO DOS TREZ PRACTICOS ACTORES: VIRGINIA, que é mulher do cego e boa. OCTAVIO, que perdeu ja luz e cores. RICARDO, que não é boa pessoa.
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PRIMEIRO ACTO, PISANDO JA NO CALLO (Octavio chega em casa a bengalar. Virginia ja trepou com Ricardão, que está no banho. O cego volta ao lar depois dum dia duro no sallão.) OCTAVIO - Ufa! Cheguei! Amor, que dia! VIRGINIA - Mundo ingrato, hem? Cê relaxa os pés de toda aquella freguezia e ganha tanto quanto quem engraxa! Mas tenho boas novas! Quem diria? Achei um bom freguez que minha taxa topou e veiu aqui p'ra therapia! OCTAVIO - Mas, amor, você não acha...? VIRGINIA - Não discuta! Não confia? (Ricardo entra a sorrir e se appresenta.) RICARDO - Que prazer! Ja fui lavar o pé para você! Massagem benta, a sua, disse a Gina! Bem-estar é tudo que eu desejo! Quem aguenta botina que machuca o calcanhar? (O cego extende a mão e ri tambem, fingindo uma accolhida hospitaleira. Virginia poz a mesa. Logo, sem rodeios, Ricardão della se abbeira.)
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OCTAVIO - Ja tomou café? Se sinta em casa! Não repare! Vamos, Gina? VIRGINIA - Tá na mesa! Até que pincta a fome, quando a gente na roptina se cansa, né? Ja quasi temos trinta! (Ricardo, só de sunga e de chinello, se serve. Seminua, a mulher passa a mão no corpo delle, não tão bello, mas bruto. O cego ignora a mão devassa. Se beijam, Dick e Gina, até farello de pão na lingua trocam, acham graça da cara do ceguinho e seu flagello.) RICARDO - Então, amigo, vamos la? Cê deve estar cansado, mas eu quero testar a sensação que um cego dá num pé que se exercita! Sou sincero, prefiro a mão dum cego porque ja sei como é! Só deleite é o que eu espero! (Emquanto Dick estica-se na cama do quarto, Octavio senta-se no chão. Appalpa o pé descalço e nem reclama daquella degradante posição, à qual se accostumou. Mas Gina a fama de puta não desmente e fellação practica no rapaz, que geme e chama aquillo de "gostoso". O cego não se toca, acha que sua mão, no drama, papel tem de causar quasi tesão.)
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RICARDO (se exporrando) - Ah, como é bom um cego massagista assim tão bem treinado aos pés da gente! Cê tem dom de magico, amigão! Estou mais zen que nunca! Só faltou aquelle som! VIRGINIA (que engoliu tudo, ja sem a rolla na garganta) - Eu fallo com certeza: meu marido de ninguem ganhou uns cumprimentos nesse tom! OCTAVIO (com modestia) - Não, que nada! Humilde sei que tenho de ser! Meus dons quasi todo cego tem e cada marido tem mulher que nosso Deus na vida reservou, né, Gina amada? (Virginia ri, piscando para o amante. Parescem concordar os trez que aquillo é coisa do destino, si garante um extra, dependendo do sigillo.) RICARDO (se vestindo) - Vou marcar retorno, Octavio, certo? Se previna! De botas vou comprar um novo par, mais leves, mais macias... Sabe, Gina, razão você tem: temos que gozar! (Ricardo se despede e sae. Virginia se gaba do que nisso se factura. Octavio se convence, mas previne-a, pois tudo que vem facil pouco dura. Ainda que o que ouvira lhe incrimine a esposa, vae manter a compostura.)
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SEGUNDO ACTO, DEPOIS DUM INTERVALLO (Octavio ja trabalha mais em casa. Recebe a clientela, massageia e Gina cobra a grana. Não attraza as comptas mais: é mestre de mão cheia. Na practica, admestrado está: que praza aos normovisuaes quem só tacteia!) OCTAVIO (que escutou a campainha) - Ja vae! (abrindo a porta) Pode entrar! RICARDO - Com licença! Hoje eu não vinha, mas deu vontade... A Gina tá no bar? Ja volta? Vou tirar então a minha botina, relaxar... Me accommodar... OCTAVIO - Senta aqui! Quer uma aguinha? Eu tiro a bota, então, pode deixar. RICARDO - Vou lavar o pé! Tadinha da sua nappa, cego, si cheirar chulé que nem o meu! Será que tinha coragem? Cê que sabe! Quer provar? (Ricardo tem voz cynica, excarninha. Não perde chance alguma de zoar alguem que facilmente se expezinha.) OCTAVIO - Sei que estou no meu logar, e prompto para tudo. (elle engattinha, se adjeita no chão) Deixe eu descalçar a sua bota... Nada me apporrinha no trampo, nada tenho que extranhar.
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(Ricardo se accommoda, appoia o pé num pufe e põe-se o cego a descalçal-o. Octavio sente, ardido, o seu chulé mas finge não sentir. Appalpa o callo, a sola accaricia, chega até a bocca rente, como quem dum phallo será bom fellador. Ricardo, que é sarcastico, diverte-se em testal-o.) RICARDO - Assim que eu gosto, cego. Vae mexendo assim, de leve... A sensação é quasi de tesão, sabia? Ai, ai... OCTAVIO - Sim, sei disso. A gente faz aquillo que é possivel. Tem quem dorme, até. Si um reflexologo é capaz, um cego mais ainda... (Dá no enorme pé chato um beijo. Alegra-se o rapaz.) RICARDO - Que delicia! Assim! Vae! Não exsiste algo melhor! Só si um vassallo passasse a lingua, alem de usar a mão... Estou é me exbaldando nesse emballo! OCTAVIO - Si você quizer, Ricardo, eu lambo, ja lambi de algum cliente. Um cego não reclama desse fardo, ainda que um chulé bem forte aguente. Você, que tem visão, é felizardo. Inveja até que eu sinto, francamente.
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RICARDO - Bom ouvil-o dizer isso! Nem quero, mesmo, estar no seu logar! Então faça bem feito esse serviço, usando a lingua! Quero approveitar! (Octavio de saliva dá, submisso, um banho do dedão ao calcanhar.) OCTAVIO (emquanto lambe) - Logo, logo, a Gina tá chegando... Vae fazer café para você. Perdão lhe rogo, não mexo no fogão, mas seu prazer é nosso. Quer lavar-se? Depois, jogo um talco na frieira... O que vae ser? RICARDO - Vou tomar um banho. Prompto, me sinto alliviado. Quando a Gina chegar, quero o café. Sabe, meu poncto mais fracco tá na sola. Quem attina melhor isso que um cego? Nem lhe conto, meu caro, mas você bem imagina meu ecstase! Eu estou é meio tonto! (Octavio se envaidesce sendo tão coberto de elogios. Ri, sem graça. Virginia vem chegando. Ricardão entrou no banho. A meia suadaça Octavio recolheu e cheira a mão. Virginia nota. Sabe o que se passa.)
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TERCEIRO ACTO, ONDE CANTA ALGUEM DE GALLO (Na ausencia do marido, Gina trepa com Dick e lhe cavalga o caralhão. Banal sonoplastia, não discrepa dos sons que nesses filmes sempre são ouvidos: só gemidos e a carepa pelluda a saccudir na batteção.) VIRGINIA - Ah! Uh! Ah! Uh! Ah! Uh! Ah! Uh! RICARDO - Se segura! Guenta! Guenta! (Depois de posição trocam. No cu Ricardo mette. A scena é violenta.) VIRGINIA - Ai, tá doendo p'ra chuchu! RICARDO - Guenta, Gina! A ferramenta ja coube em sua bocca! Então tabu não pode ser na fenda fedorenta! VIRGINIA - Mas buraco de tatu virei, ai! Que suffoco a gente enfrenta! RICARDO - Ah, vou gozar! (E o couro cru da glande ralla a galla ja sebenta.) VIRGINIA (ja fodida e jururu) - Caralho! Minha bunda ja nem senta!
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(Ricardo, expreguiçando-se no leito, scismou e exige della, por pirraça, massagem no pezão, como tem feito o cego, seu marido, que à desgraça eterna do negror está subjeito.) VIRGINIA - Exsiste coisa que eu não faça? (E põe-se a practicar, mas imperfeito é o methodo que emprega. Está sem graça.) VIRGINIA - Meu marido tem mais jeito p'ra coisa, né? Ninguem como elle passa a mão, a lingua até, quando eu me deito aqui. Me refestelo e a mão na massa põe elle, ja que nisso tem conceito. RICARDO - Tem razão. Aquella raça damnada dos ceguinhos nem respeito meresce, que não seja quando abbraça e beija o pé da gente, que defeito não temos de visão, hem? Uma taça de vinho vou beber, pois me deleito e quero que você deixe a cachaça de lado, tambem tenha esse proveito. (E brindam ambos, rindo sob effeito do vinho que servido foi por ella. Octavio vem chegando e ja suspeito ao cego não paresce que a cadella com outro faça tudo que tem peito de sobra p'ra fazer [como revela a scena repetida] foi acceito por todos da crescente clientela.)
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(O cego escuta alguem a mais alli.) OCTAVIO - Tudo bem, Ricardo? Oi, Gina! Estão se divertindo? Interrompi vocês? Então ja prompto p'ra roptina estou. Está descalço? (O outro sorri e Gina, gargalhando, bem combina com essa pantomima que eu aqui encerro, pois egual às mais termina.)
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MADRIGAL PREPUCIAL [0015] Na practica, é "sebinho", essa materia que "esmegma" tem por nome em phrase seria. "Terror do rabbinato e da hygiene hypocrita, por dentro do prepucio se forma e se accumula, immundo e infrene. E, ainda que seu medico condemne, o moço o prova, quando, a sós, aguce-o um morbido tesão, nelle perenne." Assim ja versejei, expondo um pene com "bicco de chaleira" a alguem que fuce a camada de sebinho e um acto enscene de suja fellação, que muita argucia não pede a quem me leia, nem solenne nariz torto ante um phallo de pellucia.
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DISSONNETTO OROGENITAL [0041] "Fellatio" é a quinctessencia do prazer, assim diz o tractado de erotismo, licção que humilha as fans do feminismo, no exforço que a mulher tem de fazer: chupar calada até satisfazer. Garganta mais profunda que um abysmo e lingua callejada em "balanismo" premissas basilares veem a ser. [vêm] No pé ja muda a coisa de figura: em vez de sebo ou mijo, seu chulé é o thema. Bom assumpto tambem é frieira ou callo, alem de mais largura. Um cego não chupou só piccolé: na bocca mais lhe entrou. Tal bocca attura bem mais que a da mulher, mesmo que impura. Palavra de quem chupa pau num pé.
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DISSONNETTO MALDICTO [0044] O veio subterraneo e fescennino do qual Zé Paulo Paes foi bandeirante tem repertorio altissimo e abundante que vae de Marcial até Aretino. Na lingua portugueza ja declino trez nomes do listão mais importante: Bocage, Lagartixa e um infamante Gregorio, "véi" de guerra, esse menino! Nem penso em me incluir nessa caterva, até porque meu vicio é bem menor, ou, caso queiram outros, bem peor. Quem for mais perspicaz na certa observa. Aquillo que o Mattoso faz melhor, ainda quando, caustico, se ennerva, é só o que a sorte cega lhe reserva: tirar leite de pé, lamber suor.
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DISSONNETTO HINDU [0046] Na India a fellação é tão fallada que tem nos "Kama Sutra" um texto inteiro. La diz que um servo, como chupeteiro, resolve quando a femea não quer nada. Me contam que na mais baixa camada os cegos são mantidos em puteiro e, em troca de comida ou por dinheiro, battalham p'ra chupar gente abbastada. Queria eu fazer parte desta casta no meio do povão mais rebaixado e, alem de chupar rolla, ser forçado a toda a obrigação dum pederasta: Appós ao superior o cu ter dado e tendo ouvido delle que ja basta, rallar a lingua vil na sola gasta e suja (Vou gozar!) de seu calçado.
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DISSONNETTO BOCAGEANO [0102] Bocage me commove em dois momentos: No seu autoretracto, quando falla de pés ser bem dotado, o que arregala meus olhos de podolatra, olhos bentos, pois, num de seus rompantes rabugentos, o rei da putaria nos propala que addeus vae dando à puta e, ao dispensal-a, excolhe um cu mais proprio aos seus intentos: É o sesso dum garoto que elle enraba, sem pejo, demonstrando ter proveito, e assim sobe um ponctinho em meu conceito. Mas essa empolgação logo se accaba. O Mestre nada alem diz a respeito nem dessas adventuras mais se gaba, e eu fico aqui, gastando a minha baba, lambendo o pé de anonymo subjeito.
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ODE ORAL [0107] Pensar em "golden shower" só me traz à mente mais palavras que, em inglez, emprega quem "baunilha" não se diz. "Sonnetto comestivel" foi mordaz poema meu, que nosso oral marquez relia. Até pedia, feliz, bis. Alli fiz referencia ao contumaz "cock-cheese" que se juncta toda vez debaixo dos prepucios juvenis. "Sebinho" dá noção que satisfaz a poucos, mas exsiste, em portuguez, algum "queijo de picca" a quem o quiz. Tambem, quando o chulé só nos appraz viscoso ou cremosinho, mais cortez, eu acho que "toe-jam" calha ao nariz. Si queijo com geléa das mais más receitas não será, você talvez rejeite esta que enjoa aos mais gentis: beber o guaraná dalgum rapaz, comer seu chocolate, é o que, ao freguez da civica moral, menos condiz. Banquete escatologico, que em paz não deixa aquelle cynico burguez, tal pratto ja provei, como os mais vis.
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DISSONNETTO BIZARRO [0111] Coprophilo é quem gosta de excremento. Pedophilo só trepa com creança. Defuncto fresco em paz jamais descansa nos braços do necrophilo sedento. Voyeur assiste a tudo, sempre attento ao exhibicionista, que até dansa. O fetichista transa até com trança, e o masochista adora soffrimento. Libido, pelo jeito, é mero lodo. A sensualidade faz sentido conforme a morbidez sob a qual fodo. O sexo quasi sempre é reprimido, mas, claro, não me privo o tempo todo. Não basta o pé, precisa ser fedido. Si tenho de excolher, pois, um appodo, serei um podosmophilo assumido.
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BOQUETTE QUE COMPROMETTE [0137] Dizer que nos costumes elle pecca constrange, quando a mancha advermelhada se achou no collarinho. Mais degrada si a mancha de baton vem... na cueca! Caralho! Ja pensou, meu? Com a breca! Que é que isso significa? Que a damnada da bocca se exfregou numa mijada cueca? Qual mulher é tão sapeca? Mulher? Homem? Talvez Aquillo que ao pudico será porque tal nodoa está com mijo e porra
uma traveca... desaggrada mixturada que não secca?
Que falta de hygiene! Que melleca! Ainda que em linguagem figurada, a scena suggerida não tem nada de serio, quando a logica se checa! A gente, quando mija, si defeca, até, deixa a cueca ennodoada, mas duro é de suppor que inspeccionada tal peça seja pelos outros! Eca!
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DISSONNETTO ONANISTA [0138] Na bronha, posso tudo que quizer. Sou xeique, sou calipha, sou sultão. No meu harem não falta occupação: p'ra cada artelho tenho uma mulher. Punheta diuturna é meu mester insomne, na diurna escuridão. Mas nunca me masturbo com a mão: de bruços, vou no emballo aonde der. Ó gueixas, odaliscas, fellatrizes! (Florbella, assim tambem és! Ou não és?) Desejo vocês todas aos meus pés, chupando-me e se dando por felizes! Em cocegas, massagens, cafunés, ja se especializaram. Mas, actrizes que são (Não é, Florbella? Assim o dizes!), são frigidas, fingidas, todas dez.
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DISSONNETTO OROEROTICO (ou OROTHEORICO) [0139] Conforme especialistas, a chupeta depende da attitude do chupado: si o pau recebe tudo, accommodado, ou fode a bocca feito uma boceta. Practica "irrumação" o pau que metta e foda a bocca até ter exporrado; Practica "fellação" si for mammado e a bocca executar uma punheta. Ambos os casos, dupla a conclusão. Primeira, a reacção que não expanta: O esperma ejaculado na garganta destino certo tem: degluttição. Segunda conclusão: de nada addeanta negar que a bocca soffra humilhação às ordens de quem curte tal tesão, pois, só de pensar nisso, o pau levanta.
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DISSONNETTO HYGIENICO [0143] Si, anal, um orificio é um olho cego, que pisca e vae fazendo vista grossa a tudo que entra e sae, que entalla ou roça, trez vezes cego sou. Que cruz carrego! Porem não pela mão me prende o prego, mas pela lingua suja, que hoje coça o cu dos outros, feito um limpa-fossa, e as pregas, como esponja escrota, exfrego. O "beijo negro" é um ultimo degrau desta degradação em que mergulho, maior humilhação que chupar pau. Vestigios com a lingua alli vasculho, em busca dalgo analogo ao cacau. Subjeito-me com nausea, com engulho, ao paladar fecal e ao cheiro mau e, juncto com a merda, engulo o orgulho.
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PITHECANTHROPUS ERECTUS [0153] Ulysses, que ficou famoso um dia, experto chimpanzé que vem a ser, no livro que escrevi, GRAPHOPHOBIA, vergonha nunca sente do prazer. Masturba-se sorrindo de alegria na frente de nosoutros! Quer saber? Confesso que eu tambem isso faria com gosto, si pudesse me exceder! Faria nada, porra! Me escondia, depois, envergonhado! Descrever é facil, numa audaz pornographia, a scena, mas fazer... Va se foder! Só mesmo um chimpanzé que, em theoria, mais sabe do que a gente, tem poder de desinhibição para, com fria pericia, manejado o phallo ter! Eu tenho é Punheto-me não posso, na bocca a
desbragada phantasia! em segredo. Me conter si supponho que me enfia rolla e mudo quer me ver!
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DISSONNETTO RETAGUARDISTA [0183] Recurso ao palavrão é jogo scenico: Caralho, porra! Puta que o pariu! Do cu, ja a suja bocca desistiu: a lingua eguala alli o papel hygienico. Mais proprio do latino que do hellenico, cunnette é o acto orgiaco mais vil. A bunda é preferencia no Brazil, porem o cu só serve ao prazer penico. Sim, "pênico", eu fallei, e não penico. O accento importa tanto quanto o assento e a picca vae mais fundo do que o picco. Por isso ser mais graphico nem tento. Qualquer fraqueza anal eu justifico. Phobia de injecção tem fundamento. Si a merda é tão nojenta quanto o chico, devia um cunnilingua ser nojento.
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DISSONNETTO REDUNDANTE [0190] Pediram-me um escandalo, e é p'ra ja. Malversação de fundos? Nada disso. O seio da modello, que é postiço, tambem ja não excita a lingua má. A droga nas escholas? Ninguem dá a minima importancia ao desserviço. Sequestro de empresario? Algum sumiço? Remedio adulterado? Qua! Qua! Qua! A fraude eleitoral virou roptina. As comptas no exterior não causam pasmo. Não é baixo calão iconoclasmo. Ninguem extranha o cheiro da latrina. Até Mathusalem ja tem orgasmo! Até machão convicto tem vagina! Só resta a commentar, em cada exquina, que o cego é chupa-rolla... Um pleonasmo!
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MOTTE GLOSADO [0193] Perfeição esculptural tem o corpo da mulher. Seu sovaco cheira mal, mesmo tendo aquella minha charmosissima vizinha perfeição esculptural. Si ella erguer o braço, é tal o cecê, que a gente quer se affastar quanto puder! Fique longe, que é melhor! Que bravissimo suor tem o corpo da mulher!
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DISSONNETTO QUEBRA-GALHO [0195] As bellas são beijadas pelos bellos. Os bellos são chupados pelos feios. Os feios, pelos cegos, sem os freios impostos pela esthetica aos magrellos. O povo diz que não faltam chinellos surrados p'ra comforto dos pés cheios de callos, e os ceguinhos são recreios na falta de preguinhos pros martellos. A bocca do ceguinho attura tudo aquillo que lhe impor alguem quizer: sebinho, porra, mijo, o que vier, caralho diminuto ou tamanhudo. Emquanto isso, a boquinha da mulher, que emitte som agudo ou de velludo, recebe o beijo doce, quente e mudo, o mel offerescido de colher.
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MOTTE GLOSADO [0196] Duma linda bocca quero beijo egual ao mel mais puro. "Doce beijo" não é mero linguajar figurativo: é o que espero e (Até salivo!) duma linda bocca quero. Mas não pensem que exaggero si lhes digo que foi duro de engolir o cuspe (Eu juro!) ao beijar quem caries tem! Com tal baba, dará quem beijo egual ao mel mais puro? Halitose é o mais severo dos problemas a quem ama! Tal fedor jamais, na cama, duma linda bocca quero! Si eu sentir, me desespero quando o bafo de monturo frustra aquillo que procuro num momento de prazer! Sem tesão, não pode haver beijo egual ao mel mais puro!
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MOTTE GLOSADO [0201] Si não fede, si não cheira, não tem graça a poesia. Si for rosa da roseira não é lama do chiqueiro. Ou é falso, ou verdadeiro. Si não fede, si não cheira, não é verso que se queira portavoz da porcaria nem fugaz perfumaria. Eu prefiro a fedentina! Sem um faro que a defina, não tem graça a poesia! Poesia não é mera padaria nem é pura, multicor floricultura. Si não ousa, nada altera. Si não suja, odor não gera. Si não fura, é voz macia. Si não fere, é ducha fria. Si não fode, é punheteira. Si não fede, si não cheira, não tem graça a poesia.
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MOTTE GLOSADO [0202] Addoesce o adolescente do fedor que delle emana. Si eu disser "odorescente" o sentido original manterei fiel, do qual addoesce o adolescente. Deante delle, a gente sente o fedor de uma semana sem lavar um pau sacana, um pé chulo, um cru sovaco... Ha quem faça até seu fracco do fedor que delle emana.
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MOTTE GLOSADO [0213] Nas mulheres não se batte nem siquer com uma flor. Sobra macho que as maltracte: chutes, socos, bofetadas... Só com flores perfumadas nas mulheres não se batte! Uma excappa caso accapte o que exige o seu senhor: chupa, engole, aguenta odor com o qual não se accostuma, um bodum que não perfuma nem siquer com uma flor.
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MOTTE GLOSADO [0214] Só desejo, no meu dia, ser eu mesmo e não robô. Cada cego gostaria si não fosse tão submisso a uma norma, e fallar disso só desejo, no meu dia. Ja que faço poesia, me colloco em tão pornô situação, que até cocô tenha um cego de comer. Assim posso, com prazer, ser eu mesmo e não robô. Eu, no dia da cegueira, não ler braille commemoro. Nem poemas meus decoro mas meu faro tudo cheira e a audição segue certeira. Bom seria no cocô não pisar e, no metrô, depender menos do guia. Só desejo, no meu dia, ser eu mesmo e não robô.
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DISSONNETTO COMESTIVEL [0223] Ha coisas que se comem por costume e algumas que são gosto pessoal. O queijo fedorento é natural, mas todos acham mau o odor do estrume. Ninguem nega nas fructas o azedume. Na conna, só o tarado acceita o sal. "Cock-cheese" é o tal sebinho prepucial. "Toe-jam" é o chulezinho com volume. Só mesmo o americano p'ra dar nomes tão bons a um paladar desse quilate! Embora alguns eu, cego, não accapte, ao menos satisfazem minhas fomes! O nosso "guaraná com chocolate" é merda masochista, quanto aos comes, e mijo, quanto aos bebes. Que tu tomes, de todos, egual parte. Deu empatte.
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MANIFESTO ANILINGUISTA [0236] "Qualquer um que ja tenha sido alli lambido sabe, Glauco! Quando a merda sae molle, ao passar lambe o cu, gostoso, tal como dum escravo a lingua suja! Você ja reparou nisso, Glaucão? Por isso é que cagar tanto prazer nos dá, não é? Difficil é que eu tenha a lingua dum escravo, como o rollo que fica, de papel, alli do lado do vaso! Mas a gente, emfim, se vira..." -- Às vezes eu descharto o que ja li limpando o cu, mas uma lingua lerda, lambendo devagar, causa mais gozo, sem duvida. Quem tenha, de lambuja, um habil fellador, prazer tem tão completo que difficil é mais ter. Viajo nisso. Lingua que se embrenha nas pregas, indo e vindo, por consolo eu tenho, mas appenas sou levado por Sade e, no delirio, pela lyra...
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ODE AO HOMONYMO [0240] Sou Pedro, sim senhor, e si você tambem é Pedro e orgulho tem de si, será, como poeta, alguem que ri da propria sorte e em nada serio crê. Embora eu seja alguem que ja não vê, bastante coisa neste mundo vi. Que um Pedro foi apostolo ja li, alem de imperador... É o que se lê. Mas temos um xará, tambem pornô, tambem prophano arteiro do tabu, que, assim como Bocage, pau no cu metteu da sociedade, outro Rimbaud. Constancio é o sobrenome desse cru cantor, Pedro José, feito um avô dos Pedros actuaes, que fez cocô em publico e se expoz, posando nu. Que conste, não ha nada mais que admanse-o: está completamente doido! Fica parado na janella, esse Constancio, sem roupa, a se exhibir, mostrando a picca! Bocage não tem, claro, quem alcance-o nos taes sonnettos sujos, mas indica a historia litteraria que um Amancio qualquer attraz, em taras, não lhe fica.
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Até dentro da egreja viu cachorro trepando, sob o altar tendo regalo! Damnado, o meu xará! Si lhe recorro ao thema, é por pisar, do clero, o callo. Foi preso, e seus sonnettos se attribuem, agora, ao Manuel Maria, abballo causando desde então: por mais que suem, os outros não conseguem superal-o!
O POETA PORNOSIANO 47
MOTTE GLOSADO [0247] Com a rede virtual caretice não combina. Dizer ouço que esse tal Zebedeu é o maior mala e patrulha quem mais falla com a rede virtual. Mas respondo ao pessoal que ouro vale aquella mina. Si um cliente elle adzucrina, perde-o para a concorrencia, pois com meio tão circense a caretice não combina. Censurar pornographia na internet é como, pelo guardanappo, enxugar gelo! Mais ninguem quer, hoje em dia, ser dos povos o vigia! Só quem alma tem sovina e mesquinha assim opina, mas, não tarda, se dá mal! Com a rede virtual caretice não combina!
48 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO UTOPICO [0287] No fundo, o grande sonho masculino é conseguir chupar a propria tora, coisa que o chimpanzé faz toda hora, e um homem tenta, em vão, desde menino. Seja porque seu membro é pequenino, ou porque o corpanzil não collabora, o facto é que o machão lamenta e chora o ironico, anatomico destino. A simples utopia, nua e crua, concentra na cabeça a acção que não é mais que soffrega autofellação, quem sabe a autophagia, que jejua. O jeito vem a ser masturbação. A mão eguala a bocca, a propria, a sua, e o sonho sensual se perpetua, emquanto a mulher crê que dá tesão.
O POETA PORNOSIANO 49
MOTTE GLOSADO [0288] Problema em sermos porcos eu não vejo si alguem quizer limpar nossa sujeira. Um dentre meus leitores não tem pejo de sebo cultivar, si alguem submisso laval-o usando a lingua! Deante disso, problema em sermos porcos eu não vejo! De Bob e de Porcão, com bemfazejo humor, elle é chamado! Achar quem queira sujar-se é facil, quando um nariz cheira as meias, a cueca delle, e fica em transe! Não lavemos pés nem picca si alguem quizer limpar nossa sujeira! Porcão quer zoar mesmo: sua meia chulé por trez semanas accumula! Por mezes a cueca aguenta! Engula o queijo quem puder e cara feia não faça ante uma crosta que exverdeia! Me orgulho de ter tido elle a primeira certeza ao ler-me e um bicco de chaleira tão sujo ser de tantos o desejo! Problema em sermos porcos eu não vejo si alguem quizer limpar nossa sujeira!
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MOTTE GLOSADO [0292] Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o." Dispenso qualquer venda quando cedo àquelle que me zoa, pois sou cego. "Que curte em mim?", pergunto-lhe, e me entrego. Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo!" Admarra-me as mãos para traz. Azedo odor em meu nariz. Me pega pelo pescoço, me extapeia. Meu appello ignora. Quer gozar o azar alheio. Me pisa a cara, rindo do receio que o cego tem de alguem a submettel-o. Obriga-me a fedores farejar de cada parte suja. Si adivinho qual seja, lamber devo. Que gostinho tem elle, caso eu erre! Vou levar tapão na fuça! Agora um paladar nojento tem a rolla, que modello não é de asseio. O sebo que, com zelo cruel, cultiva, eu provo, tarde ou cedo. Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
O POETA PORNOSIANO 51
Porcão sorri si, em pleno breu, está um cego angustiado. Si a faxina do queijo pela lingua mal termina, peor coisa virá. Logo lhe dá na telha me foder a bocca e ja me aggarra pela orelha, empurra pelo buraco oral um thallo em desmazello. Mais fundo na garganta entra que um dedo. Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o." Segura-me a cabeça e vae bombando. Exige que eu lhe lamba a chapelleta por baixo, caso a rolla, aos poucos, metta e ainda eu chupar possa, ao seu commando. Mas logo elle penetra mais e, quando engasgo, ri com gosto. Seu novello de pellos no meu labio colla um sello. Bastou ao meu algoz? Enganno ledo! Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o." Demora até gozar. Quasi eu vomito, mas elle se deleita. Emfim, exguicha golfadas a durissima salsicha e engulo a gosma, ouvindo o alegre grito de gozo. "Ah, cego, foda-se!" Seu rito, porem, não se encerrou. Meu cotovello torcido está doendo. Peço pelo amor, mas Zeus dirá: "Não intercedo!" Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
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Na bocca quer mijar-me, ja que a via buccal foi o caminho para a porra. Porcão nem tira a rolla, até que excorra o jacto da bexiga. Se allivia aos poucos, calmamente. Eu duma pia sou como o rallo. Engulo o que, com gelo e assucar, bebeu elle e, agora, pelo caralho, sae salgado, quente e azedo. Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o." Por ultimo, terror me infunde, pois cagar em minha bocca quer agora. Inutil implorar. Mal se accocora e encaixa o rego, sinto que entram dois ovinhos sobre a lingua que, depois de tudo, amarga fica. Pesadello provoca-me o cocô. Custa comel-o, mas temo a punição, si eu não concedo. Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o." Porcão, com francas phrases, no devido logar me põe, dizendo o tempo todo: "Eu vejo, não você!" "Por isso eu fodo, não sou fodido!" "Foda-se!" "Eu decido si um cego vae ser util, entendido?" "Tem nojo?" "Tá doendo?" "Ficou pello na lingua?" "Quer mais?" "Acha um attropelo trampar nas trevas?" "Acha que eu me excedo?" Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
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ODE CANNIBAL [0294] Foi uma pheijoada que... nem dá vontade de contar. No caldeirão, na mesa, apparentava-me ser tão gostosa, tão bem feita... Porem, ah! No meio dos pertences, achei... Ja embrulha meu estomago! Um colhão, um sordido caralho, no pheijão boiando! Vomitei, quasi! Será? Tentei me controlar. Coisa ruim exsiste egual? Talvez peor que um ratto... Ninguem tinha notado? Isso é que a mim causava especie! Punham caldo, o pratto enchiam, se fartavam! Como assim? Depois fiquei sabendo: foi um acto festivo de vingança. Teve fim, no bairro, um louco. Pode? Isso é sensato? Cabal cannibalismo! Então occorre tal coisa em pleno seculo? Não posso crer nisso, que campeia neste nosso paiz tal ritual quando alguem morre! Explicam-me que o louco era, de porre, terrivel assassino. Não endosso motivo semelhante. Aquelle troço no pratto... Ha quem com isso o bucho forre?
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"Não, Glauco, é só symbolico! No caldo só serve p'ra dar gosto! Nem precisa comer, basta provar, ora! Eu me exbaldo!" Assim responde um joven à pesquisa que faço sobre o thema. Acha respaldo em practicas indigenas, advisa. Pretexto me paresce ser o saldo daquillo, de vulgar folklore à guisa. Symbolico? Tá doido! Desse jeito, calculo si quem morre, em vez dum cara qualquer, dum vagabundo, for quem, para nosoutros, odio inspira, ira, despeito. Um typico politico, o prefeito, talvez, um deputado... Alguem que azara a nossa vida, impondo a taxa cara, sangrando o nosso bolso em seu proveito. Eu fico ca pensando... Serve, então, de boia algum mandão lider bandalho? Si pegam seu cadaver, que farão taes bugres? Seus colhões e seu caralho mixturam aos pertences do pheijão? Não basta! Sendo assim, a dica expalho: seu recto e seu cuzinho sabor dão de exotica rabada, em molho ao alho!
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MANIFESTO SEXORALISTA [0303] {Sei por experiencia propria, cego: um pau os travestis chupam melhor que muita mulher! Numa festa ja flertei com um bonito -- ou mais bonita que muitas putas, Glauco! Sussurrei em seu ouvido: "E então? Quer me chupar com essa bocca linda que me excita?" Nós fomos ao banheiro. Ahi tirei p'ra fora a rolla. Aquella gatta fez na vida a chupetinha mais gostosa que tive! Percebi, cego: uma puta não chupa assim tão bem, tão delicada nos labios e na lingua! Se empenhava bastante na cabeça, até que, emfim, na hora de gozar, me punhetou de leve com a bocca. Ah! Que deleite! A porra foi todinha para dentro daquella gargantinha! Arrancou minhas golfadas sem perder nenhuma gotta! Assim é que se faz! Não como as putas, que não se especializam em tirar a porra dum caralho numa bronha buccal tão bem battida, cego! Ou não? Você não sente inveja dum traveco? Queria no logar della ficar? Que gloria para um cego chupador, não acha? Performar com sua bocca aquillo que faria com a mão alguem que se punheta, não é facto?}
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-- Razão, caro Diego, não lhe nego, pois desses argumentos sei de cor. Esposas, namoradas, não está ninguem de fora nessa. A favorita chupeta, quem faz mesmo, alem do gay, é a mais transexual, essa exemplar mulher que ja foi homem. Quem imita, usando a propria bocca, como usei, aquillo que sentiu alguma vez no pau, quando chupado, melhor dosa os toques labiaes, linguaes -- labuta que puta alguma nunca fará, nada egual, jamais, ainda que de escrava se faça. Nada novo, para mim. Ao cego, ja faz parte de seu show mostrar-se efficiente. Que approveite quem delle se servir! Eu me concentro e faço meu melhor, não nestas linhas, appenas, mas tambem na mais escrota das practicas buccaes, sob ordens brutas, bebendo mijo, ouvindo o mais vulgar e chulo commentario, sem vergonha nenhuma, adjoelhado pelo chão. Inveja sinto, claro, mas eu secco, tal como o travesti, meu paladar curtindo, o doce semen de sabor salgado, amargo, ou acre. Jamais oca a bocca dum ceguinho fica, tão fatal a vocação que tem ao acto.
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MOTTE GLOSADO [0307] Quer saber? Não commemoro nada, porra! Que se foda! Fiquei puto quando alguem quiz, em data que "edifica", celebrar a classe rica, culta, bella, e nhem nhem nhem... Eu, que vivo sem vintem, sou da turma mais pornô, da ralé chula! Cago em toda festa! Fedo em cada poro! Quer saber? Não commemoro nada, porra! Que se foda!
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DISSONNETTO CHUPETEIRO [0308] A bocca que colloca a voz e o canto é a mesma que perpetra o mais nojento e torpe gesto humano, que eu enfrento nas trevas, entre o estupro e o proprio pranto. Tal acto é a fellação. Sabe Deus quanto um homem desce ao poncto onde me aguento! O penis me penetra cem por cento e ja nem sei si chupo ou si garganto! Paresço mentiroso, mas não minto e nunca tal versão facil desmonto. Embora a contragosto, vivo prompto a dar buccal prazer a qualquer pincto. Si julgam que é mentira, dou descompto e disso com vergonha nem me sinto: até o prepucio, sou eu que consinto; dalli ao coito fundo, augmento um poncto.
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DISSONNETTO BOCETEIRO [0309] Pequenos, grandes labios, um clitoris. Pentelhos. Secreção. Quentura molle, que envolve meu caralho e que o engole. Não saio até gozar, nem que me implores. Diana. Dinorath. Das Dores. Doris. Aranha. Taturana. Ovelha Dolly. Pelluda, cabelluda, ella nos bolle na rolla, das pequenas às maiores. Boceta exsiste só para aguçar a fome dos caralhos em jejum. Não, isso não é para qualquer um! Eu quero bedelhar, fuçar, buçar! Agora não me fallem do bumbum, siquer de gorduchões seios dum par, dos pés tampouco! Vou despucellar o buço dum cabaço, acto incommum!
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IDÉA DE MEDÉA [0310] Tortura das torturas! Um leitor mais sadico me impoz cruel castigo! Terei que imaginar qual o sabor dum chico na boceta! Assim me instigo... Tormento dos tormentos! Quando for forçado à cunnilingua, mal consigo suppor o que farei! Aquelle odor ja basta p'ra noção dar do perigo... Penar dos meus penares! Chupador serei duma mulher que ao inimigo nem quero desejar! Nem sei que cor tem ella, a face... Eu, cego, o que é que digo? Mandona, gozadora, com rigor sarcastico será, para commigo, a fonte do mais torpe e vil horror! Debaixo de seus pés terei abrigo? Num impeto masoca, a meu favor supponho o senso orgastico. Me ligo na astral contradicção, na moral dor e contra tal idéa ja não brigo.
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MOTTE GLOSADO [0328] Samba-enredo que louvasse um pornographo... ah, perdia! Uma eschola só factura carnavaes si heroes exalta. Duma coisa sinto falta: quem exalte, sem censura, um auctor de picca dura. Mas illudo-me! Utopia é esperar que a poesia pornô ganhe e tenha classe! Samba-enredo que louvasse um pornographo... ah, perdia!
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MOTTE GLOSADO [0359] Que seria da utopia si não fosse a caretice? O pornographo faz figa pela volta da censura, ja que, só quando o dedura alguem, é que elle se liga que um artista mais se instiga quando algum careta disse desejar que se punisse quem a Ordem desaffia. Que seria da utopia si não fosse a caretice?
O POETA PORNOSIANO 63
RHAPSODIA SADEANA [0367] De Sade um personagem mais bandalho mal força à fellação alguem e ja vae dando à puta as ordens: "Estará achando que terei como trabalho lavar o que bem sujo sempre está por sua causa, appenas? Ora, va à merda! Chupe e foda-se, caralho!" E penso ca commigo: "Bem eu calho àquillo, como cego, pois da má conducta não me queixo. Chupará na marra quem por bem não quebra o galho..." Alguem dum cego fica com dó? Bah! Cansei de ouvir "Tem mais é que chupá!" daquelle que lê, rindo, o que eu expalho... Pois é... Quem não se pode ver no espelho não pode pretender que quem bem vê se prive de dizer: "Você que dê de lingua um banho, desde esse pentelho mijado até o que nunca num bidê um macho lavará! Tracte você de ser meu sabonete, eu lhe acconselho..." Ouvi ja muitas vezes o estribilho sarcastico: "Tem cheiro de xixi? Pois lamba, cego escroto! Nunca vi ceguinho tanto assim da puta filho!" Calado, só obedesço. Si cahi no chão adjoelhado, só daqui levanto si bebi xixi e me humilho...
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E eu penso: "Quem perdeu de vez seu olho excolha tem? Jamais! Até cocô ja tive que comer, quando um pornô caseiro video ousaram! No ferrolho prenderam-me e disseram: "Come, pô! Sinão vae levar relho mesmo, sô!" Nos labios o cocô do chão recolho... É claro que senti de nojo o engulho! Mas tive que engolir! Esse tabu quiz Sade explorar muito... Jururu fiquei, pois engoli meu proprio orgulho... Revi-me personagem, que seu cu ainda degustou! Si fico nu, o dedo chupo quando o cu vasculho...
O POETA PORNOSIANO 65
TOLO CONSOLO [0372] (para Gabriel Limão Macchabeu) Um homem dando o cu para a mulher? Pois é, minha mulher apparesceu em casa com a cincta que tem um cacete de borracha. Me comer queria! Navegando nessas redes estão nossas esposas... Fazer querem comnosco o que fazemos nós com ellas! Comi socando forte? Quer vingança? Brincando está? Seus olhos brilham quando no thema toca. "Deixa disso!", digo. Eu, dar o meu cuzinho virgem? Nada! Sou macho! Tenho pregas! Não, sem essa! Sabendo que não faço o que ella quer, um video deu-me e disse que esse seu desejo virou moda bem commum! Até que ver machão, dando, um prazer tambem me dá, pois entre taes paredes eu proprio os comeria si me derem... Mas dar o meu, jamais! Nessas mazellas me ligo quando os vejo com a pança p'ra baixo, as mulheronas penetrando com gosto, caprichando no castigo... Mas deve dar dorzinha bem damnada, alem de degradante ser à bessa...
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Então ella provoca: "Quem disser que dóe, tá com frescura! Me comeu você e me segurei! Do seu bumbum agora tá com dó? Si não ceder, direi que tá com medo!" Vós, que vedes tal coisa, perdoae, Senhor! Esperem ahi! Para evitar novas querellas, cedi, mostrei ser macho. "Ella se cansa depressa!", até pensei. Fui arregando o rego. Me fodi! Prum inimigo não quero o que senti! Dor que me invada assim, ah, nunca mais! "Tira depressa!" Não topo nem do medico um clyster, magina si aguentei! Eu não! Não eu! Aquillo é muito duro, até meu pum bloqueia! Alem do mais, nenhum poder tem ella de sentir as minhas sedes! Nem sabe quando chega! Ah, como ferem as pregas taes consolos! As sequelas são como as de hemorrhoidas! Não! Quem dansa de novo não serei! Mas e si um bando de cornos nós ja formos? Eu me intrigo com isso... e vou topando outra trepada do typo... Mas menor comprei a peça.
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DISSONNETTO DA NYMPHETA [0374] Dedico-te esta dadiva, ó Dolores, musa divina, diva doidivanas! Recebe de presente estes sacanas bichinhos de pellucia chupadores! Serão teus companheiros quando fores brincar de bestialismo. Sem as chanas de tuas amiguinhas ou das manas, te sentes tão sozinha e tens tremores! Coitada da Dolô! Quem dera fosse dotada duma mansa passarinha! Quem dera não sahisse ella da linha! Mas não! É uma nymphomana precoce! Ja desde pequenina se entretinha em jogos de poder, potencia, posse na copula. Ao invés da balla doce, chupava e era chupada na tetinha.
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OBSOLETA BOCETA [0385] (para Diego Tardivo) Amigo meu diz: "Para que boceta, si tem filmes pornôs e tem punheta?" Quem vive solitario certamente concorda, punhetando-se contente. Nem todos que concordam, todavia, appenas quererão pornographia. Não fazem mais questão de penetrar, mas querem quente imagem no logar. Se tornam voyeuristas, mas não basta aquillo que ja choca a mente casta. Precisam ver tortura, sangue, morte em scena realista, clara, forte. Alguem mais solitario em desvantagem está, pois muitos traumas o coagem. É o cego, que ja fora voyeurista mas hoje só saudades tem da vista. Si fosse masochista, que nem eu, teria qual proveito de seu breu? Suggiro-lhe: imagine-se a mercê daquelle que bem vive e que bem vê. Jamais penetrará, mas sua bocca, por sua vez, não ia ficar oca. Teria que chupar, mas não appenas chupar: engoliria a duras penas. Peor: nem poderia ver a cara, o corpo de quem nelle penetrara. Na certa, si masoca, gozará, mas 'inda, a alguem que assiste, gozo dá. Um outro voyeurista, ao ver a scena, gozou duma cegueira tão obscena. Assim, não é por falta de motivo que somos pouco castos, diz Tardivo.
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MOTTE GLOSADO [0417] O poeta, na cadeia, faz macumba e quer vingança. Condemnado a pena feia por pornographo ser, não se conforma: appella ao Cão o poeta, na cadeia. Sua sanha não se freia e seu odio não se cansa. Mais alguem, em breve, dansa: um cagueta, um magistrado... Roga praga o condemnado: faz macumba e quer vingança.
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MOTTE GLOSADO [0418] Quando um cego engole picca, geme muda e surdamente. Num pornô video, o gordão fode a bocca dum cegueta que se engasga, caso metta fundo o algoz, e fica tão suffocado, que urra em vão. Em logar dum estridente berro, o cego que se aguente só grunhindo, egual cuhyca. Quando um cego engole picca geme muda e surdamente.
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QUEIJO DE GUEIXA [0421] Em outros desses videos é feliz o rosto da mulher que aquillo faz, ou seja, lamber tudo do caralho sebento cuja pelle ella arregaça. Mas neste é repugnancia que ella exprime emquanto passa a lingua na camada de esmegma apparentando forte cheiro. Ao menos na attitude é convincente. Detesto quando victimas servis, nas scenas humilhantes, dessas más e sadicas torturas, o trabalho performam com prazer! Quero que faça ter nojo quem a serva assim victime! Não pode parescer que a foda aggrada a alguem que faz papel de verdadeiro escravo, como faço realmente! Papeis do typo, sempre que eu os fiz, me foram repugnantes! "Mas estás, nos versos, a gozar!" -- diz quem o malho me desce. Sim, eu gozo! Quando passa o sordido momento que me opprime, ahi sim! Mas, na hora da chupada, estou sempre ennojado! Faz inteiro sentido um cego sendo obediente!
72 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PERVERSIVO [0423] No sexo, tudo vale e tudo fede. Um penis, uma chota, e está completo o coito, si é politico e correcto, mas quem corrige o sexo? Quem o mede? Na mente, ja suppuz que me controlo. Nem tudo, todavia, no tesão, se rege por sciencia ou protocollo. Trepada não é só penetração. Uns gozam quando cheiram um sovaco. Pentelho na saliva é estimulante. E mesmo bananeiras ha quem plante si o clima entre dois corpos está fracco. Tesão acho entre a sola e o proprio solo. Em mim, fica debaixo do pisão, na planta onde esta immunda lingua exfollo, a fonte da mais louca excitação. Pois é, minha libido pouco pede. Um tennis, uma bota, sem affecto: assim é meu orgasmo predilecto, ainda que, na bronha, se arremede.
O POETA PORNOSIANO 73
DISSONNETTO SUPERDOTADO [0432] O mytho do caralho grande é foda! Si dependesse disso, cem por cento dos homens tinham pincto de jumento a fim de procrear. Que triste moda! Convem que executemos uma poda no excesso desse estupido argumento. Um pau menor exporra sem tormento, na bocca e na boceta se accommoda. Tamanho é documento? Nada disso! Quanto mais curto, allonga-se o tesão. Importa é ficar firme e ter serviço. Mais vale ter um duro pincto, não um grosso, longo e flaccido linguiço. Meus dotes todos sabem bem quaes são: um phallo diminuto, um cu castiço e lingua de dois palmos num pezão.
74 GLAUCO MATTOSO
JUDÔ PORNÔ [0473] {Bollei este espectaculo, você dirá si gosta. Assistem na platéa mais homens que mulheres. Num tablado, dois cegos se engalfinham no judô. Quem perde vae chupar o vencedor. Quem vence chupará qualquer subjeito do publico que queira tirar sarro na frente de pessoas tão sacanas. Hem, Glauco? Ja pensou? Até mulheres berrando "Chupa ahi, ceguinho, chupa!" Você, que nada lucta, perderia, teria que chupar seu opponente, depois de levar surra bem levada. E então? Topava, Glauco? Que me diz?} -- Caralho, meu! Que scena! Que me dê maior tesão não penso noutra idéa. É claro que dois cegos, de bom grado, excepto si masocas, num pornô show desses não entravam sem suppor a gente que na marra, sob effeito de muita coacção. Mas mais me admarro em tal ou qual hypothese. Bananas ja dei aos correctinhos, mas suggeres tu coisa differente dessa lupa politica. Suppuz com alegria que estive nessa arena condizente com muita diversão da molecada que curte enxergar longe e ser feliz.
O POETA PORNOSIANO 75
PHANTASIA QUE ECSTASIA [0475] {Assumo que sou, Glauco, um punheteiro! E sabe qual estimulo me basta? Um filme pornographico, Glaucão! É simples: eu assisto, tiro o pau p'ra fora, a bronha batto, gozo, e prompto! Estou bem saciado de erotismo! Você tambem se basta só com scenas mentaes, pelo que disse... Estou errado? As minhas são mulheres obrigadas a abrir a bocca para a maior picca possivel de engolir garganta addentro! As suas eu supponho serem pés bem chatos e fedidos... Accertei?} -- Em parte esse seu calculo certeiro está, mas não appenas pederasta, podolatra, bem sadico ou podrão é o filme que eu curtia quando o grau da minha lente ainda, meio tonto, visão me permittia. Ainda scismo com essas scenas fortes, nada amenas. Mas outra phantasia meu tarado prazer masturbatorio ouriça: as dadas noticias dum politico que fica bom tempo na prisão, naquelle centro fatal de detenção que das ralés são fonte do temor à dura lei.
76 GLAUCO MATTOSO
DESFRUCTE NÃO SE DISCUTE [0495] {Explica-me este poncto, si és capaz, meu caro Glauco, sobre coito anal. Quem come, de cocô suja seu pincto, concordas? Fica todo malcheiroso, borrado, quando o pau dalli retira, concordas? E quem dá, dores supporta, às vezes nem supporta, tão agudas que são! Tu não concordas? Poderá, talvez, até sangrar! E se mixtura o sangue ao excremento sobre a pelle do penis, Glauco! Puta que pariu! Por que diabos, Glauco, tem quem goste de tal penetração? Ninguem desfructa total, desse prazer de gosto tão, digamos, duvidoso! Que me explicas?} -- Nem sempre o sexo anal, de Satanaz o coito predilecto, faz de tal maneira a porcaria. Não te minto si digo que evitado tenho o gozo anal, talvez por causa duma lyra oral que poetizo. Mas a torta visão que tens do rabo, não te illudas, em nada altera a graça p'ra quem dá, tampouco p'ra quem come, si tortura faz parte do tesão, caso alguem felle a rolla suja, appós o que sentiu no proprio cu, fodido por um poste. É sadomasochismo! Não discuta ninguem a dor alheia, a compulsão alheia, por trazeiros ou por piccas!
O POETA PORNOSIANO 77
DISSONNETTO DO BARRACO [0525] Maldicto! Fidaputa! Desgraçado! Saphado! Semvergonha! Salafrario! Tractante! Sacripanta! Mercenario! Chibungo! Bicha! Aidetico! Veado! Gallinha! Vacca! Syphilis do gado! Esposa de bundão! Filha de otario! Synonymo de "à toa" em diccionario! Cadella! Egua! Vadia! Frango-assado! Cadella é sua mãe! Bicha é você! É a vó! Va chupar pau! Va dar chibiu! Você que va tomar! Você que dê! Tá cada vez mais curto o meu pavio! Si muito mais fodido é quem não vê, estou de sacco cheio e cu vazio, cagando em tudo! E sabem mais o que? Mandando tudo à puta que pariu!
78 GLAUCO MATTOSO
MONIKA NIPPONICA [0531] {Coitada da japinha, Glauco! Alem de ser treinada para chupar, ella precisa se deixar filmar chupando caralhos ensebados! Você falla, naquelles seus poemas, do sebinho, mas tinha que ver como foi sebão aquillo que lambeu a tal japinha! Às vezes foi vendada, como cega chupou. Em outros videos, vendo tudo estava. Mas, Glaucão, eu nem lhe conto o quanto que ficou accumulado o sebo, typo coco ralladinho cobrindo toda a glande! A japa cheira, recua, mas accaba se exforçando e limpa aquillo tudo com a sua linguinha japoneza, Glauco! São diversos videos, pena que você não pode conferir... Que lhe paresce?}
O POETA PORNOSIANO 79
-- Paresce-me que fazem muito bem focando tantos filmes na amarella camada que esse esmegma vae formando. Mas, quanto à japoneza, de senzala jamais vae precisar, pois com carinho practica tudo quanto, no Japão, se exige da mulher. Segue essa linha sem ter, socialmente, tal entrega exposta. Bem discreta, sempre mudo é seu comportamento. Dou descompto aos videos, que exaggeram, por seu lado, na linha pornographica. Sublinho, porem, que eu, como cego, da cegueira fiz uso, ou me fizeram. Ao commando cruel obedesci. Quem prostitua a bocca me entender consegue, tão commum é ver, chupando, quem não vê. Estar no logar della... Ah, si eu pudesse!
80 GLAUCO MATTOSO
PORN FOR THE BLIND [0554] {Sabias tu que exsiste ja na rede noticia sobre cegos que pornô procuram material? Não só papaemamãe, não só normaes penetrações, mas todo typo, claro, de fetiche, de sadomasochismo ou perversão. Notei que, em testemunhos, os ceguinhos allegam que, entre eguaes, codigos ha que tudo facilitam, mas no caso dum normovisual que abborda um cego, ainda faltam codigos capazes de dar plena noção do que se quer fazer para que tenham um prazer total, justo, reciproco. Que pensas?} -- Ao pote não irei com essa sede dalguns principiantes. Ja cocô comendo sei de cegos, mas não sae nadinha disso nessas descripções que muitos consideram mau pastiche daquillo que se verte em bom calão. Só posso confirmar que, com carinhos e gestos mais gentis jamais se dá qualquer encontro fertil. Só num raso e grosso pappo à foda não me nego. É simples: com as phrases mais mordazes, o gajo de mim faz o que quizer, humilha-me, demonstra seu poder de quem pode gozar com taes offensas.
O POETA PORNOSIANO 81
DISSONNETTO DESCLASSIFICADO [0587] Um anus, um qualquer, no anonymato, de tira, de operario ou de bandido, mal limpo, algo grudado, 'inda fedido, o musculo piscando a cada flato. A bocca: bem tractada, ja que o tracto reflecte o exacto status do individuo que cede aos pés do extranho e que, opprimido, terá que usal-a, a dar banho de gatto! Cabeça entre os sapatos. Se accocora o estupido oppressor. A bocca oscula o rego bem no meio e bem na hora! O esphincter, exfregado, ja estimula o allivio do intestino, e a lingua escora aquillo que não causa a menor gula! Em verso, nisso insisto, muito embora mais queira meu leitor quando ejacula.
82 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO EMPANTURRADO [0641] Segundo o quadrinhista, uma "O" submissa ao lado do marido um restaurante visita. À mesa, o gordo accompanhante. Emquanto come, a femea elle cobiça. Cochicha algo ao marido. Este lhe attiça o lubrico appetite quando deante do amigo despe o seio provocante da esposa. Ao gordo cresce a gorda piça. Se ausenta do apposento o esposo corno, deixando a sós o gordo e a bella dama. Na mesa ainda sobra a carne ao forno. A femea se adjoelha e nem reclama do rango: de outra carne o molho morno degusta e se lambuza emquanto mamma. A scena só me causa algum transtorno por não ser eu quem leva a suja fama.
O POETA PORNOSIANO 83
DISSONNETTO REGORDADO [0642] Chupando, adjoelhada, a grossa rolla do gordo, "O" julga ser do mesmo cara que ha tempo, no castello, a chibatara até, fracca, acceitar na bocca pol-a. No traço de Crepax, a femea tola e docil foi treinada a levar vara na frente e attraz, cumprindo a regra clara que a torna mais escrava que a creoula. Um gruppo de devassos, entre os quaes seu proprio esposo, ao carcere a conduz, e o mais obeso é quem a açoita mais. Ainda que se occultem no cappuz e queiram-na vendar nas bacchanaes, o gordo a lembrará dos corpos nus. Em sonho, sou quem chora tantos ais, pois sob os pés dos sadicos me puz.
84 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO BESUNCTADO [0643] Os outros desfructavam-na por traz, de quattro, ou pela frente, em frango-assado. O gordo só queria ser chupado. Sentava-se, e a mulher fez o que faz: Appós sessões de açoite, ainda traz no corpo o cru vergão de humano gado. Aguenta a dor, joelho ja dobrado, e serve o algoz no vicio pertinaz. Começa pelo escroto, que é lambido até que mais saliva que suor o banhe. Então, a lingua alça o sentido. Alcança a glande e sente-lhe o sabor do pegajoso e fetido residuo. Chupou, mas fallou antes: "Sim, senhor!" Lamento não ser meu esse gemido de escravo, dum pau sujo o chupador.
O POETA PORNOSIANO 85
SONNETTO DO ROPTO E DO EXFARRAPPADO [0663] O penis preguiçoso e porco invade a bocca caprichosa dum veado e, quanto mais estupido e abusado, mais acha nesta a docil humildade. A lingua estabelesce intimidade total com o prepucio phymosado e, até que o folgazão tenha gozado, a bocca topa tudo que lhe aggrade. Depois do gozo, a bocca cospe fora a gosma que o sebento lhe exguichara. Pergunta o pau: "Que nojo é esse, agora?" A bocca enjeita: {Fiz por pura tara, mas quero algum asseio!} O pau se arvora: "Mais sujo é quem chupou! Nem se compara!"
86 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PHYMOSADO [0673] Boquette especialista exige a estreita phymose, p'ra que a glande não attrite. A pelle se arregaça até um limite que a lingua, na faxina oral, respeita. Ao bicco de chaleira se subjeita quem chupa, sem direito a dar palpite. Sebinho que no vão se deposite vae sendo removido, e a bocca acceita. Vae, lento, o pau bombando sob o labio, abrindo-se o prepucio no vaevem. A mijo o semen sabe, e o sebo sabe-o. Humilha-se uma bocca muito alem da suja fellação e, até que accabe o seu acto, o cego é bicho a quem vê bem. Será normal, portanto, que se gabe o chupado de exigir isso de alguem.
O POETA PORNOSIANO 87
DISSONNETTO ENCANTADO [0719] O pau me enduresceu feito madeira massiça e me lembrou tesão de mijo. Parou nessa erecção, tão firme e rijo que até me recordei da "brincadeira". Sozinho, me masturbo e, 'inda que queira, não cede a rigidez! Nem me dirijo ao velho e costumeiro esconderijo em busca dum fetiche que se cheira! Passadas horas, segue dura a picca! Ja dóe, sem uma gotta mais que exporre! Si pillulas não tomo, o que é que explica? Alguem em quem eu, sadico, desforre? Em sonho quem me engula a atroz titica? A magica palavra emfim me occorre: si a brocha um delles vivo, erecta fica ao nome dum politico que morre!
88 GLAUCO MATTOSO
INFINITILHO DA PENTELHAÇÃO [0725] {Senhor Mattoso, venho-lhe, por meio da nossa virtual rede, pedir que deixe de servir-se de expressões tão chulas, indecentes, de teor improprio para todas as edades. Talento o senhor, duvida sem, tem. Então para que tanta aberração? Façamos o seguinte: doradvante, poemas o senhor fará só com palavras elevadas, instructivas, que exaltem devoção aos mais sublimes valores da christan communidade. Agindo dessa forma, não será por mim mais accusado de deboche, excracho, perversão ou sacrilegio. Não acha razoavel, meu senhor?} -- Não só por esta rede, estou ja cheio de toques desse typo. Si mentir quizesse, eu lhe diria que Camões foi chulo tambem, como o professor que tive de Moral nas faculdades nas quaes maiores notas que eu ninguem obteve. Inda diria que mais não farei pornographia, que bastante estou arrependido, do bom tom, appenas, usarei e darei vivas à patria, a mais dureza nos regimes, à ordem, ao progresso. Mas verdade não quero que me falte. Então, que va catar coquinho peço, que lhe attoche la dentro uma cenoura, que lhe inveje o pauzão que encaro, como chupador.
O POETA PORNOSIANO 89
DISSONNETTO DA IMPRESSÃO DIGITAL [0791] A boa educação manda que o dedo jamais seja mettido onde não deve. Tirar do nariz monco nem se attreve em publico quem come e faz segredo. Politicos dedura quem tem medo de Deus só. Ja apponctar quem fura greve é facil. Mas no cu, mesmo de leve, ninguem quer a dedada: só eu cedo. O medio indica offensa quando erguido. Deitado, o indicador mostra e censura. A alliança, no anular, quasi não dura. P'ra baixo, o pollegar tem mau sentido. Mindinho levantado é só frescura. Dedão entre dois outros será tido e havido como a "figa" à qual revido. Dinheiro qualquer um delles segura.
90 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO DA LUXURIA [0832] Pensei que insaciavel era a puta que fode por prazer, mais que por grana! Que nada! Um velho ainda é mais sacana e nunca satisfaz a carne hirsuta! Na foda, pela lingua elle permuta a fragil erecção: o odor que emana da velha sem pudor na suja chana lhe dá mais appetite que uma tructa! Assanha-se o ancião quando a consorte tem cocegas por dentro! Então chupita o caldo que, excorrendo, fede forte! A velha, hallucinada, geme, grita! O velho se deleita nesse esporte! Qual sopa, cha, nem succo! Resuscita aquelle exhausto membro, em grande porte, o gosto da sardinha antes de fricta!
O POETA PORNOSIANO 91
DISSONNETTO MULTITILLANTE [0853] Lambidas pelo corpo vão mais longe que a mera zona erogena: seu campo, chimera do linguista, é ver o trampo chegar onde não chega o pé do monge. De tudo quanto em gozo a glande abrange até a sola do pé, que, estheta, encampo no acervo do fetiche, 'inda destampo panella a quem piccante rango manje. A lagryma é salgada, a cera amarga, o sangue é doce e azedo o que se sua. Mais liquida é a saliva que a descarga do semen, sem que nada a substitua. Esmegma cheira a queijo, mas embarga seu typico sabor; a femea nua a peixe sabe, em parte, e até na ilharga degusto algo que a lingua retribua.
92 GLAUCO MATTOSO
LINGUA PUTANHEIRA [1012] A lingua deflorada, puta bella, a um tempo é despudor e compostura. Menina virgem, sim, porem impura: tem cabacinho mas caralhos fella. Quero-te assim, cu doce e picca dura, caricia, acto de amor, curra barrella, que tens o dom e o vicio da donzella e o ardor da crueldade e da tortura! Amo teus bardos, anjos de Sodoma, bastardos de olho vivo e de anus largo! Amo-te, ó grosso e doloroso idioma, em que o Pae me chamou "da puta filho" e em que eu choro a cegueira e canto o encargo de usar-te a lamber botas, dando um brilho!
O POETA PORNOSIANO 93
SONNETTO UMBILICAL [1020] Cortado seu chordão, para mais nada irá servir aquelle morto poncto do corpo e, appenas quando me admedronto com cheiros fortes, dou-lhe uma lavada. Em mim é um buraquinho, mas em cada mulher ou homem faça-se o confronto e a grande differença que, de prompto, notamos é a tripinha embollotada. Com hernia ou orificio, a cicatriz deixada é tão inutil que nem ligo si offende, aos que me chupam, o nariz. Encolho-me, e lambel-o não consigo. A mim o que mais frustra é que não fiz ainda sexo oral com meu umbigo.
94 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO DO ABUSO VERBAL [1061] Explico duma vez por todas: quero sentir que ficar cego foi castigo e tudo que você fizer commigo faz parte dos abusos que tolero. Portanto, não hesite em ser severo e pode me zoar, ja que me obrigo a ouvir o que um vencido do inimigo escuta: "A sua honra vale zero!" Ao vivo, lambo até seus pés e engulo seu mijo e sua merda, caso a scena lhe cause o riso ao ver meu brio nullo. Mas saiba que a cegueira me condemna tambem a que eu engula, 'inda que fulo, offensas em linguagem nada amena.
O POETA PORNOSIANO 95
DISSONNETTO EXCLARESCIDO [1068] O passaro, si cego, melhor canta. Mulher, melhor trabalha, até na cama. Porem, o cego macho, quando mamma, milagre faz, melhor que o duma sancta. Pergunta-se, e a resposta não expanta: Por qual motivo o cego leva fama de magico ao chupar, e nem reclama si alguem quer penetral-o até a garganta? São duas as razões: habilidade maior, ao concentrar-se trabalhando: "com-pe-ne-tra-do", é como eu proprio escando. a outra é pura e simples humildade. Mais baixo é quando um macho está fellando. Não ha, pois, relação que mais degrade nem scena mais analoga à de Sade estando alguem que enxerga no commando.
96 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO INEVITAVEL [1072] "Você se sente como?" Eis a questão que indagam do ceguinho. Então respondo: {Fodido! Quem enxerga me está pondo a rolla bocca addentro!} Assim, trez são as minhas reacções: fazer que não, cuspindo a rolla e urrando com extrondo; morder aquelle anzol duro e redondo; ou só chupar, disposto a dar tesão. Nos dois primeiros casos, não evito que o cara em mim revide, violento. O jeito é achar que chupo um pirolito. Quem vê se delicia, emquanto aguento a rolla até que exporre: o cego afflicto aos outros dá prazer com seu tormento!
O POETA PORNOSIANO 97
DISSONNETTO LUBRICO [1078] Num velho pornofilme de segunda, a Linda Lovelace engole inteiro um penis bem maior que o costumeiro e mostra ter garganta assaz profunda. Mais facil que na vulva ou numa bunda, o pau entra todinho: é que, primeiro, penetra até a metade e, então, boeiro se torna a bocca, e nella a rolla affunda. Depois a gente soube que na marra a actriz tinha actuado. O que se nota na hora é a cara agonica, bizarra, carona de coitada, de idiota. Engole exguicho. Muda, nem excarra. Narinas enche o ranho. Mais que chota molhada o suor jorra. Da boccarra excorre baba... e porra, si ella arrocta.
98 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO SADOMITA [1105] O coito anal é o symbolo mais vivo do sadomasochismo, pois, emquanto gargalha quem penetra, resta o pranto àquelle que assumiu papel passivo. Na mesma proporção em que me privo do maximo prazer e me quebranto em dores, sei que um penis eu levanto com meu gemido agonico e afflictivo. O macho que cavalga em mim me enraba; questão não faz siquer de vaselina: eu mesmo o pau lhe unctei com minha baba! Colloca-me de quattro, de menina me chama emquanto fode e, assim que accaba e exporra, ainda em minha bocca urina!
O POETA PORNOSIANO 99
DISSONNETTO DA TARANTULA [1194] Disseram que meu medo duma aranha é medo de boceta! Fosse assim, qualquer pessoa, tendo pingolim ou não, uma chochota achava extranha! Peor: até mulher jamais se accanha de panico sentir com o que, em mim, provoca calafrios! Mas, emfim, quem é que, nesse horror, não me accompanha? Só mesmo quem não teve nunca a chance de estar pertinho duma cabelluda, sem vir-lhe algum São Vito que lhe accuda, se gaba de que, frente a frente, advance! Machões me contam que isso ninguem muda. Não ha pagão possesso que se admanse. Duvida da tarantula? Então danse, ao som da tarantella, a dor aguda!
100 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO DO BAPTISMO DE FOGO [1231] Será treinada para chupar picca, assim determinou a auctoridade local de occupação. Nem mesmo Sade podia imaginar o que se applica. A presa é koreana. Mulher, rica ou pobre, num quartel, faz a vontade da tropa: à fellatriz resta que aggrade ao joven japa, às ordens de quem fica. Revezam-se os soldados. Ella abbaixa o rosto, vê o caralho rude e duro, mas virgem, e na bocca o adjusta e encaixa. Quem goza, agora altivo, tem futuro bem longo pela frente (mesma faixa etaria de seu filho), e era inseguro.
O POETA PORNOSIANO 101
DISSONNETTO DA MÃO ESQUERDA [1241] Punheta-se escondido, mas declara que agora converteu-se à fé christan. Embora muito novo, acha que é san a rigida moral que recusara. Coitado do "teenager"! Tudo é tara perversa e demoniaca! A maçan mordida continua sendo, e van a predica attirada em sua cara! Trepada? "Só depois do casamento e, mesmo assim, é para ter nenen!", affirma o adolescente, ao Papa attento. Suppõe elle que enganna, agora, a quem? Faltava aqui mais solido argumento. Escuto o que me conta, e digo "Amen!", mas rio-me por dentro. Ao pau sebento com mão direita a esmolla dou, tambem!
102 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO DA FUGA SUBITA [1249] Cagava a nymphetinha quando, rente ao vaso sanitario, a enorme aranha do pé se lhe approxima. Muita manha tem feito a adolescente, ultimamente. Recusa-se a comer, a boba, crente que assim mantem a forma. Nem se accanha ao ver-se pelladinha e, mal se banha, desfila e posa, dum espelho em frente. Agora, sentadinha na privada, exquesce, por um tempo, seu corpinho ao qual ainda falta algum carinho e exforça-se em cagar, compenetrada. A aranha, cujo pello é como o espinho, lhe roça a pelle pallida, coitada! A joven nympha corre, 'inda pellada, e excorre-lhe o cocô pelo caminho.
O POETA PORNOSIANO 103
DISSONNETTO DO CLIENTE EXIGENTE [1261] O pau pode ser sujo, mas a bocca precisa sempre estar muito limpinha. Assim pensa o cliente, que expezinha a puta chupadora, e nem se toca. Não quer elle saber si ella é masoca; importa é receber a chupetinha completa, no capricho, como a minha no pau de quem enxerga e me provoca: "Então, ceguinho? A bocca tá lavada? Não quero bocca suja no meu pau! Sujeira, basta a minha!" E dá risada da minha posição no baixo grau. Eu vou me degradando, vez mais cada, e, emquanto elle desfructa e geme um "Uau!", lhe lavo com a lingua uma ensebada piroca, supportando o cheiro mau.
104 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO DOS TRAJES MENORES [1337] Dizer "roupa de baixo" se supera. ninguem disse "cueca" nem "calcinha" em publico ou num texto... Isso ja era! Agora é o que se falla e se escrevinha! Os homens madurões não usam mera "ceroula", ou "minhocão": isso ja tinha que estar ultrapassado a quem (Pudera!) achar "samba-canção" mais folgadinha! Da sunga o que se quer é que o volume dos bagos e do pau se encaixe e arrhume mais alto, e não à esquerda ou à direita. As bichas attenção prestam na "mala"; mulheres se limitam a encaral-a com cara de quem diz: "Tudo se adjeita!"
O POETA PORNOSIANO 105
SONNETTO DA EXPORRADA DESFORRADA [1356] Pegaram-no as meninas na cilada e delle se vingaram! Cada uma aptou-lhe o braço, a perna: agora nada impede que o commando a turma assuma! Fodera o garanhão a namorada de cada "bom rapaz" que ao local rhuma a fim de desforrar: uma porrada o joga ao chão! De raiva o cara espuma! Meninas e rapazes dão, com gosto, pisões e ponctapés naquelle rosto que nova humilhação conhescerá: Chupado, cada qual, por sua "mina", exporram-lhe na bocca, e nella urina um delles, que vingado agora está!
106 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO DA LINGUAGEM CIPHRADA [1409] Faz bem a Ritta Lee, quando ella troca por "lesma lerda" a "mesma merda": um dia foi isso necessario. O tempo evoca regimes de censura e tyrannia. "Sifu" foi "se foder", como "masoca" seria o masochista. Se abbrevia em "paca" o "p'ra caralho", e bronha toca si "expouca a silibrina" quem espia. "Cacilda" foi "cacete", e "encher o sacco" virou "...a paciencia". Do sovaco o cheiro era "cecê". Porem do pé "chulé" nunca foi feio quando dicto, mas, hoje ainda, passa por "maldicto" quem põe chulé no verso, e "chulo", até.
O POETA PORNOSIANO 107
DISSONNETTO DA PHANTASIA SEXUAL [1410] Perguntam-me si, perto dos septenta, na cama a gente ja a brochar começa. Respondo que a piroca ainda aguenta, mas, quando accaba, nunca recomeça. Mais liqüida a descarga se appresenta e noto estar gozando mais depressa. O tempo de intervallo agora augmenta. Não ha, porem, razão que o gozo impeça. Em duas situações, a picca dura me fica num instante, e assim perdura: si sonho ou si um politico se fode, ainda que a noticia só me engode. No sonho, lambo pés e chupo picca, e, quando a vida delles se complica, na bronha elles são cabras e eu sou bode si for jocoso o gozo que me accode.
108 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO DOS PESOS TEXTUAES E DAS MEDIDAS PENIANAS [1420] Criterios engraçados tem a imprensa accerca do que seja ou não obsceno: ao texto pornographico nem pensa em dar um editor qualquer terreno. Siquer o quadrinhista tem licença si a tira for de explicito e de pleno contacto sexual... Mas nada infensa se mostra a midia quando é o traço "ameno". E por "amenidade", o que se entende? Humor, como o do Glauco, que só rende sorrisos innocentes de quem leia? Si o penis do leitor ficasse duro até com tal desenho, eu asseguro que, como o meu poema, a coisa é "feia".
O POETA PORNOSIANO 109
DISSONNETTO DO CORNO ASSUMIDO [1440] Amigo meu, que é corno, justifica: "Melhor é dividir a doce canna do que chupar sozinho a mexerica azeda..." E assim, sorrindo, elle se damna! E quanto à tal doçura? Chupa a picca dos dois? E chupará com egual gana? Eu ca ja sou mais practico: quem fica com ella é meu rival, que é mais sacana! Assumo, alem de corno, que sou macho de menos: pangaré frente ao cavallo. Por isso que, antes della, ja me aggacho, tractando de chupal-o e preparal-o! Depois de desfructal-a, satisfeito, e vendo que fui feito de vassallo, o cara 'inda me manda, que eu acceito, servir-lhe um cafezinho no intervallo...
110 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO DA SERPENTE IMPOTENTE [1441] Cantava o Raul Seixas: "Minha cobra está a fim de comer a sua aranha..." ou coisa parescida. Quem me cobra que coma sua aranha é que me extranha. Não vê que é meu machismo que se dobra perante outros mais machos, e que a manha que fazem as mulheres é manobra inutil? Qualquer homem de mim ganha! Em vez de perder tempo dando em cyma de mim, por que não canta alguem que exprima em verso seu orgulho masculino? No maximo, esta cobra se contenta sabendo que as aranhas affugenta e que, ao cantar de gallo, eu desaffino.
O POETA PORNOSIANO 111
DISSONNETTO DO GENTIL SERESTEIRO [1463] Amada Clara, minha amada Clara, em versos cantarei a tua cara! Amada Beatriz, tu, Beatriz, verás que cantarei o teu nariz! Querida Conceição, canto-te a mão! Querida Nazareth, canto-te o pé! De ti canto, Raymunda, como não podia me ommittir, a bunda, né? Cantei, da Julieta, a bocetinha, alem de, em Portugal, cantar a conna. O cu cantei, tambem, da Luluzinha. Nem fallo das mammonas da Ramona! Cantei, por ser pequena, a Magdalena e, fina, a Josephina. Quem, grossona, cantei foi a Godiva. Mas a pena nem vale Amor cantar à minha dona.
112 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO DO TROVADOR PROVOCADOR [1464] Accorda, minha amada, que te espero debaixo da janella! Mas ruido não faças, que teu mano é mui severo e, caso me descubra, estou fodido! Tambem, meu bem, a outra fui sincero e estive-lhe à janella... Mas bandido é seu troncudo irmão, e aqui nem quero lembrar quando pegou-me, alli, despido. Ao ver-me assim exposto, o marmanjão, na sua adolescente e verde edade, me fez logo chupar e, como não bastasse, me enrabou sem piedade! Por isso, meu amor, toma cuidado, pois corre grande risco quem se evade e, si teu mano pega-me pellado, Deus sabe la o que eu faça que lhe aggrade!
O POETA PORNOSIANO 113
SONNETTO DA CLOACA BEMDICTA [1468] No fundo do boteco, logo à esquerda, a porta ja dispensa adviso escripto, tamanha a fedentina! Pura perda de tempo reclamar do antro maldicto. Do vaso, ja sem tabua, a verde merda transborda! Quem, coitado, tenta, afflicto, alli se alliviar, que agguarde a lerda cagada dalgum bebado e ouça o grito: "Tem gente!" Emfim, o cara desoccupa. Assim como quem senta na garuppa da moto, outro appertado suja a bunda. Achar papel alli, só mesmo em sonho. Ainda assim, cagado e ja risonho, o cara até abbençoa a fossa immunda.
114 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO DA DATA RECUADA [1492] Anno do nascimento de Aretino, mil, quattrocentos e noventa e dois é sapphico no accento, um verso fino e delicado: o acho invertido, pois. Abrindo outro quartetto, nem defino ainda qual o thema. Elle compoz sonnettos fescenninos, mas seu tino foi bom em muitos generos pornôs. Alem de chantagista de má fama, revela o que, tambem fora da cama, os homens do seu tempo practicavam. Bocage era seu fan, mas me limito a registrar aqui, do auctor maldicto, um anno que os annaes do verso gravam.
O POETA PORNOSIANO 115
SONNETTO DO PAE DA MATERIA FECAL [1511] De alguem que não tem nada de retrô (por ser bastante joven) recebi uns versos que questionam meu pornô sonnetto em que affirmei beber xixi. Pergunta-me esse joven si cocô cheguei a degustar. Respondo aqui que ainda não, mas digo "sim sinhô" si manda-me comer e de mim ri. O joven que me manda o sonnettilho edade até tem para ser meu filho, mas sabe que o sonnetto não decae. Assim, Mattheus, teu troço saboreio, si achares divertido, e nada feio, que coma merda quem não é teu pae.
116 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO DA CANTIGA DE AMOR [1512] "Filhinha, amor, vem ca. Só pro papae, amor, me conta aonde foste tu passar a madrugada! Conta, vae!" -- Ah, papaezinho, va tomar no cu! "Filhinha, onde estiveste a noite toda? Com quem sahiste, amor, algum velhaco? Não temes, meu amor, que alguem te foda?" -- Ah, foda-se, papae, não me encha o sacco! "Não falles desse modo! Filha minha não pode ser quem tudo desaccapta, não pode se portar como gallinha!" -- Ah, chega disso, pae! Que coisa chata! "Mais uma, e te arrebento de pancada! Não fica a coisa, para ti, barata, ouviste? Vaes ficar descadeirada!" -- Ah, jura, pae? Me batte? Ah, va, me batta!
O POETA PORNOSIANO 117
SONNETTO DA PUTA PAGANDO O PATO [1526] A puta está parada na calçada. Disseram que era puta. Não importa. O carro passa, vindo da ballada e cheio de rapazes, se reporta. Ao vel-a, estacionaram. Abre a porta um delles e ja parte, na porrada e rindo, para cyma della... E morta agora está, no chão, outra empregada. Chutaram-na os rapazes, sem razão alguma, ou o motivo que elles dão é o facto de ser puta... E si ella fosse? Teria de morrer levando tennis na cara quem ja leva sempre o penis na bocca, ainda achando a picca doce?
118 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO DA FUTEBOLINA [1529] Alem da puta simples, sem mania, da "groupie", da Maria Gazolina, tambem se faz menção à tal Maria Chuteira, que commigo algo combina. Só fico imaginando o que faria quem usa dessa alcunha nada fina a sós com algum craque que sacia na dicta seus desejos de bolina. É claro que as chuteiras lhe descalça a puta, cuja pose não é falsa na scena em que cafunga na canhota e numa sola grossa a lingua bota. Não tenho a menor duvida que o craque, embora um gol no campo não emplaque, lhe mette o pé na bocca e o pau na chota, mas isso a midia cynica nem nota.
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SONNETTO DA BRONHA SEMVERGONHA [1552] Masturbo-me 'inda muito, mas agora contento-me com tennis ou com bota da minha sapateira. Foi embora, faz tempo, o ultimo par da alheia quota. Si alguem fosse jogar um tennis fora, pedia eu, pagava até uma nota e o cara perguntava: "Você adora chulé de tennis podre?" Que chacota! Eu pouco me importava com o sarro: queria era gozar com meu bizarro prazer de quem fareja odor de queijo. Mas hoje ja não peço: só si alguem quizer presentear-me com um bem podrão, é que aggradesço e o pé lhe beijo!
120 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO DO SEXO LIMPO [1611] Aseptico, asseado, elle, comtudo, exige da mulher que sempre venha chupar-lhe o pau lavado. É caralhudo e exforço cabe à bocca, que se empenha. Ainda que a hygiene seja um mudo accordo, quando a docil bocca ordenha a porra do subjeito, algum mehudo, minusculo sebinho alli se embrenha, ou, quando não é sebo, é o proprio mijo que deixa seu cheirinho nesse rijo cacete a ser mammado longamente. Coitada da mulher! Finge que approva o asseio do marido, mas escova com cremes perfumados o seu dente.
O POETA PORNOSIANO 121
DISSONNETTO DO COITO NA PENUMBRA [1627] Em pleno "frango assado" está o casal. A chota, penetrada, se arreganha. O pau, indo e voltando, dá signal de que ja vae gozar onde se banha. A cama, sob os corpos, range e mal supporta o peso quando, assim que a sanha se abbranda, os dois se abbraçam no final. É quando, de repente, surge a aranha! Não pensem que exaggero nisto eu puz. Estava sob o estrado e, saccudida, resolve reagir, puta da vida, dispondo desse mar de corpos nus. Que faz a aranha? Alguem melhor deduz? Attacca e injecta, na primeira pelle que encontra, seu veneno! Antes que appelle a Deus, a moça grita e accende a luz.
122 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO DOS BICHANOS FANCHONOS [1644] O Lobo, em seus sonnettos, não perdoa naquelles cortezãos a veadagem. Ao ar palaciano de Lisboa critica os fricoteiros que assim agem. Se queixa de que ja não se appregoa o corpo feminino e que a linhagem dos grandes fodedores mais se doa ao ver desmunhecar do padre ao pagem. Até em cachorro e gatto, se lamenta o bardo pornographico, a nojenta e podre fanchonice augmenta e grassa. Somente pau e cu se valoriza, alem da mão, é claro, pois à guisa de bronha é que os poetas acham graça.
O POETA PORNOSIANO 123
SONNETTO DA SURRA DE PICCA [1651] "Tá prompto p'ra appanhar?", falla o chupado. Quem chupa nada falla: só tem anxia. Alem de engolir porra do ensebado caralho, o cara engole essa arrogancia! Ao céu da bocca o penis é levado até que o gozo alcance a culminancia. O mudo fellador, por outro lado, está no inferno até que o phallo alcance-a! Trabalho de lamber, do sacco à glande; trabalho de mammar, emquanto brande a lingua, que por baixo a rolla escova. Maior trabalho ainda a bocca tem na hora de appressar o vae-e-vem, levando, pois, do penis uma sova.
124 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO DA ZONA ESCROTA [1652] Si o pé do ser humano é tido como seu poncto baixo, sujo, oppressor, mau, alguma analogia ao caso sommo, dizendo ser o sacco o pé do pau. Si o penis por um cara erecto tomo, o escroto é o que lhe tem inferior grau, quer sejam os testiculos dum homo ou do michê mais masculo e vagau. Quem é que num colhão os labios colla? Os bagos, como os pés, teem pelle grossa que cheira forte e causa nojo à nossa narina, lingua ou timida beiçola. Tem bafo de ovo putrido uma bolla. Lamber, portanto, o sacco, e até chupal-o, mais justa e propriamente do que o phallo, rebaixa a bocca humana, como a sola.
O POETA PORNOSIANO 125
DISSONNETTO DO FILME PORNÔ [1675] Ninguem exporra dentro! Trepa a puta em tudo quanto é pose e posição: deitada; de joelho; à força bruta boquettes paga; engole um caralhão. Coqueiro e frango-assado ella executa com rara habilidade, e a direcção do filme, amadoristica e fajuta, repete aquillo a poncto de exhaustão. Maior repetição, e mais peora. Porem jamais o penis ejacula emquanto a puta o tenha dentro, engula ou cubra com a mão: tem que ser fora. De forma cansativa algo se explora. A porra é branca, espessa, e tanto abunda que faz a cobertura, sobre a bunda, como o glacê no bollo, que o decora.
126 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO DA GRAPHIA POLITICAMENTE CORRECTA [1683] Se escreve que é "veado" ou que é "viado"? Se escreve que é "boceta" ou que é "buceta"? Depende da intenção: si o bicho é dado por macho ou si a conducta o comprometta. Si o bicho é "bicha", um "I" será graphado; si appenas bicho, um "E" faz a canneta. E quanto à chochotinha? Algum boccado de pecha está no pau que se lhe metta? O estojo de rapé ja está em desuso, no proprio territorio, o solo luso, e ja ninguem precisa desses termos. Da vulva todo mundo necessita, até quem não adspira, traga ou pitta, pois della dependemos ao nascermos.
O POETA PORNOSIANO 127
DISSONNETTO DA TITHIA QUE TITILLA [1689] A thia solteirona causa intriga no seio da familia: dá palpite em tudo, attiça a raiva, inveja instiga... Paresce que ninguem lhe impõe limite! Agora ella se mette si a mãe grite mais alto com a filha, sua amiga. Extranha, essa amizade! E não admitte que alguem as accompanhe la na Liga. As duas só la vão quando as senhoras se ausentam, mas não vão fazer crochê, tricô, nada! Trancadas, passam horas jogando sabe la Deus Pae o que! Catholicas, as velhas nem suspeitam de nada. Mas você... Tambem não crê que as duas, nos divans, rollam e deitam, brincando de quem coma e de quem dê?
128 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PARA OS SEIOS [1722] Peituda, o "sutian" della equivale a um par daquella bolla que se chuta. Famosa, a artista é rara, que se eguale a ella: uma Mae West? Ah, não disputa! Fafá tambem não dá razão que falle alguem em comparar... O que se escuta, porem, dessa menina não lhe vale melhor reputação do que a de puta. Assim accerca della eu ouço ou leio. É attraz dessas mamminhas que a ralé paresce estar correndo... Mas qual é, pergunto, o maior charme desse seio? Talvez o seu adspecto obeso ou cheio. Talvez os gajos queiram só mammar e achar tambem um optimo logar para a penetração: dos dois no meio.
O POETA PORNOSIANO 129
DISSONNETTO PARA UM BEBÊ CHORÃO [1747] Emquanto o bebezinho dorme, os dois recemcasados trepam. De repente, no meio da chupeta, param, pois accorda o fofo e chora, descontente. Na hora o gajo brocha! P'ra depois ja fica aquella foda! A mãe se sente forçada a outra chupeta, e o nome aos bois convem que se lhes dê na voz corrente. Por codigo um calão não se permuta. "Chupeta" a gente "dá" para a creança, mas "faz" quando o chupado só descansa depois de ejacular, como um chicuta. Quem preza seu orgasmo não relucta. Si o gajo não gozou, tanto peor! Agora o bebê sabe ja de cor os termos da expressão "filho da puta".
130 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PARA A TRADIÇÃO GREGA [1826] Havia a differença: sodomita é quem toma no rabo. O pederasta appenas chupa rolla. Hoje se cita qualquer desses dois termos, e ja basta. O que seria a practica maldicta, ou seja, o coito anal, à baixa casta dos putos se reserva, e o rabo evita quem ao adolescente uma asa arrasta. Faz parte da ancestral litteratura: Dos jovens não queria o professor o cu foder, nem ser fodido: a dor de tal penetração ninguem attura! A coisa não ficou, comtudo, obscura, pois a bocca no penis do rapaz foi tão obrigatoria, que ja faz até parte, nos vasos, da gravura.
O POETA PORNOSIANO 131
DISSONNETTO PARA UM NAMORO ADOLESCENTE [1831] O joven, preoccupado, ao seu doutor pergunta por que sua namorada recusa-se a chupar. "Será o fedor? Mas sou tão hygienico!" Qual nada! Tem nauseas, a coitada, mas, si for verificar direito, está lavada a rolla do rapaz... Tanto pudor tem uma explicação ja bem manjada. Aromas e sabores o rapaz no proprio pau passou, mas melhor faz si, em vez de lhe pedir, commande a "dona", a menos que elle sonhe em lamber conna. Chupar, com nojo ou não, a gente obriga! A moça que obedesça! Si der briga, o gajo logo encontra outra boccona, quer seja num namoro, quer na zona!
132 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PARA UM SONHO DESFEITO [1863] Na hora em que appagou a luz, estava a moça se lavando: tinha ja limpado seu cuzinho, e agora lava a estreita bocetinha, que não dá. Sem agua quente, fica a moça brava e tenta se enxugar. Quando ella está ficando quasi secca, o braço trava, de subito, seu gesto... Que será? Sentiu a coceirinha pela perna, de leve, e sua mente ja se assanha suppondo uma caricia meiga e terna que sempre desejou e que não ganha. Então voltou a luz e, horrorizada ficou com uma scena assim tamanha: percebe que a coceira é provocada por uma cabelluda e negra aranha.
O POETA PORNOSIANO 133
DISSONNETTO PARA UMA FELLAÇÃO PEDERASTICA [1891] A bocca, para a frente e para traz, se move, calmamente, dando o banho de labios e de lingua. Dum rapaz bem novo é o penis, regular tamanho. O joven movimentos lentos faz, bombando e penetrando, e aquelle extranho e sadico invasor cotuca assaz profundo... Do nariz excorre o ranho. A lingua, sob a glande, vae e vem. O pau querer entrar paresce, inteiro. Dos floccos de sebinho, então, ja nem importa mais o gosto, nem o cheiro. A porra exguicha, grossa, copiosa, qual pela mangueirinha do chuveiro. Sorri, cynico e lubrico, quem goza. Engole e engasga quem foi chupeteiro.
134 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO PARA UM BAFO INCONFUNDIVEL [2003] Quem chupa tá fodido mesmo, e não tem nada que ficar se incommodando si o pau tá sujo ou limpo, ou si questão faz de exporrar quem voz detem de mando. E quem goza a chupada tem noção appenas de seu gozo e, si foi brando ou não nos movimentos ou sabão passou ou não no pau, nem tá ligando. É como diz o velho manual erotico: será consensual que faz a fellação feder quem fella. Jamais da bocca um halito é perfume si accaba de deixar que nella espume a porra, e mijo ou sebo por tabella.
O POETA PORNOSIANO 135
DISSONNETTO PARA UMA AGUA TIRADA DE JOELHO [2020] A bocca, ja treinada, prompta fica a abboccanhar a rolla emquanto mija. Appós um longo jacto, extanca a picca por um momento, ainda não tão rija. A um novo jacto, bebe dessa bicca a bocca, que, ennojada, não se allija. Agora frente a frente, se dedica appenas a chupar como se exija. No vaso, ainda espuma a quente urina com gosto effervescente de placebo. Na glande a lingua faz uma faxina geral e, alem das gottas, limpa o sebo. Mijar assim é como um duplo gozo, accyma do que eu proprio, a sós, concebo. Alem de alliviar-se, o pau seboso me engasga ao exporrar, e tudo bebo.
136 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO PARA UM PRAZER VISUAL [2034] Accabo de mijar. A sensação de allivio é tão gostosa, que a comparo a um gozo de pau molle. Por que não gozar mesmo, em seguida? Então reparo melhor em quem, ao lado, jaz no chão à espera, de joelhos. Paga caro (Azar o delle!) a perda da visão: se guia pelo ouvido, o tacto, o faro. Estallo o dedo. A cara elle approxima da minha rolla. Encosta a bocca. Em cyma da lingua exposta ainda pinga o mijo. Treinado, elle abboccanha. A rolla cresce. Que sarro! Exporro como si estivesse fodendo uma boceta: o pau bem rijo!
O POETA PORNOSIANO 137
DISSONNETTO PARA UMA OVELHINHA DESGARRADA [2035] Mas que menina linda! Venha ca! Aqui, com o tithio! Qual é seu nome? Cadê sua mamãe? Vae voltar ja? Não fique preoccupada! Ella não some! Mamãe lhe dá presentes? Papae dá? E que mais quer ganhar? Quer balla? Tome! Alli vendem brinquedos! Vamos la? Tambem vendem pipoca! Está com fome? Que foi? Não é com força que eu aggarro! Me dê a mãozinha! Assim! Está com medo? Tithio não vae morder! Ainda é cedo! Que tal dar um passeio no meu carro? "Mamãe, foi assim mesmo como narro! Foi elle, sim, mamãe! Quiz me foder! Babaca! Accreditou que tem poder de seducção? Em velho eu não me admarro!"
138 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PARA UMA GAROTA QUE NÃO É DE QATIF [2042] Que tenho a declarar? Fui sequestrada, sahindo à rua à noite, por bandidos! Levaram-me ao seu antro e fui, por cada um delles, suja, em todos os sentidos! Foderam-me na bocca! Penetrada me vi de todo lado! Meus gemidos inuteis foram sempre, pois que nada commove esses machões embrutescidos! Podemos ser, nós mesmas, as culpadas? Clemencia, meritissimo, eu lhe imploro! Si saio condemnada deste foro, coitadas das mulheres estupradas! "Mulheres temptadoras são damnadas! Culpada foi você, que os provocou! Em nome do Senhor, pois, eu lhe dou sentença de duzentas chibatadas!"
O POETA PORNOSIANO 139
DISSONNETTO PARA A LINGUAGEM DESBOCCADA [2069] Foi uma camonista quem me disse: "Vocês só valorizam de Bocage a face pornographica, a chulice, por serem brazileiros..." Que bobagem! Tambem os portuguezes à boccagem do Mestre dão valor! Contra a mesmice, poetas revoltados assim agem! Não fosse tal angustia o que eu sentisse! Não ha por que temer nosso calão! Bocage, como Kafka ou como Belli, fez como quem aos posteros appelle que rasguem seus escriptos, mas em vão! Ninguem, por ser mais chulo, é menos são, pois é na obscenidade que um auctor demonstra ser humano! Hoje um valor mais alto ao palavrão os homens dão.
140 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PARA UM SABOR ARTIFICIAL [2070] Dum cego a bocca inutil se alimenta do alheio pão que é dado. Muito justo, portanto, que ella, esteja ou não sedenta de rolla, leve a dicta, alem do susto. Eu proprio, quando chupo, mesmo a custo, alguma rolla suja, de nojenta não chamo: seu sabor provo e degusto tal como si a chupar balla de mentha. A bocca que a chupar está se cala. Ser util, para um cego, significa chupar de quem enxerga a dura picca e ouvir as gozações que o gajo falla. Um gajo bem chupado se regala. Appós haver gozado, elle graceja que, como não tem gosto de cereja, que eu finja ter sabor de mentha a balla.
O POETA PORNOSIANO 141
DISSONNETTO PARA QUEM FICA CHUPANDO O DEDO [2088] O joven se approveita da cegueira do velho e della zomba. Nem duvida que o cego se subjeita ao que elle queira e accapta qualquer coisa que decida. Mandou chamar, então, uma rameira e, emquanto a fode, o cego nem convida. Só resta, a quem não vê, ficar na beira da cama, ouvindo a puta ser fodida. Alli, se remoendo no seu breu, o sacco do rapaz o cego escuta battendo, em plena copula, na puta, que ja chupou-lhe o pau e os pés lambeu. A puta, bem bombada, se fodeu. Depois que a vagabunda foi embora, o joven chama o cego e diz: "Agora é sua vez!" E quem chupa sou eu.
142 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PARA A VOCAÇÃO DO CEGO [2089] Chupar, a quem é cego, significa contacto com o mundo que o rodeia e humilha: o sujo gosto duma picca se torna o paladar que saboreia. Apprende a dar prazer assim, e applica a technica sem nojo: mal tacteia a rolla, sente o cheiro, mas não fica parado, e logo está de bocca cheia. Eis como o seu destino um meme escreve: A lingua, ja treinada, o cego move por baixo da cabeça: caso escove direito, o pau exporra em tempo breve. Não faz cu doce a bocca, nem faz greve. Os labios vão, em volta do caralho, de leve deslisando. No trabalho capricha o cego: assim faz o que deve.
O POETA PORNOSIANO 143
DISSONNETTO PARA UM PERIPAQUE SEM DESTAQUE [2099] No quarto do motel, o velho exhala um ultimo suspiro: o comprimido tomado foi demais para quem galla ja nem tem no colhão, que está rendido. A pobre prostituta ainda falla: "Vovô! Que foi? Accorda!" Addormescido, porem, elle jamais irá escutal-a, tampouco dar ouvidos a Cupido. Chamada a portaria, alguem accorre e encontra uma menina, 'inda de porre, tentando despertar uma carcassa que dessa noite tragica não passa. Nenhum policial se surprehende com mais esta occorrencia, que não rende siquer noticia nova para a massa que curte nos jornaes qualquer desgraça.
144 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PARA UMA MULHER DAMNADA [2117] Ficou, na Parahyba, Cabaceiras famosa pela cega que dizia: "Eu quero é me lascar!" Entre as rameiras, nenhuma mais soffreu da freguezia. Fodiam-na na bocca! Com maneiras estupidas forçavam-na, e ella abria boceta e cu, que as piccas mais grosseiras em carne viva punham, na sangria! Sahiam sem pagar e a pouca grana ainda lhe roubavam! Quem se damna assim aguentaria um lupanar? Assim quem quereria se damnar? Pois ella alli ficava! E quando alguem, lhe escuta o choro e soccorrel-a vem, terá de ouvir: "Eu quero é me lascar!" Queria estar alguem no seu logar?
O POETA PORNOSIANO 145
DISSONNETTO PARA A ANIMALIDADE DO HOMEM [2185] Emquanto chupa, curva-se. A cabeça levanta, abbaixa... O penis apparesce, e logo some, para que apparesça de novo, e vae crescendo mais, e cresce. O labio se arredonda: que humedesça o thallo, pois o pau não admollesce até que a porra excorra! Como prece, a lingua mexe e a baba expalha, espessa. Engasga, engulha, grunhe uma garganta a fundo penetrada, qual dum casco as bolhas no gargalo. O pau levanta ainda mais, sentindo que é carrasco. E jorra a porra: a bocca appara tudo, engole. Me supponho alli, me lasco, encarno, e sobre o penis cabeçudo um beijo ainda é dado, ja sem asco.
146 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO PARA O LIVRE COMMERCIO [2308] Sou puta, mesmo, e tenho orgulho disso! É minha e estou vendendo: o que ha de errado? Me exponho, ora aqui dentro, ora do lado de fora, e nunca durmo no serviço! E sabe duma coisa? Nem cobiço melhor compensação! Nunca me enfado! Ja tive até cliente appaixonado, querendo ter commigo um compromisso! A coisa que, na vida, me emputesce é aquella mulher "seria", tão mettida, que é como si boceta nem tivesse! Na moita, ella percebe que esta vida dá lucro e dá prazer! E o que accontesce? Me rouba a clientela e me endivida!
O POETA PORNOSIANO 147
SONNETTO PARA UM ONUS E UM BONUS [2320] Mulheres se recusam, admehude, a abboccanhar e, quando alguma acceita, não faz uma tarefa tão bem feita, pois acha engolir porra um onus rude. Eu, desde que estou cego, nunca pude dizer que recusava: a bocca, affeita ao penis do rapaz que se deleita, engole tudo, em docil attitude. Ao joven sei que devo me humilhar durante a fellação: 'inda me obrigo a dar-lhe um prazer-bonus ao olhar. A scena elle contempla: mal consigo sorver sem engasgar, e meu esgar soffrido mostra o quanto amo o castigo.
148 GLAUCO MATTOSO
SONNETTO PARA UM SONNETTISTA METTIDO A METTEDOR [2377] Acceito eu, no primeiro, que o Gustavo, com base no Gregorio e no barroco, se metta a sonnettar, me dando o troco dos mil que fiz, ao menos num centavo. Agora, no segundo, brado "Bravo!" por elle me exporrar e no meu oco buraco, ao penetrar, cause o suffoco que pune um cego e o torna seu escravo. Portanto, no tercetto, eu lhe aggradesço por ter na minha cara posto o pé, mandando que o lambesse, e pago o preço. Quem foi que me mandou pôr tanta fé no raio do sonnetto? Reconhesço, na marra, que o Gustavo fodão é!
O POETA PORNOSIANO 149
SONNETTO PARA UM VOCABULO MASCULO [2403] Ha certos palavrões para os quaes não exsiste explicação, como "caralho". Si "do caralho" é "duca" e "p'ra caralho" é "paca", não será contradicção? Por que? Ora, por causa da noção que tem o povo de poupar trabalho: vive encurtando, p'ra quebrar o galho, buscando sempre a minima extensão. Si o termo encurta, aquillo que elle expressa é tanto mais viril quanto mais longo: o macho quer que um palmo o pau lhe meça. Quer mais, para ser franco... Eu não prolongo o caso porque nunca passa dessa medida a picca, excepto... la no Congo.
150 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PARA A ANATOMIA DA VULVA [2512] Amigo meu de infancia sempre tinha alguma perguntinha de algibeira. Exemplo: si a mulher, de Adão herdeira, tem penis, tem um homem bocetinha? {Ei, como assim?}, a gente logo vinha p'ra cyma. Elle explicava: "ora, quem queira saber, veja na puta mais rampeira o grelo advantajado: é uma rollinha!" Si exsiste um pau la dentro da vagina, cadê, no macho, a chota equivalente? Ao menos algum traço se imagina! Bobagem de creança. Mas a gente no sacco a procurava e, na bolina, não era aquella fenda tão ausente. Creança até nem muito pequenina suspeito que julgar-se femea tente.
O POETA PORNOSIANO 151
DISSONNETTO PARA UM BIGORRILHO [2545] Ouvi, quando creança, uma canção extranha: bigorrilho que fazia mingau. Pode soar pornographia tirar do pau cavaco, não é não? O Antonio, que trepava, com tesão devia, é claro, estar! Que mais faria aquelle que "sirica" todo dia no pau? Faria só masturbação? Na minha cabecinha, o tal mingau de porra não passava! Eu sei, vocês dirão que sou tarado em alto grau e só de sacanagens sou freguez. Talvez sacana assaz me seja o pau, mas pensem bem: o cerebro que fez aquella musiquinha teve um mau, ou casto pensamento? Errou, talvez?
152 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PARA UMA CONCENTRAÇÃO MASCULINA [2562] Que foi? Tá me extranhando? Eu, não! Não acho nenhum homem bonito! Eu acho feio aquelle caralhão duro no meio das pernas! Molle, então, é um esculacho! Tou fora! Não supporto esse relaxo de quem não toma banho! Quero asseio, perfume, perna lisa, seio cheio! Boceta, emfim! Qual é? Sou cabra macho! Cecê? Braço pelludo? Eu, hem? Que nada! Bigode? Barba dura? Basta a minha! Ver pela frente, só mulher pellada! E, mesmo assim, precisa ser gattinha! Fallando da fatal rapaziada, aqui no vestiario, essa morrinha damnada de marmanjo me faz cada vez mais carente duma bocetinha!
O POETA PORNOSIANO 153
DISSONNETTO PARA UMA CANTIGA DE FODA [2668] Yoyô quer o cabaço de yayá. Yayá quer o caralho de yoyô. O tempo de creança ja passou. Passou essa ciranda toda, ja. Agora o pirolito appenas dá bombada, quando batte, e mais pornô ficou a poesia, pois ja vou dizendo sem rodeio o que vem la. Melhor, agora, é a gente ejacular na bocca, no cuzinho ou na boceta, pois cada buraquinho é um bom logar a quem não se contenta com punheta. Si cedo ja sahiu do proprio lar, chupar um pirolito, antes que metta no furo, é a mais feliz preliminar na dansa da creança que é espoletta.
154 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO PARA UMA DANSA A DOIS [2669] Um meia-nove é facil que nem valsa. Ficamos, eu p'ra ca, você p'ra la. Aqui na cama, o espaço sempre dá. Espere eu só tirar a minha calça. "Rancheira", antes chamavam. Esta é falsa. A verdadeira é "Lévis". Mas não va mudar o nosso assumpto, porque eu ja estou notando o tennis que cê calça. Na valsa, tinha até patinadores, mas neste nosso rock é só botina e tennis. Só variam, mesmo, as cores. Não ha por que sahir dessa roptina. No sexo ja variam os humores. Papae-mamãe é chato, pois termina depressa. Um meia-nove tem sabores tão fortes quanto a meia ou quanto a urina.
O POETA PORNOSIANO 155
DISSONNETTO SOBRE UM PIERRÔ APPORRINHADO [2827] Pierrô, si appaixonado, dá vexame a toda hora. Pela Colombina faz tudo, até se humilha, si a menina for sadica e impedir que elle reclame. A bella Colombina tem o infame capricho de exigir (Quem imagina?) que o cara experimente sua urina na lingua, como prova de que a ame! Mas, quando ja Pierrô se adjoelhara, faz ella que Harlequim seja quem mije na bocca do coitado! Mas que tara! Poema assim, como é que alguem redige? Agora fica a coisa bem mais clara! Peor é que Harlequim ainda exige que engula o mijo! O gosto se equipara a vinho com wermuth e pinga! Vige!
156 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO SOBRE UMA MUNDANA DORMINHOCA [2857] Accorda, patatyva! Abre a janella! É quasi meio-dia! Que preguiça damnada, essa que tens! Perdeste a missa, as aulas, e vazia está a panella! Relembra a madrugada em que, na bella vidinha de gandaia, essa mortiça luzinha do abajur poz na linguiça um tom que se advermelha e se amarella! Fodeste loucamente, e meu chouriço chupaste sem pudor? Ah! Pois espicha a cara na janella! Atturas isso! Te lembras do meu paio, do que exguicha? E então? Ja provocaste rebulliço! De ti commentarão: "Uma salsicha chupou, a meretriz, sem compromisso nenhum com a decencia! Ella se lixa!"
O POETA PORNOSIANO 157
DISSONNETTO SOBRE QUEM POSA DE DENGOSA [2926] É dengo, é dengo, é dengo, dengo puro! É dengo no fallar, no requebrado, na pose, no vulgar palavreado, debaixo de holophotes ou no escuro! Na cama, o que ella gosta é de pau duro deixando 'inda mais largo esse arrombado buraco principal. Por outro lado, o cu tambem ja deu, eu asseguro. Dengosa, ella só fica mesmo quando desfila pela rua e não escuta a voz de quem esteja no commando, fingindo que terá boa conducta. Mas muda si tiver que estar em bando. Ca dentro do quartel, appenas puta será, no allojamento, supportando fazer o que quizer cada recruta.
158 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO SOBRE UMA DOMINADORA BEM HUMORADA [2932] Sorris da minha dor, mas eu te quero. Escravo sou, farei o que quizeres, pois tens a malvadeza das mulheres e pões, sobre meu rosto, o pé severo. Si affirmo ser escravo, sou sincero e o salto com o qual, rindo, me feres, supporto, mesmo quando tu tiveres vontade de testar o que eu tolero. Mulheres, quando usarem salto agulha, estão escravizando algum rapaz que em sonhos masochisticos mergulha. Tambem eu desse transe estou attraz. Sim, banco o teu palhaço, sou teu pulha! A ti sei que pertenço, e tanto faz si pisas em meu rosto ou si vasculha teu salto o meu tesão, pois rindo estás.
O POETA PORNOSIANO 159
DISSONNETTO SOBRE UMA PAIXÃO CEGA [2933] Só louco pode amar desta maneira, querendo bem e, ao mesmo tempo, sendo escravo, mergulhado neste horrendo inferno tenebroso da cegueira! Paixão tão masochista, é certo, beira a propria insanidade! Estou vivendo aos pés duma mulher! Não me defendo dum golpe, com o salto ou a biqueira! Até que uma attitude tem, materna, minha dominadora, raramente, mas, quasi sempre, appenas me governa, controla totalmente minha mente. Seus impetos crueis, alegre, externa. Pisando-me no rosto, está contente. Meu corpo é mero appoio à sua perna. Eu sinto amor; prazer é o que ella sente.
160 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO SOBRE UMA BOCCA ABERTA E OUTRA FECHADA [2963] Não sei, gente, não quero nem saber! E tenho, mesmo, é raiva de quem sabe alguma coisa della! Não me cabe metter a colher torta no poder! Eu pago p'ra não ter o desprazer de virem me contar quem é que enrabe a moça ou si o cuzinho della accabe sangrando, quando a prega se romper! Não venham, por favor, me perguntar si a bocca della é larga e abriu-se a poncto de conseguir chupar um calcanhar, ainda que lhe demos um descompto! Fugindo ao mexerico mais vulgar, prefiro me calar! Não sou tão tonto nem minha indiscreção vae revelar que eu proprio, até, no lombo della monto!
O POETA PORNOSIANO 161
DISSONNETTO SOBRE O BEIJO MAIS INTIMO [3008] Vocês ja repararam? Quando alguem chupou rolla ou boceta, mesmo aquella recemlavada, um halito revela aquillo, porque cheiro forte tem. Quem é que ja não disse "Não, meu bem!", negando-se a beijar a linda e bella boquinha que chupou e que a sequela conserva no bafejo que nos vem? Por isso o sexo oral é sempre sujo: si a bocca está em contacto com aquillo que fede, o odor a eguala ao dicto cujo, naquelle mesmo podre e porco estylo. Assim acho, sabendo-me sabujo, inutil evital-o ou prevenil-o: mais forte se perfuma, mais eu fujo do cheiro, pois sou sujo sem vacillo.
162 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO SOBRE A DUPLA IDENTIDADE [3021] Como é que pode? Moça tão formosa fazer algo tão sujo, que eu nem cito? Como é que pode? Um gajo tão bonito cagar merda tão fetida e lodosa? Os dois dão bella dupla, que bem posa nas photos, o melhor casal descripto nas notas sociaes, mas, sob o mytho, percebo que nem tudo é cor-de-rosa. Lamento ao meu leitor noticias más trazer, mas algo achei que os incrimina... Flagrei ja, na privada, o que o rapaz deixou sem dar descarga. E da menina? Tambem cheirei, no vaso, o que ella faz. Que horror! Que cagalhões! Que fedentina! Ironico, hem? São lindos, elles, mas se exquescem do que largam na latrina!
O POETA PORNOSIANO 163
DISSONNETTO SOBRE O TESTEMUNHO DO LEITOR [3051] Eu nunca tinha sido bem chupado. Mulher nenhuma sabe fazer isso, excepto algumas putas, si o serviço for especialidade, e é caro o achado. Os gays tambem não sabem, quando o lado anal lhes predomine. O mais submisso no sadomasochismo, nesse eu piço, exporro-lhe na bocca e bem me aggrado. Mas seja um alleijado, seja um cego, e a bocca desse invalido será seu trumpho na desgraça. Atroz? Não nego. Com isso quem se importa, affinal? Bah! Na minha consciencia me assossego. Si um cego me chupar, sei que elle está mostrando habilidade, e descarrego em ecstase. Ah, o prazer que isso me dá!
[trunfo]
164 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO SOBRE A VERSATILIDADE DAS MULHERES [3063] Depois da Mulher Gatto, a Mulher Gallo, Mulher Orangotango, e até mulher de nome comestivel... Quem quizer, excolhe: Mulher Cão, Mulher Cavallo... Melhor nome excolhi para, aqui, dal-o àquella que não seja uma qualquer, que "pisque" sua bunda e o que mais der, alem de fallar coisas que eu não fallo: Commum num lupanar, do linguajar da moça nenhum satyro reclama. Si a tal Mulher Filé tem seu logar na photo, ao vivo, à mesa e até na cama, terá a Mulher Bisteca mais a dar. Virar Mulher Biscate ella proclama que pode: é transformista, e quem pagar mais alto chega a achar nella uma dama.
O POETA PORNOSIANO 165
FATAES NATAES [3089] Natal! Que desejar, sendo sincero, a alguem que considero? Peço então que aquelle homem do sacco vermelhão penetre no buraco, dizer quero, da sua chaminé! Que ganhe, espero, algum peru carnudo e, pelo vão, lhe venha a pomba! Vão das pernas? Não! Da telha! E agoure sorte à hora zero! Emfim, neste Natal, eu lhe desejo, affora que Noel não seja avaro, exguichos, gritos, risos! Fique claro, refiro-me à champanhe! E vale o ensejo: Pendure a meia usada! Assim, meu caro, que a noite escurescer, eis o que almejo: trocar por nova a sua! Ahi, festejo cheirando a que ganhei, um mimo ao faro!
166 GLAUCO MATTOSO
GINGANDO NA GANGORRA [3117] O poncto "G", que muita gente falla ser "grelo" na mulher, é mais um mytho da sexualidade. E nem cogito appenas do pezinho, ao excital-a. Tambem se applica ao homem: o que emballa o sexo é qualquer zona, ao infinito. Si, amado, o feio passa a ser bonito, importa, em cada corpo, o que o regala. Que seja, então, o "grelo", mas tambem "gambito", "glande", "gonada" ou "gogó", talvez até dum "grego dedo" o nó, comtanto que alli tenha orgasmo alguem. Na bicha, no nettinho ou na vovó, do sadico ou masoca ao monge zen, que o "G" não signifique nada alem de "gozo", simplesmente "gozo", e só!
O POETA PORNOSIANO 167
SACRILEGIO ESTEATOPYGIO [3155] Não tenho, nem pezão, nem caralhão. Grandão não sou de orelha, nem de nappa. Mas uma certa parte não me excappa de estar a pedir maxima attenção. Direi... Não sou do typo que receia. Disseram que de bunda sou fornido. Por isso, quando alguem me massageia alli, mal me accostumo e reincido. Mas sempre me pergunto: quanta gente tal bunda não terá, na minha edade? Será que outro senhor nas suas nadegas deixa-se appalpar e prazer sente? Alguem ha que na minha prosa creia? Talvez... No Vaticano, não duvido de quem, expondo a bunda, até mais cheia que a minha, seja nella bem servido. Um dia adveriguar todos irão. Si eu levo belliscão, sopappo e tapa, garanto que até beijos ganha o Papa, até lambidas dentro do seu vão.
168 GLAUCO MATTOSO
PINGOLIM DE CHERUBIM [3163] Na classe media, rolla muito disto: Filhinho-de-mamãe, elle é mimado, mas falta faz papae, que é separado, e pode esse moleque ser malvisto. Nas redes, sem pudor se identifica. Franzino, delicado, mas tyranno, o junior não se enturma: em casa fica jogando e, connectado, impõe seu plano. Escravos virtuaes ja collecciona, mais velhos e malhados. Dum exige que seja o buccal vaso no qual mije, e o cara topa o encontro e telephona. A scena, a quem a curte, em "scat" é rica: Gravada, bem mostrou o exgotto humano: abrindo a bocca, o adulto acceita a picca fininha, que lhe urina, e engole o damno. A fonte deste caso não despisto: Contou-me um masochista. O typo sado, na rua, é um anjo e, em casa, o algoz malvado. São muitos os que escondem perfil mixto.
O POETA PORNOSIANO 169
TRIPLA DISPUTA [3171] Insisto neste poncto, que me irrita: Ninguem, ao mesmo tempo, caga e mija. Mas, caso preferencia o mijo exija, não ha cocô nenhum que isso permitta. Nenhum dos dois, aqui, jamais recua! Battalha corporal! Naturalmente, no rhythmo physiologico, evacua primeiro e, no fimzinho, mija a gente. Em sendo, porem, preso um intestino e estando uma bexiga muito cheia, a gente ja não sabe onde se freia e indago: o que é que eu antes elimino? Que mais posso dizer que a verve inclua? Si o mijo está sahindo, o cu se sente tambem auctorizado a fazer sua funcção... E eu suo, eu bufo, eu ranjo o dente! Emfim, desabbafei! Prisão maldicta! Suffoco findo, agora, que eu redija sonnetto novo exige a rolla rija, mas esta qualquer vate em odes cita...
170 GLAUCO MATTOSO
FEDIDO POR FEDIDO [3185] A falla delle é cheia de sentido: "Magina! Eu não! Lavar o meu caralho? Ninguem vae me chupar! Vou ter trabalho?" Ficava, pois, contente em ser fedido. Não tinha, ao se bronhar, nenhum pudor. Assim argumentando, elle deixava curtir o membro immundo em seu fedor. E como fede um pau que não se lava! O sebo, que na glande forma crosta, si fosse na colher, mingau de aveia ficava parescendo! E até que cheia seria uma de sopa, quem apposta? Rollou algo que nunca quiz suppor. Calhou de achar mulher que fosse escrava a poncto de acceitar seja o que for na bocca... E elle 'inda manda o asseio à fava! Ficou, sim, mais ainda convencido: "Mas si ella achou que sujo é que eu lhe calho! P'ra que lavar? Ahi que eu me emporcalho!" Dum vate cego ouriça-se a libido...
O POETA PORNOSIANO 171
RECIPROCA IMPRECAÇÃO [3206] Si está ruim o tempo, que fazer? Repete-se o relampago, o trovão e, a cada, corresponde um palavrão. Quem xinga não terá, jamais, poder! As chuvas de verão, ultimamente, teem sido, cada uma, um cataclysmo. Normal, portanto, a raiva que se sente e sobre isso, na lyra, sempre eu scismo. Troveja, e escuto "Vae tomar no cu!"; um raio e "À merda, puta que o pariu!" eu ouço, de alguem curto de pavio, que solta a sua praga de urubu. "Caralho!", e o céu corisca, reluzente. "É foda!" e, sem usar um euphemismo, o sceptico povão maldiz a enchente, que vira, na estatistica, algarismo. Não resta muita coisa que dizer. À merda todos vão e todos vão tomar no cu: recae a maldicção naquelles que ja nunca teem prazer.
172 GLAUCO MATTOSO
O MAIS MASCULO VOCABULO VERNACULO [3222] Propoz Bocage em versos a adivinha: "É pau, e rei dos paus", diz o poeta. Não rhyma nem com "teta" nem com "setta", mas dicas deu o vate em cada linha. Nem tudo, todavia, a lyra abbona. Começa com "C" mesmo, e não com "P". "Vagina", em Portugal, se escreve "conna". La, "porra" não é "semen" p'ra quem lê. Bocage lhe compara o termo a toda especie de madeira, às vezes rija, às vezes molle, pela qual se mija ou pela qual exporre alguem que foda. Pequeno ou grande, fama tem na zona. Fedendo a bacalhau, salga o buquê. É doce quando o chupa uma bichona e, para ser "carvalho", falta o "V". Cabeça tem careca, mais que a minha. É aquillo que se mette na boceta: si alguem tardou a achar, no cu que o metta ou nelle faça a chula chupetinha!
O POETA PORNOSIANO 173
ESTATUA TATTUADA [3246] Caralho graffitado é sempre aquillo: com poucos traços tudo communica. De longe ja se pode distinguil-o, na synthese completa, pobre e rica. Eis como tal imagem interpreto: dois bagos circulares, cujo traço paresce um trez deitado; em cyma, erecto, dum "U" que está invertido idéa eu faço. Pichar rabisco assim no Redemptor, ainda mais no peito, de maneira que a glande arredondada o queixo beira, é coisa até difficil de suppor. Alheio ao mais sensato e casto veto, ousou aquelle vandalo devasso sujar o monumento que, no tecto da serra, nos accolhe num abbraço. Não chupa o Christo um phallo, como eu fil-o, nem fella do pagão a porca picca. O Demo é que o graffita, ao seu estylo, manchando o patrimonio e dando a dica.
174 GLAUCO MATTOSO
MASTURBATORIOS RELATORIOS [3249] O clima clerical sempre foi feio. Nos padres os fieis perdem a fé e a culpa attinge o proprio Papa, até. Por isso nos sermões jamais eu creio. Relatos ja se tornam repetidos. Não um ou dois: milhares de gurys pullulam pela imprensa, hoje crescidos, narrando o que algum padre fazer quiz. Rollou de tudo: beijo, com ou sem contacto bocca a bocca, chupação de rolla, e até lambida no pezão dum joven, fora alguem comendo alguem. Ah, quantos marmanjões foram ouvidos! Foi tudo ao Vaticano, nos mais vis detalhes, relatado, até os gemidos de dor ou de prazer, de applauso ou bis. Quem é que, lendo aquillo, não se veiu? Até juiz gozou! Na Sancta Sé, difficil é sabermos quem não é tão sancto, mas curtiram o que leio...
O POETA PORNOSIANO 175
TRAJECTORIA EJACULATORIA [3251] É magico o onanismo, pois permitte, no sonho, que elle seja quem quizer, activo ou não, ao macho ou à mulher, naquella phantasia sem limite. A bronha, a quem a curte, é mais risonha. Ainda adolescente, emquanto goza na mão ou no colchão, a foda sonha completa: a dois, total, mais prazerosa. Na practica, descharta a phantasia mais sadomasochista: nem algoz nem servo, mas amante, e pensa, appós o gozo, achar na femea o que queria. Depois, ja não ha tanto o que supponha. Maduro, affasta o sonho cor-de-rosa do amor no orgasmo, e volta à velha bronha, na qual, de escravo ou amo, livre posa. Agora appequenou seu appetite. Casado ou não, cansado está: não quer exforço, appenas gozo, emquanto der e emquanto houver estimulo que excite.
176 GLAUCO MATTOSO
SEXO GENUFLEXO [3258] Escandalos do typo communs são. Filmado ao boquettar um coroinha, o padre allega: "A culpa não foi minha!" Mas dizem que sentiu puta tesão... Agiu como, no caso, todos agem: "Chupei, mas coagido! Fui forçado por elle e mais um outro! Era chantagem! Pedophilo não sou, nem sou veado!" O video a scena exhibe por inteiro: a bocca engole tudo, vae e vem. Circula na versão compacta e tem mais tempo, noutra, o padre chupeteiro. É claro que isso rende essa vendagem! Não vende um camelô, por todo lado, imagens que mais choquem, mais ultrajem, que aquellas do coroa adjoelhado. As partes se completam na sessão. Coroa e coroinha formam linha directa entre o que pecca e o que encaminha, dahi a pornographica attracção.
O POETA PORNOSIANO 177
MONACHAL BACCHANAL [3280] Bombava a sacanagem no cinema. No filme do pornographo italiano, os monges se consagram no prophano e sempre essas "virtudes" são o thema. É disso que um devoto mais se occupa. Alumna de piano, a nymphetinha seduz seu professor e o pau lhe chupa. Alli, quem, affinal, desencaminha? Flagrado, o mestre à cella commum vae. Interna-se a donzella num convento. Será "purificada" sob um bento pretexto: expiação... Pae, perdoae! Ninguem melhor que um frade, em transe, "estrupa". Sim, elles lhe penetram a boquinha, flagellam-lhe a bundinha... Em catadupa jorrou a porra... O penis ia e vinha. Quem queira dirigir assim, não tema! Exbanja o director primeiro plano e close, em sua offensa ao Vaticano. Catholico ou não, cada actor que gema!
178 GLAUCO MATTOSO
VOCALICA VOCAÇÃO [3366] Questão mais alphabetica não ha: aberta é que a vogal idéa dá daquillo que na foda incluso está? Resposta promptamente tenho ja: A foda se contenta e cabe em si. Curriculo da puta e do michê, o erotico é, tambem, do travesti: chardapio de quem coma ou de quem dê. Exerce o mesmo officio, si é pornô, a lyra que um ephebo exhibe nu, comendo uma boceta, enchendo um cu de porra, ou qualquer bocca de cocô. No affan sadomasô, proponho aqui: chupar pau é dever de quem não vê, mas, antes, lambe um cego o que eu lambi: artelhos, si o chulé for seu buquê. Linguagem corporal jamais é má nem boa, appenas tactil beabá. Officio do orificio, a foda irá, fechando e abrindo, aonde a vogal va.
O POETA PORNOSIANO 179
CAGONA E MANDONA [3388] A phrase litteraria se eterniza. Mas Sylvia... (Ha que dizel-o!) ...Sylvia caga! No cu da moça ha lingua que ache a vaga, emquanto pelas nadegas deslisa... Britannicos são crus, ao que me inteiro. O Jonathan fallou. Não disse tudo, porem: a moça exige que o parceiro lhe limpe, appós cagar, o anal canudo, usando, é claro, a lingua! E "chocolate" é como a moça chama o creme pardo que o macho lamberá si, feito um dardo, a lingua alli penetre e, humilde, accapte. Embora permanesça aquelle cheiro, sahiu ja na privada o mais polpudo tolete, mas nas pregas gruda, inteiro, algum cocô que o macho engole, mudo. Ordena que elle bise e elle, então, bisa. A moça se diverte emquanto paga um mico o macho. E Swift é quem a affaga, na sua descripção algo imprecisa.
180 GLAUCO MATTOSO
PUTA DE RECRUTA [3450] Foi suffoco, na Argentina, o regime militar! Torturou-se até menina bem novinha! Vou contar: Estudante, ella termina como puta em lupanar: admarrada, se destina a morrer e, antes, chupar! Que nem pense em ser experta! Ja tapado o seu nariz, a coitada ainda quiz respirar de bocca aberta. Bocca assim é como offerta! Um soldado, até a goela, mette a rolla, que ella fella. Si demora, a morte é certa!
O POETA PORNOSIANO 181
COBRANÇA QUE CANSA [3453] Perguntaram ao poeta por que emprega palavrão. Respondeu elle: "Da recta eu não tiro o meu cu, não!" Insistiram: {Quem se affecta, hoje em dia, com calão?} E o poeta: "Essa selecta sociedade sem colhão!" Quem os bardos só refuta não desiste: {É só o burguez que seu verso questão fez de aggredir, à força bruta?} Mas o bardo da disputa está cheio: "Não, babaca! É a mamãe, aquella vacca, que eu fodi, filho da puta!"
182 GLAUCO MATTOSO
PRIMEIRAS LETTRAS [3525] Na chartilha, que é pudica, não se diz "B" de "boceta", "C" de "cu", nem "P" de "picca", nem de "pau", nem de "punheta". Numa eschola, bem não fica que na gatta o gatto metta nem contar que a dona Chica mostra a chota a algum cheireta. Um poeta que eu conhesço ja de cara o balde chuta: vira tudo pelo advesso e diz "Ivo viu a vulva"! Suppor cabe si a tal chana, si não for dalguma puta, é da avó, da mãe, da mana, e si a dona é ruiva ou fulva...
O POETA PORNOSIANO 183
DOIS COELHOS NUMA CAJADADA [3554] {Na micção, estando a urethra mais sensivel, é que a piça bem desfructa si penetra numa bocca que é submissa. Não censuro quem perpetra tão vil acto, si "linguiça" com a lingua se solettra e um pau fede qual carniça. Questionar isso eu nem tento. Quem chupar, azar! Que chupe, mais que o sebo, o mijo, e occupe com trabalho o pensamento!} É o que escuto, no momento em que um mestre diz; eu sigo tudo e admitto, ca commigo, que não acho um pau nojento.
184 GLAUCO MATTOSO
A VOLTA DO MOTTE DO TRIO [3621] Quando a bocca é penetrada faz papel da propria chota, si, bombando, o phallo a invada, ou dum cu, que peida e arrocta. Mas a lingua bem treinada, que postura activa adopta, faz papel dum pau, em cada qual, si affunda numa grotta. Si é versatil e executa tudo, sempre ella accommoda taes funcções, do puto à puta: ella nunca sae de moda. Com a bocca, tudo eu valho: Sou mais util do que a roda! "boceta e cu, mais caralho, trez instrumentos de foda!"
O POETA PORNOSIANO 185
A VOLTA DO MOTTE DA BOCCA [3642] Do malandro a mulher ia no cuzinho o pau levando e berrou: "Virgem Maria!" Riu o macho, no commando. Na chochota o pau sacia seu instincto, nada brando, e a mulher, em agonia, berra: "Ai! Virgem! Até quando?" O machão, rindo, a piroca grossa, sadica e inclemente bocca abbaixo lhe colloca e ella, emfim, está silente. Este motte sempre vale e o repete toda a gente: "Soffre a bocca e, caso cale, é signal de que consente."
186 GLAUCO MATTOSO
A VOLTA DO MOTTE DO BRUTO [3643] Fode um "mano" o cu da "mina" e esta finge que se dóe na fraqueza feminina ante a sanha do seu boy. Elle entende "Ai! Me domina! Me perfura, meu heroe!" si ouve "Ai! Chega!" e, com voz fina, ella em dores se corroe. Finalmente, ao ver que arromba a mulher, que se debatte, a sangrar do rabo à pomba, elle, rindo, affrouxa o engatte. Este motte eu não discuto caso alguem do assumpto tracte: "Homem feio, burro e bruto ri só quando em alguem batte."
O POETA PORNOSIANO 187
ICONICO NIPPONICO [3927] Só fico imaginando si um sumoka famoso vae cagar, accocorado: alguem sempre está prompto, alli do lado, limpando-lhe o cuzão, de grana em troca. A mim, porem, a scena que mais toca é aquella do tesão: elle pellado, sem chance de trepar, sendo chupado, por bocca bem treinada, na piroca. Meu sonho é no logar estar da gueixa que o chupa: a gorda rolla, com a lingua que nunca de saliva fica à mingua, lavar, si junctou sebo e elle desleixa. Abrindo bem a bocca, a urina eu pingo-a na lingua que, bem limpa, a glande deixa daquelle esmegma fetido que empeixa e, caso engasgue, humilde, nunca xingo-a.
188 GLAUCO MATTOSO
DINHEIRO SUADO [3929] Tentando despistar algum ladrão (e algum policial), elle colloca dinheiro na cueca: a nota toca o sacco, adhere à dobra do colhão. Cem dollares, reaes... As notas não são muitas: cabem, pois, naquella toca insolita, ao contacto da piroca mijada e dos pentelhos do mijão. Não sendo revistado, tira o cara, emfim, de dentro a grana admarrotada, papel que ao da privada se compara, mas volta a circular na madrugada. O gajo, mesmo tendo mão avara, mais tarde paga alguem com isso, e cada coitado que recebe nem repara na scedula, ja secca, antes mellada.
O POETA PORNOSIANO 189
ENQUETE PARA BOQUETTE [4007] Melhor quem me chupou não foi Julieta. Na rolla fui mammado pela Ro, mais funda que a garganta mais pornô, que tudo engole! Aquillo é que é chupeta! Deleito-me, pois, antes que ella metta na bocca a picca, a lingua faz tricô por toda a chapelleta! Nem cocô fedido é que nem essa oral sargeta! Sebinho saboreia feito um queijo ricotta em cannellone! Ella lambeu a glande como alguem roubando um beijo! Mulher ou travesti, ja nem sei eu! Preenche esse buraco o meu desejo! Seu halito um mictorio vence! Em seu gogó meu sacco cabe e eu só festejo! Ninguem melhor me chupa que Ro, meu!
190 GLAUCO MATTOSO
UM MAGOTE DE CAMAROTE [4027] Demora no banheiro. Ou caga, ou toca punheta. A mãe advisa: {A Virgem tá te vendo, hem? E Jesus, hem? Olha la!} Pellado, elle se encolhe em sua toca. Demora mais um pouco. A mãe provoca: {Cuidado, hem? Satanaz tá vendo!} Dá nos nervos e elle quasi que diz "Va tomar no cu!", mas cala-se, o boboca. Depois elle mattuta: "Porra, é todo um bando me assistindo? Que platéa! Quem é que pode nelles levar fé? Ah! Eu quero ter sossego e só me fodo! Estavam, junctos, tendo a mesma idéa? A Virgem e Satan? É porra a rodo! Então a sanctidade é puro engodo! Quem sabe si é mamãe a mais athéa!"
O POETA PORNOSIANO 191
CASEIRA CONFEITEIRA [4110] Conhesço uma cruel dominadora que obriga seus escravos a comer da fedida torta que ella faz suppor a melhor das iguarias: sua merda! Quer vel-os, esta sadica instructora, comendo com vagar, a bocca lerda, daquelle "cocolate", que ja fora thesouro, em testamento, que alguem herda! Tambem de "guariná" lhes enche a taça! Será sortudo quem tal drinque ganhe! Imploram e supplicam que ella faça xixi para que alguem beba e se banhe! Chamar de "cocolate" e "guariná" jamais foi linguajar que à moça accanhe: dá tanto prazer nella quanto dá comer bombons, beber fina champanhe!
192 GLAUCO MATTOSO
O CAUTO CAUSO DO ORGASMO ANIMALESCO [4156] Casou-se virgem. Disse a mãe a ella: "Menina, vae doer, mas você faz que está gostando, entende? Esse rapaz é como todos: goza, e a gente gela!" Na hora, o rapaz trepa e se attropela, tentando repetir. Que tem mais gaz pretende demonstrar. Ella, sagaz, percebe e gosta. Finge ser cadella. Depois de só comer no mesmo pratto, um dia cae-lhe a ficha: ella fingia sentir exactamente o que, de facto, gozava, algo que nunca se sacia. Passou então, na cama, a ter mais tacto: deixou que elle fingisse em plena orgia estar, com mil gattinhas, o seu gatto. Ah, nada como usar a phantasia!
O POETA PORNOSIANO 193
IMPIEDOSO GOZO [4161] Fazer soffrer é força requinctada que todos nós, alguma vez, usamos na vida, sobre alguem, cujos reclamos e rogos por clemencia dão em nada. Queremos é ver como se degrada alguem que nos supplica e que humilhamos, tal como a seus escravos teem os amos negado compaixão, dando risada. Si for nosso inimigo, o membro erecto nos fica quando o vemos supplicando emquanto o penetramos pelo recto. Melhor é si, a assistir, temos um bando. Alem desse sadismo mais concreto, tambem dá gosto usar-lhe a bocca quando, ainda que não seja um desaffecto, alguem reconhesceu nosso commando.
194 GLAUCO MATTOSO
O VIÇO DO VICIO [4197] Que posso eu esperar do meu caralho, si nunca tomar quero comprimido algum para erecção e me decido, sem falta, à mão direita dar trabalho? Nem quero imaginar! Sempre que eu falho, ja fico preoccupado! Que a libido às vezes diminue, eu sei, pois lido com lyra pornographica, à qual calho. Nas horas de impotencia, fica tão cahido, tão mollenga, este pingente, que temo não voltar mais meu tesão, ainda que, insistente, eu sempre tente. A coisa não funcciona só na mão, pois, quando um gorgonzola provo, urgente se torna meu desejo: o chulezão desperta logo o vicio novamente!
O POETA PORNOSIANO 195
SEM VIÇO NO SERVIÇO [4198] Caralho que, no punho, não viceja por causa dum estimulo, revela problema de erecção... si alguem appella à pillula, normal é que assim seja! Recuso-me, porem, a achar que esteja a picca tão cahida que algo nella não cause novamente aquella bella e viva rigidez que lhe sobeja! Bastante é que dum queijo eu prove o cheiro de mofo, que nos lembra a suja meia, e volta ao pau o viço costumeiro! De novo fica a picca na mão cheia! De novo o pincto sinto por inteiro! Portanto, está provado: o que tonteia alguns e os desaggrada, é prazenteiro estimulo que, noutros, vae na veia!
196 GLAUCO MATTOSO
O CAUTO CAUSO DA FRUCTA QUE SE DESFRUCTA [4199] Amigo meu punhetas batte sem usar a mão direita, nem canhoto direi que seja o atypico garoto: mania differente é a que elle tem! "É simples (me diz elle): eu metto bem no fundo dum buraco este meu coto durinho de caralho, olhando um broto gostoso, em sonho, achando ser alguem..." É o caso de quem duvidas teria: Buraco? Que buraco? Ahi que está o cerne da questão! Na melancia faz elle, com a faca, um furo e, la gozando loucamente, o cara cria na mente o personagem e lhe dá character de donzella ou de vadia. Quem é que não gozou com isso, ja?
O POETA PORNOSIANO 197
GOSTINHO DE MALDADE [4407] Contou-me um rapagão que a namorada lhe chupa a rolla suja: faz questão que a moça tenha nojo e sente, então, "gostinho de maldade" o camarada. Não lava a rolla. Appós uma mijada, nem mesmo as gottas ultimas vazão tiveram. No prepucio, ellas irão junctar-se à sujeirinha accumulada. Sentir esse "gostinho de maldade" deseja o rapagão, segundo diz. Não tem, dum cavalheiro, os dons gentis, Por isso quer que a moça se degrade. A moça, por seu lado, está feliz fazendo tal papel. Será verdade? Assim diz uma freira dalgum frade. Não sendo masochista, é boa actriz.
198 GLAUCO MATTOSO
GALLO CALLEJADO [4455] Me conta um jogador (verdade pura), amante que é da noite, que a Maria Chuteira, quando transa, se appropria de usadas camisinhas, ou as fura. Precisa inseminar-se, o que assegura pensão, herança... E, quando chupa, fria, evita engolir: finge na bacia cuspir, mas enche a chota da mixtura. O craque, prevenido, faz a puta chupar, mas pela orelha a prende bem, até que tudo engula e não discuta, sem chance de siquer dizer porem. O jeito, diz o craque, é força bruta! Na chota, quando mette, de ninguem acceita camisinhas: elle chuta certeiro em campo e, em casa, tem nenen.
O POETA PORNOSIANO 199
ADDICIONAL INSALUBRIDADE [4463] Cagou com grande exforço, pois estava ha dias constipado. A sensação de ardor nas pregas, sujas como estão, suggere usar a lingua duma escrava. E escrava elle tem uma, que lhe lava a rolla com saliva... Por que não fazel-a o cu limpar-lhe sem sabão, appenas na lambida? Bem que dava! Coitada! Tão submissa! A mulher mette a lingua la no fundo, exfrega, passa por tudo! E elle desfructa do cunnette! As femeas teem, conforme elle, essa raça. Pois ella nem questiona: se submette! Com outra até commenta: "Que elle faça cocô bem duro eu quero! Que dejecte mais molle, não, pois gruda muita massa!"
200 GLAUCO MATTOSO
CREAÇÃO DA BOCETA [4464] Creada foi por homens de valor nas suas profissões: um açougueiro chegou, com faca, e talho deu, certeiro. Depois, um marceneiro quiz propor: Com malho ou com formão, seja o que for, um furo fez no centro. Ja um terceiro que veiu era alfaiate e, por inteiro, velludo poz no forro interno, em cor. O quarto, um caçador, raposa poz por fora. Um pescador, o quincto, quiz um peixe lhe passar e odor propoz que poucos consideram infeliz. Ainda não estava finda, pois o sexto, um padre, a benze e só xixis permitte que ella faça. Mas, depois, lhe fode o fundo o septimo... e quer bis!
O POETA PORNOSIANO 201
MAU GOSTO, BOM DESGOSTO [4537] "Assim que eu gosto!", escuto toda vez que estou chupando rolla. Escuto "Assim que eu gosto!" quando alguem zomba de mim na hora em que chafurdo em sordidez. Escuto "Assim que eu gosto" si freguez sou desses marmanjões que teem por fim foder-me a bocca suja. E eu digo "Sim, senhor!" à gozação que alguem me fez. Escuto "Assim que eu gosto!" quando arrosto o cheiro do prepucio mais sebento. "Assim que eu gosto!", escuto quando encosto os labios num caralho fedorento e rindo meu leitor que esteja apposto. "Assim que eu gosto!", escuto, e o mijo enfrento. Si engulo galla, escuto "Assim que eu gosto!" "Assim que eu gosto!", anxeio ouvir, attento.
202 GLAUCO MATTOSO
CONTRARIO SCENARIO [4555] Alcova acconchegante, ornamentada com finos cortinados; de velludo vermelho as almofadas; sempre tudo sedoso e assetinado, a passo cada. À cama, enorme e larga, não ha nada egual em maciez, com seu felpudo e grosso cobertor. Alli nem mudo eu nada: a scena está bem preparada. Ninguem, porem, suspeita que, naquella tão fofa e calma camara, um casal fará mais perversões que na favella, extremos duma tara sexual. A merda molle excorre e tudo mella! O relho come solto! A mulher mal cagou, o homem lhe come a pappa! Fella a dama o pau dum porco ou bicho egual!
O POETA PORNOSIANO 203
ADOLESCENTE EXIGENTE [4584] "Amor, abbaixa aqui! Me chupa, vem! Vae, lambe o sacco, lambe! Faz em mim aquella coceguinha, faz! Assim! Agora a rolla! Lambe, vae, meu bem! Parou por que? Tem nojo? Lambe sem pensar no cheiro, amor! Estou a fim do gozo mais gostoso! Achou ruim? Não para, não, gattinha! Que é que tem?" Os erros são do povo, são da rua. "De lingua na cabeça, agora! Então? Sentiu esse gostinho? Continua! Não vale interromper o meu tesão! Põe tudo na boquinha! Mulher nua me excita quando chupa! Vae! Sinão, eu pego um cego: a bocca eguala a tua!" De lingua aquelles erros leves são...
204 GLAUCO MATTOSO
COMMADRES NA LINHA [4725] Amiga, estou cansada! Seu conselho eu peço! Que é que eu faço? Meu marido chupar me faz aquelle pau fedido! Tem cheiro de xixi desde o pentelho! Não posso recusar! Sim, de joelho eu fico... O que? Sebinho? Eu não decido si quero ou si não quero! É prohibido cuspir! Ou eu engulo, ou levo relho! Não posso! O que fazer eu não regulo! De lingua? Sim, lambendo! Elle me obriga a banho dar... Sim, usa termo chulo! Paresço puta, hem? Vamos la, me diga! Si goza? Claro, exporra! Sim, engulo tudinho! Eu, felizarda? Mas... amiga! Você? No meu logar? Ah, não! Eu pullo! Você que experimente! Vae ter briga!
O POETA PORNOSIANO 205
COMPADRES NA LINHA [4726] Amigo, nem lhe conto! Nem preciso de puta! Minha esposa ja me faz gozar naquella bocca! Então, rapaz! Fedor? Não, eu me lavo, eu suavizo! Si chupa bem? Rapaz! Que labio liso! Que lingua molhadinha! Não, attraz não gosto, só na bocca! Sebo? Mas... é como comer queijo! Causa riso! Diz ella que sou masculo na cama! Na marra? Não, magina! Eu metto nella com jeito, até a garganta... Não reclama, magina! Nem se sente uma cadella! Você? Tambem queria? Sim, sem drama! Empresto, claro! Eu mando, e ella lhe fella o pau quando eu quizer! Ella nos ama! Fará com gosto! Nunca se rebella!
206 GLAUCO MATTOSO
PRIMINHOS NA LINHA [4727] Meu, deixe eu lhe contar... Eu, escondido, vi quando meu pae dava na mãe uma mettida pela bocca! Meu, cê fuma? Então! Mais que um cigarro, mais comprido! Mais largo, tambem, claro! Eu nem duvido que seja mais que um cano... Não, nenhuma limpeza! Si não gosta, se accostuma na marra! Elle é quem manda! Elle é o marido! Talvez seja por elle ser milico! Precisa ver, meu! Entra aquillo tudo na bocca, até a garganta! Eu tambem fico de picca dura... Ei, falle! Ficou mudo? Vontade eu tenho! Topa, meu? O mico é seu, si me chupar! Hoje eu estudo, mas chego ahi depois e a tarde estico! Você vae saber como sou marrudo!
O POETA PORNOSIANO 207
ACCENOS DE VENUS [4831] A menina, quando dorme, a mão bota na chochota. Algo appalpa que é disforme e de dentro della brota. Que algo nella se transforme o symptoma ja denota. Desponctou-lhe um grelo enorme! Si contar, fazem chacota. Às cantigas haja appello! Batatinha, quando nasce, é difficil que ultrapasse o tamanho desse grelo. Femeas ha que querem tel-o. Aos poetas, a menina rende a glosa fescennina que os consagra ao descrevel-o.
208 GLAUCO MATTOSO
ALTERNATIVA DE GODIVA [4833] Quando nada mais funcciona, a mulher conhesce um jeito de attrahir macho. Ella acciona esse methodo perfeito: Sae à rua pelladona! Disso tira bom proveito, pois o macho que ambiciona acha e leva até seu leito. Mas se ferra, muitas vezes. É verdade que o tal macho não é desses boys que eu acho respeitaveis e cortezes. São proletas, são burguezes. Mas fazer o que? Godiva é mulher que não se exquiva si precisa de freguezes.
O POETA PORNOSIANO 209
ACTIVO RELATIVO [4837] O machão de quattro bota sua gatta e o cu lhe come. Pouco mette na chochota: por trazeiros tem mais fome. Sua tara tem um nome: sodomia. Mas adopta, só, tal nome caso tome de alguem masculo essa quota. Com pomada, até com baba, si comer o cu dum homem, tal como outros homens comem, elle admitte, então, que "enraba". Si for ella a tal vagaba e for della o tal cuzinho, mesmo sendo sem carinho, da "comida" elle se gaba.
210 GLAUCO MATTOSO
TREPADA TRESPASSADA (I a III) [4838/4840] Pelo modo como a amiga me relata, eu não duvido que levar no cu castiga, pois é muito dolorido. Ella conta que não briga, si elle gosta: é seu marido. Mas não creio eu que consiga supportar si for comido. O que, aos machos, mais excita é saber que a periquita bem se allarga, e o recto não. De proposito elle mette no cu, para que o boquette limpe a rolla... Dá tesão! Ella torce que elle goze na chochota e satisfaça de tesão a sua dose, mas o cara tem má raça. Elle ordena que ella pose de cadella. Achando graça, mesmo tendo uma phymose, nella monta, aggarra, abbraça. Minha amiga enxerga estrellas, enrabada, e, para vel-as, nem ser noite necessita. Sente tanta dor que, quando elle tira, está chorando uma esposa exhausta e afflicta.
O POETA PORNOSIANO 211
Ora, emquanto a mulher sente dor por dentro, que prazer seu marido, sorridente, vae curtindo ao lhe metter! Não bastasse, é bem frequente que elle queira, em seu poder, uma bocca em que a semente novamente va correr. Faz, então, que ella lhe felle o caralho e que, da pelle, limpe a merda alli adherida. Eu, ouvindo o que ella conta, no logar me vejo, prompta minha bocca à dura lida.
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HEMORRHAGIA QUE ALLIVIA [4847] Entrou tudo! Aquillo tinha mais centimetros, eu creio, que uma regua egual à minha, si, da infancia, à mente veiu. Mas entrou! A cadellinha, com aquillo bem no meio do seu rego, ja adivinha do que esteja seu cu cheio. Sim, soffreu hemorrhagia. Sim, é sangue! Entrou aquillo com tal força, que feril-o fatalmente, ao cabo, iria. Por ignobil ironia, ja nem grita, essa cadella! Gosta, até, si dentro della move a merda essa sangria!
O POETA PORNOSIANO 213
SIGNA FESCENNINA [4853] Propuzeram ao poeta versejar sem palavrão. Respondeu-lhes: "Essa meta não condiz com meu colhão!" {Mas você não interpreta o que falla ao coração?}, insistiram. "Não! Me affecta só tesão!", lhes disse, então. {Tantos themas ha que tracte! O talento você tem! Poderá crear tambem outra coisa!}, alguem rebatte. "Toda foda ha quem empatte! Vão tomar no cu! Que merda! Quem de Sade os themas herda falla em foda!", attesta o vate.
214 GLAUCO MATTOSO
VOTO VENCIDO [4927] Num pappo com amigos, alguem vem com este assumpto: é mais gostoso o que? Comer? Dormir? Foder? Sabe você, de prompto, dar resposta? Quem a tem? Gostoso é, sim, comer! Mas comer bem! Só vale a pena o somno caso dê, na noite, tempo para quem não vê sonhar que, aos pés dum sadico, é refem! E quanto à foda? Facil é dizer que sexo fica accyma e o resto é resto! Problema é conseguirmos ter prazer! Se tracta de, no thema, ser honesto. Não tracto de "querer", mas de "poder". Votamos. A endossar eu não me presto e voto na comida! Vou perder, mas gabo o que me sobra! Sou modesto!
O POETA PORNOSIANO 215
CAPTIVO ADOPTIVO [4936] Paraste por que? Vamos, continua! Estás muito mollenga, meu rapaz! Paresces nem ser esse que, ja faz um tempo, fui buscar alli na rua! De novo! Assim que eu gosto! Quero a tua linguona trabalhando! Tu me dás prazer como ninguem! Si não tens gaz, te vira! Juncta as forças! Soffre! Sua! Mais fundo! Abre-me a chota com a mão! Agora mette a lingua! Ai, como eu fico molhada! Ai, que delicia! Que afflicção! Recuas, meninão? Não faças bicco! Estica bem a lingua, meninão! Não tenhas nojo! Quando estou de chico, tu sabes como eu gosto! Por que, então, te fazes de coitado? Paga o mico!
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SAPHADEZA À POLONEZA [4946] Vieram muitas putas, por aquella saudosa phase. Dizem que a polaca melhor se emporcalhava, era mais vacca, mais egua, mais gallinha, mais cadella. Tambem dizem, então: "Ella não fella, appenas! Com a lingua se destacca! Dá banho! Lambe tudo! Lambe caca, xixi, sebinho grosso! Ella se mella!" Fazer feliz, na hora, algum rapaz é o maximo que a sordida ambiciona. Ninguem, porem, me conta o que é que faz somente da polaca a mais porcona das putas, mais barata e mais capaz! Talvez esteja certo quem abbona a these da fazenda: um capataz treinou-a, do chiqueiro para a zona.
O POETA PORNOSIANO 217
VIOLANTE, A VIOLENTA [4970] Jamais se conformou ella perante o facto: a mulher arabe, africana, privada do clitoris, donde emana a sua sensação mais excitante! Com ella, não! Jamais, ella garante! Questão faz de ser virgem, mas, sacana, masturba-se, estimula com insana volupia seu grelão, a Violante! Às vezes exaggera, quasi arranca o grelo, tal a força que ella emprega: paresce que maneja uma alavanca! Emquanto não se enfara, não sossega! Caminha até, coitada, meio manca! Os outros desconfiam: quando a cega (ficou cega, convem dizer) se tranca no quarto, em sirirycas arde e offega!
218 GLAUCO MATTOSO
NA RAIZ DA QUESTÃO [4977] Não dizem mais que alguem "tomou no rabo". Não usam phrases como "se fodeu", "tomou no cu", "levou ferro", mas eu escuto appenas isto: "La vem nabo!" "É nabo!" "Vae ser nabo!" Ainda accabo achando que esse nabo é o que o plebeu entende por seu damno, seu mal, seu problema, seu azar... Gosta o Diabo! "Cenoura" não tem tanta força, nem "pepino" ou "mandioca". Mas paresce que ao caso um vegetal melhor lhes vem à mente para aquillo que mais cresce. O nabo maior força nisso tem. É como si, fodido, alguem dissesse: "Não posso acceitar isso! Ah, não! Ninguem meresce! Só commigo isso accontesce!"
O POETA PORNOSIANO 219
IMPROSTITUCIONALISSIMAMENTE [4981] Ficou fodidamente emputescida, putissima ficou, vaginalmente fallando! E, si a mulher puta se sente, inexporradamente não revida! Revida, pois, no exporro e, caso aggrida o macho, machucado elle, analmente, não fica inenrabavel! Sae da frente, portanto, quem com femeas lindas lida! Aquella de quem fallo, a mais ferrenha das antiphallocraticas, não deixa barato e, emmachescida, desce a lenha, pois superpredicados mil enfeixa! Não ha quem propudor com ella tenha! Si, immasculinamente, o homem se queixa, mettido a desmetter, depois não venha recaralhalizar, pois perde a gueixa!
220 GLAUCO MATTOSO
MOLHADAÇO EM PALHA D'AÇO [5009] Contou-me um outro cego, e eu nem encuco si muito demorou p'ra que contasse: na vulva da mulher mette elle a face e lambe, e chupa, e suga aquelle succo! Diz elle: "Glauco, fico mais maluco ainda si de chico está! Que eu passe a louca lingua pelos labios! Nasce até ferida nella, immersa em muco!" Não é como chupar um pau: a cara mettida é quasi toda no vermelho buraco vaginal, que se excancara! O toque à fellação não é parelho siquer na activa parte dessa tara! Egual é só num poncto o rapazelho à velha ou à nympheta: se compara na lingua quando gruda algum pentelho...
O POETA PORNOSIANO 221
VOCAÇÃO INVOCADA [5015] A freira, do convento no jardim, costura, sentadinha, ouvindo o canto dos passaros. Naquelle logar sancto paresce tudo a prece ter por fim. Mas ella espeta o dedo... e grita assim: "Ai, merda!" Desboccada foi, e tanto, que fica emmudescida até, de expanto, com medo de que escutem. "Ai de mim! Caralho! Fallei merda!", a freira brada comsigo, inconformada. Mais se expanta a cada palavrão, blasphemia a cada, embora sua fé nem seja tanta. Ja nem está, de facto, tão chocada. "Ah, foda-se!" A freirinha se levanta. "Eu nunca quiz ser freira, porra!" Irada, excarra o catarrhinho da garganta.
222 GLAUCO MATTOSO
MOITA DESOCCUPADA [5032] Querendo versejar, mas putaria faltando como thema, ja fodido me sinto! Encher o sacco então decido, linguiça enchendo, e foda-se quem chia! Leitor ha que não goste? Enrolla e enfia! Estou cagando e andando! Sem sentido, a coisa vae sahindo! Mal parido ou não, meu poeminha corpo cria! Caralho! Vae ficando o caso preto! A cada linha eu nunca excappo duma! Um monte de titica se advoluma, borrando-me si o dedo no cu metto! Que merda! Desse jeito eu chego, em summa, sem gozo ao fim da foda e este quartetto, limpando o cu, que valha, num pamphleto, accabo sem dizer porra nenhuma!
O POETA PORNOSIANO 223
IRRUMANDO NO COMMANDO [5045] É muito prazeroso! Você deita de lado e a rolla bocca addentro mette de alguem que nella irá fazer boquette, mas essa bocca à foda se subjeita! A bocca chupa, a lingua lambe, acceita você, mas é você quem bomba: o septe o pincto pincta! Nada ha que lhe vete os sadicos impulsos da desfeita! Se chama "irrumação" essa chupeta forçada, verdadeiro estupro oral, no qual a bocca é quasi uma boceta que exerce essa funcção pouco buccal. Garganta alguma aguenta? Tem quem metta! Quem mamma está por baixo e, sem moral, supporta com engulho o que a punheta dos labios faz jorrar: leite escrotal!
224 GLAUCO MATTOSO
PORCARIA SEM PERFUMARIA (I) [5047] Sejamos francos: sexo é sujo. A picca é suja. Uma boceta é tambem suja. Fodeu o dicto cujo a dicta cuja? Junctou sujo com sujo: justifica. Tambem no cu metter, si alguem fornica assim, é muito sujo. Sobrepuja, porem, qualquer sujeira quem babuja de lingua num caralho ou numa crica. Beijar, bocca com bocca, eu não confundo com sexo oral: embora troque baba, a bocca não desceu ao mais immundo, ainda não se torna tão vagaba. Cacete, sim! Cacete é vagabundo, pois quando aquelle mesmo pau que enraba penetra numa bocca, faz, no fundo, alguem se emporcalhar: no lodo accaba.
O POETA PORNOSIANO 225
PORCARIA SEM PERFUMARIA (II) [5048] Verdade seja dicta, agora: a graça do sexo oral consiste mesmo nisso, sujar-se ao practicar um vil serviço. A scena, por ser suja, é que é devassa. Tentar amenizal-a, pois, não passa de inutil camuflagem. Não me ouriço sabendo que elle faça esse postiço papel de "bem lavado", ou que ella o faça. A graça está em vencer essa barreira do nojo, em obrigar-se ao humilhante contacto, via oral, com tal sujeira, e creio que terei dicto o bastante. Ninguem dirá que eu fallo uma besteira. Portanto, é natural que o pau levante si um sadico na bocca foder queira de alguem que casto e puro ser garante.
226 GLAUCO MATTOSO
ABBRAÇO SUADAÇO [5063] "Só quero um filho delle e que elle exporre bem rapido!", a modello pensa, anxiosa, emquanto é penetrada. Quasi goza o velho astro rockeiro, ja de porre. A moça se preoccupa. "E si elle morre de tanto se exforçar?", repensa. E posa de groupie, de tiete, de gostosa, banhada no suor que delle excorre. Fez tudo que podia: abboccanhou aquillo que ja fora dura tora, passou em volta a lingua. Ja chupou aquella rolla molle, que demora bastante a endurescer. Ja deu seu show. Agora a vez é delle. A hora, agora, é desse dinosauro, que suou no palco e, exhausto, a abbraça. Brocha e chora.
O POETA PORNOSIANO 227
RIJO DE MIJO [5064] Chamar de "picca" ou "pau" me dá vergonha! Melhor chamar o penis de "menino". Assim, ja me accostumo e me previno: "brincar com o menino" é batter bronha. Si acaso eu a brincar não me disponha, assanha-se o menino, que é ladino e fica a dar pullinhos quando urino, não volta para dentro. E o que elle sonha? Não sonha, só: delira! Quer brincar de heroe, de superhomem, de galan, de athleta, de rockeiro e superstar! Quer tudo ser, tomado dum affan de satyro, de macho cavallar! Às vezes, só se alegra si é Satan ou Sade, si de alguem quizer gozar... Mas dóe-me, ao levantar, pela manhan!
228 GLAUCO MATTOSO
O PROVEITO DO DEFEITO [5090] Os homens muito feios ja notaram que, alem de não acharem namorada, as putas chupeteiras estão cada vez menos disponiveis, e o declaram. Sinceras, dizem ellas, quando encaram um feio feito a peste: "Não, por nada, por preço nenhum chupo um camarada assim!" Tambem as bichas ja fallaram. Mas, quando um cego chupa um typo feio, tamanho gozo a bocca proporciona, que entende este a cegueira em olho alheio: {Foi para me servir de cu, de conna, que a bocca exsiste e um cego ao mundo veiu! Melhor mamma que a puta, que a bichona!} Sentir sujo um prepucio, seu recheio... Que fado um paladar mais ambiciona?
O POETA PORNOSIANO 229
EXGUEDELHADA PENTELHEIRA [5099] Na forma accidentada dos terrenos está, do corpo, o erotico na femea, comtanto que, na bronha, o macho embleme-a dos seios ao monticulo de Venus. O symbolo, talvez, que mais accenos e appellos faz (ainda que blasphemia alguns o considerem), não o teme a lasciva bocca, a lingua muito menos. Refiro-me ao pentelho, que rodeia a vulva, feito cerca de araminho farpado, a ser pullada, volta e meia. A bocca não dá pullos, a caminho da grutta, porem: perde-se e passeia por entre a trama lubrica do ninho, e nem importa ao caso si ella é feia ou não, si é só tesão, si é com carinho.
230 GLAUCO MATTOSO
A PRAGA DA DESNADEGADA [5241] Rebolla pelas ruas, a damnada, com sua bunda nova! Applicou nella uns chymicos recheios, e a mais bella bundona acha que obstenta na calçada! A bunda, saliente, mais aggrada aos machos porque a calça, que revela as formas rechonchudas, tem chancella de griffe vagabunda, vale nada! Mas como ella rebolla! Como ginga! Adora assim chamar nossa attenção! De casa à padaria, do sallão à feira, à academia... Alguem a xinga: "Promiscua! Vadia! Temptação do demo!" E a velha puta que, na pinga, affoga as magoas, joga-lhe a mandinga, despeito expalha, cospe a maldicção!
O POETA PORNOSIANO 231
EXAME DE CONSCIENCIA [5280] Pae nosso, que no Inferno estaes, que nome vos posso dar? De sancto, não, é claro! Não venha o vosso reino a nós, meu caro Papae, si infernal fogo vos consome! Vontade, caso seja a vossa fome de sadicas vinganças, eu declaro que tenho medo della! Não é raro topal-a pela frente! E o bicho come! Aqui na terra, a gente pede pão e leva pau no rabo! Eu devo o cu e os olhos, propriamente, em termo cru, mas, quando vos imploro, choro em vão! Cahir em temptação virou tabu! Peccar não tem siquer a redempção! Que faço, então? Vos peço algum perdão? Ou mando-vos dar rabo a Belzebuth?
232 GLAUCO MATTOSO
DISSONNETTO DUM RESERVADO NÃO VENTILADO [5396] Entra a velha num boteco tão immundo, tão fuleiro, que ella pensa: "Ah! Não defeco aqui, nunca! Mas que cheiro! Me seguro! Me resecco! Mas não ponho o meu trazeiro nessa tabua, nesse treco! Que fedor neste banheiro!" Mas occorre que a coitada no buraco não põe rolha, não se aguenta, está appertada demais, para ter excolha. Numa tabua ja molhada de xixi, se senta... Encolha quem puder! Termina, e nada de papel, duma só folha!
O POETA PORNOSIANO 233
UM SATYRO SATYRIZADO [5508] Diz elle que comeu todas, um dia. Talvez tenha comido, mesmo. Agora, porem, bebendo todas, elle chora, saudoso dum orgasmo e duma orgia. Quem delle falla e os podres denuncia é sua ex-namorada, uma senhora lettrada e liberada, que namora, agora, um medalhão da academia. Ferina, a poetiza pincta o seu ex-caso como um typico gagá, que as calças emporcalha, um mau Romeu. Manchado de xixi, de facto, dá vexame o garanhão, que bem comeu mulheres como aquella bruxa má, na chota, na boccarra, por traz, eu certeza tenho, pelo que ouvi, ja.
234 GLAUCO MATTOSO
TENTANDO TEMPTAR [5515] No clube, pouca luz estando accesa, performance uma bella mulher faz na frente dum casal ou dum rapaz sozinho. Olhares capta em cada mesa. Vestida toda em couro, essa princeza pretende ser rainha, mas capaz terá que se mostrar. Intenções más obstenta. Não tem nada de indefesa. Rasteja um masochista a seus pés. Nota a sadica platéa que ella pisa na cara do subjeito e finca a bota, que pode machucar, embora lisa. Mas cada qual que pense em sua quota. Si estou presente, eu penso: nem precisa tamanha exhibição. Meu tesão brota si o tennis do rapaz meu rosto visa.
O POETA PORNOSIANO 235
ESTÃO VIAJANDO! [5538] Um omnibus está, meio vazio, voltando calmamente, à noite, para o poncto inicial. Quem suspeitara que, alli mesmo, se estupra, a sangue frio! Paresce que occorreu isso no Rio, mas acho que é mentira. Quem tem tara capaz de fazer isso, assim, na cara dos outros passageiros? Não me fio! Precisa ter colhão, o tal rapaz! Expalham, inclusive, que a menina menor era! O tarado poz por traz, na bocca, pela frente... Ora! Magina! Em pleno collectivo? E ninguem faz nadinha? O cara exporra na vagina infantojuvenil e foge em paz? Então... que uma nympheta se previna!
236 GLAUCO MATTOSO
VAMPIRO MINETTEIRO [5539] Historias tão insolitas eu tenho ouvido! Aqui no bairro, conta alguem num pappo de padoca, ja se tem noticia dum vampiro! Eu franzo o cenho! Só pode ser piada! O desempenho da fera é vergonhoso! O bicho nem procura a jugular duma refem! Nenhuma veia fura! Ao caso venho: Commentam que o vampiro só quer chico sorvido duma chota ensanguentada! Que sangue mais impuro! Que impudico! Por isso é que eu insisto: não ha nada peor que um brazileiro nisso! Eu fico damnado e dou razão ao Chico! Ah! Cada monstrinho vagabundo! Do fuxico mordaz alguem exsiste que se evada?
O POETA PORNOSIANO 237
CONCUPISCENTE EXORCISMO [5564] Foi sadico! Foi tetrico! Foi tão erotico, grottesco! Foi funesto! Peor que um fratricidio, que um incesto! Foi hallucinação! Foi possessão! Delirio. Pesadello. Uma sessão espirita. No leito, o mortal resto fodendo-se, fedendo de indigesto banquete diabolico, ou pagão. Erecto cajadão. Funebre foice. Carnal, lubrico, lugubre caixão. Cadaver. Eskeleto. Assombração. Sepulchro. Tumba. Cova. Alcova. Alcoice. Um corpo. Um corno. Um caso. Um casco. Um coice. Maccabra gargalhada. Voz dum cão. Um ai! Um eia! Um murro. Um urro. Um não. Me venho! Vou gozar! Finou-se! Foi-se!
238 GLAUCO MATTOSO
"É, DE FATO, XOXOTA FEDE!" [5577] Dos jogos palindromicos quem for adepto certamente corrobora a phrase repellente e sem pudor que expoz as genitaes duma senhora. Até mesmo quem cheiros maus adora concorda que a boceta tem fedor terrivel, si cheirada bem na hora fatal, naquelles impetos de amor. Quem for da cunnilingua fan suppor irá que nada altera nem peora aquillo que se espera do sabor lambido, a peixe podre egual, embora. Porem, na má graphia que vigora agora, na "chochota" xiz foi pôr quem "facto" grapha "fato". Os erros fora, fazer não vou juizo de valor.
O POETA PORNOSIANO 239
"É PEOR A TARA DA RATA: ROE PÉ!" [5583] Bem, "ratta" lettra dupla tem. Porem, precisa, no palindromo, ter uma, appenas, pois sinão a coisa sem effeito vae ficar, se desarrhuma. Mas vamos ao que importa. Fallou quem que pé roer é tara? Coisa alguma, não é tara! Magina! Não é nem siquer um abnormal fetiche, em summa. Eu mesmo tenho tara que desdem maior, muito peor, se me advoluma na critica academica: me vem o orgasmo quando um pé sobre mim rhuma. Tesão, ao meu, egual, bem poucos teem. Daquelle que, pisando-me, se appruma, eu lambo o calcanhar, o dedão, em total transe... Ora, a ratta que se assuma!
240 GLAUCO MATTOSO
ODE À SATYRIASE [5584] Palindromos propondo, um ja se gaba: "O Zé dá dez, ó!" -- falla, muito affoito. Indago-lhe: "O tio Zé dará dezoito?" O satyro tem fama alli na taba! Ignoro si Thio Zé tambem enraba ou molha só de frente seu biscoito. É facto que erecção elle tem braba, daquellas que supportam muito coito. Caralho! Tal tesão, que nunca accaba, eu sonho ter tambem, porem me admoito, sabendo que não é qualquer vagaba que quero que pernoite onde pernoito. Sem phallo onde expalhar a minha baba, às vezes sou eu mesmo que me açoito. Mas basta do Thio Zé levar biaba, que eu abro o meu cabaço e não me accoito.
O POETA PORNOSIANO 241
ALHEIA VERGONHA [5596] Dercy Gonçalves disse: palavrão não é "foda", "caralho", "merda", "porra". É fome, guerra, abuso, corrupção e tudo que de males taes decorra. "Decreto" ou "portaria" mais calão traduz que "putaria". Alguem que morra na fila do hospital é chulo, não casaes no frango assado ou na gangorra. Os juros, excorchantes, indecentes se tornam mais que curra numa bella donzella. Quando botam pannos quentes num crime escandaloso, mais se mella. Politico que emprega seus parentes no typico "cabide" mais sequela provoca que quem morde e exfrega os dentes na pelle do cacete emquanto o fella.
242 GLAUCO MATTOSO
OFFENSA QUE COMPENSA [5601] Judiam da ruivinha, Glauco! Nella penetram, mas na bocca! A rolla affunda até que se suffoque! Em sua bunda bastante battem! Zoam a cadella! Sim, chega a vomitar, pois na goela a rolla bomba à toda! Bem immunda e bruta a scena fica! Bella tunda lhe deram, Glauco! Como a puta fella! Os videos desse typo ja são bem communs! Você, que é cego, é quem se priva de scena tão explicita e lasciva! Glaucão, que puta azar que você tem! Mas resta-lhe um consolo, ja que sem visão quem fica a mente tem bem viva: Se veja no logar dessa passiva vadia, cego! Sinta-se refem!
O POETA PORNOSIANO 243
NOJENTO CORRIMENTO [5628] Chupei, ja cego, um gajo que, de idéa, bem sadico seria, que me fez tragar um pau que tinha gonorrhéa corrente. Dessa rolla fui freguez. Houvesse me filmado, da platéa infantojuvenil hoje talvez eu fosse epico meme. Que geléa corria! Que patê! Que sordidez! Emquanto me fodia, ainda ria, mandando que engolisse esse seu puz com gosto de manteiga, de ambrosia salgada! Até doente me suppuz! Provei que, quando orgastica a agonia, um cego se degrada, se reduz a bicho com um furo onde lhe enfia a rolla alguem que ainda advista a luz.
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VERVE QUE FERVE [5632] {Caralho, Glauco, porra! Vae tomar no cu! Gosto da tua poesia por causa do calão, da putaria! Mas andas a appurar teu linguajar! Não fallas tanta merda mais! Um ar de estylo meio nobre me entedia nas tuas coisas ultimas! Arria as calças novamente! Vae cagar! À puta que pariu tuas pesquisas estheticas! Eu quero mais chulice, mais foda, mais fedor! Glauco, precisas soltar-te mais! Te liga no que eu disse!} -- Talvez os vendavaes paresçam brisas, agora que estou perto da velhice, mas culpa tens tambem, pois não me pisas tal como outrora. Falta alguem que risse...
O POETA PORNOSIANO 245
FELLA, DÁ, PUTA! [5669] Palavras tambem andam na garuppa das outras, num sentido que culmina melhor, como na falla nordestina que varios sons semanticos aggruppa. Assim, quando escutei que alguem "estrupa", entendo que se "extripa", si a menina sangrou naquelle estupro. Mesma signa virá quando se xinga alguem que chupa. Chamar "feladaputa", numa só palavra, alguem que posa de cadella, suggere que esse alguem um phallo fella, alem de prostituto ser, sem dó. Xingar de "filha" dá, no caso, um nó na lingua, si for elle e não for ella o xiz da xingação, pois quem appella ao termo offende avô menos que avó.
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LASCIVO INCENTIVO [5728] Não tem muito o que encoraje esta lyra ao joven bardo si meus versos são ultraje e me basto em ser bastardo. Um herdeiro de Bocage e Gregorio aguenta o fardo fescennino e appenas age como quem attira dardo. Dar ao joven escriptor um alento va que seja positivo. Mas si for incorrecto o que elle almeja. O que posso lhe propor e dar, farto, de bandeja é poema com sabor sem pudor, que não se peja.
O POETA PORNOSIANO 247
VERSO LIVRE [5747] Liberal ou libertario? Eu prefiro o libertino, profissão que não tem pareo si o poeta é fescennino. Não depende de salario o pornographo ferino. Dependesse, era um otario, como alguem que me defino. Inda bem que por dinheiro nenhum faço o meu poema! Não preciso que, primeiro, a censura as dores gema. O poeta punheteiro soffre, mesmo, dum problema: seu orgasmo passageiro é demais, e baixo o thema.
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UNDERWEAR DISSONNET [5772] P'ra fazer panno de pratto talvez ella não servisse, mas se presta, disso eu tracto, à sexual semvergonhice. Quando mancha (ja me disse um moleque), paga o pato quem a lava. Mas chulice mesmo é um facto mais ingrato: Ao chupar um pau, eu batto de narina nella. Ri-se quem me obriga ao acto chato, mas o cego que se enguice! Cabisbaixo e timorato um gaiato que me visse mandaria, nesse exacto tempo, que algo eu engolisse.
O POETA PORNOSIANO 249
USO CORRENTE [5798] Faço sexo punheteiro e não uso camisinha. Quem quizer ser putanheiro use a bocca, como a minha. Do ceguinho ou da ceguinha a chupeta prazenteiro uso tem na comezinha voz oral do brazileiro. O povão só diz "chupeta" ou "boquette". Fellação não é termo que commetta quem se liga no povão. Ao ceguinho, não é tão importante essa questão, mas chupar o piccareta que, mais sadico, o submetta.
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PERSEGUIÇÃO À PROFISSÃO [5818] Moralistas teem fajuta concepção duma senhora de quem todo fan desfructa bom prazer, e sem demora. Alludindo estou à puta que exaltei, porem agora contra ella alguem relucta e um careta commemora. Não commento essa disputa de poder, si xinga ou ora quem condemna-lhe a conducta. Desse pappo eu estou fora! Si um michê que eu chupo e chuta minha cara estou, por hora, a pagar, sua labuta só da nossa compta é, ora!
O POETA PORNOSIANO 251
DICTIONARY DISSONNET [5827] Fallei disso em ode e não dou molleza a pappo molle. Quem bem come só de "pão" jamais vive e mais engole. Alguns passam privação? Bem sabemos! Não me enrolle! Si puder, quer o povão "ravioli" e "rocambole"! Procurar um palavrão num Aurelio sempre bolle com a gente, mas em vão. Falta "merda" que console. Um "sebinho" ou um "colhão" lexicographo que accolhe até temos, mas "tesão" feminino não é, olhe!
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FISTING DISSONNET [5829] Puta merda! Com o punho ser fodido é mesmo foda! Não darei meu testemunho pois não entro nessa roda! Mesmo assim, jamais alcunho de tarado quem à moda adheriu e não rascunho versos contra a alheia coda. Aguentar la dentro um braço o ceguinho não festeja. Sacrificio tal não faço, pois não rezo nessa egreja. Masochista sou, mas traço meus limites. Quem deseja me foder, ja bem devasso, só na bocca me gotteja.
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MOLEQUES SALAMALEQUES [5851] Senhor, por gentileza... Eu poderia pedir-lhe um favorzinho? Si não for incommodo, senhor... Eu só queria mandal-o se foder... Sim? Por favor! Perdão por insistir, senhor... Bom dia! Não quero interrompel-o, não, senhor! Desculpe-me qualquer descortezia, mas va tomar no rabo! Não, sem dor! Com toda a paciencia a gente insiste, mas noto que perdendo o tempo vou. Evito dirigir, de dedo em riste, offensas ao senhor, pois calmo sou. Mas, como o nosso pappo não consiste de formulas polidas, este show sentido ja perdeu. Ora, sem chiste: Ou vae tomar, ou eu o cu lhe dou!
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MEME DA CUECA SUJA [5884] {Hem, Glauco? Ja pensou o que seria lavar cueca suja? A lavadeira encontra alli que typo de sujeira? Bom thema, Glauco! Verta a poesia!} -- Está bem. Ja pensei. Eu acharia mais facil esse thema, caso queira você fallar de meia suja. Cheira chulé, fedor que nunca me sacia. Mas cheiro de cueca ja mixtura xixi com porra, sebo com cocô, alem daquelle aroma que vovô chamava de cecê. Que essencia pura! A mancha amarellada fica dura, até, depois duns dias. Nem pornô poeta canta aquillo. Nem Rimbaud cantou. Só seu chulé, que elle dedura.
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MEME DA MORDIDA [5901] Que sarro! Como pode de moral fallar alguem que visto foi na photo deitado com mulheres nas quaes boto o rotulo de "putas", affinal? O gajo faz sermões, prega com tal fervor de puritano, que devoto pensamos ser dalgum monge remoto, dum rude inquisidor, dum ancestral... Magina! A photo mostra a sua cara roçando pelas nadegas de pelle branquella, nem ligando si revele a scena a mordidella que lascara! Morder bunda de puta não ousara siquer o actor pornô cujo pau felle tal puta! Por costumes ha quem zele com tanta transparencia? Arre! Que tara!
256 GLAUCO MATTOSO
VALE QUANTO FELLA [5928] Ninguem confessa aquillo, mas que ja fizeram, ja fizeram. Não me accanho, porem, de confessar que dou, no banho, lambidas no que duro sempre está. Chupadas, tambem. Logico, o que dá aquellas lambidellas e o tamanho da rolla augmenta, até sahir o ranho do gozo, minha bocca não será! O proprio sabonete se encarrega de dar da chupetinha a sensação. Molhado, liso, unctada deixa a mão e eguala-se à linguinha leve e cega. A gente, appós passal-o, logo offega, tal como si sentisse a fellação. Comtudo, sei que todos dizer vão que passa sem sabão quem putas pega.
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MEME DO PAU DOADO [5975] Transplantes ja communs são, hoje em dia. Um penis de cadaver se transplanta num homem vivo, graças à mão sancta dum bom cirurgião da anatomia. Noticia foi na midia: quem precisa de rolla nova agora excolhe cor, grossura, comprimento, pelle lisa ou aspera, conforme o doador! Caralhos mortos podem ter, à guisa de vivos, erecção, fazer amor! Fallou desse milagre seu auctor, um medico cubano, ou haitiano. Diz elle, franco: "Sente alguma dor, depois, o paciente, eu não enganno ninguem, mas lhes garanto, seu sabor ainda, a quem chupal-o, é phallo humano!"
258 GLAUCO MATTOSO
MISCELLANEA FELLACIONAL [5982] Boquette é a quinctessencia do prazer. Orgasmo mais intenso eu só desfructo si a rolla me chupar um macho puto. Poder eu gosto sempre de exercer. Por isso quero sempre meu poder testar sobre um rival com quem discuto politica, pois desses eu escuto offensas que preciso devolver. Ja tive fellatrizes que meu pau fizeram exporrar com bom deleite, mas quero tal prazer em maior grau. Prefiro, agora, alguem que se subjeite na marra, ou por dinheiro, a um pau de mau character que, amargoso, exguiche o leite. O meu, que causa gritos dum "Uau!" de expanto, nunca appenas é de enfeite.
O POETA PORNOSIANO 259
MEME DO ASSOBIO [5994] Mulheres infelizes, quantas são! Casada está, mas acha que o marido por ella não demonstra ter libido. A amiga diz da falta de tesão: "Preciso lhe contar isso, Glaucão! Não quero ser vulgar quando decido fallar, mas meu amigo cê tem sido... Escute então a minha confissão!" Perdeu a virgindade, certamente, mas outra idéa tinha do que rolla na cama de casal, pois seu potente esposo para o sexo nem dá bolla. Emquanto trepam, elle fuma, o dente palita, pigarreia, cantarola... Só falta assobiar, com eloquente ruido, um samba proprio de viola.
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MEME DA NYMPHOMANIACA [6008] Nas ruas não exsiste diplomata. Fallarem que é "furor" seu, "uterino", revela pouco tacto e pouco tino, mas claro que a pau esse rumor macta. Não é de medicina que se tracta, mas sim de sacanagem. Qual menino não toca nesse assumpto fescennino no pappo com a turma, sobre a gatta? Sim, fora do commum é o que ella tem, concordo, si em repouso a passarinha jamais está, si um fremito lhe vem. Mas faça-se justiça, coitadinha! Evita sahir dando e só traz, bem la dentro, uma cenoura ou... abobrinha! Seria preferivel que ella zen ficasse, mas, coitada, se apporrinha!
O POETA PORNOSIANO 261
MISCELLANEA REGULAR [6018] Nas taras, cada qual tem seu motivo. "Quem lambe uma boceta, si a mulher está de chico, oppõe-se ao que Deus quer." Assim não diz o frade, que é lascivo. Eu mesmo, no meu gozo, não me privo das taras mais communs ao meu mester. Porem o frade espera seu affair passar, com a freirinha, pelo crivo. A freira argumentou, negou, mas nada que allegue dissuade disso o frade, disposto a degustar-lhe a ensanguentada e fetida vagina! Que dirá de um cego a freira, então, si o camarada degusta as hemorrhoidas de algum Sade? Por isso os bardos cantam: curta cada qual sua podre tara à saciedade.
262 GLAUCO MATTOSO
MISCELLANEA OBSCENA [6019] Se encontra, pelas lettras, pratto cheio. Frequentes são, à margem dum auctor maior, obras que o deixam, nu, se expor. Ja puz diversos classicos no meio. Não temo putarias. Não receio topar, relendo um livro quando for, aquelle sonnettão de despudor repleto, que eruditos acham "feio". Bocage alli, Rabello aqui, mas mais recente está Drummond, como Bandeira, guardando alguns poemas sensuaes. Achar e revelar resta, a quem queira ser delles o biographo, os fataes e posthumos "ineditos" na feira. Os meus ninguem os "acha", pois jamais escondo os fescenninos: é carreira.
O POETA PORNOSIANO 263
MEME DA MENINA BEIÇUDA [6029] Meninas se conhescem por inteiro. Carminha descobriu que sua conna tem "labios" e por elles se appaixona, paixão que exige espirito fuleiro. Tem ella aquillo tudo que, primeiro, desejos despertou na propria dona. Mas tem tambem aquillo que ambiciona qualquer abbestalhado punheteiro. Queria era beijar-se, mas só pode fazer isso no espelho, chota a chota, ou labio a labio. A idéa que lhe accode é ver sua boneca, na qual bota a chota, dar-lhe os beijos. Quem se fode, mais tarde, é a cadellinha que ella adopta! Ninguem ha que com isso se incommode, excepto o moralista que me annota.
264 GLAUCO MATTOSO
MEME DO JARGÃO [6030] Palavras em desuso boas são. Por ser conservadora, a minha avó usava só "loló", só "fiofó". Mas outras podem ter occasião. Ninguem precisa achar que um trazeirão se chama "nadegaço". Meu xodó seria mesmo "lordo" ou "fricandó", appenas por dever de erudição. É feio dizer "bunda". Usar "bumbum" tambem não serve, é bunda de creança. Qual termo usar, então? Exsiste algum? Jamais no cu tomou. Na sua usança foi só "papae-mamãe", cujo jejum durou. Mexer a bunda? Só quem dansa! Relesse um termo celebre e incommum: de "sesso" usar Bocage não se cansa.
O POETA PORNOSIANO 265
MISCELLANEA PUBLICITARIA [6033] Num mundo marketeiro, vale tudo. Na falta de demanda, faço ou não "offerta", "promoção", "liquidação"...? No falso annuncio, facil eu illudo. Si eu vendo alguma coisa, posso dar descompto, parcellar, e até de graça ceder admostras, disso estou a par. Pois bem, conhesço gente que ja caça freguez annunciando que, em logar do "artigo", a ser um brinde o corpo passa. Da bocca, da boceta, ha quem ja faça campanhas promovendo e dando, gratis, geral degustação em plena praça. Nem tenho que me oppor! Si é com tomates, cenouras, orificios, si é devassa ou não a freguezia, toca aos vates!
266 GLAUCO MATTOSO
MISCELLANEA DA CONSTIPADA [6036] Estresse influe no rhythmo do intestino. Cagava bem, a dona Dora. Agora faz força, alli sentada, mas demora. Não posso ter certeza, mas attino. Batata! Si o cocô sae muito fino, signal é de prisão de ventre. Chora quem senta alli por mais de meia hora, e em seu logar até que me imagino. Tomava no cu, quando seu marido ainda não brochava. Ultimamente se sente constipada. Não duvido que a causa seja a falta dum potente e audaz suppositorio. Faz sentido? Talvez, si outra resposta não se invente. Sentada na privada, só ruido escuta, tripa addentro, persistente.
O POETA PORNOSIANO 267
MISCELLANEA VENEREA [6047] Quem tem mãe no puteiro, degenera. Tem filho "fididinho", como diz o povo, a respeitavel meretriz. Qualquer coincidencia não é mera. A puta se perfuma, se produz, mas mãe é do mais sordido rapaz, um typo revoltado que, nos cus das bichas, vae à forra: foi capaz, depois de enrabar uma, tendo puz no pau, de entrar na bocca qual por traz. O docil masochista que, attravés dos labios, se infectou, teve de, appós chupar puz com cocô, do chão ao rés prostrar-se e, sob as ordens duma voz chapada, lamber tudo que, nos pés fedidos, não lavou seu rude algoz.
268 GLAUCO MATTOSO
VAZIAS PHANTASIAS [6070] Insomne, escuto tudo o que, durante a noite, em quarentena, a vizinhança discute emquanto fode. Mais advança a hora, mais punhetas me garante. Accyma, a adolescente vacillante, chupando o namorado, faz lambança, mordendo o pincto. Um berro o joven lança e chuta a nymphetinha. Ah, ri bastante! Abbaixo, um casal briga, pois o cara metteu fundo demais na bocca aberta de menos. Elle em cyma della accerta um tapa. Agora a bocca se excancara. Divirto-me com esse show e, para gozar, dos machos sempre tenho offerta de rollas chupar quando a coisa apperta na vida conjugal de excassa tara.
O POETA PORNOSIANO 269
MEME DO SEXO VIRTUAL [6074] {Não basta trepar, Glauco! Tenho, nua, que me photographar! Você sabia? Sinão, como, durante a pandemia, irei mostrar que a vida continua? A gente trepa, cada qual na sua, mas meu corpão a rede ja vigia! Assim todos verão que estou sadia! Pellada só não orna andar na rua! Não acha, Glauco? Sei que cegos não se importam com imagens! Todavia, você concorda, né? Quem, todo dia, trepar vae sem fazer divulgação?} -- Amiga, si me vissem, o tesão brochava! Melhor faço si na pia me lavo da punheta que vicia um cego. Que se expalhe escuridão!
270 GLAUCO MATTOSO
HASHTAG PREFIRO BANANINHA [6140] Querido, vou fallar-te com franqueza. Mulher não sou que enrolla, tu ja viste. Mas, contra as outras todas, eu nem triste fiquei ao conhescer o Pé de Mesa. A fama que elle tinha, com certeza fajuta se revela, pois consiste a rolla delle em thema mais de chiste que duma allegoria da macheza. Devias ver, querido! Uma bimbinha minuscula, mais flaccida que pincto de velho ou de bebê! Mas eu não sinto prazer com rolla grande! Estou na minha! Prefiro mesmo um pincto que definha, pois posso simular um labyrintho na minha bocetinha! Não, não minto! Sou summamente estreita, appertadinha!
O POETA PORNOSIANO 271
HASHTAG FICA A DICA [6144] Paguei puta, mas Glauco, nem gozei! Fazia tempo -- Ouviu? -- que eu não sahia com essas de programma! Que seria? Você bem sabe, Glauco: não sou gay! A moça até fingiu gozar, mas sei (bobão não sou) que esteve toda fria! Agora descobri: pornographia foi muito melhor, sempre que exporrei! Masturbação é tara bem mais rica! A gente phantasia, nesse eschema, com todos os fetiches, sem problema! A boa bronha as coisas simplifica! De novo vive dura a minha picca! Não va dizer meu nome num poema, ouviu? Não é que linguas más eu tema, mas quero ser discreto... Fica a dica!
272 GLAUCO MATTOSO
DIRECTO AO PONCTO NO CONTO [6147] Bollei um conto assim, Glaucão. Que tal? A victima de estupro, paciente de estresse posttraumatico, se sente tão mal que vae parar num hospital, mas esse nosocomio tambem, mal interna taes mulheres, na corrente e em cella as mantem presas. Muita gente irá tractal-a como um animal. Appós ser estuprada, todo dia, por varios gajos sadicos, ja fica de perna aberta, a bocca aberta à picca, de quattro, de joelhos, a gurya. Emfim, ja accostumada, a mulher cria coragem, nojo perde e verifica que sente indifferença a quem fornica na marra a femea. Achou pornographia?
O POETA PORNOSIANO 273
HASHTAG FUI ESTUPRADA [6150] Lhe juro, Glauco! O bebado de mim fez tudo o que lhe veiu na cabeça! Sim, tive que chupar! E não se exquesça: caralho de mendigo... Ui, si é ruim! Fiquei tão humilhada! Teve fim a foda só depois que elle, na advessa e rude posição, jorrou espessa golfada! A vomitar eu quasi vim! Meu trauma? Claro, Glauco, que isso guardo! Não posso me exquescer! Mas nem por isso evito lhe contar! Ja meu serviço me impede de expalhar tão triste fardo! Você, que nesses themas é bom bardo, capaz é de entender o tal mestiço! bem pode transformar, sem ser ommisso, meu drama num poema ao pobre pardo...
274 GLAUCO MATTOSO
HASHTAG PAGA LOGO [6156] Hem, Glauco? Prometteu pagar? Agora terá, sim, que cumprir essa promessa! Tambem eu quererei receber essa parcella duma adjuda gratis, ora! Mas isso me lembrou certa senhora putana, que a chupar nunca começa, dizendo ser preciso que ella peça ao gajo que se limpe, sem demora. Primeiro, a puta allega que o cliente está com o pau sujo, que sebinho junctou demais, que falta algum carinho no asseio, que isso é muito repellente. Então, outras inventa. De repente, deseja, antes da foda, beber vinho, brindar a Zeus... Só mais um minutinho! Pagou ou não pagou? -- pergunta a gente.
O POETA PORNOSIANO 275
MORAL (II) [6192] Familia christan, porra! Jesus, porra! Valores moraes, porra! Religião, caralho! Deus, caralho! Você não entende que eu a nomes taes recorra? Chamar Nossa Senhora de cachorra jamais irei! No funk é que elles vão fazer isso, caralho! O palavrão quem usa assim eu quero que elle morra! Que bosta! Aquella bosta de jornal fodeu minha familia, porra! Sou christão, tenho principios, e não vou xingar tal como xingam, affinal! Não sou como você, Glauco, que mal emprega a nossa lingua! Não dou show de exporro, de barraco! Quem fallou besteira foi você, que é sem moral!
276 GLAUCO MATTOSO
COPROLALIA [6202] Senhoras e senhores, esse bosta, perdão, esse carissimo collega que, nesta ceremonia, a bunda arrega, desculpem, que em dialogos apposta, me cabe exaltar sua descomposta bundona, digo, o merito dum mega poeta, de seu livro, um troço brega da porra, do qual toda a gente gosta! Errei quando o chamei, attraz, de filho da puta! Mil perdões! Dizer eu quiz que sua mãe nem era meretriz, porem foi-lhe imputado o peccadilho! Emfim, que elle se foda, si me pilho mandando, me corrijo desses vis cochilos! Lhe dirijo os mais gentis calores, com perdão do trocadilho!
O POETA PORNOSIANO 277
BACALHAU [6208] As partes, tanto em homens ou mulheres, fedendo a bacalhau nos são descriptas e tu tambem tal cheiro nellas citas. Explica-me isso, Glauco, si puderes! Então, caralho ou conna, dizer queres que tudo tem odor egual? Evitas fazer a differença? Que repitas te peço, Glaucão, isso que suggeres! Achar que a conna feda bacalhau eu acho, mas somente si está suja. Tambem a rolla, caso a dicta cuja sebinho juncte, exhala cheiro mau. Suggeres tu, portanto, que no pau ninguem se lave? Então machão babuja em conna sem lavar? Ninguem que fuja exsiste da sujeira? Ahi, babau!
278 GLAUCO MATTOSO
CONTRACEPÇÃO [6258] É facil não ter filhos, Glauco! Basta fechar as pernas, porra! Gravidez se evita, né?, caralho! Só quem fez nenen foi a mulher que não é casta! Um homem que não seja pederasta somente de putinhas é freguez! A culpa não é delle, que michês não paga, mas com puta a grana gasta! Fui claro, Glauco? Ou achas que embaralho? A puta poderá ser chupeteira, appenas, si quizer! Caso não queira, que emprenhe! Que embarrigue, então, caralho! Que pillulas, que nada! Não me valho jamais da pharmaceutica tranqueira! Si for p'ra desistir duma rampeira, eu fodo um cego, mesmo! Quebro o galho!
O POETA PORNOSIANO 279
GOSTOSO [6261] Você quer saber, Glauco, o que seria chupar "gostoso" um pincto? Ora, amigão, é facil de explicar! A posição da lingua condiciona a phantasia! A lingua "saboreia", se sacia de varios "paladares"! A micção vestigio deixa nitido, que, tão marcante quanto o "queijo", o olfacto guia! Emquanto você chupa, "saboreia", dahi chupar "gostoso"! Mas tambem eu "gosto", si chupado por alguem que saiba manter sua bocca cheia! Mais longe vae você, que tira a meia appenas com a lingua, Glauco! Nem precisa perguntar o que, convem dizer, ja sempre soube... e que allardeia!
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DESNUDEZ [6308] Fizeste meia nove? Que tu fazes na cama agora, Glauco? Ousaras tu, segundo o que supponho, do tabu zombar, mas taes luxurias são fugazes! Sei como performavas, com rapazes sacanas, posições nas quaes o cu, seguindo os KAMA SUTRA, solta angu mais molle em plena bocca, affora os gazes! Mil poses acrobaticas pudeste com elles practicar! Agora, não! Estás, Glaucão, ja quasi septentão! Ainda te contorces, inconteste? Contesto-te! Nenhum cabra da peste consegue, septentão, ter o condão da foda contorcida! Nem anão tem fama assim! Desiste, meu! Te veste!
O POETA PORNOSIANO 281
INCONCEBIVEL [6324] Agora chupam só com camisinha as putas, Glauco! Porra, chato paca! Caralho, sou do tempo da polaca! Melhor recordação tens que esta minha? Lambia -- Ah, feliz epocha! -- todinha a rolla, dava banho, sim, a vacca! Nas bollas salivava, até! Que inhaca! Ficou molle esse trampo da gallinha! Não, ellas não podiam ter do sebo qualquer nojo, Glaucão! De nenhum cheiro, nenhum gosto! Nenhuma, no puteiro, dizia não! Assim é que as concebo! Ficaram muito frescas, ja percebo! Deixei de ser, por isso, um putanheiro! Agora, a recordar, sou punheteiro! Bons tempos! À memoria delles bebo!
282 GLAUCO MATTOSO
DONDOCA DE MASOCA [6362] No site elles exhibem à platéa a puta, que tem cara da Brunella. Mas, quando contractada ja foi, ella tem cara verdadeira: a da mocréa! Só para você, Glauco, ter idéa da cara da putana, que é magrella, se enfoque na caolha mais banguela possivel numa typica plebéa! Assim não dá, Glaucão, pois cobram caro! Quem uma puta paga ja não manda! As putas ja não fallam com voz branda e para nossos cheiros negam faro! Recusam-se a lamber! Acham amaro o gosto da piroca! Só lavanda exigem que fedamos! Ja desanda a foda! Eu, que sou sadico, me azaro!
O POETA PORNOSIANO 283
SEPTENTÕES [6377] Ouviste fallar, Glauco, do dictado que diz que pau de velho é lingua? Agora te conto o que o vovô poz para fora: dois palmos duma lingua de tarado! Na minha conna a rolla dum cunhado ja tinha entrado fundo! Ninguem chora por isso: só de gozo se estertora! Mas, Glauco, mais o velho olhou meu lado! Entrou com seu linguão tão fundo, tão gostoso, que suppuz ser uma cobra que estica, que colleia, que se dobra até quasi sahir pelo ladrão! Tambem, como o vovô, tu septentão estás! A julgar pela tua obra, tens lingua de dois palmos! Não te sobra um tempo para as connas, Glauco, não?
284 GLAUCO MATTOSO
ESCROTAL TOTAL [6419] Não é que meu pau seja tão pequeno: meu sacco é que paresce meio grande! Glaucão, o meu testiculo se expande demais, é como a Lua quando em pleno! Mas acho que exaggeram! Eu condemno boatos desse typo! Minha glande não perde para um grão de milho! Mande à merda quem disser! Quanto veneno! As minhas bollas, Glauco, alguem compara às nadegas maiores que se possa ter! Pode? Quem aguenta tanta troça? Até quando rirão da minha cara? Nem batto mais punheta! Minha tara consiste nesse gesto de quem coça o sacco de verdade! Pelle grossa formei alli! Nem penso mais na vara!
O POETA PORNOSIANO 285
MASTURBATORIOS SUPPOSITORIOS [6447] Glaucão, eu, quando batto uma punheta, da practica cenoura faço um uso prosaico: no meu recto eu introduzo aquella raiz! Calma, não é peta! Perigo não ha! Basta que se metta a dicta com cuidado! Um parafuso não causa tal effeito, mas, confuso, cheguei a usal-o! Usei até proveta! Provetas são quebraveis! Quem tiver cu muito appertadinho, não é bom usar! O parafuso tem o dom de ser menor, maior, conforme der! Emquanto fui casado, uma mulher legal eu tive! Entrava fundo com um dildo, que sahia tão marron que, em breve, ella trocou por um clyster!
286 GLAUCO MATTOSO
FERTIL TOM ERECTIL [6459] Ouvi fallar, Glaucão, que tem menina bem sadica à procura dum machão que tope ser escravo! Você não quiz isso? No logar não se imagina? Hem, Glauco? Que tesão! Quem lhe domina a bocca ser mulher! Eu fico tão erecto que me exporro! Uma funcção almejo: chupador ser de vagina! A simples phantasia não lhe excita a mente? Cunnilingua qualquer? Nada? Eu fallo duma chota menstruada, da maxima abjecção que alguem admitta! Depois de ler tal scena, bem descripta em verso por você, descasco cada punheta, cara! Assim a madrugada passou, até que tudo se repita!
O POETA PORNOSIANO 287
BIZARRA GARRA [6481] Cocô, Glauco! Cocô, dejecto, caca! Titica, bosta, fezes, excremento! Em summa, merda! Digo-te e lamento que versos 'inda faças com inhaca! Dás voltas, Glauco, mas à fria vacca retornas, latrinario, cem por cento! Um dia chegarás a teu momento fatal! Verás que a lyra ficou fracca! Appenas uma chance te jubila: comer da merda ao vivo! Teu successo será total! Reservo o meu ingresso e, claro, vou querer primeira fila! Te ver quero, Glaucão, a degluttil-a com gosto! Rirei desse teu excesso! Em sendo assim, poeta, ja te peço que insistas! Quem tem garra não vacilla!
288 GLAUCO MATTOSO
CHATOS BOATOS [6511] Sou conspiracionista, Glauco! Ouvi fallar que todo macho, cedo, brocha! Disseram ser um chato de galocha quem falla abertamente disso ahi! Aquelles que não fallam só por si garantem que se appaga a nossa tocha bem antes dos sessenta, mas debocha dos factos quem tal coisa acha cricri. A gente desconversa, não confessa, mas sabe todo mundo quando o pincto começa a decahir! Eu ja não sinto tesão como sentia, antes, à bessa! É chato conspirar, Glauco, mas dessa verdade não se excappa! Jamais minto e nunca me gabei de ter um quincto orgasmo successivo! O orgulho cessa!
O POETA PORNOSIANO 289
PUTA REPUTADA [6526] Historia tem aquella cadeirante, você nem imagina, Glauco! Occorre que puta foi! Quem nasce puta morre mais puta ainda! Tino tem bastante! É como quem nasceu cego! Durante a vida vae soffrer, por mais que exporre pensando ser masoca... Bem, mas corre a lenda dessa puta! Não se expante! Trepar ja não podendo, que faz ella? Appenas chupa! Curva-se, rebaixa a bocca aberta ao maximo, que encaixa na rolla do freguez, e nella fella! Barato cobra, claro! Na favella ninguem tem mesmo grana! Assim, ella acha cliente sempre, embora até bollacha às vezes tome, como bagatella!
290 GLAUCO MATTOSO
TRIANGULO ESCALENO [6539] Ai, Glauco, minha esposa me corneia! Você nem imagina a minha birra! Meu pincto nem mais brocha: até ja myrrha! Mas não posso culpal-a, Glauco, creia! Mal saio, um Ricardão de cara feia e enorme pau na chota della expirra a porra! Minha raiva mais se accirra! Mas não posso culpal-a, Glauco, creia! Um dia, até chegou, de bocca cheia, fallando o Ricardão na minha cara que gosta que ella chupe sua vara! Mas não posso culpal-a, Glauco, creia! Me explico: elle entendeu que me tonteia aquelle seu chulé, pois tenho tara podolatra! Assim, tudo se excancara! Emquanto o casal fode, eu cheiro a meia!
O POETA PORNOSIANO 291
ANTIGAS AMIGAS (I) [6543] Não, Glauco, nunca puta fui de estrada, nem dessas do puteiro da favella! Eu fui menina virgem, uma bella nympheta, aos bons lençoes accostumada! Tornei-me puta appenas porque nada mais me satisfazia! A gente fella primeiro o pau dum primo... Uma barrella, depois, a gente soffre... e está ferrada! Porem, Glaucão, conhesço uma ceguinha que foi, esta sim, cria de puteiro! Sem outra alternativa, pelo cheiro sabia quanto tempo um sebo tinha! Um queijo de semanas, coitadinha, chupava direitinho! Zombeteiro, sim, todo freguez era! Não me inteiro, comtudo, si 'inda aguenta tal morrinha...
292 GLAUCO MATTOSO
ANTIGAS AMIGAS (II) [6544] Sim, Glauco, minha amiga foi nympheta bellissima, de inveja dar à gente! Mas pouco pude vel-a: de repente, perdi minha visão numa vendetta! Em mim vingaram-se elles duma treta de drogas na familia! De indigente menina dum central Buraco Quente, passei a ser ceguinha de sargeta! Sim, Glauco, fui treinada, na favella, a rollas engolir com a garganta mais funda! Qualquer picca ja levanta ao ver a cega abrir sua goela! Mas Glauco, me responda: quem revela taes coisas lhe interessa? Por que tanta vontade de saber? Por que se encanta você com a roptina de quem fella?
O POETA PORNOSIANO 293
RISONHA SEM VERGONHA [6547] Então vou te contar, Glauco. Casada eu quasi estive. Virgem me mantive. De sexo faz sentido que se prive alguem? Pois esperei ser deflorada. Na vespera, rompeu elle. Mais nada restou-me de esperança. Só quem vive num mundo de illusão pode, inclusive, achar que ser feliz é dar risada. Eu ria por qualquer coisa, bobinha. Casar ja não mais quero, Glauco, não. Mas hoje faço sexo com a mão na boa. Ainda rio, mas sozinha. Achaste boba a minha ladainha? Não mesmo, Glauco? Puxa, mas és tão amigo! Si eu tivesse esse pezão que queres, a deixar-te lamber vinha!
294 GLAUCO MATTOSO
MULHER NUA [6567] (para Claudia C.) Me viram, Glauco, toda pelladona, andando pela casa! Aquella gente tem cameras potentes e potente recurso de informatica! Que zona! Filmaram-me! Filmaram minha conna, meus labios! Os pellinhos, pela lente, até brilhavam, Glauco! De repente, nas redes eu bombei, bem bonitona! Mas, Glauco, descobri que ficar nua, appenas, não me basta! Necessito fazer mais coisas! Acho mais bonito alguem commigo! Um cara achei na rua! Agora melhorou! A dupla actua, famosa, pelas redes! Accredito que logo me entedio, mas evito pensar nisso! O programma continua!
O POETA PORNOSIANO 295
PROSTATICO [6631] Não tenho mais tesão penil! Agora prostatico tesão, appenas, tenho, Glaucão! Você tambem tem desempenho abbaixo do normal na sua tora? Mas logo brochará! Ja nem mais cora a gente quando toca nesse engenho carnal que nos vexou! Eu só me venho, agora, mentalmente, em feliz hora! Me vejo, de repente, excitadão, lembrando duma gatta que comi e, em vez de me sahir algum xixi, sae porra muito liquida, Glaucão! Você, que não brochou assim, em vão rezar a Zeus irá! Direi aqui somente que estou vendo bem e vi as cores que você perdeu, irmão!
296 GLAUCO MATTOSO
GLORY HOLE [6632] Estás lembrado, Glauco? Certamente que lembras! Toda sauna gay a tinha, aquella gostosissima sallinha na qual tanto tesão a gente sente! O cara adjoelhava bem na frente daquella circular aberturinha aonde ia parar, em recta linha, a rolla dum extranho sorridente! Não vias delle rosto, corpo, nada! Estavas, mesmo tendo uma visão qualquer, residual, ja cego! Não sabias quem chupavas, camarada! Si feio fosse, bocca desdentada, nariz de bruxa velha, ahi, Glaucão, chupavas loucamente! Que tesão! Masocas todos somos, um foi cada!
O POETA PORNOSIANO 297
TROTEIRA BRINCADEIRA [6669] No relatorio Hite eu sei dum caso de facefucking, Glauco! Respondia o gajo ser a sua phantasia tirar com a mulher um puta attrazo! Mas eu sempre fiz isso! Me comprazo mettendo na garganta da vadia, causando-lhe engasguinhos! Que seria do macho sem tal bocca, sem tal vaso? Você mesmo ja disse que a cegueira o leva à phantasia de engolir caralhos ensebados, qual fakir fazendo penitencia, quer não queira! Tambem eu phantasio uma rameira, com quem estou casado! Lhe exigir garganta profundissima, fingir que estou fodendo um cego... Brincadeira!
298 GLAUCO MATTOSO
SOLUÇÃO DA POLLUÇÃO [6674] Exporro na cueca, mesmo! Minha mania sempre fora ter à mão um practico recurso, do tesão depois: uma felpuda toalhinha! Porem, poeta, aquella comezinha toalha se sujava! Você não calcula como fica encardidão o panno onde se exporra! Que morrinha! Deixei de lado, Glauco, o panno usado na cama, que ficava alli na beira fedendo, pendurado! Que porqueira! Agora no calção tenho gozado, na sunga, na cueca... Desaggrado não causa me livrar dessa sujeira vestindo roupa limpa! Ja quem queira feder e se excitar... Entendo o lado!
O POETA PORNOSIANO 299
GLAMOUR [6731] Glaucão, não ha glamour na sodomia! Quem leva ferro sente muita dor! Quem come cu se suja! Quando for tirar, nota que é exgotto onde se enfia! Glamour não ha nenhum, Glaucão! Um dia, dum gajo o cu comi! Dominador pensei ser, disciplina quiz suppor que impunha, que, bem sadico, o fodia! Pheijão tinha comido o gajo! Quando tirei o pau de dentro, coroado estava pelas cascas do virado! De quebra, veiu couve! Estou fallando! Lhe juro, cara! Assim, eu no commando não quero mais ficar! Me desaggrado com tanta porcaria! Só sou sado, agora, com você, cego nefando!
300 GLAUCO MATTOSO
BROCHA DE GALOCHA [6763] Um velho? De pau duro, mesmo? Mas... Não é possivel, Glauco, pois ninguem, depois de septentão, de facto tem tesão, como si fosse 'inda rapaz! Os machos só se gabam, mas em paz deixaram seu caralho siquer sem tentar uma punheta, assim que vem a phase de impotencia mais tenaz! Na lenda sempre insistem! Aos septenta, ninguem mais enduresce seu caralho! Você não corrobora? Acha que eu falho na analyse e trepar ainda tenta? Você ficou tão chato! Quem aguenta um cego que quebrar o proprio galho consegue só lambendo o que, em frangalho, eu calço, cujo cheiro lhe enche a venta?
O POETA PORNOSIANO 301
TUTTI FRUTTI [6767] Eu tenho mil garotas, Glauco! Minha piroca tem assucar! Namorada ja tive que ficava hallucinada chupando o pau de pessego que eu tinha! Com outra de maçan bem azedinha sabor eu puz na rolla! Não ha nada mais lubrico, Glaucão, para a chupada! Fedor? Bem... Ja fedi bella morrinha! Com outra puz sabor mais salgadinho debaixo do prepucio: um gorgonzola melhor é que acerola ou carambola! Ficou delicioso o meu sebinho! Então, Glaucão? Você, que bom ceguinho se diz, em mil sabores não exfolla a lingua? Sabe como minha sola degusta a namorada? Com carinho!
302 GLAUCO MATTOSO
PALAVRORIO NO SANATORIO [6777] Tarados entre si manteem contacto: tem sadico, masoca, até assassino, zoophilo, necrophilo... Termino com um pyromaniaco cordato. "Que tal fazermos sexo com um gatto?", diz um. "Mas tortural-o tambem!", fino, diz outro. "Sim! Mactal-o bom destino tambem seria!", adduz um mais sensato. A vez é do necrophilo, que diz: "Tambem, depois de morto, vae a gente fazer sexo com elle novamente, né, turma?" Ao suggerir, sorri, feliz. Foi o pyromaniaco quem quiz, depois de tudo, um fogo bem ardente no gatto pôr. Por ultimo, um contente masoca diz "Miau!", sem mais ardis.
O POETA PORNOSIANO 303
LINGUA DO POVO [7031] Ficou ceguinha a filha da vizinha. Morreu a mãe. Cuidei dessa cegueira na marra. Virou minha chupeteira. Incrivel era a lingua da ceguinha! Lambia, molhadinha, toda a minha piroca! Nem pensar que ella não queira! Na cega a gente manda! Prazenteira me foi aquella bocca beiçudinha! Sim, claro que pensei naquella zica damnada da menina! Que infeliz destino! Mas é como o povo diz: Meresce padescer quem cego fica! Você tambem, Glaucão, ja chupou picca por causa da cegueira, não foi? Quiz chupar? Si não quizesse, elles gentis seriam? Nunca! Até levava bicca!
304 GLAUCO MATTOSO
MOTIVO RELATIVO [7093] Foi pelo buracão da fechadura um gajo visto, louco, a degustar dum outro o cu, naquelle familiar hotel, da moral publica mais pura. Depois disso, na hora do jantar, o gajo reclamou daquella dura especie de pellinho, de mixtura ao musculo, na sopa. Deu azar. Indaga-lhe o garçon, meio offendido: "Ué, mas o senhor nojo não sente daquelle cu, chupado loucamente! Por que dum pello sente? Faz sentido?" Responde o gajo: {Nojo certamente você teria caso, num lambido cuzinho, achasse, inteiro, um mal cozido pedaço de cebolla, ainda quente!}
O POETA PORNOSIANO 305
APPOSTA NA BOSTA [7105] Malvada sou, Glaucão! Si poderosa eu fosse, castraria algum machão, seus olhos vazaria, quando, então, promptinho ficaria à minha prosa! Então eu lhe diria: Aqui quem goza sou eu e mais ninguem! Os homens são escravos da boceta! Como um cão, lambidas dê nas petalas da rosa! Seus labios que em meus labios se inundar consigam da sopinha vaginal! Um cego bem cappado um animal se torna, de exquisito paladar! Depois, approveitando que cagar eu quero, vae comer meu trivial cocô que, comparado, tem mais sal que sangue menstrual! Quer appostar?
306 GLAUCO MATTOSO
FÉ DEMAIS NOS ABNORMAES, FÉ DE MENOS NOS AMENOS [7136] Em Deus Pae creio, todo poderoso, da Terra creador, do Céu tambem, alem dos ares putridos que tem qualquer corrego urbano malcheiroso! Num Filho delle creio, que tem gozo sabendo que soffrer à Terra vem e tenta accreditar que, num Alem futuro, o seu viver será gostoso! Que estamos mergulhados num total inferno de cocô, feito um exgotto a céu aberto, creio tambem, ropto nas vestes, por signal lavadas mal! Emfim, creio num feio mappa astral e, como nunca fui um bom garoto, não creio que peidar, soltar arrocto, cuspir no chão, e tal, seja abnormal!
O POETA PORNOSIANO 307
ANAL ANALYSE [7139] Mas, Glauco, si a cagada for recente, a lingua vae achar ainda aquella camada de cocô que, nella, mella até se eternizar n'alma da gente! E, caso o cu ja tenha simplesmente seccado, quem lambel-o dará trella a tudo que, grudado, se exfarella no meio dos pellinhos! Quem não sente? Por isso uma anilingua, Glaucão, é o mesmo que comer a propria bosta, aquillo que ninguem falla que gosta de estar saboreando num filé! Num bife nós queremos molho, ué, não merda! Numas pregas, é supposta alguma sujeirinha! Quem apposta num limpo cu se illude em sua fé!
308 GLAUCO MATTOSO
PHALLICO CANTIL [7195] Costumas usar essa garrafinha de plastico, com agua? No biquinho tu bebes e te hydratas? Ja adivinho que sim! Mas suggestão tu queres minha? Achei uma, fofissima, na linha erotica, Glaucão! Com excarninho intento, dum caralho tem jeitinho egual o seu formato! Uma gracinha! Tu mettes pela bocca aquella bella garrafa como quem chupa a maior piroca do pedaço! Ora, melhor vasilha não exsiste do que aquella! Tu bebes como quem a rolla fella mais grossa, labios fechas ao redor e sorves um exguicho! Na peor hypothese, imaginas mijo nella!
O POETA PORNOSIANO 309
PROBLEMA DO CARALHO [7222] "Caralho" de "characulus" nos vem, poeta, mas você grapha "caralho"! Devia ser "charalho", si eu não falho na analyse dos etymos! Eu, hem? "H" todo vocabulo que tem problema dá, accarreta algum trabalho por parte dos orthographos! Não calho eu para taes analyses, porem! Caralho, para franco ser, poeta, só pode ser problema na medida do proprio comprimento, si soffrida for sua acceitação no cu, completa! Eu mesmo, com meu physico de athleta, que levo de durão fama na vida, não posso supportar, caso decida entrar com tudo um bode em minha recta!
310 GLAUCO MATTOSO
COCÔ NO PIPI DO VOVÔ [7236] Chupei, sim, e depois de ser por traz fodida! Mas ganhei muito presente! Ganhei um bumbum novo, um novo dente! Agora tenho muito mais chartaz! Amigas ja me invejam, Glauco, mas mais velho não quizeram ter cliente! Azar dellas! Rirei de quem invente fofocas! Zombarei das linguas más! Concordo que engoli muito cocô grudado no caralho que chupei! Mas era a minha merda! Chuparei de novo o meu "papae"... ou meu "vovô"! É minha a bocca, porra! Até pornô filminho fazer podem! Qualquer gay o mesmo faz bastante, isso bem sei! Você ja fez tambem, que é cego, pô!
SUMMARIO PORTENHO PORTUNHOL PORNÔ [2.29]................................... 9 HALLUCINANTE ONANISMO [2.42]..................................... 10 INTRANSIGENTE METEORISMO [2.86].................................. 11 PORNOCOPIA EM CORNUCOPIA [0003].................................. 12 PRIMEIRO ACTO, PISANDO JA NO CALLO............................... 13 SEGUNDO ACTO, DEPOIS DUM INTERVALLO.............................. 16 TERCEIRO ACTO, ONDE CANTA ALGUEM DE GALLO........................ 19 MADRIGAL PREPUCIAL [0015]........................................ 22 DISSONNETTO OROGENITAL [0041].................................... 23 DISSONNETTO MALDICTO [0044]...................................... 24 DISSONNETTO HINDU [0046]......................................... 25 DISSONNETTO BOCAGEANO [0102]..................................... 26 ODE ORAL [0107].................................................. 27 DISSONNETTO BIZARRO [0111]....................................... 28 BOQUETTE QUE COMPROMETTE [0137].................................. 29 DISSONNETTO ONANISTA [0138]...................................... 30 DISSONNETTO OROEROTICO (ou OROTHEORICO) [0139]................... 31 DISSONNETTO HYGIENICO [0143]..................................... 32 PITHECANTHROPUS ERECTUS [0153]................................... 33 DISSONNETTO RETAGUARDISTA [0183]................................. 34 DISSONNETTO REDUNDANTE [0190].................................... 35 MOTTE GLOSADO [Perfeição esculptural] [0193]..................... 36 DISSONNETTO QUEBRA-GALHO [0195].................................. 37 MOTTE GLOSADO [Duma linda bocca quero] [0196].................... 38 MOTTE GLOSADO [Si não fede, si não cheira] [0201]................ 39 MOTTE GLOSADO [Addoesce o adolescente] [0202].................... 40 MOTTE GLOSADO [Nas mulheres não se batte] [0213]................. 41 MOTTE GLOSADO [Só desejo, no meu dia] [0214]..................... 42 DISSONNETTO COMESTIVEL [0223].................................... 43 MANIFESTO ANILINGUISTA [0236].................................... 44
ODE AO HOMONYMO [0240]........................................... MOTTE GLOSADO [Com a rede virtual] [0247]........................ DISSONNETTO UTOPICO [0287]....................................... MOTTE GLOSADO [Problema em sermos porcos] [0288]................. MOTTE GLOSADO [Fallou Bob, o Porcão] [0292]...................... ODE CANNIBAL [0294].............................................. MANIFESTO SEXORALISTA [0303]..................................... MOTTE GLOSADO [Quer saber? Não commemoro] [0307]................. DISSONNETTO CHUPETEIRO [0308].................................... DISSONNETTO BOCETEIRO [0309]..................................... IDÉA DE MEDÉA [0310]............................................. MOTTE GLOSADO [Samba-enredo que louvasse] [0328]................. MOTTE GLOSADO [Que seria da utopia] [0359]....................... RHAPSODIA SADEANA [0367]......................................... TOLO CONSOLO [0372].............................................. DISSONNETTO DA NYMPHETA [0374]................................... OBSOLETA BOCETA [0385]........................................... MOTTE GLOSADO [O poeta, na cadeia] [0417]........................ MOTTE GLOSADO [Quando um cego engole picca] [0418]............... QUEIJO DE GUEIXA [0421].......................................... DISSONNETTO PERVERSIVO [0423].................................... DISSONNETTO SUPERDOTADO [0432]................................... JUDÔ PORNÔ [0473]................................................ PHANTASIA QUE ECSTASIA [0475].................................... DESFRUCTE NÃO SE DISCUTE [0495].................................. DISSONNETTO DO BARRACO [0525].................................... MONIKA NIPPONICA [0531].......................................... PORN FOR THE BLIND [0554]........................................ DISSONNETTO DESCLASSIFICADO [0587]............................... DISSONNETTO EMPANTURRADO [0641].................................. DISSONNETTO REGORDADO [0642]..................................... DISSONNETTO BESUNCTADO [0643].................................... SONNETTO DO ROPTO E DO EXFARRAPPADO [0663].......................
45 47 48 49 50 53 55 57 58 59 60 61 62 63 65 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 80 81 82 83 84 85
DISSONNETTO PHYMOSADO [0673]..................................... 86 DISSONNETTO ENCANTADO [0719]..................................... 87 INFINITILHO DA PENTELHAÇÃO [0725]................................ 88 DISSONNETTO DA IMPRESSÃO DIGITAL [0791].......................... 89 DISSONNETTO DA LUXURIA [0832].................................... 90 DISSONNETTO MULTITILLANTE [0853]................................. 91 LINGUA PUTANHEIRA [1012]......................................... 92 SONNETTO UMBILICAL [1020]........................................ 93 SONNETTO DO ABUSO VERBAL [1061].................................. 94 DISSONNETTO EXCLARESCIDO [1068].................................. 95 SONNETTO INEVITAVEL [1072]....................................... 96 DISSONNETTO LUBRICO [1078]....................................... 97 SONNETTO SADOMITA [1105]......................................... 98 DISSONNETTO DA TARANTULA [1194].................................. 99 SONNETTO DO BAPTISMO DE FOGO [1231]............................. 100 DISSONNETTO DA MÃO ESQUERDA [1241].............................. 101 DISSONNETTO DA FUGA SUBITA [1249]............................... 102 DISSONNETTO DO CLIENTE EXIGENTE [1261].......................... 103 SONNETTO DOS TRAJES MENORES [1337].............................. 104 SONNETTO DA EXPORRADA DESFORRADA [1356]......................... 105 SONNETTO DA LINGUAGEM CIPHRADA [1409]........................... 106 DISSONNETTO DA PHANTASIA SEXUAL [1410].......................... 107 SONNETTO DOS PESOS TEXTUAES E DAS MEDIDAS PENIANAS [1420]....... 108 DISSONNETTO DO CORNO ASSUMIDO [1440]............................ 109 SONNETTO DA SERPENTE IMPOTENTE [1441]........................... 110 DISSONNETTO DO GENTIL SERESTEIRO [1463]......................... 111 DISSONNETTO DO TROVADOR PROVOCADOR [1464]....................... 112 SONNETTO DA CLOACA BEMDICTA [1468].............................. 113 SONNETTO DA DATA RECUADA [1492]................................. 114 SONNETTO DO PAE DA MATERIA FECAL [1511]......................... 115 DISSONNETTO DA CANTIGA DE AMOR [1512]........................... 116 SONNETTO DA PUTA PAGANDO O PATO [1526].......................... 117 DISSONNETTO DA FUTEBOLINA [1529]................................ 118
SONNETTO DA BRONHA SEMVERGONHA [1552]........................... SONNETTO DO SEXO LIMPO [1611]................................... DISSONNETTO DO COITO NA PENUMBRA [1627]......................... SONNETTO DOS BICHANOS FANCHONOS [1644].......................... SONNETTO DA SURRA DE PICCA [1651]............................... DISSONNETTO DA ZONA ESCROTA [1652].............................. DISSONNETTO DO FILME PORNÔ [1675]............................... SONNETTO DA GRAPHIA POLITICAMENTE CORRECTA [1683]............... DISSONNETTO DA TITHIA QUE TITILLA [1689]........................ DISSONNETTO PARA OS SEIOS [1722]................................ DISSONNETTO PARA UM BEBÊ CHORÃO [1747].......................... DISSONNETTO PARA A TRADIÇÃO GREGA [1826]........................ DISSONNETTO PARA UM NAMORO ADOLESCENTE [1831]................... DISSONNETTO PARA UM SONHO DESFEITO [1863]....................... DISSONNETTO PARA UMA FELLAÇÃO PEDERASTICA [1891]................ SONNETTO PARA UM BAFO INCONFUNDIVEL [2003]...................... DISSONNETTO PARA UMA AGUA TIRADA DE JOELHO [2020]............... SONNETTO PARA UM PRAZER VISUAL [2034]........................... DISSONNETTO PARA UMA OVELHINHA DESGARRADA [2035]................ DISSONNETTO PARA UMA GAROTA QUE NÃO É DE QATIF [2042]........... DISSONNETTO PARA A LINGUAGEM DESBOCCADA [2069].................. DISSONNETTO PARA UM SABOR ARTIFICIAL [2070]..................... DISSONNETTO PARA QUEM FICA CHUPANDO O DEDO [2088]............... DISSONNETTO PARA A VOCAÇÃO DO CEGO [2089]....................... DISSONNETTO PARA UM PERIPAQUE SEM DESTAQUE [2099]............... DISSONNETTO PARA UMA MULHER DAMNADA [2117]...................... DISSONNETTO PARA A ANIMALIDADE DO HOMEM [2185].................. SONNETTO PARA O LIVRE COMMERCIO [2308].......................... SONNETTO PARA UM ONUS E UM BONUS [2320]......................... SONNETTO PARA UM SONNETTISTA METTIDO A METTEDOR [2377].......... SONNETTO PARA UM VOCABULO MASCULO [2403]........................ DISSONNETTO PARA A ANATOMIA DA VULVA [2512]..................... DISSONNETTO PARA UM BIGORRILHO [2545]...........................
119 120 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 136 137 138 139 140 141 142 143 144 145 146 147 148 149 150 151
DISSONNETTO PARA UMA CONCENTRAÇÃO MASCULINA [2562].............. DISSONNETTO PARA UMA CANTIGA DE FODA [2668]..................... DISSONNETTO PARA UMA DANSA A DOIS [2669]........................ DISSONNETTO SOBRE UM PIERRÔ APPORRINHADO [2827]................. DISSONNETTO SOBRE UMA MUNDANA DORMINHOCA [2857]................. DISSONNETTO SOBRE QUEM POSA DE DENGOSA [2926]................... DISSONNETTO SOBRE UMA DOMINADORA BEM HUMORADA [2932]............ DISSONNETTO SOBRE UMA PAIXÃO CEGA [2933]........................ DISSONNETTO SOBRE UMA BOCCA ABERTA E OUTRA FECHADA [2963]....... DISSONNETTO SOBRE O BEIJO MAIS INTIMO [3008].................... DISSONNETTO SOBRE A DUPLA IDENTIDADE [3021]..................... DISSONNETTO SOBRE O TESTEMUNHO DO LEITOR [3051]................. DISSONNETTO SOBRE A VERSATILIDADE DAS MULHERES [3063]........... FATAES NATAES [3089]............................................ GINGANDO NA GANGORRA [3117]..................................... SACRILEGIO ESTEATOPYGIO [3155].................................. PINGOLIM DE CHERUBIM [3163]..................................... TRIPLA DISPUTA [3171]........................................... FEDIDO POR FEDIDO [3185]........................................ RECIPROCA IMPRECAÇÃO [3206]..................................... O MAIS MASCULO VOCABULO VERNACULO [3222]........................ ESTATUA TATTUADA [3246]......................................... MASTURBATORIOS RELATORIOS [3249]................................ TRAJECTORIA EJACULATORIA [3251]................................. SEXO GENUFLEXO [3258]........................................... MONACHAL BACCHANAL [3280]....................................... VOCALICA VOCAÇÃO [3366]......................................... CAGONA E MANDONA [3388]......................................... PUTA DE RECRUTA [3450].......................................... COBRANÇA QUE CANSA [3453]....................................... PRIMEIRAS LETTRAS [3525]........................................ DOIS COELHOS NUMA CAJADADA [3554]............................... A VOLTA DO MOTTE DO TRIO [3621].................................
152 153 154 155 156 157 158 159 160 161 162 163 164 165 166 167 168 169 170 171 172 173 174 175 176 177 178 179 180 181 182 183 184
A VOLTA DO MOTTE DA BOCCA [3642]................................ A VOLTA DO MOTTE DO BRUTO [3643]................................ ICONICO NIPPONICO [3927]........................................ DINHEIRO SUADO [3929]........................................... ENQUETE PARA BOQUETTE [4007].................................... UM MAGOTE DE CAMAROTE [4027].................................... CASEIRA CONFEITEIRA [4110]...................................... O CAUTO CAUSO DO ORGASMO ANIMALESCO [4156]...................... IMPIEDOSO GOZO [4161]........................................... O VIÇO DO VICIO [4197].......................................... SEM VIÇO NO SERVIÇO [4198]...................................... O CAUTO CAUSO DA FRUCTA QUE SE DESFRUCTA [4199]................. GOSTINHO DE MALDADE [4407]...................................... GALLO CALLEJADO [4455].......................................... ADDICIONAL INSALUBRIDADE [4463]................................. CREAÇÃO DA BOCETA [4464]........................................ MAU GOSTO, BOM DESGOSTO [4537].................................. CONTRARIO SCENARIO [4555]....................................... ADOLESCENTE EXIGENTE [4584]..................................... COMMADRES NA LINHA [4725]....................................... COMPADRES NA LINHA [4726]....................................... PRIMINHOS NA LINHA [4727]....................................... ACCENOS DE VENUS [4831]......................................... ALTERNATIVA DE GODIVA [4833].................................... ACTIVO RELATIVO [4837].......................................... TREPADA TRESPASSADA (I a III) [4838/4840]....................... HEMORRHAGIA QUE ALLIVIA [4847].................................. SIGNA FESCENNINA [4853]......................................... VOTO VENCIDO [4927]............................................. CAPTIVO ADOPTIVO [4936]......................................... SAPHADEZA À POLONEZA [4946]..................................... VIOLANTE, A VIOLENTA [4970]..................................... NA RAIZ DA QUESTÃO [4977].......................................
185 186 187 188 189 190 191 192 193 194 195 196 197 198 199 200 201 202 203 204 205 206 207 208 209 210 212 213 214 215 216 217 218
IMPROSTITUCIONALISSIMAMENTE [4981].............................. MOLHADAÇO EM PALHA D'AÇO [5009]................................. VOCAÇÃO INVOCADA [5015]......................................... MOITA DESOCCUPADA [5032]........................................ IRRUMANDO NO COMMANDO [5045].................................... PORCARIA SEM PERFUMARIA (I) [5047].............................. PORCARIA SEM PERFUMARIA (II) [5048]............................. ABBRAÇO SUADAÇO [5063].......................................... RIJO DE MIJO [5064]............................................. O PROVEITO DO DEFEITO [5090].................................... EXGUEDELHADA PENTELHEIRA [5099]................................. A PRAGA DA DESNADEGADA [5241]................................... EXAME DE CONSCIENCIA [5280]..................................... DISSONNETTO DUM RESERVADO NÃO VENTILADO [5396].................. UM SATYRO SATYRIZADO [5508]..................................... TENTANDO TEMPTAR [5515]......................................... ESTÃO VIAJANDO! [5538].......................................... VAMPIRO MINETTEIRO [5539]....................................... CONCUPISCENTE EXORCISMO [5564].................................. "É, DE FATO, XOXOTA FEDE!" [5577]............................... "É PEOR A TARA DA RATA: ROE PÉ!" [5583]......................... ODE À SATYRIASE [5584].......................................... ALHEIA VERGONHA [5596].......................................... OFFENSA QUE COMPENSA [5601]..................................... NOJENTO CORRIMENTO [5628]....................................... VERVE QUE FERVE [5632].......................................... FELLA, DÁ, PUTA! [5669]......................................... LASCIVO INCENTIVO [5728]........................................ VERSO LIVRE [5747].............................................. UNDERWEAR DISSONNET [5772]...................................... USO CORRENTE [5798]............................................. PERSEGUIÇÃO À PROFISSÃO [5818].................................. DICTIONARY DISSONNET [5827].....................................
219 220 221 222 223 224 225 226 227 228 229 230 231 232 233 234 235 236 237 238 239 240 241 242 243 244 245 246 247 248 249 250 251
FISTING DISSONNET [5829]........................................ MOLEQUES SALAMALEQUES [5851].................................... MEME DA CUECA SUJA [5884]....................................... MEME DA MORDIDA [5901].......................................... VALE QUANTO FELLA [5928]........................................ MEME DO PAU DOADO [5975]........................................ MISCELLANEA FELLACIONAL [5982].................................. MEME DO ASSOBIO [5994].......................................... MEME DA NYMPHOMANIACA [6008].................................... MISCELLANEA REGULAR [6018]...................................... MISCELLANEA OBSCENA [6019]...................................... MEME DA MENINA BEIÇUDA [6029]................................... MEME DO JARGÃO [6030]........................................... MISCELLANEA PUBLICITARIA [6033]................................. MISCELLANEA DA CONSTIPADA [6036]................................ MISCELLANEA VENEREA [6047]...................................... VAZIAS PHANTASIAS [6070]........................................ MEME DO SEXO VIRTUAL [6074]..................................... HASHTAG PREFIRO BANANINHA [6140]................................ HASHTAG FICA A DICA [6144]...................................... DIRECTO AO PONCTO NO CONTO [6147]............................... HASHTAG FUI ESTUPRADA [6150].................................... HASHTAG PAGA LOGO [6156]........................................ MORAL (II) [6192]............................................... COPROLALIA [6202]............................................... BACALHAU [6208]................................................. CONTRACEPÇÃO [6258]............................................. GOSTOSO [6261].................................................. DESNUDEZ [6308]................................................. INCONCEBIVEL [6324]............................................. DONDOCA DE MASOCA [6362]........................................ SEPTENTÕES [6377]............................................... ESCROTAL TOTAL [6419]...........................................
252 253 254 255 256 257 258 259 260 261 262 263 264 265 266 267 268 269 270 271 272 273 274 275 276 277 278 279 280 281 282 283 284
MASTURBATORIOS SUPPOSITORIOS [6447]............................. FERTIL TOM ERECTIL [6459]....................................... BIZARRA GARRA [6481]............................................ CHATOS BOATOS [6511]............................................ PUTA REPUTADA [6526]............................................ TRIANGULO ESCALENO [6539]....................................... ANTIGAS AMIGAS (I) [6543]....................................... ANTIGAS AMIGAS (II) [6544]...................................... RISONHA SEM VERGONHA [6547]..................................... MULHER NUA [6567]............................................... PROSTATICO [6631]............................................... GLORY HOLE [6632]............................................... TROTEIRA BRINCADEIRA [6669]..................................... SOLUÇÃO DA POLLUÇÃO [6674]...................................... GLAMOUR [6731].................................................. BROCHA DE GALOCHA [6763]........................................ TUTTI FRUTTI [6767]............................................. PALAVRORIO NO SANATORIO [6777].................................. LINGUA DO POVO [7031]........................................... MOTIVO RELATIVO [7093].......................................... APPOSTA NA BOSTA [7105]......................................... FÉ DEMAIS NOS ABNORMAES, FÉ DE MENOS NOS AMENOS [7136].......... ANAL ANALYSE [7139]............................................. PHALLICO CANTIL [7195].......................................... PROBLEMA DO CARALHO [7222]...................................... COCÔ NO PIPI DO VOVÔ [7236].....................................
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Titulos publicados: A PLANTA DA DONZELLA ODE AO AEDO E OUTRAS BALLADAS INFINITILHOS EXCOLHIDOS MOLYSMOPHOBIA: POESIA NA PANDEMIA RHAPSODIAS HUMANAS INDISSONNETTIZAVEIS LIVRO DE RECLAMAÇÕES VICIO DE OFFICIO E OUTROS DISSONNETTOS MEMORIAS SENTIMENTAES, SENSUAES, SENSORIAES E SENSACIONAES GRAPHIA ENGARRAFADA HISTORIA DA CEGUEIRA INSPIRITISMO MUSAS ABUSADAS SADOMASOCHISMO: MODO DE USAR E ABUSAR DESCOMPROMETTIMENTO EM DISSONNETTO DESINFANTILISMO EM DISSONNETTO SEMANTICA QUANTICA INCONFESSIONARIO DISSONNETTOS DESABRIDOS SONNETTARIO SANITARIO DISSONNETTOS DESBOCCADOS RHYMAS DE HORROR DISSONNETTOS DESCABELLADOS NATUREBAS, ECOCHATOS E OUTROS CAUSÕES A LEI DE MURPHY SEGUNDO GLAUCO MATTOSO MANIFESTOS E PROTESTOS LYRA LATRINARIA DISSONNETTOS DYSFUNCCIONAES O CINEPHILO ECLECTICO A HISTORIA DO ROCK REESCRIPTA POR GM SCENA PUNK CANCIONEIRO CARIOCA E BRAZILEIRO CANCIONEIRO CIRANDEIRO SONNETTRIP THANATOPHOBIA DESILLUMINISMO EM DISSONNETTO INGOVERNABILIDADE PEROLA DESVIADA
São Paulo Casa de Ferreiro 2021