PARAPSYCHOGRAPHIA

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PARAPSYCHOGRAPHIA



Glauco Mattoso

PARAPSYCHOGRAPHIA

São Paulo Casa de Ferreiro


Parapsychographia © Glauco Mattoso, 2023 Revisão Lucio Medeiros Projeto gráfico Lucio Medeiros Capa Concepção: Glauco Mattoso Execução: Lucio Medeiros ______________________________________________________________ FICHA CATALOGRÁFICA ______________________________________________________________ Mattoso, Glauco PARAPSYCHOGRAPHIA/Glauco Mattoso São Paulo: Casa de Ferreiro, 2023 92p., 14 x 21cm CDD: B896.1 - Poesia 1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.


NOTA INTRODUCTORIA Chamei de “inspiritismo” minha lyra, não digo kardecista, mas ao menos sympathica à crendice, digo, crença na vida appós a morte, ja que sou, não digo um bruxo classico, mas um maldicto cego mago. No presente volume, brevemente incluo uns casos, não digo “lindos”, como os conhescidos do publico leitor que, em centros, com espiritos conversa, mas que dão a alguem alguma coisa que pensar. Àquelles que em espiritos não creem, exponho uns casos comicos, então.



PSYCHOGRAPHANDO ALBERTO DE OLIVEIRA [6323] Jesus invoca Alberto de Oliveira, depois de morto, para semear amor, louvar conducta que exemplar se diga, tolerante, irman, parceira. Não é que contestar o vate eu queira, mas isso dum christão a face dar a toda bofetada ja logar não pode ter, é cynica besteira! Alberto quer que evitem a vingança os vivos, que não paguem mal com mal! Mas como, caro Glauco, si normal é a gente se vingar, desde creança? Jamais da forra alguem aqui se cansa! Eu quero ver ferrado o meu rival! Só mesmo você, Glauco, não tem tal recurso! São os cegos gente mansa!

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ADJUDA E PASSA (Alberto de Oliveira, por Chico Xavier) Extende a mão fraterna ao que ri e ao que chora: O palacio e a choupana, o ninho e a sepultura, Tudo o que vibra espera a luz que resplendora, Na eterna lei de amor que consagra a creatura. Planta a bençam da paz, como raios de aurora, Nas trevas do ladrão, na dor da alma perjura; Irradia o perdão e attende, mundo affora, Onde clame a revolta e onde exsista a amargura. Agora, hoje e ammanhan, comprehende, adjuda e passa; Exclaresce a alegria e consola a desgraça, Guarda o anxeio do bem que é lume peregrino... Não troques mal por mal, foge à sombra e à vingança, Não te afflija a miseria, arrhyma-te à esperança. Seja a bençam de amor a luz do teu destino.

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DO ULTIMO DIA (Alberto de Oliveira, por Chico Xavier) O homem, no ultimo dia, abbattido em seu horto, Sente o extremo pavor que a morte lhe revela; Seu coração é um mar que se appruma e encappella, No pungente estertor do peito quasi morto. Tudo o que era vaidade, agora é descomforto. Toda a nau da illusão se destroça e esphacela Sob as ondas fataes da indomita procella, Do pobre coração, que é naufrago sem porto. Somente o que venceu nesse mundo mesquinho, Conservando Jesus por verdade e caminho, Rompe a treva do abysmo engannoso e perverso! Onde vaes, homem vão? Cala em ti todo allarde, Foge dessa tormenta antes que seja tarde: Só Jesus tem nas mãos o pharol do Universo.

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PSYCHOGRAPHANDO ALPHONSUS DE GUIMARAENS [6325] Em vida, Alphonsus era mui adepto das practicas catholicas. Menciona ainda, agora morto, uma cafona imagem de clichês, que eu interpreto. Embora nada diga de concreto accerca dum caralho ou duma conna, o bardo symbolista posiciona seu dedo no detalhe predilecto. De “mysticos prazeres” falla, mas sabemos que, de Christo, Magdalena os pés lavou, beijou, e nada amena foi sua devoção mais pertinaz. Si puta foi, si dava a Satanaz a quota de serviço, sua pena cumpriu. Mas é prazer o que envenena o verso do que faça, fez e faz.

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REDIVIVO (Alphonsus de Guimaraens, por Chico Xavier) Sou o cantor das mysticas balladas Que, em volutas de flores e de incenso, Achou, no Espaço luminoso e immenso, O perfume das hostias consagradas. Almas que andaes gemendo nas estradas Da amargura e da dor, eu vos pertenço, Attravessae o nevoeiro denso Em que viveis no mundo, ammortalhadas. Almas tristes de freiras e sorores, Sobre quem a saudade despetala Os seus lirios de pallidos fulgores; Eu resurjo nos mysticos prazeres, De vos cantar, na sombra onde se exhala Um perfume de altar e misereres...

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SINOS (Alphonsus de Guimaraens, por Chico Xavier) Escuto ainda a voz dos campanarios Entre aromas de rosas e assucenas, Vozes de sinos pelos sanctuarios, Enchendo as grandes vastidões serenas... E seguindo outros seres solitarios, Retomo velhos quadros, velhas scenas, Rezando as orações dos Septenarios, Dos Officios, dos Terços, das Novenas... A morte que nos salva não nos priva De ir ao pé de um sacrario abbandonado, Chorar, como ‘inda faz a alma captiva! Ó sinos dolorosos e plangentes, Cantae, como cantaveis no passado, Dizendo a mesma Fé que salva os crentes!...

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PSYCHOGRAPHANDO ANTONIO TORRES [6326] Antonio Torres disse que trocava, em vida, a fé por facil ironia e que sua razão lhe resumia o mundo. O resto ousou mandar à fava. Mas hoje (elle verseja) ja não trava a sua mente um sceptico ou vazio conceito. Sua crença adduz um pio motivo de comforto, que faltava. Até ahi, paresce tudo bem conforme com as theses de Kardec. Mas acho que, si falla algo que peque, será dizer que treva acclara a alguem. Não, trevas não acclaram! Não, ninguem me venha com bobagens de moleque! Ja basta que um moleque zombe e em xeque colloque esta cegueira! Ai, gente! Eu, hem?

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NADA (Antonio Torres, por Chico Xavier) Nada!... Philosophia rude e amara, Na qual accreditei, com pena embora De abbandonar a Crença que esposara, -- A minha adspiração de cada hora. Crença é o perfume d’alma que se enflora Com a luz divina, resplendente e rara Da Fé, unica Luz da unica Aurora, Que as trevas mais compactas nos acclara. Revendo os dias tristes do Passado, Vi que troquei a Fé pela Ironia, Nos desvios e excessos da Razão; Antes, porem, não fosse tão ousado, Pois nem sempre a Razão profunda e fria Allivia ou consola o Coração.

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PSYCHOGRAPHANDO ARTHUR AZEVEDO [6329] Chronista social Arthur se faz, appós desencarnado, para azar das altas rodas, visto que quer dar noticias de seu vicio contumaz. Qual vicio? Ora, adulterio! Qual rapaz daquellas bellas epochas seu par procura num puteiro, si vulgar se mostra qualquer dama? Ah, linguas más! Alem das trahições, a putaria está sempre, em Arthur, subentendida. Suggere-se que, nessa altura, a vida na Corte pornographica seria. Por certo! Mas que coisa quereria Arthur recommendar? Que se decida viver mais castamente? Se invalida a sua tentativa! Haja quem ria!

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MINIATURAS DA SOCIEDADE ELEGANTE (Arthur Azevedo, por Chico Xavier) SONNETTO I Hadriano Gonçalves de Macedo, Homem de cabedaes e alma sem siso, Penetrou no seu quarto com um sorriso Às dez horas da noite, muito a medo. Uma charta de amante -- era um segredo -Ia abril-a, e, assim, era preciso Que a sua esposa, dama de juizo, Não a visse nem mesmo por brinquedo! Dona Coralia Augusta Collavida Estaria nessa hora recolhida? Levantou a cortina, devagar... Mas, que tragedia appós esse perigo... Viu que a esposa beijava um seu amigo, Sobre o divan da salla de jantar.

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SONNETTO II No bello palacete do Furtado, Palestrava a galante Mariquita Com um pellintra affectado, assaz catita, Bacharel delambido e enamorado. De sobre a grande commoda bonita, Toma o moço um livrinho encadernado, Revirando-o nas mãos, interessado, Mas a joven retoma-o, muito afflicta: -- “Esse livro, Antonico, é meu breviario!” Diz inquieta. E elle, cynico e falsario, Arrebatta-o às frageis mãos trementes: Abriu-o. Mais o olhava e mais se ria... Era um compendio de pornographia, Recamado de quadros indecentes.

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SONNETTO III Dom Castilho, notavel latinista, Realizara alentada conferencia, Sobre rigido assumpto moralista, Protegido dos membros da regencia. Foi um successo. E a esposa Anna Fulgencia, Nelle via uma grande alma de artista, Louvando-lhe a utilissima exsistencia De homem probo e famoso publicista. Que primor de moral! e os companheiros Escriptores, poetas, conselheiros, Foram levar-lhe o abbraço camarada. Numa corrida louca, esses senhores Foram achal-o em seus trajes menores, No appartamento escuro da creada...

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PSYCHOGRAPHANDO AUGUSTO DOS ANJOS [6330] Estou chocado, Glauco! Como pode o Chico Xavier compor sozinho sonnettos que retractam direitinho o Augusto? Como lyra tal accode? Glaucão, é natural que se incommode a gente com o Alem! Eu, no caminho da vida, me fodi! Nem adivinho o jeito como um cego, então, se fode! Comtudo, bardo sceptico suppuz que seja Augusto! Occorre que não é! Depois de morto, obstenta a sua fé na these mais espirita, na luz! Sim, Glauco! Reconhesce elle Jesus! Você tambem podia, cara, até seguir do bardo os passos, sem do pé abrir mão! Pense, em Christo, nos pés nus!

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HOMO II (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier) Appós a introspecção do Alem da Morte, Vendo a terra que os proprios ossos come, Horrente a devorar com sede e fome Minhas carnes em lubrico transporte, Vi que o “ego” era o alento flammeo e forte Da luz mental que a morte não consome. Não ha lucta mavortica que o dome, Ou venenada lamina que o corte. Depois da estercoraria microbiana, De que o planeta triste se engalana Nas grilhetas do Infinitesimal, Volve o Espirito ao paramo celeste, Onde a divina essencia se reveste De uma substancia fluida, universal.

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EGO SUM (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier) Eu sou quem sou. Extremamente injusto Seria, então, si não vos declarasse, Si vos mentisse, si mystificasse No anonymato, sendo eu o Augusto. Sou eu, deste intellecto meu de arbusto, Que jamais cri, e por mais que o procurasse, Quer com Darwin, com Haeckel, com Laplace, Levantar-me do leito de Procusto. Sou eu, que a ropta etherica transponho Com a rapidez phantastica do sonho, Inexprimivel ante as theorias, O mesmo triste e estrabico producto, Atramente a gemer a magoa e o lucto, Nas mais contrarias idiosyncrasias.

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RAÇA ADAMICA (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier) A Civilização traz o gravame Da origem remotissima dos Aryas, Estirpe das escorias planetarias, Segregadas num mundo amargo e infame. Arvore genealogica de pariahs, Faz-se mester que o carcere a conclame, Para a reparação e para o exame Dos seus crimes nas quedas millennarias. Foi essa raça podre de miseria Que fez nascer na carne deleteria A esperança nos Céus inexquescidos; Glorificando o Instincto e a Intelligencia, Fez da Terra o brilhante gral da Sciencia, Mas um mundo de deuses decahidos.

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ESPIRITO (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier) Busca a Sciencia o Ser pelos ossuarios, No orgam morto, impassivel, atro e mudo; No labor anatomico, no estudo Do germe, em seus impulsos embryonarios; Mas só descobre os vermes-funccionarios No seu trabalho infame, horrendo e rudo, De consumir as podridões de tudo, Nos seus medonhos agapes mortuarios. Em meio às sepulchraes cadaverinas Encontra-se ruina entre ruinas, Como o bolor e o mofo sob as heras; A alma, que é Vibração, Vida, ou Essencia, Está na Luz, terá sobrevivencia No transcendentalismo das espheras.

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CONFISSÃO (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier) Tambem eu, misero espectro das dores No escaphandro das cellulas captivas, Não encontrei a luz das forças vivas, Appesar de ingentissimos labores. Bem distante das causas positivas, Na visão dos microbios destruidores, Senti somente angustias e estertores, No turbilhão das sombras negativas. Foi preciso “morrer” no campo inglorio, Para encontrar esse laboratorio De belleza, verdade e transformismo! A Sciencia sincera é grande e augusta, Mas a Fé, só, na estrada eterna e justa, Tem a chave do Céu, vencendo o abysmo!...

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ACTUALIDADE (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier) Torna Caim ao fausto do proscenio. A Civilização regressa à taba. A força primitiva menoscaba A evolução omnimoda do Genio. Trevas. Canhões. Appaga-se o millennio. A construcção dos seculos desaba. Resurge o craneo do morubichaba Na cultura da bomba de hydrogenio. Mas, accyma do imperio amargo e exsangue Do homem perdido em pantanos de sangue, Novo sol banha o pelago profundo. É Jesus que, attravés da tempestade, Traz ao berço da Nova Humanidade A consciencia kosmica do mundo.

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PSYCHOGRAPHANDO AUTA DE SOUZA [6332] Tambem religiosa Auta de Souza se mostra appós partir, soffrida, desta. Partiu para melhor? Ella faz festa, dizendo-se liberta. Grande cousa! Estamos num exsilio, Glaucão, ousa dizer Auta. Você não a contesta? Concorda, então, com ella? Que funesta sentença, vate! Em quaes razões repousa? Citar “valle de lagrymas”, a mim, não colla! Você, cego, que se ralle! De lagrymas não vejo nenhum valle! Enxergo bem! Não tenho olho ruim! Não acho que pagar peccados vim aqui reencarnar! Você que falle em termos de “missão”! Quer que eu me eguale a tantos azarados? Bah! Pois sim!

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HORA EXTREMA (Auta de Souza, por Chico Xavier) (ver 6323) Quando exhalei meus ultimos alentos Nesse mundo de magoas e de dores, Senti meu ser fugindo aos amargores Dos meus dias tristonhos, nevoentos. A tortura dos ultimos momentos Era o fim dos meus sonhos promissores, Do meu viver sem luz, sem paz, sem flores, Que se exstinguia em atros soffrimentos. Senti, porem, minh’alma soffredora Mergulhada nas brisas de uma aurora, Sem as sombras da dor e da agonia... Então parti, serena e jubilosa, Em demanda da estrada exsplendorosa Que nos conduz às plagas da harmonia!

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ADDEUS (Auta de Souza, por Chico Xavier) O sino plange em terna suavidade, No ambiente balsamico da egreja; Entre as naves, no altar, em tudo adeja O perfume dos goivos da saudade. Geme a viuvez, lamenta-se a orphandade; E a alma que regressou do exsilio beija A luz que resplandesce, que viceja, Na cathedral azul da immensidade. “Addeus, Terra das minhas desventuras... Addeus, amados meus...” -- diz nas alturas A alma liberta, o azul do céu singrando... -- Addeus... -- choram as rosas desfolhadas, -- Addeus... -- clamam as vozes desoladas De quem ficou no exsilio soluçando...

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PSYCHOGRAPHANDO ALPHONSUS DE GUIMARAENS FILHO [6333] De entrar no que segreda a cova fria então a fim estás, Glauco Mattoso? “Parnaso de Alem Tumulo”, o famoso livrão do Xavier, te influencia? Reler-me ja quizeste, quando, um dia, deitei-me no chão, para de escabroso proposito fallar. Não tive gozo nenhum quando fingi que ja morria. Mas fazes phantasia si vampiro suppões que eu seja, alem de teres sido. Verdade verdadeira aqui decido contar-te, caro Glauco, ou me retiro. Depois que morri, nunca me refiro às luzes dos espiritas! Cahido estive nos infernos! Sim, fedido é o cu de Satan! Cheira, te suggiro!

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SONNETTO PREMONITORIO (Alphonsus de Guimaraens Filho, em vida) Sobre este plano, liso chão, me deito à maneira dos mortos. Que arrepio... Que sensação extranha de outro frio, como uma unha, me excalavra o peito... Me deito aqui, no liso chão, e expreito... Guardam as coisas, que do chão espio crescerem para mim, num desaffio, não sei que grave gesto insatisfeito... Tanto me habituei a estar commigo que ir-me embora de mim me causa pena. No liso chão deitado o corpo sente um sossego de estar -- de estar somente -coisa que à grande inercia se condemna, pedra, talvez, de algum tumulo antigo...

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PSYCHOGRAPHANDO ALVARES DE AZEVEDO [6335] Sou elle, sim! Sou Alvares! Você andou me lendo, Glauco, de maneira sacana! Mas está certo quem queira fazel-o, si na telha a coisa dê! Nos contos da taverna, bem deprê estive e descrevi, sim, a caveira que expreita alli, da cova aberta à beira, a gente que em Jesus ‘inda não crê! Eu disse que morri, quando vivia! Agora que morri, sim, estou vivo! Não vejo mais com olho negativo a scena mortuaria à luz do dia! Você, Glaucão, ja soffre, todavia, e muito soffrerá! Pelo meu crivo, nas trevas seguirá seu afflictivo destino de guru da putaria!

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SONNETTO DA MORTE (Alvares de Azevedo, em vida) Ja da morte o pallor me cobre o rosto, Nos labios meus o alento desfallesce, Surda agonia o coração fenesce, E devora meu ser mortal desgosto! Do leito embalde no macio encosto Tento o somno reter!... ja exmoresce O corpo exhausto que o repouso exquesce... Eis o estado em que a magoa me tem posto! O addeus, o teu addeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem ja não vive!

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PSYCHOGRAPHANDO AMADEU AMARAL [6336] Sonnetto ja compuz -- “Malassombrado” chamei-o -- onde minh’alma comparava à casa dos phantasmas! Glauco, grava bem tudo o que te digo, desgraçado! Tu, Glauco, o criticaste! Do teu lado jamais eu ficarei! Quem só deprava seus themas ousará mandar à fava alheios versos? Quero ser vingado! Vingar-me irei! Cegado seguirás directo aos infernaes dominios, cara! Satan te cagará a titica amara na bocca, nessa bocca assaz mordaz! Sim, para compensar as tuas más analyses poeticas, prepara a fuça, Glauco! O Demo tem a vara mais podre, e mais fedido tem o gaz!

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SONNETTO MALASSOMBRADO (Amadeu Amaral, em vida) Minha alma é uma casa abbandonada, por cujos tenebrosos corredores volteia a ronda volatilizada dos espectros de mortos moradores. Um dia esta mansão malassombrada, affugentando a treva e seus horrores, entraste, -- alegre apparição alada, -num explodir de claridade e olores; mas de prompto fugiste, e hoje, silente, esconde a velha casa à luz do dia as mesmas sombras, que volteiam junctas. Ah! Terei de guardar eternamente na solidão desta alma escura e fria estas saudades de illusões defunctas!

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PSYCHOGRAPHANDO BAPTISTA CEPELLOS [6340] Dest’outro plano quero demonstrar, Mattoso, tudo quanto ja soffri na Terra! P’ra caralho fui, ahi, a victima fatal dum puta azar! Mas nunca vou, Mattoso, comparar meu caso com você, que ja chichi bebeu, que comeu merda! Nunca vi masoca assim! Seu caso não tem par! Por isso ficou cego! Salutar exemplo dá você nesse planeta! A luz quem ver deseje, não se metta a ser seu seguidor! Não, nem pensar! Eu mesmo, que jamais em seu logar me puz, acho bem feito que um cegueta meresça ser quem tanto uma punheta me inspira, ainda, aqui no novo lar!

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TERCEIRO SONNETTO (Baptista Cepellos, por Chico Xavier) Sirva-vos de excarmento a dor que trago Na minh’alma infeliz e soffredora, Este padescimento com que pago O desvio da estrada salvadora. Aqui somente ampara-me esse vago Presentimento de uma nova aurora, Quando terei os bens, o brando affago Da Luz, que está na dor depuradora. Agora, sim! depois de tantos annos De tormentos, em meio aos desengannos, Espero o sol de novas alvoradas De exsistencias de pranto e de miseria, Para beber no calix da materia As essencias das dores renegadas!

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PSYCHOGRAPHANDO BASTOS TIGRE [6342] Brinquei, Glauco, com esses themas tão vitaes e philosophicos, mas ja não brinco, pois minh’alma, leve, está em outra dimensão! Sim, dimensão! Repara no sonnetto! Olha, Glaucão! Eu fallo de pés nus! Isso te dá ensejos, não dá? Nota que dará ainda mais a luz, a da visão! Aqui, na dimensão onde estou bem, é tudo luminoso, tudo claro! Preferes tu, na treva, achar com faro canino os pés que cheiro forte teem? Ou queres vir commigo, para alem da Terra, aos ares deste mundo raro? Terás que decidir! Mas eu reparo que irás reencarnar ahi, porem!

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VOZ INTERIOR (Bastos Tigre, em vida) Quem sou eu? De onde venho e onde, acaso me leva O Destino fatal que os meus passos conduz? Ora sigo, a tactear, mergulhado na treva, Ou tacteio, indeciso, offuscado de luz. Grão, no campo da Vida, onde a morte se ceva? Semente que appodresce e não se reproduz? De onde vim? Da monera? Ou vim do beijo de Eva? E aonde vou, gemendo, a sangrar os pés nus? Nessa esphinge da Vida a verdade se esconde; O espirito concentro e consulto a razão, E uma voz interior, sincera, me responde: -- Quem és tu? Operario honesto da nação. De onde é que vens? De casa. Onde é que estás? No bonde. Para onde vaes? Não vês? Para a repartição.

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PSYCHOGRAPHANDO CRUZ E SOUZA [6344] Sonnettos, os fiz muitos, sim, appós morrer ahi na Terra. Mas repara, Mattoso, que insisti nessa tão clara mensagem, nesta minha aberta voz! Ainda que da morte instante atroz não falte, encontrarás logo uma rara e bella dimensão, Mattoso, para livrar-te da cegueira, desses nós! A menos que prefiras retornar à Terra, aonde, cego, tu serás fiel às perversões que Satanaz te inspira! Queres sempre esse teu lar? Mas lembra-te! Terás que chafurdar no lodo onde pés sujos dum rapaz eterno ja affundaram! Ahi jaz a vida que desejas? Vaes pagar!

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A SEPULTURA (Cruz e Souza, por Chico Xavier) Como a orchidea de arminho quando nasce, Sobre a lama ascorosa refulgindo, A brancura das petalas abrindo, Como si a neve alvissima a orvalhasse; Qual essa flor fragrante, como a face Dum cherubim angelico sorrindo, Do monturo pestifero emergindo, Luz que sobre negrumes se advistasse; Assim tambem do tumulo asqueroso, Evola-se essa essencia luminosa Da alma que busca o céu maravilhoso; E como o lodo é o berço vil de flores, A sepultura fria e tenebrosa É o berço de almas -- senda de exsplendores.

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ANJOS DA PAZ (Cruz e Souza, por Chico Xavier) Ó luminosas formas alvadias Que desceis dos espaços constellados Para lenir a dor dos desgraçados Que soffrem nas terrenas gemonias! Vindes de ignotas luzes erradias, De lindos firmamentos estrellados, Céus distantes que vemos, dominados De esperanças, anxeios e alegrias. Anjos da Paz, radiosas formas claras, Doces visões de ethericos carraras Das quaes o espaço fulgido se estrella!... Clarificae as noites mais escuras Que pesam sobre a terra de amarguras, Com a alvorada da Paz, dictosa e bella...

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ORAÇÃO AOS LIBERTOS (Cruz e Souza, por Chico Xavier) Alma embriagada do immortal falerno, Segue cantando, no horizonte claro, O teu destino exsplendoroso e raro, Cheio de luzes do porvir eterno. Mas não te exquesças desse mundo avaro, O escuro abysmo, o tormentoso Averno, Sem as doces caricias do galerno Das esperanças -- sacrosancto amparo. Volve os teus olhos ternos, compassivos, Para os pobres Espiritos captivos Às grilhetas do corpo miserando! Abre os sacrarios da Felicidade, Mas lembra-te bem do orbe da impiedade, Onde venceste a carne soluçando.

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BELLEZA DA MORTE (Cruz e Souza, por Chico Xavier) Ha no estertor da morte uma belleza Transcendental, ignota, luminosa, Belleza sossegada e silenciosa, Da luz branca da Paz, tremula e accesa... É o augusto momento em que a alma, presa Às cadeias da carne tenebrosa, Abbandona a prisão, dorida e anxiosa, Sentindo a vida de outra natureza. Um mysterio divino ha nesse instante, No qual o corpo morre e a alma vibrante Foge das abyssaes melancholias!... No silencio de cada moribundo, Ha a promessa de vida em outro mundo, Na mais sagrada dentre as hierarchias.

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À DOR (Cruz e Souza, por Chico Xavier) Dor, és tu que resgatas, que redimes Os grandes réus, os miseros culpados, Os calcetas dos erros, dos peccados, Que surgem do preterito de crimes. Sob os teus pulsos, fortes e sublimes, Soffri na Terra juncto aos condemnados, Seres excarnescidos, torturados, Entre as prisões da Lagryma que exprimes! Da perfeição és o sagrado Verbo, Ó portadora do tormento acerbo, Afferidora da Justiça Extrema... Bemdicta a hora em que me puz à espera De ser, em vez do reprobo que eu era, O missionario dessa Dor suprema!

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TUDO VAIDADE (Cruz e Souza, por Chico Xavier) Na Terra a morte é o tragico resumo De vanglorias, de orgulhos e de raças; Tudo no mundo passa, como passas, Entre as alluviões de cinza e fumo. Todo o sonho carnal vaga sem rhumo, Só o diamante do espirito sem jaças Fica indemne de todas as desgraças, De que a morte voraz faz seu consumo. Nesse mundo de luctas fratricidas, A vida se alimenta de outras vidas, Num continuo combatte pavoroso; Só a Morte é que abre a porta das mudanças E concretiza as puras esperanças Nos paizes seraphicos do gozo!

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PSYCHOGRAPHANDO CLAUDIO MANUEL DA COSTA [6345] Compuz um epitaphio no formato exacto do sonnetto, Glauco, mas talvez sem ter descripto, dum rapaz que morre, a propria Morte, em tom exacto. Fallei de invejas, Glauco, pois constato que temos, nessa vida, linguas más. Fazemos o que, aqui, ninguem mais faz com nossos semelhantes, gatto ou ratto. Não somos superiores a nenhuma especie, nenhum genero, nem raça. Aqui ninguem admitte que se faça aos bichos mal nenhum. Só bem, em summa. Você, que é cego, vale que se assuma um bicho que, treinado na devassa cultura do sadismo, por cão passa. Aqui você melhor papel arrhuma.

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EPITAPHIO (Claudio Manuel da Costa, em vida) Aqui jaz, caminhante desaptado, Dos annos o exsplendor em cinza breve, Salicio, aquelle engenho que descreve Nesta pedra as vinganças de seu fado. Aos applausos da fama encommendado, De inveja a sorte os passos lhe deteve, Agora pois seja-lhe a terra leve, E nas sombras o voto consagrado. Templo seja à saudade construido; Este marmore duro o sentimento Aqui lhe assista sempre enternescido. Compense-se da morte o horror violento, Que, si o Pastor roubar tem conseguido, Eterno o ha de fazer nosso tormento.

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PSYCHOGRAPHANDO EMILIO DE MENEZES [6346] Glaucão, ja viu você como é que o Chico transcreve Emilio? O gordo continua guloso, debochado, com a sua famosa verve em dia, verifico! Talvez esteja agora até mais rico, porem de immateriaes bens, pois na Lua, em Marte, em Venus, onde se situa depois da vida, a grana vale mico! O gordo continua a fallar bem da boa mesa, duma bebedeira, mas hoje recommenda a quem só queira taes gozos que se renda à voz do Alem! Você concorda? Achei que não, pois, sem visão, só lhe restou ficar à beira da mesa, a tactear tudo o que cheira gostoso, que sabor de carne tem!

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EU MESMO (Emilio de Menezes, por Chico Xavier) Eu mesmo a perguntar-me estou si posso Chamar-me ainda o Emilio de Menezes, Procurando tomar o tempo vosso, Recitando epigrammas descortezes. Como hei de versejar? Rhymas em osso São difficeis... Comtudo, de outras vezes, Eu sabia rezar o Padre-Nosso E unir meus versos como irmãos siamezes. Como hei de apparescer? O que é impossivel É ser um sanctarrão inconcebivel, Trazendo as luzes do Evangelho às gentes... Sou o Emilio, distante da garrafa, Mas que não se entristesce e nem se abbafa, Longe das anecdotas indecentes.

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AOS MEUS AMIGOS DA TERRA (Emilio de Menezes, por Chico Xavier) Amigos, tolerae o meu assumpto, (Sempre vivi do soffrimento alheio) Relevae, que as promessas de um defuncto São coisa ‘inda invulgar no vosso meio. Appesar do meu cerebro bestunto, O elo que nos unia, conservei-o, Como a quasi saudade do presuncto, Que nutre um corpo empanturrado e feio. Espero-vos aqui com as minhas festas, Nas quaes, porem, o vinho não explode, Nem ha cheiro de carnes ou cebollas. Evitae as comidas indigestas, Pois na hora do “salva-se quem pode”, Muita gente nem fica de ceroulas...

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PSYCHOGRAPHANDO FRANCISCA JULIA [6347] Ja commentaste, Glauco, um lindo della, fallando dum enterro, que transmitte das coisas materiaes tudo que incite a gente a meditar, emquanto vella. A morte tudo zera. A gente zela por posses transitorias. Quem habite um outro plano pode este convite fazer-nos, quando às almas vans appella: -- Exquesçam as riquezas materiaes! Valor nenhum tem uma moedinha de pratta nas espheras como a minha, aonde iremos todos nós, mortaes! Tu, Glauco, que visão ja não tens mais, talvez não tenhas mente tão mesquinha, mas battes ‘inda tua punhetinha por causa de maus cheiros corporaes!

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NOCTURNO (Francisca Julia, em vida) Pesa o silencio sobre a terra. Por extenso Caminho, passo a passo, o cortejo funereo Se arrasta em direcção ao negro cemeterio... À frente, um vulto agita a caçoula do incenso. E o cortejo caminha. Os cantos do psalterio Ouvem-se. O morto vae numa rede suspenso; Uma mulher enxuga as lagrymas ao lenço; Chora no ar o rumor de um mysticismo aereo. Uma ave canta; o vento accorda. A ampla mortalha Da noite se illumina ao resplendor da lua... Uma estrige soluça; a folhagem farfalha. E emquanto paira no ar esse rumor das calmas Noites, accyma delle, em silencio, fluctua O lausperenne mudo e supplice das almas.

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PSYCHOGRAPHANDO GILKA MACHADO [6348] Em trevas (não as tuas) Gilka appella a Deus pelos prazeres desta vida ou doutras, pois a voz por dentro ouvida suggere encarnações e dor revela. Prazeres quaes? Desejos quaes tem ella? Paresce que da morte ella duvida! Paresce não estar bem convencida da nossa salvação, tão doce e bella! A ti, que te paresce, Glauco? Ficas em paz si vozes ouves de quem sinta a falta duma nona, duma quincta daquellas symphonias? Que me explicas? Riquezas financeiras são titicas num plano onde dinheiros não são trinta! Mas falta sentirás, não ha quem minta, das musicas, ao menos das mais ricas!

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ESCUTANDO-ME (Gilka Machado, em vida) Nas horas de trevor, quando, herma, a Terra dorme, dos longes de mim mesma, em supplicas, se eleva uma voz que paresce a de um ser multiforme, que vem da minha treva e vae morrer na treva. Esta multipla voz, esta voz triste e enorme, voz que minha não é por tão funda e longeva, a vibrar, sem que o tempo a enfraquesça ou transforme, os sentidos me exalta, ammotina, subleva. É a tumultuaria voz de velhos mortos seres renascidos em mim, voz de anteriores vozes, de vidas que vivi nas penas mais atrozes!... Quem poderá calar a multidão afflicta que, sempre, em minha calma e em meus silencios grita: Deus, Senhor, onde estão da exsistencia os prazeres?!...

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PSYCHOGRAPHANDO GREGORIO DE MATTOS [6349] {Gregorio um caso raro de oração deixou em vida, Glauco! Si voltasse, depois de morto, para a sua face mostrar, diria aquillo mesmo, ou não?} -- Eu acho que depende. Seu tesão ainda terá pela bella classe dos jogos de palavras. Isso nasce bem espontaneamente e vem à mão. Mas “emprestado estado” chama a vida e deixa aqui recado para ser pensado. Quem será que tem poder de emprestimos fazer? Cê que decida! Satan si for, nem mesmo um suicida excappa de pagar. Maior prazer tem elle no castigo, pois quer ver punido quem seus debitos liquida.

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ORAÇÃO (Gregorio de Mattos, em vida) Na oração, que desatterra a terra, Quer Deus que a quem está o cuidado dado, Pregue que a vida é emprestado estado, Mysterios mil, que desenterra enterra. Quem não cuida de si, que é terra, erra, Que o alto Rei, por affamado amado, É quem assiste ao desvelado lado, Da morte ao ar não desafferra, afferra. Quem do mundo a mortal loucura cura, A vontade de Deus sagrada aggrada, Firma-lhe a vida em aptadura dura. Ó voz zelosa que dobrada brada, Ja sei que a flor da formosura, usura, Será no fim desta jornada nada.

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PSYCHOGRAPHANDO HERMES FONTES [6350] Dizer quer Hermes Fontes, ao voltar da morte, que viveu em soffrimento. Feliz ser procurou, e seu tormento resume-se na gloria secular. A duvida me surge, Glauco: olhar a fama como coisa de momento será conceituar direito? Tento ser frio nesse poncto singular. Você nem é famoso, mas se damna, soffrendo por egual! Qual o sentido? Quem celebre se torna tem soffrido o mesmo que soffreu o doidivana! É tudo soffrimento! O que attazana o pobre attinge o rico! Ora, decido então soffrer com grana! Mas fodido eu vivo, Glauco! Falta-me essa grana!

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MINHA VIDA (Hermes Fontes, por Chico Xavier) Não pude comprehender o meu destino Na amargura invencivel do passado, Que ammortalhou meu sonho peregrino Nas trevas de um martyrio irrevelado. Do soffrimento fiz o apostolado, Como fizera da arte minha um hymno, Procurando o paiz indevassado Do ideal luminoso de Aladdino. E fui de valle em valle, serra em serra, Buscando a imagem fulgida, incorporea, Do que chamamos -- a felicidade. Mas só colhi dos fructos maus da Terra, As promessas pueris da falsa gloria, O triste enganno, a van celebridade.

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PSYCHOGRAPHANDO JUDAS ISGOROGOTA [6351] De Judas um sonnetto me impressiona por causa da agonia duma pobre mulher tuberculosa. Que se dobre a tosse faz, coitada, aquella dona. Mas della, que melhoras ambiciona sem chance de curar-se, é pouco nobre o caso, pois, da terra que lhe cobre, o fetido cadaver volta à tonna! Tornou-se, sim, zumbi! Quer se vingar daquelles que não deram attenção aos ultimos trejeitos duma mão que, supplice, quiz algo segurar! Preparem-se, pois! Breve, em algum lar, à porta batterá tal mão! Então, quem venha abrir terá a garganta tão unhada que morrer irá, sem ar!

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DESENGANNO (Judas Isgorogota, em vida) Quando na tarde do terceiro dia Aquella sua febre sobreveiu; E mais aquelle frio e aquelle anxeio Que a alma saudosa e pura lhe pungia; E aquella tosse a abballançar-lhe o seio E mais aquella gosma que cuspia; A sua dextra, extranhamente fria, Buscou a mão de alguem, que lhe não veiu. E ella que estava immensa dor sentindo, Vendo-a crispada para o céu, sorrindo, Num riso amargo disse-lhe, à asquerosa Mão, que ‘inda agora uma illusão procura: -- Vae tu sozinha para a desventura, Ó miseravel mão tuberculosa!

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PSYCHOGRAPHANDO LUIZ GUIMARÃES JUNIOR [6353] Será que la serei bem recebido? Será que meus amigos estarão la para me abbraçar, me dar a mão? Ou só com os extranhos eu collido? Preoccupa-me isso, Glauco! Faz sentido que, mortos, nós sintamos solidão! Ao menos os que morrem antes vão nos dar as boas vindas? Eu duvido! Luiz Guimarães Junior diz que sim, que somos recebidos com carinho, mas eu, que para a morte me encaminho, questiono-me: e si for outro o festim? Si for Satan quem olha para mim com olhos sorridentes e, excarninho, ordena-me que beije seu cuzinho? Glaucão, será que irei achar ruim?

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VOLTANDO (Luiz Guimarães Junior, por Chico Xavier) Appós a longa e frigida nortada Da exsistencia no mundo de hinvernia, Busquei contente a paz que me sorria No fim da aspera senda palmilhada. Voltei. Nova era a vida, nova a estrada Que minh’alma ecstasiada percorria; Divinal era a luz que resplendia, Em reverberos lindos de alvorada. De volta, e os mesmos seres que me haviam Offertado na Terra amores sanctos, Envoltos em ternuras e em carinhos, Novamente no Alem me offeresciam Lenitivo às agruras dos meus prantos, Nas caricias risonhas dos caminhos.

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PSYCHOGRAPHANDO MANUEL BANDEIRA [6354] Bandeira thematiza a dansarina em forma de epitaphio sonnettado. Seria peccadora, por ter dado prazer, com sua dansa, a tal menina? Glaucão, a these espirita me ensigna que aquella mulher deixa algum recado na Terra! Ja fallei: me persuado da culpa duma puta libertina! Tem ella que voltar, muito mais feia, aqui para sentir a rejeição de todos ante sua atroz feição! Percebes como a coisa se clareia? Bem sabes, porque és cego, que quem creia no fado facilmente da visão a falta comprehende! Mas eu não entendo que te venha della a veia!

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INSCRIPÇÃO (Manuel Bandeira, em vida) Aqui, sob esta pedra, onde o orvalho roreja, Repousa, embalsamado em oleos vegetaes, O alvo corpo de quem, como uma ave que adeja, Dansava descuidosa, e hoje não dansa mais... Quem não a viu é bem provavel que não veja Outro conjuncto egual de partes naturaes. Os véus tinham-lhe ciume. Outras, tinham-lhe inveja. E ao fictal-a os varões tinham pasmos sensuaes. A morte a surprehendeu um dia que sonhava. Ao pôr do sol, desceu entre sombras fieis À terra, sobre a qual tão de leve pesava... Eram as suas mãos mais lindas sem anneis... Tinha os olhos azues... Era loura e dansava... Seu destino foi curto e bom... -- Não a choreis.

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PSYCHOGRAPHANDO MARTINS FONTES [6355] Você ja reparou, Glauco, na luz que alguem exquesce accesa até de dia? Martins Fontes às luzes alludia, dizendo, destas, tudo o que suppuz. Que disse? (Tremedeira, até, Jesus, me dá!) Disse que a Morte nos vigia por meio dessas luzes! Que diria você? Que coisa disso ‘ocê deduz? Eu acho que não só na luz que fica accesa a Morte sempre nos expreita... Tambem nos cellulares de quem deita e deixa alli do lado... Isso se explica! Tambem computadores dão a dica si estão sempre ligados, Glaucão! Eita! Até me dá arrepio! Uma suspeita eu tenho: Satanaz se identifica!

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OS OLHOS DA MORTE (Martins Fontes, em vida) A impressão ja guardaste, de extranheza, Ja tiveste a memoria da agonia, Vendo uma luz qualquer, durante o dia, Que, às vezes, fica, por descuido, accesa? Causa-nos mal-estar, dando surpresa, Uma allampada, a arder, serena e fria: Emquanto o sol fortissimo irradia, Mette medo esse olhar, pela tristeza. O ouro é funebre e fosco. Sem viveza, A immovel chamma exbatte-se, e, sombria, Vella de crepe a imagem da belleza. Fogo-fatuo que as campas allumia, Essa impassivel, gelida clareza, Vem dos olhos da Morte: ella vigia.

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PSYCHOGRAPHANDO OLAVO BILAC [6356] Tambem da Morte falla com expanto Bilac: a comparou com um phantasma! Quem é que não se expanta, que não pasma, à noite, meditando no seu cantho? E tu? Tambem meditas, Glauco? O manto nocturno nem percebes, não te orgasma os olhos a visão, mas algo plasma ainda a tua mente, tanto ou quanto! Terás phantasmagoricas visões? Dos livros que tu leste sahirão os seres que povoam teu tesão? Quaes seres, sem ser Milton ou Camões? Ja sei! De Satanaz aos pés te pões! Adoras o Diabo! Onde estarão os bardos que ja foram ao caixão? No limbo? Ou ja cumprindo outras missões?

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SONNETTO ERRANTE (Olavo Bilac, por Chico Xavier) Por tanto tempo andei faminto e errante, Que os prazeres da vida converti-os Em poemas das formas, em sombrios Pesadellos da carne palpitante. No derradeiro somno, instante a instante, Vi fanarem-se anxeios como fios Da illusão transformada em sopros frios, Sobre o meu peito em febre, vacillante. Morte, no teu portal a alma tacteia, Espia, inquire, sonda e chora, cheia De incerteza na esphinge que tu plasmas!... Impassivel, descerras aos afflictos Uma visão de mundos infinitos E uma ronda infinita de phantasmas.

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AOS DESCRENTES (Olavo Bilac, por Chico Xavier) Vós, que seguis a turba desvairada, As hostes dos descrentes e dos loucos, Que de olhos cegos e de ouvidos moucos Estão longe da senda illuminada, Retrocedei dos vossos mundos ocos, Começae outra vida em nova estrada, Sem a idéa fallaz do grande Nada, Que entorpesce, envenena e macta aos poucos. Ó atheus como eu fui -- na sombra immensa Erguei de novo o eterno altar da crença, Da fé viva, sem carcere mesquinho! Banhae-vos na divina claridade Que promana das luzes da Verdade, Sol eterno na gloria do caminho!

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O LIVRO (Olavo Bilac, por Chico Xavier) Eil-o! Facho de amor que, redivivo, assomma Desde a taba feroz em folhas de granito, Da India mysteriosa e dos louros do Egypto Ao fausto senhoril de Carthago e de Roma! Vaso revelador retendo o excelso aroma Do pensamento a erguer-se exsplendido e bemdicto, O Livro é o coração do tempo no Infinito, Em que a idéa immortal se renova e retoma. Companheiro fiel da virtude e da Historia, Guia das gerações na vida transitoria, É o nume apostolar que governa o destino; Com Hermes e Moysés, com Zoroastro e Buddha, Pensa, corrige, ensigna, experimenta, estuda, E brilha com Jesus no Evangelho Divino.

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PSYCHOGRAPHANDO DOM PEDRO II [6357] Eu, sendo monarchista, sempre leio Dom Pedro, que, em exsilio, se lamenta até depois de morto. Nos noventa viveu elle em Paris e não mais veiu. Glaucão, posso dizer-te, sem receio de errar, que na republica quem tenta botar fé tem a mente ferrugenta! De termos bons governos não ha meio! Na Corte Imperial tudo tinha brilho! As lettras cultivadas eram, cara! Agora ninguem liga nada para quem faça, bem rhymado, um estribilho! Tu fazes teu sonnetto ou sonnettilho, mas quem te dá valor? Quem te compara ao Milton, ao Homero? Tua tara aggrada a Satanaz, e só, meu filho!

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NO EXSILIO (D. Pedro II, por Chico Xavier) Pode o céu do desterro ser tão bello, Quanto o céu do paiz em que nascemos; Nada faz com que o nosso desprezemos, Accalentando o sonho de revel-o. Todo o nosso ideal pomos no anhelo De regressar, e voando sobre extremos, Com o pensamento anxioso percorremos Nosso amado rincão, lindo ou singello. Jaz no desterro a plaga da amargura, De acerba pena ao pobre penitente, De amaro pranto da alma torturada; A alegria no exsilio é desventura, É a saudade na anxia mais pungente De retornar à patria idolatrada.

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BANDEIRA DO BRAZIL (D. Pedro II, por Chico Xavier) Bandeira do Brazil, symbolo da bonança, Emquanto a guerra estruge indomita e sombria, Sê nos planos de lucta o signal de harmonia, Expalhando no mundo as bençans da Esperança. Assignalas, na Terra, o paiz da Alegria, Onde toda a exsistencia é um hymno de abbastança, Guardas comtigo a luz da bemadventurança, És o florão da paz, marcando um novo dia. Nasceste sob a luz de um bem, alto e fecundo, Nunca te conspurcaste aos embattes do mundo, Buscando illuminar as luctas, ao vivel-as... É por isso que Deus, que te ampara e equilibra, Deu-te um corpo auriverde onde a paz canta e vibra, E um coração azul, esmaltado de estrellas.

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PSYCHOGRAPHANDO RAYMUNDO CORREA [6358] Raymundo sonnettiza ainda como em vida sonnettou, Glauco! Paresce aquelle que, de cyma, à Terra desce e nota a banda podre em cada pomo! Mas, Glauco, si me illudo, si não domo as minhas emoções (como si desse siquer para domal-as), uma prece não basta para “sapiens” ser um “homo”! Si fosse assim tão facil para nós mudarmos o destino, ora, minh’alma p’ra sempre viveria numa calma perfeita, sem os contras, só com prós! Comtudo, quando ouvimos, rouca, a voz de Lucifer, cahimos-lhe na palma da mão, para rhymar “calma” com “trauma”, “tesão” com “dor”, ou “anjo” com “algoz”...

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PRIMEIRO SONNETTO (Raymundo Correa, por Chico Xavier) Tudo passa no mundo. O homem passa Attraz dos annos sem comprehendel-os; O tempo e a dor alvejam-lhe os cabellos, À frouxa luz de uma ventura excassa. Sob o infortunio, sob os attropelos Da dor que lhe envenena o sonho e a graça, Rasga-se a phantasia que o enlaça, E vê morrer seus ideaes mais bellos!... Longe, porem, das illusões desfeitas, Mostra-lhe a morte vidas mais perfeitas, Depois do pesadello das mãos frias... E como o anjinho debil que renasce, Chora, chora e sorri, qual si encontrasse A luz primeira dos primeiros dias.

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PSYCHOGRAPHANDO RAUL DE LEONI [6359] Leoni me impressiona, Glauco! Tem, bem sadico, um sonnetto, onde descreve o caso de dois homens, nada leve nem doce: appenas odio dahi vem! Mas, quando o leio, ja feliz no Alem, encontro um gajo preso nesse breve conceito de fazermos o que deve ser feito, de pagarmos mal com bem! Achei metamorphose demais para meu gosto, Glauco! Tudo se resume, na crença, num adviso de “Não fume!”, “Não beba!”, “Não odeie!”, “Evite a tara!” Terá compensação, de facto, o cara que esteja nesse plano, nesse cume astral? Bem faz você, que ja se assume satanico, ou que sadico se encara!

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NA TERRA (Raul de Leoni, por Chico Xavier) Renascendo no mundo da Chimera, Ao colhermos a flor da juventude, É quando o nosso Espirito se illude, Julgando-se na eterna primavera. Mas o tempo na sua mansuetude, Pelas sendas da vida nos espera, Juncto à dor que exclaresce e regenera, Dentro da expiação extranha e rude. E ao tombarmos no occaso da exsistencia, Nós revemos do livro da consciencia Os characteres grandes, luminosos!... Si vivemos no mal, quanta agonia! Mas si o bem practicamos todo o dia, Como somos felizes, venturosos!...

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POST MORTEM (Raul de Leoni, por Chico Xavier) Depois da morte, tudo aqui subsiste, Neste Alem que sonhamos, que entrevemos, Quando a nossa alma chora nos extremos Dessa dor que no mundo nos assiste. Doce consolação, porem, exsiste Aos amargosos prantos que vertemos, Do comforto celeste os bens supremos Ao coração desalentado e triste. Tambem exsiste aqui a austera pena À consciencia infeliz que se condemna, Por qualquer erro ou falta commettida; E a Morte continua eliminando A influencia do mal, torvo e nefando, Para que brilhe a Perfeição da Vida.

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PSYCHOGRAPHANDO VINICIUS DE MORAES [6360] Vinicius descreveu o morto gatto tal como o fim de tudo. Mas atheu foi elle! Não foi, Glauco? Se rendeu à these das esquerdas, eu constato. Atheu não fosse, tinha cheio pratto no gatto como thema, pensei eu. Em outra encarnação, o bicho seu papel transmittiria num relato. O gatto contaria ao poetinha que está muito melhor longe da Terra e, como voz de espirito não erra, diria que no céu não se engattinha. Nos ares todos voam! Só não tinha tal chance você, Glauco, que se ferra por causa da cegueira... Alguem lhe cerra as portas! Quem será? Quem adivinha?

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SONNETTO DO GATTO MORTO (Vinicius de Moraes, em vida) Um gatto vivo é qualquer coisa linda Nada exsiste com mais serenidade Mesmo parado elle caminha ainda As selvas sinuosas da saudade De ter sido feroz. À sua vinda Altas correntes de electricidade Rompem do ar as laminas em cinza Numa silenciosa tempestade Por isso elle está sempre a rir de cada Um de nós, e ao morrer perde o velludo Fica torpe, ao advesso, opaco, torto Accaba, é o antigatto; porque nada Nada paresce mais com o fim de tudo Que um gatto morto.

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PARNASO DE ALEM TUMULO (1/2) [8068] (1) {Estou arrepiada, Glauco! Juro, eu nunca tinha lido um livro tão phantastico! Você crê nisso, Glau? Alli cada poema tem a cara perfeita do poeta quando vivo! O Chico não seria assim tão culto a poncto de imitar tantos auctores de estylos differentes! Addemais, tão joven era, Glauco! Supponhamos que fosse assessorado por alguem lettrado... Um dia aquillo vazaria! Não, Glauco, o medium era foda! Foda! Faltou, na certa, alguma putaria, mas pode-se entender essa moral da purificação, não é, querido? Mas digo-lhe: fiquei arrepiada!} (2) -- Querida amiga, agora sou seguro daquillo que está alli. Não sou christão devoto, ou kardecista, mas num grau qualquer eu nisso creio, pois a tara tambem explicação tem, pelo crivo espirita. A cegueira, nesse culto, faz parte da missão, tal qual as dores que sinto na velhice, si meus ais causarem gozo sadico aos meus amos, ou seja, a meus leitores. Ao Alem eu devo o que escrevi, da poesia

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à prosa, por aquillo que incommoda pudores puritanos. Não seria, porem, psychographia a bacchanal que muitos me imputaram, no sentido de culpa, de peccado. Não, qual nada!

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HELPING HAND (1/2) [8089] (1) {Eu tenho uma pergunta, Glauco, tão difficil de propor! Será que tu podias teus espiritos fazer, tambem, que me assistissem? Tu podias pedir a teus demonios o favor de, em sonhos, inspirar-me, Glauco, porra! Preciso duma adjuda, pois está tão fracco o meu poema, amigo! Vae, não sejas egoista, Glauco! Quero que tires essa duvida, affinal! Que tu me exclarescesses eu queria!} (2) -- Disseste bem: querias. Mas eu não te posso responder. Tomar no cu jamais irei mandar-te. Meu dever foi sempre pelas boas companhias zelar, com os meus prestimos de auctor maldicto. Mas nem sempre de Gomorrha, Sodoma, alem de Roma, vem a má ou boa bruxaria, nem meu pae permitte, elle que espirito severo tem sido, que favor eu faça tal, nem vive de favor a poesia.

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ODE ESPIRITA (1/8) [8175] (1) Meu pae foi kardecista, mas eu não segui seus passos numa só chartilha. Eclectica foi minha formação. (2) Amigos me suggerem que partilha meu ego um basset hound, ja que rasteiro me vejo como parte da mattilha. (3) Chulés farejo, como o perdigueiro, no pello que esse cheiro de morrinha exhala quando, entre elles, eu me exgueiro. (4) Talvez o mysticismo explique minha estima por bassets. Devo ter sido, em outra encarnação, um dessa linha. (5) Que sou cachorro agora não duvido, pois solas lambo, fetidas, nos mais diversos pés que excitam a libido. (6) Treinado fui por donos de animaes em vidas que passaram. Ja se explica, portanto, que aqui lattam os meus ais.

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(7) Cachorros, porem, lambem uma picca, não chupam. Si chupar tão bem eu sei, será por causa duma antiga dica. (8) Bezerro remammado todo gay se julga, mas, no caso, a fellação deriva, com certeza, da astral lei.

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SUMMARIO PSYCHOGRAPHANDO ALBERTO DE OLIVEIRA [6323]............. 9 ADJUDA E PASSA (Alberto de Oliveira, por Chico Xavier)................10 DO ULTIMO DIA (Alberto de Oliveira, por Chico Xavier)................ 11 PSYCHOGRAPHANDO ALPHONSUS DE GUIMARAENS [6325].........................................................................12 REDIVIVO (Alphonsus de Guimaraens, por Chico Xavier)...............13 SINOS (Alphonsus de Guimaraens, por Chico Xavier).......................14 PSYCHOGRAPHANDO ANTONIO TORRES [6326]......................15 NADA (Antonio Torres, por Chico Xavier)..........................................16 PSYCHOGRAPHANDO ARTHUR AZEVEDO [6329].....................17 MINIATURAS DA SOCIEDADE ELEGANTE (Arthur Azevedo, por Chico Xavier)..................................................................................18 PSYCHOGRAPHANDO AUGUSTO DOS ANJOS [6330].................21 HOMO II (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier)............................. 22 EGO SUM (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier)............................ 23 RAÇA ADAMICA (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier)................. 24 ESPIRITO (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier)............................ 25 CONFISSÃO (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier)........................ 26 ACTUALIDADE (Augusto dos Anjos, por Chico Xavier).................. 27 PSYCHOGRAPHANDO AUTA DE SOUZA [6332]......................... 28 HORA EXTREMA (Auta de Souza, por Chico Xavier) (ver 6323)..... 29 ADDEUS (Auta de Souza, por Chico Xavier)..................................... 30 PSYCHOGRAPHANDO ALPHONSUS DE GUIMARAENS FILHO [6333].......................................................................................31 SONNETTO PREMONITORIO (Alphonsus de Guimaraens Filho, em vida)............................................................................................... 32 PSYCHOGRAPHANDO ALVARES DE AZEVEDO [6335]............ 33 SONNETTO DA MORTE (Alvares de Azevedo, em vida)............... 34 PSYCHOGRAPHANDO AMADEU AMARAL [6336]...................... 35 SONNETTO MALASSOMBRADO (Amadeu Amaral, em vida)...... 36 PSYCHOGRAPHANDO BAPTISTA CEPELLOS [6340]................. 37 TERCEIRO SONNETTO (Baptista Cepellos, por Chico Xavier).... 38 PSYCHOGRAPHANDO BASTOS TIGRE [6342]............................ 39 VOZ INTERIOR (Bastos Tigre, em vida)......................................... 40 PSYCHOGRAPHANDO CRUZ E SOUZA [6344].............................41 A SEPULTURA (Cruz e Souza, por Chico Xavier)............................ 42


ANJOS DA PAZ (Cruz e Souza, por Chico Xavier)............................ 43 ORAÇÃO AOS LIBERTOS (Cruz e Souza, por Chico Xavier).......... 44 BELLEZA DA MORTE (Cruz e Souza, por Chico Xavier)............... 45 À DOR (Cruz e Souza, por Chico Xavier)........................................... 46 TUDO VAIDADE (Cruz e Souza, por Chico Xavier)......................... 47 PSYCHOGRAPHANDO CLAUDIO MANUEL DA COSTA [6345].48 EPITAPHIO (Claudio Manuel da Costa, em vida)............................ 49 PSYCHOGRAPHANDO EMILIO DE MENEZES [6346]............... 50 EU MESMO (Emilio de Menezes, por Chico Xavier).........................51 AOS MEUS AMIGOS DA TERRA (Emilio de Menezes, por Chico Xavier)................................................................................. 52 PSYCHOGRAPHANDO FRANCISCA JULIA [6347]....................... 53 NOCTURNO (Francisca Julia, em vida)............................................ 54 PSYCHOGRAPHANDO GILKA MACHADO [6348]....................... 55 ESCUTANDO-ME (Gilka Machado, em vida).................................. 56 PSYCHOGRAPHANDO GREGORIO DE MATTOS [6349]........... 57 ORAÇÃO (Gregorio de Mattos, em vida)........................................... 58 PSYCHOGRAPHANDO HERMES FONTES [6350]....................... 59 MINHA VIDA (Hermes Fontes, por Chico Xavier)........................... 60 PSYCHOGRAPHANDO JUDAS ISGOROGOTA [6351]...................61 DESENGANNO (Judas Isgorogota, em vida)................................... 62 PSYCHOGRAPHANDO LUIZ GUIMARÃES JUNIOR [6353]....... 63 VOLTANDO (Luiz Guimarães Junior, por Chico Xavier).................. 64 PSYCHOGRAPHANDO MANUEL BANDEIRA [6354]................. 65 INSCRIPÇÃO (Manuel Bandeira, em vida)....................................... 66 PSYCHOGRAPHANDO MARTINS FONTES [6355]..................... 67 OS OLHOS DA MORTE (Martins Fontes, em vida)......................... 68 PSYCHOGRAPHANDO OLAVO BILAC [6356].............................. 69 SONNETTO ERRANTE (Olavo Bilac, por Chico Xavier)............... 70 AOS DESCRENTES (Olavo Bilac, por Chico Xavier)........................71 O LIVRO (Olavo Bilac, por Chico Xavier)......................................... 72 PSYCHOGRAPHANDO DOM PEDRO II [6357]............................ 73 NO EXSILIO (D. Pedro II, por Chico Xavier)................................... 74 BANDEIRA DO BRAZIL (D. Pedro II, por Chico Xavier)............... 75 PSYCHOGRAPHANDO RAYMUNDO CORREA [6358]................ 76 PRIMEIRO SONNETTO (Raymundo Correa, por Chico Xavier)... 77 PSYCHOGRAPHANDO RAUL DE LEONI [6359]......................... 78


NA TERRA (Raul de Leoni, por Chico Xavier).................................. 79 POST MORTEM (Raul de Leoni, por Chico Xavier)........................ 80 PSYCHOGRAPHANDO VINICIUS DE MORAES [6360]...............81 SONNETTO DO GATTO MORTO (Vinicius de Moraes, em vida)............................................................................................... 82 PARNASO DE ALEM TUMULO (1/2) [8068].................................. 83 HELPING HAND (1/2) [8089].......................................................... 85 ODE ESPIRITA (1/8) [8175].............................................................. 86


São Paulo Casa de Ferreiro 2023




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