PLAQUETTE DO CUNETTE
PLAQUETTE DO CUNETTE
São Paulo
Casa de Ferreiro
Plaquette do cunette
© Glauco Mattoso, 2023
Revisão
Lucio Medeiros
Projeto gráfico
Lucio Medeiros
Capa
Concepção: Glauco Mattoso
Execução: Lucio Medeiros
FICHA CATALOGRÁFICA
Mattoso, Glauco
PLAQUETTE DO CUNETTE/Glauco Mattoso
São Paulo: Casa de Ferreiro, 2023
56p., 21 x 21cm
CDD: B896.1 - Poesia
1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.
NOTA INTRODUCTORIA
Poemas sobre sexo não precisam estar colleccionados só nas grandes selectas. Alguns themas especificos, taes como fellação ou cunnilingua, serão, talvez, mais lidos si estiverem à mão num voluminho que, excolhido a dedo, ou na ponctinha, ja, da lingua, reuna as preferencias dum poeta que tenha seguidores nesse thema. O thema, aqui, consiste na anilingua, “cunette”, na linguagem das alcovas, embora seja “cunna” a sua forma primeira, suggerindo cunnilingua. Mas temos, ja, “minette” e, para nós, o “cu” soa mais forte, eis que, portanto, não grapho com um duplo “N” e explico. Bem, como não diria, ja, Tim Maya, sim, vale tudo, só não vale pôr o pau dentro da chota. Fora disso, em sexo vale tudo, ou seja, aquillo que caiba na cabeça de quem goze.
DISSONNETTO HYGIENICO [0143]
Si, anal, um orificio é um olho cego, que pisca e vae fazendo vista grossa a tudo que entra e sae, que entalla ou roça, trez vezes cego sou. Que cruz carrego!
Porem não pela mão me prende o prego, mas pela lingua suja, que hoje coça o cu dos outros, feito um limpa-fossa, e as pregas, como esponja escrota, exfrego. O “beijo negro” é um ultimo degrau desta degradação em que mergulho, maior humilhação que chupar pau.
Vestigios com a lingua alli vasculho, em busca dalgo analogo ao cacau. Subjeito-me com nausea, com engulho, ao paladar fecal e ao cheiro mau e, juncto com a merda, engulo o orgulho.
DISSONNETTO DEMONOLOGICO [0175]
Alguem tem dom de pôr o crente em panico.
É o Anjo Mau; é o Bode; é o Belzebuth;
É o Lucifer; é o Principe; é o Exu...
Como denominar o Ente Satanico?
Diversos gestos teem poder xamanico. Diversas liturgias são tabu.
Mas no Sabbath se beija bem no cu, que é o poncto donde sae o odor titanico.
Fazendo a algum bom senso ouvido mouco, as bruxas ao inferno vão de Dante.
Do “beijo negro” ja fallei ha pouco, um acto que envilesce o executante, mas deixa quem o ganha quasi louco.
A propria fellação, sempre excitante, capaz de provocar gemido rouco, não é, para Satan, tão importante...
DISSONNETTO DESCLASSIFICADO [0587]
Um anus, um qualquer, no anonymato, de tira, de operario ou de bandido, mal limpo, algo grudado, ‘inda fedido, o musculo piscando a cada flato.
A bocca: bem tractada, ja que o tracto reflecte o exacto status do individuo que cede aos pés do extranho e que, opprimido, terá que usal-a, a dar banho de gatto!
Cabeça entre os sapatos. Se accocora o estupido oppressor. A bocca oscula o rego bem no meio e bem na hora!
O esphincter, exfregado, ja estimula o allivio do intestino, e a lingua escora aquillo que não causa a menor gula! Em verso, nisso insisto, muito embora mais queira meu leitor quando ejacula.
DISSONNETTO EVACUADO [0613]
Cocô, materia fetida e salobra, formato entre um cylindrico e um espherico, que às vezes liquefaz-se, dysenterico, ou fere o anal canal pelo qual obra!
Cahindo em terra firme, elle se dobra e n’agua elle fluctua como iberico velleiro. Num exgotto peripherico encalha, sem espaço de manobra.
Marron, tonalidade do tolete: de olhar ninguem, de perto, fica a fim. Destacca-se, mais claro, o amendoim que os gommos lhe craveja e não derrete. Não nego, o troço causa nojo em mim e a casos escabrosos me remette, mas vem donde, na marra, fiz cunette. Ainda o comerei si achar ruim!
DISSONNETTO DA PERDA DE TEMPO [1263]
Cagar ja é problema de soltura, prisão, e até logar certo e seguro. Limpar a bunda envolve novo appuro: papel, ou falta, ou rasga, ou gruda, ou fura.
A mim, o que incommoda é que perdura sujeira mesmo quando ha cocô duro.
E como ficar sujo não atturo, preciso tomar banho, outra tortura.
Mal saio do chuveiro, vem vontade, de novo, de cagar! E tome banho! É como enxugar gelo! Retro vade!
Mais tento ficar limpo, mais appanho! De tanto conviver com sujidade, às vezes me pergunto: o que é que eu ganho cuidando da hygiene? Ninguem ha de lamber-me! E eu lambo o alheio e nem extranho!
DISSONNETTO
PARA A VONTADE DE QUEM VÊ [2023]
Você, rapaz, bem sabe, ou imagina como é delicioso ter, submisso, alguem lambendo o cu! Mais que a vagina, um anus é sensivel, gosta disso!
Supponha então um cego cuja signa é ver-se castigado! Que serviço melhor para essa lingua? Uma faxina nas pregas! Essa idéa é meu feitiço! Com ella me angustio, me commovo. Você deitado, lendo, perna aberta, e o cego lambe fundo: a descoberta da merda, ‘inda grudada, é gosto novo! Aquillo com a lingua lhe removo e, cego, saboreio meu destino, pois, solto si estiver seu intestino, recebo, bocca addentro, um bafo... e um ovo!
DISSONNETTO PARA UMA ILLUSÃO PASSAGEIRA [2155]
Ninguem o cu me lambe tão gostoso nem tão suavemente quanto a minha columna excrementicia, o volumoso cocô, si a consistencia está mollinha!
A cada piscadella, o cu meu gozo excita, pois a merda, que alli tinha parado, sae de leve e, caprichoso, o musculo relaxa e faz cosquinha!
Alegre sensação, então, me brota!
Naquelle instante, penso estar sentado na cara do inimigo derroptado, impondo-lhe o tributo da derropta! Mas logo phantasio minha quota: Na practica, se inverte a scena activa, pois quem no cu dos outros põe saliva é o cego, que de Glauco o nome adopta.
FRAGMENTO DO CYCLO DA “CEGUEIRA ORDEIRA” (41/46) [2607/2612]
(41)
“Ainda não fallamos da massagem. Ordeiros cegos podem ser, tambem, eximios massagistas, não é? Nem só chupam, não é? Fallo uma bobagem?”
-- Nem todos os ordeiros cegos agem appenas como putas. Alguns teem preparo no shiatsu, fazem bem a reflexologia, e com vantagem.
O cego appuro tactil tem de sobra. Por isso, quando ordeiro, se dedica melhor, si algum cliente delle cobra. Nem todos se apprimoram, mas a picca dos caras não é tudo que desdobra meus dotes, e a massagem bem explica.
(42)
“Dos casos relatados, houve algum que fosse por você massageado?”
-- Sim, claro! O pae, o anão, cujo trocado me livra de passar maior jejum.
Lhes manipulo as costas, o bumbum, as coxas... Faz questão o pae, deitado de bruços, que eu lhe mexa no cansado trazeiro e, relaxado, solta um pum.
“Durante uma sessão, fica o cliente erecto? Ha fellação concomitante?”
-- Às vezes. Mas ha coisa differente...
“Que coisa?” -- Ora, anilingua! Si, durante o tracto, o cara manda, tem a gente que chupitar-lhe o cu, mammar bastante.
(43)
“Explique isso melhor.” -- Bem, elle deita na maca ou no divan, querendo appenas massagem. Mas, é claro, aquellas scenas de sexo oral serão cabeça feita. O pae do cego rico se approveita de mim dessa maneira: appós amenas pressões em suas nadegas pequenas, ordena-me o cunette que o deleita.
“Menino (elle me falla), agora ponha a bocca no buraco, metta fundo a lingua, num vaevem, feito uma bronha!”
Estou ja preparado: mesmo immundo, seu anus não me causa mais vergonha nem nojo. Peor coisa ha neste mundo...
(44)
-- Separo-lhe os dois lados com o dedo, expondo um sujo rego, cujo cheiro percebo até de longe. Mas exgueiro la dentro meu nariz, sem pejo ou medo. As pregas vão se abrindo, e seu segredo desvendo a cada passo: algum inteiro fragmento de excremento, o costumeiro bulbinho hemorrhoidal, que sangrou cedo. A lingua eu vou passando, e a movimento em circulos, nas bordas, no começo. Depois introduzil-a mais eu tento.
Difficil não será, pois pelo advesso paresce o cu virar! Vento appós vento, com gazes sou brindado e pago o preço.
(45)
-- Aquelle homem maduro, que o paterno cuidado com seu filho jamais poupa, relaxa, alli prostrado, sem a roupa, emquanto outro menino entrou no inferno. Em casa, tracta a esposa com um terno sorriso, ao lhe pedir que sirva a sopa. Aqui, porem, grosseiro como estoppa, seu cu me tracta como um subalterno.
“Mais fundo, meninão! Chupe la dentro!” Assim me geme, e entrei tudo que posso. Mais entro, e do intestino chego ao centro! Me exforço, todavia. Feito um troço que inverta a direcção, tão longe eu entro, que quasi a sua prostata ja coço!
(46)
“São muitos os clientes que teem essa curiosa preferencia?” -- Felizmente, são poucos. Do contrario, estava a gente fazendo aqui papel que nem confessa!
“De que?” -- Papel hygienico! Tem pressa, porem, a maioria, caso sente no vaso e alli defeque. Esse cliente gozou quando a chupeta mal começa. Portanto, eis o perfil da clientela: adultos, em geral, com seus defeitos e vicios, sem pudor nem cara bella. Ao cego cabe appenas, sem direitos nem choro, ser humilde ante quem fella, chupal-o e cumprir todos os seus pleitos.
SYMPHAGIA PROCTOPRACTICA (1/3) [3265/3267]
(1)
Por dentro, mais por dentro, a lingua alcança, varrendo, o que restou da comelança. No vão das gordas nadegas, abbaixo do escroto exparramado, o nariz metto a fundo e, pouco a pouco, um beijo encaixo. Começa a lenta e sordida faxina: lambidas penetrantes, removendo fragmentos de excremento, que eu apprendo, sem nojo, a degustar, como elle ensigna. Forçoso é que esta bocca esteja, eu acho, moldada e possa, assim como o sonnetto, servir de esponja e espaço para excracho. Tem musculo que oscula, é muda e mansa, e à musica se curva, escuta e dansa.
(2)
Mas como descrever, o mais fiel possivel, um papel que é do papel? Não vendo, a sensação que experimento é proxima à dum beijo intrabuccal que abrisse a cavidade cem por cento. Dos labios a pressão, que os une às pregas anaes, me induz à acção quasi completa da lingua, que se allonga e se projecta num rallo molle e fundo, entrando às cegas. Por dentro, é tudo liso, mas o vento que sopra do interior desse canal me diz que se approxima algo nojento. Aquelle a quem deleito e que, a seu bel prazer, defecará, será cruel?
(3)
Emfim recebo, e chegam com attrazo, os premios com que eu menos me comprazo. Da lingua com a poncta faz contacto um bago de verdura, um grão de bicco, ou algo que os paresça no formato. Em molho temperados, não teem grosso volume, mas provocam asco às minhas papillas gustativas: são pedrinhas de merda, do tamanho dum caroço.
Appenas subtilmente eu me debatto, contraio a lingua, engasgo, mas não fico travado, pois, si é pouco, até sou grato.
Degusto, engulo e assumo: por acaso não foi que, ao cu de alguem, servi de vaso.
CAGONA E MANDONA [3388]
A phrase litteraria se eterniza. Mas Sylvia... (Ha que dizel-o!) ...Sylvia caga! No cu da moça ha lingua que ache a vaga, emquanto pelas nadegas deslisa... Britannicos são crus, ao que me inteiro. O Jonathan fallou. Não disse tudo, porem: a moça exige que o parceiro lhe limpe, appós cagar, o anal canudo usando, é claro, a lingua! E “chocolate” é como a moça chama o creme pardo que o macho lamberá si, feito um dardo, a lingua alli penetre e, humilde, accapte. Embora permanesça aquelle cheiro, sahiu ja na privada o mais polpudo tolete, mas nas pregas gruda, inteiro, algum cocô que o macho engole, mudo. Ordena que elle bise e elle, então, bisa. A moça se diverte emquanto paga um mico o macho. E Swift é quem a affaga, na sua descripção algo imprecisa.
PECCADO PEDAL [3458]
Provoquei um bafafá porque fallo do chulé, confessando que me dá mais tesão que um beijo, até. Houve gente que viu má compostura e viu má fé: que, ao Islam, offendo Allah; que, aos judeus, trahi Javeh. Menos, menos! Não trahi nem offendo, quando a nu ponho tudo! Exsiste ahi exaggero no tabu! Ha quem goze, attentem só, num buraco de tatu, cafungando num loló e do Demo beije o cu!
O ACCOCORADO E O ACCOCOZADO (1) [3711]
Dar allivio ao intestino é um momento tão gostoso quanto a bronha dum menino que domina e, assim, tem gozo. É cagando que eu domino outro gajo que, choroso, vae comer o que elimino, seja solido ou cremoso. Me accocoro e o rego encaixo, folgazão, muito contente, bem na bocca que por baixo de mim fica, obediente. Não preciso fazer força nem peidar tão fartamente para que elle se contorça quando o gosto e o cheiro sente.
ADDICIONAL INSALUBRIDADE [4463]
Cagou com grande exforço, pois estava ha dias constipado. A sensação de ardor nas pregas, sujas como estão, suggere usar a lingua duma escrava. E escrava elle tem uma, que lhe lava a rolla com saliva... Por que não fazel-a o cu limpar-lhe sem sabão, appenas na lambida? Bem que dava!
Coitada! Tão submissa! A mulher mette a lingua la no fundo, exfrega, passa por tudo! E elle desfructa do cunette!
As femeas teem, conforme elle, essa raça. Pois ella nem questiona: se submette! Com outra até commenta: “Que elle faça cocô bem duro eu quero! Que dejecte mais molle, não, pois gruda muita massa!”
MAU GOSTO, BOM DESGOSTO [4537]
“Assim que eu gosto!”, escuto toda vez que estou lambendo um anus. Ouço “Assim que eu gosto!” quando alguem zomba de mim na hora em que chafurdo em sordidez.
Escuto “Assim que eu gosto” si freguez sou desses marmanjões que teem por fim sujar-me a bocca torpe. E eu digo “Sim, senhor!” à gozação que alguem me fez.
Escuto “Assim que eu gosto!” quando arrosto o cheiro do mais fetido excremento.
“Assim que eu gosto!”, escuto quando encosto os labios num trazeiro fedorento e rindo meu leitor que esteja apposto.
“Assim que eu gosto!”, escuto, e merda enfrento. Si engulo uns grãos, escuto “Assim que eu gosto!”
“Assim que eu gosto!”, anxeio ouvir, attento.
PRAZERES DO TRAZEIRO [4991]
Cagar nos allivia, mas tambem algum prazer nos causa, bem na prega, na hora em que o cocô della excorrega, dahi tal phantasia que me vem. Lamber, humildemente, o cu de alguem provoca egual prazer! A lingua cega obriga-se a provar por que se exfrega na prega e nenhum nojo disso tem. O cego, eu imagino, é como um cão. Resente-se, revolta-se, calcula aquillo que o limita: a escuridão, por menos que a cegueira deixe fula qualquer pessoa nessa condição. Mas deve obedescer: mesmo que engula algum cocô, do dono é bicho tão submisso, que isso attiça a sua gula!
PIADA PRIVADA [5027]
Costinha contou esta: num banheiro, trancado, está o rapaz com caganeira. Mas logo vae chegar quem tambem queira cagar: notam que alguem chegou primeiro. O tempo passa... Pensam: “Pelo cheiro, o cara ja fez tudo! E dá canseira!
Será que vae passar a tarde inteira la dentro?” E batte à porta o mais grosseiro:
“Cagada demorada, hem? Ninguem faz cocô que demorasse esse tempão!” {Aqui não tem papel...}, diz o rapaz, afflicto com aquella situação.
La fora, zombam delle as linguas más:
“Problema seu! Pedisse! Você não tem lingua?” Elle responde: {Tenho, mas não sou contorcionista, meu irmão!}
BEIJO ALVINEGRO [5835]
No sabbath, alguem oscula do Demonio o cu mais sujo e o coprophago tem gula venial. Disso não fujo. Por fallar no dicto cujo, esta lyra não annulla as menções que um mago ou “brujo” a Deus faça, em furia fula.
Mas nem sempre quem do Demo é devoto odeia seu
Pae Eterno, Deus Supremo, tão cruel, que o concebeu. É melhor, ja que eu o temo, não ser mesmo tão atheu. Mas, si contra nunca remo, a Satan dou graças eu.
LEUCOPROPHILOS THEOLOGOS [5845]
{Hem, Glauco? O “beijo negro” não é dicto da bocca duma bruxa alli no rabo do Demo? Ora, pensando nisso, accabo chegando a reflexões que não evito...
E o cu de Deus? Ninguem beija? Accredito que delle só beijaram a mão! Brabo ficou si lhe quizeram dar no nabo um beijo que entesasse... Estraga o rito!
Hem? Thema theologico, Glaucão! Você não acha authentica a proposta de nisso nós pensarmos? Não apposta que muito se discuta tal questão?}
-- Apposto. Mas não vejo um bom christão querendo do Senhor provar a bosta. Talvez um peccador queira, si gosta de caro pagar, antes do perdão...
MEME DO SACCO [5898]
Ficara tetraplegico o subjeito. Da cama, sem adjuda, não sahia. Appenas a cabeça se mexia. Do sadico cunhado ouviu: “Bem feito!”
Ninguem por perto, o sadico do leito acchega-se e lhe peida bem na via oral, lhe exfrega a bunda, até. “Não chia!”, deu ordem. Disso tira bom proveito.
Mostrando um sacco plastico, promette usal-o caso peça por soccorro a victima, que pensa: “Assim eu morro!
Prefiro suffocar a dar cunette!”
Mas chupa, pois tem medo do pivete.
Quem isso me contou viu quando o gorro de plastico o moleque num cachorro testou, mas eu que petas interprete...
MISCELLANEA SUPPEDANEA [5935]
Com minha propria lingua (assim eu brado) suppuz ser puxasacco, dando um tracto debaixo duma sola de sapato usado por politico saphado.
Tambem com minha lingua (Não me evado da culpa: sou masoca, assim constato!) dei tracto, qual cachorro num pé chato, debaixo duma bota de soldado.
Com minha lingua, ainda, fiz eu cada sessão de lambeção (Não é bravata!) na sola dum artista da mammata
adepto! Mas ninguem por mim dá nada! De lingua até farei a deslavada cunette num pastor que desaccapta Jesus e de Satan é diplomata, mas sei que elle prefere bruxa... ou fada.
LITORGIA [6091]
Faz tempo que não fallo com a bruxa. Agora a pego, calma, bem de jeito. Pergunto o que, commigo, ja suspeito. E a missa negra? A velha desembucha:
{Ah, Glauco! Cê ja sabe disso, puxa! A gente colla a bocca alli, direito nas pregas. Passa a lingua, num effeito de lixa. Sim, de esponja. Até de bucha. Descrevo um movimento circular lingual. Algum volume está adherido às dobras. Que engolir eu nem duvido si tenho. Satan deixa sem limpar. As outras tambem querem o logar. Então eu cedo. Fico vendo. O ouvido sons capta, borbulhantes. Tá servido, Glauquinho? Faltou coisa a perguntar?}
MATTOSALEM [6094]
Disseram-me que muito viverei por ser considerado bruxo, mas ter mais longevidade não me faz nem principe dos lyricos, nem rei. Não sei si vou viver muito. Só sei que eterno compromisso o verso traz si for o nosso thema a Satanaz entregue e si seguirmos sua lei. Até que thematizo o Demo, sim, mas não com toda aquella gravidade. Por isso é que elle sempre persuade a bruxa ao “beijo negro”, não a mim. Provei, sim, seu chulé. Nem tão ruim achei, pois, affinal, sou fan de Sade. Mas, para alguem tão velho, Satan ha de convir que menos fede que um pé “teen”.
MACHIAVELLICO [6265]
Tu queres cultuar a minha luz?
Mas lembra-te, ceguinho, de que eu não sou unico, mas uma legião!
Qualquer das minhas luzes te seduz?
Advirto-te que um preço ja te impuz a fim de que tu possas ter visão
das coisas, mesmo sendo-te illusão: terás que me beijar em muitos cus!
Estás bem preparado? Os bruxos, sim, estão e lingua longa affundam em meu anus! Tens tal lingua, cego? Vem, então, te emporcalhar dentro de mim!
À toa Satanaz a ser não vim!
Eu sou machiavellico, meu bem!
A lingua que me excita nojo tem? Terá que bom achar o que é ruim!
FESCENNINA SABBATINA [6287]
Cagar na tua bocca não vou, mas é só por descomforto meu! Porem vaes tu meu cu limpar bem limpo, sem as mãos, só com a lingua, si és capaz! Accabo de cagar! Agora, faz aquillo que tu sabes! Lambe bem la dentro! Exfrega as pregas! Limpa, alem das pregas, os pellinhos! Limparás?
Exforça-te e consegues, cego! Oscula, primeiro, depois sente, com a poncta da lingua, aquelle gosto que admedronta o crente e de ninguem desperta a gula! Não temas! Caso tua glotte engula um pouco de cocô, leva na compta de infecto sacrificio, pois quem monta na tua cara adora a scena chula!
DESNUDEZ [6308]
Fizeste meia nove? Que tu fazes na cama agora, Glauco? Ousaras tu, segundo o que supponho, do tabu zombar, mas taes luxurias são fugazes! Sei como performavas, com rapazes sacanas, posições nas quaes o cu, seguindo os KAMA SUTRA, solta angu mais molle em plena bocca, affora os gazes!
Mil poses acrobaticas pudeste com elles practicar! Agora, não! Estás, Glaucão, ja quasi septentão!
Ainda te contorces, inconteste?
Contesto-te! Nenhum cabra da peste consegue, septentão, ter o condão da foda contorcida! Nem anão tem fama assim! Desiste, meu! Te veste!
PUNHETA LISBOETA [6313]
Poetas portuguezes queixa à bessa faziam do Demonio, que teria Lisboa mergulhado na follia das bichas, situação que lhe interessa. O proprio Madragoa se confessa furioso com os gays, pois sodomia preferem à boceta. Que seria da femea sem seu macho, ora? Sem essa!
Occorre que Satan sempre incentiva punhetas, ja que muita phantasia bem sadomasochista propicia a mente do onanista, a mais lasciva. E quanto ao cu, ninguem jamais se exquiva de nelle salivar, caso da via anal seja refem. A bruxaria tributa ao “beijo negro” tal saliva.
ARES CAVALLARES [6314]
Archanjos cavalgar querem, si fores dar credito ao que expoz Jorge de Lima. Eu mesma, que sou bruxa, vou em cyma daquillo que escreveram taes auctores. Porem tu me perguntas si fedores maiores teem os peidos (e se estima que tenham) do cavallo de quem prima por cheiro ter de enxofre entre os odores. Sim, Glauco! De Satan peida fedido o mystico cavallo! Porem ha odor ‘inda peor: aquella má fumaça que Satan peida, querido! Si queres saber, mesmo, te convido ao beijo que nós damos, no Sabbath, naquelle trazeirão! Ah, Glaucão! Ah! Que exsista aroma assim até duvido!
DOSIMETRIA [6315]
O peido do Diabo! Mas que thema phantastico, Glaucão! Si fazem chiste, que façam, ora! Achei que não exsiste questão mais seria que essa these extrema! Si fede enxofre, deve ser problema do grau, da gradação... Acaso ouviste fallar da bruxa Alice? Ella bem triste está! Dirás si é justo que ella gema...
Punida por Satan, por ter seus gazes ousado recusar, Alice está sentindo delles muita falta, ja!
Terá mais chance, idéa tu ja fazes! No proximo Sabbath, fazer as pazes Alice com o Demo poderá!
Mas só si supportar aquella má fragrancia! Augmenta a dose, nessas phases!
PSYCHOGRAPHANDO ALPHONSUS DE GUIMARAENS FILHO [6333]
De entrar no que segreda a cova fria então a fim estás, Glauco Mattoso?
“Parnaso de Alem Tumulo”, o famoso livrão do Xavier, te influencia?
Reler-me ja quizeste, quando, um dia, deitei-me no chão, para de escabroso proposito fallar. Não tive gozo nenhum quando fingi que ja morria. Mas fazes phantasia si vampiro suppões que eu seja, alem de teres sido. Verdade verdadeira aqui decido contar-te, caro Glauco, ou me retiro. Depois que morri, nunca me refiro às luzes dos espiritas! Cahido estive nos infernos! Sim, fedido é o cu de Satan! Cheira, te suggiro!
PSYCHOGRAPHANDO AMADEU AMARAL [6336]
Sonnetto ja compuz -- “Malassombrado”
chamei-o -- onde minh’alma comparava à casa dos phantasmas! Glauco, grava bem tudo o que te digo, desgraçado!
Tu, Glauco, o criticaste! Do teu lado jamais eu ficarei! Quem só deprava seus themas ousará mandar à fava alheios versos? Quero ser vingado! Vingar-me irei! Cegado seguirás directo aos infernaes dominios, cara! Satan te cagará a titica amara na bocca, nessa bocca assaz mordaz! Sim, para compensar as tuas más analyses poeticas, prepara a fuça, Glauco! O Demo tem a vara mais podre, e mais fedido tem o gaz!
PSYCHOGRAPHANDO LUIZ GUIMARÃES JUNIOR [6353]
Será que la serei bem recebido?
Será que meus amigos estarão la para me abbraçar, me dar a mão?
Ou só com os extranhos eu collido?
Preoccupa-me isso, Glauco! Faz sentido que, mortos, nós sintamos solidão!
Ao menos os que morrem antes vão nos dar as boas vindas? Eu duvido!
Luiz Guimarães Junior diz que sim, que somos recebidos com carinho, mas eu, que para a morte me encaminho, questiono-me: e si for outro o festim? Si for Satan quem olha para mim com olhos sorridentes e, excarninho, ordena-me que beije seu cuzinho? Glaucão, será que irei achar ruim?
BRUXA LUXENTA [6394]
Glaucão, eu amo Lucifer, sabia?
Sou mesmo ouriçadissima por seu sorriso de malandro, de plebeu folgado que, em tesão, nos assedia! Mas sabe, Glauco? É muita covardia que exija de nós todas, achei eu, o beijo no seu anus, que fedeu cocô recem cagado! Que mania!
Eu faço o que elle queira: chupo o phallo de bode fodedor, deixo na chota, no recto me comer... Mas nessa quota oral de sacrificio não me rallo!
Você talvez, Glaucão, que ja tem callo na lingua, achasse leve essa devota beijoca anilingual, mas a velhota aqui tem nojo! Creia no que eu fallo!
SABOR ABUSADOR [6443]
“Si pego um tetraplegico de jeito, eu ponho o pé na cara, cheirar faço, eu peido bem na bocca, folgadaço, e excarro-lhe nos olhos! É bem feito!”
Abusos desse typo um mau subjeito deseja practicar, Glauco! Com braço e perna sem mover, é dum devasso refem quem tenha aquelle atroz defeito!
O gajo que deseja abusar dum inerte (e inerme) está, todo pimpão, na rede virtual e faz questão de, sadico, mostrar o seu bumbum! Calcule, Glauco, o fetido futum do cu dum gajo desses! Você não suppoz na sua bocca sabor tão amargo? Um masochista acha commum!
MOTIVO RELATIVO [7093]
Foi pelo buracão da fechadura um gajo visto, louco, a degustar dum outro o cu, naquelle familiar hotel, da moral publica mais pura. Depois disso, na hora do jantar, o gajo reclamou daquella dura especie de pellinho, de mixtura ao musculo, na sopa. Deu azar.
Indaga-lhe o garçon, meio offendido:
“Ué, mas o senhor nojo não sente daquelle cu, chupado loucamente!
Por que dum pello sente? Faz sentido?”
Responde o gajo: {Nojo certamente você teria caso, num lambido cuzinho, achasse, inteiro, um mal cozido pedaço de cebolla, ainda quente!}
ANAL ANALYSE [7139]
Mas, Glauco, si a cagada for recente, a lingua vae achar ainda aquella camada de cocô que, nella, mella até se eternizar n’alma da gente!
E, caso o cu ja tenha simplesmente seccado, quem lambel-o dará trella a tudo que, grudado, se exfarella no meio dos pellinhos! Quem não sente?
Por isso uma anilingua, Glaucão, é o mesmo que comer a propria bosta, aquillo que ninguem falla que gosta de estar saboreando num filé!
Num bife nós queremos molho, ué, não merda! Numas pregas, é supposta alguma sujeirinha! Quem apposta num limpo cu se illude em sua fé!
SUBMISSÃO CUMPRIDA [7153]
“Procure com a bocca, não a mão!”
Cegados os meus olhos, me seria difficil cumprir essa serventia de escravo, de joelhos pelo chão. O faro me indicou a direcção. A fuça approximei, numa agonia medrosa, do caralho que fedia, ja duro pelo sadico tesão.
Senti, mais que do fetido pentelho, o odor daquelle esmegma accumulado. Depois de toda a gosma ter tragado, sabor ‘inda senti de cada artelho. As costas ja lanhadas pelo relho, cheguei ao fim da linha. Me degrado, agora, a salivar, num cu cagado, as pregas, que dos beiços são espelho.
O ACCOCORADO E O ACCOCOZADO (2) [7172]
Allivio dar, na boa, ao intestino momento nos paresce, tão gostoso e livre, quanto a bronha dum menino que finge dominar e, assim, tem gozo. Nas bronhas, é cagando que eu domino algum outro moleque que, choroso, terá que degluttir o que elimino, quer seja cocô solido ou cremoso. Que faço? Me accocoro e o rego encaixo, bastante folgazão, muito contente, naquella aberta bocca que, por baixo de mim, fica comendo, obediente. É molle e Nem preciso fazer força, nem tenho que peidar tão fartamente na bocca, para que elle se contorça emquanto o gosto forte e o cheiro sente.
MOTTE GLOSADO (1/8) [7526]
Fallou Bob, o Porcão: “Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o.”
(1)
Dispenso qualquer venda quando cedo àquelle que me zoa, pois sou cego. “Que curte em mim?”, pergunto-lhe, e me entrego. Fallou Bob, o Porcão: “Me excita o medo!”
Admarra-me as mãos para traz. Azedo odor em meu nariz. Me pega pelo pescoço, me extapeia. Meu appello ignora. Quer gozar o azar alheio. Me pisa a cara, rindo do receio que o cego tem de alguem a submettel-o.
(2) Obriga-me a fedores farejar de cada parte suja. Si adivinho qual seja, lamber devo. Que gostinho tem elle, caso eu erre! Vou levar tapão na fuça! Agora um paladar nojento tem a rolla, que modello não é de asseio. O sebo que, com zelo
cruel, cultiva, eu provo, tarde ou cedo.
Fallou Bob, o Porcão: “Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o.”
(3)
Porcão sorri si, em pleno breu, está um cego angustiado. Si a faxina do queijo pela lingua mal termina, peor coisa virá. Logo lhe dá na telha me foder a bocca e ja me aggarra pela orelha, empurra pelo buraco oral um thallo em desmazello. Mais fundo na garganta entra que um dedo.
Fallou Bob, o Porcão: “Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o.”
(4)
Segura-me a cabeça e vae bombando. Exige que eu lhe lamba a chapelleta por baixo, caso a rolla, aos poucos, metta e ainda eu chupar possa, ao seu commando. Mas logo elle penetra mais e, quando engasgo, ri com gosto. Seu novello de pellos no meu labio colla um sello. Bastou ao meu algoz? Enganno ledo!
Fallou Bob, o Porcão: “Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o.”
(5)
Demora até gozar. Quasi eu vomito, mas elle se deleita. Emfim, exguicha golfadas a durissima salsicha e engulo a gosma, ouvindo o alegre grito de gozo. “Ah, cego, foda-se!” Seu rito, porem, não se encerrou. Meu cotovello torcido está doendo. Peço pelo amor, mas Zeus dirá: “Não intercedo!”
Fallou Bob, o Porcão: “Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o.”
(6)
Na bocca quer mijar-me, ja que a via buccal foi o caminho para a porra. Porcão nem tira a rolla, até que excorra o jacto da bexiga. Se allivia aos poucos, calmamente. Eu duma pia sou como o rallo. Engulo o que, com gelo e assucar, bebeu elle e, agora, pelo caralho, sae salgado, quente e azedo.
Fallou Bob, o Porcão: “Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o.”
(7)
Por ultimo, terror me infunde, pois cagar em minha bocca quer agora. Inutil implorar. Mal se accocora e encaixa o rego, sinto que entram dois ovinhos sobre a lingua que, depois de tudo, amarga fica. Pesadello provoca-me o cocô. Custa comel-o, mas temo a punição, si eu não concedo.
Fallou Bob, o Porcão: “Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o.”
(8)
Porcão, com francas phrases, no devido logar me põe, dizendo o tempo todo: “Eu vejo, não você!” “Por isso eu fodo, não sou fodido!” “Foda-se!” “Eu decido si um cego vae ser util, entendido?”
“Tem nojo?” “Tá doendo?” “Ficou pello na lingua?” “Quer mais?” “Acha um attropelo trampar nas trevas?” “Acha que eu me excedo?”
Fallou Bob, o Porcão: “Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o.”
MANIFESTO ANILINGUISTA (1/2) [7945]
(1)
“Qualquer um que ja tenha sido alli lambido sabe, Glauco! Quando a merda sae molle, ao passar lambe o cu, gostoso, tal como dum escravo a lingua suja! Você ja reparou nisso, Glaucão?
Por isso é que cagar tanto prazer nos dá, não é? Difficil é que eu tenha a lingua dum escravo, como o rollo que fica, de papel, alli do lado do vaso! Mas a gente, emfim, se vira...”
(2)
-- Às vezes eu descharto o que ja li limpando o cu, mas uma lingua lerda, lambendo devagar, causa mais gozo, sem duvida. Quem tenha, de lambuja, um habil fellador, prazer tem tão completo que difficil é mais ter. Viajo nisso. Lingua que se embrenha nas pregas, indo e vindo, por consolo eu tenho, mas appenas sou levado por Sade e, no delirio, pela lyra...