SADOMASOCHISMO
SADOMASOCHISMO MODO DE USAR E ABUSAR
SEGUNDA EDIÇÃO, REVISTA E AMPLIADA
São Paulo Casa de Ferreiro
Sadomasochismo - Modo de usar e abusar © Glauco Mattoso, 2022 Revisão
Lucio Medeiros Projeto gráfico Lucio Medeiros Capa Concepção: Glauco Mattoso Execução: Lucio Medeiros FICHA CATALOGRÁFICA Mattoso, Glauco
SADOMASOCHISMO - MODO DE USAR E ABUSAR/Glauco Mattoso Segunda edição, revista e ampliada
São Paulo: Casa de Ferreiro, 2022 264p., 21 x 21cm ISBN: 978-85-98271-28-4 1.Poesia Brasileira I. Autor. II. Título.
NOTA INTRODUCTORIA
Em prosa, colligi alguns apponctamentos theoricos e casuisticos nos livros RUDIMENTOS DE SADOMASOCHISMO COMPARADO, O QUE É TORTURA, O CALVARIO DOS CARECAS: HISTORIA DO TROTE ESTUDANTIL e BREVE ENCYCLOPEDIA DA TORTURA. Como ficção, abbordei o thema no romance parodico A PLANTA DA DONZELLA e em poucos volumes de contos. Entretanto, é na poesia, minha obra mais relevante e volumosa, que as areas de interesse sadomasochista (tortura, fetichismo, coprophilia, bondagismo, reclusão, occlusão etc.) estão dispersas por milhares de sonnettos, para não fallar de mottes glosados, madrigaes, odes, trovas, infinitilhos e outros generos, incluidos em titulos como DESHUMANISMO, DESILLUMINISMO, OBRA PODOLATRA, SONNETTARIO SANITARIO, RAYMUNDO CURUPYRA, O CAYPORA ou CAUTOS CAUSOS: CONTOS LYRICOS. Faltava, portanto, uma collectanea que fizesse a admostragem thematica mais representativa possivel. Tal como na anthologia TESTAMENTO SATANISTA, aqui as diversas modalidades estrophicas e metricas se mixturam sob unica numeração mas respeitando a catalogação geral consolidada em OPERA INSOMNIA. As considerações theoricas ficam por compta da fortuna critica, ja sufficientemente abbastescida no meio academico, onde varias theses foram defendidas sobre o caso mattosiano.
DISSONNETTO VICTORIANO [0054]
Em epochas de Wilde a Gran-Bretanha vivia numa grande caretice. Bordeis eram discretos, mas quem disse que o vicio reprimia sua sanha? Chicote era uma coisa nada extranha e clubes de sadismo, uma mesmice. Mas sempre tinha quem se divertisse usando um gay que gosta quando appanha. Os jovens estaffetas se alugavam p'ra quem seus pés quizesse appreciar, curtir do chulezinho um gosto, um ar, e caro os cavalheiros lhes pagavam.
Um cego que nem eu, nesse logar de exoticos tesões que não se travam seria, como Wilde, dos que "lavam" chulé de office-boy num lupanar.
DISSONNETTO MASOCHISTA (II) [0060]
Masoch é, travestido de Gregorio, quem tanto foi submisso à sua amada que a propria vida dá por empenhada no texto dum contracto de chartorio. Mas Wanda vae alem do que é notorio no dia em que resolve ser malvada e, em vez de lhe applicar a chibatada, delega a um outro amante o gesto inglorio. Appós ser açoitado pelo extranho, Gregorio, abbandonado pela Wanda, cansado dessa sova nada branda, conclue que a coisa está de bom tamanho. Gregorio agora é Glauco, e quem me manda é o sadico rapaz do qual appanho e, ja que seus pisões de graça ganho, lhe lambo a bota e faço propaganda.
DISSONNETTO CONSENSUAL [0093]
O sadomasochismo é só chimera. O verdadeiro sadico é carrasco, diverte-se causando dor ou asco, comtanto que não seja o que o outro espera. Masoca p'ra valer não delibera, attira-se sem medo do penhasco, attura pisoteio até dum casco e, numa arena, nunca excolhe a fera. Querer que se completem é besteira, pois o prazer do escravo frustra o dono, que bonus não dará, tampouco abbono, e um gajo só tortura quem não queira.
O jeito é o fingimento, e finjo somno, depois duma punheta prazenteira, sabendo que o demonio da cegueira causar me vem insomnias e abbandono.
DISSONNETTO HIERARCHICO [0097]
A deusa tem o pé formoso e claro. Seu subdito usa bota cara e fina. O faxineiro delle usa botina. Sou servo, sim, deste ultimo, e declaro: Conhesço suas meias pelo faro. Seu pau tresanda a sebo, porra e urina. O cu fede o normal, você imagina. É um gajo sem nenhum aroma raro. Abbaixo do nariz vem o que toca a sua sola: minha bocca, né? Accyma do meu rosto está seu pé. Respeito-lhe a preguiça dorminhoca. Limito-me a babar no seu chulé, emquanto o seu dedão elle colloca la dentro. Vae querer mais cuspe, em troca. Sou cego, meu logar ja sei qual é.
DISSONNETTO PARADOXAL [0117]
O sadomasochismo é um paradoxo, reflexo de outros tantos que ha no mundo, bons versos sobre thema vagabundo, prophano revestido de orthodoxo. Assim se concilia o meu e o nosso, o amor procreador e o sexo immundo, o orgasmo eterno dentro de um segundo. Sim, sou omnivolente e nada posso. Ser cego e versejar contrarios são, si for o verso oraculo, propheta e, ao mesmo tempo, o chulo que se veta. Cegueira, por seu turno, é maldicção. Comtudo, a incoherencia mais completa de todas que são themas do povão é o cego se humilhar ao olho são, lambendo o pé de quem não é poeta.
DISSONNETTO DESVIRTUADO [0191]
Mulher nenhuma foi, como Justine, usada e 'inda abusada tantas vezes, por monges, por bandidos, por burguezes. Quem mais lhe chegou perto foi Pauline. A "Historia de O", porem, melhor define escravas femininas como rezes treinadas a chicote. Esses francezes! Não ha no mundo quem os recrimine! Tractar mulher a relho é uma delicia somente comparavel ao puddim de leite condensado, ou à caricia da lingua sobre o penis. Quanto a mim, sonhei que, attraz das grades da policia, a natta dos ladrões me tracta assim, com sarro, com abuso, com sevicia, e, claro, não achei nada ruim.
DISSONNETTO A WILMA AZEVEDO [0226]
A thia da Thiazinha é dona Wilma, que é vil e má no typo que creou, mas boa, quasi casta, como sou no olhar do Cineasta que nos filma. Foi ella personagem de charisma e o sadomasochismo inaugurou, não como actriz pornô, de "X" ou show, mas nesta infensa imprensa, um outro prisma. Virou dominadora e foi madrinha de todas as libidos sem baptismo, de todas as feições do fetichismo, da dor à adoração, inclusa a minha. A seducção do sadomasochismo tornou-a consultora, a fez rainha daquillo que resumo numa linha: victoria do tesão sobre o cynismo.
DISSONNETTO DIDASCALICO [0437]
Um normovisual me disciplina. Apprendo a descalçar sapato e meia usando, não a mão, que elle me freia, porem a bocca, affan que não termina... Por fim a meia sae. A pelle fina do dorso, onde advoluma-se uma veia, e a sola grossa a lingua massageia, emquanto a voz do Mestre instrue, ferina. Lambidas sejam lentas: "Não tem pressa!", exige o Superior, refestelado e tendo uma cerveja alli do lado. Somente seu prazer é o que interessa. "Assim que eu gosto!", falla com enfado. O trampo mal termina, recomeça e, em cada vão de artelho que attravessa, a lingua leva um tempo demorado.
DISSONNETTO EMPANTURRADO [0641]
Segundo o quadrinhista, uma "O" submissa ao lado do marido um restaurante visita. À mesa, o gordo accompanhante. Emquanto come, a femea elle cobiça. Cochicha algo ao marido. Este lhe attiça o lubrico appetite quando deante do amigo despe o seio provocante da esposa. Ao gordo cresce a gorda piça. Se ausenta do apposento o esposo corno, deixando a sós o gordo e a bella dama. Na mesa ainda sobra a carne ao forno. A femea se adjoelha e nem reclama do rango: de outra carne o molho morno degusta e se lambuza emquanto mamma. A scena só me causa algum transtorno por não ser eu quem leva a suja fama.
DISSONNETTO REGORDADO [0642]
Chupando, adjoelhada, a grossa rolla do gordo, "O" julga ser do mesmo cara que ha tempo, no castello, a chibatara até, fracca, acceitar na bocca pol-a. No traço de Crepax, a femea tola e docil foi treinada a levar vara na frente e attraz, cumprindo a regra clara que a torna mais escrava que a creoula. Um gruppo de devassos, entre os quaes seu proprio esposo, ao carcere a conduz, e o mais obeso é quem a açoita mais. Ainda que se occultem no cappuz e queiram-na vendar nas bacchanaes, o gordo a lembrará dos corpos nus.
Em sonho, sou quem chora tantos ais, pois sob os pés dos sadicos me puz.
DISSONNETTO BESUNCTADO [0643]
Os outros desfructavam-na por traz, de quattro, ou pela frente, em frango-assado. O gordo só queria ser chupado. Sentava-se, e a mulher fez o que faz: Appós sessões de açoite, ainda traz no corpo o cru vergão de humano gado. Aguenta a dor, joelho ja dobrado, e serve o algoz no vicio pertinaz. Começa pelo escroto, que é lambido até que mais saliva que suor o banhe. Então, a lingua alça o sentido. Alcança a glande e sente-lhe o sabor do pegajoso e fetido residuo. Chupou, mas fallou antes: "Sim, senhor!" Lamento não ser meu esse gemido de escravo, dum pau sujo o chupador.
DISSONNETTO DO APPRENDIZADO [0653]
O cego é commandado na primeira sessão de fellação que experimenta. O mestre, calmo e commodo, se senta. Se aggacha o cego em frente da cadeira. De inicio, identifica: lambe e cheira o sacco. Pellos prova. A lingua, lenta, a pelle do prepucio acha nojenta mas lava aquelle bicco de chaleira. Ja semiarregaçada, a glande exige total titillação, tacto total, alheia à humilhação que ao cego inflige. O labio ao pau se admolda e, no final, que bocca addentro o mestre até lhe mije o cego, accostumado, acha normal. Aos poucos, com o tempo, se corrige alguma falha à foda funccional.
DISSONNETTO COMPENETRADO [1010]
Si exsiste o zen-buddhismo, tambem digo que exsista um zen-sadismo, e o zen-masoca seria, então, alguem que se colloca debaixo até dos pés dum inimigo. O sadico é instrumento do castigo que sobre este "maldicto" o Alem provoca. O algoz, pois, sem remorsos pode, em troca, sentir-se livre p'ra zoar commigo. Si cego estou, a culpa é mesmo minha e até quem me quer bem pode ser mau, folgando e rindo emquanto me expezinha, dizendo um "Eia!" appós dizer um "Uau!" Ouvindo-lhe expressão tão excarninha si o pé lhe massageio ou chupo o pau, reflicto que tal sorte a calhar vinha p'ra quem não foi poeta em alto grau.
SONNETTO LOGICO [1056]
Dois cegos se comparam num contacto. Si o cego de nascença é masochista, mais baixo está quem viu e perde a vista. Portanto, este é quem fica aos pés do nato. O nato é da mulher gatto e sapato mas foi chupado, e certo acha que exsista o escravo dum escravo: assim, conquista direitos sobre mim, que pago o pato. Serei seu fellador, vou dar-lhe o gosto de ser-me superior, pôr-me a serviço da sola de seu pé sobre meu rosto! Sou eu o perdedor, e não cobiço mais nada alem de estar no justo posto: do macho abbaixo, e à femea elle submisso.
CONTRACTO DE ESCRAVIDÃO (ENTRE DOIS CEGOS) [1057]
Eu, Glauco, "fiquei" cego, não "sou" cego. O nato "é" cego, macho e superior. Portanto, este contracto é p'ra propor que eu seja seu escravo, a quem me entrego. Impõe-me elle o dever, e eu me encarrego de estar sempre a seus pés, seja onde for, sentir-lhes todo o odor, todo o sabor, ser delle o massagista, e de seu ego. Alem de ser na vida vencedor, tem elle o pé "perfeito": chato e grego. Assim, ganha o direito de me expor, mostrar-me a algum amigo, emquanto eu chego até, juro, a chupar! Si esse favor for minha utilidade, é meu appego.
DISSONNETTO DA COOPÇÃO [1060]
Ha dois typos de sadico: o valente, capaz de ser guerreiro, que não corre da raia e cae luctando bravamente, mas, quando vence, faz que o sangue jorre. Battalha finda, é certo que desforre seu impeto na victima impotente. Ja o sadico covarde se soccorre do gruppo, da chantagem, da patente. É deste, caso o callo mais me apperte, que fallo, que mais gosto, pois descompta seus medos no refem sobre quem monta e, emquanto barbariza, se diverte. Desejo que elle seja mais sollerte, desejo ser seu servo, dar-lhe a chance de usar-me e que em meu rosto os pés descanse, que em mim de seus demonios se liberte.
SONNETTO DO ABUSO VERBAL [1061]
Explico duma vez por todas: quero sentir que ficar cego foi castigo e tudo que você fizer commigo faz parte dos abusos que tolero. Portanto, não hesite em ser severo e pode me zoar, ja que me obrigo a ouvir o que um vencido do inimigo escuta: "A sua honra vale zero!" Ao vivo, lambo até seus pés e engulo seu mijo e sua merda, caso a scena lhe cause o riso ao ver meu brio nullo. Mas saiba que a cegueira me condemna tambem a que eu engula, 'inda que fulo, offensas em linguagem nada amena.
SONNETTO DERROPTISTA [1063]
Tambem presenciei, em meio à plebe, dois caras se pegando, no judô, no aiki, no valetudo ou no sumô, e vi coisas que até bobo percebe. Os golpes que o mais fracco, ao chão, recebe humilham mais que à puta em show pornô. Jiu-jitsu, kick-boxe e tae-kwon-do melhor me inebriavam que a quem bebe. O pé, na capoeira, sobe e desce tão agil quanto o pau que vae e vem na bocca dum escravo que obedesce. Agora que estou cego, o que retem na mente a scena é o sonho: si eu pudesse, perdia até de quem não lucta bem.
DISSONNETTO INCORPORADO [1070]
Em outra encarnação, acho que estive na pelle dum cachorro viralatta: não sou nenhum mascotte duma gatta riquissima ou bonita, que o captive. Não tenho alguem que, sadico, me prive do pão, da liberdade, ou que me batta, porem, do modo como me maltracta, meu dono accorda o escravo que em mim vive. O gajo simplesmente tira a bota e manda-me lamber seu pé fedido, de cuja sola sujo suor brota! Recuso? Si recuso, sou punido! Chibata de montar o cara adopta! Com nojo, eu a principio me intimido, mas logo me recordo da remota missão: lambendo, engulo meu gannido.
SONNETTO INEVITAVEL [1072]
"Você se sente como?" Eis a questão que indagam do ceguinho. Então respondo: {Fodido! Quem enxerga me está pondo a rolla bocca addentro!} Assim, trez são as minhas reacções: fazer que não, cuspindo a rolla e urrando com extrondo; morder aquelle anzol duro e redondo; ou só chupar, disposto a dar tesão. Nos dois primeiros casos, não evito que o cara em mim revide, violento. O jeito é achar que chupo um pirolito. Quem vê se delicia, emquanto aguento a rolla até que exporre: o cego afflicto aos outros dá prazer com seu tormento!
DISSONNETTO LUBRICO [1078]
Num velho pornofilme de segunda, a Linda Lovelace engole inteiro um penis bem maior que o costumeiro e mostra ter garganta assaz profunda. Mais facil que na vulva ou numa bunda, o pau entra todinho: é que, primeiro, penetra até a metade e, então, boeiro se torna a bocca, e nella a rolla affunda. Depois a gente soube que na marra a actriz tinha actuado. O que se nota na hora é a cara agonica, bizarra, carona de coitada, de idiota. Engole exguicho. Muda, nem excarra. Narinas enche o ranho. Mais que chota molhada o suor jorra. Da boccarra excorre baba... e porra, si ella arrocta.
SONNETTO SADOMITA [1105]
O coito anal é o symbolo mais vivo do sadomasochismo, pois, emquanto gargalha quem penetra, resta o pranto àquelle que assumiu papel passivo. Na mesma proporção em que me privo do maximo prazer e me quebranto em dores, sei que um penis eu levanto com meu gemido agonico e afflictivo. O macho que cavalga em mim me enraba; questão não faz siquer de vaselina: eu mesmo o pau lhe unctei com minha baba! Colloca-me de quattro, de menina me chama emquanto fode e, assim que accaba e exporra, ainda em minha bocca urina!
DISSONNETTO DO REINO ANIMAL [1113]
Emquanto você brinca com meu drama, percebe como é bom ter vista boa. Inerme, o cego soffre, a esmo, à toa, nas mãos do amo, a quem teme, mas não ama. De quattro pelo chão, e não na cama, exponho a pelle clara. Quando soa o estallo, ouço-lhe a voz. Por mais que doa o golpe, estou attento a quem me chama. Um homem sem visão reduz-se a bicho e quem o chicoteia se diverte. Andando ao meu redor, vem-lhe um capricho, que logo satisfaz, mordaz, sollerte: Me chuta feito um sacco para o lixo. Seu pé me empurra a cara e, antes que accerte mais uma chibatada, o quente exguicho encheu-me a bocca. Appanho e bebo, inerte.
DISSONNETTO DO GOSTINHO SADICO [1245]
Biographo de Sade polemiza aquillo que o leitor ja percebeu faz tempo: a fixação do auctor atheu na merda. Mas comida, é o que elle frisa. Até com estatistica a pesquisa trabalha: quantas vezes recorreu o mestre pornographico ao que é seu fetiche, mas é a compta 'inda imprecisa. Quem vae com mathematica sciencia medir o que do nosso recto vem?
A mim pouco me importa a recorrencia, pois uma vez ja basta para alguem comer merda na marra: é violencia! Tentei ceder a um sadico. Nem bem provei-a, e concordei com quem dispense-a: que gosto insupportavel que ella tem!
DISSONNETTO DAS BOCCAS INDISCRETAS [1317]
Amigos meus me contam o que rolla na vida virtual e na concreta: machões brutos, com porte até de athleta, se prestam a risadas e à graçola. Risadas e pisadas: sob a sola de jovens estudantes, como asceta está o fortão, disposto a manter quieta a cara, emquanto a chuta um rapazola! Revezam-se os magrellas: ora um pisa no rosto, e outro no sacco mette o pé! De trampling um neguinho altão bom é! Da bota a sola é grossa, e a cara lisa! Me contam que o fortão supporta até na bocca o ponctapé que os dentes visa! Por video artezanal, quem escraviza o gajo é quem expalha: eu ponho fé!
SONNETTO DO SADISMO LICITO [1369]
Sadismo, na tevê, nunca faltava, embora pouca gente reparasse. Naquelles seriados era brava a lei, pois os mocinhos tinham classe. Porem a bandidagem manda à fava os bons, como si fosse mau quem nasce. Mulher, quando não é feita de escrava, é lider, e traz odio em sua face, tal como a Mulher-Gatto: si ella pega o Batman com o Robin, não sossega emquanto não os testa na tortura. Capangas se divertem, dão risada ao ver, de camarote, como cada heroe pelo parceiro tudo attura!
DISSONNETTO DO CORNO ASSUMIDO [1440]
Amigo meu, que é corno, justifica: "Melhor é dividir a doce canna do que chupar sozinho a mexerica azeda..." E assim, sorrindo, elle se damna! E quanto à tal doçura? Chupa a picca dos dois? E chupará com egual gana? Eu ca ja sou mais practico: quem fica com ella é meu rival, que é mais sacana! Assumo, alem de corno, que sou macho de menos: pangaré frente ao cavallo. Por isso que, antes della, ja me aggacho, tractando de chupal-o e preparal-o! Depois de desfructal-a, satisfeito, e vendo que fui feito de vassallo, o cara 'inda me manda, que eu acceito, servir-lhe um cafezinho no intervallo...
DISSONNETTO DA SURRA DE CHICOTE [1654]
Fascinio exerce o açoite entre os que estão no gozo do poder: como é gostoso ter admarrado alguem que disse não àquillo que queriamos! É o gozo! Quem lategos maneja é caprichoso: lambadas, as applica elle com mão certeira, de maneira que o orgulhoso converta-se num misero chorão. Altiva, pensa a victima em, calada, soffrer, e nisso o cerebro trabalha sem nunca dar motivo à gargalhada do sadico, um prazer que orgasmo valha. A chibatada accerta-lhe a virilha e sangra-lhe o caralho. A dor se expalha nas nadegas, no sacco... Dentes rilha, mas berra, e nisso o sadico gargalha!
SONNETTO PARA BASINI [1767]
A Törless elle conta que um collega o tracta como porco ou como cão: xingado e commandado, elle se entrega ao trote, engattinhando pelo chão. "Por que você, Basini, não se nega a subjeitar-se a tanta humilhação?", pergunta-lhe então Törless. {Devo cega, total obediencia!}, é a allegação. Occorre que Basini, alem de extranho na raça, nos costumes, no tamanho, a todos os alumnos deve grana. Será, portanto, delles o porquinho. Si Musil não revela, eu adivinho que chupa a rolla àquelle que o attazana.
DISSONNETTO PARA WINSTON [1769]
Peor tortura é, para Winston, ser com rattos confrontado! Disso sabe seu sadico carrasco e, de prazer, allarga o riso, a poncto de que babe. É Winston collocado, para ter mais medo, até que aquillo tudo accabe, de cara na gaiola onde, a querer sahir, um camundongo appenas cabe. Appavorado, o preso chora, berra, sabendo-se indefeso. Assim se sente, e todo mundo sente, na Inglaterra, aquillo que sentiu o dissidente. Emquanto o Grande Irmão a tudo assiste, tyrannico, cruel, omnipresente, alegre está o carrasco, e o preso triste, olhando aquelle ratto à sua frente.
DISSONNETTO PARA ALEX [1770]
Aquelle Alexandrinho teve seu momento mais famoso emquanto estava num palco: do espectaculo o apogeu é quando o filme em close a scena grava. A fim de demonstrar que se rendeu e deve obedescer, o joven lava, usando sua lingua, o que um plebeu nojento e sem escrupulos mandava: "Tá vendo essa botina? Limpe a sola!" No livro o tal solado oppressor fede e sobre sua bocca a bota colla, depois que, ja prostrado, o joven cede. Em jubilo, a platéa delle ri, pois rir dum desgraçado nada impede, emquanto Anthony Burgess faz alli que um ser humano o automato arremede.
SONNETTO PARA PEDRO BALLA [1772]
Vem vindo Pedro Balla, pensativo, e com seus inimigos se depara. Um delles logo o aggride, vingativo: tomou dois ponctapés em plena cara! Seguro pelos outros, rosto exquivo não tem ao pé que, aos olhos, se excancara. A imagem que, na mente, ainda archivo é a offensa que o pivete deixa clara: "Fique sabendo que sou teu patrão!", assim diz-lhe o rival quando o pisão comprime-lhe a beiçola, até que doa. Sangrando e se humilhando, Pedro Balla planeja uma desforra, mas se cala emquanto o pé lhe batte e a turma zoa.
SONNETTO PARA UM PÉ CHOLERICO [1773]
Em "Um coppo de cholera", o pé dicta: nessa novella, Raduan Nassar desfructa quando a femea fica afflicta ao ver-lhe o peito, a sola, o calcanhar. Descalço, esse seu pé faz que repita "amor amor amor", a delirar, aquella cuja logica é restricta appenas ao dialogo, ao fallar. Na practica, ella dobra-se ao pé macho e cede a seus desejos de capacho lhe ser, de rastejar, de usar a bocca. Nassar prolonga sua exspectativa propositadamente, na lasciva e quente discussão, em termos, oca.
DISSONNETTO PARA AMELIA [1775]
Amelia, em Alencar, esconde um pé pequeno, que com grande é confundido. O grande é o pé de Laura, mas não é normal, ja que o da femea é reduzido. O auctor diz que a menina fica até tristonha e envergonhada, mas duvido do falso accanhamento e faço fé que tenha mais vaidade... Então revido: Fiz minha releitura do romance, "A planta da donzella", e tive a chance de paraphrasear o de Alencar, em termos de fetiches, exemplar. Si na novella a moça é recaptada, a mim ella de sancta não tem nada, pois Laura a ensignará como pisar num rosto, desde o artelho ao calcanhar.
DISSONNETTO PARA HORACIO [1776]
Horacio é o que? "Galan", "dandy" ou "playboy"?
O nome pouco importa, pois o fiz ainda mais vaidoso e, como heroe, tornei-o mais ridiculo e infeliz. Galante, o fetichista sempre quiz, na minha releitura, ver si dóe na cara um pé pequeno, o que condiz com scenas que da infancia 'inda remoe. Em Alencar, o moço, de repente, "resolve" ser dos pés um persistente, fanatico devoto, por proveito, pretexto que eu, vivido, não acceito. Commigo não tem dessa! Horacio a vida inteira foi podolatra, e revida aquillo que em seu pé ja fora feito, na sola, nos artelhos ou no peito.
DISSONNETTO PARA LEOPOLDO [1777]
No livro, Leopoldo tem papel do feio que é bondoso e que, no fim, accaba consolado com o mel da planta da donzella... Como assim? Na minha releitura, elle é cruel, maldoso e incestuoso: para mim, alem de feio, o gajo sente o fel da raiva contra o pé que usa escarpim. Occorre que Leopoldo tem pé chato, enorme, e sente que o destino ingrato o faz mais rejeitado nesse poncto sensivel, que me excita emquanto conto. Fiz delle um apprendiz de feiticeiro no sadomasochismo e, justiceiro, seu pé com o de Amelia, emfim, confronto, prevendo que o leitor dê seu descompto.
DISSONNETTO PARA UM NAMORO ADOLESCENTE [1831]
O joven, preoccupado, ao seu doutor pergunta por que sua namorada recusa-se a chupar. "Será o fedor? Mas sou tão hygienico!" Qual nada! Tem nauseas, a coitada, mas, si for verificar direito, está lavada a rolla do rapaz... Tanto pudor tem uma explicação ja bem manjada. Aromas e sabores o rapaz no proprio pau passou, mas melhor faz si, em vez de lhe pedir, commande a "dona", a menos que elle sonhe em lamber conna. Chupar, com nojo ou não, a gente obriga! A moça que obedesça! Si der briga, o gajo logo encontra outra boccona, quer seja num namoro, quer na zona!
DISSONNETTO PARA UM TREZE DE MAIO [1888]
Escravo não se abole: a escravatura talvez, mas só de forma official. Na practica, o que impera e o que perdura é nossa escravatura social. Alem da exploração, que é mal sem cura, de classe o preconceito faz o mal maior, nas pregações da "raça pura" que à guerra e ao genocidio dão aval. Porem a escravidão mais natural, si fosse "natural" termo que passe, é aquella que independe da natal especie do individuo, ou raça, ou classe. Depende unicamente da cabeça: alguem houve que nisso não pensasse? Si quer ser elle escravo, que obedesça quem manda e quem lhe põe o pé na face!
DISSONNETTO DA MORTE DE MASOCH [1895]
Si, antes de Sade, "sadico" era dicto "malvado", "impiedoso" ou "sanguinario", antes do Cavalheiro os termos cito: "estoico", "penitente", "voluntario". Não ha sentido lato que equipare-o ao termo "masochista", que maldicto deixou de ser faz tempo, ja que vario é seu emprego, que jamais evito. A gente facilmente o nome incute. O proprio Leopoldo, todavia, usava outra expressão, na qual havia sentidos que Deleuze hoje discute. Palavra sempre exsiste que permute: Foi "suprasensual" o Cavalheiro e, sob o pé de Wanda prisioneiro, até dum outro macho levou chute.
DISSONNETTO PARA A HARMONIA COMPTABIL [2012]
A coisa é mathematica: si alguem lucrou, outrem perdeu. Quando um centavo no bolso entrou-me, alguem, que o tinha, sem o dicto agora está, mas as mãos lavo. E quando alguem gargalha, outrem mais bravo ou triste o contraponcto fará: vem ao caso assignalar que todo escravo trabalha emquanto folga o amo que o tem. Assim, para que o orgasmo um homem goze e satisfaça a sua phantasia, um outro de agonia a mesma dose terá de supportar: eis a harmonia. O sadomasochismo, pois, se explica. Um soffre, emquanto um outro se sacia. O cu se sacrifica, emquanto a picca penetra, arromba, rasga e se ecstasia.
DISSONNETTO PARA UM CURSO SUPERIOR [2013]
Si pode um anthropologo aula dar, até na faculdade, de "erotismo", por que não permittir que haja logar à cathedra de "sadomasochismo"? Na postgraduação, o patamar "mestrado" é para o curso de sadismo, é claro, e o "doutorado" irá tractar, por ter mais distincção, do masochismo. Menor será, portanto, uma conquista. No curso, um inferior terá mais grau e, mesmo que approvado, leva pau até ser declarado especialista. Suppondo nessa these que eu invista, doutor "honoris causa", com certeza, serei, pois nem precisa de defesa a these de quem ja perdeu a vista.
SONNETTO PARA O JUBILO DO JOVEN [2033]
O joven conseguiu o que queria: tornar-me seu refem. Aqui se exgotta meu choro, e elle triumpha de alegria, emquanto em minha bocca a rolla bota. Irá manipular minha agonia conforme lhe approuver: ou numa nota em prosa, ou na implacavel poesia que, sadica, a humilhar-me se devota. Sabendo que por Deus fui castigado e que, inferiorizado, acceito o fado, minh'alma elle detona com seu gozo. Coage-me à punheta, mas quem goza é elle: a namorada prestimosa mais util é que a lingua do Mattoso.
DISSONNETTO PARA UM DISPOSITIVO CONTRACTUAL [2054]
Eu, Glauco, me declaro perdedor por ter ficado cego. Este instrumento celebra que quem vê pode me impor tarefas, a partir deste momento. Com bocca e mãos farei seja o que for, até satisfazer seu mais nojento prazer. Qualquer que seja o gosto, o odor, calado eu obedesço e o drama enfrento. Serei seu massagista, fellador, cobaya de torturas, caso a dor que sinto lhe provoque mais tesão. Scientes duas partes deste estão. Emquanto elle usufrue da luz, da cor, contento-me, no cheiro e no sabor, em ser-lhe, ao pau, buraco e, aos pés, um cão, contracto que firmei com meu dedão.
DISSONNETTO PARA UM ARDOR ANIMADOR [2063]
O gajo nem me admarra: não precisa. Sem vel-o, dansarei sob o chicote que, contra minha pelle, branca e lisa, estalla, até que o sangue, rubro, brote. Em minha bocca a picca antes que bote, prefere divertir-se, e diz que visa peccados meus punir, pois, como motte, invoca o Alem, de penitencia à guisa. Appós levar a surra, me contento, no meu desconsolado desencanto, em ser, para seus pés, o mais attento e humilde massagista, por emquanto. Seu pau sei que enduresce, quando o açoite me lanha, quando, em dores, não levanto meu proprio, pois debatto-me na noite dos cegos, e elle vê: goza, portanto.
DISSONNETTO PARA UMA COMPRADORA COMPROMETTEDORA [2094]
Numa sapataria, a mulher chega para experimentar lustroso par de botas ponctudissimas. "Que nega gostosa!", quem a attende está a pensar. Notou o funccionario que era grega a forma, do dedão ao calcanhar, do pé da mulatona... a qual foi pega por elle a lhe lançar extranho olhar. Suando frio, o gajo pasmo fica. Podolatra, o coitado reconhesce na moça aquella mestra... Não se exquesce das botas que lambeu num certo clube. Emquanto pulsar sente sua picca, nervoso, experimenta-lhe o calçado. De subito, nos labios empurrado por ella, vê que ha sola que o derrube.
DISSONNETTO PARA O GRUPPO GRIEVANCE COMMITTEE [2181]
A banda americana era incorrecta. Em seu vinyl, cruel prazer denota naquella canção-titulo que affecta a todos que escutaram: "Lamba a bota!" A turma chuta um cara e lhe decreta que, sendo indesejavel, pague a quota fatal de humilhação: elle projecta a lingua para fora e ouve a chacota! Seria aquelle disco o meu xodó. Na cappa, a photo em close: a lingua rubra trabalha sob a sola, até que cubra seus sulcos com saliva e limpe o pó. Me vejo performando o tal totó. Paresce dirigida, a lettra abjecta, a algum pornô podolatra: o poeta, na certa o mais pisado, alli, sem dó.
SONNETTO PARA UM ONUS E UM BONUS [2320]
Mulheres se recusam, admehude, a abboccanhar e, quando alguma acceita, não faz uma tarefa tão bem feita, pois acha engolir porra um onus rude. Eu, desde que estou cego, nunca pude dizer que recusava: a bocca, affeita ao penis do rapaz que se deleita, engole tudo, em docil attitude. Ao joven sei que devo me humilhar durante a fellação: 'inda me obrigo a dar-lhe um prazer-bonus ao olhar. A scena elle contempla: mal consigo sorver sem engasgar, e meu esgar soffrido mostra o quanto amo o castigo.
SONNETTO PARA UM CONCHAVO LONGEVO [2397]
Sonhou commigo um cego. Ja não travo contacto com seu pau e não lhe escrevo faz tempo. Mas recordo que lhe devo total obediencia, sendo escravo. No sonho, nem estava elle tão bravo commigo, mas sciente está que um trevo de quattro folhas eu jamais me attrevo a pretender achar, si seus pés lavo. Occorre que, ao laval-os, eu salivo no vão de seus artelhos e removo aquillo que um chulé tornou activo. No penis, a saliva faz, de novo, papel de sabonete e não me exquivo de dar banho de lingua no seu ovo.
DISSONNETTO PARA QUEM CONJUGA E QUEM SUBJUGA [2404]
Suggiro que a grammatica renove algumas velhas regras, pois, na vida, apprende-se a fazer. Você duvida? Pois eu chovo, tu choves, elle chove. Eu chovo, sim! Você quer que eu comprove? Pois chovo-lhe meu mijo, e de bebida fará você o que urino! Só revida você si a superior não me promove. No sadomasochismo, si eu lhe urino na bocca, sou seu mestre! O que lhe ensigna a lingua é, sem grammatica, ouro fino! Ao sadico o calão se subordina! Mijar é, pois, um acto fescennino! O escravo se submette à disciplina bebendo o que lhe chovem: meu destino de cego é que me chovam, triste signa!
DISSONNETTO PARA O GRUPPO THE VIBRATORS [2428]
Preciso duma escrava! De hoje à noite não passa! Saio e pego uma garota, deixando clara a minha mais marota e sadica intenção: baixar o açoite! Para que meu instincto não se admoite, as regras dou do jogo: lamba a bota e chupe meu pau, antes que na chota eu goze! Não se affobe nem se affoite! Assim discursa o punk, exclarescido accerca do que a scena propicia, em Londres, quando é soffrega a libido e transa a molecada sem phobia. A taes papeis eu sempre me convido. A banda, que accelera a melodia, na cama quer ver lento e divertido supplicio, num tesão que a delicia.
DISSONNETTO PARA O GRUPPO ROSE TATTOO [2490]
Pauleira ou choradeira? Eu sou da gangue do pau, "one of the boys", como se diz. Quem foi, recentemente, mais feliz na trilha do rockão deu mesmo o sangue. Não só na tattuagem: quem ballangue na cara delle o relho e de apprendiz de escravo o chame, excappa por um triz da sua faca, caso elle se zangue. Si foi chicoteado, accorrentado e teve que aguentar um capataz, é claro que o tal "Angry" é revoltado e a voz, nessa canção, será veraz. Em "branded" é o sadismo requinctado. Um preso de animal assim se faz: o rude tractamento o põe ao lado dos que pagam tributo a Satanaz.
DISSONNETTO PARA O GRUPPO DO LOU REED [2495]
De Sade muita banda se diz cega devota, mas Masoch inspiraria, tambem, um verbetão na anthologia: o Velvet Underground, que ja se entrega. Na Venus que domina, o gruppo pega o thema, bem na linha que se allia à tara, à perversão. Um bello dia, no punk encontraria seu collega. Lou Reed antecipou, bem frio e secco, aquillo que na decada seguinte a gente toparia em cada becco. Agora a gente escuta sem accincte. Não quero nem saber si infrinjo ou pecco! Tortura exige technica e requincte: bom rock escuto emquanto aqui defeco, suppondo alguem que eu pise, surre e cincte.
DISSONNETTO PARA UMA MEGERA SEVERA (I) [2513]
Si as "costas quentes" tem um protegido e as "costas largas" tem um accusado, as nossas costas são, por outro lado, um poncto por poetas ommittido. Só vistas pelo espelho, seu prurido exige adjuda para ser coçado. Tambem a gente acceita, de bom grado, massagem feita em lombo dolorido. Do dorso só notamos o valor si estamos reclinados na poltrona e enorme do cansaço o peso for. Quem é que tal prazer não ambiciona? A menos que eu ser queira soffredor. É quando do chicote aquella zona acceita umas lambadas, sem expor as partes mais sensiveis à má dona.
DISSONNETTO PARA UMA MEGERA SEVERA (II) [2514]
Eu não fallei Madonna, e sim "má dona"! Refiro-me à cruel dominadora e não a quem posou, como impostora, de mestra do sadismo mais cafona. Mulher, na relação, se posiciona mais espontaneamente em soffredora e humilde condição. Mas, si não fora escrava, nenhum homem a desthrona. Entreguem-lhe a chibata, a impunidade, e todos vocês, machos, sentirão nas costas quão philosopho foi Sade ou quanto uma Dalilah amou Sansão! Louvemos das mulheres a maldade! Vergões esconde o typico machão por baixo da camisa: ninguem ha de suppor que suas costas "largas" são.
DISSONNETTO PARA UM FOLGUEDO INFANTIL [2542]
Da infancia o que a memoria ainda grava, alem das brincadeiras que um estudo folklorico qualquer troca em mehudo, é um nada ingenuo jogo que rollava. Treinando uma creança a ser escrava na mão do mais travesso ou mais parrudo, o jogo era chamado, então, de "tudo que seu mestre mandar". E elle mandava! Passei por outras coisas, mais pesadas, mas vi quando occorreu com um moleque menor, que executava as ordens dadas sem nada de immoral que o gozo breque. Que fique de joelhos nas calçadas! Que lave o pé do mestre, enxague e seque! Que enxugue e massageie! Das risadas me lembro: 'inda a mão fazem que eu melleque.
DISSONNETTO PARA UM CONTRACTO COM O MULATO [2642]
Mulher que do malandro muito appanha melhor papel na cama desempenha. Noel, porem, não quiz descer a lenha na sua, por achar que ella faz manha. Castiga a masochista, pois tamanha vontade de appanhar talvez não venha de novo a apparescer alli na Penha, aonde Noel volta e fama ganha. Mas, quando outro malandro na Juju batteu até cansar e até deixal-a sangrando, Noel põe seu tacco a nu, mostrando, no gattilho, que tem balla. No morro, sempre impera algum tabu. Accordo feito: ou elle faz a mala e some la do bairro, ou tem o cu fodido, appanha muito, e 'inda se cala.
DISSONNETTO PARA QUEM SÓ PODE ESPERAR [2651]
Neguinho ja começa a levar sova assim que apprende a andar. E, pela vida, a offensa, que elle engole e não revida, terá que supportar do berço à cova. A troça que seus nervos põe à prova é um acto a que o gury branco o convida. Ouvir "Chupa, neguinho!" faz ferida que nunca cicatriza e se renova. O branco ensigna o escravo, que lhe serve de sacco de pancada, a chupar picca e, adulto, quer que humilde se conserve, sem nada reclamar da sua zica.
Um dia, a casa cae, o caldo ferve. Um dia, aquella classe branca e rica descobre emfim que, caso elle se ennerve, vingança vae querer, e a justifica.
DISSONNETTO PARA UM CONTRACTO DE DESACCORDO [2652]
Si sadomasochista foi Noel, Ary não fica attraz. "Duro com duro não faz bom muro", e em cyma desse muro não fica, si a questão é ser cruel. Casal? Dupla de sadicos? Papel fará de masochista quem, no escuro? Alguem tem de ceder, mas "Asseguro que não sou eu!", diz cada um, rebel. Quem gosta de ver outros padescerem não pode ser parceiro dum confrade: na cama a mesma coisa os dois ja querem. Ninguem assim ninguem mais persuade. Não é para que os bardos considerem? Dilemma a resolver! Nem mesmo Sade queria um masochista. Si puderem, os sadicos torturam quem "Não!" brade.
DISSONNETTO PARA UM CASAL CONSENSUAL [2678]
Mas como elles se humilham! Uma vez de cada um. Primeiro, o macho diz: "Voltei p'ra me humilhar!" Ella, feliz, sorri. Mas vae chorar depois, talvez. "As lagrymas rollavam" E ella fez o mesmo, adjoelhada. Elle não quiz, no entanto, perdoal-a, e esses servis momentos se repetem, mez a mez. "Me chamem de covarde! Mas attire a pedra, a primeirinha, quem não é, aos pés duma mulher que a gente admire e para quem sejamos a ralé!" Gozando por fazer que o macho pire, diz ella: {Adoro um homem no meu pé, mas, quando elle me pisa, expanca, inquire, mais quero e mais alegre eu fico, até.}
DISSONNETTO PARA UM COITADO CONFORMADO [2683]
Noel sadomasoca se revela o tempo todo. Às vezes, diz que sabe soffrer calado aquillo que lhe cabe, às vezes se revolta e se rebella. Sorrir de quem padesce: elle ri della, querendo se vingar, caso se gabe de ser quem, no namoro, tudo accabe, mas saca que melhor rirá a cadella. Vingança é só pretexto: o que elle quer é ver que uma mulata sapateia até no seu caixão, quando couber a scena numas pernas de sereia. Emquanto se mantem qualquer affair e emquanto elle não morre, quer que creia o ouvinte que elle batte na mulher, mas della é pedestal, bonita ou feia.
DISSONNETTO SOBRE O QUE A PENHA DESEMPENHA [2758]
Escravo, desta vez, pelas respostas que deste, não te imponho outro castigo. Exijo só que à Penha vás commigo, pagar os teus peccados e as appostas! Sabendo que as escadas tu não gostas nadinha de subir, de cara eu digo: irás, e de joelho! Eu não consigo, mas tu me levarás nas tuas costas! Alem de me pagares a passagem, o almosso, e me servires de cavallo, farás como os romeiros todos agem, rallando como eu mesmo nunca rallo. levando voluntaria desvantagem, perdão tu pedirás! Para proval-o, terás que, frente ao povo, ter coragem de beijos em meus pés dar, meu vassallo!
DISSONNETTO SOBRE UM CARNAVAL RITUAL [2826]
Confetti... pedacinho colorido de saudade, ai, ai, ai, ai... Quando eu vejo você na phantasia, meu desejo é pol-a novamente. E me decido. Vesti-me de palhaço: é o que tem sido a minha imagem, quando dou ensejo a toda gozação, pois vou, sem pejo, fazendo o que me mandam, sem gemido. Não só no carnaval é que, affinal, eu posso ser palhaço, não concorda você? Toda semana ha bacchanal!
É só, na scena, darmos uma chorda!
É meu procedimento sempre egual: Retiro os confettinhos que na borda do panno se prenderam. Saio e, mal addentro o clube, um sadico me abborda.
DISSONNETTO SOBRE UM PIERRÔ APPORRINHADO [2827]
Pierrô, si appaixonado, dá vexame a toda hora. Pela Colombina faz tudo, até se humilha, si a menina for sadica e impedir que elle reclame. A bella Colombina tem o infame capricho de exigir (Quem imagina?) que o cara experimente sua urina na lingua, como prova de que a ame! Mas, quando ja Pierrô se adjoelhara, faz ella que Harlequim seja quem mije na bocca do coitado! Mas que tara! Poema assim, como é que alguem redige? Agora fica a coisa bem mais clara! Peor é que Harlequim ainda exige que engula o mijo! O gosto se equipara a vinho com wermuth e pinga! Vige!
DISSONNETTO SOBRE UM BONDAGISMO ARRISCADO [2833]
Fazendo tique-taque, o coração me marca seu compasso, dum atroz viver. Batte mais forte quando o algoz me admarra e me admordaça, sem perdão. Inutil implorar, pois elle não affrouxa os admarrilhos. Logo appós aptar-me, elle admeaça, em tom de voz sinistro, me pinçar pelo colhão. Eu fico appavorado! O battimento cardiaco accelera! E corro o risco de ter um peripaque violento! Os olhos arregalam-se! Nem pisco! Às vezes, me mexer até nem tento! Culpado é o coração! Agora arisco eu ando pela rua! Num momento qualquer, posso encontral-o... e volta o disco!
DISSONNETTO SOBRE A UTOPIA DA ALFORRIA [2834]
Si encontro, pela rua, o meu carrasco, commigo penso: a occasião é boa p'ra tudo resolvermos. Coisa à toa, paresce, mas só faço outro fiasco. Eu tento argumentar, mas é com asco que o gajo passa a olhar minha pessoa, de cyma a baixo. "Então não quer que doa?", pergunta, rindo, e sei que já me enrasco. Si fallo em me livrar do seu poder, castigo até maior elle me applica: açoita-me mais, antes de foder, e tudo mais atroz se verifica. Aos outros, é fajuto o meu prazer. Foi optima, essa idéa de quem fica me pondo minhoquinha... Mas vae ver que é boa só p'ra alheia, dura picca.
DISSONNETTO SOBRE UM DOMINADOR DIMINUIDO [2890]
Você passa por mim e nem me nota, ou finge que não nota. Braço dado com novo, bem mais novo, namorado, me esnoba, ergue o nariz e banca bota. Mas ja lambeu, que eu lembro, a minha bota, ja tive meu caralho bem chupado por essa bocca linda, e como sado você me desejou, cega e devota! Foi minha fellatriz, a minha escrava fiel e favorita! Agora posa de mestra, de senhora, airosa e brava? Mas quanto fingimento! Quanta prosa! O curso dos eventos ninguem trava! Dá muita volta o mundo! Vae, chorosa, voltar quem, desdenhosa, me esnobava e então nós vamos ver quem é que goza!
Não tenho mais ninguem na vida, eu juro! Por isso, o meu consolo é só você, amor, e ja lhe explico, aqui, por que. Fiz tudo sem querer, agi no escuro! Agora, me attormento e me torturo, mas, quando a gente pode ver, e vê, procede com cautela. Ninguem crê que possa alguém, vendado, ser tão duro. Mordi com muita força a sua mão, eu sei, mas o chicote me machuca demais, dahi a minha reacção tão indisciplinada, tão maluca! Lhe peço, minha amada, seu perdão! Perdão, querida! Eu sei, você me educa battendo com vontade, e meu tesão é esse! Não exquente a sua cuca!
DISSONNETTO SOBRE UMA SESSÃO BEM PROGRAMMADA [2898]
Foi, foi, foi o destino que nos quiz mostrar que a Colombina está disposta a vir brincar comnosco. Uma resposta ja deu, nesse sentido, e estou feliz. Fallei com Harlequim, e elle me diz que achou optima a idéa. A gente apposta que vae ser divertido, si ella gosta de nos fazer de escravos bem servis. Então, burucuntum! Vamos rollar debaixo dos pés della! A Colombina tem pé bem cavo, e largo o calcanhar! Alem do mais, vem sempre de botina! Ja tive que engraxar aquelle par! Me disse: "Pierrô, você domina, pisando no Harlequim. Depois, vou dar a surra em vocês dois..." Fallou, menina!
DISSONNETTO SOBRE UM PASSADO DEVASSADO [2927]
Ninguem tem que saber o que entre nós rollou. Você que perca essa mania damnada de dizer que só queria com outros "commentar", um anno appós. Quem fora ou quem não fora escravo e algoz não é da compta dessa gente fria, que só fofoca e que acha baixaria o nosso bondagismo, os nossos nós. Completa agora um anno que nós dois estamos separados, mas nos une, bem mais que os admarrilhos, o "depois". Ha coisa que, 'inda assim, se coadune? Expalhe seus alôs, como os seus ois! "Commente" com os outros, mas immune não fica a sua imagem: nome aos bois terá que dar e, ahi, você se pune.
Sorris da minha dor, mas eu te quero. Escravo sou, farei o que quizeres, pois tens a malvadeza das mulheres e pões, sobre meu rosto, o pé severo. Si affirmo ser escravo, sou sincero e o salto com o qual, rindo, me feres, supporto, mesmo quando tu tiveres vontade de testar o que eu tolero. Mulheres, quando usarem salto agulha, estão escravizando algum rapaz que em sonhos masochisticos mergulha. Tambem eu desse transe estou attraz. Sim, banco o teu palhaço, sou teu pulha! A ti sei que pertenço, e tanto faz si pisas em meu rosto ou si vasculha teu salto o meu tesão, pois rindo estás.
DISSONNETTO SOBRE UMA PAIXÃO CEGA [2933]
Só louco pode amar desta maneira, querendo bem e, ao mesmo tempo, sendo escravo, mergulhado neste horrendo inferno tenebroso da cegueira! Paixão tão masochista, é certo, beira a propria insanidade! Estou vivendo aos pés duma mulher! Não me defendo dum golpe, com o salto ou a biqueira! Até que uma attitude tem, materna, minha dominadora, raramente, mas, quasi sempre, appenas me governa, controla totalmente minha mente. Seus impetos crueis, alegre, externa. Pisando-me no rosto, está contente. Meu corpo é mero appoio à sua perna. Eu sinto amor; prazer é o que ella sente.
DISSONNETTO SOBRE UMA ENSCENAÇÃO ENCERRADA [2943]
A vida é um só segredo! A tua, então, ja nem se falla! É um livro amarellado, repleto de lembranças do passado, imagens de luxuria e perdição! Enredo dum romance, não estão alli catalogados um punhado de jovens que passaram, em estado de escravos, por teu salto e teu taccão. Um delles fui, e tive minha chance de ver-me iniciado em rituaes nos quaes pode morrer quem bem não danse. Agora tu não podes rir jamais. Siquer podes pensar nalgum romance. Agora estás cansada, não tens taes poderes, nem é longo o teu alcance. Faltou cahir o panno, nada mais.
DISSONNETTO SOBRE A EXPERIENCIA OLFACTIVA (I) [3032]
O cego, prisioneiro, é submettido ao "teste do cocô": de quattro e nu, procura, farejando, o que do cu do sadico instructor haja sahido. Debaixo de chicote, não duvido que accabe, logo, achando esse tutu fedido e endurescido, que urubu nenhum acceitaria ter comido. Focinho rente ao troço, o que incentiva o cego a abboccanhal-o, alli no piso, é o toque da chibata imperativa. Que tracte de comer, si tem juizo! Emfim, tenta a dentada decisiva: Vacilla, mas mordisca! Nem preciso dizer que, no seu dente e na gengiva collada, a merda induz o algoz ao riso!
DISSONNETTO SOBRE A EXPERIENCIA OLFACTIVA (II) [3033]
Tractar um cego assim é bem commum, ainda em nossos dias, num paiz que, outrora, era Indochina: é o que me diz um cambojano, sem pudor nenhum. Occorre que o detento, na mão dum malvado carcereiro, por feliz se dá si ainda enxerga! Quem não quiz comer por bem, agora ache o fartum! E o cego, sob açoite, anda, engattinha, afflicto, em direcção ao que lhe ennoja o olfacto: a bosta, alli, secca e durinha! Por ella, em desespero, ao chão se roja! Sorriu quem viu que, inerme, elle ia e vinha... Terá que degustal-a e, si de soja ou peixe algum sabor achar que tinha, ganhou mais um gastronomo o Camboja.
DISSONNETTO SOBRE O TYPO ATYPICO (I) [3035]
Poeta finge até que é fingidor, que tudo exaggerou, mas, no meu caso, confesso que chupei e, juncto ao vaso, levei na bocca o mijo do oppressor. Nos pés ja practiquei seja o que for que queira o meu leitor, mas me comprazo agora na punheta, e tiro o attrazo suppondo contentar-me com suppor. Me entendam: todo o tempo fui aquillo que chamam, hoje, um "nerd", orgasmo a sós bastando-me e, no verso, o franco estylo daquelle cuja sorte foi atroz. Assim os meus poemas eu burilo. Excentrico, exquisito, minha voz poetica é maior si me anniquilo e egualo-me ao que somos, todos nós.
DISSONNETTO SOBRE O TYPO ATYPICO (II) [3036]
Por isso não extranhem caso eu peça a algum correspondente o seu relato de tudo que soffria, si de facto tambem elle humilhado foi à bessa. Si attende ao que pedi, mais que depressa, emquanto o email "leio" ouvindo, eu batto punheta, imaginando um pezão chato na cara do subjeito que confessa. Mas, quando lhe pergunto o que faria commigo, elle, que sempre foi pisado, responde: "Essa era a chance que eu queria! Faltava só pegar o seu recado! Assim é que a desforra se sacia! Preciso descomptar este meu lado malvado! Só lambi, mas quero, um dia, pisar em quem lambesse o meu solado!"
DISSONNETTO SOBRE O TESTEMUNHO DO LEITOR [3051]
Eu nunca tinha sido bem chupado. Mulher nenhuma sabe fazer isso, excepto algumas putas, si o serviço for especialidade, e é caro o achado. Os gays tambem não sabem, quando o lado anal lhes predomine. O mais submisso no sadomasochismo, nesse eu piço, exporro-lhe na bocca e bem me aggrado. Mas seja um alleijado, seja um cego, e a bocca desse invalido será seu trumpho na desgraça. Atroz? Não nego. [trunfo] Com isso quem se importa, affinal? Bah! Na minha consciencia me assossego. Si um cego me chupar, sei que elle está mostrando habilidade, e descarrego em ecstase. Ah, o prazer que isso me dá!
O CASO DE SOLANGE SCARPA (I a VI) [3067/3072]
Familia como a minha não exsiste, embora sejam varios nossos ramos. Mas fodam-se os parentes, digo, e vamos àquillo que interessa e me põe triste: Meus pés não são bonitos! Dedo em riste, me apponctam como linda, e não são amos que tentam se acchegar, porem: queiramos ou não, a escravidão 'inda persiste. Exacto: elles se humilham ante mim, aquelles machos todos, mas ninguem jamais me descalçou dum escarpim! Si querem me servir, não será sem sapatos que estarei na scena e sim usando minhas botas! Faço bem?
Sou rica, independente, tenho gosto e estylo ao me vestir: sempre que posso, prefiro tudo em couro, pois no nosso mundinho de clichês esse é meu rosto. Casada? Sou, mas elle está disposto a ser corno em triangulos, um troço gostoso que só vendo! Si eu almosso ou janto, os dois que rachem compta e imposto! Si imponho que me sirvam bem à mesa, na cama o meu leitor logo imagina a scena, excancarada, à luz accesa: São ambos meus cãesinhos; feminina, porem, será a postura do que empresa dirige e inaugurou minha vagina.
Nem sempre foi assim, pois, no começo, o cara era machão. Mas, muito experta que sou, flagrei-o, a porta entreaberta, provando minhas roupas! Fiz meu preço: "Agora eu que commando! Pelo advesso que vire o casamento! Ou minha offerta você topa, ou babau, e a gente accerta as comptas!" E elle, humilde: "Eu obedesço..." Naquella mesma noite, eu fiz estréa! Chamei o zelador do nosso predio, com quem eu ja privava, e dei a idéa: "Você me enraba e o corno olhando o assedio! Depois, eu fico olhando e, então, quem é a mulher? Elle, que chupa e seu cu cede-o!"
Zé Ciço, o zelador, ficou surpreso ao ver o "doutor" Hercules, do oitavo andar, tido no predio como bravo e serio, num papel tão indefeso: Calcinha em vez da sunga, sob o peso damnoso do vexame e com o aggravo de usar meu sutian, sacava o escravo que não ia sahir daquillo illeso. Sarrista, olhou Zé Ciço para mim, que estava toda em preto e, obvio, calçava as botas que ao tesão dão estoppim. "Que tal, Zé Ciço, eu sendo sua escrava na frente desse otario?" "Ah, dona, eu vim aqui p'ra que? Meu fogo ninguem trava!"
No couro, uma janella attraz permitte que eu seja uma cadella engattinhante emquanto o Zé me enraba e, a todo instante, me chama de "cachorra", a meu convite.
Mas Zé nem se perturba caso eu grite ao Hercules que fique em pé, durante o tempo todo, bambo, num pisante de salto, e feminino se accredite.
Por traz o Zé me come feito um potro selvagem! Meu marido se equilibra, tremendo, na sandalia, attento ao outro.
E eu digo: "O Zé que é macho! O Zé tem fibra!"
E o Zé: "Não sou do typo corno escroto!" Porem sei que, por dentro, Hercules vibra.
Notei que os dois olhavam para a bota que eu calço, mas meu pé nem meu marido eu deixo ver descalço, pois duvido que ao vel-o alguem não faça uma chacota. Calçado, elle é bem grande. Não se nota, comtudo, o seu formato contorcido.
É claro que eu jamais me suicido por isso! Quem pensava era idiota! Transformo no meu trumpho o meu problema, [trunfo] pois quem sabe viver não se constrange!
Em couro, qual mulher ha que algo tema?
Por isso minha bota echoa e range: amantes ou escravos dão mais thema que o pé! Não me chamassem de Solange!
ULTIMO ESTAGIO DO TREINEIRO [3287/3290]
Qualquer estagiario appavorado ja fica de pensar neste coitado. Debaixo de chicote, foi treinado o cego, em captiveiro, por um sado.
O algoz quer um "insecto humano" e tracta um homem sem visão dessa maneira. No piso, este rasteja egual baratta.
Primeiro, andou de quattro e, pelo cheiro, achou o cagalhão feito no piso. Com nojo, recuou, mas indeciso não fica, sob açoite, o tempo inteiro.
Mordisca. Ja abboccanha um gommo. Accapta as ordens e mastiga. Engole e cheira de novo. A custo, come outra batata.
Lambendo, limpa o piso e, para aggrado do algoz, nenhum restinho foi deixado. Convida, então, o sadico um punhado de amigos e lhes mostra o resultado.
Depois de accommodados, a chibata estalla. Salla addentro, alguem se exgueira: o "insecto" e, contra o piso, o corpo acchata.
O algoz fustiga as costas, o trazeiro do cego e, da platéa, arranca o riso. Ao centro, o cagalhão sobre o chão liso. Fareja o cego. Arrasta-se, ligeiro.
"Vae, cego!" "Come a merda!" "Quer mammata?" "Que nada! Vae comer, queira ou não queira!" "Chibata nelle!" "Batta mais! Mais! Batta!"
De lingua, até debaixo do solado, remove o cego um gommo repisado. Me vejo, eu que sou cego e revoltado, na marra alli, comendo o meu boccado.
Si alguem se divertisse com a grata sessão, eu me entregava à brincadeira dos caras, sob açoites e bravata.
Fiquei sabendo, até, que um mais festeiro pretende desfructar do paraiso, emquanto eu, sem visão, me inferiorizo no inferno e a sordidez total ja beiro.
Chupei pau... Bebi mijo... Chega a data, porem, de chafurdar numa sujeira mais fetida, a maior, a mais escata...
Terei que, desse sadico, ao chamado dizer "Presente!", appós este recado: "Oi, Glauco! Sabe, estou interessado em ver aonde chega esse seu lado...
Você vem a calhar, meu! Quem maltracta um cego, quer molleza, e não canseira! Eu quero é me exbaldar, fallo na latta!
Ja tive, como escravo, o mais fuleiro veado, alem das putas... Mas pesquiso na rede virtual e, de improviso, me surge alguem ainda mais rasteiro!
Não pense que, pagando, me contracta! Appenas eu commando! Na colleira quem fica é quem me deve toda a pratta!
Meu lucro é ver um cego nesse estado, comendo o meu cocô, sendo humilhado!" Depois de saber disto, está chocado qualquer estagiario no mercado.
SUBMISSO COMPROMISSO [3371/3376]
Um pacto sexual que alguem invente ainda deixaria algo pendente. Correlação de forças raramente no sadomasochismo encontra a gente.
O verdadeiro sadico não quer que a victima desfructe da tortura e tanto faz ser homem ou mulher.
Masoca é mais complexo: ou o subjeito que soffre goza e finge só soffrer, ou só finge soffrer tendo prazer, ou soffre mas não tem qualquer proveito.
Este ultimo só goza si puder, mais tarde, masturbar-se. O algoz procura alguem que jamais goze, eis seu mester.
Um pacto entre os dois typos ha quem tente, mas só quando um for cego e outro vidente. Possivel tal contracto certamente será, por razão basica e evidente:
Seus olhos, quando o sadico os puzer em cyma de quem vive na mais pura cegueira, lhe dirão: é de colher!
Um cego que ja viu, cujo defeito privou-o desse dom, sob o poder de alguem que o faz soffrer e que o quer ver nas trevas para sempre, é o par perfeito.
Ainda si ao masoca gozo der ser cego aos pés de quem até lhe fura os olhos, proporção não tem qualquer.
O sadico estará sempre contente e o cego será cego eternamente. "Na practica, funcciona como, o tracto?", perguntam-me e, em detalhe, aqui eu relato:
Eu quero ver o cego se exforçando ao maximo. Assim, provas eu imponho e o puno si relucta ao meu commando.
Privado da visão, elle tacteia e appalpa o que lhe surge pela frente. Pois bem: impedirei que o cego tente usar a mão, que às costas algemei-a.
Terá que adjoelhar-se e, então, eu mando que as fuças exercite. Estou risonho, attento ao que elle, aos poucos, vae fuçando.
Treinando a habilidade, meu sapato irá, pois, descalçar, si for sensato. Si o cego argumentar não estar apto a usar a bocca, o açoite o instiga ao acto.
Em volta dum "genupede" é que eu ando, lambadas lhe applicando, e o pé lhe ponho na cara, até que diga "Sim!", chorando.
Então me sento, e o cego que me "leia nos labios" o desenho saliente na sola do sapato e que lhe aguente o peso, até chegar a vez da meia.
Os dentes no cadarço eu concordando estou que elle utilize. Nem por sonho, porem, na meia! Alli, tem que ser brando!
Appenas com a lingua e o buccal tacto, o cego põe descalço o meu pé chato. Eu ponho os pés num pufe e o cego faz aquillo de que o invalido é capaz.
Ja fora elle admestrado em, pelo chão, buscar os meus chinellos e trazel-os na bocca, às costas presa cada mão.
Vencer limitações é o desaffio do invalido: terá que, appós o pé, meu cu lavar na lingua. Imponho até que o faça assim que as tripas exvazio.
Barreiras hygienicas terão, então, que ser rompidas, ja nos pellos anaes, ja no interior do rectal vão.
A lingua que se lixe, sejam más ou boas as fragrancias do meu "ass". Emfim reeducado, o cego em paz se sente ao me chupar o pau fodaz.
O sacco, elle ensaboa, e esse sabão é a lingua babugenta. Seus modellos de asseio agora teem nova noção.
A bocca do invidente, eu sentencio, não pode sentir nojo: a funcção é sujar-se emquanto limpa o meu chulé, a minha merda e a gosma do meu cio.
Assim, no apprendizado, a fellação perfaz uma licção sem desmazellos nem falhas, como ao dono attende um cão.
Quem sabe um cego tenha, por detraz do azar fatal, seu ecstase fugaz... Contractos sexuaes são, pois, assaz formaes e o mestre, appenas, se compraz.
ENTRE A CRUZ E A CALDEIRINHA [3442]
No presidio, algum momento sempre exsiste, de ironia: perguntaram ao detento que castigo preferia. Entre um sordido e nojento e um que sangra e supplicia, o coitado pensa: "Aguento si menor for a agonia..." Comer merda elle prefere numa abjecta refeição, appostando que tolere, e um tolete encara, então. Mas vomita e, agora, aguenta, de lambuja, outra sessão de sadismo: uma sangrenta e cruel flagellação.
PERFIDO PERFIL [3454]
Quem sou eu: dominador de outro macho ou de mulher. Quem ficar ao meu dispor vae fazer o que eu quizer. Uso farda e sou de cor. Quero escravos de qualquer condição, seja o que for, massagista, boy, choffer. Mas adviso eu a vocês: tenho pé quarenta e trez e só meço um metro e meio.
O tamanho do meu pau eu não digo, pois sou mau. Quem não chupa, eu pisoteio.
GOZADOR ESPECTADOR [3464]
O poeta palestrava sobre a signa masochista quando um joven de voz brava faz apparte e o dedo enrista: "Como alguem, que se deprava por perder de vez a vista e assumiu postura escrava, diz que alcança uma conquista?" O poeta justifica: {A conquista está na rica e abundante producção...} Mas o joven faz pirraça: "Que addeanta, p'ra quem passa sem dormir na escuridão?"
PAU NO DUPLO [3509]
Que é que um "rapper", com dois "PP", com um "raper", de um "P" só, em commum tem? Que vocês me respondem, contra ou pró? O primeiro sempre fez da porrada seu xodó. Do segundo, eu fui freguez e levei no cu, sem dó. É normal que o mesmo mano sejam ambos, e eu me damno si accusal-o de brutal. Mas acceito a violencia, pois masoca que dispense-a nem meresce nome tal.
MASOCHRISTICAMENTE IRMANADO [3528]
Irmãos meus, em verdade é que vos digo: calae-vos, acceitae o soffrimento! Vos digo que o Senhor fallou commigo e, logico, confirma o que eu sustento! Affirmo: do mais perfido inimigo, sim, deste soffrereis o mais nojento, mais sadico, mais sordido castigo possivel: comereis seu excremento! Reitero, meus irmãos, este recado humillimo! Humilhae-vos sob a sola suada, suja e grossa, que elle atola mais fundo nas pocilgas do peccado! Sim, como vosso irmão é que vos brado e insisto: si estiverdes, de joelhos, com practica, a chupal-o até os pentelhos, é certo que estarei do vosso lado!
FUMANTE PASSIVO [3553]
Os bandidos, no arrastão, rendem cada morador que, admarrado, jaz no chão, à mercê dum aggressor.
É fatal que algum pisão, ponctapé, seja o que for, leve alguem, si elles estão infligindo medo e dor. Me contou quem levou chute que ha bandido que desfructe quando accerta bem no rosto. Quem narrou diz que o solado da botina, empoeirado, de cigarro tinha gosto.
A VOLTA AO CARCERE PRIVÊ [3557]
Para aquelle ou para aquella que obedesce ou que domina creou clube e fama a Bella, do cothurno à bota fina. Alli manda, ou lambe, ou fella, quem practica o que imagina: relho e ralho, sella e cella, bondagismo e disciplina. Só baunilha não recreia. Reina a sadica em seu throno e uma escrava, de seu dono, com a bocca tira a meia. Nem perneta, alli, rareia. Até cego funcção tem: sempre aos pés de quem vê bem, usa o tacto e os massageia.
A VOLTA DO MOTTE DO GEMIDO [3636]
Minha mestra muda fica todo o tempo em que me pisa. Pousa a bota em minha picca, que está flaccida e indecisa. Eu, lambendo, dou a dica. A botina preta e lisa vou tirando, e ella me advisa: "Isso! Estica a lingua, estica!" Berra "Assim que eu gosto, escravo!", a empinar seu pé de valsa, si, babando, eu lambo e lavo sua sola ja descalça. Deste motte eu faço um lemma me exporrando, ja, na calça: "A mulher, caso não gema, não gozou; si geme, é falsa."
INTERCAMBIO NEGRO (I) [3881]
Quando pouco ou nada aggrega, um archivo eu meço em mega: Como cego, faço figa, ao abrir mensagens, para que a dum hacker eu consiga. No correio dum pirata, mil propostas imagino: que eu escravo do menino seja e que elle me use e batta. Sonho que elle me castiga pondo a bota em minha cara e a lamber seus pés me obriga. Mas a machina, que é cega, a mensagem não me entrega!
INTERCAMBIO NEGRO (II) [3882]
Mais um pouco, e meço em giga a mensagem que me instiga: Minha machina a carrega, mas não abre e, assim, a tara é frustrante a quem navega. Ja que os hackers são a natta dos piratas, me previno. O detalhe fescennino, entretanto, me maltracta: Sempre sonho que um collega virtual só me compara ao capacho onde se exfrega. Mas a machina não liga para o thema que me intriga!
HYPERMASOCHISMO (I a IV) [3921/3924]
Vizinhos, dois meninos de "futuro" estão brincando. Um delles nome adopta de Adolpho, outro de Judas. Deste, a nota é o trumpho, ao qual se somma sempre um juro. [trunfo] Adolpho é "Hyper"; Judas, "Hypo", e duro é o jogo que ambos jogam. Ja se nota, portanto, onde a victoria e onde a derropta se cruzam, si ninguem fica no muro. Nazista é, pois, Adolpho, que pretende vencer e dominar seu "inimigo", mas este assim tão facil não se rende. Jogando um videogame estão. Não digo que seja o melhor jogo a quem descende de teutos e judeus em cada umbigo.
O premio ao vencedor, si quem decide é Hyper, será ter Hypo submisso, lambendo suas botas, e o serviço inclue a fellação, ninguem duvide! Si Judas for quem vence, seu revide será que Adolpho va mais fundo nisso, deixando-se enrabar pelo rolliço caralho circumciso, que abre e aggride. O jogo tem etapas. Numa dellas, quem vence é Judas. Sadico, este cobra de Adolpho a posição que é das cadellas. O nazi até relucta, mas se dobra: de quattro, não é scena das mais bellas aquella, sodomita, que lhe sobra.
Prosegue o jogo e Adolpho, ja enrabado, anxeia por vingança. Judas tenta vencel-o novamente, mas é lenta, agora, a sua mente, e é derroptado. Está por cyma Adolpho e delle é o brado de orgulho triumphal: a poeirenta botina do allemão só se contenta si for tambem lambida no solado. Protesta Judas: era só por cyma que a bota deveria ser polida, segundo o combinado. Hyper se anima. Exige o nazi, e Judas se intimida: engraxa, com a lingua, mas não prima por dar na sola a sordida lambida.
Terá de obedescer, comtudo, e faz faxina de engraxate e de capacho. Mas Hypo irá vingar-se e, como macho, de novo enrabará, rindo, o rapaz. Será? Judas triumpha, mas por traz não quer mais desforrar: quer esculacho egual ao que soffrera! "Eu não me aggacho de novo!", pensa Adolpho, pertinaz. O jogo está accabado, todavia, e a Adolpho resta a lingua utilizar debaixo da rival sola judia. A scena futurista tem logar aqui. Por toda parte tripudia, porem, o mesmo algoz: scena exemplar!
PRATTO INGRATO [4028]
A cada trez lambadas da chibata, você come um cocô. Caso não coma, em dobro as levará. Si não embroma e come, accaba logo a dose ingrata. Entende bem você seu drama e tracta de abrir a bocca à merda. O cocô toma, inteiro, o espaço interno e, alli, se somma à lingua, aos dentes: massa que se acchata. O gosto é nauseante, o odor medonho. Fazendo sacrificio, empurra, engole aquillo... Está você no inferno? É sonho? É sadomasochismo que extrapole?
Um gommo de cocô paresce inconho. Mais solido é um tolete, outro mais molle. Gargalha quem cagou: "Depois reponho seu pratto, hem? Coma tudo, hem? Não enrolle!"
TURISTA SEM VISTA (I) [4029]
À India fui, em ferias, passear, tornar realidade um sonho meu. Jamais eu poderia antecipar desastre tão atroz... e accontesceu! O povo hindu tambem ser philisteu, às vezes, sabe: eu cego, por azar, fiquei, quando alguns jovens, para seu prazer, me enuclearam em Sagar. Levado a mendigar, passava o dia chorando na calçada. À noite, a turma gastava a esmolla em farra e de mim ria. É sempre gente joven que se enturma... Ah, quanta diversão! Quanta alegria! Nem querem permittir que um cego durma, taes monstros: com a bocca, elle os sacia. Depois, vendido, o levam para Burma.
TURISTA SEM VISTA (II) [4030]
Em Burma, que é Birmania, fui treinado, segundo o "Auparishtaka", nesse officio que um homem só practica si seu fado for tragico: é o meu caso, como disse-o. Assim, alem de esmolla ser forçado, na praça, a pedir, usam-me em seu vicio mais torpe. Do dinheiro que arrecado desfructam e eu engulo o maleficio. Fumando, refestelam-se os rapazes e o cego, de um em um, curvado, os chupa até que gozem, languidos, loquazes. A turma assim o tempo vago occupa. Aos poucos, vão chegando mais sequazes. Na roda, se diverte quem se aggruppa com elles, vendo o cego a chupar. Phrases se truncam: jorra a porra em catadupa.
CASEIRA CONFEITEIRA [4110]
Conhesço uma cruel dominadora que obriga seus escravos a comer da fedida torta que ella faz suppor a melhor das iguarias: sua merda! Quer vel-os, esta sadica instructora, comendo com vagar, a bocca lerda, daquelle "cocolate", que ja fora thesouro, em testamento, que alguem herda! Tambem de "guariná" lhes enche a taça! Será sortudo quem tal drinque ganhe! Imploram e supplicam que ella faça xixi para que alguem beba e se banhe! Chamar de "cocolate" e "guariná" jamais foi linguajar que à moça accanhe: dá tanto prazer nella quanto dá comer bombons, beber fina champanhe!
O CAUTO CAUSO DOS IRMÃOS [4137]
Primeiro, era o mais velho quem battia no irmão mais novo, até que os paes um duro castigo lhe impuzeram. Ja seguro se sente o molequinho, e tripudia. Agora, o molecão vive a agonia de ser chantageado: paga o juro da divida e obedesce o irmão. Que appuro terá de supportar no dia-a-dia!
O joven phrases sadicas não mede: "Ou faz o que eu mandar, ou vou dizer que está battendo em mim!" O maior cede, humilha-se ao menor e ao seu poder. Rebaixa-se e lhe lambe o pé, que fede. Em breve, o chupará... No fundo, ser masoca quer, embora não segrede, e sente, na punheta, algum prazer.
OFFERTA ABERTA [4142]
(à Mistress Bella)
Oi, Bella! Bom saber que está você famosa em nosso meio! Me occorreu pedir-lhe este favor, ja que estou eu recluso e um cego só p'ra escravo dê. Quem sabe um desses sadicos que vê, que pode approveitar (e philisteu se sente ante um Sansão que não soffreu ainda o que meresce) me acha e lê.
Proponho-me a uma troca, no teclado, de lubricas mensagens: quem vê bem gozando e eu, sendo o cego, me degrado. Respondo, é claro, em prosa, caso alguem prefira, mas lhe peço: este recado divulgue aos que estão rindo e visão teem!
IMPIEDOSO GOZO [4161]
Fazer soffrer é força requinctada que todos nós, alguma vez, usamos na vida, sobre alguem, cujos reclamos e rogos por clemencia dão em nada. Queremos é ver como se degrada alguem que nos supplica e que humilhamos, tal como a seus escravos teem os amos negado compaixão, dando risada. Si for nosso inimigo, o membro erecto nos fica quando o vemos supplicando emquanto o penetramos pelo recto. Melhor é si, a assistir, temos um bando. Alem desse sadismo mais concreto, tambem dá gosto usar-lhe a bocca quando, ainda que não seja um desaffecto, alguem reconhesceu nosso commando.
BONDE FOGOSO [4163]
Si, quando me queimei, ardeu-me o dedo, ja posso imaginar o que tu vaes sentir si eu te puzer fogo! Que mais deleita um bruxo sadico sem medo? Te admarro e liberdade não concedo, ainda que me implores! Infernaes e ardentes labaredas, que jamais sentiras, sentirás! E ainda é cedo! Primeiro, deleitar-me aos poucos busco com essa scena quente que me inflamma e, emquanto a pelle allivio ja reclama, em ponctos isolados te chammusco! Depois que me chupares (e quem mamma não chora), accenderei, num gesto brusco, o isqueiro que illumina o luscofusco, cantando "Sobe, chamma! Sobe, chamma!"
ADDICIONAL INSALUBRIDADE [4463]
Cagou com grande exforço, pois estava ha dias constipado. A sensação de ardor nas pregas, sujas como estão, suggere usar a lingua duma escrava. E escrava elle tem uma, que lhe lava a rolla com saliva... Por que não fazel-a o cu limpar-lhe sem sabão, appenas na lambida? Bem que dava! Coitada! Tão submissa! A mulher mette a lingua la no fundo, exfrega, passa por tudo! E elle desfructa do cunnette! As femeas teem, conforme elle, essa raça. Pois ella nem questiona: se submette! Com outra até commenta: "Que elle faça cocô bem duro eu quero! Que dejecte mais molle, não, pois gruda muita massa!"
KHORO DOS CONTENTES [4468]
Alem de supportar o soffrimento, ou sendo até impossivel supportal-o, a victima dum sadico, no emballo, escuta o que este exclama, e eu saliento: "Rebolla!" (si é queimada em fogo lento) "Engasga!" (si chupar um grosso phallo) "Engole!" (si, oralmente, virar rallo de urina, ou do dejecto mais nojento) Si for no futebol, escuta "Chupa!" No trampo, do patrão escuta "Malha!" Ja quasi cego, escuta "Lê com lupa!" Assim é que o sadismo mais se expalha. Ninguem, fallando franco, se preoccupa si, emquanto exclama, o sadico gargalha. Peor é quando um typo assim se aggruppa: em turma, até o mais timido é canalha.
O SADISMO DO OLHO (I) [4523]
Estou finalizando o meu ropteiro e quero que você, Glauco, confirme si está, mesmo, de accordo com meu firme proposito de expol-o por inteiro. Ao publico, o que é falso ou verdadeiro em duvida estará, mas divertir-me pretendo: em meu poder, você servir-me irá como cobaya, ao tacto, ao cheiro. Um cego, ao ser exposto, é masochista. Eu, como director, quero que sinta a minha auctoridade e não resista. Eu quero carregar, mesmo, na tincta. Que sua carapuça, agora, vista! Curioso é ver que alguem menos de trinta tem... que outro, de sessenta, sem a vista ficou e em cumprir ordens taes consinta.
O SADISMO DO OLHO (II) [4524]
Confirmo: estou de accordo. Ser exposto num filme, para um cego, é como estar na jaula dum zoologico, em logar do exotico animal, a contragosto. Mas, mesmo assim, concordo em pôr meu rosto na frente duma camera, em fallar aquillo que mandarem, em meu lar deixar que invadam, como foi proposto. Terei, ja sei, que usar a lingua, a mão, o corpo, em summa, como ferramenta do sadico capricho dum mandão que scenas degradantes sempre inventa. Ao publico, obviamente, é diversão. Calculo o que você, rapaz, intenta fazer commigo... As ordens me serão mais duras: sou mais velho, aos meus sessenta.
COLLEGAS ÀS CEGAS [4525]
Um gancho, um admarrilho, uma presilha; a mascara, a colleira, a algema, a venda. É logico suppor que nada entenda do emprego disso o publico "baunilha". Dum sadico jamais se desvencilha quem entre nesse circulo e se prenda a tudo que machuque, aggrida, offenda os ethicos conceitos da familia. A Dona, a Mestra, a Mistress, a Rainha; A "sub", a gueixa, a escrava, a serva, a ancilla: nenhuma quer ter sorte egual à minha. Não! Sem ver nada, alguem se rejubila? Alli, quem tem visão não se apporrinha. No clube, um cego serve e nem vacilla: emquanto um macho sadico o expezinha, Sansão se sente, aos pés duma Dalilah.
O CEGO NO CLUBE [4528]
Chegamos. Conduzido pelo braço, me sento e sou deixado a sós na salla. Alguem que entrou sentou-se e, firme, falla commigo -- Aqui! Me chupa! -- em tom devasso. Me abbaixo. Adjoelhado, appalpo e passo a mão na gorda perna. Ao appalpal-a, encontro, accyma, o membro nu, que exhala seu cheiro de mictorio, e que arregaço. Eu desço a cara. O cheiro forte augmenta, agora fede a sebo. Eu abboccanho a glande arregaçada, que entra, lenta, fazendo-me emittir um sopro fanho. O ranho ja me excorre pela venta. Emquanto vou e venho, o cru tamanho mais cresce e empurra a lingua, que lhe aguenta o tranco, o jorro, o banho, o gosto extranho.
INCLUSÃO SOCIAL E SERVIDÃO SEXUAL [4530]
Materia de "Sentidos" diz que gente que tem deficiencia sexo faz com grande efficiencia e que é capaz de achar essa "inclusão" pouco excludente. São modos de encarar, pois quem se sente fodido, como o cego aqui, tem gaz appenas para achar-se dum rapaz escravo chupador e obediente. Me sinto, ja fallei, tão inferior, invalido, indefeso, que só posso ter certa utilidade ao meu senhor naquillo que, na lingua, não addoço. Amargo deve estar nosso sabor. Nós, pobres alleijados, temos nosso dever de masochistas: no que for possivel, dar prazer, e o khoro engrosso.
SANCÇÕES AOS SANSÕES [4552]
São feitos prisioneiros, si a battalha perderam. Perderão, tambem, seu olho.
O escravo cego excusa até ferrolho: não foge nem se insurge, só trabalha. Debaixo de chibata, qualquer falha se pune e aqui, de medo, ja me encolho. Me sinto escravo e, cego, não excolho trabalho. A fustigar-me, alguem gargalha. Risadas ouço. Sinto a chibatada no lombo. Não reajo nem me evado. Agguardo as ordens. Cumpro, mudo, cada. Me vejo a tal regime transportado. A vida não permitte esperar nada. Sem pena, a usar a bocca sou forçado. Lambida a sola, a rolla foi chupada. Gargalha o algoz, emquanto eu me degrado.
NÃO HA UM HENTAI QUE MAIS ME ANIME [4666]
Desenhos japonezes, dizem, são bem sordidos e explicitos: na tela, o sadomasochismo se revela. Um delles mostra a escrava num porão. De quattro, mãos e pés presos ao chão, na bocca entra a mangueira grossa e, nella, cocô passa: a privada, limpa e bella, no andar de cyma, está à disposição. É chique, essa bacia, tem estylo. Quem entra, senta, caga: a merda excorre. O cano é transparente e mostra aquillo descendo, até que a muda bocca forre. Afflicta fica a escrava ao degluttil-o, mas deve prompta estar caso lhe borre alguem de merda molle, e sem vacillo, sinão, dalgum engasgo grosso, morre.
MYSTICA EUPHEMISTICA [4683]
Agora, os bullyingueiros são, em classe, quem manda e quem desmanda. Ai do coitado que, sendo differente, foi visado por esses vandalinhos! Que mal passe! Sadismo é um sentimento que renasce a cada geração. Expezinhado, às vezes o mais fracco assume o lado masoca, aos pés se presta a dar a face. Me contam que, do typo, muitos são os casos. Os entendo, pois tambem fui victima, levei muito pisão, de sadicos moleques fui refem. Pisou no menininho o meninão. Appenas não chamavam "bullying", nem achavam que "zoar" fosse assim tão damnoso... Era normal zombar de alguem.
TARA CARA [4802]
Um "teenager" arrogante se lamenta: está sem grana. Tem dinheiro, e tem bastante, um masoca, que lhe explana: "Si deixar, no seu pisante, que eu a lingua passe, affana o que tenho!" O joven, ante tal offerta, ja se uffana: {Então lamba! Limpe a sola! Folgo, até, si alguem exfolla sua lingua em meu sapato!} Lambe, então, e se colloca por debaixo: ser masoca não sahiu muito barato.
CAPTIVO ADOPTIVO [4936]
Paraste por que? Vamos, continua! Estás muito mollenga, meu rapaz! Paresces nem ser esse que, ja faz um tempo, fui buscar alli na rua! De novo! Assim que eu gosto! Quero a tua linguona trabalhando! Tu me dás prazer como ninguem! Si não tens gaz, te vira! Juncta as forças! Soffre! Sua! Mais fundo! Abre-me a chota com a mão! Agora mette a lingua! Ai, como eu fico molhada! Ai, que delicia! Que afflicção! Recuas, meninão? Não faças bicco! Estica bem a lingua, meninão! Não tenhas nojo! Quando estou de chico, tu sabes como eu gosto! Por que, então, te fazes de coitado? Paga o mico!
COM ASESINO ME AFFINO [4972]
Transar com animaes, por si, não faz meu genero. Um amigo, porem, diz que um genero de rock é bem feliz naquillo a que submettem um rapaz. As lettras do "deathgrind" são, às más e barbaras posturas, juvenis appellos. Numa dellas, alguem quiz licção dar num traveco e foi mordaz. Mantido em captiveiro juncto ao cão do gajo que compoz, a trava tem que até comer do bicho a refeição!
O cão come primeiro. Depois vem o escravo, que até lambe o cu, o colhão e o pau desse cachorro, sem porem! Dá gosto ouvir as ordens dum mandão, suppor que fosse cego o seu refem...
PERVERSA CONVERSA [5018]
Recorda-se um machão: -- Sim, fui chupado, faz tempo, por mulher cega. Sentei-me, mandei chupar. Pensei: "Caso ella teime, lhe chuto a bocca!" Sabe? Eu sou bem sado!
Até que ella deu compta do recado. Fiquei olhando e rindo. "Deus, valei-me! (pensei) Que estes meus olhos ninguem queime nem fure! Assim eu nunca me degrado!" E mesmo sem saber si cara brava fazia-lhe eu, a cega obedescia! Chupava bem, a puta. Levantava, baixava, levantava a cara. Eu via meu pau sahindo, entrando... Ah, bella escrava! Não, Glauco, não condemno quem judia dos cegos. Deus assim quer. Até dava vontade de rir, Glauco, e della eu ria!
VERDADEIRA VENDA [5031]
Aos sadomasochistas feito eu tenho perguntas pela rede. A maioria confirma que a cegueira me poria em franca desvantagem. Me detenho: Por mais que seja um sadico ferrenho no officio, pode a venda, na agonia do escravo, ser tirada, o que allivia limites e ameniza o desempenho. Mas, quando alguem é cego e às ordens fica daquelle que enxergando está, mais nada impede nem limita a escura zica, a treva mais fatal, negra, azarada. O sadico levanta a sua picca. Appenas para o cego é limitada a acção, e seu defeito justifica do algoz o gozo, o abuso, a gargalhada.
DERRADEIRA VENDA [5036]
Fallando franco, sabe o que me excita num cego, Glauco? (um sadico confessa) Saber que a escuridão delle não cessa, que aquillo não é farsa nem é fita!
O cego inferioriza-se, permitta dizer, Glauco, de facto! Ao vel-o nessa pathetica funcção, eu gozo à bessa, divirto-me com sua cara afflicta!
Os outros masochistas, sessão finda, libertam-se, levantam, sua venda retiram, são normaes na vida, ainda! Simulam não haver o que os offenda! Quem pode enxergar goza, à vida brinda! Mas nunca o cego livra-se! Que entenda lhe resta: está por baixo, e eu acho linda a scena! Escravo é, mesmo, não é lenda!
IRRUMANDO NO COMMANDO [5045]
É muito prazeroso! Você deita de lado e a rolla bocca addentro mette de alguem que nella irá fazer boquette, mas essa bocca à foda se subjeita! A bocca chupa, a lingua lambe, acceita você, mas é você quem bomba: o septe o pincto pincta! Nada ha que lhe vete os sadicos impulsos da desfeita! Se chama "irrumação" essa chupeta forçada, verdadeiro estupro oral, no qual a bocca é quasi uma boceta que exerce essa funcção pouco buccal. Garganta alguma aguenta? Tem quem metta! Quem mamma está por baixo e, sem moral, supporta com engulho o que a punheta dos labios faz jorrar: leite escrotal!
RELENDO AUGUSTO DOS ANJOS (II) [5163]
Dizendo-se indomavel, quer Augusto dos Anjos resistir, como poeta, a todo domador que poda e veta, dum livre coração, o sonho justo. No thema do poeta a crer não custo, mas faço outro sonnetto, que interpreta guerreiros taes da forma que correcta não seja, si o sadismo lhes degusto. Heroe ou masochista é quem resiste ao braço dum athleta que não tenha nenhuma piedade e os bons conquiste? Quem é que tal papel bem desempenha? Não ha lyra "baunilha" que despiste: Talvez a resistencia ao couro, à lenha, ao ferro, ao murro, ao chute, ao dedo em riste, só seja de "Ai, me batte mais!" a senha.
ZEN-SADISMO [5298]
Um joven masochista se approxima do mestre "zen", pedindo-lhe conselho. Discipulo submisso, o rapazelho promette-lhe cumprir o paradigma. "Si queres conquistar a minha estima (explica o mestre), lembra-te: quem relho applica, leva relho e quem artelho pisou, do seu tambem pisam em cyma!" Ouvindo attentamente, o alumno apprende. Derruba ao chão seu mestre e em sua cara appoia o pé com força, aggride, offende, mostrando que a licção assimilara. Quem é que tal recado não entende? Não faças a ninguem o que achas para ti pessimo! Eis que o mestre admarra e prende o alumno... e um pé na cara se equipara.
SONNETTO DUMA LOIRONA QUE SE APPAIXONA (I) [5497]
Dá licções a vida! A bella loira adora ver alguem dependendo della. Appella para o charme e se sae bem. Os rapazes da cadella são escravos. Ninguem tem peito para fazer della o que um velho a fazer vem. Quando a loira advista o cara que, tão myope, nem repara na belleza della, pira! Se appaixona, alli, na hora! E o velhote pulla fora! Não paresce, até, mentira?
SONNETTO DUMA LOIRONA QUE SE APPAIXONA (II) [5498]
Que será que viu a linda mulher nesse velho escroto? Ninguem tinha visto ainda tal paixão! Fosse um garoto... O subjeito acha bemvinda a attenção daquelle broto, mas nenhum rapaz deslinda o motivo: elle é canhoto! Tem a loira verdadeira obsessão por quem não queira usar sua mão direita. Da mulher a maior tara é levar tapa na cara com a esquerda... Que subjeita!
SONNETTO DUMA LOIRONA QUE SE APPAIXONA (III) [5499]
No começo, o velho nem reparava na coitada. Mas, agora, todos teem a certeza: elle a degrada! Masochista, a loira vem rastejando. O velho brada: "De joelhos! Muito bem!" E lhe lasca a bofetada! Depois disso, a loira chupa, mas ninguem la se preoccupa com a bocca da cadella. Todo mundo só commenta como a vida é pirracenta com quem tira sarro della.
TENTANDO TEMPTAR [5515]
No clube, pouca luz estando accesa, performance uma bella mulher faz na frente dum casal ou dum rapaz sozinho. Olhares capta em cada mesa. Vestida toda em couro, essa princeza pretende ser rainha, mas capaz terá que se mostrar. Intenções más obstenta. Não tem nada de indefesa. Rasteja um masochista a seus pés. Nota a sadica platéa que ella pisa na cara do subjeito e finca a bota, que pode machucar, embora lisa. Mas cada qual que pense em sua quota. Si estou presente, eu penso: nem precisa tamanha exhibição. Meu tesão brota si o tennis do rapaz meu rosto visa.
PUPPY PLAY [5586]
Cãesinhos admestrados a brincar de, estão muitos rapazes que, na scena do sadomasochismo, chegam tarde e pensam ser a coisa mais amena. Otarios! A pigmenta não lhes arde nos olhos e nenhum desses "cães" crê na vidinha de cachorro quando, à tarde, passeia com seu "dono", praça em plena... Vivessem na Argentina, quando allarde faziam do "canil" os que, sem pena, soffreram taes maus tractos, e covarde qualquer delles seria ante uma hyena! De tudo que rebaixa, fede, encarde não sou jamais do typo que condemna a practica, mas nunca foi com ar de modismo que cão cego fui na arena.
MARRENTOS CEM POR CENTO [5613]
Adeptos dum accordo que, por bem, no sadomasochismo tenha base, practicam tudo aquillo que essa phrase "Só mando quando pedem!" de mau tem. Bem sadico precisa ser alguem que queira ter prazer completo, ou quasi, embora ninguem haja que extravase de facto seus desejos num refem. Pudessemos fazer aquillo tudo com outrem, que quizessemos, talvez ninguem sobrevivesse, pois vocês noção teem dum mandão ou dum marrudo! Commigo mattutando, não me illudo. Pudessem me cegar, como o marquez de Sade diz em these, em tempos trez eu era, alem de cego, surdo-mudo!
DIA DO SADOMASOCHISMO [5768]
Septe dias por semana, vinte e quattro horinhas: isso é o que explica tão bacchana data, à qual presto serviço. Um ceguinho que se damna faz da vida compromisso natural com quem tem gana de mantel-o bem submisso. Entre irmãos melhor se explana tal fetiche e tal feitiço: um com outro tem mundana relação. O meu, attiço-o. Ja fui delle, esse sacana, masochista sem enguiço. Hoje em dia, até se uffana de ter feito nada disso...
BUQUÊ DE BUKKAKE [5776]
Contado por um cego japonez, o facto me empolgou! Elle ficava aptado, de joelhos, numa trava de chordas, o "shibari", olhem vocês! De sadicos diversos foi freguez, que nelle ejaculavam! Mais escrava tornavam sua bocca, que chupava caralho por caralho, vez por vez! Seu halito, me disse elle, fedia tal como uma privada sem descarga! Na sua lingua a baba achava amarga, mas tudo supportou, no dia-a-dia! Pensei sobre commigo o que faria um sadico nipponico! Que carga nos hombros eu teria! A sola larga e chata que, na face, eu sentiria!
EXTRACONJUGAES FUNCÇÕES ORAES [5786]
Lembrando do solteiro, o cego pensa: "Si ainda não casei, rolla eu chupei-a por cego ser; si estou casado, offensa maior será chupar quem me corneia." Um caso de contar me dá licença meu critico leitor? Pois uma aldeia nas selvas amazonicas dispensa preambulos: um cego massageia. Casado, ficou cego. Seu vizinho na hora approveitou-se. Ja comida a sua mulherzinha, teve vida de escravo massagista, coitadinho. Por certo o Ricardão foi excarninho e quiz mais que massagem. Quem duvida consulte-me e direi que, bem lambida, qualquer rolla perfaz novo caminho.
VIVA VOVÓ [5899]
Achavam que ella, a Wilma, ja gagá estava. Pois onde é que ja se viu senhora tão gentil tornar-se vil e má com seus escravos? Alguem ja? Occorre que ella mestra foi, será de sadicos, masocas, de quem riu da dor alheia, como quem, servil, serviu alguem que duras ordens dá. Pessoalmente, Wilma nem paresce cruel dominadora. Na verdade, cultiva affectos, busca na amizade a mesma devoção da pia prece. Zeloso, torço para que não cesse de ser quem tantos homens persuade a serem bons discipulos de Sade. Tão magica vovó não envelhesce.
FARRA NA MARRA [5919]
Um typo cafageste eis que eu estudo faz tempo. Descrevel-o ora, aqui, tento. É cynico, orgulhoso. Tem nojento sorriso de desdem. Sorri de tudo. Briguento, mas covarde, elle é mehudo e finge luctador ser, violento. Alguns o rotularam de "marrento", mas outros o chamaram de "marrudo". Cruel e fanfarrão, abusa à bessa do fracco ou indefeso, que não pode, no braço, reagir. Quem mais se fode na mão delle é o ceguinho, que se estressa. O cego, que excorrega, até tropeça depois de rasteirado, emfim, p'ra mode poupado ser, por mais que se incommode, terá que lhe chupar o pau, sem pressa.
MEME DA BALLADA [6111]
"É na sola da bota", a gente escuta. "É na palma da mão", diz a canção dansante e sertaneja que o sallão anima. Ahi que um sadico desfructa. Si vale a bofetada para a puta, tambem vale ao escravo que, no chão, rasteja sob a bota do peão que um riso põe na cara, pisa e chuta. Questão será de como se interpreta a palma, a sola, a sadica risada. Ao sadomasochista não ha nada melhor que desviar da dansa a setta. Apponcte para a cara de pateta do servo ou duma puta a quem se brada: "De quattro! Rastejando!" Vez mais cada assanha-se este aqui, que se punheta.
SADOMATTOSISMO [6146]
Você, Glaucão, extremos concilia. Notei que, sendo sadomasochista, alem de ter perdido sua vista, bem tracta duma ou doutra tyrannia. De esquerda, de direita, você cria a scena mais cruel, emprega a lista das taras e manias, na fascista ou numa social democracia. A gregos e troianos, pois, aggrada, ou pode ser até que desaggrade a todos que a favor da liberdade se dizem, com a cara mais lavada. Leitor sou seu, Glaucão! Sim, de nós cada um curte dictadura, adora Sade, embora, na fingida sociedade, saibamos que interesses tem quem brada.
SEDUCÇÃO [6282]
Praquelle clube entrei, Glaucão, mas nem suppunha que seria alli rendida!
O clube nos seduz e nos convida, depois as garras mostra! Acceita alguem? Até bem recebida fui! Porem, no mesmo dia quasi perco a vida!
Prenderam-me em correntes e, em seguida, dum ogro me fizeram de refem!
Um ogro, sim, Glaucão! Um typo tão horrivel que dá nojo até num cego!
As marcas de seus golpes eu carrego! Na bocca me fodeu sem ouvir não!
Comeu-me, em mim cagou, fez um montão de extremas porcarias! Com um prego por pouco não cegou-me! Mas, não nego, você teria alli, talvez, tesão!
OUTRO LOGRO POR UM OGRO [6283]
Entrei para tal clube, Glauco, por banal curiosidade. Nem capaz serás de imaginar do que um rapaz pacato possa alli ser soffredor! Não podes, tu que és cego, nem suppor que rosto um ogro tinha! Nem te faz alguma differença! Suas más caretas dão pavor, seja a quem for! Pois esse ogro offendeu o meu pudor! Prendeu-me numa jaula! Alli quem jaz appanha de chicote! Não estás, ainda, afflicto pelo meu terror? Por que não te commoves? Fodedor foi elle em minha bocca! Não irás dizer que gostarias! Não me vás gozar da cara, Glauco! Não, senhor!
ACADEMIA [6284]
Quem é que um clube egual, com tradição no sadomasochismo, supporia por traz duma prosaica academia, daquellas de gymnastica, Glaucão? Aquelles apparelhos, todos tão singellos e innocentes (Quem diria?) funccionam como machinas à fria e frivola tortura, ao cru tesão! As victimas, aptadas a taes barras e pesos, torturadas são com todo requincte! Ja pensou si eu la me fodo fazendo um "exercicio" nessas garras? Ouvi fallar: famosas são as farras orgiacas no clube! Eu nesse engodo não caio! Mas você, sim, pelo lodo rollava, né? Cê topa acções bizarras!
CEGO CORNO [6285]
Vantagem sei que levo, ao menos uma, casada por ser eu com um ceguinho. Não uma. Talvez duas. Lhe apporrinho, Glaucão? Então permitta que eu resuma. Primeiro, acho perfeito que elle assuma: Jamais para a mulher dalgum vizinho olhar eu o verei. Mais excarninho será quando um amante a gente arrhuma. Ahi vejo vantagem mais bacchana. Com outro poderei trahil-o, bem na frente delle. Basta que ninguem mais alto va gemer. Acha sacana? Né, Glauco? Quem é cego não se enganna assim tão facilmente! Tesão tem, mas cala-se, provando ser, alem de corno, um masochista. Cê se irmana?
FESCENNINA SABBATINA [6287]
Cagar na tua bocca não vou, mas é só por descomforto meu! Porem vaes tu meu cu limpar bem limpo, sem as mãos, só com a lingua, si és capaz! Accabo de cagar! Agora, faz aquillo que tu sabes! Lambe bem la dentro! Exfrega as pregas! Limpa, alem das pregas, os pellinhos! Limparás? Exforça-te e consegues, cego! Oscula, primeiro, depois sente, com a poncta da lingua, aquelle gosto que admedronta o crente e de ninguem desperta a gula! Não temas! Caso tua glotte engula um pouco de cocô, leva na compta de infecto sacrificio, pois quem monta na tua cara adora a scena chula!
VENDANDO, VEM DANDO [6293]
Aquelle que baunilha aqui não for ja sabe que, de escrava, a gente venda os olhos. Isso leva a que ella attenda e cumpra as ordens, sempre com temor. O medo que tem ella, sem que cor nem luz possa advistar, faz que dependa da gente. Sem defesa, chupa alguem, da cabeça ao sacco, soffrega ante o odor. Mas ella, ao retirar a venda, fica ja livre desse medo, desse estresse. Ocê não fica, Glauco! Ocê padesce o tempo todo, nessa sua zica.
É foda, né? Confesso, minha picca, emquanto nocê penso, ô si enduresce! Mas foda-se! Si eu, sadico, pudesse cegar escravas, orra! Alguem critica?
HORROR DOMINADOR [6294]
Estás horrorizado, Glauco? Tanto melhor a mim, si estás! Eu, quando vendo uns olhos, tesão forte ja vou tendo! Pensando em quem ceguei, o pau levanto! Que sarro! Que delicia! Sabes quanto eu curto o que enxergando vou! Horrendo eu acho o teu castigo! Não dependo dos outros, não te egualo o desencanto! Tu vives, Glauco, para sempre nessa cegueira! Não dependes duma venda que, finda a sessão, deixam que suspenda a treva algum olhar que mal se estressa! Não, Glauco! Seguirás cego! Confessa que estás horrorizado! Falla, a bem da verdade, que a cegueira achas horrenda! Assim tu me deleitas, cara, à bessa!
PAROXYSMO NO BONDAGISMO [6295]
Com tanta admarração, o gajo fica bem immobilizado. Nesse estado, subjeita-se à mercê de todo sado que queira abusar delle, erguida a picca. O sado o pé lhe empurra, applica a bicca, açoita, dá risada do coitado. Mas este, que enxergando está, dum lado e doutro, ainda estoico, nem supplica. Aguenta firme as chordas do "shibari", mas logo o sado os olhos delle tapa. Agora de surpresa leva um tapa, um chute, sem que àquillo se prepare. Mais medo passa, até que o sado pare de nelle desfructar em cada etapa do gozo. Glauco, disso não se excappa: Não ha nó que à cegueira se compare!
BRANDED [6299]
Usou o prisioneiro uma cangalha, que alguns estão chamando de gollilha. A argolla no pescoço mais humilha aquelle que incidiu em grave falha. Num campo o condemnado ja trabalha forçado, sob açoite, e ja se pilha rebelde e rancoroso. Os dentes rilha de raiva a cada golpe que lhe valha. "Tiraram de mim tudo! O meu orgulho, a minha dignidade! Fui forçado, debaixo de lambadas, o solado das botas a lamber! Ah, tive engulho!"
"Mas quero me vingar! Farei barulho, com minha banda, para que esse lado rockeiro ouvido seja! Revoltado sou! Nunca a rir eu canto! Não empulho!"
SELECTO DEJECTO [6302]
Pegaram o ladrão. Pé de chinello, se nota pelo video. Por castigo fizeram-no comer merda. Me instigo com isso. Perguntei si o gajo é bello. Disseram-me que é negro. Me revelo sympathico ao coitado, que perigo correu si não comesse, em calda, o figo. Aquella forte imagem eu congelo. Si fosse no meu clube, comeria cocô na marra alguem mais rico, um branco burguez que, mesmo quando o não expanco, engole, molle, atroz dysenteria. Voltando ao caso, contam que fazia caretas ennojadas quem, o tranco levando, põe na bocca com um franco desgosto o cagalhão da burguezia.
NATURALIDADE [6337]
Preciso te contar, Glauco, o que minha filhinha fez! Num pacto com a filha da nossa faxineira, maravilha acharam si brincassem de casinha! Achaste normal? Calma! A minha tinha chamado um molequinho que partilha das mesmas preferencias da quadrilha que gostas de louvar, cara! Adivinha! Sim, sadomasochistas! Em edade tão tenra, ja triangulo formando! Mas foi o garotinho que ao commando cedeu de ser escravo, na verdade! Talvez o que fizeram não te aggrade, Glaucão, mas os pés dellas foi beijando o gajo! Tu querias, mesmo, um bando de machos, né? Te entendo, meu confrade!
CONSENSO [6338]
Mulher que tem mais curto o seu dedão do pé, dizem que manda no marido. Será verdade, Glauco? Te convido a dar um parescer nesta questão! E quando o seu marido dedão tão mais curto tem tambem? Eu não duvido que troquem os papeis num divertido accordo, revezando a submissão! Marido nella manda, caso tenha pé grego quando a esposa não o tem? No caso de dois machos, é tambem mantido o symbolismo dessa senha? Responde-me, Glaucão! Quem desempenha papel dominador? Sabes? Me vem tal duvida porque meu pé ninguem beijou, embora a ser bem grego venha!
TEACH ME MASTER [6339]
Me ensigna, vae, Glaucão, a ser mulher! Me ensigna a dar um beijo que tesão desperte, essa vontade de estar tão fogosa, fazer tudo o que puder! Me ensigna a ser saphada, num affair bem sadomasochista! Vae, Glaucão!
Me ensigna! Não importa si paixão me tenhas! Te serei uma qualquer! Me ensigna a ser teu sordido capacho! Me ensigna a te lamber a suja bota! Me ensigna a ser humilde, ser devota! Te peço! Supplicante é que me aggacho! Não queres me ensignar? Sabes? Eu acho que és fracco de character, ja se nota!
Me ensigna a ser mulher, ou tua quota te ensigno, ou te direi como ser macho!
VACILLÃO [6341]
Você fica fallando que se exgotta de tanto versejar e dar recado explicito de escravo dedicado. Agora vae lamber a minha bota!
Você jura ser docil, mas adopta postura vacillante, sem ter dado um brilho de verdade em meu calçado. Agora vae lamber a minha bota!
Você reconhesceu sua derropta e fica a lamentar-se por cegado estar, mas sente medo si sou sado. Agora vae lamber a minha bota!
Você escutou a Nancy, ja se nota, mas nunca excappará de ser pisado. Eu calço bota para que, saphado? É para pisar, Glauco! Lamba a bota!
AMEN DO ALEM [6343]
É o cego um ser vendado, que não passa de escravo, si for util para scenas de sadomasochismo, onde elle appenas trabalha, a remoer sua desgraça! Assim é que elle encarna, Glauco, a raça de todos que ahi pagam suas penas! Melhor considerar que te condemnas, na Terra, a só chupar quem te desfaça! Dahi ja me livrei! Estou agora num plano superior, bem mais ameno! Ainda purgarás o teu veneno em muitas outras vidas, Glaucão! Ora! Sim, ora! Vae chamar Nossa Senhora, São Pedro, São Thomé! Nem te condemno por teres feito versos de pequeno valor, o lado oral que pões p'ra fora!
PSYCHOGRAPHANDO CLAUDIO MANUEL DA COSTA [6345]
Compuz um epitaphio no formato exacto do sonnetto, Glauco, mas talvez sem ter descripto, dum rapaz que morre, a propria Morte, em tom exacto. Fallei de invejas, Glauco, pois constato que temos, nessa vida, linguas más. Fazemos o que, aqui, ninguem mais faz com nossos semelhantes, gatto ou ratto. Não somos superiores a nenhuma especie, nenhum genero, nem raça. Aqui ninguem admitte que se faça aos bichos mal nenhum. Só bem, em summa. Você, que é cego, vale que se assuma um bicho que, treinado na devassa cultura do sadismo, por cão passa. Aqui você melhor papel arrhuma.
DONDOCA DE MASOCA [6362]
No site elles exhibem à platéa a puta, que tem cara da Brunella. Mas, quando contractada ja foi, ella tem cara verdadeira: a da mocréa! Só para você, Glauco, ter idéa da cara da putana, que é magrella, se enfoque na caolha mais banguela possivel numa typica plebéa! Assim não dá, Glaucão, pois cobram caro! Quem uma puta paga ja não manda!
As putas ja não fallam com voz branda e para nossos cheiros negam faro! Recusam-se a lamber! Acham amaro o gosto da piroca! Só lavanda exigem que fedamos! Ja desanda a foda! Eu, que sou sadico, me azaro!
PLENA DISCIPLINA [6363]
De julho o vinte e quattro boa data ao sadomasochismo, Glaucão, é, em cuja acceitação eu boto fé por ter explicação brilhante e exacta! Quem serve, em septe dias cumpre e accapta as ordens que recebe, sob o pé de quem tenha poder de ser até mais forte que Satan e que lhe batta! Alem de, na semana, todo dia servir, todas as horas servirá de cada dia. Ahi, pois, é que está a compta mathematica! Sabia? Glaucão, sem servidão o que seria de mestres e de escravos? Que será das bruxas sem Satan, sem o sabbath? Feliz foi essa astral chronologia!
TROCA-TROCA DE MASOCA [6364]
Seu Glauco, sou menino ja grandinho! Não posso ser chamado de creança! Mas, como o desaffio o senhor lança, confesso, sim, ter sido um coitadinho! A gente, nessa edade, em descaminho se mette e em fodelanças faz lambança! Topando o troca-troca, não se cansa de estar por baixo, às ordens dum vizinho! Me lembro dum vizinho que o senhor iria adorar! Era tão magrella, mas era tão mandão! Qualquer um fella alguem que se propõe dominador! Mas veja la! Não tente nem suppor que sou masoca agora! Da janella ao ver uma menina, na goela eu sonho o pau lhe pôr! Sou fodedor!
JUSTO FADO [6370]
Os seres portadores de defeito não podem egualdade pleitear, nem pena, nem respeito, Glauco! Olhar tal gente eu posso só si for dum jeito: Si servem aos normaes para proveito carnal e diversão! Nesse logar, sim, podem nos servir, mas sem chiar, sem nojo, sem dizer "Não me subjeito!" Eu mesmo, quando usei um alleijado ou cego, usei naquillo que normaes pessoas não se prestam, não, jamais a terem serventia ao meu aggrado! Só mesmo um cara assim é que eu degrado do jeito que prefiro olhar seus ais! No sadomasochismo são, sim, mais propicios ao abuso! Um justo fado!
SOVAS SEM PROVAS [6388]
Fallou Nelson Rodrigues que nem toda mulher quer appanhar: as normaes, só. Perguntem ao malandro si tem dó dalguma. Responder vae: "Que se foda!" Pondé pondera: aquella que não for da familia das demais, goste dum nó, duns tapas, de lamber nas botas pó, um dia geme e exige grana gorda. Por causa da patrulha, a scena sado será que ficaria tão "nutella" que ja ninguem mais pode batter nella sem risco de ser preso ou processado? Não creio. Sou masoca, me degrado, convicto de estar certo quem appella ao gesto bruto quando sou quem fella seu fetido caralho mal lavado.
DURA CENSURA [6389]
Glaucão, me censuraram no twitter! Tambem no facebook! Eu fico puto! Allegam que torturas eu reputo que possam ser de praxe e que eu incite! Disseram que eu sobre isso dou palpite, que methodo de estado, jogo bruto se torne, interrogando-se um astuto bandido, quando seu delicto ommitte! Mentira! Não defendo que tortura se adopte como methodo de estado! Defendo o emprego della como sado que sou! Quero tesão, delicia pura! Não quero dum bandido ser quem fura os olhos, só, Glaucão! Tambem degrado a puta, a sappho, o cego, o retardado! Não, cara! Achei injusta tal censura!
BATTENDO NA QUESTÃO [6390]
Mulheres torturadas, Glauco, são communs, bem mais communs do que se pensa! Sim, fallo dessas tantas que, na crença do povo, surra curtem, e pisão! Mas contra sou batter nellas, Glaucão! Não batto na mulher que quer suspensa nas chordas ser, submissa à grande, immensa didactica que um mestre tem à mão! Gostoso mesmo, Glauco, para mim, é sadico ser quando não quer ella! É, quando vou perdendo uma querella, vingar-me da mulher agindo assim! Ahi, Glaucão, eu curto! Quem ruim achou, mais sentirá cada sequela! Mais batto quanto mais a puta appella! Ja machos a tractar assim eu vim!
QUEM VÊ CARA... [6391]
Soffreu, quando menina, muito dum padrasto violento, que a currara com outros gajos, rindo-lhe da cara chorosa das creanças em jejum. Agora quer vingança. Ja bebum, morreu seu malfeitor. Tem ella, para os homens em geral, severa vara, aquella de marmello, mais commum. Tambem tem a chibata, tem a bolla, que serve de mordaça, tem a venda, que serve para que esse verme entenda que deve ser quem, cego, ora rebolla. Assim cada machão lambeu a sola daquella revoltada. A cara horrenda não chega a ter, mas, caso só dependa de rosto, sua tactica não colla.
BACCHANTE RELUCTANTE [6393]
Seu Glauco, eu em menina não battia! Mas ella me pediu para appanhar! Lasquei-lhe bofetadas, devagar, primeiro, mas depois com energia! E foi accostumando, dia a dia... Até que me implorou para mijar na bocca! Que masoca mais vulgar! Bebeu todo o xixi que eu lhe fazia! Enchi de xixi e porra a tal da puta! Um dia, appós cagar, ordeno que ella me limpe com a lingua toda aquella titica! Ah, fui moleque! Ella relucta! Ahi batto com gosto! O senhor chuta a bocca duma puta? Ah, ja banguela deixei-a! Agora a rolla ja me fella sabendo qual será minha conducta!
SERVIÇO DOMESTICO [6395]
Hem? Sabe do que eu gosto, Glauco? Obrigo a minha mulherzinha a ser escrava da nossa faxineira, a que nos lava os pisos e banheiros! Ah, me instigo! Impõe nossa domestica castigo de sadica à patroa que, si estava a dar ordens, agora aguenta a brava licção da diarista! Ah, meu amigo! Precisa ver a minha mulher quando rasteja aos pés da alegre empregadinha, levando ponctapé quando engattinha e lambe o chão que a outra foi sujando! Depois lambe boceta, ao meu commando, e chupa no cuzinho o que eu ja tinha gozado, Glauco! Ouriça-lhe essa minha libido? Ou é castigo um tanto brando?
PORNÔ PORCO [6401]
Fiquei sabendo, Glauco, que ja rolla até filme pornô voltado para pessoas cegas, visto terem tara ainda insatisfeita! Te consola? Tem audiodescripção, conforme eschola testada por normaes, que se compara ao clima da chochota pela vara a fundo penetrada! Achas que colla? Entendo... Faltará nesse mercado teu gosto mais commum, mas exquisito demais aos meus padrões! Teu requisito exige masochismo refinado! Terão que produzir um filme sado que tracte quem é cego no que evito fazer comtigo, mesmo si eu imito quem zomba dum Sansão recem cegado...
MERCADO SADO [6409]
Mas, Glauco, você está muito exigente! Um cego pornofilmes nunca tinha com audiodescripção! A calhar vinha que tenha, agora, aquillo pela frente! Porem, excolher algo differente da transa mais commum, ah, não convinha a quem vende productos nessa linha! Seu tempo perderá, Glauco! Nem tente! Magina! Quer você pornographia de sadomasochismo com actor que, cego, no papel dum inferior esteja? Quem tal filme curtiria? Pensando bem, talvez a maioria dos normovisuaes veja, si for visada com olhar consumidor, um filme em que o ceguinho se fodia...
CHEIRINHO DO PODER [6411]
Nos termos, o limite pactuado o sadico não ultrapassaria e, quando o masochista na agonia ficou bastante, disse: "Estou cansado! Me solte! Desadmarre!" Mas o sado, achando que cumprir nada devia, sorriu e disse: {Foda-se! Este dia será meu! Tem que estar do meu aggrado!} Passou a torturar o mau masoca alem de tudo quanto se permitte num pacto que preveja algum limite ou algo que este queira delle em troca. Bem feito foi! O caso não me choca, Glaucão! Não haja abuso que se evite depois que está admarrado quem convite fez para que um mandão cheirasse coca!
CONTEXTUALIZANDO [6451]
Eu, como cidadão, quero o respeito do rico pelo pobre de cor parda, mas, quando vejo um branco usando farda, desejo ser escravo do subjeito... Difficil de entender! Eu não acceito offensas dessa classe felizarda do branco! Um mano nunca se accovarda na lucta contra todo preconceito! Ahi complica, Glauco! O companheiro me cobra que linguagem use, dura! Na cama, a minha lingua molle jura amor ao pé dum branco zombeteiro! Você ja reparou, Glauco, que cheiro mais forte de chulé tem quem censura ou xinga, quem na rua nos dedura ou prende, num contexto verdadeiro?
FERTIL TOM ERECTIL [6459]
Ouvi fallar, Glaucão, que tem menina bem sadica à procura dum machão que tope ser escravo! Você não quiz isso? No logar não se imagina? Hem, Glauco? Que tesão! Quem lhe domina a bocca ser mulher! Eu fico tão erecto que me exporro! Uma funcção almejo: chupador ser de vagina! A simples phantasia não lhe excita a mente? Cunnilingua qualquer? Nada? Eu fallo duma chota menstruada, da maxima abjecção que alguem admitta! Depois de ler tal scena, bem descripta em verso por você, descasco cada punheta, cara! Assim a madrugada passou, até que tudo se repita!
INSEGURA POSTURA [6468]
Ai, Glauco, o meu amado namorado virou bozonazista! Agora como farei para aggradal-o? Nosso pomo seria, da discordia, ter um lado? Pendores communistas desaggrado lhe causam e communa sou! Não domo meus impetos! Ainda a tudo sommo meus vicios, Glauco! Delles não me enfado! Então, como farei? É mesmo? Jura? Até que certo pode dar, Glaucão! Terei que escravizar meu coração, meu corpo submetter -- Ufa! -- à tortura? Talvez eu masochista seja, à dura mão delle me accostume... Por que não? A menos que elle seja tão machão appenas de fachada, por frescura...
MAL GRADUAL [6474]
Defines como o caso, seu Mattoso? Maldade tendo um gajo, qual será o typico vocabulo que dá idéa delle? Pode ser "maldoso"? Mas si elle malvadeza tem, bondoso demais será chamar alguem que ja tão mau é de "maldoso" só, pois ha sadismo intencional, ou seja, gozo! "Malvado" ou só "maldoso"? Mais perverso não é quem dá risada da agonia alheia? Achas que a gente chamaria appenas de "cruel"? Ou me disperso? Pergunto-te, Mattoso, pois teu verso mais tracta de quem só se delicia com tantos soffrimentos! Eu seria, então, alguem que em gozo vive immerso!
INJUSTO CUSTO [6482]
Glaucão, veja que hilario! Fallar ouço dum padre masochista morto por um sadico! No quarto, o chupador de rolla fez o proprio calabouço! Bebia mijo! Tanto no pescoço pisado foi, que seu torturador mactou-o suffocado! Ver si for, até que o dicto mestre era bom moço! O padre desviava toda a grana obtida na parochia para dar àquelles cujo firme calcanhar calcava seu pescoço! Que sacana! Então? Não foi bem feito? Mas se damna, coitado, o mactador desse vulgar masoca, Glaucão! Era de esperar que fosse innocentado, não em canna!
VEXAME VERDE-AMARELLO [6494]
Fallei ja, Glauco, disso. Outra vez narro. Você sabe que um sadico duvida que todo masochista se decida, em publico, a motivo ser de sarro. Conhesço um gajo sujo, cujo excarro corria pela cara ja fodida do escravo. Não bastava ser cuspida. Só tinha graça a placa de catarrho. Na frente de nosoutros, o coitado ficava sem poder nem se limpar, depois de receber no rosto um par de grossas cusparadas do seu sado. Aquella catarrhada que, dum lado, mais verde parescia, alguem achar podia, amarellada ja, no olhar daquelles que zoavam um boccado.
SUPER MESTRESCRAVO [6497]
Ja tem superheroe de tudo quanto é typo! Tem até cego, Glaucão! Então eu lhe pergunto: por que não um sadomasochista? Por que expanto? Será supermasoca, mas emquanto esteja no normal, na posição daquelle indefensavel cidadão que soffre mais abusos do que um sancto! Se torna supersadico, porem, depois de transformado, quando seus fataes superpoderes dos plebeus communs abusarão! Hem, Glaucão? Hem? Ah, não se enthusiasmou? Ah, você tem razão! Um superfaro! Os europeus chulés sente de longe! Sim, por Zeus! Masoca, ahi, se volve e chupa alguem!
NEGROS NO COMMANDO [6664]
Causou bom bafafá a convocação de negros para cargos de chefia que eu fiz! Alguns acharam que seria racismo, Glauco! Porra, não é, não! E sabe por que? Em vez de ser patrão, serei escravo delles! Eu queria appenas dar um toque de magia ao sadomasochismo! Viu, Glaucão? Embora todo o auê que provoquei, os manos entenderam meu recado ciphrado pelas redes! Assustado fiquei com a procura! Ah, ja nem sei! Problema não ha quando um branco gay contracta negros para terem sado proveito, né? Será, por outro lado, um negro, si masoca, contra a lei?
UNCHAIN MY HEART [6769]
Ahi, poeta! Alguem, um lindo dia, seus braços ja admarrou? Pois eu lhe digo: Você mais soffreria si commigo brincasse! Mais lambadas levaria! Seria accorrentado! Sim, seria aptado com grilhões! Sabe? Eu consigo gozar melhor si ponho de castigo alguem que nas correntes me ecstasia!
Um cego bem se presta ao meu deleite, pois, sem usar os braços, mais me fica de jeito para nelle metter picca! Mais curto, Glauco, caso não acceite!
Si pede elle "Me solta!",p'ra que estreite ainda mais a argolla me dá a dica! Mais pede, mais aggravo sua zica! E engole, quando exporro, todo o leite!
PALAVRORIO NO SANATORIO [6777]
Tarados entre si manteem contacto: tem sadico, masoca, até assassino, zoophilo, necrophilo... Termino com um pyromaniaco cordato. "Que tal fazermos sexo com um gatto?", diz um. "Mas tortural-o tambem!", fino, diz outro. "Sim! Mactal-o bom destino tambem seria!", adduz um mais sensato. A vez é do necrophilo, que diz: "Tambem, depois de morto, vae a gente fazer sexo com elle novamente, né, turma?" Ao suggerir, sorri, feliz. Foi o pyromaniaco quem quiz, depois de tudo, um fogo bem ardente no gatto pôr. Por ultimo, um contente masoca diz "Miau!", sem mais ardis.
INFERIOR COM LOUVOR [6824]
Si um bello gajo chupa alguem que é feio exsiste masochismo? Ouço você dizer que sim... e quando quem não vê é o bello, maior victima a ser veiu. Porem mais humilhante, Glauco, creio ser quando um feio cego, caso dê chupada num bellissimo michê, escuta, a gargalhar, o gozo alheio. Na duvida não fica você, vate? Quem é mais humilhado? O cego bello chupando um sado feio, ou eu, que fello um bello, sendo o feio? Ou vale empatte? Si feio sou e chupo quem me tracte por traste, embora veja, me revelo masoca, não é? Pense! No chinello quem fica mais, ou não, é disparate!
DESAGGRAVO DE ESCRAVO [6832]
"Da minha dor sorris, mas eu te quero ainda! Até farei o que quizeres, pois tens a malvadeza das mulheres, embora sendo o macho que venero!" Assim fallei à quelle que, sincero, me disse: {Enamorado si estiveres, reciproca qualquer tu não esperes de mim, ja que machão me considero!} Porem não foi por isso que fiquei tão puto! Foi por causa das besteiras que disse do meu pappo: {Tu não queiras serestas plagiar, pois dellas sei!} Serestas? Quaes serestas! Eu sou gay masoca, Glauco! O gajo com asneiras vem para censurar minhas maneiras? No cu que va tomar! Ah, me cansei!
FADO DE CASADO [6838]
Flagrei minha mulher com outro, vate! De menos isso seja: de mim ella ha muito desfazia! Ah, que cadella! Mas 'inda foi maior o disparate! Não basta que de corno 'ocê me tracte! Terá que me tractar de escravo della e delle! Sim, palhaço sou em bella comedia! Fui, de inicio, um engraxate! Mandou ella que eu desse logo um brilho naquelles sapatões do Ricardão! Lhe juro, Glauco! O gajo quiz, então, que fosse com a lingua! Ah, si me humilho! Eu, nesses casos, fico puto, rilho os dentes, mas accabo, pelo chão, de rastos, a lamber! Hem? Você não me inveja? Pois se case, então, meu filho!
INVASÃO SEM VISÃO [6895]
Um cego, que morava só, me conta seu caso. No quartinho, que invadido foi pela patotinha de bandido, ficou aptado. Leva pau à tonta! Ja tudo reviraram. Alguem monta na sua cara, a bocca tendo sido a fundo penetrada. Me convido a ver-me nisso, scena que admedronta. Appoiam-n'o, de nucha, na beirada da cama. Appós um delles ter gozado, um outro quer tambem posar de sado e fode-lhe a garganta, a dar risada. Pensei muito no caso. Não ha nada que mexa mais commigo que esse lado masoca dum ceguinho que, estuprado assim, fica admarrado, aos pés de cada.
LIMITES EXPANDIDOS [6907]
Estou ficando, Glauco, totalmente maluco! Totalmente? Bem... Não sei ao certo, não... Regula alguma lei o grau de sanidade em nossa mente?
Por cento quanto, vate, estou doente ou 'inda maluquette não fiquei?
Por cento quanto, Glauco, gay serei ou hetero, ou gillette, simplesmente? Andar pellado compta? Não, não ando! Rasgar dinheiro? Tenho quasi nada! Comer cocô? Depois duma cagada, com nojo minha bunda vou limpando! Mas faço umas loucuras, no commando si estou duma sessão bem animada de sadomasochismo, Glauco! Cada tortura que eu invento! Orra, si expando!
EM CARCERE, E PRIVADO [6955]
Saber quer, Glauco? Obrigo uma bichinha, que escrava se declara, a me ser bem submissa de verdade: que estar em um carcere privado tem! Tadinha? Tadinha nada! Nella applico minha total auctoridade: limpa, sem perdão, com sua lingua de refem, qualquer que seja a minha sujeirinha!
As solas que, no piso, junctam pó; a rolla, accumulando o meu sebinho; meu mijo, que melhor é do que vinho; cocô, que comerá todo, sem dó! Appanha! No cu leva, Glauco, só que venda tem nos olhos! Mais damninho seria meu tesão si num ceguinho, vendado ao natural, faço o forró!
VENUS IN FURS [6958]
Achei pouco, Glaucão, o que Lou Reed fallou do Severino! Ora, a chibata ninguem usa somente si se tracta de beijos exigir quem bem decide! Não, Wanda não ficou, ninguem duvide, só nisso! Beijar botas? Coisa chata será, si não passar duma cordata sessão de servidão que mal aggride! Commigo o Severino, Glaucão, ia passar uns maus boccados! Na veneta me dava que lambesse esta boceta que encharco, ouvindo um disco, todo dia! Sim, antes lamberia, ah, lamberia a minha bota! Appenas não se metta ninguem a duvidar, pois não é peta que esteja, sim, sujissima! Ah, não ria!
SOOKIE SOOKIE [6962]
Serei quem te submette e te subjuga, agora que estás cego, Glauco! Pega meu pau com tua bocca! Lambe, exfrega a lingua! Não terás chance de fuga! Rasteja ahi, vae, feito tartaruga! Te ralla! Anda, te exfolla! Assim, offega! Usar irei a tua bocca cega! Engole! Enfia tudo! Suga! Suga! Não digas que entendeste mal a minha maneira de dizer que estás em meu poder, pois quem enxerga aqui sou eu! Abbaixa ahi, ceguinho! Olé! Engattinha! Ouviste esse somzão? É nessa linha que eu digo, rindo, como se fodeu um cego trouxa aos pés dum philisteu! Não achas que a sessão foi excarninha?
THESE DE MESTRADO [6969]
Jamais com a cegueira se preoccupa aquelle que não lia com a lupa até perder a vista. Aqui se aggruppa, das suas ordens, uma catadupa: A perda foi total, Mattoso? Chupa!
Os olhos sem defeito os tenho! Chupa! Sentiste? Tem fedor meu lenho? Chupa!
Os cegos me despertam gozo! Chupa! Teus olhos eu quiz ser quem vaza! Chupa! Qual rolla mais fedeu que a minha? Chupa! Achaste essa missão damninha? Chupa!
Farás o que, Glaucão, me appraza! Chupa! Ceguinho que melhor se preze... chupa! Os cegos eu, com gosto, os lanho! Chupa!
Darás de lingua, Glauco, um banho! Chupa! Ficou bem demonstrada a these? Chupa!
FESTA DE ARROMBA [7048]
Pô, Glauco, numa festa, por enganno, cheguei e, em vez de rango ou de bebida, eu tive, sim, foi pessima accolhida! Que trauma, meu amigo! Pô, que damno! Aquillo foi horrivel, deshumano! Levaram-me, vendado, ja despida a roupa toda, a um sotam, sem sahida, janella, nada! Entrei foi pelo cano! Aptaram-me, foderam-me... Risada ouvi, de muita gente em plena farra! Chupei, bebi xixi, sempre na marra, tomando só pisão, chute e porrada! Jogaram-me na rua, madrugada affora! Vate, entendo por que narra você, sobre a cegueira, tanta barra pesada! Não é conto, não, de fada!
EXACTO RETRACTO [7068]
Me lembro do sonnetto que um rapaz fez para mim, dizendo que a cegueira retracta a chupetinha da maneira mais nitida, fatidica, veraz. Bem joven, nos seus vinte, elle poz gaz no jogo do sadismo com certeira visão. O cego faz tudo o que queira um normovisual, o mais capaz. Preciso nem será ser açoitado, chutado ou mutilado. O cego fella appenas por ouvir quem interpella, tal como, ouvindo um gajo, me degrado. O gajo diz: "Você quer ser surrado? Então me lamba a rolla! Passe nella a lingua, devagar, e na goela me faça gozar, cego desgraçado!"
AZAR SELECCIONADO (I) [7071]
De quattro: sim, foi nessa posição que tive de ficar, logo de cara, na frente de dois homens. Um compara dois typos de cegueira. A rir estão. "O cego de nascença (faz questão um delles de dizer) menos se azara que aquelle que perdeu a vista. Para mim, este satisfaz mais o tesão. Mais curto humilhar este, que perdeu, (empurra a minha cara com o pé) pois mais no seu azar é que tem fé. (nas minhas costas o outro põe o seu) Nem quero que elle seja tão atheu, (seu tennis minha fuça força até que eu sinta, attravés delle, seu chulé) pois pode me entender: sou philisteu."
AZAR SELECCIONADO (II) [7072]
"Treinado foi o cego p'ra chupar com technica appurada? (appoia a sola na minha nucha) {Ah, claro! Teve eschola, chupou muito caralho cavallar!}
"Perfeito! Um cego deve seu azar saber que incluirá, no gorgonzola da rolla, degustar, como uma esmolla, aquillo que a cabeça accumular!" Emquanto falla, appoia seu pezão nas costas, na careca, me pressiona a bocca com o bicco da lanchona, de leve dando um chute ou um pisão. E eu penso que elle possa ter razão si excolhe cegos como quem, na zona, excolhe sua puta, a mais gluttona por rolla, a que perdeu sua visão.
COTHURNOLATRIA [7089]
Mania que se expalha, Glaucão, é aquella que mais vemos hoje em dia! Não sabes qual? Direi: essa mania de botas lamber, rusticas, até! Não lambem, não, qualquer descalço pé, tal como outro podolatra lambia! Preferem a botina que seria mais propria dum milico da ralé!
Nem bota de major, nem de tenente, só dessas de sargento ou de recruta, mais sujas e pesadas, de quem chuta e pisa com mais força, dessa gente!
Mas tu, que não ficaste indifferente ao facto, não extranhas tal conducta? Entendo... Quanto mais filho da puta quem usa, mais masoca alguem se sente!
ALGOLAGNIA [7090]
Não, Glauco! Masochista não sou, não! Appenas porque gosto de levar algumas chibatadas e sangrar, não podem fazer essa affirmação! Dor quero sentir, forte, essa dor tão aguda das lambadas! Meu logar éo desse flagellado mais vulgar, do tronco ou pellourinho, pelladão! Não sou como você, que se degrada lambendo, rebaixado, o pé dum cara! Preciso que quem batta tenha tara bem sadica, a da mestra mais malvada! Megera assim ainda não vi: cada mulher foi boazinha!Mas dá para ser servo dum machão quem não repara na cara desse bruto camarada!
EDUCAÇÃO DE CEGOS [7132]
O cego que em poder meu se colloca eu faço repetir: "Cego não manda! Um cego só obedesce!" Elle que expanda limites ao chupar minha piroca! Treinei ja varios cegos, Glauco! Choca saber que sou assim e propaganda fiz sempre? Eis como toca a minha banda! Você extranhou? Você não é masoca? Saber quer como os treino? Ponho um cara de quattro, chuto o rosto até que peça p'ra me lamber os pés! Ahi começa a phase em que adjoelha e se prepara! Depois duns tapas, elle me excancara a bocca p'ra chupar! Si, bem depressa, não pede, vae comer fezes à bessa, levando chicotada! Ah, depois sara!
POLICIA MONTADA [7145]
Lambi bosta na bota dum soldado da audaz cavallaria, da mineira policia militar, caso 'ocê queira saber, vate! Eu aos quattro ventos brado! Me gabo disso, vate! Elle foi sado a poncto de exigir, por brincadeira, que bosta de cavallo, com poeira grudada, lhe tivesse eu bem limpado! Ainda no quartel, pisou num monte! Chegando em minha casa, foi fallando: "Agora, veadinho, no commando estou! Ouviu?" O resto quer que eu conte? Só conto que não, nada que admedronte me impede de gozar! Um gosto brando não tinha aquella bosta, mas Fernando foi um entre mil homens em Belzonte!
SUBMISSÃO CUMPRIDA [7153]
"Procure com a bocca, não a mão!" Cegados os meus olhos, me seria difficil cumprir essa serventia de escravo, de joelhos pelo chão. O faro me indicou a direcção.
A fuça approximei, numa agonia medrosa, do caralho que fedia, ja duro pelo sadico tesão. Senti, mais que do fetido pentelho, o odor daquelle esmegma accumulado. Depois de toda a gosma ter tragado, sabor 'inda senti de cada artelho.
As costas ja lanhadas pelo relho, cheguei ao fim da linha. Me degrado, agora, a salivar, num cu cagado, as pregas, que dos beiços são espelho.
CITANDO UM MESTRE [7186]
Foi Wanda quem fallou! Eu tambem digo, Glaucão, mas nos meus termos: "Quem deseja viver bem nesta vida não se peja de impor aos outros sadico castigo!"
Pensar devo: "Talvez meu inimigo fizesse assim commigo! Caso veja bem, elle cegará quem ja rasteja a seus pés! Mas serei eu que fustigo!" Sabendo que outro algoz me tractaria assim si me tivesse em seu poder, prefiro ter eu mesmo tal prazer e quero desfructar essa alegria! Cegal-o, vel-o triste emquanto o dia ver posso! Obrigar que elle va comer o meu cocô, o meu mijo va beber, emquanto tenho o nectar, a ambrosia!
MOTTE [7467]
Não entendo de theatro. Isso é vicio de veado.
GLOSA
Si um azar finjo, bem atro, sou poeta pessoano, não actor, e ja me uffano: não entendo de theatro. Si um machão me põe de quattro e meu cu deixa arrombado, dor senti, mas, feliz, brado. Quem é sadomasochista deixa em tudo a mesma pista: isso é vicio de veado.
MOTTE [7524]
Problema em sermos porcos eu não vejo si alguem quizer limpar nossa sujeira.
GLOSA
Um dentre meus leitores não tem pejo de sebo cultivar, si alguem submisso laval-o usando a lingua! Deante disso, problema em sermos porcos eu não vejo! De Bob e de Porcão, com bemfazejo humor, elle é chamado! Achar quem queira sujar-se é facil, quando um nariz cheira as meias, a cueca delle, e fica em transe! Não lavemos pés nem picca si alguem quizer limpar nossa sujeira!
Porcão quer zoar mesmo: sua meia chulé por trez semanas accumula! Por mezes a cueca aguenta! Engula o queijo quem puder e cara feia não faça ante uma crosta que exverdeia! Me orgulho de ter tido elle a primeira certeza ao ler-me e um bicco de chaleira tão sujo ser de tantos o desejo! Problema em sermos porcos eu não vejo si alguem quizer limpar nossa sujeira!
MOTTE [7525]
"Sorri, na dor, a carne", e um olho cego, na dor, brilha, por quattro vezes brilha. Me escreve um mestre sadico, e me entrego, em glosas, a seguil-o nessa trilha.
GLOSAS
Àquelle que perdeu a vista, são as dores até quattro. Na primeira, é physica a agonia: a gente cheira, escuta, appalpa, e o gosto amargo é tão mais forte, emquanto o doce, agora, não. A cruz que, na cegueira, hoje carrego mais pesa a cada passo e mais um prego me fura a mão a cada gesto, amen! Mas, pelo olhar daquelle que vê bem, sorri, na dor, a carne e um olho cego.
Alem da escuridão, tem a segunda dor cunho psychologico. A lembrança daquillo que enxerguei sempre me lança, em sonho, à profundeza mais profunda, tal como um cagalhão na fossa immunda. Jamais, ao accordar, se desvencilha a gente desse sonho, maravilha que foi, tão colorido. Assim, eu creio nos sadicos: meu olho, ao olho alheio, na dor brilha, por quattro vezes brilha.
Si o cego masochista for, terceira dor sente ao se entregar nas mãos de alguem que delle se utilize e goze, sem escrupulos. Gostosa brincadeira é ver-me, um verme fragil a quem queira tormentos inventar. Eu não sossego aos pés de quem maltracta um pobre cego: rastejo, me adjoelho, lambo, chupo, appanho... Ao acceitar-me no seu gruppo, me escreve um mestre sadico, e me entrego.
Si é physica a terceira dor, a quarta, de novo, é psychologica. Domina um cego quem na bocca, qual latrina, lhe mija, quem assim goza e se farta. Comtudo, é de dar medo a branca charta que o sadico detem emquanto humilha. Quem sabe o que virá? Mesmo "baunilha" não sendo, o cego soffre... Um tapa? Um chute? Me ponho (e não serei eu quem discute), em glosas a seguil-o nessa trilha.
MOTTE [7526]
Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
GLOSAS
Dispenso qualquer venda quando cedo àquelle que me zoa, pois sou cego. "Que curte em mim?", pergunto-lhe, e me entrego. Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo!" Admarra-me as mãos para traz. Azedo odor em meu nariz. Me pega pelo pescoço, me extapeia. Meu appello ignora. Quer gozar o azar alheio. Me pisa a cara, rindo do receio que o cego tem de alguem a submettel-o. Obriga-me a fedores farejar de cada parte suja. Si adivinho qual seja, lamber devo. Que gostinho tem elle, caso eu erre! Vou levar tapão na fuça! Agora um paladar nojento tem a rolla, que modello não é de asseio. O sebo que, com zelo cruel, cultiva, eu provo, tarde ou cedo. Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
Porcão sorri si, em pleno breu, está um cego angustiado. Si a faxina do queijo pela lingua mal termina, peor coisa virá. Logo lhe dá na telha me foder a bocca e ja me aggarra pela orelha, empurra pelo buraco oral um thallo em desmazello. Mais fundo na garganta entra que um dedo. Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
Segura-me a cabeça e vae bombando. Exige que eu lhe lamba a chapelleta por baixo, caso a rolla, aos poucos, metta e ainda eu chupar possa, ao seu commando. Mas logo elle penetra mais e, quando engasgo, ri com gosto. Seu novello de pellos no meu labio colla um sello. Bastou ao meu algoz? Enganno ledo! Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
Demora até gozar. Quasi eu vomito, mas elle se deleita. Emfim, exguicha golfadas a durissima salsicha e engulo a gosma, ouvindo o alegre grito de gozo. "Ah, cego, foda-se!" Seu rito, porem, não se encerrou. Meu cotovello torcido está doendo. Peço pelo amor, mas Zeus dirá: "Não intercedo!" Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
Na bocca quer mijar-me, ja que a via buccal foi o caminho para a porra. Porcão nem tira a rolla, até que excorra o jacto da bexiga. Se allivia aos poucos, calmamente. Eu duma pia sou como o rallo. Engulo o que, com gelo e assucar, bebeu elle e, agora, pelo caralho, sae salgado, quente e azedo. Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
Por ultimo, terror me infunde, pois cagar em minha bocca quer agora. Inutil implorar. Mal se accocora e encaixa o rego, sinto que entram dois ovinhos sobre a lingua que, depois de tudo, amarga fica. Pesadello provoca-me o cocô. Custa comel-o, mas temo a punição, si eu não concedo. Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
Porcão, com francas phrases, no devido logar me põe, dizendo o tempo todo: "Eu vejo, não você!" "Por isso eu fodo, não sou fodido!" "Foda-se!" "Eu decido si um cego vae ser util, entendido?"
"Tem nojo?" "Tá doendo?" "Ficou pello na lingua?" "Quer mais?" "Acha um attropelo trampar nas trevas?" "Acha que eu me excedo?" Fallou Bob, o Porcão: "Me excita o medo que o cego tem de alguem a submettel-o."
MOTTE [7527]
Um cego, si outro cego tem submisso, será para lamber, chupar, e só.
GLOSAS
Será que eu presto para algum serviço? Depois que fiquei cego, acha que sim alguem que é de nascença. Manda em mim um cego, si outro cego tem submisso. Meu mestre, auctoritario, diz ser isso a minha utilidade: tirar pó da sola de seu tennis que, sem dó, exfrega-me na lingua. Ja descalço, me pisa e, si a cabeça abbanno ou alço, será para lamber, chupar, e só.
Seus gregos pés são chatos e o dedão, que é curto, em minha bocca cabe todo, fedido de suor, mas mais me fodo depois que seu caralho faz questão de entrar mais fundo e, agora, quando estão ja mudos meus gemidos, no gogó me goza, a grossa gosma a jorrar: "Tó, engole! Porra eu nunca desperdiço!"
Um cego, si outro cego tem submisso, será para lamber, chupar, e só.
Não tendo elle enxergado, não se sente por baixo em relação aos que veem bem, pois sabe se virar e jamais tem inveja da visão nem treme em frente do normovisual. Deficiente sou eu, que na garganta sinto o nó e entendo que os normaes tenham xodó dos olhos que eu invejo e que eu cobiço. Um cego, si outro cego tem submisso, será para lamber, chupar, e só.
Pisado fui, menino, por um pé chatissimo, um dedão que era menor que os outros, um formato que de cor guardei. Hoje, um pé chato que egual é me pisa: o de outro cego. Seu chulé invade-me as narinas e seu pó linguando vou limpar feito um totó. Ser util tentarei, ao menos nisso. Um cego, si outro cego tem submisso, será para lamber, chupar, e só.
MADRIGAL SUPRACONSENSUAL [7792]
Si for para "lacrar", então eu "lacro"! O sexo não é sancto nem é sacro! Si pecco, assumo: odeio o simulacro!
Sim, sempre questionado sou accerca dum pacto que se quer "consensual" no sadomasochismo. Que "seguro" e "adulto" o tal "accordo" ser precisa, e porra e tal... Caralho! Mas que raio de jogo ou de brinquedo acham que estão fingindo performar? Vão se foder! "Seguro" contra que? Contra algum "crime"? É nojo da sujeira, algum resguardo da lingua contra as coisas mais immundas? "Adulto" por que, si era eu um menino emquanto me curravam os da minha edade? Isso é que guardo e que me fez masoca, que podolatra me faz!
Agora vão querer que masochista eu seja como o auctor da linda Wanda, que "suprasensual" qualificava seu acto de humildade ante a "belleza"?
Ah, fodam-se! De Sade é que sou fan e quero que a tal ethica, ou esthetica, se foda! Sade exalta a feia, a suja, a crua, a cruel cara de quem tem poder de dominar! Escravo não excolhe seu algoz! Por isso é bom vendal-o, até cegal-o, pois assim mais facil um abuso é commettido!
Ao menos na punheta assim eu gozo, sabendo que veridico foi tudo!
Ao sadico é melhor que o servo perca de facto a visão, vendas sendo, em tal hypothese, sem uso! Quando atturo alguem que assim me zoa, sou, à guisa de misero Sansão, fodido e caio do fragil philisteu, facil, na mão! Assim vejo do sadico o prazer! Que graça tem um acto que reprime qualquer delirio orgastico do bardo? Que graça teem na lingua as limpas bundas? Sem merda alli grudada, fescennino poema nem exsiste! Me expezinha alguem sem violencia? Alguem cortez espera seja a bota dum rapaz?
"Politico" e "correcto", quem insista na porra desse "pacto", pense! Expanda limites, seja escravo ou seja escrava, assuma-se indefeso ou indefesa!
Um cego será sempre aquella van figura, sempre fragil e pathetica, tal como si menino fora, cuja cegueira servirá de sarro a alguem!
Por isso o masochismo em mim é tão intrinseco e me empresta a verve, o dom poetico, que humano faz de mim no corpo, mas a mente não duvido que seja demoniaca! Não poso nem brinco de escravinho: não me illudo!
TROVAS NAS TREVAS ou TROVAS SEM TRAVAS [7822/7829]
Quando chupo um typo sado, só lhe escuto uma risada que me deixa attormentado, mas, si sou masoca, aggrada.
No olho alheio uma pigmenta diz o povo que não arde. Mas o cego um pau aguenta na garganta, sem allarde.
É teimoso o cego quando se recusa a adjoelhar. Quem enxerga, no commando, lhe mostrar vae seu logar. Quando um cego oppõe-se e teima, é bem facil dominal-o: Com cigarro um gajo o queima e elle engole, mudo, um phallo.
Um ceguinho não excolhe. Chupa aquelle que deu ordem. Pelos cegos ha quem olhe? Só lhes resta que concordem.
"Chupa, cego!" ja me disse um mandão que enxerga bem. Resistir era tolice.
Ao chupar, rezei: Amen! Quem num cego se sacia seduzil-o acha besteira.
Basta dar-lhe, si elle pia, um tapão por focinheira.
Outro cego me contava o que entende da cegueira: condiciona a mente escrava a chupar, queira ou não queira.
"Cego, foda-se!", me diz quem na bocca a rolla mette. Me fodi, calei-me e fiz o que devo: um bom boquette.
Beiço beija! Abra, sorria! O meu serve de boceta. Quem na bocca o pau me enfia quer que um cego se submetta.
Foi fatal o meu glaucoma: enxerguei, mas fiquei cego. "Foi bem feito!", quem me doma diz, e ao sadico me entrego. Que é que um cego fazer pode? Pode usar a bocca para dar prazer a quem o fode ou levar tapão na cara. Quem atheu é não precisa prestar comptas. Pode até ser o sadico que pisa noutro atheu e em São Thomé.
Um atheu tem liberdade de fazer o que quizer. É mais sadico que Sade quando batte na mulher.
MANIFESTO MASOCHISTA [7878]
"Eu quero que me battam, mas não quero sentir dor! Quero o latego na pelle lanhando-me! Porem, sendo sincero, poupando o corpo, sempre que eu appelle, de todo o descomforto! Bem severo desejo o meu senhor! Mandar que eu felle e engula, anxeio que elle mande e mero brinquedo, que eu lhe seja! Que elle zele por minha integridade é o que eu espero, sem penas duras, caso eu me rebelle!"
-- Folgado, né? Você se considera escravo, mas vontades tem e falla que "quer" isto ou aquillo! Quem lhe dera que alguem com paciencia, na senzala, comforto tal lhe desse! Eu viro fera si pego um typo desses! Você cala a bocca na porrada! Appanha à vera! Lhe mijo antes que engula a minha galla! Você me teme, claro, mas venera, na bronha, a minha rolla e quer chupal-a!
MANIFESTO EXPANSIONISTA [7886]
Costuma ser assim. Consensual nem sempre é todo murro ou todo tapa no jogo sadomaso. Mas é tal o clima, que o masoca não excappa de achar menos assucar ou mais sal num doce ou num salgado. Si não pappa por bem, pappa forçado. Será qual a graça, si um escravo a bocca tapa àquillo que não curte? Serviçal treinado é o que expandiu limites, rapa o pratto e não discute. Desegual é toda relação, em qualquer mappa, de duas das pessoas que, moral nenhuma tendo como casta cappa, assumem que normal é ser "do mal" e trocam seus desejos. Tem etapa seguinte este episodio. Natural que, appós ser abusado, quem garapa tomou na marra a acceite, no final, ja grato a alguem que os brios lhe solapa.
PUPPY REPLAY [8013]
Durante a dictadura na Argentina, collegas de prisão dum tal de Chango narraram a desdicta. Ser judeu valeu-lhe mais cruel perseguição por parte dos agentes carcerarios. Tiravam-no da cella. Ja no pateo, um guarda {le hacía mover} justo {la cola, que ladrara como un perro, las botas le chupara.} Foi chocante {lo bien que lo hacía}, si {imitaba al perro}, sim, {igual que si lo fuera!} {Si no satisfacía al guardia} a gosto, o algoz só {le seguía}, assim, {pegando}... Ouvindo os companheiros seus lattidos, suppunham ser, de facto, algum cachorro, tal era do rapaz fiel a voz ao tymbre que exigia seu algoz.
No seculo passado, foi roptina dos presos ser cachorro. Não me zango si fazem de mim isso, pois o meu tesão é masochista. Mas eu não queria ser judeu na mão de varios algozes argentinos. Que me tracte o leitor dessa maneira, nem me assusto, pois quando um cego soffre não tem erro. Comtudo, differente foi, durante os annos de Videla, a scena braba. Agora, puppy players fazem cera, cu doce, dengo, manha. Si indisposto, o cão nem obedesce a algum commando mais firme de seu dono. Os divertidos brinquedos dos gays nunca meu exporro suscitam, mas o cego tem um "boss" cruel em cada mente, e mais feroz.
SUPPOSTO CONTRAGOSTO [8026]
De "scat" uns videos mostram que comida a merda ja vem sendo normalmente nas scenas de sadismo ou submissão. Até que, nesse poncto, eu commemoro. Aquillo que incommoda meu instincto, direi, "deshumanista" é que o submisso demonstre estar feliz e dê risada emquanto foi cagado ou come a bosta! Assim, não! Perde a graça! Até brochante se torna toda a scena! Como pode alguem que soffre abusos externar prazer ou alegria? Pode até curtir intimamente, mas precisa fazer suppor que cede coagido!
O mesmo vale para a preferida sessão do meu orgasmo: o adolescente pisando no mais velho, o madurão lambendo o pé do moço. O que eu deploro é nojo não haver, é o que não minto naquillo que narrei. Fetiche nisso achei porque ennojava! Porque cada pé sujo ou chulepento ninguem gosta, na marra, de lamber! Quando um pisante sujissimo lambi, suppuz: se fode quem fica por debaixo! Tem azar quem perde e fica cego! Lambe pé quem feito de capacho foi, à guisa! Mas tudo por consenso eu não valido!
DESFRUCTE NÃO SE DISCUTE [8073]
{Explica-me este poncto, si és capaz, meu caro Glauco, sobre coito anal. Quem come, de cocô suja seu pincto, concordas? Fica todo malcheiroso, borrado, quando o pau dalli retira, concordas? E quem dá, dores supporta, às vezes nem supporta, tão agudas que são! Tu não concordas? Poderá, talvez, até sangrar! E se mixtura o sangue ao excremento sobre a pelle do penis, Glauco! Puta que pariu! Por que diabos, Glauco, tem quem goste de tal penetração? Ninguem desfructa total, desse prazer de gosto tão, digamos, duvidoso! Que me explicas?}
-- Nem sempre o sexo anal, de Satanaz o coito predilecto, faz de tal maneira a porcaria. Não te minto si digo que evitado tenho o gozo anal, talvez por causa duma lyra oral que poetizo. Mas a torta visão que tens do rabo, não te illudas, em nada altera a graça p'ra quem dá, tampouco p'ra quem come, si tortura faz parte do tesão, caso alguem felle a rolla suja, appós o que sentiu no proprio cu, fodido por um poste. É sadomasochismo! Não discuta ninguem a dor alheia, a compulsão alheia, por trazeiros ou por piccas!
BAR DA SOFFRENCIA [8075]
Não, nunca estive nelle, nesse bar, mas dizem-me que exsiste, sim, e fica aqui mesmo, no bairro onde resido. Ja sei do Bar dos Cornos, por signal são varios que a tal nome fazem jus. Mas este, ao que me dizem, frequentado seria por quem leva pé na bunda. Levei, ja, muitos. Nunca dum pé grego, comtudo, um bello chute ganhei para, ouvindo uma canção daquellas bregas, lembrar-me com saudade. Fui chutado por pés communs, romanos, de dedão mais longo, o brazileiro mais vulgar. Amigos meus levaram muito chute das suas namoradas de pé bem fininho, delicado, feminino. Alguns querem voltar. Emquanto não conseguem reaptar, no bar bebida consomem, compartilham a soffrencia.
Quem nunca visitou algum logar por cornos frequentado? Muita dica me deram. Suggeriram que eu, munido dos oculos escuros, da cabal bengala, ja não branca, que seduz os sadicos que curtem um babado vendado, fosse la numa segunda à noite, quando querem mais sossego alguns frequentadores que da cara dum cego gozariam. Meus collegas estão de brincadeira. Tal recado só pode pegadinha ser. Estão querendo que eu la chegue, mas o bar esteja, na segunda, a tal desfructe fechado. Tambem pode ser que nem siquer exsista aquillo que imagino e fake news me passem esses tão gaiatos amiguinhos. Mas é vida que segue. Sonharei com mais frequencia.
MONIKA NIPPONICA [8094]
{Coitada da japinha, Glauco! Alem de ser treinada para chupar, ella precisa se deixar filmar chupando caralhos ensebados! Você falla, naquelles seus poemas, do sebinho, mas tinha que ver como foi sebão aquillo que lambeu a tal japinha! Às vezes foi vendada, como cega chupou. Em outros videos, vendo tudo estava. Mas, Glaucão, eu nem lhe conto o quanto que ficou accumulado o sebo, typo coco ralladinho cobrindo toda a glande! A japa cheira, recua, mas accaba se exforçando e limpa aquillo tudo com a sua linguinha japoneza, Glauco! São diversos videos, pena que você não pode conferir... Que lhe paresce?}
-- Paresce-me que fazem muito bem focando tantos filmes na amarella camada que esse esmegma vae formando. Mas, quanto à japoneza, de senzala jamais vae precisar, pois com carinho practica tudo quanto, no Japão, se exige da mulher. Segue essa linha sem ter, socialmente, tal entrega exposta. Bem discreta, sempre mudo é seu comportamento. Dou descompto aos videos, que exaggeram, por seu lado, na linha pornographica. Sublinho, porem, que eu, como cego, da cegueira fiz uso, ou me fizeram. Ao commando cruel obedesci. Quem prostitua a bocca me entender consegue, tão commum é ver, chupando, quem não vê. Estar no logar della... Ah, si eu pudesse!
PORN FOR THE BLIND [8105]
{Sabias tu que exsiste ja na rede noticia sobre cegos que pornô procuram material? Não só papaemamãe, não só normaes penetrações, mas todo typo, claro, de fetiche, de sadomasochismo ou perversão. Notei que, em testemunhos, os ceguinhos allegam que, entre eguaes, codigos ha que tudo facilitam, mas no caso dum normovisual que abborda um cego, ainda faltam codigos capazes de dar plena noção do que se quer fazer para que tenham um prazer total, justo, reciproco. Que pensas?}
-- Ao pote não irei com essa sede dalguns principiantes. Ja cocô comendo sei de cegos, mas não sae nadinha disso nessas descripções que muitos consideram mau pastiche daquillo que se verte em bom calão. Só posso confirmar que, com carinhos e gestos mais gentis jamais se dá qualquer encontro fertil. Só num raso e grosso pappo à foda não me nego. É simples: com as phrases mais mordazes, o gajo de mim faz o que quizer, humilha-me, demonstra seu poder de quem pode gozar com taes offensas.
INFINITILHO DE AFFOGADILHO [8134]
{Você viu, Glauco, o texto que o juiz mandou um advogado retirar dos autos do processo? O gajo tinha junctado, por enganno, o seu contracto de mestre duma escrava sexual no meio da forense papellada! Hem, Glauco, ja pensou? Expancamento, açoite, lambeção de pés, oral serviço no caralho, tudo lido por entre documentos de jargão formal, juridiquez com putaria! Não é maravilhoso, Glauco? Diga!}
-- É claro que me deixa assaz feliz a comica noticia. No logar dalgum appenso serio, foi na linha pornô, talvez às pressas, o tal pacto mettido nessa pasta, mas o tal causidico de bobo não tem nada. Fez baita propaganda do que tento eu mesmo divulgar no virtual espaço ou nos meus livros. Ja fodido me vejo, no logar daquella tão servil compromettida. Ah, que faria um cego ao advogado que o castiga?
INFINITILHO DA CAINÇALHA [8137]
{Você, Glauco, de sadomasochismo entende, né verdade? Então lhe peço: confirme esta noticia, si possivel ser pode tal accordo. Uma senhora de escravas sexuaes (foi em Brazilia) exige que as novatas se escravizem às servas veteranas! É verdade, Glaucão? Não lhe paresce degradante demais? Então você, si fosse escravo dum outro dominado, serviria de bode expiatorio, de desforra, e tudo quanto o gajo supportasse seria descomptado no ceguinho? Daria pr'aguentar? Bem, affinal, qualquer escravo pode retirar a venda, mas você não poderá, dahi que fica abbaixo do mais baixo, concorda? Acceitaria, Glauco, ou não?}
-- É logico! No fundo dum abysmo estou faz tempo, trevas attravesso sabendo o meu logar, o baixo nivel dum cego. Você extranha? Pois agora comparo o bode àquelle que se humilha aos pés do Bozonaro: quer que pisem na sua cara, as botas lambe e Sade vê nesse capitão. Mas, nesse instante, o proprio Bozonaro, não tão bravo, aos pés do Trump está, na lage fria, humilde, rastejante. Bem que torra o sacco um puxasacco, mas a face do Trump esboça riso. Eu, excarninho, qualquer bozonazista acho que tal papel exerce: escravo dum vulgar escravo dum mandão que instrucções dá accerca do serviço. Ora, me encaixo no jogo, mas não sirvo um capitão.
ODE SUPRACONSENSUAL [8161]
Pondé, theorizando, pisa num sensivel callo sadomasochista: Ninguem mais quer cegar um preto assum!
Por mais que um actor sadico se vista de couro, use pesadas botas, faça papel de impiedoso, só despista!
Coragem, mesmo, falta-lhe e, assim, graça perdendo vae a scena, pois ninguem batter quer mais! Caralho! Que se passa?
Masocas nunca faltam, mas se tem receio das patrulhas do correcto, das queixas de "maus tractos", nhem nhem nhem...
"Baunilha" não: "Nutella"! Vae directo ao poncto o pensador que, em tom bem cru, attacca quem acceita tanto veto!
Pensando bem, mandar tomar no cu nos manda a maioria! Que se doa o proximo queremos: "Eu, não! Tu!"
Em summa: sempre sadica a pessoa humana foi, em sua maioria! Masocas poucos entram na canoa!
Então não era o caso de ser fria a nossa conclusão? Nosso desejo, na practica, viavel não seria?
Foi sempre repressora, como a vejo, a nossa sociedade! Mas limite expande-se! Deixemos de ter pejo!
Ainda que um IBAMA clame e grite por causa dum assum, alguem o cega e exige que o cantor divirta a elite!
O sadomasochismo jamais brega será! Cruel jamais a gente deixa de ser, de rir si um Christo a cruz carrega!
Portanto, o masochista que se queixa da falta de carrascos não se afflija! Achar vae no manjar a preta ameixa!
Mais dia, menos dia, a rolla rija impera do mais forte e, do masoca, a aberta bocca achar vae quem lhe mija!
Razão dou a Pondé, mas quem colloca seu olho num logar menos commum com chatos e caretas nem se toca!
ODE CEARENSE [8176]
De videos pornographicos me falla, em audiodescripção, quem classifica o cego como objecto de total e oral humilhação. Um delles ja virou meu "cult movie": o do gordinho que irruma, até a garganta, alguem que venda nos olhos tem, mas fica combinado que assim os videos mostram o subjeito, si é cego, prompto para a putaria. Vão outros indo nessa direcção.
O cego um faz chupar e lamber galla pingada, appós, no piso. Em vez da picca, num outro o cego lambe colossal pé nu que o pisoteia. Lamberá, no proximo, botinas que caminho rueiro percorreram. Que se entenda por cego quem, num outro, está vendado emquanto bebe mijo, o que eu acceito mais como condição que se annuncia a quem se escravizou sob olho são.
Então eis que me conta alguem na salla um caso verdadeiro. O cego fica parado, a mendigar, num terminal dos omnibus, na praia. Ao Ceará refere-se quem narra. Alli pertinho, alguns jovens malandros offerenda lhe fazem no trajecto: attravessado a rua tendo, o levam e proveito farão de seus trocados. Antes, ia alguem querer brincar. Que diversão!
Levado para a praia, nem à balla precisam coagil-o. Sua zica começa quando, roupa sem, o tal malandro brincalhão quer que elle va rollando pela areia. Qual pezinho pisou mais em seu rosto? Então alguem da turminha quer gozar mais no coitado, cobrando-lhe boquette. Seu defeito nos olhos dá maior tesão ao guia fingido que lhe dera conducção.
Sem roupa, sem esmollas, sem bengala, o cego chupa rolla. A gangue estica o tempo: photos battem, digital filmagem fazem. Logo se verá na rede esse espectaculo excarninho. Tirado do youtube, quem se offenda não falta com o video. Revoltado nem fico, pois senti no proprio peito os pés da molecada. Quem iria dizer que eguaes os jovens todos são?
ODE GOYANA [8177]
Um caso que, escabroso, me contou lettrado professor la de Goyaz tambem tracta do cego como objecto de sarro, curra, surra, até tortura. Foi este, embora pobre, dono duma pequena rural granja. Apposentado ja por invalidez, ficou da irman inerme dependente. A mulher tinha dois filhos, jovens sadicos que, como recreio ou brincadeira, começaram a achar no cego um optimo motivo de estupro ou pura practica nojenta.
Cegado em accidente, elle ficou invalido, sem animo, das más pessoas bom refem. No seu trajecto obstaculos armavam. Queimadura causavam-lhe nos dedos quando alguma bituca de cigarro, pelo lado contrario, lhe extendiam. Mais affan achavam cada dia. Da gallinha cocô punham no rango. Cada gommo de bosta de cachorro! Mas não param ahi taes aggressões, ja que, passivo, o cego as supportava. Alguem aguenta?
Appós tudo tomar-lhe, como sou sciente, terra, grana, a mana nas mãos deixa aquelle cego, como abjecto brinquedo, dos moleques. Quem attura tortura, attura foda. Quem resuma o caso, diz, por alto, que estuprado foi elle. Mas os jovens, admanhan, dirão que foi treinado numa linha bem sadomasochista para pomo comer, do mais amargo. Que o forçaram ao coito oral aqui nunca me exquivo de, em gozo, repetir. Mais se accrescenta?
Escravo dos sobrinhos, rendeu show de scenas pornographicas, pois gaz tiveram elles para armar, sem veto moral, uns pornovideos que a censura cortou da rede. Importa que eu assuma a minha posição. Jamais me evado de dal-a. A molecada folgazan foi, como no meu caso, uma excarninha faceta social que às demais sommo. Hypocritas aquillo condemnaram, mas lavam as mãos. Eu, que não me privo do orgasmo, em ode exalto o que me tempta.
RHAPSODIA BARROSIANA [8378]
Ary Barroso, um sadico? Paresce provavel, tendo sido um arrogante, vaidoso cidadão que se jactava desse hymno brazileiro, o mais cafona.
Mas, numa lettra, a crença nisso cresce, sabendo-se que nada nos garante que os sadicos convivam sem a trava normal de quem, mandão, se posiciona.
Será que é mesmo assim? Mas e si desse um jeito de dois mestres que durante um tempo transam, serem, sem escrava alguma, só carrascos? Hem? Que zona!
Podiam revezar! Antes que cesse o pacto, um faz papel de Sansão ante o joven philisteu, que mais lhe aggrava o drama da cegueira! A mim, funcciona!
Um cego de verdade, esse meresce ser mesmo masochista! Semelhante comedia assumo, claro! Mando à fava os brios e me torno outra persona!
RHAPSODIA JULIANA [8399]
{Ja, Glauco, reparaste na maneira dramatica, peor ainda, tragica, de todos os poetas que versejam accerca da cegueira? Commentaste commigo, sim, mas tracto de lembrar o caso da Francisca Julia. A cega por ella retractada ja paresce até meio maluca! Não concordas? Será que todo normovisual enxerga nos ceguinhos o perfeito retracto desse louco que qualquer de nós bem poderia ser na vida?}
-- Será comprehensivel. A cegueira isola a gente numa bolha magica e faz com que as pessoas normaes vejam o cego como louco. Tal contraste augmenta quando o cego quer fallar em verso, como faço. Quem se entrega às ordens dum algoz cujo pau cresce, commette insano gesto, pois nem chordas, nem venda necessita aquelle tal carrasco para nelle ter proveito. Assim, seja com homem ou mulher, o sadico desfructa. Alguem duvida?
RHAPSODIA FLORBELLIANA [8402]
{Achei mais masochista, Glauco, o verso que lemos em Florbella, não no caso da Gilka. A portugueza falla claro que encara seu machão como seu amo, aquelle cujos pés ella, decerto, irá lamber, Glaucão! Que fica alguma questão aberta, fica. Ninguem sabe, na practica, si falla a poetiza de factos mais veridicos, mas tudo bem: somos é fingidos e exaggero dizemos, ja dizia aquelle tal...}
-- Talvez eu seja mesmo mui perverso, mas quero muito mais. Só me comprazo com muita putaria. Tenho faro treinado na cegueira. Si reclamo por mais pornographia, por aberto fazermos nosso jogo, vale, em summa, cobrar das poetizas o que cabe cobrar: Alguem na cara dellas pisa, de facto, ou com taes versos só me illudo? Bem, seja como for, algum tempero se salva, alho, pigmenta, assucar, sal...
WATER SPORTS [8536]
Você carnavaliza quando faz em publico o que, fora do privado, é crime, mas, na data, se tolera. Si mija numa bocca algum rapaz, dá margem a quem "victima" virá, do mijão, se declarar, mas feliz era.
Paresce elementar que, por detraz da porta, tudo quanto é practicado pensado foi tal como fosse à vera. Assim, imaginar que o mais sagaz voyeur politizasse esse seu lado é tiro dar no pé, mortal! Pudera!
Saber que "golden shower", ao mordaz sadista ou ao masoca, banho dado de mijo significa, nada altera. O poncto que se apponcta é si, na paz dum digno gabinete, um deputado transmitte pelas redes a paquera.
Peor é o presidente, cujo gaz resume-se aos pudores e ao peccado, cuidar de taes questões numa tal era. Talvez meu epitaphio, um "Aqui jaz um cego que mijado foi..." usado ser possa como lemma... Quem me dera!
Tirando os exaggeros, não me appraz suppor que ser masoca ou que ser sado motivo é dum folguedo que exaggera. Prefiro accreditar que essa fugaz memoria, ao resgatar o meu passado, é vida, que os neuronios recupera.
"Ó, DÁ-ME, GLAUCO, O CU, ALGEMADO!" [8551]
Às vezes é preciso que eu mais um pé metta, achando o decasyllabo até pequenino, ainda que este rhythmo manque qual perneta. Por isso usando estou o verso alexandrino.
Occorre que um palindromo, dos de proveta, causou-me especie. É o thema, claro, fescennino: "Até cubanos mettem só na buceta." Mas nelle comptei onze syllabas, previno.
Importa pouco aqui tal metrica faceta, porem, pois quero atter-me ao caso feminino e ao coito vaginal, que chamo de careta, si formos comparar àquelle que imagino.
É neste justo poncto que um rapaz cappeta chegou e no palindromo mostrou ferino tesão, pois me brindou com um bordão porreta, daquelles que me calham por fatal destino.
Masoca que sou, cego servo da punheta, na mente projectei caralho nada fino na marra me enrabando appós ter na chupeta me feito fellador do sadico menino.
IDÉA DE MEDÉA [8552]
Tortura das torturas! Um leitor mais sadico me impoz cruel castigo! Terei que imaginar qual o sabor dum chico na boceta! Assim me instigo...
Tormento dos tormentos! Quando for forçado à cunnilingua, mal consigo suppor o que farei! Aquelle odor ja basta p'ra noção dar do perigo...
Penar dos meus penares! Chupador serei duma mulher que ao inimigo nem quero desejar! Nem sei que cor tem ella, a face... Eu, cego, o que é que digo?
Mandona, gozadora, com rigor sarcastico será, para commigo, a fonte do mais torpe e vil horror! Debaixo de seus pés terei abrigo?
Num impeto masoca, a meu favor supponho o senso orgastico. Me ligo na astral contradicção, na moral dor e contra tal idéa ja não brigo.
A SOLA DO CAROLA [8560]
O lider charismatico da seita catholica apostolica anarchista promove seu melhor seminarista a um cargo superior, o que este acceita.
Neophyto nenhum no clube estreita seu vinculo sinão baixando a crista, pois solas lamberá quem quer que vista a tunica que o porte mais lhe enfeita.
Durante a ceremonia, elle se deita no petreo piso e, para que se invista no novo posto, um pé lhe tapa a vista, mas esse oral pisão não é desfeita.
É grande privilegio, pois deleita seus labios um solado que na pista dos sanctos caminhou pela conquista da gloria, à qual só chega a alma si eleita.
Em jubilo, o discipulo approveita e chupa aquella sola. Antes que insista de lingua na poeira, até despista e evita dar mais margem à suspeita.
É sempre assim. Qualquer que se subjeita àquelle ritual entra na lista dos membros do mais sadomasochista dos cultos, e eu lhe invejo os usos... Eita!
WATER SPORTS [8536]................................ 248
"Ó, DÁ-ME, GLAUCO, O CU, ALGEMADO!" [8551]......... 250
IDÉA DE MEDÉA [8552]............................... 251
A SOLA DO CAROLA [8560]............................ 252
Titulos publicados:
A PLANTA DA DONZELLA
ODE AO AEDO E OUTRAS BALLADAS
INFINITILHOS EXCOLHIDOS
MOLYSMOPHOBIA: POESIA NA PANDEMIA RHAPSODIAS HUMANAS
INDISSONNETTIZAVEIS
LIVRO DE RECLAMAÇÕES
VICIO DE OFFICIO E OUTROS DISSONNETTOS
MEMORIAS SENTIMENTAES, SENSUAES, SENSORIAES E SENSACIONAES
GRAPHIA ENGARRAFADA
HISTORIA DA CEGUEIRA
INSPIRITISMO MUSAS ABUSADAS
SADOMASOCHISMO: MODO DE USAR E ABUSAR
DESCOMPROMETTIMENTO EM DISSONNETTO
DESINFANTILISMO EM DISSONNETTO
SEMANTICA QUANTICA
INCONFESSIONARIO
DISSONNETTOS DESABRIDOS
SONNETTARIO SANITARIO
DISSONNETTOS DESBOCCADOS
RHYMAS DE HORROR
DISSONNETTOS DESCABELLADOS
NATUREBAS, ECOCHATOS E OUTROS CAUSÕES
A LEI DE MURPHY SEGUNDO GLAUCO MATTOSO
MANIFESTOS E PROTESTOS
LYRA LATRINARIA
DISSONNETTOS DYSFUNCCIONAES
O CINEPHILO ECLECTICO
A HISTORIA DO ROCK REESCRIPTA POR GM
SCENA PUNK
CANCIONEIRO CARIOCA E BRAZILEIRO CANCIONEIRO CIRANDEIRO SONNETTRIP THANATOPHOBIA DESILLUMINISMO EM DISSONNETTO INGOVERNABILIDADE PEROLA DESVIADA O POETA PORNOSIANO BREVE ENCYCLOPEDIA DA TORTURA CENTOPÉA: SONNETTOS NOJENTOS & QUEJANDOS RAYMUNDO CURUPYRA, O CAYPORA PAULYSSÉA ILHADA: SONNETTOS TOPICOS
PRANTO EM PRETO E BRANCO GELÉA DE ROCOCÓ: SONNETTOS BARROCOS MADRIGAES TRAGICOMICOS PANACÉA: SONNETTOS COLLATERAES TRACTADO DE VERSIFICAÇÃO VENENOSAS FOFOCAS BAMBOS DITHYRAMBOS GERONTOPHOBIA PEDOPHOBIA
VIDA QUE CEGUE EVANGELHO DE JUDAS IZRAHIAH
VIDA MACTADA
VIDA MORRIDA
VIDA REMACTADA
VIDA REMORRIDA BOA MORTE, FINADO E OUTROS POEMAS DESNATUREZA VIVA